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ESCATOLOGIA BÍBLICA

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ESCATOLOGIABÍBLICA
Profa. Gerlene Vidal Vasiloski
Profa. Sandra Morais Ribeiro dos Santos

SGEC - SECRETARIA GERAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA

2012
1
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

SGEC
SECRETARIA GERAL DE EDUCAÇÃOE CULTURA
RUA EDUARDO SPRADA, 3806 - CAMPOCOMPRIDO - CURITIBA-PR - CEP 81210-370 - FONE/FAX: (41) 3339-0272

DIRETOR EXECUTIVO
Pr. Almir de Paula

ELABORAçãO
Profa. Gerlene Vidal Vasiloski

Profa. Sandra Morais Ribeiro dos Santos

PREPARAçãO DE ORIGINAIS
Prof. Pr. Marco Antonio Teixeira Lapa

REVISãO
Prof. Roberto Carlos de Carvalho Gomes

PROJETO GRáFICO
SGEC

DIAGRAMAçãO
Antonio Dias

1ª. Edição: 2010

PRODUçãO
Secretaria Geral de Educação e Cultura da Igreja do Evangelho Quadrangular
Gestão: Pr. Almir de Paula

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial


desta obra sem apermissão escrita
dos autores, por quaisquermeios, salvo em citações breves, comindicação da fonte. A violação dos direitos
dos autores (Lei n.9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

APRESENTAÇÃO
Caro(a) Aluno(a)!
Neste livro estudaremos um dos ramos da Teologia Sistemática– a
Escatologia Bíblica, ou seja, a doutrina das últimas coisas. Vamos começar
uma caminhada através das profecias bíblicas concernentes aos últimos
acontecimentos da história humana.
Inúmeras pessoas se intitulam videntes, futurólogos, astrólogos, adivinhos,
etc., tentando satisfazer a sede do coração humano de conhecimento sobre
o futuro do mundo e da humanidade. Porém nós, como obreiros do Senhor,
temos a responsabilidade de conhecer oque a Bíblia diz a respeito do assunto
e conduzir essa geração às verdades incontestáveis da Palavra de Deus.
Muitos, como Daniel, perguntam assim (Dn 12.8): “Qual será o fim
dessascoisas?” Deus já escreveu tanto o primeiro quanto o último capítulo
da história de todas as coisas. Somente Ele pode responder essa pergunta. As
Escrituras respondem essa pergunta. Deus conhece e revela o futuro (Is 46.8-
11). Somente Ele pode fazer isso. O Senhor tem um plano para o desfecho da
história humana e irá concretizá-lo.No entanto, precisamos nos ater ao texto
de Deuteronômio: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus,
porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei”.(Dt 29.29)
O que veremos neste livro é simplesmente uma minúscula parcela desse
grandioso tema que tanto permeia o imaginário humano. Não almejamos
extinguir o assunto,
biblicamente quais osdado a sua eventos
principais enorme escatológicos,
extensão, masquando
vamos analisar
e como
ocorrerão.
Também objetivando uma educaçãointegral do caro aluno e à medida
do possível, apresentaremos os vários pontos de vista ou interpretação
quanto a determinados tópicos mais polêmicos, porém a Igreja doEvangelho
Quadrangular como uma igreja Pentecostal na sua essência, tem uma postura
firmada em sua Declaração de Fé, a qual determina nosso posicionamento
escatológico: Pré-Milenista Dispensacionalista (Estatuto da Igreja do Evangelho
Quadrangular – Dos Princípios Basilares).
Temos em mente que todos aqueles que amam verdadeiramente a
Vinda do Senhor precisam se voltar ao estudo sistemático das Escrituras,
principalmente da Escatologia, não se deixando levar por quaisquer ventos de
doutrina ou teologias deturpadas que apenas causam distorções, modismos,
misticismos e superstições no seio da Igrejado Senhor. Precisamos desenvolver
uma concreta convicção baseados no sólido fundamento da Palavra de Deus.
Esperamos que você seja poderosamente abençoado através deste livro e
que o Espírito Santo possa conduzi-loa águas mais profundas no conhecimento
do Senhor.
Bons Estudos!
Profa. Gerlene Vidal Vasiloski
Profa. Sandra Morais Ribeiro dos Santos

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

SUMÁRIO
PLANO DE ESTUDOS DA DISCIPLINA.................................................................................................................... 11
EMENTA........................................................................................................................................................................... 11
OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................................................. 11
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................................................................. 11
PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA............................................................................................. .................................... 11

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA ................................................................. 13


1. ASPECTOSGERAIS DA ESCATOLOGIABÍBLICA....................................... .............................................. ........................ 13
1.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 13
1.2 DEFININDO ESCATOLOGIA ......................................................................................................................................... 14
1.3 O CAMPO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA................................................................... ...................................................... 14
1.3.1 A ESCATOLOGIA PERTENCE AO CAMPO DA PROFECIA .......................................................................................... 15
1.4 RAZÕES PARA SE ESTUDAR O FUTURO ........................................................ .............................................................. 15
1.5 DÚVIDASE CONFUSãOEM ESCATOLOGIA............................................................ .............................................. ...... 16
2. A PROFECIANA PERSPECTIVAESCATOLÓGICA........................................ ............................................ ........................ 17
2.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 18
2.2 AS PROFECIAS BÍBLICAS............................................................................................................................................. 18
2.2.1 A PALAVRA PROFÉTICA DEVE SER INSPIRADAPELO ESPÍRITO SANTO .................................................................... 18
2.2.2 A PALAVRA PROFÉTICA É UMA REVELAçãOSOBRE O FUTURO............................................................................. 18
2.2.3 A DIVISãO DAS PROFECIAS BÍBLICAS ......................................................... ........................................................... .. 19
2.2.4 JESUS CRISTO– O PRINCIPALASSUNTO DAS PROFECIAS........................................................................................ 19
2.3 MÉTODOS DE INTERPRETAçãODAS PROFECIAS....................................................................................................... 19
3. AS DIMENSÕES DA ESCATOLOGIA ............................................................................................................................... 21
3.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 21
3.2 A ESCATOLOGIA NAS ESCRITURAS ............................................. ............................................................ .................... 21
3.2.1 ESCATOLOGIA NO ANTIGO TESTAMENTO..................................... ........................................................... ............... 21
3.2.2 ESCATOLOGIA NO NOVO TESTAMENTO....................................... ............................................................... ............ 21
3.3 OUTROS TIPOS DE ESCATOLOGIA................................................ ........................................................... ................... 22
3.4ASTENDÊNCIAS
4. EXTREMAS
DISPENSAÇÕES E ALIANÇAS A SEREM EVITADAS........................................... .................................................
BÍBLICAS................................................................................... ................
.................................. 23
24
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 24
4.2 AS DISPENSAÇÕES BÍBLICAS ...................................................................................................................................... 24
4.2.1 AS DISPENSAÇÕES– O CUMPRIMENTODO PLANO DE DEUS AO LONGO DO TEMPO ........................................... 25
4.3 ALIANÇAS BÍBLICAS.................................................................................................................................................... 26
4.3.1 ALIANÇA DE DEUS COM ISRAEL............................................................................. ................................................. 27
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................... 29

CAPÍTULO 2 - O LIVRO DE APOCALIPSE................................................................................................................ 31


1. INTRODUçãOÀ LITERATURAAPOCALÍPTICA.............................................................................................................. 31
1.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 31
1.2 LITERATURA APOCALÍPTICA........................... ............................................................................................................ 31
1.2.1 APOCALIPSES CRISTãOS APÓCRIFOS ............................................................... ....................................................... 32
1.3 PRINCIPAISESCOLAS DE INTERPRETAçãODO APOCALIPSE...................................................................................... 33
1.3.1 MÉTODO PRETERISTA ............................................................................................................................................ 33
1.3.2 MÉTODO HISTORICISTAOU HISTÓRICO............................................................ ...................................................... 33
1.3.3 MÉTODO FUTURISTA .............................................................................................................................................. 33
1.3.4 MéTODOIDEALISTA (ESPIRITUALOU MÍSTICO).......................................................... ............................................ 33
1.3.5 MÉTODO ECLÉTICO................................................................................................................................................. 34
1.3.6 MAIORES ESCOLAS DE INTERPRETAçãODO APOCALIPSE ..................................................................................... 34
2. O LIVRO DE APOCALIPSE– PARTE 1.............................................. ................................................................. .............. 35
2.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 35
2.2 APRESENTAçãO DO LIVRO DE APOCALIPSE.................................................. ............................................ ................ 35
2.2.1 SÍNTESE DO LIVRO .................................................................................................................................................. 36
2.2.2 DIVISãO DE APOCALIPSE 1.19 ................................................... ......................................................... ................... 37
2.2.2.1 DIVISÃO DO APOCALIPSE1.19 (PELA VISÃO FUTURISTA):................................................................................... 37
2.2.3 A SIMBOLOGIA EM APOCALIPSE................................................................................................ ............................ 38
2.2.3.1 SÍMBOLOSEXPLICADOSNA REVELAçãO................................................................... .......................................... 38
2.2.3.2 SÍMBOLOSEXTRAÍDOSDO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO................................................................................ 38
2.2.3.3 O NÚMERO SETE EM APOCALIPSE ......................................................... ........................................................... .. 39

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2.2.4 ESBOÇO DO LIVRO DE APOCALIPSE ........................................................ ......................................................... ....... 40


3. O LIVRO DE APOCALIPSE– PARTE 2................................................... ................................................................. ......... 40
3.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 40
3.2 A VISãO DE CRISTO GLORIFICADO............................................................................. ................................................ 40
3.2.1 CRISTO GLORIFICADO– VISÃO E INTERPRETAÇÃO................................................................................................. 41
3.3 MENSAGEM ÀS SETE IGREJAS................................................................................................................................... 41
3.3.1 AS SETE IGREJAS DE APOCALIPSE .................................................... ................................................................ ....... 42
3.3.1.1 ESBOçO RESUMIDODE CADA IGREJA ............................................ ............................................. ........................ 43
3.4 VISÃO DOS CéUS........................................................................................................................................................ 43
3.5 UM LIVRO QUE RELATA A SOBERANIA E A GLÓRIA DE DEUS..................................................................................... 43
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 2 .................................................................................................................................... 45

CAPÍTULO 3 - A MORTE, O ESTADO INTERMEDIÁRIO E A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS ................................. 47


1. A MORTE ..................................................................................................................................................................... 47
1.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 47
1.2 A NATUREZA DA MORTE............................................................................................................................................ 48
2.1 TIPOS DE MORTE ....................................................................................................................................................... 49
2.1.1 MORTE FÍSICA......................................................................................................................................................... 49
2.1.2 MORTE ESPIRITUAL ................................................................................................................................................ 49
2.1.2.1 COMPARAçãOENTRE A MORTE FÍSICA E A MORTE ESPIRITUAL.............. .......................................................... 50
2.1.3 MORTE ETERNA ...................................................................................................................................................... 50
2.2 A MORTE DO PONTO DE VISTA DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO.................................. ....................................... 51
3. RELAçãODA MORTE COM O PECADO ............................................ .............................................. .............................. 51
4. A MORTE NÃO é UMA PUNIÇÃO PARA OS CRISTÃOS.................................................................................................. 52
5. O ESTADO INTERMEDIáRIO ......................................................................................................................................... 54
5.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 54
5.2 O ESTADO INTERMEDIáRIODOS MORTOS............................................ ................................................. ................... 54
5.3 A DOUTRINA DO ESTADOINTERMEDIáRIONA HISTÓRIA......................................................................................... 54
5.4 A DOUTRINA NA BÍBLIA ............................................................................................................................................. 55
5.5 INFERNO.................................................................................................................................................................... 55
5.6 O QUE ACONTECEUCOM OS QUE MORRERAM ANTES DA PRIMEIRA VINDA DE CRISTO?....................................... 57
5.7 OS ÍMPIOS ESTãO SOB CASTIGO E SOFRIMENTO.......................................... ............................................... ............. 57
5.8 PARAÍSO OU TERCEIRO CÉU ...................................................................................................................................... 58
5.9 OS JUSTOS NO GOZO DA SALVAÇÃO........................................................... ...................................................... ......... 58
6. POSIÇÕES CONTRÁRIASACERCA DA MORTE E DO ESTADOINTERMEDIÁRIO............................................................. 59
6.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 59
6.2 IMORTALIDADEDA ALMA SEM O CORPO ........................................... ............................................. ......................... 59
6.3 REENCARNAçãO.......................... .............................................................................................................................. 60
6.4 DOUTRINASQUE NEGAM A EXISTÊNCIACONSCIENTEDA ALMA APÓS A MORTE.................................................... 60
6.4.1 SONO DA ALMA (PSICOPANIQUIA)......................................................................... ................................................ 60
6.4.2 DESTRUIÇÃODA ALMA (ANIQUILAMENTO)................................................. ............................................ .............. 60
6.5 DOGMAS CATÓLICOS................................................................................................................................................. 60
6.5.1 PURGATÓRIO .......................................................................................................................................................... 61
6.5.2 O LIMBO DAS CRIANÇAS (LIMBUS INFANTUS)..................... ................................................................................... 61
6.5.3. O LIMBO DOS PAIS (LIMBUS PATRUM) ......................................................... ......................................................... 61
7. A RESSURREIçãO DOS MORTOS .................................................. ......................................................... ....................... 63
7.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 63
7.2 O QUE É RESSURREIçãO? .................................................... ......................................................... ............................ 64
7.3 A RESSURREIçãO DE JESUS ....................................................... .............................................................. .................. 64
7.4 A RESSURREIÇÃODOS JUSTOS E DOS ÍMPIOS......................................... ................................................. ................. 66
7.4.1 A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO ....................................................... ............................................................................ 66
7.4.2 O CORPO DA PRIMEIRARESSURREIÇÃO....................................... .................................................. ....................... 67
7.5 A SEGUNDA RESSURREIçãO ........................................................... ........................................................................... 67
7.5.1 O CORPO DA SEGUNDA RESSURREIçãO................................................................................................................ 68
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 3 ................................................................................................................................... 71

CAPÍTULO 4 - SINAIS DOS TEMPOS ...................................................................................................................... 73


1. SINAIS DOS TEMPOS.................................................................................................................................................... 73
1.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 73
1.2 O QUE SãO SINAIS DOS TEMPOS?................................................................................................ ............................. 73
1.3 A SEGUNDA VINDA DE CRISTO ........................................................... ......................................................... .............. 74
1.3.1 A CERTEZA DA SEGUNDA VINDA ............................................................... ........................................................... .. 75

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3.2 A NATUREZA DA SEGUNDA VINDA .......................................................... ........................................................... .... 75


1.3.3 O TEMPO DA SEGUNDA VINDA NãO PODE SER DETERMINADO............................................................................ 75
1.3.4 PROPÓSITOS DA SEGUNDA VINDA ................................................ ............................................................. ............ 76
1.4 O TEMPO MARCADO POR SINAIS ................................................ ......................................................... ..................... 76
2. O SERMãO PROFÉTICOE OS SINAIS DA VOLTA DE CRISTO.......................................................................................... 79
2.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 79
2.2 O SERMãO PROFÉTICODA VINDA DE JESUS ............................................ ................................................. ................ 79
2.3 O PRINCÍPIO DAS DORES– SINAIS QUE ANTECEDEMA TRIBULAÇÃO....................................................................... 81
2.4 ALGUNS SINAIS DA VOLTA DE CRISTO.................................................. ....................................................... ............... 81
2.4.1 SINAIS ESPIRITUAISE NA VIDA RELIGIOSA..................................................... ............................................ ............. 81
2.4.2 SINAIS NA NATUREZA ............................................................................................................................................. 82
2.4.3 SINAIS NA SOCIEDADE............................................................................................................................................ 83
2.4.4 SINAIS NA TECNOLOGIA ......................................................................................................................................... 84
2.4.5 INSTABILIDADEPOLÍTICA E ECONôMICAENTRE AS NAÇÕES................................................................................. 85
2.4.6 EVANGELIZAÇÃOMUNDIAL........................... ......................................................................................................... 86
2.4.6.1 EVANGELISMOCOMO MISSÃO EXCLUSIVADA IGREJA ANTES DO ARREBATAMENTO (1FSV).............................. 86
2.4.6.2 EVANGELISMOCOMO MISSÃO DOS JUDEUS ANTES DA SEGUNDA VOLTA DE CRISTO (2FSV)............................. 87
2.4.7 SINAIS ENTRE O POVO DE DEUS ....................................................... .................................................................... .. 87
2.4.8 O GRANDE SINAL DA VINDA DE JESUS – O POVO DE ISRAEL.................................................................................. 87
2.4.9 OUTROS SINAIS....................................................................................................................................................... 87
3. OS TRÊS GRANDES POVOS DA PROFECIA BÍBLICA ....................................................................................................... 88
3.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 88
3.2 A VOLTA DE CRISTO PARA OS TRÊS GRANDES POVOS DA PROFECIA BÍBLICA ........................................................... 89
3.2.1 PARA A IGREJA........................................................................................................................................................ 89
3.2.2 PARA ISRAEL ........................................................................................................................................................... 89
3.2.3 PARA OS GENTIOS.................................................................................................................................................. 90
3.3 CONTRASTEENTRE ISRAEL E A IGREJA.......................................... ................................................... ......................... 90
4. ISRAEL– O RELÓGIOESCATOLÓGICODE DEUS.................................... ..................................................... ................... 91
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 91
4.2 A PARÁBOLA DA FIGUEIRA......................... ................................................................................................................ 91
4.3 ISRAEL – O EIXO CENTRAL DO PROGRAMA ESCATOLÓGICO DIVINO......................................................................... 91
4.3.1 DISPERSÃO E REGRESSO ........................................................................................................................................ 91
4.3.2 REUNIÃO PROGRESSIVADE ISRAEL EM SUA TERRA ............................................................................................... 93
4.3.2.1 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DOS úLTIMOS SéCULOS REFERENTES ISRAEL APÓS A DISPERSÃO .... ............... 93
4.3.3 UM NOVO TEMPLO EM JERUSALéM?................................................................................................ ..................... 95
4.3.4 ISRAEL E O CENÁRIO POLÍTICOMUNDIAL.......................................... ............................................ ........................ 95
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................... 96
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 4 ................................................................................................................................... 97

CAPÍTULO 5 - AS PROFECIAS DE DANIEL .............................................................................................................. 99


1. AS PROFECIAS NO LIVRO DE DANIEL ...................................................... .............................................................. ....... 99
1.1 INTRODUçãO ............................................................................................................................................................ 99
1.2 INTRODUçãOAO LIVRO DE DANIEL............................................... ................................................. .......................... 99
1.3 PRINCIPAIS PROFECIAS DE DANIEL ..................................................... .................................................... ................. 100
1.3.1 PROFECIAS REFERENTES àS NAÇÕES GENTIAS EM DANIEL– 61 ......................................................................... 100
1.3.2 PROFECIASREFERENTESàS NAÇÕES GENTIAS EM DANIEL 7 ............................................................................... 101
1.3.3 PROFECIAS REFERENTES A ISRAEL EM DANIEL– 812 .......................................................................................... 101
2. O TEMPO DOS GENTIOS ............................................................................................................................................ 102
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 102
2.2 O TEMPO DOS GENTIOS .......................................................................................................................................... 102
2.3 A VISãO DA ESTáTUA DE NABUCODONOSOR...................................................................... .................................... 103
2.4 A VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS SAINDO DO MAR............................................. .................................................. ... 105
2.5 ASCENSãO E QUEDA DOS IMPÉRIOS MUNDIAIS..................................................................................................... 106
2.5.1 O IMPéRIO BABILôNICO....................................................................................................................................... 106
2.5.2 O IMPéRIO MEDO-PERSA ..................................................................................................................................... 106
2.5.3 O IMPÉRIO GREGO ............................................................................................................................................... 106
2.5.4 O IMPéRIO ROMANO ........................................................................................................................................... 106
2.5.5 OS DEZ DEDOS DOS PéS (ESTÁTUA) E OS DEZ ChIFRES (ANIMAL) ........................................................................ 107
2.5.6 UMA PEDRA CORTADA SEM AUXÍLIO DE MãOS ................................................................................................... 107
2.5.7 “FEZ-SE UM GRANDE MONTE, E ENChEU TODATERRA” A .................................................................................. 108
2.6 O FIM DO TEMPO DOS GENTIOS .................................................. ......................................................... .................. 108
3. AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL................................................................... ......................................................... 109
3.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 109
3.2 AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL....................................................................... ................................................... 109

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3.2.1 INTERPRETAÇÕES DAS SETENTASEMANAS ...................................... ................................................. .................. 109


3.2.2 O SIGNIFICADO DA EXPRESSãO “SETENTASEMANAS”........................................................................................ 109
3.2.2.1 “A QUÊ” E “A QUEM” SE REFEREM AS“SEMANAS”?......................................................................................... 110
3.2.2.2 A PROFECIA SUBDIVIDE AS SETENTASEMANAS EM TRÊS PARTES DISTINTAS................................................... 110
3.2.2.3 ANáLISE DO ANO PROFÉTICO.......................................................................................... .................................. 112
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 5 ................................................................................................................................. 113

CAPÍTULO 6 - A SEGUNDA VINDA DE CRISTO..................................................................................................... 115


1. ASPECTOS GERAIS DA VOLTA DE CRISTO ........................................................ ........................................................... 115
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 115
1.2 A DOUTRINA DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO ........................................................................................................ 115
1.2.1 A IMPORTâNCIA DA DOUTRINA ............................................................... ............................................................ 115
1.2.2 A CERTEZA DA SEGUNDA VINDA ............................................................... ........................................................... 116
1.2.3 A NATUREZA DA SEGUNDAVINDA ...................................... ............................................... .................................. 117
1.2.4 O TEMPO DA SEGUNDA VINDA NÃO PODE SER DETERMINADO.......................................................................... 118
1.2.5 PROPÓSITOS DA SEGUNDA VINDA ....................................................... ......................................................... ....... 118
1.3 A DISTINçãOENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA VINDA .......................................................................................... 119
1.4 AS DUAS ETAPAS DA SEGUNDA VINDA ......................................................... ........................................................... 119
1.4.1 O ARREBATAMENTO E O RETORNO GLORIOSO SÃO EVENTOS SEPARADOS......................... ................................ 119
1.4.1.1 AS 15 DIFERENçASENTRE O ARREBATAMENTO E O GLORIOSO APARECIMENTO............................................. 120
2. A VOLTA DE CRISTO PARA OS TRÊS GRANDES POVOS DA PROFECIA BÍBLICA............................................................ 120
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 120
2.2 A VOLTA DE CRISTO PARA OS TRÊS GRANDES POVOS DA PROFECIA BÍBLICA ......................................................... 120
2.2.1 PARA A IGREJA...................................................................................................................................................... 120
2.2.2 PARA ISRAEL ......................................................................................................................................................... 121
2.2.3 PARA OS GENTIOS................................................................................................................................................ 121
2.3 DISTINçãOENTRE ISRAEL E A IGREJA............................................................. ............................................... .......... 121
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................ 123
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 6 ................................................................................................................................. 125

CAPÍTULO 7 - O ARREBATAMENTO (1ª ETAPA DA SEGUNDA VINDA),


O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO CÉU? ............................................................................................................... 127
1. O ARREBATAMENTO.................................................................................................................................................. 127
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 127
1.2 O ARREBATAMENTO DA IGREJA..................................................................... .......................................................... 127
1.2.1 O ARREBATAMENTO É UM MISTÉRIO PARA O MUNDO....................................................................................... 129
1.2.2 O ARREBATAMENTO É UM MISTÉRIO PARA A IGREJA .......................................................................................... 129
1.2.3 UMA CERTEZA: JESUS VEM................................................................................................................................... 129
1.2.4 OS CRISTÃOSPRECISAM VIVER à LUZ DE SUA VINDA........................................................................................... 130
1.3 POSIÇÕESA RESPEITODO ARREBATAMENTO........................................................................ .................................. 131
1.3.1 O ARREBATAMENTO PRé-TRIBULACIONIST A ..................................... ................................................. .................. 131
1.3.2 O ARREBATAMENTO MID-TRIBULACIONIST A......................................... ................................................. .............. 132
1.3.3 O ARREBATAMENTO PÓS-TRIBULACIONIST A ......................................... ................................................. .............. 132
1.3.4 O ARREBATAMENTO PARCIAL ................................................ ......................................................... ...................... 134
1.3.4 O ARREBATAMENTO PRé-IRA.............................................................. .................................................................. 134
1.3.5 NãO PARTICIPARãODO ARREBATAMENTO ........................................ ................................................. ................ 135
2. O QUE ESTá ACONTECENDONO CÉU? ..................................... ............................................... .................................. 135
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 135
2.2 O TRIBUNAL DE CRISTO ........................................................................................................................................... 135
2.2.1 ESTE JULGAMENTOÉ EXCLUSIVODOS VERDADEIROSCRISTãOS......................................................................... 136
2.2.2 ASPECTOS GERAIS DO TRIBUNAL DE CRISTO...................... .................................................................................. 137
2.2.3 COMO SERÁ REALIZADOO JULGAMENTO? .............................................. ............................................... ............. 137
2.2.4 O QUE SERÁ SUBMETIDO à PROVA NO TRIBUNAL DE CRISTO?........................................................................... 138
2.2.5 O RESULTADO DO JULGAMENTO ...................................................... ........................................................... ........ 139
2.2.6 AS METáFORAS DO JULGAMENTO .................................................... ......................................................... .......... 141
2.3 AS BODAS DO CORDEIRO........................................................................................................................................ 141
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................ 142
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 7 ................................................................................................................................. 143

CAPÍTULO 8 - A TRIBULAÇÃO - O QUE ESTARÁ ACONTECENDO NA TERRA?..................................................... 145


1. A TRIBULAÇÃO– PARTE 1 .......................................................................................................................................... 145
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 145
1.2 O QUE SIGNIFICA O PERÍODO DE TRIBULAçãO?..................................................................................................... 145

8
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3 TRIBULAçãOOU GRANDE TRIBULAçãO?................................................................................................................ 147


1.3.1 TERMOS USADOS NO ANTIGO TESTAMENTOPARA A TRIBULAçãO.............. ...................................................... 147
1.3.2 TERMOS USADOS NO NOVO TESTAMENTO PARA A TRIBULAçãO....................................................................... 148
1.4 PROPÓSITOS DA TRIBULAÇÃO ............................................................ ..................................................................... 149
2. A TRIBULAÇÃO– PARTE 2 .......................................................................................................................................... 151
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 151
2.2 AS SETENTASEMANAS DE DANIEL E O PERÍODO DA TRIBULAçãO......................................................................... 151
2.3 O ESPÍRITOSANTO NA TRIBULAçãO...................................... ........................................ ......................................... 152
2.4 hAVERÁSALVAÇÃO NA TRIBULAÇÃO?.............................................. ............................................... ........................ 153
2.5 SATANáS, O ANTICRISTOE O FALSO PROFETA .......................................... ................................................. .............. 154
2.5.1 O ANTICRISTO– A BESTA QUE SOBE DO MAR (AP 13.1-10) ................................................................................. 154
2.5.2 O FALSO PROFETA– A BESTA QUE SOBE DA TERRA (AP 13.11-18)....................................................................... 157
2.5.3 O NÚMERO DA BESTA........................................................................................................................................... 157
3. OS JULGAMENTOSDA TRIBULAçãO......................................................... ............................................. .................... 158
3.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 158
3.2 OS JULGAMENTOS DA TRIBULAçãO................................................................ ............................................... ......... 158
3.2.1 O JULGAMENTO DOS SETE SELOS...................................................................... .................................................. 160
3.2.1.1 OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE................................................. ................................................. ...... 160
3.2.1.2 E QUANTO AO PRIMEIRO SELO?...................................................................... .................................................. 160
3.2.1.3 O QUE FALAM OS DEMAIS SELOS? ............................................................. ....................................................... 163
3.2.2 O JULGAMENTODAS SETE TROMBETAS ...................................... ............................................. ........................... 164
3.2.3 O JULGAMENTO DAS SETE TAçAS........................................................................................... .............................. 165
4. EVENTOS PARENTéTICOS .......................................................................................................................................... 166
4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 166
4.2 O QUE SÃO AS SEÇÕES PARENTéTICAS DE APOCALIPSE?........................................................................................ 166
4.3 DOIS GRUPOS DE REDIMIDOS ....................................................... ......................................................... ................. 166
4.3.1 O SELAR DOS ISRAELITAS – OS 144.000 .......................................... ..................................................... ................ 166
4.3.2 A SALVAÇÃO DOS GENTIOS CONVERTIDOSDURANTE A TRIBULAÇÃO................................................................. 167
4.3.4 JOÃO E O LIVRINhO ............................................................................................................................................. 167
4.4 AS DUAS TESTEMUNhAS ........................................................................................................................................ 167
4.5 A MULhER E O DRAGÃO.......................................................................................................................................... 168
4.6 OS SETE EVENTOS DE APOCALIPSE 14 ...................................................... ......................................................... ...... 169
4.7 A CONDENAÇÃODA GRANDE PROSTITUTA................................ ................................................... .......................... 170
4.8 A BABILôNIA RELIGIOSA.......................................................................................................................................... 171
4.9 A BABILôNIA COMERCIAL............................................................................... ......................................................... 172
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................ 172
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 8 ................................................................................................................................. 175

CAPÍTULO 9 - BATALHA DE GOGUE MAGOGUE E BATALHA DO ARMAGEDOM ................................................ 177


1. BATALHA DE GOGUE E MAGOGUE ........................................... ......................................................... ........................ 177
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 177
1.2 GOGUE E MAGOGUE ............................................................................................................................................... 177
1.2.1 OBJETIVOS DA INVASãO ....................................................................................................................................... 179
1.2.2 O QUE OCORRERáAPÓS A INVASãO?........................................................................ .......................................... 179
2. A BATALHA DO ARMAGEDOM ................................................................................................................................... 179
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 179
2.2 O ARMAGEDOM ...................................................................................................................................................... 180
2.2.1 ESTáGIOS DA BATALHADO ARMAGEDOM................................................... .................................................
....... 181
2.2.2 QUEM ESTARáPRESENTE NO ARMAGEDOM?..................................................................................................... 182
2.3 COMPARAçãO ENTRE AS BATALHAS DE “GOGUE E MAGOGUE”E DO “ARMAGEDOM”......................................... 182
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................ 182
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 9 ................................................................................................................................. 183

CAPÍTULO10 - O GLORIOSO RETORNO DE CRISTO - SEGUNDA ETAPADA SEGUNDA VINDA DE CRISTO......... 185
1. O GLORIOSO RETORNO DE CRISTO ........................................................ ............................................................. ...... 185
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 185
1.2 O GLORIOSO RETORNO DE CRISTO ....................................................... ........................................................... ....... 185
2. O JULGAMENTODAS NAÇÕES; A RESSURREIÇÃODOS SANTOS................................................................................ 187
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 187
2.2 O JULGAMENTO DAS NAÇÕES ....................................................... .............................................................. ............ 187
2.3 A RESSURREIçãO DOS SANTOS ...................................................... ......................................................... ................ 188
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................. 188
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 10 ..................................................... .............................................................. ............ 189

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

CAPÍTULO 11 - O MILÊNIO .................................................................................................................................. 191


1. O MILÊNIO................................................................................................................................................................. 191
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 191
1.2 O QUE é O MILÊNIO?............................................................................................................................................... 192
2. PONTOS DE VISTASOBRE O REINO MILENAR....................................................... .............................................. ....... 193
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 193
2.2 AMILENISMO .......................................................................................................................................................... 193
2.2.1 IMPLICAÇÕES DO AMILENISMO ................................................ ............................................................. .............. 194
3. PÓS-MILENISMO........................................................................................................................................................ 195
3.1 IMPLICAÇÕES DO PÓS-MILENISMO......................................................... ......................................................... ....... 195
4. PRé-MILENISMO ....................................................................................................................................................... 196
4.1 PRé-MILENISMOhISTÓRICOOU CLÁSSICO.......................................... ...................................................... ............. 197
4.2 PRé-MILENISMO DISPENSACIONALISTA ................................................ ............................................................. ..... 198
4.3 MOTIVOS PARA ACEITARO PONTO DE VISTA PRé-MILENISTADISPENSACIONALISTA............................................. 199
4.4 ORDEM DOS EVENTOS ............................................................................................................................................ 200
4.5 O REINADO DE CRISTO é ALEGÓRICOOU LITERAL? ................................................................................................ 200
5. éPOCA E PROPÓSITO DO MILÊNIO .................................................. ........................................................... ............... 202
5.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 202
5.2 O CLAMOR DA CRIAçãO.......................................................................................................................................... 202
5.3 A éPOCA DO MILÊNIO ............................................................................................................................................. 202
5.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS .................................................. .............................................................. ................. 202
5.5 PROPÓSITOS DO MILÊNIO ....................................................................................................................................... 202
6. ILUSTRAÇÕES DO MILÊNIO ........................................................................................................................................ 203
7. O QUE OCORRERÁDURANTEO MILÊNIO?.................................................... ............................................... ............. 204
8. O FIM DO MILÊNIO ................................................................................................................................................... 210
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................. 213
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 11 ................................................ ............................................................................... 215

CAPÍTULO 12 - O GRANDE TRONO BRANCO E A ETERNIDADE .......................................................................... 217


1. O GRANDE TRONO BRANCO............................................................................. ......................................................... 217
1.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 217
1.2 O JULGAMENTODO GRANDE TRONO BRANCO ...................................................................................................... 217
1.2.1 O JUIZ DESSE JULGAMENTO ....................................................... ......................................................... ................. 218
1.2.2 A MORTE E O INFERNO DERAM OS MORTOS QUE NELES HAVIA......................................................................... 218
1.2.3 LOCALIZAÇÃO DESSE TRIBUNAL ...................................................... ............................................................. ........ 218
1.2.4 QUEM COMPARECERÁDIANTE DO TRONO BRANCO? ......................................................................................... 219
1.2.5 DEUS EXECUTARÁJUÍZO SOBRE A TERRA QUEIMANDO-A................................................................................... 220
1.2.6 O FIM DO JUÍZO FINAL.......................................................................................................................................... 220
2. A ETERNIDADE........................................................................................................................................................... 221
2.1 INTRODUçãO .......................................................................................................................................................... 221
2.2 O ETERNO E PERFEITO ESTADO .......................................................... ......................................................... ............ 221
3. O NOVO CÉU E A NOVA TERRA........................................................................ .......................................................... 222
4. A NOVA JERUSALéM CELESTIAL ........................................................... ......................................................... ............ 222
4.1 DESCRIÇÃO DA NOVA JERUSALéM ........................................................ ............................................................ ...... 223
5. A DáDIVA DE NOSSO LAR ETERNO ....................................................... ......................................................... ............ 224
6. A VIDA ETERNA.......................................................................................................................................................... 224
RESUMO DO CAPÍTULO ................................................................................................................................................ 225
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 12 ................................................ ......................................................... ...................... 227

FINAL................................................................................................................................................................... 229
CRÉDITO DAS AUTORAS ..................................................................................................................................... 229
REFERÊNCIAS...................................................................................................................................................... 230

ANEXO 1 – TABELA DE PROF ECIAS BÍBLIC AS CUMP RIDAS NA PESSOA E MINISTéRIO DE JESUS CRISTO....................... 233
ANEXO 2 – RESUMO PRINCIPAISPONTOS DE DESACORDODENTRO DA TEOLOGIAESCATOLÓGICA ............................ 234
ANEXO 3– CONCEPÇÕESSOBRE O MILÊNIO............................................................
..............................................
....... 235
ANEXO 4 – PASSAGENSBÍBLICAS SOBRE O ARREBATAMENTO E A VINDA GLORIOSADE CRISTO ................................. 238
ANEXO 5 – COMPARAÇÃOENTRE O ARREBATAMENTO E O APARECIMENTOGLORIOSO............................................. 239
ANEXO 6 – VINTE EVENTOS PROFéTICOSIMPORTANTESAINDA A SEREM CUMPRIDOS.............................................. 240

10
ESCATOLOGIA BÍBLICA

PLANO DE ESTUDOSDA
DISCIPLINA
EMENTA
Esta disciplina visa levar o aluno a estudar a doutrina das últimas coisas, os eventos relacionados à
segunda vinda deCristo e os fatos a elaassociados, com base nas Escrituras Sagradas; compreender os métodos
de interpretação escatológicos referentes aos eventosvindouros, apresentando-osde formasistemática e
cronológica bíblica, bemcomo, responder às perguntas existenciais referentes ao destino da vida
humana.

OBJETIVO GERAL
Que o aluno conheça e aprenda a doutrina das últimas coisas e possa tomar uma posição bíblica pessoal
a respeito.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Compreender o que é Escatologia Bíblica e os métodos de interpretação escatológica
· Entender a relação entre o Apocalipse e a Escatologia Bíblica

PLANO DE ESTUDODA DISCIPLINA


CAPÍTULO 1 – INTRODUçãO AO ESTUDO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA
CAPÍTULO 2 – O LIVRO DE APOCALIPSE
CAPÍTULO 3 – A MORTE, O ESTADO INTERMEDIáRIO E A RESSURREIçãO DOS MORTOS
CAPÍTULO 4 – SINAIS DOS TEMPOS
CAPÍTULO 5 – AS PROFECIAS DE DANIEL
CAPÍTULO 6 – A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
CAPÍTULO 7 – O ARREBATAMENTO (1ª ETAPA DA SEGUNDA VINDA), O QUE ESTá ACONTECENDO NO CÉU?
CAPÍTULO 8 – A TRIBULAÇÃO - O QUE ESTARÁ ACONTECENDO NA TERRA?
CAPÍTULO 9 – BATALHA DE GOGUE MAGOGUE E BATALHA DO ARMAGEDOM
CAPÍTULO 10 – O GLORIOSO RETORNO DE CRISTO - SEGUNDA ETAPA DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO
CAPÍTULO 11 – O MILÊNIO
CAPÍTULO 12 – O GRANDE TRONO BRANCO E A ETERNIDADE

11
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12
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO1
INTRODUÇÃOAO ESTUDO DA ESCATOLOGIA
BÍBLICA
1. ASPECTOS GERAIS DA ESCATOLOGIABÍBLICA

1.1 INTRODUÇÃO

1
O Te r m o “ ES C ATO LO G I A ”
refere-se ao estudo dos fatos que O
ainda não ocorreram, ou seja, de L
U

0
acontecimentos que estão por vir
num determinado período histórico. T
Alguns destes eventos já ocorreram, P
outros estão ocorrendo ou ainda A
estão para ocorrer. C
“Revelação de Jesus Cristo, a qual
Deus lhe deu, para mostrar aos seus
servos as coisas que brevemente
devemacontecer... ”
FIGURA 1: VIGIAI; em: www.
(Ap 1.1ª) adsjcampos-palmeiras.com.
br/?page_id=47; em 28 dez.2011
A Escatologia enquadra-se no
campo de estudo das profecias bíblicas e, como tal, precisa ser estudada
e utilizada como meio de glorificar a Deus, não ficando estática apenas no
conhecimento humano, ou servindo apenas para debates teológicos, pois
devemos crescer não só no conhecimento, mas também na gr aça do Se nhor
(2 Pe 3.18), e assim poder justificar a razão de nossa fé.
Infelizmente o que se nota muitas vezes é que a maioria dos cristãos
conhece o tema superficialmente, o que acarreta muitos problemas e confusão
na cabeça de muitos irmãos bem intencionados que acabam saindo e pregando
por aí muitas coisas que vão até mesmo contra as Sagradas Escrituras. O aluno
saberia responder, por exemplo, qual é a linha de pensamento ou o tipo de
interpretação escatológica que tem acreditado? Quais são os principais eventos
que aguardam a humanidade? Qu al o destino dos mortos? Como será a volta
de Cristo? A igreja será arrebatada antes ou depois da Tribulação? O Milênio
será real ou alegóri co?
Tanto estas, quanto outras perguntas referentes à Escatologia serão

estudadas
num camponoextremamente
decorrer do nosso curso,eobservando
importante polêmico, oque
queestamos
exige a entrando
máxima
responsabilidade e dedicação quanto ao estudo e análise dos tópicos
envolvidos.

IMPORTANTE!
Prezado(a) Aluno(a), É de fundamental importância que você
estude esta disciplina, tendo ao lado a Bíblia e conferindo
todas as referências citadas. Esta é, biblicamente, uma
atitude nobre (At 17.10-11). Bons Estudos!

13
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

1.2 DEFININDOESCATOLOGIA
O termo ESCATOLOGIA provém de duas palavras gregas: εσχατος “eschatos ” (“final”, “o fim”, “último”)
+ λόγια “logos” (discurso, tratado, estudo, conhecimento). É o estudo acerca de coisas e eventos futuros
profetizados na Bíblia.
Para nós cristãos, é“o estudo (doutrina ou tratado) dos últimos acontecimentos ou das últimas coisas”,
ou seja, o estudo dos eventos que ainda estão por acontecer segundo as Escrituras, apesar de muitos destes
eventos já estarem ocorrendo, ou mesmo já terem acontecido ao longo da história.
O livro de Apocalipse demonstra na sua primeira frase o sentido da Escatologia para a igreja de Cristo:
“Revelaçãode Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem
acontecer” (BÍBLIA, N.T.).
é uma das divisões da Teologia Sistemática, e trata especificamente do destino final da humanidade e
do indivíduo, bem como do sistema mundial de governos com vistas ao futuro, onde finalmente o nome de
Deus será glorificado:
“Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, e seu Redentor,
o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. E quem
proclamará como eu, e anunciará isto, e o porá em ordem perante mim, desde que ordenei um povo
eterno? E anuncie-lhes as coisas vindouras, e as que ainda hão de vir.” (Isaías 44:6-7).
Assim também se pode entender que Escatologia é o estudo sistemático daquilo que a Bíblia revela acerca
do nosso futuro individual, do futuro do mundo e acerca da humanidade em geral. Sem ela todas as demais
doutrinas cristãs ficam incompletas, poisaédoutrina daconsumação. A Teologia só podeser completa quando
apresenta uma Escatologia fiel, harmônica, resultante de uma interpretação fidedigna.
Andrade afirma que Escatologia é o“Estudo Sistemático e lógico das doutrinas concernentes às últimas
coisas. Compreendida como um doscapítulos da dogmática cristã, aEscatologia tem porobjeto os seguintes
temas: Estado Intermediário, Arrebatamento da Igreja, Grande Tribulação, Milênio, Julgamento Final e Estado

PerfeitoEterno” (ANDRADE, 2005, p. 102).


Segundo Stanley Horton (1998, p.15), a Escatologia nos chama a atenção para a verdade de que Deus é
um Deus pessoal e que tem um propósito, um plano que possui uma dimensão presente e futura, um plano
com sequência (inicio e fim), com equilíbrio, correspondência e climas, e que o mundo erra ao buscar um
futuro melhor através de outros meios e esforços humanos, pois o Senhor está no controle de todas as coisas
e situações, que não acontecem ao mero acaso.
Ele se preocupa com pessoas individualmente, mas também tem um propósitoeterno a ser cumprido
(Efésios 3.11):“Segundoo eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus nossoSenhor”.Analisando desta
forma, podemos dividir o estudo da Escatologia em (Dockery, 2001. p.887):
· Escatologia Pessoal ou Individual – Examina o fenômeno da morte (física e espiritual) como uma
experiência individual, a questão do estado intermediário, a ressurreição dos mortos, os julgamentos
de Deus, o destino dos salvos, o destino dos ímpios, o estado eterno etc.
· Escatologia Geral ou Coletiva – Trata dos fatos que ocorrerão no final da história humana, tais
como: a segunda vinda de Cristo, a grande tribulação, o milênio, a ressurreiçãogeral que antecede
o julgamento final, a vitória final de Cristo sobre o mal, o juízo final, o novo céu e a nova terra etc.
A Escatologia é, portanto, um vasto estudo que afeta não só a igreja, mas toda a humanidade, mas em
particular a cadaindivíduo especificamente– crente ou descrente– mas especialmente a nós cristãos, pois
nos traz esperança e certeza da consumação do plano eterno de Deus com a volta do Senhor Jesus Cristo e sua
vitória final.“Que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antiguidade as coisas que ainda
não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade”(Isaías 46.10). Esse
“meu conselho”refere-se exatamente ao plano eterno de Deusque Ele mesmo aciona peloseu próprio poder (2
Rs 19.25). Em Escatologia estudaremos parte deste plano:
“as coisas que brevemente devemacontecer”(Ap 1.1).

1.3 O CAMPO DA ESCATOLOGIABÍBLICA


Conforme cita Elienai Cabral (1998):“A Escatologia possui sua base na revelação divina – A Bíblia é a
revelação da vontade de Deus à humanidade. Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja, o

14
ESCATOLOGIA BÍBLICA

povo de Israel, para revelar a sua vontade. Mais tarde, Deus ampliou o campo da sua revelação e formou
um novo povo– a Igreja– constituída de judeus e gentios (Ef 2.11-19). A partir de então, a Igreja é o alvo da
revelaçãodivina”.
Toda a revelação aponta para o futuro e a Igreja caminha neste mundo com uma esperança, pois é
identificada como“peregrinae forasteira”,1 Pe 2.11. Ela existe por causa da esperança (Rm 5.2; 8.24; Ef 4.4;
1 Ts 4.13). A esperança indica uma meta; traça planos para um futuro. O mundo pagão se fecha dentro de um
fatalismo histórico, sem expectativas, sem futuro, mas a Bíblia revela o futuro.

1.3.1 A Escatologiapertence ao campo da profecia


A preocupação principal do estudo da Escatologia é interpretar os textos proféticos da s Escrituras. As
verdades proféticas se tornam claras e definidas quando se tem o cuidado de interpretá-las seguindo os
princípios de nterpret
i ação, observando o seucontexto histórico edoutrinário. O apóstolo Pedro teve cuidado
o
de explicar essa questão quando escreveu:
“E temos mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em
estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça
em vosso coração” (2 Pe 1.19).
Na verdade, o apóstolo procura contrastar as ideias humanas com a palavra da profecia escrita na Bíblia.
Ele fortalece a srcem divina das Escrituras e da sua profecia. Não podemos duvidar nem admitir falha na
Palavra de Deus. Ela é inspirada pelo Espírito Santo (2 Tm 3.16). A inerrância das Escrituras tem sua base na
infalibilidade da Palavra de Deus. Igualmente, o mesmo autor declara “nenhuma
que profecia da Escritura
é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os
homens santos de Deus falaram inspirados peloEspíritoSanto” (2 Pe 1.20,21).

1.4 RAZÕES PARA SE ESTUDAR O FUTURO


Muitos são os motivos pelos quais devemos conhecer a doutrina das últimas coisas, dentre as principais

aestá o fato pessoa


qualquer de queque
precisamos manejar
nos perguntar bem de
a razão a Palavra
nossa fédee Deus (2 Tm(12.15;
esperança 2 TmComo
Pe 3.15). 3.16-17), e saber
servos responder
do Senhor,
e obreiros, não podemos nos eximir da responsabilidade de conhecer integralmente as Escrituras Sagradas:
motivo da esperança que há em vós, pois como já disse alguém:
“Tantoé réu o corruptor da sã doutrina, como o
omisso nela”.Segundo Claudionor de Andrade em seu Dicionário de Profecia Bíblica (2005, p. 202):
“Se por um
lado os problemas escatológicos geram desconforto entre os fiéis, por outro, fazem queassuntos
tais estejam
sempre em evidência. Dessaforma, os crentes veem-se constrangidos a se manterem sempre alertas quanto
à iminência da bem aventurada esperança da Igreja – a volta de Cristo” (ANDRADE, 2005, P. 202).
Além dos fatores citados, também precisamos conhecerpalavra
a profética, pois elanos ilumina, conforme
cita 2 Pedro 1.19:“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, com uma luz que
alumia em lugar escuro, até que odia amanheça, e a estrela daalva apareça em vossos corações”.Como uma luz
de alerta, a palavra profética nos chama a atenção para as coisas que em breve irão acontecer e nos impulsiona a
“despertarmosdo sono”(Rm 13.11) e nos prepararmos para não sermos apanhados de surpresadespreparados,
e
pois “a noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois as obras das trevas e vistamo-nos das armas luz”da
(Rm 13.12). A própria Escritura diz que precisamos nos lembrar das palavras dos santos profetas (2 Pe 3.2), pois
o tempo está próximo (Ap 1.3): “Bem aventurado aquele quelê, e os queouvem as palavras desta profecia, e
guardam as coisas
uma luz em quetrevas
meio às nela estão
dessesescritas; porque o uma
dias tenebrosos, tempo está
próximo”.
esperança queTemos uma viva para
Deus preparou esperança (1 oPeamamos
nós que 1.3),
(1 Co 2.9), seja nesta vida ou na vida pós ressurreição (1 Jo 3.2, Ef 1.18, Rm 12.12). (BERGSTéN, 2007, p. 298).
Em todas as igrejasverdadeiramente avivadas, há umsadio desassossego quanto àEscatologia. Não há
cristão que não deseje saber como se dará exatamente a volta de Cristo. Triste seria se tais questões jamais
viessem à tona. Tal apatia haveria de representar a morte da esperança numa comunidade que deve ser
caracterizada pela esperança. (ANDRADE, 2005, p. 202)
Assim podemos ver que a Escatologia gera esperança, consola o cristão,revela a soberania de Deus e exalta
o Nome do Senhor dos Senhores (Ap 19 .6). Roy B. Zuck (apud OLIVEIRA, 2010, p. 66) cita al guns benefícios
que o estudo da Escatologia nos traz:

15
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a) produz esperança e consolo – O apóstolo Paulo cita (1 Ts 4.18): “Consolai-vos uns aos outros com
estaspalavras”.Jesus disse aos discípulos (Jo 14.1-2): “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou
preparar-vos lugar.”Com estas palavras podemos ver que um dos objetivos da Escatologia é nos dar esperança
num futuro melhor, nos mostrar que temos pelo que esperar e devemos confiar no Senhor. A carta de Paulo
a Tito nos mostra que temos uma bendita esperança (Tt 2.13).
b) Converte – O conhecimento da Escatologiaprovoca a conversão, isso porque Deus usa tais notícias
para esclarecer e convencer o pecador de que há um julgamento futuro pelo qual todos deverão
passar (At 17.31): , além dos demais eventos futuros. O inferno não existe para pôr medo nas pessoas,
mas Deus o usa para fazer com que muitos se convertam a Cristo. Nas palavras de Jesus (Mt 10.28):
“E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer
perecer no inferno a alma e ocorpo”.
c) Purifica – O conhecimento das profecias bíblicas causa santificação, purificação, vigilância. Enquanto
aguardamos novos céus e nova terra, precisamos nos esforçar para sermos encontrados por Jesu s
como sua noiva sem mácula e nem mancha, irrepreensíveis domeio de uma geração corrupta e
perversa (2 Pe 3.14).
d) Esclarece – “E conhecereis a verdade, e a verdade voslibertará”(Jo 8.32). O conhecimento liberta a
pessoa, traz luz às trevas da ignorância. Jesus alertou seus discípulos em várias passagens sobre os
acontecimentos futuros (Jo 13.19; 16.1).“Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando
acontecer, vóscreiais”João 14.29. O Senhor conhece e pode todas as coisas, pois é onisciente e
onipotente, e fará tudo que forpreciso para cumprir o seu plano eterno, sem que alguém interfira,
pois Ele é soberano.
A própria Bíblia nos exorta em várias passagens a crescer no conhecimento da Palavra de Deus, e isso
inclui os acontecimentos escatológicos:“Jesus,porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as
Escrituras, nem o poder deDeus.”(Mt 22.29);“Antescrescei na graça e no conhecimento... “Eis; que presto
venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste
livro.”(Ap 22.7). Como poderemos
guardar algo que não lemos, ouvimos, conhecemos ou aprendemos? Além de todos estes fatores, ainda
podemos citar que o estudo da Escatologia ocasiona:
a) maior vigilância por parte dos cristãos quanto aos eventos futuros e necessidade de preparação;
b) combate as heresias;
c) traz discernimento;
d) ensina a Palavra de Deus com coerência;
e) evangeliza e produz salvação;
f) prega a palavra sem distorções e escorregões doutrinários(2 Tm 2.15);
g) produz santificação e consagração;
h) produz fé e confiança no caráter e soberania de Deus;
i) dá oportunidade para que as pessoas fujam da ira de Deus que está para ser derramada;
j) firma um maior compromisso com a obra evangelística e missionária por parte da igreja e do indivíduo.

1.5 DÚVIDASE CONFUSÃOEM ESCATOLOGIA


Na Escatologia Bíblica precisamos evitar“viajar”, ou seja, evitar especulações e interpretações falsas
que não nos conduzam às verdades contidas na Bíblia ou mesmo desvirtuem tais verdades criando heresias.
Precisamos manejar bem a palavra e não fazer “eisegese”,ou seja, impor-lhe significados próprios, mas
devemos extrair dela o genuíno leite espiritual:
“Porquea visão é ainda para o tempo determinado, e até ao
fim falará e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará”(habacuque 2.3).
Muitas pessoas fazem confusão e têm muitas dúvidas quanto às profecias referentes ao futuro
principalmente pelos seguintes motivos, conforme cita Antonio Gilberto Silva (1998, p. 5):

16
ESCATOLOGIA BÍBLICA

a) falta de ortodoxia na interpretação das Escrituras – Falta-lhes a verdadeira exegese, antes o que
produzem é a“eisegese”e assim fazem uma apresentação distorcida dos eventos escatológicos, e
até mesmo absurdos são falados a respeito dotexto bíblico.
b) Falta de afinidade com o Espírito Santo – Não podemos compreender a Bíblia sem a ajuda do Espírito
Santo: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda
as profundezas de Deus. [...] Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe parecem loucura;e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas
o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido
(BÍBLIA, N.T.,1 Co 2.10, 14-15).
c) A Escritura foi produzida pelo Espírito Santo, e não é porque somos
“antigos na fé”,intelectuais,
muitos inteligentes, ou temos muitos recursos, é que iremos compreender suas mais preciosas
verdades. O Espírito Santo é o intérprete real das Escrituras e sem Ele nada poderemos fazer, pois é
Ele que conhece até mesmo as profundezas de Deus. Nossa atitude ao estudarmos Escatologia deve
ser uma atitude de oração, de reverência, santo temor, aliado a um profundo amor às Escrituras.
d) Falsa aplicação do texto bíblico nos seus variados aspectos – A Palavra de Deus precisa ser aplicada
adequadamente em seus mais variados aspectos. Precisamos manejar bem a Palavra como cita o
apóstolo Paulo em 2 Timóteo 2.15, e isso inclui considerar os mais variados eventos relacionados
ao texto que estamos estudando, tais como: aplicação quanto aos povos bíblicos em questão, ao
tempo, ao lugar, os sentidos do texto, a sua mensagem, a procedência da mensagem etc. Tudo isso
tem relação com o texto que estamos estudando. Réu não é só aquele que corrompe a Palavra de
Deus, mas também aquele que é omisso nela.
e) Conhecimento bíblico desordenado – é um conhecimento desordenado, solto, avulso, sem sequência
alguma. Muitos cristãos possuem um notável saber bíblico, mas estão nessa situação: não sabem
o que fazer com tudo o que leram e aprenderam. Não conseguem ligar coisa com coisa, suas
informações acumuladas estão soltas e nada tem a ver umas com as outras, como um catálogo de
telefone. Não há uma organização no seu estudo, nas suas ideias.
f) Conhecimento especulativo – é um conhecimento produzido através da mera especulação do
intelecto humano (1 Co 2.14). é o saber pelo saber, sem qualquer intenção de glorificar a Deus,
mas sim de acumular conhecimento, sem comprometimento com o Senhor, sem obedecer-lhe. há
uma grande diferença entre“amara suavinda” (2 Tm 4.8) e“especularsobre a suavinda”.Em qual
dessas duas situações nos encontramos?
g) Ação “venenosa” de falsos ensinadores – Esta é outra grande causa de dúvidas, confusão e
controvérsia no campo de estudo da Escatologia Bíblica. Muitos falsos ensinadores torcema Palavra
de Deus e não sofrem qualquer disciplina e até mesmo apresentam-se como pessoas importantes,
intocáveis dentro de muitas igrejas e seitas. Temos que tomar muito cuidado com isso!

2. A PROFECIA NA PERSPECTIVA ESCATOLÓGICA

FIG. 2: PROFECIA BÍBLICA; em <www.wordsofglory.org>>. Acesso: 03 jan. 2012.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

2.1 INTRODUÇÃO
Falar em Escatologia Bíblica é falar no estudo de coisas futuras, ou seja, de profecias. É impossível estudar
Escatologia sem adentrar neste campo, porém será que todas as profecias bíblicas referem-se a eventos
escatológicos? Neste tópico serão analisadasas características das profecias bíblicas, como entender essas
profecias, ou seja, quais os princípios essenciais de interpretação das profecias bíblicas.

2.2 AS PROFECIAS BÍBLICAS


A Escatologia tem profunda ligação com a profecia,e esta ligação não é teórica, mas tem o testemunho das
próprias Escrituras. Entretan
to, antes de estudarmos um pouco sobre asprofecias bíblicas esua relação com a
Escatologia, é preciso fazer distinção entre a profecia bíblica propriamente dita e o chamado
“dom de profecia”.
Segundo Elienai Cabral (1998), a profecia bíblica está além da vontade ou imaginação do homem, pois
depende exclusivamente de Deus,possui um caráter inerrável, pois estão presentes no
Cânon das Escrituras
Sagradas, também denominadas“A Palavra dosProfetas”.O apóstolo Pedro nos alerta aficarmos atentos às
profecias bíblicas (2 Pe 1.19):
“...à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar
escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”.
Já a profecia, como dom do Espírito, tem a sua importância no contexto da Igreja de Cristo na Terra, pois
depende de quem a transmite e, por isso, sujeita a erro e julgamento (1 Co 14.29), e não pode ter validade se
a mesma choca-se com o ensino geral das Escrituras.
Profecia é a história escrita antes de acontecer. é a maneira como Deus nos fala o que acontecerá no
futuro e envolve a predição de eventos específicos antes do seu acontecimento real. Em resumo: é a história
antecipada. Deus, na sua onisciência participa aos homens algo do seu plano que Ele mesmo estabeleceu pelo
seu próprio poder (Atos 1.7).
Atualmente há um grande interesse por profecias futuras e muitas pessoas têm uma verdadeira obsessão

por conhecer
práticas os eventos
ocultistas, futuros
filosofias e procuram
pagãs etc. Taismeios
coisasantibíblicos
desagradam para sanar
muito sua curiosidade,
a Deus taiscomodeastrologia,
que as chama detestáveis (Lv
19.31; Dt 18.9, 12). No entanto é possível conhecermos eventos futuros estudando a Palavra de Deus de uma
forma natural e aceitável, pois tudo que na Bíblia está escrito foi revelado aos santos profetas e homens de
Deus sob a inspiração do Espírito Santo.
O futuro não é uma categoria de menor importância. A Bíblia, em todos os seus ensinamentos, aponta
claramente para o fim que se aproxima. Toda a energia vital dos profetas, apóstolos e mártires flui para
acontecimentos que ainda estão para se cumprir, os quais esclarecerão devidamente toda a vida atual.
(HORTON, 1998, p. 16).
Conhecer a linguagem da mensagem profética é essencial no estudo da Escatologia e fundamental para
sua compreensão e entendimento. Sendo assim, não há como escapar da responsabilidade de conhecer e
interpretar corretamente os textosbíblicos proféticos. Alguns aspectos
relevantes da palavra profética são
apresentados a seguir.

2.2.1 A palavraproféticadeve ser inspirada pelo EspíritoSanto


“Porque a profecia nunca foi produzidapor vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2 Pe 1.21). Apalavra profética, assim como todos osdemais gêneros
literários encontrados na Bíblia,é inspirada pelo Espírito Santo. O próprio Senhor
Jesus relatou muitos eventos
futuros, falando claramen te (Jo 16.29; Jo 14.1-3) ouusando parábolas (Lc 17.24; Mt 25.1-13; 14-19). O Espírito
Santo, através dos tempos, tem falado pelos profetas e pelos apóstolos sobre as coisas que estão por vir, mesmo
que estes muitas vezes não entendessem aquilo que profetizavam (1 Pe 1.9-12 ). ( BERGSTÉN, 2007, p. 294.

2.2.2 A palavraproféticaé uma revelação sobre o futuro


A palavra profética é a única fonte de conhecimento real e fidedigno sobre o futuro, pois o conhecimento
do futuro pertence somente a Deus (2 Pe 3.8; Sl 90.4). Todos os homens são limitados e nenhum de nós
possui onisciência para conhecer o futuro, mas apenas Deus possui tal atributo e revela a sua vontade e seus
desígnios ao homem.

18
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Além disso, para que uma profecia tenha crédito é preciso observar tudo aquilo que já se cumpriu e
quando fazemos isso em relação àsprofecias bíblicas podemosnotar o seu caráter divino. A Bíblia contém
mais de mil predições de eventos futuros, dos quais muitos já se cumpriram com detalhes assustadoramente
específicos. O próprio Jesus falou sobre o ministério do Espírito Santo após sua ascensão aos“Ele
céus:
vos
ensinará e vos anunciará as coisas que hão de”vir
(Jo 16.13). Desta forma, a palavra profética inspirada pelo
Espírito Santo é completa e perfeita, da qual nada se pode tirar e nem acrescentar e para que isso ocorra, é
preciso “não ir além daquilo que estáescrito”,ou seja,“não viajar”.
Aqueles que creem em Deus não dão atenção a futurólogos, adivinhadores, astrólogos, cartomantes e
outros que fazem previsões sobre ofuturo, pois tais pessoas ageminfluenciadas ora por fontes humanas, ora
por espíritos malignos e, por isso, seus prognósticos não merecem confiança.
“As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos
filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta
lei” (Dt 29.29). Existem coisas que Deus não
revelou e estas são para o Senhor, sendo assim não convém procurar as coisas que a Bíblia não revela, aquilo
de que Jesus disse:“Não vos pertencesaber” (At 1.7). Temos que ter em mente que a base de toda a revelação
divina está nas Escrituras Sagradas. (BERGSTÉN, 2007, p. 295).
Segundo Elienai Cabral (1998), “toda declaração bíblica sobre profecia é tão crível quanto àquelas
declarações históricas. Certo autor de teologia declarou que ‘a história da raça humana é a história da
comunicação de Deus com ohomem’”.Toda a Bíblia é uma revelação da vontade divina para o homem e mostra
o princípio e fim deste plano, a única forma pela qual nós podemos obter uma perfeita e completa visão do
propósito divino em relação à salvação e ao nosso futuro. Por isso mesmo é tão importante estudarmos as
profecias, observandoa “históriado passado, presente efuturo”.Devemos confiar que assim como a Palavra
de Deus se cumpriu no passado, tem se cumprido no presente e o mesmo acontecerá com as profecias
relacionadas ao futuro, as quais irão se cumprir inevitavelmente.

2.2.3 A divisãodas profecias bíblicas


Há várias formas de se dividir as profecias bíblicas, tais como as que já se cumpriram e que ainda estão
por se cumprir futuramente, porém há uma divisão em três grupos que é importante ressaltar aqui para uma
melhor compreensão do nosso estudo posterior (BERGSTéN, 2007, p. 295-297):
1. profecias sobre a Pessoa e Obra de Jesus
– O Antigo Testamento é riquíssimo em profecias que
relatam minuciosamente a pessoa e ministério do Senhor Jesus, desde o seu nascimento até sua
morte e ressurreição.
2. Profecias sobre o povo de Israel – São centenas de profecias que se referem a esta nação e que
abrangem os principais eventos relacionados à sua história, como o país de seu nascimento, seu
cativeiro no Egito, libertação, entrada em Canaã, vitórias e derrotas, exílio para a Assíria e para a
Babilônia, dispersão entre as nações, restauração da nação.
3. Profecias sobre a sequência dos últimos acontecimentos (escatológicas)– Essas são a base da
Escatologia que será estudada no decorrer deste livro.

2.2.4 Jesus Cristo – o principalassunto das profecias


O próprio Senhor Jesus afirmou em Apocalipse 22.13:“Eu sou o alfa e o ômega, o Primeiro e o último, o
Princípio e oFim”.Jesus Cristo é sem dúvida alguma o principal assunto das profecias bíblicas, Ele é o próprio
“espíritoda profecia”(Ap 19.10):“o testemunho de Jesus é o espírito da
profecia”.O propósito de todas as
profecias é mostrar Jesus, o Cordeiro de Deus e sua vitória final sobre o mal.

2.3 MÉTODOSDE INTERPRETAÇÃODAS PROFECIAS


Conforme estudos preliminares da disciplina de hermenêutica Bíblica (CONTU, 2010, p. 24), pode-
se entender que há vários estilos literários na Bíblia, cada qual com sua forma correta de interpretação e,
particularmente quanto às profecias bíblicas, há necessidade de um cuidado especial em suas interpretações.
As escrituras proféticas tratam de situações do presente e do passado, assim como do anúncio prévio de

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

eventos futuros. Não se tratam de opiniões ou críticas humanas, mas sim de revelações vinda diretamente de
Deus, dada às pessoas (profetas) que deveriam repassá-las ao povo. O conteúdo geral das profecias bíblicas é
o parecer de Deus quanto à situação moral e espiritual de Israel, da Igreja e do mundo. Os textos apocalípticos
têm especial destaque, pois apresentam uma linguagem repleta de símbolos e retratam cenários até mesmo
surreais, inimagináveis ao homem comum, porém encontramos textos escatológicos em outros livros da Bíblia,
tais como: Daniel, Joel, Sofonias, Zacarias, 2 Tessalonicenses, 2 Pedro, dentre outros. O principal objetivo
destes textos proféticos é chamar a atenção para o conflito entre o bem e o mal, entre os crentes e as forças
de Satanás, enfatizando, porém o triunfofinal e definitivo do bem, de Cristo e de sua Igreja.
Interpretar este tipo de texto constitui especial desafio para qualquer exegeta e há muitas ideias
divergentes quanto
Por isso mesmo aos assuntos
temos que ter relacionados
uma especialcomo, porna
atenção exemplo, quanto
forma de ao arrebatamento,
interpretação o milênio
etc. em erros
para não ocorrermos
que possam deturpar a Palavra de Deus. Segundo Elienai Cabral (1998), existem basicamente dois métodos
de interpretação que precisamos ficar atentos quando tratamos de profecias:
1. o método alegórico ou figurado: alguns teólogos definem a alegoria“como qualquer declaração de
fatos supostos que admite a interpretação literal, mas que requer, também, uma interpretação moral ou
figurada”.Quando interpretamos uma profecia bíblica, sem atentarmos paraseu o sentido real, figurado ou
literal, negamos o seu valorhistórico, dando umainterpretação de somenos importância. Corremos o risco de
anular a revelação deDeus naquela profecia. Daí, aspalavras e os eventos proféticos perderem o significado
para alguns cristãos.
Quando o sentido de uma profecia é literal e se interpreta alegoricamente, se está, de fato, pervertendo
o verdadeiro sentido das Escrituras, com o pretexto de se buscar um sentido mais profundo ou espiritual. Por
exemplo, há os que interpretam o Milênio alegoricamente. Não acreditam numMilênio literal. Por esse modo,
além de mutilarem o sentido real e literal da profecia, anulam a esperança da Igreja.
Tenhamos cuidado com interpretações feitas superficialmente e de qualquer maneira, sujeitas às

especulações
que é isso”,“eudo intérprete,
sinto comsão
que éisso”, ideias próprias
típicas uoao queões
deinterpretaç lhevaidosas,
parece razoável. Declaraç
irresponsáveis ões como:
e vazias “e
de u penso
temor a
Deus. Portanto, o método alegórico deve ser utilizado corretamente. Paulo utilizou-o em Gálatas 4.21-31.
Ele tomou as figuras ilustradas no texto com fatos literais da antiga dispensação, mas apresentou-os como
sombras de eventos futuros.
2. O método literal e textual: esse é o método gramático-histórico. Isto é:se preocupa em dar um sentido
literal às palavras daprofecia, interpretando-as conforme o significado ordinário, uso
de normal. Apreocupação
básica é interpretar o texto sagrado consoante a natureza da inspiração da profecia. Uma vez que cremos na
inspiração plena das Escrituras através do Espíritonto,
Sa devemos atentar para o fato de que hátextos que
têm apenas umsentido espiritual, semque exija, obrigatoriamente, uma interpretação literal ou figurada.
Ambos os métodos são válidos, masdevem ser utilizados com cuidado eprecisão. há uma perfeita relação
entre as verdades literais e a linguagem figurada. Temos o exemplo bíblico da apresentação de João Batista no
texto de João 1.6, que diz:“houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João”.Notemos que o texto
está falando literalmente de um homem, cujo nome, de fato, era João. Os termos empregados referem-se
literalmente a alguém fisicamente. Mais tarde, João Batista, ao identificar Jesus, usou uma linguagem figurada,
quando diz:“Eis aí o Cordeiro deDeus”,Jo 1.29. Na verdade, Jesus era um homem real e literal, mas João usou
a forma figurada para denotar o sentido literal da pessoa de Jesus.
Assim podemos ver que as profecias não podem ser interpretadas de qualquer maneira, mas precisam
ser entendidas à luz das regras básicas da hermenêutica. Basicamente precisamos seguir algumas diretrizes
para a interpretação apropriada das profecias bíblic as (Bíblia de Estudo Profética, 2005, p. 13):
1. interpretara profecialiteralmentesempre que possível:Deus tencionava dizer o que disse e disse que
o
tencionava dizer quando inspirou os escritores bíblicos (1 Pe 1.21). Assim podemos considerar literalmente
a Bíblia na maioria das vezes. Apenas quando símbolos ou figuras de linguagem não fazem sentido
algum é que deveríamos interpretá-los de forma não literal. Mesmo que algumas passagens precisem
ser interpretadas simbolicamente estas apontam para pessoas, coisas e eventos reais, por exemplo: sete
castiçais em Apocalipse 1 representam igrejas reais que existiam quando a profecia foi dada.

20
ESCATOLOGIA BÍBLICA

2. Profecias que dizem respeito a Israel e a Igreja não devem ser transpostas: as profecias concernentes
a Israel não devem ser atribuídas à Igreja e vice-versa. A Bíblia dá promessas específicas tanto para
a Igreja de Cristo quanto para a nação de Israel, cada uma especificamente.
3. Quanto a passagens simbólicas devem ser comparados Escritura com Escritura: a Bíblia não se
contradiz. Ela é sobrenaturalmente coerente em todos os seus termos.

3. AS DIMENSÕESDA ESCATOLOGIA
3.1 INTRODUÇÃO
Muitas pessoas associam a palavra Escatologia diretamente ao livro de Apocalipse, o que não é totalmente
errado, porém há muitos outros livros da Bíblia
que apresentam elementos escatológicos. Este tópic
o irá abordar
quais as principais características da Escatologia nas Escrituras, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo
Testamento, além de apresentar ao aluno outras escolas escatológicas. Bons estudos.

3.2 A ESCATOLOGIANAS ESCRITURAS


A Escatologia Bíblica não é apenas abrangente; é amorosamente conclusiva. Percorre a história e descortina
a eternidade. Revela-se, e ésempre um mistério. Deus aengendrou nos Profetas, fecundando-
a nos Evangelhos
e Epístolas, e deu-a a pleníssima luz no Apocalipse. (COSTA, 2011, p. 4).
Muitos se enganam pensandoque Escatologia deve ser tratada apenas no livro de Apocalipse. Em toda
a Bíblia Sagradapodemos encontrar profecias relacionadas ao tempovindouro, porém em Apocalipse temos
o ponto culminante, o ápice da revelação divina. A seguir segue uma síntese de alguns aspectos relevantes
quanto ao seu estudo no Antigo e no Novo Testamento.

3.2.1 Escatologiano AntigoTestamento


Vimos no tópico anterior que a profecia é a mensagem de Deus escrita (ou expressa verbalmente) sob a
inspiração divina do Espírito Santo, a qual declara ou mostra a vontade e propósitos de Deus antes que estes
ocorram, revelando coisas ocultas principalmente no que tange às coisas futuras.
No Antigo Testamento vemos os profetas falando a Israel, não à Igreja de Cristo, pois esta ainda não existia,
mas falaram inspirados pelo Espírito Santo e em muitas situações, que até mesmo eles não compreendiam,
mas tinham um vislumbre de coisas vindouras, tais como a vinda do Messias e Rei, como semente da mulher,
semente de Abraão, descendente de Davi, sua morte expiatória, seu nascimento virginal, sua ressurreição, seu
reino, como profeta, sacerdote, muitas características de sua vida e obra etc. são várias as profecias cumpridas
na pessoa de Jesus Cristo que atestam a fidelidade das profecias dos profetas veterotestamentários, conforme
pode se ver na tabela do Anexo 1. Sem dúvida nenhuma a vinda do Messias era o acontecimento escatológico
mais esperado e aguardado por Israel, que esperava por um rei glorioso, um descendente de Davi que os
conduziria a uma época áurea da monarquia, conforme promessas divinas.
Segundo Mattos (2012), além das profecias referentes à pessoa de Jesus Cristo, os profetas também
falaram a respeito do estabelecimento de umanova aliança, do derramamento do Espírito Santo sobre toda
a carne, os novos céus e a nova terra. Várias também foram as palavras proféticas dirigidas à nação de Israel:
apostasia da nação, o cativeiro, o retorno, a reconstrução do templo, a dispersão por todas as nações por causa
de sua infidelidade, o ressurgimento da nação e sua futura conversão e posição no reino milenar de Cristo.
Portanto, pode-se concluir que os textos escatológicos veterotestamentários falam literalmente a respeito
da nação israelita, os planos de Deuse seu futuro arrependimento e restauração, mostr
aram que há umfuturo
glorioso ao seu aguardo, apesar de muitas passagens também poderem ser utilizadas na pratica pela igreja.

3.2.2 Escatologiano Novo Testamento


As profecias do Novo Testamento lançam luz sobre as profecias do Antigo Testamento (1 Co 2.9). O grande
acontecimento escatológico do Antigo Testamento– a vinda do Messias– já ocorreu com a vinda de Jesus
Cristo. O Rei esperado, o Messias profetizado veio para Israel, porém a nação não o reconheceu, mas o rejeitou

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

(Jo 1.11). Muitas profecias do Antigo Testamento agora se tornaram claras e o Novo Testamento mostra que
muitas delas descritas como único acontecimento envolvem na verdade duas etapas (a vinda de Cristo: etapa
1 – encarnação e crucificação, e etapa –2a segunda vinda com poder e glória). O Reino de Deus se fez presente
na pessoa e ministério de Jesus Cristo, ao mesmo tempo é um reino futuro e glorioso aguardado ansiosamente
não só pela Igreja, mas também pela nação israelita (Mc 1.15; Lc 11.20; Mt 12.28).
Os Evangelhos descrevem pormenorizadamente os aspectos da vida e
ministério de Jesus, mostrando a confirmação das profecias do A.T. (ver Anexo
1), no livro de Atos temos o início da igreja e sua expansão, o derramamento do
Espírito Santo predito pelo profeta Joel (Jl 2.28). O m istério da Igreja é revelado
no
umNpovo
ovo T“chamado
estamento:para
o Cofora”
rpo Invi sível de=Cristo,
(ekklesia aqueles
“chamados que
para creem
fora”, n o seu nom e,
“assembleia”,
“congregação”), a fim de formar um povo para o seu nome (At 15.13-18). Assim
o foco se desloca de Israel para a Igreja de Cristo. Cristo falou da sua igreja a seus
ESTUDOS FUTUROS discípulos (Mt 16.13-19), mas foi o apóstolo Paulo quem Deus usou para trazer
Tenha Calma! No luz sobre esse mistério (Ef 3.3,9; Rm 16.25-26).
próximo Capítulo Podemos encontrar referências escatológicas em praticamente todo o
estaremos Novo Testamento em maior ou menor grau. O livro de Hebreus não relata
abordando o livro acontecimentos escatológicos, mas em compensação o livro de Apocalipse é
essencialmente escatológico, o livro da Revelação D ivina, o ún ico livro profético
de Apocalipse.
do Novo Testamento, mas isso não significa que não haja outras referências
escatológicas em o utros livros neotestamentários (ShED D, 20 06).

FIGURA 4: OS PICOS DAS QUADRO: MONTANhAS DA PROFECIA;Bíblia


em de EstudoProféticaTim Lahaye, 2005; em 03 jan. 2012.

3.3 OUTROS TIPOS DE ESCATOLOGIA


A Escatologia Bíblica faz parte da dogmática cristã e é um dos grandes campos de estudo da Teologia
Sistemática, e como tal deve ser estudada de forma lógica e ordenada. Essa doutrina na sua forma ortodoxa
(linha de pensamento que seguimos neste livro), mesmo com algumas pequenas variações, sempre dominou
sobre as demais tendências teológicas.
Porém, em todos os séculos, sempre houve pensadores e teólogos que aderiram a correntes teológicas
mais liberais, mas eram movimentos externos à igreja. Apenas no século XIX é que tais movimentos apareceram

22
ESCATOLOGIA BÍBLICA

de forma mais intensa, até mesmo internamente, atacando a Escatologia clássica. Muitos se levantaram e
confrontaram os ensinos bíblicos ou os interpretaram à sua maneira, chegando a afirmar que Jesus teria até
mesmo se enganado a respeito de alguns eventos ou acontecimentos. Dentre as teorias escatológicas liberais,
as mais conhecidas são:
a) Escatologia Consistente – Também chamada de Radical ou Consequente. Albert Schweitzer (1875-
1966) é o autor desta corrente de pensamento segundo a qual as ações e doutrina de Cristo
tinham meramente um caráter escatológico, ou seja, todas as suas atitudes e ensino s teriam visado
unicamente as coisas vindouras. Jesus teria agido dominado pela vinda iminente do reino de Deus,
conceito tomado da apocalíptica judaica. Dentro desta concepção,
Jesus não consumou
“previstos” suas predições
por Ele foram forjado s e escatológicas,
adaptados às cimas ostânc
rcuns fatos
ias
históricas, eles nunca ocorreram realmente. Além disso, a essência
do cristianismo seria de caráter essencialmente ético, ou seja,
o reino de Deus seria formado de acordo com os esforços dos
cristãos, progressivamente. Jesus realmente e nsinou a respeito
das últimas coisas, mas jamais deixou d e se pre ocup ar co m o ser
huma no, sua salvação presente, c om a v ida prática e sofrida do ESTUDOS FUTUROS
homem no mo mento histórico vivido (ROLDÁN, 2001, p. 18-21 e Você verá o
ERICKSON, 1991, 15-29).
conceito de
b) Escatologia Realizada– Ponto de vista defendido pelo biblista britânico Apocalíptica
e estudioso neotestamentário Charles HaroldDodd (1884-1975), o Judaica no Capítulo
qual afirmou que as previsões escatológicas bíblicas se cumpriram
todas nos tempos bíblicos e que atualmente não nos resta nenhuma 2 deste livro.
expectativa ou esperança profética para o porvir. Para Dodd:
A nova era já está aqui; Deus estabeleceu o reino. O conceito mitológico do dia do Senhor foi transferido a
um evento histórico específico que já ocorreu, ou, na realidade, a uma série de tais eventos – o ministério,
a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A Escatologia foi cumprida ou realizada. Aquilo que era futuro
nos tempos dos profetas do Antigo Testamento tornou-se presente. Ao invés de procurar duas vindas
de Cristo, devemos entender que há apenas uma; devemos interpretar estas predições à luz das suas
declarações de que o Reino de Deus está aqui – está próximo. Jesus não estava falando de como seria,
mas de como era (FRIBERG apud Escatologia Reformada, Disponível em: <www.monergismo.com/
textos/Escatologia_reformada.htm>. Acesso em: 02.jan. 2011).
Frente a passagens bíblicas nitidamente escatológicas, como Mateus 24.43-44 e Marcos 13.33-37, Dodd
afirma que não temos que interpretá-las literalmente, pois“parece possível dar a todas essas parábolas
escatológicas uma aplicação dentro do contexto do ministérioJesus”.
de Essa Escatologia não deixa nenhum
lugar para o futuro e por isso mesmo chamada de realizada. (ROLDÁN, 2001, p. 21-23 e ERICKSON, 1991, 15-29).
Ainda há outros tipos de Escatologia: Escatologia Inaugurada, Escatologia Idealista, Escatologia Atemporal,
Escatologia Consequente, Escatologia Cósmica, Escatologia Existencialista, Escatologia Vertical, Escatologia
Transcendental etc. O mais importante do estudante saber é que existem inúmeros outros tipos de Escatologia
e que nem todas prezam pela pureza da sã doutrina da Palavra de Deus, pois embora muitos utilizem textos
bíblicos, fundamentam-se principalmente em filosofias humanas idealistas, e são em sua maioria previsões
científicas e especulativas a respeito das coisas futuras, as quais não têm o compromisso de zelar pela inerrância
e integridade da Palavra de Deu s.

3.4 TENDÊNCIASEXTREMAS A SEREM EVITADAS


Millard J. Erickson em seu livro “Introdução à Teologia Sistemática”(1992, p. 481), sugere dois extremos
a serem evitados no estudo da Escatologia:
a) Escatomania: é a mania escatológica, ou seja, uma preocupação intensa e irracional com a Escatologia
o que produz os “escatomaníacos”,os quais atribuem q ualquer m udança presidencial ao surgimento
do anticristo e qualquer atentado terrorista ao Armagedo m. S ão extremamente fanáticos pelo assunto
a ponto de resumirem a teologia em Escatologia. O autor cita um exemplo de escatomaníaco, um
pregador que ficou vinte anos pregando apenas o livro de Apocalipse em sua igreja.

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b) Escatofobia: é justamente o contrário da Escatomania, ou seja, pessoas que têm medo da Escatologia,
do conhecimento das coisas vindouras, tem aversão ou mesmo recusam-se a discutir o assunto.
Acham que ninguém deveria sequer olhar para o livro de Apocalipse, pois“um
é mistério que pertence
somente aDeus“.Tais pessoas na maioria das vezes ficam perplexas com os assuntos escatológicos
ou não os compreendem adequadamente, e assim aca bam se alienando do assunto.
Precisamos ser pessoas equilibradas e sensatas, não cair em nenhum dos dois extremos, pois ao Senhor
pertence o dia de amanhã (Mt 6.34), ao mesmo tempo não podemos nos omitir e desprezar a Palavra de
Deus e sua revelação para nós, pois seé uma revelação é porque não está mais em oculta, e sim foi revelada
para que nós conhecêssemos o que em breve virá (Ap 1.1) e ficássemos tranquilos sabendo que o Senhor é
Soberano, ou seja, está no controle de todas as situações.
4. AS DISPENSAÇÕES E ALIANÇAS BÍBLICAS
4.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estaremos abordando as dispensações e alianças bíblicas. Deus administra o mundo
segundo a sua vontade e soberania, portanto falar em
dispensações é falar naadministração divina. Porém,
Deus outorga ao homem responsabilidades específicas ao longo da história, e o relacionamento entre Deus
e o homem é sempre baseado em alianças, as quais estabelecem bênçãos ou maldições pela sua obediência
ou desobediência, respectivamente.

4.2 AS DISPENSAÇÕES BÍBLICAS


Para compreender melhor a Escatologia Bíblica é necessário abranger o estudo das dispensações.
Precisamos entender que ao longo do tempo Deus estabeleceu diferentes pactos com a humanidade, e as
esses pactos, que muitas vezes se sobrepõem o que chamamos de dispensações. Compreender a diferença

entre estas
além dispensações
de facilitar ajuda
o estudo a interpretarmos
dos corret
amente as revelações de Deus para cada umadelas,
eventos escatológicos.
Tais dispensações não são caminho para salvação humana, mas maneiras como Deus interage com o
homem ao longo da história, de acordo com o grau de entendimento deste. Ao que mais sabe, mais será
cobrado (Tg 3.1). Se lermos a Bíbliasem considerar as dispensaçõeshaverá pontos difíceisde serem explicados.
Portanto “dispensações” são TEMPOS, ÉPOCAS, ou PERÍODOS DE TEMPO determinados (dados) por
Deus em relação ao homem para o cumprimento de um determinado propósito (Ec 3.1). São etapas distintas
da revelação divina, na qual Deus se revela de modo particular ao ser humano. é um período probatório ou
moral, pois Deus fez o homem com livre arbítrio e é necessário que seja provado para mostrar se serve a Deus
por amor a sua pessoa ou não (OLSON, 2002, p. 49-50).
“As dispensações são vários estágios empregados por
Deus para testar o homem, segundo o grau da revelaçãodivina” (OLSON, 2002, p.24). Tais períodos surgem
naturalmente segundo a vontade divina, sem data pré determinada na Bíblia. (Dn 2.20-22).
Dispensação (Do grego Oikonomía.Em latim“dispensatio”) significa: administração, economia, mordomia.
Dispenseiro: mordomo, administr ador ou gerente, alguémque recebe uma determinada obrigação de cuidar
de algo. Nota-se que em certos pontos principais as dispensações têm pontos comuns: cada uma tem uma
“palavrachave” que revela a condição moral no período, cada uma demonstra o propósito de Deus e inicia-se
com uma nova revelação dEle, demonstr a a separação dentre os obedientes e desobedientes no fim do
período.
Cada período verifica-se a presença das grandes alianças ou pactos entre Deus e os homens que constitui a
nova revelação de Deus e a nova prova (condição a ser cumprida) a qual o homem é submetido, mas o seu
plano para a redenção e reconciliação da humanidade permanece inalterado ao longo do tempo e da história.
De quantas dispensações a Bíblia fala? Segundo Lawrence Olson em seu livro
“O Plano Divino Através
dos Séculos” (2002), há sete dispensações, as quais estão apresentadas logo abaixo:
1. Dispensação da Inocência (Gn 1.28
– 3.16) Jardim do éden– Equivale ao tempo de permanência de
Adão no Éden. Não se pode precisar este período.
2. Dispensação da Consciência (Gn 3:16
– 8.14) – Desde a queda do homem até o dilúvio– cerca de
1600 anos.

24
ESCATOLOGIA BÍBLICA

3. Dispensação do Governo Humano (Gn 8.15 – 11.9) – Do dilúvio até a dispersão na Torre de Babel,
cerca de 400 anos.
4. Dispensação do Governo Patriarcal ou da Promessa (Gn 11.10 – Ex 19.8) – Da chamada de Abraão
até a libertação do povo de Israel do Egito, cerca de 400 anos.
5. Dispensação da Lei (Ex 19:9– At 2.1) – Da libertação do povo de Deus por Moisés do Egito, até a
crucificação e ressurreição de Cristo, cerca de 1430 anos.
6. Dispensação da Graça ou Eclesiástica (At –2.1 Ap 3.22) – Da crucificação e ressurreição deCristo até
os nossos dias, a descida do Espírito Santo, ou seja, do ano 1 a.D. a ???? (do nascimento de Cristo

até o inicio
atores da Grande Tribulação
no desenrolar - ????) - é a Estamos
dos acontecimentos. época quedentro
vivemos atualmente.
desta história eSomos personagens/
fazendo história no
Reino de Deus! O apóstolo Paulo diz que é a Dispensação do Mistério (Ef. 3.2-3; Gn. 3.13; Ap. 11.7).
É também chamada de Dispensação da Igreja e do Espírito Santo, pois são mais de dois mil anos de
especial atuação e oportunidade, que na sua misericórdia, Deus está dando para todos os povos
se arrependerem de seus pecados e crerem em Cristo. Embora a Lei não fosse anulada, com o
sacrifício de Jesus Cristo começou a OPERAÇÃO DA GRAÇA E DA VERDADE por Jesus Cristo (Lc 16.16;
Jo 1.17; Mt 5.17). A Dispensação da Graça foi selada com o batismo do Espírito Santo sobre a Igreja
Primitiva (At 2.1-4). Quanto tempo ou quantos anos restam? Ninguém sabe, enão s o Pai, quando
esta dispensação irá terminar.É um segredo de Deus. Jesus começou esta dispensação e somente
Ele poderá terminá-la com o arrebatamento dos salvos (Ap 3.7).
7. Dispensação do Milênio (Ef 1:10; Ap 20.4)– Durará 1000 anos e será o governo de Cristo na Terra,
e começará logo depois da grande tribulação e da guerra do Armagedom. Duração: 1000 anos.
Pela sua importância para nosso estudo, esta dispensação será abordada num tópico separado
posteriormente.

4.2.1 As Dispensações
INOCÊNCIA CONSCIÊNCIA
– O cumprimentoPROMESSA
GOVERNOHUMANO
do planode Deus
LEI
ao longo do tempo REINO
GRAÇA
(GovernoPatriarcal) (Eclesiástica) (GovernoDivino)
Teste Teste Teste Teste Teste Teste Teste
Não comer da árvore Viver pelo Espalhar-se pela Terra Viver pela fé Obedecer à Lei Aceitar a Cristo Baseado na fidelidade
do conhecimentodo conhecimento do e formar governos *
(Morar em Canaã ) pela fé de Deus
bem e do mal bem e do mal (Espalhar-se e (Ter fé em Jesus (Obedecer e adorar
(Obediênciaa Deus )
*
(Fazer o bem, *
multiplicar-se ) e guardar a sã a Deus )
*

sacrifício de sangue *) doutrina *)


Falha Falha Falha Falha Falha Falha Falha
O pecadosrcinal O homem fez A Torre de Babel Abandono da terra Uma longa lista de A igreja apóstata A rebelião final
*
(Desobediência) somente o que era (Não se dispersaram *) (Moraram foi para o desobediências (Doutrina Impura *)
mau Egito*) (Quebraram a Lei *)
*
(Maldade )
Consequência Consequência Consequência Consequência Consequência Consequência Consequência
Expulsãodo Jardim O dilúvio A confusão causada O cativeiro no Egito O exílio e a cruz A Tribulação O inferno
do Éden por múltiplos idiomas (Dispersão pelo (Apostasia, Falsas (Satanás solto, o
(Maldiçãoe Morte )* Mundo*) doutrinas *) inferno eterno*)
AliançaEdênica AliançaAdâmica AliançaNoaica AliançaAbraâmica AliançaMosaica Nova Aliança AliançaDavídica
(Noética)

Povoar a Terra; A serpente foi é confirmada a Faria de Israel uma Dada a Israel; Melhores promessas; A Casa de Davi:
Subjugar a Terra; amaldiçoada; relação do homem grande nação; Dividida em três Mente e coração prosperidade da

Dominar sobre os
animais; Surge a primeira
promessa; com a terra;
é confirmada a ordem A descendência
abençoada;seria partes:
Os mandamentos dispostos;
Um relacionamento família;
O Trono – uma
Alimentar-se de ervas O estado da mulher é da natureza; Seu nome seria revelam a justiça de pessoal com Cristo; autoridade real;
e frutos; alterado; é instituído o governo grande; Deus; A destruição do O reino davídico – um
Abster-se de comer A dor do parto é humano; Quem a abençoasse Os juízos revelam as pecado; governo;
da árvore do multiplicada; Jamais voltaria seria abençoado; exigências sociais; A consumação da Perpétua, eterna;
conhecimento do Maternidade com a haver dilúvio Seria uma bênção; As ordenanças redenção; Cristo assentar-se-á
bem e do mal; sofrimento. universal, ou seja, Quem a amaldiçoasse revelam a vida Perpetuidade, no trono de Davi.
O castigo era a morte. A terra é juízo pelas águas. seria amaldiçoado; religiosa. conversão e bênçãos.
amaldiçoada; Em Israel, todas as Morte revelada.
O sofrimento na vida famílias da terra
torna-se inevitável; seriam abençoadas;
Surge o trabalho A terra prometida.
fatigante;
Surge a morte física

TABELA 1: AS DISPENSAÇÕES– O CUMPRIMENTO DO PLANO DE DEUS AO LONGO DO TEMPO


FONTE: LAHAYE, Tim, HINDSON, Ed. . Rio de Janeiro: CPAD , 2010, p. 147, com inclusão de anotações
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica * ) das (autoras.

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Das sete dispensações, cinco já expiraram: Inocência, Consciência, Governo Patriarcal, Lei, Governo
humano. Atualmente vivemos a dispensação da Graça. Uma está por vir: Milênio (Reino Milenar). Quando esta
última for estabelecida, o Governo Divino,dispensação
a da Graça terá fim eestabelecida à teocracia milenar
(Dn 2.44). Atendendo aos interesses dos nossos estudos, nos deteremos nas duas últimas dispensações.

QUADRO: AS DISPENSAÇÕES BÍBLICAS


FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 4.

4.3 ALIANÇAS BÍBLICAS


Para que haja o bom entendimento das profecias escatológicas, além das dispensações, também é
importante conhecer as alianças bíblicas e como elas se relacionam com Israel. Ao todo foram oito as alianças
realizadas entre Deus e o homem (Dicionário Bíblico Universal, 1998, p.21-22):
1. Aliança Edênica – Feita com Adão antes da queda– Gn 1.28-30; 2.15-17.
2. Aliança Adâmica – Feita com Adão e Eva após a queda
– Gn 3.14-19.
3. Aliança Noética – Feita com Noé após o dilúvio – Gn 8.20; 9.1-17.
4. Aliança Abraâmica– Feita com Abraão e confirmada com Isaque e Jacó
– Gn 12.1-3; 26.1-5.
5. Aliança Mosaica – Feita com Moisés depois do Êxodo– Ex 20.
6. Aliança Palestínica– Feita com Israel– Dt 30.1-10.

7. Aliança Davídica – Feita com Davi– 2 Sm 7.4-17.


8. Nova Aliança – Jr 31.31-34; Mt 26.28; hb 8.8. Repousa sobre o sacrifício de Cristo e garante bênção
eterna, sob a aliança Abraâmica (Gl 3.13-29), de todo aquele que crê. é incondicional, final e
irreversível (Mt 26.28; ).

NOTA!
Caro aluno, para aprofundar os seus conteúdos sobre dispensações
e alianças bíblicas sugerimos a leitura do livro de Lawrence Olson,
“O Plano Divino Através dosSéculos”, da editora CPAD, juntamente
com o suplemento do livro: Mapa das Dispensações.

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

4.3.1 Aliançade Deus com Israel

MAPA: ALIANçA DE DEUS COM ISRAEL


FONTE: LAHAYE, Tim, HINDSON, Ed.EnciclopédiaPopularde ProfeciaBíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 28.

CONVERSANDO!
Chegamos ao fim do nosso primeiro capítulo. Espero que você
tenha gostado deste estudo. Oramos a Deus para que você possa
crescer, não só na graça, mas também no conhecimento de Deus.

RESUMO DO CAPÍTULO
Neste primeiro capítulo pudemos aprender os conceitos preliminares para nosso estudo sobre o futuro:
· aprendemos que a Escatologia é o estudo das últimas coisas ou acontecimentos,e é um dos campos de
estudo da Teologia Sistemática, além de fazer parte da dogmática cristã. é de suma importância que
todo cristão conheça o quea Bíblia diz a respeito do futuro para não cair em enganos e falsas doutrinas.
· Vimos que a Escatologia Bíblica está fundamentada nas Escrituras Sagradas, porém há outros tipos
de Escatologia.
· Aprendemos também as razões para o estudo da Escatologia, fatores que geram dúvidas e confusões.
· Estudamos que a Escatologia pertence ao campo da profecia bíblica, a divisão das profecias bíblicas e a
forma correta de interpretação
da palavra profética, o caráter escat
ológico do Antigo e do Novo Testamento.
· Também vimos que é preciso compreender os aspectos relacionados às dispensações e alianças
bíblicas para uma melhor compreensão dos eventos escatológicos.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 1
Nome: Série: Data da Entrega:

Prezado aluno, através desta autoatividade você terá a oportunidade de rever o conteúdo estudado neste
capitulo. Esta é uma atividade avaliativa, portanto, faça-a com atenção e dedicação. Boa revisão!

QUESTÕES:
1. Defina Escatologia e responda qual a sua principal preocupação.
2. Quais os principais fatores que causam dúvida e confusão no campo de estudo escatológico?
3. Fale a respe ito d o caráter escatoló gico d o Antig o Testamento e no Novo Testamento.
4. Faça um pequeno texto (máximo 10 linhas) justificando a frase:
“A Escatologia pertence ao campo da
profecia bíblica , porém nem toda profecia é escatológica”.
5. Qual é procedimento correto para interpretarmos as profecias escatológicas?

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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO2
O LIVRO DE APOCALIPSE

O
L
U 2
0
T
P
A
C

FIG. 8: ANTIGO TESTAMENTO; em: www.ieqlimeira.com.br/biblia/01Gene00.htm; em: 06 jan. 2012.

1. INTRODUÇÃOÀ LITERATURA APOCALÍPTICA

1.1 INTRODUÇÃO
No Capítulo 2 deste livro iremos estudar o Livro de Apocalipse, suas
principais características e como se conecta com os demais livros das Escrituras.
Neste primeiro tópico vamos aprender a respeito da literatura apocalíptica,
uma linguagem muito comum na época em que Apocalipse foi escrito e que
acabou srcinando os chamados Apocalipses Apócrifos. Depois abordaremos
as principais escolas de interpretação do Apocalipse. Bons estudos!

1.2 LITERATURA APOCALÍPTICA


O livro de Apocalipse tem sido considerado pelos estudiosos de hoje em
dia como sendo“literaturaapocalíptica”.Ao observarmos a Bíblia, poderemos
ver que a linguagem de Daniel, Ezequiel, Isaías, trechos do Evangelho de
Mateus (24 e 25), dentre outros, possui textos muito semelhantes na sua
forma literária com os textos do livro deApocalipse, com uso de símbolos e
linguagens similares entre eles.

Essa–linguagem
Judaica” conhecida
uma corrente como “apocalíptica”,
de pensamento faz parte
e literatura queda“Apocalíptica
se tornou muito
comum principalmente do ano 200 a.C. até o ano 100 d.C. Conhecida como
uma literatura de resistência, representava uma forma de oposição a toda
a injustiça e desgraças humanas, até que o Reino de Deus viesse realmente
trazendo paz àqueles que estavam sendo perseguidos e oprimidos. Portanto,
esse tipo de linguagem, embora para nos pareça estranha e até mesmo
bizarra, era uma linguagem que os primeiros leitores conseguiam entender.
Poderíamos comparar hojecomo as nossas charges e quadrinhos, osquais
podem levar diversos tipos de mensagem (crítica, ânimo etc.) para o leitor
dentro de determinado assunto.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

IMPORTANTE!
A Apocalíptica judaica refere-se a uma corrente de
pensamento e literatura produzida entre 200 a.C. e 200 d.C.

A “ApocalípticaJudaica”surgiu durante o período intertestamentário. Era umaresposta à crise nacional


e opressão (era uma linguagem em código e mítica), pois abrange um dos períodos mais difíceis da história
judaica. Ao invés da era dourada, os judeus experimentaram invasão e dominação romana, perseguição
religiosa, além do silêncio profético por mais de
quatrocentos anos. Este era ummeio de responderque, apesar
das dificuldades momentâneas, no final seriam conduzidos por Deus à vitória, além de que as mensagens
simbólicas eram necessárias para transmitir mensagens codificadas para o povo quese encontrava em perigo.
Em termos de forma, estilo e assunto, o Apocalipse de João claramente parece com esse tipo de literatura.
Sua preocupação, típica da literatura apocalíptica, eram as realidades eternas, odo
fimmundo, os novos céuse
a nova terra. Como os demais escritos apocalípticos, João faz uso de símbolos e imagens veterotestamentárias,
porém há diferenças significativas em relação ao apocalipse bíblico e a literatura apocalíptica.
As principais características da literatura apocalíptica judaica e que
diferencia os seus escritos dosescritos
cristãos canônicos são (WOODS apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 61 – 67; IZIDRO, 2007):
· Na literatura apocalíptica há uso de pseudônimos
– João escreve em seu próprio nome, não usa
pseudônimos, ou seja, não escreve em nome de algum personagem do passado que poderia,
supostamente, validar o que escreveu;
· Na literatura apocalíptica há relato de visões, viagens ao além (céu ou inferno) através de
arrebatamentos visionários onde o vidente geralmente os obtinha através de sonhos ou em êxtase;
· Linguagem simbólica extraída da natureza ou ficção mitológica;
· Pessimismo quanto ao presente– O Apocalipse Joanino não é pessimista, mas uma exortação e
conforto à igreja de Cristo;
· Na literatura apocalíptica não há estrutura epistolar;
· Poucas admoestações de ordem moral;
· A mensagem não é repassada como profecia, enquanto que o ApocalipseJoanino afirma ser uma
profecia revelada diretamente por Deus e confirmado por autoridade divina (Ap 1.1-3; 22.6; 18-20).
· Na literatura apocalíptica a vinda do Messias é considerada um evento exclusivamente futuro
enquanto que João escreve sobre a volta de Jesus, o Messias.
Segundo Andy Woods (apud LAHAYE e HINDSON, 2010, p. 61– 67), por causa destes fatos,nem toda a
literatura apocalíptica judaica possui inspiração do Espírito Santo ou revela os planos proféticos de Deus. Até
o século II,muitos outros escritores surgiram e escreveram textos utilizando essa linguagem, muitos
deles na
mesma época do Apocalipse Joanino, e aí apareceu uma série de obras extrabíblicas e não canônicas, como
por exemplo: Enoque, Apocalipse deBaruque, Jubileus, Assunçãode Moisés, Salmosde Salomão, Testamento
dos Doze Patriarcas, Oráculos Sibilinos, Apocalipsede Paulo etc.

1.2.1 Apocalipsescristãos apócrifos


O termo apócrifo indica“aquilo que não é genuíno”,“falsificado”,“não autêntico”.São obras que apesar
de terem em seu conteúdo um interesse histórico,não são consideradas inspiradas pelo Espírito Santo e por
isso mesmonão fazem parte do Cânon das Escrituras. (IZIDRO, 2007).
Dentre a literatura apocalíptica apócrifa encontrada pode-se citar: Apocalipses de Abraão, Moisés, Elias,
Sofonias, Adão, da Virgem, de Enoque, de Baruque, de Pedro, de Tomé, de Paulo, I e II Apocalipse de Tiago
etc. (IZIDRO, 2007). emos
T que ter em mente que apesar de teremuma linguagem similaraos livros proféticos
bíblicos, não são livros canônicos, porém possuem sua importância histórica.

32
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3 PRINCIPAIS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO DO APOCALIPSE


Segundo George Ladd (2004, p.10-12) o Apocalipse é o livro do Novo Testamento mais difícil de ser
interpretado, basicamente por causa do uso elaborado e extensivo de simbolismo. Como entender esses
símbolos estranhos e muitas vezes bizarros? Para isso surgiram diversos métodos diferentes métodos de
interpretação ao longo da história, cada qual comsuas dificuldades. Noentanto, todos os intérpretes concordam
que o objetivo principal do livroé apresentar a vitória de Cristo. éum hino de triunfo entoado antes da batalha,
porém divergem quanto a particularidades de sentido.
Conforme halley (1994, p. 604-605) e Pate (2003, p. 20), há tradicionalmente quatro interpretações
principais foram divulgadas, a saber: preterista, historicista ou histórica, idealista ou espiritualista
futurista.
e
Além destas quatro interpretações clássicas, alguns autores citam uma quinta forma, a qual na realidade
toma elementos das outras. Cada uma destas abordagens conta com muita variação de ideias que serão
apresentadas a seguir:

1.3.1 MétodoPreterista
Preterista significa passado. Entende que os acontecimentos do Apocalipse em grande parte foram
cumpridos nos primeiros séculos da era cristã, ou seja, no passado, e foram escritos para confortar uma igreja
perseguida: quer na queda de Jerusalém em 70 d.C., quer na queda de Jerusalém no Século I, ou mesmo na
queda de Roma do Século V. Foi escrito em códigos que a Igreja daquela época haveria de compreender. Dentro
desta interpretação, o Apocalipse limita-se basicamente daluta entre o cristianismo eo Império Romano,
mostrando uma série de descrições das perseguições do Império Romano contra o cristianismo. Segundo esse
prisma interpretativo, o Apocalipse estaria equivocado
– Jesus não retornou prontamente, apesar da derrota
do Império Romano e de haver continuado o cristianismo. Em consequência, os preteristas apelam para o
ponto de vista idealista e afirmando que houve a utilização da mitologia pagã em todo o livro.

1.3.2 Métodohistoricista ou histórico


Encara os eventos do Apocalipse como um desdobramento no curso da história, uma narrativa simbólica e
prévia da história da igreja e do mundo desde o primeiro século (era apostólica) até o fim dos tempos (retorno
de Cristo e Juízo Final). Desta forma, livro
o destinou-se a antecipar uma vista geral de
todo o período da história
da Igreja, desde a época do apóstolo João até o fim: uma espécie de panorama, uma série de quadros em que
se delineiam as etapas sucessivas e aspectos importantes da luta da Igreja até a vitória final. Assim, pois, o
quebrar dos selos representaria aqueda do impérioromano, os gafanhotos saídos doabismo simbolizariam
as invasões muçulmanas, a besta apontaria para o papado (de acordo com os reformadores Protestantes), e
assim por diante. Porém, as explicações sobre os símbolos individuais
variam de tal maneira entre os intérpretes
pertencentes a essa escola quea dúvida acaba maculandoesse próprio método de interpretação. Se for correta
esta interpretação, então os eventos denossos dias podemadaptar-se bem aoquadro, fornecendo palco para
alguns fatos muito interessantes que se desenrolam no mundo.

1.3.3 MétodoFuturista
Contrasta com as interpretações anteriores, pois considera o livro como profecia sobre eventos futuros,
especialmente do futuro próximo à vinda de Cristo, ou seja, entende que a maioria dos fatos contidos no livro
ainda vai se realizar no futuro e ocorrerá em breve espaço de tempo na época da vinda do Senhor. Assim
assegura que os eventos descritos dentro dos capítulosa422 esperam ofim dos tempos para asua realização.

1.3.4 MétodoIdealista(espiritualou místico)


Este ponto de vista reduz a profecia a um quadro simbólico sobre o conflito contínuo entre o bem e o
mal, entre a Igreja e o paganismo, Deus e o maligno, com o triunfo eventual do cristianismo e a vitória final de
Deus. Retira toda referencia a fatos históricos, da época de João, da época da Segunda Vinda, ou da história
da Igreja– retira toda referência histórica
– e considera o livro como representação ilustrada dos grandes
princípios do governo divino aplicáveis a todas as épocas.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

1.3.5 MétodoEclético
Alguns intérpretes“misturam”todas as ideias expostas acima, de modo que nenhuma domine as demais.
O método de interpretação denominado Eclético foi citado pelo teólogo Dr. Russel Norman Camprin, e diz que
“não há dúvida que devemos preservar ‘algunselementos’(mas não todos) de cada um desses pontos de vista
sobre o livro de Apocalipse, em um grauoutro”.
ou Desta forma entende que o livro nos ensina lições morais e
místicas, aplicáveis a qualquer época, porém
cairemos no erro se contemplarmos o livro do
Apocalipse como
uma obra“essencialmenteprofética”,pois nele também se encontram elementos da história humana (como
é o caso das cartas às sete igrejas nos capítulos 2 e 3).
Segundo o Manual Bíblico de halley (1994, p. 605), pode haver uma dose de verdade em todas estas
interpretações e é possível que algumas das figuras se referissem primeiramente àquela época, em segundo
lugar a fatos que ocorreriam mais adiante, e por último se referissem ao tempo do fim.
Segue uma tabela comparativa entre as maiores escolas de interpretação do Apocalipse:

1.3.6 Maiores escolas de interpretação do Apocalipse


INTERPRETAÇÃO PROPÓSITO DE ESBOÇO DOS CAPÍTULOS ADEPTOS MILÊNIO
APOCALIPSE DE APOCALIPSE
PRETERISTA O Apocalipse já se 1-3 histórico/Igrejas Locais Muitos Geralmente
cumpriu, com exceção 4-19 Julgamento de Deus estudiosos Amilenar
dos três últimos capítulos sobre Israel (70 a.D.) do Novo
Testamento
20-22 Descrição simbólica
do Estado Final
HISTÓRICA O Apocalipse seria um 1-3 histórico/Igrejas LocaisIgreja Medieval Geralmente
esboço preditivo da 4-19 Descrição simbólica da e Reformadores Pós-milenar
história da Igreja história da Igreja
20-22 Milênio Futuro/
Estado Final
IDEALISTA O Apocalipse simboliza a 1-3 histórico/Igrejas Locais Espalhados Geralmente
eterna luta entre Deus e 4-22 Batalha simbólica do ao longo da Amilenar
seus inimigos, e não está história da
bem contra o mal, com o
ligado a acontecimentos igreja. Origem
bem (Deus) triunfando
históricos específicos ou em Agostinho.
futuros
FUTURISTA Apocalipse 4 ao 22 1-3 histórico/Igrejas Locais* Alguns pais Pré-milenar
prediz eventos futuros 4-19 Futura Tribulação/ da igreja. A
(profecias) que ainda maioria dos
Segunda Vinda
estão por vir evangélicos.
20-22 Milênio/Julgamento/
Estado Final
ECLÉTICA Varia. Geralmente 1-3 histórico/Igrejas Locais Alguns Geralmente
são combinações das 4-19 Níveis de cumprimento estudiosos Pré-milenar
interpretações anteriores evangélicos
da profecia
recentes
20-22 Milênio/Julgamento/
Estado Final
*Alguns futuristas veem a descrição das igrejas de Apocalipse 1-3 como aplicáveis a Igreja em geral, outros não.
TABELA 3: MAIORES ESCOLAS DE INTERPRETAçãO DO APOCALIPSE
FONTE: Adaptado pelos autores a partir de http://themeaningofrevelation.com/?page_id=23. Acesso em: 15.abr.2012

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

2. O LIVRO DE APOCALIPSE – PARTE 1


2.1 INTRODUÇÃO
O Livro de Apocalipse é considerado por muitas pessoas um livro de difícil compreensão, um enigma
sem solução, mas ele não é nada disso. É sem dúvida nenhuma, um dos livros mais fascinantes da Bíblia. É a
Revelação de Jesus Cristo, a mensagem de esperança de Deus para seus filhos. Ele consola e anima, traz uma
mensagem de encorajamento, de fortalecimento , pois nos diz que ao final o nosso Senhor virá triunfante
– Ele
voltará para nós:“MARANATA”– Ora vem, SenhorJesus”.

Por
livro de ser um livro
Apocalipse não basta
é umante polêmico,
coisa simples,muitos cristãos
mas também nãopreferem simplesmente
é impossível. ignorá-lo.
É uma revelação Compreender
(Apocalipse = o
Revelação), e se é uma revelação é porque não está mais obscuro, escondido. Temos que nos achegar a ele
com humildade e em oração. Alguém disse: “Quem não tem dúvida nenhuma na interpretação de grandes
partes do Apocalipse, tem mais coragem que sabedoria” (PEARLMAN, 2006, p. 342).
há uma maravilhosa bênção para todos aqueles que estudam suas palavras: “Bem aventurado aqueles
que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nelaescritas”(Ap 1.3).“Bem
aventurado aquele que guarda aspalavras da profecia deste
livro” (Ap 22.7). Se há tanta insistência para nós
estudarmos suas palavras é porque realmente sua mensagem é de grande valor.
Este tópico do seu livro de estudo irá apresentar um panorama geral do livro de Apocalipse, no entanto
os grandes temas aele relacionados serão abordados emcapítulos posteriores no decorrer do nosso curso,
lembrando que nosso principalobjetivo é apresentar os principaisassuntos relacionados à Escatologia Bíblica
(eventos futuros) e não um estudoaprofundado somente deste livro, o qual poderá serrealizado posteriormente
pelo próprio aluno.

2.2 APRESENTAÇÃODO LIVRO DE APOCALIPSE


O livro de Apocalipse é o último livro do Novo Testamento. Assim como Gênesis é o livro dos inícios, das
srcens, Apocalipse é um livro de consumações. O primeiro livro trata da srcem dos céus e da terra, do mar,
da noite, do sol e da lua, da morte, da dor, da maldição. O último livro revela que haverá novos céus e nova
terra, não haverá mais mar, nem noite, não haverá necessidade do sol e nem da lua, não haverá mais morte
e nem dor, nem maldição.
é a grande consumação das profecias do Antigo Testamento, o grande final da história divina, o grande
triunfo de Cristo. É o apogeu da revelação divina ao homem. A Bíblia estaria incompleta sem este livro. Está
repleto de símbolos e expressões tomadas dos escritos dos profetas que foram favorecidos por revelações
gloriosas referentes ao final dos tempos– Isaías, Daniel, Ezequiel, Zacarias... é o grande
“Amém”...O alegre
“Aleluia”pelo cumprimento daspredições dos profetas– que venha o teu reino e faça a tua vontade assim na
terra como no céu. (PEARLMAN, 2006, p.341-342)
“Como o remate de todas as Escrituras proféticas, o Apocalipse reúne os fios de todos os livros anteriores,
tecendo-os numa só corda forte que liga toda a história ao trono de Deus”. (Myer Pearlman)
Nele, o programa divino da redenção é completado, e o nome santo de Deus exaltado diante de toda

a criação. Embora
Testamento haja inúmeras
que enfatiza profeciasos
principalmente nosacontecimentos
Evangelhos e Epístolas, Apocalipse
proféticos, é o é o único
“arremate” livroasdoEscrituras
de todas Novo
proféticas contidas na Bíblia.

IMPORTANTE!
Como fortalecer pessoas que são perseguidas por serem cristãs?
Como motivar pessoas que rejeitam a Deus a se arrependerem
e se voltarem para Ele? A resposta de Deus para ambas as
perguntas é a mesma: contando-lhes o que acontecerá no futuro,
exatamente o que Ele faz no últimolivro da Bíblia.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

2.2.1 Síntese do Livro


Apesar de muitas pessoas citarem o liv ro com o “Apocalipsede João”,o termo mais correto seria “Revelação
de JesusCristo”,como cita Apocalipse 1.1:“Revelaçãode JesusCristo”.A primeira palavra do livro vem do grego
“apokalupsis”= revelação, descobrimento, o que significa
“tirar o véu”,“desvendar”algo ou alguém que está
oculto – e este alguém é o Senhor Jesus. (Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica, 2010, p.57).
Data provável da escrita: 95 d.C. Este livro profético foi escrito pelo apóstolo João enquanto estava exilado
(preso por causa de sua fé) na Ilha de Patmos, no Mediterrâneo, durante o governo do Imperador Romano
Domiciano (81 – 96 d.C.). O apóstolo era bem conhecido entre as igrejas da província romana da Ásia (atual
Turquia), considerado como“profeta”(Ap. 22.9), muito respeitado e o último dos apóstolos ainda vivo. Os
pais da igreja Justino Mártir (135 d.C.), Ireneu (180 d.C.), entre outros personagens proeminentes da igreja
apostólica, testemunharam a autoria do livro como sendo do apóstolo amado. Apenas no século III, Dionísio
(bispo de Alexandria) colocou a autoria do livro em dúvida, porém não teve sucesso.
Refere-se a informações que Deus Pai deu a Jesus, para dar a João, que deveria repassar a mensageiros
das sete igrejas da província da ásia. É uma mensagem de esperança e fortalecimento a cristãos que estavam
sendo perseguidos, mas também a mensagem de Cristo para nós ainda hoje, uma exortação à fidelidade e
perseverança a todos os cristãos que estão passando tribulações, pois lhes assegura que haverá um dia de
descanso para todo aquele q ue ama a Deu s.

IMPORTANTE!
Jesus revela, João anota, a Igreja aprende! O conteúdo de
Apocalipse é revelado ao povo de Deus, à Igreja de Cristo, e
não para pessoas descrentes (Am 3.7) e este é, sem dúvida
alguma, um dos motivos de tanta confusão e incoerência na

interpretação deste livro.


O tema central deste livro pode ser resumido em Apocalipse 1.17: “Eis que vem com as nuvens, e todo
olho o verá, até mesmo os que o transpassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente.
Amém”,ou seja, o tema envolve a volta de Jesus Cristo e todos os eventos que acompanharão seu retorno.
Esta volta será visível a todos os moradores a terra, muitos dos quais se lamentarão sobre o juízo que ele trará
contra a humanidade pecadora.
há três palavras gregas que apontam para o advento de Cristo na sua Segunda Vinda: Apokalupsis
ou Apokalypsis (revelação), Parousia (ato de chegada, vinda ou presença), Epiphaneia (manifestação,
apareciment o, resp landecer).

IMPORTANTE! transpassaram; e todas as


AUTOR tribos da terra se lamentarão
Apóstolo João sobre ele. Certamente.
DATA Amém”. Ap 1.17

95 a.D. VERSÍCULO DA DIVISÃO DE


VERDADE CENTRAL APOCALIPSE
Coisas Futuras “Escreve, pois, as coisas que
PERÍODO HISTÓRICO tens visto, e as que são, e
Da visão de João ao seu as que depois destashão de
cumprimento acontecer”. Apocalipse 1.19
VERSÍCULO CHAVE 95% DO TEXTO
“Eis que vem com as CORRESPONDEM A
nuvens, e todo olho o PROFECIAS
verá, até mesmo os que o

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

2.2.2 DIVISÃO DE APOCALIPSE 1.19


Enquanto instruía João a escrever o livro, Jesus lhe apareceu em um estado
glorificado (Ap 1.12-16) e deu-lhe um esboço das profecias futuras (1.19). Isto
inclui a própria visão de Jesus que ele acabara de ter (teofania), uma mensagem
para cada uma das sete igrejas da Ásia (Ap 2-3), e os eventos que se tornarão
conhecidos na terá depois que os crentes fiéis forem levados para o céu, por
ocasião do arrebatament o (Ap 4-22). (BÍBLIA D E ESTUDO PROFéTICA T IM LAhAYE,
2005, p. 1163).
“Escreve, pois, as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas IMPORTANTE!
hão de acontecer”. (Ap 1.19) Teofania – O
· “As coisas que viste” (Passado) – Concernente à Cristo – Capítulo 1 – ato de Deus
Introdução e descrição do Cristo ressurreto. aparecer aos
· “As coisas que são” (Presente) – Concernente à Igreja – Capítulos 2 e
homens.
3 – O esboço da história da Igreja.
· “As coisas que hão de acontecer” (Futuro) – Concernente ao Reino – Capítulos 4 ao 22:
 o Arrebatamento da Igreja e uma cena no céu (caps. 4 e 5);
 os sete anos da Tribulação; os juízos dos selos, trombetas e taças; o breve governo do Anticristo; a
destruição da Babilônia (caps. 6 ao 18);
 o glorioso aparecimento de Cristo (cap. 19);
 a prisão de Satanás, o Reino Milenar de Cristo e o Juízo Final (cap. 20);
 o Estado Eterno ou Eternidade no céu (caps. 21 e 22).

2.2.2.1 Divisão do Apocalipse1.19 (pela visão futurista):

TABELA 4: DIVISÃO DO APOCALIPSE 1.19 (pela visão futurista); em 15.abr .2012

Ou segundo Dennis J. Mock (2001, p. 258):


CAPÍTULO 1 CAPÍTULOS 2-3 CAPÍTULOS 4-22
“As coisas que tens visto” “As que são” “As que depois hão de acontecer ”
As revelações de Jesus Cristo Carta às sete igrejas · Prelúdio dos céus (4,5) · Anúncios
a João, numa visão na Ilha de · Éfeso · Juízo dos 7 selos (6-8) · Sete taças da ira de Deus (15-18)
Patmos, acerca da Segunda · Esmirna · Juízo das 7 trombetas (8-11) · A Babilônia religiosa
Vinda de Jesus para encerrar · Pérgamo · Interlúdio (10, 11) · A Babilônia comercial
a história humana · Tiatira · Livrinho · A segunda vinda de Cristo (19)
· Sardes · Duas testemunhas · Armagedom
· Filadélfia · Profecias explicativas (12-14) · Reino Milenar (20)
· Laodiceia · Guerra nos céus · Condenação de Satanás
· Anticristo. Besta · Condenação dos descrentes
· O estado eterno (21-22)
FONTE: MOCK, 2001, p. 258.

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2.2.3 A simbologiaem Apocalipse


O livro retrata os eventos e visões de João por meio do uso de símbolos, muitos dos quais são peculiares
ao livro. Diferenciar o que é real e o que é simbólico é a chave para a sua devida compreensão. Símbolos
usados, tais como trombetas, taças, dragão, Besta etc. representam eventos e pessoas reais. Se o livro não for
interpretado literalmente, oseu conteúdo e verdadeiro significadoficarão ameaçados.
O Apocalipse contém mais profecias não cumpridas do que qualquer outro livro da Bíblia. Algo profético
pode ser encontrado em todos os seus 22 capítulos. De 404 versículos, 303 são proféticos, perfazendo 95%
do livro (BÍBLIA DE ESTUDO PROFÉTICA TIM LAHAYE, 2005, p. 1163)

(1 Co De acordo
14.4). com
O profet o apóstolo
a, através desta Paulo“O que
epístola, profetiza
chama o povo fala
à aos homens
obediência para edifpresente
numa situação icação, exorta
e ção econsolação”
futura.
Em Apocalipse 22.10 diz que essa profecia não deveria ser selada, pois ela seria importante aos cristãos de
todas as gerações.

2.2.3.1 SímbolosExplicadosna Revelação


Os Símbolos explicados na Revelação:
TEXTO
(Ap.) SÍMBOLO INTERPRETAçãO
1.20 Os sete candeeiros As sete igrejas da ásia Menor
1.20 As sete estrelas Os sete anjos (mensageiros) dessas igrejas
4.5 As sete tochas de fogo O Espírito de Deus
5.8 As taças de incenso As orações dos santos
7.3-4 A enorme multidão Os Mártires da Grande Tribulação
12.9 O grande dragão Satanás
17.9 As sete cabeças da besta Os sete montes, nos quais a mulher está sentada, e os sete reis
17.12 Os dez chifres da besta Os dez reis
17.15 As águas Os povos e nações
17.18 A mulher vestida de púrpura A grande cidade que domina os reinos
TABELA5: OS SÍMBOLOS EXPLICADOS NA REVELAçãO
FONTE: RICHARDS, 2006, p.90.

2.2.3.2 SímbolosExtraídos do Antigoe Novo Testamento


Os Símbolos extraídos do Antigo e Novo Testamento:
TEXTO
(Ap.) SÍMBOLO INTERPRETAçãO
2.7; 22.2 A árvore da vida Os símbolos da vida eterna (Gn 2.9)
2.17 O maná escondido O alimento celestial (Sl 78.24; hb 9.4)
2.27 O cetro de ferro O julgamento de Cristo (Sl 2.9)
2.28 A estrela da manhã O reino de Cristo (Dn 12.4)
3.7 A chave de Davi O poder do Messias (Is 22.22)
4.6 Os seres viventes Representam a criação maior de Deus (Ez 10.14)
6.1 Os quatro cavaleiros A condução dos propósitos de Deus (Zc 1.8; Ez 5.17; 14.21)
10.1 O anjo forte O julgamento de Deus (Sl 97.2)
10.1 A nuvem com arco íris A misericórdia e fidelidade de Deus (Gn 9.8-17)
TABELA6: OS SÍMBOLOS EXTRAÍDOS DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO
FONTE: RIChARDS, 2006, p.904;.

Há muitos outros símbolos neste livro que são srcinários das passagens dos dois Testamentos, o que
fundamenta a sua compreensão. Somente do Antigo Testamento são 285 referências, principalmente nos livros
de Isaías, Daniel, Ezequiel, Joel e Zacarias. Dentre os livros do Novo Testamento que apresentam maior ligação
com o Apocalipse estão o Evangelho de Mateus, I e II Tessalonicenses, I Coríntios e II Pedro.

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

A correspondência entre o Livro de Gênesis e Apocalipse:


GÊNESIS APOCALIPSE
O paraíso perdido O paraíso recuperado
A primeira cidade – um fracasso A cidade dos redimidos– um sucesso
O princípio da maldição Não haverá mais maldição
Matrimônio do primeiro Adão Matrimônio do segundo Adão
As primeiras lágrimas Enxugadas as lágrimas
A entrada de Satanás O julgamento de Satanás
A criação antiga A nova criação
A comunhão rompida A comunhão restaurada
TABELA 7: CORRESPONDÊNCIA ENTRE O LIVRO DE GÊNESIS E APOCALIPSE
FONTE: PEARLMAN, 2006, p.341.

IMPORTANTE!
Apocalipse – A Revelação de Jesus Cristo. É o único livro
profético do Novo Testamento.

2.2.3.3 O Número Sete em Apocalipse


Todo o livro de apocalipse é repleto de simbolismo, dentre eles está o número sete, símbolo da totalidade,
da completude, unidade, plenitude (MANUAL BÍBLICO DE hALLEY, 1994, p. 603): Sete cartas para sete igrejas
(1 – 3), Sete selos e sete trombetas–(411), Sete taças (15 e16), Sete candeeiros (1.12, 20), Sete estrelas (1.16,
20), Sete anjos (1.20), Sete espíritos (1.4), um Cordeiro com sete chifres e sete olhos (5.6), Sete tochas (4.5),
Sete trovões (10.3, 4), um dragão vermelho com sete cabeças e sete diademas (12.3), A besta semelhante a
leopardo, com sete cabeças (13.1-2), A besta escarlate, com sete cabeças e dez chifres (17.3, 7), Sete montes
(17.9), Sete reis (17.9-10).
As Sete bem aventuranças do Apocalipse:
Bem-aventurados os que leem, ouvem e guardam esta profecia ........................................................ 1.3
Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor.......................................................................
14.13
Bem-aventurado aquele que vigia (pela vinda do Senhor) ...............................................................
14.13
Bem-aventurado aqueles que são chamados à Ceia das Bodas do Cordeiro..................................... 19.9
Bem-aventurado é aquele que tem parte na primeira ressurreição.................................................. 20.6
Bem-aventurado aquele que guarda as palavras deste livro.............................................................. 22.7
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro................................... 22.14
Inserir Ícone 7

IMPORTANTE!
O livro de Apocalipse é a mensagem de Jesus Cristo à sua
Igreja, na qual Ele esboça o clímax da história humana.
(LAHAYE, 2005, p. 1163).

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2.2.4 ESBOÇODO LIVRO DE APOCALIPSE

FONTE: Bíblia de Revelação Profética, 2010, p. 1589.

3. O LIVRO DE APOCALIPSE – PARTE 2


3.1 INTRODUÇÃO
Este livro foi escrito como uma epístola – começa com uma breve introdução, endereçamento e saudação
aos destinatários. A seguir o apóstolo fala a respeito de sua responsabilidade e como o Senhor o comissionou
a escrever as visões que tanto o impressionaram. Nesta epístola estão incluídas a própria visão de Jesus
glorificado, uma mensagem para cada uma das sete igrejas da Ásia e os eventos que se tornarão conhecidos
na terra depois que os crentes fiéis forem levados para o céu no evento conhecido como arrebatamento.

3.2 A VISÃO DE CRISTO GLORIFICADO


João inicia Apocalipse com as palavras “Revelaçãode JesusCristo”.Embora quem tenha escrito e recebido
as revelações tenha sido o apóstolo, as revelações são de Jesus Cristo que apresenta
“O que em breve há de
acontecer”.é falado então sobre a bênção especial para todos os que leem e guardam (obedecem) as profecias
do livro (Ap. 1.3).

40
ESCATOLOGIA BÍBLICA

A profecia continua. João vê sete castiçais de ouro – símbolo das igr ejas mencionadas logo nos capítulos
subsequentes (caps. 2 e 3). No meio destes castiçais tem uma visão de uma forma humana
– “Um semelhante
ao Filho o homem” – era Jesus glorificado, profetizado por Daniel 7.13.
Jesus, o “Filho do homem” é o cabeça e juiz das igrejas, revestido de d ignida de sacerdotal e majestade
real. João o chama de: Testemunha fiel, o primogênito entre os mortos, o soberano dos reis da Terra e aquele
que nos ama e nos libertou de nossos pecados por meio do seu sangue. Cristo descreve a si mesmo como
sendo: o Alfa e o ômega, Aquele que está vivo e viverá para todo o sempre, aquele que tem as chaves da
morte e do hades. Cada detalhe da visão é descrito pelo apóstolo, uma descrição simbólica que diz respeito
à obra acabada do Senhor e Salvador Jesus
– o próprio Espírito Santo explica esses detalhes em outras partes

da Escritura:
3.2.1 Cristo glorificado– Visão e Interpretação
VISãO INTERPRETAçãO
Algu ém semelhante a uma pessoa, mas ao mesmo
“Um semelhante ao Fil ho do homem” tempo de natureza divina – Jesus Cristo, o F ilho do
Homem – esse termo é usado em todos os Evangelhos e
também em Daniel 7.13.
Vestido até os pés de uma roupa comprida Roupa sacerdotal. Jesus é nosso grande sumo sacerdote
em nosso relacionamento com Deus (hb 2.17; 3.1).
Cingido pelo peito com um cinto de ouro Representa força e autoridade, pois somente pessoas
com autoridade podiam usar um cinto (Mt 28.18).
Representam a pureza divina, a sabedoria e o
Cabelos Brancos (v.14) sofrimento, a justiça de Deus. Nos lembra o texto de
Daniel 7.9-13: Cristo chamado de “Ancião de Dias”
Olhos Flamejantes (v.14) Olhos penetrantes, que vão até o mais íntimo do coração
“E seus olhos como chamas de fogo” humano.
Pés como de Bronze (v.15) Falam de juízo que vence a oposição.
Voz estrondosa (v.15) Símbolo de poder irresistível, como som de muitas águas
(ex.: Cataratas de Foz de Iguaçu). Quem resistirá à voz do
“E sua voz como a voz de muitas águas” Senhor?
Mão direita representa a mão forte, a mão de poder.
O pró prio Se nhor Jesus interpretou essa passagem no
As estrelas na mão direita (v.16) versículo 20: “As sete estrelas são os anjos das sete
igrejas”.Anjo = Mensageiro = Pastores ou líderes das
“E ele tinha na sua destra seteestrelas” igrejas, os quais estão seguros na mão firm e do S enhor,
uma segurança perfeita debaixo do cuidado e proteção
do Senhor Todo Poderoso.
Espada afiada de dois gumes (fios) (v.1 6)
Palavra falada por Cristo sairá como uma espada afiada
“Da sua boca saia uma aguda espada de dois contra a qual ninguém poderá resistir. (hb 4.12).
gumes”
Rosto resplandecente (v.16) O rosto mostra a glória celestial e fala da natureza divina
“O seu rosto era como o sol, quando na sua de Cristo, numa referencia a descrição do Monte da
força resplandece” Transfiguração (Mt 17.2).
TABELA 8: CRISTO GLORIFICADO
– VISãO E INTERPRETAçãO
FONTE: BÍBLIA DE ESTUDO PROFÉTICA TIM LAHAYE, 2005, p.1165, com inclusões dos autores.

3.3 MENSAGEM ÀS SETE IGREJAS


Os Sete castiçais no meio dos quais Jesus andava representam sete igrejas existentes na província romana
da Ásia Menor. Existiam outras igrejas na região naquela época, tais como Colossos, hierápolis, Trôade etc.,
porém o Senhor escolheu estas sete para direcionar a sua mensagem.

41
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Conforme cita John Phillips(2004, p. 278-283), existem pelo menos três formas diferentes de se estudar
as cartas às igrejas de Apocalipse. Alguns consideram que são advertências literais ás sete igrejas. Outros
reputam que são mandamentos práticos para as igrejas de todas as eras do período da igreja, sendo que estas
simbolizam situações que constantemente reaparecem entre o povo de Deus.
Outros creem que assete igrejas
são proféticas e simbolizam períodos referentes à história eclesiástica.
Do ponto de vista futurista dispensacionalista, ao qual fazemos parte, há adeptos de duas correntes de
pensamento: 1. Aqueles que acreditam que as igrejas dos capítulos 2 e 3 de Apocalipse representam os sete
períodos da história da Igreja e também as igrejas da época do apóstolo João; 2. Aqueles que acreditam que
tais capítulos apenas descrevem as Igrejas dos tempos deJoão.
Cada carta contém: 1. uma saudação ao anjo (mensageiro) da igreja; 2. uma descrição de Cristo ressurreto
tirada da visão de 1.9-20; 3. elogio à igreja (exceto na carta a Laodiceia); 4. crítica à igreja (exceto nas cartas a
Esmirna e Filadélfia); 5.uma advertência; 6. uma exortação que começa com as palavras “quem tem ouvidos...”;
7. uma promessa.
Segue abaixo uma tabela que resume os principais fatos referentes às sete igrejas apocalípticas:

3.3.1 AS SETE IGREJAS DE APOCALIPSE


IGREJAS SIGNIFICADO O QUE HISTÓRICO PERÍODO COMO JESUSSE REPREENSÃOE PROMESSASAO
REPRESENTA APRESENTA EXORTAÇÃO VENCEDOR
ÉFESO “Desejável” Representa a Igreja DE: Descida do 31 – 100 A.D. Aquele que tem Desviou-se do seu Dar-te-ei a comer
2.1-7 do primeiro século Espírito Santo Primeiro Século na sua mão as sete amor por Cristo. da árvore da vida
ou Apostólica, rica ATÉ: Morte do – compreende estrelas Arrepende-te e
em obras, mas com apóstolo João período de pratica as primeiras
o amor decadente declínio da era obras
(trabalho por apostólica
obrigação).
ERMIRNA “Mirra” ou Representa a Igreja DE: Morte do 100 – 312 A.D. O Primeiro e o Não tema em meio a Dar-te-ei a coroa
2.8-11 “Amargura” Perseguida, Martírios apóstolo João Século II e III último, o que foi tribulação. Sê fiel até da vida;
ou Pós-apostólica ATé: Constantino morto e reviveu a morte Não receberá o
dano da segunda
morte
PÉRGAMO “Exaltação” ou Representa a DE: Constantino 313 – 800 A.D. Aquele que tem a Prende-se a falsas Darei de comer o
2.12-17 “Casamento” Igreja Mundana ou ATÉ: Carlos Século IV a VIII Espada Aguda de doutrinas maná escondido,
(“casamento” ou Magno dois fios e dar-lhe-ei uma
“união” da igreja com pedra branca com
o Estado), corresponde um novo nome
ao Período Imperial.
Entrada do paganismo
na igreja.
TIATIRA “Cheiro Suave” Representa a Igreja DE: Carlos Magno 800 – 1517 A.D. O Filho de Deus, Tem alguns que Dar-te-ei a poder
2.19-29 profana ou Período ATé: Martinho Século IX a XV que tem os seus cometem fornicação; sobre as nações e a
Medieval ou Papal. Lutero olhos como chama Arrependa-se. estrela da manhã
Igreja do Sacro de fogo Os que são fiéis
Império Romano permaneçam firmes
até que eu venha
SARDES “Canto de A reforma e o DE: Martinho 1517 – 1648 A.D. O que tem os Sete Parece estar viva, Vestir-te-ei com
3.1-6 Alegria”,ou Protestantismo Lutero Século XVI e XVII Espíritos de Deus e mas seu coração roupas brancas e
“Remanescentes” ATé: Paz de as Sete Estrelas está morrendo, confessarei seu
ou “Os que Westphalia suas obras são nome diante do
escapam” imperfeitas. meu Pai
O que tendes
retende-o até que eu
venha
FILADÉLFIA “Amor Fraternal” A Verdadeira Igreja. DE: Paz de 1648 – 1792 A.D. O que é Santo, o Permaneça firme. Eu o farei coluna
3.7-13 Reavivamentos Westphalia Século XVII ao XIX que é verdadeiro, Guarda o que tens, do templo do meu
e o crescimento ATÉ: Guilherme o que tem a C have para que ninguém Deus
protestante. Igreja Carey e obra de Davi tome a tua coroa
Missionária. missionária
LAODICÉIA “Julgamentodo Período Moderno ou DE: Guilherme 1792 – até ???? A Testemunha Fiel Suas riquezas Assentar-se-á
3.14-22 Povo” últimos dias. Igreja Carey Século XIX até o e verdadeira, o materiais a cegaram comigo no meu
Morna do Presente ATÉ: Vinda de arrebatamento princípio da criação de sua vergonha trono
Século. Cristo de Deus espiritual.
Compres ouro...
Vestes brancas...
Colírio...

TABELA 9: QUADRO RESUMO DAS SETE IGREJAS DE APOCALIPSE


FONTE: formulada pelos próprios autores, baseados em estudos feitos em: Manual Bíblico de halley, Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica, Bíblia
de Estudo Profética Tim Lahaye, Bíblia de Revelação Profética, Apocalipse e Escatologia de Ademir Goulart, Bíblia de Estudo Plenitude, livro Através
de Bíblia Livro por Livro de Myer Pearlman.

42
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Ou como mostra Dennis J. Mock (2001, p. 263) na tabela abaixo: quem é Cristo e o que Ele realmente
procura nas igrejas:

3.3.1.1 Esboçoresumido de Cada Igreja


IGREJA CONDENAçãO ELOGIO CORREçãO
Éfeso Abandono do 1º amor Crença e prática Arrependa-se e ame outra vez
correta
Esmirna Nenhuma Fiel nas perseguições Nenhuma
Pérgamo Doutrina comprometida Guardou a fé Arrependa-se; guarde o ensino são
Tiatira Tolera imoralidade Boas obras, serviço Arrependa-se; volte-se do pecado
Sardes Obras mortas sem poder Nenhum Arrependa-se; ande no poder do Espírito
espiritual
Filadélfia Nenhuma Guardou a Palavra Nenhuma
Laodiceia Apática Nenhum Arrependa-se; restaure o zelo de Deus
TABELA 10: ESBOÇO RESUMIDO DE CADA IGREJA; FONTE: MOCK, 2001, p. 263.

MAPA: AS SETE IGREJAS DA áSIA


FONTE: MANUAL BÍBLICO VIDA NOVA, 2001, p. 836; em 16.abr.2012.

3.4 VISÃO DOS CÉUS


João é elevado aos céus“em espírito” (4.1-5.14), onde vê o Deus soberano assentado sobre o trono e
recebendo adoração. Essa visão tão sublime prepara o cenário para o restante do livro, a revelação das outras
profecias que se desenrolarão: João vê nas mãos de Deus um rolo selado, e somente o Cordeiro
“comotendo
sido morto”considerado digno de abrir o rolo (5.1-14). Todas as visões e revelações são dadas a seguir a João,
até o fim dos tempos– a inauguração de“Um novo céu e uma novaterra”.

3.5 UM LIVRO QUE RELATA A SOBERANIAE A GLÓRIADE DEUS


A maior parte do livro de Apocalipse fala sobre os julgamentos de Deus, a vinda da Besta, surgimento do
Anticristo, do homem do Pecado. Mostra que Deus está no Trono, ou seja, no controle de tudo. Apresenta os
selos, as trombetas, as taças da ira divina, a guerra do Armagedom, a prisão de Satanás, o reino milenar do
Messias, o último e terrível dia do juízo final, e todos os eventos relacionados ao final dos tempos (as coisas
que hão de acontecer).
é um livro da manifestação da glória de Deus. A vitória final sobre todo o mal. Enfim há a cidade celestial,
da qual todos que resistiram a Deus e recusaram suas palavras serão excluídos.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

No final do livro de Apocalipse (epílogo– 22.6-11), João recebe a promessa do Senhor de que a mensagem
que recebeu é “fiel e verdadeira” e de que haverá recompensa para aqueles que forem fiéis e leais. Essa
recompensa é trazida pelo próprio Jesus, que vem “sem demora”.Maranata – “Ora, vem, Senhor Jesus!”

ESTUDOS FUTUROS
Tenha calma!
Muitos dos assuntos abordados no Livro de Apocalipse estão
inseridos nos grandes temas da Escatologia os quais serão
estudados nos capítulos posteriores.

RESUMO DO CAPÍTULO
Neste capítulo pudemos aprender vários conceitos referentes à literatura apocalíptica e ao livro de
Apocalipse:
· aprendemos o que representa a Apocalíptica Judaica e quais os apocalipses cristãos apócrifos;
· estudamos as principais Escolas de Interpretação do Apocalipse: Preterista, histórica, Idealista,
Futurista e Eclética.
· O livro de Apocalipse é a Revelação de Jesus Cristo
– Ap 1.1 “Revelaçãode Jesus Cristo,... para mostrar
as coisas que brevemente devem acontecer ”. Autor do livro: apóstolo João, quando estava preso na
Ilha de Patmos. Data: 95 d.C. É um livro repleto de símbolos que retratam eventos e pessoas reais,
e está conectado com praticamente todos os livros da Bíblia.

· O Versículo
os Chave de Apocalipse:
que o transpassaram; e todas1.17: “Eis que
as tribos vem se
da terra com as nuvens,sobre
lamentarão e todoele.
olho o verá,Amém”;
até mesmo
Certamente. e
o Versículo da divisão de apocalipse: Apocalipse 1.19:“Escreve,pois, as coisas que tens visto, e as
que são, e as que depois destashão de acontecer”. Divisão do livro: “As coisas que viste” (Passado);
“As coisas que são” (Presente); “As coisas que hão de acontecer” (Futuro).
· A primeira visão que o apóstolo João relata no livro é a do Senhor Jesus glorificado em meio a sete
castiçais (igrejas) e com sete estrelas (anjos das igrejas) na mão direita. As sete igrejas representam:
igrejas históricas localizadas na Ásia Menor no tempo de João; mandamentos práticos para as igrejas
de todas as eras; são proféticas e simbolizam a história da igreja na terra.
· Igrejas: éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, LaodiceiaCada mensagem contém:
1. uma saudação ao anjo (mensageiro) da igreja; 2. uma descrição de Cristo ressurreto tirada da
visão de 1.9-20; 3. elogio à igreja (exceto na carta a Laodiceia); 4. crítica à igreja (exceto nas cartas
a Esmirna e Filadélfia); 5. uma advertência; 6. uma exortação que começa com as palavras“quem
tem ouvidos...”;7. uma promessa.
· Em seguida é apresentada uma visão dos céus (4.1-5.14) e a seguir o Senhor revela a João os fatos

que
Jesushão deaqueles
para acontecer.
que No final de Apocalipse há o fechamento da epístola, com uma promessa de
perseverarem.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 2
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. O que você entende por literatura apocalíptica? Qual a diferença entre o Apocalipse e os apocalipses
apócrifos?
2. Explique resumidamente as principais escolas ou linhas de interpretação do Apocalipse.
3. O que significa Parousi a?
4. Qual o versículo da divisão do Apo calipse e o que isso signific a?
5. Descreva a visão que João teve de Cristo glorificado e a interpretação de cada um dos itens descritos.

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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO3
A MORTE,O ESTADOINTERMEDIÁRIOE A
RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

O
L
U 3
0
T
P
A
C

FIGURA 12: CEMITéRIO; em <pbangelo.blogspot.com/.../Escatologia-1-o-estado-intermediario.html>;em:


12 jan. 2012

1. A MORTE
1.1 INTRODUÇÃO
A morte. Este é um tema que praticamente todo ser humano evita
comentar ou mesmo aceitar. É um assunto indigesto, mas durante toda a nossa
vida passamos debaixo dessa ameaça, pois desde que nascemos nos dirigimos
inevitavelmente para a morte.
Há muitos que fogem do assunto ou preferem não falar sobre ela para não
recordar de momentos tristes. Existe uma frase que diz:“Só compreendemos
a dor da morte quando ela toca alguém queamamos”.Não conseguimos
aceitá-la com naturalidade, nos é estranha, e por isso mesmo reclamamos
contra ela. Incomoda-nos detal forma, pois não fomos criados para ela, mas
sim para termos vida e assim estarmos eternamente junto ao Senhor. Esse
era o desejo de Deus no princípio, e ainda é: que vivamos eternamente ao
seu lado. Porém, por causa do pecado o castigo da morte entrou no mundo.
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois
disso, o juízo”. (Hb 9.27)
Embora seja uma questão não muito simpática, é sem dúvida alguma um
assunto de extrema importância para todos os seres humanos e necessário para
o entendimento dos eventos futuros.Neste capítulo estudaremos a“Doutrina
da Morte” e os tópicos a ela relacionados. Bons estudos!
Uma vez principiada, a vida segue seu curso e não reverterá nem o
interromperá, não se elevará, não te avisará de sua velocidade. Transcorrerá
silenciosamente, não se prolongará por ordem de um rei, nem pelo apoio

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do povo. Correrá tal como foi impulsionada no primeiro dia, nunca desviará seu curso, nem o retardará. Que
sucederá? Tu estás ocupado, e a vida se apressa; por sua vez virá a morte, à qual deverás te entregar, queiras
ou não (SENECA, 1993, p. 36-37).

NOTA!
Caro aluno, neste momento é bom que você reveja alguns
conceitos aprendidos em Teologia Sistemática sobre a alma e
sua procedência, dicotomia e tricotomia.

Apenas relembrando
entendimento – Conceitos Chave para o bom
dessa matéria:
Homem = Corpo + Alma + Espírito (Tricotomia)
Parte Material = Corpo (homem exterior);Parte Imaterial = Espírito e Alma (homem
interior) (2 Co 4.16; Ef 3.16);
Não confundir:Espírito de Deus ≠ espírito do homem ≠ espíritos malignos; (Rm 8.16)
Espírito do homem ≠ alma; (Hb 4.12; 1 Ts 5.23)

1.2 A NATUREZA DA MORTE


Definição da morte segundo a medicina:“(1) geral: cessação completa e definitiva davida, seguida da
desorganização das estruturas orgânicascelulares,
e com extinção das funções neuropsíquicas;
em(2)
patologia:
estado irreversível caracterizado pela abolição da consciência, completo relaxamento muscular, ausência de
movimentos respiratórios e de batimentos cardíacos” (REY, 2003, p. 599).
A “Doutrinada Morte” é o campo de estudo da Teologia Sistemática também denominado
“Tanatologia”
de
(do grego“thanatos“ = morte, do latim“mortem”). Morrer é parar de viver e não há definição mais simples do
separação
que esta. é cessar as funções vitais do organismo, é o fim da vida. Em termos teológicos éa entre
o corpo, alma e espírito. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e
corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo”. (1 Ts 5.23)
Essa experiência é descrita na Bíblia como:“dormir”(Jo 11.11; Dt 31.16), odesfazer da casa terrestre deste
Tabernáculo (morada) (2 Co 5.1), deixar este tabernáculo (2 Pe 1.4), Deus pedindo a alma (Lc 12.20), seguir
o caminho por onde não tornará (Jo 16.22), ser congregado ao seu povo (Gn 49.33), unir-se aos seus pais (Dt
32.50), descer ao silêncio (Sl 115.17), expirar (At 5.10), tornar-se pó (Gn 3.19; Ec 12.7), fugir como a sombra
(Jo 14.2), um sono (Jo 11.11), dormir em Jesus (1 Ts 4.14), e partir (Fl 1.23; 2 Tm 4.6). (Pearlman, 1996, p. 293).
A morte é o primeiro efeito externo ou manifesta
ção visível do pecado eserá o último resultado do pecado
do qual seremos salvos. Romanos 5.12:“Portanto,como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.1 Coríntios
15.26: “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é amorte”.
Através do Evangelho, Jesus aboliu a morte e trouxe a vida e incorrupção. Abolir significa anular, portanto
a sentença da penalidade (castigo) da morte foi anulada pelo sacrifício na cruz e a vida agora é oferecida a
todos quanto crerem. Para aqueles que acreditam em Jesus e a ele entregaram suas vidas, a morte é a porta
para a vida.
Machado nos diz:
“O espírito e a alma formam juntos o homem interior. O espírito e a alma constituem-se na parte imortal
do ser humano. Segundo a Bíblia Sagrada, há diferença entre espírito e alma, porémestão estritamente
ligados a ponto de que somente a Palavra de Deus poder fazer essa separação (Hb 4.12). Quando o
espírito e a alma deixam o corpo físico, este morre e retorna ao pó da terra. O espírito e a alma, uma
vez que são inseparáveis, retornam a Deus (Ec 12.7), ou seja, ficam à disposição do Criador que este
lhes dê o destino com base naquilo que o corpo físico da pessoa fez em vida terrestre.(Instituto Bíblico
Enon, Grifo nosso). (MACHADO, 2011)

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

CONVERSANDO!
Nossa alma é imortal ou eterna?
Eterno – é tudo aquilo que não foi criado, pois sempre existiu e
sempre existirá, não teve um nascimento, ou uma criação.
Imortal – é tudo aquilo que foi criado ou teve um nascimento,
mas que nunca mais vai deixar de existir.
Deus é eterno. Nossa alma não é eterna, mas imortal.

2.1 TIPOS DE MORTE


A Bíblia descreve que há diferentes tipos de morte.

2.1.1 Morte Física


“Porque certamente morreremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”
(2 Sm 14.14). A morte física é a separação da alma do corpo que vem ao ser humano como castigo devido ao
pecado. Para aqueles que estão em Cristo, a morte física perde o sentido do castigo e da pena, tornando-se o
meio de entrada para a vida eterna (Sl 116.15; Rm 14.8). Como cita o texto de 2 Samuel 14.14, após a morte
física o corpo é sepultado (do hebraico“Queber” que significa sepultura, túmulo, sepulcro) e, depois de
alguns
dias, terá se desfeito e se esvairá, pó ao pó literalmente, e não será mais achado depois de algum tempo.
Ninguém pode adiar o dia de sua morte sem a permissão ou ordem de Deus (Ec 8.8). Jesus afirma que há
muita vida após a morte (Lc 24.39; 2 Tm 1.10), pois a morte física não representa um fim: a alma e o espírito
do homem continuam plenamente vivos e conscientes– o homem interior (Lc 16.23-24; Jo 5.25, 28).
O homem natural tem medo da morte, pois não sabe o que lhe aguarda, é um futuro desconhecido
e incerto (Sl 49.6-20; Jó 19.25-27) e por mais que tente visualizar ou imaginar este futuro, ainda assim não
há certezas. Nós, no entanto, temos nossa fé baseada na rocha que é Cristo, o Grande Vencedor da Morte.
Nossa esperança não é vã no Senhor: “Preciosaé ao Senhor a morte dos seussantos”(Sl 116.15). A morte é
um estado passageiro, em breve haverá a ressurreição dos salvos em Cristo (1 Ts 4.13-16) e por fim, após o
Milênio, a ressurreição dos ímpios para o juízo (Ap 20.11-15; Mt 10.28).

2.1.2 Morte Espiritual


é a separação do espírito humano de Deus (Is 59.2; Rm 7.24; 8.10; Ef 2.1). Por causa da desobediência de
Adão e Eva, toda a raça humana sofreu com a morte espiritual, ou seja, todos sem exceção estão separados
da comunhão e presença de Deus (1 Co 15.22). Adão não teve morte física instantânea, porém morreu
espiritualmente – deixou de ter vida espiritual, comunhão com Deus, o seu Criador.
Essa é a condição do homem natural, descendente de Adão e, por causa disto, separado de Deus e das
coisas espirituais. As pessoas que estão sem Cristo estão enquadradas nesta classe e não sabem. Apesar de ter
vida, encontram-se na rebeldia do pecado, mortos para Deus. Não há registro do seu nome no Livro da Vida.
Em Mateus 8.22 Jesus ensina sobre esta verdade dizendo para deixar que os mortos espirituais enterrassem
seus mortos físicos.
João 3.5-6: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito
espírito”.
é Carecem da nova
vida que somente Cristo pode lhes dar (At 4.12), um retorno à comunhão com Deus, pois como o próprio
Jesus afirmou:“Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto,
viverá”.(Jo 11.35).
Podemos compreender então que a morte espiritual é a primeira morte, antes da morte física (Ef 2.1-5; Jo
3.36), ou seja, mesmo aqueles que ainda estão vivos, mas sem Cristo, estão mortos espiritualmente. Somente
através da aceitação dosacrifício de Jesus, háregeneração, o Novo Nascimento, é quea pessoa poderá adquirir
a vida. Caso rejeite a Cristo, permanecerá em rebeldia e morto espiritualmente. Ao morrer fisicamente passará
para o estado intermediário e depois para a morte eterna.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

2.1.2.1 Comparaçãoentre a morte física e a morte espiritual


Vejamos o gráfico abaixo que apresenta a comparação entre a morte física e a morte espiritual:
MORTE FÍSICA MORTE ESPIRITUAL
SEPARAçãO O corpo (parte material – o Separação do ser humano (espírito humano)
homem exterior) separa-se da de Deus
alma e do espírito humano (parte Gn 2.17
imaterial– o homem interior).
Tg 2.26.

SONO
As duas mortes foram Embora o homem
e espírito) continueinterior (alma
vivendo, o Embora o corpo morta
espiritualmente esteja em
vivo, a pessoa
seus delitosestá
e
comparadas corpo está inerte, paralisado e pecados.
ao sono caminhando para a decomposição. Ef 2.1, 5; Cl 2.13
Lc 8.52; Jo 11.11
Mt 10.28
CAUSA O Pecado O Pecado
Porém neste caso a causa não A pessoa morre espiritualmente
é imediata: Adão não morreu Imediatamente após a transgressão: Adão
fisicamente quando pecou. morreu espiritualmente quando pecou
Tg 1.15 (perdeu a comunhão com Deus). Tg 1.15
REMÉDIO Jesus Cristo Jesus Cristo
Através da ressurreição do último Através do Novo Nascimento
dia. Tornar-se nova criatura em Cristo
Jo 6.39-40, 44, 54; 1 Co 15.26 Conversão
Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Cl 3.1-2
hb 3.7-8
Tabela 11: COMPARAçãO ENTRE A MORTE FÍSICA E A MORTE ESPIRITUAL
FONTE: Compilado pelos próprios autores a partir de: Godoy, 2008, p.10-12.

2.1.3 Morte Eterna


Também chamada de castigo eterno ou segundamorte, pois a primeira morte é a física. Apocalipse2.11:
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas:
‘O que vencer não receberá o dano da segunda morte’”.
é uma continuação da morte espiritual em outra existência sem fim (Ap 2.11; 20.14; 21.14). Identificada também
como punição pelo pecado (Rm 6.23) representa
e aeterna separação da presença de Deus – a impossibilidade
de arrependimento e perdão (Mt 25.46), a separação definitiva, eterna e irremediável do homem com o seu
Criador. “E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu nisto?” (Jo 11.26, Mt 7.23; 25.41).
Essa morte estáreservada aos ímpios (incrédulos, descrentes ou injustos), os quais
receberão a punição
de rejeitarem a graça de Deus e serão lançados no Lago de Fogo, conforme cita Apocalipse 20.14-15:“E a
morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito
no livro da vida foi lançado no lagofogo”.
de Ver também Mateus 5.22, 29-30; 23.14-15, 33. Isso ocorrerá no
julgamento do Grande Trono Branco, descrito em Apocalipse 20.11-13 (Jo 12.48; hb 2.3; 10.12) onde Jesus
julgará pessoalmente cada pessoa que rejeitou seu sacrifício (At 17.31 Jo 5.22, 27). Depois de serem julgados
por suas obras, serão condenados e lançados juntamente com o diabo e seus anjos no lago de fogo e enxofre,
que é a Segunda Morte: E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os
livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida, e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas
nos livros, segundo as suas obras. [...] E a morte e o inferno foram lançados no lago de Estafogo.
é a segunda
morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo (Ap 20.12, 14-15).
Podemos entender então que a morte eterna é um prolongamento da morte espiritual e não uma
destruição ou interrupção da existência (Dn 12.2). A Bíblia descreve essa experiência como terrível num lugar
de horror e sofrimento eternos, onde o verme não morre e o fogo não se apaga (Mc 9.48). A única forma de se
livrar da segunda morte éaceitando a Cristo como Senhor e Salvador, tendo seu espírito regenerado pelo novo
nascimento no sangue de Jesus, e isso precisa serfeito antes da morte física, pois após elasso
i será impossível.

50
ESCATOLOGIA BÍBLICA

IMPORTANTE!
O remédio para a morte espiritual é a regeneração em Cristo
Jesus, para a morte física a ressurreição através da sua vinda,
porém para a morte eterna ou segunda morte não há cura.

2.2 A MORTEDO PONTODE VISTA DO ANTIGOE NOVO TESTAMENTO


“Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão... A minha vida é como o vento.” (Jó 7.6-7)
“Porque o homem, são seus dias como a erva; como a flor do campo, assim floresce; pois, passando por
ela o vento logo se vai, e o seu lugar não conhece mais” (Sl 103.15-16)
“Eu sei que o meu redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha
pele, ainda em minha carne verei a Deus” (Jó 19.25-26)
Segundo Stanley horton (1998, p. 619-621), oAntigo Testamento deixa bem claro que o autor da vida
é Deus e que a morte entrou no mundo através do pecado (Gn 1.20-27; 2.7,22; 3.22-23). O objetivo de cada
pessoa era viver uma vida longa, ativa e morrer em paz. A ênfase era na vida como dom de Deus que deve
ser desfrutado junto com suas bênçãos (Sl 128.5-6). Uma vida longa era considerada uma bênção especial de
Deus (Sl 91.16). A morte precoce era considerada um grande mal (2 Re 20.1-11) e indicava o castigo divino
pelo pecado (Dt 30.15; Jr 21.8; Ez 18.21-32). A morte tinha que ser evitada o tanto quanto possível e o suicídio
era extremamente raro.
Na Lei, Deus colocou uma escolha diante de Israel: a obediência espontânea geraria vida e bênçãos, porém
a desobediência, a rebelião ea idolatria trariam morte e destruição (Dt 30.15-20).morte
A era considerada um
inimigo que trazia muita tristeza e profundos lamentos que se referiam a perda corpórea da pessoa querida,
mas criam que após a morte iam a presença de Deus: “Guiar-me-ás com teu conselho (vida terrestre) e, depois,
me receberás em glória (nocéu)” (Sl 73.24). Números fala que a morte do justo é melhor do que a morte dos
ímpios (Nm 23.10):“Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? Que a minha alma
morra da morte dos justos, e seja o meu fimcomo oseu.”
Já no Novo Testamentoa morte é considerada de forma mais teológica, pois reconhece que a morte entrou
no mundo através o pecado e pelo fato de um homem ter pecado e, por causa disso, ela atinge a todos (Rm
5.12):“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, por isso todos pecaram”(horton, 1998, p. 621-622),
Neste sentido, o homem neotestamentário vive com medo da morte (Mt 4.16; hb 2.15), enquanto que
a eternidade só pode ser atribuída a Deus (hORTON, 1998, p. 38-39). Viver afastado da fonte da vida (Jo 5.26)
condena o homem à morte, uma condição não que não é restrita apenas ao fim da sua existência, mas que
domina toda a vida do indivíduo (Rm 5.12, 17, 18; 1 Co 15.22). O Novo Testamento também encara a morte
como um inimigo, o“último inimigo”,o qual será destruído no juízo final (1 Co 15.26; Ap 20.14).
“E, visto como os filhos participara m da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas,
para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos os que
com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” (Hb 2.14-15)

3. RELAÇÃODA MORTECOM O PECADO


“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás. (Gn 2.17)
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23)
“[...] porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça,
que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos”. (Rm 5.15b)
Ao pecarem, Adão e Eva ficaram sujeitos à penalidade imposta pelo pecado: a morte física (Gn 3.19) – eles
não morreram no dia em que comeram do fruto da árvore do bem e do mal, porém ficaram sujeitos à lei da

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

morte como resultado da maldição divina. Naquele dia, Adão e Eva morrerammoralmente e espiritualmente.
Morte moral – porque sua natureza ficou pecaminosa, adquiriram a tendência de seguir seu próprio caminho
alheio a Deus e ao próximo.Morte Espiritual – porque o relacionamento de comunhão íntima que tinham
com Deus foram rompidos. Este relacionamento só pode ser reatado pelo homem através de Cristo. Todos
estão alienados de Deus e da vida nele, isto é estão espiritualmente mortos (Ef 4.17-18). Por fim, naquele dia
fatídico, alei da morte eterna começou a vigorar: a eterna condenação e separação de Deus como resultado
da desobediência.
Em todos os seus aspectos, a morte resulta do pecado, é sinal e fruto dele como citaTiago 1.14-15:
“Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a
concupiscência
frutifica e geraconcebido,
a morte. dá à luz opecado; e o pecado, sendo consumado, geramorte”.
a Portanto, o pecado

Com a queda ficamos todos num estado de pecado, separados espiritualmente de Deus (morte espiritual),
sujeitos à morte físicae, ainda, destinados àcondenação depois desta existência (morte eterna). Portanto,
a morte física não é apenas um fenômeno orgânico, em que as funções vitais do organismo cessam, o mas
primeiro efeito externo e visível da ação do pecado (Gn 2.17; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
A única maneira do ser humano escapar da morte em todos os seus aspectos é através de Jesus Cristo (2
Tm 1.10). Mediante sua morte vicária e ressurreição, Jesus reconciliou com o Pai todos aqueles que o aceitarem
como Senhor e Salvador e desfez a separação espiritual resultante do pecado (2 Co 5.18 e Bíblia de Estudo
Pentecostal, 1995, p. 789)

4. A MORTENÃO É UMA PUNIÇÃOPARA OS CRISTÃOS


“Portanto,agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”(Rm 8.1). O versículo de
Romanos parece uma contradição, porém temos que entender que mesmo tendo sido absolvidos da penalidade
do pecado, ainda estamos sujeitos à morte física, isso porque ainda vivemos num mundo decaído, conforme
cita Wayne Grundem (1999, p. 680):
Embora a morte não nos venha como penalidade pelos nossos pecados individuais (porque isso foi
pago por Cristo), ela vem como resultado de vivermos no mundo decaído, onde os efeitos do pecado
não foram ainda removidos. Ligados à experiência da morte estão outros resultados da queda que
prejudicam nosso corpo físico e assinalam a presença da morte no mundo— tanto os cristãos como os
não-cristãos experimentam o envelhecimento, as doenças, os prejuízos, os desastres naturais (como as
enchentes, tempestades violentas e terremotos). Embora Deus muitas vezes responda às orações para
libertar cristãos (e também não-cristãos) de alguns desses efeitos da queda por certo tempo (indicando
assim a natureza do seu Reino que se aproxima), os cristãos acabam experimentando todas essas coisas
em alguma medida, e, até que Cristo retorne, todos nós ficaremos velhos e morreremos. O“último
inimigo” ainda não foi destruído. E Deus resolveu permitir que experimentássemos a morte antes de
ganharmos todos os benefícios da salvação que foi conquistada para nós. (GRUNDEM, 1999, p. 680)
Nosso último inimigo: a morte, ainda não foi destruída, mas será. Para nós, os que cremos, a morte é
encarada de maneira diferente do incrédulo. Não é um fim, mas um novo começo. Não precisamos mais ter
medo da morte, pois ela perdeu o seu aguilhão (ferrão, 1 Co 15.56-57). Essa é a nossa segurança, a palavra do
próprio Deus, sua promessa que jamais nos deixará, nunca nos abandonará (hb 13.5-6). O que poderá nos
separar do amor de Deus? Nem a morte tem esse poder, pois Cristo já a venceu por nós. é uma batalha já ganha.
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a
nudez, ou o perigo, ou a espada (morte)? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte
todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que
vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos,
nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade,
nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
(Rm 8.36-39)
Ainda que o corpo se deteriore e se enfraqueça, interiormente o crente ”se renova de dia emdia”(2 Co
4.16). Já somos vencedores da morte em Jesus Cristo, pois apesar de termos que enfrentá-la, ela não tem o
poder de nos separar do Nosso Senhor. Por mais que fiquemos tristes pela perda pessoal, a Bíblia nos exorta
a não ficarmos“como os demais (homens caídos e descrentes) que não tem esperança”(1 Ts 4.13).

52
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Para os descrentes, a morte é sem dúvida alguma uma experiência terrível, porque põe fim a todas suas
esperanças e sonhos, tudo pelo que viveram e trabalharam, por terem permanecido nesta“mortosvida em
ofensas epecados”(Ef 2.1), além de que a morte corpórea acaba com qualquer oportunidade de terem um
encontro com Jesus, de o aceitarem como Senhor e Salvador: “E, como aos homens está ordenado morrerem
uma vez, vindo, depois disso, juí
o zo” (hb 9.27). Para estes não há mais esperança, não lhes resta mais nada
senão os permanentes efeitos do pecado e do mal, a separação eterna da comunhão de Deus por toda a
eternidade, por terem rejeitado o unigênito filho de Deus, o Salvador: “hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais os vossoscorações”(hb 4.7).
A fé em Cristo modifica nosso modo de pensar e agir, em todos os sentidos, e não é diferente quanto à
morte, pois ela
que teremos não melhores,
coisas nos rouba bênçãos
nada pelomaiores,
qual tenhamos vivido
uma pátria e ardentemente
celestial desejado, antespara
preparada especialmente nos nós.
assegura
é um
novo começo para uma vida mais plena, não um terror, mas apenas uma transição, a libertação das aflições
deste mundo e do corpo terreno, para ser revestido de glória e vida celestiais, é o descanso do trabalho e lutas
terrenas (2 Co 4.17; 5.1-5; Ap 14.13).
O apóstolo Paulo fala sobre isso:“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer éganho” (Fl 1.23), ou
seja, morrer para o crente significa ganhar em Cristo, mais de Cristo, mais vida, pois nada mais poderá nos
separar no Nosso Senhor e Salvador – e isso é muitíssimo melhor do que qualquer coisa nesta vida. Paulo fala
de sua morte não como uma derrota, mas como uma partida, como alguém que vai a uma viagem (do grego
“êxodos”) para um lugar, uma pátria melhor (hb 11.16), um lugar de paz e alegria superiores, sem comparação
a qualquer coisa que conheçamos nesta vida (Rm 8.38-39; Lc 16.22; 23.43).
“Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos”(Sl 116.15). Isso mostra que o Senhor está
atento aos seus, cuida de suas vidas, mas também das circunstâncias de sua morte (Rm 8.28, 35-39) e, neste
momento, Ele estará ali com eles, pois a morte do justo é de grande valor e, para Deus, um momento de grande
vitória e libertação total de todo o mal, jamais poderão ser tomados das mãos do seu Senhor.

anjos Apara
Bíblia diz que,
“o seio na morte,
deAbraão” o cristão
(Lc 16.22), irá encontrará paz23.43),
ao Paraíso (Lc (Is 57.1-2),
à casaentrará na glória
do nosso (Sl 73.24),
Pai onde serámoradas
há muitas levado por
(Jo 14.2), é uma partida“bem-aventurada para estar com Cristo”(Fl 1.23), irá habitar com o Senhor (2 Co 5.8),
é um dormir (descansar) em Cristo (1 Co 15.18; Jo 11.11; 1 Ts 4.13),
“é ganho...ainda muitomelhor” (Fl 1.21,
23), pela sua perseverança receberá a Coroa da Justiça (2 Tm 4.8; Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, p. 790)

CONVERSANDO!
“Para o cristão, a morte é o êxodo, o içar das âncoras, a chegada
ao lar. Aqui, somos como navios ancorados; na morte, somos
lançados em nosso verdadeiroelemento”. Augustus H. Strong

LEITURACOMPLEMENTAR1
O DILEMAEXISTENCIAL HUMANO
Sistemas Filosóficosque discutem a morte:
1. Existencialismo. Seu interesse é, essencialmente, com as questões inevitáveis da vida e morte.
Preocupa-se com a vida, mas reconhecem a presença da morte constante na existência humana.
Os seus filósofos veem a morte como o fim de uma viagem ou como um perpétuo acompanhante
do ser humano desde o berço até a sepultura. Para eles, a morte é um elemento natural da vida.

1 - CABRAL, Elienai. Escatologia. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

53
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Ora, essas ideias são refutadas pela Bíblia Sagrada. A morte nada tem de natural. É algo inatural,
impróprio e hostil à natureza humana. Deus não criou o ser humano para a morte, mas ela foi
manifestada contra o pecado (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12, 17; Rm 6.23; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
2. Materialismo. Não admite as coisas espirit
uais. Do ponto de vista dos materialistas, tudo é matéria.
Entendem que a matéria e incriada e indestrutível substância da qual todas as coisas se compõem
e à qual todas se reduzem. Afirmam ainda que, a geração e a corrupção das coisas obedecem a
uma necessidade natural, não sobrenatural, nem ao destino, mas às leis físicas. Portanto,o sentido
espiritual da morte não é aceita pelos materialistas. O cristão verdadeiro não foge à realidade
da morte, mas a enfrenta com confiança no fato de que Cristo conquistou para Ele a vida após a

morte – a vida eterna (Jo 11.25).


3. Estoicismo. Os estoicos seguem a ideia fatalista que ensina que a morte é algo natural e devemos
admiti-la sem temê-la, uma vez que o homem não consegue fugir ao seu destino.
4. Platonismo. O filósofo grego Platão ensinava que a matéria é má e desprezível, só o espírito é que
importa. Porém, não é assim que a Bíblia ensina. O corpo do cristão, a despeito de ser uma casa
material, temporária e provisória, é templo do Espírito Santo (1 Co 3.16,17). Somos ensinados a
proteger o corpo para a manifestação do Espírito de Deus.

NOTA!
Para você que gosta de enriquecer seus conhecimentos
gerais, também deixamos a sugestão de visita ao site:
<http://mrkk.forumbrasil.net/t120-o-tenebroso-museu-da-
morte-em-palermo>, o qual mostra um dos museus mais
assustadores do mundo: Museu da Morte em Palermo.

5. O ESTADOINTERMEDIÁRIO
5.1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico estaremos estudando a doutrina doEstado Intermediário dos Mortos. Após o óbito,
o que acontece com a alma e o espírito de uma pessoa? Qual o local daqueles que faleceram? Onde estão?
há inúmeras teorias e suposições das mais diversas religiões cristãs e não cristãs. Neste tópico estaremos
estudando o que as Escrituras falam a respeito do estado intermediário dos mortos.

5.2 O ESTADOINTERMEDIÁRIODOS MORTOS


Como estado intermediário compreende-se o estado dos mortos (o modo de existir) no período entre
o falecimento e a ressurreição. Denomina-se estado intermediário porque nesse espaço de tempo a pessoa
ainda não passou pela ressurreição e seu destino final ainda não foi determinado. Encontra-se sem o corpo e
sem as retribuições das obras, os quais acompanharão a sua existência eterna.

5.3 A DOUTRINADO ESTADOINTERMEDIÁRIONA HISTÓRIA


Segundo Zacarias de Aguiar Severa (1999,p. 426), a questão do estado intermediário não mereceu muita
atenção dos primeiros cristãos, isso porque eles esperavam que a volta de Cristo fosse imediata. Porém, com
a demora do Senhor, passaram a dar maior atenção ao assunto.
Não houve unanimidade entre os Pais da Igreja quanto ao tema, ma s a maioria concordou que havia um
estado transitório entre a morte ea ressurreição. Na escola alexandrina estado
o intermediário começou a ser
considerado como purificação gradual da alma e isso, com o tempo, abriu caminho para a doutrina católica do
purgatório e dolimbus patrum , sendo este último o lugar onde os santos do Antigo Testamento teriam ficado
até a ressurreição de Cristo (SEVERA, 1999, p. 426-427). Mais tarde estas ideias deram srcem a outras teorias
errôneas sobre a vida pós-morte ensinadas por algumas religiões.

54
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Os reformadores rejeitaram a doutrina católica do purgatório e toda ideia que implicasse num lugar
intermediário para os mortos. Para eles, quando alguém morria ia diretamente para o céu ou para o inferno,
dependendo se fosse justo ou ímpio, e isso ocorria sem fazer nenhuma parada no meio do caminho em algum
lugar de transição.

5.4 A DOUTRINANA BÍBLIA


O primeiro aspecto a ser considerado é que os mortos no estado intermediário estão conscientes, fato
este mostrado pelo Senhor Jesus através da história do rico e de Lázaro (Lc 16.19-31). As almas tanto do rico
quanto de Lázaro estavam conscientes de sua condição. Em Apocalipse 6.9-10 há também demonstração
desse fato: pessoas
conscientes de suaque não estavam mais vivendo na terra, pois tinham sido assassinadas, estavam vivas e
condição.
No caso dos cristãos, o apóstolo Paulo fala da existência sem o corpo como estar presente com o Senhor
(1 Co 5.6-9) ou“estarcom Cristo”,o que é “muito melhor” (Fl 1.23). Paulo não fala de uma não existência,
extinção da alma ou inconsciência após a morte. Jesus declara em Mateus 22.32 que Abraão, Isaque e Jacó,
embora mortos fisicamente, estavam vivos perante o Senhor.
Portanto o ensino neotestamentário demonstra que a morte física realmente não é o fim, um aniquilamento
ou extinção, mas sim outra etapa da vida. Agora, para onde os mortos vão depende de qual escolha fizeram
em vida:“Paraíso”– Onde estão as almas dos mortos justos (salvos), juntos com Cristo;“Inferno”
ou – Onde
estão os mortos ímpios (não salvos).
Ao morrer, o cadáver (corpo físico) é levado aoQueber (sepultura, cova, túmulo, sepulcro), a alma e o
espírito da pessoa saem do corpo e imediatamente passam para o lugar que lhes é designado como morada
temporária até a ressurreição.

5.5 INFERNO
Segundo Orlando Boyer (2010, p. 277-278), inferno é o local de suplício das almas dos não salvos ou
Sheol, Hades, Gehenna e Tartaroo.Em
perdidos, e háquatro palavras traduzidas como inferno nas Escrituras:
algumas ocasiões a palavra Queber(do hebraico qébher ouqever) também aparece traduzida como inferno,
porém seu real significado é“sepulturaou cova”.

IMPORTANTE!
Inúmeras versões da Bíblia em português traduzem as
palavras Hades, Sheol, Geena, e Tártaroo simplesmente como
“inferno” e isso, muitas vezes, foi feito para tornar a palavra
menos agressiva aos leitores, porém seus reais significados
precisam ser considerados para um melhor entendimento.
Hades possui sua srcem no idioma grego e tem o mesmo significado da palavra hebraica Sheol, ambos
traduzidos comumente para o português de forma errada como inferno, porém seu
verdadeiro significado é:
“lugar das almas que partiram deste mundo” (Mt 11.23), a “terra ou mundo dos mortos”. Sheol é usada em
Pv 27.20; Os 13.14 e outras passagens veterotestamentárias, enquanto que no Novo Testamento é comum
o uso da palavra Hades, mas ambas representamo lugar espiritual em que as almas e espíritos dos mortos
habitam fixamente até que seus corpos sejam ressuscitados.
Geena (ou Gehena ou Ghenna) – Palavra grega sempre traduzida como Inferno (Mt 5.22, 29; 10.28; 18.9;
23.15; 23.33; Mc 9.43, 9.45, 47; Lc 12.5; Tg 36. Diz respeito ao Vale de –hinomvale ao sul Jerusalém onde era
queimado o lixo, dia e noite, e ali também eram queimados os cadáveres de criminosos e animais; neste lugar os
israelitas apóstatas queimaram seusfilhos em adoração ao deuspagão Moloque (Jr 7.8, 31). Geena é traduzido
para o hebraico comoTofete(Is 30.33), considerado pelos judeus o lugar mais repugnante do mundo. Segundo
a apocalíptica judaica, este vale se tornaria, depois do juízo final, no inferno de fogo. Esse conceito veio a ser
posteriormente aplicado adescrição doinferno, simbolicamente ligado ao conceito de punição eterna, no lugar
onde o “fogo não se apaga”(COENEN e BROWN, 2007, p.1024-1025; Goulart, 2002, p.25; SILVA, 1988, p. 168).

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Lago de fogo – Sinônimo de Geena. Também possui os seguintes sinônimos: fogo eterno (Mt 18.8; 25.41),
fogo inextinguível (Mt 3.12; Mc 9.44-48), fogo e o verme (Mc 9.48), fornalha ardente (Mt 13.42), lago de fogo
(Ap 20.14); fogo e enxofre (Ap 14.10; 19.20; 20.10). De acordo com Gênesis 19.14 (ver também Sl 11.6; Ez
38.22), este foi o castigo de Sodoma e Gomorra.
Tártaroo (tártaro ou tártaros)– “O Abismo Negro” – palavra grega que significa“o mais profundo abismo
do hades”,“o profundo”,“o abismo”,ou “poço do abismo”(2 Pe 2.4). Local onde estão aprisionados espíritos
maus e anjos decaídos das ordens mais baixas, que não obedecem nem a Lúcifer (Ap 9.1-21; 11.7, 17.8).
Abaddon – “Destruição,perdição,ruína”.Palavra de srcem hebraica, em grego Apolion. Pode significar
destruição (Jó 31.12), abismo, porém seu uso mais
comum é como“anjo do abismo”ou “o destruidor”,aquele
que governa as re giões do inf erno (Ap 9.11, Ap 20 .13-15; 21.8). (COENEN e BROWN, 2007, p. 1024-1025;
Goulart, 2002, p.25).
As Escrituras descrevem o inferno como lugar de castigo eterno (Mt 25.46), chamas eternas (Is 33.14),
fogo que não se apaga (Mt 3.12), fornalha acesa (Mt 13.41-42, 49-50), fogo eterno (Mt 25.41), fogo e enxofre
(Ap 14.9-10), lugar de punição (II Pe 2.4) e tormento (Lc 16.23), lago de fogo (Ap 20.15; Bíblia de Estudo
Pentecostal e Plenitude).

IMPORTANTE!
O inferno deve ser explicado de maneira que preserve a
integridade das Escrituras!

O Novo Testamento é rico em citações a respeito desse terrível lugar (Geena), principalmente do próprio
Jesus, que advertiu
Mc 9.45-48; Lc 12.5,inúmeras vezes a todos
etc). Apocalipse que oo ouviam
fala sobre a respeito
lago de fogo desse20.14-15;
(Ap 19.20; destino (Mt 5.2,o29;
21.8), 10.28;
qual será 23.15,33;
a morada
eterna dos incrédulos, que colherão a consequência das suas escolhas, pois excluíram a Deus de suas vidas. O
desejo de Deus é que todos sejam salvos, mas não interfere no livre arbítrio humano, não obriga ninguém a
servi-lo ou obedecê-lo.“Porquenão tenho prazer na morte deninguém, diz oSenhor Deus. Portanto, conv ertei-
vos e vivei” (Ezequiel 18.32). O homem irá colher aquilo que ele mesmo plantou durante a sua vida. Deus nos
aconselha severamente para evitarmos a todo o custo este terrível lugar.
Características do Inferno – Um lugar sem amor, sem bênção alguma, sem a presença de Deus, cheio
de miséria e dor, choro e angústia (Mt 8.12; 25.46; Lc 13.28), sem compaixão nem bondade, lugar de trevas
ininterruptas, repleno de maldade, perversão e impiedade (Lc 25.30); lugar de dor física, lamentos, sofrimentos,
solidão (Ap 20.1-3), e isso durará enquanto Deus existir, ou seja
“para todo osempre”(Ap 19.3; Is 34.10). Lugar
que nunca enche (Pv 30.15-16); Não é um lugar preparado para o homem, mas para o diabo e seus anjos os
demônios (Mt 25.41; Ap 20.10; OLSON, 2002, p. 220-227; SILVA, 1988, p. 161-169).

CONVERSANDO!
É comum vermos pregadores referindo-se a Sheol ou Hades como
inferno por causa da tradução bíblica que utilizam. Se este for
o caso, então se pode considerar que inferno já foi inaugurado.
Mas se levarmos em consideração que Geena (lago de fogo)
é o inferno, então ele ainda não foi inaugurado. Depende da
interpretação que a pessoa está considerando na sua exposição.

Muitos ensinos errados são aplicados ao inferno (Geena), porém é preciso enfatizar que: o Diaboe seus
“anjos”serão lançados no inferno somente após o Milênio (Ap 20.7-14), não estão atualmente no inferno
(Geena ou Lago de Fogo), mas nos ares (Jó 1.7, 2.2; Ef 6.12); o Diabo não vai “brincando”
ficar de torturar os
ímpios pois ele mesmo vai ser atormentado continuamente (Ap 20.10b). Quem vai inaugurar o inferno é a

56
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Besta e o Falso Profeta (Ap 19.20); os ímpios serão lançados no inferno após o Juízo Final, e essa é a segunda
morte (Ap 20.14).

5.6 O QUE ACONTECEUCOM OS QUE MORRERAM ANTES DA PRIMEIRA


VINDA DE CRISTO?
O Hades (ou Sheol) foi modificado com o primeiro advento de Jesus. No Antigo Testamento, e antes da
crucificação de Cristo, todos os mortos justos ou ímpios tinham o mesmo destino de morada.
“lugar
O dos
mortos”era dividido ao meio por um abismo (Lc 16.26), de um lado ficavam os justos e do outro lado os ímpios.

Pode-se
o mundo então entender
dos mortos. que as
Isso ocorreu atéalmas dos justosdee Jesus
a crucificação dos ímpios
Cristo.eram conduzidas
A distinção é de ao
quemesmo
a almalugar: o hades,
dos justos
iria para oSeio de Abraão, enquanto que a dos ímpios iria para um lugar de tormento.
Quando Jesus morreu, desceu ao hades (mundo dos mortos) e realizou uma obra maravilhosa: tomou a
chave da morte que agora está em suas mãos (Ap 1.18) e levou cativo o cativeiro (Ef 4.8), ou seja, o lugar dos
justos no hades onde os santos do Antigo Testamento estavam ficou vazio após a subida de Jesus, pois Ele os
levou para oTerceiroCéu (Paraíso) quando subiu ao Pai. A morada dos justos agora não está mais no Hades,
mas no alto, junto do Salvador (OLSON, 2002, p. 221-224).
Conclusão: o Seio de Abraão, mudou de endereço apósa crucificação de JesusCristo– foi elevado aos céus
juntamente com os santos que nele estavam e agora é chamado de Paraíso. Já os ímpios mortos permanecem
no Hades, numlugar de tormentos ou suplícios, onde permanecerão até o Juízo Final. Por isso muitas vezes
as palavras Sheol (hades)são traduzidas como inferno, pois lá agora estão somente incrédulos
os num lugar
de tormentos aguardando a ressurreição para então serem condenados ao Lago de Fogo .

QUADRO: O ESTADO DOS MORTOS


FONTE: Disponível em: <www.igrejasementedavida.com.br>. Acesso em: 16 jan. 2012.

5.7 OS ÍMPIOS ESTÃOSOB CASTIGOE SOFRIMENTO


Segundo as Escrituras, haverá grande sofrimento e angústia para os mortos ímpios já no estado
intermediário (SEVERA, 1999, p. 430-431), pois estão num lugar de Tormentos no hades:
Eles estão sem a bênção da salvação. Os que morrem sem Cristo (que é a vida), morrem sem salvação e
carregam consigo seus pecados e consequências. Mortos espiritualmente, separados de Deus, não desfrutam
da presença e nem do poder de Cristo em suas vidas. Não desfrutam das delícias do Paraíso de Deus, não tem
nenhum aperfeiçoamento no seu caráter ou no seu espírito, não desfrutam do descanso eterno.

57
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Eles estão conscientes de sua perdição. Os ímpios também têm consciência depois da su a morte (Lc
16.23). A alma do ímpio está consciente de sua condição: do seu sofrimento, do seu afastamento de Deus, do
abismo intransponível que o separa do povo de Deus e do povo desta Terra. Sabe que está colhendo os frutos
dos seus atos e procedimentos, por viver uma vida alheia a Deus e a sua vontade.
Eles estão sendo castigados. O texto de 2 Pedro 2.9 faz referência ao castigo dos ímpios: “Assim, sabe
o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados
(punidos)...”A punição a que Pedro se refere aqui não é a do Juízo Final, mas a que começa logo após a morte
física, portanto, no estado intermediário. No mesmo capítulo, no verso 4, o apóstolo fala“Deus
que não poupou
os anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno”(tártaros),“e os entregou aos abismos da escuridão,

reservando-os
sendo castigados, ojuízo”. Essestambém
paraaguardando demônios
um também se encontram
castigo maior, em prisão
em contraste (1 Pe
com os 3.19). Os ímpios estão
justos:
“Então vereis outra vez
a diferença entre o justo e o ímpio; entre o qu e serve a Deus, e o que o não serve” (Ml 3.18).

5.8 PARAÍSO OU TERCEIRO CÉU


Na Bíblia a palavra céu tem pelo menos três significados distintos. A
primeira menção na Bíblia a respeito dos céus é em Gênesis “No
1.1: princípio
criou Deus os céus e a terra.”A Bíblia nos
diz que há mais de um céu, pois emprega
o termo céus (hebraico “shamayim”, que
está no plural). Severino Silva (1988, p.
171-175) explica a respeito do assunto: FIG.: PRIMEIRO CéU; idadecerta.com.br .

Primeiro Céu: céu atmosférico ( “Auronos”) ou firmamento (céu


inferior). é o céu que podemos ver, azul
FIG.: SEGUNDO CÈU; silviolobo.com.br;
com nuvens, que envolve a terra e o ar –
em 19.abr .2012 atmosfera (Gn 1.7-8; Mt 5.45; At 14.17).
Segundo Céu: Regiões Celestes(“Mesoranios”), céu dos astros, cósmico:
planetas, estrelas etc., fora da atmosfera terrestre, o céu astronômico (Gn
1.14-17: céu intermediário).
TerceiroCéu: c céu dos céus “Eporanios”
( ; céu superior). A morada do FIG; TERCEIRO CÈU; imanovajerusalem.
Altíssimo, onde está o trono de Deus e o Paraíso, a morada dos salvos, onde webnode.com.
os anjos circulam. (2 Co 12.2; Gn 1.14-17; Dt 26.15; Sl 2.4; Ef 6.9; Jo 14.1-3;
Sl 105.40).
“Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus
o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus
o sabe). Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Co
12:2-4).
O Paraíso é um lugar real (Jo 14.2-3), é para onde os salvos (justos) vão após a morte física, e em Cristo
obtiveram a salvação. Lugar intermediário onde as suas almas e espíritos estão continuamente na presença
de Deus em comunhão aguardando a primeira ressurreição. “Ora, de um e outro lado, estou constrangido,

tendo o desejo de partir e est ar com Cristo, o que é incomparavelment e melho r ” (Fl 1.23).
Características do Paraíso (TerceiroCéu): prometido àqueles que são fiéis a Deus (Jo 14.2; Is 66.1). é um
lugar eterno (2 Co 5.1; Sl 45.6; 145.13); fica no alto (Is 57.15), ao contrário do que fica em baixo. Local
Hades
onde há paz, alegria, não há dores, choro ou fome. é um lugar imenso, que abrigará milhares de pessoas, além
de anjos, tronos e salas (Ap 7.9). Um lugar de beleza indescritível, onde haverá total plenitude de alegria, vida,
glória, felicidade e sa úde perfeit a (Ap 21.4-7; OLSO N, 2002, p. 222; SILVA, 1988, p. 171-175).
Algumas pessoas como Enoque e Elias (hb 11.5; 2 Rs 2.11) foram arrebatadas ao céu em vida. Outros,
como o apóstolo Paulo, Estevão, João, tiveram um vislumbre e contemplaram o céu dos céus (At 7.55-56; 2
co 12.1-4; Ap 1.10-18).

5.9 OS JUSTOS NO GOZO DA SALVAÇÃO

58
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Zacarias de Aguiar Severa (1999, p. 428-430) cita em seu livro as grandes alegrias que os justos (salvos
em Cristo) terão no céu (Paraíso), no estado intermediário:
Os justos estão na presença de Cristo. No Antigo Testamento já é possível notar o conceito de que o
destino do justo e do ímpio é diferente depois da morte. A alma e o espírito do crente, após a morte, passa a
estar na presença de Cristo (Lc.23.43; 2 Co 5.8; Fl 1.23). O apóstolo Paulo fala sobre a existência sem o corpo
como “estarpresentes com oSenhor”,ou “estacom Cristo”,e que isso é melhor do que viver neste mundo,
no corpo (2 Co 5.6-7; Fl 1.23).
Eles estão no paraíso de Deus (céu). é a morada de Deus, lugar de delícias, identificado como o próprio céu
(2 Co 12.2-4). Também chamado de Paraíso ou Seio de Abraão. é neste lugar que Jesus foi após sua ascensão e
é lá que Ele permanece (hb 9.24). é o lugar para onde os salvos em Cristo vão imediatamente após sua morte
(Lc 23.43; Ap 2.7) e estão na presença do Salvador, de onde ninguém poderá tirá-los mais. é lá que o Senhor
recebe o espírito e a alma do crente após a sua morte (At 7.59).
Eles estão aperfeiçoados. Conforme cita hebreus 12.22-23:“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do
Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembleia e igreja dos primogênitos,
que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e
aos espíritosdos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o
Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que
Abel” (hbo12.22-23).
de
Paulo diz que Cristo vai
“peranteele vos apresentar santos, sem defeitoirrepreensíveis”
e (Cl 1.22; Ef 5.27).
Quando estiver no Paraíso, o crente é aperfeiçoado no seu conhecimento da realidade espiritual (1 Co 13.12)

Lá não há pecado, mas santidade, e tanto no caráter quanto o relacionamento com Deus serão aperfeiçoados.
Eles estão no gozo das bem aventuranças. Desde o momento de sua morte, os cristãos gozam das bem
aventuranças da salvação (Ap14.13). Estão em descanso (cessam-se todas as fadigas do corpoe do espírito);
todo peso da maldição do pecado fica para trás (Gn 3.16-19) nunca
e mais sofrerão coisa alguma desta vida
(Ap 7.16-17). Apesar de todo este estado de alegria e felicidade ainda lhes falta o corpo glorificado (Fl 3.21),
o galardão das obras feitas para o Senhor (2 Co 5.10; Ap 20.12) e o “novo céu e a nova terra” (Ap 21.1). A
promessa de Deus para estes cristãos é que... a glória será ainda maior
“Olho
- nenhum viu, ouvido nenhum
ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que aomam”(1 Co 2.9).
“Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o
Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da
vida; e Deus limpará de seu olhos toda lágrima.” ( Ap 7.16-17)

6. POSIÇÕES CONTRÁRIAS ACERCA DA MORTEE DO ESTADO


INTERMEDIÁRIO
6.1 INTRODUÇÃO
“Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó tornarão” Eclesiastes 3.20-21. Muitas religiões e
sistemas filosóficos tentaram explicar a srcem da vida e da morte, bem como qual o destino dos mortos após
a morte física. Neste tópico estaremos estudando o que algumas destas concepções apregoam e o que diz as
Escrituras Sagradas sobre o assunto. Bons estudos.

6.2 IMORTALIDADEDA ALMA SEM O CORPO


Muitas religiões e crenças e sistemas filosóficos creem também na imortalidade da alma, porém afirmam
que esta continuará para sempre incorpórea, ou seja, sem o corpo físico (não creem numa ressurreição
literal do corpo). Segundo algumas destas crenças, como por exemplo, o espiritismo, a alma pode sofrer uma
evolução espiritual mesmo após a morte. As religiões e tradições que buscam comunicar-se com os mortos
têm essa ideia. Na filosofia grega houve o desenvolvimento da ideia da imortalidade da alma principalmente
por Platão. Já para gnósticos e neoplatônicos, o corpo físico era apenas um obstáculo ao crescimento e ficavam
escandalizados com a ideia da ressurreição, pois consideravam a matéria má. Alguns teólogos modernos
concordam com a ideia de a alma continuar para sempre sem o corpo físico (SEVERA, 1999, p. 432).

59
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6.3 REENCARNAÇÃO
há uma série de variações quanto à ideia da reencarnação. Mas basicamente, trata da continuidade da alma
entre várias vidas– a alma ou o espírito da pessoa é encarnada repetidamente visando um crescimento do ser.
Ao fazer essa transição de um corpo para o outro a pessoa esqueceria suas vidas prévias. A ressurreição e o juízo
final são negados pela lei do karma. A pessoa tem que ser punida pelos pecados cometidos durante a sua vida
atual na próxima vida, e isso irá influenciar em qual estado social e físico ela nascerá no futuro. Várias religiões
orientais e o espiritismo apregoam essesnsinamentos,
e que são totalmente antibíblicos (hORTON, 1998, p. 55-58).

6.4 DOUTRINASQUE NEGAM A EXISTÊNCIACONSCIENTEDA ALMA APÓS A MORTE


Algumas religiões creem que a alma não pode sobreviver sem o corpo físico e com isso negam a existência
do estado intermediário (da consciência da alma entre a morte e ressurreição).

6.4.1 Sono da alma (psicopaniquia)


Negam a existência consciente da alma depois da morte e dizem que a alma continua existindo, mas em
repouso inconsciente, como um sono profundo. Creem que o corpo físico
necessário
é para haver consciência.
Baseiam-se em textos bíblicos que comparam a morte ao sono: Mc 9.24; At 7.60; 1 Co 15.51; 1 Ts 4.13. Os
textos bíblicos fazem uma comparação, é uma linguagem figurativa, uma metáfora do sono para referir-se à
morte – dormir é só uma forma de descrever a morte, porque um corpo morto aparenta estar dormindo, não
é um “sono” literal (SEVERA, 1999, p. 432; hORTON, 1998, p. 51-52).

IMPORTANTE!
O sono na Bíblia é uma metáfora da morte isso porque
assim como o sono é temporário, a morte física também é
temporária. Todos acordam do sono para começar a vida de
novo no dia seguinte, e todos os que morrem despertarão da
morte física.

6.4.2 Destruição da alma (aniquilamento)


Alguns afirmam que todas as almas são destruídas após a morte, enquanto queoutros dizem que as
almas dos ímpios é que serão aniquiladas (destruídas)
– após o juízo final e que suas almas serão jogadas no
inferno, consumidas pelas chamas deixarão
e de existir– neste caso a punição eternaé interpretada como
aniquilamento irrevogável (SEVERA, 1999, p. 432).
Os que creem dessa forma dizem que Deus não precisa da continuidade da existência para dar sequência
à existência no além, pois criará tudo novo, do nada. A Bíblia ensina que a vida futura está intrinsecamente
relacionada com a vida presente e que a alma (quer dos justos ou dos ímpios), continua existindo após a morte,
no além, sob punição ou na bem aventurança (Ec 12.7; Mt 25.46; Rm 2.8-10; Ap 14.13 e SEVERA, 1999, p. 433)

6.5 DOGMASCATÓLICOS
CONVERSANDO!
Você sabe qual a diferença entre dogma e doutrina?
Doutrina – significa ensino ou instrução. Doutrina é o ensino das
verdades fundamentais da Bíblia dispostas de forma sistemática. É
a revelação da verdade como se encontra nas Escrituras.
Dogma – é uma declaração humana acerca da verdade quando
apresentada em um credo. É algo que foi dito por alguém e que,
na visão do credo, ninguém pode contrariar.

60
ESCATOLOGIA BÍBLICA

6.5.1 Purgatório
Esse dogma foi instituído pelo papa Gregório I, em 593. O Concílio de Florença (1439) o aprovou e foi
confirmado na Contrarref orma, no Concílio deTrento em 1563. Segundoesta concepção, o hades ou heol
S é
um lugar de prova, ou de segunda oportunidade para a alma daquelaspessoas que não conseguiram sepurificar
o suficiente para irem diretamente para o céu. Segundo esta doutrina, os mortos que não sofreram o castigo
temporal devido aos seus pecados, e por causa disso levam sobre si a culpa de pecados veniais (perdoáveis ou
desculpáveis). Eles são provados e submetidos a um processo de purificação até que se encontrem dignos de
entrarem nas bem aventuranças do paraíso. Diz esta igreja que com exceção dos notáveis santos e mártires,
todos os demais eleitos futuros devem passar pelo purgatório (SEVERA, 1999, p. 433).
O purgatório seria então um lugar de purificação e preparação para o céu e ali o cristão sofreria angústias
resultantes da perda da visão de Deus, padecendo dores que variam de acordo com o grau de purificação
necessária. O sofrimento da alma pode ser aliviado através de orações e boas ações (esmolas) dos fiéis ainda
vivos e especialmente pelo sacrifício da missa aos mortos (chamados de sufrágios a favor do morto). O papa
pode conceder indulgências e tanto abrandar quanto acabar com o sofrimento da alma no purgatório.
Tal dogma baseia-seno texto apócrifo de 2Macabeus 12.43-45, e étotalmente estranha aosensinamentos
da Bíblia Sagrada que condena veementemente qualquer forma de culto (missa), ofertas em benefício ou
orações aos mortos. Se este dogma é correto, então a obra de Cristo não teria sido completa, pois a própria
pessoa precisa pagar ou sofrer através de atos purificadores pelos seus pecados para então obter
sua asalvação,
o que é um absurdo, pois é a mesma coisa que dizer que o sacrifício de Jesus não foi tão perfeito assim, sua
morte não teve o resultado que era esperado, foi um sacrifício insuficiente. Temos a salvação pelos méritos
conquistados por Jesus Cristo no Calvário, uma obra completa: todo
“O sangue de Jesus Cristo, nos purifica de
o pecado” 1 Jo 1.7.
Jesus não fala em nenhum purgatório nos Evangelhos:“E Jesus terminou assim: Portanto, estes irão para
eterna”Mt 25.46. Não há meio termo.Somos salvos pela graça
o castigo eterno, mas os bons irão para a vida
de Deus (dom gratuito, presente) de Deus, por meio exclusivamente da fé e não por nossos atos de justiça e
obras:“Porquepela graça sois salvos, mediante a fé;isto
e não vem de vós; é dom de Deus; não por obras,
para que ninguém seglorie” (Ef 2.8-9). E há um número grande de textos bíblicos que podem comprovar a
falácia deste dogma: 1 Jo 2.2; Lc 23.42-43; Fl 1.21-23; 2 Co 5.6-8; Jo 1.1,14; 1 Co 15.3; Rm 3.20-28; 5.1-9; 10.9-
13; 2 Co 5.10, 17; hb 9.27 etc. (hORTON, 1998, p. 53; SEVERA, 1999, p. 433).
Erickson diz: Tanto nesta vida como na vida futura, a base do relacionamento do crente com Deus é a
graça, não as obras. Não precisamos temer, portanto, que nossas imperfeições venhamexigir
a algum tipode
purgação após a morte, antes podemosentrarconfiantesna plena presença de Deus (Erickson, 1992, p. 493).

IMPORTANTE!
A obra redentora de Cristo foi completa. Não precisamos
dar nenhuma ajudinha para completar essa obra, ou sofrer
para pagar nossos pecados, mas somente aceitar esse grande
presente dado por Deus: a Salvação em Cristo Jesus.

6.5.2 O limbo das crianças (Limbus Infantus)


A palavraLimbus significa “orla, borda”.Segundo a doutrina romana, todas as crianças mortas antes do
batismo iriam para esse lugar especial, à borda do hades, pois não poderiam ser consideradas cristãs e assim
sua entrada no céu não é permitida. Mas apesar de serem excluídas, elas não são castigadas no inferno, então
ficam neste lugar, onde permanecem para sempre. Segundoeste dogma da greja
i romana, elas não sofrem,
pois conhecem a Deus e gozam de completa felicidade natural (SEVERA, 1999, p. 434; hORTON, 1998, p. 54).

6.5.3. O limbo dos pais (Limbus Patrum)

61
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O significado é semelhante ao Limbo das Crianças, um lugar à borda do hades onde as almas dos santos
do Antigo Testamento ficaram retidas até a ressurreição de Jesus Cristo. Para a igreja romana, o hades é
considerado a habitação dos espíritos mortos, tendo duas divisões, uma para os justos e outra para os ímpios.
A divisão dos justos era o“limbo dos pais” conhecido pelos judeus como seio de Abraão (Lc 16.23) e paraíso
(Lc 23.43). Depois do calvário, Jesus desceu e os livrou do confinamento temporário e os conduziu para o céu.
O limbus patrumnão tem apoio bíblico, e nem existe uma orla para os pais (santos antigos), portanto é um
ensinamento estranho às Escrituras (SEVERA, 1999, p. 434; hORTON, 1998, p. 54).

2
LEITURACOMPLEMENTAR
SAIBA COMO A MORTEÉ VISTA EM DIFERENTES RELIGIÕESE DOUTRINAS
De maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição. Já os
espíritas creem na reencarnação: o espírito retorna à vida material através de um novo corpo humano
para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no
corpo de algum animal ou vegetal. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro
sentido: é a continuação de um processo de purificação. Nas diversas religiões, o homem encara a morte
como uma passagem ou viagem de um mundo para outro.
· Filosofia
A sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e no julgamento após
a morte já era encontrada na filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. Já Sartre, filósofo
francês, defendia que o indivíduo tem uma única existência. Para ele, não há vida nem antes do nascimento
e nem depois da morte.
· Doutrina niilista
Sendo a matéria a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo.
· Doutrina panteísta
O Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal. Individualiza-se em cada ser durante a vida e
volta, com a morte, à massa comum.
· Dogmatismo Religioso
A alma, independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte. Os que
morreram em ‘pecado’ irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso.
· Budismo
O Budismo prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros corpos,
subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de acordo com a sua própria conduta.
O ciclo de mortes e renascimentos permanece até que o espírito liberte-se do carma (ações que deixam
marcas e que estabelece uma lei de causas e efeitos). [...]
· Hinduísmo
A visão hindu de vida após a morte é centrada na ideia de reencarnação e do carma. Para os hinduístas,
a alma se liga a este mundo por meio de pensamentos, palavras e atitudes. Quando o corpo morre ocorre
a transmigração. A alma passa para o corpo de outra pessoa ou para um animal, a depender das nossas
ações, pois a toda ação corresponde uma reação - Lei do Carma. [...]
· Islamismo (Religião Muçulmana)
Para o islamismo, Alá (Deus) criou o mundo e trará de volta a vida todos os mortos no último dia. As
pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois da avaliação divina. Esta vida seria então uma
preparação para outra existência, seja no céu ou no inferno. Quando a pessoa morre, começa o primeiro
dia da eternidade. Ao morrer, a alma fica aguardando odia da ressurreição (juízo final) para ser julgado
pelo criador. O inferno está reservado para as almas‘desobedientes’,que foram desviadas por Satanás.
2 - NASCIMENTO, Carolina.Saibacomo a morteé vistaem diferentesreligiõese doutrinas. Revista Época, São Paulo, Editora Globo, n. 325,
05/08/2004.

62
ESCATOLOGIA BÍBLICA

No Alcorão, livro sagrado, ele é descrito como um lugar preto com fogo ardente, onde as pessoas são
castigadas permanentemente. Para o paraíso, vão as almas que obedeceram e seguiram a mensagem de
Alah e as tradições dos profetas (entre eles, os cinco principais: No
é, Abrão, Moisés, Jesus filho de Maria e
Mohammed). No Alcorão, o paraíso é descrito como um lugar com rios de leite, córregos de mel e outras
belezas jamais vistas pelo homem.
· Espiritismo
Defende a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação em outro
corpo. Aqueles que praticam o bem evoluem mais rapidamente. Os que praticam o mal recebem novas
oportunidades de melhoria através das inúmeras encarnações.
· Igreja Adventista do Sétimo Dia
Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, os mortos dormem profundamente até o momento da ressurreição.
Quem cumpriu seu papel na Terra recebe a graça da vida eterna, do contrário desaparece. [...]
· Catolicismo
A vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório.
Dependendo de seus atos, a alma se dirige para cada um desses lugares.
A alma é eterna e única. Não retorna em outros corpos e muito menos em animais. Crê na imortalidade
e na ressurreição e não na reencarnação da alma. [...]
· Judaísmo
O judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato claroda vida após a morte, e
nem mesmo se existe de fato. é uma religião que permite múltiplasinterpretações. [...] Não creem que
Jesus foi o messias.
· Candomblé
Não existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna. As almas que estão na terra
devem apenas cumprir o seu destino, caso contrário vagarão entre céu e terra até se realizar plenamente
como um ser consciente e eterno. [...]
· Umbanda
A Umbanda sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de cultos afros e orientais. [...] alguns
umbandistas admitem o céu e o inferno dos cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação
e Carma. Com a morte do corpo físico, os espíritos bons podem se tornar protetores, enquanto os maus
(espíritos de pouca evolução, devido às poucas encarnações) podem virar perturbadores. Os mortos
(desencarnados) podem ser contatados, ajudados ou afastados.

7. A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS


7.1 INTRODUÇÃO
Como pudemos observar até agora, a morte não é um ponto final na vida humana, porém uma vírgula.
O que será escrito após essa vírgula depende muito da escolha realizada em vida pela pessoa: andar com
Deus ou sem Ele. Não há meio termo e nem outro caminho, segundo as Escrituras. Ou é o caminho largo ou
o estreito, a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. é andar com Deus em santidade, entregando nossas
vidas diariamente a Cristo em sacrifício vivo, ou a separação eterna do Criador. Toda nossa vida nesta terra e
mesmo depois da morte dependem dessa decisão. Isso é uma escolha pessoal de cada um de nós. Deus não
interfere em nosso livre arbítrio.
O Novo Testamento afirma que Deus vai ressuscitar os mortos e que isso não é algo difícil para Ele fazer,
pois por toda a Bíblia vemos exemplos de pessoas sendo ressuscitadas. No último tópico deste capítulo
estaremos estudando alguns aspectos relacionados à ressurreição dos justos e dos ímpios. Esta será apenas
uma introdução ao assunto, onde apontaremos os aspectos básicos relacionados doutrina
à da ressurreição.
Posteriormente teremos um maior aprofundamento no assunto, principalmente quando tratarmos do
Arrebatamento da Igreja e do Juízo Final.

63
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida
a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e
não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior” (Jó 19.25-27).

7.2 O QUE É RESSURREIÇÃO?


Quando Cristo nos redimiu, Ele não redimiu apenas nosso espírito (ou alma). Nossa redenção é integral, e
isso inclui também nosso corpo, e isso quer dizer que a obra em nosso favor não estará completa até que todo
nosso ser seja liberto das consequências do pecado e levado ao estado de perfeição para o qual Deus nos criou.
“Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela,
mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a
adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se
vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com
paciência o esperamos.” (Rm 8:22-25)
Ressurreição significa“tornar a vida”, “ação de ressurgir”, “erguer-se”, “renovação” (do grego “Anastasis”
– ressurreição,“Anazao”– voltar a vida,“egeiró” – acordar, levantar). Pode ser definida como tornar à vida de
forma sobrenatural. É a união da alma e espírito com o corpo liberto do poder da morte (LAHAYE e HINDSON,
2010, p. 396).
A Bíblia diz que todos os mortos, salvos ou ímpios, irão ressuscitar. A diferença está na forma: os salvos
irão ressuscitar para a vida, com um corpo glorioso (1 Co 15.35-53) e os ímpios ressuscitarão com um corpo
vergonhoso e desprezível (Dn 12.2):“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida
eterna, e outros para vergonha e desprezoeterno”.
A Bíblia cita muitos exemplos de pessoas que ressuscitaram: Elias ressuscitou o filho da viúva de Sarepta
(1 Rs 17.17-22); Eliseu ressuscitou o filho da sunamita (2 Rs 4.18-37) e um homem que foi lançado sobre o
sepulcro do profeta tornou a vida(2 Rs 13.20-21). Ressurreições queJesus efetuou: Lázaro (Jo 11.43-44); filha
de Jairo (Mt.9.23-26), filho da viúva de Naim (Lc 7.12-15), alguns corpos de pessoas ressuscitaram após a
morte de Jesus (Mt 27.52-53). Os apóstolos também oraram e pessoas ressuscitaram: Pedro e Dorcas (Tabita)
(At 9.36-43); Paulo e Êutico (At 20.9-12).
Todos estes exemplos foram de pessoas que tornaram à vida com um corpo corruptível e temporário,
não foram ressurreiçõesdefinitivas, pois esses indivíduos morreram posteriormente, mas atestam o poder
de Deus sobre a morte. A ressurreição que os salvos aguardam é superior a estes exemplos, é a mesma que
Jesus experimentou, Mt 28.6-7;Lc 24.34; Jo 2.22(OLSON, 2002, p. 183-185; SILVA, 1988, p. 150-160; LAhAYE
e hINDSON, 2010, p. 402-403).

7.3 A RESSURREIÇÃO DE JESUS


De acordo com o Novo Testamento, a ressurreição de Jesus é o centro da crença cristã primitiva. 1 Coríntios
15.14-17 afirma que este evento é tão essencial que o exercício da nossa fé é, na verdade, em vão ou vazio se
Jesus não ressuscitou dos mortos.
“E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos
também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a
Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos
não ressuscitam também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda
permaneceis nos vossos pecados” (1 Coríntios 15:14-17).
Jesus entregou-se à morte por nossa causa, para perdão dos nossos pecados e ressuscitou para nossa
justificação (Rm 4.25), para que tivéssemos esperança e não desfalecêssemos, pois tal qual ele é, também
seremos (1 Co 15.20):“Cristoressuscitou dentre dos mortos e foi feito as primícias dosdormem”.
que João
14.19:“...porque eu vivo, e vós vivereis.”Ele explicou que este era o principal sinal de que Ele era o mensageiro
de Deus (Mt 12.38-42).
O apóstolo Pedro afirma que nossa esperança está baseada na ressurreição (1 Pe 3-4). Foi a ressurreição
que marcou Jesus como porta voz de Deus (At 2.22-24). Paulo pregou que a ressurreição era a evidência que

64
ESCATOLOGIA BÍBLICA

indicava que todos deveriam arrepender-se e converter-se a Jesus (At 17.30-31). A ressurreição dos crentes é
baseada na ressurreição de Jesus: 1 Co 6.14; Fl 3.21; 1 Jo 3.2 (LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 396).
A ressurreição de Cristo foi predita no Antigo Testamento por Davi (Sl 16.10), Isaías (Is 53.10-12) e pelo
próprio Senhor (Mt 12.38-40; 17.22-23; 20.18-19; 2632; Lc 9.22; Jo 2.18-22). Jesus mostrou que o Messias
padeceria, mas depois ressuscitaria dentre os mortos. Muitas foram as testemunhas desta ressurreição
(SOARES, 2008).

QUADRO: AS APARIÇÕES DE JESUS PÓS-RESSURREIÇÃO; disponível em www.apazdosenhor.com.br. Acesso em: 17.abr.2012.

Quando afirmamos que Cristo foi o primeiro (primícias) a ressuscitar, isso quer dizer que Ele foi o primeiro
a ter um corpo glorificado e incorruptível. Sua ressurreição é a garantia, a prova de que Ele é o filho de Deus e
a certeza dos salvos de que tal qual Ele é, assim também seremos, pois o Senhor não mente e não quebra suas
promessas. Essa é aglória do cristianismo: temos um Deusvivo, ressurreto, enquanto que outras religiões têm
seus fundadores embaixo na sepultura. Nele o que era até então promessa, torna-se cumprimento, pois se ele
ressuscitou, nós também ressuscitaremos, é a nossa segurança no presente noefuturo (OLSON, 2002, p. 184).

IMPORTANTE!
A doutrina da Ressurreição é para nós cristãos um dos elementos
mais consoladores e tranquilizadores da Palavra de Deus. Porém
precisamos saber que o termo ressurreição é usado também
com outros significados (CABRAL 1998):
Ressurreição Nacional – é uma metáfora e diz respeito à
restauração e renovação do povo de Israel em termos políticos, geográficos, materiais
enoespirituais, em cumprimento
Reino Milenar (Zc 14.1-5). a várias profecias do Antigo Testamento. Terá seu auge
Ressurreição Espiritual – também é uma metáfora, e refere-se àqueles que mortos
em seus delitos e pecados ressurgem espiritualmente para uma nova vida com Cristo
(Rm 6.4).
Ressurreição Física – não é uma metáfora, mas algo real, literal. Pessoas que
morreram e serão ressuscitadas fisicamente: os justos para a glória eterna e os
ímpios para o juízo eterno (sentido escatológico), ou pessoas que morreram, foram
ressuscitadas e tornaram a morrer (sentido temporal, como no caso de Lázaro).

65
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

7.4 A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E DOS ÍMPIOS


Biblicamente há uma distinção entre a ressurreição dos justos e dos ímpios. Apocalipse 20.5 fala da
“PrimeiraRessurreição”em relação aos mártires fiéis que deram a vida por Cristo na Tribulação, e o contexto
sugere que os ímpios apenas serão ressuscitados no final da história,“Segunda
na Ressurreição”(LAhAYE e
hINDSON, 2010, p. 402-403).
Pode-se então compreender que há uma distinção:a “Primeira Ressurreição”refere-se à ressurreição
dos fiéis (justos, crentes), enquanto que“Segunda
a Ressurreição”refere-se à ressurreição dos incrédulos e,
ambas, estão no futuro.

IMPORTANTE!
Todos serão ressuscitados da morte física: uns para o céu,
outros para o inferno. A ressurreição física significa um novo
tipo de vida!

7.4.1 A primeira ressurreição


Também chamada de“Ressurreiçãopara avida”,“Ressurreiçãodos Justos”e “Ressurreição dentre os
mortos”e diz respeito só aos que morreram salvos. Passagens bíblicas que atestam a primeira ressurreição:
Lc 14.13-14; Fl 3.10-14; hb 11.35; Jo 5.28-29; Ap 20.6.
Para compreendermos melhor essa ressurreição é preciso ter em mente que ela é um processo e se dará
em várias etapas ao longo da história e do futuro, e isso significa que nem todos os salvos ressuscitarão ao
mesmo tempo. Segue um resumo de cada um dos estágios dessa ressurreição (LAHAYE e HINDSON, 2010, p.
402-403; Bíblia de Estudo Profética, 2005, p. 1052):
· O Salvador – A ressurreição de Jesus Cristotornou-se o modelo e as primícias da prime ira ressurreição
(Rm 6.8; 1 Co 15.20; 23; Cl 1.18; Ap 1.18). Jesus é o grão de trigo que caiu na terra, morreu, e produziu
muito fruto (Jo 12.24).
· Santos Escolhidos do Antigo Testamento – Por ocasião da morte de Jesus, muitos túmulos de
crentes escolhidos do Antigo Testamento foram abertos (Mt 27.52-53). Representam o primeiro
molho de trigo colhido (Lv 23.10-12; 1 Co 15.23). Depois da ressurreição de Jesus estas pessoas
apareceram na cidade a muitos, como um sinal confirmador de que Jesus era o Messias (Mt 27.50-
53).Para entendermos melhor, tanto a ressurreição de Cristo quanto ados Santos Escolhidos do
Antigo Testamento podem ser consideradas apenas uma etapa ou estágio da primeira ressurreição.
· Os Salvos que Morreram – Os remidos do Senhor que se tornarão a noiva de Cristo (2 Co 11.2; Ef
5.23-32; Ap 22.17), e que dormiram“em Cristo” serão ressuscitados juntamente no arrebatamento
da Igreja (1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.14-17). Representam a colheita do trigo.
· Os Mártires da Tribulação – Refere-se aos mortos no período da Tribulação, que serão ressuscitados
e reinarão com Cristo por mil anos (Ap 6.9-11; 7.9-17; 14.1-5; 20.4-6). Representam o restolho da
ceifa de trigo, as respigas da colheita.
Além destas três etapas na primeira ressurreição há ainda (LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 402-403):
· Ressurreição dos Santos do Antigo Testamento – (Daniel 12.1-3 e Isaías26.16-21). Os santos do
Antigo Testamento (de Adão até o Pentecostes) serão ressuscitados no final do período da Tribulação
para reinarem com o Messias em seu reino.
· Ressurreição das Duas Testemunhas – Apocalipse 2 fala dos dois servos do Senhor que serão
testemunhas em Jerusalém durante a primeira metade da Tribulação e que, no final, serão mortos,
porém após três dias e meio serão ressuscitados para que o mundo inteiro veja (Ap 11.9-11).
Deus irá ressuscitar nosso corpo, pois a salvação de Cristo é integral para o ser humano: corpo, alma
e espírito (Rm 8.18-25). Nosso corpo é templo do Espírito Santo e através da ressurreição todo pecado será

66
ESCATOLOGIA BÍBLICA

desfeito e o último inimigo: a morte do corpo será vencida, pois será aniquilada com a ressurreição (1 Co
15.26). Não podemos nosesquecer de que nossa ressurreição está garantida pela ressurreição Cristo.
de Tudo
isso ocorrerá para que venhamos a ser tudo o que Deus pretendeu que fossemos desde a criação (2 Co 2.9) e
possamos conhecer a Deusintegralmente (Jo 17.3), (GRUNDEM, 1999, p.697-703; CABRAL, 1998; SOARES, 2008).

7.4.2 O corpo da primeira ressurreição


Diversas passagens declaram ou dão a entender que o corpo ressurreto dos salvos será semelhante ao
corpo glorificado de Cristo:
“Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu
eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fl 3.21); “Amados, agora somos filhos de Deus, e
ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1 Jo 3:2).
“O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu.
Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim
como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. E agora digo
isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a
incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta
soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto
que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.
E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”
(1 Co 15:47-54).
Nestes textos é possível ter uma ideia de como será esse novo corpo: não importa como os corpos foram

sepultados,
glorioso comose na terra,
o de no(Rm
Cristo fundo dosFlmares
8.29; ou 1rios,
3.20-21; se queimados,
Jo 3.2; 1 Co 15.20,eles serão
42-44, 49);ressuscitados. Este corpo
não será composto será
de carne
e sangue; será um corpo real (Lc 24.36-43) e imortal; incorruptível (não capaz de se corromper pelo pecado);
não estará mais sujeito adoenças, decomposição e morte; será resistente e imperecível; um corpo que terá
domínio sobre a matéria (Jo20.19-20); glorioso (santo); poderoso (não sujeito às limitações naturais); será capaz
de comer e beber (Lc 14.15; 22.16-18, 30; 24.43); será reconhecível (Lc 16.19-31); não se cansará e será capaz
de feitos grandiosos a serviço de Cristo (Ap 22.3-5); um corpo espiritual, não limitado pelas leis da natureza
(Lc 24.31; Jo 20.19); um corpo celestial, capaz de amar, obedecer e servir ao Senhor sem pecado, apropriado
pra o novo céu e a nova terra (1 Co 15.42-44, 47-48; Ap 21.1), (GRUNDE M, 1999, p.697-703; CABRAL, 1998;
SOARES, 2008).
Paulo faz uma analogia desta transformação utilizando o exemplo de uma semente de trigo jogada ao solo.
Uma semente é dura e aparentemente sem vida, porém depois de crescer torna-se uma planta maravilhosa e
cheia de vida. Com nosso corpo será parecido:
“Assimserá a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado
é perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e
ressuscita em poder; é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. [...] Assim como tivemos a
imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial”(l Co 15.42-44, 49).

7.5 A SEGUNDARESSURREIÇÃO
Também chamada de“Ressurreiçãopara o juízo”, diz respeito aos incrédulos. Passagens bíblicas que
atestam a segunda ressurreição: Jo 5.29; Ap 20.5; 11-13; At 24.15 (LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 402-403).
Jesus declarou que está chegando a hora quando todos que estiverem nas sepulturas sairão, alguns para
a ressurreição da vida e alguns para a ressurreição do juízo (Jo 5.28-29). Exortou os discípulos a não temerem
os que matam o corpo, mas temerem os que podem fazer perecer no inferno tanto a alma quanto o corpo
(Mt 10.28).
A segunda ressurreição ocorrerá apenas em uma única etapa. O tempo desta ressurreição será a
consumação dos séculos, após operíodo do Milêniona Terra, quando haverá então o Juízo Final(hb 4.13).

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Portanto, esta ressurreição ocorrer


á mil anos após a primeira ressurreição. Os perdidos de
todas as erasserão
então recolhidos do lugar dosmortos (hades ou Sheol) e trazidos diante doGrande Trono Branco (Ap 20.11-
15), onde serão condenados a passar a eternidade no lago de fogo (Geena), Mt 25.41-46.
Esta é a ressurreição dos não redimidos, ou seja, nenhuma pessoa redimida passará pela segunda
ressurreição, mas apenas os perdidos destinados aocastigo eterno. Apocalipse 20.13 dizque todos os mortos,
independentemente de onde morreram e da condição dos seus corpos, serão ressuscitados para serem julgados
pelo supremo juiz.
Assim entende-se que os ímpios ressuscitarão para a“segunda morte” (Ap 21.8), que não significa
aniquilamento como muitos pregam, mas banimento eterno da presença de Deus (2 Ts 1.9) num lugar terrível,
que arde continuamente com fogo inapagável– o tormento eterno (Ap 14.10-11).
João 5.29 também fala desta segunda ressurreição que envolve apenas os não remidos de todas as eras.
Qual a base deste julgamento? Rejeit
aram a Deuse a Cristo, epor isso ficarão eternamente separados do Criador
.

7.5.1 O corpo da segunda ressurreição


Em Atos 24.15, Paulo fala sobre a ressurreição tanto de justos quanto de injustos. Outras passagens
também mostram o fato de que os não salvos ressuscitarão em seus corpos, porém esse corpo não será como
o dos salvos, pois será destinado à condenação e ao fogo eterno. A Bíblia fala pouquíssimo sobre o corpo da
segunda ressurreição, mas sabemos que este corpo será também espiritual, porém sem glória alguma, sem
beleza, para que sejam julgados pelas suas obras (Ap 20.12; Dn 12.2) diante do Supremo Juiz (hb 4.13; 9.27;
Rm 2.5-6), (GRUNDEM, 1999, p.697-703; CABRAL, 1998; SOARES, 2008).
Os ímpios apenas ressuscitarão para uma segunda morte (Ap 21.8). Essa morte não é aniquilamento,
mas banimento da presença de Deus (2 Ts 1.9), o que implica em serem lançados na Geena,
“lago
o de fogo”
(Mt 25.41-46), o tormento ou suplício eterno (Ap 14.10-11).
Veja o quadro a respeito das ressurreições:

QUADRO: AS CINCO RESSURREIÇÕES; FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 1053; em 18.abr.2012

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

RESUMO DO CAPÍTULO
Aprendemos sobre o que a Bíblia diz a respeito da morte e do estado intermediário tanto dos justos
quanto dos ímpios.
· Estudamos os três tipos de morte: física, espiritual e eterna segundo as Escrituras.
· Também vimos o que diversas religiões pensam a respeitodo assunto.
· é nesta vida que o homem deve fazer sua escolha de onde passará a eternidade.
· QUADRO RESUMO: a Morte, o Estado Intermediário e a Ressurreição dos Mortos

QUADRO: RESUMO SOBRE A MORTE, ESTADO INTERMEDIÁRIO E RESSURREIÇÃO DOS MORTOS;


FONTE: As autoras

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 3
Nome: Série: Data da Entrega:

Prezado aluno, através desta autoatividade você terá a oportunidade de rever o conteúdo estudado neste
capitulo. Esta é uma atividade avaliativa, portanto, faça-a com atenção e dedicação. Boa revisão!

QUESTÕES:
1. O que é a morte? Explique os diferentes ti pos de morte.
2. O que diz a Bíblia sobre o estado intermediário dos ímpios e dos justos mortos, antes e depois de Cristo?
Resuma as principais posições contrárias às Escrituras acerca da morte e do estado intermediário.
3. há alguma possibilidade de comunicaçã o dos mo rtos com os vivos? O que a Bíblia diz a respeito?
4. Explique como será a primeira ressurreição e quem passará por ela.
5. Explique como será a segunda ressurreição e quem passará por ela.

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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO4
SINAIS DOS TEMPOS
1. SINAIS DOS TEMPOS
1.1 INTRODUÇÃO

4
“Passará os céus e a terra, mas as
minhas palavras não passarão”
(Mt 24.35).
O
O evento central da Escatologia L
cristã é a Segunda Vinda de Cristo U

0
– a Parousia. Todos os demais T
acontecimentos escatológicos estão P
ligados a ela. A
A volta de Jesus é a promessa C
mais gloriosa que está para se
cumprir, co m efeitos jamais vistos em
toda a história da hum anidade. Para
termos uma ideia, basta analisarmos
a primeira vinda de Cristo que foi FIGURA 23: FINAL DOS TEMPOS; em:
suficiente para mudar o rumo de toda www.endtime.co m; em 20.abr.2012
a história humana. Com a segunda
vinda não será diferente.
Os sinais da vinda de Cristo estão muito presentes nos dias atuais. O
mun do ainda não percebeu isso, e muito s vivem alheios a esses sinais, mas a
Igreja de Cristo precisa estar alerta, pois o Dia do Sen hor está muito próximo .
Neste capítulo estaremos abordando os assuntos relacionados à Segunda Vinda
de Cristo, mais precisamente os sinais que antecedem tal evento. Bons estudos!

1.2 O QUE SÃO SINAIS DOS TEMPOS?


Segundo Begstéin (2007, p. 302-303), “’Sinais dos tempos’ são fatos
proféticos preditos que, quando acontecem, constituem prova de qu e outras
profecias já aconteceram ou estão para acontecer ”. Sinal é um aviso, um
prenúnci o de que algo irá acontecer e por isso mesmo precisamos ficar atentos.
A palavra profética contém muitos sinais que quando confirmados
comprovam que a vinda de Jesus está próxima. houve sinais na primeira vinda
de Jesus (como homem), e há também sinais para sua segunda vinda.
Os discípulos pediram sinais ao Senhor do que iria acontecer no futuro
(Mt 24.3): “E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele
os seus discípulos em particular, dizen do: Dize-no s, qu ando serão essas coisas,
e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”
O mestre lhes falou de determinados sinais que aconteceriam, dos
quais é possível entender que: 1. existem sinais reais, pelos quais é possível
determinar que o “Filho do homem” está às portas (Mc 13.29; Lc 21.31) e que
por meio destes pode-se conhec er o “tempo” (Rm 13.11) e ver que “aquele
dia” se aproxima (hb 10.25) pois “já está próximo o fim de todas as coisas” (1
Pe 4.7); 2. embora os sinais mostrem “que o dia está próximo”, jamais alguém

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

poderá dizer com exatidão o retorno de Jesus, nem os anjos do céu, nem o filho, senão somente o Pai sabe
qual é este dia (Mc 13.32; Mt 24.36). Sabemos que este dia está bem próximo (Fl 4.5).
Mesmo não revelando a data, há na Bíblia, segundo estudiosos, 217sinais que antecedem a Segunda
Vinda de Cristo. Neste livro não teremos como abordar todos estes sinais, porém vamos dividi-los de forma
que o estudo a respeito do assunto se torne mais fácil para o caro aluno.

1.3 A SEGUNDAVINDADE CRISTO


Sem dúvida alguma, a Segunda Vinda de Cristo é o evento mais aguardado por toda a igreja. As Escrituras
Sagradas dizem que nos tornaremos como Jesus na ocasião de sua vinda (1 Jo 3.2):
“Nossoscorpos serão
gloriosos e dotados de esplendor e beleza; serão corpos poderosos e apropriados às regiões celestiais”.
Escatologicamente, o se gundo advento de C risto se desdobrará e m duas etapas ou fases distintas:
· 1ª Fase da Segunda Vinda: o arrebatamento da igreja juntamente com os santos que ressuscitarão
naquele dia– será nas nuvens, e a noiva (igreja) irá até seu noivo (Jesus)
– Sua vinda no ar– 1 Ts
4.16-17;
· 2ª Fase da Segunda Vinda: a manifestação triunfal de Jesus com os seus anjos e os santos de forma
gloriosa, física e visível, para livrar Israel do Anticristo, julgar as nações e implantar o Milênio– Sua
vinda à terra – Zc 14.4-5; At 1.11).
Inserir Ícone 9
Legenda: CONVERSANDO!
Neste momento vamos fazer um ACORDO:
Primeiro: vamos estabelecer uma convenção para cada fase da Segunda Vinda:
· Eventos exclusivos da 1ª Fase da Segunda Vinda – 1FSV
· Eventos exclusivos da 2ª Fase da Segunda Vinda – 2FSV
Segundo: para facilitar nosso estudo e como estaremos abordando neste capítulo
apenas os sinais pré-vinda, quando não usarmos nenhuma das convenções acima,
significa que estamos tratando a segunda vinda como um evento futuro (não dividindo
as fases correspondentes), porém nos próximos capítulos estaremos estudando as fases
separadamente: arrebatamento (1FSV) e milênio (2FSV).

Apenas no Novo Testamento há mais de 300 referências à volta do Senhor. Um em cada 25 versículos do
Novo Testamento fala a respeito desse evento o que mostra o tamanho e a importância do mesmo. O estudo
desta doutrina é importante por que: admite-se que seja a chave para a história da humanidade; seu imenso
valor é destacado em toda a Bíblia; permite uma melhor compreensão das Escrituras; é a principal esperança
da igreja; estimula o serviço cristão.
Inserir Ícone 6
Legenda: NOTA!

Vamos relembrar os três principais termos utilizados para a Segunda Vinda de Cristo no
Novo Testamento?
Parousia – Significa “presença” ou “chegada”. Esta palavra designava a chegada e a
presença real de um rei no Novo Testamento (Mt 24.3; 1 Ts 2.19).
Apocalipsis (Apokalupsis) – Significa “revelação” e indica que agora Cristo não está agindo
de maneira pessoal e visível no mundo, mas que um dia Ele será revelado em toda a sua
glória, na sua natureza verdadeira, na sua plenitude (1 Co 1.7; 2 Ts 1.7).
Epifaneia (Epiphanea) – Significava no Novo Testamento o aparecimento e uma divindade
para socorrer o seu povo (Tt 2.13; 2 Tm 4.8).

74
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3.1 A certeza da Segunda Vinda


Este é u m po nto da E scatologia q ue praticamente não há controvérsias (1FSV), po is praticamente todos os
teólogos ortodoxos, bem como a maioria dos ramos do cristianismo, creem na Parousia. A Bíblia é muito clara
quanto a isto, e enfatiza muito mais a segunda vinda do que a primeira, porém quando se toca no assunto de
“quando” e “como” o evento ocorrerá, aí sim há discussões acaloradas.
A primeira vinda de Cristo deu início à consumação dos séculos (Jesus como
homem ) (At 2.14-20; hb 1.2), a segunda vinda a concluirá (Mt 24.30). O próprio Jesu s
afirmou várias vezes que voltaria (Mt 24.30; 25.31; Jo 14.3; etc.), os anjos anunciaram
sua volta (At 1.10-11); os apóstolos ensinaram sobre ela (1 Co 15.51-52; 1 Ts 1.10;
4.16-17; Tg 5.7-8; 2 Pe 3.9-10; hb 9.27-28), outros escritores da Bíblia fizer am essa
afirmação (Jó 19.25; Dn 2.13-14), o testemunho constante da Ceia que o Senhor
ordenou nas igrejas também nos adverte sobre a sua volta (1 Co 1 1.26), os sinais que Aguarde... vamos
ora se cumprem atestam que Jesus virá (Mt 16.3; 24.3). estudar a causa
Além de todas estas coisas, a última profecia repetida no Novo Testamento nos das discussões
garante a sua volta (Ap 22 .20): “Aquele que testifica estas coisas diz:Certamentecedo posteriormente.
venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus” (SEVERA, 1999 p. 447).

IMPORTANTE!
A Segunda Vinda de Cristo – a Parousia– é o evento mais
profetizado, mais certo, mais definitivo do Novo Testamento.

1.3.2AquiA começam
Natureza da Segunda Vinda
as discussões. Como já dissemos, a segunda vinda é um fato. Mas como Jesus vai voltar?
Qual a natureza deste evento? Aí sim há debate entre os teólogos e estudiosos, isso porque muitos não creem
que Cristo voltará de forma objetiva e visível, mas interpretam essa volta como algo espiritual, subjetivo e
invisível. Alguns até acreditam que a ressurreição de Jesus, a descida do Espírito Santo, a conversão de uma
pessoa ou avivamentos, correspondem à Parousia.
Não se pode negar que todos esses eventos citados são vindas de Cristo a nós, porém a Bíblia nos relata
um evento específico q ue será pessoal (Jo 14.3), exterior e visível (At 1.11), de forma inesperada (Mc 13.33-
37) e gloriosa (Mt 16.27). Cristo voltará pessoalmente, ele mesmo em pessoa nos buscar . Não podemos
confundir a atuação do Espírito Santo na Igreja com a Segunda Volta de Cristo (Jo 14.3; At 1.10-11; 1 Ts 4.16).
há também um conceito errado que diz que a morte corresponde à segunda vinda de Cristo, contudo já
estudamos que a morte é o oposto, pois mortos em Cristo ressuscitarão nessa ocasião. Com a morte iremos para
Cristo, mas na sua vinda ele virá nosbuscar. Passagens bíblicas comoMateus 16.28 e Filipenses, perdem totalmente
o sentido se substituíssemos morte por segunda vinda. Além disso, a morte é um inimigo, enquanto que a vinda de
Cristo (1FSV) é nossa gloriosa esperança. (Mt 24.36-42; Fl 3.20), (PEARLMAN, 1996, p.310).
Há correntes reli giosas que garantem que a segund a vinda já ocorreu no ano 70 d.C. quan do Jerusalém
foi destruída pelas tropas do Império Romano. Porém, em nenhum desses eventos houve ressurreição dos
mortos, não houve arrebatamento dos vivos transformados e nenhum outro dos acontecimentos preditos
pelas profecias bíblicas referentes ao segundo advento.
Jesus não virá espiritualmente de forma invisível e oculta, mas sim à vista de todos (hb 9.28; Fl 3.20; Ap
1.7). Sua v inda será exterior, em glória (Mt 16.27; 25.31), (2FSV), (ThIESSEN, 1989. p. 316 – 319).

1.3.3 O tempo da Segunda Vinda não pode ser determinado


Como já citado anteriormente, o tempo da Parousia (1FSV) não pode ser determinado, é desconhecido
(Mt 24.44; 25.13; Lc 12.45-46; 1 Ts 5.2-3; 2 Pe 3.10). “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o
Pai reservou para sua exclusiva autoridade” (Atos 1.7).

75
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Jesus virá como o ladrão:“O dia do Senhor virá como o ladrão denoite” (1 Ts 5.2). Aqui noite refere-se
à noite espiritual, moral, significando pecado, ódio, maldade, violência, imoralidade, e temos visto que isso
tem aumentado muito a cada dia. O ladrão vem quando é menos esperado (Ap 16.15): “Eis que venho como
ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as
suas vergonhas”.
As Escrituras alertaram que este seria um tempo de demora durante o qual muitas vezes a igreja seria
tentada a duvidar doretorno do seu salvador (Lc18.7-8), enquanto alguns estariam sepreparando, outros
seriam negligentes por causa da demora donoivo (Mt 25.1-11).“Ministrosinfiéis desviar-se-ão, dizendo consigo
mesmos:‘O meu Senhor tarda avir’ “ (Lc 14.45).“Muito tempo depois...”(Mt 25.19).“...meianoite” (Mt 25.6).
O Senhor avisa seus servos:“Negociaiaté que euvenha”.Deus jamais se atrasa. Se há demora no retorno
de Cristo, devem existir boas e convenientes razões para isso: um coração amoroso e misericordioso. Um Deus
compassivo que ainda está aguardando que muitos ouçam o Evangelho e atendam à mensagem crendo, pois
é seu desejo que todos sejam salvos. (PEARLMAN, 1996, p.311; hORTON, 1998, p.23).
Na história do cristianismo, alguns grupos tentaram calcular e até marcaram o dia da volta de Cristo (veja
a Leitura complementar no final deste tópico), porém todos fracassaram. há muitas suposições e especulações,
mas ninguém sabe. Especular neste caso significa tentar marcar a data de sua volta. Assim como no tempo
de Jesus os fariseus enganaram-se sobre a sua vinda (Lc 17.20-23), também hoje muita gente está enganada,
crendo erradoe pior, ensinando errado sobreo assunto. Não somosdonos da verdade, masa Palavrade
Deus é a verdade. Há muitos fariseus dentro das igrejas especulando sem levar em consideração os princípios
basilares da hermenêutica bíblica. O fatoque:
é Ele virá. Só serão pegos desurpresa os incrédulos e osincautos
(crentes que não estiverem vigiando), (APOLONIO, 1985, p. 16-18)
Para os crentes vigilantes esse dia não será inesperado e nem serão tomados de surpresa, antes será
um dia de grande alegria e regozijo. Por isso somos alertados a ser cautelosos:
“acautelai-vos” é o conselho
de Jesus em vários textos, o que significa que precisamos estar de sobreaviso, nos prevenir, precaver, pois o
tempo está próximo.
1.3.4 Propósitos da SegundaVinda
Zacarias de Aguiar Severa (1999, p. 454-455) cita três principais propósitos para a SegundaVinda de Cristo:
 Consumação da Salvação – Na sua primeira vinda, Jesus fez expiação pelos pecados e proveu um
alicerce de justiça para a salvação dos crentes. A salvação já é real para todo aquele que pela fé aceitou
a Cristo pela fé, foi regenerado e justificado, e está continuamente procurando viver na presença
de Deus. Na segunda vinda de Cristo, o crente irá experimentar a plenitude da salvação: salvação
completa do poder do pecado (1 Jo 3.2), da morte e da corrupção física através da ressurreição do
corpo (1 Co 15.52-53). A salvação não será apenas para o crente, mas alcançará toda a criação (Rm
8.19-21; 2 Pe 3.13). Jesus é a plenitude da salvação.
 Julgamento do Mundo – Na primeira vinda Jesus não veio para julgar, mas para salvar (1 Co 4.5; 2
Co 5.10; 2 Tm 4.1; Ap 20.11-15), porém na sua volta haverá julgamento e a justiça prevalecerá (1
Co 4.5): “Portanto,nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à
luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá

de Deus o louvor”.
 Consumação do Reino de Deus – O Reino de Deus já foi introduzido no mundo na primeira vinda
de Cristo, mas terá o seu auge com a Parousia: a chegada e a presença do Grande Rei dos reis (Lc
21.31; Dn 7.13-14, 18; Mt 25.34; 26.29; 13.43-49).

1.4 O Tempomarcado por sinais


Podemos entender então que não é possível saber ou determinar o tempo exato, mas há sinais indicativos
da Parousia. A Bíblia diz que:
“Certamenteo Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo
aos seus servos, osprofetas”(Amós 3.7).
O objetivo do Senhor ao falar sobre esses sinais era de impedir a ansiedade, o engano, a surpresa e o

76
ESCATOLOGIA BÍBLICA

despreparo dos crentes quanto a volta de Cristo (Mt 24.3-6; 33; 37-39; 1 Ts 5.4-6; 2 Ts 2.1-4 ) e para não irmos
atrás de qualquer“vento de doutrina”ou “falsasprofecias”.Assim como numa estrada hásinalizações ao
longo do caminho para que o motorista não se perca e saiba para onde está indo, os sinais da volta de Cristo
nos alertam que o tempo se aproxima e por isso mesmo nos servem de orientação, além de ser um excelente
motivo para nos aplicar mais ao trabalho evangelístico (ThIESSEN, 1989. p. 316 – 319).
Enfim, a Bíblia nos ordena a conhecer e enfatiza a importância doconhecimento dos sinais proféticos, e
por isso mesmo não podemos negligenciá-los. Jesus ensinou a necessidade de discernimento dos sinais dos
tempos mais do que qualquer apóstolo e repreendeu severamente as pessoassuade geração por não prestarem
atenção aos sinais que apontavam para a sua primeira vinda
: “E dizia também à multidão: Quando vedes a
nuvem que vem do ocidente (Mar Mediterrâneo), logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede. E, quando assopra
o vento sul (área desértica do Neguebe), dizeis: Haverá calma; e assimHipócritas,
sucede. sabeis discernira
face da terra e do céu; como não sabeis, então, discernir este tempo?” (Lc 12.54-56).
O Senhor mostra que há consequências severas para indivíduos, famílias, cidades e nações quando há
uma geração profética desinformada e insensível, prova disto é a destruição de Jerusalém pelos exércitos
romanos (de 66 a 70 d.C.):“Quandoia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti
mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias
em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e
aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobrepor
pedra,
que não reconheceste a oportunidade
da tua visitação ” (Lc 19:41-44).
Pode-se notar que Jesus afirma que o juízo de Deus viria sobre a nação de Israel porque foram insensíveis a
Deus, porque não reconheceram o tempo da sua visitação. A situação atualnão é diferente. Muitos negligenciam
o estudo dos sinaisproféticos, erram não conhecendo as Escrituras e ossinais dos tempos, epor causa disto não
alertam o povo de Deus sobre a iminência da volta do Senhor. A estes o Senhor chama de néscios (ignorantes,
tolos) e tardos de coração (Lc 24.25).

LEITURACOMPLEMENTAR
AS LOUCAS PREVISÕES SOBRE A VOLTADE JESUS3
Já que muitos estão fazendo previsões sobrea Segunda Vinda de Jesus Cristo, também farei a minha!
E eu tenho certeza absoluta de que ela vai se cumprir. Quem não quiser acreditar, que não acredite, mas a
minha previsão está baseada inteiramente nas Escrituras!
Bem, antes de revelar quando o Senhor Jesus voltará, gostaria de mencionar algumas previsões que
falharam...
Willian Miller, um homem “especialmenteescolhido por Deus para iniciar a proclamação da vinda de
Cristo” — segundo Ellen G. White— previu, em 1831, que Jesus voltaria em 10 de dezembro de 1843. Com
base em cálculos, Miller estabeleceu, ainda, outras datas: outubro de 1844, 1847, 1850, 1852, 1854, 1855,
1863, 1877... Nenhuma previsão se confirmou.

Mais Charles Russel fundador


tarde, adiou-a para 1918.dasDepois
Testemunhas de Jeová
da sua morte, emafirmou quesucessor,
1916, seu a volta de Jesus Rutherford,
Joseph se daria em começou
1914. a
proclamar que, segundo novos cálculos, a vinda de Cristo havia sido transferida para 1925... Nenhuma das
predições se cumpriu, mas as testemunhas de Jeová, temendo passar por mentirosas, resolveram voltar
à primeira predição: Cristo teria voltado“em espírito”,em 1914, como Russel havia predito a princípio...
Que confusão!
Willian Branham, líder do Tabernáculo da Fé— o “Mensageirodo Apocalipse” —, garantiu que a volta
do Senhor se daria em 1977. Pregava que seu ministério perduraria até este ano. Mas, para a frustração de
seus fiéis seguidores, ele morreu em 1965, doze anos antes de se cumprir a sua predição!
3 - Nas pegadasdo MestreJesus. Disponível em: <http://oulorivallanforumeir.77forum.com/t1738-as-loucas-previsoes-da-volta-de-jesus>.
Acesso em: 31 jan. 2012.

77
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Edgar Whisenant, em 1988, lançou o livro Tempo Emprestado: 88 Razões Por Que o Arrebatamento se
Dará em 1988. Ele se baseou em cálculos matemáticos “precisos”...Várias pessoas creram na sua predição...
Mas o óbvio aconteceu... Whisenant sequerpediu desculpas. Simplesmenteafirmou que se esquecera de
um detalhe: fizera seus cálculos até o ano de 1988,enquanto Roma deixara de lado o ano zero. houve,
portanto, no primeiro século, apenas noventa e nove anos. E Jesus voltaria em 1989!
Bang-Ik Ha, um jovem profeta da Missão Mundial Taberah, tinha razões“mais convincentes” para
afirmar que Jesus viria em outubro de1992. Não chegara a essa conclusão apenas por meio de cálculos
matemáticos. Ele mesmo fora ao céu várias vezes e recebera “diretamentede Deus” mensagens específicas
sobre o futuro do planeta Terra! Vários panfletos alusivos ao acontecimento foram distribuídos pela missão,
e a notícia espalhou-se pelo mundo. Até um livro, intitulado O último Plano de Deus, foi publicado, com
o intuito de provar“biblicamente”que a vinda de Jesus se daria na data mencionada... Que desperdício!
Recentemente, certa“apóstola”(Valnice Milhomens– Ministério Palavra da Fé) profetizou que Jesus
voltaria em um sábado de 2007, possivelmente 7/7/2007. E agora há alguém afirmando que Ele virá em
21 de Maio de 2011...
Na verdade, o próprio Senhor Jesus asseverou que “daqueledia e hora ninguémsabe”(Mt 24.36).
“Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder ” (At 1.7),
afirmou ainda. é evidente que Ele, que é o Todo-poderoso (Mt 28.18; Ap 1.8), sabe o dia e a hora de sua
volta! Quem não o sabe somos nós. Paulo afirmou:“acercados tempos e das estações, não necessitais de
que se vosescreva”(1 Ts 5.1). Mas você quer mesmo saber quando se dará o Arrebatamento da Igreja?
Então, vou lhe revelar isso agora! Abra sua Bíblia em Apocalipse 22.20. Eis a resposta:“Certamente,cedo
venho”.Esteja preparado, pois pode ser hoje a volta do Rei!

O FIM DO MUNDO

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

2. O SERMÃO PROFÉTICO E OS SINAIS DA VOLTADE CRISTO

2.1 INTRODUÇÃO
O sermão profético é o mais longo discurso profético proferido por Jesus e também uma das mais
importantes passagens escatológicas de toda a Bíblia. Esse sermão foi proferido na terça feira da paixão, no
monte das Oliveiras que é considerado o monte escatológico, isso porque é justamente sobre esse monte que
se dará a volta do Senhor em socorro de Israel (2FSV).
A profecia referente a este sermão em parte já se cumpriu, porém muitos eventos foram previstos para
os tempos que antecedem a volta de Cristo, a tribulação, o milênio e a consumação dos séculos.

2.2 O SERMÃO PROFÉTICO DA VINDA DE JESUS


“... quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24.3b)
Jesus proferiu dois extensos discursos já no entardecer do seu ministério, antes de sua morte. Embora
ambos tenham sido proferidos aos seus discípulos, são diferentes no seu conteúdo e temas:
1. o primeiro discurso ou sermão foi chamado de Profético (ou Sermão do Monte das Oliveiras) e está
registrado em Mateus 24 e 25 e textos paralelos em Marcos e Lucas.

2. O segundo discurso ou sermão foi proferido num cenáculo em Jerusalém, onde foi instituída a Ceia do
Senhor, e continuado caminho entre o cenáculo e o Getsêmani, onde foi traído (Jo 13.30 a 17.26).
Qual a diferença destes dois últimos ensinos do Senhor para seus discípulos? Quanto ao discurso de João é
Igrejaa e aos cristãos individualmente. Nada mais
fácil de compreender, pois o Evangelho de João relaciona-se
natural de que um discurso do Senhor cheio de amor e conforto à sua amada igreja, onde fala sobre as bênçãos
decorrentes da sua morte e ressurreição, sobre o Noivo celestial que receberá a sua noiva para que esteja com Ele
para a Igreja (APOLONIO, 1985, p. 13-15).
nas moradas celestiais que foi preparar. é um discurso cheio de promessas
Já o discurso de Mateusé um pouco maiscomplicado, pois temos quelembrar que o Evangelho de Mateus
tendo em vista os judeus,e, por isso mesmo, cheio de citações
é o Evangelho do Reino, o qual foi escrito
proféticas do Antigo Testamento e outras profecias que revelam fatos concernentes ao futuro.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

O enfoque neste sermão é a nação de Israel e o que lhe acontecerá


na última semana da profecia de Daniel (correspondente ao período da
Tribulação). Este sermão inclui a mensagem da iminente Queda de Jerusalém
(que ocorreu em 70 d.C.), mas também olha para o futuro distante dos “tempos
dos gentios” (Lc 21.24), que continuar ão até o fim. é um discurso profético,
com uma abrangência histórica e escatológica, pois primeiro diz respeito a
Israel e, depois, refere-se a Igreja (CABRAL, 1998, TASKER, 1991).
NOTA!
Ali no Monte das Oliveiras, seus discípulos lhe fizeram três perguntas: Calma! Estaremos
1. “Quando serão estascoisas?” – Princípio das Dores (Mt 24.4-14; estudando as 70
Mc 13.3-13 e Lc 21.7-19) – Sinais referentes a Era da Igreja: falsos semanas de Daniel
cristos, guerras, fome, pestes, terremotos etc. no próximo capítulo.
2. “... que sinal haverá da tua vinda?” – Abominação desoladora (Mt
24.15-28; Mc 13.14-23; Lc 21.20-24; Ap 13; 2 Ts 2) – Sinais referentes
à tribulação: profanação do templo, perseguição, anticristo.
3. “...e do fim do mundo?” – Sinais nos céus (Mt 24.29-31; M c 13.24-27; Lc 21.25-28) – Sinais referentes
ao milênio e à consumação dos séculos.
Todo o serm ão precisa ser visto como resposta a essas três perguntas. Foi d ado p elo Se nhor não só para
alertar aos seus a respeito das coisas vindouras, mas também para mostrar como Ele havia oferecido o reino
a Israel, a rejeição deste reino e por que Jesus não o estabeleceu naquele momento. Tais palavras não foram
proferidas somente àqueles discípulos, mas a todo o povo de Deus daqueles dias e até os fins dos tempos
(Bíblia de E studo Profética Tim Laha ye, 2005, p. 881; TASKER, 1991 ; PEREIRA , 2012).
Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p. 1435), em todo o sermão profético Jesus profere:
1. sinais gerais, do decurso da referida era até os últimos dias (Mt 24.4-14);
2. sinais especiais apontando para os dias finais da dita era (Mt 24 .15-28), os quais demonstram o tempo
da Tribulação;
3. sinais extraordinários que o correrão na sua vinda triunfal, com po der e grande glória (Mt 24.29-31);
4. admoestações aos santos da tribulação (Mt 24.32 -35);
5. admoestação a todos os crentes vi vos, na pré tribulação, para estarem espiritualmente pronto s para o
momento inesperad o e desconhecido da vinda de Cristo par a os seus fiéis (Mt 24.36-51;25.1-13);
6. Descrição do julgamento das nações depois da volta de Cristo à Terra (Mt 25.31-46).
Segue uma figura ilustrativa para seu melhor entendimento:

QUADRO: O SERMãO PROFÉTICO


FONTE: Compilado pelos autores a partir da Bíblia de Estudo Profética, 2005, p. 881.

80
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Neste capítulo nos deteremos a estudar o primeiro grupo de sinais, ou seja, aqueles que antecedem a
Segunda Vinda do Senhor (Mt 24.4-14) e os textos paralelos. Nos capítulos subsequentes serão abordados
os demais sinais à medida em que os temas escatológicos forem sendo analisados. Portanto iremos retomar
alguns assuntos citados aqui.

2.3 O PRINCÍPIO DAS DORES – SINAIS QUE ANTECEDEMA TRIBULAÇÃO


“E Jesus, respondendo, disse-lhes:
Acautelai-vos, que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo;
e enganarão a muitos. E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque
é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e
reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas
são o princípio das dores. Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e
sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e
trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão (odiarão). E surgirão muitos falsos profetas
e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele
que perseverar até o fim será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em
testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” (Mt 24.4-14)
Não é preciso ser nenhum teólogo ou estudioso para notar que estes sinais já estão acontecendo em
nossos dias. Ao falar em princípio das dores (Mt 24.8), Jesus comparou os sinais com as dores de parto de
uma mulher, as quais aumentam afrequência com o decorrer do tempo(contrações regulares e maisfortes)
até que a mulher esteja pronta e a criança nasça.
Esses sinais citados no inicio do sermão profético correspondem ao inicio das dores de parto. O contexto
refere-se ao Messias, e todo o texto relaciona-se à vinda do Messias, portanto o trabalho de parto (Tribulação)
antecede o parto em si (Volta de Cristo). O que nos mostra a proximidade da sua volta é exatamente a

frequência comdeque
num intervalo oseventos
tempo descritos
menores, estão
tal como ocorrendo
uma (início
parturiente (Rmdas dores), cada
8.22):
“Porque vez
comque
sabemos maior frequência
toda a criaçãoe
geme e está juntamente com dores de parto até agora”.

2.4 ALGUNS SINAIS DA VOLTADE CRISTO


2.4.1 Sinais espirituais e na vida religiosa
A) Multiplicação de falsas doutrinas: falsos cristos, falsos profetas, falsos mestres (Mt 24.4-5, 11, 24;
Lc 17)– Esse é um dos grandes sinais da volta de Cristo: a proliferação de ensinos errados, falsos cristos e
falsos profetas ensinando doutrinas enganosas, e se possível enganando até mesmo os Filhos de Deus. Nestes
quase dois mil anos muitos se apresentaram como Cristo (messias). São dias de engano. Jesus nos advertiu:
Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão
a muitos. [...] Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para,
se possível, enganar até os eleitos (Mateus 24:4-5; 24).
Falsos cristos e falsos profetas (Mt 24.5; Lc 21.8) – esses sempre existiram, e ainda existem em várias
partes do mundo, inclusive aqui noBrasil. Exemplos: Maomé, Jim Jones, David Koresh, Rev
erendo Moon, Joseph
Smith (Igreja deJesus Cristo dos Santos dos último Dias),Charles T. Russel (Testemunhas de Jeová), Michel
Nostradamus, Allan Kardec, David B. Berg (Meninos de Deus), ChristianRosenkreuz (Rosa Cruz), MaryBaker
(Ciência Cristã), Bahá Allah (Bahaismo), Alziro Zarur (LBV), o Inri Cristo de Santa Catarina etc. hoje podemos
encontrar no mundo mais de duas mil religiões e dez mil seitas, além dos movimentos religiosos que surgem
periodicamente (Como Identificar uma seita, site CACP, 2007).
Há também muitas formas de engano atualmente levando até mesmo cristãos a caírem nos seus
ardis: o secularismo, o ecumenismo religioso (movimento que visa à unificação das igrejas cristãs:
católica, ortodoxa e protestante), o materialismo indiferente a Deus, teorias e filosofias humanistas sem
qualquer base bíblica ou discernimento do Espírito, gurus ambientalistas que pregam que a terra
“deusa
éa
mãe”,dentre outros enganos. Na Europa, há igrejas virando boates. No mundo todo tem aumentado o número
de ateus e agnósticos. A religião que mais cresce no mundo é o islamismo.

81
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

B) Apostasia: o mundo não tem de que se apostatar, portanto a apostasia só pode ocorrer na igreja. Antes
da vinda de Cristo, muitos crentes se deixarão enganar porfalsos ensinamentos, darão ouvidos e aceitarão
“novasrevelações”,mesmo que elas entrem em conflito com a Palavra de Deus. haverá homens que ocuparão
posições de liderança estratégica dentro das igrejas e pregarão um evangelho misto o que fará com que
muitos se desviemda sã doutrina. Isso trará descrédito, frieza espiritual, modernismo teológico, mundanismo,
secularismo, conformismo, materialismo filosófico
, para dentro dasigrejas. Ou seja, umdesvio espiritual no
cristianismo, formando um pseudocristianismo (corresponde a Apocalipse 3.14-18 – Igreja de Laodiceia). A
igreja apóstata tem aparência de piedosa, mas nega o poder de Deus (ANTONIO SILVA, 1998, p. 9).

2.4.2 Sinais na natureza


A) Fomes (Lc 21.11; Ap 6.8): 1,3 bilhões de pessoas vivem com menos de 1 dólar por dia, 12,9 milhões
de crianças morrem por ano devido a fome e falta de condições de higiene e isso dá a média de 1 criança
morrendo a cada 1segundo no mundo.Secas, catástrofes, inundações, instabilidade política, dentre
outras
causas, têm motivado fome em várias partes do mundo. houve períodos de fome na Rússia, China, Índia, e
em outros países, onde milhares de vidas têm sido ceifadas. De acordo com a OMS (Organização Mundial da
Saúde), atualmente um terço da população mundial se alimenta muito mal e outro terço passa fome, ou seja,
mais da metade não come o necessário para sua subsistência (BEGSTéIN, 2007, p. 306-307, APOLONIO, 1985;
CABRAL, 1998).
B) Terremotos e Tsunamis (Mt 24.7; Lc 21.11): mais frequentes e mais intensos. Esse sinal continua a
manifestar-se em várias partes do mundo. eS compararmos estatistic
amente o número deterremotos ocorridos,
poderemos notar que do nascimento de Jesus até 1900 ocorreram menos terremotos do que entre 1901 e1908.
“De todo está quebrantada a terra, de todo está rompida a terra, e de todo é movida
terra.”
a (Isaías 24:19).
“Na terra, as nações se verão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação
mar”do
(Lc 21.25).
Tsunamis– ondas gigantescas - consequência de terremotos no fundo dos oceanos e que tem arrasado cidades
e países, como o Japão e a Indonésia (BEGSTéIN, 2007, p. 306-307, APOLONIO, 1985; CABRAL, 1998).

GRÁFICO: GRANDES TERREMOTOS; FONTE: www.geraçãomaranata.com.br. Acesso em: 05 fev. 2012.

QUADRO: GRANDES FURACÕES E TUFÕES; FONTE: www.geraçãomaranata.com.br. Acesso em: 05 fev. 2012.

C) Pestes (Mt 24.7b) ou pestilências (Lc 21.11), pragas e doenças: os jornais mostram que enfermidades
têm ceifado a vida de milhares de pessoas em todo o mundo. O câncer, a AIDS, dentre outras doenças matam
homens, mulheres e crianças. Novas bactérias e vírus letais são identificados pela ciência com uma frequência

82
ESCATOLOGIA BÍBLICA

assustadora. A cólera, febre tifoide, meningite, peste bubônica, se disseminam cada vez mais. Ficamos
assustados e perplexos ao ver surgir novas doenças como a gripe
do frango, gripe A (H1N1), entre tantas outras
alastrando-se nos mais diversos lugares doplaneta (BEGSTéIN, 2007, p. 304).
D) Outros sinais na natureza: mudanças climáticas, aquecimento global, o que aumenta a quantidade
e a força de furacões e tornados; desertificação, aumento na emissão gases,
de derretimento das geleiras,
aumento no nível dos oceanos, enchentes em vários lugares, ciclones, frio ou calor extremo matando pessoas
etc. Jesus disse que seu retorno seria precedido por catástrofes naturais, pode-se observar com nitidez que,
nas últimas décadas, elas têm aumentado tanto em quantidade, quanto em intensidade.
E) Sinais nos céus (sinais astronômicos, no firmamento): assim como houve sinais no firmamento quando
Jesus veio pela primeira vez (Mt 2.2), também haverá sinais importantes no Sol, na Lua e nas estrelas antes
da segunda vinda do Senhor (At 2.19; Lc 21.11; Jl 2.30-31). Além de coisas extraordinárias no firmamento,
que tem sido vistas por muitas pessoas em diferentes partes do mundo, inclusive aqui no Brasil (BEGSTÉIN,
2007, p. 306-307).

2.4.3 Sinais na sociedade


A) Estado moral do mundo: a sociedade está se deteriorando dia a dia, esquecendo-se dos princípios
mais caros para o ser humano. Presenciamos a corrupção dos bons costumes, da moral, da opinião pública, da
confiança, do poder, da cultura, dos compromissos e da dignidade
humana. Jesus disse quetoda a sociedade se
tornará cada vez mais ímpia e imoral à medida que seaproximar o tempo de suavolta. Adultérios, prosti
tuições,
homossexualismo, materialismo (amor ao dinheiro), hedonismo (amor aos prazeres deste mundo – “vale
tudo para eu serfeliz”)só tendem a aumentar, e o ser humano se tornar cada vez mais distante de Deus, dos
princípios éticos e morais, semelhantemente aos dias de Noé (Mt 21.12, 37-39).
Paulo também fala sobre esses dias e os chama de “trabalhosos” (penosos), tempos difíceis de se
pregar a sã doutrina:“Saiba disto: nos últimosdias sobrevirão tempos terríveis. Os homens
serão egoístas,

avarentos, presunçosos,
família, irreconciliáv arrogantes,
eis, caluniadores, semblasfemos, desobedientes
domínio próprio, aos do
cruéis, inimigospais,
bem,ingratos,
traidores,ímpios, sem, amor pela
precipitados
soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o
seu poder. Afaste-se também destes. Sãoestes os que se introduzem pelas casas econquistam mulherzinhas
sobrecarregadas de pecados, as quais se deixam levar por toda espécie de desejos. Elas estão sempre
aprendendo, mas não conseguem nunca de chegar ao conhecimento da verdade. Como Janes e Jambres se
opuseram a Moisés, esses também resistem à verdade. A mente deles é depravada; são reprovados fé” na
(2
Tm 3.1-8, NVI).
Essas palavras já têm se cumprido em nossos dias, pois temos visto aumentar a impiedade e a injustiça.
Nestes tempos difíceis ou terríveis, a mente dos homens se tornará depravada (Rm 1.28) – o nudismo, o
homossexualismo e lesbianismo, o sexo ilícitooeamor livre sendo incentivados pelos meios decomunicação
e até mesmo ensinados nas escolas. As pessoas chamarão o mal de bem e o bem de mal (Is –5.20)inversão
de valores (BEGSTéIN, 2007, p. 306-307, APOLONIO, 1985; CABRAL, 1998).
B) Iniquidade e desordem (Lc 21.9; 2 Tm 3.1-5): iniquidade significa injustiça, rebeldia, descumprimento,
primeiro da lei de Deus e também da lei humana, a tendência para a ilegalidade. Infelizmente isso tem tomado
até mesmo muitos cristãos.odaT a mídia noticia diariamente casos emais casos deviolência, rebeliões, crises
sociais, criminalidade, guerra entre patrõesempregados,
e brigas de ganguesetc. (Mt 24.12; 2Tm 3.1-4). Será
como nos dias de Noé e de Sodoma, quando a população estiver vivendo completamente alheia quanto à
iminente catástrofe (Mt 24.37-39; Lc 17.28, 29), então virá o Filho do homem em glória e poder para julgar as
nações do mundo e sobre elas reinar (PEARLMAN, 1996, p. 312; BEGSTéIN, 2007, p. 306-307).
C) Esfriamento do amor (Mt 24.12): por causa do aumento da iniquidade e da injustiça, o amor de
muitas pessoas esfriará, isto é, jánão terão mais afeto natural pelos seus
(familiares) e nem pelopróximo
(amizades). Isso podemos ver atualmente, pois muitos traem e até matam por motivos fúteis e sem mostrar
nenhum arrependimento. Em segundo lugar também é possível considerar o esfriamento do amor espiritual
(mornidão espiritual), expresso pela falta de compromisso por parte de muitos crentes que querem servir a
dois senhores ao mesmo tempo.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

D) Perseguição, traição, tribulação e martírio (Lc 21.12; Mt 24.9-10), (BEGSTéIN, 2007, p. 305); em vários
países o ateísmo tem promovido perseguições contra cristãos. O número de mártires
tem aumentado durante
os últimos sessenta anos. Movidos pelo nacionalismo, muitos acusam os cristãos de abandonares a religião
tradicional e muitas vezes oficial do país, e por isso mesmo são torturados e não raras vezes mortos.
O Século XX foi considerado como”Século
o dos Mártires”,isso porque nesseséculo foram mortos mais
cristãos do que em todos os séculos anteriores (cristãos de várias vertentes do cristianismo). Calcula-se que
desde o inicio da era cristã até o século passado, quase 70 milhões de cristãos foram mortos por causa de
sua fé, sendo que destes, 45 milhões somente entre 1900 e o ano 2000 (Evangelização pelo Martírio, 2010).
Os perseguidores e suas vítimas entre 33 e 2000 d.C.:

TABELA 13: OS PERSEGUIDORES E SUAS VÍTIMAS ENTRE 33 E 2000 d.C. FONTE: <www.timedecristo.files.wordpress.com>. Acesso em: 7 fev. 2012.

Mártires cristãos do século 20 (1900– 2000):

TABELA 14: MÁRTIRES CRISTÃOS DO SéCULO 20 (1900– 2000)


FONTE: <www.timedecristo.files.wordpress.com>. Acesso em: 7 fev. 2012.

2.4.4 Sinais na tecnologia


A multiplicação do conhecimento: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do
tempo; muitos correrão de uma parte para outra,o conhecimento
e se multiplicará” (Daniel 12:4). hoje
vivenciamos uma explosão do conhecimento nas mais variadas áreas científicas. Da criação até 1900 o ser
humano andava a cavalo, não existia eletricidade e tantas outras comodidades que temos hoje.
Em pouco mais deum século, o homeminventou coisas extraordiná rias como avião, satélites, aparelhos
eletrônicos, televisores, satélites, eletrodomésticos, microcomputadores, ipad, iphone, notebook, tablets,
celulares etc. até mesmo conseguiu sair da órbita terrestre com naves espaciais. Remédios superpotentes e
aparelhos capazes de prolongar a vida das pessoas eram ficção científica até bem pouco tempo atrás.
Esses e outros inventos eram inimagináveis no tempo dos profetas, e até mesmo para nossos avós. O
que falar então da internet? O globo totalmente interligado por estradas virtuais. E por esse motivo também,
a comunicação internacional instantânea, podemos compreender mais um dos sinais bíblicos descritos em
Apocalipse (Ap 11.3, 7-10):durante o período daGrande Tribulação, as duastestemunhas serão executadas
e seus corpos sem vida ficarão expostos por três dias e meio nas ruas de Jerusalém, sendo vistos por pessoas
de todas as tribos, línguas e nações simultaneamente. Até pouco tempo atrás, antes do advento da televisão,
dos satélites e principalmente da internet, isso era um mistério: Como é que diversas pessoas de toda a terra
poderiam ver as testemunhas ao mesmo tempo? hoje você mesmo é capaz de responder a essa pergunta
(BEGSTÉIN, 2007, p. 312).

84
ESCATOLOGIA BÍBLICA

2.4.5 Instabilidadepolíticae econômicaentre as nações


A) Guerras e Rumores de Guerras (Mt 24.6-7; Mc 13.7-8; Lc 21.9-10), (BEGSTéIN, 2007, p. 313). Desde
os primórdios da humanidade sempre existiram guerras, revoluções e rumores de guerras. Mas ultimamente
esses acontecimentos têm adquirido alcances jamais
sonhados, principalmente devido ao desenvolvimento
de novas armas de extermínio em massa. Basta para isso nos lembrarmos das duas guerras mundiais, além da
Guerra do Golfo, a guerra no Afeganistão, guerra do Iraque, dentre tantas outras que poderíamos enumerar.
Há um clima de inquietação em todo o mundo.
A corrida armamentista e armas nucleares que poderiam dizimar totalmente a vida na terra são um
terrível sinal dos tempos. As bombas atuais são no mínimo 600 vezes mais poderosas que a bomba lançada
sobre Hiroshima (Japão) que matou 150mil japoneses instantaneamente. Estamos chegando no tempo do
qual escreveu Lucas e Pedro:“Os poderes do céu serãoabalados”(Lc 21.26);“Os elementos, ardendo, se
desfarão”(2 Pe 3.10).
Pelo fato de existirem forças bélicas destruidoras jamais vistas, hoje temos facilidade de compreender os
acontecimentos dramáticos descritosem Apocalipse:“houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram
lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores e toda a erva
verde foiqueimada”(Ap 8.7). Estes e outros versículos falam a respeito do que
virá durante o tempo da Grande
Tribulação, mas podemos já identificar nos arsenais das grandes potências um claro sinal da vinda do Noivo.
Observação: nação contra nação e reino contra reino - Nação (ethnos = raça ou etnia); reino (países ou
estados políticos organizados).
B) Os povos do Oriente: Apocalipse 16.12 fala sobre os reis do Oriente que se manifestarão e ganharão
importância nos últimos dias. A China era uma nação de pequena importância até a bem pouco tempo atrás
e atualmente é uma das potências de maior destaque, sem falar nos Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Formosa
(Taiwan), hong Kong, Cingapura,ailândia,
T Indonésia e Malásia), além do
Japão. hoje só a Chinapossui o maior
exército do mundo, com 2,3 milhões de pessoas. A palavra profética nos alerta sobre o papel destas nações
orientais no cumprimento da história (BEGSTéIN, 2007, p. 313).
C) Remanescente Do Antigo Império Romano: Apocalipse 13.1-8 diz que o poderio político que susterá
o Anticristo e o seu domínio durante a Tribulação é simbolizado por uma besta com sete cabeças e dez chifres,
que muitos estudiosos acreditam tratar-se de uma nova forma do Império Romano. hoje vemos muitas nações
se agrupando eformando blocos econômic os: Mercosul (Mercado Comum Sul Americano), ASEAN(Associação
de Nações do Sudeste Asiático), NAFTA (Tratado Norte Americano de Livre Comércio), ALCA (Área de Livre
Comércio das Américas), e outros (ver figura), porém sem dúvida
nenhuma, uma dasmais poderosas coligações
é a União Europeia (UE), cuja localização geográfica coincide justamente com a do antigo Império Romano.
Um dos grandes objetivos dos líderes mundiais é unir o mundo todo num grande bloco econômico, o que já
podemos ter um vislumbre com o processo de globalização econômica. Tudo isso é um aviso daquele que há
de vir! (BEGSTÉIN, 2007, p. 312).

FIGURA 27: BLOCOS ECONôMICOS INTERNACIONAIS


FONTE: Disponível em: www.brasilescola.com. Acesso em: 7 fev. 2012.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

D) Federação Russa: há profecias relacionadas à Rússia (antiga URSS) em Ezequiel 38. Apesar de todas
as dificuldades que esta nação tem encontrado no período de transição do socialismo para o capitalismo, aos
poucos tem se fortalecido. O partido político da Federação Russa, de extrema direita, defende o neofascismo e o
antissemitismo. Não podemos subestimar seu o poderio político, econômico e militar (BEGST
éIN, 2007, p. 312).

NOTA!
Neofascismo – Ideologia pós - Segunda Guerra Mundial a
qual inclui elementos significativos do fascismo.
Antissemitismo – Preconceito ou hostilidade
contra judeus baseada em ódio contra seu
histórico étnico, cultural ou religioso.

E) Instabilidade Econômica: atualmente os Estados Unidos é a primeira economia mundial, seguida pela
China e o Japão. Todos os três passam por situações econômicas difíceis. Aos assistir o jornal diariamente
podemos notar que o sistema político-econômico mundial não vai muito bem: crise na Espanha, na Grécia,
e em outros países chamados de “desenvolvidos”.A desestabilização do sistema econômico mundial é um
dos mais fortes sinais da volta de Cristo, pois o Anticristo virá justamente com a promessa de paz mundial e
estabilidade econômica (Dn 11.21, 24).
O Vaticano sugeriu a criação de uma autoridade financeira com“competênciamundial”,e assim evitar
novas crises. Aliado a esse fato, a Conferência da ONU para o comércio e desenvolvimento (UNCTAD/2011),
defende a criação de uma nova moeda única global, pois afirma que isso protegeria os mercados emergentes
como o Brasil, da especulação financeira, e também seriasolução
a para a atual crise econômica mundial. Uma
economia global e unificada (sem papel moeda) é necessária para que se cumpra a profecia de Apocalipse
13.16-18 (Notícias Gospel, 2011).

2.4.6 EvangelizaçãoMundial
“E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então
virá ofim” (Mt 24.14). Corresponde à proclamação a todas as nações antes do fim. Este versículo é outro ponto
de desacordo entre os estudiosos, isso porque há duas linhas de interpretação que devem ser consideradas.

2.4.6.1 Evangelismocomo missão exclusivada Igrejaantes do


Arrebatamento (1FSV)
Dentro desta perspectiva, nestes últimos dias a Igreja do Senhor tem sido despertada pelo Espírito Santo
e se mobilizado num grande esforço missionário visando conquistar almas para o reino de Deus por todos os
meios de comunicação disponíveis. Segundo pesquisas, o Evangelho já foi pregado para mais de 4 bilhões de
pessoas, mais de 20 milhões de Bíblias ou porções dela são distribuídos anualmente e as Escrituras ou parte dela
já foi traduzida para mais de 2062 idiomas (Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, p. 1437; LAhAYE, 2010, p. 434).
Jesus fundou a Igreja e prometeu continuar edificá-la, até que Ele retornasse (Mt 16.18), ele também
predisse que o Evangelho seria pregado em todo o mundo, e com isso entende-se sob este ponto de vista, que
o crescimento da Igreja e a evangelização do mundo continuarão até que o corpo de Cristo esteja completo.
Se for observada a facilidade que se tem atualmente em termos de comunicação, tais como a internet e entre
outros meios midiáticos (rádio, televisão, impressos etc.), a igreja realmente possui
ferramen
as tas para levar
a cabo sua missão evangelística: levar o Evangelho até os confins da Terra.
São considerados aqui empreendimentos individuais e coletivos, evangelização global, cruzadas, missões
nacionais e internacionais, orações intercessórias, produção de materiais
literatur
e as evangélicas, tudo isso
em escala jamais vista, para alcançar o mundo todo com as boas novas de Jesus Cristo.
Dentro desta interpretação, o termo“fim” de Mateus 24.14 diz respeito ao arrebatamento da Igreja (Bíblia
de Estudo Pentecostal, 1995, p.1437).

86
ESCATOLOGIA BÍBLICA

2.4.6.2 Evangelismocomo missão dos judeus antes da SegundaVoltade


Cristo (2FSV)
Esta segunda perspectiva sobre o assunto leva em consideração a quem o Evangelho de Mateus foi escrito:
“E será pregado esteevangelho do reino por todo o mundo, para
ao povo judeu, pois é o Evangelho do Reino.
testemunho a todas as nações. Então, virá ofim” (Mt 24.14).
Assim, os que são adeptos desta perspectiva, acreditam numa interpretação literal tanto de Mateus 24.14
quanto de Apocalipse 7.1-8, poisanalisam que apesar dasterríveis condições da Tribulaç
ão, haverá um grande
esforço evangelístico por parte dosjudeus (144000 selados– 12000 de cada tribo de Israel– Ap 7.1-8– são
judeus salvos durante o período da Tribulação, crentes em Jesus) para a pregação do Evangelho do Reino, isto
é, a pregação do Evangelho com ênfase no arrependimento concernente à vinda do Messias para derrotar
as nações e estabelecer o reino messiânico para Israel. é a mesma mensagem pregada por João Batista e por
Jesus durante o seuministério terreno: anunciarão o Rei que está voltando. Este Evangelho
, apesar de ter
elementos do evangelho da graça, como a fé em Jesus como Salvador, terá destaque no Rei tão esperado que
virá, a raiz de Davi, o libertador de Israel. E é justamente esse arrependimento que irá reverter a condição de
desolação da casa de Israel (Mt 23.38-39 e At 3.19-21, PRICE, 2008).
Essa é uma perspectiva profética de Mateus 24.14 concernente ao povo judeu remanescente que estiver
aqui na terra durante a tribulação e não à igreja, mas“Evangelho
o do Reino” só poderá ser proclamado assim
que a última semana de Daniel comece e não será limitado ao povo judeu, mas o mundo todo será incluído
nesta pregação.
Neste ponto de vista, as“doresde parto” durante a Grande Tribulação não vão impedir a propagação
do Evangelho do Reino, ao contrário, irão engrandecer e reforçar sua mensagem, para cumprir Jeremias 30.7.
Além disso, serepararmos, esta pregação será feita àsnações, e antecederá o julgamento das
mesmas que
ocorrerá antes do Milênio. O“fim” neste caso não corresponde aoarrebatamento, mas o fim do atual estado
de coisas antes do Reino Milenar, e por isso mesmo se diz: o que persevera até o fim, é aquele que se mantém
perseverante no períodoque precede oReino do Messias (Enciclopédia deProfecias Bíblicas TimLahaye, 2010,
p.136; PRICE, 2008).
Duas perguntas precisam ser consideradas para diferenciar as duas interpretações: 1. A Vinda de Jesus
(arrebatamento– 1FSV) será o fim? 2. Podemos adiantar ou atrasar a vinda de Cristo? Somos nós (a igreja)
que decidimos ou Deus?

2.4.7 Sinais entre o povo de Deus


Segundo Bergstéin (2007, p.317), além dos sinais já citados anteriormente, há ain da um importante sinal
dos tempos relacionado à igreja. A palavra profética divide em dois grupos
queles
a que confessarão o nome de
Deus nos últimos tempos: os que se dizem crentes (crentes nominais) e os que realmente são crentes (crentes
de fato). Tal verdade é revelada a nós através da parábola das dez virgens (Mt 25.1-2).
Outras profecias também mostram que irão ter atitudes diversas no meio do povo de Deus diante de
realidades espirituais, e isso significa que cada um de nós precisa estar vigilante, atento e observar qual a
atitude temos tido para com Deus nestes dias, pois assim como as virgens, podemos estar no grupo dos
prudentes ou dos insensatos.

2.4.8 O grandesinal da vinda de Jesus – o povo de Israel


Israel ocupa lugar de destaque nas profecias, pois é o povo escolhido do Senhor nesta terra. De Israel
são as profecias, os profetas, as promessa e de Israel descende o Messias: Jesus. Nada mais natural do que o
Senhor querer a restauração deste povo tão singular dentre as outras nações da terra. Os sinais específicos
relacionado s com a nação de Israel serão abordad os mais detalhadamente no Tópico 4 deste capítulo.

2.4.9 Outros sinais


A Bíblia cita inúmeros sinais. Seria impossível descrever a todosneste livro. Seguem mais alguns e onde
estão localizados para o seu conhecimento:

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

 Viagens – “...muitos correrão de uma parte para outra” (Daniel 12.4)


 Escarnecedores – “Sabendoprimeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo
as suas próprias concupiscências, E dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que
os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípiocriação”(2
da Pe 3.3-4).
 Divórcios e relacionamentos liberais – “Como nos dias de Noé... casavam-se e davam-se em
casamento”(Mt 24.38-39).
 Predomínio da violência, como em Gênesis 6.11.
 Escândalos – Mt 24.10.
 Dias de Sodoma – aumento do homossexualismo, do lesbianismo e da prostituição (Lc 17.28-30, Rm
1.26-27; 2 Pe 2.7). Os homens mudaram seu agir (sexual) preferindo os homens às filhas de Ló (Gn 19.5).
 Negação de Deus – Lc 17.26; 2 Tm 3.4-5.
 Negação de Cristo – Jo 3.18, 1 Pe 2.6.
 Negação da volta de Cristo – Jo 3.18; 1 Pe 2.6.
 Negação da fé – 1 Tm 4.1-12.
 Negação da sã doutrina – 2 Tm 4.3-4.
 Negação da vida santa – 2 Tm 3.1-7.
 Negação da Liberdade Cristã – 1 Tm 4.3-4.
 Negação da vida moral – 2 Tm 3.1-8.
 Negação da autoridade – 2 Tm 3.4.
 Lares divididos – Mt 24.10, 12.
 Doenças Incuráveis – Lc 21.11
 Ensinos demoníacos – 1 Tm 4.1-2.
 Revolta de filhos contra os pais, juventude rebelde – 2 Tm 3.2.
 Fabricação de armamentos – Jl 3.9-10.
 Poder atômico – 2 Pe 3.10-12.
 Transportes – “Os carros correrão furiosamente nas ruas, colidirão um contra o outro nos largos
caminhos; o seu aspecto será como o de tochas, correrão comorelâmpagos”(Naum 2.4).
 Desconsideração pelos pobres e famintos – Ez 16.49.
 Greves e problemas trabalhistas – Tg 5.1-4.
 Ganância por dinheiro – 2 Tm 3.2.
 Os homens preferirão as fábulas – 2 Tm 4.4.

 Propagação da Nova Era – “... porque estão cheios de adivinhadores do Oriente...” (Is 2.6) –
proliferação de conceitos de religiõese filosofias orientais.
 Jerusalém pisada pelos gentios – Lc 21.24 – Jerusalém hoje é uma cidade internacional e visitada
por milhões de pessoas de todos os credos e nações.
E a lista continua ...

3. OS TRÊS GRANDES POVOS DA PROFECIA BÍBLICA


3.1 INTRODUÇÃO
O que a volta de Cristo representa para os três grupos de povos representados na Bíblia? Deus tem um

88
ESCATOLOGIA BÍBLICA

programa profético universal que comfrequência é subdivididoem três planosdistintos: um plano parasrael,
I
um plano para a Igreja e umplano para as nações gentias.odos
T esses três planos giram emtorno do povo judeu.
Neste tópico estaremos analisando o significado da Volta de Cristo para a Igreja, Israel e para os Gentios.
Bons Estudos!

3.2 A VOLTADE CRISTO PARA OS TRÊS GRANDES POVOS DA PROFECIA


BÍBLICA
Do ponto de vista humano os povos da terra estão divididos em centenas de nações e grupos étnicos,

porém
judeus, do ponto
gentios e ade vista
Igreja dedeDeu
Deus
s (1aCohumanidade
10.32). A segcompõe-se emCapenas
unda vinda de risto estátrês grupos
relacionadaque Ele lar
particu mesmo
mentedividiu:
com esses três grupos de povos.

3.2.1 Para a igreja


A igreja não representa uma nação ou povo em termos geopolíticos, mas uma comunhão de homens e
mulheres de todas as raças, línguase nações unidos pelafé em Cristo e pela experiênciada salvação, formando
um só corpo– o corpo místico de Cristo (1 Co 12.12-14,27). São pessoas tiradas tanto do povo gentil quanto
dos judeus, que compõem um novo povo: o povo de Deus (povo do céu), a Igreja de Cristo. Nela não há mais
judeu, grego, romano, mas um só povo, de uma pátria celestial, adorando o Senhor.
Paulo fala sobre o mistérioda Igreja (Ef 3.2-10; 5.28-32), o qual os profetas do Antigo Testamento não
compreendiam, era-lhes oculto (Rm 16.25-26; Cl 1.25-27), é um parêntesis histórico nos milênios do povo
eleito que começaria quando o Messias “fossetirado domeio” (Dn 9.25) e terminaria quando da sua volta
para cumprir as promessas feitas a Israel (isso vai ficar mais claro quando estudarmos as setenta semanas de
Daniel). Na igreja a salvação é individual e não nacional. Iniciou repentinamente em Atos 2, e por isso também
terminará repentinamente no arrebatamento.
A Igreja possui uma posição exclusiva nos planos de Deus, desvinculada dos planos divinos para Israel.
Participa das promessas espirituais
da Aliança Abraâmica:“...em ti serão benditas todas as famílias da
terra”
Gn 12.3 (ver também Gn 28.14; Gl 3.8), na pessoa de Jesus Cristo, o descendente de Abraão. Já Israel (não a
Igreja) cumprirá seu destino como naçãoapós a GrandeTribulação, durante o Milênio (Enciclopédia Popular
de Profecia Bíblica, 2010, p. 163).
Para esse grupo, o Senhor virá como o seu Noivo, a fim de levá-la para si, para a glória celestial (Jo 14.3).
Esse é o povo do céu, nossas promessas são de uma pátria celestial, não terrestre como Israel (PEARLMAN,
1996, p.314; APOLONIO, 1985; LAhAYE, 2010, p.369).

3.2.2 Para Israel


Os judeus são o povo escolhido de Deus (povo terrestre), descendentes de Abraão, de Isaquee Jacó
(Israel). As promessas para Israel são
terrestres, a restauração do reino baseado na AliançaDavídica. É uma
nação especial dentre todas as nações da Terra. As Escrituras mostram claramente que Israel será restaurado
primeiro politicamente, como nação,e, em segundo lugar, espiritualmente quando Jesus voltar.
Portanto, para a nação judaica Jesus virá como o Messias esperado, o Libertador. Como nação, os judeus
não aceitaram o Evangelho e nem receberam o seu Reiprometido (Jo 1.11). Apenas umpequeno remanescente
fiel O aceitou e através destes começou a formação de um povo nascido– daa Igreja.
fé Essa é a nação espiritual
falada em Mateus 21.43 e 1 Pe 2.9.
Dessa vez não o rejeitarão, antes clamarão por Ele: “Baruch habab’shemADONAI” – “...bendito é o que
vem em nome doSenhor” (Lc 13.35b). Isso acontecerá somente após prová-lo e expurgá-lo através da Grande
Tribulação (Mt 23.39, 26.64; Rm 11.26), porém terão que esperar até que venha a plenitude dos gentios (Rm
11.25):“Irmãos,não quero que ignorem este mistério, para que não se tornem presunçosos: Israel experimentou
um endurecimento em parte, até que chegasse a plenitude dosgentios”(PEARLMAN, 1996, p.314; APOLONIO,
1985; LAhAYE, 2010, p.372).

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

3.2.3 Para os Gentios


São aqueles que não pertencem à igreja e também não são judeus. Esses formam o terceiro grupo bíblico
de 1 Coríntios 32.12. é o grupo mais antigo historicamente, pois precedem a Abraão e compõe as demais
nações da terra até nossos dias.
Uma das grandes promessas messiânicas a Israel é a conversão dos gentio s, e os m esmos fo ram inclu ídos
no plano divino da salvação (Gn 12.3; Is 49.6; Lc 2.32). Esta é a oportunidade missionária da igreja hoje, pois
todas as nações da terra aguardam a manifestação dos filho s de Deus.
Na ocasião da Segunda Vinda de Cristo, as nações gentílicas serão julgadas, os reinos do mund o de struídos
eLctodos
1.32;os
Zcpovos
14.9; estarão sujeitos
/Is 24.23; ao Rei dos
Ap 11.15), reis e Senhor
(PEARLMAN, dos p.315;
1996, senhores (Dn 2.44; Mq
APOLONIO, 4.1;LAhAYE,
1985; Is 49.22-23; Jr 23.5;
2010, p.447).
Portanto, para os gentios, a Segunda Vinda de Cristo representará um julgamento (Sl 2.6-10; 96.13). As
nações serão regidas com vara de fe rro. Toda op ressão e injustiça será extirpad a.

3.3 CONTRASTE ENTRE ISRAEL E A IGREJA


Originalmente há uma significativa diferença nos planos de Deus para Israel e a Igreja. Note a tabela com
os contrastes entre Israel e a Igreja:
ISRAEL IGREJA
Deus escolheu Israel para a sua Deus escolheu a I greja para a sua
ESCOLHA DE DEUS glória na Terra glória no céu
(Gn 15.7; Js 11.23; Ex 32.13) (Ef 2.4-7)
Israel foi escolhido através do A Igreja foi escolhida antes da
TEMPO DA ESCOLHA chamado de Abraão fundação do mundo
(Gn 12.1-3) (Ef 1.4)
Fazer de Israel uma nação Fazer da Igreja um cor po diferente
O PROPÓSIT O DE D EUS diferente de todas de todos
(Gn 12.2; 46.3) (Ef 1.15-23; 2 Co 11.2; Ct 4.1)
Deus cham ou um a pessoa para A Igreja é chamada entre muitos
O CHAMADO dela formar uma nação para formar um só corpo
(Is 51.2) (Ef 2.11-16)
Os judeus serão chamados de A Igreja será chamada aos céus
O ENCONTRO COM CRISTO volta a sua pátria
(1 Ts 4.13-15)
(Jr 33.7-9)
Cristo é a cabeça do cor po, o
A RELAçãO COM CRISTO Cristo será o Rei de Israel noivo da igreja
(Zc 14.17)
(Ef 1.22; 4.15)
A herança da Igreja é o céu
A HERANçA A herança(Gn
de Israel
12.7) é a terra (Ef 1.3)
QUADRO: CONTRASTES ENTRE ISRAEL E A IGREJA;
FONTE: Compilado a pelos autores a p artir de Estudos de Escatologia de Edson Prado (2011, p.4).

Porém, temos que levar em consideração que atualmente pela palavra vivemos na época da Igreja que
é uma brecha aberta na história do povo judeu. A Bíblia então pode ser dividida em cinco seções gerais da
história dos povos:

FIGURA 29: A BÍBLIA EM C INCO SEÇÕES GERAIS DA hISTÓRIA DOS POVOS


FONTE:GOULART , 2002, p . 32.

90
ESCATOLOGIA BÍBLICA

4. ISRAEL – O RELÓGIOESCATOLÓGICODE DEUS


4.1 INTRODUÇÃO
“Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem, e os farei voltar a esta terra; e edificá-los-ei, e não os
destruirei, e plantá-los-ei, e não os arrancarei”. (Jr 24.6)
Neste tópico estaremos abordando particularmente a nação de Israel, isso porque ela é considerada o
relógio divino na Terra pelo qual conhecemos os desígnios de Deus para o final da história da humanidade.
O que acontece com a história de Israel mostra diretamente o cumprimento do plano escatológico de
Deus, e por isso mesmo é precisoque conheçamos e fiquemos atentos todos
a os fatos históricos que ocorrem
com essa nação.

4.2 A PARÁBOLA DA FIGUEIRA


Em Mateus 24.32-33, Jesus contou a seus discípulos a Parábola da Figueira: “Aprendei,pois, esta parábola
da figueira: quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão.
Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo,portas” às (Mt 24:32-33).
Muitos estudiosos compreendem a figueira desta passagem como um símbolo da nação de Israel. Com
isso o Senhorestá exortando seus discípulos (nós), ficarem
a atentos aos aconteciment
os referentes a Israel:
“Olhai para a figueira, e para todas as árvores” (Lc 21.29).
Israel é comparada a três árvores nas Escrituras Sagradas: a vinha(Is 5.1-7) – este foi o conceito de Isaías
e de outros profetas do Antigo Testamento; a Oliveira (Rm 11.17– etc.)
este foi o conceito de Paulo; a Figueira
(Mc 13.28) – este foi o conceito de Jesus em relação a Israel.
Segundo Severino P. da Silva (1988, p.14-15), antigamente a nação de Israel era como uma “vinha frutífera”,
depois uma“figueiraestéril”,e mais tarde na vinda do grande Rei se tornará uma“oliveiraflorescente”.A
partir do ano 70 d.C. a“figueirasecou” como profetizou Jesus (Lc 13.8-9) e em quase dois mil anos a nação
judaica se transformou num “montãode ossossecos” (Ez 37.1, 2, 11). Esses ossos foram espalhados na face
de um grande vale (o mundo), conforme as palavras do profeta, e ali seriam absorvidos pelas sepulturas (as
nações) (Ez 37.12).
Apesar de tudo, Deus prometeu a restauração e a figueira começou “brotar”
a em 14 de maio de 1948,
e as sepulturas (nações) devolvem a Israel não só seus filhos, mas também sua Terra (Mt 24.32):
“Aprendei,
pois, esta parábola da figueira: quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está
próximo o verão. Igu almente , quan do virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas”.
Mas segundo os ensinamentos de Jesus, a profecia incluía também outras árvores (Lc 21.29):
“Olhai para
a figueira, e para todas asárvores”,e temos observado continuamente através dos jornais que não só Israel
tem “brotado”,mas todas asnações vizinhas de umamaneira ou outra também tem progredido. Isso prenuncia
a Volta de Cristo, pois o Senhor confirma:
“Não passará esta geração até que tudo
aconteça”(Enciclopédia
Popular de Profecia Bíblica, 2010, p. 163).

4.3 ISRAEL – O EIXO CENTRAL DO PROGRAMA ESCATOLÓGICODIVINO


Um dos sinais mais evidentes da proximidade da segunda vinda de Cristo está relacionado aos fatos
históricos, sociais e políticos que ocorrem com a nação de Israel.

4.3.1 Dispersão e Regresso


Em 70 d.C. a nação judaica foi dispersada dentre as nações (diáspora), em cumprimento à profecia de
Zacarias 7.14:“E os espalharei como tempestade entre as nações que eles não
conheceram”.Sob a liderança
do general romano Tito, Jerusalém foi tomada.cidade
A e o templo foram destruídos. Segundo o historiador
Flávio Josefo, milhares de judeus pereceram no cerco à cidade. houve resistência por parte dos judeus na
fortaleza conhecida como Massada, porém ao fim aproximadamente mil judeus preferiram se suicidar a
entregar-se ao inimigo. Muitos dos judeus sobreviventes foram vendidos como escravos para diferentes

91
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

partes do mundo. Mais de um milhão de judeus morreram neste evento que ficou conhecido como a Queda
de Jerusalém (BEGSTéIN, 2007, p. 307-311).
Desde então Jerusalém tem sido pisada pelos gentios. Porém, Deus prometeu à nação israelita a
restauração de sua terra e do povo judeu:“Portanto,dize: Assim diz o Senhor Jeová: hei de ajuntar-vos do meio
dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra
Israel.”
de(Ezequiel 11.17).
Este é, sem dúvida alguma, um dos mais fortes sinais históricos da volta do Senhor, pois Israel foi reconhecida
como uma nação pela ONU (Organização das Nações Unidas) e em 14 de maio de 1948 foi proclamada a
independência do Estado de Israel. Após 1878 anos de espera os judeus ganham um país, uma pátria, como
Deus havia prometido (Gn 12.1-2, 7; Dt 32.9-11; Lv 26.33, 36-37; Jr 24.6; Ez 36.24, 28; Am 9.15; Ob 17; Is 66.8).
“E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR teu
Deus”. (Am 9.15)
“Mas no monte Sião haverá livramento, e ele será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas
herdades.” (Ob 1.17)

FIGURA 32: FOTO DA LEITURA DA DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL,


TEL AVIV, 14 DE MAIO DE 1948, POR DAVID BEN GURION (Primeiro Premiê do Estado de Israel).
FONTE: Revista Veja Online. Veja na história. Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 03 fev. 2012.
As cadeiras vieram emprestadas de cafés vizinhos. Os microfones, de um empório musical. Dois
carpinteiros chamados às pressas ergueram o palco de madeira em tempo recorde. Um retrato do
pioneiro sionista Theodor Herzl foi colocado em posição de destaque no salão principal, ladeado por
duas bandeiras gigantes com a estrela de Davi (símbolo ancestral do povo judeu), lavadas e passadas
de forma expedita para a ocasião. Em um piscar de olhos, o Museu Nacional de Tel-Aviv transformou-se
para sediar uma cerimônia aguardada pelos hebreus há exatos 1.878 anos – desde que a destruição
do Segundo Templo pelos romanos, em 70 d.C., acabou com a soberania dos judeus em Jerusalém e
deu início à segunda diáspora dos seguidores de Isaac. No compromisso deste 14 de maio de 1948,
porém, a história seria finalmente reescrita: a terra prometida estava voltando às mãos dos judeus
(Revista Veja, 1948).
“Quem já ouviu uma coisa dessas? Quem já viu tais coisas? Pode uma nação nascer num só dia, ou,
pode-se dar à luz um povo num instante? Pois Sião ainda estava em trabalho de parto, e deu à luzfilhos”
seus
(Isaías 66.8).
Apesar de decretada a independência do Estado de Israel, esta nação ainda passou por várias guerras,
pois nem todos aceitaram de bom grado a decisão das Nações Unidas. Uma das Guerras que mais marcou a
nação foi a“Guerrados SeisDias”.Jerusalém até então estava sob poder dos árabes, mas em junho de 1967
a parte velha da cidade foi tomada e as tropas chegaram ao muro das lamentações.
O Ministro da Defesa de Israel, General Moshe Dayam, pronunciou as seguintes palavras ao chegar ao
muro: “Chegamosao mais Santo de todos os lugares, para nunca mais sair”.Durante todos esses anos e até os
tempos atuais, Israel luta pelasua autonomia como nação. Osconflitos são constant
es na região, principalmente
contra as nações árabes, porém há mais conflitos e guerras previstos para o futuro desta nação antes da vinda
do Senhor (2FSV).
A restauração de Israel, que levará à era áurea da bênção, é um dos temas mais singulares das Escrituras
e está ilustrado em Ezequiel 37.1-11:
“O Vale dos OssosSecos”.Por meio do Espírito Santo, o profeta Ezequiel

92
ESCATOLOGIA BÍBLICA

vê um vale cheio de ossos secos que representam “toda a casa deIsrael”,tanto Israel quanto Judá, no exílio,
cuja esperança já pereceu na dispersão entre as nações. Deus mandou Ezequiel profetizar sobre os ossos, o que
corresponde à restauração, e os ossos reviveram: 1. Restauração Nacional
– ligada a terra (v.7-8); 2. Restauração
Espiritual– ligada à fé (v. 9-10). é uma das mais maravilhosas promessas de esperança e restauração pelo
poder de Deus: o restabelecimento como nação na terra prometida, mesmo diante de tantas adversidades (v.
11-14), (Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, p.1223; BEGSTéIN, 2007, p. 307-311).
Esta visão tem, segundo a Bíblia de Estudo Profética (2005, p. 743), cinco estágios: 1. os ossos secos
espalhados (v.2); 2. os ossos secos se juntam, desenvolvem tecidos conjuntivos, são recobertos de carne (v.7-
8); 3. o vento sopra espírito dentro dos corpos (v. 9-10); 4. a restauração também é espiritual (v.24-28); 5. a
“raiz da geração deDavi” (Ap 22.16) reinará sobre a nação.
Estágios de restauração de Israel prevista em Ezequiel 37
ESTáGIO CUMPRIMENTO HISTÓRICO
Ossos espalhados Israel disperso
Nervos ligados aos ossos Congregação pré-1948
Carne sobre os ossos Israel se torna uma nação (Estado Atual)
Pele cobre o corpo Israel durante a Tribulação
Espírito no corpo Israel depois da conversão nacional
QUADRO: ESTÁGIOS DE RESTAURAÇÃO DE ISRAEL PREVISTA EM EZEQUIEL 37
FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 742.

4.3.2 Reuniãoprogressiva de Israel em sua terra


A formação do Estado de Israel e a reunião do povo judeu que estava disperso entre as nações é apenas
o inicio de uma maravilhosa história para esta nação. Essa reunião de israelitas dos tempos modernos, da
qual cada estágio é conhecido entre os judeus comoaliya(ascensão, subida), tem povoado e dadocondições
àquele jovem país de plantar, colher, educar e se defender das nações vizinhas que não concordam com a sua
formação.
Este é um sentimento de volta ao lar, o qual se tornou forte com o movimento sionista iniciado em
1897 por Teodoro herzl (fundador do moderno Sionismo político). Pouco a pouco e sistematicamente o povo
começou a voltar em várias
“subidas”(aliyot). Em 1917 há permissão para que o povo judeu retorne à Palestina
(Declaração de Belfour).

NOTA!
Sionismo– Movimento político apoiado por judeus e não
judeus que defende a existência do Estado Judaico, o direito
dos judeus constituírem uma nação e viverem em sua terra
natal – “volta para Sião”. Foi formalmente fundado em 1897
pelo jornalista judeu Teodoro Herzl. Em 1917 definiu-se que
o estado de Israel deveria ser localizado não em outro lugar
senão na localização do antigo Reino de Israel, na Palestina.

4.3.2.1 Principais acontecimentos dos últimos séculos referentes Israel após


a dispersão
Note a tabela a seguir que apresenta estes acontecimentos:

93
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

DATA(d.C.) ACONTECIMENTO
70 Destruição do Templo e de Jerusalém (Dn 9.26b; Mt 24.1-3. Cerca de 1 milhão de judeus morreram.
123 Dispersão dos judeus pelo Imperador Romano Adriano (Dt 28.64; Zc 7.14).
313 Edito de Milão pelo Imperador Romano Constantino.
475 É concluído o Talmud, a mais importante coleção de textos e leis da Torá.
638 Tropas do Califa Omar dominam a Palestina.
691 Construção do Domo da Rocha (Mesquita de Omar).
1071 Os turcos conquistam a Palestina.
1099 A Cruzada tomou Jerusalém.
1096 – 1190 Durante as cruzadas ordenadas pelo Papa para recapturar Jerusalém dos muçulmanos e a manter sob domínio cristão, judeus
são executados por soldados católicos.
1179 Instituição dos“Guetos” – bairros judeus.
1184 Inquisição Católica Romana.
1290 – 1496 Muitos judeus são assassinados na Europa por recusarem-se a adotar o catolicismo como religião.
1481 – 1492 A Inquisição na Espanha oferece aos judeus a escolha entre se converter ao catolicismo ou morrer.
1492 Pandemia da Peste Negra: os judeus foram responsabilizados
1516 Assinado o Edito de Expulsão (Espanha).
1648 O líder cossaco Chmielnitzki ordena o massacre de milhares de judeus na Rússia e na Polônia.
1654 Chegam aos Estados Unidos os primeiros judeus, retirando-se do Brasil; estabeleceram-se em Nova York e Amsterdã.
1656 Os judeus podem retornar à Inglaterra, após várias petições do líder republicano Oliver Cromwell.
1784 – 1885 Sir Moses Monteflore, judeu inglês, funda uma colônia de trabalhadores em Jerusalém e apoia judeus oprimidos em todo o mundo.
1800 Turcos – Otomanos dominam a Palestina
1810 Surgem na Alemanha os reformistas, para modernizar o judaísmo e integrar os judeus à sociedade cristã.
1814 O americano John MacDonaldcomeçou a pregar em Albany,Nova York, sobre a profecia bíblica e a restauração de Israel, stigando
in
o interesse pela interpretação literal das profecias do Antigo Testamento sobre Israel.
1839 Grande onda antissemita domina a Europa.
1878 O livro de W. E. Blackstone Jesus is Coming (Jesus está Vindo) foi publicado, prevendo e encorajando o retorno dos judeus em
cumprimento da profecia.
1881 – 1905 Aumentam os massacres na Rússia; muitos judeus mudam-se para outros países: Europa, América do Sul e EUA.
1881 - 1900 A primeira Aliya(“subida”)ocorreu e consistiu em aproximadamente 30 mil judeus que estavam sob perseguição na Rússia
mudam-se para a Palestina.
1897 O primeiro Congresso Sionista, sediado em Basel (Suíça), liderado por Theodor herzl - adotou o sionismo como um programa e
declarou:“O alvo do sionismo é criar para o povo judeu um lar na Palestina porpública”.
lei
1904 - 1914 A segunda Aliya resultou em 32 mil judeus russos perseguidos se mudando para a Palestina.
1909 Criação de Tel-Aviv (atual capital da nação israelita).
1917 Fim da Primeira Guerra Mundial e do domínio Turco – Otomano; Tropas britânicas tomam Jerusalém. A declaração de Balfour
dizia em parte:“O governo de Sua Majestade vê com favor o estabelecimento na Palestina de umrlanacional para o povo judeu”
– permissão para o povo judeu retornar à Palestina.
1924 - 1939 A terceira Aliya, quando 78 mil judeus poloneses se mudaram para a Palestina.
1933 - 1939 A quarta Aliya, quando 230 mil judeus fugiram da perseguição na Alemanha e na Europa Central.
1939 – 1945 Segunda Guerra Mundial – mais de 6 milhões de judeus são mortos pelos nazistas liderados por Adolf hitler, com a razão de
formarem uma“raça pura” (Ez 37.12).
1940 - 1948 A quinta Aliya, quando 95 mil judeus escaparam da Europa Central.
1947 Aprovação, na ONU, da criação do Estado de Israel. Curiosidade:“voto
o de minerva” (desempate) para a criação do Estado de
Israel foi dado pelo brasileiro Oswaldo Aranha.
1948 A Agência Judaica em que se tornaria a nova nação de Israel proclamou status de nação, ou seja, foi a declaração de Indep
endência
do Estado de Israel. No dia 14 de maio de 1948 a administração do presidente americano harry Truman fez este anúncio: “Os
Estados Unidos reconhecem o governo provisório como autoridade de fato do novo EstadoIsrael”.
de
1948 – 1995 Judeus do Iêmen, do Iraque, da Etiópia e da Antiga URSS retornaram à Palestina.
1947 - 1949 Guerra de Independência de Israel.
1956 A Campanha do Sinai (Operação Kadesh)– para remoção do bloqueio egípcio de Eilat.
1967 (junho) A Guerra dos Seis Dias, precipitada por uma invasão árabe, resultou em Israel capturando Jerusalém e a Cisjordânia.
1968 – 1970 Guerra do Atrito (Canal de Suez).
1973 Guerra do Yom Kippur. Outro ataque pelos árabes foi repelido com vitória israelense.
1978 – 2000 O Egito reconhece a Israel; o movimento da resistência árabe-palestina se inicia; negociações, acordos e tensões continuam.
1982 A Guerra do Líbano; Operação Paz para a Galileia.
1991 Guerra do Golfo– Israel se vê no meio do conflito com ameaça real de destruição por armas e munições não convencionais.
2006 Segunda Guerra do Líbano.
???? Aliança com o Anticristo (Dn 9.27a).

QUADRO:PRINCIPAISACONTECIMENTOS DOS ÚLTIMOSSÉCULOSREFERENTESA ISRAELAPÓS A DISPERSÃO;FONTE:Compiladopelosautores


a partirdos livros:50 Fatos– Israele o Fim do Mundo;Bíbliade EstudoProféticaTim Lahaye,site IsraelMinistry of Foreign Affairs; Enciclopédia
Popular de Profecias Bíblicas; Guerras Modernas de Israel (Israel Ministry of Foreign Affairs).

94
ESCATOLOGIA BÍBLICA

A Segunda reunião de Israel se dará no evento da Grande Tribulação, na “angústia de Jacó” (Ap 16.12-
21). A Grande Tribulação será terrível para o povo judeu, o qual será provado e julgado pelo Senhor, quando
então se lembrarão daquele a quem transpassaram: Jesus, o Messias, que virá libertá-los. Muitos aspectos
da profecia de Ezequiel 37.1-11 já tiveram seu cumprimento na história, porém a restauração integral desta
nação ainda está para se cum prir no fu turo.

4.3.3 Um novo Temploem Jerusalém?


Uma das atividades documentadas e que denota a iminência da volta do Senhor é a preparação para a
reconstrução do Templo em Jerusalém. Já há trajes guardados e prontos aguardando apenas o restabelecimento
dos cultos;
40-46 harpas estão
dá instruções sendo fabricadas
detalhadas à mão,
sobre o novo bemdocomo
Templo os utensílios
Milênio, porém em e objetos do novo
Daniel 9.27 templo.
diz que Ezequiel
haverá um
Templo anterior, cujas preparações já estão em andamento. Este templo existirá em Jerusalém durante a
Tribulação de sete anos (2 Ts 2.4; Ap 11.1) e será profanado pelo Anticristo (SILVA, Severino P. 1988, p.75-82).

NOTA!
Para se aprofundar neste assunto, recomendamos a página
em inglês do Temple Institute (Instituto do Templo em
Jerusalém) em www.templeinstitute.org.

4.3.4 Israel e o cenário políticomundial


Além destes dois fatos, a política internacional voltada a Israel demonstra como o palco está se arrumando
para o surgimento do Anticristo e para o cumprimento das profecias registradas em Ezequiel e Daniel. Nações
bíblicas têm se alinhado contra Israel através de alianças informais, tais como o Egito, Rússia, Sudão, Irã, Líbia.
Além disso, a União Europeia, as nações orientais e o Iraque têm o poderio bélico e estratégico para ser a
“infraestrutura”do novo Império Romano ressurgido (Ap 16.12, Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005,
p. 626).
A Bíblia fala sobre este novo Império Romano (Dn 2.33-34, 44; 9.24-27; 7.7-8, 24-25; Ap 13.3, 7; 17.12-13),
uma confederação de nações formada na área geográfica do antigo Império Romano – seria a União Europeia
uma sombra do antigo império? Muitas das características desta confederação assemelham-se com as dadas
pela profecia de Daniel 2.33, 34, 44, porém é preciso ter cuidado com suposições e aguardar o cumprimento
das profecias. Falaremos mais sobre esse assunto ao estudarmos as 70 semanas de Daniel no próximo capítulo
do livro (CABRAL, 1998).
Fala-se mu ito e m p az e ntre palestinos e israelitas, vários acordo s já foram
firmados, porém n enhum dest es acordos está funcionando. Daniel 9.27 diz que o
Anticristo confirmará acordos (concertos ou alianças), evidentemente tornando-os
mais fortes e dando a eles legitimidade, ou seja, será uma personalidade mundial
que entrará em cena para fazer estes e outro s acordos valerem. “Pois que, quando
disserem: há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as
dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão”.1 Ts 5.3;
Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 626). IMPORTANTE!
A aliya do povo judeu, o renascimento da nação de Israel, o alinhamento Deus está
das nações, o anseio pela paz, as preparações para o no vo Templo, entre o utros
operando no
eventos escatológicos, foram mencionados pelos profetas a mais de 2500 anos atrás
e são sinais que estes homen s de Deus juntam ente com Jesus nos alertaram como cumprimento
indícios da Segunda Vinda d o Filho de Deus. Quão próximo estará o arrebatamento? de Sua palavra
“Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai profética.
as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”. (Lc 21.28)

95
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

RESUMO DO CAPÍTULO
· Aprendemos o que são os sinais dos tempos; o que representam, a certeza, a natureza, o propósito
e o tempo da Segunda Vinda de Cristo– Parousia.
· Estudamos o Sermão Profético e Vimos os principais sinais relacionados à pré-vinda.
· Examinamos o significado da Parousia para os três grupos de povos da Bíblia: Igreja; Israel e Gentios.
· Vimos que Israel é a peça chave para compreendermos o plano de Deus para o fim dos tempos, pois
os eventos relacionados a esta nação afetam todas as nações e povos direta ou indiretamente
– por

isso mesmo Israel é conhecida como “relógio escatológico deDeus”.


· Analisamos as principais profecias ligadas à nação de Israel, o seu cumprimento e significado para
a Segunda Vinda de Cristo.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

96
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 4
Nome: Série: Data da Entrega:

Prezado aluno, através desta autoatividade você terá a oportunidade de rever o conteúdo estudado neste
capitulo. Esta é uma atividade avaliativa, portanto, faça-a com atenção e dedicação. Boa revisão!

QUESTÕES:
1. Defina o que são “sinais dos tempos” e por qual m otivo Deus o s deixou para nós?
2. Quais são as duas fases ou etapas da Segunda Volta de Cristo? O que significa “princípio das dores”?
3. A que conclusão você chega ao confrontar os sinais da volta de Cristo com os jornais seculares? Cite alguns
exemplos de sinais da volta de Cristo que tenha observado ultimamente na mídia.
4. Quais os três grandes povos da profecia bíblica e o que a volta de Cristo representa para cada um deles?
5. Por que Israel é chamado o“relógio escatológico deDeus”? Quais profecias relacionadas a Israel se
cumpriram e que demonstram a proxi midade da volta de Cristo?

97
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

98
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO5
AS PROFECIASDE DANIEL
1. AS PROFECIAS NO LIVRO DE DANIEL
1.1 INTRODUÇÃO

5
No capítulo 2 deste livro
estudamos o livro de Apocalipse.
N e s t e c a p í t u l o e n fo c a r e m o s
principalmente as profecias do livro O
de Daniel, que é um dos livros mais L
U

0
intrigantes de toda a Bíblia.
T
Daniel foi ricamente inspirado P
pelo Espírito Santo para transmitir A
a palavra profética principalmente C
acerca do fim dos tempos. Muitas de
suas profecias se cum priram e o utras
ainda aguardam seu devido tempo.
Estudaremos a supremacia divina
sobre o domínio político e religioso
humano. Refletiremos a respeito das
principais profecias d o livro, as quais
relatam o futuro das nações gentílicas FIGURA 31: DANIEL; em http://prjoseiadrn.
e do povo de Israel. Bons Estudos! blogspot.com; em 15 fev. 2012

1.2 INTRODUÇÃOAO LIVRO DE DANIEL


O livro de Daniel foi escrito durante o exílio babilônico (606 a 536 a.C.),
num tempo catastrófico de Jerusalém e Judá. Relata o domínio de Deus sobre
os reinos do mundo, bem como o estabelecimento do seu próprio reino. As
profecias revelam o futuro do mundo gentílico e da nação israelita.
Ezequie l e Jeremias também fo ram usados para transmitir a mensa gem
dos acontecimentos futuros sobre a nação, porém Daniel o fez mais
profundamente, olhando para um futuro histórico distante da sua realidade.
Suas profecias mostram extraordinárias revelações sobre o reino que não seria
destruído, quando então o Altíssimo dominaria sobre os reinos humanos.
Relata fatos relacionados ao fim dos tempos: os grandes reinos futuros, a
Tribulação, a instalação do Milê nio, a atuação do Anticr isto etc.

Além disso, diferentemente de seus contemporâneos, Daniel não atuou


junto ao pov o, mas seu ministério foi exercido dent ro do palácio, onde exercia
um cargo de confiança – conselheiro do rei – era um estadista. Atuou nas
cortes de figuras proeminentes da história geral, como os reis Nabucodonosor
e Dário, num período de quase setenta anos.
A maior parte do livro faz registro de visões fantásticas e altamente
simbólicas, as quais precisam ser interpretadas à luz de outros ensinamentos
bíblicos e eventos mundiais, passados e futuros. Apesar de os intérpretes
divergirem nos detalhes destas visões, há um consenso sobre a maioria destes
escritos (Bíblia de Revelação Profética, 2010).

99
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Nos primeiros sete capítulos de Daniel tratam do futuro das nações gentílicas, já os capítulos 8-12 referem-
se ao povo de Israel. As principais profecias do livro são as encontradas no capítulo 2 (nações gentílicas) e as
do capítulo 9(nação israelita). Nosso estudo focará algumas destas profecias de maior
relevância escatológica,
mas mostramos a seguir alguns quadros que facilitarão uma posterior consulta às profecias de Daniel caso
haja interesse por parte do aluno.
Outro ponto importante a ser considerado quando estudamos as profecias de Danielé saber que este
livro não pode ser estudado isoladamente, mas em conjunto com toda a Escritura, principalmente aliado ao
livro de Apocalipse. Ambos os livros combinam-se e completam-se. há entre eles um paralelismo notável,
pois Apocalipse se fundamenta na visão de Daniel. Daniel ocupa-se principalmente
“tempo
do dos gentios”
mencionado em Lc 21.24. Já Apocalipse salienta a “plenitude dos gentios”.
Deus nos mostra através deste livro que Ele é soberano governador das nações do mundo (Dn 2.21;
4.17-35). Ele é o Senhor da história. Ela não é uma sequência de fatos desconexos e nem pode ser controlada
pelos homens. há alguém maior nos bastidores conduzindo-a para um ponto determinado: “...a fim de que
conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao
mais humilde dos homens constitui sobre ele” (Dn 4.17b).“E ele muda os tempos e as estações; ele remove os
reis e estabelece osreis...”(Dn 2.21a; Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p.760-762; BERGSTéN, 1995).

1.3 PRINCIPAIS PROFECIAS DE DANIEL


NOTA!
Nos quadros que se seguem são apresentadas as principais
profecias do livro de Daniel, as quais o caro aluno poderá
consultar sempre que houver necessidade.

1.3.1 Profecias referentes às nações gentias em Daniel1 – 6


Apresentamos as profecias referentes às nações gentias em Daniel
– 6:
1

REFERÊNCIA DESCRIÇÃO A VISÃO OU SONHO INTERPRETAÇÃO E CUMPRIMENTO


PROFÉTICO
2.31-45 Uma estátua em pé, com a cabeça de As partes da estátua representam quatro impérios
ouro, o peito e os braços de prata, mundiais sucessivos que haviam de governar sobre
o o povo de Israel: o ouro é a Babilônia (586-53
ventre e as coxas de bronze, as pernas 9
de ferro e de barro. Uma pedra cortadaa.C.); a prata, o Império Medo-persa (539-332 a.C.);
sem o auxílio de mãos destrói a estátuao bronze o Império Grego (); e o ferro e o bar
batendo contra os seus pés. Os restos ro
da estátua são levados pelo vento, erepresentam os romanos (início em 63 a.C.). A pedra
a pedra se transforma numa grande é Jesus (1 Pe 2.6-8), que conquistará e reinará sobre
4.10-33 Uma grande ár vore é cortada, A árvore cortada representa Nabucodonosor, que
restando apenas um todo e, depois foi humilhado diante de Deus e foi tirado de entre
de personificada, recebe a mente deos homens e passou a comer erva (pastagem) como
um animal. os bois.
5.5-31 Uma mão escreve uma mensagem As palavras foram interpretadas do seguinte modo:
cifrada na parede dopalácio deBelsazar, “Contado,contado, pesado edividido.”Deus pesou
rei da Babilônia:“Mene, Mene, Tequel Belsazar, e, visto que ele foi achado em falta, seu
e Parsim”. reino seria dividido. Na mesma noite, Belsazar foi
morto, e os medo-persas assumiram o controle do
Império Babilônico.
QUADRO: PROFECIAS REFERENTES àS NAÇÕES GENTIAS EM DANIEL 1 –6
FONTE: Bíblia de Revelação Profética, 2010; em 21.abr.2012

100
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3.2 Profecias referentes às nações gentias em Daniel7


REFERÊNCIA DESCRIÇÃO A VISÃO OU SONHO INTERPRETAÇÃO E CUMPRIMENTO
PROFÉTICO
7.1-7, 15-17. Quatro animais: um leão, um urso, um Os quatro animais representam a mesma sucessão
19.23 leopardo e um“quarto animal, terrível de impérios mundiais vista no sonho registrado
e espantoso e muito forte”, com dez em Daniel 2: os babilônicos, os medos-persas, os
pontas, subiram do mar. gregos e os romanos.
7.8, 20-21, 24- Uma pequena ponta com olhos humanosAs dez pontas representam dez impérios que se
25 e uma boca que falava grandiosamente levantarão como um Império Romano redivivo,
surge dentre as dez pontas e arranca três antes da segunda vinda de Cristo. Um governante
delas. Esta ponta“cuidaráem mudar os mundial, o anticristo, surgirá do meio deles e
tempos e a lei” (v.25), falando contra subjugará três dos dez reinos. Ele instituirá u
Deus e perseguindo os santos “por m
um tempo, e tempos, e metade de um novo sistema de governo e perseguirá Israel
tempo”. durante a grande angústia por um período de três
7.13-14 Um como o filho do homem receberá do Jesus Cristo, que clamou para si o título de Filho
ancião de dias autoridade sobre todosdo Homem (Jo 1.51), receberá de Deus autoridade
os reinos. sobre todos os reinos da terra na sua segund
a
7.18, 22, 27 Os santos recebem o reino para sempre.Os judeus e a Igreja reinarão com Cristo no reino
do milênio e participarão das alegrias do céu para
sempre.
7.26 A pequena ponta será destruída. O anticristo será jogado no lago de fogo (Ap 19.20).
QUADRO: PROFECIAS REFERENTES àS NAÇÕES GENTIAS EM DANIEL 7
FONTE: Bíblia de Revelação Profética, 2010.

1.3.3 Profecias referentes a Israel em Daniel8 – 12


REFERÊNCIA DESCRIÇÃO A VISÃO OU SONHO INTERPRETAÇÃO E CUMPRIMENTO
PROFÉTICO
8.3-12, 20-25 Um carneiro com duas pontas é derrotadoO carneiro representa os medos-persas; o bode
por um bode com apenas uma ponta. representa a Grécia, e a única ponta, Alexandre, o
A única ponta do bode se quebra e é Grande. As quatro pontas representam a divisão
substituída por outras quatro pontas. do império entre quatro generais depois da sua
Dessas quatro pontas surge uma pequenamorte. A pequena ponta representa Antíoco
que exalta a si mesmo e profana o templo,Epifânio IV, que profanou o templo de Jerusalém
mas ele será destruído:“ma, sem mão, em 167 a.C. Antíoco morreu por doença, um ato
seráquebrado”.(v. 25). de Deus, em 164 a.C.
9.24 70 “semanas” (literalmente, 70 “setes” 70 “semanas” de sete anos (o que equivale a
deverão se passar, até que os pecados490 anos) se passarão até que o pecado de Israel
de Israel terminem e a justiça eterna seja seja removido, na segunda vindade Cristo (Rm
estabelecida) 11.20-27 – haverá um longo espaço de tempo
entre a 69ª e a 70ª“semana”).
9.25 Sete “semanas” e 62 “semanas” (num Da ordem de reconstruir Jerusalém, expedida por
total de 69“semanas”)irão passar desde Artaxerxes em 444 a.C. (alguns autores citam 445
a ordem de restaurar Jerusalém até a a.C.) (Ne 2.1-8), até a data da entrada triunfal de
chegada do Messias. Cristo (33 d.C.) se passaram 483 anos (69x7) de
360 dias, com base no calendário lunar judaico.
9.26 Depois das 62 “semanas” o Messias Cristo foi crucificado em Jerusalém, e o templo
será morto, e a cidade e o templo serão foi destruído pelo general romano Tito no ano
destruídos, “e até ao fim haverá guerra; 70 d.C. (Mt 23.38). A “desolação” de Israel
estão determinadasdesolações”. continuará até a segunda vinda de Cristo.

101
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

9.27 O “príncipe, que há de vir” (v.26) fará O anticristo firmará um concerto com Israel por
um “concerto com muitos por uma sete anos, mas se voltará contra Israel depois
semana”,mas no meio dessa“semana”, de três anos e meio. A septuagésima “semana”
ele interromperá os sacrifícios. começará após o arrebatamento da Igreja.
11.3 Depois do governo da Pérsia (v.2), um Alexandre, o Grande, derrotou o império Persa
valente rei se levantará. em 334-330 a.C.
11.4 O reino do valente rei será dividido entre Logo depois da morte de Alexandre, em 323
outros. a.C., seu reino foi divididoentre quatro de seus
generais, incluindo Ptolomeu (Egito) e Selêuco

11.5-35 Vários reis do Sul e vários reis do Nort(Síria).


Uma prolongada luta na terra de Israel entre
e o reino Ptolemaico, do Egito (os reis do Sul), e
lutarão entre si com força e muitas intrigas.
o reino Selêucida, da Síria (os reis do Norte)
,
levou à profanação do templo de Jerusalém, em
167 a.C., pelo rei selêucida Antíoco Epifânio IV.
Esta profecia também aponta para os grandes
conflitos militares que acontecerão durante o
11.36-39 Um rei se exaltará acima de todos Apesar de alguns sustentarem que este rei seja
os poderes, humanos ou divinos, e Antíoco Epifânio IV, outros creem que ele é
blasfemará contra Deus“atéque a ira se o anticristo, que reinará durante o tempo da
complete”(v. 36) angústia.
11.40-45 “E, no fim do tempo”,o rei do Sul atacará oO anticristo invadirá Israel em função das
rei do Norte. Este rei (o de 11.36) invadirábatalhas que se travarão ali entre os aliados do
a terra gloriosa e governará ali, mas será Egito e os poderes do Norte. O anticristo reinará
destruído. em Israel, mas será derrotado no fim do tempo
da angústia.
12.1 Miguel libertará o “teu povo” de um O arcanjo Miguel intervirá para libertar Israel
tempo de angústia, tal“qualnunca houve, da grande tribulação na batalha do Armagedom
desde que houvenação”. (Ap 16.12-16).
12.2-3 Os mortos ressuscitarão, alguns para a Os justos serão ressuscitados para reinar com
vida eterna e outros para condenação cristo no reino do milênio (Ap 20.4). Os ímpios
eterna. serão ressuscitados depois do milênio para a
condenação eterna (Ap 20.5).
QUADRO: PROFECIAS REFERENTES À ISRAEL EM DANIEL 8– 12
FONTE: Bíblia de Revelação Profética, 2010.

2. O TEMPO DOS GENTIOS


2.1 INTRODUÇÃO
A história humana registra a existência de vários Impérios Mundiais, os quais aparecem descritos nas
profecias de Daniel. Neste tópico estaremos estudando as
profecias referentes ao“tempo dos gentios”,os
grandes impérios mundiais e como Deus usa até mesmo monarcas pagãos para cumprir seus propósitos, o
que mostra a sua soberania e poder sobre o reino dos homens. Bons estudos!

2.2 O TEMPO DOS GENTIOS


Em resposta à pergunta dos discípulos sobre o fim da era e seu retorno, Jesus disse: “Eles (o povo judeu)
cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; Jerusalém será pisada pelos gentios, até
que os tempos dos gentios secompletem”(Lc 21.24).
Os tempos dos gentios se iniciaram quando os babilônicos, liderados por Nabucodonosor, tomaram
Jerusalém em 586 a.C., e terminarão com a segunda vinda de Cristo (Lc 21.25-28). Ou seja, atualmente vivemos

102
ESCATOLOGIA BÍBLICA

no tempo dos gentios, um período que continuará até o fim da Tribulação.


O fato do tempo dos gentios ter um fim significa que Israel retornará à proeminência no programa profético
de Deus. De acordo com o profeta Zacarias, os gentios novamente conquistarão e destruirão Jerusalém durante
o período da Tribulação (Zc 14.1-2).
Essa era gentia é caracterizada por (Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 949):
· o surgimento do poder e controle mundial gentio (Lc 21.24);
· o desaparecimento de Israel como uma potência mundial (Mt 21.18-20);
· o surgimento da Igreja (Ef 1.20-23);
· a renovação de Israel como uma nação (Mt 24.39);
· a futilidade da adoração no Templo (Mt 24.2);
· os judeus serem chamados de“ovelhasperdidas” pelo próprio Cristo (Mt 15.24);
· a tentativa de domínio gentio sobre todo o mundo sob a liderança do Anticristo.
A Bíblia anuncia que o grande poder mundial gentio será destruído, e isso inclui a devastação do comércio
e da moeda mundial (Ap 18.2-3,9) , pois mesmo possuindohabilidades incríveis, o homem sem Deus está
destinado ao fracasso, perda e devastação. Por mais impressionante que sejaa sabedoria efilosofias humanas,
as diversasreligiõese crenças que proliferarão nos últimos dias, os objetivossem Deus, ... tudo isso no final
não valerá nada. A vida humana só pode ser melhorada por intervenção divina e apenas Cristo, ao retornar
em poder e grande glória, poderá tornar possível uma sociedade mais igualitária e benéfica.
O mundo é controlado pelo homem decaído, sem Deus. A raça humana está impregnada pelo pecado“...
destituído [..] da glória deDeus” (Rm 3.23). Precisamos alicerçar nossa vida na fé em
Cristo, o único fundamento
e não em fundamentos pregados pelo homem.
A condição final de riqueza, de valores do mundo, se resume na Palavra de Deus (Ap 18.14-15). No retrato
apocalíptico, os tempos dos gentios são temporariamente grandiosos, mas moralmente cegos. O que
os incrédulos venham a realizar no mundo pode ser momentaneamente atraente, mas será definitiva
e totalmente consumido com fogo devastador do céu. Devemos aprender então que nem judeu nem
gentio, sem Deus, podem produzir algo que não seja devastação. Somos convidados a estar conscientes
do programa do mundo, os tempos dos gentios, mas exortados a não cooperar com ele (David W. Breese
apud LAHAYE e HINDSON, 2010, p. 949).
Podemos então concluir que a expressão ”Tempodos Gentios” diz respeito ao aspecto político mundial,
ao tempo em que os gentios têm supremacia sobre Israel, ou seja, a liderança das nações não mais nas mãos
da nação israelita, mas de impérios gentílicos. O inicio
do tempo dos gentios foi marcado pelo exílio babilônico.
Este domínio perdurará até o cumprimento das profecias bíblicas– Setenta Semanas de Daniel– quando então
a nação judaica será restaurada no seu
poder político e religioso durante oreino Milenial (LAhAYE e hINDSON,
2010, p.447-452).

NOTA!
O “tempo dos gentios” refere-se ao extenso período da
história em que os gentios são as forças dominantes do
mundo e o povo de Israel sujeito a estas forças.

2.3 A VISÃO DA ESTÁTUADE NABUCODONOSOR


Algumas das mais significativas revelações de Deus a respeito dos tempos dos gentios foram feitas quando
Babilônia estava sob o poder dominante no mundo e Nabucodonosor era o seu governante. Grande parte desta
revelação veio através de um sonho que o rei teve, o qual é descrito em Daniel 2.26-35:
“Respondeuo rei, e disse
a Daniel (cujo nome era Beltessazar): Podes tu fazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação? Respondeu
Daniel na presença do rei, dizendo: O segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

adivinhos o podem declarar ao rei; Mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios; ele, pois, fez saber ao rei
Nabucodonosor o que há de acontecer nos últimos dias; o teu sonho e as visões da tua cabeça que tiveste na tua
cama são estes: Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos, acerca do que há de ser depois
disto. Aquele, pois, que revela os mistérios te fez saber o que há de ser. E a mim me foi revelado esse mistério,
não porque haja em mim mais sabedoria que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber
ao rei, e para que entendesses os pensamentos do teu coração. Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande
estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente,
e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. A cabeça
daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata;
o seu ventre e as suas coxas de cobre; As pernas de ferro; os seus pés
em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isto, quando uma
pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de
ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro,
o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana
das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para
eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu
toda a terra”(Dn 2.26-35).
Esse sonho perturbou o rei a tal ponto que chegou a decretar
a morte dos “sábios” da Babilônia (em sua maioria astrólogos,
encantadores, magos, videntes etc.).Daniel também era conselheiro
do rei nesta época, e foi apontado como o homem mais sábio da
Babilônia, porém a princípio não foi chamado para interpretar o sonho
provavelmente pela sua pouca idade (Dn 1.20).
Mesmo sob ameaça de morte, nenhum dos sábios da Babilônia FIGURA 33: O SONhO DE NABUCODONOSOR;
conseguiu revelar o mistério. Daniel pediu então ao rei a oportunidade Disponível em <www.zgaxr.com/Item/1423.
aspx> e <http://ipadut.blogspot.com/2009/09/

de interpretar o-sonho-do-rei-e-interpretado-por.html>.
inclusive a sua oe de
sonho
seusvisando
amigos.evitar
Após aum
morte de muitas
período pessoas,
de consagração, Acesso em: 17 fev. 2012
Deus deu ao profeta a interpretação do sonho, o queacalmou o ansioso coração do monarca.
O sonho consiste num resumo profético dos acontecimentos quevão desde o cativeiro babilônico até
a vinda de Cristo em glória, no término da Grande Tribulação. é uma visão que nos ajuda a compreender
globalmente a palavra profética.
Consiste em dois assuntos principais: uma estátua e uma pedra. A estátua de um ser humano, terrível de
se ver por causa do seu tamanho e brilho: cabeça de ouro, braços e peito de prata, ventre e coxas de cobre,
duas pernas de ferro e pés e artelhos de ferro e barro mesclados. A pedra cortada do lado de um monte e sem
o auxílio de mãos (Dn 2.45), indicando que sua srcem não é humana. A pedra atingiu os pés da estátua com
tal força que os pés foram esmagados e a estátua desintegrou-se e o vento levou seus restos por toda a terra.
Então a pedra tornou-se um grande monte que encheu toda a terra (LAhAYE e hINDSON, 2010, p.447-452).

FIGURA 34: ESBOÇO DA ESTÁTUA DE NABUCODONOSOR


FONTE: Disponível em <http://www.cyberspaceministry.org/Lessons/Truth/Lesson34>. Acesso em: 19 fev. 2012

Daniel estudou a estátua da cabeça aos pés e o Senhor lhe concedeu a interpretação (Dn 36-45). Esse
estudo descendente indica a passagem do tempo, de modo que a partesuperior da estátua indicava um período
anterior à parte inferior. Daniel explicou ao rei que a estátua representava não só o Império Babilônico, mas

104
ESCATOLOGIA BÍBLICA

também outros grandes impérios que se sucederiam e seus respectivos líderes (os orientais consideravam
sinônimos os reis e seus reinos). Ele não sabia o nome destes impérios, mas através da interpretação que Deus
lhe concedeu pode terum vislumbre da grandiosidade edeclínio destes. Em resumo, a estátua mostra a ascensão
e queda dos grandes impérios mundiais, que conhecemos atualmente através de achados arqueológicos e
registros históricos-científicos, osquais comprovam a veracidade das profecias.(BERGST éN, 1995).

FIGURA 35: RESUMO DA INTERPRETAçãO DO SONHO DO REI


FONTE: Disponível em <http://www.cyberspaceministry.org/Lessons/Truth/Lesson34>. Acesso em: 19 fev. 2012

2.4 A VISÃO DOS QUATROANIMAISSAINDODO MAR


Além da visão da estátua, há também um paralelismo entre a profecia descrita em Daniel 2 e Daniel 7,
porém no capítulo 7 a visão foi dada diretamente a Daniel em sonho e com mais detalhes. Isso ocorreu no
primeiro ano de Beltessazar (ou Belsazar), sucessor de Nabucodonosor, quando então o profeta viu em sonho
e visões quatro ventos do céu combatendo no mar grande e quatro animais diferentes subindo deste mar (Dn
7.1-8):“No primeiro ano de Belsazar, rei de babilônia, teve Daniel um sonho e visões da sua cabeça quando
estava na sua cama; escreveu logo o sonho, e relatou a suma das coisas. Falou Daniel, e disse: Eu estava
olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. E quatro animais
grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto
eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe
dado um coração de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se
levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora
muita carne. Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro
asas de ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. Depois disto
eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual
tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente
de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres. Estando eu a considerar os chifres, eis que,
entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que
neste chifre havia olhos, comoos de homem, e uma boca que falava grandescoisas” (Dn 7.1-8).

FIGURA 36: QUATRO ANIMAIS (Imagem Ilustrativa) Disponível em <http://marleneecarloscumprindoochamado.blogspot.com>. Acesso em: 19 fev. 2012

A Daniel foi revelado a interpretação do sonho. Animais: reis ou reinos (Dn 7.17, 23). O mar e águas: é uma
representação de povos, multidões, nações e idiomas(Ap 17.1,15; Is8.7). Quatro ventos combatendo no mar:
simbolizam contendas, guerras entre os povos da Terra (Is 11.12; Ez 7.2; Jr 4.11-13; 49.35-37; Os 13.15-16). O

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quadro do sonho mostra cenas de conquista e revolução pelas quais os reinos atingiram seu grande poder. As
asas representam velocidade, rapidez com que os reinos foram formados (Jr 48.40-41).
Deus revela novamente o tempo dos gentios, agora diretamente a Daniel.A primeira visão foi dada a um
rei pagão, e os impérios são vistos do ponto de vista político, com relação à sua degeneração quanto à forma
de governo. Já Daniel vê estes impérios do ponto de vista moral, em relação ao seu caráter de ferocidade, o
que é representado pelas bestas feras.

FIGURA 37: COMPARAçãO ENTRE DANIEL 2 E DANIEL 7


FONTE: Disponível em <http://www.cyberspaceministry.org/Lessons/Truth/Lesson34>. Acesso em: 19 fev. 2012

2.5 ASCENSÃOE QUEDA DOS IMPÉRIOS MUNDIAIS


2.5.1 O ImpérioBabilônico
Representada nas visões pela cabeça de ouro e o leão alado (Dn 7.4). O leão era um símbolo popular da
babilônia. é umanimal altivo e feroz, majestoso
– assim também a Babilônia era uma monarquia esplêndida
(cabeça de ouro), deslumbrante, com paláciosjardins
e maravilhosos. Os jardins suspensos da
Babilônia até
hoje são considerados uma das sete maravilhas do mundo Antigo (Dn 4.29-30). As asas de águia indicam a
rapidez das invasões deste Império. Foi um Império grandioso, feroz e rápido nas suas conquistas (SILVA,
Antonio Gilberto, 1997, p. 45-46).

2.5.2 O ImpérioMedo-persa
Representado pelo peitoe os braços de prata na estátua de Nabucodonosor e pelo urso na visão de
Daniel 7.5. Já não havia tanto o esplendor da Babilônia (prata tem menor valor que o ouro), porém foi um
dos maiores impérios mundiais.O urso indicacoragem, força, astúcia e estabilidade. Sua força foi superiorao
do Império Babilônico que em uma noite apenas foi derrotado (Dn 5). As três costelas em sua boca indicam
os três reinos que dominou: Líbia, Egito e Babilônia. Dois braços: união dos medos e dos persas formando
o Império Medo-persa Os persas permaneceram mais tempo no poder; Dn“... 7:5o qual se levantou de um
lado”.(SILVA, Antonio Gilberto, 1997, p. 46-47).

2.5.3 O ImpérioGrego
Representado pelo ventre e as coxas de cobre da estátua e pelo leopardo alado (Dn 7.6). O leopardo é um
animal carnívoro extremamente perigoso, pois ataca de forma inesperada. As
quatro asas da visão representam
a extrema rapidez das conquistas doImpério Grego, sob ocomando de Alexandre Magno, também conhecido
como Alexandre“o Grande”.O exército grego atacava de surpresa e com rapidez. Após a morte de Alexandre,
o império foi dividido entre os seus quatro generais (quatro cabeças): Egito
– Ptolomeu; Síria– Seleuco;
Macedônia – Lisímaco; Ásia Menor (Trácia)– Cassandro (SILVA, Antonio Gilberto, 1997, p. 47-48).

2.5.4 O ImpérioRomano
Representado pelas pernas de ferro e pelo quartoanimal terrível (Dn 7.7). O Império Romano: forte e
terrível, ficou conhecido pela suaseveridade e intolerância com quesubjugaram outras nações (dentes do
animal de ferro). Foi realmente um império de ferro, destruiu várias nações, entre elas Israel. Perseguiu e
matou muitos cristãos durante quase três séculos até o Edito de Tolerância de Galério em 311 d.C., porém

106
ESCATOLOGIA BÍBLICA

o cristianismo só foi oficializado no Império Romano em 313 d.C. através do Edito de Milão de Constantino
(SILVA, Antonio Gilberto, 1997, p. 49-51).

2.5.5 Os dez dedos dos pés (estátua) e os dez chifres (animal)


Os dez dedos dos pés da estátua e os dez chifres do animal significam dez reinos, os fragmentos do Império
Romano que se dividiu entredez tribos bárbaras depois de476 d.C.: hunos, Francos, Burgúndios, Anglo-saxões,
Visigodos, Suevos, Lombardos, Vândados, hérulos e Ostrogodos. São chifres
divididos (reinos), mas prósperos.
A mistura de ferro e barro representa a impossibilidade de uma união verdadeira.
Este animal terrível também representa o Império Romano revivido nos últimos dias, o qual terá uma
coalizão de dez nações que darão sustentação para o governo do Anticristo
– destes dez chifres sai um outro
menor (Dn 7.8). Na estátua, este quinto império é representado pelos pés que possui o ferro em sua estrutura,
ou seja, uma continuação do império anterior (Império Romano) e os dez
dedos dos pés. Representa o império
do Anticristo e nos remete ao fim dos tempos, quando a igreja já terá sido arrebatada.
Esse último império precederá a Segunda Vinda de Cristo à terra. Será um reino forte e terrível, um
grande sistema mundial com um governante (Ap 13 e 19). Note o mapa abaixo que mostra a localização dos
dez reinos bárbaros nos quais e dividiu o Império Romano do Ocidente e quais países representam atualmente.

FIGURA 43: LOCALIZAÇÃO DOS DEZ REINOS ATUALMENTE:


FONTE: Disponível em: <http://ednaleon.blogspot.com/2009/12/daniel-interpretando-o-sonho-de.html>. Acesso em: 20 fev. 2012.

O Império Romano Revivido será um reino dividido (dez dedos, dez chifres, dez nações, dez governos) –
formado por uma aliança(Dn 2.41). Aorganização política eadministrativa será forte neste novo império, assim
como era no Império Romano. Politicamente será forte, mas terá deficiências, e a maior delas é sua divisão
(ferro e barro dos pés da estátua; Dn 2.43), pois assim como num casamento, farão acordos e tratados, porém
terão suas identidades ecaracterísticas preservadas. Mais detalhessobre o assunto nocapítulo 7, Tribulação
,
deste livro (MATTOS. Disponível em: www.igrejasementedavida.com.br).
A descrição detalhada sobre o fim dos tempos, o quarto animal, os dez chifres seguidos pelo décimo
primeiro chifre que venceu os outros três nunca foi cumprida na história. Alguns intérpretes têm tentado
descobrir dez reis no passado e o décimo primeiro rei que se levantaria para, de algum modo, cumprir
essa profecia, mas não há nada que corresponda a isso na história do Império Romano. Os dez chifres
não reinam um após o outro, mas reinam simultaneamente. Além disso, eles não são o império mundial,
mas são os precursores do pequeno chifre que, depois de subjugar três dentre os dez chifres, se tornará
o governante mundial; Ap 13.7; Dn 7.23; (John Walvoord apud LAHAYE, ICE, 2009, p.85).

2.5.6 Uma pedra cortada sem auxíliode mãos


Esta parte da visão fala da derrota do reino do Anticristo, que acontecerá como resultado da intervenção
divina (Dn 2.34 ). A“pedra”simboliza Cristo Mt
( 21.42-44; At 4.11; Rm 9.32,33; 1 Co 10.4; 1 Pe 2.4-8). Ela feriu
a estátua nos pés e a esmiuçou: destruiu o conjunto de reinos que apoiavam o Anticristo.

107
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

2.5.7 “Fez-se um grandemonte,e encheu toda a terra”


Daniel 2.35 relata parte da visão sobre a vinda de Cristo em glória, para estabelecer seu reino milenar.
Neste reino o rei será o Senhor Jesus (grande monte) e abrangerá toda a terra. Deus levantará seu próprio reino
eterno, que jamais será destruído,cujo rei também reinará eternamente. Este reino acabará com todos os
reinos humanos (Dn 2.44). Este rei(Jesus) não terá ajuda dehomem ou reino algum, triunfará sozinho (Dn 2.45).
“Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino
não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para
sempre, da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou
o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto.
Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.” (Dn 2.44-45)

FIGURA 44: RESUMO DE DANIEL ACERCA DO FUTURO


FONTE: LAHAYE, 2010, p. 176.

2.6 O FIM DO TEMPO DOS GENTIOS


A glória dos impérios gentios foi temporariamente suspensa na divisão do Império Romano, mas
posteriormente retornará na forma de um Império Romano revivido.
houve tentativas ao longo da história de reconstrução dogrande império gentio: Sacro Império Romano
(Poder papal e divisão da igreja cristã), Império Francês de Napoleão, o Terceiro Reich de hitler, no entanto
todos estes são apenas sombras difusas e não se comparam ao maior império gentio que ainda está no
futuro: o Império do Anticristo
– o qual será imposto através do engano e da força (Dn 11.36-45; Ap 6.1-6).
Se observarmos atentamente os noticiários, já podemos ver sinais deste novo império se formando sob o

codinome de uma“Nova Ordem Mundial”.


O império gentio do final dos tempos irá unir o mundo politicamente, socialmente, economicamente
e espiritualmente em torno da figura do Anticristo, o qual será apoiado por um falso profeta que reunirá as
religiões do mundo em uma super igreja apóstata que irá adorar o Anticristo (Ap 13.11-18). Toda nação será
incluída (Ap 13.7). Tudo isso ocorrerá durante o período de Tribulação, que será assunto para outro capítulo
do nosso livro.
Segundo Antonio Gilberto (1997), o tempo dos gentios não terminará pacificamente, mas de modo
violento e catastrófico. Começou com Nabucodonosor e terminará com o reino do Anticristo. Começou com
idolatria e terminará com idolatria, quanto então a pedra destruirá os reinos deste mundo e será estabelecido
o Reino Messiânico: Dn 2.44-45; Is 11.9; (LAhAYE e hINDSON, 2010, p.447-452).

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

3. AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL


3.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estaremos estudando uma das mais valiosas profecias da Bíblia: As Setenta Semanas de
Daniel (Daniel 9),que é justamente uma das profecias chave para compreendermos os eventos escatológicos.
Daniel buscou profundamente aDeus, com oração, jejum, súplicas, humilhando-se diante Senhor
do ,
intercedendo pelo seu povo queestava no cativeiro babilônico. Aresposta de Deus veio através de umpanorama
profético que facilita a compreensão dos acontecimentos sobre o fim dos tempos. Tal panorama mostra a
sequencia dos últimosacontecimentos relativos a Israel ecomo Deus executará os seus planos.Bons Estudos!
3.2 AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a
transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a
visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende,desde a saída da ordem para restaurar, e
para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e reedificarão, mas em tempos
angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o
povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será um uma inundação; e até
ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana;
e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador,
e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” (Dn 9.24-27)
Esta profecia diz que setenta semanas foram determinadas por Deus para execução e conclusão de seu
plano. Nos capítulos 7 a 12 do livro de Daniel, o Senhor revela o programa divino para os reinos deste mundo,
mas no capítulo 9 há uma revelação de uma grande abrangência e amplitude para o povo eleito: Israel.

exílio Durante o cativeiro


duraria setenta anosbabilônico, Daniel
e a promessa lia o de
de Deus livro do profeta
restaurar Jeremias
a Israel e encontrou
(Jr 25.11-13; 19.10),o Daniel
texto que diz aque o
buscou
Deus para compreender arevelação desta palavr a (Dn 9.21-22).Enquanto intercedia por Israel para que Deus
realizasse o cumprimento da profecia com a restauração de Jerusalém e do Templo (Dn 9.3-19), o arcanjo
Gabriel foi enviado para lhe explicar as
“setentasemanas”que seria o tempo necessário para compensar a
violação israelita da lei sabática (2 Cr 36.21).

3.2.1 Interpretações das Setenta Semanas


Nem todos os segmentos do cristianismointerpretam as Setenta Semanas da mesma forma. As duas
interpretações que prevalecem no meio crist
ão são (COELHO FILHO, 2009):
1. Interpretação Tradicional Messiânica: a 70ª (setuagésima) Semana de Daniel 9.26-27 refere-se à
destruição de Jerusalém em 70 d.C. pelos romanos. O“príncipe” (Dn 9.26) é o general romano Tito.
Toda a profecia de Daniel, segundo esta interpretação, já se cumpriu em 70 d.C.
2. Interpretação Dispensacionalista Pré-milenista: a 70ª Semana ainda virá. há uma lacuna entre a 69ª
e a 70ª semanas. Assim sendo, o“príncipe” de Daniel 9.26-27 é, na realidade, o anticristo, tipificado
parcialmente pelo Generalromano Tito. Os eventos da 70ª semana se cumprirão na sua totalidade
ainda no futuro.

3.2.2 O significadoda expressão “Setenta Semanas”


A primeira coisa a ser considerada é que as setenta semanas correspondem a semanas de anos e não de
dias (Lv 25.8; Nm 14.34; Ez 4.6). Semana de anos é uma importante medida de tempo sabática do calendário
judeu. A desobediência a esta ordem, trouxe o Juízo Divino, com o cativeiro babilônico e determinou sua
duração em setenta anos (Lv 25.1, 22; 2 Cr 36.19,21).
O srcinal do livro fala em “setentasetes”,que pelo contexto da profecia e outras indicações proféticas,
mostra tratar-se de semanas de anos. Assim cada dia da semana corresponde
“uma ano”.Setenta semanas
representam então 490 anos.

109
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

NOTA!
Lembre-se:
1 semana = 7 anos
70 semanas = 70x7 = 490 anos
Estes 490 anos proféticos têm cada um 360 dias. Isso fica
comprovado pelas referências bíblicas à septuagésima
semana de sete anos, que está dividia em duas metades. É descrita como“Quarenta e

dois meses” (Ap 11.2; 12.6; 13.5) e 1.260 dias (Ap 12.6), correspondentes a três anos
e meio, com meses de 30 dias cada, conforme o calendário judaico.

3.2.2.1 “A Quê” e “A Quem” se referem as “Semanas”?


Outro ponto importante a ser observado nesta profecia é que ela se relaciona ao povo de Daniel (judeus)
e com a sua Santa Cidade (Jerusalém); (Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, 775; BERGSTéN, 2007,
p. 299-302).
Temos que relembrar que Israel é a nação eleita por Deus aqui na terra (Dt 7.6; Lv 20.24; Ex 19.6) e que
no devido tempo todas as profecias que envolvem a nação israelita irão se cumprir. As setenta semanas falam
de provações e sofrimentos pelos quais Israel terá que passar antes que venha o seu Libertador, para que
tenham fim os pecados de Israel e possam experimentar a justiça eterna (APOLôNIO, 1985, p. 5-8).
O período de sete semanas (490 anos) foi estabelecido por Deus para executar o seguinte plano sobre
Israel: extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão
e a profecia e ungir o santo dos santos (Dn 9.24). Estes são seis alvos de restauração para o povo de Israel,
não é uma profecia concernente à igreja. Portanto, podemos entender que foi determinado pelo Senhor um
período de Tribulação para Israel (Dn 12.1; Mt 24.21) e o fim do domínio mundial pelos gentios (Dn 12.1; 9.27;
Mt 24.31; Lc 21.24, 28).

3.2.2.2 A profeciasubdivideas Setenta Semanas em três partes distintas


De acordo com os versículos 24 a 27, este período está subdividido em três, ou seja:
 1º Período – 7 semanas (7x7) = 49 anos
 2º Período – 62 semanas (62x7) = 434 anos
 3º Período – 1 semana (1x7) = 7 anos
Conforme já vimos, os dispensacionalistas interpretam as primeiras 69 semanas (489 anos) que
correspondem aos dois primeiros períodos como cumpridos antes da morte de Jesus, o Messias (Dn 9.26). O
último período desete anos, correspondente a 70ª(septuagésima) semana, terminará com a restauração de
Israel. Porém, visto que isto deve acontecer por meio de Jesus, o Messias, e considerando que Israel como
nação rejeitou o seu Messias no seu Primeiro Advento, esse tempo foi adiado (APOLôNIO, 1985, p. 5-8; LAhAYE
e hINDSON, 2010, p. 427).
· Primeiro período – 7 SEMANAS
Destaque do Inicio da contagem das semanas:“Desde a saída da ordem para restaurar e edificar
Jerusalém”.Em 14 de março de 445 a.C. o Rei Artaxerxes faz um decreto para restaurar Jerusalém e Neemias
foi comissionado para ir a Cidade Santa administrar essa reconstrução (Ne 2). De acordo com a profecia,
Jerusalém estava reconstruída em 49 anos (397 a.C.) correspondendo ao primeiro período de sete semanas
profetizado por Daniel (Dn 9.25; Ne 6.15). (SILVA, 1997, p. 59-68).
· Segundo período – 62 SEMANAS
O segundo período corresponde a 62 semanas (434 anos), tempo que vai desde a restauração de Jerusalém
até a primeira vinda de Cristo, o Messias, o Príncipe (Dn 9.25). Aqui está incluído o período interbíblico entre

110
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Malaquias e Mateus. É quando o Messias vem ao mundo, é rejeitado pelos seus pares e é morto. Logo depois
ocorre a destruição da Cidade Santa, Jerusalém (70 d.C.), pelos romanos (SILVA, 1997, p. 59-68).
· Terceiro período – UMA SEMANA
é a 70ª Semana, a qual ainda não se cumpriu. Sobreeste período a profecia diz:“Ele firmará um concerto
com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre
a asa das abominações virá o assolador” (Dn 9.27).
Esta semana profética não se segue imediatamente às sessenta e nove. Com a rejeição do Messias pelos
judeus e a expulsão destes da sua terra, uma época de permeio é intercalada no tempo, em que a Igreja é

formada,
SILVA, edificada
1997, e arrebatada antes que comece a última semana de sete anos (APOLôNIO, 1985, p. 5-8;
p. 59-68).
Após a 69ª Semana, o tempo ficou suspenso para Israel até que se atinja“plenitude a dos gentios”,
do srcinal grego “totalidadeda Igreja”,(Rm 11.25). Ou seja, a contagem das setenta semanas parou. Esse
intervalo entre a 69ª Semana e a 70ª Semana é chamado “Era ou Dispensação daIgreja”ou “Dispensaçãoda
Graça deDeus”.

NOTA!
A Igreja possui um plano à parte do povo judeu. Por isso
o período da Igreja não é contado nas 70 semanas, pois
ela não corresponde a “teu povo (Israel) e a tua santa
cidade (Jerusalém)”. (Dn 9.24). A profecia é para Israel e
Jerusalém.

“Depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais [a crucificação e ascensão de
Jesus]; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá o santuário, e o seu fim será com uma inundação [a
destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.]; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações.”
(Dn 9.26)
Israel foi rejeitado (Ex 19.5-6; Dt 7.6; 14.2; 26.18), foi quebrado da oliveira, e Deus enxertou nela a Igreja,
como um“zambujeiro”(Rm 11.17-21). Deus formou assim um povo seu especial “zelosode boas obras” (Tt
2.14) pela qual Deus fez conhecer a sua multiforme sabedoria (Ef 3.10). Essa dispensação terá fim com o
arrebatamento da Igreja (Mt 24.36); (BERGSTéN, 2007, p. 299-302).

CUIDADO!
Não confunda “Era da Igreja” com “Tempo dos gentios”!
Era da Igreja – Inicio: no Pentecostes; término: no
arrebatamento.
Tempo dos Gentios – Inicio: Jerusalém sob domínio
gentílico desde o cativeiro babilônico; Término: Segunda
Vinda de Jesus
estabelecer a terra
o Reino para julgar as nações (Dn 2.35) e
Milenar.
Após o arrebatamento terá inicio a 70ª Semana – os sete anos que correspondem ao período de Tribulação,
descrita em detalhes nos capítulos 6 a 18 de Apocalipse.
Jesus falou sobre este tempo em Mateus 24.15, 21, e sem dúvida alguma será um tempo de grande
aflição, sofrimento e tumulto jamais visto na história humana.Ezequiel chama este tempo de “angústiade
Jacó”,quando então um“príncipeque há devir” (o Anticristo)“reinará”por sete anos. O Anticristo não poderá
se manifestar enquanto a Igreja estiver na Terra:
“Porquejá o mistério da injustiça opera; somente há um que,
agora, resiste até que do meio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo [o Anticristo], a quem o Senhor
desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda (2 Ts 2.7-8).

111
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Apesar de a última semana ser referente a Israel, todas as nações sofrerão consequências do governo
do Anticristo durante a Tribulação, porém temos que ter em mente que as setenta semanas de anos não se
referem a nós cristãos ou a igreja. Elas foram determinadas por Deus para Israel. O tempo da igreja ocorre no
intervalo profético antes da Tribulação (última semana) e da manifestação do Anticristo.

FIGURA 46: AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL. A 70ª SEMANA CORRESPONDE AO PERÍODO DA TRIBULAÇÃO.
FONTE: LAHAYE e ICE, 2009, p. 87.

3.2.2.3 Análisedo Ano Profético

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

112
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 5
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. Quais as maiores profecias escatológicas encontradas no Livro de Daniel?
2. Qual a diferença entre “Tempo dos Gentios” e “Era da Igreja”?
3. Faça um quadro relacionando as partes da estátua do sonho de Nabucodonosor; os animais da visão de
Daniel e quais Impérios são referentes e seus significados.
4. Que versículo do capítulo 9 de Daniel mostra que as Setenta Semanas são referentes a Israel e não à
igreja? Faça uma breve descrição das Setenta Semanas de Daniel.
5. A atual dispensação da igreja está inserida e ntre quais Semanas da p rofecia d e Danie l?

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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO6
A SEGUNDAVINDA DE CRISTO

O
L
U 6
0
T
P
A
C

FIGURA 48: A SEGUNDA VINDA DE CRISTO; em http://www.ipbvilatoninho.com.br ; em: 25 fev. 2012

1. ASPECTOS GERAIS DA VOLTADE CRISTO


1.1 INTRODUÇÃO
O evento central da Escatologiacristã é a Segunda Vinda de Cristo. Todos
os demais acontecimentos escatológicos estão ligados a este evento.
A volta de Jesus é a promessa mais gloriosa que está para se cumprir, com
efeitos jamais vistos em toda a história da humanidade. Para termos uma ideia,
basta analisarmos a primeira vinda de Cristo que foi suficiente para mudar o
rumo de toda a história humana. Com a segunda vinda não será diferente.
Neste tópico estaremos iniciando este assunto tão empolgante e importante
para nós cristãos, mostrando os principais aspectos relacionados à segunda
vinda do Senhor. Bons Estudos!

1.2 A DOUTRINADA SEGUNDAVINDA DE CRISTO


Exceto pela morte, a doutrina escatológica que os teólogos ortodoxos mais
concordam é quanto à Volta ou Segunda Vinda de Cristo. Ela é indispensável
à Escatologia, é a base da esperança cristã e o evento que marcará o início da
complementação do plano de Deus.
A Bíblia é muito clara quanto a este acontecimento, e enfatiza muito
mais a segunda vinda do que a primeira, porém quando se toca no assunto
de “quando”e “como” o evento ocorrerá, aí sim há discussões acaloradas.
A primeira vinda de Cristo deu início à consumação dos séculos: Jesus como
homem (At 2.14-20; hb 1.2), a segunda vinda a concluirá (Mt 24.30).

1.2.1 A importânciada doutrina


A Igreja Primitiva tinha agudo interesse na doutrina da volta de Cristo.
Tanto é assim que acreditavam na sua volta iminente ainda em seus dias, e as
gerações que sucederam os primeiros cristãos criam dessa forma mantendo

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viva a“benditaesperança”.Até o terceiro século não houve quase exceção a essa regra, porém a partir de
Constantino, esta verdade começou a ser rejeitada e até mesmo chegou a ser deixada de lado. Foi somente
nos último século que houve uma restauração dessa doutrina na Igreja, apesar de haver ainda desconfiança
e até oposições a ela.
Quatro coisas geraram uma má reputação a essa doutrina e a conduziram até mesmo ao descrédito:
1. estabelecimento de datas da volta de Cristo por vários falsos profetas;
2. doutrinas imaginosas e não bíblicas;
3. ideias preconcebidas e preconceituosas dificultamque muitos que estão apegados ao tradicionalismo
interpretem a Bíblia de acordo como os princípios gramático-históricos que ela exige;
4. pessoas escarnecedoras e descrentes que possuem um coração não regenerado, as quais não creem na
volta do Senhor, antes se opõem às verdades bíblicas dizendo
“Onde está a promessa da suavinda?” Somente
um cristão realmente convertido a Cristo consegue
dizer sinceramente:“Amém.Vem, SenhorJesus” (Ap 22.20).
O fato é que essa é uma doutrina importantíssima para nós cristãos que cremos no cumprimento pleno
da Palavra de Deus. Sua volta é importante não apenas para a igreja, mas para toda a humanidade, pois é a
chave para a história humana, como poderemos notar pelo seu imenso valor destacado em toda a Bíblia. Seu
estudo também produz uma melhor compreensão das Escrituras, estimula o serviço cristão, a santidade, a
evangelização e o interesse missionário.

1.2.2 A certeza da segunda vinda


Em seu grande discurso sobre o final dos tempos (Mt 24– 25) o Senhor diz: “Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens
glória”(Mt 24.30). Jesus também declara a Caifás (Mt 26.64):
do céu, com poder e muita “Eu vos declaro que,
desde agora, vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobrecéu” as .nuvens do
“E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei
Jesus fala a seus discípulos no cenáculo (14.3):
para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.Antes de o Senhor deixar o mundo, ele deu
uma promessa incondicional:“Eu voltarei” (João 14.3).
Além das palavras de Jesus, inúmeras outras passagens bíblicas indicam claramente que Cristo está para
voltar. Apenas no Novo Testamento há 321 referências a este impressionante acontecimento que é a chave
profética que desvenda todos os outros eventos futuros.
De todos os livros do Novo Testamento apenas quatro não falam diretamente sobre a Segunda Vinda de
Cristo (Gálatas, Filemom, 1 e 2 João). Um em cada 25 versículos do Novo Testamento fala a respeito da volta
do Senhor. Esta é uma das doutrinas ensinadas de modo mais amplo em todo o Novo Testamento juntamente
com o ensino sobre a salvação. Segundo Canon howitt (apud ThIESSEN, 1989, p. 317):
Se aceitarmos todo tipo e figura bem como referência, então podemos dizer que não há um único livro
do Novo Testamento que não fale da vinda do Senhor. Esta doutrina recebe mais atenção que qualquer
outra. Lê-se ali muito mais a respeito dela do que acerca da fé; lê-se muito mais ali a respeito dela do
que acerca do sangue de Jesus Cristo, que purifica de todo pecado, apesar da fé e do sangue serem
absolutamente essenciais. Lê-se mais acerca dela do que mesmo a grandiosa doutrina do amor, “sem
o que nada do que fizermos tem valor algum” (Canon Howitt apud THIESSEN, 1989, p. 317).

Enoque foi o primeiro profeta a mencionar a segunda vinda de Cristo (Jd 14-15). O próprio Jesus, como
já vimos, falou sobre seu retorno em várias ocasiões (Mt 24.30; 25.31; Jo 14.3 etc.), os anjos anunciaram sua
volta (At 1.10-11); os apóstolos ensinaram sobre ela (1 Co 15.51-52; 1 Ts 1.10; 4.16-17; Tg 5.7-8; 2 Pe 3.9-10;
hb 9.27-28), outros escritores da Bíblia fizeram essa afirmação (Jó 19.25;2.13-14),
Dn é mencionada em muitos
salmos, por todos os profetas, o testemunho constante da Ceia que o Senhor ordenou nas igrejas também nos
adverte sobre a sua volta (1 Co 11.26), os sinais que ora se cumprem atestam que Jesus virá (Mt 16.3; 24.3).
Além de todos estes testemunhos, a última profecia repetida no Novo Testamento nos garante a sua
volta (Ap 22.20):“Aqueleque testifica estas coisas diz:Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor
Jesus”(SEVERA, 1999 p. 447).

116
ESCATOLOGIA BÍBLICA

IMPORTANTE!
A Segunda Vinda de Cristo – a Parousia– é o evento mais
profetizado, mais certo, mais definitivo do Novo Testamento.

Diversas doutrinas essenciais da Bíblia são dependentes da volta de Cristo, como por exemplo, a
ressurreição dos mortos e a vitória completa de Cristo sobre Satanás. Se Jesus não voltar, então cremos numa
mentira, e Deus simplesmente não pode mentir. Portanto, a Segunda Vinda
de Cristo não ésomente uma
certeza; é também uma necessidade doutrinária.

1.2.3 A natureza da segunda vinda


Aqui começam as discussões. Como já dissemos, a segunda vinda é um fato. Mas como Jesus vai voltar?
Qual a natureza deste evento? Aí sim há debate entre os teólogos e estudiosos, isso porque muitos não creem
que Cristo voltará de forma objetiva visível,
e mas interpretam essa volta como algo espiritual,
subjetivo e
invisível. Alguns até acreditam que ressurreição
a de Jesus, avinda do Espírito Santo, os avivamentos ou mesmo
a conversão de uma pessoa correspondem à Parousia.

NOTA!
Vamos relembrar ostrês principais termos utilizados para a
Segunda Vinda de Cristo no Novo Testamento?
1. Parousia – Significa “presença” ou “chegada”. Esta palavra
designava a chegada e a presença real de um rei no Novo
Testamento (Mt 24.3; 1 Ts 2.19).
2. Apocalipsis (Apokalupsis) – Significa“revelação” e indica que agora Cristo não está
agindo de maneira pessoal e visível no mundo, mas que um dia Ele será revelado em
toda a sua glória, na sua natureza verdadeira, nasua plenitude (1 Co 1.7; 2 Ts 1.7).
3. Epifaneia (Epiphanea) – Significava no Novo Testamento o aparecimento e uma
divindade para socorrer o seu povo (Tt 2.13; 2 Tm 4.8).

Não se pode negar que todos esses eventos citados são“vindas de Cristo” a nós, porém a Bíblia nos relata
um evento específico.Cristo voltará pessoalmente, ele mesmoem pessoa. Não podemos confundir a atuação
do Espírito Santo na Igreja com a Segunda Volta de Cristo (Jo 14.3; At 1.10-11; 1 Ts 4.16).
há também um conceito errado que diz que a morte corresponde à segunda vinda de Cristo, contudo já
estudamos que a morte éo oposto, pois mortos em Cristo ressuscitarão nessa ocasião. Com a morte iremos para
Cristo, mas na sua vinda ele virá nos buscar. Passagens bíblicas como Mateus 16.28 e Filipenses, perdem totalmente
o sentido se substituíssemos morte por segunda vinda. Além disso, a morte é um inimigo, enquanto que a vinda de

Cristo é nossa esperança (Mt 24.36-42; Fl 3.20). (PEARLMAN, 1996, p.310).


Alguns acham que a conversão do mundo antecede a volta de Cristo e afirmam que tão depressa o
mundo aceite osprincípios de Cristo, Ele virá. Porém as
Escrituras afirmam que haverá deserção (apostasia)
da fé nos últimos dias (Lc 18.8; 2 Ts 2.3-12; 1 Tm 4.1), serão tempos difíceis (trabalhosos) (2 Tm 3.1 e versículos
seguintes), em que a sã doutrina não será tolerada e que heresias condenáveis serão introduzidas (2 Tm 4.1-
4; 2 Pe 2.1-2), e que prevalecerão as condições dos dias de Noé e Ló (Lc 17.26-30). Este com certeza não é
o retrato de um mundo convertido por ocasião da volta de Cristo. Além disso, a Bíblia também afirma que a
volta do Senhor será repentina, como“relâmpago”,
o num “abrir e fechar deolhos” (Mt 24.27; 1 Co 15.52) e
isso não se encaixa com a ideia de uma conversão gradual do mundo (THIESSEN, 1989, p. 321).
Há correntes religiosas que garantem que a segunda vinda já ocorreu no ano 70 d.C. quando Jerusalém
foi destruída pelas tropas do Império Romano. Porém em nenhum desses eventos houve ressurreição dos

117
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

mortos, não houve arrebatamento dos vivos transformados e nenhum outro


dos acontecimentos preditos
pelas profecias bíblicas referentes ao segundo advento(THIESSEN, 1989. p. 316 – 319).

1.2.4 O tempo da segunda vinda não pode ser determinado


Como já citado anteriormente, o tempo da Parousia não pode ser determinado, ou seja, é desconhecido
(Mt 24.44; 25.13; Lc 12.45-46; 1 Ts 5.2-3; 2 Pe 3.10).
“Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.” (At 1.7)
Jesus virá como oladrão:“O dia do Senhor virá como o ladrãonoite”
de (1 Ts 5.2). Aqui noite refere-se à noite

espiritual,
muito moral,
a cada dia.significando
O ladrão vempecado,
quandoódio,
é maldade,
menos violência,
esperado imoralidade,
“Eisqueevenho
(Ap 16.15): temos como
visto que isso
tem aumentado
ladrão. Bem-aventurado
aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas
vergonhas”.
As Escrituras alertaram que este seria um tempo de demora durante o qual muitas vezes a igreja seria
tentada a duvidar doretorno do seu salvador (Lc18.7-8), enquanto alguns estariam sepreparando, outros
seriam negligentes por causa dademora do noivo (Mt 25.1-11).“Ministrosinfiéis desviar-se-ão, dizendo consigo
mesmos:‘O meu Senhor tarda vir’a “ (Lc 14.45).“Muitotempodepois...”(Mt 25.19).“...meianoite”(Mt 25.6).
O Senhor avisa seus servos:“Negociaiaté que euvenha”.Deus jamais se atrasa. Se há demora no retorno
de Cristo, devem existir boas e convenientes razões para isso: um coração amoroso e misericordioso. Um Deus
compassivo que ainda está aguardando que muitos ouçam o Evangelho e atendam à mensagem crendo, pois
é seu desejo que todos sejam salvos (PEARLMAN, 1996, p.311; hORTON, 1998, p.23).
Na história do cristianismo, alguns grupos tentaram calcular e até marcaram o dia da volta de Cristo (veja
a Leitura complementar no final deste tópico), porém todos fracassaram. há muitas suposições e especulações,
mas ninguém sabe. Especular neste caso significa tentar marcar a data de sua volta. Assim como no tempo
de Jesus os fariseus enganaram-se sobre a sua vinda (Lc 17.20-23), também hoje muita gente está enganada,

crendo
Deus é aerradoe pior
verdade. Há, ensinando erradodentro
muitos fariseus sobreodasassunto.
igrejas Não somosdonos
especulando sem da verdade,
levar masa Palavra
em consideração os de
princípios
basilares da hermenêutica bíblica. O fatoque:
é Ele virá. Só serão pegos desurpresa os incrédulos e osincautos
(crentes que não estiverem vigiando). (APOLONIO, 1985, p. 16-18).
Para os crentes vigilantes esse dia não será inesperado e nem serão tomados de surpresa, antes será
um dia de grande alegria e regozijo. Por isso somos alertados a ser cautelosos:
“acautelai-vos” é o conselho
de Jesus em vários textos, o que significa que precisamos estar de sobreaviso, nos prevenir, precaver, pois o
tempo está próximo.

1.2.5 Propósitos da segunda vinda


Zacarias de Aguiar Severa (1999, p. 454-455) cita três principais propósitos para a SegundaVinda de Cristo:
· consumação da Salvação: na sua primeira vinda, Jesus fez expiação pelos pecados e proveu um
alicerce de justiça para a salvação dos crentes. A salvação já é real para todo aquele que pela fé aceitou
a Cristo pela fé, foi regenerado e justificado, e está continuamente procurando viver na presença
de Deus. Na segunda vinda de Cristo, o crente irá experimentar a plenitude da salvação: salvação
completa do poder do pecado (1 Jo 3.2), da morte e da corrupção física através da ressurreição do
corpo (1 Co 15.52-53). A salvação não será apenas para o crente, mas alcançará toda a criação (Rm
8.19-21; 2 Pe 3.13). Jesus é a plenitude da salvação.
· Julgamento do Mundo: na primeira vinda Jesus não veio para julgar, mas para salvar (1 Co 4.5; 2
Co 5.10; 2 Tm 4.1; Ap 20.11-15), porém na sua volta haverá julgamento e a justiça prevalecerá (1
Co 4.5): “Portanto,nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à
luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá
de Deus o louvor”.
· Consumação do Reino de Deus: o Reino de Deus já foi introduzido no mundo na primeira vinda de
Cristo, mas terá o seu auge com a Parousia: a chegada e a presença do Grande Rei dos reis (Lc 21.31;
Dn 7.13-14, 18; Mt 25.34; 26.29; 13.43-49).

118
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3 A DISTINÇÃOENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNDAVINDA


Os judeus não aceitaram a Jesus como seu Messias a dois mil anos atrás devido ao fato de a primeira e
a segunda vinda de Cristo ter sido inadvertidamente interpretadas como um só evento.
Mesmo Jesus tendo operado tantos e incontestáveis sinais e milagres em meio ao povo, ele não veio
como o grande rei que Israel esperava, o qual os libertaria dos grilhões dos seus opressores romanos. As
promessas de vencer o mundo, estabelecer o seu reino e trazer a paz, feitas a Israel, referem-se à segunda
vinda e não à primeira vinda. Por essa razão muitos o rejeitaram. Não compreenderam que o propósito de
Deus era primeiramente de o Messias sofrer pelos pecados do mundo, morrer sobre a cruz e ressuscitar, pois
sem isto, não haveria vida eterna nem para os judeus, nem para os gentios. Os judeus não perceberam que
as profecias relativas ao futuro reino referiam-se à segunda vinda e não à primeira.
Mesmo sendo rejeitado no seu papel comoRei em sua primeira vinda, esta foi necessária, pois foi
Profeta – encarnando e proclamando a verdade de Deus
através dela que Cristo preencheu seus papéis de:
(hb 1.1-2);Sacerdote – oferecendo o perfeito sacrifício pelo pecado (hb 10.11-18). Na sua Segunda Vinda virá
primeiramente com o papel deJuiz, para sujeitar os inimigos de Deus a Si mesmo, executar juízo pelo pecado
e, então, reinar para sempre comoRei dos Reis e Senhor dos Senhores (Dn 2.34; 44; 45; 1 Co 15.24-28).

1.4 AS DUAS ETAPASDA SEGUNDAVINDA


A primeira aparição física de Cristo na Terra pode ser dividida em várias partes: nascimento, ministério,
morte, ressurreição e ascensão. Da mesma forma, só podemos compreender a segunda vinda de Cristo se
percebermos que esta também possui partes ou etapas distintas (LAhAYE e hINDSON, 2010, p.– 415;
414
THIESSEN, 1989, p. 322).
As muitas referências bíblicas indicam que não se trata de um evento singular, mas sim que possui fases
ou etapas distintas:

· 1ª Etapa ão
ressuscitarda naquele
SegundadiaVinda
– será–nas
O ARREBATAMENTO da igreja
nuvens, e a noiva (igreja) irá juntamente
até seu noivocom os
(Jesus) santos
– SUA que
VINDA
NO AR – As inúmeras referências a este magnífico evento incluem as descrições do apóstolo Paulo
em 1 Coríntios 15.50-58 e em 1 Tessalonicenses 4.13-18.
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu
estiver estejais vós também”. (Jo 14.1-3)
· 2ª Etapa da Segunda Vinda– A manifestação triunfal de Jesus com os seus anjos e os santos de forma
gloriosa, física e visível, para livrar Israel do Anticristo, julgar as nações e implantar o Milênio, após
os sete anos da Tribulação– SUA VINDA À TERRA – Zc 14.4-5; At 1.11). A este evento chamaremos
de o RETORNO GLORIOSO ou ainda como o APARECIMENTO OU MANIFESTAÇÃO GLORIOSA. “...
enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grandeDeus e Salvador,
JesusCristo.”(Tito 2.13). Esse evento é descrito em detalhes em Apocalipse 19.11-20.

1.4.1 O arrebatamento e o retorno gloriososão eventos separados


Ao estudarmos as duas etapas da vinda do Senhor, veremos que se trata de eventos diferentes. No primeiro,
os crentes sobem para a casa do Pai e, no outro, Cristo vem à Terra. A primeira etapa, o arrebatamento, será
um evento secreto, quando o Senhor vem buscar a sua igreja, enquanto que a manifestação gloriosa será um
evento público no final da tribulação“todos
- o verão”.O primeiro fará com queos participantes se regozijem
e o segundo com que as pessoas lamentem.
Examinando atentamente as Escrituras podemos notar no mínimo quinze diferenças entre as duas fases
da vinda de Cristo que não podem serharmonizadas. Essas diferenç
as precisam ser consideradas neste estudo
visando não cometermos erros crassos nanterpret
i ação das Escrituras. Para quetais erros não ocorram é
preciso considerar os princípios basilares da hermenêutica bíblica.

119
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

1.4.1.1 As 15 diferenças entre o arrebatamento e o gloriosoaparecimento


O ARREBATAMENTO – A BENDITA ESPERANçA O GLORIOSO APARECIMENTO
1. Cristo vem nos ares para os seus 1. Cristo virá com os seus para a Terra
2. O Arrebatamento de todos os cristãos, que são 2. Ninguém é arrebatado, não há transformação de
transformados e recebem novos co rpos corpos
3. Os cristãos são levados à casa do Pai 3. Os santos ressurretos pe rmanec em na Terra
4. A Terra não é julgada 4. Cristo julga os habitantes da Terra
5. A igreja é levada para o céu 5. Cristo estabelece seu reino na Terra
6. Iminente – pode acontecer a qualquer momento 6. Não ocorrerá até o fim da Grande Tribulação
7. Não será precedido por nenhum sinal 7. Inúmeros sinais a precederão
8. Somente para os crentes 8. Afeta toda a humanidade
9. Tempo de alegria 9. Tempo de lamentação
10. Antes do “dia da ira” (Tribulação) 10. Imediatamente após a Grande Tribulação (Mt 24)
11. Não há menção de Satanás 11. Satanás acorrentado no abismo por 1.000 anos
12. As obras dos crentes são julgadas no Tribunal de 12. Não há um Tribunal de Cristo
Cristo
13. Acontece as Bodas do Cordeiro 13. Sua noiva desce com o Noivo à Terra
14. Somente os que pertencem a Cristo O verão 14. Todo olho O verá
15. Dá inicio à Tribulação 15. Dá inicio ao reino milenial de Cristo
TABELA 22 - AS 15 DIFERENÇAS ENTRE O ARREBAT AMENTO E O GLORIOSO A PARECIMENT O
FONTE: LAhAYE e hIDSON, 2010, p. 415..

2. A VOLTADE CRISTO PARA OS TRÊS GRANDES


POVOS DA PROFECIA BÍBLICA
2.1 INTRODUÇÃO
O que a volta de Cristo representa para os três grupos de povos
representados na Bíblia? Deus tem um programa profético universal que com ESTUDOS FUTUROS
frequência é subdividido em três planos distintos: um plano para Israel, um
plano para a Igreja e um plano para as nações gentias. Todos esses três planos Trataremos das
giram em torno do povo judeu. duas etapas da
Neste tóp ico estaremos analisando o significa do da Volta de Cristo para Segunda Vinda
a Igreja, Israel e para os Gentios. Bons Estudos! de Cristo mais
detalhadamente
2.2 A VOLTADE CRISTO PARA OS TRÊS GRANDES nos próximos
POVOS DA PROFECIA BÍBLICA capítulos.
Do ponto de vista humano os povos da terra estão divididos em centenas
de nações e grupos étnicos, porém do ponto de vista de Deus a humanidade compõe-se em apenas três
grupos que Ele mesmo dividiu: judeus, gentios e a Igreja de Deus (1 Co 10.32). A segunda vinda de Cristo está
relacionada particularmente com esses três grupos de povos.

2.2.1 Para a Igreja


A igreja não representa uma nação ou povo em termos geopolíticos, mas uma comunhão de homens e
mulheres de todas as raças, línguas e nações unidas pela fé em Cristo e pela experiência da salvação, formando
um só corpo– o corpo místico de Cristo (1 Co 12.12-14,27). São pessoas tiradas tanto do povo gentil quanto
dos judeus, que compõem um novo povo: o povo de Deus (povo do céu), a Igreja de Cristo. Nela não há mais
jude u, greg o, roman o, mas um só po vo, de um a pátria celestial, adorando o Senho r.
Paulo fala sobre o mistério da Igreja (Ef 3.2-10; 5.28-32), o qual os profetas do Antigo Testamento não

120
ESCATOLOGIA BÍBLICA

compreendiam, era-lhes oculto (Rm 16.25-26; Cl 1.25-27), é um parêntesis histórico nos milênios do povo
eleito que começaria quando o Messias “fossetirado domeio” (Dn 9.25) e terminaria quando da sua volta
para cumprir as promessas feitas a Israel (para o cumprimento da 70ª Semana Daniel). Na igreja a salvação é
individual e não nacional. Iniciou repentinamente em Atos 2, e por isso também terminará repentinamente
no arrebatamento.
A Igreja possui uma posição exclusiva nos planos de Deus, desvinculada dos planos divinos para Israel.
Participa das promessas espirituais
da Aliança Abraâmica:“...emti serão benditas todas as famíliasterra”
da
Gn 12.3 (ver também Gn 28.14; Gl 3.8), na pessoa de Jesus Cristo, o descendente de Abraão. Já Israel (não a
Igreja) cumprirá seu destino como naçãoapós a GrandeTribulação, durante o Milênio (Enciclopédia Popular
de Profecia Bíblica, 2010, p. 163).
Para esse grupo o Senhor virá como o seu Noivo, a fim de levá-la para si, para a glória celestial (Jo 14.3).
Esse é o povo do céu, nossas promessas são de uma pátria celestial, não terrestre como Israel (PEARLMAN,
1996, p.314; APOLONIO, 1985; LAhAYE e hINDSON, 2010, p.369).

2.2.2 Para Israel


Os judeus são o povo escolhido de Deus (povo terrestre), descendentes de Abraão, de Isaquee Jacó
(Israel). As promessas para Israel são
terrestres, a restauração do reino baseado na AliançaDavídica. É uma
nação especial dentre todas as nações da Terra. As Escrituras mostram claramente que Israel será restaurado
primeiro politicamente, como nação, e em segundo lugar espiritualmente quando Jesus voltar.
Portanto, para a nação judaica Jesus virá como o Messias esperado, o Libertador. Como nação, os judeus
não aceitaram o Evangelho e nem receberam o seu Reiprometido (Jo 1.11). Apenas umpequeno remanescente
fiel O aceitou e através destes começou a formação de um povo nascido– daa Igreja.
fé Essa é a nação espiritual
falada em Mateus 21.43 e 1 Pe 2.9.
Dessa vez não o rejeitarão, antes clamarão por Ele:
“Baruch haba b’shemADONAI” – “...bendito é o que
vem em nome do Senhor”(Lc 13.35b). Isso acontecerá somente após prová-lo e expurgá-lo através da Grande
Tribulação (Mt 23.39, 26.64; Rm 11.26), porém terão que esperar até que venha a plenitude dos gentios (Rm
11.25):“Irmãos,não quero que ignorem este mistério, para que não se tornem presunçosos: Israel experimentou
um endurecimento em parte, até que chegasse a plenitude dosgentios”.(PEARLMAN, 1996, p.314; APOLONIO,
1985; LAhAYE e hINDSON, 2010, p.372)

2.2.3 Para os Gentios


São aqueles que não pertencem à igreja e também não são judeus. Esses formam oterceiro grupo bíblico
de 1 Coríntios 32.12. é o grupo mais antigo historicamente, pois precedem a Abraão e compõem as demais
nações da terra até nossos dias.
Uma das grandes promessas messiânicas a Israel é a conversão dos gentios, e os mesmos foram incluídos
no plano divino da salvação (Gn 12.3; Is 49.6; Lc 2.32). Esta é a oportunidade missionária da igreja hoje, pois
todas as nações da terra aguardam a manifestação dos filhos de Deus.
Na ocasião da Segunda Vinda de Cristo, as nações gentílicas serão julgadas, os reinos do mundo destruídos
e todos os povos estarão sujeitos ao Rei dos reis e Senhor dos senhores (Dn 2.44; Mq 4.1; Is 49.22-23; Jr 23.5;
Lc 1.32; Zc 14.9; Is 24.23; Ap 11.15). (PEARLMAN, 1996, p.315; APO LONIO, 1985; LAhAYE e hINDSON, 2010,
p.447).
Portanto, para os gentios, a Segunda Vinda de Cristo representará um julgamento (Sl 2.6-10; 96.13). As
nações serão regidas com vara de ferro. Toda opressão e injustiça será extirpada.

2.3 DISTINÇÃOENTRE ISRAEL E A IGREJA


Originalmente há uma significativa diferença nos planos de Deus para Israel e a Igreja. Veja a tabela que
apresenta os contrastes entre Israel e a Igreja:
ISRAEL IGREJA

121
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ESCOLHA DE DEUS Deus escolheu Israel para a sua Deus escolheu a Igreja para a sua
glória na Terra glória no céu
(Gn 15.7; Js 11.23; Ex 32.13) (Ef 2.4-7)
TEMPO DA ESCOLHA Israel foi escolhido através do A Igreja foi escolhida antes da
chamado de Abraão fundação do mundo
(Gn 12.1-3) (Ef 1.4)
O PROPÓSITO DE DEUS Fazer de Israel uma nação diferente Fazer da Igreja um corpo diferente
de todas de todos
(Gn 12.2; 46.3) (Ef 1.15-23; 2 Co 11.2; Ct 4.1)
O CHAMADO Deus chamou uma
formar pessoa
uma nação para dela A Igreja
paraéformar
chamada
um entre muitos
só corpo
(Is 51.2) (Ef 2.11-16)
O ENCONTRO COM CRISTO Os judeus serão chamados de volta A Igreja será chamada aos céus
a sua pátria (1 Ts 4.13-15)
(Jr 33.7-9)
A RELAçãO COM CRISTO Cristo será o Rei de Israel Cristo é a cabeça do corpo, o noivo
(Zc 14.17) da igreja
(Ef 1.22; 4.15)
A HERANçA A herança de Israel é a terra A herança da Igreja é o céu
(Gn 12.7) (Ef 1.3)
TABELA 23: CONTRASTES ENTRE ISRAEL E A IGREJA
FONTE: Compilado a pelos autores a partir de Estudos de Escatologia de Edson Prado (2011, p.4).

Segundo Arnold G. Fruchtenbaum (apud Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 1032), não há
evidência bíblica de que a Igreja tenha começado com Adão ou Abraão, ou mesmo que tenha existido no
Antigo Testamento ou durante a vida terrenade Cristo (Mt 16.18).
A primeira evidência de que a Igreja é distinta de Israel é que ela surgiu no Pentecostes (Cl 1.18; Co 12.13;
At 11.15-16; At 2.1-4 ).
A segunda evidência diz respeito a três pré-requisitos básicos cumpridos pelo Senhor na sua primeira
vinda, os quais deram base para o estabelecimento da Igreja:
1. a morte de Jesus, pela qual a propiciação foi oferecida (Mt 16.18-21);
2. a ressurreição de Jesus (Ef 1.20-23);
3. a ascensão de Jesus (Ef 2.7-11). O Espírito Santo só foi concedido após esse evento.
A terceira evidência que mostra a distinção entre Israel e a Igreja são as chamadas características
“misteriosas” (“mistérios”) da igreja, isto é, verdades do“Novo Testamento”não reveladas no “Antigo
Testamento”(Ef 3.3-5; 9; Cl 1.26-27). Veja a Figura 4 do Capítulo 1 e observe
“vales”
os das profecias bíblicas,
que correspondem a esses“mistérios”a que Paulo se refere em várias passagens.
Quatro traços da igreja existem que não foram revelados no Antigo Testamento:
1. o conceito de crentes judeus e gentios unidos num só corpo (Ef 3.1-12);
2. a doutrina do Messias habitando em todo crente (Cl 1.24-27; 2.10-19; 3.4,11);
3. a Igreja como a noiva de Cristo (Ef 5.22-32);
4. o Arrebatamento, com seus eventos correlacionados da ressurreição dos“mortos em Cristo” e o
translado aos céus dos crentes vivos (1 Co 15.50-58).
A quarta evidência diz respeito ao conceito do“novo homem” mostrado em Efésios 2.15. Este“novo
homem” já não é mais judeu ou gentio, mas cidadão do céu, filho de Deus, criado em Deus para as boas obras.
São os membros do corpo de Cristo, identificados como a Igreja em Efésios (“um
2.16
só corpo”)e Efésios 3.6
(“mesmo corpo”).
A quinta evidência que distingue Israel da Igreja é o que já estudamos: os três grupos de povos bíblicos

122
ESCATOLOGIA BÍBLICA

possuem planos distintos entre si,como descreve 1 Coríntios 10.32:


“Portai-vos de modo que não deis escândalo
nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja deDeus.”
E, enfim, a sexta evidência diz respeito ao fato de que o termo“Israel”nunca é usado sobre a Igreja. No
Novo Testamento há uma distinção bem clara quando se fala sobre os judeus em geral e os judeus crentes
(Gl 6.16; 2.7-9).
Desta forma, precisamos levar em consideração quando estudamos a Segunda Volta de Cristo a que
grupo estamos nos referindo: se a Israel, à Igreja ou aos gentios. Atualmente pela Bíblia vivemos na época
da Igreja que é uma brecha aberta na história do povo judeu, mas esta brecha irá se fechar para que haja o
cumprimento da última semana de Daniel (70ª Semana).

FIGURA 51: ÁRVORE; FONTE: www.geracaomaranata.com.br; Acesso em 21.abr.2012

FIGURA 52: ISRAEL E A IGREJA; FONTE: Compilado pelos autores a partir da Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 1074; em 21.abr.2012.

RESUMO DO CAPÍTULO

123
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

· Vimos diversos aspectos relacionados à doutrina da Segunda Vinda de Cristo: sua importância,
certeza, natureza, tempo e propósitos.
· Vimos que a Segunda Vinda do Senhor será em duas etapas:
 1ª Fase da Segunda Vinda– Sua vinda nos ares– O arrebatamento da igreja.
 2ª Fase da Segunda Vinda– Sua vinda à terra – A manifestação ou retorno glorioso de Jesus com os
seus anjos e os santos após a Tribulação
– Inicio do Milênio.
· O arrebatamento e o retorno glorioso são etapas da Segunda Vinda de Cristo, atestada por várias
passagens bíblicas.
· Examinamos o significado da Parousia para os três grupos de povos da Bíblia: Igreja; Israel; Gentios.
· Estudamos várias evidências que mostram a distinção entre Israel e a Igreja.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

124
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 6
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. Fale resumidamente sobre: a importância, a certeza, a natureza, o tempo e o propósito da doutrina da
Segunda Vinda de Cristo.
2. Quais são as duas fases ou etapas da Segun da Volta de C risto?
3. Com que base você pode afirmar que o A rrebatamento e o Retorno Glorioso são event os separados?
4. Quais os três grandes povos da profecia bíblica e o que a volta de Cristo representa para cada um deles?
5. Descreva os pontos de distinção entre Israel e a Igreja e justifique por que é importante fazer essa distinção.

125
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

126
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO7
O ARREBATAMENTO(1ª ETAPA
DA SEGUNDAVINDA),O QUE ESTÁ
ACONTECENDONO CÉU?

O
L
U 7
0
T
P
A
C

FIGURA 55: O ARREBATAMENTO (imagem ilustrativa)


FONTE: Disponível em: <http://vvchapel.org>. Acesso em: 5 mar. 2012

1. O ARREBATAMENTO
1.1 INTRODUÇÃO
“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por
ele salvos da ira.” Rm 6.9
Estudamos no capítulo anterior que a Segunda Vinda de Cristo éum
acontecimento que abrange certo período de tempo e que ocorreráem duas
etapas distintas. Na primeira etapa Jesus virá para os seus, na segunda etapa
Ele virá com os seus. Observamos que os sinais dos tempos nos conduzem
a afirmar: Jesus virá brevemente! Porém, chegará o dia em que o mundo

afirmará: Jesus já veio!


Neste capítulo estaremos estudando a primeira etapa da Segunda Vinda
de Cristo: o Arrebatamento, a sua vinda nos ares para encontrar a sua Igreja e
os eventos que se sucederão no céu após esse episódio. Bons Estudos!

1.2 O ARREBATAMENTODA IGREJA


Este é, sem dúvida alguma, um dos momentos mais aguardados pelos
cristãos de todas as eras: o cumprimento da promessa do Senhor Jesus em
vir nos buscar: “E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos
levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo
14.3) e sermos arrebatados por Ele nos ares ao seu encontro. Paulo escreveu:

127
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos (referindo-se a morte dos cristãos), mas transformados
seremos todos, num momento, num abrir e fechar de(1 Co 15.51-52) Segundo as palavras de Eurico
olhos.”
Bergstén (2007, p.317): “O mesmo Jesus que se manifestou primeiro em cumprimento às profecias e que
nasceu da virgem, viveu em perfeição, morreu pelos pecados do mundo, ressuscitou e ascendeu ao céu, há de
voltar uma segunda vez, ainda em cumprimento às profecias. [...] Na primeira fase... Jesus voltará invisível aos
olhos do mundo, detendo-se nas nuvens, e, em um abrir e piscar de olhos arrebatará para si todos” os santos
(BERGSTÉN, 2007, p. 317).
A primeira etapa da segunda vinda de Cristo é o arrebatamento, descrito pelo apóstolo Paulo na primeira
carta aos irmãos de Tessalônica:
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem,

para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu
e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois,
isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que
dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus;
e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.13-18).
Arrebatados (do grego“harpazo”), ou arrebatamento (do grego“harpagesometha”) significa literalmente
“arrancadospoderosamente”,“apanharpara cima” ou “agarrar”e tráz a ideia de apoderar-se rapidamente de
algo, ação rápida e enérgica. Frequentemente também traduzido como
“rapto”.A palavra“arrebatamento”não
aparece no Novo Testamento grego por ser uma palavra latina e aqueles que traduziram o Novo Testamento
grego para o latim usaram a palavra Arrebatamento para descrever“agarrar”
este ou “levantarrápido”.“A
encontrar oSenhor” (do grego “eis apantesin tou kuriou ”) pode ser traduzido literalmente por“para um
encontro com oSenhor”.Segundo StanleyHorton (1998, p.76), a palavra encontro descrevia o povo saindo
ao encontro de um rei ou general a alguma distância da cidade para acompanhá-lo. Essa é a mesma palavra
usada na parábola das dez virgens quando vão ao“encontro”do noivo (Mt 25.1-10), o que corresponde ao
uso do vocábulo“parousia”.
Tanto os apóstolos quanto a igreja dos três primeiros séculos aguardavam ansiosamente o arrebatamento,
o que motivava grandemente os cristãos ao serviço e à prática evangelística e missionária.
Alguns desses nossos irmãos, os de Tessalônica, ficaram abalados em sua fé devido ao fato de se propagar
um boato de que o“dia” já havia passado e que eles haviam sido deixados para trás. Paulo então lhes escreveu
duas cartas (1 e 2 Tessalonicenses) visando acalmar seus corações e orientá-los a respeito das verdades que
envolvem o assunto.
Embora o termo“arrebatamento”não fosse usado poresses primeiroscristãos, eles aguardavam ansiosos
pela volta do Senhor, a primeira ressurreição, quando então os mortos em Cristo
seriam ressuscitados e os
vivos seriam transladados em corpos gloriosos ao encontro do Senhor. Essa esperança era tão vívida e forte
na vida desses primeiros cristãos que Paulo testemunha sua paixão em compartilhar a fé com outras pessoas:
“E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do
Espírito Santo. De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. Porque por vós soou
a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para
com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; Porque eles
mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a
Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos,
a saber, Jesus, que nos livra da ira
futura” (1 Ts 1:6-10).
Segundo Lahaye e Ice (2010, p.49-50), mesmo durante a Idade das Trevas (Idade Média), quando a
tradução literal da Bíblia foi ofuscada e introduzida muitos falsos ensinos e doutrinas ao seio cristão, havia um
remanescente: alguns cristãos que aguardavam a volta iminente do Senhor.
hugh Latimer era um desses cristãos. Foi queimado vivo numa estaca em 1.555 d.C. por causa de sua fé.
Nas suas palavras:“Talvezaconteça em meus dias, velho como estou, ou nos dias de meus filhos... os santos
serão levados ao encontro com Cristo nos ares e depois voltarão com
novamente”
Ele (apud LAHAYE e ICE,
2010, p.50).

128
ESCATOLOGIA BÍBLICA

O certo é que mesmo a tantos percalços ao longo dos anos, a pureza da sã doutrina sempre foi preservada
de uma forma ou de outra por Deus. Nós, cristãos modernos, precisamos ver o arrebatamento como a Igreja
Primitiva o via e fazia dessa esperança sua motivação diária para servir ao Senhor, esperando com alegria e
certeza aquele momento em que num “abrir e fechar deolhos” será dada a ordem nos céus “o
e s mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro; depois,nós, os vivos, osque ficarmos, seremos arrebatados juntamente com
eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”(1 Ts 4.16-17).

1.2.1 O arrebatamento é um mistério para o mundo


“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;

Num momento,
mortos num abrir e fechar
ressuscitarão de olhos, ante
incorruptíveis, e nósaseremos
última trombeta; porque(1a Co
transformados” trombeta soará, e os
15:51-52).
Nessa etapa de sua vinda, Jesus não vem à terra visivelmente, mas nos ares a encontrar a sua Igreja. Isso
será invisível para o mundo, quenão compreenderá nada do queestá ocorrendo.
A Bíblia diz que será um dia como outro qualquer: se darão em casamento, estarão dois no campo,
caminhando juntos... as pessoas estarão em suas atividades corriqueiras, quando num mesmo momento
milhares de pessoas em todo o mundo serão subitamente retiradas da terra de forma misteriosa. Multidões
desaparecerão da terra de maneira sobrenatural e misteriosa.mundo
O não presenciará essefato, apenas
verá as consequências: carros desgovernados, aviões caindo etc. Inesperadamente sentirão a faltamilhões
de
de cristãos em todo o planeta e inventarão muitas mentiras para explicar tal sumiço (APOLONIO, 1985, p.20).

1.2.2 O arrebatamento é um mistério para a Igreja


Tal qual como o mistério da Igreja, também oarrebatamento era um mistério para os escritores do Antigo
Testamento, mas foi relatado pelos escritores no Novo Testamento, porém é um evento tão transcendental
ao entendimento humano, que até mesmo para a Igreja é algo que somente será plenamente compreendido

após a sua ocorrência


aceitarem e, porisso, mesmo
esse acontecimento chamado
na sua de mistério
integralidade e aceito
como pela
fé, por
descreve as isso a dificuldade demuitos
Escrituras.
há neste evento elementos sobrenaturais e desconhecidos para nós neste momento histórico, ou seja,
não há base de comparação senão aquela que é mostrada nas Escrituras, como o arrebatamento de Enoque,
de Elias, masmesmo assim somoslimitados para entendermos completamente o que irá acontecer . Sabemos
que será um evento que marcará a história, assim como foi com a primeira vinda do Senhor, e que iniciará
uma série de outros acontecimentos referentes ao cumprimento do plano divino para Israel e as nações em
geral, quando então iniciará a septuagésima semana de Daniel, o período da tribulação, que terminará com a
revelação pessoal de Jesus Cristo, quando Ele estabelecerá o seu reino messiânico sobre a terra. Sem dúvida
alguma, o arrebatamento é para a Igreja do Senhor a maior vitória de todas:
“E assim estaremos sempre com
o Senhor”. Nada, jamais, poderá nos separar de Jesus (APOLONIO, 1985, p.20).

1.2.3 Uma certeza: Jesus Vem


Deus Pai proclamará do céu que omomento chegou! Que ocasião gloriosa. Certamente o Pai dirá ao
Filho: “Cumpriram-se os dias. Vai e traze para o céu Noiva.”
a tua Sem dúvida será uma grande festa. Jesus
aguarda este momento. Na sua oração sacerdotal Ele pede ao Pai que aqueles que lhe foram dados pudessem
estar com Ele: “Pai,aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que
vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação mundo”(Jo
do17.24). Foi essa
a alegria queo sustentou quando, voluntariamente , se ofereceu para morrer na cruz:
“Olhandopara Jesus,
autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta,
e assentou-se à destra do tronoDeus” de (Hb 12.2). Então poderá ver
“o fruto do trabalho e sofrimento da sua
alma e ficarásatisfeito”(Is 53.11). Poderá também dizer à sua querida Noiva:
“Entrano gozo do teuSenhor”.
(Mt 25.21,23). (BERGSTÉN, 2007 p. 320).
A segunda vinda do Senhor para buscar a sua Igreja será um grande milagre que será operado pelo poder
do Espírito Santo. Em todos os tempos, o Espírito operou juntamente com o Pai e o Filho. O Espírito estava
presente na criação do mundo (Gn 1.2), operou no nascimento de Jesus (Lc 1.35), revestiu de poder o Filho do
homem (Mt 3.16-17) e operou pormeio dEle (Mt 12.28). OEspírito estava presente todos os momentos da vida

129
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

de Jesus, inclusive na sua crucificação (hb 9.14), jamais o deixou, e foi pelo seu poder que Jesus ressuscitou
e ascendeu ao céu (Rm 8.11; Ef 1.19-20). é este Espírito que está em nós, agindo na Igreja e será este poder
tremendo que fará a ressurreição e o arrebatamento dos salvos (Rm 8.11; 1 Co 6.14). (BERGSTéN, 2007, p. 321).
A trombeta de Deus soará. Os salvos irão escutá-la e atender ao chamado (Quem tem ouvidos...). No
Antigo Testamento, Deus ordenou que sefizessem duas trombetas de prata, queseriam usadas tanto para
reunir o povo quanto para alertá-los da partida (Nm 10.1-7). Naquele dia tocará do céu a trombeta de Deus
como sinal de que devemos partir deste mundo no qual somos peregrinos. Essa trombetanão faz parte das
sete trombetas do juízo (Ap 8.13; 11.15), é antes uma trombeta de bênção cujo som convocará a Noiva do
Cordeiro para a celebração no céu.
O motivo dessa etapa da segunda vinda é justamente de Jesus levar para o céu todos os salvos. Naquele
momento, a maior parte dos salvos já estará morta em seus corpos e outros ainda estarão vivos, quando ao
som da trombeta de Deus,o Espírito Santo começará a agir
. Primeiro despertará da morte aqueles
que dormem
e depois arrebatará os salvos que estiverem na terra.
Os mortos ressuscitarão primeiro (1 Ts 4.16) – Ocorrerá a primeira ressurreição, um milagre para o qual
o homem natural não pode encontrar explicação e por isso mesmo tem dificuldade em crer, pois se baseia na
fé, não na razão. Os mortos em Cristo receberão seus corpos glorificados, ou seja, tornarão a viver fisicamente
por meio de uma nova união entre o espírito e o corpo que foram separados por ocasião da morte física.
“Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (1 Ts 4.17) – Ao soar da Trombeta de Deus,
no mesmo instante emque a primeira ressurreição ocorrer
, ocorrerá outro milagre: os queestiverem vivendo
como verdadeiros cristãos serão transformados, receberão corpos gloriosos
– o corpo mortal será revestido
do mesmo corpo glorioso que Jesus recebeu após a sua ressurreição pela ação do Espírito Santo.
Observe a tabela sobre o arrebatamento em João14:
Termos usados em João 14 Termos usados em 1 Tessalonicenses 4

Não se turbe (v.1) Não vos entristeçais (v.13)


Crede (v.1) Cremos (v.14)
Deus, mim (v.1) Jesus, Deus (v.14)
Vo-lo teria dito (v.2) Dizemo-vos (v.15)
Virei outra vez (v.3) A vinda do Senhor (v.15)
Vos levarei (v.3) Arrebatados (v.17)
Para mim mesmo (v.3) A encontrar o Senhor (v.17)
Onde eu estiver, estejais (v.3) Estaremos sempre com o Senhor (v.17)
TABELA 24: O ARREBATAMENTO EM JOÃO 14; FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 976.

1.2.4 Os cristãos precisam viverà luz de sua vinda


há três expressões utilizadas no Novo Testamento para o arrebatamento: “Bendita esperança”(Tt 2.13);
“Viva esperança”(1 viva, boa e bendita “esperança”
Pe 1.3);“Boa esperança”(2 Ts 2;16). São esses adjetivos:
que devem nortear nossa vida prática como cristãos.
Devemos estar despertos espiritualmente, vivendouma vida sóbria, bem equilibrada, usando a armadura
de Deus do Evangelho da fé, do amor e da esperança da salvação, pois nós como sua igreja, a noiva do Cordeiro,
aguardamos seu retorno: é nossa bendita esperança.
A vinda iminente de Cristo deveria motivar os crentes a viverem preparados e alertas, sabendo que o
Arrebatamento pode acontecer a qualquer momento, pois sua vinda sempre paira sobre a nossa cabeça e
está constantemente prestes anos sobrevir ou cairsobre nós subitamente. Sigamos oconselho do apóstolo
João: “...filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos
confundidos por ele na sua vinda” (1 Jo 2.28). Aquele que tem ouvidos, ouça!
“Deus não nos destinou para a ira, mas para aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que
morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com Ele. Pelo que exortai-
vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como tambémfazeis”
o (1 Ts 5.9-11).

130
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.3 POSIÇÕES A RESPEITO DO ARREBATAMENTO


Quando o arrebatamento acontecerá em relação à Tribulação geralmente determina a visão que a pessoa
tem do Arrebatamento.
Apesar da clareza com que a Palavra de Deus fala no assunto, como pudemos observar nos trechos bíblicos
anteriores, há neste terreno doutrinário algumas controvérsias humanas e por isso mesmo a necessidade de
estarmos estudando este tema à luz daPalavra de Deus levando em consideração a revelação divina e deixando
de lado discussões e especulações humanas que de nada irão nos acrescentar.
Vamos estudar algumas opiniões a respeito doarrebatamento: alguns não creem que oarrebatamento
corresponde
de Cristo sãoa uma etapa da segunda
essencialmente vinda,coisa
a mesma outrose ainda afirmam
ocorrerão que o arrebatamento e a segunda vinda
simultaneamente.

IMPORTANTE!
Por que precisamos saber isto?
Precisamos compreender as diversas posições sobre a grande
tribulação e o arrebatamento para que as passagens bíblicas
sobre esses acontecimentos não sejam um completo mistério
para nós. Precisamos desenvolver uma convicção sobre esses
acontecimentos e viver de maneira coerente com essa convicção.

Para compreender o arrebatamento precisamos saber o que vem a ser o período de Tribulação (ou Grande
Tribulação) já que esse dois eventos estão interligados na profecia.
Tribulação: é um período de intenso sofrimento e de juízo divino que ocorrerá nos últimos tempos,
correspondente ao cumprimentoda septuagésima semanade Daniel (70ªSemana). Entendida literalmente,
esse será o período mais terrível da história da humanidade, quando ocorrerão cataclismos jamais vistos em
todo o mundo (voltaremos a esse assunto no próximo capítulo).

1.3.1 O arrebatamento pré-tribulacionista


O arrebatamento ocorreráantes do período de Tribulação. Esta é a interpretação que melhor se harmoniza
com as Escrituras, conforme se podever em: Apocalipse 3.10;Lucas 21.35-36; 1 Tessalonicenses 1.10, dentre
outros versículos bíblicos. Quatro motivos são apresentados para essa convicção, conforme cita Max Anders
(2001, p. 94-100):
1. A Igreja tem a promessa de livramento.“Visto que guardaste a palavra de minha perseverança
também eu te guardarei da hora da tribulação que há de vir sobre todo o mundo, para provar os
que habitam sobre aterra.”(Apocalipse 3.10). Essa mensagem foi dirigida a igreja da Filadélfia, e
muitos creem que foi uma promessa específica de livramento da perseguição local sofrida poresta
comunidade. Os pré-tribulacionistas vão além, pois creem que esta mensagem diz respeito não só
a igreja do primeiro século, mas mais do que uma mensagem histórica,é uma mensagem profética
e inclui a perseguição mundialque irá ocorrer durante o período da Tribulação.
2. A Igreja não se destina a ira.“Pois Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação,
por nosso Senhor Jesus Cristo” 1 Tessalonicenses 5.9. os pré-tribulacionistas creem que Paulo está
falando da ira que virá sobre os não salvos no final desta dispensação, durante a grande tribulação.
Como cita José Apolônio (1985, p.20),“A Igreja é alvo da graça de Deus e não do seujuízo”. A
Tribulação será a ira justa de Deus derramada sobre as nações em luta contra Deus, o cumprimento
da 70ª Semana de Daniel, a qual não se refere à Igreja.“Deus não nos destinou para a ira, mas para
a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo.”(1 Ts 5.9).
3. A igreja não é mencionada durante a Grande Tribulação. Os pré-tribulacionistas creem que a igreja,
que é mencionada em Apocalipse 1–3, está no céu em Apocalipse 4. E nos capítulos subsequentes
de Apocalipse não há menção da Igreja. Isso se interpreta como a igreja ausente da terra durante
a grande tribulação.

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4. A igreja deve ficar preparada para o iminente retorno de Jesus Cristo. Isso significa que o
arrebatamento pode acontecera qualquer momento e os cristãos devem estar constantemente
aguardando a volta de Jesus. Há muitos versículos que apontam oarrebatamento como sendo o
próximo grande evento profético que irá ocorrer.

FIGURA 58: O ARREBATAMENTO DA IGREJA– VISãO PRÉ TRIBULACIONISTA


FONTE: Disponível em: <www.igrejasementedavida.com.br>. Acesso em: 14 mar. 2012.

1.3.2O arrebatamento
O arrebatamento mid-tribulacionista
ocorrerá durante o período de Tribulação. Os mid-tribulacionistas (ou mesotribulacionistas)
concordam com os pré-tribulacionistas quanto aofato de a igrejanão experimentar a ira deDeus durante
o período de Tribulação, porém diferem quanto ao quesito “momento” em que o fato ocorrerá. Afirmam
que a igreja entrará na tribulação e passará a primeira metade deste período (3 anos e meio) na terra e será
arrebatada antes da ira de Deus ser derramada, isto é, antes do segundo período de três anos e meio. Desta
forma a igreja estará presente durante a primeira metade do período de sete
nos,a passando por perseguições
e problemas relativamente leves se comparados com a parte final. A igreja é então arrebatada antes da ira
divina ser derramada.

1.3.3 O arrebatamento pós-tribulacionista


O arrebatamento ocorrerá após o período deTribulação. De modo geral, os pós-tribulacionistas creem
que os cristãos irão passar por todo o período da grande tribulação (todos os sete anos) e então Cristo voltará
no final dela. Apoiam-se no texto de Daniel 9.27, e confundem a Grande Tribulação com as tribulações ou
aflições que todos os crentes passam neste mundo.

Alguns
gloriosa), pós-tribulacinistas
porém acreditam que essefazem distinção
tempo será muito entre o arrebatamento
curto. Essencialmente queecreem
os a segunda vinda em glória (manifestação
nesta concepção
afirmam que os acontecimentos preditos em 1 Tessalonicenses 4, em que os cristãos são arrebatados para encontrar
o Senhor nos ares, irão ocorrer num
“abrir e piscar deolhos”,ou seja, um“microtempo”e, imediatamente, após
sua subida, os salvos retornam à terra com Cristo para cumprir a predição de sua segunda vinda gloriosa.
há outros pós-tribulacionistas que afirmam quea passagem de1 Tessalonicenses 4 dizrespeito ao primeiro
estágio da segunda vinda de Cristo e não creem que ela se refira ao arrebatamento, ou seja, haverá somente
uma etapa na segunda vinda e não duas. Nos dois casos, a volta de Cristo encerra a grande tribulação e inicia
o Milênio. Aprimeira e principal diferença da visão pós-tribulacionista é queigreja
a não será arrebatada antes
do meio da grande tribulação, mas passará por ela e a suportará pela graça e proteção de Deus. Só então
Jesus Cristo virá.

132
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Os pós-tribulacionistas são em geral menos literais em sua maneira de estudar as profecias bíblicas do
que os pré-tribulacionistas. Muitos deles
não têm certeza, por exemplo, se atribulação será realmente num
período de sete anos e também não sabem se a duração do milênio será de exatamente mil anos. Concordam
que a tribulação será um período extenso– pelo que no seu entender os cristãos irão passar também e que
o Senhor irá governar pessoalmente a terra durante um longo período.
Na visão pré-tribulacionista, a igrejanão ficará exposta à ira divina, pois os juízos a que se refere Daniel
9.27 não são destinados à igreja e, para isso, citam passagens importantes para validar seu argumento, como
já vimos anteriormente. Já a visão mesotribulacionista concorda com isso, porém acha que o escape da ira é
diferente. Os pós-tribulacionistas dizem que os cristãos serão preservadosirada divina sobrenaturalmente
aqui mesmo na terra, passando pela grande tribulação com ajuda da graça de Deus.
Das três posições, a mais coerente com as Escrituras é sem dúvida a pré-tribulacionista, que encara os
acontecimentos de maneira literal e ortodoxa. Independente de qual
seja a concepção adotada pelo indivíduo,
o certo é que temos todos que estar preparados e alertas, pois certamente Ele vem.

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FIGURA 59: POSIÇÕES A RESPEITO DO ARREBATAMENTO


FONTE: Disponível em: <http://gospelbrasil.topicboard.net>. Acesso em: 14 mar. 2012.

1.3.4 O arrebatamento parcial


Cristo vai arrebatar somente aqueles que o aguardam e deixar que alguns cristãos entrem na Tribulação
para serem arrebatados em outromomento, ou seja, somente alguns cristãos considerados dignos
farão parte
do arrebatamento antes de a ira de Deus ser derramada sobre a terra, aqueles que não forem justos e fiéis
serão deixados na terra.
Alguns estudiosos sugeriram que o arrebatamento mencionado em 1 Tessalonicenses4.16-17 e 1 Coríntios
15.51-52 não incluirá todos os que creem, será parcial. Argumentam que o arrebatamento não está baseado
na salvação, mas na conduta da pessoa, ou seja, no entendimento desta teoria, apenas parte da Igreja será
arrebatada e aparte remanescente irá passar pelaTribulação, parcialment
e ou no todo. Baseiam-senos textos
de Mateus 25.1-13, 1 Tessalonicenses 5.4-8, hebreus 9.28.

Algumas
do cristão pessoas
para os aceitam
braços de Cristo, essa teoria
de modo quepornecessária
seja acreditaremuma que o pecado
punição duranteeoaperíodo
desobediência
da Tribulação,impossibilitam a ida
negando assim o valor da morte de Cristo na cruz, o qual levou sobre si todos os nossos pecados e pelo qual
somos totalmente justificados. Esses teólogos acabam dando um maior valor às obras e diminuem o sacrifício
expiatório de Cristo, alegando que o cristão pode
se qualificar para oarrebatamento. Fomos redimidos por
Cristo, e redenção significa que Cristo pagou completamente o preço dos nossos pecados.
Segundo Towns e Mayhe (apud Lahaye e hindson, 2010, p. 95-96), “Nossa fidelidade a Cristo e nossa
obediência à sua Palavra são, sem dúvida, determinantes para nossa recompensa. As Escrituras, porém, não
falam, em nenhum momento, que alguns crentes poderiam perder alguma parte da sua salvação.”(1 Co 3.15).
(Towns e Mayhe apud Lahaye e hindson, 2010, p. 95-96).
Segundo J. Dwight Pentecost (2006, p.203-209), há vários mal-entendidosnessa interpretação sobre o
arrebatamento:
1. o arrebatamento parcial fundamenta-se numa compreensão errôneado valor da morte de Cristo,
principalmente quanto ao seu valor para livrar o pecador da condenação e torná-lo aceitável a Deus;
2. os defensores do arrebatamento parcial são obrigados a negar a doutrina neotestamentária da
unidade do corpo de Cristo;
3. na defesa dessa visão, é preciso repudiar a completude da ressurreição dos crentes no arrebatamento;
4. os partidários do arrebatamento parcial confundem os ensinos das Escrituras quanto as recompensas;
5. um defensor do arrebatamento parcial não consegue enxergar as diferenças entre a lei e a graça;
6. um defensor do arrebatamento parcial tem necessariamente de negar a distinção entre Israel e a
Igreja;
7. aqueles que creem em um arrebatamento parcial colocam parte da Igreja fiel na Tribulação.

1.3.4 O arrebatamento pré-Ira

134
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Esta posição afirma que Igreja é isenta da ira de Deus, mas limita o tempo da ira a um curto período de
tempo antes do final da Tribulação, talvez durante apenas um ano e meio. Os que sustentam este ponto de
vista creem que o Arrebatamento se dará depois de transcorridos cerca de três quartos do período de sete
anos da Tribulação. (Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 1114).

1.3.5 Não participarão do arrebatamento


 Os feiticei ros, ocultistas, espiritualistas, adivinhos, macu mbeiros, necromantes (Dt 18.9-14 ; 1 S m
15.23; Gl 5.19-21);
 aqueles que adoram ídolos (Ap 21.8; 22.15; Rm 1.25-32; Sl 115.2-8);
 os incrédulos (Jo 20.27; Ap 21.8; hb 3.19);
 os não purificados pelo sangue de Jesu s (hb 9.14-2 8);
 os que amam o mundo e o que nele há (1 Jo 2.15-17);
 aqueles que têm o coração endu recido (hb 4.7; Sl 95.11);
 os tímidos e covardes que recuam (Ap 21.8; hb 10.38-39);
 os forn icários, que praticam atos imorais (Ap 2 1.8);
 os abomináveis (Ap 21.8).

2. O QUE ESTÁ ACONTECENDONO CÉU?


2.1 INTRODUÇÃO
O arrebatamento dará inicio a uma série de eventos, tanto na terra quanto no céu. A igreja, a noiva de Cristo,

oiráTribunal
se reunirdecom seuenoivo:
Cristo Jesus
as Bodas doCristo, nas Neste
Cordeiro. nuvenstópico
e doisestaremos
eventos acontecerão no céu
explicando mais após o arrebatamento:
detalhadamente esses
dois acontecimentos escatológic os. Bons Estudos!

2.2 O TRIBUNAL DE CRISTO


“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que
tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”. (2 Co 5.10)
Logo após o encontro de Jesus com sua Igreja, nas nuvens - arrebatamento - (1 Ts 4.17), no “Dia de Cristo”
(Fl 1.6,10), haverá o Tribunal de Cristo, o julgamento da Igreja. Será um período de julgamento peloosqual
salvos arrebatados irão passar no céu, quando então seus atos serão julgados pelo próprio Senhor Jesus para
que suas obras realizadas no c orpo sejam avaliadas a fim de receberem (ou não ) o seu galardão.

IMPORTANTE! Dia de Cristo (Fl 1.6,10) – diz respeito ao tempo


A palavra “Dia” na Bíblia de sete anos nos quais a Igreja estará no céu e,
pode ser interpretada simultaneamente, ocorrerá na Terra o tempo
literalmente ou da Tribulação (e Grande Tribulação); abrange
figurativamente três fatos escatológicos referentes à Igreja: o
dependendo do Arrebatamento, o Tribunal de Cristo e as Bodas
contexto. Pode do Cordeiro;
representar um dia de 24 horas, porém também Dia do Senhor (1 Ts 5.2)– é a manifestação
pode representar um ano (p. ex. Dn 9), anos ou pessoal e visível de Cristo no final da Grande
tempos. Nas Escrituras encontramos quatro“Dias” Tribulação, e perdurará 1000 anos (Milênio);
históricos para a humanidade, como cita Elienai Dia de Deus (2 Pe 3.12-13) – é o tempo do Juízo
Cabral (1998, p. 41): Final e da restauração de todas as coisas, o
Dia do Homem (1 Co 4.3) – tempo da história da começo do Reino eterno.
humanidade;

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Duas palavras gregas são utilizadas com o sentido de Tribunal no Novo Testamento:
1. “Criterion”, que significa“instrumentoou meio para provar ou julgar qualquercoisa”,ou “a regra pela
qual alguém julga”, ou ainda“lugar onde se faz juízo”, o tribunal de um juiz ou de juízes;
2. Bema ou Bimá – Nos antigos estádios gregos, a assembleia se reunia defronte de uma “plataforma”
chamada“Bema” de onde as questões oficiais eram conduzidas. Originalmente Bema significava “degrau”,
“plataformaelevada”,“plataformaou assento onde o juiz ficava para
julgar”. Era o tribunal darecompensa,
especialmente utilizado nos jogos gregos de
Atenas onde osatletas vencedores eram julgados perante o juiz
da arena e galardoados (recompensados) por suas vitórias. O apóstolo Paulo toma esta palavra para significar
“Tribunal de Cristo” os crentes receberão suas recompensas.

2.2.1 Este julgamento é exclusivodos verdadeiros cristãos


“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5.16)
Espera-se que o cristão deixe sua luz brilhar para que o mundo a veja. Ele representa Jesus Cristo aqui
na Terra, para um mundo que em grande parte ainda não o conhece, Sua incumbência aqui não é só adorar
a Deus em palavras, mas em vida, através do seu culto racional, do seu viver diário, do seu serviço (diaconia),
Tudo o que for feito para Cristo, com a atitude e a motivação certas,
do seu testemunho e caráter cristão.
receberá um galardão (recompensa) no Tribunal de Cristo (LAHAYE e ICE, 2009, p. 51).
Muitos erram ensinando que haverá apenas um julgamento no final dos tempos envolvendo tanto salvos
quanto não salvos. Tais pessoas desconhecem a Palavr
a de Deus. O Tribunal de Cristo é um dossete julgamentos
de que trata a Bíblia (APOLONIO, 1985, p.27):
1o O julgamento dos pecados dos crentes no Calvário (Jo 12.31-32);
2o O autojulgamento dos Crentes (1 Co 11.31-32);
3o O julgamento das obras do crente (Rm 14.10; 2 Co 5.10);
4o O julgamento de Israel (Ez 20.33-44);
5o O julgamento das nações (Mt 25.31-46);
6o O julgamento dos anjos decaídos (2 Pe 2.4; Jd 6,7);
7o O julgamento final, o do Trono Branco (Ap 20.11-15).
O crente foi julgado como pecador e foi absolvido por ter aceitado o sacrifício de Cristo no Calvário, 1º
julgamento (João 12.31). Ou seja, aqueles que já aceitaram a Cristo como seu Senhor e Salvador já passaram pelo
primeiro julgamento e foram absolvidos, porém quem nãoceitou a ainda aCristo está debaixo de condenação
(Jo 3.18). Nesse julgamento Jesus foi julgado em nosso lugar e tomou sobre si nossa condenação, a pena do
pecado que é a morte.
No segundo julgamento, o da consciência ou autojulgamento, o crente foi julgado como filho durante sua
vida – “Examine-se o homem a simesmo...”(1 Co 11.28)– diariamente o crente teve oportunidade de
buscar
uma vida de santidade e consagração a Deus, se purificando do pecado, pedindo perdão e se afastando do

mal (1 Co 11.31)
3º julgamento com
(2 Co a ajuda
5.10), isto do EspíritoaoSanto.
é, quanto Agora,prestado
seu serviço no Tribunal de Cristo,
a Deus duranteo sua
crente
vidaserá julgado
terrena como
(Obs.: Os servo,
demais julgamentos ocorrerão separadamente em épocas distintas determinadas por Deus).
O julgamento da Igreja terá lugar entre o arrebatamento e a revelação de Jesus em glória, com seus
santos. é o cumprimento da Parábola dos Talentos (Mt 25.14-19), e está baseado em três aspectos da vida do
cristão, conforme cita Antonio Gilberto Silva (1998, p. 18):
1. Será um julgamento do trabalho do cristão feito para Deus (1 Co 3.8, 14, 15; 2 Co 9.6)
– Não se trata
de julgamento de pecados, pois esses já foram julgados lá atrás, na cruz do calvário e, pela graça do
Senhor fomos absolvidos quando o aceitamos (Jo 5.24; Rm 8.1, 33; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Também não
vamos ser julgados quanto ao nosso destino eterno, pois já estamos com o Senhor, nossa salvação
não depende das obras (Hb 7.27), mas da fé. Já estaremos naquele momento com o Senhor. É sim

136
ESCATOLOGIA BÍBLICA

um julgamento de como administramos aquilo que o Senhor colocou sobre nossa responsabilidade,
em nossas mãos para fazer: bens, dons, dádivas, nossa vida, energias, talentos etc. Tudo aquilo que
recebemos ou fizemos para Deus: fomos bons ou maus mordomos?
Será um julgamento onde se observará mais a qualidade do que a quantidade. Segundo Antonio
Gilberto da Silva (1998, p. 18), ali encontraremos pessoas que“trabalharamo diatodo” e receberão
o mesmo salário daquele que trabalhou apenas uma hora.
2. Será um julgamento da conduta do cristão
– Qual foi o procedimento de cada um no corpo? Esse
será um julgamento particular: bom ou mau. há por isso a necessidade de sermos temperantes
(equilibrados) em tudo (2 Co 5.10).
3. Será um julgamento do tratamento dispensado aos irmãos na fé– Temos que zelar pela nossa
maneira de tratarmos uns aos outros, principalmente os mais fracos. “Mas tu, por que julgas teu
irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o
tribunal de Cristo.”(Romanos 14.10). “Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não
sejais condenados. Eis que o juiz está àporta”.(Tiago 5:9). Ver também Mateus 18.23-35.

IMPORTANTE!
Três observações são importantes até aqui:
1. não se trata do julgamento do TronoBranco, pois este
acontecerá somente após o Milênio e será destinado aos
não salvos (Ap 20.11-15);
2. apenas os remidos participarão do Tribunal de Cristo;
3. não se trata de um julgamento para condenação e sim
para recompensas (Lc 14.14b), isto é, a pessoa aqui já
está salva (não há mais o risco de perder a salvação).
2.2.2 Aspectos gerais do tribunalde Cristo
O juiz será o próprio Senhor Jesus (2 Tm 4.8). Deus lhe entregou todo o juízo (Jo 5.22) e por isso o julgamento
é chamado de Tribunal de Cristo (2 Co 5.10; Rm 14.10). Será assistido pelo Espírito Santo, que operará como
um fogo (1 Co 3.13; At 2.4). Tal julgamento se dará após o arrebatamento e antes da manifestação gloriosa e,
inevitavelmente, terá de sernos céus, nasregiões celestiais. Não haverá discriminação nesse
ugar
l , pois nele
só entrarão os salvos, osremidos. Não haverá lugar para julgamento condenatório, pois nenhuma condenação
há para aquele que está em Cristo (Rm 8.1). (CABRAL, 1998, p.35-37).

IMPORTANTE!
No Tribunal de Cristo poderão ser reprovadas as obras, não
o obreiro (1 Co 3.13).“Por que você faz” é mais importante
do que “o que você faz”! O Senhor julgará segundo a

motivação do fomos
obras, porém coração. Não somos
criados salvos através
para realizá-las! das boas
(Ef 2.10).

2.2.3 Como será realizadoo julgamento?


“Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de
comparecer ante o tribunal de Cristo”. (Rm 14.10)
A Palavra de Deus mostra que as obras realizadas pelos salvos através do corpo aparecerão com o valor
e a qualidade que cada uma tem perante o Senhor:
“E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício
de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha. A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia

137
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que
alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
detrimento; mas o tal será salvo, todavia comopelo fogo.” (1 Co 3.12-15)
As obras dos remidos aparecerão na forma de diferentes materiais e tudo passará pelo fogo para ser
provado. O louvor perante Deus está relacionado com a fidelidade, a renúncia, a obediência, o amor, a
abnegação, a humildade com que tais coisas foram feitas e não apenas com a aparência externa.

FIGURA 62: MATERIAIS; FONTE: Próprios Materiais.

Ouro – Simboliza as coisas de procedência divina, as coisas celestiais, assim como a Palavra de Deus (Jó

22.23-25;
(1 Co 4.6).Ap 22.18-21; 3.18; Ml 3.3). Representa as obras feitas em Deus (Jo 3.21) ou conforme a sua Palavra
Prata – O material usado no pagamento da redenção dosprimogênitos simboliza aredenção de Cristo
(Ex 30.11-16; 16.25). Simboliza as obras feitas pela fé em Cristo, e não através da força natural do homem (1
Co 15.10). A prata simboliza o espírito de conciliação que tanto caracterizou Jesus (Lc 23.34) e esse é o espírito
que deve dominar todos quantos sirvam ao Senhor (Mc 11.25; Gn 45.15; 2 Tm 4.16), pois sem este sentimento
nobre, mesmo grandes obras realizadas poderão perder seu valor (Mc 11.25; Mt 18.35).
Pedras Preciosas – Simboliza o Espírito Santo dado pelo Senhor como um adorno à sua Noiva (Jo 17.22),
pois era costume os noivos adornarem suas noivas com joias (Ez 16.11-14; Gn 24.22, 53; Ct 1.10-11; 4.9).
Simboliza as obras feitas pelo poder do Espírito Santo (Rm 15.19; Fp 3.3; Cl 1.29).
O ouro, a prata e as pedras preciosas simbolizam a Trindade – Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo
– operando ativamente nas obras dos crentes que dessa maneira terão valor perante Deus.
Onde falta a operação divina, as obras assemelham-se a materiais fracos enão resistentes, representadas
por trabalhos conduzidos por esforços meramente humanos.
Madeira – Simboliza coisas humanas, pois cresce de
“si mesma”.Existem obras que qualquer pecador
pode fazer (Lc 6.32-34).
Feno – Simboliza tudo que carece de renovação, trabalhar por costume, tradição.
Palha – Significa instabilidade, pois é muito fraco (Ef 4.14). Palha fala também de escravidão, pois foi
palha que os israelitas tiveram que colher no Egito (Ex 5.7). Devemos servir a Deus na liberdade do Espírito e
não em escravidão imposta por nós mesmos ou por outros.

2.2.4 O que será submetidoà provano tribunalde Cristo?


Somos responsáveis por nossos atos diante de Deus e de seu filho Jesus e teremos “prestar que contas”
de nós mesmos diante do Senhor (Mt 12.36). Quando o Ele vier
“...traráà luz as coisas ocultas das trevas, e

138
ESCATOLOGIA BÍBLICA

manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá louvor”de Deus(1 oCo 4.5). Ele observa tudo
o que fazemos e considera todas as coisas, independentemente de qual seja nossos dons e talentos, porém
todos temos oportunidade defazer escolhas certas as quaisirão desenvolver nosso caráter cristão e darão
glórias a Deus. Todos os salvos, sem exceção, irão comparecer diante de sua presença e tudo, absolutamente
tudo, o que foi feito através do corpo será julgado (ou bem ou mal).
Não haverá nenhum segredo, nada oculto, que não venha a ser revelado (Rm 2.16). Tudo será julgado:
palavras, atos, motivos, atitudes, caráter, sofrimentos, uso dos dons e talentos, utilização dos bens materiais
e do dinheiro (1 Co 3.12-15; Mt 6.1,2,5; 7.22-23; Gl 6.6.8-10; Fl 1.17).
 Nossas vidas como crentes serão provadas – Como temos edificado nossa vida espiritual em Jesus?
“...mas veja cada um como edifica sobreele.”(1 Coríntios 3:10b).
 Nossa maneira de viver e agir de acordo com a Palavra de Deus– Temos sido obedientes à Palavra
de Deus? Temos feito dela nosso manual de vida? Edificado sobre ela? Deus reconhece aqueles que
guardam a sua Palavra (Ap 3.10; Jo 14.23).
 A forma de tratarmos nossos irmãos também será submetida à prova – O bem ou o mal que fazemos
a qualquer irmão reflete na pessoa de Cristo (1 Co 8.12; Mt 25.40, 45; At 9.4-5). Temos expressado
amor uns pelos outros não só no falar, mas principalmente nas ações? Mostramos que amamos
Jesus no trato com os irmãos.
 Serão julgadas as obras feitas no serviço do Mestre– Deus irá honrar aqueles que o serviram
fielmente (Jo 12.26; Pv 27.18) com seus talentos, seus bens, seu tempo, suas vidas. Os pastores irão
dar contas a Deus dos seus rebanhos ao Sumo Pastor (1 Pe 5.4). Temos agido com prudência e amor
com as ovelhas do Senhor, cuidando para que nenhuma se perca? Os cargos deconfiança no Reino
de Deus, tais como intercessores, mestres etc. também serão julgados e suas obras apreciadas. E
aqueles que se esforçam por ganhar almas? Todos possuem a incumbência de serem atalaias que
advertem o pecador do seu mau caminho e os que se descuidam nesse sentido verão, naquele dia,
que os pecadores pereceram por causa dos seus descuidos e o sangue será requerido daqueles que
não cumpriram o seu dever (Ez 33.8, 17, 3.18; Pv 24.11-12).

PARA REFLEXÃO!
O que o Senhor Jesus verá em nós naquele dia? O que tem
motivado nossas ações? Amor? Fidelidade? Fé? Renúncia?
Promoção do Reino de Deus ou própria? Murmurações ou Ações
de Graça? Egoísmo? Preguiça? Fofoca? Inveja? Competição?
Teimosia? Estamos manifestando em nosso corpo mais os frutos do
Espírito ou as obras da carne? Estamos tentando impressionar mais
aos homens ou a Deus? Amamos mais a Deus e a seu Reino ou a nós mesmos e o nosso
reino particular? Examinemos nossos corações e voltemos ao primeiro amor enquanto
é tempo para que não tenhamos nossas obras consumidas pelo fogo (Ef 2.10). Qual
a QUALIDADE do nosso serviço cristão, daquilo que iremos apresentar ao Senhor
naquele dia?

2.2.5 O resultado do julgamento


Depois que o fogo provar as obras que os crentes fizeram no corpo, só sobrará aquilo que o Senhor tiver
aprovado. Esse julgamento assemelha-se a uma esagem:
p as obras serão“pesadas”e tudo que for meramente
humano será achado em falta (Dn 5.27; 1 Sm 2.3; Pv 16.2). Apenas as coisas que
iverem
t valor perante o Senhor terão
peso certo. Os textos e contextos afirmar que, diante do tribunal do Senhor, cada um receberá o louvor ou a censura
que merecer, porém esse não será um momento de temor, antes será de confiança, pois todos os que estiverem
presentes são salvos e amarão o Redentor e confiarão nele (BERGSTéN, 2007 p. 333; S. P. da Silva, 1988, p. 37-39).

139
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

“Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo as suas obras” (Ap 22.12). Deus é galardoador
dos que O buscam (hb 11.6). Jesus disse que o que ceifa recebe galardão (Jo 4.36), assim como aquele que
planta e o que rega também recebe galardão, cada um segundo o seu trabalho (1 Co 3.8). Aqueles cujas obras
permanecerem receberão galardão (1Co 3.14) que será trazido pelo Senhor.
Tipos de Recompensa (CABRAL, 1998, p. 37; LAhAYE e ICE, 2009, p. 52):
a) Coroa da Vitória (Incorruptível) (1 Co 9.25-27) – é a Coroa dos Vencedores. A vida cristã se constitui
numa batalha espiritual contra três inimigos terríveis: a carne, o mundo e Satanás. Esta coroa é
destinada aqueles que venceram o velho homem, não voltaram à velha vida e procuraram dia a
dia reproduzir o caráter de Cristo buscando uma vidaagradável a Deus, com transparência, sendo
honestos, fortalecendo seu caráter cristão.
b) Coroa de Gozo (Exultação ou Alegria) (1 Ts 2.19; Fp 4.1)– é a Coroa do Ganhador de Almas. Gozo
significa prazer, alegria, felicidade. Essa é uma coroa destinada aos ganhadores de alma, pois não há
nada que mais alegre o coração do crente do que ganhar almas para Cristo. Essa é a coroa destinada
aos pescadores de almas, que consagraram suas vidas no resgate de vidas para o Senhor. Nenhuma
alegria conquistada nessa vida é comparável a conquistar almas para o reino de Deus. Por isso quem
ganha almas é sábio (Pv 11.30; Dn 12.3).
c) Coroa da Justiça (2 Tm 4.7, 8) – é a Coroa daqueles que amam seu Retorno. Recompensa dada
aos fiéis, aqueles que batalharam na fé, não desistiram mesmo em face às piores circunstâncias e
situações, os combatentes do Senhor. Será dada para todos aqueles que amam a vinda do Senhor
Jesus. Viveram uma vida dedicada à justiça e a santidade aguardando a volta de Cristo.
d) Coroa da Vida (Ap 2.10; Tg 1.12) – é a Coroa dos Mártires. é um prêmio especial concedido àqueles
que sofrem injustiças por causa do Evangelho. é a vida conquistada mediante aobra expiatória de
Cristo, a vida eterna. é o galardão dado para os crentes fiéis, que suportaram as provações da vida
sem negociar a fé e foram aprimorados no meiode provas, e foram“fiéis até amorte”.
e) Coroa de Glória (1 Pe 5.2-4) – é a Coroa do Pastor ou do Bispo. é a recompensa dos ministros fiéis,
dos obreiros que apascentarem bom o rebanho do Senhor e que promoveram o reino de Deus na
terra, sem esperar recompensa material.
Aqueles cujas obras se
queimaram pelo fogo da
prova verão o que poderiam
ter feito se na terra tivessem
dedicado mais de si ao
serviço do Senhor. Estarão
alegres, pois entrarão na
glória, embora tenham
perdido o galardão por sua
própria negligência (1 Co
3.14-15). Portanto é possível
tanto perder como ganhar o

galardão
Ap 22.12).(Pv 24.20; Cl 3.24;

FIGURA 64: TRIBUNAL DE CRISTO; FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005; em 21.abr.2012.

140
ESCATOLOGIA BÍBLICA

2.2.6 As metáforas do julgamento


Como cita Mark Bailey (apud Lahaye e hindson, 2010, p. 467), a Bíblia utiliza diversas metáforas para
descrever o Tribunal de Cristo, que nos ajudam tanto na aplicação quanto nareflexão e meditação sobre o
assunto. Tais ilustrações nos auxiliam aentender as verdades espirituais assim
e podermos nos preparar melhor
para esse futuro julgamento.
METáFORA FIGURA A SER AVALIADA APLICAçãO PASSAGEM BÍBLICA
Edificação Qualidade do material Edificar corretamente 1 Coríntios 3.12
Corrida Premio da recompensa Treinar com afinco, correr 1 Coríntios 9.24-27

Casamento A pureza e a beleza da nubente energicamente


Eliminar falhas e 2 Coríntios 11.2
permanecer fiel
Prestação de Contas Registro das boas obras Produzir boas obras 2 Coríntios 5.10
Trabalho Recompensa Servir com sinceridade Colossenses 3.24
Agricultura Colheita Dar bons frutos João 4.36
Investimento Retorno financeiro Administrar de forma Lucas 16.1-14
sábia
Favores Retribuição de favores Servir com dedicação Efésios 6.8
Batalhas A volta triunfal Ser vitorioso 2 Coríntios 2.14-17
Trabalhar O justo salário Trabalhar fielmente Apocalipse 22.12
Mordomia Serviço ao mestre Ser fiel 1 Coríntios 4.2
Luta Vencer a luta Derrotar o oponente 1 Coríntios 9.24-27
QUADRO: METÁFORAS DO JULGAMENTO; FONTE: Lahaye e hindson, 2010, p. 467.

2.3 AS BODASDO CORDEIRO


“Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino;
e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Lc 22.30).
“Alegremo-nos, exultemos, e demos-lhe a glória, porque são chegadas
as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou” (Ap 19.7).
As bodas do Cordeiro serão após o julgamento da igreja. Será a reunião da Igreja com seu Redentor e
Salvador. Que grande alegria será entrar nos céus com o Senhor e ver o lugar que Ele nos preparou! (Jo 14.1,
3). Lá seremos recebidos por miríades de anjos entoando cânticos de louvor ao Rei da glória (Sl 24.8-9).
Os salvos de todas as partes da terra e de todos os tempos irão se saudar alegremente. Lá encontraremos
aqueles que dentre nós foram antes estar com Jesus. Findou a batalha na terra! Chegou o dia triunfal em que
os salvos serão elevados e os ímpios castigados. Os salvos estarão livres de todas as lutas, angústias, pecados
e mal.
Junto com Jesus, a multidão glorificada e lavada no seu sangue entrará perante o trono de Deus, será
o próprio Jesus quem apresentará os santos ao Pai (Ap 3.5). Os olhos do Santíssimo contemplarão os salvos,
ex-pecadores, mas agora limpos, sem mácula, ruga
ou coisa semelhante (Ef 5.27), irrepreensíveissantos
e (Cl
1.22, 1 Ts 3.13). Ninguém poderá entrar nessa festa com vestes estranhas (Sf 1.8; Mt 22.11). O Pai eterno se
alegrará e verá na noiva de Cristo o seu particular tesouro (Ml 3.17). Ela estará perante o trono de Deus, pois
o Pai deu seu Filho e esse deu a si mesmo para redenção das nossas almas.
No processo da vinda de Jesus, o ponto culminante será, sem dúvida alguma, a santa cerimônia que
Palavra de Deus chama de“bodas do Cordeiro”(Ap 19.7). As bodas são a expressão máxima da relação entre
Cristo e a sua Igreja, a união completa e final de Jesus Cristo como osverdadeiros crentes.
é a figura de um casamento utilizada tantas vezes por escritores tanto do Antigo quanto do Novo
Testamento. O próprio Jesus usouo casamento para ensinar sobrerelacionamentos espirituais,como a Parábola
das Dez Virgens (Mt 22.2-14; 25.1-13; Mt 9.15; Mc 2.19-20; Jo 3.29). Do tempo“bodas”
das em diante, a Noiva
(Igreja) e Cristo serão inseparáveis.

141
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Apocalipse 19 localiza as bodas do Cordeiro no céu (Ap 19.7-16). Será uma grande ceia e Jesus,
pessoalmente, há de servir aos salvos sentados à mesa junto com Abraão, Isaque e Jacó (Lc 12.35, 37; 22.30;
13.28-29).
Ao instituir a Santa Ceia, o Senhor disse que não beberia mais neste mundo do fruto da videira, até o dia
em que o bebesse de novo no Reino de seu Pai (Mt 26.29; Mc 14.25). A Bíblia não nos revela muitos detalhes,
mas através dos textos bíblicos como Apocalipse 5.9 e 7.14 sabemos que haverá um cântico de louvor pelo
sangue que foi derramado e que Jesus terá em suas mãos os sinais dos cravos que o feriram (Ap 5.9; 7.14).
“Já a sua esposa seaprontou”(Ap 19.7). Depois da grande festa ela será chamada “a
deesposa, a mulher do
Cordeiro” (Ap 21.9). (Antonio G. SILVA, 1998, p.20; BERGSTéN, 2007, p.337).
Quando Jesus vier, a nossa comunhão com Ele, como Noiva que somos, será elevada a uma união eterna
e perfeita. Por isso, essa união é chamada de “bodas”.A Noiva e o Noivo passarão a morar juntos por
toda a eternidade. A Bíblia não nos revela detalhes sobre tão grandiosa festa. Não podemos imaginar
de que maneira será realizada, pois não há semelhança entre um casamento na terra e as bodas do
Cordeiro. Uma coisa, porém é certa: nossa posição como glorificados ao lado de Jesus será conhecida e
proclamada. Que dia feliz! Breve virá esse dia! Sejamos fiéis até o fim! Aleluia! (BERGSTÉN, 2007, p. 337).

RESUMO DO CAPÍTULO
Neste capítulo aprendemos os principais acontecimentos que ocorrerão no
“Diade Cristo”.
· Aprendemos os principais aspectos relacionados à primeira etapa da Segunda Vinda de Cristo: o
Arrebatamento.
· Vimos que há interpretações ou posições quanto ao tempo em que o Arrebatamento ocorrerá:
Pré-tribulacionismo; Mid-tribulacionismo (ou Meso-tribulacionismo); Pós-tribulacionismo;
Arrebatamento Parcial; Arrebatamento Pré-ira.
· Aprendemos que após o Arrebatamento da Igreja ocorrerá doiseventos no céu (na terra estarão
acontecendo os sete anos da Tribulação): o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro.
· O Tribunal de Cristo será o tempo em que ocorrerá o julgamento da igreja onde os salvos serão
julgados pelas suas obras e receberão (ou não) seu galardão. Somente os salvos participarão deste
julgamento.
· As Bodas do Cordeiro será um momento de grande celebração no céu onde Cristo (o noivo) receberá
a Igreja (a noiva) como sua esposa glorificada e coroada.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

142
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 7
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. Explique o que é o Arrebatamento e quem são seus participant es.
2. Quais as posições qu e existem a respeito do Arrebatamento? Ex plique-as.
3. Qual dessas linhas de interpretação que as Escrituras mais honram? Por quê?
4. Quais os dois principais eventos que o correrão no céu após o Arrebatamento da Igreja?
5. Quantos julgamentos a Bíblia menciona? O que é o Tribunal de Cristo? O que será submetido à prova no
Tribunal de Cristo?

143
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

144
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO8
A TRIBULAÇÃO- O QUE ESTARÁ
ACONTECENDONA TERRA?

O
L
U 8
0
T
P
A
C

FIGURA 66: SCROLL.


FONTE: Disponível em <http://www.the-tribulation-network.com/dougkrieger/despise_not_prophecies.
htm>. Acesso em: 3 abr. 2012.

1. A TRIBULAÇÃO – PARTE 1
1.1 INTRODUÇÃO
“Castigarei o mundo por causa da sua maldade, os perversos por causa
da sua iniquidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a
soberba dos violentos.” (Is 13.11)
Enquanto no céu os salvos estarão passando um momento de alegria
inexprimível, ao lado do Salvador, na terra terá inicio, após o arrebatamento
da Igreja, um tempo de horror indizível, o tão profetizado:“O Dia do Senhor”,
conhecido por nós como sendo o período da”Tribulação”.
Deus é fiel às suas promessas, e precisa cumprir sua palavra dada aos
patriarcas Abraão, Isaque e Jacó: Israel é seu povo escolhido na Terra, e o
Senhor tratará diretamente com essa nação a fim de purificá-la e prepará-la
para recebê-lo como seu Senhor, Salvador e Rei.
Neste capítulo aprenderemos qual o significado da Tribulação, os
acontecimentos e personagens que estão ligados a este período tão insólito
e terrível da história humana futura. Bons Estudos!

1.2 O QUE SIGNIFICAO PERÍODODE TRIBULAÇÃO?


“Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio
do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias
não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos
escolhidos serão abreviados aqueles dias” (Mt 24.21-22).

145
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Este mundo ainda há de provar um tempo de“...grande aflição, como nunca houve desde o princípio do
mundo atéagora”como profetizou nosso Senhorem Mateus 24.21. EmApocalipse 3.10, Ele prometeu que
guardaria os seus “da hora de tentação que há de vir sobre todomundo”.
o
Tribulação significa aflição, sofrimento, angústia. A Bíblia cita vários sinônimos para esta palavra, dentre
eles o“comprimircom força”,“pisar uvas no lagar”, ou “moer cana de açúcar nummoinho” (Is 13.11).
Será um período de transição entre a era da Igreja e o Milênio. Enquanto no céu estará ocorrendo o
julgamento da Igreja no Tribunal de Cristo e as bodas do Cordeiro, na terra acontecerá a maior de todas as
aflições, uma tribulação sem precedentes na história humana, cuja duração corresponde justamente a um
período de 7 anos, no qual se cumprirá a septuagésima semana de Daniel (70ª Semana).
Segundo muitos estudiosos das Escrituras,“Será um período de indescritível horror” que começará logo
após o Arrebatamento da Igreja.Este período, apesar de serelacionar intimamente com Israel, afetar
á todo
o mundo, quando Deus derramará sua ira e juízo contra o pecado e os pecadores.
Somente o termo“Grande Tribulação”já faz com que muitas pessoas visualizem um grande terror, e
com toda a razão. Como cita Tim Lahaye (Bíblia de Estudo Profética, 2005, p. 1177), tal tempo será pior do
que qualquer coisa ou evento já vivido pelo ser humano em sua história: muito pior do que a destruição de
Jerusalém em 70 d.C. (1 milhão de vítimas), do que a Peste Negra (9 milhões de mortos), do que a Primeira
Guerra Mundial (20 milhões de mortos), do que a devastação da Segunda Guerra Mundial e o Holocausto dos
Judeus promovido por hitler (6 milhões de judeus e pelo menos 4 milhões de cristãos mortos).
O retrato de Deus sobre a Tribulação é de um espaço de tempo de sete anos no qual haverá um terror
inimaginável jamais presenciado por qualquer ser humanoque e só pode serdescrito como sendo um
“inferno
na Terra”(Bíblia de Revelação Profética, p. 1187). A razão por que este tempo será um holocausto em grandes
proporções é que ela associa a ira de Deus, a fúria de Satanás e a maldade natural do homem em descontrole.
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento podemos encontrar referências sobre esse período, sendo

que somente
mais no Antigo
citou, predisse que Testamento os profetas
tempos terríveis viriam efalam 39 vezessete
que durariam sobre o assunto.
anos e seriamDaniel, o profeta
inaugurados com que Jesus
através
de uma aliança de sete anos entre Israel e“príncipe
o que há de vir” (chamado em outras passagens de
“anticristo”ou “besta”),o qual seria um poderoso governante político.
O profeta Sofonias descreve o“Diado Senhor” como: “Aqueledia será um dia de indignação,dia de
tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de
( Sf 1.15-16).
densas trevas, dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as”torres altas
Mateus 24 apresenta a descrição desse tempo dada pelo Senhor Jesus. Nos versículos de 4 a 14
descrição

dos eventos da primeira metade do período e nos versículos 15 a 28, a última metade. Nos versículos 21 e
22 há uma afirmação de congelar os ossos:
“porque haverá, então, grande aflição, como nunca ouve desde
o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais. E, se aqueles dias não fossem abreviados,
nenhuma carne sesalvaria”.
O apóstolo João escreve em Apocalipse que“é vindo o grande Dia da suaira“(Ap 6.17). Ele se refere ao
“vinho da ira” e “lagar da ira deDeus” (Ap 14.10, 19). Relata ainda que taças cheias “ira
da de Deus” serão
derramadas sobre a terra (Ap 15.7; 16.1).

“E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o


livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; E diziam aos montes e aos rochedos:
Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro;
Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Ap 6:15-17).
Há pouca dúvida sobre quando a Tribulação irá ocorrer e quanto tempo durará, isso porque o profeta
Daniel deixou bem claro em seu livro através de suas profecias: durará uma semana (sete–anos
Dn 9.27). Em
Apocalipse, o apóstolo João divide em dois períodos de três anos e meio cada, ou 1260 dias cada, perfazendo
o total dos sete anos profetizados por Daniel.
Nos primeiros três anos e meio centenas de pessoas irão morrer. Durante os últimos três anos e meio,
as condições pioram ainda mais, pois Satanás possuirá o Anticristo e exigirá a adoração de todos em todo o

146
ESCATOLOGIA BÍBLICA

mundo. Essa Tribulação somente terá fim com o retorno de Jesus Cristo
(Segunda Etapa da Segunda Vinda – Manifestação Gloriosa do Messias),
que irá estabelecer o seu reino Milenar (Mt 24.29; Dn 9.24).
A Terra será abalada por Deus, isso para diminuir a falsa sensação de
segurança do homem, que acha que não prec isa de Deus o u que v ive bem
sem Ele. Através da sua infinita misericórdia e graça, muitos nesse período
encontrarão a salvação, porém a encontrarão em meio a sofrimentos e IMPORTANTE!
perseguições terríveis. O Senhor enviará 144.000 judeus convertidos e
cheios do Espírito Sa nto (Ap 7; Jl 2.2 8-32 ), além das duas outras testemunhas
A Tribulação afetará
drasticamente o mundo
para pregar o Evangelho nesse tempo e muitas almas se converterão a Cristo. todo, mas tem a ver
1.3 TRIBULAÇÃO OU GRANDE TRIBULAÇÃO? especialmente com
há muitos nomes relacionados a este período da história humana, Israel (Jr 30.4-9; Dn
tanto no Anti go Testamento quanto n o No vo Testamento. Muitos au tores 12.1; Mt 24.15,21-22).
chamam todo o período de sete anos correspondentes a septuagésima
semana da profecia de Daniel de“Grande Tribulação”,enquanto que outros
denominam o mesmo período simplesment e de Tribulaç ão.
Segundo Ice e Randall (apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 457), denomina-se Tribul ação todo o período
de sete anos e de Grande Tribulação o período final de três anos e meio, quando a intensidade do sofrimento
criado pela ira de Deus se tornará inimaginável.
Por convenção, visando facilitar nosso estudo e nos adequar ao linguajar bíblico, adotaremos a
denominação dos autores citados: chamaremos todo o período de sete anos“Tribulação”,
de porém à última
metade (últimos 3 anos e meio) chamaremos de
“GrandeTribulação”.Entretanto nota-se que mais importante
do que discutirmos qual o nome mais adequado para usarmos nesse período (visto que há muitos nomes,

como po deremos observar) é co nhecer os acontecimen tos e fatos a el e relacionados.


1.3.1 Termos usados no Antigo Testamento para a tribulação
A Bíblia inclui muitas referências diretas e indiretas à Tribulação. Uma das primeiras passagens a profetizar
esse período é Deuteronômio 4.27-31, que prediz tanto a dispersão dos judeus quanto a sua restauração na
terra quando buscarem ao Senhor. O livro de Deuteronômio faz um apanhado da história de Israel na terra e
mostra que seu destino é passar por um período de “tribulação”,“no fim de dias”,e imediatamente Israel“se
virará para o S enho r, seu Deus, e ouv irá a sua voz”.
Segundo T homas Ice e Randall Pri ce (apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 456), “A Tribulação será um
período de juízo divino que precederá a redenção de Israel e o estabelecimento do Reino de Deus na
terra”.
Por isso mesmo essa doutrina começa no Antigo Testamento, e o Sermão do Monte e o livro de Apocalipse
citam e fazem frequentemente referência ao Antigo Testamento como o do Senhor” (Ez 13.1-7; Jl 2.1-11;
“Dia
3.1-21; Am 5.18-20; Sf 1.7-13) e “fim de dias” de Israel (Dt 4.30-31; 32.35-43; Is 26.9-21; Jr 30.4-24).
Também são usados outros nomes para descrever a intervenção divina sob forma de juízo:
O Tempo da Angústia de Jacó Jeremias 30.7
A Septuagésima Semana de Daniel Daniel 9.27
A ob ra estranha de Jeová Isaías 28.21
O Ato Inaudito de Jeová Isaías 28.21
O Estranho ato de Deus Isaías 28.21
O Dia da Calamidade de Israel Deuteronômio 32.35; Obadias 12-14
A Tribulação Deuteronômio 4.30
A Indignação Isaías 26.20; Daniel 11.36
O Dilúvio do Açoite Isaías 28.15, 18
O Dia da Vingança Isaías 34.8; 35.4; 61.2
O Ano da Recompensa Isaías 34.8

147
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

O Tempo da Angústia Daniel 12.1; Sofonias 1.15


O Dia da Indignação Sofonias 1.15
O Dia da Angústia Sofonias 1.15
O Dia do Alvoroço e de Assolação Sofonias 1.15
O Dia da Desolação Sofonias 1.15
O Dia da Escuridade Sofonias 1.15; Joel 2.2; Amós 5.18,20
O Dia do Negrume Sofonias 1.15; Joel 2.2
O Dia de Nuvens Sofonias 1.15; Joel 2.2
O Dia de Densas Trevas Sofonias 1.15; Joel 2.2
O Dia de Trombeta e de Alarido Sofonias 1.16
O Dia de Rebate Sofonias 1.16
O Dia do furor do Senhor Sofonias 1.18
O Dia Grande e Terrível do Senhor Malaquias 4.5
O Dia da Vingança Isaías 34.8; 35.4; 61.2; 63.4
O Dia de Trevas Sofonias 1.15
O Dia de Tribulação Sofonias 1.15
Angústia Deuteronômio 4.30
As Angústias da que dá a luz Isaías 21.3; 26.17-18; 66.7; Jeremias 4.31; Miqueias 4.10
TABELA 28: TERMOS BÍBLICOS PARA TRIBULAçãO NO ANTIGO TESTAMENTO
FONTE: Compilado a partir de: Enciclopédia Popular de Profecias Bíblicas, 2010, p. 456; Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p.1188 ; LAhAYE
e ICE, 2009 p.54.

Nem todos os termos citados referem-se exclusivamente a Tribulação do fim dos tempos, pois o conteúdo
por eles citados normalmente apontam tempos definidos ou um futuro indefinido. Por exemplo, no caso do
termo “o dia do Senhor” é uma referência profética à iminente invasão assíria ou
a babilônica, mas também
para um acontecimento futuro ainda mais distante (a Tribulação e o Milênio).

NOTA!
A palavra Tribulação pode ter sentido específico e não
específico na Bíblia. Quando é usada de forma não específica
ela fala da provação ou sofrimento que o indivíduo pode
enfrentar. Quando usada de forma específica, ela se refere ao
período de sete anos que se seguirá ao arrebatamento da Igreja (Bíblia de Revelação
Profética, 2010, p.1187).

1.3.2 Termos usados no Novo Testamento para a Tribulação


O Novo Testamento constrói sobre a base do Antigo Testamento e expande o quadro da Tribulação. A
primeira passagem extensa que trata do tema está em Mateus 24.4-28, “Sermão
o do Monte” (Mc 13; Lc
17.22-37; 21.5-36), o qual apresenta uma descrição feita pelo próprio Senhor Jesus a respeito deste período.
Mateus 24.4-14 fala a respeitoda primeira parte doperíodo de Tribulação. Já estudamos anteriormente
algumas característic
as desta passagem, porémagora nos aprofundaremos mais nesse tema. ateus
M 24.15-28
relata a segunda parte da Tribulação e culmina na sua segunda vinda.
Segundo as palavras de Jesus, a Tribulação será um tempo intenso e extenso, com calamidades e aflições
jamais presenciadas pelo ser humano. O Senhor disse a seus discípulos que o sofrimento chegaria a tal ponto
que somente a sua segunda vinda abreviaria aqueles dias.
As epístolas de Tessalonicenses escritas pelo apóstolo são também chamadas “o apocalipsepaulino”,
de tal
a quantidade dereferências aos eventos escatológicos nelas encontrados. Dentre estes eventos Paulo relata por
duas vezes a Tribulação como “o tempo da irafutura”(1 Ts 1.10; 5.9; Rm 5.9). Paulo também alerta os irmãos
de Tessalônica a ficarem atentos enão serem enganados apensar que a Tribulação (Dia do Senhor) jáhavia

148
ESCATOLOGIA BÍBLICA

começado:“Ninguém,de maneira nenhuma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia
e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama
Deus ou se adora; de sorte que se assentará como Deus, no templo de Deus, querendo (2 Ts 2.1-2).
Deus”parecer
Em meio a tantas passagens bíblicas referentes a este tempo, podemos dizer que o livro de Apocalipse
apresenta o“grosso”sobre o tema, pois a maior parte deste livro profético se relaciona justamente com o
período da Tribulação (Apocalipse 6.1 a 18.24), onde estão detalhados os eventos que ocorrerão sobre a Terra,
os quais também foram profetizados no Antigo Testamento e por Jesus nos Evangelhos– o derramamento da
ira divina contra o pecado.
Conforme veremos adiante em nosso estudo e como cita Dennis J. Mock(2001, p.265), vamos encontrar
três séries de eventos, com sete juízos cada, descritos no livro de Apocalipse:
 Sete Selos (Ap 6 ao 8);
 Sete Trombetas (Ap 8 e 9);
 Sete Taças (Ap 16).
O juízo dos selos ocorre na primeira metade (3 anos e meio iniciais)da Tribulação, enquanto que os juízos
das trombetas ocorrem na segunda metade (3 anos e meio finais), e os juízos das taças ocorrerão já bem no
final do período de sete anos (Dennis J. Mock, 2001, p.265).
Note os termos bíblicos para tribulação no Novo Testamento:
O Dia do Senhor 1 Tessalonicenses 5.2
O Dia da Cólera de Deus Apocalipse 14.10, 19; Apocalipse 15.1,7; 16.1
A Hora do Julgamento Apocalipse 3.10
A hora do Juízo Apocalipse 14.7
A Hora da Tentação Apocalipse 3.10
O Grande Dia da Cólera do Cordeiro de Deus Apocalipse 8.16, 17
A Ira Vindoura 1 Tessalonicenses 5.9; Apocalipse 11.18
A Ira de Deus Apocalipse 14.10, 19; 15.1-7; 16.1
A Ira do Cordeiro Apocalipse 6.16, 17
A Ira Futura 1 Tessalonicenses 1.10
A Grande Tribulação Mateus 24.21; Apocalipse 2.22; 7.14
A Grande Aflição Mateus 24.21; Apocalipse 2.22; 7.14
A Tribulação Mateus 24.29
A Aflição Mateus 24.29
A Ira (ou furor) 1 Tessalonicenses 5.9; Apocalipse 11.18
Dores de Parto Mateus 24.4-7
TABELA 29: TERMOS BÍBLICOS PARA TRIBULAçãO NO NOVO TESTAMENTO
FONTE: Compilado a partir de: Enciclopédia Popular de Profecias Bíblicas, 2010, p. 456; Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p.1189 ; LAhAYE
e ICE, 2009 p.54.

1.4 PROPÓSITOS DA TRIBULAÇÃO


Dentre os vários propósitos deste período pode-se citar:
 punir o pecado e julgar a impunidade, deforma que Cristo possa reinar como Rei sobre a Terra;
 demonstrar a fidelidade de Deus ao julgar opecado;
 cumprir profecias do Antigo e do Novo Testamento;
 completar a redenção de Israel;
 purificar Israel (Jr 30.7);
 pôr à prova os judeus e os gentios não salvos sobre a terra, para ver se eles se arrependerão e se
voltarão para Deus;

149
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

 colocar um fim nos tempos (Dn 9.24);


 abalar a falsa sensação de segurança do homem;
 forçar o homem a escolher entre Cristo e o Anticristo.
De todos estes propósitos, há dois que merecem maior destaque (Cabral, 1998, p. 49; Bíblia de Revelação
Profética, 2010, p. 1187):
1. Fazer com que Israel reconheça Jesus Cristo como o Messias
– (Mt 23.37-39; Ez 20.33-38; Dt 4.30;
Jr 30.7; Dn 12.1; Zc 13.8-9). A Tribulação é um tempo determinado especialmente para os israelitas,
em cumprimento à profecia de Danieldas 70 Semanas e de Jeremias (30.7)– “tempo da angústia de
Jacó”,tanto é assim que palavras relacionadas à Tribulação sempre estão acompanhadas de outras
nitidamente judaicas: o povo de Daniel, a fuga do sábado, o santuário, o templo e o lugar santo, o
sacrifício etc. Deus quer através da Tribulação que o povo de Israel se converta, pois é uma promessa
do Senhor que parte desse povo entrará com Ele no Reino Milenar (Ml 5-6). Muitos gentios que
estarão vivos também se converterão pela pregação do remanescente judeu e entrará no reino
Milenar de Cristo (Mt 25.31-46; Ap 7.9).
2. Trazer juízo sobre os homens e as nações descrentes - (Ap 3.10). Os acontecimentos da Tribulação
não serão restritos somente a Israel, mas alcançará todas as nações da Terra (Jr 25.32-33; Is 26.21;
2 Ts 2. 11-12) e Deus as julgará por sua impiedade: haverá operação plena da iniquidade no mundo
(2 Ts 2.7-10), manifestações de pragas, taças e ais, com a ira de Deus (Ap 9), haverá morte de um
terço da população mundial (Ap 9.18) e o toque das sete trombetas que mostrarão o poder de Deus
(Ap 8, 9, 11) (COSTA, 2011 p.16). As Escrituras mostram que as nações serão enganadas pela grande
meretriz religiosa, chamada Babilônia (Ap 14.8), a qual será regida pelo falso profeta. Todas as nações
seguirão o falso profeta na adoração da Besta (Ap 13.11-18), ou seja, da imagem do anticristo.
Portanto esses juízos virão purificar a Terra para o reino Milenar. Deus mostrará ao mundo decaído,
aos bilhões de pessoas que estarão vivendo naquele tempo, o que é realmente viver sob o domínio
do império maligno regido por Satanás, o anticristo e o Falso Profeta.

FIGURA 67: EVENTOS FUTUROS


FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005.

150
ESCATOLOGIA BÍBLICA

2. A TRIBULAÇÃO – PARTE 2
2.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos o período da Tribulação e sua relação com a profecia de Daniel sobre as Setenta
Semanas. Também abordaremos qual será a ação do Espírito Santo durante esse tempo.
Estudaremos a respeito da trindade satânica, como será a operação do Anticristo, do Falso Profeta e o
que representa a marca da besta. Bons Estudos!

2.2 AS SETENTA
Aprendemos que aSEMANAS DE9.24-27,
profecia de Daniel DANIELdasESetenta
O PERÍODO DA TRIBULAÇÃO
Semanas, correspondem a semanas de anos
e não de dias, os quais foram divididos em três períodos relacionados à história de Israel:
“SetentaSemanas
estão determinadas sobre o teupovo” (povo de Daniel, os judeus).
Também já vimos que de todas as semanas profetizadas já se cumpriram 69 semanas na história judaica.
As 3 divisões das setenta semanas (COSTA, 2011, p. 15; PEREIRA, 2012, lição 4):
· Primeiro período de 7 semanas – 49 anos – A partir da ordem para reedificar Jerusalém até a
conclusão da obra (Dn 1.1; 2 Rs 24.1);
· Segundo período de 62 semanas – 434 anos – Inicia aproximadamente no ano 408 a.C. até os
dias do ministério de Jesus Cristo (o Messias, Ungido), até sua entrada triunfal em Jerusalém e sua
crucificação – aproximadamente 32-33 d.C. (lembrando que o calendário usado pela profecia bíblica
é o calendário lunar do ano de 360 dias, diferente do nosso que é o calendário gregoriano com ano
de 365 dias, por isso a aproximação das datas citadas);
· Terceiro período de 1 semana– 7 anos – período chamado de Tribulação (Mt 24.21), dividido em
dois períodos de 3,5 anos cada (Dn 9.24):
a) Dias – 1260 dias (Ap 11.3; 12.6) ou
b) Meses – 42 meses (Ap 11.2; 13.5) ou
c) Anos – “tempo, dois tempos e metade de umtempo” ()Dn 7.25; 9.27; Ap 12.7, 14); essa expressão
se refere a“um ano, dois anos e metade de umano”,o que equivale a 3 anos e meio.

1260 dias = 42 meses = “tempo, dois tempos e metade de um tempo” = 3,5 anos
Misteriosamente entre a 69ª semana e a 70ª semana ocorre um intervalo profético na sequência natural
das 70 Semanas. As“semanas”foram detidas por causa da Igreja do Senhor, o tempo da Graça de Deus que
vivemos (dispensação da Graça ou da Igreja) onde
todos, tanto judeus quanto os gentios, temosoportunidade
a
de nos reconciliar gratuitamente com Deus através de
Jesus Cristo. No entanto essa dispensação findará no
Arrebatamento.
Falta ainda o cumprimento da última semana, correspondente à Tribulação, portanto podemos notar que
tal evento está relacionado diretamente e intimamente ao povo de Israel e não com a Igreja.

NOTA!
As Escrituras ensinam claramente que a Tribulação não foi
projetada para a Igreja. A igreja aparece até o capítulo 3 de
Apocalipse, porém quando se inicia o período da Tribulação não
há mais menção nela, que só vai aparecer no capítulo 19, quando
no Retorno Glorioso de Jesus. O Corpo de Cristo não está destinado à ira divina que será
derramada como castigo sobre o pecado (Dennis J. Mock, 2001, p.265).

151
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Em Daniel 9.26 surge“um povo e um príncipe” que virão para assolar e destruir Israel sob “as asas das
abominações”.Esse “príncipe”é o “assolador”,o “Anticristo”,o “homem do pecado”,a “besta”,o “príncipeque há
de vir” (Dn 9.26). Virá com astúcia, com inteligência e grande
poder de persuasão, de forma que todos honrarão
o
e o admirarão. Ele fará uma aliança com Israel poruma semana (sete anos),prometendo paz, principalmente no
Oriente Médio. haverá uma falsa paz, porém na metade da semana (três anos e meio) quebrará essa aliança e
iniciará “a grande angústia de Jacó” (2 Ts 2.4; Ap 13.8-15) – a Grande Tribulação (Cabral, 1998, p.45-46 ).
A profecia de Daniel também nos mostra que esse homem do pecado terá apoio de uma força política
mundial, correspondente ao simbolismo de “um chifrepequeno”que surge no meio de“dez chifres”do “animal
terrível”visto por Daniel (Dn 7.8). Esse pequeno chifre diz respeito a uma confederação de países que surgirão
como uma“Mas
políticas. sombra,
tu, um remanescente
Daniel, doAntigo
encerra estas ImpérioeRomano,
palavras e apoiarão
sela este livro, atéo oAnticristo em
suas manobras
tempofim...”(Dn
do 12.4).
ANTICRISTO - DANIEL 7 ANTICRISTO - APOCALIPSE 13
Quatro animais do mar (v. 3) Quatro Bestas sobem do mar (v.1 e 2)
Leão (v.4) Leão (v. 2)
Urso (v. 5) Urso (v. 2)
Leopardo (v. 6) Leopardo (v. 2)
Animal com dez chifres (v. 7) Dez animais com chifres (v. 1)
Boca que falava grandes coisas contra o Altíssimo (v. 8)
Boca que falava grandes coisas contra o Altíssimo (v. 5)
Faz guerra com os santos (v. 21) Faz guerra com os santos (v. 7)
Poder por um tempo, e tempos e a metade de u Poder por 42 meses (v. 5)
m
TABELA 30: COMPARAçãO ENTRE DANIEL 7 E APOCALIPSE 13
FONTE: Próprios autores; em 23.abr.2012

2.3 Qual
O ESPÍRITO
será a açãoSANTO NASanto
do Espírito TRIBULAÇÃO
durante o período de tribulação? O que detém o surgimento do
Anticristo? Vamos analisar 2Tessalonicenses 2.1-8:“Ora,irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos
perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse
já perto. Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e
se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama
Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos
lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? vósE,sabeis
agora,
o que o detém,
para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que,
agora, resisteaté que do meio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo
assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; *...+” (2 Ts 2-1-8).
A quem o Apóstolo Paulo se refere como aquele“queo detém” e “somente há um que agora resiste até
que do meio sejatirado”?
Segundo Robert Gromacki (apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p.221-222), o ministério da graça corresponde
ao ministério do Espírito Santo na vida daqueles que aceitam a Jesus como seu Senhor e Salvador: desde o
Pentecostes (At 2.1-4), todo pecador que se arrepende e crê em Cristo como seu Salvador é batizado com
o Espírito de Deus e começa a fazer parte do Corpo de Cristo: a Igreja. Porém, no arrebatamento, o Senhor
Jesus tomará a Igreja para si (1 Ts 4.13-18). Embora as pessoas possam ser salvas após o arrebatamento, não
poderão mais tornar-se membros do Corpo deCristo.
Na passagem bíblica que lemos acima podemos notar que alguém ou alguma coisa continua impedindo
a revelação do futuro líder satânico
– o Anticristo, o mistério da iniquidade
– de se manifestar. Para haver esse
impedimento aquele“que o detém”precisa ser mais forte e poderoso do que a ação maligna de Satanás, e o único
que pode fazer isso é o próprio Deus napessoa do Espírito Santo, ou seja, aquele que realiza seu trabalho através
da Igreja. Quando aIgreja for arrebatada, também a presença do Espírito será afastada tal qual conhecemos hoje,
e assim como era no passado antes do tempo da graça, assim também será após o Arrebatamento.

152
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Segundo o autor,
“O Espírito Santo já estava presente na terra mesmo antes de começar a cumprir, no dia de Pentecostes,
o ministério que lhe foi separado. Durante a era do Antigo Testamento, Ele conscientizou e regenerou
pecadores. Após o arrebatamento, Ele fará um ministério semelhante ao que tinha antes do surgimento
da Igreja: continuará a conscientizar e a regenerar pecadores. [...] Como o Espírito Santo é Deus, Ele
também é onipresente. Por isso, apesar de deixar o mundo com o arrebatamento e já não habitar na
Igreja, Ele continuará na terra e seguirá regenerando pecadores como fizera antes da era da Igreja”
(Robert Gromacki apud LAHAYE e HINDSON, 2010, p.221).
Ou seja, o Espírito Santo continuará agindo na terra, porém não como hoje habitando nos crentes, mas
como era antes da dispensação da graça, será dado por medida como no Antigo Testamento.

2.4 HAVERÁSALVAÇÃONA TRIBULAÇÃO?


“*...+ e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e
que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e
viveram, e reinaram com Cristo durante milanos” (Ap 20.4b).
Segundo Esdras C. Bentho (CPAD News, 2011), a salvação durante a Tribulação será mediante o sangue
de Cristo. há um conceito muito popular no meio cristão, porém errado, que diz que a pessoa será salva por
ter sido morta pela perseguição do Anticristo. Ninguém é salvo por seus próprios atos de justiça. O único meio
de salvação daquele que crer nesse período é através do sangue de Cristo:
“Estes são os que vieram de grande
tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono
de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá
com a suasombra” (Ap 7.14-15).
O principio da salvação pela fé continua válido para esses dias, pois: “Eles, pois, o venceram por causa
do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do Testemunhoque deram, e, mesmo em face da morte, não
amaram a própriavida” (Ap 12.11, grifo nosso). O sangue nos remete à graça de Deus, ao sacrifício expiatório
de Cristo, aliada à fé pessoal (testemunho) que aceita esse sacrifício e a nossa incapacidade de nos salvar
sozinhos. Segundo o autor, os postulados do Calvário continuam valendo: “Mesmoa salvação sendo operada
através do sangue de Cristo, tornar-se-á necessário a manifestação da fé do mártir na obra efetuada por Cristo.
Isto o indivíduo afirmará através de sua fé por meio de sua própria morte. Neste caso, o crédulo desse tempo
não é salvo porque deu a sua vida, mas porque o seu sangue derramado na morte testifica e confirma a sua
fé no sacrifício vicário de Cristo” (BENThO, CPAD News, 2011).

IMPORTANTE!
Não existe salvação sem Jesus. Ninguém é salvo sem fé, apenas por
entregar sua vida à morte. A fé é a base da salvação: fé em Cristo,
a fé salvífica que leva a pessoa a testemunhar destemidamente
sobre Cristo.

Além disso, já vimos que a operação do Espírito de Deus será diferente na Tribulação, porém sua missão
de convencer o pecador do pecado, do juízo e da justiça continuará, como afirmou o próprio Senhor Jesus (Jo
3.5-6). Mas então qual a diferença? hoje, na Graça, quando uma
pessoa é salva, o Espírito deDeus vem habitar
nela, e isso não acontecerá nos dias da Tribulação: o Espírito não habitará naquele que crer, e por causa de
seu testemunho (fé) terão que enfrentar a perseguição e o martíriopor amor a Cristo.
As Escrituras também nos mostram que haverá dois grupos de salvos durante esses dias: os israelitas e
os gentios (Ap 7.4-14). Outro conceito errado ensinado em muitos meios cristãos diz que a Bíblia perderá sua
inspiração. A própria Escritura diz que
“Seca-se a erva, e caem as flores, mas a palavra do nosso Deus subsiste
eternamente”(Is 40.8). A Palavra de Deus subsistirá e muitos se salvarão, porém a mensagem que será pregada
não será a do Evangelho da Graça, mas a do Evangelho do Reino: “Jesusvoltará para reinar! Ele voltará para
reinar! Aquele que crer se salvará e entrará no seu reino
milenar”.A Palavra será pregada, porém perseguida
pelo anticristo e seus representantes.

153
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

2.5 SATANÁS,O ANTICRISTOE O FALSO PROFETA


No capítulo 13 de Apocalipse encontramos uma descrição a respeito deste homem denominado Anticristo
(ou “besta”),que recebe seu poder do próprio Satanás e, com a ajuda do Falso Profeta, impõe ao mundo um
governo ditatorial: um governo mundial, uma só religião mundial e uma só economia mundial.
Satanás tenta imitar tudo que é de Deus, inclusive o reino, e tenta formar um reino seu na terra. Também
imita a Trindade Divina, formando a sua própria trindade, a trindade satânica:
 o dragão – Satanás.
 O Anticristo – A primeira besta.
 O falso profeta – A segunda besta.
Segundo Bergstén (2007, p.343), essa trindade satânica será a causa dos terríveis sofrimentos na Tribulação
e principalmente no final dela, na Grande Tribulação.
Em Apocalipse 13 vemos a manifestação de duas bestas: a primeira é descrita dos versos 1 a 10 e a
segunda dos versos 11 a 13. Os versículos 14 a 18 mostra a relação entre as duas. A palavra
“besta”(gr.theerion)
significa “animal selvagem”.A primeira besta é o Anticristo e a segunda besta é o falso profeta. Ambos se
manifestarão somente após o arrebatamento da Igreja (2 Ts 2.7-8). (MATTOS, 2012).
PRIMEIRA BESTA SEGUNDA BESTA
Anticristo Falso Profeta
Sobe do Mar (nações) Sobe da Terra (Israel)
Líder Político Líder Religioso
Antifilho Antiespírito
Aparece primeiro Aparece após a primeira besta
Faz a vontade do Diabo Leva as pessoas a adorarem o Anticristo
Falso messias Falso sacerdote
Sede do governo em Roma Sede das ações na Palestina (Jerusalém)
Deseja adoração Incentiva a adoração do Anticristo
TABELA 31: DIFERENçA ENTRE AS DUAS BESTAS
FONTE: MATTOS, 2012, aula 9.

2.5.1 O Anticristo – A Besta que sobe do mar (Ap 13.1-10)


“E vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e
sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. [...]
E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos
que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre
toda a tribo, e língua, e nação.
E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida
do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13.1, 6-8)

(mar) Ae negociará
Bíblia claramente
um tratadomostra
de paz que
com nos últimos
Israel. dias um
Essa pessoa grandecomo
conhecida líderAnticristo
mundialése levantará
também dentre as nações
conhecida
com vários outros nomes que mostram suas várias facetas ou traços de seu caráter:“besta”a (Ap 13.1),“homem
do pecado”ou da “iniquidade” (2 Ts 2.3),“iníquo” (2 Ts 2.8),“abominação”(Mt 24.15),“chifrepequeno”
(Dn 7.8),“rei feroz”(Dn 8.23),“príncipeque há devir” (Dn 9.26),“homem vil” (Dn 11.21),“fará conforme a
sua vontade”(Dn 11.36);“assolador”(Dn 9.27),“abominávelda desolação”(Mt 24.15, Mc 13.14),“filho da
perdição” (2 Ts 2.3).
O Anticristo será um homem comum, nascido de mulher. João o viu surgindo do mar, isto também pode
ser entendido como do meio do povo (Ap 17.15; Is 17.12-13). Este homem estará vestido de poder e preparo
demoníaco de proporções jamais vistas (Ap 13.2-4; 16.13-14): será um notável líder político, de notável
inteligência e eloquência, um grande demagogo, capaz de influenciar
exercer
e um fascínio extraord
inário sobre

154
ESCATOLOGIA BÍBLICA

as massas com seus discursos inflamados (Ap 13.5), a ponto de praticamente toda a terra se maravilhar após a
Besta (Ap 13.3). Usará deastúcia e habilidadesobrenaturais para suas conquistas e muitas nações consentirão
em ficar sob seu domínio (Ap 17.13).“Ele fará concerto com muitos por sete anos” (Dn 9.27).
Segundo Lahaye e hindson(2010, p.51), as Escrituras descrevem algumas características do Anticristo:
1. Intelectualmente poderoso (Dn 7.20);
2. Orador impressionante (Dn 7.20);
3. Mestre político (Dn 11.21);
4. Possuidor de grandes habilidades comerciais (Dn 8.25);

5. Gênio militar (Dn 8.24);


6. Perito administrador (Ap 13.1-2);
7. Grande conhecedor das religiões (2 Ts 2.4).
Sua característica mais marcante é descrita em Daniel 11.21b: “Depoisse levantará em seu lugar um homem
mas ele virá caladamente, e tomará o reino com engano”. Será
vil, ao qual não tinham dado a dignidade real;
um mestre no engano, fortalecido pelo “pai da mentira”,conquistará o poder diplomaticamente, disfarçado
de anjo de luz apenas para mergulhar o mundo nas mais densas trevas espirituais jamais vistas. Prometendo
paz, trará guerra. O próprio Satanás nele habitará e o capacitará.
Os contrastes entre Cristo e o Anticristo mostram que são completamente opostos. Uma rápida olhada
nas características do Anticristo confirma que ele é tanto um falso pseudochristos
Cristo ( ), como também se
opõe a Cristo (antichristos):
JESUS CRISTO O ANTICRISTO
Um cordeiro que foi morto (Ap 5.6) Um animal feroz (Ap 13.2)
Sete chifres, olhos e espíritos (Ap 5.6). Sete cabeças, dez chifres e dez diademas (Ap 13.1).
Quatro criaturas celestes e 24 anciãos se prostram diante Todo o mundo adora a Besta e o Dragão (Ap 13.3-4)
do Cordeiro (Ap 5.8)
Adoram dizendo: “Digno é o Cordeiro” (Ap 5.12) Adoram dizendo: “Quem é semelhante à besta?” (Ap 13.4)
Todos no céu, na terra, debaixo da terra e no mar adoram A terra e quase todos os que habitam nela adoram a besta
o Cordeiro (Ap 5.13). (Ap 13.12)
Uma grande multidão redimida está diante do Cordeiro A Besta engana a todos (exceto os crentes, v.8) os que
(Ap 7.17) habitam na terra (Ap 13.7).
O Cordeiro consola e sustenta os seus seguidores (Ap 7.17 Não se pode comprar ou vender sem que se tenha a marc
) a
As 144 mil testemunhas do Cordeiro, com o nome do Seu Quase todos os que habitam na terra tem a marca da Best
Pai escrito na fronte (14.1). a
Os 144 mil livremente seguem o Cordeiro por onde Ele for Impõe a marca da Besta sobre seus seguidores (Ap 13.17)
(Ap 14.4)
Aqueles que seguem o Cordeiro vivem eternamente na Aqueles que seguem a Besta vivem eternamente no lago
Nova Jerusalém (Ap 22.5) de fogo (Ap 14.9-10)
A Verdade A mentira
O Santo O iníquo
Homem de Dores Homem de pecados
Filho de Deus Filho de Satanás
Mistério de Deus Mistério da injustiça
Bom Pastor Pastor inútil
Exaltado nas alturas Lançado no inferno
humilha-se a si mesmo Exalta-se a si mesmo
Desprezado Admirado
Purifica o Templo Profana o Templo
Deu a vida pelas pessoas Mata as pessoas
O Cordeiro A Besta
TABELA 32: CRISTO VERSUS O ANTICRISTO
FONTE: Compilado a partir de: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 1186; LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 51.

155
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

“Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado;
E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo
esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais
e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam
o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam
a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na
iniquidade.” (2 Ts 2.7-12).
Esse “mistério da iniquidade” descrito por Paulo é o diabólico princípio oculto da rebelião contra Deus.
O espírito do Anticristo já opera no mundo de várias maneiras, porém não de forma completa como vai ser
na Tribulação,
igreja poisoneste
tornará livre tempo
caminho paranão haverá total
a atuação restrição para sua manifestação
dos desígnios completa.
de Satanás e aparição O arrebatamento
pública do Anticristo,da
que será um homem personificando o próprio Diabo, porém apresentando-se como se fosse um deus. Não
haverá limites para o mal e o pecado.
“E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o
Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que
está determinado será feito.” (Dn 11.36).
“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e
se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se
chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer
Deus.” (2 Ts 2.3-4).
O Templo de Jerusalém será reconstruído. O Anticristoexigirá adoração de todos os moradores da terra.
Esse império domal, regido por um regime ditatorial e tirânico, surgirá na área do antigo Império Romano
– de
uma determinada forma será umImpério Romano Revivido, ou seja, relembrará em muito ao antigo mpério.
i
E por que os homens crerão tão facilment
e nas promessas doAnticristo? Quando o homem rejeita a Deus
e a verdade, facilmente entrega-se ao engano e a mentira do Diabo, seja ela qual for.
“A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E
com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se
salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam
julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” (2 Ts 2.9-12).

156
ESCATOLOGIA BÍBLICA

FIGURA 70: O ANTICRISTO


FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005.

2.5.2 O Falso Profeta – a Besta que sobe da terra (ap 13.11-18)


“E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o
dragão. E exercetodo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam
adorem a primeira besta, [...]” (Ap 13.11-12a).
O Anticristo não é a única besta no império final do mundo. Além da “bestaque sobe do mar”, João vê
“uma besta que sobe daterra”(Ap 13.11). A segunda besta, ou o Falso Profeta (Ap 16.13; 19.20; 20.10), será
um super-líder religioso ediabólico. Trabalhará de comum acordo com o Anticristo e,ssim
a como ele, serve
em nome de Satanás (o Dragão) e promoverá um movimento religioso mundial, unindo todoscredos, os seitas,
filosofias, igrejas modernistas e ecumênicas, formando uma só super-igreja mundial, onde tudo, ou quase
tudo, será permitido. Será uma igreja muito rica, que terá apoio do Anticristo. Sua descrição encontra-se em
Apocalipse 17 (trataremos deste assunto no próximo tópico).
Os últimos tempos serão marcados por uma grande religiosidade, segundo a Bíblia, porém falsa, pois o
diabo sabe muito bem da importância da religião para embalar o espírito humano e acalentá-lo, e com isso,
através de uma falsa religião, consolidará seu objetivo. Será uma religião inversa a Deus e seu ponto alto será a
adoração da imagem da Besta (2 Ts 2.4; Ap 13.8, 12), e a sede desse culto será Jerusalém (Mt 24.15). A grande
apostasia no final dos tempos prepara o terreno para essa falsa religião (A. G. SILVA, 1998, p. 36).
Segundo W. h. Marty (apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 271), as atividades do Falso Profeta, de
determinada forma, serão parecidas com a de Elias que realizou sinais e prodígios espetaculares. Também a
segunda Besta fará muitos milagres e sinais miraculosos, mas esses serão operados pela eficácia de Satanás
– são poder, sinais e prodígios da mentira (2 Ts 2.9) que conduzirão muitos ao engano.
Um dos maiores feitos do Falso Profeta será – de alguma maneira– dar vida à imagem do Anticristo,
fazendo-a até mesmo falar (Ap13.15) e, com isso, terá autoridade para mandar matartodos
a que se recusarem
adorar esta imagem, a terem seu sinal na testa ou na mão direita (Ap 13.16).

2.5.3 O número da Besta


Muito se ouve falar no número da besta: 666. Nas Escrituras, o número 7 indica perfeição, é o número de
Deus. Já o número 6 simboliza a imperfeição, é o número do homem. Segundo Jessé Pereira de Alcântara (SILVA,
RODRIGUES, ALCÂNT ARA, et al., 2005, p. 45), onúmero 666 representa uma trindadeimperfeita, a trindade

157
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satânica: Satanás, o Anticristo e o Falso Profeta. Durante o período da Tribulação o mundo estará sob o domínio
dessa trindade do mal, e o Anticristo fará uso deste número: 666 (Bíblia de Revelação Profética, p. 1009).
“Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou
o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimentocalcule o número da besta;
porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.” (Ap 13.17-18).
Esse número também representa um nome e uma marca. Há muitas conjecturas sobre o assunto,
principalmente o nome desse personagem, porém sua identidade somente será revelada após o arrebatamento
da Igreja (2 Ts 2.7-8). Este número repetido três vezes fala da suprema exaltação do –homem
pode significar
o homem exaltando-se a si mesmo como se fosse Deus (2 Ts 2.4). (A. G. SILVA, 1998, p. 40).
Podemos, no entanto ressaltar que muitas nações já projetam pôr em prática sistemas numéricos em
seus cidadãos visandofacilitar a identificação da pessoa ou
mesmo encontrá-la mais facilmente atrav
és de
rastreamento via satélite (porGPS e implantação de chips). Estamos cercados de computadores que controlam
animais e mercadorias. Não iremos adentrar no mérito desta questão neste livro, por muito do assunto se
tratar de especulação. Certo é que tudo indica que estamos próximos ao fim dos tempos e ao arrebatamento
da Igreja.
O que é certo é que esta marca da besta não será colocada em ninguém acidentalmente, mas sim pelo
consentimento pessoal: a pessoa escolhe sequer ou não a marca, como cita Apocalipse 14.9-10. Quem adquirir
essa marca poderá comprar e vender durante o período da Tribulação, porém perderá para sempre a chance
de salvação por meio de Jesus Cristo, pois terão que se curvar diante do Anticristo e adorá-lo em sinal de
reverência, porém aqueles que escolherem ser fiéis a Cristo e não receberem a marca da Besta perderão sua
vida na terra, pois morrerão por ordem do Anticristo.
“Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: “Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a
sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura
no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do
Cordeiro, e a fumaça do tormento de tais pessoas sobe para todo o sempre. Para todos os que adoram a
besta e a sua imagem, e para quem recebe a marca do seu nome, não há descanso, dia e noite.”
(Ap 14.9-11).

3. OS JULGAMENTOS DA TRIBULAÇÃO
3.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico abordaremos osjulgamentos ou juízos que serão derramados na terra durante a Tribulação:
o julgamento dos selos, das trombetas e das taças e alguns conceitos importantes para a devida compreensão
de muitos assuntos polêmicos que norteiam a escatologia bíblica. Bons Estudos!

3.2 OS JULGAMENTOS DA TRIBULAÇÃO


No capítulo 5, o apóstolo João teve uma visãode um livro selado com sete selos, na mão do Cordeiro, o
único em todo o Universo que foi achado digno de tomar o livro, abri-lo e desatar os seus selos. é justamente
nesse livro queestão os juízos ou julgamentos queDeus enviará ao mundodescrente durante a Tribulação .
E qual é a implicação da palavra selo? Mesmo hoje, muitos documentos oficiais do governo levam selos
de cera, o que mostra sua integridade, ou seja, que os documentos não foram violados, sua abertura não foi
forçada. Nos tempos antigos, os reis usavam um anel ou um sinete que trazia o seu selo oficial, o qual era
impresso na cera sempre que necessário e assegurava a proteção do documento até a sua abertura. O livro
que fala em Apocalipse 6.1 somente poderá ser aberto pelo Cordeiro de Deus – Jesus Cristo– pois “...só Ele
é digno de abrir o livro [... e] de olhar para
ele” (Ap 5.4), Ele é o Leão da Tribo de Judá que conquistou esse
direito pela sua obediência até a morte.
Os juízos ou julgamentos mostradosa partir do capítulo 6: selos, trombetas e taças, não são eventos
paralelos, mas três sériesde juízos divinos diferentes e consecutivos, que
progressivamente piorarão e se
tornarão mais devastadores à medida que o fim dos tempos progride.

158
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Primeiro, há a abertura dosseis primeiros selos e na abertura do sétimo(Ap 8), ouve-se sete trombetas,
também de juízos sobre a terra. Por sua vez, ao ser tocada a sétima trombeta (Ap 11), se dará inicio aos piores
acontecimentos da Grande Tribulação– as sete taças da ira de Deus (Ap 15
– 16). Ou seja, do último selo saem
as trombetas, da última trombeta saem as taças, isso tudo numa sequência cada vez mais terrível da ira divina
sobre a terra.

NOTA!
Os sete selos, as sete trombetas e as sete taças são
três séries de julgamentos de Deus que são diferentes e
consecutivos, porém estão conectados uns aos outros– o
sétimo selo inicia as sete trombetas e a sétima trombeta
inicia as sete taças.

Desde os selos rompidos até a última taça da ira de Deus, várias vezes o texto é interrompido em sua
narrativa e se concentra em determinados aspectos do relato de Apocalipse, tais como as 144 mil testemunhas
(Ap 7.1-8), as duas testemunhas (Ap 11.1-14), as terríveis guerras sobre a terra (Ap 12), a revelação da Besta
e do Falso Profeta (Ap 13), Babilônia, a prostituta (Ap 17), a Babilônia Comercial (Ap 18), a segunda vinda de
Cristo em Glória (Ap 19.1-16), a batalha do Armagedom (Ap 19.17-21), a vinda do Milênio (Ap 20.1-3) e os
eventos do Milênio (Ap 20.4-10) (LAhAYE e hINDSON, 2010, p.420).
João é convidado para ir ver o que estava acontecendo na terra após a abertura do primeiro “Vem, selo:
e vê.”(Ap 6.1). De sua perspectiva no céu, João olha para baixo, para a terra, e vê o juízo de Deus sobre os que
foram deixados para trásdepois do Arrebatamento. Enquanto Cristo, o SenhorSoberano
e do céu abrecada
um dos selos, na terra é desencadeada uma série de acontecimentos. Os primeiros quatro selos introduzem
os “quatro cavaleiros”do Apocalipse – a conquista, a guerra, a fome e a morte.

FIGURA 73: JUÍZO DOS SELOS, DAS TROMBETAS E DAS TAÇAS


FONTE: Compilado a partir da Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye.

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3.2.1 O julgamento dos Sete Selos


Segundo a Bíblia de Revelação Profética (2010), os selos mencionados em Apocalipse 6 mostram
acontecimentos referentes justamente à Tribulação, a manifestação do Anticristo e os fatos terríveis que se
seguirão. Revelam que esse tempo será tão terrível que os homens aterrorizados com os acontecimentos
clamarão que a própria terra oscubra para escondê-los da ira di
vina. Uma sequênciade eventos catastróficos
ocorrerá: guerra, pragas, fome, mortes, aliados acalamidades naturais ecósmicas: terremotos
, maremotos,
o sol se escurecerá, a lua ficará como sangue e as estrelas cairão do céu. Os primeiros quatro selos abertos
revelam os quatro cavaleiros do Apocalipse.

3.2.1.1 Os quatro cavaleiros do Apocalipse


Segundo Mal Couch (apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 420-421), os quatro primeiros selos revelam os
que montam os quatro cavalos: os quatro cavaleiros apocalíptic
os, os quaisdesempenham um papelessencial
nos acontecimentos que recaem sobre a terra. Quando o segundo selo é rompido, um cavalo vermelho surge e
seu cavaleiro simboliza a guerra e a morte violenta que Deus permitirá quando trouxer sua ira contra o mundo
(Zc 1.8; 6.2). Em Mateus 24.7, no Sermão do Monte, Jesus se refere a este momento quando “Porquanto
diz: se
levantará nação contra nação, e reino contra
reino” (Mt 24.7). Este será um período de grande violência, morte
e guerra. A este cavaleiro foi ordenado que tirasse a paz da terra, pois como todas as promessas humanas, a
falsa“paz” prometida pelo Anticristo irá fracassar.
“E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e
que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.” (Ap 6.4)
Ao romper o terceiro selo aparece um cavalo preto e seu cavaleiro com uma balança na mão, o qual
simboliza uma grande fome, escassez de produtos básicos de sobrevivência, racionamento, inflação, caos
econômico (Jr 4.26-28; Lm 4.8-9; 5.10). haverá grande fome em todo o mundo, a ponto de um quilo de farinha
ser vendido por um denário, que equivaleria a umdia de salário de um soldado romano.
“E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto
e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão.” (Ap 6.5)
O quarto cavaleiro, montado num cavalo amarelo, se chama “Morte” e o Hades segue esse cavaleiro (a
sepultura ou o inferno), enquanto a quarta parte da população mundial morre devido à fome, peste e guerras
da terra (Ap 6.8). Este cavaleiro simboliza uma escalada terrível da guerra, da fome, da morte, das pragas,
das enfermidades e das feras perigosas (tanto visíveis, quanto invisíveis, como no caso dos micróbios, vírus e
bactérias) (Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, p. 1991).
“E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o
seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e
com as feras da terra.” (Ap 6.8)
Zacarias 1.7-11 faz referência a esses quatro cavaleiros de Apocalipse, porém nesta passagem eles são
enviados somente em patrulhar a terra e nãopara infligir a ira de Deus.
“Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a
palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo: Olhei de noite, e vi um

homem montado
atrás dele estavamnum cavalo
cavalos vermelho,baios
vermelhos, e ele eestava parado
brancos. entre
Então as murtas
perguntei: Meuque se achavam
Senhor, no vale;
quem são estes?e
Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei o que estes são. Respondeu, pois, o homem
que estava parado entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor tem enviado para percorrerem a
terra. E eles responderam ao anjo do Senhor, que estava parado entre as murtas, e disseram: Nós temos
percorrido a terra, e eis que a terra toda está tranquila e em descanso.” (Zc 1:7-11)

3.2.1.2 E quantoao Primeiro Selo?


A partir do segundo selo não há muitos questionamentos quanto ao significado de cada um. A maior
controvérsia é causada pelo primeiro selo: um cavaleiro sobre um cavalo branco. Há muita especulação sobre
o seu real significado e muito já foi escrito a respeito sobre a identidade deste cavaleiro. O primeiro selo

160
ESCATOLOGIA BÍBLICA

possui passagens paralelas comZacarias 1.7-17 e 6.1-8 que tratam do simbolismo dosquatro cavalos. Muitos
estudiosos chegam até mesmo a conclusões opostas, totalmente díspares sobre o assunto. Seria ele Jesus
ou o Anticristo? Representaria passagens históricas? As interpretações mais aceitasassão
que consideram o
cavaleiro como sendo Cristo ou o Anticristo. Apresentaremos aqui alguns desses pontos de vista a respeito do
assunto, porém há muitas outras opiniões a respeito do tema.
“Vi então, e eis um cavalo branco e seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dado a coroa; e ele saiu vencendo
e para vencer.”(Ap 6.2)
Algumas interpretações a respeito do primeiro selo:

1. comoeste
que os outros cavaleiros
cavaleiro tambémpodem seruma
deve ser personificações ou representações
representação simbólicas,
simbólica do governo ou dasmuitos afirmam
autoridades
“nos últimos dias nas mãos dosgentios”;
2. Almeida (2008, p.10) em seu artigo “Os Cavaleiros Apocalípticos” mostra a opinião de vários
estudiosos sobre o tema:“Phillips alega que o cavaleiro representa as blasfêmias filosóficas dos
últimos dias. Robbins o vêcomo a presença espiritual do demônio. Medill acredita que ele simboliza
as histórias sangrentas vitoriosas dorei da França, vencendo o imperador. Pardini o tem como“a
personificação do julgamento do Senhor”. Draper o vê como representante de Enoch. Boll propõe
uma influência astrológica e liga o primeiro dos quatro cavaleiros com especulações zodíacas”
(ALMEIDA, 2008, p. 10).
3. Outra interpretação, embora não popular, é a de que o cavaleiro representa os antigos e agressivos
partos (Império da Pártia, povo da região do Cáucaso, atual Rússia) que foram eficientes até mesmo
contra as fortes legiões romanas.
4. Alguns historicistas interpretam os selos como passagens históricas: a glória e o declínio do Império
Romano pagão. William Barclay (apud ALMEIDA, 2008, p. 10) interpreta o cavalo branco como as

conquistas
O militares,
cavalo branco as do Império
era usado pelo rei Romano
vencedoreeaso de outros
arco, impériosdo
um símbolo que se levantaram
poderio depois dele.
militar. Edward Mc
Dowell também alega que o cavalo branco é a representação de todo indivíduo que se empenha
em conquistar o mundo.
5. Segundo a interpretação de Orlando Boyer (apud BENTHO, 2008), o primeiro selo representa a
“conquistado evangelho nomundo” e que o cavalo branco, representa“a santidade demonstrada
e guerreando, deve representar a força irresistível e veloz Deus”.Simon
de Kistemaker e George
Ladd (apud ALMEIDA, 2008, p. 10) também interpretaram o cavalo branco como sendo a pregação
do Evangelho em dimensões universais, que mesmo em meio às terríveis perseguições, o Evangelho
tem sido pregado e será pregado vitoriosamente no mundo inteiro para testemunho a todas as
nações (Mt 24.14), pois: mesmo sem escolas, os cristãos confundiram os letrados rabinos. Sem poder
político ou social, mostraram-se mais fortes que o Sinédrio.Não tendo um sacerdócio, desafiaram
os sacerdotes e o Templo. Sem um soldado sequer, foram mais poderosos que as legiões romanas.
E foi assim que fincaram a cruz acima da águia romana (ALMEIDA, 2008, p.10).
6. Alguns afirmam que o cavaleiro sobre o cavalo branco representa Cristo, em sua segunda vinda,
porque o cavalo branco é símbolo de vitória. Esta hipótese, no entanto, parece improvável porque:
a) Não pode ser Cristo porque é Ele quem está abrindo os selos (neste caso, o Cordeiro– Cristo –
acabou de abrir o primeiro selo– veja o versículo 1), do qual saem o cavalo branco e o cavaleiro do
versículo 2 (A. G. SILVA, 1985, p.126);
b) Os outros cavaleiros que se seguem falam de guerra (Ap6.3-4), fome (Ap 5-6) e peste (v.7-8) (A. G.
SILVA, 1985, p.126) e se fosse Cristo este primeiro cavaleiro, ia destoar em sua finalidade e objetivo
dos demais que se seguem e que relatam apenas calamidades;
c) Retratar a volta de Cristo em Glória no inicio da Tribulação seria no mínimoestranho, pois Ele virá
num cavalo branco no final dela e não em seu início.
7. Segundo Lahaye e hindson (2010, p.419), a interpretação mais aceita pelos pré-milenistas é a de que

161
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

o cavalo branco e seu cavaleiro retratam o Anticristo em seus primeiros anos de governo político.
Segundo alguns exegetas, a cor branca acaba causando dificuldade na interpretação, pois na maioria
dos textos bíblicos essa cor relaciona-se a Cristo ou a vitória espiritual (LADD, 2004), no entanto,
neste caso, deve-se levar em consideração vários aspectos da passagem e seus contextos. Observe:
 este cavaleiro leva um arco como arma de guerra, ao passo que Cristo na sua volta não traz nenhuma
arma, exceto a espada da sua boca (Ap 19.15);
 o cavaleiro tem uma coroa, ao passo que Cristo tem muitas coroas (Ap 19.12), e a coroa do cavaleiro
é chamada de“stephanos”, uma “coroade vitória”,que representa conquistas, ao passo que a coroa
de Cristo é um diadema, ou seja, uma“coroareal”.
 “A coroa” lhe foi dada – A coroa representa um reino. Foi
permitido que governasse sobre um reino
durante determinado tempo, porémas terríveis calamidades que se seguem (outros selos) mostram
o que haverá nesse reino; a coroa representa o triunfo do Anticristo, sua vitória e estabelecimento
do seu reino, porém este será temporal, pois será vencido pelo próprio Cristo.
 O Arco não está retesado e está sem flechas, ou seja, o cavaleiro mantém as flechas na aljava, o
que simboliza uma guerra não declarada, um domínio que será estabelecido pela diplomacia e no
modelo da“guerra fria” através do estabelecimento de tratados.
 Note que a passagem bíblica mostra a cor do cavalo: branca, e não retrata a cor da roupa do cavaleiro.
Biblicamente, o cavalo representa força, poder e conquistas. Representa a habilidade em atacar
rapidamente e com resultados assustadores, e é justamente o que irá acontecer durante o período
da Tribulação. Além disso, era costume dentre os romanos que ao chegar de uma batalha em outras
terras, o general vitorioso desfilava pelas vias de Roma montado sobre um cavalo branco. O Anticristo
será um conquistador vitorioso do mal, e não um conquistador da justiça.
 A cor branca comumente é indicativa de pureza e paz, porém neste caso indica uma falsa paz, uma

paz disfarçada,
imposta, uma falRomana”
como a“Pax sa inocência, poisaos
imposta o reino doconquistados
povos Anticristo iniciará
pelocom“ares”de paz,(LADD,
ImpérioRomano uma paz
2004,
p. 76). O domínio será conquistado rapidamente, porém se converterá em morte, fomee guerras,
como mostra os cavalos e cavaleiros que seguem o primeiro cavalo. Esta cor representa neste caso
a vitória e a falsa paz, uma paz diplomática, temporal e falsa, que será imposta pelo Anticristo. Na
sequência dos selos, vemos o cavalo vermelho, símbolo da guerra e derramamento de sangue. A paz
diplomática imposta no inicio da Tribulação será substituída na sequência porguerras e sofrimentos
terríveis. A chegada deste cavaleiro antecede uma série de eventos trágicos: guerras, fomes, pestes,
mortes, além das catástrofes naturais que se seguirão.
 “Ele saiu vencendo e paravencer” – Saiu para conquistar, para vencer, buscar vitórias. Diferente de
Cristo, que já venceu.
 O Anticristo virá com jeito de“bom moço”,como o próprio“retratoda bondade”,querendo imitar
a Cristo que é o verdadeiro cavaleiro no cavalo branco (Ap 19). O falso Cristo tentará enganar a
muitos (e conseguirá) com grande astúcia, com grande poder político e excelente oratória, aliado
a um grande carisma. Muitos o verão como um salvador, alguém que dará “jeito nas coisas“.Fará
se passar por um salvador da humanidade, falará em paz (uma falsa paz), fará alianças e ludibriará
os incautos. Por fim, será usado pelo próprio Satanás para cumprir seus planos. A Bíblia diz que o
Diabo, se pudesse, enganaria até mesmo osescolhidos do Senhor, e que se for preciso para atingir
seus objetivos é capaz até mesmo se apresentar como anjo de luz (Mt 24.3-5). Ele tenta imitar Cristo
e, com isso, engana a muitos, mas é finalmente frustradoem seus planos, pois Cristojá o venceu.
Segundo Almeida (2008, p.10): Adolf Pohl e Warren Wiersbe interpretaram o cavalo branco e seu cavaleiro
como sendo o anticristo. O argumento é que o Apocalipse usa imagens duplas para fazer contrastes– duas
mulheres: a mulher e a prostituta; duas cidades: Jerusalém celeste e Babilônia; dois personagens sacrificados:
o Cordeiro e a Besta. Assim, o anticristo estava se contrapondo ao Cristo. Desta forma, o cavalo branco seria
uma inocência encenada, fingida,de uma luz falsa: o anticristo é umdeslumbrador. O anticristo apresenta-se
como um pacificador. Ele terá estupendas vitórias. Ele será aclamado como invencível. Ele controlará o mundo

162
ESCATOLOGIA BÍBLICA

inteiro. O senhorio do Cordeiro é que impele o anticristo a deixar sua posição de reserva para que se manifeste.
O diabo gosta de esconder-se. O lobo predador precisa serspido
de de sua pelede ovelha (ALMEIDA, 2008, p.10).
A Revista“Os QuatroCavaleiros”da Ed. Chick Publications de1994 (apud CARVALhO, 2008, p.46) apresenta
uma comparação entre o Cavaleiro de Apocalipse Seis e o Cavaleiro de Apocalipse 19:
APOCALIPSE 6 APOCALIPSE 19
No versículo um, o cavaleiro de branco saiu de um dos No versículo onze, o Cavaleiro sai do céu;
selos que foi aberto por Jesus;
No versículo dois, o cavaleiro não tem título próprio; No versículo dezesseis, Jesus tem o título de Rei dos
Reis e Senhor dos Senhores.
No versículo dois, o cavaleiro tem um arco sem flechas, No versículo quinze, Jesus tem uma espada para ferir
não tem armas; seus seguidores lutam por ele. as nações;
No versículo dois, o cavaleiro tem uma coroa que lhe No versículo doze, Jesus tem várias coroas (diademas);
foi dada;
Do versículo quatro ao oito, a destruição e oinferno No versículo quatorze, os exércitos de Deus seguem
seguem esse cavaleiro; a Cristo;
Concluindo: Esse cavaleiro é o falso Cristo,“O Concluindo: Esse Cavaleiro é o nosso Senhor e Salvador
Anticristo”. Jesus Cristo.
TABELA 33: COMPARAçãO ENTRE OS CAVALEIROS DE APOCALIPSE 6 E 19
FONTE: CARVALhO, 2008, p. 46..

3.2.1.3 O que falam os demaisselos?


5º SELO (Ap 6.9-11) – Perseguição e Martírio
Muitas pessoas não salvas, que entram na Tribulação e se convertem, serão perseguidas e mortas por
causa de sua fé em Cristo. Nesta parte é mostrado o clamor dos mártires, das almas dos mortos que morreram
durante o primeiro período da Tribulação e agora estão debaixo do altar bradando pela justiça de Deus sobre
os moradores da terra. Foram-lhes dadas compridas vestes brancas e dito que repousassem até que viessem
os seus conservos.
Há uma mudança de cenário no verso 9, pois antes estava olhando para o que estava se passando na terra,
agora olha para o céu. Deus pede para que esses mártires esperem até que se complete o número daqueles que
vão morrer pelo mesmo motivo: recusaram-se a receber a marca da Besta (Carvalho, 2008, p.50). São crentes
que foram deixados no arrebatamento e outros que se converteram na última hora e foram martirizados.
Agora descansam na presença de Deus, embaixo do altar (Ap 8.3-5; 9.13; 16.7).
6º SELO (Ap 6.12-17) – Cataclismos físicos e cósmicos
O céu e a terra começam a sentir os efeitos dos juízos de Deus: o sol escurece e a lua fica vermelha, grandes
tempestades devastam a terra à medida que as mudanças físicas e climáticas ocorrem. A partir deste selo
começam a acontecer coisas extraordinárias sobre a terra, começando com um grande terremoto tão forte que
moverá muitos montes e ilhas dos seus lugares. Os geólogos afirmam que é impossível ocorrer um terremoto
desta magnitude, que seja capaz de sacudir todo o globo terrestre, pois para que isso ocorra o planeta teria
que sair do seu eixo normal. E isso é impossível para Deus? há uma mudança total na superfície terrestre,
porém mais mudanças haverá no relevo do globo (Ap 16.19) e outra grande série de catástrofes próximas à
volta do Senhor Jesus (Zc 14.4, 10). Aliado a isso ocorrem fenômenos astronômicos incomuns (Ap 6.12-14).
Muitas pessoas que sobrevivem começam a perceber que o que realmente está acontecendo é o
derramamento da ira divina contra o pecado humano. Muitas até chegam aclamar:“E diziam aos montes e
aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do
Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderásubsistir?” (Apocalipse 6.16-17).
Entre o 6º e o 7º selos há um intervalo (um
“Parêntese”na narração do texto
– correspondente ao Capítulo
7 de Apocalipse), onde João fala sobre quatro anjos poderosos ocupando quatro pontos cardeais do planeta e
retendo os ventos. Outro anjo controla o fogo e outro controla as águas (Ap 14.8; 16.5). Os anjos destruidores
receberam ordem de aguardarem até que os redimidos fossem selados com o selo de Deus – os 144 mil judeus

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(Ver estudo sobre os 144 mil judeus selados no tópico 4 deste capítulo). (A. G. Silva, 1997, p.129-132).
7º SELO (Ap 8.1) – Ao abrir o sétimo selo houve silêncio no céu durante meia hora, na expectativa do
Neste sétimo selo estão os juízos das trombetas.
que viria a seguir, como uma calmaria antes da tempestade.

3.2.2 O julgamento das Sete Trombetas


Apocalipse 8.7 a 9.21 relata os acontecimentos referentes ao julgamento das sete Trombetas que
correspondem ao conteúdo do ultimo selo aberto (7º Selo), e nos relembram as pragas do Egito. As quatro
primeiras trombetas afet
am o mundo natural e astrês últimas atingem aspessoas não redimidasda Terra.
Fenômenos naturais ocorrem no planeta desde a sua formação, mas nada se compara ao que está por
vir. Porém, antes dos anjos tocarem as trombetas, outro anjo se aproxima do altar com um incensário de outro
contendo as orações dos santos (Ap 8.2-3), a qual ele acrescentou incenso e as colocou sobre o altar. O cheiro
suave das súplicas dos santos chegou atéo Altíssimo, o que“vive para sempre”.A seguir, o anjo toma fogo do altar
e lança sobre aterra, dando inicio ao drama final daGrande Tribulação (Ap 8.1-12) (A.G. Silva, 1997, p.132-136).
Todos, exceto os 144.000 israelitas selados, estarão sujeitos às pragas dos julgamentos das trombetas.
“O
horror anunciado pelas primeiras seis trombetas está além da compreensão humana, mas a sétima trombeta
anuncia a glória do Reino e Cristo, que há de vir” (Bíblia de Revelação Profética, 2010).
 1ª TROMBETA – (Ap 8.7) – A terra devastada: um terço da vegetação destruída através de granizo
e fogo;
 2ª TROMBETA – (Ap 8.8-9) – Os oceanos e a vida marítima devastados: um terço dos oceanos se
torna em sangue, ao serem atingidos por uma espécie de“grande montanha” que foi lançada sobre
as águas dos mares;
 3ª TROMBETA – (Ap 8.10-11) – Os rios e as fontes de águas atingidos por uma estrela ardendo como
uma tocha (lembra um cometa) chamada Absinto;
 4ª TROMBETA – (Ap 8.12) – Os corpos celestes atingidos: o sol e a lua escurecem; trevas invadem
o planeta e a terça parte dos corpos celestes perde seu brilho;
Neste ponto ocorre um pequeno intervalo, de um versículo apenas (Ap 8.13):“E olhei, e ouvi um anjo
voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: “Ai!ai! ai! dos que habitam sobre a terra! Por causa das outras
vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar” (Ap 8.13). Algumas traduções bíblicas mais recentes
trazem a palavra águia ao invés de anjo. Segundo Antonio Gilberto Silva (1997, p.136), a águia é símbolo de
julgamento e vingança em ação (Dt 28.49; Os 8.1; hc 1.8). é um anúncio dos três próximos juízos que serão
ainda piores dos que os primeiros, ou seja, “três
os ais” significam que o pior está por vir! Representam a
agonia, o medo e a apreensão pelos próximos julgamentos.
 5ª TROMBETA – (Ap 9.1-12) – Uma estrela caiu do céu à terra: Satanás, com uma chave abre o
poço do abismo (região interna ou inferior do hades, ou sheol), e liberta gafanhotos (demônios
aprisionados – Lc 10.19), espíritos malignos cuja função é atacar, atormentar, torturar os homens.
Poder para causar tormento como o escorpião. Durante cinco meses atuam na terra atormentando
todos os que não têm o selo de Deus. (1º“ai”);
 6ª TROMBETA – (Ap 9.13-21) – A 6ª Trombeta libera um exército demoníaco – demônios presos
no abismo próximo ao Rio Eufrates– os quais matam um terço da humanidade. A munição que
lançavam de suas bocas eram fogo,fumo e enxofre; e suas caudas semelhantes a serpentes com
cabeças, tinham poder de ferir e danificar (2º “ai”).
Entre a 6ª e a 7ª Trombetas ocorre mais um “Parêntese”na narração (Ap 10.1-11.14) onde João relata
algumas coisas queestarão acontecendo durante o derramamento destes juízos: fala sobrelivrinho
o que lhe
foi entregue por um poderoso anjo e as duas testemunhas que Deus separou para testemunhar da parte dEle
com sinais e com poder de exercer juízo (ver estudo no próximo tópico).
 7ª TROMBETA – (Ap 11.15-19) – Evoca sete anjos com as sete taças da ira de Deus e anuncia o início
da Grande Tribulação (segundametade da Tribulação– três anos e meio) - Nesta última Trombeta
são revelados os juízos das sete taças que ainda virão e, ainda, eventos como as nações amotinadas

164
ESCATOLOGIA BÍBLICA

contra Israel, a volta gloriosa do Senhor Jesus e os eventos que se seguirão“ai”);


(3º
Mesmo diante de tantas calamidades a maioria das pessoas não se converterá, antes blasfemarão contra
Deus e darão ouvidos aos enganos do Anticristo e do Falso Profeta.

3.2.3 O Julgamento das Sete Taças


CUIDADO!
Muitos estudiosos confundem a 7ª Trombeta dos Juízos com a
última trombeta à qual o apostolo Paulo fala em 1 Coríntios 15.52.
A 7ª Trombeta trará juízo final sobre os inimigos de Deus (Ap 19). Já
a trombeta de 1 Co 15.52 refere-se unicamente à igreja por ocasião
do arrebatamento, bem antes da Grande Tribulação. Além disso,
mais tarde, haverá ainda outra trombeta que soará destinada
unicamente a Israel (Mt 24.31) (A. G. Silva, 1997, p.145-146).

Este é a última série de julgamentos descrito em Apocalipse (16.1– 21). Assim como o sétimo selo
introduziu o julgamento das sete trombetas, assim o julgamento das sete taças é introduzido pelo soar da última
trombeta (7ª Trombeta). O toque desta última trombeta corresponde, em parte, ao relato de Mateus 24.15-31.
Antes, porém, de João relatar os juízos das sete taças, ocorre um grande
“parêntese”na narração– do
capítulo 12 ao 14– onde o apóstolo fala sobreo sofrimentos dos santos daTribulação e asua vitória, descreve
cenas como a visão do santuário de Deus que se acha no céu, a Mulher e o Dragão (Ap 12), as duas Bestas (Ap
13), e afirmações sobre o triunfo final de Cristo e do julgamento dos ímpios contidos em sete eventos (Ap 14)
(A. G. SILVA, 1997). Ver tópico 4 que tratará dos eventos parentéticos.

Apósque
das taças, esse grande“parêntese”,
éparecido o apóstolo
com os julgamentos continua porém
das trombetas, descrevendo os
enquanto ojuízos divinos,
julgamento agora o julgamento
das trombetas
tem efeito parcial, o julgamento das taças temefeito extremo.
A última taça – 7ª Taça– anuncia a grande batalha do Armagedom e descreve a ruína final do Anticristo.
 1ª TAÇA – (Ap 16.2) – feridas, úlceras malignas na humanidade, nos adoradores da besta;
 2ª TAÇA – (Ap 16.3) – o mar vira sangue: perecetoda a vida marinha;
 3ª TAÇA – (Ap 16.4-7) – os rios e fontes de águas viram sangue;
 4ª TAÇA – (Ap 16.8-9) – queimaduras feitas pelo sol em brasa
– terrivelmente quente (as pessoas
ainda recusam a se arrepender e blasfemam do nome de Deus);
 5ª TAÇA – (Ap 16.10-11) – o Reino do Anticristo é devastado. Grande escuridão e intensificação das
feridas da primeira taça; os homens mordem a língua e blasfemam do nome de Deus;
 6ª TAÇA – (Ap 16. 12-16) – secam-se completamente as águas do rio Eufrates deixando o caminho
livre para as tropas orientais do Anticristo avançarem contra Israel, para a batalha do Armagedom,
que se avizinha. Tropas do Oriente, provavelmente os países chave da parte do mundo do “sol
nascente”,como Japão, China e Índia.
Seguindo o exemplo do que ocorreu entre o sexto e o sétimo selo, bem como entre a sexta e a sétima
trombeta, aqui também ocorre um “parêntese”na narrativa (Ap 16.13-16), o qual explica situações ligadas à
sexta praga e faz uma antevisão da derrocada das nações na Batalha do Armagedom (Ap 19.17-21). há aqui
um relato da atuação da trindade satânica (Ap. 16.13):“E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do
falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantesrãs”.
a De suas bocas saem demônios os quais incitam
as potências do Oriente a se unirem e avançarem em direção Oeste para se congregarem em Armagedom,
onde ocorrerá a batalha final das forças do Anticristo contra Israel (A. G. SILVA, 1997, p.164).
 7ª TAÇA (Ap 16.17-21) – Destruição por todo o canto da Terra; ao derramar da últimataça, ouvem-
se trovões, vozes e um grande e terrível terremoto, tão devastador tal qual nunca se viu na história

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

humana – as grandes cidades serão destruídas. Segue-se uma grande saraiva com pedras de granizo
gigantes pesando um talento (aproximadamente 34 kg). Grandes transformações na superfície
terrestre (Zc 14.4, 10; Is 35.6b), já preparando a terra para o reino milenar do Messias. As Ilhas
sumiram e as mo ntanhas fo ram aplainadas.
Apocalipse 16.5-7 declara: “E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e
santo és, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também
tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores. E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó
Senhor Deus Todo-poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos” (Ap 16:5-7).

4. EVENTOSPARENTÉTICOS
4.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico trataremos de alguns dos eventos referentes aos interlúdios ou parênteses feitos pelo apóstolo
João na descrição do período da Tribulação, tais como o selar dos 144 mil judeus, as duas testemunhas, a
mulher e o dragão, a ascensão e queda de Babilônia como centro de um sistema religioso, comercial e político.
Bons Estudos!

4.2 O QUE SÃO AS SEÇÕES PARENTÉTICAS DE APOCALIPSE?


Com o pu demo s observ ar no tó pico anterior, toda a narrativa dos eventos referentes à Tribulação, ou seja,
toda a descrição dos julgamentos divinos em Apocalipse é continuamente interrompida pelo apóstolo João
com textos que mostram algumas visões particulares a respeito de determinados assuntos, acontecimentos
ou personagens, que ora ocorrem no céu e ora ocorrem na terra. Esses textos são como
“parênteses”ou
“interlúdios” na narrativa dos julgamentos e conhecidos como seções ou eventos parentéticos.

1º Parêntese 2º Parêntese 3º Parêntese 4º Parêntese 5º Parêntese


Ap 7 Ap 8.13 Ap 10.1 a 11.14 Ap 12 a 14 Ap 16.13-16
TABELA 34– PARÊNTESE S FEITOS POR JOÃO NA NARRATIV A DA TRIBULAÇÃO EM APOCALIPSE
FONTE: Próprios autores; em 23.abr.2012

Dentro desses parênteses, tomaremos alguns assuntos para estudo que acabam causando maiores
dificuldades no estudo de Apocalipse, mesmo porque sendo este um livro didático sobre Escatologia Bíblica,
seria praticamente impossível abordarmos todos os temas propostos no livro de Apocalipse sem fugirmos do
nosso intuito (o de conduzir o aluno ao conhecimento dos principais assuntos referentes à Escatologia Bíblica),
porém o caro aluno poderá futuramente aprofundar-se no assunto caso seja do seu interesse.

4.3 DOIS GRUPOS DE REDIMIDOS


DICAS!
Indicamos para você que gostaria de se aprofundar no estudo
de Apocalipse, os livros de Antônio Gilberto da Silva:“Daniel e
Apocalipse” e “O Calendário da Profecia”, ambos da Editora CPAD,
e “Apocalipse – Introdução e Comentário” de George E. Ladd,
Editora Vida Nova. Além destes, também aconselhamos as obras
citadas no final deste livro de estudos.

4.3.1 O Selar dos Israelitas – Os 144.000


O p rimeiro grupo de redimidos é descrito em Apocalipse 7.1-8: 144 mil judeus sela dos. Deus preservará
um remanescente eleito entre os judeus para pregar o Evangelho do Reino durante o tempo da de
“angústia
Jacó” (Jr 30.5-7)– os 144 mil judeus convertidos ao Messias Jesus. Apesar da contagem das genealogias ter

166
ESCATOLOGIA BÍBLICA

sido interrompida (Is 11.11-16), Deus, pela sua onisciência, conhece quais são as tribos e onde estão e assim
guardará esses judeus dos juízos da tribulação que assolará a terra no final dos tempos. Serão 12 mil judeus
de cada tribo. Essa preservação é simbolizada por um
“selo”(Ef 1.13-14). A tribo de Dã e Efraim são omitidas
devido ao seu envolvimento com a idolatria (Dt 29.18-21; 1 Rs 12.25-30) (A. G. SILVA, 1997, p.129 -130).

4.3.2 A salvação dos gentios convertidos durante a Tribulação


“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e
tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e
com palmas em suas mãos [...]” (Ap 7.9).

O segundo grupo de redimidos corresponde a Apocalipse 7.9-17. Através da pr egação do Evangelho do


Reino, muitos gentios crerão. Mesmo numa época onde impera na terra um sistema apóstata, pessoas se
converterão a Cristo. Será uma grande colheita de almas. Esses gentios que serão salvos mostram que Deus,
mesmo em meio a sua ira, lembra-se da sua misericórdia (hc 3.2). São aqueles que não se deixaram macular
pelo sistema religioso vigente, mas serão redimidos dentre os homens. Muitos serão decapitados por causa
do seu testemunho (Ap 20.4). Será uma grande multidão, tal qual não se poderá contar, porém mesmo em
face de tantos sofrimentos e manifestações da ira do Cordeiro, muitas pessoas perderão a oportunidade de
serem salvas.
Os mártires deste período serão mortos não só por ordem do Anticristo, mas também pela “prostituta”,o
sistema religioso implantado pelo falso profeta:
“Vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos,
o sangue das testemunhas de Jesus. Quando a vi, fiquei muito admirado” (Ap 17.6).
Os gentios salvos durante a tribulação aparecem ao final em p é diante na presença do Cordeiro e do trono
de Deus, todos vestidos de túnicas brancas e segurando palmas nas mãos, o que é
símbolo de alegria e triunfo (Lv 23.40; Jo 12.13). Foram martirizados (Ap 6.9, 10, 11),
mas venceram. João os viu no céu (Ap 17.5, 9). Não tinham coroas, mas palmas. Coroa
épara
umisso,
galardão dadovez
pois uma pordando
algo feito
seu para Deus, mas
testemunho estes
de fé, não mortos.
foram tiveram Eles
oportunidade
ressurgirão
em corpos glorificados antes do Milênio, como um dos grupos de ressuscitados da
primeira ressurreição (A . G . Silva, 1997, p. 131-13 2). NOTA!
Deus preservará ainda um remanescente vivo destes gentios, pessoas que
O Evangelho do
passaram por sofrimentos terríveis durante a Tribulação e resistiram firmes até o Reino também
fim e alcançaram a salvação pela pregação do Evangelho do Reino (Mt 24.13-14) e é chamado em
que entrarão no Milênio para servirem a Cristo. Apocalipse de
Evangelho Eterno
4.3.4 João e o livrinho (Ap 14.6).
Entre a sexta e a sétima trombeta existe um parêntese (Ap 10.1 -11) onde João
recebe de um poderoso anjo um livro que deveria comer. Há muita especulação de que trata esse livrinho.
Muitos acreditam que é outro livro de juízos, outros que se trata do livro de Daniel com a revelação das setenta
semanas e há ainda os que defendem que nele estão contidos os próximos julgamentos que serão abertos.
Porém, a maioria dos estudiosos das Escrituras acredita que se trata da própria Bíblia.
A descrição do anjo poderoso pelo apóstolo nos remete à figura de Jesus como descrito nas passagens
de Apocalipse 1.15-16; 4.3; 5.2; 8.3– envolto em nuvem, com arco íris por cima da sua cabeça, rosto como o
sol e pernas como colunas de fogo, tão grande que seus pés estavam sobre a terra e o mar, indicando o direito
de Cristo sobre a terra (Sl 95.5; Ef 1.13-14). João deveria profetizar após comer o livrinho, que na sua boca era
doce como o mel, porém era amargo no estomago (UNGER, 2006, p.687).
Segundo Carlos Augusto Carvalho (2008, p.64), as coisas doces representam as promessas do Senhor
para aqueles que vencerem: a Nova Jerusalém, o reino milenar, a nova Terra e o novo Céu. Porém, as amargas,
referiram-se as muitas tribulações pelas quais passariam muitos salvos ao aceitarem a Cristo durante a
Tribulação, além das terríveis conse quências para aqueles que se recusassem a crer em Jesus.

4.4 AS DUAS TESTEMUNHAS

167
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

“E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas
de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra. E, se alguém
lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os seus inimigos; e, se alguém lhes quiser
fazer mal, importa que assim seja morto. Estes têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos
dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com
toda a sorte de pragas, todas quantas vezes quiserem. E, quando acabarem o seu testemunho, a besta
que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará. E jazerão os seus corpos mortos na
praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi
crucificado. E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três
dias e meio, e não permitirão que os seus corpos mortos sejam postos em sepulcros. E os que habitam na
terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes
dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra. E depois daqueles três dias e meio o
espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os
que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma
nuvem; e os seus inimigos os viram.” (Ap 11.3-12)
Durante os dias da Tribulação, Deus levantará duas testemunhas para profetizar aqui na terra. De acordo
com a Bíblia, essesdois personagens se vestem compano de saco, profetizam, realizam milagres espantosos
e testemunham da graça de Deus no meioda mais perversa cultura humana.
há muita especulação a respeito da identidade das duas testemunhas: seria Enoque e Elias, pois ambos
foram transladados ao céu? Ou Moisés e Elias representando a Lei e os Profetas? Não podemos ir além do
que a própria Bíblia afirma sobre o assunto e ela silencia sobre isso.
O que precisamos saber é que essas duas teste munhas serão intocáveis até que cumpram sua missão
(Ap 11.7). Junto com os 144 mil judeus selados, as duas testemunhas de Apocalipse 11 produzirão um grande
impacto na Evangelização durante a Tribulação e haverá uma grande colheita de almas nos primeiros 42 meses
do período de sete anos (Ap 7).
Deus, através de suas vidas, demonstrará o seu grande poder e misericórdiapelo homem e o Anticristo
não terá poder sobre suas vidas até que se cumpra o propósito do Senhor, e qualquer um que os tocar antes
desse tempo será morto (Ap 11.5). Serão inimigos mortais do Anticristo e seus seguidores (os que adoram a
imagem da besta e rejeitaram a Cristo). Deus permitirá que o Anticristo os vença e os mate quando acabarem
o seu testemunho (Ap 11.7). Seus cadáveres ficarão expostos para todo o mundo ver nas ruas de Jerusalém, e
muitos até festejarão seus assassinatos.
“Homensde vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão os seus
corpos mortos por três dias emeio” (Ap 11.9).
Como é que o mundo inteiro, e ao mesmo tempo, poderia ver as duas testemunhas mortas? Até poucos
anos atrás muitos se perguntavam como seria possível todos do planeta verem ao mesmo tempo o que estava
ocorrendo com esses homens em Jerusalém. Era realmente um mistério! Hoje é fácil até mesmo de uma
criança responder: com o rápido desenvolvimento das comunicaçõeso advento
e da Internet estamos ligados
simultaneamente a todas as partesdo globo sabendoe vendo notícias dooutro lado do planeta, praticamente
no mesmo instante em que essas ocorreram.
Através desse desenvolvimento da tecnologia é que essa profecia já tem como se cumprir em nossos dias:
o mundo todo testemunhando a morte das duas testemunhas, e o mais incrível: Deus prediz que
todo o mundo
verá um poderoso milagre! (Ap11.11-13). Todos testemunharão do grande poderde Deus ao ressuscitar os
seus dois profetas e levá-los ao céu, o que tornará sua existência e poder notórios ao mudo todo (A. G. SILVA,
1998, p.45; Bíblia de Estudo Profético Tim Lahaye, 2005, p.1183).

4.5 A MULHER E O DRAGÃO


Apocalipse 12.1-17 mostra alguns personagens singulares: uma mulher vestida de sol e um dragão
devorador. João viu um grande sinal, um símbolo no céu. Uma mulher vestida de sol que tinha uma coroa com
12 estrelas. A mulher simboliza Israel; Miguel é o anjo que luta por Israel contra o diabo, aqui simbolizado
por um dragão vermelho. Esse conflito é visto de Gênesis aos Evangelhos e corresponde à persistente luta de
Satanás para impedir que o Messias viesse ao mundo, mas teve todos os seus intentos frustrados; inclusive

168
ESCATOLOGIA BÍBLICA

suas tentativas de impedir que o Filho de Deus, já manifesto, chegasse até a cruz, onde pagaria o alto preço
pela redenção da humanidade.
Segundo Antonio Gilberto de Souza em seu livro Daniel e Apocalipse (1997, p.146-150), as se te cabeças

NOTA!
Outras interpretações referentes a essa passagem afirmam
que a mulher representa a igreja. Mas podemos notar que
Israel é muitas vezes comparada na Bíblia a uma mulher (Is
54.1, 6; Jr 3.1, 14; Os 2.14.23). Observe:
A MULHER MULHER COMO ISRAEL A MULHER COMO A MULHER COMO A MULHER COMO
DE (pré-tribulacionismo) IGREJA IGREJA IGREJA
APOCALIPSE 12.1-6; (pós-tribulacionismo) (mas sendo arrebatada Ap. 13.17
13.1-18 no meio da tribulação) (Arrebatamento
parcial)

do dragão falam da plenitude de sua astúcia; os sete chifres simbolizam o seu poderio e os sete diademas
falam do seu domínio; vermelho, cor de fogo e de sangue, indica violência e crueldade contra Israel e contra
todo ser humano (Gn 4.5, 8; 1 Jo 3.12). A terça parte das estrelas do céu corresponde aos anjos que aderiram
à rebelião de Lúcifer e caíram com ele (Is 14.12; Ez 28.16).
A mulher refugiada no deserto diz respeito à fuga de muitos Israelitas durante os últimos três anos e meio,
quando muitos judeus fugirão em busca de abrigo da perseguição atroz do Anticristo. No inicio da Tribulação,
o Anticristo fará aliança com Israel por sete anos (Dn 9.27), o que dará a Israel a oportunidade de construir o
Templo e adorar a Deus. Os israelitas, que rejeitaram a Cristo (seu messias e salvador), agora aceitam facilmente
o Anticristo, se deixam enganar, e com ele ainda estabelecem uma aliança (Jo 1.11; 5.43; Dn 8,,25). Porém,
pagarão muito caro por esse pacto com o Diabo. O Anticristo romperá a aliança feita com Israel na metade
da Tribulação (Dn 9.27) e começará a perseguir ferozmente os judeus. Atacará Jerusalém, tomará o Templo e
o profanará (2 Ts 2.3-4; Dn 8.13). O próprio Jesus predisse esse acontecimento (Mt 24.15; 24) e aconselha os
judeus a fugirem para as montanhas (Mt 24.16), e é justamente isso que muitos farão (BERGSTéN, 2007, p.347).
Neste ataque maligno, as nações ao redor de Israel também sofrerão, porém Deus dará o escape ao seu
povo (Dn 12.1):“naqueletempo será salvo o teupovo”.Três nações escaparão: Edom, Moabe e Amom, o que
corresponderia hoje à Jordânia (Is 16.4; Daniel 11.40, 41, 44). Nesse lugar os judeus fugirão da ira de Deus que
irá varrer a Terra (Is 26.20). Elas são milagrosamente poupadas justamente para abrigar os refugiados israelitas
(Apocalipse 12 relata essa fuga – Deus cuidou de seu povo no deserto durante quarenta anos, salvará também
um remanescente israelita das garras do Anticristo). Jesus falou sobre essa fuga em Mateus 24.15-22. Essa
fuga também foi predita pelo profeta Isaías (Is 16.1, 9) (A. G. SILVA, 1997, p.146-150).

4.6 OS SETE EVENTOSDE APOCALIPSE 14


O capítulo 14 de Apocalipse é todo parentético e na narrativa há basicamente sete eventos que são
descritos pelo apóstolo (A. G. SILVA, 1997, p.155-159):

 Apocalipse 14.1-5 – Um grupo de redimidos triunfantes no monte Sião – Sião é um dos nomes
simbólicos do céu (hb 12.22-23). Esses santos já estão livres da Tribulação, estão no céu, diante do
trono do Senhor (refere-se aos 144 mil), que não se contaminaram com a falsa religião (castos) (A.
G. SILVA, 1997, p.156);
 Apocalipse 14.6-7 – Um anjo proclamando um evangelho eterno – Deus chama pela última vez os
moradores da terra ao arrepen dimento, e manda um mensageiro para isso, um testemunho angelical
do Evangelho do Reino (não o evangelho da graça);
 Apocalipse 14.8 – Um anjo anunciando a queda da Babilônia – Outro anjo anuncia a queda da Grande
Babilônia. o “vinho da fúria da sua prostituição” refere-se aos falsos ensinos religi osos praticados ali;
 Apocalipse 14.9-12 – O julgamento dos adoradores da Besta – Outro anjo anuncia o juízo mais

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

severo possível que está para cair sobre os seguidores da Besta, “serão atormenta dos com fogo e
enxofre”, símbolos de grande tormento ;
 Apocalipse 14.13 – Mensagem da bem aventurança dos mortos no Senhor – Neste tempo terrível
de densas trevas espirituais, Deus mostra que é melhor morrer no Senhor do que viver, porém
aqueles crentes que escaparem com vida da Tribulação entrarão no reino Milenar de Cristo, porém
os que m orrerem pela sua fé irão estar com o Senho r e po r isso mesmo serão mais bem aventurados;
 Apocalipse 14.14-16 – A ceifa dos gentios – é uma antevisão da Batalha do Armagedom (Ap 16.16;
19.19); Esta ceifa citada por João é das nações gentílicas; Jesus também relatou esses eventos finais
(A. G . SILVA, 1997, p.158):
“Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará
o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que
cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Assim será
na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos. E lançá-los-ão na
fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mt 13:40-42; 49-50).
 Apocalipse 14.17-20 – A ceifa de Israel – A ceifa anterior foi geral, porém agora se trata da vindima,
ou seja, somente de Israel, as uvas que já estão maduras. No Antigo Testamento a nação de Israel
é mencionada como a videira do Senhor (O s 10.1; Sl 80.8-15; Jr 2.21; Jl 1.7). Essa videir a ou vinha
trata-se da Israel apóstata nos dias desses juízos. Essa videira agora não é mais chamada de “videira
de Deus”, mas de “videira da terra”.Jeremias 2.21 diz : “Eu mesmo te plantei como vide excelente,
da semente mais pura; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, como de vide
brava?”; Joel 3.13 afirma: “Lançai a foice, porque está madura a seara; vinde, pisai, porque o lagar
está cheio, os seus compartimentos transbordam; porquanto a sua malícia é grande”. As duas ceifas
– dos gentio s e a de Israel – não são ceifas de santos para o c éu, mas de ím pios para o justo ju ízo
(A. G . SILVA, 1997, p.159).

4.7 A CONDENAÇÃODA GRANDE PROSTITUTA


“[...] e da grande babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira.”
(Ap 16.19b)
Apocalipse 17 e 18, já no fim da Tribulação, descreve o julgam ento d ivino sobre o antigo inimigo : “A Grande
Babilônia”,não a cidade de Nabucodonosor e capital do Império Babilônico, mas a Babilônia figurada
– a cidade
mundial – as forças do secularismo e ateísmo que estão em oposição ao reino de Deus (hOEKEMA, 2001, p.254).
Babilônia, no passado, significou domínio e opressão, pecados e iniquidade, e assim também essa nova
Babilônia. Tal como ocorreu com a antiga Babilônia que d ominou algum
tempo cheia de es plendor, majestade, beleza e força, mas foi vencid a e
subjugada por Deus por causa de seus grandes pecados, assim também
ocorrerá com a Grande Babilônia apocalíptica.
O nom e Babel significa confusão (G n 10.10 e 11.9). Satanás tem usado
a religião, o governo e o comércio idólatras como seus principais agentes
para confundir e enganar a humanidade.
há basicamente três interpretações de Apocalipse 17 e 18, segundo NOTA!
cita Rodrigo M . de Oliveira (2012): O nome “Babilônia”
1. A primeira interpretaçã o, muito popular, diz que a antiga cidade provém de “Babel”, que
de Babilôn ia será reconstruída e terá um p apel religioso, social simboliza a religião
e político durante a Tribulação; falsa, a feitiçaria, a
2. A segunda interpretação, também popular, entende que astrologia e a rebelião
Apocalipse 17 e 18 como sendo a Roma Papal e seu comércio contra Deus (Bíblia de
através da religião, manipulação política, etc. Estudo Pentecostal,
3. A terceira interpretação diz que na verdade trata-se de duas 1995, p. 2004).

170
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Babilônias , uma religiosa e outra comercial. Essa interpretaçã o co ndiz mais com o quadro religioso
e político par a o qual caminha a história do m undo glob alizado – uma grande e interligada Babilônia
Mundial.
O texto bíblico faz referência ao surgimento de um sistema político-religioso que estará em evidência
durante a Tribulação. Dessa forma, o termo “Babilônia” de A pocalipse representa dois aspectos diferentes:
1. A Babilônia Religiosa – simbolizada por uma mulher, uma prostitut a, a qual é destruída em A p 17.16;
2. A Babilônia Comercial – representando o sistema comercial e político em vigor durante a Tribulação.
Babilônia simboliza o sistema mundial satânico, centro de tudo o que é falso e mau, de idolatria
e de opressão.
malignos tendoConsiste
Satanásnoporconjunto da. humanidade
cabeça (cf 1 Jo 2.15-17 ),irregenerada
com ênfaseorganizada segundo
nos aspectos princípios
eclesiásticos (cap.
17), político e mercantilista (cap. 18 ) desse sistema (UNG ER, 2 006, p. 6 92).
Tudo será destruído antes de Cristo retornar em glória para a Terra. A queda da Babilônia já foi
profetizada e decretada antes, em Apocalipse 14.8:“E out ro anjo seguiu, dizen do: Caiu , caiu babilônia,
aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição”.
A besta neste caso representa o gove rno do A nticristo e a mulher, a religião pro fana liderada pelo falso
profeta. Ambos opõem-se a Jesus Cristo e ao seu Reino.

4.8 A BABILÔNIARELIGIOSA
Em A pocalipse 1 7.1-18 há o aparecim ento de uma igre ja apóstata, que rejeitará Cristo e desonrará a
Deus. Essa igreja é chamada de“a prostituta que está assentada sobre as muitas
águas” (Ap 17.1). Prostituta
indica uma mulher infiel, enquanto que águas, nas Escrituras, muitas vezes indicam nações, povos, multidões
e línguas (Ap 1 7.15). Ess e falso sistema religioso será muito convincente e popular entre os incrédulos.
João está relatando aqui um adultério espiritual: uma igreja que diz ser fiel a Cristo, porém está ligada a
– possui apenas um cristianismo
vários ídolos e um falso sistema religioso, não tem verdadeiramente a Cristo
nominal e apóstata. Essa igreja terá um domínio mundial, e essa “prostituta” seduzirá os “reis da terra”
(governantes) além da população de tal forma que conduzirá muitos a adorarem a imagem da –besta uma
falsa igreja mundial apoiada pelo sistema político, ou seja, pela besta (o Anticristo)
– “A grande prostituta
montada sobre a besta” (Ap 17.1).
Essa falsa religião terá uma aparência atraente, e englobará todas as
religiões do mundo (ecumenismo). Será muito convincent e e bela, porém
mortal pa ra todos que a seguirem, todos que beberem do conteúdo do
cálice que tem nas mãos: “E a mulher estava vestida de púrpura e de
escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha
na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia
da sua prostituição *...+” (Ap 17.4). Porém aqueles que se entregarem
verdadeiramente a Cristo, os chamados “eleitos e fiéis” (1 Pe 2.9), NOTA!
entenderão que qualquer coisa idólatra não vem de Deus. Na Bíblia a prática
E qual será o fim desta mulher, da grande prostituta? Apocalipse de uma falsa religião
17.15-17 diz: “E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta,
são povos, e multidões, e nações, e línguas. E os dez chifres que viste na é chamada de
prostituição, por se
besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e
comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. Porque Deus tem posto em tratar de uma forma de
seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma ideia, infidelidade a Deus (Na
e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus. 3.4; Is 23.17).
E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reisterra.”
da
(Ap 17.15-18)
Os “dez chifres” são uma clara referência à profecia de Daniel 7 e 8: “dez chifres” e “dez dedos”
correspondendo a líderes designados pelo Anticristo que têm a mesma ideia ou intento do seu líder. Numa luta
pelo poder, os dez reis (líderes) perceberão que são mero fantoche da grande prostituta, e se virarão contra

171
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ela, e a destruirão como vingança, e o Falso Profeta tomará as rédeas da direção de toda prática religiosa no
mundo – e se formará uma ditadura religiosa mundial, onde todos terão que adorar a imagem da besta. Ou
seja, o falso sistema religioso do inicio da Tribulação será substituído pela religião do Anticristo (A. G. SILVA,
1997, p.169-172).

4.9 A BABILÔNIACOMERCIAL
“Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade!
Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo” (Ap 18.10)
“E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo
*...+” A partir de Apocalipse 18.1 começa uma nova
narrativa, agora sobre a Babilônia Comercial. Segundo Antonio Gilberto (1997, p.173), há uma grandediferença
entre as duas: a Babilônia religiosa será destruída por homens (Ap 17.16), enquanto que a Babilônia Comercial,
a totalidade do sistema mundial ímpio, será destruída porDeus através de fome, terremoto, peste e fogo (Ap
16.18-19; 18.8-11)– ou seja, suadestruição virá com o juízo da sétima última
e taça em cumprimento à profecia
de Isaías 47.1-9 (Is 21.9). Em Apocalipse 19 o sistema político é julgado por Deus no fim da Tribulação (Ap
19.17-21; Is 13.1-11). (Bíblia deEstudo Pentecostal, 1995, p.2005;Bíblia de Revelação Profétic
a, 2010, p. 1193).
A partir do capítulo 18, o apóstolo não focaliza mais o sistema eclesiástico religioso, mas agora põe o foco
de Deus no sistema comercial e governamental liderado pelo Anticristo
– um Império Romano restaurado,
atuando não só no âmbito religioso, mas com poder sobre os aspectos sociopolíticos mundiais. Essa Babilônia
comercial seria uma região, cidade ou nação, que por se prostituir espiritualmente se parece com a Babilônia
srcinal, um Império Romano revivido, porém liderado peloAnticristo que terá apoio deuma confederação
mundial de nações, com apoio dos dez reis (líderes) que exercerão grandes poderes e apoiarão o Anticristo
(Dn 7.23-25) e se oporão à verdadeira fé bíblica.
Muitos estudiosos afirmam que essa área geográfica poderá representar não dez nações, mas dez regiões
administrativas, regidas por dez líderes. Dentre esses dez reinos (dez chifres
– Dn 7.8), surgirá o líder (chifre

pequeno)
até que lheque se levantará
venha o juízo (Dne 7.25).
se manifestará
Portanto,como“homem
o entender
podemos da perdição”
que oo qual
“chifre blasfemará
pequeno”, contra oassumirá
o Anticristo, Altíssimo
a direção política e governamental dos reinos dos “dez chifres”ou “dez dedos daestátua”,e infligirá um terror
jamais visto em tod a a terra, pois sua influên cia será mundial e conquistará apo io de to das as nações.
Daniel 2.34-35; 7.26-27 prediz queo poder mundial dosgentios, representado na estátua de Nabucodonosor
,
será destruído pela“pedra cortada do monte sem asmãos” – Deus intervirá na história humana – a Grande
Tribulação só terminará com a vinda do Filho do homem – Jesus Cristo (Dn 7.13-14; Zc 14.1-4) e o poder e
domínio gentílico sobre Israel será derrotado (A. G. SILVA, 1997, p.173-174).

RESUMO DO CAPÍTULO
ASSUNTO REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Um período de sete anos Dn 9.27; Ap 11.3, 7; 13.5
Setenta semanas estão determinadas sobre Israel Dn 9.2,24
Período de sete anos dividido em dois períodos de 3 Dn 9.27; Ap 12.14
anos e meio cada
Tempo de muito sofrimento Dn 9.26-27; Mt 24.15-22; Mc 13.14-20; Ap 6.1-10
;
A septuagésima semana que ainda falta é chamada Jl 2.1; Dn 9.27; Ez 20.37, 38; Zc 13.8-9; Ap 1.10
de “O Dia do Senhor”
A Igreja será preservada desse tempo de provação Lc 21.36; Jo 14.1-3; 2 Co 5.2,4; Fl 3.20, 21; 1 Ts1.10;
4.16-18; 5.8-10
A Tribulação só tem início depois do Espírito Santo se 2 Ts 2.6-8
afastar junto com a Igreja
Iniciará depois de uma grandiosa apostasia e rebelião2 Ts 2.3-4
contra a fé

172
ESCATOLOGIA BÍBLICA

O Anticristo, filho da perdição, o homem da iniquidade,


2 Ts 2.3-10; Dn 6.26-27; Ap 12.12; 13. 1-18; 16.2
aparecerá ;
A Tribulação começa com a abertura dos sete selos Ap 6.1-2
Quatro cavaleiros do Apocalipse trarão muita Mt 24.21-22; Ap 6.2-8; Ap 6-19
destruição e aflição
Surgirão falsos profetas e farão proezas Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 13.13-14; 16.14; 19.20
O Evangelho será pregado pelos 144.000 judeus Ap 7.1-4
selados, sendo 12.000 de cada uma das doze tribos
As duas testemunhas de Jesus profetizarão por três Ap 11.3-7
anos e meio
Três anjos levarão o Evangelho Ap 14.6-12
Muitos alcançarão a salvação durante esses terríveis Dt 4.30-31; Rm 11.25-32; Ap 7.14; 6.9-11; 12.17; 14.6
dias -
Miguel expulsará Satanás das regiões celestiais (1ºAp 12.7-9, 12
Céu)
Regozijo no céu e guerra na terra Ap 12.10-12, 17
Perseguição a todos que reconhecerem Jesus e foremDn 12.10; Mt 24.15-21; Ap 6.9-11; 7.9-17; 9.3-5; 12.12
testemunhas fiéis a Ele ,
TABELA 35: PRINCIPAIS EVENTOS DA TRIBULAçãO (Período total de 7 anos)
FONTE: Goulart, 2002, p. 10.

ASSUNTO REFERÊNCIAS BÍBLICAS


Tem lugar nos três anos e meio finais da Tribulação Dn 9.27; Ap 11.1-2; 12.6; 13.5-7
Terá inicio com a abominação da desolação no Templo Dn 9.27; 12.11; Mt 24.15; Mc 13.14; 2 Ts 2.4; A
reconstruído p
Os demônios terão intensa atividade Ap 9.3-20; 16.12-14
Haverá muita feitiçaria, magia, bruxaria, ensinos 1 Tm 4.1, 7, 8; Ap 9.21; 18.23; 22.15
enganosos
Terremotos, catástrofes celestiais, astros do céu Is 13.9-13; Mt 24.29; Mc 13.24-25; Lc 21.25; Ap 6.12-
sofrerão abalos 14; 8.10-13; 9.1-2
Falsos cristos e falsos profetas com sinais e muito Mt 7.15; 24.11, 24; Mc 13.6, 21, 22; Lc 17.23; 2
engano Ct
Israel sofrerá muito nesse tempo Jr 30.5-7; 12-16; Ap 11.2; 12.12-17
Sofrimento a todos os povos como nunca houve na Dn 12.1; Mt 24.21; Mc 13.19; Ap 6.9-17; 9.1-21; 16.18
Terra ;
A Ira de Deus cairá sobre todos os ímpios Is 13.3-13; Jr 30.7; Dn 12.1; Zc 14.1-5; Ap 3.10; 6.15-17
;
A meretriz, a igreja apóstata será hostilizada e Ap 17.15-17
queimada
As duas testemunhas de Jesus serão mortas, mas Ap 11.7-12
ressuscitarão
haverá sinais claros do final da Grande Tribulação Mt 24.11-24; Mc 13.23-29; Lc 21.20-28
A Grande Tribulação finda com a Batalha do Armagedom Jr 25.33-38; Jl 3.2, 9-17; Sf 3.8; Zc 14.2-7; Ap 14.9-20;
16.16-21; 19.17-21
Jesus derrota o Anticristo Mt 24.30-31; 2 Pe 3.10-12; Ap 19.11-21
TABELA 36: PRINCIPAIS EVENTOS DA GRANDE TRIBULAÇÃO (3 anos e ½ finais da Tribulação)
FONTE: Goulart, 2002, p. 11.

173
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ASSUNTO REFERÊNCIAS BÍBLICAS


Governará o mundo todo Dn 7.7, 8, 24-27; 8.4; 11.36.45; Ap 13.1-18; 17.11-17
O “homem do pecado” terrivelmente maligno Dn 9.27; 2 Ts 2.3-4; Ap 13.5-7
O Anticristo é a Besta de dez chifres Ap 13.1-8; 17.1-14, 16; 19.19, 20; 20.10
Colocará uma imagem de si mesmo no Templo e exigirá Dn 7.7, 8, 25; 11.31-39; Mt 24.15; Mc 13.14; 2 Ts 2.3-4
adoração ;
Satanás lhe dará poder para fazer sinais e prodígios Mt 24.24; 2 Ts 2.9-10; Ap 13.3, 12-15; 16.14; 17.8
É o enganador das nações da Terra 2 Ts 2.11-12; 1 Jo 2.18; Ap 20.3, 7-8
O falso profeta é seu braço direito Ap 13.11-17; 16.13; 19.19-20; 20.10
Perseguirá para matar aqueles que não tiverem a Ap 6.8-9; 13.15-17; 14.12-13
marca da besta
Destruirá até seus próprios aliados: O sistema religioso Ap 17.16
Será totalmente derrotado por Jesus na sua segunda 2 Ts 2.8; Ap 16.16; 19.15-21
vinda em glória
O falso profeta é a besta de dois chifres Ap 13.11-18
TABELA 37: O ANTICRISTO
FONTE: Goulart, 2002, p. 12.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

174
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 8
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. Explique com suas palavras o que é o período de Tribulação.
2. Qual relação há entre a profecia de Daniel sobre as Setenta Semanas e o período da Tribulação?
3. Fale sobre os perso nagens da trindade satânica e sua atuação na Tribulação.
4. Qual a atuação do Espírito Santo durante a Tribulação?
5. Quais são as três séries de julgamentos que ocorrerão no período da Tribulação? Quantos e quais os
grupos de salvos durante a Tribulação?

175
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

176
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO9
BATALHA DE GOGUE MAGOGUEE BATALHA
DO ARMAGEDOM

O
L
U 9
0
T
P
A
C

FIGURA 83: guerra; em tradicaoemfococomroma.com; em 23.abr.2012

1. BATALHADE GOGUE E MAGOGUE


1.1 INTRODUÇÃO
Dentre os vários assuntos que podem causar confusão no livro de
Apocalipse encontram-se duas guerras:“Batalha de Gogue e Magogue” e
a “Batalhado Armagedom”.Muitas pessoas se confundem ao tratar destas
guerras, porém são eventos distintos com objetivos diversos e que coorrem
em épocas diferentes e que terminam de formas distintas uma da outra. Esse
será nosso tema de estudo nesse capítulo. Bons Estudos!

1.2 GOGUE E MAGOGUE


Ezequiel 38 – 39 diz que haverá uma grande batalha que ocorrerá no
início da Tribulação. O profeta disse a 2600 anos que Israel seria invadida nos
últimos dias por um povo do“extremo norte” (Ez 38.2-3; 39.1). Essa é uma das
mais importantes profeciaspresentes na Bíblia, pois essa batalha visa a invasão
de Israel por uma confederação de nações. Esse não é um evento passado
na história judaica, pois a partir de detalhes de passagens bíblicas é possível
notar que nenhuma das invasões sofrida por Israel cumpre os detalhes dessa
profecia. Portanto essa batalha está no futuro.
Ezequiel 38.1-6 lista dez nomes próprios que ajudam a identificar os
invasores. Destes dez, nove trazem a localização geográfica.
“Gogue” é a única
exceção. Segundo Mark hitchcock (apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p.244),
“Gogue” não é um local ou nome próprio de pessoa, mas um título, tal como

177
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

Presidente, Rei, César, Faraó, Chefe etc. Seu significado


“montanha
é elevada”,“monte”ou “algo supremo”.A
melhor tradução, segundo Mark hitchcock, é interpretar seusignificado indicando um nomepróprio referindo-
se a um lugar específico: a Rússia. Segundo o autor, Gogue a Rússia será o líder da invasão.
As nações apresentadas mudaram de nome, porém sua localização geográfica permanece a mesma.
Observe a tabela abaixo:
NOME ANTIGO NOME ATUAL
Rôs (antiga Sarmácia) Rússia
Ásia Central (repúblicas islâmicas ao sul da antiga União
Magogue (antigos Citas) Soviética, com mais de 60 milhões de muçulmanos. Este
território poderia incluir o atual Afeganistão).
Meseque (antiga Mogui e Moscovi, na Cilícia e Turquia (também o sul da Rússia e o Irã)
Capadócia)
Tubal (antiga Tubalu na Capadócia) Turquia (também o sul da Rússia e o Irã)
Pérsia Irã (nove foi alterado para Irã em 1935)
Etiópia (amtoga Cuxe, ao sul do Egito) Sudão
Líbia (antiga Pute, a oeste do Egito) Líbia
Gomer (antigos cimérios que, do século VII ao
século I a.C., habitaram a região centro-oesteTurquia
da Anatólia)
Bete-Togarma (Tilgarimu – entre a antiga Turquia
Carquemis e Harã)
TABELA 38: CORRELAÇÃO DOS NOMES ANTIGOS E NOVOS DA PROFECIA DE EZ 38-39
FONTE: LAhAYE e hINDSON, 2010 p. 244.

Virão a partir dos “montes de Israel” e invadirão Israel (Ez 38.7-9). Ezequiel também afirma que isso
ocorrerá“nos últimosdias” (Ez 38.16), ou seja, nos temposfinais da história. Além disso, para que
essa invasão
ocorra é necessário que Israel esteja reunido em sua terra
– essa reunião ocorreu em 1948 com a fundação
do Estado de Israel. A passagem bíblica também enfatiza que a nação estará desprevenida para esse evento
(Ez 38.8,11,14).

FIGURA 84: MAGOG INVASION. Disponível em: <http://joaorevela.blogspot.com.br>. Acesso em: 17 abr. 2012.

Desde 1948, Israel jamais desfrutou de um momento de paz e segurança, no qual pudesse baixar sua
guarda. A nação de Israel moderna nunca teve realmente um tempo de paz, mas apenas pequenas tréguas

178
ESCATOLOGIA BÍBLICA

sem guerras. Quando contemplamos a volátil situação do Oriente Médio em nossos dias, podemos refletir:
“QuandoIsrael desfrutará de um tempo de paz e segurança tal qual o descrito em Ezequiel
38?” (LAhAYE e
hINDSON, 2010, p.245).
A Bíblia menciona que Israel terá apenas dois períodos de paz:
1. quando fizer aliança com o Anticristo, na primeira metade da rTibulação (Dn 9.27);
2. quando vier o seu Messias, o Príncipe da Paz, durante o ReinoMilenar (Is 2.4).
Ao observarmos todos estes fatos, podemos chegar a uma conclusão: a profecia de Ezequiel38 sobre a
Batalha de Gogue e Magogue ocorrerá na primeira metade da Tribulação.

1.2.1 Objetivosda invasão


A Rússia e seus aliados invadirão Israel para:
1. tomar posse de suas riquezas (Ez 38.11-12);
2. controlar o Oriente Médio;
3. exterminar Israel (as nações invasoras são islâmicas);
4. desafiar a autoridade do Anticristo (Dn 11.40-45).

1.2.2 O que ocorrerá após a invasão?


Deus virá em socorro de Israel e liberará sua fúria e destruirá seus invasores: “Naquele dia, quando Gogue
vier contra a terra de Israel, diz o Senhor Jeová, a minha indignação subirá às minhas
narinas”(Ez 38.18). Deus
usará quatro recursos para destruir a Rússia e seus aliados:
1. um grande terremoto (Ez 38.19-20);

2. conflitos entre as tropas das várias nações (Ez 38.21);


3. pestes e enfermidades (Ez 38.22);
4. chuvas torrenciais, com granizo, fogo e enxofre (Ez 38.22).
Ezequiel 39.1-29 mostra o julgamento divino contra Gogue e descreve o aniquilamento do inimigo de
Israel, destacando a intervenção milagrosa do Senhor
a favor do seupovo. Com certeza esse evento colaborará
para que muitos aceitem a Cristo durante a Tribulação (Ap 7.9-14).
A profecia bíblica também mostra que as aves do céu e as feras se banquetearão com os cadáveres dos
mortos (Ez 39.4,5,17-20; Ap 19.17,18), os
cadáveres serão enterrados durante sete meses
(Ez 39.11,12,14-16),
as armas serão destruídas, queimadas, durante sete anos (Ez 39.9,10) e haverá bênção por essa salvação (Ez
38.16,23; 39.6,7,21,22).

2. A BATALHADO ARMAGEDOM
2.1 INTRODUÇÃO
No transcorrer da história humana houve centenas
de batalhas tanto locais quanto globais, mas nenhuma
delas chama tanto a atenção quanto a Batalha do
Armagedom, que é profetizada como um evento
terrivelmente catastrófico e devastador. Muitas
conjecturas ocorreram e ocorrem com relação a essa
guerra que mexe com o imaginário humano: filmes, livros,
propagandas, comentários etc. falam sobre o assunto.
Muitas ideias são bíblicas, porém a maioria não passa
de invenção. Precisamos nos basear no que a Bíblia diz
FIGURA 85: TANQUE DE GUERRA. .FONTE:Disponível
17 abr. em: <http://
a respeito, pois quer as pessoas creiam ou não, Deus tutoradehistoria.blogspot.com.br> Acesso: 2012.

179
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

cumprirá a suaPalavra. Neste capítulo estudaremos asquestões referentes ao final do períododa Tribulação.
Falaremos sobre a Batalha do Armagedom e o seu glorioso ápice: o retorno Glorioso de Cristo para salvar
Israel. Bons Estudos!

2.2 O ARMAGEDOM
“Eis que vem o dia do Senhor, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei
todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as
mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da
cidade. E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha.” (Zc 14.1-3)
A Batalha do Armagedom ocorrerá nosdias finais daGrande Tribulação. Lemos sobre essabatalha em
Daniel 11.40-45; Joel 3.9-17; Zacarias 14.1-3; Apocalipse 16.14-16.
A palavra Armagedom vem da palavra grega “har-Magedone”,que significa Colina Megido (Zc 12.11).
A palavra“Armagedom”ocorre apenas em Apocalipse 16.16. Essa colina localiza-se ao sul do vale de Jezreel
(hebraico), também conhecido como Esdraelom (grego) ou mesmo Vale de Megido (BOYER, 2010, p.202). Este
vale localiza-se ao norte de Israel, é cercado de montes e já presenciou mais de duzentas batalhas ao longo
da história por ser um local estratégico, por isso mesmo passou a ser sinônimo de combates (Josafá significa
“o Senhor é Juiz” – lugar de decisão).

FIGURA 86: 1. Megiddo Valley. 2. Colina Megido. Disponível em: <www.bibleplaces.com>. Acesso em: 17 abr. 2012.

Também virou sinônimo da batalha futura na qual Deus vai intervir e destruir os exércitos do Anticristo
como predito através das profecias bíblicas (Ap 16.16; 20.1-3, 7-10). Em Apocalipse este lugar também é
chamado simbolicamente de lagar (grande tanque de moer). Por que a Bíblia fala desta batalha? Essa batalha
afirma a soberania de Deus sobre a história humana e nos lembra de que os planos de Deus jamais poderão
ser frustrados: Deus julgará todo omal e estabelecerá seu reinouniversal de justiça (BERGST
éN, 2007, p.349).
Apocalipse 16 mostra que Deus derramará as taças da sua ira, as quais servirão como uma introdução
à batalha de Armagedom. Ao ser derramada a sexta taça (Ap 16.12) o rio Eufrates se secará para preparar o
caminho para uma invasão militar sobre Israel pelos reis do Oriente.
“Multidões,multidões no vale da decisão;
porque o dia do Senhor está perto, no vale dadecisão” (Jl 3.14).
O Anticristo reunirá todos os exércitos da terra para essa batalha (Jl 3.2; Zc 12.2; 14.2). Os demônios
incitarão os homens a desejarem a guerra (Ap 16.13-14) e exércitos do leste e do oeste vão se encontrar nessa
planície. Isso indicará que a Segunda Vinda de Jesus em glória está muito próxima.
Já vimos que no inicio da Tribulação, através do engano e poder satânicos, um governo mundial é formado,
com o governante de dez nações do Império Romano Revivido tornando-se o ditador sobre toda a terra (Ap
13.7) – o Anticristo. Visando a supremacia global, os exércitos do mundo entrarão em guerra e serão guiados
para se encontrarem na Terra Santa, porém o que realmente será o propósito dessa batalha será uma luta
para contender contra os exércitos do céu (Ap 16.16).
Na verdade, como outras passagens bíblicas descrevem a cena (Dn 11.40-45), essa batalha terá uma
extensão muito maior: cerca de 320 km de norte a sul do território israelense, e se estenderá desde o mar

180
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Mediterrâneo ao oeste até o rio Eufrates a leste. Segundo a Bíblia de Revelação Profética (2010, p.1009),
“...a
Batalha do Armagedom cobrirá toda a região. Ela começa nas planícies de Megido, no norte, descendo através
do vale de Josafá, incluindo a terra de Edom, no sul e leste, e Tanto os exércitos invasores quanto
Jerusalém”.
os defensores entrarão em guerra pelo controle global contra o governante mundial, enquanto que o mundo
todo desfalece sob os vários juízos divinos.
Será uma batalha sangrenta: “E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios
dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos
estádios”.(Ap 14.20). Mesmo no dia da Segunda Vinda de Cristo
haverá combate (Zc 3.9; 14.1-3; 6-7). Com o derramamento da ultima taça da ira divina – um terremoto
terrível e devastadoraliado a uma chuva de granizo (saraiva) sobrenatural, com pedras
chegando a pesar
aproximadamente –
ilhas e montanhas 34 quilos cada uma
desaparecerão (1 talento)
(Ap 16.20), ou muitas
seja, o cidades das nações
mundo ficará serãoédestruídas
em ruínas. (Ap 16.16-19),
para esta cena que Cristo
retornará afinal em poder e glória (Ap 19.11-16). (Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p. 1192).
Essa batalha não representa apenas uma alegoria ou mito, mas um conflito real que terá o Oriente Médio
como palco principal. Está prevista e descrita na Bíblia, como vimos: será um evento real e trágico para aqueles
que desafiam o poder de Deus. Uma luta entre o bem e o mal, cujo principal propósito é o extermínio do povo
judeu da terra. Tanto é assim que a Bíblia diz que um terço dos israelitas morrerá (Zc 13.8). Serão quilômetros
de sangue.

2.2.1 Estágios da Batalha Do Armagedom


Segundo Lahaye e Hindson (2010, p.77), a Batalha do Armagedom ocorrerá em oito estágios:
1. A Reunião dos alia dos do Anticristo (Sl 2.1-6; Jl 3.9-11; Ap 16.12-16);
2. A Destruição de Babilônia (Is 13-14; Jr 50-51; Zc 5.5-11; Ap 17-18);
3. A queda e destruição de Jerusalém (Mq 4.11-5.1; Zc 12-14);

4. Os exércitos do Anticristo em Bozra (Petra) – a Besta se revolta contra o rem anescente de Israel (Jr
49.13-14; Mq 2.12);
5. A regeneração (conversão) nacional de Isr ael (Sl 79.1-13; 80.1-19; Is 64.1-12; Os 6.1-13; Jl 2.28-32;
Zc 12.10; 13.7-9; Rm 11.25-27);
6. A Segunda Vinda de Jesus Cristo
em Glória (Is 34.1-7; 63.1-3; Mq
2.12-13; hb 3.3);
7. A batalha desde Bozra até o Vale
de Josafá (Jr 49.20-22; Jl 3.12-13;
Zc 14.12-15) – batalha final, co m
a vitória de Jesus Cristo;
8. A declaração de vitória sobre o
Monte das Oliveiras (Jl 3.14-17 ; Zc
14.3-5; Mt 24.29-31; Ap 16.17-21;
19.11-21);
“E o Senhor sairá, e pelejará contra estas
nações, como pelejou, sim, no dia da
batalha. E naquele dia estarão os seus
pés sobre o monte das Oliveiras, que está
defronte de Jerusalém para o oriente; e
o monte das Oliveiras será fendido pelo
meio, para o oriente e para o ocidente, e
haverá um vale muito grande; e metade
do monte se apartará para o norte, e a FIGURA 89: OS OITO ESTáGIOS DO ARMAGEDOM
outra metade dele para o sul.” (Zc 14.3-4) FONTE: LAHAYE e HINDSON, 2010, p.77..

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2.2.2 Quem estará presente no Armagedom?


Segundo Lahaye e Hindson (2010, p. 76), todas as nações da terra se congregarão para combater Israel.
As Escrituras afirmam que essa batalha acabará por se estender a várias partes do mundo (Zc 12.3; 14.2; Ap
16.14). Será um tempo de grande conflito militar, a ponto de não ser errado afirmar que todo este período
será uma guerra mundial.
Dentro desse conflito mundial estarão presentes os seguintes personagens: a federação de dez reinos
sob a liderança da besta, que constitui a forma final do quarto grande Império Mundial; a federação do Norte,
a Rússia e seus aliados; os reis do Leste, povos asiáticos de além do Eufrates; o rei do Sul, poder ou coligação
de poderes do Norte da África. Deve ser acrescentado outro grande poder, em virtude de sua participação na
batalha; o Senhor e seus exércitos celestiais. Lutam entre si e contra Israel buscando poder global (Zc 12.2,3;
14.2), porém sua luta é particularmente contra o Deus de Israel (Sl 2.2; Is 34.2; Zc 14.3; Ap 16.14; 17.14;
19.11,14,15,19,21).

2.3 COMPARAÇÃOENTRE AS BATALHASDE “GOGUEE MAGOGUE”E DO


“ARMAGEDOM”
GOGUE E MAGOGUE ARMAGEDOM
Os aliados são nomeados (Jl 3.2; Sf 3.8; Zc 12.3) Todas as nações da terra unidas
Vem do Norte (Ez 38.6,15; 39.2) Vem do mundo inteiro
Vem para saquear (Ez 38-11,12) Nações se unem para destruir o povo de Deus
há um protesto contra a invasão de Gogue (Ez 38.13) Todas as nações unidas contra Jerusalém
Gogue é o líder da invasão (Ez 38.7) O Anticristo é o líder (Ap 19.19)
Os exércitos são derrotados pelas convulsões da Os exércitos são destruídos pela espada que sai da
natureza (Ez 38.22) boca de Cristo (Ap 19.15)
Os exércitos de Gogue são colocados em ordem no Exércitos são vistos na cidade de Jerusalém (Zc 14.2-4)
campo aberto (Ez 39.5)

O Senhor pede ajuda na execução dojulgamento sobre O Senhor é retratado pisando sozinho o lagar ond
Gogue (Ez 38.21) e
estarão reunidos os exércitos dos povos, e os esmagará
TABELA 39: Comparação das Batalhas de Gogue e Magogue e do Armagedom
FONTE: Próprios autores.

RESUMO DO CAPÍTULO
· Aprendemos os conceitos referentes a duas importantes batalhas apocalípticas: Gogue e Magogue
e Armagedom;
· vimos que se tratam de eventos diferentes, que ocorrerão em tempos distintos.
· Observamos as principais diferenças existentes entre as duas batalhas.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

182
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 9
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. O que significa o nome “Gogue” e a quem se refere?
2. Quais as nações que invadirão Israel na Batalha de Gogue e Magogue? Descreva a Batalha e como
terminará.
3. O que significa Armagedom?
4. Descreva a Batalha do Armagedom.
5. Quais os oito estágios da Batalha do Armagedom?

183
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

184
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO10
O GLORIOSORETORNODE CRISTO- SEGUNDA
ETAPADA SEGUNDAVINDA DE CRISTO

0
O
L
U
T

1
P
A
C

FIGURA 90: JESUS RETURN


FONTE: Disponível em: <http://www.ldolphin.org/Sadvent.html> . Acesso: 17 abr. 2012.

1. O GLORIOSORETORNODE CRISTO
1.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos acontecimentos futuros relacionados com
a “ManifestaçãoGloriosa do SenhorJesus”ou a “RevelaçãoVisível de Jesus
Cristo” – correspondente à sua Segunda Vinda em Glória.
Este será o evento mais emocionante da história humana que está por vir,
o clímax de toda a profecia. As palavras parecem inadequadas para descrever a
grandiosidade do que virá, pois as esperanças e sonhos de bilhões de pessoas
que colocaram sua fé em Deus, desde Adãoe Eva até o final do período da
tribulação culminam neste ponto.

1.2 O GLORIOSORETORNODE CRISTO


“Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim.
Amém.” (Ap 1.7)

A manifestação gloriosa de Cristo corresponde à sua Segunda Vinda em


Glória para a Terra e marcará o fim da Grande Tribulação. Da mesma forma
como Ele foi, assim voltará (At 1.11). Toda a natureza e a terra estarão em
convulsão (Lc 21.25-26), as nações em colapso estarão reunidas contra Deus
e o povo de Israel. Esse é o momento profetizado por Daniel nas Setenta
Semanas: a pedra cortada sem o auxilio de mão destruindo a estátua, isto é, os
reinos deste mundo– o poder gentílico mundial sob o domínio do Anticristo.
O fim da batalha do Armagedom será marcado pelo Glorioso Retorno de
Cristo. Quando Jerusalém estiver cercada pelos exércitos do Anticristo e aos
judeus não restar nenhuma saída, então só haverá um jeito: clamar a Deus por

185
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

socorro, purificados e arrependidos,reconhecerão Jesus como seu Messias eredentor prometido e o aceitarão
chorando (Is 4.3; 59.20-21; 60.21; Os 3.5; Zc 12.10-14), e clamarão “Baruch habá b’shem Adonai” como o
próprio Jesus profetizou em Mateus 23.39:“Pois eu lhes digo que vocês não me verão desde agora, até que
digam: ‘Benditoé o que vem em nome doSenhor’”.Chorarão pelo que fizeram com Cristo na sua primeira
vinda e se converterão (CABRAL, 1998, p.58).
Zacarias 12.10 fala do espírito de súplicas que será derramado sobre a casa de Davi:“E derramarei
sobre a família de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de ação de graças e de súplicas.
Olharão para mim, aquele a quem traspassaram, e chorarão por ele como quem chora a perda de
um filho único, e lamentarão amargamente por ele como quem lamenta a perda do filho mais velho.
Naquele dia muitos chorarão em Jerusalém, como os que choraram em Hadade-Rimon no vale de Megido.
Todo o paíschorará...” (Zc 12.10-12a)
Então haverá outra invasão, mas esta virá do céu: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava
assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama
de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão
ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de
Deus. E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua
boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o
que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este
nome: Rei dos reis, e Senhor dossenhores” (Ap 19.11-16).
Este é o momento que todo o universo aguarda! (Mt 24.30-31). Tito 2.13 chama este momento de“glorioso
retorno”ou ainda“manifestaçãogloriosa”.Será o retorno visível e físico de Cristo à terra, em contraste com
a “benditaesperança”(Tt 2.13), que foi o arrebatamento da igreja, ou a vinda de Cristo para os cristãos antes
do período da tribulação (corresponde à primeira etapa da sua Segunda Vinda) (LAhAYE e ICE, 2009, p.63).
Zacarias 14.3-5 profetiza essa intervenção divina sobreMonte
o das Oliveiras, em Israel:
“Depoiso Senhor

sairá
Monteà das
guerra contra aaquelas
Oliveiras, leste denações, comoe oelemonte
Jerusalém, faz em
sedia de batalha.
dividirá Naquele
ao meio, de lestediaa os seuspor
oeste, pésum
estarão sobre
grande vale,o
metade do monte será removido para o norte, a outra metade para o sul. Vocês fugirão pelo meu vale entre
os montes, pois ele se estenderá até Azel. Fugirão como fugiram do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá.
Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos”.(Zc 14.3-5)
O Monte das Oliveiras, o lugar exato de onde Cristo subiu ao céu, também será o local onde Ele descerá
gloriosamente. O Senhor fala a esse respeito em Mateus 24.27-30.
“Porque assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do
homem. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres. “Imediatamente após a tribulação daqueles
dias ‘o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão
abalados’. “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e
verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória.” (Mt 24.27-30).
Virá como justo guerreiro. Invencível. De acordo com Zacarias 14.4-5 e Apocalipse 19.11.-16, a Segunda
Volta de Cristo em glória ocorrerá juntamente com seus santos, seguido pelos exércitos no céu (anjos), vestidos
de linho fino, branco e puro e, à vista de todos. Essa aparição será pública:“... todo olho o verá...”.

Joel 3.2,12 fala que no Vale de Josafá o Senhor encontrará as nações inimigas de Israel. As nações reunidas
pelo Anticristo para combater e destruir Israel serão surpreendidas
pela vinda do Senhor. O Anticristo seencherá
de ódio e furor e convocará seus exércitos para combater contra Jesus (Ap 19.19). O Senhor sairá contra o Anticristo
como um fogo, e seus carros como uma tempestade (Is 66.15-16). Ele brandirá a sua foice, pois vem para limpar
a sua eira (Jl 3.13; Ap 14.17-18; Mq 4.12-13; Mt 3.12; Sl 110.5-6). Pisará o lagar da sua ira (Is 63.1-6). As forças
da natureza se levantarão contra o Anticristo e seus aliados (Ez 38.20) e, pela presença do Senhor, perderão suar
organização e ordem, e voltarão suas espadasuns contra os outros (Zc 14.13; Ez 38.21). Uma repentina destruição
chegará sobre o mundo, pois diante de Jesus toda a resistência será inútil (1 Ts 5.3; 2 Ts 1.8).
As passagens bíblicas indicam que naqueles dias muitosjudeus se converterão, porém haverá ainda judeus
rebeldes, e esses sofrerão o juízo de Cristo (Ez 20.33-38; Ml 3.1-5). (CABRAL, 1998, p.58).

186
ESCATOLOGIA BÍBLICA

O Anticristo e o Falso Profeta serão trazidos à presença de Jesus. Ele oscondenará sumária e imediatamente
ao lago de fogo e enxofre, não passarão pelo estado intermediário (2 Ts 2.8; Ap 19.20; Mt 25.41). Satanás, o
Dragão, também será preso. Será um anjo que cumprirá a ordem divina de prisão. Trará na mão a chave do
abismo (que Jesus havia dado ao próprio Diabo, conforme Ap 1.18; 9.1) e uma candeia (Ap 20.1-2). Então
Satanás será preso por mil anos no poço do abismo juntamente com todos os seus
“anjos”.O povo de Deus
estará presente nesse dia, cumprindo-se a profecia de Romanos 16.20, e então terá inicio o Milênio (BERSTéN,
2007, p.351).
O sol da justiça já terá raiado (Ml 4.1-3) e toda a humanidade reconhecerá que Jesus Cristo é o Senhor (Fp
2.11). As armas serão destruídas (Is 2.4; Mq 4.3) e os sobreviventes da luta voltarão para suas terras, sabendo
que Deus operou e pelejou por seu povo.
2. O JULGAMENTO DAS NAÇÕES;A RESSURREIÇÃO DOS SANTOS
2.1 INTRODUÇÃO
“Levanta-te, Senhor! Não prevaleça o homem; sejam julgadas as nações perante a face” tua (Sl 9.19).
Neste tópico abordaremos o Julgamento das NaçõesaeRessurreição dos Santos daTribulação e doAntigo
Testamento. A Bíblia mostra claramente que haverá vários julgamentos escatológicos, da mesma forma que
haverá várias etapas da
“primeiraressurreição”,os quais ocorrerão em momentos diferentes e com grupos
distintos.

2.2 O JULGAMENTO DAS NAÇÕES


“[...] reunirei todos os povos e os farei descer ao vale de Josafá. Ali os julgarei por causa da minha
herança, Israel, o meu povo, pois espalharam o meu povo entre as nações e repartiram entre si a minha
terra. [...] Movam-se as nações, e subam ao vale de Josafá; porque ali me assentarei, para julgar todas as

nações em redor.” (Jl 3.3,12)


Após aprisionar o Anticristo e o Falso profeta (Ap 19.20), o Senhor seguirá para“valede o Josafá”,onde
terá início o julgamento das nações que sobreviveram (Mt 25.31-46). Joel 2.31 afirma que esse julgamento
ocorrerá quando Judáe Jerusalém tiverem sua“sortetransformada”(Jl 3.1-2), antes do iníciodo Reino Milenial.
Está escrito que todas as nações estarão nele reunidas (Mt 24.32). Somente no julgamento final, diante
do Trono Branco é queresponderão isolados, pelos pecados cometidos individualmenteCo (14.5). Masno
julgamento das nações a humanidade será julgada de modo coletivo. Possivelmente virão à presença de Jesus
as autoridades constituídas decada nação.
No julgamento final, diantedo Trono Branco, serão julgados os pecados que se acharem nos livros (Ap
20.12). Porém, no julgamento das nações não se tratarão de pecados individuais, mas do modo de tratar
os menores irmãos do Senhor Jesus (baseados em Mateus 25.31-46). Isso se refere aos judeus que são os
irmãos de Jesussegundo a carne(Rm 8.5; Jo 1.11).Foram extremamente perseguidos durante a Tribulação,
humilhados, hostilizados e assassinados. Deus conhece quem tratou mal a seu povo (J 3.3, 6, 7; Ez 25.6, 7; Sf
1.8-18; Ob 9, 15).
Nesse julgamentoserão consideradas três classes de nações: ovelhas, bodes, eirmãos. Somenteas nações-
ovelhas e as nações-bodes seriam julgadas.
“Irmãos”diz respeito à nação de Israel, os irmãos de Jesus segundo
a carne.“Ovelhas”seriam os povos amigos, pacíficos eprotetores de Israel, e“bodes” os povos sanguinários
e antissemitas, os perseguidores de Israel, que seguiram e adoraram o Anticristo.
Severino P. da Silva (1988, p.118) cita essas três classes de nações:
a) “...As ovelhas” – os justos – ficarão ao“lado direito do Rei”.
b) “...Os bodes” – os ímpios – ficarão ao“lado esquerdo do Rei”.
c) “...os irmãos” – ficarão “diantedo Rei”.
A Bíblia não revela com detalhes a sentença que essa corte de justiça dará. Parece que decretará bênção
ou maldição sobre as nações, porém pouco é falado a respeito sobre esse julgamento nas Escrituras. Sabemos

187
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

que após a catástrofe do Armagedom e do caos generalizado sobre todo o mundo, quando mais de um terço
da humanidade terá perecido na guerra, é evidente uma reorganização total das nações e seus limites no mapa
político mundial (BERGSTéN, 2007, p.352-353; A.G. da SILVA, 1998, p. 56-57).

NOTA!
O julgamento das nações (gentios que ficaram vivos até o
final da Tribulação) não deve ser confundido com o Juízo
Final diante do trono branco, que terá lugar após o Milênio,

o qual serápela
precedido um segunda
julgamento dos mortos,
ressurreição no espaço,
e haverá só umaserá
classe:
dos ímpios (Ap 20.11-15). (S. P. da SILVA, 1988, p.118).

2.3 A RESSURREIÇÃO DOS SANTOS


Em Apocalipse 20.4-6, João vê a ressurreição dos santos da Tribulação. Sabemos através de Daniel 12.1-2
que todos os santos do Antigo Testamento também serão ressuscitados nesse tempo. Os cristãos da era da
igreja já terão sido ressuscitados no Arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-58; 1 Ts 4.13-18). à poderosa voz de
Jesus todos ressuscitarão com corpos glorificados (Ap 15.2; Jo 5.28). Unir-se-ão à igreja glorificada que desceu
do céu com Jesus e, juntos, governarão a terra pormil anos, sob a direção do Senhor.
A Tribulação terá terminado. Israel estará salvo. Todos se esforçarão para apagar os rastos e ruínas da
grande catástrofe mundial. Jesuse os santos governarão o mundo e reconstruirão as nações quesofrerão
amargamente através do regime autocrático do Anticristo.
Muitas pessoas argumentam que haverá apenas uma ressurreição no final de toda a história, baseadas
geralmente em João 5.28-29, mas isolam o texto do contexto e se esquecem de analisar outras passagens que
oferecem mais detalhes sobre as iferent
d es ressurreições. Apocalipse 20.5 chama
a ressurreição dos santos
da tribulação de primeira ressurreição e diz que o restante dos mortos (os descrentes) não reviveram até que
se completassem os mil anos.
Uma observação mais apurada das Escrituras deixará claro que a primeira ressurreição ocorrerá em etapas,
como já estudamos no capítulo três deste livro. há múltiplas primeiras ressurreições: a ressurreição de Cristo
após Sua morte, o arrebatamento da Igreja, a ressurreição dos santos da Tribulação, dos crentes do Antigo
Testamento, e a ressurreição dos crentes do Milênio. No entanto, haverá apenas “segunda
uma ressurreição”
de todos os descrentes de todas as épocas cujas almas estão no Sheol ou hades, que serão julgados no final
dos tempos no Juízo Final (BERGSTéN, 2007, p.354; LAhAYE e ICE, 2009, p.122).

RESUMO DO CAPÍTULO
· Aprendemos sobre o Glorioso Retorno de Cristo e os eventos a ele relacionados;
· estudamos o julgamento das nações (povos gentílicos), ou seja, o destino dos gentios que
sobreviveram o período da Tribulação.
· Falamos a respeito da ressurreição dos salvos da Tribulação e dos salvos do Antigo Testamento.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

188
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 10
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. Onde Cristo vo ltará?
2. Faça um resumo sobre os principais eventos relativos à volta gloriosa de Cristo.
3. O que acontecerá com Satanás após a Tribulação? Quais serão os primeiros habitantes do lago de fogo
e enxofre?
4. Como será o julgamento das nações?
5. Como será a ressurreição dos santos após a tribulação? Quem fará parte dessa ressurreição?

189
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ANOTAÇÕES

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO11
O MILÊNIO

O
L
U
1
1
T
P
A
C

FIGURA 92: YESHUA KADOSH


FONTE: Disponível em <http://fineartamerica.com/featured/yeshua-in-the-outer-court-bill-stephens.
html> Acesso em: 13 abr. 2012

1. O MILÊNIO
1.1 INTRODUÇÃO
“Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no
céu...”.A mais de dois mil anos cristãos de todo o mundo se proclama essa
oração ensinada pelo Senhor Jesus. Mas o que realmente estamos pedindo
com essas palavras?
Durante toda a história humana existiram muitos reinos, dinastias e
impérios, todos regidos por líderes humanos. Alguns foram espetaculares e
repletos de resplendor, outros terríveis, que massacraram e aterrorizaram
nações inteiras. Mas a Bíblia nos mostra que a história humana tem um reino
terreno futuro e glorioso, onde as orações dos cristãos serão respondidas e o
próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, a segunda pessoa da Trindade, reinará
e governará na terra durante mil anos. Assim será o Milênio. Este reino tão
esperado e pedido por milhões de orações do povo de Deus e muito aguardado
por Israel desde os tempos do Antigo Testamento.
Esse é sem dúvida um dos temas mais empolgantes e polêmicos da Bíblia.
Empolgante por nos informar como será o futuro, nos dando esperança de
uma vida realmente perfeita. Polêmico porcausa das grandes divergências
existentes entre os estudiosos da área quanto aotempo e a forma deste Reino.
Este capítulo mostrará qual a época e propósitosdo Milênio, os fatos e
aspectos a ele relacionados, além de mostrar qual a sua relação com Israel.
Bons estudos!

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1.2 O QUE É O MILÊNIO?


Como podemos imaginar a Terra daqui a mil anos? Ela tem sofrido muitos desgastes ao longo dos séculos:
superpopulação, guerras, poluição, desmatamento s, dentre tantos outros fatores provocados pelo homem.
Realmente é difícil imaginarmos anossa casa, o Planeta Terra, daqui a mil anos.
Muitos cientistas até dizem
que o planeta não resistirá tanto, porém nós temos uma esperança: a vida eterna, a qual não terá notícias
tristes e desagradáveis.
Porém, a Bíblia também nos relata que antes da eternidade haverá uma última e sétima dispensação,
um tempo denominado de“MILÊNIO”,o qual será marcado pela paz, abundância e prosperidade, um tempo
inigualável, uma época áurea, na qual o próprio Jesus virá reinar na Terra com poder e grande glória tal qual
nunca se viu igual (Isaías 2.2; Mt 19.28; Ef 1.9,10; Ap. 10.7; 11.15).
“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu
o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e
ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem.
E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-
lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e
pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas
testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não
reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem aventurado e santo
aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão
sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.” (Ap 20:1-6)
Portanto o “Reino Milenar” ou “Milênio” é o nome dado em escatologia para o maravilhoso período
de mil anos do reinado de Cristo sobre a Terra, durante o qual haverá paz, prosperidade e justiça, e que será
estabelecido antes do fim da história, antes da destruição do velho céu e da velha terra. Se formos procurar
numa concordância esta palavra especificamente, ficaremos frustrados, pois apesar de várias passagens
bíblicas ensinarem sobre o Milênio, o termo em si não é mencionado na Bíblia. é uma doutrina bíblica, um
conceito teológico derivado de várias passagens.
“O Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só
será o Senhor, e um só será o seu nome” (Zc 14.9).

NOTA!
A Palavra Milênio é um termo que no latim indica um
período de “mil anos”. Apocalipse 20.1-7 diz que Cristo virá
estabelecer seu reino na terra e aqui reinará durante mil
anos depois de sua segunda vinda.

Em Apocalipse 20 pode-se encontrar 6 vezes a expressão“mil anos” com uma significação especial. Este
termo provém do grego “chilliad” e do latim“millennium”, e aponta para ofuturo governo universal e terreno
a ser exercido pelo“Príncipeda Paz”.Nessa época o centro de adoração para todos os povos e nações da Terra
será a Capital religiosa do mundo: Jerusalém (Jr 3.17; Zc 14.14-21). (SILVA, 1988, p. 133).
Segundo o teólogo Severino Pedro da Silva (1988. .P134-135),“O Milênio será, de acordo com as Escrituras,
um tempo de restauração para todas ascoisas. [...]“Ao invés de pecado, a justiça encherá a terra; Satanás
terá sido amarrado (Ap 20.1-3), o Anticristo e o falso profeta terão sido lançados no ardente lago de fogo (Ap
19.20). Por conseguinte, a injustiça cederá lugar a justiça que esteve de luto durante o tempo sombrio da
Grande Tribulação; a violência à quietude, o ódio e a inimizade ao amor e à doce amizade e o mundo ficará em
descanso, sob o domínio daquele cujo poder se estenderá de mar amar e cujo reino trará alegria e tranquilidade
aos corações de todas as pessoas, que haverão de aclamá-lo como Senhor e*...}” Rei (SILVA, 1988, p. 134-135)
Isaías (700 anos a.C.) previu essa era futura:
“Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se
elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos
ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas

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ESCATOLOGIA BÍBLICA

veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor,de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá
muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma
nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.” (Is 2.2-4).

NOTA!
O Milênio é um período da história que precede a eternidade.
Nesse tempo Jesus será o foco de toda a criação, e Ele
reinará fisicamente sobre o mundo inteiro, com poder e

grande
a glória. Será um tempo maravilhoso em que a justiça e
paz prevalecerão.

Passagens do Antigo Testamento que falam sobre o Milênio: Salmos 2.6-9; Isaías 2.2-4; 11.6-9; 65.18-23;
Jeremias 31.12-14; 31-37; Ezequiel 34.25-29; 37.1-6; 40-48; Daniel 2.35; 7.13, 14; Joel 2.21-27; Amós 9.13, 14;
Miquéias 4.1-7; Sofonias 3.9-20 etc.
Passagens do Novo Testamento que falam sobre o Milênio: Mateus 5.1-20;19.27-30; 26.27-29; Marcos 14.25;
Lucas 22.18; 1 Coríntios 6.9-11; Apocalipse 20.
Somente Apocalipse fala da duração do Reino
Messiânico: mil anos.

CONCLUSÃO
Existem muitos pensamentos variadoscom relação ao milênio, e até alguns estudiosos quecreem que
jamais se cumprirá literalmente, surgindo assim diferentes pontos de vista ou interpretações quanto ao tema.
Muitos acreditam que o número 1000, que aparece em Apocalipse 20.1-10, é apenas simbólico e significa
apenas um longoperíodo de tempo. Tais interpretações serão estudas mais detalhadamente no próximo tópico.

2. PONTOSDE VISTA SOBRE O REINO MILENAR


2.1 INTRODUÇÃO
A Segunda Vinda de Cristo foi ensinada pelos apóstolos, a IgrejaPrimitiva acreditava nela, e tem sido
reconhecida por todos os credos e concílios da cristandade. Contudo, há pouco acordo sobre o tempo desse
acontecimento, o que gerou trêspontos de vista, teorias ou linhasde interpretação em relação ao Milênio.
São elas: amilenismo, pós-milenismo, pré-milenismo (histórico e dispensacionalista).

2.2 AMILENISMO
Representa um tempo ou reino simbólico. O prefixo “a” significa “não existente”.Isso quer dizer que os
amilenistas não creem num governo terreno de forma literal, mas sim um governo espiritual de Cristo e seu
povo no céu, durante esta dispensação, entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.
A expressão“mil anos”é em sentido figurado e designa um longo período de tempo em que os propósitos
de Deus vão serealizar e Apocalipse 20.1-10 é umadescrição da era da igreja. Esta vertente teológica começou a
ser ensinada na igreja desde o século IV promovido por Agostinho“emA Cidade de Deus”, e tem sido a posição
escatológica preferida da Igreja Católica pelos
últimos 1600 anos, queinterpreta o milênio como sendouma
experiência espiritual que já está em curso e o livro de Apocalipse é uma coletânea de experiências espirituais
do passado (SEVERA, 1999, p.442-446). Esta posição é ainda mantida por muitos católicos e alguns protestantes
reformados. Pode sertambém chamado de:amilenialismo, amilenarismo, ou ainda milenialismo concretizado
ou realizado por se tratar de um milênio já presente (ROLDAN, 2001. p. 95).
Para os amilenistas não haverá um governo político de Cristo sobre a terra e consideram que a prisão
de Satanás já ocorreu com a primeira vinda do Senhor, e esta prisão significa
“que Jesus restringiu o poder
de Satanás de modo que não pudesse impedir a difusão do Evangelho por entre as nações mundo”.
do Desta
forma, ao seu entender, Satanás já foi amarrado para não mais enganar as nações e por isso o Evangelho
pode ser pregado a todas as nações e povos e, assim, as pessoas estão sendo convertidas e libertas por Cristo,
formando um novo povo, a Igreja. As portas do inferno não prevalecem contra ela.

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Entendem que o reino milenar de Cristo com os santos é presente e desenvolve-se no céu. Cristo já reina
com os salvos, embora não de modo final. O reinado de mil anos não acontece na Terra, mas no céu, onde está
Jesus. Creem que da ascensão até a segunda vinda, tanto o bem quanto o mal coexistirão, e prosperarão, ou
seja, tanto o Reino de Deus quanto o de Satanás estão crescendo juntos. Satanás já está aprisionado, mas o
mal continua aaumentar. A Igreja é identificada como verdadeiro Israel espiritual
e a verdadeira herdeira das
promessas feitas à nação de Israel. Os que defendem este ponto de vista creem que após o presente período
do Evangelho na terra, Jesus retornará à terra fisicamente, com poder e grande glória, para julgar e assim dará
inicio à eternidade e não ao Milênio. O reino de Deus será então eterno e não limitado a mil anos, crendo assim
no eterno estado futuro– Nova Jerusalém (Is 9.7; Dn 7.14; Lc 1.33; hb 1.8; 12.28; 2 Pe 1.11).

Resumo das principais características do amilenismo (PRADO, p. 41):


· O Método de interpretação das escrituras é Alegórico.
· Negam o reinado literal de Cristo na terra.
· Não admitem o Arrebatamento.
· Creem que Satanás foi preso na primeira vinda de Cristo.
· O tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo é o cumprimento do milênio de forma espiritual,
Cristo reinando no coração do homem na terra e simultaneamente com os salvos no céu, e não
fisicamente. Ou seja, já estamos no milênio.
· Assemelha-se ao PÓS-MILENISMO crendo que Cristo retornará no final do milênio.
· Visão espiritualista das profecias bíblicas.
· Creem que a primeira ressurreição corresponde ao Novo Nascimento.

2.2.1 Implicaçõesdo Amilenismo


O que essa doutrina diz para nós? Crer assim nos leva a assumir que as profecias de Apocalipse 20 vão se
cumprir num sentido espiritual (interpretação alegórica) e não literal. A igreja substitui Israel. O reino espiritual
de Cristo está no coração dos crentes na terra e o reino literal de Cristo está no céu com os santos.
Além de mencionar oreino de mil anos,Apocalipse 20.5-6 trata de duas ressurreições. Para os amilenistas,
a “primeiraressurreição”pode representar ou o renascimento espiritual da pessoa salva, ou seja, a regeneração
(Jo 5.24; Rm 6.8-11, Ef 2.4-6; Cl 3.1-4), mas pode ser também uma espécie de ressurreição da alma para o céu
depois da morte física, no estado intermediário (Ap 6.9-11), e sobre estes não tem poder “segunda
a morte”,
que é a condenação eterna, pois já estão reinando com Cristo durante o estado intermediário. A segunda
vinda de Cristo será no final dos tempos e porá fim a este mundo (2 Pe 3.10; Lc 21.25-27), haverá então uma
ressurreição única para crentes e descrentes (Dn 12.2; Jo5.28-29; At 24.15), seguido do Juízo Final que também
será para todos (Ap 20.11-15; Mt 25.31-46). Depois disto a eternidade: céu e inferno. O maior problema do
amilenismo é que a Bíblia não o ensina, pois a Bíblia fala claramente sobre o retorno de Cristo em Apocalipse
19 e, em Apocalipse 20, ensina que Ele estabelecerá o seu reino sobre a terra por mil anos.
Segundo Tim Lahaye e Ed hindson (2010, p. 42-44), há falta de fundamentação bíblica e hermenêutica
consistente para esta teoria, pois para subsistir
precisa se afastar da hermenêutica literalda
e abordagem
histórica,
compreensãogramatical e contextual,
artificial e simbólicaem
dosdireção à alegorização ou espiritualização, baseando-se numa
mil anos.
O Novo Testamento não indica em momento algum que Satanás foi preso no passado. Apocalipse 20.1-3
mostra claramente que a prisão de Satanás é um evento futuro. Se Satanás estivesse preso como ele poderia
“habitar em Pérgamo”em Apocalipse 2.13? Como é possível ele ser um leão que ruge (1 Pe 5.8)?
Confunde Israel com a Igreja (teologia da substituição), negando que o moderno Estado de Israel tenha
qualquer relevância nos planos proféticos de Deus. O Novo Testamento não afirma em parte alguma que Israel
foi substituído pela Igreja, anteso apóstolo Paulo afirma:
“*...+ porventura, rejeitou Deus o seupovo? (Israel).
De modo algum” Romanos 11.1. A igreja é participante das promessas, mas não usurpa aspromessas de Israel.
O Amilenismo não consegue explicar porque atualmente não vemos nenhuma das bênçãos prometidas

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para o reino milenar, pois tais condições


previstas na Bíblia somente irão ocorrer
com a intervenção de Cristo na sua segunda
vinda.

3. PÓS-MILENISMO
O Evangelho e progresso em prol
do paraíso.O prefixo “pós” significa
“depois”. Também conhecido como “pós -
milenarismo”,“pós-milenialismo”.Surgiu no
século XVI com os puritanos na Inglaterra,
mas seu momento de esplendor foi no FIGURA 94: AMILENISMO; FONTE: G RUDEM, 1999, p. 946; e m 23.abr .2012
avivamento do século XIX, caindo depois
em colapso. De acordo com este ponto de vista, Cristo voltará somente após o milênio. Os pós-milenistas
defendem que através da pregação do Evangelho a maior parte do mundo será cristianizado e submetido a
Cristo e, somente então, Ele retornará em poder e grande glória. Assim como os amilenistas, também negam o
reino literal de Cristo na terra após sua vinda e afirmam que todas as promessas feitas a Israel serão cumpridas
na igreja, ou seja, o governo por intermédio da igreja.
Entendem que as profecias de Daniel, Mateus 24 e a maior parte do Apocalipse já se cumpriram e
encontram fatos históricos para forçar a comprovação de suas conclusões quanto às profecias. Portanto, há
semelhanças entre o amilenismo e o pós-milenismo, pois ambos creem no reino de Deus têm lugar na presente
era e não de forma literal. A diferença é que para os pós-milenistas este reino não está apenas nos corações,
mas produz impactos na sociedade trazendo assim o reino de Deus para a Terra através da regeneração da
sociedade cristianizada.

Resumindo, as principais características do pós-milenismo são (PRADO, p. 41):


· O Método de interpretação das Escrituras é Alegórico, não literal, aplicando à igreja as promessas
direcionada s a Israel.
· Creem qu e o milênio não será necessariamente mil anos, mas sim um perío do de anos muito extenso,
não creem nos mil anos de forma literal.
· Creem que já estamos passando pelo período milenar, mas não sabem dizem quando começou, mas
que se encerrar á com a segunda vinda de Cristo a es te mundo.
· Creem no Evangelismo mundial onde a maior parte dos habitantes do planeta se converterá ao
cristianismo, não sendo de uma forma total, mas em grande número, gozando assim de todas as
bênçãos de saúde, paz, prosperidade e justiça de Deus, e isto na presente era.
· Não aceitam o arrebatamento da igreja.
· O Reinado acontece de forma espiritua l onde Cristo reina no coração do homem .
· Praticamente ignora Apo calipse 20.1 -7.

3.1 IMPLICAÇÕES DO PÓS-MILENISMO


é a posição menos popular atualmente, embora no passado grandes teólogos a defendessem, como
John e Charles Wesley, Charles Finney, Jonathan Edwards, W. D. G. Shedd, Charles hodge, A. h. Strong e B.
B. Warfield, entre outros. Em sua maioria expoentes no grande avivamento que ocorreu na Inglaterra e na
Europa no século XIX, o que gerou uma grande esperança e expectativa de mudança de uma sociedade mais
justa com a pregação do Evangelho. Esta foi a posição defendida pelas Confissões de Augsburgo e Westminster.
Segundo Wayne Grundem (1999, p. 948), “A crença no pós-milenismo tende a aumentar em épocas em que
a igreja experimenta grandeavivamento”.Com os resultados catastróficos das duas guerras mundiais, da
grande depressão e o aumento assolador da decadência moral ocorrida no século XX, esta teoria entrou em
decadência e seus adeptos quase desapareceram ou migraram para o amilenism o.

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Os q ue aceitam este ponto de visão entendem que o milênio será um período que o Evangelho ser á
pregado em todas as nações, as quais terão como base da lei social os princípios éticos da Palavra de Deus. A
tecnologia irá continuar a se desenvolver, mas aliada a base cristã, oferecerá solução aos males que assolam a
humanidade, produzindo uma restauração total, inclusive da natureza. é o poder do Evangelho para transformar
vidas e mudar o mundo! Uma forma mais recente de pós-milenialismo relaciona-se com o humanismo e
evolucionismo, caracterizada por uma visão otimista que entende que o mundo está num processo de melhora
(ROLDAN, 2001, p. 93). A igreja estabelecerá o reino na terra antes da volta de Cristo (Mt 13.31-33; 28.18-20) e
a segunda vinda do Senhor se dará somente após o milênio, ou seja, após o período de pregação do evangelho
no mundo, então Jesus virá para encerrar a história e iniciar a eternidade, ressuscitando os mortos (crentes e
não crentes), irá julgá-los e dar o destino eterno: céu ou inferno.
Segundo Tim Lahaye e Ed hind son (2010, p. 342-343), as principais dificuldades na inter pretação pó s-
milenista são:
1. O afastamento da expectativa da volta imin ente de Cristo, o q ue se op õe ao en sino bí blico. Para os
pós-milenistas a volta de Cristo fica afastada para mui to lon ge, só para depois desse longo perío do d e
glória do Evangelho que ainda não chegou, o que prejudica o ensino bíblico que diz que precisamos
estar vigilantes por causa da volta
repentina do Senhor.
2. O otimismo com triunfo do
Evangelho não se harmoniza com
o ensino bíblico, onde a rejeição
do Evangelho, a apostasia e
perseguições aos cristãos não
pararam e parecem antes
aumentar, pois nunca na história
foram mortos tantos cristãos
como na atualidade e tal fato
tende a continuar até o fim dos FIGURA 95: PÓS-MILENISMO
tempos. FONTE: GRUDEM, 1999, p. 947.

4. PRÉ-MILENISMO
Antes do paraíso, um reino paradisíaco.O prefixo “pré” significa “antes”.Todas as formas de pré-milen ismo
fazem uma interpretação literal de Apocalipse 20.1-10, ou seja, haverá realmente um reino messiânico na terra,
que será implantado logo após a segunda vinda de Cristo (Apocalipse 19.11-21). Cristo retornará corporalmente
no final da Era da Igreja e estabelecerá um reino físico na terra por mil anos. Neste reinado terreno do Messias
e Rei, todas as promessas e alianças de Deus a Israel serão cumpridas de forma literal, sendo este um reino
de paz, prosperidade e justiça para todos (Mt 5.3-10). Portanto, este governo será terrestre, teocrático, com
sede em Jerusalém, Cristo reinará como Rei.
Também concordam com a visão de que Satanás será preso por mil anos e será solto no final deste reino,
quando fará guerra contra Cristo e seus santos e o Senhor o derrotará pela última vez e a seus seguidores,
provando assim que Cristo será o Rei Eterno e que nem mesmo Satanás e todas as suas forças poderão lhe
roubar o reino. Assim Cristo entregará todo o poder a Deus, e se fundirá num reino eterno, cumprindo todas
as profecias de um reinado eterno, tal como prometeu a Davi (Sm 7.12-14; Is 9.7; Dn 7.14).
O pré-milenismo tem suas srcens na Igreja Primitiva (s éculos I a III). Era conhec ido como “chiliasmo”
e é a mais antiga das três interpretações, contando não só com a autoridade dos apóstolos, como também
com o apoio dos pais da Igreja, os quais defenderam essa visão: Papias, Irineu (170), Justino Mártir (150),
Tertuliano, hipólito etc.
Os outros dois pontos de vista se desenvolveram em reação ao pré-milenismo, após o concílio de Nicéia.
Essa era a visão predominante na Igreja Primitiva entre os primeiros e ortodoxos pais da Igreja. Segundo J.C.
Ayer (apud LAhAYE, hINDSON, 2010, p. 342): “O cristianismo primitivo foi marcado por um grande entusiasmo
pelo chiliasmo*...+”.Os primeiros cristãos acreditavam quechiliasmo
o , ou seja, a volta de Jesus e implantação

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do seu reinoterrestre, seria um evento imediato. A esperança da volta de Cristo, para o estabelecimento do seu
reino, lhes deu força suficiente para resistirem às
perseguições. Apesar disso, muitos estavam esmorecendo,
por isso também Deus deu a João as revelações do Apocalipse, para que lhes servisse de conforto e esperança.
Que esperança teriam seas profecias apocalípticas fossem entendidas apenasspiritualmente,
e excluindo o
fato de que Cristo voltaria para por fim as perseguições? Interpretando Apocalipse de forma literal, não teriam
os cristãos incorrido em erro, e Deus não estaria dando esperanças falsas? (FERRAZ, 1995, p. 18).
é evidente queo Milênio foi corretamente interpretado pelos cristãos primitivos e, com tal esperança,
fizeram resistência aoImpério. Tal resistência fez com que cristianismo
o fosse finalmente aceito por
Constantino
no século IV. A suposta conversão de Constantinooetérmino dasperseguições fizeram os cristãos reverem seus
conceitos
recusandosobre o milênio. éda
a interpretação claro queoficial
Igreja muitosbaseada
cristãosno
semantiveram fiéis à interpretação
método alegórico de Orígenes. Aliteral do milênio,
primeira pessoa a
interpretar simbolicamente os mil anos foi Gaio (ou Caius) (Século III) em oposição ao pré-milenismo. Ele
também rejeitou o livro do Apocalipse e dizia que não deveria fazer parte do Cânon.
Somente após a reforma o pré-milenismo voltou a ganhar força, isto porque os reformadores voltaram
a enfatizar o método literal de interpretação das Escrituras, embora eles
próprios tenham recusado a crença
em um Milênio literal. Entretanto, o pré-milenismo nunca deixou de existir. Em toda a história da Igreja cristã
sempre houve homens que defenderam com suas vidas essa doutrina.
Recentemente o pré-milenismo tem recebido a atenção de homens de reconhecido saber teológico,
autoridades bíblicas e comentaristas de renome.
homens como o calvinista Johann heinrich Alsted (1588-1638),
o anglicano Joseph Mede(1586-1638), J. h. Bengel,Issac Newton, Joseph Priestley, Edward Irving(1782-1834)
,
J.N. Darby(1800-1882), W. E. Blackstone, James hall Brooks, G. Campbell Morgan, h. A. Ironside, henry
Moorhouse, D. L. Moody (1837-1899), A. C. Gaebelein, C. I. Scofiel, C. h. Mackintosh, William Kelly, F. W. Grant
e muitos outros.
Resumo das principais características do pré-milenismo de formageral (PRADO, p. 42):

· O Método de interpretação das escrituras é Literal.


· O Reinado de Cristo acontece literalmente aqui na terra estabelecido no segundo advento de Cristo,
após a batalha do Armagedom, no final da grande tribulação.
· Cristo é bem presente neste reinado onde estará governando a todas as nações, sendo ele um Rei
não somente de uma pessoa, mas sim de todo o planeta.
· O Reinado de Cristo será estabelecido de forma dramática através de uma grande guerra contra
todas as nações da terra, sendo o oposto do Pós-milenismo e amilenismo, quecreem num reinado
conquistado paulatinamente.
· O reino será restabelecido a Israel, e Cristo será Rei para sempre. Atos 1:6
A maioria dos pré-tribulacionistas também acredita que o retorno de Cristo será precedido pela
septuagésima semana (de anos) de Daniel (Dn 9.27), que inclui a Grande Tribulação de sete anos. O motivo da
discórdia neste ponto de vista está na questão de quandoIgreja
a será arrebatada: antes (pré-tribulacionis tas),
durante (mesotribulacionistas
) ou depois (pós-tribulacionistas) daGrande Tribulação. Basicamente, podem-se
encontrar dois tipos depré-milenismo: O histórico (ou Clássico)oe Dispensacionalista (ou pré-tribulacionista).

4.1 PRÉ-MILENISMOHISTÓRICOOU CLÁSSICO


Esta foi a posição dominante entre os pais da Igreja (e por isso mesmo chamado de histórico ou clássico),
entre o segundo e o quarto séculos da era cristã, por entenderem que assim estavam defendendo a ortodoxia
cristã, ou seja, a doutrina correta e bíblica. Irineu foi um dos seus principais defensores. Este tipo de pré-
milenismo perdurou até a metade do século XIX, quando Darby apresentou seu sistema dispensacionalista o
que fez surgir então o pré-milenismo dispensacionalista (ROLDAN, 2001, p. 90).
Essa escola de escatologia coincide com o pré-milenismo dispensacionalista no sentido de interpretar
literalmente o Milênio de Apocalipse 20.1-10, porém tem sérias diferenças com seus outros postulados. A
principal distinção entre os dois tipos de pré-milenismo é a distinção que ambos fazem a respeito da Igreja e

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de Israel. O pré-milenismo histórico considera a Igreja como verdadeiro Israel espiritual de Deus. O Reino de
Deus se concretiza presentemente na Igreja, embora os judeus ainda venham a ter um tempo de participação
especial na história da salvação, convertendo-se e fazendo parte da Igreja. Para o pré-milenismo histórico não
há “arrebatamentosecreto”antes da segunda vinda e a ela (a igreja) passará pela Grande Tribulação, pois
entendem que antes do retorno de Cristo se manifestará o mistério da iniquidade, em cumprimento a predição
do apóstolo Paulo em 2 Tessalonicenses 2, o que para estes intérpretes corrige a iminência do evento de 1
Tessalonicenses 4.13.
Segundo este ponto de vista (GRUDEM, 1999, p. 948-949), a dispensação atual da igreja irá continuar até que
venha um grande período de Grande Tribulação e sofrimento. Após este período, no final da era da igreja, então Cristo
voltará à terraosestabelecer
Na sua volta, umtiverem
crentes que reino milenar.
morrido
serão ressuscitados e terão o corpo reunido
ao espírito e, esses crentes, reinarão com
Cristo sobre a terra por mil anos, tempo no
qual Cristo estará fisicamente presente sobre
a terra em seu corpo ressurreto e dominará
como Rei sobre toda a Terra. Tanto os crentes
ressuscitados quanto os que tiverem sobre a
terra quando Cristo voltar receberão o corpo
glorificado da ressurreição, o qual jamais
morrerá, e é neste corpo que viverão sobre
a terra e reinarão com Cristo. Quanto aos
incrédulos que estiverem sobre a terra, muitos
se converterão a Cristo, porém nem todos.
FIGURA 96: PRé-MILENISMO CLÁSSICO OU hISTÓRICO
Aqueles que se converterem serão salvos e FONTE: GRUDEM, 1999, p. 948.
Jesus reinará em perfeita justiça e paz.

4.2 PRÉ-MILENISMODISPENSACIONALISTA
é a corrente teológica mais recente referente ao Milênio e largamente difundida nosmeios evangélicos.
Também é conhecido como pré-milenismo pré-tribulacionista . Conquistou popularidadenos séculos XIXe XX,
em especial no Reino Unido e nos Estados Unidos, e também é amplamente difundido em nosso contexto latino
americano. Veio do pré-milenismo histórico, porém foi sistematizado e propagado a partir da teologia de John
Nelson Darby e dos irmãos Playmouth sobre as dispensações bíblicas (o dispensacionalismo). (ROLDAN, 2001,
86). Dentre ascaracterísticas do dispensacionalismo está hermenêutica
a literal, separando historicamente e
hermeneuticamente Israel da Igreja. Quando Israel rejeitou Jesus, também rejeitou seu reino. Mas promessas
as
de Deus referentes a esta nação irão se cumprir no devido tempo estabelecido por Deus.
Dentro do terreno escatológico, odispensacionalismo afirma quea Segunda Vinda de Cristo acontecerá
em duas etapas: a primeira delas, chamada de“arrebatamento”ou “raptoda igreja”,significa que a igreja será
tomada por Jesus Cristo a fim de ser levada ao céu, em cumprimento das predições do apóstolo Paulo em 1
Tessalonicenses 4.13:
“Porquantoo Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor
nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o
Senhor” (1 Ts 4.16-17).
Esta primeira volta será para a Igreja, não para o mundo. A segunda etapa da segunda volta Cristo se
revelará para o mundo. Na prática são duas segundas vindas: uma para a igreja (secreta), outra para o mundo
(pública).
Este ponto de vista é parecido com o pré-milenismo histórico, porémcom uma importante diferença:
acrescenta outra volta de Cristo antes de sua vinda para reinar sobre a terra no Milênio. Essa volta é vista
como um retorno secreto de Cristo para tirar os crentes do mundo “arrebatamento”
no ou “rapto da igreja”.
Segundo Grudem (1999, p. 949-951), a era da igreja continuará até que de repente e de maneira
inesperada e secreta, Cristo chegará a meio caminho da terra e chamará para si os crentes conforme o texto

198
ESCATOLOGIA BÍBLICA

de 1 Tessalonicenses 4.16-17. Cristo então irá retornar ao céu com os crentes arrebatados na terra. Quando
isso acontecer, na terra haverá um período de sete anos de tribulação, onde muitos sinais preditos quanto à
volta de Cristo irão ocorrer.
Mesmo em meio a grande so frimento dest e período, chamado de “Grande Tribulação”,muitos irão aceitar
Cristo. Após este período, Jesus voltará e aí sim tocará a terra, e reinará por mil anos. No final do Milênio
haverá uma rebelião e Satanás e suas forças serão derrotadas e então virá a ressurreição dos incrédulos, o
juízo fin al e enfim a eternidade.
Outras características do pré-milenismo pré-tribulacionista (GRUDEM,1999, p. 949-951):

· TInterpreta
estamentoliteralmentes aasIsrael.
referente profecias bíblicas sempre qu e possíve l, inclusive as profecias do Antig o
· Essa po stura distingu e claramente a Igreja e Israel.
· O po vo jud eu converte-se após a retirada da igreja do mund o, no evento conhe cido com o Ar magedo m,
quando clamarão pelo Senhor Jesus.
· Afirma que as profecias futuras de bênção de Deus a Israel ainda irão se cumprir entre o próprio
povo judeu.
· P ro fe c i a s n ã o d e v e m s e r
espiritualizadas, tentando ver o
cumprimento na igreja.
· Como o arrebatamento será um
evento inesperado, os cristãos
são incentivados a estar prontos
e vigilantes para a volta de Cristo.

· Admite o cumprimento literal


dos sinais que precedem a volta
de Cristo.
· Cristo introduziu a igreja no
mundo como um “parêntesis”
até que se complete o tempo
dos gentios, quando então o T = Tribulação
reino voltará a ser anunciado aos FIGURA 97: P Ré-MILENISMO DISPENSACIONALIST A
FONTE: GRUDEM, 1999, p. 946.
judeus e estabelecido na terra.

4.3 MOTIVOSPARA ACEITARO PONTO DE VISTA PRÉ-MILENISTA


DISPENSACIONALISTA
há muitos motivos para que se aceite o ponto de vista pré-milenista do retorno do Nosso Senhor à terra.
Dentre as evidências, Clar ence Larkin (apud B ÍBLIA DE ESTUDO PROFéTICA, 2005, p. 1268) cita:
· Quando Cristo vier, Ele separará “joio” do “trigo”, mas, como o Milênio é um tempo de justiça
universal, a separação do“joio” do “trigo” precisa ocorrer antes dele. Portanto, não pode haver
Milênio ante s que Cristo venha (Mt 1 3.40-43);
· Quan do Cristo vier, Satanás será preso, mas, como Satanás deverá estar preso durante o Milên io,
não poderá haver Milênio antes que Crist o venha (Ap 20.1-3);
· Quando Cristo vier, o Anticristo será destruído, mas, como o Anticristo virá antes do Milênio, não
poderá haver Milênio até que Cristo venha (2 Ts 2.8; Ap 19.20);
· Quando Cristo vier, os judeus serão restaurados à sua terra, mas, como eles serão restaurados à sua
terra antes do Milênio, não poderá haver Milênio até que Cristo venha (Ez 36.24-28; Ap 1-7; Zc 12.10);
· Quando Cristo vier, será inesperadamente, e fomos ordenados a vigiar para que Ele não nos pegue

199
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

desprevenidos. Então, se Ele não virá senão


depois do Milênio, e o Milênio ainda não
chego u, por que fomo s ordenados a permanecer
vigilantes em relação a um evento que está a
mais de mil anos adiante?
Estas são apenas algumas razões pelas quais devemos
esperar a vinda de Cristo antes do Milênio. Depois que NOTA!
Satanás for preso, Cristo irá governar conosco, seus Há basicamente três visões sobre o
santos, por mil anos. Apocalipse 19 deve ser interpretado
Milênio– o pré-milenismo, o pós-
literalmente com as regras da h ermenêu tica. milenismo e o amilenismo.
4.4 ORDEM DOS EVENTOS
Segue um quadro par a que você possa compreender melho r os dois segmentos do pré-milenismo e a
sequência dos fatos em cada uma destas linhas teológicas:
PRÉ-MILENISMO
Pré-milenismo histórico ou Clássico Pré-mile nismo Dispensacionalista
Pré-milenismo e pós-tribulacionismo Pré-milenismo e pré-tribulacionismo
A época presente da Igreja – também é a época da A época presente da igreja – também é a época da
evangelização e da apostasia (abandono da fé) de evangelização e da apostasia (abandono da fé) de
algumas pessoas (2 Ts 2.1-3; 1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1-5). algumas pessoas (2 Ts 2.1-3; 1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1-5).
A Grande Tribulação de sete anos – ascensão do O arrebatamento da igreja – primeira ressurreição
Anticristo (2 Ts 2.1-4) e perseguição da Igreja até a (salvos) e o arrebatamento da igreja – Cristo vem nos
segunda vinda (Mt 24.15-28; Ap 7.13-17). ares “PARA” a sua igreja (1 Co 15.50-57; 1 Ts 4.13-18;
A volta de Cristo – primeira ressurreição (salvos) Ap 3.10).
e o arrebatamento da igreja – Cristo virá “PARA” a A Grande tribulação de sete anos – ascensão do
sua Igreja, nos ares (1 Co 15.50-57; 1 Ts 4.13-18) e, anticristo que apoiará Israel na metade do período,
imediatamente, desce “COM” a sua igreja à terra (Zc mas perseguirá o pov o escolhido de Deus na outra
14.1-5; 2 Ts 2.8) – e trava a batalha do Armagedom (Ap metade desse tempo (2 Ts 2.1-4; Dn 9.24-27).
16.16; 19.11-21). A volta de Cristo – Cristo virá “COM” a sua Igreja (Zc
A implantação do Milênio – Satanás é aprisionado no 14.1-5; 2 Ts 2.8), e vencerá a batalha do Armagedom
abismo (Ap 20.3, 7-9). (Ap 16.16; 19.11-21).
O fim do Milênio – soltura de Satanás e rebelião das A implantação do Milêni o – Satanás será aprisionado
nações (Ap 20.2,7-9). no abismo e Cristo reinará literalmente na terra c om
A derrota final de Satanás – segunda ressurreição ajuda dos salvos (Ap 20.1-6).
(ímpios) e julgamento final (Ap 20.5,10-15). O fim do Milênio – soltura de Satanás e rebelião das
O estado eterno (Ap 21 e 22) nações (Ap.3,7-9).
A derrota final de Satanás – segunda ressurreição
(ímpios) e julgamento final (Ap 20.5, 10-15).
O estado eterno (Ap 21 e 22).
A principal diferença é que para o pré-milenismo histórico não há arrebatamento antes da segunda vinda
e a igreja passará pela grande tri bulação. A principal diferença do pré-m ilenismo dispensacionalista é uma
distinção clara entre a Igreja e Israel.
TABELA 40: COMPARAÇÃO ENTRE OS PONTOS DE VISTA PRÈ-MILENIST AS
FONTE: OLIVEIRA, 2010, p. 89.

4.5 O REINADO DE CRISTO É ALEGÓRICOOU LITERAL?


Há muitos pensamentos divergent es quanto ao período de m il anos descrito em Apocalipse 20. O que
realmente representa? é um reinado alegórico ou literal? Trata-se de Cristo reinando no coração do homem,

200
ESCATOLOGIA BÍBLICA

ou o texto precisa ser tratado de forma literal, ou seja, Jesus virá reinar realmente na terra? Analisando as
profecias bíblicas que se cumpriram até o presente momento, podemos ver que as Escrituras devem ser
interpretadas literalmente:
Estes são apenas alguns exemplos de profecias que se cumpriram literalmente:
EVENTO PROFECIA CUMPRIMENTO
Uma virgem daria a luz a um filho Isaías 7:14 São Mateus 1:23
O cativeiro no Egito por 400 anos Gênesis 15:13 Êxodo 12:40
(o cativeiro começou depois de 30 anos )
O cativeiro babilônico por 70 anos Jeremias 25:1-11 Daniel 9:2
A fuga de José e Maria com o menino Jesus para o Egito Oséias 11:1 São Mateus 2:15
João Batista pregando no deserto Isaías 40:3 São Mateus 3:1-3
TABELA 41: COMPARAÇÃO ENTRE OS PONTOS DE VISTA PRÈ-MILENIST AS
FONTE: PRADO, Edson. Apostila Estudos de Escatologia. Disponível em: <http:/www.palavraviva.org.br>. Acesso em: dez. 2011.

Nos anexos apresentamos um q uadro que m ostra as profecias qu e se cum priram literalmente em Jesus
e seu ministério terreno. Será que temos motivo para duvidar da literalidade das profecias bíblicas? Estas
profecias não ocorreram de maneira alegórica, mas aconteceram realmente como os profetas haviam previsto.
Deus já nos deu muitas provas de profecias cumpridas, isso porque sua palavra não “cair
podepor terra”.O
que Ele falou, Ele cumprirá. Desta forma porque deveríamos duvidar dos acontecimentos futuros preditos
nas profecias bíblicas?
Segundo Dr. John Walvoord (apud LAhAYE, hINDSON, 2010, p. 3 43): “... o maior desafio teológico do
futuro imediato será o problema hermenêutico de não se interpretar a Bíblia de forma literal, especialmente
as passagens proféticas.”Tal qual a Igreja Primitiva, amilenistas e pós-milenistas muitas vezes começam a
explicar suas posições com um ataque ao pré-milenismo. Porém, uma natural, literal e detalhada exposição das
Escrituras pode demonstrar que a Bíblia ensina o pré-milenismo. Uma teologia sólida precisa ser desenvolvida
a partir da própria Bíblia, pois não há confusão nas Escrituras, mas elas apresentam apenas um ponto de vista.
O amilenismo e o pós-milenismo não são encontrados em nenhuma parte, mas o pré-milenismo é percebido
ao longo de toda a Bíblia, e traz harmonia a todo o seu conteúdo.
Por exemplo, há uma grande diferença entre Israel e a Igreja. O objetivo de Deus com Israel nação é um,
com a Igreja é outro totalmente diferente. Deus prometeu a Davi que seu filho iria estabelecer o reino, sendo
rei para sempre (2 Sm 7.12-14); os apóstolos perguntaram a Jesus quando iria restaurar o reino de Israel de
acordo com a promessa de Deus a Davi (At 1.6-7), e a resposta do Senhor foi que aquele não era o tempo
estabelecido por Deus, sendo assim, podemos entender que os apóstolos criam num reinado de Cristo de
forma literal, e o próprio Senhor demonstrou a mesma coisa, porém disse que o tempo não era aquele, mas
também não disse que 2 Samuel 7.12-14 não se cumpriria. Assim, o reino de Cristo no Milênio será nesta terra,
mais precisamente em Jerusalém, onde Davi reinou. A profecia não se cumpriu em Salomão, pois seu reino
foi temporal, mas se cumprirá em Jesus Cristo.

NOTA!
Ninguém perderá a salvação por acreditar em outra posição
sobre o Milênio. Há pessoas sérias e dedicadas que possuem
concepções pré-milenistas, pós-milenistas e amilenistas.
Devemos respeitar o ponto de vista de cada um e repudiar
qualquer atitude que leva à falta de respeito e à intolerância. O mais importante é
que ao final Satanás será finalmente derrotado e os salvos já fazem parte no reino de
Deus (1 Pe 2.9; Cl 1.13) e, por meio de Cristo, já são mais que vencedores (Rm 8.37)
(OLIVEIRA, 2010, p. 90).

201
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

5. ÉPOCA E PROPÓSITODO MILÊNIO


5.1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos a respeito da necessidade do Reino Milenar, a época e algumas ilustrações
sobre o tema. Falaremos a respeito principalmente dos propósitos desses mil anos de paz, onde Deus cumprirá
as profecias referentes a Israel propostas no Antigo Testamento e mostrará ao homem como é bom viver sob
o governo e autoridade de Cristo. Bons Estudos!

5.2 O CLAMOR DA CRIAÇÃO


Essa época áurea também é ansiosamente aguardada pelo povo de Israel (Lc 2.38; At 1.6-7): Jesus não
lhes tirou essa esperança, apenas não lhes revelou o tempo do seu cumprimento, e é justamente este fato
que lhes impulsiona a retornarem à sua pátria: Israel.
Além disso, toda a criação aguarda também este tempo para sua libertação das consequências do pecado
a que ficou sujeita desde a queda do homem.
“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação
ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que
também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos
de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E
não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.19-23).
Neste texto, o apóstolo Paulo ensina que toda a criação foi afetada pelo pecado, e não somente o homem.
Por causa do pecado, houve deterioração da criação, desarmonia, inimizade, desequilíbrio, omente
não s no
relacionamento entre Deus e o homem e seus semelhantes, mas também o universo sofreu danos tais como

o surgimento de furacões,terremotos, secas, inundações, pragas, frio ou calor excessivo etc.


5.3 A ÉPOCA DO MILÊNIO
há muitos que afirmam que o Milênio terá início antes da vinda de Jesus, sendo que a Bíblia ensina que
será depois. Compare Apocalipse 19.11-16 (volta de Jesus), com Apocalipse 20.1-6 (o Milênio, após a volta de
Jesus). Além disso, não encontramos na Bíblia nenhum aviso de Jesus para esperarmos pelo Milênio e, sim,
esperarmos pela sua pessoa, ou seja, pela sua vinda.

5.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS


· A prisão de Satanás no início do Milênio (Apocalipse 20.1-3);
· a Restauração final de Israel, que vai incluir:
· regeneração (Jr 31.31-34);
· reajuntamento (Dt 30.1-10; Is 11.11-12.6; Mt 24.31);
· posse da terra (Ez 20.42-44; 36.28-38);

· restabelecimento do Trono de Davi (2 Sm 7.11-16; 1 Cr 17.10-14; Jr 33.17-26).


· O Reino de Jesus Cristo (Is 2.3-4; 11.2-5);
· a soltura de Satanás e sua rebelião final, no fim do Milênio (Ap 20.7-10);
· o Julgamento do Grande Trono Branco e a segunda ressurreiçãoou o julgamento dos descrentes
mortos (Ap 20.11-15).

5.5 PROPÓSITOS DO MILÊNIO


Jesus mostrou quais os propósitos do seu Reino, a lei que o governaria seria uma lei superior: o Sermão
do Monte (Mt 5 e 7). há uma série de propósitos que serão cumpridos no Reino Milenar:

202
ESCATOLOGIA BÍBLICA

a) fazer convergir em Cristo todas as coisas, isto é, toda a criação – O pecado trazido pelo diabo trouxe uma
série de malefícios a toda acriação: desunião, divergências, desagregação em tudo e em todos os lugares,
o que afetou não só o ser humano, mas toda a criação divina criada em sua srcem para ser perfeita. O
diabo não parou de trabalhar sequer um minuto com suas hostes malignas visando destruir o homem
e tudo o que Deus fez de bom, mas durante o Milênio ele e seus anjos serão aprisionados pelo Senhor
durante mil anos e a criação terá descanso. Efésios 1.10 diz:“De tornar a congregar em Cristo todas as
coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus co mo as que estão naterra”.
b) Estabelecer a justiça e a paz na Terra – Toda rebelião contra Deus será eliminada. 1 Coríntios 15.24-28:
“Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último
inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas,
quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas
as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.24-28)
c) Fazer convergir nele (o Milênio) todas as alianças da Bíblia – Efésios 1.10 fala sobre a“Plenitude
dos Tempos” – Serão cumpridas as promessas: da provisão de terra da Aliança Abraâmica;de Rei/
Trono da Aliança Davítica; de bênçãos materiais/espirituais prometidas a Israel na Nova Aliança, à
medida que Israel é reunido e restaurado. (Isaías 2.2; Mt 19.28; Ef 1.9,10; Ap. 10.7; 11.15).
d) Fazer Israel ocupar toda a terra que lhe pertence e fazê-lo cabeça das nações – Is 11.10; Gn 15.18;
1 Cr 16.15-18. O apóstolo Paulo tinha um grande amor pelo seu povo e pergunta em Romanos 11.1:
“Porventura,rejeitou Deus o seupovo?” Ele mesmo responde:“De modo nenhum”.Deus jamais
permitirá que isso aconteça. Está claro que Deus não rejeitou Israel, e o contexto mostra que a Bíblia
fala de um Israel literal, e que Deus não alterou suas promessas e irá cumpri-las no devido tempo.
Certamente o Milênio será o período mais feliz da história deIsrael (e da humanidade).
e) Cumprir as profecias a respeito do reino do Messias – As profecias prometidas no Antigo Testamento
serão cumpridas num tempo de paz, prosperidade e justiça mundiais sobre a Terra, onde Cristo será
o Rei conforme Deus prometeu no Salmo 2, embora Ele tenha sido rejeitado na sua primeira vinda.
Os sacrifícios memoriais no templo, durante o Reino Milenar, retratarão como a adoração deveria
ter sido feita. O Senhor demonstrará sobre a Terra como queria que o homem vivesse e também
confirmará a pecaminosidade humana e a Sua Justiça à medida que pessoas, nascidas após o inicio
do Reino Milenar, também rejeitarão a Cristo, mesmo estando Satanás preso durante este tempo.
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a
transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a
visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo” (Dn 9.24).
“E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos
tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o
princípio” (At 3:20-21).

6. ILUSTRAÇÕES DO MILÊNIO
Lucas 9.27-31 mostra uma ilustração do Milênio. Nesta passagem temos:
1. Jesus em glória; não em humilhação, como quando esteve na terra (v. 28 e 31);
2. Moisés, representando os santos que dormiram no Senhor (v. 30);
3. Elias, representando os santos transladados (v. 30);
4. Pedro representando os santos que estarão vivos (v. 32 e 33). Três apóstolos estavam com Jesus,
mas somente Pedro teve destaque.
5. A multidão ao pé do monte, representando as nações que terão um lugar no Milênio (v. 37).
6. O tema do Milênio: a morte redentora do Cordeiro de Deus (v. 31). Em algumas traduções o termo
encontrado para morte é partida (êxodo), que no caso de Jesus refere-se à sua morte.

203
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

7. O QUE OCORRERÁDURANTEO MILÊNIO?


 O MILÊNIO OCORRERÁ NA TERRA
“Ou não sabeis que os santos hão de julgar mundo?”o (1 Co 6.2a). A palavra mundo neste versículo provém
da palavra“kosmos”, que além de indicar o mundo físico e material, também significa aqueles que o ocupam,
ou seja, a raça humana. Assimnós, seus santos, estaremos juntos ao nosso Senhor Jesus nesse reinado. Muitos
não creem nisso, pois acham difícil Jesus vir a Terra reinar por mil anos e isso se deve a pequenez do raciocínio
humano, porém se pensarmos bem, muito mais difícil foi o Senhor da Glória vir à Terra como homem, sofrer,
ser humilhado, escarnecido, e morrer para levar sobre si nossos pecados e maldições. E Ele não fez isso? Qual
é o mais difícil então? Vir para morrer ou vir para reinar? (SILVA, 2002, p. 91).
 O MILÊNIO é A úLTIMA DISPENSAÇÃO
O Milênio é a sétima e última dispensação, vindo após a Grande Tribulação e antecedendo a Eternidade.
É a “dispensação da plenitude dos tempos”, e isso quer dizer que para este tempo apontam todas as alianças
e tempos mencionados nas Escrituras. Efésios 1.10 mostra que este será um reino sublime jamais visto na
Terra, onde Deus mostrará ao homem como queria que ele vivesse. Durante este tempo, toda oposição a Deus
será neutralizada por Cristo (1 Co 15.24-26).
 JESUS REINARÁ SOBRE AS NAÇÕES
Jesus vem para reinar sobre as nações como Rei dos reis e Senhor dos senhores, sendo Ele o único Rei
que regerá no Milênio.“Assim,ao Rei eterno, imortal, invisível, deus único, honra e glória pelos séculos dos
séculos.Amém” 1 Tm 1.17. (Dn 7.14, 27; Lc 1.31-32; Sl 96.9; II Sm 7.12-16; Is 32.1; Jo.12.13; Zc 14.9; At 1.6-7;
Ap 19.16). A Igreja reinará com Cristo e com Israel:
1. Cristo será rei sobre toda a terra (Zc 14.9).
2. Davi será rei em Israel (Ez 37.24).
3. Os Santos reinarão com Cristo por mil anos (Lc 19.17, Ap 20.4-6, 2.26-28; Dn 7.18-27).
 FORMA DE GOVERNO
Será uma teocracia: Cristo reinará diretamente, através de seus representantes (Mt 19.28; Gn 49.10;
Is 1.26; Dn 7.27). Todos os governos do mundo estarão subjulgados ao senhorio do Senhor Jesus. Tanto o
Salmo 72.8-11 quanto o 138.4-5 expressam as glórias desse futuro reino universal, mostrando que todos os
reis e chefes de estado reconhecerão a autoridade do governo de Cristo. Zacarias 14.9“Odiz: Senhor será
rei sobre toda a Terra; naquele dia um só será o Senhor, e um só seránome”.o seu A igreja fará parte desta
administração de Cristo (1 Co 6.2;Ap 2.26-27), porém oMilênio será umreino predominantemente judaico,
pois Jesus reinará sobreIsrael através dos seus apóstolos (Mt19.28), e reinará sobre osgentios, certamente
através da igreja. Findará aqui na Terra toda e qualquer supremacia e predominância das nações, com exceção
de Israel (SILVA, 1985, p. 75-88).
 CLASSES DE POVOS PARTICIPANTES DO MILÊNIO
haverá dois grupos distintos de povos participantes do Milênio (SILVA, 1985, p. 75-88):
1. Os crentes glorificados – nesta classe estarão os salvos do Antigo Testamento, os do Novo Testamento
(Igreja) e os advindos da Grande Tribulação. No estado glorificado, os salvos não estarão limitados à
Terra, seus corpos ressurretos não estarão limitados pelas coisas físicas como os mortais. Lembre-
se como Cristo passou mais de quarenta dias aqui na Terra com seu corpo glorificado, comendo,
bebendo, andando entre os seus.
2. Os povos naturais – no estado físico normal, mortal, vivendo na Terra: judeus salvos saídos da
Grande Tribulação, gentios poupados no julgamento das nações e o povo nascido durante o próprio
Milênio. Não se deve confundir o Milênio com o estado final, porque o pecado e a morte ainda
existem. Nem todas as pessoas morrerão durante a Grande Tribulação. Zacarias 13.8-9 diz que de
cada três pessoas, morrerão dois e ficará uma, e que essa uma que ficará será purificada com fogo
e se converterá a Deus. Todas as pessoas que ficarem vivas adorarão a Deus e serão de todas as
nações (Zacarias 14.16).

204
ESCATOLOGIA BÍBLICA

 O TEMPLO MILENIAL SERá CONSTRUÍDO


Os capítulos 40 a 44 do livro de Ezequiel descrevem este novo Templo que será construído em Jerusalém
(Jr 31.38-40; Sl 102.16). Na descrição do Templo Milenial não consta a presença da arca, isso porque ela se
tornou desnecessária, visto que opróprio Senhor está presente ea arca representava a sua presença (SILV
A,
1985, p. 75-88).

FIGURA 100: OS QUATRO TEMPLOS DE ISRAEL


FONTE: BÍBLIA DE ESTUDO PROFÉTICA, 2010..

 ALGUNS SACRIFÍCIOS E OFERTAS SERãO RESTAURADOS E OBSERVADOS POR ISRAEL COM


PARTICIPAçãO DOS GENTIOS
Isso será feito como um memorial e não terão a mesma finalidade do Antigo Testamento (prefigurar Jesus,
sua obra e ministério). Serão memoriais do que Jesus fez e servirão de ensino às gerações futuras a respeito da
maravilhosa obra de Cristo no Calvário, assim como hoje a Santa Ceia do Senhor é um memorial para a Igreja
não se esquecer da obra do Senhor (Zc 14.16-19) (SILVA, 1985, p. 75-88).
Antes de Cristo, esses sacrifícios realizados noTemplo eram profecias a respeito dEle, mas agora como
memoriais, são uma forma de comemoração por toda a sua obra redentora (Ez 45.21 ao 46.24). As festas serão
realizadas, agora com a participação dos gentios: Páscoa (Ez 45.21), Tabernáculos (Lv 23.33-44; Zc 14.16-19),
Festa da Lua Nova (Is 66.21-23) (SILVA, 1985, p. 75-88).
 OS JUDEUS POSSUIRãO TODA A TERRA PROMETIDA
Esse território vai do Mar Mediterrâneo até o Rio Eufrates. Israel e os israelitas serão exaltados,
conceituados, respeitados e procurados (Zc 8.23), especialmente sua
a capital: Jerusalém, quetambém será
a capital deste maravilhoso reino, para onde todos os povos irão se reunir para adorar o Senhor (SILVA, 1985,
p. 75-88). Zacarias 8.22 diz:“Assimvirão muitos povos, e poderosas nações, buscar em Jerusalém o Senhor

dos Exércitos, e suplicar a bênção do Senhor”.


“Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para
onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. E deles farei uma nação na
terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais
para o futuro se dividirão em dois reinos” (Ez 37.21-22).
Israel e Jerusalém realmente serão uma terra santa e uma cidade santa. O profeta Isaías escreve: “Mas
vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o
seu povo, regozijo. E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá
nela nem voz de choro nem de clamor. Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que
não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será
amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será
como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos. Não trabalharão
debalde, nem terão filhos para a calamidade, porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos
estarão comeles” (Is 65.18-23).
A restauração de Israel incluirá a regeneração, reunião e posse da Terra e o restabelecimento do trono
davídico (2 Sm 7. 11-16; 1 Cr 17.10-14; Jr 33.17-26). Segundo Jeremias 3.18 e Ezequiel 37.15-23
, a nação será
reunida de tal forma que a antiga divisão entre Israel e Judá será eliminada. Como nação, Israel se tornará o
centro das atenções para os gentios (Is 14.1-2; 49.22-23; Sf 3.20; Zc 8.23) e desfrutará de todas as bênçãos
físicas e espirituais mencionadas nos textos de Isaías 32.16-20; 35.5-10; 51.3; 55.12-13; 61.10-11.
 ISRAEL SERÁ UMA BÊNÇÃO PARA O MUNDO
Jerusalém será a sede do governo milenial mundial (Is 2.3; 60.3; Jr.3-17; Zc 8.3; 14.16) e da cidade sairão
diretrizes religiosas e leis civis para todo o mundo. Tanto a lei quanto a Palavra do Senhor sairão de Jerusalém
(Is 2.2; Mq 4.2). Esta Jerusalém não é a Jerusalém Celestial de Apocalipse 21 e 22, pois a Jerusalém sede está
numa terra que contém mar (Ez 47.15), ao passo que na época da Jerusalém Celeste, o mar não mais existirá
(Ap 21.1).
Israel realizará o seu destino srcinal e potencial como povo de Deus, e será uma nação através da qual
Ele abençoará toda a Terra. Paulo diz de Israel (Romanos 11:12,15):
“Se a sua quedaconstituiriqueza para
o mundo, e o seu fracasso riqueza para os gentios, quanto mais não será a sua plenitude! [...] Porque, se o
serem afastadosconstituia reconciliação do mundo o queseráa sua aceitação senão vida depois da morte?”
Através da queda de Israel, ao rejeitar e crucificar o seu Messias, o evangelho da reconciliação com Deus foi
oferecido não só aos judeus mas também aos gentios. Que bênção tremenda para os gentios! Quanto mais
não será Israel uma bênção para o mundo no Milênio, ao proclamar os louvores do Messias entre as nações!
Isto será a muito esperada mas grande consumação do chamamento e destino desta nação única como povo
escolhido por Deus.
 A SANTA CIDADE DE JERUSALÉM CELESTIAL DESCERá E IRá PAIRAR NAS ALTURAS SOBRE A JERUSALÉM
TERRESTRE
A santa cidade de Jerusalém Celestial descerá e pairará nas alturas, sobre a Jerusalém terrestre (Is 2.2;
Mq 4.1). A glória e o esplendor da Jerusalém Celeste iluminarão a Jerusalém terrestre e seu templo (Is 4.5;
24.23; Ez 43:2-5).
Ezequiel viu essa glória saindo do templo, mas depois a viu voltando sobre o templo de Jerusalém (Ez
10.18). Essa glória divina será visível a partir do templo (Ez 43.4) e toda a carne a verá manifesta (Is 40.5; 35.2).
Trata-se da glória de Deus,“shekinah”,
o que pairava sobre a arca entre osquerubins, quepairava também
sobre o tabernáculo, como nuvem ou coluna de fogo (Nm 9.15-16). é a mesma nuvem luminosa que desceu
sobre o Monte da Transfiguração (Mt 17.5). A ela terão acesso os salvos no Senhor e os anjos.
 A IGREJA ESTARá GLORIFICADA COM CRISTO
No Arrebatamento, a Igreja será removida da terra e estará presente com Cristo por toda a Grande
Tribulação. A Igreja será julgadapor suas obras notribunal deCristo depois do Arrebatamento e participará das
bênçãos do Reino Milenar (Rm 14.10-12; 1 Co 3.11-16; 4.1-5; 9.24-27; 2 Co 5.10-11; 2 Tm 4.8). Assim, quando
Jesus vier para reinar, nós, sua igreja, estaremos com Ele e participaremos das bênçãos do Reino Milenar.
Em Mateus 19.28, Jesus disse aosseus discípulos que estariam com Ele noreino e reinariam sobre as doze
tribos de Israel. Em 2 Timóteo 2.12 diz:
“Se perseveramos, também com ele reinaremos”.Apocalipse 20.4 fala
sobre os santos martirizados naTribulação que também participarão doreinado de Cristo eem Apocalipse
20.6 diz que todos os que fizeram parte da primeira ressurreição reinarão com Cristo.
A Igreja é seu povo especial, como povo espiritual (Tt 2.14). Já Israel é um povo especial de Deus para
uma missão terrena (Dt 7.6). A Igreja estará glorificada com Cristo na Jerusalém Celeste (Cl 3.4; 1 Pe 5.1; Rm
8.17-18). Os salvos virão a terra sempre que quiserem, pois teremos um corpo como o de Cristo ressurreto,
que se locomovia sem limitações (Fl 3.21; Jo 20.19; 26; Lc 15.31). A glória divina, que o homem perdeu ao cair
(Rm 3.23), será restaurada (Lc 2.9, 14): Milênio
o será uma épocada manifestação dessa glória maravilhosa

206
ESCATOLOGIA BÍBLICA

de Deus – glória da Jerusalém Celeste, glória do Templo Milenial, e glória na Igreja. O propósito principal do
Milênio é a restauração de Israel e o reinado de Cristo sobre ele; a Igreja como Noiva de Cristo não estará
ausente das atividades do Milênio (SILVA, 1985, p. 75-88).
 O CONHECIMENTO DE DEUS SERá UNIVERSAL
O conhecimento de Deus será abundante, como as águas cobrem o mar (Is 11.9; Jr 31.34; hc 2.14), e não
virá primeiro pelo estudo, mas peloconhecimento do Altíssimo. Será intuitivo. Aos jude
us caberá a pregação
do Evangelho num grande movimento missionário (Is66.19). Multidões serão salvas (Is 52.7),a população
terrestre se multiplicará rapidamente (SILVA, 1985, p. 75-88).

A PIEDADE PREVALECERÁ ENTRE AS NAÇÕES
Sl 22.27; 102.15,22; Is 60.3; 66.23; Jr 3.17. Caravanas das nações irão a Jerusalém buscar a lei do Senhor
(Is 2.3; Zc 8.20-23). Isso não significa que o pecado será removido da terra. A natureza humana continuará
a mesma, mas, devido às bênçãos do reinado e da presença pessoal de Cristo, e estando Satanás preso (Ap
20.1-3), ninguém terá obstáculos espirituais para segui-lo, como agora tem. Também não haverá desculpas
nesse sentido, porque condições melhores de toda espécie jamais houve em tempo algum, a não ser no éden,
antes da entrada do pecado no mundo. A impiedade, a incredulidade, a rebelião não serão tolerados como
nos tempos atuais da dispensação da graça (Is 60.12) e toda transgressão será corrigida (Is 65.20; Zc 14.17;
Ap 19.15). Será um governo inflexívelCetro( de Ferro), que aplicará disciplinaquando necessário (SILV
A, 1985,
p. 75-88).
 A PAZ E A JUSTIÇA PREVALECERÃO ENTRE AS NAÇÕES PELA AUTORIDADE E PRESENÇA DE CRISTO
Isso quer dizer que não haverá mais guerras, pois quem promover a guerra será castigado (Mq 4.3; Zc
9.10). haverá total desarmamento (Is 2.4), nada de armas, nada de serviço militar. A justiça será para todos
sem exceção (Is 32.16). Isaías 11.4 diz:
“Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com equidade aos
mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará*...+”.
o ímpio
Não

haverá motivo
repouso para descontentamento
e segurança ou rebeliões,
parasempre”(Isaías 32.17). “O efeito
pois:
A paz que o mundoda busca,
justiça aserá
pazatão
paz, e o fruto
almejada da justiça,
entre os povos
e nações enfim prevalecerá, pois quem estará reinando é o Príncipe da Paz (Is 9.6) (SILVA, 19 85, p. 7 5-88) .
 HAVERá PLENO DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO
haverá outros fatos gloriosos durante o Milênio resultantes da operação do Espírito Santo. Sendo o
Milênio o reino do Messias, e, sendo o Espírito Santo aquele que glorifica a Cristo (Jo 16.14), é de se esperar
um sublime e incomparável derramamento do Espírito Santo.
“E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas;
olharão para aquele a quem transpassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e
chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito ” (Zc 12.10).
Ezequiel 39.29 diz: “Nem lhes esconderei mais a minha face, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa
de Israel, diz o Senhor Deus” (SILVA, 1985, p. 75-88).
 HAVERá RESTAURAçãO E RENOVAçãO EM TODA A FACE DA TERRA
Mateus 19.28 e Atos 3.21 contém essas palavras:“regeneração” e “restauração”,respectivamente.
Restauração vem do grego
“apokatastaseos”,e não diz respeito à religião ou a algum movimento religioso
como muitos querem afirmar, mas ambas palavras estão relacionadas ao Milênio e a obra que se operará neste
período em toda a face da terra (Cl 1.20) (SILVA, 1985, p. 75-88).
 UM RIO FLUIRá DO TEMPLO MILENIAL, EM JERUSALÉM
O leito desse rio será aberto por terremoto nomomento da revelação de Cristo (Zc 14.4) e ficará dividido
em dois, correndo um canal para o mar Morto, e outro para o mar Mediterrâneo (Zc 14.8). O mar Morto,
onde atualmente nenhuma vidaprolifera, terá muito peixe. Noutras palavras: suas águas serão transformadas
e saradas (Ez 47.8-12). Este rioserá muito largo (Ez 47.3-5). àsmargens desse riocrescerão árvores cujos
frutos e folhas servirão de alimento e remédio, prolongando a vida (Ez 47.12). Sua frutificação será mensal e
não anual e suas folhas terão a propriedade de renovar as células do corpo e produzir longevidade. Será uma

207
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fonte de saúde, um rio sanador que fluirá de debaixo do Tempo (Ez 47.9). Não confundir esse rio com o rio de
Apocalipse 22.1 (rio da vida na nova terra) (SILVA, 1985, p. 75-88).
 A FERTILIDADE DO SOLO SERá MARAVILHOSA
Segundo Gênesis 3.17-18, o reino vegetal está debaixo de maldição. Vemos que doenças, vermes e insetos
atacam toda espécie de vida vegetal, em todos os países e em todos os climas, sem falar da proliferação de
ervas daninhas (sarças e abrolhos). Mesmo com a luta do homem para combater as pragas, com fungicidas,
inseticidas, agrotóxic
os, criação de transgênicos emelhoramentos genéticos, tais pragas sempresurgem de
uma forma ou de outra, pois são consequência do pecado do homem sobre o reino vegetal. Legumes, frutas
e verduras sofrem ataques de pestes, parasitas, e outros males, sem contar o aumento de áreas desérticas
oriundas do mau aproveitamento do solo pelo homem. Tudo isso cessará no Milênio. A maldição que paira
sobre a terra será praticamente removida. Mas a remoção total do mal dar-se-á na nova terra. Dela está escrito
que não haverá mais maldição (Ap 22.3) (SILVA, 1985, p. 75-88).
 A VIDA HUMANA SERá PROLONGADA COMO NO PRINCÍPIO
haverá muita fertilidade também no gênero humano. Zacarias 8.5 diz que as praças da cidade se encherão
de meninos e meninas, que nelas brincarão (Jr 30.19; 33.22; Os 1.10). Com o prolongamento da vida e muita
saúde, será elevado o índice de natalidade e a população da terra durante o Milênio será restaurada da redução
que sofreu durante a Grande Tribulação (Zc 10.8).
A morte será uma excessão. Os óbitos serão reduzidos (Is 65.20). Os cemitérios não terão a grande freguesia
de atualmente. Morrerão apenas os que cometerem pecado digno de morte. É o que se pode compreender
da referência acima (Is 65.20,22; Zc8.4). haverá abundância de saúdepara todos. Isso em muitocontribuirá
para prolongar a vida (Is 33.24).
Outros fatores contribuintes são: as bênçãos especiais de Deus, as mudanças climáticas, a redução do
efeito do pecado e da ação dos demônios; as condições mais favoráveis da vida e a melhor nutrição. Não

haverá
em deformados,
benefícios nem paralíticos,
emmuitos nemaleijados
sentidos: influirá no clima(Is
e na35.5,6). haverá
vegetaçã muito mais
o. Certamente luz
(Is 30.26).
acarretar Isso resultará
á em abundância
de frutas, verduras, grãos e outros produtos mais nutritivos (SILVA, 1985, p.75-88).
 HAVERá MUDANçA NO REINO ANIMAL
haverá mudança na natureza dos animais. Sua ferocidade será tirada e não atacarão mais uns aos outros
e nem ao homem (Is 11.6-9; 65.25; Ez 35.25).
Os animais, sem exceção, passarão a comer erva como era no princípio (Gn 1.30). Toda a criação tem sofrido
desde a queda do homem e entrou em desarmonia, mas nesta época gloriosa será restaurada e participará das
bênçãos milenares (Rm 8.19-22). A serpente, no entanto, continuará a rastejar pelo pó da terra, mostrando
sempre a sua degradação por ter sido o instrumento da queda do homem (Is 65.25).
“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o
animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias
juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide,
e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu
santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. [...]
O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; o pó será a comida da
serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (Is 11.6-9; 65.25).
 HAVERá PROSPERIDADE GERAL PARA TODOS
Todos possuirão casas (Is 65.21,22) e coisas como hipotecas, aluguéis e dívidas de casas serão coisas
do passado. (Mq4.4; Zc 3.10.) Ohebraísmo constante dessas últimas referências denota prosperidade geral
(SILVA, 1985, p. 75-88).
 O RELEVO TERRESTRE SERá ALTERADO
No Milênio haverá alterações no relevo do solo Zc(14.4,10; Is 2.2; 11.15,16; 35.6; 41.18. 86). A alteração
do relevo se dará durante a Grande Tribulação (Ap 6.14 e 16.12,21). Durante o Milênio dificilmente se saberá

208
ESCATOLOGIA BÍBLICA

onde ficava determinado país. Certamente tudo isso


faz parte do plano de Deus para implantar a paz (SILVA,
1985, p. 75-88).
 OS ANJOS E O MILÊNIO
Dos anjos está escrito a respeito de Jesus:“E todos os anjos de Deus oadorem” (Hb 1.6). Reinando aqui
na Terra o Príncipe da Paz, certamente os anjos terão um ministério muita
de atividade, aumentando as glórias
do Milênio. Graças a Deus pelo poderoso, eficaz e fiel ministério dos anjos em todos os tempos e, numa escala
tão vasta, a nosso favor (SILVA, 1985, p. 75-88).
 O MILÊNIO E O CUMPRIMENTO DA FESTA DOS TABERNÁCULOS

“Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis
a festa do Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo, haverá descanso
solene” (Lv 23.39).
Passaram as provas do deserto que a Igreja enfrentou! O plano redentor de Deus para com o homem findará
com o Milênio (SILVA, 1985, p. 75-88).
 O QUE ACONTECERÁ COM SATANÁS NO MILÊNIO?
Satanás e os demônios serão presos no abismo, durante os mil anos do milênio (Ap 20.1-3), masno
final dos mil anos o diabo será solto (Ap 20.7). Isaías 24.21-22 diz que na vinda de Jesus os demônios serão
encarcerados no inferno, até o julgamento final. Então durante mil anos não haverá diabo nem demônios
incomodando na terra e seus habitantes (SILVA, 1985, p. 75-88).
 AS BEM-AVENTURANÇAS SE CUMPRIRÃO NO MILÊNIO
Mateus 5 relata o Senhor Jesus Cristo falando as bem-aventuranças, das pessoas que mesmo passando
por grandes problemas podem se considerar felizes, pois existe algo de muito bom
reservado para aqueles que
são bem aventurados. Olhando atentamente a estes textos bíblicos, descobriremos nãoque há como estas
promessas se cumprirem em nossos dias, muito menos se cumpriram no passado, mas com certeza durante
o Milênio elas terão o seu cumprimento, pois Cristo irá proporcionar toda a sorte de bênçãos (SILVA, 1985,
p. 75-88).
 NO REINADO DE CRISTO A PAZ SERÁ RESTABELECIDA
Quando mencionamos que a paz será restabelecida estamos afirmando através da palavra que:
O lobo e o cordeiro apascentarão juntos. Isaías 65:25
Os homens não edificarão para que outros habitem Isaías 65:22
A oração será respondida antes mesmo de se encerrar Isaías 65:24
Os trabalhadores plantarão, e colherão os seus frutos. Isaías 65:21
Os habitantes da terra viverão muito mais Isaías 65:20
Os filhos serão obedientes Isaías 65:23
Os trabalhadores receberãoum salário digno Isaías 65:23
TABELA 43: PAZ RESTABELECIDA
FONTE: PRADO, Edson. Apostila Estudos de Escatologia. Disponível em: <http:/www.palavraviva.org.br>. Acesso em: dez. 2011.

 NO MILÊNIO hAVERÁ

Obediência Efésios 1:9-10


Santidade Isaías 4:3-4.
Verdade Zacarias 8:3
Proteção Isaías 4:5
Prosperidade Jeremias 23:5 a 8
TABELA 44: NO MILÊNO hAVERÁ...
FONTE: PRADO, Edson. Apostila Estudos de Escatologia. Disponível em: <http:/www.palavraviva.org.br>. Acesso em: dez. 2011.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

FIGURA 102: PRINCIPAIS EVENTOS DO MILÊNIO


FONTE: BÍBLIA DE ESTUDO PROFéTICA, 2010; em 24.abr.2012

8. O FIM DO MILÊNIO
“E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que
os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um poucotempo.”
de (Ap 20.3)
Apocalipse 20.3 e 3.7-8 apresenta o que haverá na terra ao fim do Reino Milenar. Satanás, que havia
sido preso no inicio deste tempo, será solto juntamente com seus
“anjos”e sairá para enganar as nações e
promover sua última batalha contra o povo de Deus (Ap 20.8-9) (CABRAL, 1998, p.59).
O texto bíblico não deixa margem para interrogações e todas as linhas de interpretação concordam que
Satanás será solto no final do Milênio. Nesta época, haverá milhões de pessoas vivendo na terra, muitas delas
nascidas durante o reino Milenar e que jamais foram provadas, porque Satanás estava preso. Todos os homens,
desde o casal no éden até o próprio Jesus, como homem, foram provados (Gn 3.1-6;Mt 4.1-7; Tg 1.1-13). Por
isso, devem também os homens do Milênio ser provados.

NOTA!
Uma das questões levantadas sobre Apocalipse 20.3 é se

essa prisão ocorreu


Os pré-milenistas no passado
acreditam queou
eleocorrerá noefuturo.
está solto atuante
no mundo, enquanto que os amilenistas e pós-milenistas
acreditam que ele está preso desde a primeira vinda
do Senhor Jesus, e que de alguma forma atua na terra,
conforme leem e interpretam Mateus 12.29 e Apocalipse
20.2-3, alegam que a palavra utilizada por Mateus
para amarrar o valente é a mesma de Apocalipse para
acorrentamento de Satanás (GOULART, 2002, p.57-61).

210
ESCATOLOGIA BÍBLICA

A prisão por mil anos não modificará a natureza de Satanás e também será possível ver que, mesmo
vivendo sob ummaravilhoso estado de bênção, a natureza humana continuará pecaminosa. Um tempo de
paz e felicidade, que o mundo gozou sob o governo de Jesus, não será suficiente para garantir que o homem
não caia no ardil de Satanás. Isso acontecerá para provar que apesar da bondade e misericórdia de Deus, o
homem continua tendo em sua essência o pecado. Muitos irão rejeitar ir a Jerusalém adorar o Senhor (Zc
14.16) e, inconformados com o governo de Cristo, farão uma grande revolta.
As Escrituras descrevem que serão muitas pessoas, uma multidão, tão grande como a areia do mar, irão
cercar a Cidade Santa paraguerrearem contra o Senhor, pois nos seus corações não houve lugarpara Deus (Ap
20.10), antes obedecerão a Satanás (Sl 2.1-3; Ap 7-9). Essa última batalha recebe também o nome de Gogue e
Magogue,
terra das porém
trevasde formafigurada
(GOULART, , isso porque
2002, p.61). Gogue indica”trevas”enquanto que Magogue indica“terra”:
Paz restabelecida:

GOGUE MAGOGUE (Ez 38-39) GOGUE MAGOGUE (Ap 20.7-10)


Literal Figurativo ou Espiritual
Bloco de Nações que vieram contra Israel Nações se rebelaram contra Deus
Movido por Deus Movido por Satanás
Destruído pela espada Destruído por fogo do céu
Vem antes do Milênio Vem depois do Milênio
TABELA 45: PAZ RESTABELECIDA; FONTE: Compilado pelos autores.

Então do céu descerá fogo e consumirá todos os rebeldes. Todos os que se levantarem contra o Senhor
morrerão e serão lançados no hades, a fim de ali aguardarem a ressurreição para o julgamento final (BERGSTéN,
2007, p.361-362).
Satanás será então preso e lançado ao lago de fogo e enxofre, onde já estão o Anticristo e o Falso Profeta
(Ap 19.20; 201.10) e,para todo o sempre, serão atormentados (Rm 16.20).Milênio
O terminará com vitória,
pois milhões jamais se deixarão enganar. Todos os que se levantaram contra Jesus serão vencidos e julgados.
Satanás foi totalmente vencido e Jesus, o Rei dos Reis, é o eterno vencedor.

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FIGURA 103: O PLANO DE DEUS PARA ISRAEL


FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005.

212
ESCATOLOGIA BÍBLICA

RESUMO DO CAPÍTULO
Neste capítulo aprendemos vários aspectos relacionados à última dispensação: O MILÊNIO.
· Aprendemos qual o significa deste tempo maravilhoso que ocorrerá aqui na Terra: Satanás será
aprisionado e durante mil anos Cristo reinará soberano sobre toda a terra;
· as linhas de interpretação sobre o Milênio: pós-milenar; pré-milenar e amilenar.
· As característica e propósitos do Milênio;
· os principais fatos que ocorrerão durante este período;
· seu fim trágico: Satanás será solto e enganará a muitos.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

213
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

214
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 11
Nome: Série: Data da Entrega:

Prezado aluno, através desta autoatividade você terá a oportunidade de rever o conteúdo estudado neste
capitulo. Esta é uma atividade avaliativa, portanto, faça-a com atenção e dedicação. Boa revisão!

QUESTÕES:
1. O que é o Milênio e depois de quai s eventos ocorrerá o Milênio?
2. Quais são as linhas de interpretação sobre o Milênio? Explique-as.
3. Quais são os propósitos do Milênio?
4. Quais as características do Reino Milen ar?
5. Quem será solto no final do Reino Milenar e qual evento o correrá após o Milênio?

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ANOTAÇÕES

216
ESCATOLOGIA BÍBLICA

CAPÍTULO12
O GRANDETRONO BRANCOE A
ETERNIDADE

O
L
U
2
1
T
P
A
C

FIGURA 104: WhITE ThRONE;


em http://www.lamblion.com/articles/articles_second7.php; em 17 abr. 2012.

1. O GRANDETRONO BRANCO
1.1 INTRODUÇÃO
“E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário,
todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daqueles a quem
temos de prestar contas” (Hb 4.13).
Neste capítulo estaremos estudando a respeito do Julgamento do Grande
Trono Branco, ou como é comumente chamado: Juízo Final e também a respeit o
do Estado Eterno ou Eternidade. Esse é nosso capítulode conclusão deste livro
e vimos como Deus zela pela sua Palavra para que seus planos se cumpram
integralmente. Bons Estudos!

1.2 O JULGAMENTO DO GRANDETRONO BRANCO


Sem dúvida alguma o Juízo Final ou Julgamento do Grande Trono Branco
será um momento estarrecedor para os não salvos. Tal assunto permeia o
imaginário coletivo e podemos ver quantos livros, filmes, documentários e
reportagens já foram feitos sobre o assunto. Mas vamos examinar o que as
Escrituras dizem a respeito do tema:“E vi um grande trono branco, e o que
estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não
se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam
diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida.

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E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar
os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um
segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele
que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago defogo” (Ap 20.11-15).
O Julgamento do Grande Trono Branco ocorrerá logo imediatamente depois do Reino Milenar, depois de
Cristo extinguir a última rebelião humana, e antes do começo da Eternidade. é um dia determinado por Deus
(Rm 2.4), porém a Bíblia diz que esse julgamento será no fim (1 Co 15.24). Não é um julgamento para cumprir
uma sentença de culpado ou inocente, salvo ou condenado. É um momento onde ocorrerá a chamada segunda
ressurreição, onde os mortos ímpios ressuscitarão com seus corpos literaisimortais,
e porém não glorificados,
apenas para que lhes sejam aplicada a sentença a qual já estavam condenados.
As profecias do Antigo Testamento falam desse julgamento (Dn 7.11; Sl 9.7-8; Sl 50.1-6; Is 1.17-28).
Jesus anunciou um juízo vindouro (Mt 10.15; 16.27; Jo 5.25-29; 12.48). Os apóstolos também anunciaram
o julgamento vindouro (hb 9.27; Rm 2.16). Paulo afirmou que a ressurreição de Jesus é a garantia que esse
julgamento irá se realizar (At 17.25.31) (LAhAYE e ICE, 2009, p.123).

1.2.1 O juiz desse julgamento


O juiz desse julgamento se manifestará no resplendor de sua glória. João não identifica diretamente o
ocupante do trono. Mas em João 5.22 podemos ler que Deus é juiz, mas Ele entregou ao Filho todo o juízo
(Jo 5.22, 27; At 10.42; 17.31; 2 Tm 4.1). Romanos 2.16a:
“No dia em que Deus há de julgar os segredos dos
homens, por Jesus Cristo, ... ”. Apocalipse 3.21 fala de Jesus compartilhando um trono com Deus.
Podemos compreender que o mesmo Jesus que foi o Salvador dos homens e que na terra tinha poder para
perdoar os pecados (Mc 2.10), será juiz. Nesse último dia, Jesus estará pronto para julgar (1 Pe 4.5). Barclay
(apud LAhAYE e hINDSON, 2010, p.252) diz uma frase que elucida bem esse assunto:
“Tal é a união entre o
Pai e o Filho, que não há problema algum em atribuirmos as ações de umoutro”.
ao Como assistente desse

julgamento o Senhor terá a seu lado a igreja glorificada (1 Co 6.2-3).


1.2.2 A morte e o infernoderam os mortos que neles havia
Apocalipse 20.13 diz que os sepulcros se abrirão, e os mortos ressuscitarão. Assim como os corpos
dos mortos santos foram ressuscitados na vinda de Jesus (1 Ts 4.16-18), os ímpios mortos também serão
ressuscitados num corpo imperecível, mas sem nenhuma glória, carregado de pecado (At 24.15; Jo 5.29). Será
uma ressurreição para o desprezo e vergonha eterna (Dn 12.2)– essa é a Segunda Ressurreição.
Nesse momento também serão ressuscitados os corpos dos mortos salvos durante o Milênio, e esses
sim, com corpos glorificados. Segundo Lahaye e hindson (2010, p.486):
“Todocrente renascido receberá um
corpo glorificado e imortal. Isto inclui aqueles que forem arrebatados ou ressuscitados, como aqueles que
vivem durante o Milênio em seus corpos físicos. A redenção do corpo faz parte do plano de salvação de Deus
(Rm 8.23)” (LAhAYE e hINDSON, 2010, p.486).
Em Apocalipse 21.7 diz que só terão permissão de entrar na Jerusalém Celestial “...os que estiverem inscritos
no livro da vida doCordeiro”.Apocalipse 20.15:“E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado
no lago defogo.”Com certeza os nomes dos salvos do milênio constarão no livro da vida (BERGSTéN, 2007, p.363).

1.2.3 Localizaçãodesse Tribunal


Apocalipse 20.11 cita que a terra e o céu (atmosfera) fugirão da presença esse trono celestial, isso porque
se os pecadores não podem permanecer na presença de um Deus santo, o mesmo vale para a terra e seu
ambientecorrompido. “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande
nela há, se(2 Pe 3.10).
estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras quequeimarão”
Este grandioso trono não poderá ser construído sobre a terra. Não se sabe ao certo o local certo, mas
seguramente será uma visão majestosa e muito imponente, pois o juiz será grande e glorioso. O trono
resplandecerá de brancura, por causa da santidade e da justiça divinas (Sl 45.6-7). O Supremo Juiz estará
assentado sobre o trono, a sua Igreja glorificada e vestida de branco o auxiliarão, e à sua frente, bilhões e
bilhões de homense de anjos para serem julgados (BERGST éN, 2007, p.364; LAhAYE e hINDSON, 2010, p.252).

218
ESCATOLOGIA BÍBLICA

1.2.4 Quem comparecerá diantedo TronoBranco?


Todos os ímpios que morreram , do princípio da criação até o final do Milênio (inclusive os que
acompanharam Satanás na sua última revolta), ressuscitarão naquele dia (esta é a Segunda Ressurreição) e
todos comparecerão diante do Grande Trono Branco.
hebreus 9.27 afirma: “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo ... ”.
Nossa posição em Cristo determina qual será nossa ressurreição e julgamento. Aqueles que entregaram suas
vidas a Cristo têm direito à Primeira Ressurreição, a Ressurreição para a Vida, não entrarão em condenação.
Porém, os que se recusarem a receber a graça do Senhor terão parte na Segunda Ressurreição e terão que
comparecer perante o Grande Trono Branco para serem julgados.
As Escrituras são bastante claras em seus ensinos sobre a salvação ou condenação eterna. Quem crer
e receber o Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, não terá nenhum julgamento, ou seja,
não passará por esse julgamento final.
“Os mortos, grandes e pequenos [...] estavam diante do trono” (Ap 20.12) indica que todos os que estavam
“mortos”para com Deus e habitavam o lugar de tormento (hades) para o qual foram após sua morte terrena
serão ressuscitados para comparece rem dia nte de D eus, qu e os julgará.
E qual será a base desse julgamen to? Se rá “Segundo as suas obras” (Ap 20.12). O livro das obr as, a lei,
segundo a qual todos serão julgados, é a Palavra de Deus. O Senhor é o legislador e Juiz (Tg 4.12). Tudo o que
os homens fizeram violando a Palavra ficou registrado. A Bíblia diz que até as palavras ociosas que os homens
pronunciarem estarão registradas, para que no dia do juízo se exija prestação de contas de cada uma delas (Mt
12.36-37). Tudo estará gravado, nada será esquecido (Jó 34.11; Pv 24.12; Is 59.18; Jr 17.10; Ez 7.3,27; 16.59).
Tudo será descoberto (hb 4.13; Rm 2.16), ninguém escapará do juízo (1 Tm 5.24-25; Lc 8.17; 12.2; Ec
12.14). O brilho da glória de Deus impregnará todos os que estiverem diante dEle. Seus olhos como chamas
de fogo tudo manifestará e trará à luz (Ap 1.14; Dn 7.9-10).
Aqueles que buscaram o perdão de D eus enquanto vivos obtiveram misericór dia (hb 8.12), mas os que
se recusaram a aceitar o perdão divino estarão ali, sendo julgados pelas obras que praticaram. O padrão pelo
qual as obras serão medidas será muito alto! é o próprio padrão da
justiça de Deu s. As Esc rituras ensinam que “todas as nossas justiças
são como trapo de imundícia” (Is 64.6). Se nossas justiças, nossos
atos bons são comparados a trapos imundos diante daquele que é
todo “justiça e santidade”,então o que dizer das nossas obras más
e pecados? Isso mostra que não há nenhuma esperança de alguém
passar pelo julgamento de Deus à parte de Cristo.
Nesse tribunal não haverá advogado de defesa e nem corpo de
jurados, pois o Supre mo Ju iz é infalível. Ele é a própria justiça (Gn
18.25; 2 Tm 4.8; 1 Pe 2.23; 1 Co 1.30; Sl 96.13; 98.9). Todos estarão
nivelados: grandes e pequenos , reis e escravos, governantes e pessoas NOTA!
comuns. Todos receberão o mesmo tratamento do Senhor. Serão O Julgamento do Grande
todos iguais perante Deus. Trono Branco não é para

serãoTcondenados.
odos cujos nomes não estiver
A condenação nãoemé no Livro dapara
somente Vidaprostitutas,
do Cordeiro a igreja, para os cristãos.
É para cada pessoa
ladrões, adúlteros, homicidas etc., mas para todos aqueles que
que rejeitou a salvação
recusaram a mão estendida do Senho r e po r isso seus nomes n ão
estão no livro da Vida. Está escrito: “Quem não crê [em Jesus] já está gratuita de Deus em Cristo
condenado” (Jo 3.18; 16.9). Os que semearam na carne, da carne Jesus. Estas terão que
ceifarão corrupção (Gl 6.8). se apresentar diante de
Os descrentes serão todos“lançados para dentro do Lago de Deus e prestar contas de
Fogo” (Ap 20.15), não haverá mais nenhuma chance, não poderão seus pecados. Não haverá
entrar no céu, pois rejeitaram o unigênito Filho de Deus, rejeitaram exceção para ninguém.
sua salvação, sua extraordinária graça, e arcarão com a conseq uência

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; mas quem não crer será condenado”. Sua própria


desse ato (Mc 16.16):“Quem crer e for batizado será salvo
recusa os levará a viver eternamente longe de Deus. (Rm 8.1; Mt 10.8; Mc 16.16; Jo 3.18) (BERGSTéN, 2007,
p.366-367; LAhAYE e hINDSON, 2010, p.251-254).

FIGURA 105: O JULGAMENTO DO GRANDE TRONO BRANCO


FONTE: LAHAYE e HINDSON, 2010, p. 252.

1.2.5 Deus executará juízo sobre a terra queimando-a


2 Pedro 3.7-12 mostra maiores detalhes sobre esse acontecimento. Um grande estrondo de Deus assolará
a terra e o céu (hb 12.26; 1.10,12). O próprio Jesus afirmou:
“O céu e a terrapassarão”(Mt 24.35). a terra
será queimada, pois foi nela que os homens pecaram. O céu (atmosfera) também queimará, pois serviram de
“quartelgeneral”para o Diabo e seus anjos (Ef 6.12; Ap 12.7-9). A finalidade de Deus é justamente criar um
novo céu e uma nova terra (Ap 21.1; 2 Pe 3.13; Is 65.17; 66.22-24) (BERGSTéN, 2007, p.365).

1.2.6 O fim do juízo final


Escatologicamente, este é o último ato que Deus realizará neste mundo. No fim do Juízo Final os
condenados (infiéis, incrédulos) serão lançados no lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte. Por fim, a
morte e o Hades tambémserão lançados no lago de fogo. Como não existe aniquilamento, as almas dos ímpios
estarão em tormento eterno, enquantoque a dos justos no gozo eterno.
O tempo deixará de existir: a eternidade terá inicio. Os salvos, que têm a vida eterna, estarão no céu
que para eles foi preparado por Deus. Os remidos cantarão para sempre o seu louvor e sua gratidão para com
aquele que os comprou com o seu precioso sangue.

220
ESCATOLOGIA BÍBLICA

2. A ETERNIDADE
2.1 INTRODUÇÃO
“Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o
direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas” (Ap 22.14).
Um novo céu. Uma nova terra. Uma nova cidade. Mais do que o povo israelita que tinha a promessa da
conquista de uma“terraprometida”terrestre, nossa“terraprometida”é muito mais importante, pois é eterna
e espiritual. Neste tópico estudaremos oque ocorrerá na eternidade. Bons Estudos!

2.2 O ETERNOE PERFEITO ESTADO


“Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos
céus e nova terra, onde habita a justiça” (2 Pe 3.13).
Com a queda do homem e a entrada do pecado no mundo, não somente a terra, mas todo o Universo
foi afetado e, consequentemente, estão sob maldição, da mesma forma que o homem.
Daí a necessidade de uma reciclagem geral, para que de fato venham a prevalecer a paz e a justiça, pois
a santidade e pureza são características próprias de Deus e de todos quantos hão de herdar a salvação (Gn
3.17-19; Jó 15.15; Ec 10.20; Is 42.9; 65.17; 66.22; Cl 1.2; Sl 37.11, 29; 115.16; Mt 24.35). Daí a expressão
“Novos
céus e nova terra onde habita jus
a tiça” (2 Pe 3.13; Is 65.17; 66.22). Esta foi a visão final de João registrada
em Apocalipse 21 e 22.
Jesus fez menção desta era perfeita em Lucas 20.35: “*...+ mas os que forem considerados dignos de tomar
parte na era que há de vir e na ressurreição dos mortos*...+”.
“Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já
não existia. Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma
noiva adornada para o seu marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Agora o tabernáculo
de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com
eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza,
nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou”. Aquele que estava assentado no trono disse: “Estou
fazendo novas todas as coisas!” E acrescentou: “Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas
de confiança”. Disse-me ainda: “Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver
sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida. O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu
Deus e ele será meu filho. Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem
imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no
lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte”. (Ap 1.1-8)
Apocalipse 21.1-8 relata esta“era vindoura”.Apocalipse termina descrevendo oestado de bênção que os
crentes vão experimentar por toda a eternidade. Os crentes em Cristo terão um maravilhoso destino por toda
a eternidade: o melhor ainda está por vir! Será uma nova criação. Novos céus. Nova terra. Diversas passagens
bíblicas falam sobre isso: Ap 21.1-2; Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13.
Não haverá mais conflitos, lágrimas, choro,dor, doenças, lamento, tristezas, noite, pecado ou impiedade,
morte, maldição, templo, sol ou lua (Ap 21.1-8; 22.3).
Mas afinal, o que haverá no céu? Apenas aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida, o próprio
Deus, o Cordeiro como seu templo, a glória de Deus, por sua luz, apenas a justiça (Ap 21.22
– 22.5). De acordo
com o texto de Apocalipse, será um lugar de incrível beleza, adornado com joias e ouro, terá o Rio da Vida, a
árvore da Vida e o Trono de Deus.
Os santos (gentios e judeus salvos) adorarão, servirão, louvarão a Deuspara todo o sempre, eternamente
gozarão de Sua presença, já que“eles serão o seu povo; o próprio Deus estará com eles e será oDeus”
seu
(Ap 21.3); poderão ver a face de Deus, terão seus nomes em suas frontes (Ap 22.4) e serão como Cristo, pois
o verão como Ele realmente é (1 Jo 3.1-2; Fl 3.20-21) (MOCK, 2002, p. 247).

221
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Nos últimos três capítulos de Apocalipse há uma inversão dos efeitos dos primeiros capítulos deGênesis:
Gênesis 1-3 Apocalipse 20-22
Criação Recriação
(Gn 1.1; 2.1) (Ap 21.1,4)
Queda do Homem Restauração do Homem
(Gn 3.6-7) (Ap 21.6,7)
Triunfo de Satanás Juízo Final de Satanás
(Gn 3.1-5) (Ap 20.10)
Maldição imposta Maldição removida
(Gn 3.15-19) (Ap 21.4,5; 22.3)
O homem expulso do Jardim do Éden e da árvore da O homem desfrutando do paraíso e da árvore da
Vida Vida
(Gn3.22-24) (Ap 22.1-5)
TABELA 46:“GÊNESIS 1-3” VERSUS “APOCALIPSE20-22”
FONTE: MOCK, 2002, p.248.

3. O NOVO CÉU E A NOVA TERRA


Isaías foi o primeiro a profetizar a criação de Deus de um novo céu e de uma nova terra, porém não
fornece melhores detalhes de como eles serão. João viu a Nova Jerusalém que de Deus descia do céu, e isso
tinha ligação com sua visão do novo céu e da nova terra, e relata sua descida até a nova terra, e não é esta
terra que conhecemos, pois“já o primeiro céu e a primeira terrapassaram”(Ap 21.1).
A eliminação do primeiro céu e da primeira terra foi relatada em Apocalipse 20.11. Os atuais céus e terra
desaparecem, deixam de existir, visto que não há mais lugar para eles,isso por causada contaminação causada
pelo pecado da humanidade e pela revolta dos anjos que caíram. Isso está de acordo com Daniel 2.35, onde está
escrito que a grande estátua foi levada pelo vento, não se achando lugar para ela.estátua
A representa um sistema
transitório, e nisso podemos incluir o céu e a terra, para que algo novo e melhor sejam trazidos à existência.
“E todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um livro; e todo o seu exército cairá,
como cai a folha da vide e como cai o figo da figueira”. (Is 34.4)
“Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus desaparecerão como
a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém
a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será abolida”. (Is 51.6)
“Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos.Eles perecerão, mas tu
permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.
Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.” (Sl 102.25-27)
Ou seja, os atuais céus e terra serão trocados por novos e diferentes céus e terra. O verbo “perecer” é
usado muitas vezes para se referir a coisas sendo aniquiladas, extinguidas, eliminadas (hb 1.10-12; 25-29; Jn
4.10; Sl 102.26; 2 Pe 3.10, 12, 13).
João, em suas visões na ilha de Patmos, fornece-nos alguns detalhes acerca da nova terra, mostrando que ela,
de fato, será diferente da que conhecemos. Na verdade, será um mundo totalmente novo que deverá ser criado,
pois Deus, o Pai, em sua infinita criatividade, criará algo realmente novo e infinitamente superior ao que estamos
acostumados. Tudo o que foi perdido na queda será substituído por algo muito melhor. Sabemos que lá não haverá
mar (Ap 21.1).Nossos corpos glorificados serão adequadosessa a nova realidade (hORTON, 1998. p.225-231).

4. A NOVAJERUSALÉM CELESTIAL
Em Apocalipse 21.2 a 22.5, o apóstolo João descreve a Nova Jerusalém descendo “do céu, da parte de
Deus, ataviada como noiva adornada para seu
o esposo” (Ap 21.2). De todas as grandes cidades na história do
mundo somente Jerusalém terá uma presença na eternidade. Ela será a capital do reino eterno, totalmente
pura e santa, pois desce do próprio Deus (21.9-27).

222
ESCATOLOGIA BÍBLICA

Já durante o Milênio, a Jerusalém Celestial poderá ser vista pairando suspensa nos céus sobre a Jerusalém
terrestre (Ez 40-46). Nesta época Cristo seus
e remidos reinarão sobre aterra, mas terão morada e acesso
irrestrito à santa cidade (Ap 21.2).
A Nova Jerusalém Celestial, a capital do estado eterno, pré-construída no céu, será a mais deslumbrante
cidade de toda a história! O mais maravilhoso, é que nessa cidade, a qual estará livre do mal, será possível que
Deus, que é santo, habite com a humanidade:“Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com
seu (Ap 21.3). Será umeterno e
eles. Eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o Deus”
perfeito estado, um lugar onde o Deus Santo, o Cordeiro Santo e o Espírito Santo habitarão com o seu povo
santo, lavado e remido pelo sangue do Cordeiro (Ap 1.5; 7.14).

4.1 DESCRIÇÃODA NOVA JERUSALÉM


· Segundo Lahaye e Ice (2009, p.124), Barnett (2011, p.101-103); Antonio Gilberto (1998, p.77-78):
· Não haverá mais mar (Ap 21.1);
· Todas as coisas se fizeram novas (Ap 21.1);
· Deus, o Pai, habitará no meio de Seu povo (Ap 21.3);
· Nela não haverá mais morte, choro ou dor;
· Será uma cidade literal, de ouro puríssimo e pedras preciosas - o ouroindica dignidade, valor e pureza;
· A muralha da cidade tem 12 fundamentos de pedras preciosas, e sobre eles os nomes dos 12
apóstolos do Cordeiro (Ap 21.14);
· Seus fundamentos serão:
 Jaspe – Extremamente duro, quase indestrutível. Reflete a luz;

Safira – Opaca, azulada e rajada com veios de ouro.
 Calcedônia – Pedra furta-cor quando em movimento;
 Esmeralda – Pedra esverdeada, apontapara vida eterna.
· Mais quatro fundamentos:
 Sardônio – Bela e rara forma de ônix. Pedra escura rajada de branco;
 Sárdio – De cor vermelho brilhante;
 Crisólito – Pedra de cor dourada, translúcida;
 Berilo – Pedra de cor verde mar.
· Mais quatro fundamentos:
 Topázio – Pedra amarelo pálido.
 Crisópraso – Pedra verde translúcida;
 Jacinto – água marinha.
 Ametista – Cristal lilás;
· As doze portas são 12 pérolas– De valor incalculável. é umapedra perfeita em si. Assim também as
bênçãos da Nova Jerusalém serão também perfeitas;
· Os nomes das 12 tribos de Israel aparecerão nas portas (Ap 21.12);
· Todas as pedras citadas nas suas figuras e símbolos retratam a divindade de Cristo, sua obra redentora
e sua glória. Retratam também a velha e a nova aliança participando juntas dessa glória infinita;
· Nela não entrará nenhuma coisa impura, ninguém que pratique a abominação e mentira (Ap 21.7-8);
· Não terá nem sol, nem lua, pois éiluminada pela glória de Deus;

223
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

· Não terá templo: seu templo será o Senhor Deus e o Cordeiro;


· Será a morada eterna de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) juntamente com todos os salvos (Hb
11.10, 14, 16);
· A cidade brilhará como jaspe cristalino (refletirá continuamente a glória de Deus);
· A cidade será quadrangular, um cubo, cujo comprimento, largura e altura serão iguais. Medirá mil
estádios, o que nas medidas atuais corresponde a dois mil e duzentos quilômetros. Simétrica e
perfeita para abrigar toda a família de Deus, os salvos de todos os tempos.
· há três portas em cada um dos quatro lados da cidade (Ap 21.13);
· O “rio da água davida”,claro como o cristal, sairá do trono de Deus e do Cordeiro para o meio da
rua principal da cidade (Ap 22.1-2);
· De uma e de outra margem do rio está a árvore da vida;
· Será um lugar cujas bênçãos serão perfeitas:
 Santidade perfeita:“Nunca mais haverá qualquermaldição” (Ap 22.3);
 Governo perfeito:“Nela estará o trono de Deus e doCordeiro”(Ap 22.3);
 Serviço perfeito:“Os seus servos oservirão” (Ap 22.3). Será um grande privilégio;
 Visão perfeita:“Contemplarãoa suaface” (Ap 22.4);
 Identificação perfeita:“E, nas suas frontes está o nomedele” (Ap 22.4). O nome na Bíblia fala de
caráter, daquilo que a pessoa de fato é;
 Iluminação perfeita:“Então já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz
do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobreeles”(Ap 22.5);
 Interação perfeita:“E reinarão pelos séculos dosséculos” (Ap 22.5). Todos juntos, harmonicamente.
5. A DÁDIVADE NOSSO LAR ETERNO
Assim que recebemos a Cristo como Senhor e Salvador, recebemos junto a dádiva– o maior presente de
todo o mundo– a vida eterna (1 Jo 5.11-12). Desse momento em diante nosso destino muda, somos agora
cidadãos do céu. Temos agora uma nova pátria, a Nova Jerusalém Celestial. Nela não haverá enfermidades,
morte ou tristeza. é lugar de eterno júbilo espiritual. A árvore da vida, o rio da vida e o trono de Deus estão
lá, juntamente com os salvos de todas as eras (LAhAYE e hINDSON, 2010, p. 487).

6. A VIDA ETERNA
Todo o cristianismo fundamenta-se na ressurreição física de Jesus Cristo. A seus seguidores, Jesus prometeu:
“...porque eu vivo, vósvivereis”(Jo 14.19). Várias passagens atestam a promessa do Senhor de nos dar avida eterna
(Jo 11.25-26; 5.24-29, etc.) e, falam mais,
que tanto os justoscomo os injustos serão ressuscitados, todos terão
vida eterna, mas onde e quando passaremos esse futuro depende exclusivamente na nossa posição em Cristo.

Dennis Mock (2002, p.246) cita o estado eterno dos justos (crentes) e injustos (não crentes):
· O Estado Eterno dos não crentes: não haverá segunda chance. O estado eterno deste é de punição
eterna e separação de Deus no Lago de Fogo, com tormento, culpa e remorso.
Eternamente separados de Deus, eternamente em tormento.
· O Estado Eterno dos crentes: será um novo céu e uma nova terra, onde apenas a justiça habita.
Deus purificará e redimirá os velhos céus e a velha terra com uma destruição por meio do fogo e
criará um novo céu e a nova terra.
Eternamente presentes com o Senhor, eternamente num estado de bênção e paz.

224
ESCATOLOGIA BÍBLICA

NOTA!
Com relação ao nosso destino eterno, há apenas duas
escolhas– céu ou “inferno”. Nós determinamos qual destes
será pelo modo como respondemos a Deus.

Cada pessoa que já viveu, vive agora ou viverá no futuro, se encaixa em uma dessas categorias (
segundo
a Bíblia não existe uma terceira opção) (Mock p.249):
“GÊNESIS 1-3” VERSUS “APOCALIPSE 20-22”
Em Adão ou Em Cristo
(Rm 5.12; 1 Co 15.22) (Rm 5.17; Ef 2.6)
Filho de Satanás ou Filho de Deus
(Jo 8.44) (Jo 1.12-13; Ap 21.7)
No reino das trevas ou No Reino da Luz
(Ef 5.8; Cl 1.13; At 26.18) (Ef 5.8; Cl 1.13; At 26.18)
Morto em pecados ou Morto para o pecado
(Ef 2.1) (Rm 6.11)
Destino = “Inferno” ou Destino = Céu
(Mt 25.41; Ap 20.15) (Ap 21.3, 7; Ap 22.1-5, 14)
TABELA 47:“GÊNESIS 1-3” VERSUS “APOCALIPSE20-22”
FONTE: MOCK, 2002, p.248.

CONVERSANDO!
“Eternidade, para o fiel, é um dia que não tem crepúsculo;
para o incrédulo, é uma noite que não tem alvorada”
Thomas Watson.

A Bíblia menciona ainda que haverá uma sucessão de eras futuras, sobre as quais nada nos é dito no
presente“para mostrar nos séculos vindouros asuprema riqueza da suagraça, em bondade para conosco,
em CristoJesus” (Ef 2.7). Certamente à medida qu
e essas erasbíblicas forem passando, conheceremos mais
e mais as insondáveis riquezas da sua graça!
· AINDA Há OPORTUNIDADE
Este é o plano perfeito de Deus para redenção de toda a sua criação. Onde nós passaremos a eternidade?
No céu, com Deus, ou no lago de fogo, com Satanás? Isso depende justamente da escolha que fizermos agora,
enquanto temos oportunidade:“Por isso é que se diz:“Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o
coração”,...”(hb 3.15).“Buscaiao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquantoperto”
está (Is 55.6).
O tempo é hoje. Temos oportunidade de escolher a bênção ou a maldição, a vida ou a morte, viver com
Deus ou sem Ele. Essa é uma escolha pessoal que cada ser humano teve, tem ou terá que fazer, e a maneira
como responder a essa questão afetará todo seu futuro ETERNAMENTE!

RESUMO DO CAPÍTULO
· Aprendemos que o Juízo Final ou Julgamento do Grande Trono Branco ocorrerá imediatamente
depois do Reino Milenar e antes do início da eternidade.
· Estudamos vários fatos relacionadosao Julgamento do Trono Branco:quem será o Juiz, o local desse
Tribunal, quando ocorrerá, quem participará, qual será a sentença.

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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

· Vimos que a terra como a conhecemos será destruída e ser


ão criados novos céus e nova terra.
· Após o Juízo Final, terá início a eternidade.
· Estudamos sobre o estado eterno dos justos e dos ímpios.
· Identificamos as principais características da Nova Jerusalém Celestial.

Chegou a hora da autoatividade. Você deverá fazer uma


revisão do capítulo, responderá às questões, destacará a
folha da autoatividade e a entregará para o professor na
próxima aula. Boa revisão e ótimos estudos!

226
ESCATOLOGIA BÍBLICA

INSTITUTOTEOLÓGICOQUADRANGULAR NOTA

ESCATOLOGIABÍBLICA
AUTOATIVIDADEDO CAPÍTULO 12
Nome: Série: Data da Entrega:

QUESTÕES:
1. Quando ocorrerá o Julgamento do Grande Trono Branco? Quem será julgado neste tribunal? Quais livros
serão abertos neste Tribun al?
2. Qual será a condenação dos ímpios?
3. O jul gamento dos descrentes será baseado em quê?
4. O que virá após o Julgamento do Trono Branco?
5. O qu e acontecerá com a terra e o céu atuais? Por que há necessidade de se trocar os céu e a ter ra?

227
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANOTAÇÕES

228
ESCATOLOGIA BÍBLICA

FINAL
Querido(a) Aluno(a),
Chegamos ao final dessa importante disciplina para a sua capacitação ministerial! Antes de tudo
gostaríamos de parabenizá-lo(a) pelo seu empenho e dedicação ao estudo.
Caminhamos juntos esses doze capítulos nos deliciando nas insondáveis riquezas do conhecimento da
Palavra de Deus, porém esperamos que este tenhasido apenasum despertar em seucoração quanto ao tema,
visto que somos eternos aprendizes e que o Senhor tem muito mais a nos ensinar.
Sabemos ainda que seria humanamente impossível exaurirmos otema“Escatologia Bíblica” nesse livro.
há muito mais a ser descoberto, lido, pesquisado, mas preferimos ficar com as palavras do patriarca Jó:
“Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas
dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer?
E mais profunda do que o inferno, que poderás tu saber?” (Jó 11.7-8)
Nossa oração é para que você não desista desse caminho de aprendizado, que seus olhos espirituais
sejam abertos dia após dia, e que o Espírito Santo de Deus o capacite a ensinar e orientar essa nova geração
de cristãos a se firmar verdadeiramente nos fundamentos da fé cristã, pois vivemos dias trabalhosos.
Que nesta despedida possamos todos juntos pronunciar com veemência e fé as palavras de João em
Apocalipse 22.20:MARANATA – ORA VEM, SENHOR JESUS!
Deus lhe abençoe!
“Sole Deo Gloria!”
Profa. Gerlene Vidal Vasiloski
Profa. Sandra Morais Ribeiro dos Santos

CRÉDITODAS AUTORAS
A Profa. Gerlene Vidal Vasiloski é Bacharel em Teologia, Professora do ITQ Campo
Comprido - Curitiba PR– Região Metropolitana Oeste e pastora auxiliar na 10ª IEQ
de Curitiba no bairro Ecoville - Campo Comprido.

A Profa. Sandra Morais Ribeiro dos Santos é Bacharel em Teologia, Professora do


ITQ Campo Comprido – Curitiba – PR – Região Metropolitana Oeste, e pastora
Auxiliar e diretora DEBQ/IEQ Pinheirinho em Curitiba. é também Coordenadora
do Grupo Missionário de Adolescentes da 2ª Região Eclesiástica de Curitiba.

229
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

REFERÊNCIAS
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232
ESCATOLOGIA BÍBLICA

ANEXO 1 – TABELA DE PROFECIAS BÍBLICAS CUMPRIDAS NA PESSOA E


MINISTÉRIODE JESUS CRISTO

233
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANEXO 2 – RESUMO PRINCIPAIS PONTOS DE DESACORDODENTRO DA


TEOLOGIAESCATOLÓGICA
HISTÓRICA SIMBÓLICA OU FUTURISTA
4 LINhAS DE PRETERISTA Todosos capítulos
Apocalipse 19 e 20 ESPIRITUAL
INTERPRETAçãO Somente Apocalipse de Apocalipsea
são acontecimentos Só Simbolismo e
APOCALIPSE 20 ao 22 terão sua partir do 4º até o
que ocorrerão após Espiritualista não
realização no futuro final correspondem
a vinda de Cristo literal.
a coisas futuras.

2 LINHAS DE PENSAMENTO QUANTO À


CONSTITUIçãO DO HOMEM TRICOTOMIA DICOTOMIA

3 LINHAS DE PENSAMENTO PRé-EXISTENCIALISMO TRADUCIONISMO CRIACIONISMO


QUANTO à PROCEDÊNCIA
DA ALMA

4 POSICIONAMENT OS PRETRIBULACIO- POSTRIBULACIO- MESOTRIBULACIO- ARREBATAMENTO


QUANTO AO ARREBATA-
NISMO NISMO NISMO PARCIAL
MENTO

A MULHER COMO A MULHER COMO


A MULHER DE MULHER COMO A MULHER COMO IGREJA IGREJA
APOCALIPSE 12.1-6; ISRAEL IGREJA Ap. 13.17
(mas sendo
13.1-18 (pretribulacionismo) (postribulacionismo) arrebatadano meio (Arrebatamento
da tribulação) parcial)

3 TEORIAS QUANTO À OUTRAS DUAS QUE AINDA NãO


IDENTIDADE DAS DUAS ELIAS E MOISÉS ELIAS E ENOQUE VIVERAM HISTORICAMENTE,
TESTEMUNHAS MAS QUE SERãO FIÉIS

PREMILENISTA AMILENISTA POSMILENISTA


PRINCIPAIS CORRENTES
TEOLÓGICAS QUANTO Creem que o Milênio é o intervalo de
Jesus reinará Creem que o reino de
A INTERPRETAçãO DO tempo entre a 1ª Vinda de Cristo e
por 1000 anos Cristo é espiritual e
PERÍODO DO MILÊNIO o Fim do Mundo, quando Cristo virá
literais não geopolítico
outra vez

234
ESCATOLOGIA BÍBLICA

ANEXO 3 – CONCEPÇÕES SOBRE O MILÊNIO

235
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

236
ESCATOLOGIA BÍBLICA

237
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANEXO 4 – PASSAGENS BÍBLICAS SOBRE O ARREBATAMENTOE A VINDA


GLORIOSADE CRISTO

Disponível em: http://www.cristianismobereano.com.br/index.php/2011/04/uma-sintese-do-arrebatamento/. Acesso em: 24.abr.2012

238
ESCATOLOGIA BÍBLICA

ANEXO5 – COMPARAÇÃOENTREO ARREBATAMENTO


E O APARECIMENTO
GLORIOSO

Disponível em: http://www.cristianismobereano.com.br/index.php/2011/04/uma-sintese-do-arrebatamento/. Acesso em: 24.abr.2012

239
ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

ANEXO 6 – VINTE EVENTOSPROFÉTICOS IMPORTANTESAINDA A SEREM


CUMPRIDOS
1. A Igreja é arrebatada para a casa do Pai antes que Cristo venha para estabelecer o seu reino (Jo 14.1-3;
1 Co 15.51-58; 1 Ts 4.13-18);
2. Gogue e Magogue serão destruídos nos montes de Israel (Ez 38-39);
3. O Anticristo estabelecerá um governo mundial (Ap 6.2; 13.1-8);

4. O Anticristo,“o
Dn 9.24-27); príncipe que há de vir”, estabelecerá uma aliança de sete anos com Israel (Is 28.15;
5. Uma igreja mundial apóstata será estabelecida (Ap 17.1-15);
6. Duas testemunhas com poderes sobrenaturais semelhantes a Moisés e Elias pregam e profetizam em
Jerusalém (Ap 11.1-5);
7. As 144.000 testemunhas judias levam uma multidão“queninguém podia contar”. Eles virão de todas
as nações, tribos, povos e línguas (Ap 7.1-15);
8. Os sete juízos dos selos de magnitude global incluirá uma guerra mundial que matará vinte e cinco
por cento da população, um martírio de crentes sem precedentes e um grande terremoto (ap 6.1-17);
9. Os sete juízos das trombe
tas abalarão a terra, produzindo morte de um terço da população de incrédulos
(Jo 8-9);
10. As duas testemunhas são mortas, e seus cadáveres são vistos na rua por todo o mundo. Depois de três
dias e meio eles são ressurretos e arrebatados ao céu (Ap 11.7-13);

11. O Anticristo
que profana
se recusam o templo,
a adorá-lo (Dncolocando
9.27b; Mt sua imagem
24.15; no meio dele.Ele ameaça com morte todos os
2 Ts 2.1-8);
12. O Anticristo quebra a sua aliança com Israel três anos e meio adentro da Tribulação (Dn 9.27);
13. Surge o Falso Profeta, e a marca da besta é exigid de todo o mundo a fim de comprar, vender e trabalhar
(Ap 13.11-18);
14. O Anticristo persegue os judeus, matando dois terços deles.Os judeus restantes fogem para Edom
(Petra) onde são preservados (Zc 13.8-9; ap 12.12-17);
15. Sete juízos (taças) produzem“grandeaflição, como nunca houve desde o princípio domundo” (Mt
24.21; Ap 16.21);
16. A Batalha do Armagedom acontece (Ap 16.12-16);
17. A destruição (política, comercial e religiosa) da Babilônia (Ap 17-18);
18. A segunda vinda física e literal de Jesus Cristo como prometida em Atos 1.9-11 (ver também Mt 24.22-
31; ap 19.11-21);
19. O Reino Milenar de Cristo é estabelecido na terra (Ap 20.1-7);
20. Os Novos Céus e Nova Terra são criados; a Nova Jerusalém desce do céu (Ap 21-22).
FONTE: Bíblia de Estudo Profética Tim Lahaye, 2005, p.1241..

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