14/10/2022 11:55 Guerra com a Otan seria uma catástrofe global, diz Putin - 14/10/2022 - Mundo - Folha

GUERRA DA UCRÂNIA
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RÚSSIA
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Guerra com a Otan seria uma catástrofe global, diz

Putin
Russo abranda discurso sobre conflito na Ucrânia, sugere objetivo e anuncia fim da
mobilização

14.out.2022 às 10h15
Atualizado: 14.out.2022 às 11h41

Igor Gielow (https://www1.folha.uol.com.br/autores/igor-gielow.shtml)

SÃO PAULO O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta (14) que
um confronto de seu país com a Otan provocaria uma "catástrofe global" e
sinalizou um abrandamento na condução da Guerra da Ucrânia,
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/guerra-da-ucrania/) negando a necessidade de mais ataques

maciços e sugerindo novamente que pode se satisfazer com os territórios que

anexou do vizinho. (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/09/putin-tenta-ditar-paz-em-seus-termos-apos-
anexar-parte-da-ucrania.shtml)

Putin falou em uma entrevista coletiva em Astana (Cazaquistão), onde

participa de uma conferência de líderes de países eurasianos. Depois de ter
elevado a retórica nuclear, (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/09/russia-eleva-ameaca-e-diz-que-
pode-usar-armas-nucleares-contra-a-ucrania.shtml) ao sugerir que armas atômicas poderiam ser

usadas para defender suas conquistas na Ucrânia, ele jogou a bola de volta ao
Ocidente.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/putin-alerta-para-catastrofe-global-em-caso-de-conflito-direto-com-otan.shtml 1/5
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Putin concede entrevista após reunião de líderes de países da antiga União Soviética, no
Cazaquistão
- Ramil Sitdikov/Sputnik/Reuters

Na véspera, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, havia dito

que o Exército russo seria "aniquilado" (https://www.folha.uol.com.br)se Putin empregasse
armamento nuclear. "Eu espero que esses que estão dizendo isso [um
confronto com a Rússia] sejam espertos o suficiente para não dar tais passos",
afirmou, citando o risco de "catástrofe global" de um embate atômico.

Borrell disse que a reação ocidental seria com armas convencionais, mas a
doutrina russa é clara ao dizer que artefatos atômicos
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/otan-mantem-treino-de-guerra-nuclear-e-desafia-a-russia.shtml)serão

utilizados caso haja risco existencial ao Estado ou a seus aliados, nuclear ou

não.

Mordida dada, foi a vez de Putin assoprar, a seu modo, claro. "Nós não nos
demos a tarefa de destruir a Ucrânia, claro que não. Não há necessidade de
ataques maciços", afirmou, ao ser questionado sobre a continuidade dos
bombardeios com mísseis e drones a alvos da infraestrutura civil do vizinho.

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Ataques do tipo ocorreram ao longo de toda a guerra, mas foram concentrados

numa grande ação na segunda (10), em vingança pelo ataque contra a ponte
que liga a Rússia à Crimeia anexada em 2014.
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/russia-acusa-ucrania-por-explosao-em-ponte-na-crimeia-e-denuncia-ato-

terrorista.shtml) Putin reafirmou que seu bombardeio foi retaliatório e preventivo.

"Para agora há outras missões porque, eu creio, só 7 de 29 alvos não foram
atingidos [na segunda] como planejado, mas vamos atingi-los gradualmente",
afirmou o russo.

Além disso, o presidente russo novamente sugeriu que o caminho para uma
negociação passa pelo reconhecimento da anexação de quatro regiões
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/09/putin-tenta-ditar-paz-em-seus-termos-apos-anexar-parte-da-ucrania.shtml)

que não controla totalmente no leste e no sul ucranianos, onde inclusive sofreu
derrotas militares recentemente.

O fez dizendo que não há motivo para estender a mobilização de reservistas

(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/russia-mobiliza-200-mil-e-divulga-treinamento-para-guerra-nuclear.shtml) e

que ela foi necessária porque "soldados profissionais não eram suficientes para
manter as linhas", ou seja, as fronteiras que deseja ver desenhadas. Em votação
na ONU, 140 países condenaram a anexação (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/onu-
vota-texto-para-condenar-anexacao-de-parte-da-ucrania-a-russia.shtml), 35 se abstiveram e 5, Rússia
inclusa, rejeitaram a crítica.

Mais: disse que a mobilização vai parar em 222 mil homens, e não os 300 mil
informados inicialmente. Destes, 33 mil já estariam em unidades militares e 16
mil, em combate na Ucrânia. Altamente impopular e com efeitos
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/putin-isenta-estudantes-de-ir-a-ucrania-apos-1a-queda-de-aprovacao-desde-a-

na sua aprovação em pesquisas, o alistamento deverá acabar em duas

guerra.shtml)

semanas.

Sobre conversas de paz em si, o russo voltou a dizer que seu país está aberto,
mas com mediação internacional, dado que não vê interesse do lado ucraniano.
E descartou conversar com o presidente americano Joe Biden em Bali, onde
ocorrerá uma reunião do G20 em novembro.

Criticou a Alemanha pelo seu apoio a Kiev, (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/05/forca-

aerea-leva-41-do-pacote-militar-de-r-507-bi-da-alemanha.shtml) em detrimento à parceria energética

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construída ao longo de anos com Moscou. "Ela precisa decidir o que é mais
importante: cumprir obrigações de alianças ou seu interesse nacional. No caso,
a Alemanha tem colocado suas obrigações com a Otan acima de tudo, e eu acho
que isso é um erro", afirmou.

Putin admitiu que há ansiedade entre os países que,

(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/10/onu-vota-texto-para-condenar-anexacao-de-parte-da-ucrania-a-russia.shtml)

como a Ucrânia e a Rússia, compunham a União Soviética até 1991 —o anfitrião

Cazaquistão entre eles. "Certamente nossos sócios estão interessados, e
também preocupados pelo futuro das relações entre Rússia e Ucrânia. Mas isso
não afeta em nada a qualidade e a profundidade de nossa relação com eles."

Por fim, repetiu que não se arrepende da guerra. "Não. Quero deixar isso claro:
o que está acontecendo hoje é desagradável, para colocar de forma branda, mas
nós teríamos de fazer a mesma coisa um pouco depois, apenas em condições
piores para nós, é isso. Então estamos agindo corretamente", disse.

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