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21/07/2020 China tem 'catálogo de má conduta', e EUA devem estar prontos para derrotá-la, diz Pentágono - 21/07/2020 - Mundo

2020 - Mundo - Folha

China tem 'catálogo de má conduta', e EUA devem


estar prontos para derrotá-la, diz Pentágono
Secretário de Defesa afirma que vai visitar rival e anuncia exercício militar inédito
com a Índia

21.jul.2020 às 10h35

Igor Gielow (https://www1.folha.uol.com.br/autores/igor-gielow.shtml)

SÃO PAULO A China apresenta um "catálogo de má conduta"


(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/guerra-fria-20-entra-em-nova-fase-com-ameaca-de-sancoes-entre-eua-e-

china.shtml)em
sua relação com os vizinhos, e os Estados Unidos precisam estar
prontos para derrotá-la militarmente no Pacífico.

A avaliação, em tom beligerante, foi feita pelo secretário de Defesa dos EUA,
Mark Esper, durante um webinário do Instituto Internacional de Estudos
Estratégicos, realizado na manhã desta terça (21).

A estratégia americana para o Indo-Pacífico,


(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/guerra-fria-20-entra-em-nova-fase-com-ameaca-de-sancoes-entre-eua-e-

transformada em prioridade ainda na gestão de Barack Obama


china.shtml)

(2009-2017), prevê "um futuro conflito de alta intensidade com rivais quase
iguais", disse Esper. "Nós esperamos nunca precisar lutar, mas temos de estar
preparados para derrotá-lo."

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/china-tem-catalogo-de-ma-conduta-e-eua-devem-estar-prontos-para-derrota-la-diz-pentagono.shtml 1/6
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Os porta-aviões Nimitz (dir.) e Ronald Reagan, com escoltas, no mar do Sul da China, há duas
semanas - Keenan Daniels/Marinha dos EUA/AFP

O chefe do Pentágono, além de defender investimentos em armas como


mísseis hipersônicos, disse que isso só será possível com a colaboração de
aliados americanos na região.

Além dos tradicionais e desconfiados parceiros como o Japão, que Esper vê


cada vez mais capaz do ponto de vista militar
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/cercado-japao-se-afasta-do-pacifismo-e-acelera-uso-de-armas-

ofensivas.shtml), fez uma deferência especial à Índia.

"Enquanto falo com vocês, o USS Nimitz chegou ao Oceano Índico para
manobras com a Marinha indiana", disse, em referência ao porta-aviões de
propulsão nuclear que na semana retrasada fez exercícios no mar do Sul da
China com outro navio do mesmo tipo, algo que não acontecia desde 2012.

"Estamos comprometidos com um oceano livre. A China não terá zonas de


exclusão ou seu próprio império marítimo", disse.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/china-tem-catalogo-de-ma-conduta-e-eua-devem-estar-prontos-para-derrota-la-diz-pentagono.shtml 2/6
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Os inéditos exercícios indo-americanos são realizados perto das ilhas


Andamã e Nicobar, territórios indianos considerados um dos gargalos do
comércio marítimo do mundo, do qual o regime chinês é o principal ator.

A Índia, que sempre buscou agir de forma independente, sendo um grande


parceiro militar da Rússia, por exemplo, tem se aproximado dos EUA sob
Donald Trump. No mês passado, protagonizou uma escaramuça militar de
fronteira com a China, que deixou dezenas de mortos
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/china-e-india-prometem-reduzir-tensao-mas-mantem-acusacoes-apos-

conflito.shtml).

Trump tem buscado reavivar o Quad, um grupo formado por EUA, Índia,
Japão e Austrália, por meio de novas manobras navais na região, visando
acossar estrategicamente a China por vários flancos.

Esper mordeu, mas também assoprou. "Vamos operar, fazer exercícios. Não
estamos procurando conflito, temos linhas de comunicação abertas. Antes
do fim do ano, espero visitar a China pela primeira vez como secretário para
amplificar a cooperação em áreas de interesse comum, estabelecer sistemas
de comunicação em crise", disse.

Mas sua visita também visará "reforçar nossas intenções de competir


abertamente no sistema internacional". Ele afirmou que "nenhum de nós
quer" ser regido por "valores chineses" ou ver Pequim "dando as cartas no
futuro".

O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, durante evento na Casa Branca, em abril -
Mandel Ngan - 1º.abr.2020/AFP

Esper lembrou que a política de defesa de Trump preconiza a volta da


competição entre grandes potências, citando, além da China, a Rússia de
Vladimir Putin (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/em-desfile-militar-grandioso-putin-reescreve-

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/china-tem-catalogo-de-ma-conduta-e-eua-devem-estar-prontos-para-derrota-la-diz-pentagono.shtml 3/6
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historia-de-olho-no-presente.shtml). "É uma disputa global", afirmou, em lugares como o


Indo-Pacífico, o Ártico, o Oriente Médio e a África.

No dito catálogo de má conduta chinesa, Esper citou especialmente a política


de Pequim para Taiwan, a república insular considerada uma província
rebelde pelo governo comunista.

"[A China] está mais agressiva, com centenas, milhares de mísseis apontados
para Taiwan. [O líder chinês] Xi [Jinping] levou a situação a outro nível."

Esper reafirmou a fala do seu colega Mike Pompeo, secretário de Estado, que
na semana passada disse que as pretensões territoriais chinesas sobre 85%
do mar do Sul da China eram ilegais. (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/washington-e-
pequim-aumentam-tom-do-confronto-no-mar-do-sul-da-china.shtml) "Não reconhecemos as ilhas
artificiais e militarizadas", afirmou.

O chefe da defesa americana disse ainda que as ameaças chinesas a seus


navios na região, que segundo a imprensa estatal de Pequim operam "ao
sabor do Exército de Libertação Popular", são "declarações vazias".

"Nós temos porta-aviões no Indo-Pacífico desde a Segunda Guerra Mundial.


Vamos continuar lá."

Apesar do tom triunfalista, Esper fez questão de tentar acalmar os aliados


regionais, que veem na falta de comprometimento de Trump com o que
chama de "guerras inúteis" o temor de um desengajamento global.

Segundo ele, no entorno chinês as relações dos EUA eram muito bilaterais.
"O coronavírus tem nos empurrado a um multilateralismo", sugeriu.

EUA e China estão em um momento de grande estresse político, alimentado


também pelas perspectivas de uma tentativa bastante difícil de reeleição de
Trump em novembro, o que sempre incentiva declarações mais bombásticas.

Desde a semana passada, Washington criticou a política marítima de Pequim


(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/washington-e-pequim-aumentam-tom-do-confronto-no-mar-do-sul-da-

china.shtml),
publicou ato retirando o status privilegiado de Hong Kong nas
relações com os EUA e viu um grande aliado, o Reino Unido, vetar a presença

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/china-tem-catalogo-de-ma-conduta-e-eua-devem-estar-prontos-para-derrota-la-diz-pentagono.shtml 4/6
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chinesa em suas redes de 5G e romper tratados com o território


semiautônomo devido à repressão chinesa a atos pró-democracia.
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/reino-unido-aumenta-pressao-sobre-china-e-suspende-tratado-com-hong-

kong.shtml)

A China reagiu, ameaçando suas próprias sanções e acusando os EUA de se


intrometer em sua política doméstica.

Desde que assumiu, em 2017, Trump abriu uma guerra comercial e


geopolítica com Pequim (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/05/coronavirus-acirra-a-guerra-fria-
20-entre-china-e-estados-unidos.shtml). Os países são interdependentes na economia, mas

o mercado interno chinês não é capaz de absorver toda sua produção


industrial em caso de as exportações chinesas serem bloqueadas —não só
por tarifas, mas também por navios adversários em rotas marítimas.

A guerra tarifária está em trégua, mas a divergência sobre o manejo da crise


da pandemia (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/05/coronavirus-acirra-a-guerra-fria-20-entre-china-e-
estados-unidos.shtml)e a repressão chinesa aos atos que se desenrolam em Hong

Kong desde o ano passado, que culminaram numa nova lei de segurança
nacional no fim de junho (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/violencia-marca-estreia-da-nova-
lei-de-seguranca-chinesa-em-hong-kong.shtml), azedaram de vez a relação.

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