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Optativa – Direito Internacional e Terrorismo

Correia do Norte

Recentemente a Coreia do Norte está em alta na mídia, haja vista os constantes


testes nucleares e lançamento de mísseis que vêm sendo realizados no país, além,
claro, do conflito caloroso entre a potência norte-americana e este país comunista.

A Coreia do Norte ameaça continuamente os EUA com seus testes com mísseis,


realizados periodicamente no Mar do Japão. Somente até maio de 2017 o país
concluiu nove testes. Em resposta às preocupações diante do avanço do programa de
armas nucleares norte-coreano, os americanos testaram, com sucesso, também em
maio, um sistema para interceptar mísseis balísticos intercontinentais.

“Os EUA estão preocupados em mostrar que estão preparados para responder
a ameaça norte-coreana e proteger seu aliados na região, principalmente o Japão e a
Coreia do Sul. A ideia é mostrar que os Estados Unidos estão atentos”, diz a professora
de Relações Internacionais da Unifesp, Cristina Pecequilo. “Já a Coreia do Norte tem
como objetivo, principalmente após a posse do americano Donald Trump, conseguir
colocar uma postura de força e sinalizar que existe sim, no país, uma disposição para
manter a soberania e essa disposição é baseada em fatos concretos e não apenas no
discurso”.

A exibição de força para a manutenção no poder é estratégia antiga dos norte-


coreanos. Essa é uma das explicações para justificar e espetáculo midiático que Kim-
Jong-Un faz a cada novo teste nuclear. Os testes visam reforçar o status quo, que é de
equilíbrio e estabilidade, apesar da aparência, e garantem a narrativa de um Estado
rebelde e beligerante, o que é bom para China e Rússia, que se beneficiam ao ficarem
protegidos em uma espécie de “tampão”.

Além disso, preservam a Coreia do Sul e o Japão como parte de um esforço de


contenção, o que justifica a presença militar americana nos dois locais — Coreia do Sul
e na ilha japonesa de Okinawa. “Há uma questão de coesão interna nesse processo. O
governo utiliza esse permanente estado de mobilização nacional como uma
necessidade de defesa por que os norte-coreanos eventualmente assistem TV e ouvem
rádio com informações sobre o sul e é preciso algo que justifique essa situação
dramaticamente distinta, especialmente porque o capitalismo do sul é de um tipo
particularmente igualitário, sem grande concentração de renda, nem miséria”, diz. “O
inimigo externo é algo que ajuda a justificar as privações pelas quais passa o povo do
norte”.
Os sucessivos conflitos entre os EUA e a Coreia do Norte não são apenas
históricos, mas também ideológicos. Conforme professor de Negociação e Resolução
de Conflitos da FGV Yann Duzert, explica, Kim Jong-un precisa dos Estados Unidos para
justificar seu regime.

De acordo com o pós-doutorando pela universidade de Harvard, Duzert,


aduzque "O ditador precisa mostrar que existe um país inimigo externo para valorizar
o patriotismo e a política totalitária. É uma maneira de guardar o poder e fazer que o
líder tenha adesão do povo contra o inimigo comum".

Na análise do professor da PUC Carlos Poggio, Trump acaba alimentando o jogo


da Coreia do Norte quando faz declarações de ameaças e até ao menosprezar o país.
"Ele estimula a Coreia do Norte a continuar perseguindo este tipo de saída [guerra]. Ele
mesmo foi um candidato que não valorizou a diplomacia."

Para Poggio, as tensões aumentaram desde que Trump assumiu a presidência


dos EUA. "Ele é um presidente que desconhece o básico da política externa. Acha que
com bravatas consegue assustar líderes internacionais, e não é bem assim. Também,
quando faz uma série de ameaças e não as cumpre, causa um custo alto de
credibilidade ao país", explicou.

Alguns das principais “ameças” norte-coreanas são:

 Agosto de 1998

Pela primeira vez, a Coreia do Norte lançava um míssil balístico que


passava por cima do território japonês. O artefato, modelo Taepodong-
1, assim como o lançado ontem, caiu no Pacífico. Na época, o Japão
condenou o incidente e o qualificou como “extremamente grave”.

 Junho de 2017

Mísseis antinavios foram lançados por Pyongyang.

 Julho de 2017

- Nos dias 4 e 28 de julho, a Coreia do Norte lançou dois mísseis


balísticos intercontinentais, agravando a tensão com os EUA ao utilizar
artefatos capazes de atingir território no continente americano.

 Agosto de 2017

- Comunidade de inteligência dos EUA confirma, pela primeira vez, que


a Coreia do Norte tem capacidade de miniaturizar uma ogiva nuclear e,
assim, acoplá-la a um míssil balístico intercontinental .
- Na provocação mais recente até ontem, Pyongyang lançou três mísseis
de curto alcance no Mar do Leste/Mar do Japão. Foi o 17.º lançamento
ordenado por Kim Jong-un este ano – em todo o ano de 2016, foram 19
lançamentos.

 Setembro de 2017

- Em setembro, a Coreia do Norte lançou um míssil que cruzou o


território do Japão e caiu no Oceano Pacífico.

- Além disso, realizou o maior teste nuclear de Pyongyang. Teste 'bem-


sucedido' com uma bomba de hidrogênio que pode ser carregada no
novo míssil balístico intercontinental do país. O teste nuclear provocou
um tremor de magnitude 6,3 no território norte-coreano.
O regime coreano ameaça testar bomba de hidrogênio no oceano
pacífico.

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