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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO................................................................ 2
2. CONTEXTO HISTÓRICO........................................................................... 2
2.1. A divisão alemã em quatro áreas de influência ............................. 5
2.2. Construção do Muro de Berlim ........................................................ 9
2.3. Crise da União Soviética ................................................................... 14
3. APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................15
4. APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO ......................................... 16
5. ORGANIZAÇÕES E PLANOS RELEVANTES PARA DISCUSSÃO .... 17
5.1. Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ................. 17
5.2. Plano Marshall ................................................................................ 18
5.3. Pacto de Varsóvia ...........................................................................20
5.4. Conselho de Assistência Econômica Mútua (COMECON) ....... 20
5.5. Doutrina Truman ............................................................................21
6. POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ................................................23
6.1. Estados Unidos da América......................................................... 23
6.2. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ............................ 24
6.3. República Francesa........................................................................25
6.4. Reino Unido .....................................................................................26
6.5. República Federal da Alemanha .................................................. 27
6.6. República Democrática Alemã .................................................... 27
6.7. Movimento Não-Alinhado ............................................................. 28
7. QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO .................................29

8. REFERÊNCIAS....................................................................................... 30

ANEXO A – TABELA DE REPRESENTAÇÕES ...........................................2

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1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
A Sinufes tem por finalidade proporcionar simulações geopolíticas nos
moldes das Nações Unidas. As simulações são feitas por meio de comitês de
diferentes contextos políticos internacionais, os quais ocorrem não apenas em
um contexto atual, visto que podem apresentar um cenário passado, ou até
mesmo futuro.
Em um comitê, cada participante representará um país e tem a
responsabilidade de delegar de forma condizente com a sua política externa, de
forma que ao final da discussão os delegados cheguem a uma resolução acerca
da problemática exposta por meio da argumentação.

O grupo de trabalho em tela, tem por escopo a integração da Universidade


Federal com as escolas públicas e privadas, levando o Direito às escolas. Nessa
perspectiva, encontra-se nas simulações um meio de apresentar aos alunos um
modo de desenvolvimento da oratória, do pensamento crítico no que tange à
negociações e ponderações argumentativas, além de contribuir para o contato
com a política internacional e sua influência interna e externa no Brasil.

Ademais, delegar em um comitê abre portas para o interesse pelo Direito


Internacional e pela carreira no âmbito das relações exteriores, proporcionando
o contato dos alunos com áreas as quais não costumam ter contato durante a
escola e dessa forma, fazendo um papel de extensão da Universidade.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as duas maiores potências


vencedoras, Estados Unidos da América e União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, deixam de ser aliadas e iniciam uma disputa de poder, que resulta na
bipolarização mundial entre o capitalismo americano e o socialismo soviético. Os
dois blocos de poder, representando pólos ideológicos contrários, passam a
exercer sua influência, bélica e econômica, ao redor do globo, de modo a
conquistar aliados. Nesse contexto, os países se vêem obrigados a escolher um

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dos lados da disputa mundial pelo medo de sofrerem retaliações de algum dos
lados.

É válido apresentar, primariamente, os principais fatores geopolíticos que


levaram ao início da chamada Guerra Fria: (i) a decisão de Stalin de implementar
um governo soviético na Polônia após a expulsão dos alemães, ao invés de
realizar novas eleições ; (ii) programa de empréstimos interrompido entre
Estados Unidos e União Soviética; (iii) a falta de consenso sobre como ocorreria
a reconstrução da Alemanha; (iv) a disputa entre Estados Unidos e União
Soviética por áreas de influência na Ásia, após a derrota do Japão na Segunda
Guerra Mundial; (v) a URSS não aceitou o plano de controle de armas nucleares
apresentado pelo ONU após Hiroshima e Nagasaki, detonando sua primeira
bomba em 1949; (vi) o desgaste das relações diplomáticas já consolidado pela
ocupação soviética ao Irã, apesar da posterior desocupação

Diante do contexto analisado, a denominação “Guerra Fria” se deu em virtude


dos conflitos indiretos entre as duas potências, como a Guerra da Coréia, do
Vietnã e do Afeganistão, utilizadas, também, como meios de demonstração de
poder e aumento da influência em áreas geograficamente estratégicas.

A partir do exposto, explicita-se os meios buscados por essas potências para


superar a outra em força bélica, tecnológica e econômica. Nesse contexto,
ressalta-se a (i) corrida armamentista e a (ii) corrida espacial.

i. Corrida armamentista: Durante a Guerra Fria, a tecnologia bélica não


tinha o mesmo propósito que nas duas Grandes Guerras, uma vez que
elas não buscavam atingir fisicamente o lado inimigo, e sim investir na
pesquisa e, consequentemente, na criação de armas nunca vistas
antes. Desse modo, quando os Estados Unidos lançavam um
armamento inovador e com uma determinada potência de destruição
bélica, a União Soviética desenvolvia outro ainda mais inovador e
destrutivo.
Assim, essa competição pela superioridade bélica gerou
armamentos cada vez mais temerários, ao ponto que a soma de
ambos os arsenais teria o poder de destruir o Planeta Terra cinco
vezes. Tal poder de fogo é resultante principalmente da tecnologia

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nuclear, utilizada pela primeira vez ao fim da Segunda Guerra Mundial,
que se tornou a maior forma de imposição bélica, devido seu
extremamente poderoso poder destrutivo.
Não obstante, a corrida armamentista também contribuiu para
angariar aliados, que eram utilizados como bases militares em regiões
estratégicas. Exemplifica-se tal fato com a influência soviética em
Cuba, abrindo as portas da América Latina para o socialismo e, além
disso, vale ressaltar a disputa de influências do Oriente Médio devido
a sua importância estratégica para ambos os lados dessa Guerra.

ii. Corrida espacial: iniciada em 1957, foi uma competição tecnológica


entre o capitalismo americano e o socialismo soviético. Para isso,
foram recrutados os melhores cientistas e engenheiros da Alemanha,
visando o desenvolvimento tecnológico cada vez mais rápido.
Os soviéticos foram os primeiros a mandar o satélite Sputnik I ao
espaço em outubro de 1957 e, ainda em 57 começaram os testes com
animais como a cachorra Laika, visando levar o ser humano aoespaço.
Em 1961 o cosmonauta soviético Yuri Gagarin contemplou a Terra
mais além da órbita tripulando a nave Vostok I. Além disso, em 1971,
foi feita a primeira estação espacial, na qual três cosmonautas ficaram
três semanas realizando experimentos.
Já o programa espacial norte americano teve início três meses
depois do lançamento do Sputnik, quando os EUA lançaram o satélite
Explore I em janeiro de 58. Visando su perar a União Soviética, em
1961 o presidente John Fitzgerald Kennedy anunciou no Congresso
que eles seriam os primeiros a levar um homem ao solo lunar pelo
projeto Apollo Moon. Além disso, ao mesmo tempo, foi lançado o
Programa Gêmeos, que fez com que John Glenn orbitasse a Terra a
bordo da nave Friendship 7. Após essa experiência, o êxito das
pesquisas foi provado em julho de 69, quando Neil Armstrong tornou-
se o primeiro ser humano a pisar em solo lunar.

2.1. A DIVISÃO ALEMÃ EM QUATRO ÁREAS DE INFLUÊNCIA

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Terminada a 2ª Guerra Mundial a Alemanha, na Conferência de Yalta, foi
dividida em quatro áreas de influência, de modo que cada uma delas ficasse sob
controle de uma das potências vencedoras (Estados Unidos, França, Reino
Unido e União Soviética). Nessa mesma concepção, a capital Berlim também foi
dividida nesses quatro setores. Cabe, portanto, explicitar que tal divisão, por
conta da polarização presente durante a Guerra Fria, rapidamente se consolidou
entre Alemanha Ocidental e Oriental.

Segundo a perspectiva das zonas de influência, o chamado Plano Marshall


disponibilizou investimentos para Berlim Ocidental de forma a impulsionar sua
reconstrução e desenvolvimento, mesmo com a apreensão da produção para o
pagamento da reparação de guerra, assentando-se um obstáculo contra o
avanço do socialismo soviético. Todavia, Berlim Oriental não foi financiada da
mesma forma, visto que apenas sofreu o desmonte como forma de pagamento
dessa reparação.

Durante a reestruturação econômica de Berlim Ocidental pelos Aliados, em


1948 cada cidadão alemão pôde trocar 40 Reichmark, a moeda vigente até a
data, por 40 marcos, nova moeda introduzida pelos ocidentais. Stalin, contudo,
como forma de salvaguardar o lado Oriental das influências capitalistas, mandou
interditar todas as comunicações por terra, isolando as duas zonas.

Em 1949 a divisão das duas Alemanhas foi consolidada por meio da


formação da República Federal da Alemanha (RFA) que tinha Berlim Ocidental
como capital e da República Democrática Alemã (RDA) com a capital em Berlim
Oriental. Não obstante, a promessa soviética de prosperidade foi desacreditada
ao tornar-se visível o desenvolvimento da RFA com o Plano Marshall e a crise e
estagnação econômica e social que caracterizavam o lado oriental.

O desenvolvimento da RFA foi tão grande e bem sucedido que em 1950 a


República foi admitida no Conselho da Europa, em 1952 na Comunidade
Europeia do Carvão e do Aço, em 1955 deixou de ser considerada um território
ocupado e estabeleceu um Ministério do Exterior, entrando na Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e em 1958 filiou-se à Comunidade Econômica
Europeia.

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No que tange ao desenvolvimento econômico de Berlim Ocidental, é
fundamental enfatizar a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (i) e a
Comunidade Econômica Européia (ii).

i. A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), foi fundada em 18


de abril de 1951, com a assinatura do Tratado de Paris, por 6 países:
Alemanha ocidental, França e Itália; Bélgica, Luxemburgo e Holanda
adentraram à CECA em 1952. Seu surgimento se dá em consequência do
período de recursos escassos e baixa econômica em uma Europa
devastada pela 2º Guerra Mundial e a necessidade de recuperação
financeira no continente.
Ato contínuo, esta Comunidade estabelece a livre circulação de carvão,
ferro e aço entre os Estado membros, bem como fomenta toda a indústria
siderúrgica.
Destaca-se neste contexto o discurso do considerado pai da CECA,
Robert Schuman, então ministro das Relações Exteriores da França, em
1950, oportunidade onde foi declarado a necessidade de união no
continente europeu:
“A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto:
far-se-á por meio de realizações concretas que criem em primeiro lugar
uma solidariedade de facto. A união das nações europeias exige que seja
eliminada a secular oposição entre a França e a Alemanha.”
Há uma grande importância diplomática na CECA, uma vez que a França
oferece a Alemanha, sua inimiga em guerras de outrora, uma política de
recuperação e crescimento econômico conjunto.

ii. Em 1967, surge a Comunidade Econômica Europeia, com o intuito de


estabelecer um mercado comum europeu de escopo mais abrangente que
o estabelecido pela CECA, fomentando políticas conjuntas de agricultura,
bem como transporte e mão de obra entre os países- membros.
A CEE conta atualmente com 12 nações signatárias: Alemanha ocidental,
França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda; em 1973 aderem à

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Comunidade o Reino Unido, Irlanda e Dinamarca; Grécia em 1981; e
Portugal e Espanha em 1986.

A prosperidade Ocidental atraía os moradores de Berlim Oriental de modo


que, entre 1949 e 1961, quase 3 milhões de pessoas fugiram para os setores
ocidentais, sendo 30 mil evasões só em julho de 1961. A RDA, todavia, não
poderia deixar a evasão em massa continuar desenfreadamente e por isso, em
agosto de 1961 iniciou a construção do Muro de Berlim, que demarcou
fisicamente a linha divisória entre as duas Alemanhas.

FIGURA 1 – DIVISÃO DA ALEMANHA EM 4 ÁREAS DE INFLUÊNCIA


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Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Bloqueio_de_Berlim#/media/Ficheiro:Deutschland_Besatzungszonen_-
_1945_1946.svg

FIGURA 2 – DIVISÃO DE BERLIM EM 4 ÁREAS DE INFLUÊNCIA


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Fonte: https://images.sul21.com.br/file/sul21site/2014/08/20140806muro-21.jpg

2.2. CONSTRUÇÃO DO MURO DE BERLIM

Na madrugada de sábado para domingo, dia 13 de agosto de 1961,


iniciou-se, sob comando da República Democrática Alemã (RDA), a construção
do símbolo máximo da Guerra Fria: o muro de Berlim. Nas primeiras horas da
madrugada do referido dia, houve a suspensão do tráfego de trens entre Berlim
Ocidental e Berlim Oriental. Com o passar da madrugada, iniciou-se a separação
de fato das duas porções territoriais, inicialmente utilizando-se de arame farpado
e concreto, além de tanques e trincheiras de até 2 metros na fronteira. Havia
ainda, nesse momento, 13 passagens ao longo da fronteira entre os setores,
sendo essas monitorados por postos de controle, fortemente vigiados e
reguladas pela polícia de Berlim Oriental.

Entretanto, o governo do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED,


na sigla em alemão), que tinha como lideranças principais Walter Ulbricht e
Enrich Honecker, ao perceber que, embora o arame farpado fosse respeitado

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pelos habitantes da República Federativa da Alemanha (RFA), não impedia, de
fato, a migração dos cidadãos da RDA, decretou, na madrugada de 17 para 18
de agosto, a substituição da separação feita de arame farpado pela construção
de um muro de tijolos de concreto.

O Muro de Berlim, propriamente dito, tinha mais de 100 quilômetros e até


4,20m de altura em alguns trechos. Uma segunda fortificação foi construída
posteriormente. Ao seu redor foi demarcada uma faixa de segurança, também
conhecida como faixa da morte, que chegava a ter cem metros de largura. Ali se
encontravam cerca de 300 torres de vigilância, 20 bunkers (instalações
antiaéreas subterrâneas), 260 canis e inúmeros postes com holofotes. Os
soldados receberam ordem de atirar e impedir qualquer fuga "usando todos os
recursos disponíveis".

Por trás do Muro havia uma segunda barreira, cercas com alarme e
trincheiras profundas para inibir a passagem de iveículos. Holofotes, cães e
minas completavam o esquema de segurança, que fazia do muro uma fortaleza
praticamente inexpugnável.

Foram gastos 870 milhões de marcos para erguer o gigante de concreto


e demais instalações da fronteira.

Com a construção do Muro, o código penal da RDA ficou mais severo para
garantir a fronteira. A tentativa de fuga passou a ser crime. Os desertores eram
considerados "traidores da pátria". No primeiro semestre de 1961, foi aberto
inquérito contra 4400 pessoas que tentaram cruzar a fronteira. Seis meses
depois, 18.300 foram condenadas por tentativa de fuga e passaram anos nas
prisões.

Em 24 de agosto, o número de passagens entre Berlim Ocidental e Berlim


Oriental cai para sete. A partir desse dia, também, os habitantes da RFA que
desejassem visitar a Alemanha Oriental necessitariam de um passe concedido
pelo SED.

Assim, sem respeitar casas, estradas ou linhas férreas, os 155


quilômetros de muro não separaram apenas as regiões territoriais, mas também
famílias e amigos.

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Ainda dois meses antes da construção do muro, Walter Ulbricht, chefe de
Estado e do partido único da Alemanha Oriental, desmentira boatos de que o
governo estaria planejando fechar a fronteira: "Não tenho conhecimento de um
plano desses, já que os operários da construção estão ocupados levantando
casas e toda a sua mão de obra é necessária para isso. Ninguém pretende
construir um muro".

Nos bastidores, porém, corriam os preparativos, sob a coordenação de Erich


Honecker e com a bênção da União Soviética. Guardas da fronteira e batalhões
fiéis encarregaram-se da tarefa. Honecker não tinha a menor dúvida: "Com a
construção da muralha antifascista, a situação na Europa fica estabilizada e a
paz, salvaguardada".As potências ocidentais protestaram, mas nada fizeram.

A construção do muro foi justificada pelos dirigentes comunistas germano-


orientais sob o argumento de proteger a economia da República Democrática da
Alemanha (RDA) do saqueio, do contrabando e da especulação – além de
controlar a população e evitar a fuga em massa de trabalhadores qualificados
para o setor oeste da cidade, território da República Federal da Alemanha (RFA).
Tal temor do governo oriental era fundado nas cerca de 2 mil fugas diárias que
haviam sido registradas até aquele 13 de agosto de 1961, ou seja, 150 mil desde
o começo do ano e mais de 2 milhões desde que fora criado o "Estado dos
trabalhadores e dos camponeses". "A fronteira em que nos encontramos, com a
arma nas mãos, não é apenas uma fronteira entre um país e outro. É a fronteira
entre o passado e o presente", era a interpretação ideológica do governo alemão-
oriental.

Qualquer pessoa que tentasse atravessar o muro era presa, castigada ou até
mesmo morta. Apenas 11 dias após a construção, morria o primeiro alemão-
oriental, Günter Liftin, abatido a tiros durante uma tentativa de fuga.

A concepção do regime soviético de que “o que é grande é melhor” fez com


que diversos monumentos, construções e estátuas fossem construídas para
mostrar ao mundo a prosperidade advinda do socialismo. No que tange à Berlim
Oriental, é válido destacar a chamada “Torre da Televisão de Berlim, em alemão,
Berliner Fernsehturm. Construída em 4 anos (de 1965 até 1969), tinha 365
metros de altura e era considerada o símbolo de Berlim Oriental. Além de ter

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sido construída para proporcionar uma cobertura de redes de televisão sem
falhas, a torre era uma forma de representar a grandeza do socialismo e do poder
de controle estatal. Devido seu tamanho e arquitetura, Berliner Fernsehturm era
vista em toda Berlim Oriental e mesmo longe, os cidadãos tinham a impressão
de que ela estava perto, representando o governo socialista sempre vigilante.

Não obstante, a torre supracitada também era vista do outro lado do Muro,
ou seja, em Berlim Ocidental. Ela foi construída para passar uma mensagem de
prosperidade, riqueza e desenvolvimento tecnológico para o lado capitalista da
Alemanha, visto que eles não tinham acesso ao que se passava do lado
socialista.

IMAGEM 3 – BERLINER FERNSEHTURM

IMAGEM 4 – MURO DE BERLIM

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IMAGEM 5 – MAQUETE DO MURO DE BERLIM

2.3. CRISE DA UNIÃO SOVIÉTICA

Convivendo com bons indicadores sociais e econômicos até meados da


década de 1970, a década de 1980 se inicia com uma União Soviética
economicamente estagnada e com seus indicadores sociais comprometidos em
decorrência de excessivos gastos militares oriundos da corrida armamentista
travada com os EUA.

Desse modo, logo no ano de 1980 a URSS é ultrapassada pelo Japão, que
assume a posição de 2ª maior economia mundial. Essa situação se soma à
dispendiosa Guerra do Afeganistão, em curso desde do ano de 1979, que
prejudica em conjunto o auxílio enviado pelo governo soviética à outros países
socialistas, desencadeando uma espécie de “efeito dominó”.

Os fatores expostos geram uma queda de estabilidade interna no líder do


leste europeu se estende para sua zona de influência e compromete seus

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alicerces ao redor do mundo que comprovariam o potencial hegemônico de uma
economia planificada.

O sentimento geral de descontentamento nas repúblicas do Báltico e na


Europa Oriental em relação à excessiva burocratização e repressão do regime
socialista levaram à eleição de um novo líder para a URSS, Mikhail Gorbachev,
que com contundentes críticas ao sistema soviético ascende ao poder em 1985
com a promessa de mudança de paradigma para o regime. É levado a cabo uma
série de reformas, protagonizadas pela “glasnost” e a “perestroika”, que
pretendiam tornar o governo soviético mais transparente e democrático, bem
como reestruturar sua economia, tendo como objetivo uma reformulação do
socialismo. Além disso, Gorbachev demonstra uma clara aproximação com os
países capitalistas, realizando encontros diplomáticos com Margaret Thatcher,
primeira ministra do Reino Unido, e Richard Nixon, presidente dos EUA, ambos
em 1985.

Além dos programas “glasnost” e “perestroika” terem sido mal conduzidos


pelo governo soviético, gerando insatisfação popular e declínio econômico, em
1986, com o acidente nuclear de Chernobyl, o esfarelamento da URSS se torna
claro, e sua insuficiência econômica abre brecha para diversos dos países que
compunham sua zona de influência iniciarem levantes pela democratização e
abertura econômica. Nesse sentido, no atual ano de 1988, Gorbachev abandona
a doutrina Brejnev, admitindo que os países do Leste Europeu adotassem
regimes democráticos e intensificando o caráter insustentável do regime
socialista ante seu desgaste em âmbito social, político e econômico
internacional.

3. APRESENTAÇÃO DO TEMA

O acúmulo de problemas internos e externos que marcaram a União


Soviética durante a década de 1970 tornou -se insustentável no decorrer da
década de 1980. Os problemas, no entanto, não se restringiram apenas à URSS,
mas às suas áreas de influência, incluindo Berlim Oriental. Nesse sentido, o
problemático contexto político, econômico e social do comunismo soviético
começou a apresentar sinais de colapso.

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Em decorrência da crise exposta, a população de Berlim Oriental que por
anos traçou rotas de fuga inimagináveis para atravessar o Muro que separa as
mazelas, consequentes da má administração comunista, da suposta
prosperidade capitalista, passou a utilizar uma nova rota: túneis feitos por eles
mesmos.

Esses túneis clandestinos, primariamente inspirados nas antigas linhas de


metrô e até mesmo em túneis de esgoto, começaram a ser construídos em
diferentes pontos no decorrer do Muro, sendo sua maior concentração na divisa
entre Berlim Oriental e Ocidental. O êxodo populacional em tela, decorrente do
escape subterrâneo causou o maior deslocamento de pessoas desde que o Muro
foi erguido. Como resposta às fugas, a RDA aumentou cada vez mais a
perseguição e o controle populacional dos cidadãos, de modo que os mesmos
perderam até o direito à intimidade em suas próprias casas, além do aumento
exacerbado das mortes e desaparecimentos políticos.

Contudo, a influência e estabilidade advindas da URSS não funcionavam


como décadas atrás, em decorrência da crise instaurada no país, de forma que
a população de Berlim Oriental começou a se mobilizar para resistir ao
autoritarismo exorbitante e as mazelas econômicas e sociais à que estavam
afligidos. Nesse ínterim, o controle governamental não cedeu à mobilização
populacional, e as ordens recebidas pelos policiais que vigiavam o Muro de
“atirar para matar” foram repassadas aos policiais da cidade. O embate traçado
pelo governo e pela população chamou a atenção do crescente mundo midiático
e a crise humanitária decorrente desse conflito desencadeou protestos políticos
ao redor do globo, de forma que países da União Europeia e os Estados Unidos
convocaram uma reunião da Assembléia Geral das Nações Unidas.

4. APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO

A Assembleia Geral das Nações Unidas é o principal órgão deliberativo da


ONU. Nesse espaço plural de discussão os líderes globais se reúnem na sede
das Nações Unidas em Nova Iorque para discutir sobre diversos assuntos em

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pauta ao redor do globo e que são fundamentais para a manutenção da harmonia
geopolítica.

No que tange aos assuntos em pauta no órgão em tela, cita-se a paz e a


segurança, aprovação de novos membros, questões de orçamento,
desarmamento, cooperação internacional em todas as áreas, direitos humanos,
entre outros. Além disso, cabe citar suas principais funções, que são discutir e
fazer recomendações sobre todos os assuntos em pauta na ONU; discutir
questões ligadas a conflitos militares (exceto a pauta do Conselho de
Segurança); discutir formas e meios para melhorar as condições de vida das
crianças, dos jovens e das mulheres; discutir assuntos ligados ao
desenvolvimento sustentável, meio ambiente e direitos humanos; decidir as
contribuições dos Estados-Membros e como estas contribuições devem ser
gastas; eleger os novos Secretários-Gerais da Organização.

Vale ressaltar, diante dos pontos expostos, que as decisões tomadas na


AGNU, por meio das resoluções funcionam com caráter de recomendação e não
de obrigação, tendo em vista às funções do órgão. Nesse sentido, é importante
salientar a característica de igualdade presente neste órgão, visto que cada país
tem direito a um voto independente de poder econômico, militar, entre outros.

5. ORGANIZAÇÕES E PLANOS RELEVANTES PARA A DISCUSSÃO

Nessa seção serão avaliadas as principais organizações políticas e militares,


no que tange à problemática apresentada no presente guia, bem como os planos
econômicos que apresentam relevância para o tema.

5.1 Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)


A OTAN surge com a assinatura do Tratado do Atlântico Norte em 04 de
abril de 1949 por 12 países: Bélgica, Canadá, Dinamarca, França Irlanda, Itália,
Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, tendo
aderido posteriormente à Organização Grécia e Turquia em 1952; Alemanha em
1955; Espanha em 1982.

Essa aliança tem como principal objetivo, garantir a liberdade e a


segurança de seus membros, por meios políticos e militares. Não obstante, é

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pautada no Tratado do Atlântico Norte e nos princípios do Artigo 51 1 da Carta
das Nações Unidas, bem como na assistência mútua entre os membros da
Aliança contra agressões externas.

A OTAN associa a América do Norte à defesa da Europa ocidental, de


modo a preservar os valores de democracia e liberdade, se opondo, por
conseguinte, aos princípios defendidos pelo bloco socialista.

No que tange à participação da Alemanha Ocidental na OTAN, ocorreram


diversas desconfianças, principalmente francesas, em relação ao rearmamento
do país. Todavia, após a garantia de permanência de tropas inglesas em solo
alemão e americanas no continente europeu, em 1955, a Alemanha Ocidental é
integrada à OTAN.

Moscou, por sua vez, responde à entrada do país supracitado na OTAN


com a criação do Pacto de Varsóvia, em 1955, polarizando cada vez mais as
relações militares entre os blocos capitalista e socialista.

5.2. Plano Marshall

Oficialmente chamado de Programa de Recuperação Europeia (European


Recovery Program), o Plano Marshall ficou assim conhecido em função de seu
idealizador, George Marshall, Secretário dos Estados Unidos à época. Esse
plano, instituído em 1947, consistiu em um programa de reconstrução e
recuperação política e econômica dos países europeus após a Segunda Guerra
Mundial.

Inicialmente, a ideia era incluir todos os países da Europa no plano,


inclusive os que se encontravam sob o domínio da URSS. Entretanto, Josef
Stálin, que havia lutado ao lado dos aliados contra a Alemanha na Guerra, se

1 Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima def esa individual ou coletiva
no caso de ocorrer um ataque armado contra um Membro das Nações Unidas, até que o
Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da
segurança internacionais. As medidas tomadas pelos Membros no exercício desse direito de
legítima def esa serão comunicadas imediatamente ao Conselho de Segurança e não deverão,
de modo algum, atingir a auto ridade e a responsabilidade que a presente Carta atribui ao
Conselho para levar a ef eito, em qualquer tempo, a ação que julgar necessária à manutenção ou
ao restabelecimento da paz e da segurança internacionais. Disponível em
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D19841.htm>. Acesso em 11 de outubro de
2019.

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recusou, por motivos ideológicos, a aceitar o plano, criando, posteriormente, o
seu próprio plano de recuperação dos países do Leste Europeu (COMECON –
Conselho Mútuo para Assistência Econômica).

Assim, pode-se afirmar que o Plano Marshall foi, também, uma tentativa,
bem sucedida, de combater o avanço do comunismo na Europa, estabelecendo
o capitalismo na Europa Ocidental.

A principal estratégia do programa consistia na concessão de


empréstimos a juros baixos aos países europeus que aceitassem as condições
impostas pelos norte-americanos, a saber, a compra prioritária de seus produtos,
a política de estabilização monetária e anti-inflacionária, bem como a política de
integração e cooperação europeia.

Nesse sentido, foram concedidos cerca de 18 bilhões de dólares


(aproximadamente US$ 135 bilhões nos dias atuais). Os países que receberam
maior ajuda foram o Reino Unido (3,2 bilhões), França (2,7 bilhões), Itália (1,5
bilhão) e Alemanha (1,4 bilhão), ajuda essa que foi recebida não só em dinheiro,
mas também por meio de assistência técnica de peritos em tecnologia norte-
americana, alimentos, combustíveis, produtos industrializados, veículos,
maquinaria para as fábricas, fertilizantes, entre outros.

Em suma, o resultado do Plano Marshall foi bastante satisfatório,


principalmente para os Estados Unidos que, com a prosperidade econômica da
Europa influenciada pelo programa, angariou grande aumento em suas taxas de
exportações, bem como em sua área de influência européia.

Alguns desdobramentos importantes do Plano Marshall foram a criação


da OECE (Organização para Cooperação Econômica Europeia) e da
OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A primeira entrou em vigor
em 16 de abril de 1948, e teve o objetivo de coordenar a distribuição dos fundos
empregados pelos EUA e integrar os países europeus diretamenteenvolvidos
com os investimentos. Em 1957, com o Tratado de Roma, a estrutura da
cooperação econômica europeia evoluiria para o Mercado Comum Europeu e,
depois, para a União Europeia.

5.3. Pacto de Varsóvia

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Assinado em 1955, a reação dos países do leste europeu ao ingresso da
República Federal da Alemanha na OTAN desencadeia o Tratado de Amizade,
Cooperação e Ajuda Mútua do Leste. O também intitulado Pacto de Varsóvia
incluía sete países do bloco oriental, dentre eles: União Soviética, Polônia,
Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Albânia e República Democrática
Alemã, que se comprometeram em um pacto militar de assistência conjunta.

Com o intuito de assegurar posições geopolíticas de seus aliados,


liderado pela URSS, o Pacto de Varsóvia manteve o vínculo entre os países
membros por meio de atuações econômicas e, principalmente, militares. Sua
principal atuação se deu no âmbito de repressão das revoltas internas de
maneira atroz. Como no caso da Hungria, em 1956, bem como em 1968, na
Polônia e na Tchecoslováquia na chamada “Primavera de Praga”. Ficando assim
conhecida como a prática de “doutrina sobre a soberania dos Estados
soviéticos”. Sendo assim, concebida internacionalmente como um instrumento
da política externa da URSS contra as estratégias da OTAN.

O desgaste da imagem do pacto se figura a partir da violenta repressão


em Praga no fim da década de 1960. De modo que, com a ascensão de Mikhail
Gorbachev ao governo soviético e sua política de reabertura e reinserção
democrática no bloco socialista por meio da implantação da “doutrina Sinatra” no
atual ano de 1988, permitiram uma gradativa distensão do pacto, que começa a
perder sua “razão de ser”.

5.4. Conselho de Assistência Econômica Mútua (COMECON)

A Segunda Grande Guerra deixou o continente europeu devastado, com


morte de muitos civis, problemas estruturais e de abastecimento. Nesse cenário,
para auxiliar os países europeus alinhados ao capitalismo e atingidos pelos pela
guerra, os Estados Unidos criaram um programa de assistência econômica, o
Plano Marshall.
Assim, em 1949, com receio do avanço capitalista pelo leste europeu por
meio do Plano Marshall, a União Soviética criou o Conselho para Assistência
Econômica Mútua (COMECON), com sede em Moscou, que permite a integração
econômica da União Soviética, da Bulgária, da República Democrática Alemã
(Alemanha Oriental), da Tchecoslováquia, da Hungria, da

20
Polônia e da Romênia, da Mongólia, de Cuba, e do Vietnã, com a função de
estudar meios de tornar a socialização dos meios de produção viável e entender
as relações econômicas dos países, assistir economicamente os países
socialistas e fomentar e coordenar o desenvolvimento destes, além de dirimir
questões sobre conflitos instaurados entre os países membros.
Entre 1949 e 1953 as atividades do COMECON foram voltadas,
sobretudo, ao registro de comércio e acordos entre os países membros. Após
este período, a COMECON começou a promover a especialização industrial e
reduzir o “paralelismo”, ou seja, a produção industrial desnecessária,
redundante. No aspecto do desenvolvimento, pode-se dizer que a URSS provém
a maior parte das matérias primas e maquinário, e fortalece, além do aspecto
econômico, o aspecto político dos países.
O documento de fundação da COMECON prevê igualdade soberana entre
os membros e assegura a abstenção caso algum país membro opte, ou seja, é
pautada pela integração econômica, não havendo nenhum tipo de autoridade
supranacional nesta, prevalecendo a soberania e os interesses nacionai s dos
países-membros.
Um dos maiores problemas da COMECON é a incompatibilidade dos
sistemas de preços entre os membros, que podem estabelecer valores diferentes
e fora de seus valores reais, dificultando negociações por causa dos preços
relativos.
Entretanto, a COMECON organizou com sucesso a rede elétrica e
ferroviária da Europa Oriental e a distribuição do petróleo da União Soviética para
os demais países aliados, além de criar o Banco Internacional de Cooperação
Econômica (1963), que financia projetos de investimento dos Estados-membros.

5.5. Doutrina Truman


A Doutrina Truman, conjunto de políticas externas firmadas no governo
de Harry Truman, visava a conter o expansionismo soviético ao redor domundo.
Esse pacote de políticas tomou lugar a partir de 1947, momento o no qual o
mundo se dividia em dois blocos, um socialista e outro capitalista.

21
Nesse sentido, para que conseguisse adesão para essa política, Truman
nomeia o sistema adverso como totalitário, atrelando essa característica ao
comunismo. Em contrapartida, com vistas a angariar simpatia dos países ditos
“frágeis ideologicamente”, o presidente estadunidense denomina democrático o
capitalismo.

Dessa maneira, em conjunção ao primeiro ministro britânico Winston


Churchill, Truman passa a empregar estratégias que visavam a auxiliar os
países em guerra civil. Nesse caso, aqueles ideologicamente identificados
com o regime capitalista eram auxiliador belicamente pelo país de Tio Sam,
em detrimento dos países de inclinação socialista (ou à parcela com tal
ideologia).

Assim, nesse momento, os EUA auxiliaram os guerreiros da Coreia do


Sul, tal qual os países em guerra civil e ideológica, como a Grécia e o Vietnã.
Nesse último, o grande embate entre os vietcongues e os estadunidenses
deixou legados para os conflitos bélicos posteriores. Nessa senda, vale falar
em armamento químico e a sua utilização em larga escala, como o caso do
napalm.

Em confronto com todo o exposto acima, pode-se afirmar quea


Doutrina Truman, em todos os seus contornos e políticas, visou aumentar a
distância entre o mundo capitalista e o mundo socialista, fortalecendoas
barreiras ideológicas.

Nesse sentido, o abismo criado por Truman, em conjunto com alguns


presidentes, tais como o premiê britânico, gerou ecos até a unificação alemã.
Desse modo, ao criar um inimigo imaginário chamado “o fantasma do
comunismo”, os americanos foram capazes de fortalecer os países quese
identificavam com o seu sistema socioeconômico, o capitalismo democrático,
como os próprios americanos o denominavam.

Além disso, em casos como a Turquia e Grécia, houve a cooptação dessas


nações para o lado americano, guardada em consideração à ajuda financeira
e bélica pelos americanos concedida. Isso, mais uma vez, fortaleceu a
polarização mundial que culminou e levou à divisão da Alemanha.

22
Isso, em consentimento ao Plano Marshall, que visava ao
financiamento dos países prejudicados pela Segunda Guerra Mundial, levou
os Estados Unidos da América à hegemonia mundial. Aliado a isso, o país da
Coca-Cola conseguiu angariar diversos fundos, tornando-se, ademais de
influência ideológica, influência econômica do mundo.

No caso em tela, de repartição da Alemanha, fazia-se interessante para


os EUA que o muro fosse derrubado, e dessa maneira, aumentasse o mercado
consumidor dos americanos. Isso, por sua vez, tinha uma outra ótica,
fundamentada pelos franceses e pelos britânicos: a possibilidade de queuma
Alemanha unificada se tornar uma potência econômica que pudesse ameaçar
a estabilidade desses países.

Por fim, vale afirmar que a Doutrina Truman, em todos os seus


contornos, responsabilizou-se por diversos desencadeamentos ao redor do
mundo e no desembaraçar da história mundial. Essa, além de repartir o mundo
em duas ideologias, moldou a economia mundial.

6. POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES

Nessa seção, serão expostos os posicionamentos dos principais atores em


relação à problemática supracitada, bem como as relações internas e externas
de cada um deles.

6.1. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


Os Estados Unidos da América são o grande representante do mundo
capitalista durante este período, em oposição a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas. Apesar de sua importância para a polarização mundial, os EUA foram
pegos de surpresa pela construção do Muro de Berlim, que era mantido em
segredo pela URSS.
O presidente americano em 1961, John F. Kennedy, ao se deparar com a
cortina de ferro proferiu que “A solução não é muito linda, mas mil vezes melhor
do que uma guerra”.

23
Porém o líder americano à época apoiava a ideia da “cidade livre de
Berlim” e, como consequência, acionou as forças armadas e foram iniciadas as
discussões com Walter Ulbricht, líder da Alemanha Oriental, a respeito da
autoridade da força oriental sobre a construção de um muro dividindo a capital
Alemã.
Ainda sob o sobressalto gerado pela súbita construção do Muro, em 27
de outubro de 1961 ocorreu um confronto entre blindados americanos e
soviéticos próximo a um posto militar localizado entre a Alemanha Ocidental e
Oriental, mas com medo de eclodir um verdadeiro confronto entre as duas
potências, as forças se retiraram.
No famoso discurso “Tear down this wall”, em frente ao icônico Portão de
Brandemburgo, em comemoração ao 750º aniversário de Berlim em 12 de junho
de 1987, o presidente Ronald Reagan desafiou Mikhail Gorbachev, então
Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética, para derrubar o muro,
como um símbolo de crescente liberdade no Bloco de Leste,
A existência do Muro de Berlim nunca foi bem aceita pelos países
membros do bloco capitalista e os EUA, como grande representante deste bloco,
tende a ser favorável a total liberdade que acredita ser representada pela
extinção do muro.

6.2. UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOCIÉTICAS

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), de regime


político-econômico socialista, consiste na união de 15 repúblicas num território
que vai da Europa Oriental ao extremo leste da Ásia.
Na divisão das zonas de ocupação da Alemanha pelos aliados a URSS
ficou com a porção oriental do país, apoiando, assim, a Alemanha Oriental,
inclusive pela assistência econômica firmada pelo COMECON, e pelo apoio
militar de assistência mútua que decorre do Pacto de Varsóvia.
Na década de 80, a estagnação econômica e os gastos militares
começaram a comprometer o crescimento econômico e social da URSS. A
invasão soviética do Afeganistão criou mais uma etapa de tensão da Guerra Fria,
agravada pela implantação de novas bases de mísseis na Europa.

24
Esse contexto permite compreender o papel da URSS na questão do
Muro de Berlim. Assim, pode-se afirmar que a unificação alemã representa uma
ameaça à economia e aos planos soviéticos, que já enfrentam problemas quanto
a sua própria estrutura e a unificação de um dos países sob sua influência pode
representar uma derrocada política no cenário internacional.

6.3. REPÚBLICA FRANCESA

Participante do lado dos Aliados durante a Segunda Guerra, ao lado dos EUA
e do Reino Unido, a França possuía, dentro dos quadrantes berlinenses, uma
porção territorial sobre a qual tinha jurisdição. Essa parte se encontrava no lado
capitalista do país, o que permitiu que fossem feitas reformas monetárias e que
fosse de considerável desenvolvimento àquela parte.

Nessa toada, o ano de 1988 foi marcado, na França, pelo momento de


eleições presidenciais. Nesse ano, dois candidatos de espectros políticos muito
diferentes concorreram para o cargo mais alto do Poder Executivo francês.
Nesse sentido, de um lado concorria o socialista François Mitterrand, de outro
buscava a eleição Jacques Chirac.

Esse contexto permite compreender o papel da República Francesa no


âmbito do Muro de Berlim. Assim, Mitterrand, enquanto nacionalista, enxerga na
unificação alemã, representada pela queda da grande parede, uma ameaça à
economia francesa, ao passo que esse país, agora dotado de território íntegro e
economia una, poderia significar um grande concorrente técnico para os
franceses e a economia do país de Mitterrand.

Nesse mesmo sentido pensa a chanceler inglesa, Margareth Thatcher, a qual


não enxerga com bons olhos a unificação teutônica. Essa possibilidade [de
queda do Muro], antes de tudo, vista como irreal, ganhou traços de ameaça,
como já afirmado em epígrafe.

Nessa seara, vale citar aquilo que se encontra no documento enviado a Egon
Krez (presidente da RDA) por Mitterrand.

25
“"Esteja seguro de que a França considerará f avoravelmente as perspectivas de
desenvolvimento das relações da República Democrática Alemã com a
Comunidade Europeia".

Esse trecho permite compreender tudo o que foi exposto acima quanto ao
posicionamento da República Francesa frente à iminente unificação alemã.

Por fim, cabe citar que, em comunicação oficial, Miterrand sugeriu a


Gorbachev, presidente da URSS, que enviasse tropas à Alemanha oriental, com
vistas a impedir a unificação do país. Isso, mais uma vez, ratifica o desinteresse
e a contrariedade do francês à unificação.

6.4. REINO UNIDO

No contexto pós-Segunda Guerra Mundial, o posicionamento do Reino Unido


se mostra irredutível, seu expresso alinhamento aos EUA o posiciona como um
dos protagonistas nas políticas de enfrentamento ao comunismo na Europa. Seu
então primeiro ministro Winston Churchill cunha o termo “cortina de ferro”, para
se referir a divisão estabelecida entre os países europeus de influência
capitalista e socialista, levando a sua materialização por meio da construção do
muro de Berlim.

Tal perspectiva diplomática se estende por, até então, todos os anos de


Guerra Fria, sendo um dos principais ativistas no que se refere à necessidade
de derrubada do muro. No entanto, aqui se delimita um importante ponto na
perspectiva britânica, uma vez que, mesmo a favor da queda, o país não se
posicionava a favor de uma reunificação alemã.

A nação inglesa teme a volta de uma Alemanha en quanto “potência central”


dos tempos anteriores à Segunda Guerra Mundial, perspectiva majoritariamente
guiada pela primeira ministra Margaret Thatcher. A Dama de Ferro, além de
instaurar medidas neoliberais que iam de encontro à política soviética, foi a
primeira líder europeia a responder positivamente as mudanças propostas por
Gorbachev, declarando ainda, no atual ano de 1988 que “nós não estamos em
uma Guerra Fria agora, mas em uma relação muito maior que a Guerra Fria”.

6.5. REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA

26
De 1949 até o início da década de 70, o desenvolvimento da República
Federal da Alemanha foi marcado por uma rápida reconstrução do país, do
Estado e das instituições democráticas, pela recuperação econômica
impulsionada pelo Plano Marshall e pela estabilidade interna. Na política interna,
os esforços concentraram-se em superar a divisão da Alemanha, ou em atenuar
suas consequências. Na política exterior, a RFA ligou-se estreitamente ao bloco
liderado pelos EUA e participou do processo de integração europeia nas
comunidades que foram surgindo no pós-guerra.

A partir da década de 1980, iniciou uma política de aproximação com a


Alemanha Oriental e o bloco leste, posicionando-se, portanto, a favor da
derrubada do Muro de Berlim.

6.6. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA ALEMÃ

A República Democrática Alemã, situada na região leste do país, ficou, após


a divisão feita na Segunda Guerra Mundial, sob a tutela da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. Nesse sentido, em contraponto àquilo praticado na
Alemanha Ocidental, o regime era o comunismo.

No atual ano de, 1988, a Alemanha Oriental se encontra sob a tutela do líder
EgonKrenz, presidente daquele país. Mediante o conflito internacional de
polarização entre capitalismo e socialismo, além da perda da força da URSS, a
qual viria a se dissolver anos depois, Krenz foi o último presidente da porção
oriental da Alemanha.

Nesse sentido, a pressão externa, acima de tudo feita pelo então presidente
americano Ronald Reagan. Assim, em seu discurso proferido em 1987, no 750º
aniversário da cidade de Berlim, o chanceler estadunidense levou a uma forte
corrente que passou a pairar sobre a Europa, baseada na frase “Mr. Gorbachev,
tear down this wall”.

Essa frase tinha como intuito atingir o dirigente soviético, Mikhail Gorbatchev,
para que esse, apropriando-se de sua influência política, bélica e , acima de tudo,
ideológica, findasse por derrubar o muro que dividia a Alemanha. Essa estratégia
adotada por Reagan tinha como escopo uma espécie de “golpe final” sobre as
ideias socialistas.

27
Sobre isso, vale afirmar que pode ser considerada uma herança do momento
de bipolarização do mundo, brindado com os acontecimentos da Guerra Fria.
Isso, portanto, significava a derrocada do regime proposto pela União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, em prol da hegemonia americana, e mais uma
vez, do capitalismo.

6.7. MOVIMENTO NÃO ALINHADO

É um bloco de países formado com o surgimento da polarização mundial


durante o período da Guerra Fria. Seu objetivo era a manutenção do status
neutro durante o conflito entra as superpotências EUA e URSS.

O movimento teve origem na Conferência Ásia-África realizada em


Bandung, Indonésia, no ano de 1955, onde se reuniram representantes de 24
países para debater pretensões comuns e definir o posicionamento das nações
no campo das relações internacionais.

Um dos principais temas da conferência foi a corrida armamentista entre


EUA e URSS, definindo, por fim, o movimento dos países não-alinhados.

Ato contínuo, foram definidos 10 princípios que regeriam o movimento dos


países participantes:

1. Respeito aos direitos humanos fundamentais e aos objetivos e princípios


da Carta das Nações Unidas.
2. Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.
3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e a igualdade de todas
as nações, grandes e pequenas.
4. A abstenção de intervir ou de interferir nos assuntos internos de outro
país.
5. O respeito ao direito a defender-se de cada nação, individual ou
coletivamente, em conformidade com a Carta da ONU.
6. A abstenção do uso de pactos de defesa coletiva a serviço de interesses
particulares de quaisquer das grandes potências.
7. A abstenção de todo país de exercer pressões sobre outros países.

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8. Abster-se de realizar atos ou ameaças de agressão, ou de utilizar a força
contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer
país.
9. A solução pacífica de todos os conflitos internacionais, em conformidade
com a Carta da ONU.
10. A promoção aos interesses mútuos, à cooperação e o respeito à justiça e
às obrigações internacionais.

São membros importantes o Egito, a Índia, a África do Sul, a China e a


Iugoslávia.

7. QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO

Nesta seção, desenvolvemos algumas questões que tem como objetivo fazer
com que os delegados reflitam acerca das possíveis “respostas” e utilizem destas
para desenvolver a discussão ao longo do comitê.

1. As instituições como COMECON, OTAN, Plano Marshall, entre outros, estão


sendo eficientes para manter a soberania e independência de seus respectivos
países membros?
2. De que forma pode-se assegurar a independência e a liberdade de ir e vir dos
habitantes de Berlim sem prejuízo de interferência externa nos governos da
região?
3. Que tipo de acordo deve ser feito sobre o trânsito fronteiriço para privilegiar
os cidadãos afastados dos entes queridos?
4. Que outras medidas podem ser tomadas para evitar a fuga dos cidadãos e,
consequentemente, o uso da violência para contê-las?
5. Como os órgãos internacionais devem responder caso os direitos humanos
continuem sendo desrespeitados?

8. REFERÊNCIAS

29
Disponível em <http://www.chronik-der-mauer.de/>. Acesso em 13 de setembro
de 2019

Disponível em <https://www.dw.com/pt-br/a-divisão-da-alemanha-de-1945-
a-1989/a-958753>. Acesso em 13 de setembro de 2019

Disponível em < https://www.dw.com/pt-br/1961-muro-de-berlim-


come%C3%A7ava-a-ser-constru%C3%ADdo/a-608522>. Acesso em 13 de
setembro de 2019

Disponível em <https://www.dw.com/pt-br/a-divis%C3%A3o-da-alemanha-de-
1945-a-1989/a-958753>. Acesso em 15 de setembro de 2019

Disponível em <https://www.terra.com.br/noticias/mundo/europa/paris-e-
londres-eram-contrarios-a-queda-do-muro-de-
berlim,555d43e78784b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html> Acesso em
15 de setembro de 2019;

Disponível em
<https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/09/090921_gorbachev_entrevi
sta_rw.shtml> Acesso em 15 de setembro de 2019;

Disponível em <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-
disciplinas/atualidades/muro-de-berlim -- 20-anos-depois-queda-do-muro-foi-
ato-final-da-guerra-fria.htm> Acesso em 15 de setembro de 2019

Disponível em <https://www.estudopratico.com.br/corrida-armamentista/>.
Acesso em 18 de setembro de 2019

Disponível em <https://www.todamateria.com.br/corrida-espacial/>. Acesso em


20 de setembro de 2019

Disponível em <https://pt.qwertyu.wiki/wiki/Sinatra_Doctrine>. Acesso em 20 de


setembro de 2019

Disponível em <https://www.suapesquisa.com/guerrafria/pacto_varsovia.htm>.
Acesso em 25 de setembro de 2019

30
Disponível em <https://www.politize.com.br/guerra-fria/>. Acesso em 28 de
setembro de 2019

Disponível em <https://www.britannica.com/topic/COMECON>. Acesso em 01


de outubro de 2019

Disponível em <https://www.infoescola.com/economia/comecon/>. Acesso em


01 de outubro de 2019

Disponível em <https://nacoesunidas.org/conheca/como-funciona/assembleia-
geral/>. Acesso em 01 de outubro de 2019

PEREIRA, Roberta Dohani; MARGAZÂO, Dimas Veiga. A criação da OTAN e


sua permanência do período pós-Guerra Fria. Minas Gerais: Periódicos PUC
Minas, 2004.

31
TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES

Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível


de demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se
trata de uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada
representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos que
essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros,
priorizando a participação de delegados mais experientes nos comitês em que a
representação do colégio for mais demandada.

Legenda

Representações pontualmente
demandadas a tomar parte nas
discussões
Representações medianamente
demandadas a tomar parte nas
discussões

Representações frequentemente
demandadas a tomar parte nas
discussões

REPRESENTAÇÃO DEMANDA
Canadá

Confederação Suíça

Tchecoslováquia

Estado de Israel

Estado Plurinacional da Bolívia

Estados Unidos da América

República Popular da Hungria

Japão

Reino da Arábia Saudita

República Popular da Bulgária

Reino da Espanha

32
Reino da Noruega

Reino da Suécia

República Socialista da Romênia

Reino Unido

República Árabe da Síria

República Árabe do Egito

República Argentina

República Bolivariana da Venezuela

Iugoslávia

República da África do Sul

República da Áustria

República da Colômbia

República da Índia

República da Irlanda

República da Polônia

República da Turquia

República de Cuba

República do Chile

República do Equador

República do Paraguai

República do Peru

República Federativa do Brasil

República Popular da China

República Italiana

República da França

33
União das Repúblicas Socialista
Soviéticas
República Federal da Alemanha
(RFA)
República Democrática Alemã (RDA)

República Portuguesa

República Democrática do
Afeganistão
República Islâmica do Irã

República Popular da Mongólia

República Socialista do Vietnã

República da Coreia

República Popular Democrática da


Coreia

34
35

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