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Resumo: Os novos softwares digitais têm sido amplamente utilizados na construção civil, entretanto, é
ainda pouco aproveitado na área de restauração é ainda pouco explorado. Porém, existe um grande
potencial de uso dessas ferramentas na área, sendo associadas ao estudo arquitetônico/tipológico e na
manutenção de patrimônios históricos. Por esse motivo, a problemática da pesquisa consiste em
demonstrar as contribuições do uso de novas ferramentas gráficas para a representação de edifícios
históricos, tendo como objetivo discorrer sobre a utilização de ferramentas computacionais para o
registro arquitetônico de patrimônios culturais. Como objeto de estudo, utilizou-se a antiga estação de
trem em Bezerros - PE, visando sua documentação para futuras intervenções e restauro. Foram
realizados levantamentos arquitetônicos do edifício histórico e digitalizados no software REVIT
Autodesk, ferramenta BIM (Building Information Modeling) que possibilita a compatibilidade de novos
projetos, informações e propicia melhor interação virtual entre as plataformas digitais e
acompanhamento da manutenção (ou degradação) do edifício.
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Abstract: The new digital software has been widely used in civil construction, however, it is still little
availed in the area of rehabilitation and is still little explored. However, there is a great potential for
using these tools in the area, being associated with the architectural / typological study and in the
maintenance of historical heritage. For this reason, the research problem consists in demonstrating the
contributions of the use of new graphic tools for the representation of historic buildings, aiming to
discuss the use of computational tools for the architectural registration of cultural heritage. As an object
of study, the old train station in Bezerros - PE was used, aiming at its documentation for future
interventions and restoration. Architectural surveys of the historic building were carried out and
digitized in the REVIT Autodesk software, a BIM (Building Information Modeling) tool that enables the
compatibility of new designs, information and provides better virtual interaction between the digital
platforms and monitoring of the building's maintenance (or degradation).
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Graduada em Arquiteta e Urbanista pelo UNIFAVIP WYDEN (2019); ex-aluna; julia.grasiella@hotmail.com;
juliagprojetos@gmail.com
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Graduando em Arquitetura e Urbanismo; aluno do UNIFAVIP; email: murilot18@hotmail.com
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Doutor em Habitat pela USP (2014). Coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo no UNIFAVIP WYDEN;
email: pier.pizzolato@unifavip.edu.br
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Graduanda em Arquitetura e Urbanismo; aluna do UNIFAVIP WYDEN; email sam.lauren42@hotmail.com
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Graduanda em Arquitetura e Urbanismo; aluna do UNIFAVIP; email thaina_ferreira@hotmail.com
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1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
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A palavra interoperabilidade significa que o software permite que vários profissionais alimentem o
modelo (simultaneamente, ou não) com informações e o arquivo resultante absorve essas informações
em tempo real.
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para adquirir um arcabouço teórico para fundamentar as técnicas utilizadas na atividade prática,
posteriormente foram realizadas as visitas ao local de estudo para diagnóstico da edificação e
levantamento arquitetônico.
Para realizar o registro das informações é necessário que se tenha o completo
conhecimento da construção através de uma metodologia de levantamento e aquisição de dados
que favoreça a obtenção precisa e realista do espaço como mostra Groetelaars (2015). Isso
permitirá armazená-los de forma que possam servir como auxílio no caso de futuras
intervenções, restauros, preservação da memória do objeto ou em acontecimentos imprevisíveis
como acidentes, degradação decorrido pelo tempo, desastres naturais ou qualquer meio que
venha a danificar sua estrutura física e que servirá como instrumento de monitoramento e
fiscalização.
De acordo com Groetelaars e Amorim (2011) a documentação passa por cinco etapas,
planejamento, aquisição, processamento e gerenciamento de dados e controle e documentação
dos processos. Portanto, na presente pesquisa o planejamento objetiva a realização de um
levantamento arquitetônico e a documentação da estação ferroviária de Bezerros-PE, fazendo
uso da plataforma BIM (Building Information Modeling – Modelagem de Informações da
Construção) Autodesk Revit 2018 versão estudante, que possibilitou a obtenção de um modelo
3D vinculado com os dados obtidos ao longo da pesquisa, a fim de servir de base para
intervenções futuras. Sua contribuição na área do patrimônio é fundamental para uma
documentação sistemática de edificações de grande importância cultural, assim tal registro fica
acessível para futuros projetos de manutenção e/ou restauro, como também pode ser utilizado
juntamente com outras tecnologias para a reprodução e interação de pessoas.
A aquisição de dados foi obtida por meio de medições in loco, pesquisas sobre o
histórico do local e impactos socioculturais. Tendo em vista a limitação tecnológica e
informacional, o processamento foi feito com o máximo de levantamentos métricos obtidos
para a confecção de plantas baixas, fachadas, cortes e detalhes, estruturando as informações
para que o potencial do Revit fosse amplamente aproveitado.
Para a modelagem da estação foi preciso fazer o levantamento arquitetônico (relevo
arquitetônico) da área e das principais características que compõem a edificação. Foram
observados os elementos arquitetônicos da antiga estação, tipos de fechamentos das aberturas
(portas e janelas) e materiais construtivos empregados na época de sua edificação. Através de
desenhos e croquis, foram registradas as medições dos ambientes, os níveis dos pisos, as alturas
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do “pé-direto”7 a partir de ferramentas para medição como trenas de fita métrica, a laser e nível
de bolha.
As fotografias registradas na visita, também ajudaram na rapidez do processo de
modelagem, pois houve detalhes que não foram visualizados no levantamento e,
consequentemente, geraram dúvidas que poderiam ser empecilhos na continuidade do trabalho.
Além da modelagem (figura 01) para o estudo do patrimônio edificado em questão,
estudou-se referências e embasamentos teóricos que discorrem sobre as novas tecnologias e
seus demais recursos que intermediam a disseminação de informação e perpetuação da
memória, como por exemplo: realidade virtual e impressão 3D.
3. RESULTADOS
A primeira reunião do grupo aconteceu no dia vinte e três de agosto de dois mil e
dezenove, onde abordamos o objeto de estudo e as metas a serem atingidas. No dia dezesseis
de outubro de dois mil e dezenove, aconteceu a primeira visita in loco, onde foi feito o
levantamento de níveis a partir do método da mangueira d’água, como também as medidas da
fachada da edificação com trenas métricas, croquis foram confeccionados de onde se partiu o
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Pé-direito: termo técnico para designar a altura referente ao piso e a base do forro (ou laje).
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levantamento e transferência dos dados para plataforma Autodesk Revit, nesta visita pudemos
perceber a técnica construtiva e os materiais utilizados, como também as marcas do tempo
deixadas na construção que contavam a história não só da estação, como também da cidade
(figuras 02 e 03). Posteriormente foram feitas novas visitas para a conclusão do levantamento
arquitetônico.
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Todos os participantes autorizam a publicação das imagens
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Estações totais com scanning.
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4 DISCUSSÃO
Wanderley (1996) relata que o trem passava em Bezerros quatro vezes por dia e
registra em seu livro “Ontem e Hoje. No País dos Papangus”, as relações sociais na
estação ferroviária, entre elas: à espera dos parentes; as paqueras; os pequenos
mercadores vendendo seus doces; os taxistas aguardando os passageiros, entre outras.
Ele também explica que era através do trem que os bezerrenses tinham acesso aos
jornais importantes como a Folha da Manhã e o Diário de Pernambuco.
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Troller: pequeno veículo usado pelos trabalhadores do sistema ferroviário que faziam a manutenção
da via permanentemente.
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A “Folia dos Papangus” teve início no ano de 1881, em que pessoas se mascaravam no carnaval, de forma
simplória, e visitavam as casas vizinhas comendo angu. Dentre os foliões, participavam pessoas importantes da
sociedade bezerrense e também as simples. A partir dos anos 1950, o carnaval já tomava conta das ruas Cel. José
Pessoa, Rua da Matriz e Praça Duque de Caxias, dando moldes ao que conhecemos hoje (MAIOR, 2010).
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Mas, a realidade anos atrás era outra, após a desativação da linha Tronco Centro da rede
ferroviária de Pernambuco a edificação ficou desativada, até que na década de 1990 recebeu a
primeira intervenção para comportar uma biblioteca municipal e o museu dos artefatos.
Contudo, foi só em 2006 que recebeu mais uma intervenção para receber a Secretaria de
Turismo, não funcionando mais como biblioteca, pois a mesma, foi transferida para outro local.
Em 2019 a estação recebeu manutenção com uma nova pintura. Os esforços são grandes
para manter a estação em pleno funcionamento e isso acontece pelo reconhecimento da
importância que o edifício exerce na cidade. Porém, ainda se percebe a necessidade da difusão
da educação patrimonial e um melhor aprofundamento sobre a preservação dos patrimônios
históricos.
De acordo com Kühl (1998) os edifícios sofreram modificações devido aos novos
costumes, interesses sociais e estilos da época, ou também por alguma necessidade de
manutenção. Estas mudanças socioculturais resultaram na modificação de elementos e do
espaço, ocasionando o acréscimo ou a diminuição destes, perdendo seus usos originais e outros
sendo adaptados aos novos, desta forma, as edificações iam se descaracterizando da sua
concepção projetual.
Estas práticas começaram a ser contestadas por arquitetos, arqueólogos e estudiosos,
pois as construções greco-romanas já tinham sua importância no âmbito da pesquisa mundial.
Com o passar dos anos, na Itália do século XVIII, alguns pesquisadores realizaram restaurações
do que tinha se perdido e se modificado com o tempo, fazendo surgir as primeiras teorias de
conservação e restauração para os monumentos. Kühl (1988) cita o exemplo da restauração do
Arco de Tito e do Coliseu por Stern e Valadier referenciando as técnicas utilizadas nestes
monumentos com a preocupação de não ocorrer uma falsificação do preexistente.
Dentre estas teorias sobre a preservação dos monumentos, destacam-se a de Viollet-Le-
Duc12 com a ideologia de que as edificações deveriam ser restauradas conforme a sua época. E
a de seu antagonista John Ruskin13, que disseminava a ideia de conservação integral das
edificações. Mesmo com a perda da originalidade parcial ou total de alguns monumentos, com
certeza estas práticas desenvolvidas na época permitiram a evolução e o pensamento sobre o
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Foi um arquiteto francês que ficou responsável pela restauração de vários monumentos na França, entre eles a
Catedral de Notre-Dame de Paris e Carcassone, ambos em 1844. As suas práticas ficaram conhecidas como
“restauração estilística”, pois Le-Duc restaurava as edificações buscando criar um modelo idealizado na “pureza”
de seus estilos. Sua atuação ocasionou a perda de elementos originais dos monumentos que trabalhou,
posteriormente considerado como uma “violência” as obras históricas, afirmado por Kühl (1998, p. 189).
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Escritor e crítico de arte nascido na Inglaterra, pronunciou-se como um conservador das edificações históricas
aplicando seus ideais na sua obra publicada em 1849, a The Seven Lamps of Architecture. Considerava que o
edifício fazia parte de seu tempo, que qualquer intervenção a este seria considerada uma infração à época do
mesmo. “Ruskin preconizava, portanto, uma atitude passiva, de não atuação, mesmo que isso significasse a perda
do edifício.” (KÜHL, 1998, p. 191)
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verdadeiro sentido do por que preservar e, contribuiu para discussões sobre a constituição do
patrimônio histórico e as formas de preservação um pouco mais tarde por outros teóricos da
área.
Além das edificações o tecido urbano também sofria com as modificações causadas pela
evolução das cidades, principalmente na intensificação do período industrial. A morfologia
urbana tradicional também fazia parte da contextualização e significado do edifício. Como
descreve Kühl (1998):
preservação da cultura nacional. Com a publicação da Constituição de 1934, o Brasil tinha pela
primeira vez um registro jurídico sobre a preservação do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional: “Compete concorrentemente à União e aos Estados: Inciso III - proteger as belezas
naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de
arte”. (BRASIL. Constituição, art. 10, 1934)
Posteriormente, foi decretado em 1937, no Governo de Getúlio Vargas, o decreto-lei n°
25 que instituiu a criação do Serviço do Patrimônio Histórico Nacional, o SPHAN, definindo
que:
O conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil,
quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
(Decreto-lei n° 25, Art. 1, 1937)
Com o intuito de aplicar um projeto de conservação aos bens de cunho erudito e popular,
Mário de Andrade, nomeado e responsável pelo o SPHAN, queria desenvolver a documentação
e certificação de bens nacionais. Foi criada então a Inspetoria de Monumentos Nacionais, o
IMN, como expansão do Museu Histórico Nacional. Porém, a preocupação irreversível da perda
de artefatos coloniais desenvolveu o arquivamento de bens relacionados ao período
denominado de “pedra e cal”, sendo mais valorizados pela arquitetura elitista voltada ao
tombamento de imóveis e, deixando de lado a preservação de outros achados da cultura popular
nacional. Até o final da década de 1970 o SPHAN, nesse período já denominado de Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), começou a repensar as formas de
tombamento dos bens, que até aquele momento era focado no material e monumental.
Posteriormente foram adotadas medidas de preservação para outros bens tanto materiais como
imateriais que faziam parte da vivência e dos costumes populares brasileiros.
Atualmente a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), órgão regulador do patrimônio mundial, defende a preservação e regula de forma
mundial medidas de ações sobre o patrimônio, sendo aplicado conforme tradição e costumes de
cada nação. Com o desenvolvimento desta percepção sobre o cultural e não mais o material,
entende-se como patrimônio cultural tudo aquilo que fez parte e que tem identidade de um povo,
considerando monumentos, achados arqueológicos e etnológicos, costumes, rituais, entre
outros. A preservação existe para a alimentação do conhecimento de um ser, para consciência
dos feitos humanos conforme aquisição do conhecimento, considerando o patrimônio material
e imaterial parte da história popular.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MAIOR, Ronaldo J. Souto. Bezerros seus fatos e sua gente. Bezerros - PE. 2010