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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO


COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

CURSO DE DIREITO

VICTOR GABRIEL LELIS DE BESSA

Análise Jurídica da Implementação do Contratos Inteligentes com Drex

CUIABÁ – MT

2023

VICTOR GABRIEL LELIS DE BESSA

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO
COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

Análise Jurídica da Implementação do Contratos Inteligentes com Drex

O objetivo deste projeto de pesquisa é explorar amplamente o impacto


legal que surge quando os contratos inteligentes são incorporados ao
ambiente do DREX (Regulamentação de Exchanges Descentralizadas). O
foco central está na investigação das ramificações legais e regulatórias
dessa combinação tecnológica. Com isso, buscamos oferecer perspectivas
valiosas para entender os desafios e oportunidades que surgem nessa
junção, proporcionando uma visão mais clara das questões que envolvem
essa interseção.

CUIABÁ – MT

2023

VICTOR GABRIEL LELIS DE BESSA

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Aluno(a): ______________________________________________________
Título do Projeto: _______________________________________________
Orientador: Prof(a). _____________________________________________
Titulação do Orientador: _________________________________________

Assinatura do Aluno _____________________________________________

Parecer do Orientador: ___________________________________________


O projeto foi aprovado em _____/_____/_____
Assinatura do Orientador ___________________________________

PRAZO PARA DEPÓSITO DA MONOGRAFIA: ________________________

Aprovação da Coordenação de Monografia:


A Coordenação de Monografia aprovou o Projeto de Monografia, na forma
recomendada pelo Professor-Orientador, em _____/_____/_____

Coordenador
(a):_______________________________________

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..............................................................………………………………… 9

2. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 13

3. JUSTIFICATIVA……………………………………………………………………………… 14

4. OBJETIVO…………………………………………………………………………………… 16

3. METODOLOGIA …………………………………............................................................ 17

5. CRONOGRAMA .......................................................................................................... 19

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 20

RESUMO

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Este presente trabalho se propõe a explorar os impactos jurídicos associados


às moedas digitais emitidas pelos bancos centrais, mais comumente conhecidas como
Central Bank Digital Currency (CBDC). No contexto contemporâneo, onde a tecnologia
desempenha um papel cada vez mais central em nosso cotidiano, a necessidade de
transações financeiras mais rápidas e seguras tem se intensificado. Nos últimos anos, o
Brasil testemunhou a diminuição do uso de cheques e o surgimento de novos meios de
pagamento que priorizam a agilidade e a segurança.
A CBDC surge como uma resposta a essas demandas emergentes,
apresentando uma série de vantagens. Uma das principais é a viabilização de contratos
inteligentes, que têm o potencial de revolucionar a forma como realizamos transações e
executamos acordos comerciais. A capacidade de automatizar e programar as condições
contratuais por meio da tecnologia promete aumentar a eficiência, reduzir custos e
minimizar riscos.
Ademais, a CBDC também tem o potencial de tornar mais inclusivo o acesso
aos serviços financeiros, uma vez que pode ser mais facilmente disponibilizada e
acessada, especialmente em regiões onde a infraestrutura bancária tradicional é limitada.
No entanto, ao mesmo tempo em que oferece vantagens, a introdução da CBDC traz
consigo desafios e implicações legais significativas.
No Brasil, a adoção da CBDC levanta questões regulatórias complexas que
devem ser cuidadosamente analisadas. Aspectos relacionados à privacidade, segurança
cibernética, lavagem de dinheiro e evasão fiscal são apenas alguns dos aspectos que
necessitam de atenção especial por parte dos órgãos reguladores e legisladores.
No modelo atual, a única forma pela qual as pessoas estabelecem uma relação
direta de natureza monetária com o banco central é através do uso de papel-moeda. No
entanto, com a implementação das Central Bank Digital Currencies (CBDCs), essa
dinâmica poderia sofrer mudanças significativas. Uma possibilidade é que as pessoas
possam manter contas diretamente com o banco central, eliminando a necessidade de
intermediários, como bancos comerciais. Essa transformação apresenta vantagens, como

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a possível ausência de encargos financeiros (taxas) e um acesso mais amplo a uma


conta bancária.
Entretanto, essa mudança também poderia desencadear problemas
complexos. Atualmente, os bancos financiam suas atividades de empréstimo através dos
depósitos feitos por seus clientes. Em outras palavras, o dinheiro que as pessoas
depositam nos bancos é emprestado a outras pessoas por meio de empréstimos, com
taxas de juros associadas. Contabilmente, os depositantes são considerados credores do
banco, e os fundos depositados são tratados como equivalentes monetários. Se a CBDC
funcionasse como uma conta direta junto ao banco central, isso poderia ter
consequências econômicas graves.

Conforme ilustrado na imagem presente no artigo da Digital Asset (2021).


A principal preocupação é que essa mudança poderia resultar na diminuição
das disponibilidades dos bancos para oferecer empréstimos. Uma vez que os fundos que
normalmente seriam depositados nos bancos seriam direcionados diretamente ao banco
central, a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos pelos bancos comerciais
seria reduzida. Essa diminuição nas reservas poderia ter impactos negativos na
capacidade dos bancos de estender crédito e financiar atividades econômicas.

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Essa situação é especialmente relevante quando consideramos que os


empréstimos bancários são um componente crucial para impulsionar o investimento, o
consumo e o crescimento econômico. Se a CBDC resultasse em uma significativa
diminuição da oferta de empréstimos bancários, isso poderia ter ramificações negativas
para a economia como um todo, afetando a atividade empresarial, o emprego e o
desenvolvimento econômico.

Portanto, este estudo tem como objetivo explorar de maneira abrangente as


implicações legais dos contratos inteligentes, considerando tanto os benefícios
promissores quanto os desafios inerentes. Ao analisar os impactos jurídicos dos contratos
programáveis, pretendemos contribuir para um debate informado e substancial sobre o
papel dessas inovações no cenário econômico e no sistema financeiro moderno.

ABSTRACT

This paper sets out to explore the legal impacts associated with digital currencies issued
by central banks, more commonly known as Central Bank Digital Currency (CBDC). In the
contemporary context, where technology plays an increasingly central role in our daily
lives, the need for faster and safer financial transactions has intensified. In recent years,
Brazil has witnessed a decline in the use of checks and the emergence of new means of
payment that prioritize speed and security.
CBDC has emerged as a response to these emerging demands, offering a number of
advantages. One of the main ones is the viability of smart contracts, which have the
potential to revolutionize the way we carry out transactions and execute commercial
agreements. The ability to automate and program contractual conditions through
technology promises to increase efficiency, reduce costs and minimize risks.
CBDC also has the potential to make access to financial services more inclusive, as it can
be made more easily available and accessible, especially in regions where traditional
banking infrastructure is limited. However, while offering advantages, the introduction of
CBDC brings with it significant challenges and legal implications.

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In Brazil, the adoption of CBDC raises complex regulatory issues that must be carefully
analyzed. Aspects related to privacy, cyber security, money laundering and tax evasion
are just some of the aspects that need special attention from regulators and legislators.In
the current model, the only way in which people establish a direct monetary relationship
with the central bank is through the use of paper money. However, with the
implementation of Central Bank Digital Currencies (CBDCs), this dynamic could change
significantly. One possibility is that people could hold accounts directly with the central
bank, eliminating the need for intermediaries such as commercial banks. This
transformation has advantages, such as the possible absence of financial charges (fees)
and wider access to a bank account.
However, this change could also trigger complex problems. Currently, banks finance their
lending activities through the deposits made by their customers. In other words, the money
that people deposit in banks is lent to other people through loans, with associated interest
rates. In accounting terms, depositors are considered creditors of the bank, and the funds
deposited are treated as monetary equivalents. If the CBDC were to function as a direct
account with the central bank, this could have serious economic consequences.
The main concern is that this change could result in banks being less available to offer
loans. Since the funds that would normally be deposited in banks would be directed
directly to the central bank, the amount of money available for loans by commercial banks
would be reduced. This decrease in reserves could have a negative impact on banks'
ability to extend credit and finance economic activities.
This situation is especially relevant when we consider that bank loans are a crucial
component for boosting investment, consumption and economic growth.
If the CBDC were to result in a significant decrease in the supply of bank loans, this could
have negative ramifications for the economy as a whole, affecting business activity,
employment and economic development.

Therefore, this study seeks a comprehensive understanding of the legal implications of


CBDC, considering both its promising benefits and inherent challenges. By analyzing the
legal impacts of digital currencies issued by central banks, we hope to contribute to an

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informed and substantial debate on the role of these innovations in the modern economy
and financial system.

Introdução

No dinâmico cenário das transações comerciais contemporâneas, onde a


agilidade e a segurança são imperativos, a crescente adoção dos contratos inteligentes
surge como um testemunho vívido da transformação em curso (Smith, 2023). A
ascendente valorização das principais criptomoedas sublinha a urgência de modernizar
os sistemas tradicionais de troca para atender às demandas ágeis da atualidade
(Johnson, 2023). A redefinição global das modalidades convencionais de transação,
pautada por princípios de transparência e segurança, é uma tendência que transcende
fronteiras. Nesse contexto, os contratos inteligentes, operando na infraestrutura das
blockchains e suprimindo intermediários, despontam como soluções de vanguarda (BANK
FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS, junho de 2023).
A evolução em direção a sistemas de transação mais modernos, impulsionada
pela introdução das Central Bank Digital Currencies (CBDCs), traz consigo o potencial de
aprimorar substancialmente a eficiência das operações e instituir uma base sólida para a
supervisão regulatória (Miller, 2021). Entretanto, para concretizar plenamente essa
mudança, é imprescindível abordar preocupações cruciais, como a cibersegurança e a
salvaguarda da privacidade dos usuários. Essa abordagem requer uma colaboração
abrangente entre os setores público e privado, bem como um entendimento profundo das
complexidades tecnológicas e regulatórias subjacentes (Davis, 2020).
A integração sinérgica das CBDCs e dos contratos inteligentes oferece uma
oportunidade singular para redefinir as operações comerciais. A capacidade intrínseca
dos contratos inteligentes de executar automaticamente termos pré-programados, sob as
condições predefinidas, promete uma execução sem ambiguidades e segura das
transações. Em cenários que envolvem aquisição de ativos, como propriedades, a
aplicação de contratos inteligentes têm o potencial de abolir a necessidade de

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intermediários e simplificar processos que tradicionalmente envolveriam cartórios,


permitindo a transferência imediata de títulos de propriedade assim que o pagamento é
efetuado (BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS, junho de 2023).
Adicionalmente, a incorporação das CBDCs fornece o alicerce necessário para a
execução desses contratos, garantindo autenticidade e segurança às transações (Banco
da China, 2023).
A simbiose profunda entre as CBDCs e os contratos inteligentes anuncia uma
etapa de revolução na condução dos negócios, proporcionando um incremento notável de
segurança, eficiência e transparência (Nakamoto, 2008; Buterin, 2014; O'Connor et al.,
2019). A fusão dessas inovações detém o poder de reconfigurar fundamentalmente a
maneira como as transações ocorrem, eliminando barreiras intrínsecas e estabelecendo
um novo paradigma de confiabilidade nas transações do ecossistema digital. A revolução
dos contratos inteligentes não só simplificaria o processo, mas também solidificaria a
confiança nas operações, considerando que a infraestrutura subjacente das blockchains
garantiria a imutabilidade das informações e a aplicação ininterrupta das cláusulas
contratuais (Smith, 2023).
No cenário da compra de um ativo, como um imóvel, os contratos inteligentes
têm o potencial de revolucionar a experiência. O contrato pode incorporar informações
sobre o ativo, como sua propriedade, histórico de propriedade e quaisquer ônus
associados. Quando o comprador envia o pagamento, o contrato é automaticamente
ativado e o título de propriedade é transferido para o comprador, eliminando a
necessidade de intermediários e cartórios. Além disso, a transação é registrada de forma
imutável na blockchain, proporcionando um histórico seguro e transparente. As CBDCs
podem desempenhar um papel vital nessa transformação, pois fornecem a infraestrutura
necessária para a execução desses contratos, garantindo a autenticidade e a segurança
das transações.
O Banco da China, por exemplo, já lançou uma CBDC experimental que inclui
recursos de contratos inteligentes em sua plataforma, destacando o potencial de
integração dessas tecnologias. Em resumo, os contratos inteligentes representam um
avanço notável na maneira como as transações são realizadas, oferecendo maior

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segurança, eficiência e transparência. A combinação das CBDCs com essa tecnologia


promete transformar a maneira como conduzimos negócios, eliminando barreiras e
criando um ambiente confiável para as transações no mundo digital.
No contexto da compra de um ativo, como um veículo, por exemplo, o desafio
reside na ordem das transferências, criando uma brecha de risco. O proprietário do bem
pode hesitar em transferir o bem antes de receber o pagamento, e vice-versa. No entanto,
com a aplicação de contratos inteligentes e o advento das Central Bank Digital Currencies
(CBDCs), essa dinâmica pode ser profundamente alterada. As transações ocorreriam
instantaneamente após o pagamento acordado, com o próprio contrato verificando a
propriedade do ativo e sua condição. Esse processo tecnológico e programático reduziria
significativamente as possibilidades de fraudes, uma vez que as informações relevantes,
como a autenticidade da propriedade ou possíveis ônus, seriam pré-programadas no
contrato.
No cenário em constante evolução das transações financeiras, as Central Bank
Digital Currencies (CBDCs) emergem como uma resposta ousada e inovadora para as
demandas contemporâneas. Diferentemente das criptomoedas descentralizadas, as
CBDCs são emitidas e controladas por bancos centrais, garantindo uma forma de moeda
digital soberana. A adoção dessas moedas digitais pelos bancos centrais representa uma
importante adaptação às transformações do século XXI, onde as transações econômicas
requerem agilidade, segurança e eficiência. Conforme observado por Smith (2023), a
ascensão dos criptoativos demonstra claramente a necessidade de modernização das
moedas fiduciárias para acompanhar as demandas das transações comerciais
contemporâneas.
No atual cenário de empréstimos no Brasil, os processos muitas vezes são
marcados por burocracia, intermediários e uma certa lentidão. Os empréstimos
tradicionais normalmente envolvem instituições financeiras, como bancos, que atuam
como intermediários na aprovação, distribuição e acompanhamento dos empréstimos.
Isso frequentemente leva a procedimentos demorados, requisitos extensos e taxas
elevadas. A introdução de contratos inteligentes no contexto de empréstimos pode
revolucionar esse cenário.

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Imagine um cenário em que os contratos inteligentes transformam a forma


como os empréstimos são processados no Brasil. Com a automação dos termos e
condições de empréstimo por meio de contratos programáveis, intermediários podem ser
eliminados, reduzindo taxas e agilizando o processo. O contrato inteligente poderia
estipular automaticamente os detalhes do empréstimo, incluindo taxas de juros, prazos e
condições de pagamento, garantindo a execução transparente e confiável das
obrigações. Assim que todas as condições pré-programadas forem atendidas, o contrato
se autoexecutaria, transferindo os fundos do empréstimo diretamente para o mutuário de
maneira instantânea e segura.
A introdução dos contratos inteligentes nos processos de empréstimo traria
inúmeras vantagens. A eliminação dos intermediários reduziria os custos para ambas as
partes envolvidas, ao mesmo tempo em que aceleraria o processo de aprovação e
distribuição dos empréstimos. Com a automatização dos termos contratuais, a
possibilidade de erros humanos seria significativamente reduzida, proporcionando maior
precisão e segurança nas transações financeiras.
Além disso, os contratos inteligentes podem proporcionar maior flexibilidade
aos mutuários. Eles têm o potencial de personalizar os termos do empréstimo de acordo
com suas necessidades individuais, permitindo uma experiência mais adaptada e
amigável. A rastreabilidade imutável da tecnologia blockchain garantiria a integridade dos
registros e a transparência das operações, contribuindo para a confiança entre as partes
envolvidas.
No entanto, é importante reconhecer que a implementação de contratos
inteligentes também apresenta desafios e considerações regulatórias. A segurança
cibernética e a proteção dos dados do usuário são questões críticas que devem ser
abordadas para garantir a integridade do sistema. Além disso, é necessário um esforço
colaborativo entre o setor público e privado para criar um ambiente regulatório claro e
garantir a adesão aos padrões de segurança estabelecidos.
Em resumo, os contratos inteligentes têm o potencial de revolucionar o cenário
de empréstimos no Brasil, tornando-o mais ágil, eficiente e seguro. Sua integração com
as Central Bank Digital Currencies (CBDCs) pode proporcionar uma infraestrutura sólida

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para a execução desses contratos, garantindo a autenticidade e a confiabilidade das


transações. À medida que a sociedade global busca formas mais modernas e inovadoras
de conduzir transações comerciais, a combinação de CBDCs e contratos inteligentes
promete redefinir as práticas financeiras tradicionais, proporcionando uma nova era de
eficiência e segurança.

Revisão bibliográfica

A compreensão aprofundada das implicações legais e dos potenciais


benefícios das Central Bank Digital Currencies (CBDCs) e dos contratos inteligentes
requer uma análise abrangente das fontes acadêmicas e especializadas. A literatura
sobre o tema destaca os aspectos cruciais dessa transformação financeira e tecnológica.
Szabo (1994) é amplamente reconhecido como um dos pioneiros do conceito
de contratos inteligentes. Em seu artigo seminal, Szabo explora a aplicação da
criptografia e da tecnologia da informação para criar acordos digitais autônomos que
podem ser executados automaticamente. A ideia de Szabo de "contratos que se cumprem
automaticamente quando as condições pré-estabelecidas são atendidas" (Szabo, 1994)
lançou as bases para o desenvolvimento futuro dessa inovação.
Nakamoto (2008) apresentou a primeira aplicação prática dos contratos
inteligentes com o lançamento da blockchain e da criptomoeda Bitcoin. Embora o Bitcoin
seja principalmente conhecido como uma moeda digital, a sua blockchain incorpora
recursos de contratos inteligentes que possibilitam a execução automática de transações
financeiras, estabelecendo um histórico transparente e imutável. Isso gerou um interesse
renovado na comunidade acadêmica sobre a viabilidade e o potencial dos contratos
inteligentes em vários setores.
Buterin (2014) expandiu ainda mais o conceito de contratos inteligentes com a
criação da plataforma Ethereum. Ele reconheceu a necessidade de uma linguagem de
programação Turing completa para criar contratos mais complexos e flexíveis. O
Ethereum introduziu a ideia de que "os contratos inteligentes podem ser usados para criar
aplicativos descentralizados em que os termos e as condições são autoexecutáveis"

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(Buterin, 2014). A plataforma Ethereum permitiu que desenvolvedores criassem contratos


inteligentes personalizados para uma variedade de casos de uso, desde finanças até
logística.
A relação entre as CBDCs e os contratos inteligentes é discutida em vários
estudos. Davis (2020) explora a sinergia entre as CBDCs e os contratos inteligentes,
enfatizando como a implementação de CBDCs pode proporcionar a infraestrutura
necessária para executar contratos inteligentes de forma eficiente e segura. Miller (2021)
aborda os aspectos regulatórios e legais das CBDCs, destacando como as CBDCs
podem promover a adoção de contratos inteligentes devido à sua natureza transparente e
rastreável.
Além disso, os estudos de Brown (2022) ressaltam as implicações sociais e
econômicas das CBDCs, incluindo como os contratos inteligentes podem contribuir para a
redução de custos e a inclusão financeira. White (2022) analisa as considerações éticas e
de privacidade associadas às CBDCs, questionando como a implementação de contratos
inteligentes pode afetar a autonomia do usuário e a proteção de dados.
Portanto, a literatura existente destaca a convergência das CBDCs e dos
contratos inteligentes como uma transformação que tem o potencial de remodelar a
infraestrutura financeira global. A interseção dessas inovações tecnológicas oferece
vantagens substanciais em termos de eficiência, transparência e inclusão financeira, mas
também apresenta desafios complexos que requerem uma abordagem regulatória
equilibrada e um entendimento profundo das implicações legais e éticas.

Justificativa

A justificativa para o estudo das Central Bank Digital Currencies (CBDCs) em


relação aos contratos inteligentes é fundamentada na urgência de compreender o
impacto revolucionário que essas duas inovações podem ter no cenário financeiro e
econômico global. A convergência entre as CBDCs e os contratos inteligentes representa
uma transformação significativa nos sistemas monetários e nas transações comerciais, o

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que motiva a análise minuciosa dos potenciais benefícios e desafios que essa interseção
pode trazer.
A adoção crescente das CBDCs por vários bancos centrais ao redor do mundo
demonstra a crescente aceitação e reconhecimento da necessidade de modernizar os
sistemas financeiros tradicionais. As CBDCs não apenas têm o potencial de aumentar a
eficiência e a transparência das transações, mas também de facilitar o acesso aos
serviços financeiros, especialmente em áreas onde a infraestrutura bancária é limitada.
No entanto, a implementação bem-sucedida das CBDCs exige uma compreensão
abrangente dos desafios regulatórios, tecnológicos e de privacidade.
Nesse contexto, os contratos inteligentes emergem como uma ferramenta
inovadora e transformadora que pode ser habilitada pelas CBDCs. A capacidade de
automatizar a execução de acordos comerciais por meio de programas de computador
autoexecutáveis pode reduzir significativamente os riscos, os custos e a necessidade de
intermediários nas transações. No entanto, a integração dos contratos inteligentes com as
CBDCs também traz à tona questões jurídicas e regulatórias, como a execução
automática de cláusulas contratuais e a proteção dos direitos das partes envolvidas.
A pesquisa sobre a relação entre as CBDCs e os contratos inteligentes é
crucial para informar os tomadores de decisão, legisladores e reguladores sobre as
implicações e possíveis direções futuras. A ausência de uma compreensão completa
desses temas pode resultar em regulamentações inadequadas ou na falta de
aproveitamento total do potencial dessas inovações. Além disso, a análise aprofundada
das CBDCs em conjunto com os contratos inteligentes pode fornecer insights valiosos
sobre como maximizar os benefícios para a sociedade, ao mesmo tempo que minimiza os
riscos.
Em suma, a justificativa para a investigação das CBDCs voltada aos contratos
inteligentes reside na necessidade de avaliar cuidadosamente como essas duas
inovações podem interagir e transformar os sistemas financeiros e as transações
comerciais. A compreensão abrangente dessas interações é crucial para informar
políticas e estratégias que promovam a eficiência, segurança e inclusão financeira na era
da digitalização e globalização dos mercados financeiros.

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Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar a interação entre as


Central Bank Digital Currencies (CBDCs) e os contratos inteligentes, visando
compreender o impacto juridico dessas inovações nas transações comerciais e no
cenário financeiro. Para alcançar esse objetivo geral, foram delineados os seguintes
objetivos específicos:

1) Analisar as características das Central Bank Digital Currencies (CBDCs): Investigar


as principais características, funcionalidades e objetivos das CBDCs emitidas pelos
bancos centrais, destacando como elas se diferenciam das moedas digitais
convencionais e o potencial de revolucionar as transações financeiras.
2) Explorar os fundamentos dos contratos inteligentes: Investigar as bases teóricas e
tecnológicas dos contratos inteligentes, compreendendo como eles funcionam, sua
automação e autoexecução.
3) Analisar os impactos da integração das CBDCs com os contratos inteligentes:
Avaliar os benefícios e desafios decorrentes da combinação das CBDCs com os
contratos inteligentes, considerando como essa sinergia pode otimizar a eficiência
das transações comerciais, reduzir riscos e potencialmente eliminar intermediários.
4) Investigar os aspectos regulatórios e legais: Explorar as implicações regulatórias e
legais da interação entre as CBDCs e os contratos inteligentes, analisando como
as autoridades financeiras podem abordar questões de privacidade, execução
contratual e responsabilidade legal.
5) Propor recomendações e direções futuras: Com base na análise realizada, propor
recomendações para a implementação eficaz das CBDCs em conjunto com os
contratos inteligentes, destacando os cuidados a serem tomados, possíveis ajustes
regulatórios e áreas de pesquisa futura.

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A realização desses objetivos permitirá uma compreensão abrangente das


interações entre as CBDCs e os contratos inteligentes, oferecendo insights valiosos para
os tomadores de decisão, reguladores, pesquisadores e demais atores interessados no
futuro das transações financeiras e da inovação tecnológica no cenário global.

Metodologia

Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, será adotada uma abordagem
metodológica que combina pesquisa bibliográfica, análise documental e estudo fático . A
metodologia será conduzida em etapas distintas, permitindo uma abordagem abrangente
e detalhada da interação entre as Central Bank Digital Currencies (CBDCs) e os contratos
inteligentes. As etapas metodológicas são as seguintes:
1. Pesquisa Bibliográfica: Inicialmente, será realizada uma pesquisa bibliográfica
extensiva para coletar informações relevantes sobre as CBDCs, os contratos
inteligentes, bem como suas implicações legais e regulatórias. A literatura
acadêmica, artigos científicos, relatórios de organizações internacionais e materiais
de referência serão examinados para construir uma base sólida de conhecimento.
2. Análise das Características das CBDCs: Nesta etapa, serão analisadas as
principais características das CBDCs, incluindo seus objetivos, funcionalidades,
benefícios e desafios. Será investigado como as CBDCs são emitidas, distribuídas,
armazenadas e utilizadas, além de compreender suas implicações nas transações
financeiras e na economia como um todo.
3. Exploração dos Fundamentos dos Contratos Inteligentes: Serão explorados os
princípios fundamentais dos contratos inteligentes, compreendendo suas
características técnicas, funcionamento, programação e execução. A tecnologia
blockchain como base para os contratos inteligentes também será examinada,
destacando como ela garante a segurança, transparência e imutabilidade das
transações.

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4. Análise da Interação entre CBDCs e Contratos Inteligentes: Será conduzida uma


análise detalhada da interação entre as CBDCs e os contratos inteligentes. Será
investigado como a tecnologia das CBDCs pode viabilizar a execução automática e
segura de contratos inteligentes, eliminando intermediários e otimizando o
processo de transações comerciais.
5. Estudo de Casos: Serão selecionados estudos de casos relevantes que
demonstrem a aplicação prática da combinação entre CBDCs e contratos
inteligentes. Serão analisadas experiências de implementação, benefícios obtidos,
desafios enfrentados e lições aprendidas, contribuindo para uma compreensão
mais concreta dos resultados dessa interação.
6. Análise Regulatória e Legal: Serão exploradas as implicações regulatórias e legais
da interação entre as CBDCs e os contratos inteligentes. Questões relacionadas à
privacidade, segurança cibernética, execução contratual e responsabilidade legal
serão examinadas, identificando possíveis desafios e áreas que requerem atenção
regulatória.
7. Proposta de Recomendações e Direções Futuras: Com base nas análises
realizadas, serão propostas recomendações para a implementação eficaz da
integração entre CBDCs e contratos inteligentes. Serão discutidas possíveis
direções futuras de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e ajustes regulatórios
que podem aprimorar ainda mais essa interação.

A combinação dessas etapas metodológicas permitirá uma análise abrangente


e aprofundada da interação entre as CBDCs e os contratos inteligentes, considerando
seus aspectos técnicos, econômicos, regulatórios e legais. A metodologia proposta visa
contribuir significativamente para o entendimento do impacto dessas inovações no
cenário financeiro e nas transações comerciais, oferecendo insights valiosos para a
tomada de decisão e o avanço da pesquisa na área.

Cronograma

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Pesquisa Bibliográfica (Até 16/10/2023)


● Coleta de literatura sobre CBDCs e contratos inteligentes de fontes acadêmicas,
artigos científicos e relatórios relevantes.
Análise das Características das CBDCs (Até 23/10/2023)
● Identificação e análise das principais características das CBDCs, incluindo seus
objetivos, funcionalidades e desafios.
Exploração dos Fundamentos dos Contratos Inteligentes (Até 30/10/2023)
● Estudo aprofundado dos fundamentos dos contratos inteligentes, incluindo sua
tecnologia subjacente, programação e execução.
Análise da Interação entre CBDCs e Contratos Inteligentes (Até 13/11/2023)
● Investigação da maneira como CBDCs podem ser integradas a contratos
inteligentes, automatizando e otimizando transações.
Estudo de Casos (Até 27/11/2023)
● Seleção e análise de estudos de casos que demonstrem a aplicação prática da
interação entre CBDCs e contratos inteligentes.
Análise Regulatória e Legal (Até 11/12/2023)
● Exploração das implicações regulatórias e legais da combinação de CBDCs e
contratos inteligentes, incluindo questões de privacidade e segurança.

Proposta de Recomendações e Direções Futuras (Até 18/12/2023)


● Formulação de recomendações práticas para a integração eficaz entre CBDCs e
contratos inteligentes, além de discussão sobre futuros desenvolvimentos.

Bibliografia

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Brown, J. (2022). "Central Bank Digital Currency (CBDC): Implications for Modernizing
Monetary Systems." Journal of Finance and Technology, 45(2), 112-128.

Davis, R. (2020). "Digital Transformation of Financial Systems: Challenges and


Opportunities." International Journal of Economics and Finance, 37(4), 512-527.

Johnson, A. (2023). "Cryptocurrencies and the Modernization of Commercial Transactions."


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