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DOSSIÊ DO PROFESSOR págin@as 10

FICHAS DE AVALIAÇÃO

FICHA DE AVALIAÇÃO DE LEITURA 4 EXPOSIÇÃO

Lê o texto e responde às questões, selecionando a única resposta correta.

As pandemias na Literatura
Medo, alegoria e catarse

As pandemias geradas por divindades são um tema religioso comum – bastando recordar Pandora e o
seu tonel, que traz a doença à humanidade –, e um antigo topos metafórico ideológico, moral e social sobre
natureza humana e saúde pública, mas sempre traumático, com efeitos físicos, emotivos e financeiros no
consciente coletivo, nem que temporariamente. A alegórica “ficção pandémica” funciona como
5 comentário social, catarse (emotiva), conforto (“não estou sozinho nisto!”), e guia de sobrevivência ao que
aí poderá vir, para o indivíduo, a família (surto), a comunidade (epidemia) e a humanidade (pandemia).
(…)

O medo de epidemias é intemporal, pois quando alastra, a medicina tem limites, e há que mitigar, um
termo-conceito que todos aprendemos recentemente, a analisar gráficos de curvas, ou a ler representações
10 ficcionais de “pestes”. Os surtos materializam, desde a Antiguidade, sinais divinos (…). Decameron,
escrito após a peste de Florença de 1348, ensina-nos, desde cedo, como reagir durante uma epidemia:
isolarmo-nos (no campo), bem acompanhados, a contar estórias terapêuticas, ou talvez essa Arcádia seja
apenas uma das faces do espelho, e a outra reflita morte e convulsão social. Se Shakespeare estava
habituado a que surtos encerrassem teatros, em Romeu e Julieta, também Mercúrio conjura uma peste,
15 doença que, juntamente com as medidas de contenção, estrutura o enredo da peça. A bactéria Yersinia
pestis atinge, inclusive, alguns dos animais das fábulas de La Fontaine. (…)

A epidemia e o autoritarismo (metaforizados como “peste”) são ameaças que sempre existirão, e a
literatura talvez nos auxilie a lidar com esses destinos possíveis, enquanto a totalidade da população for
imune. As pandemias afastam os indivíduos, mas unem as comunidades, e talvez apenas nos transformem
20 a curto / médio prazo, como nos ensinam também as narrativas culturais a que chamamos ficções. Mesmo
que as representações literárias não sejam sempre realistas, e sim alegóricas, as nossas leituras remeterão
para a (nossa) contemporaneidade.
Rogério Miguel Puga, Jornal de Letras, 8 de abril a 21 de abril de 2020, pp. 20-21.

© Areal Editores 1
DOSSIÊ DO PROFESSOR págin@as 10

FICHAS DE AVALIAÇÃO

Leitura

1. Segundo o autor do texto, as pandemias

(A) só surgem na ficção religiosa.

(B) aparecem nas narrativas de ficção com pouca frequência.

(C) são sempre uma alegoria ficcional.

(D) são um tema recorrente na ficção.

2. Indica a relação de sentido que se estabelece no texto entre “indivíduo”, “família”, “comunidade” e “humanidade” (ll. 6-7).

(A) Oposição.

(B) Parte-todo.

(C) Semelhança.

(D) Hierárquica.

3. O verbo “mitigar” (l. 8), no contexto em que surge, significa

(A) começar.

(B) invadir.

(C) propagar.

(D) acalmar.

4. O pronome “que” (l. 15), tem como referente

(A) “doença”.

(B) “peste”.

(C) “Mercúrio”.

(D) “Shakespeare”.

5. O último período do texto realça que

(A) a ficção é sempre realista.

(B) o leitor tende sempre a adaptar a leitura à sua realidade.

(C) a ficção é sempre alegórica.

(D) a leitura nem é realista nem alegórica.

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