Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
09/05/2022 05:30
Crédito: Unsplash
Por qual razão, então, contribuintes que possuem decisão judicial final afastando
determinado tributo estariam em desigualdade com aqueles que não a possuem, a
justificar, portanto, a sua automática revisão com o advento de um precedente
vinculante em sentido contrário?
Esquece-se, contudo, que o contribuinte está sujeito aos atos de império, com todos
os atributos, garantias e privilégios conferidos aos atos administrativos em geral, de
modo que, uma vez envolvido em ilegalidades, deve buscar a jurisdição, sem que se
possa cogitar da “autotutela”.
Em outros termos, o fisco não tem interesse na busca pela jurisdição para compor
seus conflitos com o contribuinte, senão apenas para realizar, quando muito, via
execução fiscal, na contingência de os atos coercitivos pré-processuais ou
estímulos negativos falharem na cobrança do crédito tributário inadimplido.
Ah, diria o Parecer PGFN nº 492/11: da mesma forma que o fisco retoma,
automaticamente, seu direito de cobrar, cessando os efeitos da coisa julgada
individual, o contribuinte também pode parar de pagar!
Na prática, sabemos, as coisas não funcionam bem assim. O fisco passa a lançar,
inclusive os últimos cinco anos, com multa e juros. Na situação inversa, o
contribuinte que para de pagar acaba sofrendo autuações, tendo que buscar a
jurisdição, assim se retroalimentando um circular estado de conflituosidade e
contenciosidade. Quantos contribuintes, após anos de discussões judiciais e com
decisões transitadas em julgado em seu favor, não são autuados em razão da
fiscalização entender que a amplitude da coisa julgada em concreto é distinta do
objeto da autuação?
O contribuinte, quando quer parar de pagar, precisa da tutela jurisdicional. Por qual
razão o fisco, quando quer retomar o direito de cobrar, teria a competência para,
autonomamente, interpretar, cotejar e relativizar decisões, sem qualquer intervenção
jurisdicional? Aqui, sim, aplica-se a máxima: “pau que bate em Chico bate em
Francisco”. Se nem mesmo a alteração de texto de lei é capaz de modificar,
automaticamente, a coisa julgada, por qual razão o precedente o seria?
Você leu 1 de
10 matérias a que tem direito no mês. Quer acesso
ilimitado? ASSINE JOTA.INFO
DIEGO DINIZ RIBEIRO – Advogado tributarista e aduanerista, sócio do Daniel & Diniz Advocacia, ex-
conselheiro titular do Carf na 3ª Seção de Julgamento, professor de Direito Tributário, Direito Aduaneiro,
Processo Tributário e Processo Civil. Doutorando em Processo Civil pela USP e mestre em Direito
Tributário pela PUC-SP. Pesquisador do NEF da FGV-SP
RODRIGO G. N. MASSUD – Advogado tributarista, sócio do Choaib, Paiva e Justo Advogados, professor de
Direito Tributário e Processo Tributário. Mestre e doutorando em Direito Tributário pela PUC-SP
Você leu 1 de
10 matérias a que tem direito no mês. Quer acesso
ilimitado? ASSINE JOTA.INFO
É estudante ?
Aproveite as condições especiais para quem está na
graduação, mestrado ou doutorado.
ASSINE
Os artigos publicados pelo JOTA não refletem necessariamente a opinião do site. Os textos
buscam estimular o debate sobre temas importantes para o País, sempre prestigiando a
pluralidade de ideias.
Você leu 1 de
10 matérias a que tem direito no mês. Quer acesso
ilimitado? ASSINE JOTA.INFO