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O Contencioso Tributário é uma ferramenta criada para defender pessoas físicas e jurídicas de
pagamentos desnecessários e indevidos de multas, tributos e autuações. Ou seja, caso a sua
empresa seja autuada pelos órgãos de fiscalização, você tem o direito de questionar os valores
apontados e buscar a anulação, ou minimização, das medidas impostas. O Contencioso
Tributário é um processo de defesa do contribuinte, para discutir inconsistências e
oportunidades legislativas, em dois âmbitos: administrativo e judicial.
No Direito, contencioso é o nome que se dá para a área que trabalha com processos,
tanto administrativos quanto judiciais.
Para questões cotidianas, que envolvem nosso dia a dia, geralmente uma ação judicial é
o último recurso escolhido pelas pessoas. Seja porque há uma crença geral, e justificada,
de que a Justiça demora para dar resultados, seja porque a grande maioria das pessoas
não conhece o funcionamento do Judiciário e teme os custos e consequências
envolvidas em um processo.
Para questões tributárias, como vimos no post sobre crédito tributário, muitas vezes ir
ao Judiciário é a única forma de afastar uma cobrança indevida, ou de recuperar valores
pagos indevidamente.
Além disso, mesmo quando os contribuintes não vão ao Judiciário de forma voluntária,
eles podem acabar sendo chamados a responder judicialmente por dívidas tributárias,
nas execuções fiscais.
As execuções fiscais, também segundo dados do CNJ, representaram 39% dos casos
pendentes de julgamento e são consideradas o principal fator de morosidade do
Judiciário. A taxa de resolução das execuções fiscais também é muito baixa, sendo que
de cada 100 execuções fiscais em andamento, apenas 13 foram baixadas em 2019.
Os dois lidam com processos, mas de forma bem diferente e, de certa forma, por
perspectivas diferentes.
Contencioso administrativo
Como vimos no post sobre espécies tributárias, cada Ente possui competência para
instituir determinados tributos, o que envolve não apenas a competência para legislar
sobre eles, mas também a competência para fiscalizar e cobrar o seu pagamento.
Também naquele post vimos que o tributo, por definição, deve ser cobrado por meio do
que se chama de “atividade administrativa plenamente vinculada” (artigo 3º, do Código
Tributário Nacional), o que significa que a Autoridade Administrativa tem a obrigação
de, uma vez constatada a ocorrência do fato gerador, efetuar a cobrança do tributo. Ela
está vinculada ao chamado princípio da legalidade.
Esta Autoridade Administrativa, por sua vez, é o próprio Poder Executivo (da União, do
Estado ou do Município), que é o encarregado de fiscalizar e cobrar os tributos por meio
de seus fiscais ou auditores.
Assim, uma vez recebida uma cobrança de um tributo e entendendo que tal cobrança
seria inconstitucional ou ilegal, os contribuintes podem pedir que tal cobrança seja
revista por um órgão hierarquicamente superior.
Além disso, por serem órgãos integrantes da própria estrutura do Poder Executivo,
dedicados exclusivamente a resolver questões tributárias, costumam reunir julgadores
especializados nesta área, o que auxilia na resolução de questões jurídicas muito
específicas.
Esta forma de composição visa trazer mais transparência e isonomia nos julgamentos,
evitando resultados tendenciosos.
Contencioso judicial
Quando falamos em contencioso judicial, estamos nos referindo aos processos judiciais,
que tramitam perante o Poder Judiciário.
Isto é, o Poder Judiciário, por meio de seus julgadores, possui a competência de afastar
a aplicação de uma determinada Lei (em sentido amplo ou estrito) em um caso concreto,
caso ela se mostre contrária às disposições de nossa Constituição
(inconstitucionalidade), ou contrária a outras normas hierarquicamente superiores
(ilegalidade).
Em matéria tributária os contribuintes vão ao Judiciário por dois principais motivos: (i)
afastar uma tributação que se entenda ilegítima (e, consequentemente, buscar o direito
de reaver valores indevidamente recolhidos a esse título); ou (ii) combater uma
cobrança específica (muitas vezes depois de decisão desfavorável no contencioso
administrativo).
Este tipo de Contencioso Tributário ocorre sempre no âmbito das repartições públicas
responsáveis. Ou seja, não há participação do Poder Judiciário e pode ser resolvido
dentro do próprio órgão fiscalizador.
Este é o tipo de Contencioso Tributário mais vantajoso, pois a maior parte dos
processos, sobretudo os que envolvem matéria de prova, podem ser definidos em
definitivo neste âmbito. Ou seja, é menos burocrático.
Caso você apele por um processo administrativo, você terá as opções das esferas
federal, estadual e municipal.