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ANILOX

MANUAL DO USUÁRIO
Anilox – Manual do Usuário

ÍNDICE

Sobre o Autor .......................................................................................3

Capítulo 1 – Introdução à Flexografia .......................................4

Capítulo 2 – História da Flexografia e do Anilox ................10

Capítulo 3 – Como é Construído um Anilox ..........................22

Capítulo 4 – Características do
Sistema de Entintagem .......................................38

Capítulo 5 – Entendendo o BCM, Lineatura,


Ângulo e Geometria da Célula ...........................61

Capítulo 6 – Como Escolher Corretamente um Anilox ....94

Capítulo 7 – A Padronização da Tinta X Anilox ................104

Capítulo 8 – Dicas e Truques para


Aumentar a Vida Útil do Anilox ....................109

Capítulo 9 – Limpeza e Armazenamento ............................120

Bibliografia ......................................................................................128

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Eudes Scarpeta

SOBRE O AUTOR

Eudes Scarpeta tem formação superior em


Administração e Pós Graduação em Gestão Estratégica.
Formado Técnico em Artes Gráficas pelo SENAI-SP, atua
no mercado desde 1979.

Trabalhou na indústria de conversão como impressor de


offset rotativa, flexografia e rotogravura. Por dez anos foi
instrutor do SENAI-SP nas áreas de flexografia e
rotogravura. Fez o curso de extensão universitária na
Universidade de Artes Gráficas em Cheminitz na
Alemanha.

Desde 1996 ministra treinamentos e assessoria técnica


especializa na gestão de processos, aumento da
produtividade e melhoria da qualidade.

Por treze anos representou o Brasil no ISO/TC130 Comitê


Técnico que elabora Normas Técnicas para o mercado
gráfico e que no Brasil está sob a responsabilidade da
ABNT/ONS27 e cuidado pela ABTG/ABIGRAF. Nesse
período foi o Líder de Projeto da Norma de Flexografia
internacional. Também foi membro ativo no Grupo de
normalização de Rotogravura.

É autor de artigos técnicos publicados em revistas e do


livro “Flexografia – Manual Prático” publicado em
Português, Espanhol, Inglês e Polonês.

Visitou diversas empresas em outros países como EUA,


Canadá, Japão, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Bélgica,
Tailândia, Holanda e Polônia entre outros.

www.scarpeta.com

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Anilox – Manual do Usuário

Capítulo 1
Introdução à Flexografia

Prezado Amigo leitor, esse livro não tem a


pretensão de ser a última palavra sobre anilox, por uma
razão muito simples: a tecnologia muda dia a dia. Mas,
depois de muitos anos nesse mercado de flexografia a
gente aprende que certas coisas ou princípios
fundamentais nunca mudam: a finalidade básica do anilox,
por exemplo, é uma delas. Quando partimos do objetivo
primário da função do anilox, verificamos que tudo que
for tecnologia vai converter para alcançar esse patamar.

O rolo anilox foi descrito e conhecido por décadas


nos EUA como o coração do processo flexográfico. A
descrição foi popularizada no livro de Joseph Trungale
entitulado, The Anilox Roll:
Heart of the Flexo Process (O
Rolo Anilox: Coração do
Processo Flexo) de 132
páginas e publicado em 1997.
Está é uma designação que
cabe bem, porque o anilox é
único quando se comprara
com os outros processos no
mundo. O livro nunca foi
traduzido para o português e
agora também já se tornou
um pouco ultrapassado
depois de tanto tempo.

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Eudes Scarpeta

A descrição, no entanto, é questionada por David


Lanska no seu livro, Common Sense Flexography
(Flexografia Senso Comum)1 publicado em 2007 nos EUA.
Com base na metáfora da anatomia, Lanska diz que o
anilox mais apropriadamente corresponde aos vasos que
transportam quantidades precisas de sangue para partes
específicas do corpo. A bomba de tinta sustenta ele, é o
coração; o rolo fonte corresponde às artérias que se
movem grandes quantidades de sangue.

Então eu também me sinto no direito de usar a


metáfora anatômica e dizer que discordo dos dois autores
americanos. Em minha opinião o anilox é a “Menina dos
olhos” do processo flexográfico.

A menina do olho é o pequeno círculo escuro no


centro da colorida íris do olho. Parece escura, porque
atrás da menina do olho (ou: pupila) está o interior escuro
do olho. A menina do olho muda de tamanho conforme a
íris se ajusta às condições de luz. A luz penetra pela
córnea transparente, passa pela menina do olho e pela
lente, ou cristalino.

O olho é extremamente delicado e sensível; até


mesmo um cabelinho ou uma partícula de poeira entre a
pálpebra e o globo ocular é prontamente notado. A parte
transparente do olho (a córnea) que cobre a menina do
olho tem de ser protegida e cuidada, porque, se esta parte
for lesada ou se tornar enuviada devido a uma doença,

1
Nos EUA quando um autor usa o termo “Common Sense” ele está
fazendo referencia ao panfleto escrito por Thomas Paine em 1776
durante a revolução americana. Paine escreveu de forma muito simples
para que o povo colono entendesse porque era importante se libertar do
Imperialismo Britânico.
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Anilox – Manual do Usuário

poderá resultar numa visão distorcida, ou em cegueira.


Originou-se do contexto bíblico em que a expressão “a
menina dos teus olhos” é cunhada ao falar daquilo que
mais precisa ser protegida: a lei de Deus (Provérbios 7:2;
Deuteronômio 32:10). A analogia é simples: os olhos são
órgãos super delicados e que tem a função de gerar as
imagens com cores para o nosso cérebro.

O que você, caro leitor acha? Não é verdade que o


anilox também precisa ter todos os cuidados possíveis
assim como, até por instinto, nós não permitimos que algo
toque nossa menina dos olhos?

Os profissionais não sabem exatamente como são


feitos e confundem ou desconhecem os tipos de lasers
utilizados para gravação do anilox. Por vezes conheci
impressores que não sabiam que anilox tinha alvéolos ou
células que retém a tinta para posterior transferência e
muito menos que essas células possuem volume, lineatura
e ângulos. Ainda outros nada sabem sobre BCM e se fixam
apenas na lineatura do anilox. Há casos em que se lixou o
anilox para diminuir o volume de transferência de tinta.
Todos estão perdoados até ler esse livro, é claro. Afinal, na
minha pesquisa verifiquei que há pouca ou nenhuma
informação disponível e objetiva sobre o assunto.

Pesquisei muito e conversei com especialistas no


Brasil e de outros Países. Achei preciosidades como
detalhes da vida do criador ou inventor do anilox e do
termo “anilox”. Descobri coisas incríveis sobre a história e
o contexto desse importante acessório. Mas o que tenho
certeza vai fazê-lo apreciar no livro, são as dicas e truques
sobre o assunto que deverá ser lido por você e usado
extensamente em treinamentos na sua empresa.

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Eudes Scarpeta

Evolução do Anilox

Cada vez mais rolos anilox hoje e nas últimas


décadas, são gravados por lasers que criam células na
superfície de um revestimento de cerâmica. Embora as
células não são visíveis a olho nu, são grandes o suficiente
para aceitar a tinta e transferí-la. Quanto maior a célula,
mais tinta será contida nas células e transferida para a
chapa de fotopolímero (clichê). Anilox com células
grandes têm baixa contagem de lineatura - o número de
células por polegada ou centímetro linear - e são usados
para transferir quantidades relativamente abundante de
tinta para a chapa. As células se tornam menores
conforme a contagem de linhas de células (lineatura)
aumenta e o volume de tinta contida é menor.
Normalmente, em banda estreita, por exemplo, a lineatura
do anilox pode variar de 200 l/pol até 1.200 ou 1.400
l/pol (80 a 550 linhas/centímetro) 2 ou mais no extremo
mais alto. Rolos de alta contagem de células são
empregados em trabalhos de impressão em que a camada
de tinta muito leve é desejada, como em uma retícula fina
com 70 ou mesmo 80 LPC.

De modo que espero que esse livro possa ajudá-lo


no seu trabalho visto trazer conhecimento abalizado
principalmente por quem realmente produz e trabalha
todos os dias com essa importante peça que é o anilox.

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No Brasil o uso da terminologia “lineatura” é comum para todos os
processos e normalmente usamos o sistema métrico para definir a
lineatura, ou seja, linhas por centímetro linear. A exceção é em banda
estreita (segmento de rótulos) em que é mais comum usar ainda o
sistema americano de polegadas. Daqui para frente, no entanto no livro
só usarei o sistema métrico (Linhas Por Centímetro ou simplesmente LPC)
quando me referir à lineaturas de anilox ou mesmo clichês.
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Anilox – Manual do Usuário

Do anilox depende a qualidade de impressão no


sentido de como o profissional do ramo percebe. A
definição dos pontos impressos é a principal mola motora
para isso. Mas também os chapados e os combinados de
retículas, traços, degradês e chapados conjugados. A
escolha correta do anilox determinará inclusive qual a
lineatura do clichê você vai usar. Podemos também falar
do consumo de tinta, visto que maior volume sem
necessidade pode causar desperdícios.

O livro abrange um pouco de história sobre


flexografia e anilox. Julgo importante saber de onde veio a
idéia e também como surgiu esse nome diferente e quem
foi o pai da idéia. Confesso que, embora o anilox seja
mundialmente conhecido e principalmente com o mesmo
nome em todo lugar, foi muito árduo conseguir montar o
quebra-cabeça da origem e história.

Depois o livro passa pela construção de uma


camisa ou cilindro anilox e sua gravação. Tenho certeza
que você concordará que o conhecimento nunca é demais,
especialmente quando tratamos de uma peça tão
importante para o processo flexográfico.

Também não é possível deixar de fora o sistema


doctor blade ou encapsulado, visto que tem tudo a ver com
o anilox. Desse sistema dependem muitas coisas inclusive
a vida útil do anilox.

Mas a parte que acho será muito útil para você


profissional da área, é quando se considera de modo
prático e ágil, soluções para escolha do anilox correto,
manuseio e armazenamento, limpeza correta e controle
do processo flexo. O anilox é uma peça muito cara e
delicada e, portanto, todo conhecimento nesse campo será
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Eudes Scarpeta

mais que importante. Finalizo o livro considerando uma


metodologia para gerenciamento do inventário de anilox.
Fico impressionado quando vejo como são mal geridos os
estoques de anilox pelas empresas em geral e isso se deve
à falta de uma metodologia que é pouco divulgado, se é
que é divulgada.

Portanto, caro amigo leitor eu espero de coração


que este livro contribua para que você consiga aprender
coisas novas e, principalmente transformar esse
conhecimento em resultados de economia de anilox e
aperfeiçoamento das técnicas de controle de processo e
que você alcance a qualidade que deseja. Afinal, como diz
o ditado, “o que o olho não vê o coração não sente”. Nesse
sentido não acho que o anilox seja o coração da
flexografia. Atualmente penso que o coração da flexografia
é o sistema gearless, pois um dia perceberemos a
revolução que isso tem causado no processo flexográfico.
Afinal o coração é que faz toda a máquina funcionar bem.
Para mim o anilox é a menina dos olhos da flexografia por
sua delicadeza e de valor inestimável. Assim como tenho
certeza que você cuida bem de seu olho literal, desejo de
coração que cuide também da menina dos olhos da
flexografia.

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Anilox – Manual do Usuário

Capítulo 2
História da Flexografia e do Anilox

A palavra "Flexografia" é derivada da palavra


"flexível" e "Grafia" e significa "impressão flexível" é
aplicável devido ao clichê flexo sempre ter sido de
borracha ou fotopolímero ao longo da evolução do
processo, que são materiais flexíveis. Mas também se pode
referir às características dos materias que são impressos
hoje em dia como plásticos, papel e alumínio em bobinas
onde a flexo domina o mercado mundial.

A flexografia encontra aplicações também em


placas de papelão ondulado e que serão transfomadas em
caixas impressas. Máquinas flexográficas são equipadas
com um cilindro porta-clichês para colar o clichê e com
um sistema de entintamento que permite a produção de
impressão de forma contínua. A impressão é obtida
utilizando um clichê em alto relevo.

História Interessante

A Impressão utilizando anilina (agentes de


tingimento que são solúveis em álcool) remonta ao início
do século 18. No entanto relatórios precisos e
cronológicos estão faltando. Em 1853, os avanços da
empresa A. Kingsley desenvolveu a técnica pela qual a
impressão é obtida utilizando uma placa flexível. A
flexografia foi criada assim nos Estados Unidos, cerca de
1860, quando a patente norte-americana foi dado a John
A. Kingsley, num processo que é utilizado um placa de
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Eudes Scarpeta

borracha para realizar a impressão. Este processo foi


inicialmente conhecida como impressão anilina, porque a
tinta usada até então era composta por anilinas solúvel
em álcool.

O método de Impressão Anilina é desenvolvida na


Inglaterra pela casa "B. Baron e Filhos", em 1890. O
desenvolvimento ocorreu em Liverpool da Inglaterra em
1905. Em 7 de novembro de 1908, CA Holweg, um
engenheiro mecânico, patenteou novas aplicações da
impressora e melhorias das tintas de anilina.

Apenas por volta de 1920 foram criadas as


primeiras cores específicas para o processo. Foi uma
tentativa de melhorar a qualidade de impressão, que até
então solicitados desenhos simples trabalhou para eu
desenhar e sem sobreposição, além de ser realizada
apenas no papel.

O celofane e desenvolvimento de polietileno por


volta de 1930 deu novo impulso a impressão de anilina.
Específicas tintas opacas foram desenvolvidos para
suportes transparentes e melhores sistemas de secagem
para permitir que as tintas de aderir sobre suportes
impermeáveis.

O engenheiro Holweg em colaboração com


Windmöller e Holscher fabricaram as máquinas
impressoras tipo stack. Até 1935 a máquina de impressão
anilina foi fabricada e equipada com um rolo de
alimentação de tinta, um cilindro porta-clichê com
rolamentos e um cilindro de pressão ou contra-pressão.
Este arranjo de impressão aplicava pressão sutil
(denominado "impressão beijo" no Inglês “kiss printing”),
através do clichê para efeito de impressão. Depois nos
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Anilox – Manual do Usuário

Estados Unidos em 1939, Douglas Tuttle fabricou e


aplicou a tinta do cilindro de entintamento e o chamou de
"Anilox".

No congresso internacional XIV Forum of the


Institute of Packings of the United States que teve lugar
nos Estados Unidos em 1952, o nome "FLEXOGRAFIA" foi
proposto por Franklin Moss da empresa Moss
Corporation. Outros nomes também foram considerados
para a aceitação internacional na Europa, Ásia e América.
Finalmente o nome de "Flexografia" prevaleceu e foi
aprovado.

Características do método

A flexografia é considerada um método de


impressão rentável e produtivo. No entanto, hoje ela é
comparável com outros métodos de impressão de
qualidade, como offset e rotogravura. Já é comum
impressão de rótulos com 70 ou mesmo com 80
linhas/cm. Isso dá uma enorme definição da imagem. Mas
não é só em rótulos. Na impressão de embalagens flexíveis
em geral também se observa trabalhos com 60 linhas/cm.

A Flexografia é capaz de imprimir em velocidades


de 400 à 800 m/minuto (ou mais dependendo da máquina
e sistema de secagem) em aplicações de embalagens
flexíveis e com tiragens na casa de um a dois milhões de
cópias com qualidade. O mercado flexo se subdivide
basicamente em três segmentos:

a) Banda estreita cuja aplicação é para rótulos e etiquetas;

b) Banda larga e média para embalagens flexíveis em


geral;
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Eudes Scarpeta

c) Corrugados para papelão ondulado.

Dentro desses segmentos há uma ampla variedade de


produtos produzidos.

Com o advento da computação gráfica, anilox


gravados à laser em cerâmica, clichês de fotopolímeros
gravados à laser e impressoras gearless (sem
engrenagens) elevou a flexografia a uma categoria apenas
sonhada até então.

A Flexografia imprime facilmente o trabalho sobre


o substrato em que transfere a tinta para o clichê e, em
seguida, sobre a superfície do substrato de impressão.

Utilização
O cilindro anilox está localizado próximo ao clichê.
Sua função consiste em alimentar a tinta. É o cilindro de
tinta principal e controla a alimentação de tinta sobre o
clichê. Seu diâmetro é proporcional ao diâmetro do clichê.
É feito de ligas metálicas e no exterior é coberto por uma
camada de material cerâmico.

A superfície do cilindro anilox é gravada com


fendas de células que o fazem lembrar o cilindro de
impressão de profundidade, esta tem o efeito que a tinta é
transferida para as partes salientes do clichê, e ao lado do
substrato de impressão. A pontuação é feita por raio laser.
Este cilindro é capaz de transferir uma quantidade
controlada de tinta sobre o clichê trabalho.

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Anilox – Manual do Usuário

Geometria e gravação de células para o anilox

A gravura tem lugar em um formato quadrado ou


em um formato rômbico hexagonal. Ele cria o volume de
uma pirâmide triangular ou retangular onde a tinta é
retida para a tinta Clichê.

A origem do nome “Anilox”

Talvez você não saiba, mas a palavra Anilox foi uma


marca registrada assim como o popular Cyrel da Dupont
ou Bombril que virou sinônimo de palha de aço. O
primeiro protótipo de cilindro 'anilox' tinha como objetivo
substituir o cilindro de borracha conhecido até hoje como
“doctor roll” e que transferia a tinta para o clichê usado
nas máquinas impressoras do século passado pelo
processo até então conhecido como impressão de anilina.

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Eudes Scarpeta

Sistema Doctor Roll onde o rolo “tomador” serve como


agente raspador do “entintador” que pode ser de borracha
ou mesmo o próprio anilox.

Em 1939 Douglas E. Tuttle era o executivo de


vendas da International Printing Ink Division of
Interchemical Corporation – IPI desenvolveu e patenteou
um sistema de transferencia de tinta com um cilindro de
cobre com células piramidais gravadas imersos numa
banheira de tinta e com uma lâmina que raspava a
superfície para do cilindro para eliminar o excesso de
tinta da superfície. É claro que o cobre não é muito
resistente e naquele mesmo ano a gravação passou a ser
sobre um cilindro de aço muito mais resistente à
raspagem que o cobre. A idéia da faca também não deu
muito certo e os próprios usuários passaram a colocar
esse cilindro entre o pescador e o clichê sendo chamado
de cilindro entintador. O rolo pescador era de borracha e
fazia a função de “raspagem” do excesso de tinta da
superfície do rolo entintador.

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Anilox – Manual do Usuário

Tuttle deu o nome “ANILOX” a esse cilindro. Tinha


como objetivo facilitar a venda e fazer marketing
aproveitando o final “ox” de outros produtos que sua
empresa já comercializava como o “LITHOX” que eram
utilizados para designar produtos no processo
Lithográfico, como a offset era conhecida naquela época. O
prefixo “ani” veio de “anilina” que é um corante solúvel
em álcool e muito utilizado como tinta no processo
flexográfico. Como sabemos, naquela época o processo de
flexografia era conhecido como Processo Anilina.

Desde que as anilinas foram consideradas tóxicas e


novas tintas foram desenvolvidas para a impressão no
celofane e papel para acondicionamento de alimentos, a
palavra 'FLEXOGRAFIA' foi criada para desassociar a idéia
de impressão por anilina das novas tintas que já eram
produzidas naquela época.

Breve biografia do Sr. Douglas E. Tuttle

Nascido em 1915 em Franklin, PA, EUA se mudou


depois para Elizabeth por 48 anos. Ele foi diretor e
presidente da Douglas E. Tuttle Inc. e da empresa Castaflo
Pump Co., ambas em Roselle Park, EUA. Mais cedo ele foi
executivo de vendas International Printing Ink Division of
Interchemical Corporation – IPI em Nova Iorque e da
Pamarco Inc. em Roselle. Conhecido na sua época como o
“pai da flexografia”, ele desenvolveu e patenteou não
somente o anilox, mas também o sistema de faca (doctor
blade) com ângulo reverso. Ele escrevia para revistas
especializadas no mercado flexo e também escreveu um
livro em 1987 chamado “Fellow Flexographer” de 377
páginas publicado pela PAMARCO onde abordava de
modo simples e prático o processo flexográfico na época.
O Sr. Tuttle amava avião e tinha mais 3.600 horas de vôo
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Eudes Scarpeta

em seu próprio aeroplano e chegou a fazer quatro vezes o


percurso costa à costa dos EUA.

Era religioso e serviu como ancião na Igreja


Presbiteriana em Mountainside. Foi palestrante na
Universidade Rochester e do Platt Institute em Nova
Iorque. Foi casado com Evelyn Schiling Tuttle com quem
teve três filhas. Morreu em 21 de março de 1990 aos 75
anos.

Cronologia dos principais eventos ligados ao


desenvolvimento dos cilindros anilox

1930: Primeiros cilindros anilox gravados


mecanicamente;

1940-1965: Consolidação dos processos de gravação


mecânica e gravação química em cromo duro.

1965-1970: Primeiras utilizações comerciais dos


processos de metalização para recuperação dimensional;

1970: Primeiros cilindros cerâmicos sem gravação


"RANDON";

1970-1975: Primeiras utilizações comerciais do processo


de revestimento cerâmico sobre gravação.

1980: Primeiros cilindros cerâmicos gravado à laser.

1988: Uso comercial do processo hipersônico de aspersão


térmica.

1990: Início do uso comercial de cilindros gravados


mecanicamente com coberturas de carbetos metálicos
para retículas de até 140 l/cm pelo processo hipersônico.
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Anilox – Manual do Usuário

1995: Uso experimental de cilindros gravados


mecanicamente e metalizados á vácuo com carbetos de
tungstênio para retículas de até 220 l/cm.

Impressoras flexográficas (Máquinas de impressão)

As máquinas de impressão são classificados em


categorias, o método flexográfico. Existem três categorias
básicas de máquinas de impressão.

A. Sistema stack
B. Sistema satélite ou tambor central
C. Em linha

A) Sistema stack
A impressora está equipada com a torre de impressão
alojados dentro de um quadro. Cada grupo impressor
possui seu próprio cilindro de pressão (ou também
chamado contra-pressão). Esse sistema é mais indicado
para impressão em papel ou substratos que deformam
pouco, pois tem a tendência de esticar muito entre um
grupo impressor e outro. Portanto, materiais como
Polietileno de baixa densidade (PEBD) não são
recomendados para esse sistema.

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Eudes Scarpeta

B) Tambor central ou Sistema Satélite

Neste caso há somente um grande tambor central que faz


a contra-pressão no momento da impressão para todos os
grupos impressores. Pode ser usado para banda larga
(embalagens flexíveis em geral) e para rótulos (banda
estreita) com uso mais comum de tintas base água ou
solvente.

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Anilox – Manual do Usuário

C) Em linha, Modular ou Torre

Neste sistema muito usado para banda estreita (rótulos) e


com processo de cura UV, cada torre ou unidade de
impressão possui o conjunto completo com o contra-
pressão, assim como no sistema stack, porém, a diferença
é que os grupos estão em linha como se observa na figura
abaixo.

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Eudes Scarpeta

Esse sistema também é o utilizado pelas impressoras para


corrugados ou papelão ondulado.

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Anilox – Manual do Usuário

Capítulo 3
Como é construído um anilox

O cilindro ou camisa anilox possui características


próprias. Ao passo que no rolo ou cilindro anilox se
constrói sobre um tubo de aço que posteriormente é
acrescentado as pontas dos eixos, nas camisas são muito
diferentes. No entanto, a partir da aplicação do Cr2O3
(partículas de cerâmica) + misturas por sistema a plasma,
o processo é exatamente o mesmo.

Fluxograma

1) Preparação do cilindro ou rolo anilox e camisas

Nesse caso a confecção do cilindro parte de um tubo de


ferro ou até mesmo um cilindro maciço de ferro ou aço.
Daí é aplicado às laterais ou flanges, torneado, balanceado
e a superfície preparada para receber o plasma.

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Eudes Scarpeta

As camisas, no entanto possuem maior


complexidade. Geralmente o corpo da camisa é feito em
alumínio (liga) na forma de tubo e dimensionado no
diâmetro próximo do desejado. Se precisar aumentar o
diâmetro externo, então é aplicada uma camada de aço
inox. Então é torneado e polido a superfície para receber a
mistura de cerâmica. Mas a camisa recebe ainda um
núcleo interno de um material compressível como o EVA,
por exemplo, que fica entre o tubo de alumínio e outro
tubo ou proteção de fibra de vidro ou fibra de carbono que
ficará em contato com o mandril da impressora. A função
do núcleo compressivo é para permitir a expansão quando
o ar comprimido que sai mandril é ligado.

Tanto em cilindro anilox quanto em camisas é


necessário colocar uma camada de proteção contra
corrosão e agressão pelos produtos químicos usados na
limpeza dos anilox bem como a própria água usada como
solvente nas tintas a base d’água. Essa proteção fica entre
a camada cerâmica que será gravada e a superfície do
alumínio ou ferro. Alguns fabricantes utilizam o cromo ou
liga de níquel-cromo em baixa espessura, mas muito
eficiente.

2) Aplicação Térmica a Plasma3

3
Aplicação por Plasma foi Inventada pela Union Carbide, hoje Praxair em
1958, este método apenas se difundiu a partir dos anos 80. Consiste em
alimentar numa câmara de combustão com o material de revestimento e
uma mistura gasosa ou líquida de combustível e Oxigênio onde é
inflamada e queimada continuamente. O gás quente resultante a uma
pressão de 1MPa emana através de um cano onde atinge velocidades de
1800 m/s transportando as partículas até à superfície a revestir. Como
combustível pode usar vários tais como os gases Hidrogénio, Metano,
Acetileno entre outros.

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Anilox – Manual do Usuário

Como em todos os processos de produção, a


qualidade e as características das matérias-primas são
fundamentais para garantir o resultado final. O pó precisa
que o óxido de cromo tenha pureza de 99,9% e com o
mínimo de outras partículas metálicas.

O processo de peneiração garante um elevado grau


de homogeneidade derretendo os grânulos de cerâmica na
aplicação à Plasma. A presença de massas com diferentes
dimensões iria se transformar em uma fusão não correta
dos grânulos, enquanto os grânulos menores seriam
completamente destruídas e criaria vapor que iria voltar a
depositar na superfície do rolo e aumentar os riscos de
estratificação do revestimento com porosidade ou
irregular.

Se todos os grânulos têm dimensões semelhantes, o


revestimento é compactado, mais duro e com baixa
porosidade.

Hoje em dia dificilmente se usa a cerâmica sozinha


(Cr2O3) porque os melhores resultados são alcançados
com uma mistura de óxido de cromo + óxido de titânio
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Eudes Scarpeta

com granulometria apropriada e controlada e essa


mistura atualmente é a que resulta em menor porosidade
(<1%), maior dureza (>1300Hv e desejável de 1500Hv) e
melhor interação com o laser.

A questão da porosidade é muito séria, visto que


pode ter muita influencia na qualidade da gravação, da
absorção de tinta, na fragilização das células que podem
riscar ou gerar micro-fissuras e obviamente tudo isso será
refletido no resultado final do impresso.

Novos equipamentos com sistemas


computadorizados de controle de processo asseguram a
qualidade otimizada e constante da camada de cerâmica
depositada. A mistura das partículas de cerâmica precisa
ter características de dureza, compactação e baixa
porosidade.

Antes de aplicar as partículas de cerâmica, a


superfície deve ser escrupulosamente limpa.

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Anilox – Manual do Usuário

Exemplos de aplicação do pó cerâmico à Plasma

3) Preparação para gravação

Antes de gravar a superfície deve ser polida com


pedras de rebolo seqüenciais como 600, 1000 e 1200 ou
outras, mas que deixarão a superfície lisa e regular.

Acabamento superficial após a aplicação das partículas de


cerâmica
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Eudes Scarpeta

No entanto ainda há outro fator a ser debelado: a


questão da porosidade do anilox. Então o que se faz é
aplicar um “selante” que é uma resina muito diluída que
penetrará na porosidade e a fechará e não permitirá que a
cerâmica absorva os produtos que futuramente estarão
sobre a superfície do anilox como tinta e solvente.
Normalmente é aplicado por pulverização ou até mesmo
manualmente. Esse selante, no entanto em geral será
removido aos poucos conforme o anilox vai sendo usado e
lavado com produtos químicos alcalinos ou ácidos.

Micro fotografia evidenciando uma cerâmica com


problemas de porosidade e micro fissuras.

Mas outro método é misturar produtos que agem


como selantes durante a aplicação da mistura de
partículas de cerâmica. O selante se torna então parte
integrante da estrutura da cerâmica aplicada e se
tornando mais difícil de perder essas características.

A demanda por retículas com lineaturas altas,


grandes volumes, velocidades de impressão de alta e
poucos intervalos de limpeza, coloca a camada de
cerâmica a um teste duro.

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Anilox – Manual do Usuário

Os seguintes parâmetros são de importância


crucial para a qualidade boa camada de cerâmica: mix do
tamanho das partículas, estrutura da partícula,
distribuição da partícula, boa fusão inicial, fixação interna,
alto nivel de compactação e tipo da mistura do pó.

Micro fotografia em corte transversal mostrando a baixa


porosidade quando a aplicação da cerâmica é bem
aplicada.

O selante não serve apenas para evitar infiltração


de substancias química, mas ajudar a “desmoldar” ou
facilitar a saída da tinta de dentro das células gravadas,
pois cria uma condição ou efeito “hidrofóbico”.

O Óxido de Cromo é um material duro e resistente


ao desgaste, mas que é processado (gravado) usando um
laser e conforme vimos é, por natureza poroso, em virtude
do processo de produção. Uma vez que no processo de
laser altos níveis de energia são gerados, rachaduras
podem ocorrer na camada. Estas fissuras podem levar ao
desplacamento da camada de cerâmica.

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Eudes Scarpeta

Gravação do anilox Química

Embora pouco usada hoje


em dia, a gravação do anilox por
muitos foi feita no processo
químico. Era o mesmo processo
usado para rotogravura. Em geral
usava-se o Método de gravação
chamado Autotípico que consistia
em revestir o cilindro cobreado com uma emulsão
fotossensível. Daí copiava-se uma retícula pré definida
com lineatura e era também determinada a profundidade
das células. A gravação acontecia num tanque com Cloreto
Férrico (FeCl3). Lavavam-se tudo e o cilindro recebia uma
aplicação de Cromo duro por eletrodeposição galvânica.
Obviamente o Cromo tinha o objetivo de proteger as
células gravadas no cobre. Mesmo assim, era comum após
um tempo o cromo se soltar e necessitar outra aplicação
ou mesmo outra gravação.

Recartilhagem

A recartilhagem era feita com uma matriz (carretel


ou molete) que era aplicado por pressão sobre a
superfície do cilindro revestido com Cobre. Depois era
cromado igual ao processo químico. Esse Método se
popularizou bastante, pois era prático e foi desenvolvido
para aplicação em cilindros de aço inoxidável para alta
durabilidade. A clara desvantagem era a lineatura, visto
que não alcançava mais que 160 LPC. O método permitia
também ângulos de retícula e formato de células
piramidal ou tronco piramidal. É importante dizer que até
hoje esse Método é utilizado para várias aplicações,
inclusive para flexografia. Pode ser encontrado com
ângulos de 30o, 45o e 60o e com formato de pontos
29
Anilox – Manual do Usuário

Piramidal, Tronco Piramidal, Hexagonal, Tri helicoidal


entre outros.

Exemplos de formatos de células feitas com


recartilhagem

PIRÂMIDE

Amplamente utilizado em rolos de


transferência flexográficas para a grande
maioria de aplicações de impressão e
revestimento.

TRONCO PIRAMIDAL

Possui o fundo reto e consegue boa


transferência da tinta.

TRI-HELICOIDAL

Variando a partir da horizontal com a


vertical em linhas por polegada
quadrada. Para grandes áreas que
necessitam de volume.

HEXAGONAL COM CANAL

Com características de formação das


células em X ou em Y para grandes
aplicações e impressão.

30
Eudes Scarpeta

Método de recartilhagem.

Gravação Eletromecânica

Houve também empresas que chegaram gravar


anilox no processo de gravação eletromecânico de
rotogravura. Nesse processo inventado na década de 60,
um cabeçote com diamante faz as células num cilindro
revestido com Cobre assim como no método químico e
recartilhagem.

Equipamento de Gravação Eletromecânica

31
Anilox – Manual do Usuário

À Laser

Os métodos anteriores (químico, recartilhagem e


eletromecânico) dependiam de que o Cromo aplicado na
superfície agüentasse o atrito e enquanto a flexografia
usava o sistema Doctor Roll, ou seja, sem faca para raspar
a superfície do anilox, os métodos convencionais
funcionaram bem. Porém com o advento do Sistema
Encapsulado ou Doctor Blade que usava lâminas para
raspar o excesso de tinta e dosar a película a ser aplicada
no material, esses cilindros gravados no Cobre e
revestidos com Cromo já não serviam mais. Chegou-se
inclusive a utilizar em vez de Cromo aplicação de cerâmica
para durar mais. Paralelamente o processo de aplicação
de cerâmica evolui com a gravação à laser e passou-se a
gravar com laser diretamente sobre a cerâmica. Esse foi
um divisor de águas e desde então já por muitos anos o
laser vem sendo utilizado para gravação.

O Principal meio de se conseguir as células


gravadas no anilox hoje em dia é usando o laser. Como
sabemos o laser tem muitas aplicações na indústria de
maneira geral. No mercado de gravação de anilox cilindro
ou camisa anilox possui características próprias visto que
se faz a gravação sobre uma superfície revestida com pó
cerâmico aplicado a Plasma.

As vantagens do Laser são muitas: rapidez,


precisão, lineaturas altas e controle do BCM mais acurado.
Pode-se inclusive gravar praticamente qualquer tipo de
células ou linhas. Na verdade é possível gravar até mesmo
imagens em cilindros e usar diretamente na rotogravura.

32
Eudes Scarpeta

O que é o Laser

Laser (cuja sigla em inglês significa Light


Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou seja,
Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação)
é um dispositivo que produz radiação eletromagnética
com características muito especiais: ela é monocromática
(possui comprimento de onda muito bem definido),
coerente (todas as ondas dos fótons que compõe o feixe
estão em fase) e colimada (propaga-se como um feixe de
ondas praticamente paralelas).

Na década de 1960 surgiu o primeiro laser, 44 anos


após Albert Einstein prever a sua existência. Na época da
sua descoberta, o LASER foi considerado apenas um
objeto de muita curiosidade. Posteriormente foi
descoberta uma infinidade de aplicações para ele, desde a
pesquisa básica até o uso em medicina. E no nosso caso,
para gravar anilox de alta precisão. 4

O Laser tradicional é o CO2, mas outros como o YAG


e MBA são mais usados hoje. Nessa etapa nada pode sair
errado como queda de energia ou mesmo vibrações. O
esperado é que o batimento (TIR) menor que 0.0002 mm.
O cilindro então é colocado na gravadora e se faz a
verificação de paralelismo e finalmente ajustado
corretamente na máquina.

O equipamento mais comum hoje de gravação é do


fabricante Inglês ALE e é usado por quase todas as
empresas que gravam anilox. Esse equipamento vem se
sofisticando e talvez tenha atingido o ápice com softwares

4
É importante salientar que ainda hoje há controvérsias sobre quando e
por quem foi inventado o Laser.
33
Anilox – Manual do Usuário

combinados com laser multi hit de alto desempenho


permitindo gravar praticamente qualquer tipo de célula.

Equipamento mais utilizado para gravação a laser

• Multi-Beam (3 feixes simultâneos) e Multi-hit (“n”


tiros na mesma célula)

34
Eudes Scarpeta

• Moduladores flexíveis gerando curvas de pulso


programáveis

• Encoders lineares e angulares com precisão de


décimos de micra (0,0001 mm).
• Introdução do 4º eixo gerando movimentos
laterais cíclicos no feixe laser.
• Sistemas de comando capazes de gerar
praticamente qualquer geometria de célula.

As novas tecnologias de cerâmica e laser


multibeam/multihit associadas produzem gravações
extremamente definidas e uniformes e as células geradas
apresentam configuração de alto volume devido ao
excelente acabamento interno, o que facilita uma alta taxa
de transferência.

Na geometria convencional existe uma relação de


medidas favorável à transferência de tinta: a relação entre
abertura e profundidade das células, usualmente de 3:1

35
Anilox – Manual do Usuário

Os lasers de última geração e as gravações multi-hit


têm permitido alterar esta relação para 2:1. O que
significa maiores capacidades volumétricas.

Uma vez definido tipo de célula, ângulo, lineatura e


BCM, a gravação se inicia. É um processo relativamente
lento e a gravação ocorre na velocidade de 100 mil células
por segundo, dependendo do equipamento.

Exemplo de células possíveis fazer no equipamento de


gravação à laser.

36
Eudes Scarpeta

5) Acabamentos e controles

Após a gravação a peça é verificada se está com as


características determinadas e o principal a ser avaliado é
o BCM ou volume especificado. A gravação sempre é feita
com BCM acima do especificado porque será necessário
fazer um polimento final com lixa Super Finish
adiamantada. Embora o processo geralmente seja feito
manualmente, este não é o ideal visto que depende da
força e habilidade do operador. O mais apropriado é fazer
em equipamento de polimento controlado. Após o
polimento será verificado se chegou ao BCM ideal.
Normalmente é tolerável uma variação de +/- 5%.

É necessário controle da rugosidade da superfície


visto que, se não tiver sido feito apropriadamente, quando
estiver na impressão perderá rapidamente o volume
nominal.

37
Anilox – Manual do Usuário

Capítulo 4
Características do Sistema de
Entintagem

Não é possível falar de anilox sem falar do sistema


de entintagem, incluindo as facas de raspagem positiva, o
doctor blade ou encapsulado e ângulo reverso. Esse
conhecimento é importante porque pode preservar ou
alongar a vida do anilox que, conforme sabemos são caros
e delicados.

Existem inúmeros fatores a serem considerados ao


selecionar lâminas de para impressão flexográfica.
Diferentes processos de tinta, tais como água, UV ou
solvente requerem o uso de lâminas diferentes. Rolos de
alto volume anilox exigem um tipo de lâmina, enquanto
que um volume baixo, de alta lineatura irá alcançar maior
qualidade utilizando outro tipo. Adicione à mistura uma
lâmina específica que terá um desempenho melhor para
tiragens mais longas do que as curtas, e a decisão se torna
ainda mais complicada.

Se uma alta linha de tela anilox está sendo usado


com intervalos de uma linha anilox 300 até 800 LPC, uma
fina lâmina de ponta irá minimizar ponto ganho resultante
no ponto mais limpa e nítida a impressão. Imaginem fazer
a barba com uma lâmina de barbear novo e fazer um bom,
limpo, rente. Se a lâmina é utilizado o mesmo para um par
de semana, a ponta da lâmina desgasta e torna-se mais
largo. Um barbear mais rente não é possível porque ele
38
Eudes Scarpeta

simplesmente não está cortando os fios da barba.


O mesmo é verdadeiro para o rolo de anilox. A ponta da
lâmina que é muito grossa para a alta lineatura do anilox
não “corta” a tinta rente à superfície do anilox. Isto por
sua vez resultará em uma espessura de película de tinta
que é demasiada espessa e leva a um ganho de ponto
maior.

A figura mostra a raspagem inapropriada quando a lâmina


não é apropriada para o tipo de lineatura do anilox.

Portanto: a mesma lâmina que raspa chapados grosseiros


não pode ser a mesma que raspará anilox com lineaturas
acima de 400 LPC.

Mas antes de continuar vamos primeiro entender e


recordar quais são os sistemas de entintagem.

Os sistemas de entintagem

Em geral classificam-se os sistemas como Faca


Positiva, Faca Negativa, Doctor Roll e Doctor Blade ou
Encapsulado. A Faca Positiva e Negativa são mais comum
nos processos de banda estreita, quer dizer,
equipamentos de impressão para rótulos. Também é
comum esses sistemas para Corrugados ou Papelão
ondulado.
39
Anilox – Manual do Usuário

Faca Positiva

O sistema de Faca Positiva é o que menos atrita a


superfície do anilox, no entanto, não faz uma raspagem
perfeita, pois a tinta pode “forçar” a passagem por baixo
da faca devido à força hidrodinâmica da tinta.

Típico desenho para corrugados (papelão ondulado)

Faca Negativa ou com Ângulo Reverso

Neste método a faca raspa no sentido contrário à


rotação do cilindro como na figura abaixo:

40
Eudes Scarpeta

As impressoras para rótulos normalmente usam o


sistema com faca negativa. Como podemos imaginar, o
perigo de causar riscos é maior que num sistema de faca
positiva, porém a raspagem nesse método é mais eficiente
garantindo uma raspagem uniforme e regular durante o
processo de impressão. Então alguns cuidados são
importantes como verificar regularmente se há algum
risco iniciando no anilox, pois isso pode indicar que
alguma partícula incrustou na faca e poderá causar
grandes danos ao cilindro.

Doctor Roll

O sistema doctor utiliza um rolo de borracha para


“raspar” a superfície do anilox e é um processo antigo,
desde quando não havia anilox e sim apenas um cilindro
de borracha que servia de entintador.

Talvez seja o sistema menos agressivo para o


anilox, já que a borracha não causa tanto atrito na
superfície do mesmo. Porém, é o sistema que menos

41
Anilox – Manual do Usuário

permite uniformidade de transferência de tinta já que


pode permitir a passagem maior de tinta no centro dos
rolos e menor nas laterais.

Câmara Doctor Blade ou encapsulado

Consiste em uma câmara fechada e com facas para


fazer a raspagem do excesso de tinta na superfície do
anilox e vedantes de EVA ou outro material para evitar
vazamentos nas laterais.

A tinta entra pela parte de baixo do doctor blade e


sai por cima porque o objetivo é manter a câmera cheia e
com pressão da tinta. Outra informação importante é que
a faca de cima raspará o anilox, enquanto a de baixo faz
mais a função de sustenção e vedação do sistema, senão a
tinta derramaria. Atualmente todos os seguimentos de
flexografia que são Corrugados (papelão ondulado), banda
larga e banda estreita e média podem utilizar esse
sistema.
42
Eudes Scarpeta

Doctor blade para corrugados

O processo de impressão de corrugados utilizada


muito tinta à base de água. Isso quer dizer que há rápida
oxidação das peças onde a água entra em contato,
especialmente nas lâminas que precisam de um
revestimento especial, mas que as torna também mais
caras. Então, neste mercado tem-se utilizado muito as
lâminas plásticas de Nylon ou outro material apropriado.
Obviamente essas lâminas não oxidam e conseguem fazer
a raspagem apropriada do anilox. Por ser de plásticas são
menos agressivas ao anilox.

Lâminas plásticas (normalmente mais espessas que as de


aço) são comuns para doctor blade usados em corrugados.

43
Anilox – Manual do Usuário

Doctor blade para banda estreita e média

O doctor blade para impressoras banda estreita


ainda é restrito e acompanha máquinas específicas. A
vantagem é manter a tinta num circuito controlado que
mantém a viscosidade e secagem com as mesmas
características por mais tempo. No entanto, para tinta à
base cura U.V. que não necessita nem medir a viscosidade
ou secagem não é necessário embora também possa ser
usada.

Exemplo de doctor blade para banda estreita

44
Eudes Scarpeta

Doctor Blade para Banda Larga

O sistema Doctor Blade é usado muito neste


sistema de impressão flexográfico porque há muitas
vantagens. A principal vantagem sem dúvida é
uniformidade e dosagem correta do filme de tinta sobre a
superfície do anilox e consequentemente para o material
que está sendo impresso.

Vedantes

Os vedantes ou selantes são feitos normalmente de


EVA, feltro, borracha, Neoprene ou outros materiais
macios e servem para evitar vazamentos na lateral de
contato do doctor blade e o anilox.

45
Anilox – Manual do Usuário

Os vedantes podem variar de forma, tamanho, espessura,


cor e dureza conforme a máquina ou aplicação.

É muito importante usar o vedante correto, pois o


vazamento de tinta pode ser grande se não estiver
apropriado â curva do anilox.

46
Eudes Scarpeta

Ensaio mostrando o encaixe correto entre anilox e vedante.

Fonte: CBG ACCIAI

Os formatos são determinados basicamente pelos


fabricantes de máquinas impressoras ou fabricantes de
doctor blade, pois é uma combinação da câmera doctor
blade versus o anilox.

Uma dica importante para evitar ou amenizar


vazamentos laterais é deixar os vedantes imersos em óleo

47
Anilox – Manual do Usuário

ou passar vaselina na área de contato depois de montados.


O óleo agirá por repulsão ajudando na vedação.

Um recurso usado atualmente é fazer uma faixa de


gravação na lateral do anilox para “quebrar” a força da
tinta. Vamos entender melhor: o anilox possui uma
gravação que começa do lado esquerdo e termina no lado
direito, por exemplo. No ato da gravação das células o
cabeçote do laser se desloca numa linha do tipo rosca sem
fim. A tinta tende a buscar esse movimento e pode fazer
muita pressão no caso de máquinas largas com mais de
1.400mm de largura e forçar o vazamento nesse lado.
Então, estudos demonstraram que ao gravar uma faixa
contrária no final reverte esse efeito e reduz o vazamento.

Facas ou Lâminas para raspagem

As lâminas (também conhecidas como facas ou


racles) são hoje vastamente usadas e basicamente não há
muita variedade. Eles precisar possuir algumas
características importantes:

• Ser flexíveis
• Possui cisalhamento fino
• Resistir quimicamente à tinta e às intempéries
• Espessura uniforme
• Afiação apropriada

Lâminas de Plásticos

Conforme vimos anteriormente, as lâminas de


plásticos são mais usadas para corrugados, mas podem
sim ser usadas para banda larga, por exemplo. As lâminas
da empresa ESTERLAN® são as mais populares.

48
Eudes Scarpeta

Lâminas de plástico geralmente fornecem menor


coeficiente de atrito do que metais em superfícies
cerâmicas (anilox). Mas lâminas de plástico pode
deformar resultando numa película de tinta irregular,
ganho de ponto, aprisionamento detritos que pode
levantar a lâmina deixando passar tinta.

Houve muita evolução dessas lâminas nos últimos


anos. Assim, Lâminas compostas têm a resistência ao
desgaste do plástico, sem os problemas de deformação
plástica ou o aprisionamento de partículas vazamento.
Além disso, eles também podem ter um "lubrificante" na
composição interna desse plástico.

Tipo de lâminas de aço

O aço ainda é o material mais usado para as


lâminas de raspagem e podem variar de fabricante para
fabricante. Geralmente é de aço carbono ou aço inoxidável
no caso de trabalho com tintas base água.

As lâminas podem ter um tratamento superficial


para evitar oxidação e dar maior dureza à mesma. O
tratamento pode inclusive ser de cerâmica. No entanto, é
necessário precaução visto que lâminas muito duras
podem danificar o anilox. Um modo de verificar as
características do aço é observar a limalha que fica nos
filtros magnéticos do sistema de entintagem. Note se tem
pedaços grandes que poderiam ficar presos entre a faca e
o anilox. Isso causaria riscos que poderiam inutilizar o
mesmo.

49
Anilox – Manual do Usuário

As lâminas são feitas de podem ser feitas de aço carbono ou


inoxidável.

A largura pode variar entre 12,7mm à 60mm e a


espessura 0,15mm; 0,20mm; 0,25mm e 0,30mm. O uso
depende da impressora, processo de impressão e vários
fatores. Um critério na hora da escolha é que lâminas mais
finas tendem a flexionar mais e desgastar mais. Lâminas
mais espessas podem causar danos à superfície do anilox.

Se uma fina lâmina de ponta está sendo usada, o


seu ganho de ponto será mínimo. Essas lâminas costuma
ser mais caras. Muitas empresas estão preocupadas que,
se vão utilizar uma lâmina mais fina, sua lâmina irá
desgastar mais rapidamente e vai aumentar o custo. Isto é
verdade com tiragens de grande volume, no entanto, se
estiver a imprimir uma fina película de tinta (400 LPC em
um volume de 2 BCM), isso não irá ser o caso. A lâmina irá
durar o suficiente para fazer um bom trabalho e definir as
os pontos com precisão e por fazer a raspagem apropriada
50
Eudes Scarpeta

da tinta. E se o anilox tiver volume de tinta maior, isso


servirá de elemento de lubrificação para a faca.

Alguma vez você já se perguntou por que uma alta


linha de tela anilox (400 ou superior) é mais suscetível a
danos do que uma lineatura menor do anilox (200 ou
menor)? É porque o anilox é gravado com o dobro das
células por centímetro no anilox, o que equivale a dobrar a
quantidade de células. As paredes das células são mais
finas e tornam-se mais suscetíveis a danos, que às vezes se
manifesta na forma de linhas ou riscos.

Os tipos de Lâminas

A maioria das lâminas médico estão disponíveis em


3 formas básicas ou tipos de configurações. Por muitos
anos, as configurações básicas dessas lâminas eram tudo o
que a indústria de impressão sabia. As lâminas de raio
médico foram introduzidas em meados de 1990 e foram
sendo alardeadas como a lâmina do futuro. Eles foram
consideradas lâmina universal. Com imagens cada vez
mais avançadas e retículas e lineaturas de anilox
chegando até 800 LPC o mercado precisava de mais
novidades em termos de facas.
51
Anilox – Manual do Usuário

Enquanto todos os três tipos de lâminas ainda são


oferecidos, existem muitas outras variações disponíveis.
Empresas fabricantes de lâminas desenvolveram
tecnologias customizadas, trabalhando com vários tipos,
espessuras e revestimentos de aço, cerâmica ou mesmo
Teflon. Tecnologias de lâmina novas estão sendo
desenvolvidas continuamente para aplicações de
impressão específicas. Avanços adicionais também estão
ocorrendo para tratar de problemas de impressão
específicos. Como resultado, problemas de impressão, tais
como vibração, engrenagem marcação, cuspindo,
marcando, listras ou desgaste excessivo da lâmina podem
ser diminuídos ou eliminados em muitos casos.
Em resumo, converse com seu fornecedor de lâmina e
descobrir o que há de novo em sua linha de produtos
médico lâmina. Pode surpreendê-lo, resultando em uma
enorme economia de custos que poderiam afetar
positivamente suas finanças linha de fundo.

52
Eudes Scarpeta

Esta lâmina denominada Wing Blade lançada pala


empresa italiana CBG Acciai consiste em um rebaixo com
rugosidade de superfície transversal ao invés da
superfície longitudinal das lâminas tradicionais. Este
detalhe não só contribui para uma maior rigidez, mas
também proporciona um desgaste extremamente
uniforme do rebaixo, resultando em maior durabilidade e
ao mesmo tempo evitando surgimento de micro-
partículas da lâmina. Tudo isso proporciona melhor
raspagem, qualidade e longevidade da lâmina e do anilox
também. Permite alta velocidade de impressão. Possui um
rebaixo mais fino em comparação com as Lâminas
tradicionais, garantindo uma perfeita raspagem/limpeza
do cilindro, sem o risco da lâmina dobrar.

Outro exemplo interessante também do mesmo


fabricante são a Iridium® que possui revestimento anti
aderente e que não deixa a tinta “grudar” e é ótima opção
para tintas a base dágua.

A importância do uso de filtros

Embora muitas vezes as bombas venham de fábrica


com filtros de telas e com elementos magnéticos, não é
incomum encontrar na fábrica bombas sem estes
importantes itens. O que ocorre é que o operador remove
o filtro porque ele entope até um ponto em que a tinta não
passa e daí derrama tinta causando parada de máquina.
Então a solução mais simples é remover. Mas é a pior
solução. Os filtros de tela de aço cuja abertura de da tela
pode variar de 25, 30, 40 ou 60 micras, evitam que
impurezas e partículas sólidas cheguem os sistemas
doctor blade encapsulado. Então o que falta nessas
empresas é um plano de limpeza periódica dos filtros.

53
Anilox – Manual do Usuário

O filtro magnético é muito importante para reter os


fragmentos e todos os resíduos que saem da faca. Afinal a
faca desgasta e todo o aço vai para a tinta. Se não tem
filtro magnético, o aço fica na tinta contaminando e
principalmente a tornando mais abrasiva, gastando mais o
anilox. E se uma limalha de aço que se desprendeu da faca
for para o reservatório e retornar para o encapsulado, é
certeza que irá causar danos ao anilox. O mesmo vale para
pequenos pedaços de tinta seca. Lembre-se que o
pigmento é um sólido insolúvel e quando ele seca levará
muito tempo para ele se solubilizar novamente na tinta.
Enquanto isso não acontece, ele também pode causar
riscos no anilox.

Filtro com malha de aço e com um pino magnético. Note


como retém impurezas da tinta e faca. (Fonte: Carton
Acessórios)

54
Eudes Scarpeta

Fonte: Sóbombas

Outra opção de filtro com tela e magnético da empresa


canadense Inkspec. Há um pino (haste) magnético dentro
do tubo de malha.

Dicas para montagem do Doctor Blade

• Use uma lâmina de qualidade com dimensões


adequadas para seu tipo de tinta e anilox.

55
Anilox – Manual do Usuário

• Verifique se a câmara do doctor blade e suporte


estão limpos e que não há danos às réguas que
seguram as lâminas.
• Se forem utilizados parafusos para a fixação,
certifique-se de que não há nenhum faltando ou
estão em boas condições.
• Certifique-se que a lâmina é montada em linha reta
e que nenhuma ondulação na lâmina é observada.
• Não deixar que a largura da faca ultrapasse o
vedante. O ideal é que fique bem ao centro da
largura do vedante.
• Se o aperto for com parafusos, apertar de dentro
para fora alternando esquerda e direita.
• Certifique-se que a o fio da lâmina não tem dentes.
• Ao fixar o conjunto doctor blade na máquina,
verifique que o anilox não está sujo ou
com partículas de tinta seca.
• Certifique-se de câmara está alinhada
com anilox, tanto vertical quanto
horizontalmente.
• Aplicar a menor pressão possível da
faca ou conjunto doctor blade.
• Cuidado ao manusear as lâminas: são
muito afiadas e podem provocar sérios
acidentes. Então, use luva de malha de aço.

56
Eudes Scarpeta

Posicionamento correto do Sistema Encapsulado Doctor


Blade

Com um transferidor ou teodolito é possível medir o ângulo


de posicionamento da lâmina raspadora.

57
Anilox – Manual do Usuário

Na figura acima vemos o posicionamento correto


da faca em relação ao anilox. É importante lembrar que o
rebaixo da faca precisa ficar voltado para dentro.

Detalhe de um sistema doctor blade que não utiliza


parafusos. Apenas a pressão de réguas.

Cuidados a serem tomados no acerto e manuseio

No anseio de obter um setup curto ou adiantar o


serviço, é comum os operadores deixarem as camisas em
pé ao lado da máquina enquanto retiram outra camisa.
Isso é muito sério. Primeiro, o chão é sujo. Sempre possui
pequenos grãos de terra, areia ou outras impurezas. Essas
impurezas grudam na lateral do anilox e quando o anilox é
colocado na máquina essas impurezas se soltam e caem
dentro da máquina, talvez no anilox de baixo, por
exemplo.

58
Eudes Scarpeta

Jamais se deve apoiar o anilox no chão. Sempre em


carrinhos ou superfícies limpas.

Segundo, há um sério risco de alguém esbarrar no


anilox e ele cair. Uma queda de anilox pode comprometer
batimento ou mesmo trincar a superfície, isso supondo
que ele esteja protegido com capa. Se estiver sem capa...
Adeus anilox.

Outra prática comum é quando o operador precisa


limpar o tambor central, tirar um borrão, limpar alguma
coisa dentro da máquina e nos grupos de cima. Então
alguns sobem na máquina e apóiam o pé calçado de bota
que retém diversas impurezas.

59
Anilox – Manual do Usuário

Observou onde esse operador está apoiando o pé? Em sua


opinião, o que você acha que tem na sola da bota desse
operador?Acha que isso pode danificar o anilox?

Conclusão

O uso correto e cuidadoso do sistema de


entintagem é condição fundamental para aumentar a vida
útil do anilox e garantir maior qualidade e produtividade.
O bom operador é limpo e metódico e está atento a
condições de insegurança na máquina.

A escolha correta da lâmina também fará diferença.


Quando se toma tempo para organizar o setor ou mesmo
fazer uma programação apropriada de limpeza regular
das bombas e principalmente dos filtros. Nunca esqueça o
filtro magnético.

60
Eudes Scarpeta

Capítulo 5
Entendendo o BCM, Lineatura,
Ângulo e Geometria da Célula.

Tecnicamente há pontos chaves que precisamos


conhecer sobre o anilox. Esse conhecimento servirá para
se tomar decisões sábias quanto ao tamanho do inventário
de anilox, o modo como a empresa vai trabalhar e como
deverá escolher o tipo de anilox versus o tipo de clichê,
máquina, dupla face e tinta. Então vamos aos conceitos
fundamentais das principais características do anilox, ou
seja, vamos conhecer sobre o BCM, Lineatura, Ângulo de
Gravação e Formato de Células.

O que é BCM

BCM é a sigla para Bilhões de Micras Cúbicas por


Polegada Quadrada e é o modo como medimos ou nos
referimos ao VOLUME ou capacidade de tinta (ou outro
líquido) nas células gravadas na superfície do anilox. O
BCM é a medida americana para o volume do anilox. Na
Europa é comum utilizar a versão métrica para isso, quer
dizer, cm3/m2. Para converter e saber a equivalência
basta fazer o seguinte: cm3/m2 ÷ 1,55 = BCM, portanto
1BCM = 1,55 cm3/m2. Mas no Brasil esse modo de
expressar o volume das células não pegou e praticamente
nunca usamos. Apenas quando compramos anilox da
Europa ou quando compramos uma impressora de lá,
então o precisamos saber. Para isso segue uma tabela

61
Anilox – Manual do Usuário

prática para você não perder tempo em converter caso


necessite saber a equivalência de um para outro:

COMO MEDIR O BCM

Basicamente pode-se medir com os seguintes


métodos: Microscópio Eletrônico, Aparelhos manuais,
Anilox Strip®, Método Capatch® e Método da Pipeta.
Vamos analisar cada um deles.

Microscópio Eletrônico e Interferometria

Este é um método com microscópio digital


utilizando uma série de ondas de luz de reflexão em um
nível de sub micron, capturando secções transversais das
células gravadas e que compõem uma imagem 3-D da
célula, resultando em uma de medição volumétrica. Este
método de medição têm um elevado nível de precisão
desde que estejam sempre calibrados e mantidos
adequadamente. Este sistema têm vários níveis de
softwares para suportar sua funcionalidade.

62
Eudes Scarpeta

Em geral é um investimento alto. A desvantagem é


que no momento da impressão há sempre uma parte da
tinta que não sai da célula e nesse método não dá para
simular isso. Também precisa de uma base muito estável,
porque qualquer tremor influencia na medição. De
qualquer forma é excelente para ver detalhes da célula,
além do que é possível ver e medir o formato, ângulo e
lineatura de gravação.

O ANICAM® é uma opção para ver detalhes da gravação no


anilox.

63
Anilox – Manual do Usuário

Aparelhos manuais

O Urmi II da Praxair é um aparelho manual e faz a


medida de forma rápida. No caso do URMI II, por exemplo,
um líquido luminiscente é aplicado na superfície do anilox
e espalhado. Daí coloca-se o aparelho que fará a leitura
como um densitômetro. O volume aparecerá no visor.

Anilox Strip®

A empresa de gravação de anilox alemã Zecher tem


um produto patenteado que é o Anilox Strip®. Consiste em
uma fita com uma resina plástica moldável e que é
pressionada na superfície do anilox. Então, ela entra nas
células preenchendo-as. Daí remove-se e faz-se a leitura
em um microscópio. O produto requer cuidados e ainda
não é distribuído no Brasil. Além disso, requer
microscópio eletrônico e alguns se perguntam se não é
melhor medir diretamente no anilox.

64
Eudes Scarpeta

2º Passo: Posiciona-se a fita


1º Passo: Destacas-se a fita
na superfície do anilox

3º Passo: Pressionar bem


4º Passo: Remover a fita
com rolete para penetrar
com cuidado
bem nas células

5º Passo: fazer a medição no microscópio

65
Anilox – Manual do Usuário

Método Capatch®

Desenvolvido pela empresa holandesa Steinhart, o


Capatch tem como atrativo a praticidade para medir o
volume do anilox. As tiras são descartáveis, pois só é
possível utilizar uma única vez.

Capatch é um dispositivo plástico descartável e


auto-adesivo que funciona por meio do contato direto com
o cilindro. O volume dosado do fluido de medição, contido
dentro da cápsula auto-adesiva, é pressionado por uma
lâmina plástica, denominada "doctor blade", espalhando-
se ao longo da superfície do cilindro. A gota do fluido de
medição é forçada para fora da cápsula e pressionada para
o interior das células do cilindro anilox.

A gota do fluido preenche inicialmente as células


mais próximas da cápsula e vai diminuindo em volume ao
ser empurrado adiante, até que todo o volume da gota seja
completamente absorvido pelas células. O comprimento
da trajetória do fluido é inversamente proporcional ao
volume atual das células do cilindro. Como o volume da
gota do fluido de medição é constante ao longo do
Capatch, o comprimento da trajetória mede o volume de
tinta.

Uma escala impressa no Capatch permite ao


usuário verificar o volume diretamente relacionado fluido
de medição.
Três escalas diferentes:

• Baixos volumes 2 a 7 cc/m2 e 1,25 a 5 BCM/pol.2


(tarja verde - laranja)

66
Eudes Scarpeta

• Médios Volumes 5 to 25 cc/m2 e 3 a 15 BCM/pol.2


(tarja azul –laranja)
• Altas volumes 15 a 70 cc/m2 e 10 a 50 BCM/pol.2
(tarja vermelha – laranja)

Nota: CC/m2 é o mesmo que c3/m2.

Embora sejam muito práticos e confiáveis, depende


da mão de quem está aplicando e tem um custo
relativamente alto.

67
Anilox – Manual do Usuário

Como funciona

1º Passo: Remova o liner


2º Passo: Segure pela base ou
antiaderente, deixando expostas
pela fita prateada a outra
as áreas auto-adesivas.
extremidade do Capatch e
Assegure-se que este liner
estenda-o em sentido
permaneça prezo ao Capatch,
descendente. A seguir, fixe-o ao
pois ao término da medição será
cilindro.
utilizado para a remoção do
Capatch.

3º Passo: Segure a "doctor 4º Passo: Leia o resultado.


blade" e coloque o dedo
indicador sobre a seta impressa
na lâmina.

68
Eudes Scarpeta

Método da Pipeta

A metodologia da Pipeta é a mais precisa mesmo


em fabricantes de anilox. E a razão disso é que ela simula a
real condição e função do anilox: carregar células com
tinta e transferi-la para o clichê. No entanto, o método
também é delicado e requer cuidados por parte de quem
fará a análise.

• O método da pipeta, o primeiro a ser desenvolvido,


ainda é o mais utilizado.
• Também é o que tem mais similaridade com o que
realmente acontece na impressora.
• Este método, executado por operador treinado em
cilindro padrão para calibração, tem uma margem de erro
de +/- 5%.

Conforme vimos, outros métodos mais sofisticados


foram desenvolvidos posteriormente, por interferometria
óptica, no entanto este método não consegue mensurar
com precisão a quantidade de tinta que é absorvida pela
porosidade da cerâmica, nem o volume de tinta sobre as
paredes das células.

Influência da temperatura na medição do BCM

• A variação da temperatura do cilindro interfere tanto na


medição do BCM quanto na transferência de tinta para o
substrato.

• O ideal é medir o BCM com o cilindro na temperatura


média de impressão.

69
Anilox – Manual do Usuário

• Ou, medir na temperatura ambiente e corrigir a medição


para a temperatura média de impressão - conforme tabela
Correção Térmica.

Outros métodos mais sofisticados foram


desenvolvidos posteriormente, por interferometria óptica,
no entanto este método não consegue mensurar com
precisão a quantidade de tinta que é absorvida pela
porosidade da cerâmica, nem o volume de tinta sobre as
paredes das células.

Taxa de Transferência

• Nem toda tinta absorvida


pelo anilox é transferida
para o clichê.

• Sempre haverá um filme


de tinta residual no interior
das células após o contato
com o clichê

70
Eudes Scarpeta

A porcentagem de tinta transferida para o clichê


em relação ao volume de tinta absorvida pelo anilox
(BCM) é a TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE TINTA, que
também pode ser quantificada como BCM transferido. Os
fatores que interferem na taxa de transferência relativa ao
anilox são principalmente:

A) Geometria da célula

B) Grau de acabamento interno da célula (rugosidade)

C) Composição da cerâmica (tensão superficial)

Siga os passos abaixo:

1) Use local apropriado: O melhor lugar para medir


o anilox é sobre um balcão grande suficiente para
que todos os componentes fiquem à disposição e
não corra de cair ou simplesmente não caber.
2) Limpe cabalmente o anilox: o anilox só deve ser
medido quando realmente estiver limpo. Pode
acontecer que se queira medir o anilox que está na
impressora. Mesmo nesse caso, uma limpeza com
pano e solvente não será suficiente. O cilindro
precisará estar o mais limpo possível. É comum
que alguns aniloxes tenham um incrustamento de
tinta seca no fundo dos alvéolos que só uma
máquina de limpeza apropriada (solvente ou
ultrassom) conseguirá remover.
3) Posicione o anilox: use pequenos cavaletes de
madeira para apoiar o cilindro anilox pela ponta
dos eixos. Não use apoios com rolamentos. É

71
Anilox – Manual do Usuário

importante que o anilox não se movimente. No


caso das camisas, pode-se usar a própria
embalagem. Há fabricante que envia a camisa em
uma caixa de EVA. Com pouca adaptação essa caixa
pode ser excelente para essa função. Jamais apóie a
superfície da mesa sobre a mesa sem qualquer
forração suficientemente macia e se esse for o
único meio, calce com panos para que ele não role.
SEMPRE MANUSEIE O ANILOX COM A CAPA
PROTETORA PARA EVITAR ACIDENTES. Só
remova a proteção para fazer a medição.
4) Prepare tudo: antes de qualquer medição deixe
sobre a mesa de forma organizada tudo o que irá
realmente necessitar eliminando coisas
desnecessárias. Deixe inclusive as folhas de
inspeção impressas.
5) Temperatura do cilindro ou camisa: a melhor
forma de medir é em ambiente controlado, ou seja,
em uma sala com ar condicionado e com
temperatura e umidade sempre constantes. É
sabido que isso nem sempre é possível, então não
há muito que fazer e isso não vão impedir que se
consiga medir com razoável precisão, porém
jamais meça o anilox depois que ele acabou de sair
de uma máquina de lavagem, por exemplo, quando
ele está muito quente. O melhor mesmo é anotar e
sempre fazer as medidas com a mesma
temperatura da superfície do anilox. Isso pode ser
feito medindo com termômetro de infravermelho
ou outra forma. Mas lembre-se: grande variação na
72
Eudes Scarpeta

temperatura do anilox também influencia no


resultado da medição.
6) Defina as áreas para medição: Para maior
precisão, escolha pelo menos três áreas para fazer
a medição. No anexo A há espaço para as três
manchas.

7) Prepare a aplicação do líquido: para a aplicação


do líquido você irá precisar do vidro com a solução
líquida colorida; lâmina para raspagem;
micropipeta; Ficha de Inspeção; pano e/ou papel
toalha. Forre com papel a área onde deixará esses
itens na mesa. O líquido possui um corante e pode
mancar roupas e objetos, então tome cuidado.
8) Pipete o líquido: A pipeta que é com volume
regulável, que dizer que se pode colocar entre 2 a
20µl (microlitros). Volumes maiores implicam em
uma mancha muito grande dependendo do BCM e
lineatura nominal do anilox. Se a lineatura for 300
LPC (linhas por centímetro) e você usar 20µl, então
a mancha será muito grande e não caberá na ficha.
Assim, uma sugestão é usar 2,4 ou 8 dependendo
da lineatura do anilox. Lineatura mais altas,
volumes menores. Daí aperte o botão de cima,
segure, coloque no líquido a ponta e solte o botão
enquanto a ponta ainda estiver dentro do líquido.
Pronto, você já tem a quantidade exata de líquido
para aplicação.

73
Anilox – Manual do Usuário

9) Espalhe a solução líquida na superfície: espalhe


em uma linha horizontal de aproximadamente 3
centímetros, conforme figura abaixo.

10)Com a lâmina, raspe cuidadosamente a solução


até que toda ela fique espalhada na superfície do
anilox.

74
Eudes Scarpeta

11)Após o espalhamento, coloque a folha para


decalque. Observe que é possível ver a mancha no
verso do papel. O papel mais indicado é o sulfite.
Evite papeis tipo couché, pois não são absorventes.

12)Repita todos os decalques: antes de começar a


calcular, faça primeiro os decalques.
13)Faça a medida com o Planímetro: contorne a
mancha com uma caneta para melhor visualizar as
bordas. Marque também um ponto de início na

75
Anilox – Manual do Usuário

mancha para saber onde começar e terminar.


Procure não tirar o disco de medida do Planímetro
durante o processo. Se tirar, mas tiver certeza de
onde parou, continue do mesmo ponto. Senão,
comece novamente, afinal é uma operação rápida e
muito importante, pois dela dependo o resultado.
Para programar e manusear o Planímetro veja o
capítulo sobre ele.
14)Calcule o resultado:
a) Divida o volume da pipeta (µl) que você
aplicou pela área em cm2 mostrada pelo
Planímetro. O resultado então é cm3/cm2.
Mas para converter para BCM que é Bilhões
de micras cúbicas por polegada quadra, ou
seja, outra unidade de medida multiplique
por 6,45 que é um fator padrão. Então você
achou o BCM.
b) Exemplo: Vamos supor que você tenha
usado 8 µl para aplicar sobre o anilox. Fez
todo o procedimento e mediu com o
planímetro que deu como resultado 10 cm2.
Daí divida 8 por 10 = 0.8 cm3/cm2. Por fim
multiplique pelo fator de conversão (por
que para BCM a área é polegada) 6,45.
Portanto, o BCM é 5,1.

76
Eudes Scarpeta

SUGESTÕES E CUIDADOS IMPORTANTES PARA


MEDIÇÃO E CÁLCULO:

• Não puxe a lâmina para espalhamento


muito rápida.
• Mantenha a inclinação da lamina conforme
a foto acima.
• Se não ficou convencido (a) que não
espalhou bem, então limpe e refaça o
espalhamento.
• Não demore em fazer o decalque, pois o
líquido vai secar.
• Faça o decalque com cuidado usando a
palma da mão. Certifique-se que o papel
tocou em toda a área onde está a mancha do
líquido.
• Lembre-se que a lâmina pode ferir ou
danificar o anilox, então mantenha sempre
limpa e isenta de quaisquer impurezas ou
dentes.
• Lave bem com álcool a ponta da pipeta.
Guarde sempre limpo e seco.
• Depois que fizer todas as medições, guarde
todos os instrumentos na maleta e guarde a
maleta em local apropriado longe de calor,
por exemplo.
• Como se trata de instrumentos delicados
procure definir poucas pessoas para
manusear e fazer as medições.
• A precisão da aplicação, espalhamento e
medição com planímetro vem com a
experiência. Portanto, faça treinamentos
com frequência.

77
Anilox – Manual do Usuário

Após ter decalcado em uma folha de papel sulfite,


deve-se fazer a medida. O método mais prático é

78
Eudes Scarpeta

utilizando um Planímetro que um aparelho que dará o


resultado da área que a mancha do líquido cobriu. Mas
poderá usar uma folha de quadriculada. Então é só somar
os quadrados.

Conclusão sobre BCM

A escolha do BCM correto para cada tipo de serviço


é fundamental e será considerado no próximo capítulo.
Mas é importante a empresa controlar na ponta do lápis o
volume dos anilox desde quando chegam à empresa ou os
que estão em uso.

Há um conceito comum de que, quando precisamos


de grandes áreas chapadas com grande cobertura, como
os chapados brancos, por exemplo, se usa aniloxes de alto
BCM como 9, 10, 12 ou até mesmo 15 BCM. Mas lembre-
se: parte da tinta NÃO SAI DA CÉLULA. Com as
combinações de gravação à laser versus a lineatura é
possível ter ótimas áreas de branco chapada com o

79
Anilox – Manual do Usuário

excelente “fechamento” da tinta e isso é mais importante


que quantidade de tinta.

Volume é um fator importante na quantidade de


tinta entregue para a placa e a lineatura da imagem
gravada nela. É importante, no entanto, para diferenciar
entre o volume da célula (a quantidade de tinta que as
células pode conter) e volume entregue (a quantidade de
tinta que realmente irá transferir para fora das células).
Muitos fatores podem afectar a transferência de tinta
incluindo características de tinta (viscosidade, carga de
pigmento e pH), o método de raspagem (doctor blade,
doctor roll, faca reversa, faca positiva, etc), dureza e
espessura e tipo de material da lâmina, estreitamento ou
pressão lâmina, velocidade de impressão, a superfície
tensão dos clichês e a taxa de absorção do substrato.

Lineatura

Além do BCM é importante também a definição da


lineatura em que as células serão gravadas. Ao passo que
o BCM determina a quantidade de tinta que será aplicada
na superfície do material a ser impresso, a lineatura
determina COMO esta quantidade de tinta será aplicada.
Vamos ilustrar: imagine que você vai aguar as plantas no
seu quintal. Você pega um balde de água. Você poderá
jogar essa água quase tudo de uma vez, ou colocar a água
num regador e distribuí-la mais uniformemente sobre as
plantas. Com o anilox ocorre algo semelhante. Você
poderia usar um anilox com BCM de 4,5 com lineatura de
200 LPC (linhas por centímetro linear) e outro com o
mesmo BCM, mas com lineatura de 260 LPC. Qual a
diferença? A distribuição da tinta seria mais uniforme.
Agora pense no clichê onde há áreas chapadas, traços e
retículas. Naturalmente desse volume de tinta sobre a
80
Eudes Scarpeta

retícula fará diferença. Com 200 LPC haverá mais


probabilidade de entupimento da mesma ao passo que
com 260 LPC a tinta ficará mais bem distribuída.

Vamos continuar ilustrando. Veja nos três casos abaixo


como isso se daria:

Caso 1: Lineatura da retícula fina em relação ao ponto do


clichê: note que há uma entintagem bastante regular e
uniforme.

Caso 2: Agora com uma retícula mais grosseira. O ponto


ainda é apoiado pelas paredes da célula, mas já está no
limite. A partir de agora é possível que haja maior
aparência de esmagamento, ganho de ponto ou mesmo
entupimento da retícula, pois aos poucos a tinta
aglomerará em volta dos pontos.

81
Anilox – Manual do Usuário

Caso 3: Agora vemos uma retícula com baixa lineatura em


que os pontos do clichê entrarão ou “mergulhará” na
célula. O entupimento ocorrerá com certeza.

Esta é a razão para sempre se considerar a


lineatura do clichê no momento da escolha do anilox.

Por muitos anos a relação entre BCM x Lineatura


ficava restrita aos parâmetros de gravação à laser ou
recartilhagem. Então, basicamente maior lineatura
significava necessariamente em volume baixo. Mas a boa
notícia é que ISSO MUDOU! Com a evolução dos tipos de
laseres ou formas como ele trabalha e mais uma melhora
na matéria prima da cerâmica, o que vemos hoje são
possibilidades de lineaturas mais altas e também volumes
altos. Assim hoje é possível, por exemplo, ter um anilox
com lineatura de 600 LPC (não é por polegada) e um BCM
de 2.2. Qual seria a vantagem disso?

A principal vantagem de um BCM com volume


significativo e lineaturas mais altas é que se pode
combinar em uma mesma placa de clichê áreas de traços
grossos, chapados e retícula. Como achar o ponto correto
de equilíbrio você verá nos capítulos seguintes.

Na figura acima notamos como se comportaria


pontos de 2% a 10% na mesma imagem, como um
degradê, por exemplo.

82
Eudes Scarpeta

A escolha de Lineatura correta

No passado recente costumávamos calcular a


proporção entre lineatura de clichê versus lineatura do
anilox. No entanto, com o advento da melhoria dos
equipamentos de gravação à laser, e principalmente da
cópia digital de clichês que permite pontos muito finos e
pequenos, podemos dizer que a proporção ideal é de 8 por
1, ou seja o anilox precisa ter 8 vezes a lineatura do anilox.
Para exemplificar: um clichê com 60 LPC precisará de um
anilox de 480 LPC. E essa é uma realidade, pois muitas
empresas já trabalham com esse nível de definição ou até
maior como é o caso dos rótulos auto-adesivos.

Portanto, se você mantiver a proporção de 8 x 1 entre


anilox e clichê, você NUNCA terá entupimento da retícula
na impressão. Claro que sua tinta precisa estar na
viscosidade apropriada e secagem correta.

Ângulo de gravação

A fim de entendermos o que é e qual a importância


do ângulo de gravação das células no anilox, será
83
Anilox – Manual do Usuário

necessário visão geral sobre os ângulos disponíveis. A


forma mais simples de gravação é representado pelo
ângulo 90 graus. Células piramidais são colocados em uma
linha em torno da circunferência do cilindro. O resultado é
uma gravação de 90 graus em relação ao eixo do cilindro,
como é ilustrado no diagrama.

Nesse ângulo de 90º as paredes das No entanto, em 45º a lâmina ficará


células seriam impactadas pela faca melhor apoiada do em 90º e reduzirá o
que está paralela ao eixo do anilox. desgaste. No passado se utilizou muito
Este seria o pior ângulo para esse âgulo em flexografia. Hoje não
flexografia. serve mais.

O ângulo de 30º com formato Célula hexagonal com 60º é a mais


hexagonal ou alongado pode ser usada atualmente. Note que as células
alternativa para impressão com tinta ficam melhor “acomodadas” e alinhadas
UV, mas ainda não é certo. em relação ao ângulo de 30º.

84
Eudes Scarpeta

O outro aspecto importante do ângulo de gravação


é a eficiência do posicionamento de célula. Em um padrão
de 45 graus cria uma célula em forma de diamante.

O ângulo de gravação é importante porque a


colocação das células determina a forma da célula e, mais
importante ainda, a orientação da abertura da célula.
Quando a abertura das células é mais larga ao longo do
eixo de rotação, a tinta pode fluir para fora mais fácil.
Quando a abertura das células é mais estreita ao longo da
rotação, há menos turbulência no fluxo de tinta e melhor
fechamento da película de tinta no substrato.

Já nos ângulos de 60° e 30° as células são


posicionadas no agrupamento mais juntas possível que
oferece as células 15% a mais por centímetro quadrado de
área de superfície do anilox em relação a 45°. Em 60° e
30° oferecerá uma distribuição. Este vai oferecer uma
melhor distribuição de tinta e mais fina. Isto significa que
você pode obter o benefício de maior contagem de linha e
ainda manter os diâmetros mesma célula simplesmente
especificando uma gravura grau 30° ou 60° em vez de um
45°.

Por exemplo, uma gravura 240 LPC a 60° tem


aproximadamente 414.000 células/pol2. Se o mesmo
anilox é especificado a 45° ele só terá 360.000 células/
pol2.

Portanto, aniloxes gravados com 60° são os mais


utilizados uma vez que proporciona maior proximidade
de células por centímetro quadrado em comparação com
45° e maior fluxo de tinta devido ao fato de as aberturas
de células são mais largas no eixo de rotação e as células

85
Anilox – Manual do Usuário

posicionados em uma linha reta ao longo do eixo de


rotação do mesmo, se comparado com a gravação a 30°.

No passado o ângulo de 60° foi escolhido também


por ficar como ângulo intermediário entre os ângulos das
imagens gravadas no clichê. No caso das cromias o padrão
é utilizar: Cyan 7,5° - Magenta 37,5° - Amarelo 82,5° e
Preto 67,5°. O objetivo é minizar o efeito do moiré em
relação ao ângulo do anilox. Mas hoje em dia com a cópia
de clichê digital e todas as inovações que permitiram
lineaturas de imagem altas e também lineaturas de anilox
muito altas, não há mais perigo. Outra opção de ângulos
para clichês é a seguinte: Amarelo 7,5° - Magenta 52,5° -
Preto 82,5° e Cyan 22,5°.

Por essas razões o ângulo de 60° tem sido o mais


amplamente usado na flexografia.

No entanto, recentemente se tem feito estudos


mais produndo as a respeito do ângulo e uma opção seria
a 70°. A diferença substancial para a de 60° é que, sendo a
mesma lineatura, o ângulo em
relação ao eixo do anilox é de 70°
e as células são duas vezes mais
longo que as células normais
conforme figura abaixo. Mas essa
parte será considerada no tópico
formatos de células.

86
Eudes Scarpeta

Conclusão sobre ângulo de células

Pode não parecer, mas conforme vimos o ângulo


tem importante razão de ser. Os estudiosos ainda não são
unânimes em concordar que o ângulo de 60 é o ideal,
embora ele seja o mais usado hoje em dia. É importante
salientar que uma empresa americana testou ângulos de
30 para uso em tinta UV e chegaram a conclusão que esses
são melhores para essa tinta específica.

Formato ou Geometria das células gravadas à laser

O formato da célula provavelmente é o que mais


tem mudado e sido objeto de pesquisas dos fabricantes e
estudiosos do anilox. Conforme observado anteriormente,
os formatos podem variar dependendo do processo de
fabricação do anilox. No recartilhado há os piramidais,
tronco piramidal, helicoidal entre outros. A gravação
química em geral faz células quadradas. No caso da
gravação eletromecânica que é usada para gravação de
cilindros de rotogravura, o formato é de diamante. Mas
obviamente o processo mais usado é o laser e este permite
muita variedade. A questão é qual o formato ideal.

Já por vários anos o formato mais usado é o


hexagonal para a gravação à laser. E isso tem uma
explicação lógica e matemática.

1) Esse formato fornece maior sustentação à


lâmina de raspagem;
2) Cabem cerca de 15% mais células numa mesma
área quando comparado a outros formatos, como o
quadrado, por exemplo.
3) As células ficam melhor “encaixadas” umas às
outras.
87
Anilox – Manual do Usuário

4) Dá mais consistência à gravação permitindo


menos variações de gravação de anilox para anilox.
5) As células podem comportar mais tinta que em
outros formatos.
6) As células podem ser mais rasas permitindo que
a tinta saia mais plenamente de dentro das mesmas.
7) Não possui os vértices que outros formatos
possuem.
8) O formato quadrado possui cantos em que é
difícil a tinta sair. Já no hexagonal isso é facilitado.

Célula hexagonal com 60o de inclinação.

Obviamente o formato hexagonal lembra uma


colméia. A casa das abelhas não existe no formato
hexagonal à toa. Há uma incrível lógica nisso. Cientistas
estudaram por anos qual seria a melhor condição para
comportar o mel e a melhor de todas é a que as abelhas já
sabem desde a criação do mundo.

Ao passo que a lineatura (linhas de células por


centímetro ou polegada) fornece definição para a imagem,
o volume fornece cor e densidade. Portanto, usando um
rolo anilox com mais células por centímetro/polegada irá
fornecer mais detalhes e definição, especialmente nas
áreas de altas luzes. Ao utilizar a gravura 60o hexagonal, a
eficiência desta geometria permite filmes mais finos de
tinta, resultando em gráficos mais nítidos e melhor
88
Eudes Scarpeta

distribuição de tom. Então células de 60o hexagonal são


ideais para impressão de cromias e degrades combinadas.

O equipamento de gravação a laser e o software


para gerar os formatos das células são comuns para os
diversos fabricantes ao redor do mundo. Então cada um
fica livre para criar (e tentar patentear sua criação de
células).

Um exemplo de tentativa de criação de células são


as conhecidas com GTT ou do Inglês Genetic Transfer
Technology. Em Português Tecnologia de Transferência
Genética. Transferência de tinta, naturalmente.

Desenvolvido pela empresa Holandesa Apex, sofreu


algumas mudanças no desde o lançamento. No princípio
pensava-se em uma célula não fechada, mas com o tempo
essa célula mostrou-se frágil e depois se lançou a que é
usada e divulgada pela empresa hoje em dia.

Outro aspecto interessante dessa tecnologia é que,


segundo o fabricante, é possível reduzir o inventário de
anilox. No início, quando a empresa começou a divulgar a
tecnologia, falava-se em apenas 4 tipos de anilox: “S” de
Small ou pequeno, “M” de medium ou médio, “L” de large
ou grande e “XL” de extra large ou extra grande.

89
Anilox – Manual do Usuário

Fonte: APEX

Embora no início tenha se dito que seriam apenas quatro


tipos de anilox (imagem à esquerda), hoje se fala em seis
que abrangeriam a inteira gama de anilox usada nas
empresas (imagem à direita). De qualquer forma isso sem
dúvida pode facilitar a vida dos operadores e simplificar a
escolha do anilox para os diversos tipos de trabalhos.

Batizada de UNIFLEX GTT A gravação consiste em


células abertas e que não limitam o fluxo da tinta, quer
dizer não prender a tinta em células. Isso significa melhor
cobertura da tinta em áreas chapadas, por exemplo.

A Apex pediu patente sobre esse formato. Os concorrentes


brigam para quebrar essa patente.
90
Eudes Scarpeta

Nesse caso não há se considera lineatura ou ângulo.


A Apex designa-os como “XS”, “S”, “M”, “L”, “XL” e “XLL”.

E é possível varia a Frequência e a Amplitude,


conseguindo assim várias opções combinadas de desenho
dessa geometria.

Algumas das vantagens são:

• Redução do inventário anilox;


• Células abertas (canais) com mesma lineatura e
profundidade têm capacidade volumétrica até 40%
maior que as convencionais células fechadas;
• Maior disponibilidade de tinta com modulação da
taxa de transferência;
• Modulação da taxa de transferência proporcional à
área de contato do clichê;

Forma de Pulso dos Laseres

Como mencionado anteriormente, os impulsos


gerados pelo laser são utilizados para produzir os milhões
(e às vezes bilhões) de células que formam um rolo de
anilox. A forma do impulso está diretamente relacionada
com a forma da célula. A principal diferença é a parte final
do pulso. Devido à maneira como um laser de CO2 opera,
91
Anilox – Manual do Usuário

ele tem um decaimento por muito tempo. Este tempo de


decaimento longo pode resultar em paredes celulares
irregulares e que levam à canalização indesejada. Este, por
sua vez pode resultar em impressões pobres devido à
conjugação de tinta e perda de definição de impressão.

Laser
convencional
antigo de
CO2

Laser Mult
Hit

Tempo de subida da curva

A segunda diferença é o tempo de subida. Um pulso


de laser de estado sólido tem um aumento muito mais
acentuado. O tempo mais curto e tempo de decaimento
mais íngreme de um laser de estado sólido permite que as
células mais limpas com paredes celulares distintas
conduzindo a melhor qualidade de impressão. Além disso,
eles permitem uma vaporização mais completa da
cerâmica (em vez de fusão, o que provoca escória que é
depositada sobre as paredes das células como saliências e
protuberâncias levando a qualidade de impressão ruim e
aumento do desgaste da lâmina). A geometria das células
produzidas com um laser de estado sólido é simétrico e
assemelha-se uma onda sinusoidal.
92
Eudes Scarpeta

As gravações mais antigas possuem as células com


aparência de escamas. Com a evolução do laser foi
possível definir melhor o formato e o desenho interior da
célula.

Novos Laseres, novos formatos

As evoluções do equipamento e
software de gravação à laser permitiu
novos formatos de células e uma
tendência iniciada pela Praxair com o
anilox REV® é alongar a célula.
Depois, surgiram variações e hoje esta
tecnologia é chamada tecnologia Cell Bitmap. Basicamente
consiste em aplicar um arquivo de bitmap único para a
forma da célula. Este arquivo bitmap é composto de 255
tons de branco para preto, em um processo semelhante ao
que a pré impressão está acostumada a fazer com seus
arquivos digitais. Cada pixel determina o tamanho do
ponto de laser e como o laser gravará os perfis interiores
da forma da célula.

A célula é desenhada no
O resultado neste caso são
software e programada
células alongadas.
para repetir o padrão.

93
Anilox – Manual do Usuário

Capítulo 6
Como Escolher Corretamente o
Anilox

A escolha do anilox correto é talvez o grande


desafio das empresas hoje, especialmente quando
compram uma impressora nova, por exemplo. Via de
regra, essas empresas tendem a repetir os anilox que já
possuem nos equipamentos antigos e praticamente os
paradigmas vão se perpetuando e a empresa fica presa no
passado sem conseguir aproveitar as vantagens que as
modernas impressoras oferecem. Outra forma de escolha
é baseada no “achismo”, quer dizer “eu acho que pode ser
esse ou aquele. Mais um modo de escolher o anilox é pedir
a opinião do fabricante do anilox. O fabricante sabe que a
decisão final deveria ser do convertedor. Então o
fabricante diz que a média do mercado é esse ou aquele
anilox. Se você escolher esse modo, ou seja, da “média do
mercado”, então você será um convertedor “mediano” e
não inova ou sai do quadrado que seus concorrentes
estão. Isso é uma pena.

O que s e observa no mercado em geral é a busca


para aumentar a definição da imagem impressa e isso
significa aumentar a lineatura do clichê. Mas sabemos
bem que o aumento da lineatura do clichê não é fácil de
rodar se você não tiver os cuidados corretos com a tinta e
principalmente o anilox. Os resultados em geral são:
ganho excessivo de ponto óptico ou geométrico,

94
Eudes Scarpeta

dificuldade em manter o padrão de cor nas cromias e


principalmente o “entupimento” da retícula.

O entupimento da retícula é um dos principais resultados


quando não se escolhe corretamente o anilox em função do
tipo de serviço, tinta e máquina.

O Ponto de Equilíbrio

A indústria de flexografia rapidamente nos últimos


anos vem apresentando novos desafios aos fabricantes de
anilox. Quando em 1998 o "Computer-to-plate" tornou
possível a cópia digital de clichês, também permitiu que
cada vez mais lineaturas e tipos de pontos fossem
possíveis. Os pontos no clichê consequentemente ficaram
menores e o fabricante de anilox precisou correr atrás
para ser compatível com essa tecnologia.

Ao equipar uma impressora nova de 8 cores com


um novo inventário de anilox, sabemos que são
necessários mais que apenas um para cada grupo
95
Anilox – Manual do Usuário

impressor. A escolha precisa ser prudente e focada, senão


serão comprados anilox desnecessários, caros e que
ficarão guardados no estoque. Dinheiro parado no jargão
financeiro.

Hoje a faixa de lineaturas para anilox para cromias


que é necessário está na faixa de 340 a 450 LPC (linhas de
pontos por centímetro) para o segmento de embalagens
flexíveis e 400 a 500 para banda estreita (rótulos).
Embora muitos apostem que haverá necessidade de
lineaturas maiores é possível entender que a flexo já está
próxima do seu “breaking even point“, quer dizer, a
flexografia busca o mercado de atuação da rotogravura
que chega a usar 80 LPC na impressão em embalagens
flexíveis (em rótulos a flexografia já superou a offset há
muito tempo, seu principal concorrente). Isso quer dizer
que não serão necessárias lineaturas de impressão
maiores que 70 LPC no clichê. Isso porque com essa
lineatura o ponto no impresso já não é visto a olho nú.
Então a pergunta a ser feita é: “Qual configuração de
anilox (LPC/BCM) precisamos para alcançar a excelencia
no resultado do produto impresso com as novas
tecnologias de clichês como o flat top dot, por exemplo?”

Embora com toda a tecnologia de anilox,


impressoras gearless, tintas, dupla-face e gravação de
clichês permita chegar a 80 LPC no clichê, acredito que o
bom senso fará com que as empresas se decidam por 70
LPC no máximo. Isso porque o resultado visual em 80 ou
70 LPC serão muitíssimos próximos e tem-se que pensar
na produtividade já que quanto maior a lineatura do
clichê, maior também as chances de problemas durante a
produção, especialmente longas tiragens. Isso para banda
larga ou embalagens flexíveis. Para a banda estreita é
possível que algumas empresas tentem manter na casa de
96
Eudes Scarpeta

80 LPC. Então acho que estamos próximos do Ponto de


Equilíbrio na flexografia onde anilox, clichê, dupla-face,
tinta, impressora convergem todos para um grande
encontro especialmente entre anilox e clichê.

O Método do Cilindro de Banda

Cilindro de banda é um anilox fabricado


exclusivamente para obter os parâmetros de escolha entre
anilox / tinta / dupla face / máquina. Consiste em
gravações de faixas ou “bandas” com lineaturas e BCM
diferentes. Então esse anilox é colocado em máquina e,
junto com um clichê, escolhe-se o que terve melhor
desempenho e melhor definição, por exemplo.

No passado as empresas fabricantes de anilox


costumavam não cobrar esse anilox, mas hoje em dia tudo
é cobrado a não ser que tenha havido uma negociação
específica entre as partes. É sabido, no entanto que esses
testes acabam em pouco retorno, pois normalmente são
mal entendidos a sua função.

Exemplo de lay out de cilindro de banda para anilox para


rótulos com lineaturas entre 60 e 70 LPC no clichê.
97
Anilox – Manual do Usuário

Além do anilox é necessário também um clichê com faixas


e com lineaturas diferentes. A combinação das faixas de
BCM/lineaturas do anilox mais as do clichê dará uma
visão ampla sobre o que funciona e o que não funciona.

Critérios para a escolha das faixas ou bandas no


anilox

Em primeiro lugar você deve ter um alvo de


lineatura média da imagem gravada no clichê que queira
trabalhar. Por exemplo, digamos que o alvo da sua
empresa será 60 LPC de definição da imagem no clichê.
Neste nosso exemplo você está usando gravação com
cópia digital, então a proporção entre lineatura do clichê X
lineatura do anilox será de 60 X 8 = 480 LPC. Portanto 480
LPC será a lineatura ideal para seu objetivo. Então, no caso
do cilindro de banda, 480 LPC ficará no meio e você pode
gravar lineaturas mais altas e mais baixas, pois com isso
será mais prático e confirmar essa expectiva.

O melhor é que a largura das bandas não sejam


menores que 80mm senão não haverá áreas suficiente
para uma avaliação abalizada.

Critérios para escolha para as imagens e lineaturas no


clichê

É preciso entender que esse teste com cilindro de


banda pode ser feito com um única cor. Não é necessário
fazer com as quatro cores da cromia. Pode-se fazer na cor
preta ou mesmo na cor cyan.

98
Eudes Scarpeta

Conforme obsevado na figura acima, vários


elementos gráficos são importantes para a verificação da
condição ideal.

1. Imagem reticulada com áreas de altas luzes:


fundamental para ver as passagens entre os tons
claros e os pontos pequenos da imagem. Deve-se
observar o contraste na imagem. Toda passagem
deve ser suave.
2. Escala com porcentagens: verificar ganho de
pontos e entupimento da retícula.
3. Textos positivos e negativos: muito importante
elemento que ajudará a perceber quais os limites
de tamanhos de textos é possível realizar com
aquela banda de anilox.
4. Linas positivas e negativas: mesma função que o
tamanho do texto, ou seja notar se a linhas
engrossam ou não.
5. Faixa chapada: o objetivo é ver o “fechamento” da
tinta.
99
Anilox – Manual do Usuário

O clichê precisará ser divido em três ou quatro


faixas, porém na transversal. Veja abaixo como deve ficar
o clichê aberto:

Lay out de como as imagens serão gravadas no clichê.

Quando combinamos as bandas do anilox e as


faixas dos clichês acontecerá a interseção e o resultado
será facilmente observado e facilitado para escolha da
melhor combinação.

Embora a avaliação posssa ser visual, um resultado


mais preciso pode ser alcançado fazendo medições de
ganho de pontos e também verificando as densidades
alcançadas com cada banda de anilox.

A regra para escolher o anilox é o seguinte: aquele


que apresentar maior densidade e ao mesmo tempo não
entuir as imagens de retícula.

100
Eudes Scarpeta

A escoha das tintas, faca e dupla face

Em geral o cilindro de bandas será focado para


obter elementos para decisão de quais lineaturas e BCMs
serão melhor para o tipo de lineatura que se deseja gravar
os clichês e imprimir. Quando falamos em banda estreita
ou rótulos, não haverá muito espaço para bandas ou faixas
de lineaturas baixas. E nem é necessário, pois são mais
fáceis de escolher que as lineaturas altas.

Já para banda larga ou embalagens flexíveis em em


que a largura de impressão é acima de 800mm, é possível
fazer colococar mais faixas, mas não exagere, pois 8 faixas
já seriam suficiente.

101
Anilox – Manual do Usuário

Use uma tinta preta de cromia ou cyan. São mais


fáceis de visualizar. A tinta deverá ter viscosidade
controlada, no caso das a base de solvente ou água. Tinta
com viscosidade alta tenderão a acumular na retícula do
clichê. Também é muito importante a secagem da tinta.
Para medir a secagem deve-se usar um instrumento
chamado Glindômetro. O glindômetro espalha uma
película de tinta sobre uma placa de vidro. Então, dispara-
se o cronômetro e observa-se quando a tina secará. Pára-
se o cronômetro e o resultado é a secagem e viscosidade:

• Secagem muito lenta: poderá ter as retículas


entupidas, pois a tinta demora para secar e pode
acumular entre elas.
• Secagem muito rápida: a tinta seca antes de ser
completamente transferida e vai acumulando entre
os pontos de retícula do clichê.
• Viscosidade baixa: tinta muito diluída e dará
sensação de impressão fraca ou “lavada”. Será
difícil alcançar densidades suficientes.
• Viscosidade alta: tinta muito grossa tende a ficar
“pegajosa” e entupirá retículas mais finas no clichê.

Depois do teste de bandas você perceberá que


algumas imagens talvez tenham entupido, mas é normal,
porque algumas lineaturas e BCMs da faixa do anilox
depositarão muita tinta para aquela faixa de lineatura do
clichê. Isso não quer dizer que há um problema de
secagem da tinta. Veja mais detalhes no capítulo seguinte.

A escolha da faca, conforme vimos anteriormente é


muito importante. Escolha aquela que será de uso na
fábrica ou teste uma nova indicada pelo seu fornecedor de
lâminas.

102
Eudes Scarpeta

A enorme variedade de dupla-faces hoje em dia faz


com que muitos se percam e não saibam exatamente qual
usar. Em geral usam os de baixa densidade para retículas,
média ou média alta para combinados e de alta para
chapados e traços grossos. Essa é a teoria comum, mas
teste também o dupla-face de alta para todos os tipos de
trabalhos. Os dupla-faces evoluiram tecnicamente e você
ficará surpreso que pode imprimir com excelente
definição de pontos e ao mesmo tempo com áreas
chapadas, traços ou traços grossos com
“fechamento” no mesmo clichê. Experimente.

103
Anilox – Manual do Usuário

CAPÍTULO 7
A Padronização da Tinta X Anilox

O processo de flexografia continua a evoluir com as


novas tecnologias de fotopolímeros, softwares, filmes
finos de tinta e impressão automática avançada e
máquinas de conversão com shaftless e gearless. Esta
evolução fornece a oportunidade perfeita para a
normalização. Produtos mais apertadas de tolerância e de
consumo reduziram o tamanho da janela onde precisamos
criar limites de controle superior e inferior. Isto permitiu
flexografia ser muito mais competitiva com outros
formatos de impressão. Ele também criou a oportunidade
perfeita para iniciativas enxutas a serem implementadas
em todo o processo de conversão para transformar uma
fábrica inflexível e geralmente manual, em um fluxo de
trabalho de fabricação flexível, rápido e pleno.

Talvez a parte mais importante do fluxo de


trabalho no processo de gestão de cor é a capacidade de
atingir a cor repetitiva e previsívelmente sempre que o
mesmo trabalho retorna para impressão. Isso permitirá a
empresa ser mais eficiente e ganhar produtividade.

Em muitos casos, o custo da tinta é cerca de 4 a 6


por cento do custo operacional total. O substrato pode ser
tanto quanto 60 a 70 por cento do custo operacional total.
A maioria dos convertedores estão preocupados com o
aumento do custo de substratos e respectivos resíduos
como no caso dos auto adesivos. Mas na maioria dos
casos, é o custo de tinta quatro por cento causa o
104
Eudes Scarpeta

desperdício do nosso consumível mais dispendioso: o


substrato. Isto é devido às práticas de gestão de cor
pobres, incluindo produtos químicos da tinta, seleção
pobre anilox ou falta de conhecimento sobre como
identificar corretamente as causas dos problemas.

A principal ferramenta no processo de impressão


flexográfica é o anilox. Este instrumento/ferramenta irá
fornecer a espessura da película de tinta necessária e
desejada para impressão. Essa ferramenta, quando
devidamente selecionada nos permitirá acertar
especificações de densidades de tinta sólida e tolerâncias
ΔE (lê-se Delta E ou erro de tom). Temos as metas para
bater e nós conhecemo os números. Agora, é necessário
determinar o perfil do anilox ideal e, mais importante, o
volume, para ser capaz de acertar as metas de forma
consistente e repetidamente.

Densidade de tinta sólida e volume de tinta estão


diretamente relacionados. Se pudermos determinar o
volume adequado de tinta para bater um destino desejado
AE ou de densidade, então ele irá proporcionar a
oportunidade para padronizar o inventário de rolos
anilox.

Densidade de uma cor é a característica de ser forte


ou fraca.

Definir limites superior e inferior de controle para


identificar a nossa janela de operação é mais fácil do que
você pensa. Por exemplo, sabemos que, quando a
impressão em flexografia processo de amarelo que atirar
para uma densidade de tinta sólida de 1,0. Sabemos
também que + / - 0,05 é a tolerância aceitável de trabalho.
Assim, podemos ler 0,95-1,05 em amarelo e atingir a
105
Anilox – Manual do Usuário

densidade de tinta sólida aceitável. Agora precisamos


determinar o volume exato de rolos anilox que atinge o
lado alto da nossa janela. Por exemplo, um rolo de volume
de 2 BCM atinge 1,05 densidade. Isto é aceitável no lado
de alta e deixa espaço para o desgaste e entupimento
menor.

Sabemos por estudos anteriores que um BCM de


1,8 vai dar-nos uma leitura da densidade 0,95. Assim,
podemos prever que um novo de 2,0 BCM anilox vai
entregar uma densidade de 1,05 para o amarelo cromia, e
uma vez que usa um bcm 1,8 ele vai bater o limite inferior.
Agora a decisão é ou regravar o anilox à sua tolerância
original, ou mexer na tinta e criar um monte de variações
de processo de amarelo para atingir o padrão do cliente.
Se trabalharmos com os números, padronizar os limites
de nosso controle e trabalhar dentro delas, bem como
enviá-los para a impressão, conseguiremos menor tempo
de acerto de cor e melhor regularidade e manutenção da
cor durante a impressão.

Esse processo também pode ser repetido para


identificar volumes para cores de cromias, ou seja,
Amarelo, Magenta, Cyan e Preto. Dependendo de suas
especificações ΔE podemos determinar os limites de
controle de volume para manter dentro de suas
tolerâncias ΔE. Em alguns casos, tem sido identificado que
um desvio 0,5 em volume de anilox irá correlacionar a
uma ΔE de 1. Novamente, os números estão lá, só
precisamos identificar nossas necessidades e trabalhar
com eles. Agora só necessitamos implementar um
procedimento para otimizar nosso inventário anilox e
trabalhar para as tolerâncias que determinarmos.

106
Eudes Scarpeta

O Inventário de Anilox

Padronizando seu inventário anilox todo é a chave.


Com lineaturas e volumes padronizados você terá menos
dificuldades para preparar a tinta. Com um programa de
limpeza padronizada e regular o seu anilox será sempre
consistente e repetível. Isso tudo vai levar à redução do
desperdício, redução de tempo estabelecido e um
processo de gestão adequada.

A forma mais comum e eficiente é realizar um teste


de cilindro de banda, como vimos no capítulo anterior.
Isto irá permitir a julgamento de lineaturas pré-
determinado e os volumes de uma só vez. A outra maneira
é utilizar o nosso inventário existente. Ao realizar uma
auditoria rolo podemos determinar quais volumes que
temos atualmente e que estão trabalhando para os nossos
pontos fortes.

Por exemplo, se temos vários anilox com 220 LPC,


mas os volumes são todos diferentes, nossos operadores
terão pouca chance de acertar as cores. Se tivermos um
BCM 3,0 ou 3,5 e um de BCM 4,0 podemos executar o
nosso próprio teste para ver qual o volume com a nossa
tinta e atingir a cor desejada. Em seguida, ajuste o
processo para o volume padronizado. Agora não importa
qual anilox é escolhido porque todos têm o mesmo
volume. Isso nos permitirá reduzir nosso estoque de
anilox e geri-lo muito mais eficientemente.

Muitos conversores estão padronizando seus inventários,


selecionando, por exemplo, cinco valores de lineatura
juntamente com cinco valores de volume e definindo-as
como o novo padrão. Sempre que anilox novos são
comprados devem cair dentro deste perfil. Agora,
107
Anilox – Manual do Usuário

independentemente do que o operador, ou qual


impressora será usada, os resultados serão consistentes e
repetíveis.

A melhor maneira de manter a consistência dos


aniloxes é ter a certeza que estão devidamente limpos
após o uso. Isso irá garantir que cada vez que voltar a
pressionar com esse rolo ele vai puxar uma cor
consistente. Produtos de limpeza fora de linha anilox,
como produtos químicos de limpeza, media blaster ou
ultrassonico são ferramentas muito importantes. Nosso
estoque de anilox deve ser limpo em base regular para
assegurar que eles são devidamente limpos. Isso
eliminaria a preocupação que vai nos roubar volume e
criar as cores inconsistente na impressão. Cada um deve
percorrer um ciclo de limpeza profunda pelo menos uma
vez a cada duas semanas, enquanto eles estão
adequadamente limpos regularmente.

108
Eudes Scarpeta

Capítulo 8 - Dicas e Truques


para Aumentar a Vida Útil do
Anilox

O que o anilox tem de caro, ele tem de delicado. Ele


deixará você na mão na hora que você mais precisa dele,
não é verdade. É provável que você já tenha passado por
essa situação. Você testou um anilox, testou outro e
justamente aquele que acertou a cor era um que tinha um
risco ou um furo decorrente de uma batida. Assim, o
cuidado com esse item precioso que eu chamo de "menina
dos olhos da flexografia" é fundamental para não somente
a qualidade impressão, mas a produtividade.

Por causa de anilox riscado ou batido é possível


que você até mesmo descolou todos os clichês e colou a
colagem só para evitar aquele risco ou batida. Eu já vi de
tudo e confesso que, até acertar as coisas em empresas
que passei, tive que fazer isso também.

Porque os furos ou buracos aparecem no alinox

Como diz a máxima da CIPA (Comissão Interna de


Prevenção de Acidentes): "Os acidentes não acontecem.
Eles são provocados". Da mesma forma os furos são
provados pelas seguintes possíveis razões:

109
Anilox – Manual do Usuário

• Alguém bateu no cilindro com alguma coisa:


ferramenta, carrinho ou qualquer objeto
contundente ou não;

• Apareceu no anilox uma bolha que eclodiu e virou


um furo. Provavelmente um defeito de fabricação.

Lembre-se: não existem furos (ou riscos) sem causas.


Descubra as causas e ataque-as ferozmente procurando
eliminar os potenciais pontos de ocorrências.

Porém tenho boas notícias: com as dicas abaixo é


possível reduzir drasticamente os problemas de batidas
nos aniloxes (veja dicas sobre como evitar riscos no outro
artigo). São de minha experiência no dia a dia. Espero que
lhe ajude.

1) Proteja o anilox: só existem três situações em que é


permitido que o anilox fique sem a capa protetora:

• Durante a impressão: mesmo ao colocar na


impressora, use a capa protetora, apenas
removendo conforme a camisa anilox entre ou já
esteja no lugar.

• Durante a limpeza: obviamente para lavar o


anilox não se poderá usar a capa protetora, então
só retire a capa no último instante quando se
precisará passar os produtos químicos ou colocá-
los na lavadora.

110
Eudes Scarpeta

• Durante a inspeção: abra apenas a parte do anilox


que irá inspecionar com microscópio ou sistema de
micropipeta.

2) Use capas apropriadas: todos os aniloxes novos vem


com capas apropriadas para proteção. Mas se você precisa
comprar capas novas ou pretende fazer novas, copie ou se
inspire nas capas dos fabricantes. É importante que a
parte interna se de algum tipo de feltro macio, pois
mesmo que um grão de areia, por exemplo, fique preso
entre a capa e o anilox, este não riscará porque o feltro
absorverá a dureza do mesmo.

3) Evite girar a capa no anilox: fazer movimentos com a


capa no sentido longitudinal pode causar algum dano na
superfície. É comum puxar a capa pela lateral do anilox,
mas nesse caso nunca percebi algum problema real.

4) Laterais quebradas: é difícil achar um anilox cuja


lateral não esteja trincada ou quebrada. Por que isso
acontece? Primeiro que há uma clara fragilidade nessa
região, mas o principal motivo é que ao colocar na
máquina, no carrinho, na armazenagem, etc, alguém
sempre erra e bate a lateral. Então TOME CUIDADO ao
colocar o anilox. Mire e acerte o buraco. Pense no
seguinte: quando se bate também se fragiliza essa área e
muitas vezes o pedado não sai imediatamente. É provável
que ele saia durante a impressão! Pode imaginar o horror
que é um pedaço do próprio anilox entrar no encapsulado
(doctor blade)? Com certeza dá arrepios.

111
Anilox – Manual do Usuário

5) Jamais use espátula ou estile para limpar anilox:


muitas vezes a tinta endurece na lateral do anilox e
tendência é usar uma espátula ou outro objeto para
remover essa sujeira, mas não permita que isso seja feito.
Essa também é a causa de quebras nas laterais. Para
remover use solvente mesmo. Ponha um pano com
solvente de limpeza ou vá esfregando até sair e acima de
tudo não deixe que o anilox chegue nessa situação.

6) Tampe os buracos: para amenizar o sanar esse


problema, há um produto distribuído pela Harper
americana que se chama ChipFix® e que é uma espécie de
Durepox, porém muito dura e com cura depois de mistura
muito rápida. Serve para também esses buracos nas
laterais e principalmente pequenos furos de alguma
natureza. É claro que tampar o furo é paliativo, mas evita
que o furo fique espirrando tinta durante a impressão e dá
pra usar naqueles serviços em que o furo não vai pegar
em cima da área de impressão. E claro que poderá ser
usado nos chapados brancos, já que ficam disfarçados. No
caso dos furos que eclodiram, quer dizer, foi uma bolha
que causou, chame imediatamente o fabricante, pois esse
tipo de problema deve estar na garantia do produto.

112
Eudes Scarpeta

7) Proteja as laterais da máquina: outra forma de


proteger o cilindro é colocando revestimento próximo das
áreas onde o anilox será manuseado. Isso pode ser desde
um carrinho até na própria impressora. A solução que eu
melhor achei foi colar EVA. Assim, mesmo que o operador
erre e bata na lateral da máquina ao colocar uma camisa
anilox, por exemplo, ela estará a salvo.

113
Anilox – Manual do Usuário

Área da imressora sem proteção Área protegida com manta de


nas laterais próximas onde a EVA. A proteção garante que,
camisa anilox será colocada. Se o mesmo se houver um incidente, o
operador errar e bater a camisa anilox está protegido.
pode danificar seriamente o
anilox.

8) Jamais deixe a camisa anilox em pé no chão: há um


momento de muita fragilidade quando o operador precisa
tirar um cilindro da máquina e colocar o outro. Então ele
simplesmente coloca um em pé ao lado e retira o outro e
faz a mesma operação como o que ele está trocando
naquele momento. Se alguém ou alguma coisa derrubar
essa camisa, acho que você já pode imaginar as dezenas de
problemas que você terá: batidas, riscos e o próprio miolo
da camisa pode ter se deslocado e deixado a camisa
excêntrica. Há outra implicação séria com essa prática: a
parte que ficou no chão certamente levará impurezas
(poeira, areia, etc) para dentro da máquina e que, pela Lei

114
Eudes Scarpeta

de Murphy5, cairá no anilox e o riscará. Não ache que


estará economizando tempo no setup por ser cuidadoso.

9) Só retire a proteção da do anilox depois que estiver


na máquina: se sua máquina o anilox entra com talha e é
pesado, mantenha a proteção até ele estar na posição e só
então remova a proteção. Isso pode evitar que ele bata nas
partes das máquinas. No caso de impressora para rótulos,
o mesmo raciocínio é válido, quer dizer, coloque com capa
e só retire depois. Nesses casos, o operador costuma pegar
com a mão que pode estar inclusive suja com algum
produto tipo óleo ou graxa. É claro que isso não causa furo
ou riscos, mas vai dar manchas que precisarão ser limpas
depois.

5
Lei de Murphy é um adágio popular da cultura ocidental que afirma: "Se
alguma coisa pode dar errado, com certeza dará" ou "Se há mais de uma
maneira de se executar uma tarefa ou trabalho, e se uma dessas maneiras
resultar em catástrofe ou em consequências indesejáveis, certamente essa
será a maneira escolhida por alguém para executá-la". É oriunda do
resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito
pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy. Ele
deveria apresentar os resultados do teste; contudo, os sensores que
deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora, porque o técnico havia
instalado os sensores da forma errada. Frustrado, Murphy disse "Se este
cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará".

115
Anilox – Manual do Usuário

10) Ao retirar o anilox da impressora, proteja-o:


mesmo que não esteja tão limpinho quanto seria o ideal, o
melhor é colocar a capa de proteção do anilox antes de
retirá-lo. No caso da remoção das camisas anilox
lateralmente, puxe um pouco o anilox, encaixe a proteção
e depois vá puxando e cobrindo o anilox.

11) Seja o cara mais chato ao manusear anilox: não


importa o que digam, trate o anilox como um bebê, como
uma criança recém nascida: carregue com carinho e no
carrinho apropriado. Sempre o proteja. Jamais deixe cair.
Limpe cuidadosamente. Só não precisa dar mamadeira...
Você entendeu né? Proteja e defenda o anilox como uma
leoa defenderia seus filhotes.

116
Eudes Scarpeta

12) Como líder dê o exemplo: se você é líder do setor


(mesmo como operador você líder de sua equipe de
máquina) você deve ser INTOLERANTE com quaisquer
atos que possam colocar em risco a vida útil do anilox.
Chame a atenção e corrija o erro imediatamente. Fale de
modo respeitoso, mas que todos entendam que você está
falando sério. Crie regras rígidas para manuseio do anilox.
Não é o dinheiro do patrão que está indo pelo ralo quando
um anilox é danificado. É a sua competência que está
sendo posta à prova.

Dicas para diminuir riscos


Os riscos no anilox são provocados basicamente
pelo seguinte: impurezas na tinta, como poeira, limalha da
faca que incrustam entre a faca e o anilox, defeitos na faca
como qualidade ruim do aço e o próprio acabamento do
anilox. Nestas dicas falaremos somente sobre riscos e em
outra ocasição sobre furos, batidas, etc.

Mantenha a tinta limpa: há inúmeras situações em que a


tinta pode ser contamiada com pequenos corpos
estranhos como poeira, grão de areia, pedaços de metal ou
plásticos, tinta seca e até insetos. Acontece que muitas
vezes o balde ou mesmo o tambor fica aberto sujeito às
intempéries. Inclusive ao lado da própria impressora.
Então segue as dicas:

• Filtre sempre a tinta antes de colocar na impressora.


Use tela metálica de 50 micras como se fosse uma peneira.
É possível comprar em algum lugar especializado ou
mandar fazer.

117
Anilox – Manual do Usuário

• Sempre mantenha a tampa do reservatório, baldes e


tambores fechados.

• Não use o pé para fechar a tampa do reservatório, por


exemplo. Às vezes o operador está com as mãos ocupadas
e a tentação é grande de usar o pé. Acontece que a bota
está cheia de terra, pó e areia que certamente pode cair
dentro da tinta.

• Use filtro magnético: há vários modelos e empresas


especializadas poderão indicar o melhor conforme o tipo
de bomba e reservatório. As limalhas de aço que saem do
desgaste natural da faca vão para a tinta. Pior ainda, há
facas que, devido ao tipo de aço, soltam pedaços
consideráveis de partículas metálicas e que, se retornarem
no sistema até o anilox, o estrago está feito.

Microfotografia mostrando o pino magnético e o que fica


acumulado de limalha e pó que sai das lâminas e circulam nas
tintas.

• Evite subir nos grupos impressores: durante o processo


de impressão pode acontecer que o operador ou auxiliar

118
Eudes Scarpeta

tem que fazer alguma limpeza ou tirar borrões no grupo


impressor. Então ele sobe a escada e apoia o pé em alguma
parte. Muias vezes acima do anilox que está embaixo. É
evidente que cairão sujeiras diversas no conjunto doctor
blade e anilox.

• Controle o desgaste da faca: se não controlar o desgaste


natural da faca, esta poderá gastar totalmente a parte
rebaixada da (lamela) e desgastar o corpo da faca. Isso
mudará os parâmetros de pressão e encosto da faca,
necessitando de mais pressão e que poderá riscar o anilox.

• Facas de plásticos: embora pouco usadas, essas são mais


suaves na raspagem, mas podem facilitar o incrustamento
de alguma partícula estranha e riscar o cilindro.

• Riscos em aniloxes novos: pode acontecer que, ao


colocar um anilox novinho em máquina pela primeira vez,
aparecer riscos no anilox. Se isso acontecer é evidente que
pode ser a falta de alguns desses cuidados que descrevi
acima. Mas, pode ser também a própria característica de
acabmento do anilox. Portanto, sempre ao colocar novos
anilox procure orientação do forncedor e, se possível,
acompanhamento de algum técnico do fabricante, por que,
se foi tomadas todos os cuidados possíveis. Então os
aniloxes deverão ser devolvidos ao fabricante para refazê-
los dentro da garantia.

• No caso de banda estreita os mesmos cuidados com


baldes e reservatórios são os mesmos. Como no caso de
banda estreia a raspagem é com ângulo invertido, então o
maior problema é a qualidade da faca que deve estar de
acordo com o perfil de raspagem.

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Anilox – Manual do Usuário

Capítulo 9
Limpeza e Armazenamento

Ao chegar a esse ponto do livro, percebemos que


há inúmeras ações que devemos fazer para ter o anilox
apropriado e bem escolhido para o trabalho que
executaremos na impressão. Mas não acabou. A limpeza e
armazenamento dos mesmos é a parte final que
consideraremos.

Quando o anilox sai de máquina por alguma razão:


ou porque terminou o serviço ou porque entupiu, será
necessária uma breve inspeção antes de seguir. É
necessário que a empresa tenha montado uma sistemática
organizada para gerir o inventário de anilox para que ele
esteja em condições quando for usar novamente.

120
Eudes Scarpeta

A inspeção mostrará alguns problemas, mesmo


antes de lavar o anilox. Um microscópio então é útil e
necessário. Veja abaixo exemplos de problemas que são
detectados pelo microscópio:

Microfotografia Problema

Gravação disforme e sem


condições de uso. Esse
anilox era novo e sem uso.
O erro veio de fábrica.

Esse anilox deveria ser


com células alongadas,
mas praticamente não
existema paredes. Mais
uma vez o erro veio de
fábrica.

Anilox muito desgastado.

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Anilox – Manual do Usuário

Anilox com furo.

Anilox muito desgastado.

Anilox entupido de tinta.

Anilox com risco.

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Eudes Scarpeta

Todos esses problemas só puderam ser observados


quando se usou um Microscópio. Muitos acabam por usar
um anilox com erro de gravação ou não percebem que o
anilox ficou muito desgastado depois de muito tempo.

São vários os métodos de limpeza do anilox. É


interessante que a maioria das empresas opta pelos
recursos mais econômicos, naturalmente. No entanto, é
preciso conhecer também os métodos e entender que há
momentos de limpeza “leve” e limpeza “pesada”.

Limpeza Química Manual

Nesse método utiliza-se um produto químico junto


com uma escova de metálica com cerdas bem finas para
ajudar na limpeza. Então, aplica-se o produto na superfície
do anilox e deixa descançar por um tempo, dependendo
do fabricante. Depois se usa a escova e finalmente lava-se
com bastante água. Mas normalmente não se verifica a
eficácia antes de se colocar em impressora novamente.
Não se avalia com microscópio ou com medida de BCM
antes e depois.

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Anilox – Manual do Usuário

Lavagem Química com Máquina

A vantagem do equipamento de lavagem de anilox


é proporciona uma limpeza eficiente, pois trabalha com o
produto químico líquido aquecido e jateado na superfície
do anilox. A lavagem se dá por uma sequencia de banhos e
lavagem final.

Equipamento ECOCLEAN da empresa Flexocom para


limpeza de anilox

Limpeza com Ultrasom

O sistema ultrasom é baseado no efeito de


Cavitação causado pela alta frequência de ondas
ultrasonicas em líquido colocado no taque da máquina.
Bolhas microscópicas são formadas e elas implodem
causando a Cavitação que causa grande impacto na tinta
seca dentro dos alvéolos do anilox pulverizando-a. No
entanto, a estrutura do anilox fica intacta. Adicionalmente

124
Eudes Scarpeta

as bolhas são pequenas suficientes para penetrar em cada


cavidade limpando completamente o anilox.

Equipamento de limpeza ultrasonica para anilox de banda


estreita.

Limpeza por Media Blaster

Neste sistema um pó que normalmente são micro


esferas de polietileno é jateado em alta velocidade sobre a
superfície do anilox e quebra a tinta seca que está dentro
das células. No Brasil ainda é pouco usado, pois a maior
dificuldade é encontrar o pó.

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Anilox – Manual do Usuário

Limpeza com Laser

No mesmo equipamento que faz a gravação pode ser


ajustada a potência do Laser para limpar o anilox. O laser
irá atingir somente a tinta seca nas células, vaporizando-
as. É indicado para limpeza profunda e normalmente
custa mais caro que outros processos.

Conclusão

A limpeza garante que o operado não perca tempo no


setup do próximo serviço. É condição fundamental que os
aniloxes estejam limpos e totalmente identificados com
seu volume real.

ARMAZENAMENTO

Naturalmente já percebeu que não há outro jeito a


não ser tratar com muito carinho o anilox. Ele é delicado e
para se obter produtividade, os controles das condições e

126
Eudes Scarpeta

da superfície (se tem riscos, furos etc) é tudo que o


operador e seu processo necessita.

O armazenamento dos aniloxes pode ser feitos na


horizontal ou na vertical no caso das camisas. Mas lembre-
se: o armazenamento só é bom se todos os anilox
seguirem algumas regras que já foram mencionadas, mas
não custa repetir:

• Só guarde os aniloxes com capas apropriadas.


• Identifique de forma clara e legível o número do
anilox, BCM e lineaturas.
• Só guarde anilox LIMPOS.
• Não guarde em áreas muito quentes ou muito
úmidas, pois pode oxidá-los ou afetar a estrutura
no caso das camisas.
• Não coloque peso sobre eles.
• Guarde-os em lugar de fácil acesso.
• Faça o inventário completo e limite as pessoas que
terão acesso ao estoque. Designe alguém para
cuidar disso.
• Troque capas rasgadas, sujas com tinta seca na
área que entrará em contato com o anilox.
• Tenha um microscópio para inspecionar os
aniloxes sempre e ver se a limpeza foi eficaz.
• Jamais deixe-os no chão ou em contato com
paredes úmidas ou péssimas condições e que estão
soltando areia, por exemplo.

Essas são apenas algumas sugestões, mas tenho


certeza que entendeu a importância do manuseio
correto e garantirá que você e sua empresa terá
sucesso sempre ao usar o anilox!

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Anilox – Manual do Usuário

BIBLIOGRAFIA
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1993. F. Shapiro. American Ink

Enciclopédia Estudo Perspicaz volume 2 pp. 803-804


“Menina do olho” Publicado pela Torre de Vigia de Bíblias
e Tratados.

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