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IANA
MIjSŒTRIAr
'^Série Clássicos
JOSE JOAQUIM DA SILVA
INSTRUÇÃO PARA
O GOVERNO
DA CAPITAM A
Dl:! MINAS GERAIS
J o s é J o ã o Teixeira Coelho

DISCL RSO HISTÓRICO E POLÍTICO


SOBRE A SERLEVAÇÃO OLE
WS
MINAS 1IOIAE \ 0 ANO DE
1720

B R R V K DESCRIÇÃO G E O G R Á F I C A .
FÍSICA F. P O L Í T I C A D A C A P I T A N I A
DE MINAS GERAIS
Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos

MEMÓRIA SOBRE
A CAPITANIA
DAS MINAS GERAIS -
S E I TERRITÓRIO, C L I M V
E PKODEÇÒES M E T V L I G V S
José Vieira Coul<i

DE MINAS GERAIS GEOGRVFIV HISTÓRICA


DA CVPITWIA
DE MINAS GERMS
DKSCRH: \(» r;r;o(>K\ri<; v
rorocKM-K, \. HISTÓKU;\ i; r o u i i e \
u\ i: \i'tr\M \ i)K \ii:\\s I ; K K \ I S

MKMDkl \ ll!STÚKH;\
l)\ (. \\i \ |)K \1]\\S iIKK \ I S

J o s é Joaquim da Rocha

EXPLORANDO E MAJANDO
TRÊS MIL M I L H A S
INTRODUÇÃO ATRAVÉS DO BRASIL -
IX) RIO DE JANEIRO
OSWALDO BUENO AMORIM FILHO
AO MARANHÃO
J a m e s \V Wells

BRVS1L. N O V O V I E N D O
\V. L. von Eschuefic

SKIS SEMANAS
NAS MINAS D E O I R O D O BRASIL
V ist onde Ernest rle Omre\

TN v r v D o D E G K O G R V F I V
KwíemiANA F A P E M I G
FUNDAÇÃO joÂo PINHEIRO DESCKlTIVVESPECIVLIU
Série Clássicos flOVIÍBNO Dl! M I N A S GERAIS P R O V Í N C I A D E MINAS (íER VIS
José Joaquim da Sil\a
MIN£TR_IANA
Serie Clássicos

TRATADO DE
GEOGRAFIA DESCRITIVA
ESPECIAL DA PROVÍNCIA
DE MINAS GERAIS

JOSE JOAQUIM DA SILVA


JOSÉ JOAQUIM DA SILVA

TRATADO DE
GEOGRAFIA DESCRJTTVA
ESPECIAL DA PROVINCIA
DE MINAS GERAIS
INTRODUÇÃO
OSWALDO BUM NO AMORIM FIUIO

ATUALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA
MARIA LÚCIA BRANDÃO KRKIRE DE MELLO

Sislcma Estadual de Planejamento

F u n d a ç ã o J o ã o Pinheiro

C e n t r o d e E s t u d o s H i s t ó r i c o s c Culturais

B e l o Horizonte

1997
Governador

EDUARDO AZEREDO

Secretario de Estado do Planejamento e Coordenação Geral

WALFRJDO MARES GUIA

Presidente da Fundação J o ã o Pinheiro

ROBERTO BORGES MARTINS

Diretora do Centro de Estudos Históricos e Culturais

ELEONORA SANTA ROSA

ISBN 8 5 - Í 1 5 9 3 0 - 1 3 - 6

Silva, J o s é Joaquim da
Süb*6t Tratado de geografia descritiva especial da província
de Minas Gerais/ J o s é Joaquim da Silva: introdução
Oswaldo Bueno Amorim Filho; atualização ortográfi-
c a Maria Lúcia Brandão Freire de Mello. - Belo
Horizonte: Centro de Estudos Históricos e Culturais
Fundação J o ã o Pinheiro, 1 9 9 7 .
196p.

1 .Geografia - Minas Gerais I. Amorim Filho,


Oswaldo Bueno II. Mello, Maria Lúcia Brandão de
III. Título

CDD : 9 1 0
CDU: 9 1 0 ( 8 1 5 . 1 )
A P O I O CULTURAL:

Fundação do Amparo à Pesquisa do Kslndo d<ï Minas Cerais - FAPEMIG


MIN£TRIANA
Serie Clássicos

CONSELHO EDITORIAL

Affonso Ávila, Affonso Romano de SunfAna, Amílcar Vianna Martins Filho. Angela

Gutierrez, Amónio Octávio Cinira, Aluísio Pimenta, Angelo Oswaldo de Araujo

Santos. Bernardo Mata Machado, Celina Albano, Clélio Campolina Diniz, Cyro

Siqueira. Douglas Cole libby, Fábio Lucas, Fábio Wanderley Reis, Fernando Correia

Dias, Francisco Iglesias. Gerson de Britto Mello Boson, Guy de Almeida.

Hindemburgo Chaleaubriand Pereira Diniz. Isaías Golgher. J a r b a s Medeiros, J o ã o

Amónio de Paula. .José Aparecido de Oliveira, J o s é Benlo Teixeira de Salles. J o s é

KrnesU» Ballstaedt, J o s é Israel Vargas. J o s é Murilo de Carvalho, Júlio Barbosa.

Lucília de Almeida Neves Delgado. Luis Aureliano Gama de Andrade. Maria

Antonieta Antunes Cunha. Marin Efigênia l>age de Resende, Miguel Augusto

Goncalves de Souza. Norma de Góes Monteiro. Orlando M. Carvalho. Otávio

Soares Dulci. Paulo Roberto Haddad. Paulo Tarso Flexa de Lima, Paulo de Tarso

Almeida Paiva. Pio Soares Canedo, Roberto Borges Martins, Roberto Brant. Rui

Mourão, Vera Alice Cardoso, Vivaidi Moreira. Walter Moreira Salles.


Coordenação editorial

ELEONORA SA.YLJ ROSA


i
i

liiclic ação de texto


i
ROBERTO MARTINS

Projeto gráfico o arte

S É R G I O L U Z DE S O U Z A L I M A

Produção executiva
I
R O S E L I D E AGUIAR

Revisão de texto

AFFONSO CELSO GOMES

MARIA DE LOIRDES COSIA DE QUEIROZ


APRKSKNTAÇÃO

oni a reedição do Tratado de Geografia Descritiva Especial da

Província de Minas Gerais, de Jose Joaquim da Silva, a


Coleção Mineiriana da Fundação João Pinheiro resgata o
i

coloca à disposição dos estudiosos e pesquisadores mais


uma fonte importante de informações sobre Minas Gerais no
século XIX, período, até bem recentemente, negligenciado de nossa história
regional. [
O Tratado é o segundo compêndio de geografia dc Minas Gerais publicado
no Brasil, em português, só sendo antecedido pelas iXoçoes Geográficas c
Administrativas da Província de Minas Gerais, de Henrique Gerber, que veio à luz
em 18í>;$.'
Mesmo considerando os trabalhos que circularam manuscritos e os que
foram publicados em outros países, o Tratado ainda retém um razoável pionei-
rismo no campo da geografia de Minas. Ante,s deic. de caráter nitidamente
"geográfico", só houve mesmo duas memórias no período colonial: a de José
I -
Joaquim da Rocha (1780) e a de Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos (1807).
I

que permaneceram inéditas por muito tempo; as excelentes Notícias e Reflexões


Estadísticas, de Eschwege. publicadas em Portugal em 1825;' a portentosa 1

Corografia Histórica, de Cunha Matos, concluída em 1837, mas só publicada em


1989;" o Die BrasUianische Provim Minas Geracs, publicado em Gotha, em 1862,
1

1 GERBER. Henrique. Noções geográficas e administrativas dc Minas Cerais. Rio dc Janeiro:


Typoí;]"iphia de Georges Leuzinger. IÍÍÍKÍ. (Reedição em preparação pela Fundação João
Pinheiro.) I
2 ROCHA. José Joaquim da. Geografia histórica da capitania dc Minas Cerais. | 1 7 8 0 | . Belo
Horizonte: Fundação João Pinheiro. 1D9E>: VASCONCELOS. Diogo Pereira Ribeiro de. Breve
descrição geográfica, física v. politica da capitania de Minas Cerais 118071 Belo Horizonte:
Fundação João Pinheiro. lí)!M. |
;j C.l.ILHKRVU:, Barão de Eschwtvíf. \ot irias r ivficxõcs estadísticas ,? respeito da província de
Minas Cerais Memórias da Academia Real das Soièncías de Lisboa, tomo t\. (Lisboa, 1825).
p 1 - 2 7 (Ketrdição em preparação pela Fundação João Pinheiro.)
•1 CUNHA MATOS, Raimundo José tia. Corografia histórica da pro\incta dc Minas Cerais (1837).
Belo Horizonte: Publicações do Arquivo Público Mineiro, 1 Ü Í 1 Ü - 1 9 9 1 . 2 v.
pelo suíço J . J . vou Tschudi, pura acompanhar a carta geográfica de Halfeld e
3

Wagner; e o mencionado trabalho de Gerber.


A organização e o conteúdo do Tratado foram analisados no excelente
ensaio introdutório do Professor Oswaldo Bueno Amorim Filho, mas não posso
deixar de acrescentar um comentário sobre o que considero o ponto mais
notável do livro e outro sobre a sua maior deficiência. O primeiro é, sem dúvida,
o conjunto de informações sobre os 83 municípios então existentes, que cons-
titui, na minha opinião, o melhor repertório dc sinopses corográficas municipais
produzido durante o período provincial, nitidamente superior, nesse particular,
ao de Gerber, ao de Tschudi e mesmo a alguns posteriores.
Quase nada sabemos do autor. Ele se declara mineiro ("filho da mesma
província") e, tudo indica, residia em Juiz de Fora, pois naquela cidade foram
assinados o prefácio, datado de 1877, e um post scriptum, datado de 1879. Ali
também foi impresso o livro, na Typographia a vapor do Pharol, "periódico
hebdomadário... escrito com decência e bom gosto". Na verdade, c razoável
6

supor que José Joaquim fosse filho da Manchester mineira ou, pelo menos, que
a amasse profundamente, pois a apresenta como "talvez a melhor e mais
importante povoação da Província de Minas Gerais" c lhe dedica um verbete de
sete páginas, o dobro do espaço concedido a São João del-Kei ou a Barbacena,
o triplo daquele utilizado para Ouro Preto, Diamantina ou Campanha.
Vamos encontrá-lo de novo nas páginas do Liberal Mineiro, de Ouro Preto,
que nas suas edições de 31 de outubro e de 13 de novembro de 1882 anunciava
um Almanaque Civil, Administrativo e Industrial da Província de Minas Cerais,

por José Joaquim da Silva, autor de um tratado de geografia descritiva da Pro-


víncia". Sem mais pesquisa, isso é tudo que podemos informar sobre o
7

tratadista.
O texto foi terminado em 1877, o prefácio 6 datado de 15 de outubro
desse ano, a folha de rosto traz a data de 1878, mas a publicação só ficou
pronta em 1879. O autor acrescenta um apêndice, em que lista os novos

5 Die Brasilianische Provinz Minas Geraes. Erganzungshefl n. 9 zu Petermann's Geographischen


Millheilungen. Golia: Justus Perl tus. 1H62. (Texto explicativo de Johann Jakob von Tschudi.
acompanhando a carta geográfica dc H.G.K Halfeld e Friedrich Wagner, de 1835 )
6 SILVA. José Joaquim da. Tratado, p. t>9.
7 DRUVTMOND, M. Francelina Ibrahim. O livro do u-mpo. Introdução à edição fac-similar do
Almanack Administrativo. Mercantil, Industrial, ScicnUfico a Litlvrario do Município de Ouro
Preto, de Manoel Ozzori, ano I. 1890. Belo Horizonte: Mazza Edições. 1990.
municípios criados pela Assembléia Provincial "em sua última sessão legislativa
do ano de 1878, que há pouco findou" (refere-se ao "corrente ano de 187Ü"), e
inclui uma nota "a todos os Srs. Assinantes", datada de fevereiro de 1879,
desculpaudo-se pela "grande demora que tem havido na impressão da obra".
Aparentemente, o livro foi publicado, simultaneamente, cm Juiz de Fora e
no Rio íle Janeiro, por dois editores diferentes. O exemplar da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro estampa na folha de rosto "G.C. Dupin. Typ. do
Pharol. Juiz de Fora, 1878". O exemplar existente na Joint University Libraries,
8

cm Nashvillc. Tenncsscc, que utilizei nos anos 70. registra "Rio de Janeiro:
Typogrnphia Universal de K. e 11. Laemmert, Rua dos Inválidos 71, 187ü." Üs !)

dois exemplares são idênticos. Não há dúvida de que saíram da mesma prensa,
na mesma época. Km ambos está indicado claramente, na última página, que o
livro foi impresso na "Typ. a vapor do Pharol", em Juiz de Fora. Não tenho
notícia dc nenhuma outra edição ou impressão da obra.

A mais grave deficiência do trabalho de José Joaquim da Silva diz respeito


à estatística demográfica. Km todo o livro não se encontra uma única tabela ou
mapa da população da província, e as únicas cifras populacionais apresentadas
são dados por município, incluídos dentro dos verbetes municipais. Isso não
seria nenhum problema se tais dados fossem de boa qualidade, mas não é esse
o caso.
Üs números da população total dos municípios são hesitantes e confusos.
\em sempre é claro se se referem ao conjunto do termo ou apenas à sede
municipal. As vezes, são apresentados números redondos, precedidos por
expressões vagas, como "a população não anda longe de...", ou "a população
orça por...", o em outros casos são oferecidos números rigorosamente "exatos",
sem explicitação da fonte.
K fácil estabelecer que a origem desses dados "exatos" é, na maioria dos
casos, o Recenseamento do Império, ou Censo de 1872, que em Minas Gerais foi
realizado ao longo do segundo semestre de 1873.
Os resultados do censo já estavam publicados quando José Joaquim
escrevia em 1877, mas aparentemente ele não viu a publicação oficial, pois
nunca a menciona como fonte, tendo provavelmente obtido os números através

ít Biblioteca Nacional do Rio dc Janeiro. Seção dc Obras Raras. SLR 96, 3, 40.
9 Nashville. Teiinessee: Joim Lniversiiy Libraries, 918.11. 55üt.
de divulgações parciais, muitas vezes preliminares e inexatas, que apareciam
nos jornais e outras publicações da época.
Para a população servil, o autor recorre à matrícula dos escravos,
determinada pela Lei do Ventre Livre (28/9/1871) c realizada em 1873. Usa
sempre a fórmula "o número dc escravos matriculados na coletoria do município
é.,.", o sua fonte é o Relatório apresentado à Assembléia Provincial em 1876 pelo
presidente Barão da Vila da Barra. " 1

Aqui há. pelo menos, dois problemas. Primeiro, a matrícula de 1873 em


Minas Gerais apresenta grandes deficiências, especialmente no tocante ao
recolhimento, à compilação e à publicação dos resultados. O primeiro relatório,
divulgado em 1875. incluiu apenas 51 dos mais de 70 municípios existentes, não
classificou os escravos por idade e por ocupação, como nas outras províncias, e
padece de flagrante sub-registro em vários dos municípios incluídos. A cober-
tura foi ampliada em relatórios posteriores, mas nunca foi publicado um quadro
completo e convincente dessa matricula para Minas Gerais.
Além disso, a fonte utilizada no Tratado, o Relatório presidencial de 1876,
tem seus próprios problemas c mistura dados da matrícula com números do
Recenseamento do Império, alguns deles sabidamente incompletos, como no
caso de Diamantina, onde apenas metade das freguesias foi recenseada.
Por essas razões, os dados de população do Tratado, especialmente
aqueles da população servil, devem ser, se não inteiramente desconsiderados,
pelo menos vistos com um olhar extremamente crítico.

ROBERTO BORGES MARTINS


I*RKSIDKVrK DA FUNDAÇÃO J O Ã O PlNHKIRO

10 Relatório apresentado ò Assembléia Legislativa Provincial de Minas Cerais na sessão ordinária


de 1876 pelo presidente da mes/íia província. Barão da Vila da liarra. Ouro Preto: Tip De J .
K De Paula Castro. 1876.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
MINAS GERAIS ÀS VÉSPERAS DA CRIAÇÃO DE
BELO HORIZONTE E NO LIMIAR DE UM NOVO TEMPO
OswalcJo Bueno Amorim Filho 15

NOTA EXPLICATIVA
Maria Lúcia Brandão de Mello 25

TRATADO DE GEOGRAFIA DESCRITIVA ESPECIAL


DA PROVÍNCIA DE MINAS GERAIS
J o s é Joaquim da Silva 29

ÍNDICES 179
INTRODUÇÃO
MINAS G KR AIS ÀS VÉSPERAS DA CRIAÇÃO DE BELO HORIZONTE
E NO LIMIAR DE UM NOVO TEMPO

Oswaldo Bueno Amorim Filho

entro de seu projeto de resgatar textos da história e da


geografia de Minas que contribuam significativamente para
uma compreensão mais abrangente da formação de nosso
Estado, a Fundação João Pinheiro, através de seu Centro de
idos Históricos e Culturais, resolveu reeditar a obra de José
Joaquim da Silva.

Trata-se de um trabalho que, por sua natureza, seu alcance c seus


objetivos, vem preencher uma grande lacuna no que diz respeito aos estudos
voltados para as necessárias sínteses geográficas de Minas Gerais em períodos
históricos anteriores ao século XX. Mesmo nos tempos atuais, não se encontram
facilmente estudos que cubram toda a geografia do Estado.
Nas últimas décadas, um grande esforço vem se realizando no sentido de
se reeditar obras histórico-geográfícas sobre Minas Gerais, muitas escritas
durante o século XIX. Desse esforço faz paite, por exemplo, a Coleção Mineiriana
da Fundação João Pinheiro. Porém, mesmo nesses grandes projetos, nota-se a
predominância dos famosos relatos de viagens, cuja contribuição para o
conhecimento de Minas é inestimável, mas que, por sua própria natureza, têm
um alcance parcial. K que tais relatos possuem unia dimensão linear e pontual,
determinada pelos roteiros das viagens.

No domínio dos estudos geográficos para todo o Estado, ocupa um lugar


especial uma obra mais antiga que a de José Joaquim da Silva. Trata-se da
Corografia Histórica da Província de Minas Cerais (1Ü37), de Raimundo José da
Cunha Matos, reeditada em 197!).' Porém, neste caso, se, a abordagem cobre a
totalidade de Minas Gerais e de suas regiões, a descrição não desce ao detalhe
de cada município.

1 MATOS. Raimundo José da Cunha Corografia histórica da província dc Minas Gerais


Belo Horizonte: Publicações do Arquivo Público Mineiro, v. 1, I 9 7 ' J ; v. II, 1 S J H 1 .
Na própria Coleção Mineiriana da Fundação João Pinheiro, as obras de
caráter geoistórico voltadas para o conjunto do território mineiro, embora já
relativamente numerosas, têm escopos diferentes e se referem a épocas ante-
riores, tratando, por exemplo, não da Província, mas, sim, da Capitania de Minas
Cerais. Nessa linha, podem ser citados os estudos de Coelho. Vasconcelos,
Couto e Rocha. 2

Um outro ponto que merece ser enfatizado é o do contexto histórico cm


que a obra foi concebida, escrita e publicada. As décadas de 1870 e 1880 teste-
munham e preparam grandes transformações no Brasil e em Minas. A época é
a da parte final do Império e, também, da abolição da escravatura. No nível do
l^iís, o tempo é, igualmente, o do limiar para uma nova era cm vários domínios,
já (pie a proclamação da República não está distante. No nível da Província,
guardadas as proporções, um novo tempo se prepara e se avizinha. Todo o
território mineiro será afetado com a próxima mudança da capital, que se
desenha no horizonte, o mesmo podendo ser dito em relação às transformações
significativas de nossas redes de transportes ferroviário e rodoviário, estrutura
econômica e, em especial, dos sistemas urbano e educacional. Enfim, é a própria
16 vida de toda a Província que vai experimentar uma forte mudança de ritmo. José

Joaquim da Silva apresenta, portanto, um panorama geográfico bastante


detalhado de Minas, exatamente daquele período histórico que antecede e
prepara as grandes mudanças que virão. Está aí uma das riquezas de sua obra.
C) primeiro aspecto a chamar a atenção, principalmente do leitor deste
final de século XX, é a extensão do título do trabalho: Tratado de Geografia Des-
critiva Especial da Província de Minas Gerais, em que se descrevem com particu-
lar atenção todos os ramos de sua lavoura, indústria e comércio; trata-se de

2 COK1J10, José João Teixeira, instrução para o governo da capitania de Minas Cerais. Belo
Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Kstudos Históricos e Culturais, 1994.
(Coleção Mineiriana. Série Clássicos.)
VASCONCELOS, Diogo lareira Ribeiro de. Breve descrição geográfica, física e política da
capitania de Minas Cerais. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Contro de Estudos
Históricos e Culturais. 199-1. (Coleção Mineiriana. Série Clássicos.)
COUTO. José Vieira. Memória sobre a capitania das Minas Gerais, seu território, clima e
produções metálicas. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Kstudos Históricos
e Culturais. 1994. (Coleção Mineiriana. Série Clássicos.)
ROCHA. José Joaquim da. Geografia histórica da capitania de Minas Cerais descrição geo-
gráfica, topográfica, histórica e política da Capitania de Minas Cerais - Memória histórica da
capitania de Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de listudos
Históricos e Culturais. 1995. (Coleção Mineiriana. Série Clássicos)
todas as suas serras, rios e tudo o que nela há de melhor e mais notável nos três
reinos, mineral, vegeta! c animal; a divisão da província em comarcas c municí-
pios; e uma descrição minuciosa de todas as suas cidades, vilas e freguesias.

I'm título com tal extensão não constitui, porém, nenhuma grande exce-
ção, se se considerar a tradição geográfica e científica em geral da maior parte
do século XIX e dos séculos anteriores. Tudo aquilo a que se propõem os autores
daqueles tempos deveria explicitar-se de maneira evidente no título do trabalho.
Se hoje em dia tal prática não é mais usual, naquela época não somente era útil.
como necessária. Em primeiro lugar, os campos de cada disciplina científica
eram bem menos claros e definidos do que na atualidade. As caracterizações
dos títulos tinham por função preencher esta lacuna. Por outro lado, era usual
que os próprios autores procurassem valorizar suas obras já a partir dos títulos.

Assim, apesar da aparente modéstia do trabalho, a análise do seu título


revela, de maneira cristalina, que os objetivos de José Joaquim da Silva eram
bastante abrangentes, diversificados e correlacionados. Além disso, revela algo
primordial: o quanto o autor, apesar dc trabalhar nos horizontes da província, se
encontrava atualizado em termos do estado da arte mundial da (ícografia
daquele século.
O que o autor tem em mente é um tratado (embora "breve") de geografia
descritiva especial de uma província (portanto, uma região), que é Minas Gerais.
A idéia de tratado se liga, no caso da Geografia (e certamente de outros
campos do conhecimento da época), a uma tradição enciclopédica, à qual nos
referiremos mais adiante.
Por seu turno, a expressão geografia descritiva especial merece uma
reflexão particular, em função de seu significado.
A subdivisão Geografia Sistemática (posteriormente Geral) e Geografia
Corográfica (posteriormente Especial ou Regional) existe desde os gregos clássi-
cos. A esse respeito, as palavras de Claval são bastante esclarecedoras:

"Os gregos distinguiam a Topografia, que definia as condições locais


do relevo, a Corografia, que elaborava o retrato das regiões sem
situá-las no contexto do globo terrestre, e a Geografia. Esta última
se caracterizava por sua preocupação com uma abordagem global:
os que a praticavam buscavam mostrar a diversidade da Terra."' 1

3 CLWAL. huil. Histoire de in géographie. Paris; Presses Universitaires de France. 1095. p. 1 3 - 1 4 .


A Corografia alcança seu apogeu, entre os gregos e romanos, com Estra-
bão."
Essa divisão reaparece com mais força e melhor embasamento
epistemológico com Bemhard Varenius, já na Renascença. Em sua obra máxima,
assim se expressa o geógrafo alemão:

"Nós dividimos a Geografia em Gerai e Especial, ou Universal e


Particular... Nós chamamos Geografía Geral, ou Universal, aquela
que considera toda a Terra e explica suas propriedades sem levar
em conta países e regiões particulares. Mas a Geografia Especial,
ou Particular, descreve a constituição e a situação de cada região
individual por si mesma." 5

A mesma divisão é retomada e aprofundada pelos geógrafos alemães do


século XIX e, de maneira mais clara, por Alfred Hettner, o qual diz em uma obra
de 1895 que a Geografia se divide em Allgemcine Gcographic (Geografía Geral).
que seria um estudo geral e comparativo, e Spezieüe Gcographic (Geografía Espe-
cial), que estuda cada região em si mesma. E interessante notar que para esse
mestre alemão a Geografía Especial é a paite mais importante da Geografia. 5

A grande divisão da Geografia em Gerai e Especial permanece, no século


atual, com o adjetivo especial sendo substituído por regional. Além disso, os
geógrafos do século XX são mais conscientes da necessidade de que esses dois
ramos da Geografia estejam cada vez mais interligados, alimentando-se
mutuamente e complementando-se. A esse respeito, três dos mais prestigiosos
geógrafos da escola francesa contemporânea assim se manifestam:

"Distinguem-se dois aspectos complementares da Geografia: a


Geografía geral e a Geografia regional. A primeira classifica os tipos
e busca as regras às quais obedecem os processos: ela estuda, por
exemplo, o habitat rural, o modelado glaciar...

•1 KSTRABÓN. Geografía. Libros I a IV Madrid: Credos. 1991. (Traduzido do grego.)


5 VAKKMLS, Berntiaitl. A cúmpletesystem of generalgeography. Originally wrillen m Lilin, since
improved and illuslrated by sir Isaac Newton and Dr. Jurin. London: Ifawes, Clarke and
Collins. MDCCLXV. p 3.
(> HKTTNKR. Alfred. Ceographische Forschung und Bíldung. Gcographische /.cítschrilt. Berlín:
[s.n |. 1985. p. 7-14.
A segunda, que é mais uma arte do que uma ciência, pesquisa aqui-
lo em que cada paisagem, cada combinação regional, é original...
Ela se volta, com efeito, para as individualidades e não para os
tipos..." 7

Um outro aspecto do título da obra que pode conduzir a uma interpretação


inadequada c até desfavorável a seu autor refere-se ao uso repetitivo de expres-
sões como todos, tudo e todas. Não se trata de uma pretensão ou presunção des-
cabida, como o leitor poderia, à primeira vista, pensar. E que a Geografia euro-
péia e mundial do século XIX. e mesmo posterior, foi fortemente influenciada
pelas idéias e princípios da Enciclopédia elaborada pelos franceses no século
XVIII. 0 otimismo da busca de um conhecimento diversificado e sobretudo tota-
11

lizante, objeto privilegiado dos enciclopedistas do Iluminismo, acaba por conta-


giar cada um dos ramos científicos durante o século XIX. A Geografia, pela pró-
pria amplitude de seu escopo original, seria uma das atividades intelectuais
mais afetadas pelo enciclopedismo. Reflexos disso são as Geografias Universais
e os impressionantes textos de milhares de páginas de geógrafos alemães como
RITTER e IIUMBOLDT. Aliás, é tanto na Enciclopédia quanto neste último autor
alemão que, direta ou indiretamente, José Joaquim da Silva inspira-se para
incluir no título e nos objetivos de sua obra o estudo, para Minas Gerais, dos três
reinos da natureza: mineral, vegetal e aninial. !l

A influência enciclopedista se faz também sentir cm seu último e maior


objetivo expresso no título, ou seja, a descrição dc todas as comarcas, municí-
pios, cidades, vilas, freguesias c arraiais dc Minas.

O livro de José Joaquim da Silva tem cerca de páginas. Trata-se de uma


abordagem baseada numa descrição dc tipo literário, sem qualquer forma de
ilustração gráfica ou cartográfica.
A linguagem utilizada é segura, correta c objetiva, bem característica
daquela em uso em boa parte de descrição geográfica daquele tempo. Embora

7 CRIBIEK F. DKAIN M. et Ul.KANT-OASTÉS F Iniliaiion aux exercices (le géographie régionale.


huis: Sedas, 197(5. p 17.

fi PIN'AUT. Madeleine encyclopédie. Paris: Presses t'niversilaires de France. 1 9 9 3 .


9 lindem, p. fiíi. O tomo VI da Enciclopédia refere-se ao campo da História Nalur.il como o estudo
dos três reinos da natureza, isto é. o mineral, o vegetal e o animal. Lsla abordagem seria
adotada por muitos geógrafos do século XIX. em especial por HUMBOLDT Alexander von:
Cosmos - Kssai d'une description physique du monde - Première partie |s I.): Gide, 1 Î M 7 . p.
seja bastante provável que o autor tenha sido influenciado por geógrafos
europeus quanto à concepção de sua obra, não se encontram aí nem o estilo
carregado de erudição e complexidade, próprio dos geógrafos alemães, nem o
estilo literário e detalhista de muitos geógrafos franceses.
Não se trata, por outro lado, de um estilo descritivo de tipo acadêmico; é
muito mais algo como um precursor do estilo de agências de levantamentos geo-
gráficos, com finalidade administrativa, que talvez tenha existido desde que o
Estado existe e que talvez continue a existir no futuro... A análise do plano de qual-
quer obra - denominado, no caso presente, índice das Matérias Contidas - é
sempre dc fundamental importância porque refleti;, além da organização ou estru-
tura geral do trabalho, as concepções teóricas, metodológicas e temáticas que o
autor possui de seu campo de conhecimento e do objeto específico de seu estudo.
O plano da obra de José Joaquim da Silva já apresenta, para os contextos
da época, do Brasil e, sobretudo, dc Minas Gerais, uma certa complexidade: são
oito capítulos, que podem se agrupar em quatro partes, que, por sua vez, se
escalonam do mais geral e abrangente para o mais específico.
A primeira parte, formada pelo capítulo I. faz uma caracterização histórico-
goográfica e administrativa de toda a Província de Minas Gerais. Os temas
tratados nesta primeira e breve paite geral incluem um histórico desde a
descoberta das tetras da província, no século XVI passando pelas primeiras
etapas da ocupação, por seu desmembramento da província paulista e pela
ampliação dos limites mineiros, com a incorporação de territórios das províncias
da Bahia e de Goiás, até alcançar a extensão de 574.855 quilômetros quadrados.
Neste primeiro capítulo, íiá ainda considerações sobre as riquezas mine-
rais, a posição geográfica, a vegetação, o cuma e as condições de salubridade da
protíncia mineira. Em seguida, são apresentados alguns dados demográficos
gerais, a divisão eclesiástica, uma síntese dos acidentes geográficos que mar-
cam os limites interprovinciais de Minas Gerais e, por fim. o número de unidades
que compõem as divisões jurídico-administralivas da província em comarcas
(17), municípios (83), freguesias (426), distritos (574) e curatos (1).
O capítulo II trata do que o autor denomina "Sistema urológico da Provín-
cia" e que corresponde aos principais sistemas de serras de Minas Gerais.
Nesses sistemas, o autor destaca dois conjuntos montanhosos: o da Serra da
Mantinqueira e o da "Cordilheira Central". Nesta parte do texto, aparece, em
relação a esses sistemas principais de serras, uma certa confusão em termos de
denominações, pelo menos em relação àquelas mais usadas hoje em dia, isto é,
neste final do século XX. Por exemplo, a Serra da Mantiqueira é chamada
também, pelo autor, de Serra do Espinhaço, enquanto a denominada Cordilheira
Centrai é localizada em um espaço que se estenderia das margens do Rio São
francisco até a Serra da Cantareira, perto da capital paulista.
Depois de descrever certas características desses dois conjuntos
montanhosos, inclusive identificando-os como nascentes de grandes rios, como
o São Francisco, o Jequitinhonha e os formadores do Paraná, o autor enumera
algumas dezenas de serras que se espalham pelo território de Minas Gerais.
O capítulo II termina com uma descrição bastante detalhada dos acidentes
geográficos que balizam os limites de Minas Gerais com as províncias vizinhas
do Rio de Janeiro, Espírito Santo. Bahia, Pernambuco, Goiás e São I'aulo.
O capítulo Hl se volta para o sistema fluvial da província. Trinta bacias
hidrográficas são primeiramente hierarquizadas: desde os cinco rios mais
importantes (São francisco, Grande, das Velhas. Sapuraf e Verde Grande) até os
cinco de menor hierarquia (Suaçuí Grande, Suaçuí Pequeno, Araçuai, Bananal
Grande e Piracicaba). No final do capítulo, na mesma seqüência da hierarquia
estabelecida anteriormente, o autor descreve, com profundidad»; e extensão
decrescentes, os trinta rios selecionados.
No capítulo IV, em sintonia com a já citada tradição de geógrafos e
naturalistas europeus do século XVIII e início do XIX, descrevern-se aspectos da
Província de Minas, divididos pelos três reinos da natureza: mineral, vegetal e
animal. Embora o estilo descritivo seja fundamentalmente enumerativo, o
objetivo e o resultado continuam sendo enciclopédicos, buscando-se abranger a
totalidade dos minerais, plantas e animais conhecidos e presentes no território
mineiro de então.
Concluindo aquilo que se poderia identificar como uma geografia física da
província, o capítulo V trata das águas minerais aí presentes. O destaque dc um
capítulo exclusivamente voltado para esta temática reflete a importância que
possuía naquela época este recurso natural e, de outro lado, o significado que as
águas minerais tinham para um poder monárquico que sempre procurou
inspirar-se nos padrões de seus congêneres europeus.
A partir do capítulo VI, isto é, no que representa a maior parte da obra,
tem início uma descrição exaustiva de temas e questões agrupados na
classificação geral de Geografia Humana.
0 primeiro ilem deste capítulo trata principalmente de questões econô-
micas e das comunicações terrestres da província. Üs temas, em sua ordem de
aparecimento, são: as relações comerciais (exportação e importação dos produ-
tos de maior significado); a indústria (a distribuição geográfica das atividades
manufaiureiras, com os respectivos produtos); um breve panorama da situação
financeira; alguns dados demográficos sobre os escravos, às vésperas de sua
emancipação, termo já mencionado no texto em análise. Descrevem-se, a seguir,
os dois sistemas viários: o ferroviário, com ênfase nas estradas de ferro
D. Pedro II e Leopoldina, red(« em efetivo funcionamento na província daquela
época, e o rodoviário, com ênfase na estrada da União e Indústria que, para o
autor, é a única do território mineiro a apresentar um bom padrão de qualidade.
O capítulo se encerra com uma série dc informações, mesclando lemas variados
que incluem aspectos culturais (teatros, bibliotecas, escolas, com ênfase, neste
último caso, para a Escola de Minas de Ouro Preto, inaugurada na década ante-
rior à publicação do livro em análise), administrativos e de segurança pública.
Uma pequena nota faz referência a algumas colônias de migrantes estrangeiros,
destacando-se a dc Juiz de Fora.
O capítulo VII privilegia o tema educacional, com uma descrição da instru-
ção primária e secundária da província. Nesse campo, as posições de certas
cidades são postas em destaque. Ouro Preto aparece com uma alta hierarquia,
em função de suas escolas de nível superior: Minas. Farmácia e Física. Outras
localidades ciladas por sua importância educacional são: Mariana, Diamantina,
Sabará, São João del-Rei, Campanha, Minas Novas, Juiz de Fora, Paracatu,
Barbacena, Lavras e outras menos expressivas. O autor chama a atenção para
o Liceu Mineiro, que há pouco (1872) havia sido fundado em Ouro Preto, com a
finalidade de preparar candidatos para as escolas de nível superior do Império.
O elenco de disciplinas lecionadas então naquela instituição de ensino era assim
composto: Português. I>atim, Francês, Inglês, Matemática, Filosofia, Geografia,
História, Retórica, Poesia e Música.
O capítulo VIII é o último e o mais extenso, com quase dois terços das
páginas de toda a obra. Trata das divisões judiciária e administrativa da provín-
cia, que, naquela época, assim se caracterizavam em suas linhas gerais: 47
comarcas, com 83 municípios, que possuíam 426 freguesias, 574 distritos e 1
curato. As 47 comarcas são listadas, começando por Ouro Preto, composta pelo
município do mesmo nome. e terminando pela de Paranaíba, formada pelos
(Milão municípios do Araxá, Sacramento e São Francisco das Chagas. A seguir,
são enumeradas as cidades e vilas da província.
A paitir deste ponto é feita uma descrição, bastante detalhada para a
geografia da época, de cada um dos 83 municípios que compunham a província
até 1877. quando o corpo principal do texto foi concluído.
O autor apresenta os municípios numa ordem hierárquica que se baseia
em um conjunto de critérios, dentre os quais se destacam o tamanho
demográfico e a Importância judiciária, administrativa, educacional e econômica
de cada um deles.
Os aspectos temáticos considerados nesta "geografia municipal" da
província são os seguintes: evolução e função administrativa, judiciária e
eclesiástica, sítio e posição geográfica, número de mas e praças, população
(inclusive a de escravos), divisão em distritos e freguesias. Esses elementos
temáticos se repetem praticamente para todos os municípios. A eles se
acrescentam, para os de maior importância, considerações sobre as paisagens
e os monumentos urbanos, equipamentos e funções econômicas, riquezas do
município e qualidades de seus habitantes.
Os dez municípios mais importantes (todos com mais de 25 mil habitan-
tes) são, na hierarquia do autor, os s<!guintes: Ouro Preto. Mariana, Diamantina.
Juiz de Fora. Sabará, Serro do Frio, Pilangui, Campanha o Barbacena. Destes,
aquele que é objeto de descrição mais extensa e detalhada - sete páginas - é o
de Juiz de Fora, o que mostra que o autor não faz questão de esconder a predile-
ção por sua cidade.
O texto termina por um apêndice, no qual se informa a criação, em 1878,
de mais sete municípios: Filadélfia (com sede em Teófilo Otôui), São Gonçalo do
Sapucaí, Tremedal, Carangola, Muzambinho, Manhuaçu e Bambuí.
Aparecem, ainda, nas últimas páginas, unia mensagem aos subscritores
ria obra e um índice geral de matérias.
Mesmo com certas características que para um geógrafo deste final de
século não Teriam mais justificativa ou sentido (por exemplo, o ufanismo e o
simplismo dc algumas descrições), a obra de José Joaquim da Silva deve mere-
cer lugar de destaque na literatura geográfica sobre a Província de Minas Gerais
na segunda metade do século XIX. A fidedignidade c a escala bastante detalhada
de sua descrição fazem desta obra um retrato precioso da província, às véspe-
ras da criação da Nova Capital e no limiar das grandes transformações por que,
por mais de um século, passou o Estado dc Minas Gerais na virada de milênio.
NOTA EXPLICATIVA

Maria Lúcia Brandão Freire de Mello

Esta obra foi escrita cm 1886. Sou texto retrata, pois, uma outra época,
uma outra língua, um estilo próprio, enfim. Até que ponto é possível interferir
num texto como este sem descaracterizá-lo? Esse é o desafio que enfrenta
aquele que sc propõe empreender a atualização de um livro escrito há cem anos,
com vistas ã sua republicação.
Na realização deste trabalho, o princípio básico foi o de respeitar o texto
original o mais possível. Assim, mesmo que a forma escolhida pelo autor -
palavra, expressão estrutura sintática, pontuação, paragrafação. etc. - não seja
a melhor, ou a mais literária, ou a mais recomendada atualmente, ela foi man-
tida, desde que. evidentemente, não tenha seu uso condenado.
A escrita dc José Joaquim da Silva, talvez pelo cunho eminentemente
didático desta obra. é muito reiterativa. Eliminar ou substituir determinados
vocábulos ou estruturas usados com frequência, no mesmo período ou parágra-
fo, ou. ainda, no texto como um lodo, significaria, praticamente, reescrevê-lo.
No entanto, algumas decisões e modificações impuseram-se como necessárias.
Dentre elas. destacam-se as seguintes:

• fbram padronizados, principalmente, a apresentação de numerais (por


extenso ou em algarismos, conforme o caso); o formato das enumerações (nas
relações de freguesias e distritos por município, por exemplo); o uso de
maiúsculas e minúsculas {Kia São francisco, mas rios São Francisco. Jequitinho-
nha. Paraná e outros).

• dom relação aos nomes das leis. optou-se por generalizar a minúscula
inicial, exceto quando determinadas por seu número ou nome.

• Nuns poucos casos foram eliminados termos considerados desnecessá-


rios. Incluem-se nesses cortes;
- o do vocábulos dc sentido próximo cm seqüência ou cujo significado é
dispensável, considerando-se a sua relação na frase f . . . uma boa e excelente
biblioteca..." ou "... seus primeiros fundadores reduzidos a "uma excelente
biblioteca" e "seus fundadores");
- o da conjunção e, muito freqüente, sobretudo quando não coordena
termos em paralelismo.

• Os nomes de cidades, vilas, freguesias, distritos e municípios, além de


atualizados graficamente, foram, também, apresentados sempre por extenso,
evitando-se quaisquer abreviaturas (Nossa Senhora do Carmo, não /V..S. do Car-
mo; Santíssimo Sacramento, não SS. Sacramento: São Gonçalo, não S. Gonçalo;
Santo Antônio, não S. Ani., etc.)

• Quanto à pontuação em geral, especialmente em períodos muito exten-


sos, foram feitas algumas alterações, visando facilitar a leitura e a compreensão
da passagem em questão.

• No caso das vírgulas, às vezes, contrariamente, fugiu-se ao padrão ou


uso mais freqüente. Como o texto é muito cheio dc intercalações, não havendo
prejuízo gramatical, dispensaram-se alguns desses sinais, cujo emprego
resultaria em um texto excessivamente "picotado".

• No que diz respeito às formas verbais, manteve-se o emprego original,


embora nem sempre o autor tenha observado perfeita correlação ou um uso
coerente. Quaisquer alterações ou padronizações dc emprego, em muitos casos,
implicariam reescritura. Daí, terem sido evitadas, se havia como "explicar" as
formas empregadas. Foram, contudo, alteradas, em alguns casos, para maior
clareza ou correção.

• Fm linhas gerais, portanto, o trabalho foi realizado com todo o respeito


pela obra e seu autor, buscando-se apoio na prática c, em especial, no bom
senso.
BIBLIOGRAFIA DK SUPORTE E ORIENTAÇÃO

Atualização gráfica e questões gramaticais

ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro; princípios da técnica da editoração.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

FERREIRA. Aurélio Buarque de Hollanda. 2. ed. rev. aum. Novo dicionário da


língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

GRAMÁTICAS dc língua portuguesa.

LUFT, Celso Pedro. Grande manual de ortografia Globo. Rio de Janeiro: Globo,
1985.

. Dicionário prático de regência nominal. São Paulo: Ática, 1992.

. Dicionário prático dc regência verbal. São Paulo: Ática, 1987.

Topónimos

BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histérico-geográfico de Minas


Gerais. Edição comemorativa dos dois séculos c meio da Capitania de Minas
Gerais. Belo Horizonte: Promoção-ria-Eamília, 1971.

COSTA, Joaquim Ribeiro. Toponímia de Minas Gerais. Belo Horizonte: Imprensa


Oficial do Estado. 1970.

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS/ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO


ESTADO DE MINAS GERAIS. As denominações urbanas de Minas Gerais-,

cidades e vilas mineiras com estudo toponímico e da categoria


administrativa. Belo Horizonte: Assembléia do Estado de Minas Gerais,
1993.
cm que se descrevem com particular atenção UKIOS OS ramos de

su;i lawiura, indústria e comercio; irata-st' de todas as suas serras

v. rios e tudo o que nela lia de melhor e de mais notável nos très

reinos, minerai, veyetal e animal; a divisão da província cm

comarcas e municípios; e uma descrição minuciosa de iodas as

suas cidades, ulas c freguesias

Por
JOSÉ JOAQUIM DA SILVA
Filho da mesma Povíncia
PREFÁCIO

Foi composta a presente obra com o fim dc concorrer para a instrução dos
brasileiros em geral, e dos mineiros em particular, e também para tornar mais
conhecida a importante Província de Minas, onde nasci e à qual tenho o orgulho
e a honra de pertencer.
K, pois, o seu fim principal concorrer para ilustrar a mocidade mineira,
que muito desejo possa aproveitar-se dos meus fracos conhecimentos e
experiência.
Como livro para ser consultado por aqueles que dele necessitarem, não o
julgamos inferior a qualquer outro, pois apresenta-lhes a um tempo o que eles
possam procurar.
Km uma província tão vasta e populosa como a de Minas Cerais, onde a
cada canto se encontra uma cidade ou vila mais ou menos importante, era
geralmente sentida a falta de uma obra dessa natureza, que tornasse mais
conhecida a existência do que aí houvesse dc mais curioso e importante, dando
a conhecer, ao mesmo tempo, todas as suas cidades, vilas, freguesias e
povoações mais importantes.
Abalançando-nos. pois, a empreender tão difícil quanto espinhosa tarefa,
a bem de fazer alguma cousa que pudesse servir de utilidade a meus patrícios,
tivemos de recorrer a muitos documentos oficiais, como relatórios de diversos
presidentes, coleções de leis provinciais, diversos periódicos publicados na
província, e às cartas corográficas dos engenheiros Gerber e Wagner. Munidos
de todos esses dados e de algumas informações mais que pudemos obter e,
além de tudo isso, do grande conhecimento que temos de muitas localidades da
província, após insano trabalho, vigílias, fadigas e dificuldades, apresentamos ao
público a presente obra. cumprindo-nos apelar da severidade desse mesmo
público respeitável, a quem hoje oferecemos o fraco produto dc nossas
diligências, para a rela e experiente imparcialidade de todos aqueles que se dão
ao estudo das coisas de nossa província natal.

Eles que avaliem bem o montão de dificuldades com que tivemos de lutar,
não já no intento de produzir uma obra completa e bem acabada, mas só no
empenho de diminuir-lhe as imperfeições e lacunas, que ainda mesmo assim
não deixam de existir, originadas da quase: absoluta carência de dados, carência
esta que nos acompanhou ale o fim de nosso trabalho, malgrado todos os
esforços empregados em colhê-los nas fontes, onde nos pareceu muito fácil o
achá-los e coligi-los.
Repetimos, pois: não 6 uma obra de mão de mestre que vai aparecer à luz
do dia; ao contrário, ninguém mais do que nós reconhece a nossa insuficiência
e falta de aptidão e o quanto por isso a desmerece.
Possa, entretanto, este nosso tosco trabalho servir de incentivo e de guia,
ou farol, a alguma mais bem aparada pena, que com verdadeira maestria queira
fazer algum serviço de semelhante gênero à nossa cara província.
Entretanto, ao terminar nosso trabalho, dirigimos um apelo aos
sentimentos nobres e generosos que porventura nossos patrícios possam nutrir
pelo bem público o por tudo quanto possa tender a bem servi-lo, a fim de que
nos prestem o apoio e proteção de que tanto necessitamos.

E firmemente o esperamos.

Cidade de Juiz de tbra, 15 de outubro dc 1877.

Vosso patrício respeitador,

José Joaquim da Silva


Ao público em geral, e aos mineiros c fluminenses em particular,
dirige-se o presente.

A importância e utilidade da presente obra acha-se comprovada pela


necessidade que dela há.
Por semelhante razão, e a bem e utilidade dos que dela necessitam,
empreendi-a. e não me tenho poupado a esforços, trabalhos, sacrifícios e
indagações para a apresentar digna dc merecer a benevolência e apoio de meus
compatriotas.
\ela acharão os leitores a descrição do que há de mais importante e útil
cm relação à Província dc que sou filho.

O Autor.
Ao

Kxcelso Monarca,

0 SENHOR D. PEDRO II.

Magnânimo Imperador do Brasil

Protetor das leiras,

tributo de profunda homenagem oferecido pelo Autor,

José Joaquim da Silva


Capítulo I

DA PROVÍNCIA EM GERAL

jfc. território que forma a Província de Minas Gerais foi


|g descobciio por Sebastião Fernandes Tourinho, de Porto
gg Seguro, o qual, subindo pelo Rio Doce em 1573, desceu pelo
jjf Jequitinhonha, tendo descoberto minas de esmeraldas.
Seguiram-se depois Antônio Dias Adorno, com uma expedição, e
Marcos de Azevedo. O paulista Antônio Rodrigues, que a percorreu, descobriu
vestígios de ouro. que seu cunhado, Bartolomeu Bueno, e outros sertanistas de
São Paulo continuaram a explorar com sucesso nos fins do século XVI. A
continuada descoberta de ouro por imensos exploradores que nisso se
ocupavam c as desordens, crimes e facções que logo apareceram entre os
portugueses e paulistas motivaram a criação dessa província em 170!). anexa à
de São Pauto; mas em 1720 foi desmembrada da Província de São Paulo, por
carta régia de 21 de fevereiro desse mesmo ano. e criada Capitania Geral, com
o título de Minas Gerais, por alvará de 2 de dezembro do mesmo ano. Foi
nomeado sen primeiro governador D. Lourenço de Almeida, que tomou posse em
líl dc agosto dc 1721, escolhendo para sede da nova Capitania o antigo arraial
de Ouro Preto, que, tendo sido em 171-1 elevado á categoria de vila. com o nome
de Vila Rica. foi em 1823 elevado a cidade, com o nome de Imperial Cidade do
Ouro Preto, e c hoje a capital da província, residência do presidente c mais
autoridades superiores dela e onde se acham todas as suas repartições públicas.

A abundância das minas de ouro e diamantes, que deram o nome a essa


província, chamou logo para ela muitos aventureiros, que. a par de uma
povoação rápida, foram também ocasionando desordens, que mais tarde foram
reprimidas.
Kntre as imensas riquezas minerais que se têm tirado desta província,
conta-se o grande diamante da Coroa de Portugal, achado junto ao arroto
Abaeté, e o de Bagagem, que figurou na exposição de Paris com o nome de
Estrela do Sul.
1*01' decreto de 11 de maio de 1757 lhe foi incorporado o território de
Minas Novas, que pertencia à Bahia, e por alvará de 4 de abril de 1816 lhe foram
também anexadas as freguesias de Araxâ c Desemboque, que pertenciam a
Goiás.
O território da província contém atualmente 574.855 quilômetros quadra-
dos.
Esta província, colocada no tabuleiro central do Império não só pela sua
vasta extensão de território, como também pela grande população por ela disse-
minada, torna-se a quinta parte do Império, e está situada entre 14° o 23° de
latitude meridional, e 3 e 33" de longitude oriental, e 7° e 48" de ocidental do
o

Rio de Janeiro, conforme as cartas e memórias do engenheiro H. Geber e do Dr.


Cândido Mendes.

O seu território compõe-se de matas riquíssimas de muitas qualidades de


madeiras, próprias não só para construção, como também para marcenaria c
tinturaria, e também de lindíssimas e extensíssimas campinas, onde pastam
numerosíssimos milhares de cabeças dc gado bovino e criação cavalar, lanígera,
caprina e suína.
O seu clima é muito fresco e saudável, e há sensível diferença de tem-
peratura relativamente à parte do litoral situada nos paralelos correspon-
dentes.
A exceção das margens de alguns rios e dos terrenos baixos e alagadiços,
onde em certas quadras do ano se desenvolvem as sezões e maleitas, não há em
grau notável as moléstias de caráter grave que ordinariamente dizimam as
grandes populações.
A Província de Minas contém 2.010.000 almas de população, segundo o
recenseamento a que ultimamente se procedeu, sendo a população livre
1.643.420 almas c a escrava 366.586 almas; na população livre vai incluída a
indígena conhecida e aldeada, orçada em 1.200 almas, que residem nos
aldeamentos do Itarnbacuri, Rio Doce e Manhuaçu, faltando o recenseamento de
algumas freguesias, onde não se fez. c que é orçado em 30 a 40 mil almas.
A lYovíncia de Minas Cerais contém dois bispados; o de Mariana o o de
Diamantina; ambos estão providos de prelados. O de Mariana, pela bula Condor
f,ucis, do papa Bento XIV, de 6 de dezembro de 1745. foi instalado em 27 de
fevereiro de 1748, sendo o seu primeiro bispo D. FYci Manoel da Cruz, religioso
de São Bernardo. Este bispo faleceu em 1764, deixando um bom seminário.
Atualmente, é bispo de Mariana [). Antônio Maria Correia de Sá c Benevides, que
há pouco tomou posse do bispado.
O bispado de Diamantina foi criado pela I.ei n. (>E)3, de 10 de agosto de
1853, e realizado em 6 de junho de 1851 pela bula do papa Pio IX, sendo
nomeado seu primeiro bispo o atual D. João Antônio dos Santos.

Limites da província

A província limita ao norte com Pernambuco e Bahia pelos rios


Carinhanha e Verde Grande; a leste com a Bahia e Espírito Santo; ao sul com o
Rio de Janeiro pelos rios Prelo. Paraibuna e Paraíba e São Paulo pela Serra da
Mantiqueira; a oeste com Goiás pela Cordilheira de Tabatinga, Pindaíba c
Marcela, que corre de norte a sul.
Tem 112 léguas de norte a sul sobre 80 de largura média; a sua superfície
é de 20 mil léguas quadradas.
Elege 10 senadores, 20 deputados gerais o 40 provinciais.
Esta grande província acha-se atualmente dividida em 47 comarcas, as
comarcas em 83 municípios, estes em 128 freguesias com 574 distritos e um '3U
curato.
Capítulo 11

DO SISTEMA UROLÓGICO DA PROVINCIA

Serra da Mantiqueira, que principia na paite setentrional de


jjjyá |B«Bp São Paulo, corre a nordeste, donde se inclina para o norte até
raffle a extremidade da província em diversas ramificações, que
W fazem mais ou menos paite do mesmo sistema; isto é,
contém a província duas extensas e elevadas cordilheiras, ou
senas, que são a Central e a do Espinhaço, ou Mantiqueira, das quais se
derivam e ramificam as inumeráveis seiras grandes e pequenas que há na
província com diversos nomes, como as serras da Canastra, Espinhaço. Almas,
Negra, Marcela, Cristais, Piedade, Serro Frio. Itacolomi, Mangabeira. Tabatinga,
Paraíba. Dourada, etc.

A Cordilheira (-entrai é a de maior importância. Estão seus núcleos <:


pontos culminantes, ou mais altos, na Província de Minas, c sem ultrapassar os
paralelos desde 10" e 23", 30° de latitude sul, desde a margem do Rio São
Francisco até a Serra da Cantareira, nas proximidades da capital da Província de
vSão Paulo, tem aí o seu limite meridional.
Esta cordilheira é a mais elevada, sendo atualmente reconhecido como o
ponto de sua maior altitude, e também do Brasil, o Pico do Itatiaia, denominado
Agulhas Negras, que tem a elevação acima do mar segundo uns de 2.994 metros
e segundo outros de 3.140 metros. Seguem-se depois o pico denominado
Pirâmide, com 2.520 metros; o da Lapa (vertente para São Paulo), com 2.650
metros; o Órgão dos Mayrinks, com 2.391 metros; o Papagaio d'Aiuruoca, com
2.293 metros; o da Piedade do Caeté, com 1.783; o Itacolomi do Ouro Preto, com
1.750; o Paricida da Bocaina, com 1.693; o Pico da Itabira do Mato Dentro, com
1.520; o Morro Grande, em São Domingos, com 1.361; o Pico do ítambé, com
1.316; a Serra do Amparo, em São Joaquim, com 1.288; a Serra das Vertentes,
na cabeceira do São Francisco, com 1.463; o Alto das Taipas, com 1.138: a Serra
do Piuí. com 1.127; e, por fim, o Morro do Diamante, com 1.063 metros.

Desla extensíssima e vasta cordilheira nascem os rios São Francisco.


Jequitinhonha. Paraná e outros.
A Serra da Mantiqueira, ou do Espinhaço, atravessa a província, dividindo o
Campo da Mata e tomando diversos nomes, conforme os lugares por onde se pas-
sa, como sejam: Serra do Ouro Preto. Itacolomi, Piranga, Jtaverava. ltambé. Sa-
pateiro. Mantiqueira, Quilombo, Pissarrão. Serra Negra. Bocaina, Flinil, Boqueirão
do Mina, Maia-Cachorro, Chora, Jacutinga, Passa-Vinte, Picu, ltajubá e outros.
Destas duas cordilheiras, isto é, da Central e da Mantiqueira, ou
Espinhaço, derivam-se outras muitas serras da Província de Minas, umas
maiores e outras menores, a que se dão diversos nomes, como sejam: Serra da
Canastra. Serra da liapiraçaba. Sena do Andrequicé, Serra do Paraná, Seira da
Tiririca, Serra dos Pilões. Extrema de Cima, Extrema de Baixo, Serra do Antônio
Pereira, Serra do Rio Preto, Seira de Santa Fé. Serra das Almas, Serra do
Garrote, Mata da Corda, Serra das Saudades, Serra do Borrachudo, Serra da
Parida, Seira da Bocaina, Serra do Tripuí, Serra do Cabo Verde, Serra do Piüí,
Serra da Esperança, Serra do Caracol, Serra das Vertentes, Serra do Lenheiro.
Seira de Carrancas. Seira do Bom Sucesso, Serra da Ibituruna, Serra de São
Tomé das Letras, Serra da Galga. Serra dos Três Irmãos, Serra das Luminárias,
Serra da Gamarra, Serra da Onça, Sena da Itatiaia. Serra do Papagaio. Serra do
Alecrim, Seira de Santa Catarina, Serra do Turvo. Serra de Santa Luzia. Serra
de Santana, Serra dos Montes Alegres. Serra da Posse, Serra da Divisa, Serra
dos Pinheiros. Serra da Itabira. Serra da Piedade, Serra do Itatiaiuçu, Serra do
Espírito Santo, Serra do Macaco, Serra do Carramona, Serra das Taipas. Screa
do Ouro Branco, Itatiaia e Ouro Preto, Serra do Itacolomi, Serra de São
Sebastião, Serra do Brigadeiro. Serra da Caiana, Serra do Bom Jardim, Serra do
Rio Pardo, Seira dos Monos, Seira da Prata. Serra da Boa Vista. Seira de
Tamanduá, Serra da Cacunda, Serra da Candonga, Serra das Correntes. Serra de
Bento Soares, Serra das Congonhas. Serra de Montes Claros, Serra das
Contendas, Serra de São Filipe, Serra Branca, Serra Nova, Serra das Aguas
Claras, Serra da Graça, Serra da Chapada, Serra Escura, Serra do Chapadão.
Serra da Vigia. Serra do Salto. Serra do Chifre, Serra do Grão-Mogol. Serra da
Tromba, Serra do Paiol, Serra da Itacambira, Sena do Tramambuco. Serra do
Estreito, Serra da Agua Limpa, Serra do Assobio, Serra de ltajubá. Serra do
Salitre, Serra da Ibitipoca. Serra do Taquaril e Serra dos Aimorés, na divisa da
Província de Minas com a do Espírito Santo, e ainda algumas outras que
porventura escapem de ser mencionadas.
Divisas da província

A Província d<: Minas Gerais divide com a Província do Rio do Janeiro ao


sul. com a do Espírito Santo a leste, com as da Bahia e Pernambuco ao norte e
com as de São Paulo c Goiás a oeste.
Principiando a divisa ao norte da embocadura do Rio Carinhanha no São
Francisco, segue sempre do lado direito pelo Carinhanha acima até suas
cabeceiras no alto da Serra do Paraná; e seguindo pelo alto desta para oeste até
a ponta da mesma, ganha as cabeceiras do Rio São Marcos, e segue sempre à
beira deste rio pelo lado esquerdo, passando pelo município de Paracatu, e
seguindo sempre pela margem esquerda do referido rio até onde ele ganha o
nome de Paranaíba, e daí até à junção do mesmo com o Rio Grande, em frente
à povoação de; Santana do Paranaíba, onde finda a divisa com a Província de
Goiás, principiando aí a divisa com a de São Paulo. Deste ponto segue a divisa
margeando o Rio Grande pelo lado direito até que no Porto de Santa Bárbara
salta o Rio Grande, e vai margeando o Ribeirão das Canoas para ganhar os altos
da Serra do Cascaseiro, e daí vai à Cacunda, e atravessando aí o Rio Pardo, vai
ganhar a ponta da Serra dos Montes Alegres e do Caracol, atravessa o Rio dos
Olhos d*Água. passa pela ponta de unia seria chamada São Paulo, em frente a
uma pequena povoação chamada Boa Vista, depois do que atravessa o Rio Moji.
passa ao pé da povoação da Borda da Mata e das cidades de Jaguari e Santa Rita
da Extrema, ganha a ponta da Serra da Mantiqueira, depois do que desce esta e
ganha a margem do Sapucaí-.Vlirim, onde há um registro, depois torna a subir a
Serra da Mantiqueira, e seguindo pelo alto dela até o alto do Picu. mais adiante
vira para a margem do Rio Preto, e aí principia a dividir com a Província do Rio
de Janeiro pelo Rio Preto abaixo, até a confluência deste com o Rio Paraíba, e
por este abaixo até a junção do Ribeirão Pirapctinga; sobe por este acima, c
alravcssando-o. passa pela Serra dos Monos, e seguindo atravessa o Rio Pomba,
e bem assim a freguesia do Patrocínio c o Rio Muriaé, vai ao alto da Serra do
Gavião, daí ao alto dos Tombos do Carangola e daí, virando um pouco à direita,
atravessa as cabeceiras do Rio Itabapoana. que vem da Serra do Brigadeiro,
ganha o alto de uma seira chamada dos Pares, e seguindo por ela vai ganhar as
cabeceiras do Rio Manhuaçu; e seguindo pela margem esquerda deste até a sua
foz uo Rio Doce, atravessa-o em frente à lagoa da Natividade e ganha os altos
da grande Serra dos Aimorés, que é a divisa mais saliente de Minas com o
Espírito Sanlo. Depois segue a divisa, atravessando o Rio Mucuri, e torna a
ganhar a coí.linuação dos Aimorés; depois vai ao alto da Serra do Salto, e já aí
principia outra vez a confrontar com a Bahia. Da Seira do Salto atravessa o Rio
Jequitinhonha, abaixo da Cachoeira do Salto, e, seguindo para o norte, vai
atravessar o Rio Pardo, ou Patipe. na barra do Rio Mosquito, c vai ganhar o alto
do Mono Grundruba; e seguindo pelo alto do mesmo vai ganhar a ponta da Serra
das Almas, daí ganha as cabeceiras do Rio Verde Pequeno, c seguindo pela mar-
gem esquerda deste até sua junção com o Rio Verde Grande atravessa este e o
vai seguindo sempre pela mesma margem até sua junção com o Rio São Francis-
co, um pouco abaixo do arraial chamado Arraial de Baixo; e aí, atravessando o
rio, vai finalizar em Carinhanha no ponto em que começou.
Capitulo 111

DO SISTEMA FLUVIAL DA PROVÍNCIA

Bfe a tão extensa cordilheira de serras que circundam a


HL província, nascem também os grandes e majestosos rios
¡111 que por ela correm, sendo os principais: lu) o São
BT Francisco; 2") o Rio (irando; 3") o Rio das Velhas; '1«) o
*Sapucaí; 5") o Rio Verde Grande; 6a) o Rio das Mortes; 7o) o
Paraopoba; B") o Rio Pardo, ou Patipe; 9") o Jequitinhonha; Hh) o Rio Doce; 11")
o Mucuri: 12") o Muriaé; 13«) o Pomba; Mu) o Pará; 15") o Itabapoana; 16") o
Paraibuna; 17«) o Rio Preto; 18") o ftiraeatu; 19") o Irucuia; 20") o Jequitaí; 21")
o Contendas; 22") o Canabrava; 23") o Mangai; 2-1") o Rio Pardo Pequeno; 25") o
Manlmaçu; 26") o Saçuí Grande; 27") o Saçuí Pequeno; 28") o Araçuaí; 29") o
Bananal Grande; 36") o Piracicaba. Além dos mencionados, há outros muitos, de
menor importância.

O grande e majestoso Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, no


município de Pini, e em seu curso até a bana do Pará vai recebendo muitos e
numerosos rios c ribeirões, de uma e outra margem, até o lugar chamado Poito
do Fernandes, onde faz barra o seu primeiro c importante confluente, o Rio Pará.
Daí mais abaixo algumas léguas recebe o seu segundo confluente, o importante
Rio Paraopeba. pela margem direita, bem como o Pará; mais abaixo recebe, pela
margem esquerda, o Indaiá, o Borrachudo e o Abaeté. Daí em diante vai rece-
bendo outros muitos rios pequenos, de uma e outra margem, até que recebe,
pela margem direita, o seu terceiro e muito importante confluente, o Rio das
Velhas. Abaixo da Cachoeira de Santa Fé recebe o Rio Paracatu, e abaixo de São
Romão, em frente a Boa Vista, recebe o Rio Urucuia, e depois o Rio Pardo
Pequeno e o Pandeiros, todos pela margem esquerda, e, pela margem direita,
recebe os rios Contendas, Jequitaí, Canabrava, Pacuí, Rio Verde Pequeno e Man-
gai. Depois, abaixo da cidade de Januária. recebe, pelo lado esquerdo, o Ribeirão
da Cruz, o Peruaçu, o Ilacarambi, o Japoré. o Calindó c o Rio Escuro; depois, em
distancia de poucas léguas mais abaixo, em frente ao Arraial de Baixo, recebe o
importante e grande confluente Rio Verde Grande; e pouco mais abaixo, ao
entrar na província da Bahia, recebe, no lugar chamado Carinhanha, o grande
confluente do mesmo nome; e. dali seguindo, atravessa as províncias da Bahia.
Sergipe e Alagoas, e vai desaguar no oceano, em frente à cidade de Penedo.
Os confluentes mais importantes do Rio São Francisco pela margem
esquerda são: o Borrachudo, o Abaeté, o Paracatu, o Urucuia. o Rio Pardo
Pequeno, o Pandeiros e o Carinhanha; e pela margem direita são: o Pará. o
Paraopeba. o Rio das Velhas, o Jequitaí, o Contendas, o Canabrava. o Mangai, o
Pacuí, o Verde Pequeno c o Verde Grande. Segundo sc vê no relatório
apresentado à Assembléia Provincial mineira na abertura da sessão do ano
passado pelo presidente da província, o conselheiro José Capistrano Bandeira
de Mello, o Rio São Francisco e seus afluentes, servindo às zonas oeste e norte,
oferecem 2.517 quilômetros cm condições mais ou menos favoráveis à
navegabilidade c os indica do modo seguinte:

• no baixo São Francisco, lfiO quilômetros entre a Cachoeira de Pirapora


e a bacia do Carinhanha:
« no alto São Francisco. 340 quilômetros entre o Porto das Andorinhas e
o Cachoeira de Pirapora.

Este grande rio presta-se à navegação em todo o tempo, como foi


verificado pelo engenheiro Halfeld. As cheias do mesmo rio são periódicas c
regularos, como as do Mio. Em outubro começa a enchente, que vai até março.
A vazante de março é geral, porque as há parciais, no decurso da enchente, ora
parando o rio muitas vezes, ora vazando para tornar a encher até maior altura.

O majestoso e soberbo Rio Grande, um dos principais da Província de


Minas, nasce no Pico do Miratão, nas subfraldas do Itatiaia, e correndo paralelo
à Serra da Mantiqueira até a fazenda do finado Major Pedro Alves, desce daí pelo
Garambéu e. depois de ter recebido diversos pequenos rios c ribeirões, recebe
também o Rio Aiuruoca. até que, abaixo da cidade de São João del-Rei. no lugar
da Ibituruna. recebo o seu grande c importante tributário, o Rio das Mortes:
depois do que recebe o Pirapetinga, o Jacaré, o Lambari e outros, de um e outro
lado; recebe também o importante confluente Sapucaí Grande; e daí para baixo
vai recolhendo as águas de pequenos ribeirões, de uma e outra margem, até que,
quase nas divisas da província, recebe ele outros tributários, como o Uberaba, o
Sanio Inácio, o São Mateus, o Rio Verde Pequeno, o Sapucaí-Mirim e o Mojigua-
çu, oriundos da Província de São Paulo: e. por fim, o grande e o mais importante
de todos os seus confluentes, o Paranaíba, formando dali em diante o grande
Paraná, que depois de atravessar tenilórios imensos, conduzindo em si as águas
de muitos importantes rios das províncias de Goiás, Paraná, São Paulo e Mato
Grosso e das repúblicas do Paraguai e Argentina, unindo-se com o Uruguai,
formam cm frente â cidade de Buenos Aires o histórico Rio da Prata. Segundo o
relatório já citado, o Rio Grande, que serve às zonas sul c oeste, tem cerca de
f>00 quilômetros navegáveis sem dificuldades, desde a barra do Ribeirão Verme-
lho até a Cachoeira da Bocaina, numa extensão de 1'10 quilômetros, e dos seus
afluentes, o Sapucaí oferece 2-10 quilômetros e o Rio Verde 180 quilômetros:
aquele, desde a barra do Rio Verde até o Salto Grande, e este desde a sua barra
até 20 quilômetros acima da barra do Capivari. Finalmente, o Paranaíba, que
serve às zonas oeste o noite, é navegável numa extensão de 700 quilômetros.

() Rio das Vciluts, um dos mais importantes confluentes do São Francisco


pela margem direita, tem a sua nascente primitiva do lado direito da Seira do
Ouro Preto, nas vertentes de São Bartolomeu e Casa Branca; e recebendo em
seu curso muitos rios pequenos, ribeirões e riachos, vai engrossando suas águas
até que recebe os rios Jabuticatubas, Sino, Gerais, Cipó, Paraúna. Pardo Peque-
no. Curimataí e Piedade, e entra no São Francisco cm frente à extinta vila de
Guaicuí. Fste rio é navegável 072 quilômetros entre a sua bacia, no Gunieuí, e
André Gomes, légua c meia acima de Sabara; porém, para admitir vapores, exige
uma despesa de mais de dois mil contos, segundo o cálculo do engenheiro F.
Liais, o qual já o navegou em ajoujo de três canoas, o tenente Araújo no vapor
Saldanha Marinho e o Dr. Simphrônio em unia grande barca.
0 Rio Sapucaí Grande, importante confluente do Rio Grande, c o mais
caudaloso dos rios de Minas; tem sua origem na Pedra do Ilaú. na Serra da
Mantiqueira, ao pé de Campos de Jordão, no município de ltajubá; e, correndo
rumo à cidade de Pouso Alegre, aí recebe o Rio Mandu e o Sapucaí-Mirini; e
seguindo até perto do arraial de Carmo da Escaramuça, depois de ter recebido
muitos ribeirões, aí recebe também o seu afluente, o Rio Verde, c vai depois
fazer barra no Rio Grande, em São Sebastião da Ventania, depois de ter-se
engrossado com as águas de muitos rios pequenos e ribeirões.

O Rio Verde Grande, importantíssimo confluente do São Francisco


pela margem direita, tem suas nascentes no município de Montes
Claros das Formigas, nas serras de Bento Soares e Brejo das Almas; em
seu curso conduz as águas de inumeráveis ribeirões e rios pequenos c
alguns grandes, como o Rio da Extrema, o Gorutuba. o Pacuí, o Rio do
Ouro e o Saco; passando pela ponta da Serra de São Felipe, vai
incorporar-se ao Rio São Francisco. Segundo consta do relatório
retrocitado, e s t e rio tem 165 quilômetros navegáveis desde sua bacia
para cima, constando que tem pouca água e que por isso só o navegam
canoas.

O Rio Paraopeba nasce nas abas da Serra da Mantiqueira e das Taipas, e


vai-se formando com diversos ribeirões, como o Pequiri, o Camapuã, o Ribeirão
do Inferno, o Congonhas, o Maranhão e outros muitos aquém c além de Queluz
até a Serra do Ouro Branco; passa por um lugar chamado Funil, abaixo da cidade
do Bonfim, entre as pontas das Serras da Piedade, Italiaiuçu, abaixo de São
Gonçalo da Ponte; seguindo seu curso e recebendo, de um e outro lado, águas
de muitos rios pequenos e ribeirões, vai desaguar no Rio São Francisco pela
margem direita, no lugar chamado Morada Nova. Este rio também é navegável
na extensão de 60 quilômetros.
O Rio Pará nasce entre a freguesia de Passa-Tempo do município de
Oliveira e o distrito da Capela Nova; seguindo em direção a Pitangui, cm seu
curso vai recebendo muitos ribeirões e rios. engrossando-sc com o Kio do Curral
no lugar chamado Invernada e mais abaixo com os rios do Peixe, Agua Limpa.
Tabuão. Bicudo, Itapocerica e o Rio São João Acima e outros pequenos rios,
depois do que, muito abaixo de Pitangui. vai desaguar no Rio São Francisco no
lugar denominado Barra do Pará. liste rio também tem 70 quilômetros de
navegação fácil desde a sua bacia até a cidade de Pitangui.

O Rio das Mortes, u m dos grandes tributários do Rio Grande, tem sua
primitiva nascente na Seira da Mantiqueira, distante de Barbacena três léguas;
passando retirado dali uma légua no lugar chamado Registro, vai daí por diante
recebendo pequenos rios, como o Loures, o Alberto Dias, o Invernada, o Patusca,
o Ribeirão, o Caxambu, o Elvas, o Agua Limpa, o Carandaí, o Tabuõcs, o Rio do
Peixe, o Rio das Mortes Pequeno e o Pirapetinga, até que deságua no Rio Cirande,
abaixo de Ibituruna.

O Rio Pardo, ou Patipe, nasce nas fraldas das serras Branca, Nova e das
Almas; engrossando sua corrente com as águas de muitos rios pequenos e
ribeirões, quer de um lado, quer de outro, entra na província da Bahia por
Canaviciras e vai desaguar no mar. Este rio, servindo às zonas norte e leste,
oferece peito de 210 quilômetros de navegação desde a cidade de Rio Pardo até
os limites da Província da Bahia.

O Rio Jequitinhonha, ou Belmonte, que tem as suas nascentes nas cordi-


lheiras do Itambé, em Diamantina, vai pouco a pouco engrossando seu curso
com as águas de muitos rios pequenos, até que recebe as dos rios Itacambiruçu,
Vacaria, Salinas, ltinga. Rio Preto, Rio do Peixe, Araçuaí e muitos outros ribei-
rões e riachos; entrando na Província da Bahia por Belmonte, todo majestoso,
lança-se no oceano. Este rio, que também serve às zonas norte e leste, oferece
perto de 600 quilômetros navegáveis desde o Salto Grande até Minas Novas e
Grão-Mogol.

O Rio Mucurí nasce nas vertentes das serras do Chifre, Chapadão e


Tramambuco; engrossando-se com o Rio Todos os Santos, que passa por
Filadélfia, e muitos outros rios pequenos, vai também desaguar no mar.

O Rio Doce, que, tendo sua nascente nas imediações de Ouro Preto e
Mariana, vai-se engrossando com as águas de muitos ribeirões até que recebe
seus afluentes Piranga, Gualaxo, Casca, Piracicaba, Santo Antônio. Guanhães,
Cuieté, Correntes, Saçuí Pequeno e Grande. Manhuaçu e outros ribeirões;
atravessa a Província do Espírito Santo e entra no oceano perlo de Linhares.
Este rio, que serve às zonas leste e sul, apresenta uma extensão navegável de
110 quilômetros desde a Figueira até o Porto do Souza, limite da província com
a do Espírito Santo.

O Rio iLabtipoana, que, lendo seu maior curso na Província do Espírito


Santo, deságua no oceano; tem a sua nascente primitiva na Província de Minas,
entre as seiras do Brigadeiro, da Catana c de Santa Margarida.

O RioMuhüé, antigo Buieé na linguagem dos índios que por ali habitaram,
nasce nas inatas da Serra do Bagre e Rumo Divisório; passando pela cidade do
mesmo nome, vai recebendo, de um e outro lado, todos os rios e ribeirões das
malas do Carangola, até que deságua no Rio Paraíba, em frente à cidade de
Campos, na Província do Rio de Janeiro.
O Rio Pomba tem sua principal nascente na Serra da Mantiqueira, no lugar
denominado Serra do Sapateiro, três léguas adiante de Barbacena, na estrada
que segue para a cidade de Pomba; corre em linha reta até essa cidade,
recebendo muitos ribeirões, como o Tigúrio. o das Mercês, o do Bonfim, o São
Manoel, o Formoso, o Passa-Cinco. o Pardo, o Rio Novo. o Feijão Cru, o Rio dos
Monos, o Capivara e outros; por fim, vai desaguar no Paraíba, em frente à aldeia
de Pedra.

O Rio Paraibuna nasce na Serra da Mantiqueira, na Garganta dos Aires;


recebendo diversos pequenos ribeirões até a cidade dc Juiz de Fora, logo abaixo
de Matias Barbosa, recebe o importante Rio do Peixe, oriundo da Serra Negra e
da Bocaina. Logo mais abaixo, deságua no Rio Preto, pouco acima da Ponte do
Paraihuna. antigamente chamada Ponte da Broca, muito conhecida por ter sido
queimada pelos rebeldes em 18-12.

Ü Rio Preto, que serve de divisa da Província de Minas desde sua


embocadura no Paraíba até acima da Serra do Picu, ou da Mantiqueira, nasce
numa lagoa na Serra do Itatiaia; e, correndo sempre paralelo ao Paraíba, recebe
e tem como seus tributários, do lado dc Minas, o Rio Jacutinga, o Bananal, o
Pirapelinga, o Santa Clara, o São Gabriel, o Funil, o Santana c muitos outros
ribeirões, derivados todos da Seira Negra, do lado de Minas, até a sua foz, no
Paraíba.

Ü Rio Poracatu forma-se de todas as águas que nascem nas serras da


Tiririca, dos Pilões e das Almas e também de Andrequicé; passa peito da cidade
de Paracatu. engrossando-se com as águas dos rios Carapina. Éguas e Rio Prelo,
que nasce da seira do mesmo nome. Mais abaixo, recebe o Rio Catinga e outros
ribeirões, depois do que recebe o Rio do Sono, que nasce da Serra da Mata da
Corda; daí em diante, recebendo mais alguns ribeirões, deságua no Rio São
Francisco, pela margem esquerda, cm frente à fazenda dos Olhos-d'Água. Este
rio é navegável, em todas as estações, até o porto do Buriti, precisando, na seca,
de algum cuidado por causa das pedras c cachoeiras, que, todavia, não impedem
a navegação.

O Rio Urucuia, um dos confluentes do São Francisco pela margem esquer-


da, forma-se de todas as águas que correm do chapadâo do mesmo nome e da
Serra do Paraná; engrossando-se com as águas que recebe de muitos ribeirões,
deságua no São FYancisco, em frente a Boa Vista. Este rio é, em todo tempo,
francamente navegável 35 léguas, até 10 acima do arraial de Santana do
Urucuia.

O Rio Pardo Pequeno nasce também na Sena do Paraná; engrossando-se


com alguns ribeirões c os rios Gameleira. Extrema de Baixo e de Cima, deságua
no São FYancisco, pela margem esquerda, pouco acima da barra do Mangai.

O Rio Pandeiros nasce na Serra de Antônio Pereira e nas Chapadas de


Santa Maria; e corre recebendo diversos ribeirões, depois do que deságua no
São Francisco, pela margem esquerda, em frente à povoação de Pedras da Maria
da Cruz.

O Rio Carinhanha, grande confluente do São Francisco, conquanto não


corra em território da Província de Minas, contudo o descrevemos aqui por ser
ele a divisa da província com a da Bahia, do lado esquerdo do São Francisco,
assim como também o Verde Grande o é, do lado direito do mesmo rio. Nasce o
Carinhanha do outro lado da Seira do Pararia e, atravessando a mesma serra
entre duas pontas que ela forma e que, por isso, se chama Vão do Paranã, corre
junto com os rios Paratinga e Juqueri, sempre cm frente à divisa das duas
províncias; depois do que, tendo-se Lornado muito volumoso pela aglomeração
de águas, deságua no Rio São Francisco, pouco abaixo da vila de Carinhanha, na
Província da Bahia. Este rio tem navegáveis 123 quilômetros da sua barra para
cima.

O Rio Jcquitaí. confluente do São Francisco, nasce na Serra das


Congonhas e na Sena de Montes Claros, no município do mesmo nome, e em
seu pequeno curso conduz as águas dos Três Irmãos, São Lamberto, Gavinipão,
Sucuriú c mais alguns ribeirões, até que deságua no São Francisco, pela margem
direita, \estc rio, no tempo das cheias, há 160 quilômetros navegáveis c
somente 20 no tempo das águas médias.

O Contendas nasce na serra do mesmo nome e deságua no São Francisco,


pela margem direita, perto da nova vila de São José da Pedra dos Angicos, hoje,
cidade de São Francisco.

O Rio Cunubravn nasce também na Seira das Contendas e, com um


pequeno curso, deságua no São Francisco, pela margem direita, abaixo da barra
do Contendas.

O Mangai nasce entre as seiras das Contendas e de São Felipe; e,


passando entre as pontas de ambas, vai desaguar no São Francisco, pela
margem direita.
O Rio Araçuaí, que é o maior afluente do Jequitinhonha, nasce na Serra do
(«avião e mistura-se com as águas dos rios Preto, Abadia. Iiacarambi, São João.
Pindaíba, Itamarandiba. Panado e mais outros rios pequenos e. depois, o
Setúbal, o Gravata e o Calhau, depois do que deságua no Jequitinhonha, abaixo
da cidade de Araçuaí.

O Rio Manhuaçu tem as suas nascentes nas fraldas da Serra da Boa Vista,
freguesia de Santa Margarida, município de Ponte Nova, e engrossa-se iogo com
as águas dc diversos ribeirões e depois com as dos rios Lavrinhas,
Jequitinhonha e Jose Pedro, e deságua no Rio Doce, no ponto da divisa de Minas
com a Província do Espírito Santo.

O Rio Saçuí Orando tem suas cabeceiras principais nas serras do Gavião
e do Itambé; reunindo logo grande quantidade de ribeirões, passa pela freguesia
do Rio Vermelho, conduzindo também as águas desse rio e as do Turvo,
Canabrava, São Nicolau. Agua Suja, Areias, Jacuri, São Félix, Crupuca,
Tambacuri c outros, depois do que entra no Rio Doce, abaixo de Figueira.

O Saçuí Pequeno nasce na Serra dos Correntes, do lado de Santo Antônio


do Peçanha, e deságua no Rio Doce, abaixo da Cachoeira Bagari.

O Rio Bananal Grande nasce na Serra da Boa Vista; reunindo-se logo com
o Bananal Pequeno e o Cuieté c mais alguns ribeirões, entra no Rio Doce. no
lugar denominado Barra do Cuieté.
O Rio Piracicaba é um dos maiores afluentes do Rio Doce o tem suas
cabeceiras na Serra do Espinhaço, ao pé das freguesias de Bento Rodrigues,
Inficionado e Catas Altas do Mato Dentro; com;, recebendo pequenos ribeirões,
até que chega perto da cidade de Santa Bárbara e, abaixo dela, recebe o São
Gonçalo do Rio Acima, o São José da Lagoa, o Onça Pequeno e Grande, o Salto
Grande, depois do que deságua no Rio Doce, no lugar chamado Barra do Pontal.
Capítulo IV

UM QUE SE TRATA DE TUDO QUANTO TEM


A PROVÍNCIA PERTENCENTE AOS TRÊS REINOS:
MINERAL, VEGETAL E ANIMAL

Província do Minas foi ricamente aquinhoada pela Providen-


cia Divina com tudo quanto há de melhor e mais útil, tanto
no reino mineral e vegetal como no reino animal. Tratare-
mos, pois, em primeiro lugar, de tudo quanto constitui o reino
mineral.
A província tem em seus rios c serras, com notável profusão, excelentes
pedras preciosas, como sejam: o diamante, o topázio, a esmeralda, a safira, o
rubi, as lurmalinas. os berilos, as granadas e mais outras pedras dc menor
valor.
De suas minas extraem-se o ouro, a prata, o cobre, o estanho, o chumbo.
feiTo dc superior qualidade, mercúrio, manganês, antimônio, arsênico e bismu-
to, assim como também carvão-rie-pedra, o salitre, a pedra-ume. o sal-gema, o
sulfato de soda e dc magnésia e o cloreto dc sódio.
De suas pedreiras extrai-se a melhor e a mais linda pedra que se possa
desejar para cantaria; e as magníficas obras que existem na província assim o
atestam. Há também em diversos lugares da província pedra-mármorc lindíssi-
ma e de diversas cores, como branca, preta, azul, cor-de-rosa e verde; falta
unicamente a vontade de lavrar essas pedreiras, porque infelizmente o génio
mineiro não é empreendedor.
Km relação ao reino vegetal, é ainda a Província dc Minas ricamente
dotada não só de madeiras excelentes para a construção e marcenaria, como
também de toda a qualidade de plantas e ervas aromáticas e medicinais, árvo-
res frutíferas, tanto indígenas como exóticas, árvores e plantas (pie produzem
óleos e resinas e também matérias para a tinturaria.
E, pois. assim que em suas matas e campos se encontram ervas medici-
nais de mui diferentes espécies, como sejam: a ipecacuanha, senc, jalapa, maná.
caroba, ruibarbo, pereira, sernaruba, copaíba. quina de várias qualidade, alca-
çuz. cainca, centáurea, taiuiá, limbo, carapiá, tiborna, purga-de-veado, azougue
vegetal, a espelina, o andá-açu, a japecanga, o muchoco, a bardaria, a capeba, a
suma branca e vermelha, o angelim. o ruão ou goma guta, a arnica, a quássia, o
acónito. a salsa-do-niato, a salva, o poejo, a arruda, a hortelã, a sucupira, a
rosn-do-campo, a carobinha. o velame, a salsaparrilha, a crva-toslão, o alecrim,
o eipó-sete-sangrias. o cipó-trindade, o guaraná, o jaborandi, a butua. o para-
tudo-do-campo e outras muitas plantas e ervas medicinais, tanto de horta como
do campo e do mato.
Há em seu território diversas árvores e plantas que produzem óleo. como
sejam; o coqueiro-da-baía, o coqueiro-do-indaiá, o coqueiro-de-airi ou brejaúba.
o baba-de-boi, o jeribá, o ric-quaresma, o pati, o pindoba. o copaíba. a andiroba,
o jandiroba, a mamoneira, a nogucira-da-índia, o andá-açu, o bicuíba, a sapu-
caia, a pindaíba, o mendubi, o girassol e o algodoeiro.
Há também árvores e plantas que produzem gomas e resinas, como a
inangabeira. a gameleira, a figueira, a maçaranduba-branca. o cajueiro, o jatottá,
o angico, a almecegueira, o cajazeiro. a paineira, o embiruçu, o pau-de-lágrima,
o angelim, a cabriúva e o pinheiro.
Há lambem diversas plantas e árvores têxlcis, pois se conhecem como
mais notáveis as seguintes: a piaçaba e o coqueiro-da-índia. que dão excelente
fio para amarras, cordas e vassouras; a sapucaia e o bacuri, que fornecem
excelente estopa: a macaúba e o lucum; a piteira e o gravata, notáveis pela
riqueza de seus fios: o pau-de-embfra c a pindaíba, que dão excelentes fibras.
Também se encontram em seus matos e campos inumeráveis plantas e
ervas próprias para a tinturaria, como sejam: a ruivinha, o pequi, açafrão, urucu.
anil de três qualidades, pau-terra, cabelo-de-negro, catuá, sangue-de-drago.
ananás-do-inato, aroeira, maçambá. barbatimão, açouta-cavalo, dedalcira,
anieira, piúna, inurici, a goiabeira-do-mato, o pau-brasil, o guarubu. carajuru, o
mangue, o angico, o Jenipapo, o mate, o tinhorão, o macucu, a tatajiba, o grava-
ta, a casca do coco. etc.
Km seus matos e campos encontram-se excelentes madeiras, tanto para
construção como para marcenaria, tais como: a peroba, o pequiá, o pau-ectim,
u angico, o vinhático. o angelim de diversas qualidades, o pau-ferro, a sucupira,
a canela preta e parda, o pau-brasil, o sobrasil, a copaíba, o jacarandá de muitas
cores, a cabiúna, a braúna, o jatobá, a cabriúva. o óleo vermelho e pardo, o
gonçalo-alves. a aroeira, o tapinhoã, o cedro vermelho, ou rosa, e branco, a
canjerana, a bicuiba, o araribá branco e vermelho, o louro pardo, amarelo e
branco, a mirindiba ou ipê roxo, o ipê tabaco, o pau-d'arco. a tinguacibu, o arco-
de-pipa, o jequitibá vermelho e branco, a sapucaia, o murici. a maçaranduba
branca c vermelha, o cataguá ou pereira, a pindaíba, o tambu, o sassafrás, o
pinheiro, a gameleira, a candeia, a linda violeta, o bálsamo, a moreira, o guarita,
o cambuí, a folha-de-bolo. o sebastião-de-arruda, a garapa, etc.

Quanto a plantas e árvores frutíferas, também há na província imensas


qualidades, tanto indígenas como vindas de países estrangeiros; assim, temos:
o ananaseiro. a sapucaia, o bacuri. o coqueiro-da-índia ou da-baía, o coqueiro-
do-indaiá, o coqueiro-do-airi ou brejaúba, o baba-de-boi, o leribá, o de-quares-
nia. o pali ou palmito amargoso, o coqueiro-de-pindoba, a copaíba, a nogueira-
da-índia, o castanheiro, o andá-açu, a bicuiba. a pindaíba, a goiabeira vermelha
e branca, o araçazeiro dc diversas qualidades, a gabirobeira, a jabuticabeira. o
eambucazeiro, a pitangueira, a grumixameira. a uvaia. a cabeluda, o cambuí, a
ameixeira de diversas qualidades, o biribá, o araticum de diversas qualidades,
os cajueiros-do-campo e de pomar, o cajazeiro, o jenipapeiro, o maracujazeiro
do grande e do miúdo, a uva moscatel, a dedo-de-dama e outras de diversas
qualidades, o juazeiro, o ingazeiro. o jatobá, a pitomba, o bacupari-do-mato c
do-campo, o abacateiro, o abricoqueiro. o pequi, o pinheiro, o jaracatiá, a
mangabeira, a fruta-pão. o abacaxi, as bananeiras de imensas variedades, os
pessegueiros dc diversas qualidades, a carambola, o jambeiro, a romeira, a
pereira, o marmeleiro, o damasqueiro, a amendoeira, a cerejeira, os
morangueiros, a framboesa, o tamarindeiro, a mangueira, o cajá-manga. a
laranjeira de imensas qualidades, o limoeiro doce e azedo, a lima-da-pérsia e a
de-bico. a tangerineira, a frula-de-conde, a jaqueira, a figueira branca e roxa, a
amoreira, a aveleira, a tamareira, a mangabeira. a cidreira, o cafezeiro, o xixá,
a ginjeira, a macieira, o mamoeiro, a palmeira, etc.

Má com imensa profusão muitas variedades de raízes alimentícias, como;


o aipim dc diversas qualidades, a batata-doce, a batata-inglesa, que dá
abundantemente, o inhame, o mangarito, o taioba, o cará-barbado, o mimoso c
também o jaculupé.
Quanto às diversas qualidades de animais, ainda neste gênero, é a
província abundantemente provida, pois temos: a anta. o veado-galheiro ou
cervo, o campeiro, o mateiro, o catingueiro, a paca, a cutia, o porco-do-mato. o
caititu ou queixada, a guariba, a lontra, a capivara, os macacos de diversas
qualidades, os sagüis, a onça piulada, o tigre, a onça vermelha e a preta, o gato-
do-malo, o lobo-vermelho. a raposa ou cachorro-do-mato, os quatis, o
quatlmundé, a irara ou cachorrinho-do-mato, o caxinguelê, o coelho, o preá, o
talu-canastra, o tamanduá-bandeira, o tamanduá-mirim, o gambá, a preguiça, o
porco-espinho, o suçuarana, o rato e o morcego.
Há também os animais domésticos, cujo préstimo é de suma vantagem e
proveito para o homem, a saber: o boi, a vaca, o cavalo, a égua, o porco, o
jumento, o cão de imensas qualidades, a cabra, a ovelha, o burro, o galo de casa.
No género Pássaros há imensa variedade. Citaremos os seguintes:
palativas. pintassilgos, canários do País e de fora, fradinhos, gaturamos, papa-
pimenta, papa-capim, assanhaços, sabias, bem-te-vis, corrupiões, japus,
xexéus, coleiras, guaxes, avinhados, azulões, pica-paus,- tucanos, tesouras,
umbus, gaviões, corujas, araras, papagaios, maracanãs, periquitos, anum
branco e preto, perdizes, codornizes, jacus, jacutingas, jaós, nambus, capoeiras,
pombas de diversas qualidades, emas, seriemas, garças, colhereiros, narcejas,
maçaricos, jaburus, frangos-d'água, patos, marrecos, nhapim, arapongas,
pavões, melros, vira-bostas, saci, gralhas, andorinhas, águia, pelicano, cegonha,
bicudo, macuco, etc.
Entre as aves caseiras, temos: diversas qualidades de galinhas, como a
pepuíra. a garnizé, a china, a cochinchina, a americana, a mestiça, a
madressilva, a galinha-dangola, pombas de diversas qualidades, os gansos, os
patos, os marrecos, os perus, os pavões, etc.
No gênero Ofídios, isto é, cobras, há em diversos lugares da província as
cobras chamadas urutus, surucucus, sucuriús ou sucurijubas, jararacas, jarara-
cuçus, cascavéis, corais, caninanas, saracutingas, jibóias, limpa-matos, etc.
No género Saurios, temos: cágados, tartarugas, jabutis, jacarés, lagartos,
lagartixas, centopeias, camaleões, escorpiões, etc.
Quanto a insetos, temos diversas qualidades de abelhas silvestres, como
a mandassaia, uruçu, chora-mulata, cabocla, arapuá, miiiduri c jataí e outras
mais; assim como maribondos de diversas qualidades, besouros, gafanhotos,
borboletas, mutucas, vespas e outros insetos; temos também a abelha-da-
europa. que se tem aclimado perfeitamente na província e que, além do
excelente mel. produz também a cera, de que em muitos lugares se fabricam
velas para o consumo. Esta indústria seria uma das muito lucrativas para a
província, se fosse exercida em grande escala.
Também cm alguns lugares já há o bicho-da-scda, ramo de comércio que
em época não muito remota talvez contribua para a riqueza e engrandecimento
da província.
Todos os rios da província, especialmente o São Francisco e o Rio Grande
e todos os seus afluentes, são abundantíssimos de peixes de muitas qualidades,
entre as quais mencionaremos as seguintes: o dourado, a piaba, a piabanha. o
piau. o pirapetinga, o surubi, o bagre, o mandi. a precanjuba. o caboclo, o robalo,
a mandi-chorão, o pacu, a piranha, o jaú. o pirarucu, a traíra, o limburé. o
curimatã, o peixe-espada, o lambari, o cascudo e outros mais. Também há na
província camarões, ostras, caranguejos, siris, lagostas e mariscos.
Capítulo V

IDAS A G U A S M I N E R A I S D A PROVÍNCIA

conhecido em toda a Província de Minas Gerais o grande


número de fontes de águas minerais de diversas naturezas.
Ainda neste gênero nada temos a invejar dos outros países
da Europa.
^t******** Encontram-se na província nove fontes de águas férreas,
sendo uma pública na capital da província, duas nos subúrbios dela, uma na
estrada de Ouro Preto a Mariana e as outras em vários lugares da província.

Aguas alcalinas gasosas

As mais freqüentadas são as denominadas "águas virtuosas", na freguesia


do Lambari, cerca de 20 quilômetros da cidade de Campanha e de 390
quilômetros da capital do Império, e as denominadas outrora "águas-santas".
hoje do Caxambu, no município de Baependi, a cinco quilômetros pouco mais ou
menos da cidade do mesmo nome.
Também há fontes de igual natureza em um pequeno arraial chamado
Cambuquira, cujas fontes, há sete para oito anos, começaram a ser procuradas,
principalmente por pessoas de certos pontos da província.
Encontram-se fontes da mesma água na fazenda das Contendas, peito da
estrada que de Lambari vai ter a Caxambu.
Para aproveitar as fontes de Lambari e de Caxambu, o Governo Provincial c
as respectivas municipalidades, auxiliados por alguns cidadãos, mandaram fazer
diversas obras para conservação das águas no maior estado de pureza e para
comodidade das pessoas que cm avultado número as freqüentam todos os anos.
Na freguesia do Lambari, além do edifício-balneário, com quartos mobilia-
dos, espaçosos e arejados, banheiros de mármore, desviou-se em grande exten-
são o rio que corria muito peito das principais nascentes e em ocasião de cheias
as deteriorava. A eficácia dessas águas para moléstias do aparelho digestivo e
outras análogas acha-se desde muito tempo fora de dúvida em presença de uma
longa sério de fatos. Não longe das fontes principais e dentro da povoação há
uma nascente assaz abundante de água gasosa sulfurosa, com o nome 6c Pauli-
na, que tem sido usada com muito proveito nos incômodos crônicos de fígado e
moléstias uterinas.
A freguesia de Lambari, além da vantagem de possuir essas águas, reúne
a de um clima muito temperado e de incontestável salubridade. A viagem para
aquele ponto é hoje mais fácil pela Estrada de Ferro I). Pedro II, cuja estação de
Boa Vista, ramal de Cachoeira, à distância de 212 quilômetros e 200 metros da
capital do Império, está muito próxima à Seira do Picu.
Este grande melhoramento também aproveita muito às águas de Caxam-
bu e às outras fontes gasosas de Minas Gerais, por ser a dita estrada a mais
transitada pelas pessoas que da capital do Império e da Província do Rio de
Janeiro se dirigem às paragens onde existem as fontes.
No povoado de Caxambu, igualmente notável por sua salubridade, fizc-
ram-se, em 180ÍÍ, diversas obras para tornar mais cômodo e eficaz o uso das
águas. Canalizou-se o Rio Bengo, que outrora, desde o mês de novembro até o
de maio. prejudicava a pureza das águas; e nesse mesmo ano construiu-se um
edificio-balneario. Edificaram-se também seis pequenos chalés, que protegem
igual número de fontes, permitindo o seu uso em todas as estações. As fontes
assim beneficiadas são as seguintes:

• a de D. Pedro II. contendo água muito gasosa e pouco alcalina, indicada


em bebidas e banhos, para dispepsias e sofrimentos crônicos do estômago e
intestinos;
• a de I). Teresa, de água gasosa brandamente férrea e recomendada nas
obstruções das vísceras, cloroses e outras enfermidades;
• a do Duque de Saxe, contendo água muito sulfurosa, algum tanto
gasosa, prescrita por suas qualidades especiais nas lesões crônicas do útero e
sofrimentos nefríticos;
• a de D. leopoldina, contendo água gasosa, aconseliiada pelo mesmo
motivo para os sofrimentos crônicos intestinais;
• a do Conde d'Eu, composta de água muito férrea, gasosa em pequena
quantidade, usada com muito proveito nas anemias e cloroses antigas;
• a de D. Isabel, pouco férrea c gasosa em pequena quantidade, aplicada
principalmente nos incômodos crônicos do fígado e baço. nos acidentes nervo-
sos em geral, na clorose e outras enfermidades.
Todas estas fontes acham-se muito próximas umas às outras, asseme-
lhando-se, por sua composição química, às da Kuropa. O número dos freqüen-
tadores das águas de Caxambu tem aumentado muito, e é provável que ainda
aumente muito mais logo que a estrada se torne francamente de rodagem ou se
construa o ramal da Estrada de Ferro I). Pedro II.

Aguas sulfurosas

Acham-se estas águas em abundância nas diversas fontes da cidade de


Araxá, nos confins da província e também nas margens do Rio Verde; aplicam-
se em diversas enfermidades e são muito procuradas pelos animais silvestres e
igualmente para uso dos animais domésticos.

Aguas termais sulfurosas

As mais procuradas e incontestavelmente as principais das conhecidas


até hoje são as da Província de Minas, evidentemente alcalinas e sulfurosas,
segundo as análises científicas ultimamente feitas.
Estão estas águas a 39 quilômetros e 600 metros da cidade de Caldas e
uma delas, com a temperatura de quase 4 1 " centígrados, à margem direita do
Rio Verde, a 6 quilômetros e 600 metros dessa cidade.
São três as fontes ou poços mais importantes, a saber: Pedro Botelho, o
mais considerável pela quantidade de água c temperatura desta, de 46"
centígrados; o poço denominado Maria, de temperatura de 44" centígrados; e.
finalmente, o denominado Macacos, que se subdivide em dois. um com 4 1 " e
outro com 42° centígrados, sendo o mais abundante em bicarbonato de sódio.
Na opinião de alguns médicos nacionais e estrangeiros, as fontes dc
Caldas são. talvez, as primeiras do mundo.
Acham-se elas colocadas, ou situadas, na altitude de 1.828 metros c
8 metros acima do nível do mar, em um dos pontos mais saudáveis do Império.
O uso destas águas tem sido muito eficaz e conveniente no reumatismo
crônico de qualquer natureza e nas paralisias reumáticas inveteradas, cm que é
grande a sua eficácia, bem como nos dartros c nas moléstias escrofulosas,
sifilíticas e outras de igual natureza.
Estas fontes são concorridas por três a quatro mil pessoas em cada ano.
na estação menos fria.
0 clima é o mais ameno c agradável que se possa desejar. Não há
pântanos nem alagadiços próximos às fontes. O ar é puro, seco e transparente;
não há ali as neblinas matutinas nem os orvalhos copiosos das tardes. O sol
patenteia-se subitamente cm todo o seu esplendor e um vento constante varre
a atmosfera.
Kncontra-se também uma fonte termal em Monte Sião. perto dos limites de
São Paulo e Minas Gerais. Esta fonte é abundante e da mesma temperatura,
pouco mais ou menos, e. segundo se presume, é dotada das mesmas virtudes que
as de Caldas. Esta fonte jorra da altura de 1.524 metros acima do nível do mar.
Capítulo VI

DA EXPORTAÇÃO, IMPORTAÇÃO E INDÚSTRIA GKRAL


DA PROVÍNCIA, SUAS RENDAS E DO QUE NELA HÁ DR
MELHORE MAIS NOTÁVEL

Exportação

Província de Minas exporia em grande quantidade os


seguintes objetos: gado bovino, suíno, caprino e lanígero, e
bem assim animais cavalares. Exporta também ouro em
pó, pedras preciosas, courama, sola do sertão e couros de
wa&fôs&p* n r a i K j . porção de galinhas c de pássaros; extraordinária
f

quantidade do café. açúcar, algodão cm pano e em rama, fumo em rolo e picado,


cigarros, muito toucinho, queijos, rapaduras, arroz, milho, feijão, doce de diver-
sas qualidades; selins, serigotes, lombilhos e arreios para montarias; obras de
latão o de feno, canastras, liteiras, panelas de pedra, louça de barro vidrada;
chá nacional; lindas colchas e eobeitorcs de lã e algodão, toalhas e guardanapos
do mesmo, tudo o que pode haver de melhor e mais bem-feito nesse gênero,
finíssimos e mui lindos tecidos de algodão para vestimentas de homem; vinho
excelente fabricado em diversos pontos da província; muito calçado; obras de
ouro e de prata; muitas e diversas obras de couro cru e trançado.

Importação

A província importa em grande quantidade fazendas de lã, seda e algodão,


objetos de modas e fantasia, louça, ferragens, drogas, vinhos e mais bebidas
espirituosas c tudo o mais que os estrangeiros comerciam com o Brasil.

Indústria mineira

Kabricam-se em Diamantina, Serro. Itabira do Mato Dentro, Sabará e São


João del-Rei diversos artefatos de ouro e de prata que rivalizam com os
melhores vindos do estrangeiro, como sejam: anéis, brincos, colares, broches,
bocetas, pulseiras, cordões, e t c , tudo obra-prima cm seu gênero.
Há cm diversos municípios da província, como sejam, Itabira de Mato
Dentro, Santa Bárbara, Ouro Preto e Piuí, diversas fabricas onde se faz ferro tão
bom como o melhor da Suécia. Em tempos que os mineiros se compenetrem do
verdadeiro sentimento dc bairrismo, hão de dar a devida importância ao que
têm em casa. desprezando o que vem do estrangeiro.
Há na província diversas fábricas de pano de algodão, como sejam: a do
Cedro, no Tabuleiro Grande, município de Curvelo, pertencente a Mascarenhas
& Irmão; a Indústria Machadense, em Santo Antônio do Machado, município de
Alienas, a qual produz diariamente mil metros dc pano; a de Cana-do-Reino. a
Beribéri c a de Bramado de Pitangui. Além dessas fábricas, em quase todos os
municípios da província e principalmente nos de Queluz, Barbacena, Bonfim,
São João, São José del-Rei. Lavras, Oliveira, Pitangui, Bom Sucesso. Tamanduá,
Campo Belo, Formiga, Piuí, Araxá, Patrocínio, Bagagem. Uberaba, Paracatu.
Passos e outros mais. além do pano de algodão, fabricam-se também excelentes
artefatos de algodão e lã. excelentes cobertores e colchas, assim como toalhas
de trabalho aprimorado e bom gosto. Os tecidos de algodão que servem para
roupa de homem são tão finos e delicados que se assemelham às mais lindas c
finíssimas casimiras estrangeiras.
Na freguesia de Prados, município de São José del-Rei, existem muitas
fábricas onde se fazem, com todo o primor c aperfeiçoamento, excelentes selins
e mais arreios para montaria, tanto de homens como de senhoras. Esta
indústria ali é tão geral e tão aperfeiçoada que. no lugar chamado Patusca, até
as senhoras e as crianças trabalham em selins. Sem medo de passarmos por
exagerados, podemos afirmar que as obras daquele lugar rivalizam com as
melhores de semelhante gênero vindas do estrangeiro.
O rendimento desta indústria naquela freguesia é calculado cm mais de
200 contos de réis anualmente.
No município de Barbacena também fabricam-se selins iguais, tão bons
como os de Prados; fazem-se também liteiras, canos, carroças, canastras,
cardas e Lambem excelentes cigarros, conhecidos pelo nome dc Barbaccnonscs.
Nos municípios de Ouro Preto, Sabará, Mariana. Santa Bárbara e Itabira.
além do excelente forro que ali se fabrica, fazem-se machados, foices, enxadas
e freios e também grandes carregamentos de doces, cachimbos, peneiras,
chicolinhos e arreios de couro cru trançado, panelas de pedra e louça vidrada,
que tudo exporiam em grande quantidade. De São João dei-Rei também exporta-
se, anualmente, grande porção de doces de diversas trutas, não só cristalizadas
como em lalas e caixões de madeira.
Xa cidade de São José del-Rei fabricam-se grandes carregamentos de
panos riscados, assim como também grande porção de calçados para homens e
senhoras, cujos carregamentos são vendidos para fora.
Na cidade da Diamantina há também uma excelente fábrica de lapidar
diamantes.
Em Ouro Preto, Pouso Alegre, Jaguari, Mariana e em São João del-Rei. na
chácara do padre Machado, continua-se a fabricar o excelente chá nacional,
muito apreciado pelos amadores. Sc esta indústria fosse cultivada com bastante
atenção, constituiria, decerto, um grande ramo de comércio e contribuiria
também para a riqueza pública e particular da província.
Na freguesia e município de Aiuruoca, além dos finos tecidos de lã e
algodão, tré. colchas bordadas de seda e algodão, fazendas imitando a casimira
e o angola, haixeiros e panos de algodão, fabricam-se também finíssimos
chapéus de lã para o consumo.
No município de Baependi há diversas fábricas notáveis pelo capricho e
regularidade com que trabalham em fumo e cigarros, sendo as mais notáveis as
dos tenentes-coronéis Souza Guerra. Almeida Pedrozo, Viotti c João
Constantino. Além do excelente fumo, conhecido pelo nome de tabaco do
Baependi, fabricam-se os afamados ciganos c fumo crespo, que é exportado em
lalas.
Na cidade de Juiz de Fora há duas ou três fábricas de cerveja mais ou
menos importantes, que fornecem para o consumo do lugar e ainda vendem
para fora do município.
Existem em diversos pontos do sul de Minas, como sejam. Alienas. Pouso
Alegif-, Passos e Campanha, as conhecidas fábricas de velas de cera.
Km Santa Rjta da Extrema, município de Jaguari, c em outros pontos mais
há várias fábricas de pólvora.
Há hoje na província uma indústria que promete grande e vantajoso
resultado a quem dela tratar com afinco.
Kabrira-se na província excelente vinho extraído da uva americana, que é
da província, com especialidade nas freguesias e cidades de São José dcl-Rei,
Campanha. Lavras, Alienas c Barbacena.
Nesta última cidade existe uma chácara de propriedade do escrivão de
órfãos, o cidadão José Joaquim de Castro, o qual. com incansável solicitude e
génio empreendedor, se dedica ao fabrico do vinho, c tem conseguido fazer o
melhor e mais excelente vinho, tirando um bom resultado, pois que. sendo talvez
o melhor de todos os fabricados na província, encontra, por isso mesmo, pronta
e fácil extração, seguindo-se logo em bondade o que se fabrica em São José.
Também cultiva-se na província, e com ótimo resultado, a cana, dc que se
faz ali o mais cristalino e delicado açúcar. Também cultivam-se cm grande
escala o algodão, o fumo e o café. Todas essas plantas constituem um ramo dc
grande interesse para a renda pública c particular. O linho, o trigo, o centeio e a
cevada produzem otimamente, assim como a mandioca, dc que se extrai a
tapioca, da (mal se faz tão grande uso. e também a araruta.
Quanto à criação, tem merecido grande e especial cuidado da parte dos
criadores mineiros o melhoramento das raças cavalar, bovina, suína e lanígera.
Sem medo de errar, podem-se computar aproximadamente em -100 mil cabeças
os cavalos, bois. porcos e carneiros que anualmente são exportadas e vendidas
ao consumo, tanto na Corte como na Província do Rio de Janeiro.

Finanças da província

O estado financeiro da província se não é no todo muito próspero, também


não é de lodo mau. Conforme se vê no relatório apresentado à Assembléia
Provincial no ano de 1876 pelo então presidente da província, o Excelentíssimo
Barão da Vila da Barra, a receita do exercício de 187*1 a 1875, que ainda não está
liquidada, foi orçada em 1.651 :ü*40S000; a despesa fixada foi de 2.177:910S643;
entretanto, a receita arrecadada, que ainda não está liquidada, sobe à quantia
dc 2 260:436$ 178. havendo, por conseguinte, um saldo de 82:525S535.

Elemento servil da província

O número de escravos matriculados em 69 municípios foi de 365.861.


A quantia destinada para o fundo de emancipação c dividida por esses
municípios é a dc 728:628S763.
Isso é o que consta do relatório apresentado em 24 de janeiro de 1877
pelo vice-presidente, Barão de Carnarios, ao conselheiro Fiandeira de Mello,
presidente nomeado para a província.

Estradas da província

Acha-se aberta desde o princípio do corrente ano e entregue ao trânsito


público a Estrada de Ferro D. Pedro II em seu prolongamento por essa província,
desde a Estação de Enlre-Rios, na margem do Paraíba, ate o lugar denominado
Sítio, que dista da cidade de Barbacena apenas duas léguas. Muito breve
funcionará até essa cidade e Carandaí.
Também está funcionando regularmente a Estrada de Ferro Leopoldina, a
qual. partindo do Porto Novo do Cunha, chega até a nova Vila de Cataguases.
antiga Meia Pataca, na margem do Rio Pomba, e já hoje está funcionando até a
cidade de 1'bá. São estas, por enquanto, as únicas estradas de ferro que se
acham funcionando dentro da província. Conquanto haja muitas outras
concedidas, por ora acham-se só em projetos, constando-nos apenas que no dia
8 de setembro do ano de 1877 foram inaugurados os trabalhos do ramal, que,
partindo da Estação de Serraria, na margem do Paraibuna. se dirige ao arraial
do Espírito Samo do Mar de Espanha, li de crer que fique concluída dentro de
pouco tempo, atentos os recursos, a energia c a força de vontade dos
cavalheiros que se encarregaram de levar avante mais essa estrada.
Também somos informados de que a estrada de ferro de São João del-Rei,
que tem de entroncar na D. Pedro II, muito breve será uma realidade; acha-se
tomada a maior parte das ações e tratam de incorporar a companhia para dar
princípio aos trabalhos da construção. É de esperar que o patriotismo dos
mineiros faça com que não esmoreçam os concessionários desta estrada, que
tem de ligar a praça de São João del-Rei à do Rio de Janeiro.
Já está em construção esta estrada, que breve será uma realidade.
Também está-se construindo a estrada de feiro de Pirapetinga, que vem
entroncar na Leopoldina, na estação da Volta Grande.

Estrada de rodagem

Neste género propriamente dito existe somente a da Companhia União &


Indústria, a qual foi construída nas mais perfeitas condições de estrada de roda-
gem de primeira ordem, e do fato o é. Esta estrada tem pontes de ferro e alvena-
ria que são comparadas às melhores neste gênero construídas na Europa e Esta-
dos Unidos. Dela derivam três ramais, sendo um de Juiz de Kora para a cidade
de Rio Novo; outro da Ponte do Paraibuna ao Porto das Flores, na margem do
Rio Preto; o terceiro à cidade do Mar de Espanha. O leito desta estrada é lodo
empedrado c a sua extensão é de 232 quilômetros, dos quais 115 são na Provín-
cia do Rio de Janeiro. A Companhia União & Indústria possui excelentes estações
e considerável material de transporte. Entre as estações e edifícios da compa-
nhia merece especial menção a de Juiz de Fora, que hoje está servindo à Estrada
de Ferro D. Pedro II.

Além desta estrada, não nos consta que na província haja mais alguma
nas condições de uma verdadeira estrada dc rodagem e que mereça ser aqui
mencionada.
Na província, hoje, a maior paite das cidades mais importantes tem ilumi-
nação a querosene ou a azeite. Em Ouro Preto, São João dcl-Rei. Barbacena,
Juiz de Fora e outras cidades, à noite, já os passeadores não andam às escuras.
Também em muitas cidades da província, como Ouro Preto, São João del-
Kei, São José del-Rei, Sabará. Barbacena, Juiz dc Fora, Passos. Pouso Alegre,
Lavras, Campanha, Itajubá, Carmo da Cristina e outras, há teatros onde se dão
espetáculos que muitas vezes são bem desempenhados.

Existem também na província três colônias, que são a de Mucuri, a de


Uru cu e a de D. Pedro II, esta última na cidade de Juiz de Fora. Situada logo em
continuação à cidade de Juiz dc Fora, esta colônia, composta em sua maioria de
alemães e alguns brasileiros, vai prosperando. Os colonos vivem contentes e são
morigerados; dedicam-se. a maior paite, aos trabalhos de lavoura, horticultura
e artes mecânicas.
Existem também na província 17 tipografias, que funcionam regular-
mente: são três na capital da província, uma na cidade de Mariana, três na
cidade de Campanha, uma em Pouso Alegre, uma cm Caldas, uma em Uberaba,
uma em Itajubá, uma na cidade de Paraíso, uma em Juiz dc Fora. duas em
Diamantina, uma em São João del-Rei e uma cm Passos.
De todas elas saem regularmente publicados diversos periódicos, escritos
com bom gosto, gravidade c decência.
Também há na província três bibliotecas públicas, sendo uma na capital
tia província, composta de 2.B71 volumes; a segunda, cm São João del-Rei, com
2.66*1 volumes; e a terceira, na cidade de Campanha, com 2.4 \2 volumes.
Há também mais três fundadas por sociedades particulares, sendo uma
em Diamantina, com 711 volumes; outra em Ponte Nova, com 288 volumes; a
última em Ubá. Há. além disso, alguns gabinetes de leitura em algumas cidades
e vilas da província, como sejam: Três Pontas, Machado, São Gonçalo da
Campanha e outros lugares.
Há também na província um museu mineiro. Ainda em princípio, há um
gabinete de história natural, fundado na cidade de Ouro Prelo, que já possui uma
coleção gcológico-mineralógica muito notável por suas riquezas científicas.
Existem em muitas cidades da província diversos estabelecimentos de
caridade, sondo, porém, os mais importantes os de Ouro Preto, São João del-
Kei, Barbacena. Pitangui, Itabira, Curvelo. Passos, Lavras. Campanha.
Diamantina, Santa Luzia e Juiz de Fora.
Há atualmente em toda a província tantas coletorias quantos são os
municípios, isto é, coletorias gerais e provinciais; assim como há mais 32
recebedorias de rendas provinciais c em todas elas os respectivos
administradores e seus escrivães.
Há também uma repartição da Guardamoria-Gcral das Minas, a qual tem
diversos empregados, principiando pelo substituto do guarda-mor.
Há também uma Escola de Minas, a qual foi inaugurada em Ouro Preto,
em outubro de 1876.
Também há na província 160 agências de correio, com seus respectivos
empregados.
Existem na província atualmente 31 cartórios de registro geral de
hipotecas, todos com seus respectivos oficiais.
Há também na província uma repartição de catequese, a qual funciona em
Ouro Preto e tem um diretor-geral. um amanuense e diversos diretores parciais.
A força pública da província consta unicamente do corpo policial, que se
compõe de sete companhias de infantaria e uma de cavalaria, com o número de
1.200 praças
A Guarda Nacional da província consta da seguinte força:

Infantaria - Serviço ativo


Í)Ü batalhões com GOí) companhias
8 seções de batalhão com 17 ditas
Cavalaria
11 esquadrões com 22 dilas

64» dilas

Reserva
13 batalhões com 82 ditas
15 seções de batalhão com . . . .31 ditas
Companhias avulsas 2 ditas

Total da força 766 dilas

Toda esta força está dividida em 39 comandos superiores, esparsos por


diversos pontos da província.
Capítulo VII

D A CULTURA INTELECTUAL

Instrução primária c secundária da Província

instrução em geral, e em particular o ensino primário, tem


merecido constante solicitude das Assembléias Provinciais.
A prova dessa asserção é que a província gasta com a
instrução primária e secundária a quantia de 601:60OSO00.
cerca da terça parle de suas rendas. A instrução é obrigatória.
Existem na província três aulas normais, onde se habilitam os candidatos
ao professorado público. Essas aulas estão estabelecidas uma na cidade de
Campanha, outra em Ouro Preto e a última em Minas Novas.

Anexas a essas aulas existem também aulas práticas, criadas nos


mesmos lugares, por disposição de lei.
Existem também cinco externatos, situados nas cidades de Paracatu,
Minas Novas. Sabará, Campanha e São João del-Kei.
Também existe, instalado e funcionando em Ouro Prelo, desde líi de abril
de 1872, um liceu mineiro, destinado a preparar os candidatos às faculdades
superiores do Império. Este estabelecimento, consagrado à realização do seme-
lhante pensamento e como o primeiro de instrução desta rica e importante pro-
víncia, é credor da maior consideração e estima. Lecionam-se neste estabele-
cimento as seguintes matérias: português, latim, francês, inglês, matemáticas,
filosofia, geografia, história, retórica, poética e música.

Também acha-se funcionando em Ouro Preto uma escola de farmácia,


física e mineralogia,
Funciona também aí. e vai dando excelentes resultados, a Escola de
Minas, fundada há dois anos e dirigida pelo Sr. Dr. Henrique Gorceix. contratado
para esse fim pelo Governo Imperial.
Existem na província 705 cadeiras dc instrução primária, sendo duas na
colônia D. Pedro II, por conta do Govcrno-Geral. As cadeiras são 472 para o sexo
masculino e 3 3 3 para o sexo feminino. No ano de 1876 existiam vagas 188
cadeiras, providas interinamente 5 9 e providas definitivamente 4 5 8 .
Há também na província 2 8 cadeiras públicas de latim e francês.
Existem na província 3 0 colégios e 130 escolas particulares; aqueles,
frequentados por um número superior a 6 0 0 alunos e estas, por um número
também superior a 8 0 0 alunos.
Os colégios mais importantes da província são: 1") o seminário de Maria-
na; 2u) o de Diamantina; 3") o do Caraça; 4«) o de Rio Verde; 5a) o de Barbacena;
6") o de Ubá; 7«) o de Três Pontas; 82) o de Baependi; 0") o de Lavras; 10") o de
Campanha; 11") o de São João del-Rei; 12«) e 13") os de Santa Cruz e Progresso,
em Juiz de Fora.
Capítulo VIH

DA DIVISÃO JUDICIÁRIA D A PROVINCIA

Província do Minas acha-se dividida atualmente em 47


comarcas, as comarcas cm 8 3 municípios e estes em 4 2 0
freguesias, com 574 distritos c 1 curato As 47 comarcas
são 3 de terceira, 12 de segunda e 32 de primeira etilrancia,
havendo, por conseguinte, 47 varas de direito. Em cada termo,
ou município, há um juiz municipal, que também serve de juiz de órfãos. Assim
também há um promotor público.
Na capital da província há uma relação, ou tribunal de apelação, composto
de sete desembargadores, magistrados provectos e abalizados jurisconsultos.
As comarcas da província são as seguintes:

U) a comarca de Ouro Preto, composta do município desse nome;


2>0 a comarca de Mar de Espanha, do município desse nome;
3a) a comarca de Leopoldina, do município do mesmo nome;
4a) a comarca de Paraibuna, do município de Juiz de Fora:
5a) a comarca de Barbacena, do município do mesmo nome;
fr») a de Rio Verde, do município de Campanha;
7") a de Muriaé. do município do mesmo nome;
8J) a do Paraná, do município de Uberaba;

iU) a do Rio São Francisco, composta do município de Pedra dos Angicos-.


10*) a do Rio Jequitinhonha, do município de Minas Novas;
11a) a do Rio Bagagem, do município do mesmo nome;
J2i>) a do Rio Símio Antônio, dos municípios de Conceição e São Miguel de Guanhães;
13») a do Rio Araçuaí. do município do mesmo nome;
\U) a do Itapiraçaba, do município de Januária:
1f»j) a do Rio das Mortes, dos municípios de São João e São José del-Roi;
\(yi) a do Rio Sapucaí, dos municípios de Lavras e Bom Sucesso;
17a) a do Rio Grande, dos municípios de Formiga e PiOí;
18**) a do Rio Jaguari, dos municípios de Pouso Alegre, Jaguari e Ouro Preto;
19a) a do Rio Jacuí, dos municípios de São Sebastião do Paraíso e Cabo Verde;
20a) a de Três Pomas, dos municípios de Três Pontas c Dores da Boa Esperança;
21a) a de Passos, dos municípios de Passos e Carmo do Rio Claro;
22a) a de Caldas, dos municipios de Caldas e Alienas;
23a) a de Itajubá, dos municípios de Itajubá e Paraíso;
2'|J) a de Baependi, dos municípios de Baependi c Aiuruoca;
25a) a de Cristina, dos municipios de Cristina e Pouso Alto;
26a) a do Rio Preto, dos municípios de Turvo e Rio Preto;
27a) a do Rio Novo, dos municípios de Rio Novo e Pomba;
2íh) a de Ubá, dos municípios de Ubá e Cataguases;
29") a do Rio Turvo, dos municipios de Ponte Nova c Vila Viçosa de Santa Rita;
30a) a do Rio Piranga, dos municípios de Piranga e Mariana;
31¡>) a de Itapecerica, dos municipios de Tamanduá e Santo Antonio do Monte;
32a) a do Rio Lamban, dos municípios de Oliveira e Campo Belo;
33*) a de Queluz, dos municípios de Queluz e Brumado;
34¿) a do Rio Pará, dos municípios de Pará e Bonfim;
35a) a do Rio Piracicaba, dos municípios de Itabira e Santa Bárbara;
36a) a do Rio Paraopeba, dos municípios de Curvelo c Sele Lagoas;
37a) a de Pitangui, dos municípios de Pitangui c Marmelada;
3&0 a de Diamantina, dos municipios de Diamantina e Gouveia;
39-0 a do Serro, do município de Serro;
40J) a de Itamarandiba. dos municípios de São João Balista e Rio Doce;
41") a do Rio Jequi tai, dos municipios de Montes Claros c Je-quila í;
42a) a do Rio Pardo, dos municipios de Rio Pardo e Grao-Mogol:
43a) a do Prata, dos municípios de Praia e Monte Alegre;
44a) a do Rio Dourados, dos municípios de Patrocínio e Santo Amonio dos Patos;
45'') a de Paracalu, dos municípios de Paracalu e Alegres;
46a) a do Rio das Velhas, dos municipios de Sabara. Caeté e Santa Luzia;
47a) a do l^ranaíba, dos municipios de Araxá, Sacramento e São Francisco das Chagas.

As cidades da provincia são as seguintes: Ouro Preto, capital da província;


Mariana, sede do bispado de Mariana; Diamantina, sede do bispado de
Diamantina; São João del-Rei; Juiz de Fora; Sabara; Serro do Frio; Pitangui;
Campanha; Barbacena; Passos; Bagagem; Uberaba; Paraca tu; Januária; Itabira
de Mato Dentro; Santa Bárbara; Pouso Alegre; Formiga: Oliveira; Araxá; Caldas;
Pomba: Minas Novas; Montes Claros das Formigas; Grão-Mogol; Araçuaí;
Conceição cio Mato Dentro; Tamanduá; São José del-Rei: São Sebastião do
Paraíso: Baependi: Aiuruoca; lavras do Funil; Caeté; Queluz; Ubá; São Paulo de
Muiiaé; Mar de Espanha; Ix:opoIdiua; Bonfim; Santa Luzia; Alfenas: Três Pontas.-
Jaguari; Boa Esperança; Turvo; Cristina; Itajubá; Piai; Piranga; Ponte Nova; Rio
Novo; Rio Preto; Bom Sucesso; São João Batista; Viçosa de Santa Rita; Curvelo;
Patrocínio: Rio l*ardo e Prata.
As vilas são as seguintes: Brumado do Suaçuí; Campo Belo: Calaguases;
Cabo Verde; Santo Antônio do Monte; Santo Antônio rios Patos; Santana dos
Alegres; Sete Lagoas; Sacramento; São José do Paraíso; Ouro Fino; Pedra dos
Angicos; Vila do Pará: Marmelada; Pouso Alto; Jcquitaí; São Francisco das
Chagas; Carmo do Rio Claro; Vila de Gouveia; Vila do Rio Doce; São Miguel de
Guanhães; Monte Alegre.
As freguesias e distritos são incluídos na descrição dos municípios.
A província está dividida, atualmente, em 70 colégios, com 4.812
eleitores, não sc contando os daqueles lugares onde não houve recenseamento.
Segue, adiante, a descrição das cidades, vilas e freguesias, com os
distritos e curatos.

U MUNICÍPIO

Ouro Preto, capital da província, a 83 léguas da capital do Império.


Antigamente, chamava-se Vila Rica e foi fundada em 8 de junho de 1711 pelo
governador Antônio de Albuquerque Coelho dc Carvalho. Esta cidade está
situada na Serra do Ouro Preto, a 24". 2-1' c 0 " dc latitude e a 16' c 5 1 " de
longitude ocidental do Pão de Açúcar, sobre quatro morros derivados da mesma
serea, dos quais o mais notável pela sua população é o da Praça, que está a
1.680 toesas sobre o nível do mar, ficando o bairro do Ouro Preto, lugar mais
baixo da cidade, a 2.579 toesas c o cume do Itacolomi, a uma légua de distância.
A cidade é cercada ao sul pelo Itacolomi e ao norte pela Serra do Ouro Preto, e
ambas se prolongam na direção de oeste para este e dc sul a norte.
A cidade tem 35 ruas e 5 praças, e a sua população nas duas freguesias,
dc Ouro Preto e Antônio Dias. é de 13.567 almas, que com as 33.248 do municí-
pio perfaz o número de 46.815 almas de todo o município. Seu clima, em geral,
é saudável. Seu comercio, conquanto não seja dos mais animados, contudo não
6 dos piores. Seu povo 6 dócil, pacífico, amante da instrução, bem hospitaleiro
e civilizado. A cidade ó abundantíssima de boas águas, entre as quais algumas
ferruginosas, e a melhor é a que se encontra no morro de Santana. A cidade
antigamente chamava-se Vila Rica, e já foi uma cidade opulenta e ativa, como o
atestam muitos monumentos que ainda duram para glória do seu passado.
Sua fundação data de 1(199. ano em que ali foram ter os seus fundadores
Tem muitas igrejas, algumas das quais bem importantes, e muitos bons
edifícios, quer públicos, quer particulares. Suas ruas são calçadas de pedra
miúda, o que torna péssimas as calçadas.
Tem um excelente hospital, onde são tratados os pobres que ali vão ter.
Tem muitas e boas oficinas de diversos ofícios, assim como também tem
uma boa fábrica de cerveja nacional, há pouco ali estabelecida.
O município contém um colégio eleitoral com 116 eleitores c um comando
superior da Guarda Nacional.
O número de esrravos matriculados na coletoria foi de 5.632; a cota do
fundo de emancipação distribuída para o município foi de 11:216S375.
O número dc ingênuos nascidos no município desde 28 de setembro de
1871 até o último dia de dezembro de 1876 foi de 334 e o dos falecidos nesse
mesmo espaço de tempo foi de 59.
O município compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

1«) freguesia e distrito de Nossa Senhora do Pilar dc Ouro Preto;


2«) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias;
3») freguesia e distrito de São Bartolomeu;
42) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Conceição dc Antônio
Pereira;
5") freguesia e distrito de Santo António da Casa Branca;
Go) freguesia e distrito do Rio das Pedras;
7«) freguesia e distrito de Nossa Senhora do Nazaré da Cachoeira do Campo;
8") freguesia e distrito dc Nossa Senhora da Boa Viagem de Itabira do
Campo;
9«) freguesia e distrito de Santo Antônio do Ouro Branco;
10o) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Piedade do Paraopeba;
11«) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Conceição de Congonhas do
Campo;
12a) distrito dc; São Gonçalo do Tijuco;
1 ,'íu) distrito de São Gonçalo do Bagão;
14") distrito de Aranha;
lõu) distrito de São Caetano da Moeda;
16") distrito de São José do Paraopeba.

2^ MUNICÍPIO

Cidade de Mariana, sede do bispado do mesmo nome.


Esta povoação, que em 1711 recebeu o foro dc vila. com o título de vila de
Albuquerque, e que por carta régia deste mesmo ano foi mudado para o de Leal
Vila de Nossa Senhora do Carmo, obteve os foros dc cidade por carta régia de
23 de abril de 17-15. com o nome de cidade de Mariana, em obséquio à então
rainha D. Mariana de Áustria. É de todas a mais antiga da província. Nela foi
instalado o bispado em 27 de fevereiro de 17-18, dia em que tomou posse o seu
primeiro bispo, Ü. frei Manoel da Cruz, religioso de São Bernardo.
A origem da Sé catedral data da fundação do bispado. A cidade está
situada nas margens meridionais do Ribeirão do Carmo, cm latitude de 20° 21"
e longitude de 340". Foi a primeira edilidade que funcionou na província, a desta
cidade. Dista da capital da província duas léguas. Tem um comando superior da
Guarda Nacional e um colégio eleitoral com 99 eleitores.
E uma linda cidade, que contém excelentes templos e edifícios, como são
o palácio episcopal e diversas casas particulares, a Sé. São Francisco e Carmo.
A população da cidade e município é de 40.82-4 almas.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de 8.422
escravos, e o de ingénuos nascidos durante o período decorrido dc 28 de
setembro de 1871 ao último dia de dezembro dc 1870 foi dc 459, dos quais
faleceram 80.
O fundo de emancipação distribuído para este município foi de
16:7725783.
Este município foi muito extenso e ainda hoje. apesar das desmembrações
por que tem passado, não é pequeno.
Compõe-se ele das freguesias e distritos seguintes;
1") freguesia e tiislrito dc Nossa Senhora da Assunção da Catedral;
2«) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Conceição de Camargos;
3«) freguesia e distrito de Nossa Senhora do Nazaré do Inficionado;
•la) freguesia e distrito de Nossa Senhora do Rosário do Sumidouro;
5«) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Cachoeira do Brumado;
(h) freguesia e distrito de São Caetano do Ribeirão Abaixo;
7«) freguesia e distrito de Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim;
8") freguesia e distrito de São Gonçalo do Ubá;
9«) freguesia e distrito de Paulo Moreira;
104 freguesia e distrito de Nossa Senhora da Saúde;
11«) freguesia e distrito da Barra Longa;
12«) distrito de São Sebastião;
13«) distrito de São Domingos:
14«) distrito do Boa Vista.

3n MUNICÍPIO

Dinmunlina, sede do bispado do mesmo nome.


Este município foi criado por lei de 1831, e a cabeça do termo foi elevada
a cidade por lei provincial de 1838. A freguesia foi criada por resolução de 6 de
setembro de 1819. A população do município chega a 40 mil almas. A cidade de
Diamantina dista da capital da província 48 léguas a nordeste e está a 1.738
metros acima do nível do mar. colocada nas abas da Serra do llambé. K a cabeça
da comarca do mesmo nome e tem um comando superior da Guarda Nacional e
um colégio eleitoral com 121) eleitores.
K a sede do bispado dc Diamantina c aí reside o prelado D. João Antônio
dos Santos. Há aí um seminário, onde estudam aqueles que se dedicam à
profissão sacerdotal. Ali funciona regularmente um externato sustentado pela lei
provincial de 4 de outubro de 1860, onde estão em efetividade as cadeiras dc
latim, francês e matemáticas elementares. Má ali um hospital dc caridade para
tratamento da pobreza desvalida.
Também há ali um bom teatro para divertimento da mocidade, uma
tipografia e uma biblioteca com 711 volumes para a mocidade estudiosa.
Há ali também uma fábrica de lapidar diamantes. A sua lavoura é bem
importante, lendo mais dc -10 engenhos de cana, alguns de serrar tabuado e
outros de moer pedra paru ferro. Há mais de 90 fazendas de cultura, com grande
número dc escravos, assim como também de criação de gado vacum e cavalar.
A sua maior indústria consiste em tirar diamantes; contudo exporta muitos
produtos de sua lavoura e uma porção dc obras de ouro e jóias tão perfeitas e
delicadas como as que nos vêm do estrangeiro. O seu comercio é ativíssimo, e
o seu povo, muito hospitaleiro e franco, vive alegre o folgazão
Dista da capital da província 'Iii léguas e da do Império 130 léguas. E uma
das primeiras cidades da província c importante cm todos os sentidos, quer por
sua riqueza, quer pela ilustração de seus habitantes. A população da cidade não
anda longe de sete mil almas. O número de escravos matriculados na coletoria
do município foi de 2.030; c o fundo dc emancipação que coube ao município foi
de 4:054$783. Não podemos dizer qual o número dc ingênuos matriculados
neste município porque nos faltam informações a respeito. D município divide
com os de Gouveia, Conceição, Serro, Pcçanha, São João Batista e Jcquitaí.
Compõc-sc das freguesias e distintos seguintes:

U) freguesia e distrito de Santo Antônio de Diamantina;


2") freguesia e distrito de São João da Chapada:
3'-') freguesia e distrito de Conceição do Rio Manso;
•Ji') íreguesia c distrito de São Gonçalo do Rio Preto;
5-') freguesia e distrito de Nossa Senhora das Mercês do Araçuaí;
(

6») freguesia e distrito dc São Francisco;


7Í>) freguesia e distrito de Mendanha;
8«) freguesia e distrito de Curiuiataí;
9«) freguesia e distrito de Nossa Senhora da Glória:
IOÜJ distrito de Curralinho, dito de Pouso Alto e dito de Inhaí.

4& MUNICÍPIO

Suo João ücl-Rci. Esta povoação foi fundada em época anterior a 1684.
Nas margens do rio que dá o nome à comarca houve em 1708 uma horrível
carnificina entre paulistas e emboabas, e daí é que veio o nome de Rio das
Mortes ao rio que coita este município. No lugar em que teve começo essa
batalha, c que ficou com o nome de Capão da Traição, encontra-se hoje um
pequeno arraial com o nome de Matozinhos, que faz paite dos subúrbios da
cidade.
A povoação teve o foro de vila em 1714, e em 8 de dezembro de 1715 foi
empossado o seu primeiro ouvidor. Por lei provincial de 6 de março dc 1838 foi
elevada à categoria de cidade. Dista da capital da província 24 léguas e da Corte
60 léguas. Está situada a meia légua ao lado esquerdo do Rio das Mortes, nas
fraldas da Serra do lenheiro. Este município em outros tempos produziu muitos
milhares de arrobas de ouro.
A cidade de São João del-Rei é. sem questão alguma, uma das melhores
da província. Seus edifícios são de boa construção e bonita perspectiva, e há
neles, a par do luxo, gosto apurado. Tem 21 ruas, todas calçadas, e mais de 80
sobrados, 10 praças e 3 chafarizes. O seu comércio é ativo e seguro, e o de mais
vulto é o do sal; porém exporta muito toucinho, superiores queijos, aguardente,
açúcar, polvilho e muito mantimento, gado vacum, cavalar e lanígero. O terreno
do município está quase todo reduzido a campos, e as poucas matas que ainda
se encontram são de capoeiras finas. No recinto da cidade há as seguintes
igrejas: a matriz; a igreja do Carmo, templo majestoso; a de São Francisco de
Assis, templo importante, magnífico c de uma riqueza dc obra extraordinária; a
capela do Rosário; a das Mercês: a dc Santo Antônio; a de São Caetano; a do
Bonfim; a de São Gonçalo Garcia; a do Bom Jesus do Monte; e a das Dores do
Hospital.
A Casa de Misericórdia é um edifício vasto c foi fundado por um eremita
castelhano, Manoel dc Jesus, com um fundo de 20S0O0; entretanto seus fundos
hoje montam a 80:0005000, e seus bens, a 150:000$000. O edifício é o melhor
que nesse gênero há em toda a província. O hospital de São João del-Rei é a
mais rica coroa de glória que cinge a frente dos são-joanenses.
Na cidade existem bem montados alguns colégios de instrução primária e
secundária para ambos os sexos, e que tém dado excelentes resultados. Além
desses, há também aulas públicas bem freqüentadas, o que prova o quanto os
são-joancnscs são amantes da instrução.
Há na cidade uma excelente biblioteca pública, com 2.664 volumes de
boas o escolhidas obras, que durante o dia estão à mercê dos amantes da leitura
o das ciências. A cidade tem uma boa Casa de Câmara e Cadeia e também um
bem sofrível teatro, decentemente ornado. A música ali encontra todas as
homenagens que lhe são devidas. Há de 40 a 50 pianos e dois grandes coros de
música, que disputam entre si a primazia. São João del-Rei tem sido o berço de
algumas ilustrações, tais como Lameda e outras, que no púlpito têm ensinado o
Evangelho, e pela virtude c energia de seus pensamentos souberam moralizar a
sociedade em que viveram. Enfim, em São João del-Rei preza-se tudo que é
capaz de adoçar o coração e ilustrar o espírito.

A população da cidade regula por sete mil almas. O número de escravos


matriculados na coletoria de São João del-Rei foi de 8.092. O fundo de
emancipação que lhe tocou é de 16:1155574. e o número dc ingênuos nascidos
em quatro freguesias do município até 31 dc dezembro de 1876 é de 658, dos
(piais faleceram 100.
O município divide pelo lado do norte com os de Horn Sucesso c São José
del-Rei; pelo lado do sul com os de Barbacena o Turvo; pelo lado do leste ainda
com os de São José c Barbacena; e pelo lado do oeste com o de Lavras do Funil.
A população da freguesia da cidade é de 10.733 almas.
Este município tem também um comando superior da Guarda Nacional;
sua população total orça por 35.225 habitantes. Tem um colégio eleitoral com 89
eleitores e c a cabeça da comarca do Rio das Mortes.
As freguesias e distritos que o compõem são os seguintes;

U) freguesia de Nossa Senhora do Pilar de São João del-Rei;


2«) freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Barra;
3«) freguesia de Santa Rita do Rio Abaixo;
4") freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Carrancas;
5«) freguesia de Nossa Senhora de Nazaré;
6'J) freguesia dc São Gonçalo da Ibiluruna;
7«) freguesia de São Miguel do Cajuru;
8«) freguesia dc Nossa Senhora da Madre de Deus do Rio Cirande;
9«) distrito de São Gonçalo do Bnimado;
10") distrito dc Santo Antônio do Rio das Mortes;
11«) distrito dc Ponte Nova;
12«) distrito de São Francisco do Onça;
13'J) distrito dc Nossa Senhora da Serra da Piedade.
5« MUNICÍPIO

Juiz de l-bra. A povoação do Juiz do Fora foi elevada à categoria de


freguesia e vila pelo ait. tta da Lei n. 472. de 1850, que criou o município, do qual,
em virtude do § 3«. rio art. U da Lei ri. 759. de 1856, é hoje a cidade do Juiz de
Fora a cabeça. Dista da capital da província 39 léguas e da capital do Império 36.
A população da cidade e freguesia é de 12.562 almas, c a de todo o
município é de 35.225, faltando uma freguesia, da qual não consta o número. A
povoação de Juiz de Fora tem progredido de uma maneira espantosa: em 1856
constava ainda de bem poucas casas; entretanto, hoje conta perto de BOO. e
entre elas muitos prédios magníficos e de grande valor; e continua-se com
grande entusiasmo na construção dc outros muitos.
Concluiu-se. e no dia 20 de março do corrente ano foi inaugurado, com a
augusta presença dc S. M. o Imperador, S. M. a Imperatriz, vários ministros de
Estado e diversas pessoas gradas da Corte, o grande fórum, ou Casa da Câmara,
que é um magnífico edifício, devido à energia e atividade com que o Dr. Joaquim
Barbosa Lima. juiz de direito da comarca, promoveu a sua construção, mediante
a subscrição aberta pelo mesmo entre os habitantes do município. O edifício é
talvez o primeiro da província.

Está muito elegante e solidamente construído. No andar superior tem uma


grande sala ricamente mobiliada e ornada com um retrato em ponto grande de
S. M. o Imperador, oferecido à Câmara pelo Excelentíssimo Barão de Itapagipe,
e bem assim com um outro retrato, também cm ponto grande, do juiz de direito,
Dr. Barbosa Lima, feito a expensas de vários cidadãos e ali colocado com
assentimento de S. M. o Imperador. É nesta sala que a Câmara Municipal celebra
suas sessões; fica-lhe contígua a sala que serve de secretaria da Câmara. Do
outro lado está a sala onde o tribunal do júri se reúne: é grande, espaçosa e com
galerias para os espectadores. Esta sala também está ricamente mobiliada,
apresentando um aspecto imponente e de respeito; tem ao lado, além da sala
das conferências secretas do júri, um gabinete mobiliado com gosto para o
presidente do tribunal. Tem mais um grande salão para descanso do povo.

No andar inferior tem a sala das audiências bem mobiliada e, em


seguimento, mais duas salas, onde estão colocados o cartório do 2" ofício c o do
escrivão da polícia, partidor, contador c distribuidor; tudo isso ao lado direito da
entrada. No centro, um grande salão com uma linda escada para o andar
superior: esto salão o ladrilhado de pedra-mármore e tem no fundo, por trás da
(iscada, dois gabinetes.
Ao lado esquerdo deste salão ficam mais três grandes salas, sendo a
primeira onde se acha a coletotia e as segunda e terceira onde se acham os
cartórios do 1« ofício e de órfãos.
Kste grande edifício, colocado em um dos lados dc uma grande praça, tem
uma vistosa fachada e no meio dela um belo regulador público. K este edifício
que leni chamado a atenção de inúmeros viajantes c famílias de diversos lugares
desta e das províncias vizinhas que o têm vindo ver e percorrer.
Devido á iniciativa do mesmo juiz de direito, foi também construída e
inaugurada, no mesmo dia 20 de março, uma casa para escola pública dc
meninos. A casa é de sobrado, e depois dc construída foi comprada pelo
excelentíssimo Barão de Cataguases, que a ofertou ao Governo Provincial para
o fim para que foi feita. Desde a inauguração aí está funcionando a escola
pública de meninos.
Há pouco foi também aberta ao serviço a nova estação da Estrada do
Ferro D. Pedro II, feita em frente á cidade, no fim da rua da Imperatriz. É um
edifício bem elegante c solidamente construído, e pena é que fosse construído
em proporções tão acanhadas.
A cidade tem atualmente três igrejas, a saber: a matriz, a dos Passos e a
de São Sebastião, que também foi construída há pouco, a expensas do povo, e
inaugurada no mesmo dia 20 de março. U um templo pequeno, mas bem
construído, elegante e bem decente.
Também está em construção, no alto do morro da Gratidão, a nova igreja
dedicada a Nossa Senhora da Glória. Usta capela pertence à colônia D. Pedro II.
estabelecida perto da cidade. Os colonos alemães, vendo o mau estado de ruína c
decadência da capela antiga que estava servindo, promoveram entre eles e o povo
da cidade uma subscrição, com o produto da qual estão edificando a nova capela,
e graças aos esforços da comissão que dela se encarregou vai indo bem adiantada.
A matriz também foi acabada e inaugurada há pouco mais de ano. t um
templo bem construído c acha-se colocado no alto de um morro, em lugar que
muito sobressai, faltando para o complemento de tão majestoso templo a fatura
do adro, que, o tornará então de uma vista magnífica.
A cidade tem nove ruas, todas muito extensas, que são a Direita, a do
Imperador, a do Comércio, a da Liberdade, a da Imperatriz, a do Halfeld, a de
Santa Rita, a do Espírito Santo o a dc São Mateus. Destas, são macadamizadas
a Direita, a do Imperador, a da Imperatriz, a do Halfeld e parte da de São Mateus,
e calçada somente a de Santa Rita.
Há na cidade, além das aulas públicas dc um c outro sexo, três colégios
para meninos e três para meninas, todos freqüentados por grande número de
alunos. Entre todos sobressaem o Colégio dc Santa Cruz, o Progresso e o de
Nossa Senhora da Conceição, para meninas.
A freguesia tem, além das igrejas da cidade, mais algumas capelas, como
a da Grama, a da Chácara, a do Caeté e a de Matias, e também em algumas
fazendas há ermidas muito decentes, onde se celebram missas.
No município de Juiz dc Fora há um comando superior da Guarda Nacio-
nal, que compreendi! laml>ém o município do Rio Preto; bem assim também tem
um colégio eleitoral composto de 85 eleitores.
O território do município presta-sc para a cultura do café, que é cultivado
em grande escala nos terrenos que ficam ao sul do município, não havendo
grandes plantações para o lado do norte, porque as terras são muito frias c não
são próprias para essa cultura. Quanto aos mais gêneros de lavoura, o território
do município os produz com maravilhosa abundância, não só para o consumo
como ainda para a exportação, como sejam, o milho, feijão, arroz, toucinho,
queijos, e t c , etc.
Também há no município muita criação de diversas espécies, para a qual
há muito capricho e bom gosto.
Há na cidade e na Companhia União e Indústria algumas oficinas a vapor,
montadas em grande escala, onde se trabalha com grande perfeição em
máquinas para a lavoura, objetos para serralheiro, ferreiro, etc. Merecem
especial menção as oficinas da mesma Companhia, a oficina do finado João
Úrico Schiess, na Gratidão, a de Christiano Schubcrt c uma outra de André
Halfeld, todas a vapor.
Há também na cidade duas fábricas de cerveja nacional, sendo a mais
importante a que se acha no morro da Gratidão, pertencente â viúva de Kremer,
e depois a de Martim Kaschcr, na rua do Imperador.
Há também diversas fábricas de tijolos, telhas, carros e carroças.
Todo o pessoal da freguesia é excelente c assaz numeroso, bem como o
do município, e aí existem muitos homens de letras, cidadãos c artistas de
merecimento e grande número de capitalistas e fazendeiros abastados.
A cidade de Juiz de Fora é hoje talvez a melhor c mais importante
povoação da Província de Minas Gerais.
Há na cidade uma tipografia movida a vapor, onde se imprime o periódico
hebdomadário Ptuirol, escrito com decência c bom gosto. A tipografia está bem
montada e em estado de bem desempenhar (malquer trabalho dc impressão.
Anexas à tipografia existem duas oficinas: uma dc encadernação e fábrica
dc livros em branco e urna de pautação.
Dentro da cidade existem dois teatros, sendo um grande, que ainda não
está acabado, mas já se presta para o trabalho dramático; o outro é pequeno,
mas está arranjado com alguma decência, e pertence ao edifício da Santa Casa
de Misericórdia, a cujo lado está.
Dentro do município, em toda a linha da listrada de Ferro D. Pedro II, que
o atravessa, liá as seguintes estações: Serraria, Paraibana. Espírito Santo, Matias
Barbosa. Cedofeita, Retiro, Juiz de Fora, Rio Novo, Benfica e Chapéu-d'l'vas.
Existe na cidade, ao lado da igreja dos Passos, um pequeno mas decente
edifício, intitulado Santa Casa de- Misericórdia, onde em épocas de epidemia são
recolhidos e tratados alguns pobres desvalidos que ali vão ter.
Também existe no município a importante colônia D. Pedro II, à distância
de um quarto de légua da cidade. Essa colônia é composta em sua quase
totalidade de tiroleses.
A colônia tem sua igreja e também duas escolas de ambos os sexos, pagas
pelo Governo, que são freqüentadas pelos filhos dos mesmos colonos. Ali existe
também a Escola Agrícola, sustentada pela Companhia 1'nião o Indústria, que foi
fundadora da mesma colônia.
A cidade de Juiz de Fora tem grande número de amadores de música, o
que se prova com o grande número de pianos que há dentro da cidade, número
que chega bem petto de cem.
O comércio da cidade é bastante forte e animado; há casas de negócio
com grande sortimento de tudo o que se pode desejar.
Para se poder conhecer o grau de adiantamento e prosperidade que tem
atingido essa povoação no pequeno período decomdo de 18H6 para cá,
apresentamos a seguinte estatística:

Tem a cidade, em todas as ruas de que se compõe, 778 casas, sendo dc


sobrado, 37; sobrados em construção, 2; casas assobradadas. 22; ditas em
construção. 1; chalés, 5, sendo 2 de sobrado; chalés em construção, 3; casas
térreas, 708; ditas em construção, 6. Total. 778.
Lojas de fazendas, ferragens, armarinho, louça, objetos de luxo e dc
modas, cm ponto maior, 12; ditas em ponto menor, 15.
Lojas que vendem roupa feita, 27; armazéns de molhados, sal,
mantimentos e gêneros diversos do País e de fora, 17; vendas de mantimentos,
molhados e gêneros da terra, 58; bilhares, 12; hotéis. 24; boticas, 5; padarias,
3; açougues, 6; confeitarias, 3; capitalistas, 12; advogados, 10; médicos. 6;
padres. 3; negociantes de jóias, 6; relojoeiros, 4; ourives, 4; retratistas. 1;
dentistas, 3; pintores, 4; cambistas, 4; modistas, 1; casa de agências e leilões.
1; casas de vender café torrado, 2; vidraceiros. 2; chapeleiros, 2: colchoeiros. 2;
correeiros. 2; marmoristas, 1; tipografia, 1; carros de aluguel, 20; oficinas dc
fogos de artifício, 2; lojas de alfaiate. 10; lojas de barbeiro, 6; lojas de
carpinteiro, 6; lojas de caldeireiro e funileiro, 9; lojas de marceneiro, 3; lojas de
seleiro, 2; lojas de sapateiro, 10; oficinas diversas a vapor, 4: ditas que não são
a vapor, 2; oficinas de ferreiro, 12; fábricas de cerveja nacional, 2; fábricas de
tijolos, 4; fábricas de telhas. 4; fábricas dc carroças c carros. 5; fábricas de
charutos e cigarros, 4.

O número de escravos matriculados neste município, conforme consta do


relatório do presidente da província, apresentado à Assembléia Provincial em
1870, é de 14.308; e o fundo de emancipação destinado para o mesmo foi de
28:0163504.
Ü número de ingênuos da freguesia de Juiz de Fora matriculados na
coletoria até 31 de dezembro de 1876 é de 481, dos quais faleceram 46.
Seja-nos permitido dizer aqui que se não apresentamos o movimento do
elemento servil deste município com toda a minúcia que desejávamos, é isso
devido à pouca vontade do empregado respectivo, que, desculpando-se sempre
com muito serviço da repartição, não nos ministrou os apontamentos precisos
c, por isso, tivemos de recorrer ao citado relatório.
O município de Juiz de Fora divide pelo lado do sul com os de Valença e
Paraíba, e pelo Rio Prelo; ao norte com os de Barbacena e Pomba; a leste com
os de Rio Novo c Mar do Espanha: e a oeste com os de Rio Preto e Barbacena.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:
H) freguesia de Santo Antônio de Juiz de Fora;
1

2u) freguesia de Nossa Senhora da Assunção do Chapéu-d'Uvas;


3") freguesia de São Francisco dc l aula do Monte Verde;
J

4«) freguesia de São José do Rio Preto;


5s>) freguesia de São Pedro de Alcântara;
(ia) distrito de Quicara;
7o) distrito de Rosário,-
8") distrito dc Sarandi;
9«) distrito dc Vargem (Irando;
l()u) distrito de Santana do Deserto.

0« MUNICÍPIO

Sabará. O território de Sanará foi descoberto pelos paulistas em 1G69; em


1700, encontrando o tenente-general Borba Gato muita riqueza de ouro e pedras
preciosas, atraiu para ali grande população. Km 9 de julho de 1711 foi elevada
a vila com o título de Vila Real de Sabará e, confirmada por El-Rei ern carta de
31 de outubro de 1712. ficou logo considerada como cabeça dc comarca. A
cidade está situada na margem setentrional do Rio Sabará e meridional do Rio
das Velhas, a 19", 47' e 15" dc latitude e 331", 1' e 15" de longitude da Ilha do
Ferro.
Sua elevação à categoria de cidade teve lugar pela Lei Provincial n. 93, de
1838. Dista da capital da província 15 léguas, c da Coite do Império. 95. Tem um
cornando superior da Guarda Nacional, um colégio eleitoral com 135 eleitores e
é a cabeça da comarca do Rio das Velhas.
A cidade consta de 22 ruas. que desfilam pelas margens do Rio das Velhas
e Sabará; tem H largos e 9 travessas.
Tem 4 fontes que abastecem a cidade de ótima água. O seu comércio é
ativo e forte, e o seu crédito é muito bem firmado. Tem um bom e bem cons-
truído teatro, feito a expensas de uma sociedade particular. Os edifícios são de
bela arquitetura e forte construção: entre eles há grande número de sobrados.
Há nesta cidade um hospital para tratamento dos enfermos pobres,
aberto em 31 de maio de 1812, que funciona em um magnífico prédio da rua do
Fogo.
O povo da cidade de Sabará é tão civilizado e amante da instrução que
custa encontrar-se uni sabarense que não saiba ier, escrever, contar, música e
ofício. A pouca distância da cidade existem diversas companhias de mineração,
que muito concorrem para a atividade comercial que ali se nota: uma colocada
no fim da cidade, denominada Emília, ou Papa-Farinha; e a outra, a duas c meia
léguas, em Congonhas do Sabará, denominada do Morro Velho, que tem dado
muitas centenas dc arrobas de ouro de 18 e 19 quilates.
A população de todo o município eleva-se ao número de 54.257 almas.
Este município produz ouro. ferro, aguardente, açúcar, rapaduras,
vinagre, farinha de mandioca c dc milho, polvilho, toucinho, tabaco, cereais de
toda a espécie, salitre, sola, couros miúdos, algum peixe e muitas frutas da
melhor qualidade.
Também ali se fazem sofríveis tecidos de lã e algodão e muito tabuado,
azeite e sabão.
O número de escravos matriculados na coletoria de Sabará é de 8.982; e
o fundo de emancipação que lhe tocou foi de 17:888$048.
O número de ingênuos matriculados, segundo as participações dos páro-
cos de algumas freguesias, até o fim de 1876 é de 324, dos quais morreram 87.
O município divide ao norte com o dc Santa Luzia de Sabará; ao sul. com
o de Ouro Preto; a leste com o de Caeté; e a oeste com os de Pitangui e Bonfim.
O município do Sabará compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Sabará;


2o) freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lapa;
3") freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del-Rei;
4") freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Raposos;
5") freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Congonhas do Sabará;
6u) freguesia de Santo Antônio do Rio Acima;
7a) freguesia de São Gonçalo da Contagem;
8a) freguesia dc Venda Nova;
9a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Capela Nova de Betim;
10«) freguesia de Santa Ouitéria;
11») distrito das Pindaíbas.
7u MUNICÍPIO

Serro do Frio. O município do Serro foi criado por decreto de 29 de janeiro


de 1714. Depois, a vila foi elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial n.
93. de G de maio de 1838. Ú cabeça de comarca; tem um comando superior da
Guarda Nacional e um colégio eleitoral composto de 120 eleitores do município.
A povoação está situada nas serras, a 514 braças acima do mar. 14 léguas
distante da capital da província e 128 ao norte do Rio de Janeiro, a 18" e 20" de
latitude, cm anfiteatro, numa colina irregular, cm cuja raiz corre o Ribeiro
Quatro Vinténs.
A população do município orça por 48 mil almas. Ali existe um hospital
onde são tratados os enfermos desvalidos. A cidade tem, além da matriz, mais
5 igrejas: tem 11 ruas e 5 arrabaldes e tem mais de 800 casas.
A população da cidade orça por sete mil almas. Seu comércio é ativo e
forte, tem muitos capitalistas e homens abastados. Há ali muitas oficinas de
todos os ofícios.
O clima do município do Serro é sadio e temperado. O seu terreno dá
algum ouro e poucos diamantes. A sua lavoura produz com abundância todos os
gêneros, como milho, feijão, arroz, cana, café. fumo. trigo e mandioca, porém a
mais forte é a da cana-de-açúcar.
A sua exportação maior é paia a Diamantina.
O número de escravos matriculados na eoletoria do Serro é de 9.420; e a
quota distribuída para fundo de emancipação é de 18:760$344.
O número de ingênuos matriculados, segundo informam os párocos de
diversas freguesias, é de 529, dos quais faleceram 124.
O município divide pelo lado do noite com o de Diamantina; pelo do sul
com o de Conceição; pelo lado do leste com a Província do Espírito Santo, pela
Serra dos Aimorés; o pelo lado do oeste com o de Gouveia.
Compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Serro;


2") freguesia de llambé;
3'- ) freguesia de Santo António do Rio do Peixe;
1

4«) freguesia de Milho Verde;


5Ü) freguesia dc São Gonçalo;
6a) freguesia de Nossa Senhora da Penha do Rio Vermelho;
7u) freguesia de São Sebastião das Correntes;
B") distrito de Senhora Mãe dos Homens do Turvo.

8« MUNICÍPIO

Pitangui. A povoação que hoje existe com o nome de cidade de Pi langui em


1709 era um seitão ermo, inculto e despovoado. Nesse ano, porém, vieram para
ali alguns paulistas, das partes de Sabará c Caeté, à procura das terras, ao
poente, onde supunham existir ricas minas de ouro. Em 1711 ali entrou o
primeiro povo com a notícia do descobrimento no Rio Batatal. O ouro era abun-
dante não só sobre este ribeirão como também em todos os outros córregos. O
rio que naquele tempo ali se chamava Pitanguí é hoje o Pará. Km 17KÍ vendia-se
ali a oitava e meia de ouro em pó por uma mão de milho, que são CA espigas,
cerca de uma quarta pouco mais ou menos. Km 1714 houve ali um 1a tabelião de
notas, e o lugar se chamava então Minas de Pitanguí, freguesia de Nossa Senho-
ra do Pilar, até abril de 1 7 1 5 , em que então começou a chamar-se Vila de Nossa
Senhora da Piedade de Pitangui. Dc então por diante foi crescendo a população.
Hoje. Pitangui é uma cidade notável pela fertilidade de seu solo. pela
índole pacífica de seus habitantes e por sua hospitalidade, caridade e religião.
A cidade está situada nas margens orientais do Rio Pará e nas
setentrionais do Rio de São João. A povoação de Pitangui foi elevada à categoria
de cidade pela I^ei Provincial n. 7 3 1 , dc 16 de maio de 1855.
Dista da capital da província 3 6 léguas. Tem um comando superior da
Guarda Nacional e um colégio eleitoral com 6 9 eleitores.
A cidade tem 1<l mas, uma excelente matriz e, além dela, tem mais as
seguintes igrejas: São Francisco, Rosário, Bom Jesus, Santa Rita, Conceição e
Penha. Tem um bom cemitério, fundado pelos missionários frei Eugênio c fret
Francisco. Tem um bom e espaçoso hospital para tratamento dos enfermos
indigentes.
Ali é extraordinário o gosto pela música; tem uma excelente banda para
orquestra.
O município é fértil, especialmente dc algodão e cana, que é a sua maior
lavoura.
A população do município ó dc 27.088 almas.
Suas campinas c vastas colinas, malas, serras, vales e ribeirões formam
um quadro encantador. Seus rios são abundantíssimos dc peixes de muitas
qualidades. Ali fabricam-se excelente açúcar, rapaduras e aguardente; alem da
grande porção de algodão em rama c em pano, que se exportam, também
fabricam-se ólimos tecidos do mesmo, que não só servem para o consumo,
como também para ser exportados.
Em um de seus rios, em outros tempos, descobriram-sc aljôfares.
Ü número de escravos matriculados na coletoria de Pitangui foi de 6.590;
o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 13:124S27<I.
Segundo informam os párocos de cinco freguesias deste município,
tiveram lugar os nascimentos de 571 ingênuos, dos quais morreram, até 31 de
dezembro de 1876. UM.
Este município confina pelo norte com os de Curvelo e Marmelada: pelo
sul com os de Tamanduá e Bonfim; pelo lado do leste com o de Sabará; e pelo
do oeste com o de Marmelada.
O município compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1«) freguesia de Nossa Senhora da Piedade dc Pitangui;


2") freguesia de Santana da Maravilha;
3'i) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Pompeu;
4«) freguesia de Santana do Onça do Kio São João Acima;
5«) freguesia de Nossa Senhora do Bom Despacho;
6«) freguesia dc Nossa Senhora da Abadia;
7«) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Pará, ou Cajuru;
8'J) distrito do Cercado;
ÜÜ) distrito de Santo Antônio do Pequi;
10«) distrito dc Conceição do Pará.

9« MUNICÍPIO

Campanha. Esta importante povoação foi erigida freguesia com o título


de Santo Antônio do Vale da Campanha por ordem régia de 1752; foi depois
elevada a vila com o título dc Princesa da Campanha por provisão régia de 20
de outubro de 1798; depois a cidade pelo § 2B do ait. In da Lei Provincial n. 183.
de 1849.
C) município tem atualmente 29.915 almas dc população; a cidade tem
aproximadamente 7.3ÜÜ almas. Tem um comando superior da Guarda Nacional
c um colégio eleitoral com 75 eleitores. É muito populoso e rico. A cidade de
Campanha é grande e está colocada cm uma colina pouco elevada, lugar muito
aprazível c saudável, todo rodeado de campinas c com grande abundância de
água. Tem muito bons edifícios, alguns dos quais muito bem construídos e ele-
gantes. A povoação é uma das mais antigas da província: tem 27 ruas nem
extensas, 11 praças c 8 travessas, todas calçadas. Tem boa Casa de Câmara,
cadeia bem espaçosa; tem também 6 igrejas, entre as quais sobressai a matriz,
templo grande e muito bem ornado. A das Dores não é pior. Há ali um bom
hospital para tratamento da pobreza desvalida. Há também ali uma biblioteca
pública com 2.442 volumes para recreio dos estudiosos, assim como também há
3 tipografias, em que se publicam vários periódicos escritos com elegância c
bom gosto.
Ali existe uma aula normal, em que se habilitam aqueles que se dedicam
ao magistério público, assim como uma aula prática anexa à normal; também há
um externato para meninos e bem assim um colégio. Ali também é cultivada a
música com muito bom gosto. Há na cidade alguns pianos. Há também um
excelente comércio na cidade. A sua cultura não é pior: consta ela de fumo, cana.
mandioca e lodos os mais gêneros alimentícios; fabricam-se muito e excelente
polvilho, açúcar, aguardente, rapadura, farinha de mandioca e de milho, c há
abundância de tudo. Também há muita criação cavalar, bovina, suína e lanígera.
A cidade de Campanha da Princesa é um lugar onde se vive barato e
comodamente. Dista da capital da província 55 léguas e 64 da Corte. Existe na
cidade de Campanha uma acreditada fábrica de fundição de metais c dc
excelentes sinos, assim como também uma fábrica de máquinas de relógios e de
picar fumo.
Também sc fabrica no município de Campanha muito excelente vinho, que
já servo para exportação.
Na freguesia de São Gonçalo da Campanha, pertencente ao município,
existe há muitos anos uma fábrica de chapéus de lá para homens, que pertence
hoje à baronesa do Rio Verde.
É ainda no município dc Campanha que existem as célebres "águas
virtuosas" de Campanha. Lambari e Cambuquira, águas de efeito prodigioso e
que sc têm tornado célebres pelas magníficas curas que têm operado.*
O número de escravos matriculados neste município foi de 6.750; e o
fundo de emancipação distribuído para ele foi de 13:442$922.
O município de Campanha divide por um lado com os de Lavras e Três
Pontas; por out.ro com os dc Baependi e Aiunioca; por outro com os de Cristina
o Itajubá; por outro com os de Pouso Alegre c Alfcnas.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1 « ) freguesia de Santo Antônio do Vale da Campanha;


2o) freguesia dc São João Batista do Douradinho;
3«) freguesia de São Gonçalo da Campanha:
4<>) freguesia de Nossa Senhora da Saúde das A g u a s Virtuosas da
Campanha;
5B) freguesia de Senhor Bom Jesus do Lambari;
tio) freguesia de Divino Espírito Santo da Mutuca;
7u) freguesia de Três Corações do Rio Verde;
íit.') distrito de Santa Isabel,
9«) distrito de Cambuquira.

10a MUNICÍPIO

Harhacena. A cidade de Barbacena, outrora arraial da Igreja Nova. que


tomou o nome de seu fundador, o visconde de Barbacena, foi fundada em 14 de
agosto de 1791. Foi elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial n. 163. de
9 de março de 1849.
A cidade de Barbacena é com justa razão chamada a Princesa dos
Campos: seus ares são mais do que excelentes, respira-se ali uma atmosfera
puríssima e inteiramente livre de miasmas. Acha-se colocada em cima de uma
montanha, que tem a configuração quase semelhante a uma cruz. Está a 3.600
pés acima do nível do mar e a 2 1 " c 78' de latitude. A população da cidade orça

* Viilc ;t descri tão ridas n;is |>. G'A a 60 desta obra.


por 5.200 almas c a do municipio, por 42 mil almas. Foi na cidade dc Barbacena
(pie em 10 de junho de 1842 teve seu começo a Rebelião Mineira.
A cidade dista da capiLal da provincia 22 léguas e da Coite do Império 50
léguas. A cidade tem algumas mas, parte das quais calçadas e outras
macadamizadas; porém a principal é a Direita, (pie vai da matriz ao Rosário e é
calçada; a da Boa Morte é macadamizada. Além da matriz, que hoje está
retocada e bem decorada, tem mais a igreja da Boa Morte, magnífico templo
todo de pedra de cantaria e alvenaria, a igreja do Rosário, a de São Francisco e
a capela do hospital e uma de Santo Antônio, no Alto do Cangalheiro.
Ü comércio mais forte da cidade c o do sal, pois dali saem anualmente
mais de 00 mil sacas do mesmo. A cidade tem-se tomado um empório de
comércio de gêneros vindos de outros municípios e que são trocados por sal.
Nas imediações da cidade há divei-sas caieiras, donde se exportam anualmente
muitos milhares de alqueires de cal de pedra.
O clima do município é ameno, saudável e fértil; produz lx;m todos os gêne-
ros de cultura e cereais; a batata-inglesa aí produz prodigiosamente e exporta-se
em grande quantidade. Seus campos são ótimos para a criação do gado, tanto
vacum como cavalar, que ali prospera bem, e as raças têm melhorado.
Todo o pessoal da cidade e município é ótimo e assaz hospitaleiro,
caprichoso e obsequiador; e ali se encontram importantes capitalistas c homens
de letras. Há na cidade o hospital da Santa Casa da Misericórdia, edifício grande
e espaçoso; acha-se colocado nas imediações da cidade em um lugar bem
saudável, c ali encontram os pobres e desgraçados enfermos todo o agasalho e
caridoso tratamento em suas moléstias. Há na cidade um grande c bem
espaçoso cemitério todo murado de pedra e com uma capela no centro. Há ali
uma boa Casa de Câmara e Cadeia, assim como muitos c bons edifícios
pertencentes a particulares. Também há um teatro.
Kxistc ali o Colégio Providencia, dirigido pelo padre João Ferreira de
Castro e que conta mais de ÍOO alunos internos; é um excelente estabelecimento
de educação.
Há em Barbacena um comando superior de Guarda Nacional, e bem assim
um colégio eleitoral composto de 106 eleitores.
Quanto a indústrias, ali fabricam-se com grande perfeição excelentes
selins para montaria de homens c senhoras e fabricam-se lindas liteiras, muito
boas canastras, cardas c excelentes cigarros que são expoliados para a Corte
e m grandes [torções.
Também fabrica-se vinho, talvez o melhor da província; o escrivão de
órfãos, o cidadão José Joaquim de Castro, homem ativo c laborioso, tem cm sua
chácara, nos subúrbios da cidade, uma grande plantação de paiTciras de uva-
manga. da qual já tem feito algumas pipas dc vinho; porém é pena que ele não
seja auxiliado cm seus esforços para melhorar e aumentar o fabrico de um
género que tanto pode concorrer para o aumento da riqueza pública e particular.

No município também fabricam-se ótimos tecidos de lã e algodão.


O número de escravos matriculados na coletoria foi de 10.318; c o fundo
de emancipação que lhe foi distribuído é de 2 0 : 6 0 8 $ 5 9 7 .
Quanto ao número dc ingênuos matriculados desde 2 8 de setembro de
1871 até 31 de dezembro de 1870, só sabemos de duas freguesias do município,
onde nasceram 2 2 8 , dos quais faleceram 35.
0 município divide pelo lado do sul com os de Juiz de Fora e Rio Preto; pelo
lado do noite com os de São José del-Rei e Queluz; pelo nascente com os de
Pomba e Rio Novo; pelo poente com os de Turvo, São João e São José dcl-Rci.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia dc Nossa Senhora da Piedade de Barbacena;


2") freguesia de Melo do Desterro;
3a) freguesia de Santana do Barroso;
4a) freguesia de Nossa Senhora das Dores do Rio do Peixe;
5a) freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Ibitipoca;
Ha) freguesia de João Gomes;
7a) freguesia de Santa Rita da Ibitipoca;
8") freguesia de Quilombo:
9a) distrito de Ilhéus;
10a) distrito de Ribeirão;
1 la) distrito de Curral;
12a) distrito de Livramento;
13a) distrito de Santana do Garambéu;
14a) distrito dc Ibcitioga.
1 U MUNICÍPIO

Bagagem. A freguesia de Bagagem foi criada pela Lei Provincial n. 6 6 7 , de


1854, e, sendo elevada a vila pela IXÍÍ n. 777, de 3 0 de maio de 1 8 5 5 . passou a
cidade por outra lei, a n. 1.101, de 10 de setembro de 1 8 6 1 . Hoje, é a cabeça da
comarca do mesmo nome. A população da cidade orça por 8.'I00 almas, e a de
lodo o município, por 27 mil almas.
Tem um comando superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral com
67 eleitores.
Dista da capital da província 9 6 léguas. A povoação da cidade é grande;
tem bastante comércio, e bem animado. A lavoura do município consta de cana,
cereais e mais gêneros do País.
Exporta grande quantidade de porcos e gado bovino. Esta povoação
lornou-sc bastante nomeada por causa da grande extração de brilhantes e ouro
em pó que ali houve e que ainda hoje constitui a maior indústria do lugar.
O número de escravos matriculados na coletoria de Bagagem é de 2.963;
e o fundo de emancipação destinado para ele é dc 5:900S944.
O número de ingênuos de duas freguesias do município matriculados até
o fim de 1 8 7 5 é de 160. dos quais faleceram 2 2 .
O município divide com os de Santo Antônio dos Patos, Patrocínio e Araxá,
pelo lado de Minas, sendo sua divisa com a Província de Goiás o Rio São Marcos.
O município consta das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Nossa Senhora Mãe dos Homens da Bagagem;


2a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Bagagem;
3a) freguesia de Água Suja;
4a) freguesia de Nossa Senhora do Amparo do Brejo Alegre:
5a) freguesia dc Santana do Rio das Velhas,-
6a) distrito de Estrela do Sul.

12a MUNICÍPIO

Passos. O povoado do Senhor Bom Jesus dos Passos foi elevado a


freguesia pelo § 6« do art. la da I.ei Provincial n.184, de 3 de abril de 1840;
depois a vila pelo § 1^ do art. 1« da Lei n. 386, de 9 de outubro de 1848, e a
cidade pela Lei n. 854, de 11 de maio de 1858.
A cidade de Passos está situada em uma vasta campina de pouca
elevação; em distância dc uma légua é rodeada dc ricos matos, que contém
grande quantidade dc madeiras dc lei; é banhada pelo Rio Grande.
A cidade conta peito de 700 casas habitadas, algumas delas de muito boa
construção. E cortada por 33 ruas não-calçadas e 6 largos, que são o da matriz
e o do Rosário, onde está a cadeia, c outros.
Além da matriz, que c pequena, malconstruída e Lambem nialcolocada,
tem mais as igrejas do Rosário, Santo António. São Miguel e da Penha.
A população do município de Passos orça por 21 mil almas, sendo que a
da cidade e sua freguesia é de 4.56] almas.
Dista da capital da província 78 léguas, da Corte 100. do Campanha 39 e
da Estação da Boa Vista 00 léguas.
Possui um comando superior da Guarda Nacional, e seu colégio eleitoral
consta dc 41 eleitores.
O povo do município e da cidade é pacífico, morigerado. religioso,
hospitaleiro e dedicado às letras. A música é ali apreciada, e uma orquestra bem
importante presta-se para as necessidades do lugar. Há na cidade um teatro
bem decorado.
Além das aulas públicas de primeiras letras para ambos os sexos, há ali
uma aula prática de latim e francês.
Possui um bom hospital, fundado pelo finado fazendeiro Jerónimo Pereira
de Mello e Souza, onde é tratada a pobreza desvalida.
Há ali um vasto e bem-acabado cemitério público, feito a expensas do
povo c devido aos esforços dos capuchinhos frei Eugênio e frei Francisco.
O município é banhado pelos rios São João, Bocaina. São Francisco.
Santana do Bom Sucesso e pelo Rio Grande, que já passa muito volumoso por
ter-se engrossado com a junção do Sapucaí.
A cultura do município vai prosperando, e a criação, também. Seu
comércio é bastante animado e importante. Exporia anualmente para mais de
30 mil cabeças de gado, mais de 8 mil porcos gordos, mais de 2 mil carneiros c
para mais de 8 mil varas de pano de algodão; importa fazendas, molhados,
louças e ferragens no valor de mais de 200 contos por ano.
O número dos escravos do município matriculados na eoletoria foi dc 4.065;
c o fundo dc emancipação distribuído para este município foi de 8:095$(>25.
O número de ingênuos matriculados em duas freguesias, a saber, a dos
Passos e a de Santa Rita do Rio Claro. foi. segundo informaram os respectivos
párocos, de 481, dos quais faleceram 88.
Dista de Campanha 39 léguas.
O município de Passos divide, por um lado. com o Rio Grande c, pelos
outros lados, com os municípios de São Sebastião do Paraíso, Cabo Verde e
Carmo do Rio Claro.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Senhor Bom Jesus dos Passos;


2a) freguesia dc São Sebastião da Ventania;
3«) freguesia de Santa Rita de Cássia;
4«) freguesia de Nossa Senhora das Dores do Aterrado.

13« MUNICÍPIO

Uberaba. A povoação de Uberaba foi elevada à categoria de freguesia pelo


decreto de 12 de março dc 1820; passou depois a vila pela Lei Provincial n. 28,
dc 1830; e por último a cidade pelo § 2a do ait. la da Lei n. 759, dc 2 de maio
de 1850. A população do município eleva-se a 20 mil almas, sendo a da freguesia
da cidade de 10.500. A cidade de Uberaba é a cabeça da comarca do Paraná; tem
um comando superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral composto de 49
eleitores. Dista 100 léguas da capital da província.
A povoação c grande e tem bom pessoal; ali há, além das aulas de
instrução primária para ambos os sexos, uma aula pública dc latim c francês. O
município é bastante rico. pois. além dc fazendeiros importantes, tem muitos
capitalistas. Seu terreno é fértil, suas matas abundam cm madeiras de constru-
ção e, seus campos são excelentes para a criação de gado.
O clima da Uberaba é saudável o benéfico. O seu comércio é importan-
tíssimo, tanto de exportação como dc importação.
A sua lavoura também é próspera c rica, mas a principal é a da cana,
sendo que também se cultivam com grande vantagem todos os mais gêneros da
cultura mineira. A maior parte dos fazendeiros são quase todos criadores e
exportam, além dos géneros da lavoura, muito gado vacum, cavalar, suíno e
lanígero.
O número de escravos matriculados na coleloria do município foi de
3.302; o o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é dc 6 : 5 7 6 3 0 7 8 .
O número dc ingénuos nascidos c batizados cm três das freguesias do
município até 31 de dezembro dc 1876 foi de 509, dos quais faleceram 8 1 .
O município divide por um lado com o de Prata; por outro com o de
Sacramento, e por outro com o de Araxá.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") rreguesia de Santo Antônio da Uberaba;


2a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Fintai;
te) freguesia de São Pedro de Ubcrabinha;
•V') freguesia de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso.

Mu MUNICÍPIO

PüCiicatu. A povoação de Paracatu foi elevada â categoria de vila pela carta


régia de 2 9 de outubro de 1 7 5 8 e depois a cidade pelo § te do art. 1 da Leiu

Provincial n. 163, dc 1819. \i hoje cabeça da comarca do mesmo nome. A popu-


lação do município eleva-se a 2 8 mil almas e a da cidade e freguesia é de M.587
almas. Tem um comando superior da Guarda Nacional, bem como um colégio
eleitoral composto de 8 4 eleitores. Dista da capital da província 110 léguas.
A povoação é grande e bem colocada; tem boas ruas, boas igrejas, boa
Casa de Câmara e Cadeia. Seu povo é o mais hospitaleiro e amável que é
possível; há ali muita vida, muita animação e muita sociabilidade, ao contrário
de outros lugares da província. Há ali muita vocação para a música, tanto que
há unia grande corporação musical. Seu comércio é animado c importante,
sendo feito quase todo pela Bahia.
Há no município muito boas fazendas de campos c matas; nos campos
criam-se milhares de cabeças dc gado bovino, cavalar, lanígero c também suíno,
e nas matas cultivam-se todas as qualidades dc cereais, e bem assim café e
cana, que é a mais importante cultura do município, sendo também a maior
parte de sua exportação pela Bahia.
O número de escravos matriculados ria coletoria do município foi de
2.638; e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído foi de 5 : 2 5 3 5 6 9 3 .
O número de ingênuos nascidos na freguesia no período decorrido de
1871 a 1 8 7 6 é de 100. dos quais faleceram 2 0 .
O município, pelo lado da Província de Minas, divide com os de Santana
dos Alegres e São Romão, servindo de divisa, pelo lado de Goiás, as cabeceiras
do Rio São Marcos.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1«) freguesia de Santo António da Manga do Paracatu;


2a) freguesia de Santana do Buriti;
3a) freguesia de Rio Preto do Paracatu;
4a) distrito de Lajes;
5a) distrito de Guarda-Mor;
6a) distrito de Cana Brava;
7a) distrito de Formoso;
8a) distrito de Morrinhos;
9a) distrito de Catinga;
l()a) distrito de Santo Antônio da Água Fria.

15» MUNICÍPIO

Januária. O município da Januária estende-se em ambas as margens do


Rio São Francisco. Ocupa, na margem direita, um comprimento de 27 léguas,
desde o confluente Rio Verde (irande, que o separa da província da Bahia, até o
Rio Mangai, que o separa do município dc São Romão, ou Pedra dos Angicos. Sua
largura é muito desigual; a menor é de 4 léguas e a maior de 16. Na margem
esquerda ocupa uma extensão, ou comprimento, de 5 0 léguas, desde o Cari-
nhanha, que o separa do município de São Romão, numa largura de 3 0 léguas.
A cidade da Januária é a cabeça da comarca de Itapiraçaba. Tem um
colégio eleitoral composto de 4 0 eleitores; dista da capital da província 132
léguas.
A cidade é, sem contradição alguma, a primeira povoação das margens do
Rio São Francisco (da Cachoeira de Paulo Afonso para cima), quer pela sua
posição geográfica, vantagens e cómodos da vida, quer pela atividade de seu
comércio e freqüente navegação do rio.
lista situada em terreno plano, na margem do rio. com formosos campos
em redor, e seu porto está sempre apinhado de embarcações.
A povoação tem peito de mil casas e contém mais de 4 mil habitantes. A
população do município eleva-sc a 16 mil almas.
Não tem edifício algum importante que mereça especial menção. A única
igreja que tem é pequena e malconstruída. O edifício que serve de Casa de
Câmara c Cadeia é térreo, baixo e mal-edificado. Ainda não há ali um hospital
para tratamento da pobreza. A Câmara não tem rendimentos suficientes para as
obras e embelezamento da cidade c mais necessidades do município.
O território do município é féitil e composto de lindas campinas, formosas
várzeas, risonhas colinas, frondosas matas, à exceção de alguns lugares nas
margens do rio. e por todas as partes o ar é saudável.
Não há no município fortunas colossais, mas também não há ali classe
miserável; uma parte dos habitantes aplica-se ao comércio o ofícios o o resto
ocupa-se na criação do gado vacum e cavalar e. no tempo da seca. no fabrico do
salitre. O seu comércio é o mais florescente do Rio São Francisco, tanto pela
navegação do rio — que o põe em contato com os municípios de Paracatu, Rio
das Velhas e São Romão, da mesma província; com os de Carinhanha. Urubu.
Baíra do Rio Grande, Xiquexique, Pilão Arcado, Sento Sé c Juazeiro, da província
da Bahia, e Boa Vista e Cabrobó, da de Pernambuco — como pela grande
afluência de carros e tropas de outros municípios, que trazem diferentes
gêneros ao mercado tia cidade e levam cm retorno sal, fazendas c outros
gêneros. A lavoura do município limita-se à plantação de cana, mandioca, milho,
feijão e arroz. O solo é apropriado à plantação do café, do fumo c do algodão,
mas os agricultores têm desprezado o cultivo dessas interessantes plantas. A
pesca ali também faz parte da indústria dos habitantes do lugar.

O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de


1.115. c o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 2:2205571.
O número de ingênuos de duas freguesias nascidos c batizados até 31 de
dezembro de 1876 é de 113, dos quais faleceram 17.
O município confina ao noite com a província da Bahia, a oeste com a de
Goiás; ao sul com os municípios de Montes Claros e Pedra dos Angicos; e a leste
com o do Rio Pardo até à Bahia.
Compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

la) freguesia de Nossa Senhora do Amparo de Januária;


2B) freguesia de Nossa Senhora das Dores de Januária;
3«) freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Morrinhos;
4") distrito de Mocambo;
5a) distrito de São João das Missões;
Ga) distrito dc São Caetano do Japoré.

16a MUNICÍPIO

Itabira do Mato Dentro. A cidade de Itabira do Mato Dentro está situada


entre três serras, que são a Itabira (pedra aguda), a Conceição e a Ksmeril. Seu
território foi descoberto pelos paulistas em 1700 e sua mineração em 1705.
A povoação foi elevada a freguesia por alvará de 25 de janeiro de 1827;
em 30 de junho de 1833 obteve os foros dc vila; e, finalmente, pela Lei n. 374,
de 1848. foi elevada à categoria de cidade. Pertence à comarca do Rio
Piracicaba.
Dista da capital da província 18 léguas. Tem um colégio eleitoral composto
de 103 eleitores. Tem também um comando superior da Guarda Nacional.
A cidade é opulenta e próspera; conta, além da matriz, que é um excelente
templo, mais quatro igrejas, que são a do Rosário dos Prelos, a de Nossa
Senhora da Saúde, a de São Francisco dc Assis e a da Piedade, além da capela
das Dores, padroeira do hospital. Tem um importante hospital de caridade, que
foi instalado em 15 dc abril de 1859, e também uma boa Casa de Câmara e um
bom teatro.
O município, além da fertilidade de seu solo, contém imensa quantidade
de ferro, descoberto em 1855 e que é hoje a indústria mais interessante e
lucrativa do lugar, tanto que há ali mais dc seis fábricas. Má também ali a
indústria da extração do ouro, sendo a sua maior mineração pertencente a uma
companhia inglesa.
Ali fabricam para exportação grande quantidade de ferramentas, como
machados, foices, enxadas, etc.
A sua lavoura é sofrível e consta de café, cana c mantimentos. A popula-
cão do município é dc 41.170 almas. O número de escravos matriculados na
coletoria do município foi dc 7.46-1; c o fundo de emancipação que lhe foi
distribuído é de 14:864$884.
O número de ingênuos matriculados em quatro das freguesias, segundo
informam os respectivos párocos, até o fim de 1876, foi de 571, dos quais
faleceram 114.
O município de Itabira divide por um lado com os de Santa Bárbara e
Cadê, por outro com o de Conceição; por outro serve-lhe de divisa o Rio Doce.
Suas freguesias c distritos são os seguintes:

H freguesia de [Nossa Senhora do Rosário de Itabira;


2") freguesia dc Nossa Senhora do Carmo;
3u) freguesia de São José da Lagoa;
4o) freguesia dc Santa Maria;
5"} freguesia de Santana dos Forros:
fia) freguesia de Paraíba do Mato Dentro;
7 ) freguesia de Santo Antônio Dias Abaixo;
(

8") freguesia de Alfié.

17a MUNICÍPIO

Snntn Itârbnni. A cidade de Santa Bárbara é uma das mais importantes


da província não só pela grandeza do município, como também pela sua grande
população, pois conta peito de 47.200 almas, incluindo peito de 4.300 que
compõem a da cidade.
Dista da capital da província 11 léguas. A povoação é grande, tem diversas
mas. boas igrejas, boa Casa de Câmara c Cadeia, como também bons edifícios.
Tem um comando superior da Guarda Nacional c um colégio eleitoral composto
de 120 eleitores; é a cabeça da comarca de Piracicaba.
Seu pessoal é grande e ilustrado: há ali grandes fortunas.
O território do município é fértilíssimo c produz vantajosamente todos os
gêneros comestíveis. Também produz ouro e ferro. Sua lavoura principal é a da
cana, da qual fabricam grande porção de açúcar c aguardente para a exportação.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi dc
7.(i10; o o fundo dc emancipação (pie lhe foi distribuído é de 15.I55S619.
0 número de ingênuos nascidos em cinco freguesias, segundo informam
osyivspcetivos párocos, até o fim do ano de 1876, foi de 387, dos quais
faleceram 8 2 .
ü município divide com os de Mariana, Caeté e Itabira.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara:


2a) freguesia de São Francisco;
8a) freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Calas Altas de Mato
Dentro;
4a) freguesia de São João do Morro Grande;
5a) freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Cocais;
Ga) freguesia de Senhor Bom Jesus do Amparo do Rio de São João:
7a) freguesia de São Miguel do Piracicaba;
8a) freguesia de São Domingos tio Prata;
9«) freguesia de Brumado do Mato Dentro;
10a) distrito de Barra do Caeté:
1 la) distrito de Socorro;
12a) distrito de Nossa Senhora da Conceição do Rio Acima.

18a MUNICÍPIO

Pouso Alegre. A povoação de Pouso Alegre do Mandu, como antigamente


a chamavam, foi erigida em freguesia pelo alvará de G de novembro de 1810; foi
depois elevada a vila pela lei de 13 de outubro de 1 8 3 1 : e ultimamente à
categoria dc cidade pela I.ei n. 4 3 3 . de 1 8 4 8 . É a cabeça da comarca do Rio
Jaguari.
Dista da capital da província 72 léguas e da Coite 70. Tem um comando
superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral composto de 7G eleitores.
A cidade de Pouso Alegre, formosa entre as mais formosas povoações de
Minas, está colocada cm terreno ligeiramente acidentado e entrecortado de
grandes planícies, e é o seu todo de um aspecto encantador. Aos pés da cidade
corre o Rio Mandu, que outrora deu o sim nome à nascente povoação c que,
depois de banhar a cidade, se lança no Sapucaí-Mirim, rio piscoso que corre a
menos de dois quilômetros e cujas águas são sulcadas por barcos de mil arrobas
que fazem viagens entre diversos pontos de Pouso Alegre, Itajubá, Alienas o
Campanha. O Sapucaí Grande passa a seis quilômetros da cidade.
A população da cidade orça por 5 mil almas e a do município por 22 mil,
que, com a da cidade, perfaz 27 mil. A cidade é grande c tem perto de 100 casas,
2 6 ruas, 3 praças, 2 igrejas, Casa de Câmara, cadeia e 2 chafarizes. Tem um
pessoal grande e excelente.
A cidade tem um bom teatro com três ordens de camarotes; há ali uma
grande e excelente corporação musical c bem assim uma boa praça de mercado.
Sou comercio é sofrível c a sua lavoura consta de fumo, cana e manti-
mentos.
O fumo é cultivado ern grande escala. Sua exportação consta de gado,
porcos, toucinho e fumo cm grande porção.
0 número de escravos matriculados na coletoria. entrando os do Ouro
Kmo. que então a ele pertenciam, foi dc 7.649; e o fundo de emancipação que lhe
foi distribuído é de 1 5 : 2 3 3 $ 3 1 9 .
O número de ingênuos nascidos até o fim do ano de 1 8 7 6 foi de 3 5 2 . dos
quais faleceram 13-1.
O município divide com os de Ouro Fino, Itajubá, Jaguari e Caldas.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes;

1") freguesia de Senhor do Bom Jesus de Pouso Alegre;


2'-') freguesia de Santana do Sapucaí;
3a) freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Estiva.

19a MUNICÍPIO

Formiga. A povoação que hoje c a cidade de Formiga foi elevada à


categoria de freguesia pela resolução de M de julho de 1 8 3 2 ; depois a vila pelo
§ la do ait. la da Lei Provincial n. 8 8 0 , de 6 dc junho dc 1858; e depois a cidade.
A população da cidade orça por 4 mil almas, c com a do município é de 1 6 . 5 1 0
almas. Tem um comando superior de Guarda Nacional e um colégio eleitoral
composto de 41 eleitores; é a cabeça da comarca do Rio Grande. Ú uma cidade
importante e que já floresceu muito pelo seu grande e ativo comércio, não só
de fazendas como de gado. porcos, cavalos, carneiros, toucinho, queijos e sal;
hoje acha-se estacionária, mas ainda assim não é pior o seu comércio. Todo o
pessoal da cidade e do município é ótimo-, há ali algumas fortunas bem
consideráveis.
O município tem excelentes campos para criação e matas de cultura; tanto
uma como outra são prósperas. A cidade é grande e tem bons edifícios, boa
igreja matriz, Casa de Câmara e Cadeia; a maior parte dos prédios são bem
construídos.
Há ali, além das aulas públicas para ambos os sexos, uma aula pública de
latim e francês.
No município, além da extraordinária porção de pano de algodão, fabri-
cam-se também finíssimos tecidos de algodão e lã, como sejam, lindos riscados,
colchas, cobertores e toalhas para mesa, e tudo serve para exportação.
O número de escravos matriculados em sua coleioria foi de 3.625; e o
fundo de emancipação que lhe foi distribuído é dt; 7:219$31f>.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até 31
de dezembro de 1876 é de 1-19, dos quais faleceram 22.
O município divide por um lado, com o de tfní; por outro com o de Santo
António do Monte: por outro com o de Tamanduá; por outro com o de Campo Belo.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de São Vicente Ferrer da Formiga;


2u) freguesia de Nossa Senhora do Carmo dos Arcos;
3") freguesia de Nossa Senhora da Abadia do Porto Real de São Francisco:
4") freguesia de Santana do Bambuí;
5") distrito de Pains:
Ou) distrito de Mata dos Araújos.

2 0 " MUNICÍPIO

Oliveira. A povoação de Oliveira, denominada antigamente Picada de


Goiás, foi criada freguesia por decreto de 14 de julho de 1832. Em 1839 foi
elevada a vila pelo § 5 " do arl. 1" da Lei n. 131 desse ano; e pela Lei n. 1.102, dc
lí) dc setembro de 1861, foi elevada à categoria de cidade. F, hoje a cabeça da
comarca do Rio Lambari.
A população da cidade orça por 1.216 almas, e com a do município monta
a 26.213 almas.
A cidade está edificada sobre o tabuleiro dc uma grande campina, o que
faz com que sc aviste à distância de mais de uma légua; é um lugar lindo e
aprazível por sua natureza.
A povoação, apesar de ter um grande rego que para ali conduz água,
contudo tem falta dela o esta mesma que tem não é boa nem suficiente.
Tem uma boa matriz, a qual é de excelente construção, e ali se vêem
alguns trabalhos em lindíssimo mármore extraído de uma pedreira perto do
Ribeirão dos Fradiques. Tem mais as igrejas do Rosário, dos Passos e da
Senhora Mãe dos Homens.
A povoação tem oito ruas não-calçadas c tem uma grande praça, que é o
centro da eidade, onde se acha colocada a matriz, e outra menor, onde está a
igreja do Rosário e a Casa da Câmara, e outra menor, onde está a capela da Mãe
dos Homens.
Tem muitas casas que são verdadeiros palacetes, onde se encontram
móveis e adornos de grande e apurado luxo e bom gosto; tem mais de 20
grandes sobrados de bela perspectiva, tudo de cantaria.
C) território do município é montanhoso: seus matos abundam em muitas
qualidades de madeiras de construção e seus campos são muito próprios para
a criação de toda a espécie de gado. especialmente o vacum e o cavalar.
O município exporta anualmente mais de 80 mil arrobas de toucinho, mais
de 20 mil arrobas de fumo, muitas centenas de arrobas de açúcar, aguardente,
queijos, muito gado vacum, cavalar, lanígero c suíno.
Sua lavoura é ótima para todos os gêneros, especialmente a cana;
entretanto, já alguns fazendeiros importantes têm feito boas plantações de café.
que produz muito bem ali. e só o que falta ali para a prosperidade completa da
lavoura é uma boa via de comunicações.
0 município de Oliveira, cheio de seiva e de esperanças, um dos melhores
da província, conta em sua circunscrição territorial muitas fortunas de cem até
mil contos dc réis, adquiridas pelo comércio c lavoura. Oxalá o maldito sistema
partidário e a mesquinha política não se apoderassem dos homens do lugar, c
estes de comum acordo concorressem para o engrandecimento de sua pátria.
Neste município fazem-se lindíssimos tecidos dc algodão e lã que imitam
a mais fina e linda casimira estrangeira, ricos cobertores e colchas de lã c
algodão, ricas toalhas grandes para mesa, o que há de melhor nesse gênero,
bem como, também, toalhas pequenas e guardanapos.
Tem ali um comando superior da Guarda Nacional, bem como um colégio
eleitoral de 70 eleitores.
O número dos escravos matriculados na coletoria do município foi de
7.889; e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 15:711S290.
0 número de ingênuos nascidos em três freguesias do município até 31 de
dezembro de 1 8 7 0 é de 8 0 3 , dos quais faleceram 1 3 1
O município divide com os dc Bonfim. São Jose del-Rei, Bom Sucesso,
Lavras, Tamanduá e Pilanguí.
O município compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Nossa Senhora da Oliveira:


2v) freguesia dc Santo Antônio do Amparo;
3") freguesia de Nossa Senhora da Aparecida do Cláudio;
4'j) freguesia de São Francisco de Paula do lambari;
T>u) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Japão;
Oa) freguesia de Nossa Senhora da Glória do Passa-Tcmpo;
7a) distrito de Santana do Jacaré;
íia) distrito de Nossa Senhora do Carmo da Mata.

21a MUNICÍPIO

Arnxú. A freguesia de Araxá teve o foro de vila pela lei de 19 de outubro


de 1831; mas ignora-se a data da criação da freguesia.
Posteriormente foi elevada a cidade, e é a cabeça da comarca do
Paranaíba, a qual se compõe deste município e dos dc São Francisco das Chagas
e do Sacramento, antigamente Desemboque.
O município de Araxá tem 16.194 almas, entrando nesse número 3 mil
almas da população da cidade. Tem um comando superior da Guarda Nacional e
um colégio eleitoral composto de 4 0 eleitores.
Dista da capital da província 81 léguas.
A cidade tem alguns edifícios sofríveis, assim como uma matriz que não é
pior. Seu povo é laborioso, morigerado e hospitaleiro. O seu comércio |á foi
muito importante, e ainda hoje é sofrível. A sua maior exportação é de gado e
porcos, paro cuja criação seus campos são excelentes.
Fxpojta também muito excelente fumo ali fabricado, que é conhecido no
mercado com o nome. de fumo de Araxá. muito apreciado pelos amadores dos
bons cigarros. Fabricam-se em Araxá excelentes tecidos de algodão e lã, que
também fazem parte de sua exportação.
Ü número de escravos matriculados na coleloria de Araxá foi de 4.366; e
o fundo de emancipação que lhe tocou cm partilha foi de 0:691$999.
Quanto a ingênuos, nada consta.
O município divide por um lado com o de Sacramento; por outro com o de
Uberaba; por outro com o de São Francisco das Chagas do Campo Grande: e por
outro com o de Patrocínio.
Consta das freguesias c distritos seguintes:

U) freguesia de São Domingos do Araxá:


2<í) freguesia de Santo Antônio da Pratruho;
3") freguesia de Nossa Senhora das Dores de Santa Juliana;
-1") distrito de São Pedro de Alcântara;
5«) distrito de São Jerônimo dos Poções;
6u) distrito de Nossa Senhora da Conceição.

22" MUNICÍPIO

Caldas. A freguesia de Caldas foi criada por alvará de 27 de março de 1813


e elevada a vila pelo § 4o do art. 1" da \&\ Provincial n.134, de 1839. Depois, por
outra lei. a n. 299, dc 1846. foi transferida a sede do município para Cabo Verde
e restabelecida pela IJCÍ n. 152, de 18-19. Teve a categoria dc cidade pelo art. 1«
da Lei n. 973, de 2 de junho dc 1859. F a cabeça da comarca de Caldas
Situada ao sul da vasta, populosa e importante Província de Minas, a
cidade de Caldas tem a sueste uma cordilheira de serras pedregosas que
serpejam e expiram depois de percorrer quase a distância de seis léguas,
formando em seu platô a denominada Pedra Branca, cujo aspecto sublime causa
horror o admiração! K um imenso rochedo de pedra bruta cor de zinco, coberto
de limo e parasitas, e que tem dentro as repartições de uma casa em um
subterrâneo profundo e no limiar um jardim natural de flores silvestres que. pela
variedade das cores, delicadeza das pétalas e suavidade do perfume, encantam
a imaginação do poeta, e tudo ai atrai a atenção dos botânicos e naturalistas.
Parece habitação de algum anacoreta das idades antigas que aí viveu entregue
às meditações religiosas, longe do rumor das cidades e da sociedade, dos
homens!
Do alto deste rochedo descortina-se o horizonte magnífico dc uma
circunferência de 20 léguas e desdobra-se o panorama de morros azulados, que
surgem como por encanto, como batalhões cm linha (pie querem conquistar o
céu, perdondo-se no espaço quase infinito!
A cinco léguas, mais ou menos, desta cidade existem os poços naturais de
águas termais, que se anunciam, a um quarto de légua, pelo cheiro do enxofre e
das quais sc trata em outro capítulo desta obra.
Sc a Província dc Minas é geralmente montanhosa, muito mais o é nesta
cidade; e, apesar do solo pedregoso, é imensamente fértil, especialmente nas
imediações do Jaguari. Rio Verde, Capivari c Sapucaí. onde se ostenta o luxo da
vegetação. Na configuração do solo, na abundância das águas termais, na rique-
za do reino mineral, esta cidade não inveja a nenhum país do mundo. A beleza
e suavidade do clima, o matiz de que se adornam seus campos, seu céu brilhante
e risonho escaldam a mente c provocam a poesia! K um solo da Suíça debaixo
de um céu da Itália!
A cidade de Caldas não é pequena; tem bons edifícios. Casa de Câmara e
(ladeia; tem boa matriz e mais duas igrejas; tem cinco ruas e três praças, com
350 casas, sendo três de sobrado.
O pessoal que nela existe não é pequeno c é ótimo. A sua população é de
3.000 a 4 mil almas c a do município, com a da cidade, orça por 18 mil almas.
Dista da capital da província 74 léguas e da Corte 85.
Tem um comando superior de Guarda Nacional e um colégio eleitoral com
44 eleitores.
O solo do município produz bem todos os gêneros dc primeira
necessidade; e a sua lavoura especial é a do fumo. café c cana, da qual fabricam-
se muito açúcar, rapaduras c aguardente; e a sua maior exportação consiste em
gado c porcos.
O número de escravos do município matriculados na coletoria foi de
2.391, e o fundo dc emancipação que lhe foi distribuído é dc 4:7G1S7ÍU.
O número de ingênuos nascidos em três freguesias é de 2 5 8 , dos quais
faleceram 13.
O município divide por um lado com o dc Cabo Verde; por outro com o de
Alfenas: por outro com o dc Pouso Alegre; e, por fim, com o Rio Sapucaí.
Suas freguesias e distritos são os seguintes:

11>) freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio de Caldas;


2«) freguesia de Santa Rita de Cássia;
3a) freguesia de São Sebastião do Jaguari;
4») freguesia de São José dos Botelhos:
5") rreguesia de Nossa Senhora do Carmo do Campestre;
G«) distrito de Nossa Senhora da Saúde das Aguas de Caldas.

23a MUNICÍPIO

1'ombii. A povoação de Pomba foi elevada à categoria de freguesia por


provisão de 10 de fevereiro de 1718, depois do que foi elevada a vila pela Lei
Provincial de 13 de outubro de 1831, passando a cidade em virtude de outra lei,
a n . 8 8 1 , de 0 de junho dc 1858.
Está colocada à margem do Rio Pomba pelo lado esquerdo, em um lugar
saudável e aprazível. A cidade tem uma grande praça c sete ou oito ruas não-
calçadas; tem alguns edifícios importantes, bem como algumas casas de
sobrado, em número, talvez, de 20.
Além da matriz, tem mais a igreja do Rosário, no alto do Cordo. No Rio
Pomba tem uma boa ponte. A população do município sobe, talvez, a 3 2 mil
almas, incluindo a da cidade, que orça por -1 mil almas. O pessoal da cidade c
excelente, bem como o do município.
Tem um comando superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral
composto de 77 eleitores.
Dista da Capital da província 2-1 léguas. O território do município compõe-
se todo de excelentes malas e produz toda a sorte de cereais e legumes, mas a
sua lavoura principal c mais importante é a do café e da cana, cujos produtos
são exportados para fora, assim como também se exporta muito toucinho e
excelente fumo ali fabricado.
Á escravatura matriculada na coletoria do município chegou ao número dc
7.028; e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é dc 1 3 : 9 9 8 5 5 7 0 .
O número de ingênuos nascidos até 31 de dezembro de 187(3 foi dc 4 2 5 .
dos quais faleceram 8 8 .
O município divide pelo norte com os de Ubá e Piranga; pelo sul com o Rio
Novo; pelo nascente com o de Cataguases; e ao poente com o de Barbacena.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1u) freguesia de São Manuel do Pomba;


2") freguesia de Senhor Bom Jesus da Cana Verde do Tabuleiro;
3u) freguesia de Nossa Senhora das Dores do Turvo;
4o) freguesia de Nossa Senhora das Mercês do Pomba;
5") freguesia de Senhor Bom Jesus do Bonfim do Pomba;
6«) freguesia de Divino Espírito Santo do Pomba;
7<0 freguesia de Porto de Santo Antônio.

Este município pertence à comarca do Rio Novo.

242 MUNICÍPIO

Minas Novas. A freguesia de Minas Novas foi criada em 1 7 2 8 e elevada a


vila em 2 de outubro de 1 8 3 0 e a cidade pelo § 4a do art. 1« da Lei n. 1 0 3 . de
1840. É hoje a cabeça da comarca do Jequitinhonha.
Dista da capital da província 72 léguas. Tem um comando superior da
Guarda Nacional e um colégio eleitoral composto dc 127 eleitores. O município
conta perto de 52 mil almas, incluindo perto de 5 mil que habitam a cidade. Esta
é grande e populosa: o seu pessoal todo é excelente; tem bons edifícios, igrejas
e Casa de Câmara.
Há na cidade uma aula normal, em que se habilitam os candidatos ao
professorado público, e há também uma aula prática a ela anexa; também há um
externato, bem como uma aula de latim e francês.
O território do município é aurífero; suas matas abundam em excelentes
madeiras dc construção. A sua lavoura principal é a da cana.
O número de escravos matriculados na coletoria do município é de 4.312;
e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 8 ; 5 8 7 $ 5 3 7 .
Ü número de ingênuos nascidos em três freguesias até 31 de dezembro de
1870 foi de 126, dos quais faleceram 10.
O município divide com os de São J o ã o Batista, Araçuaí, Grão-Mogol e
Montes Claros das Formigas.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de São Pedro do Fanado de Minas Novas;


2u) freguesia de Santa Cruz da Chapada;
3°) freguesia dc Nossa Senhora da Conceição da Agua Suja;
4<0 freguesia de Nossa Senhora da Piedade;
5'J) freguesia de Nossa Senhora da Graça da Vendinha;
fío) freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Filadélfia;
7o) distrito de Setubinha;
8o) distrito dc Vendinha;
9 J) distrito de Sucuriú.
(

25* MUNICÍPIO

Montes Claros das Fbrmigas. A freguesia de Montes Claros das Formigas


foi criada pela resolução de 14 de Julho de 1831, elevada a vila pela lei de 13 de
outubro de 1832 e a cidade pela Lei n. 8 0 2 , de 3 de julho de 1857.
É, hoje. a cabeça da comarca do Rio Jequitaí. A população da cidade é de
3 a 4 mil almas, o a do município, incluindo esta, é de 2 5 mil almas. Dista da
capital da província 8 2 léguas.
Tem u m comando superior da Guarda Nacional e u m colégio eleitoral com
60 eleitores.
A cultura especial do município é a da cana, da qual se fabricam muito
açúcar, rapaduras e aguardente; também cultivam-se com grande vantagem
milho, feijão, arroz e iodos os mais cercais d o País.
O número de escravos matriculados na coletoria do município é de 2.814;
e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 5 : 6 0 4 5 2 0 1 .
O número de ingênuos nascidos nas quatro freguesias do município até 31
de dezembro dc 1876 é dc 320, dos quais faleceram 47.
O município divide pelo lado do Rio São Francisco com os de Januária e
Pedra dos Angicos, e pelo outro lado com os dc Grão-Mogol, Minas Novas e
Diamantina.
Consta das freguesias c distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora c São José de Montes Claros;


2'J) freguesia de Santo Antônio do Brejo das Almas;
te) freguesia de Santana das Contendas;
4«) freguesia de Santíssimo Coração dc Jesus;
fr) distrito de Boa Vista;
6'J) distrito de Jequitaí;
7u) distrito de Conceição da Extrema.

26a MUNICÍPIO

Cidade de Grão-Mogol. A povoação da Serra do Itacambiruçu foi elevada


a vila com o nome de Santo Antônio da Serra do Grão-Mogol pelo íi 2a do art. 2a
da l.ei n. 171. de 1840, e a cidade pela Lei n. 659. de 14 de maio dc 1858. É a
cabeça da comarca rio Rio Pardo,
A sua população, com a do município, monta a 52.631 almas; leni um
comando superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral com 130 eleitores.
Na cidade, além das aulas dc primeiras letras, há também uma aula
pública dc latim e francês. A sua lavoura mais forte e principal é a da cana c
gêneros alimentícios.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
3.701; e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 7:3708703.
Quanto a ingênuos, não achamos informações.
O município divide com os de Araçuaí. Minas Novas, Rio Pardo e Pedra dos
Angicos.
Contém as freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de Santo Antônio da Serra do Grão-Mogol;


2a) freguesia de Santo Antônio do Ilacambira;
3a) freguesia de Santo Antônio do Goruluba:
4") freguesia de São José de Goruluba;
OH) distritos de Santo António do Riacho;
(is:) distrito de Serra Branca.

27a MUNICÍPIO

Cidade de Araçuaí. A povoação que antigamente se chamava Santo


Antônio do Calhão, na margem do Rio Araçuaí. é hoje a cidade dc Araçuaí, e é a
cat>eça da comarca do mesmo nome; dista da capital da província 8 3 léguas.
A população da cidade, com a do município, orça por 2 6 mil almas. Tem
um colégio eleitoral composto dc 6 6 eleitores.
Sua lavoura principal é a da cana. além dos mais gêneros, como feijão,
milho e arroz. Uste município é novo.
O número de escravos matriculados em sua coletoria C de 2/423. e o fundo
de emancipação (pie lhe foi distribuído é de 4:83í>Sr>10.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até 31 IIÍJ

de dezembro dc 1 8 7 6 foi de 2 8 4 , dos quais faleceram 2 6 .


O município divide com os de Minas Novas, Grão-Mogol e Rio Pardo.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

H freguesia de Santo Antônio do Araçuaí;


2'-') freguesia de São Domingos do Araçuaí;
3") freguesia de Santo Antônio da Itinga;
4H) freguesia dc São Miguel do Jequitinhonha;
~y>) freguesia dc São Sebastião do Salto Grande;
6w) distrito dc Barra do Pontal.

28a MUNICÍPIO

Cidade de Conceição do Mato Dentro. Foi criada a freguesia de Nossa


Senhora da Conceição do Mato Dentro por carta régia de 16 de fevereiro de
1724. O município foi criado pelo § U da Lei n. 171. de 1810, sendo inaugurada
a vila no dia 11 do março de 1841, passando depois a cidade pelo urt. la da Lei
n. 5 5 3 , de 1 8 5 1 . Dista da capital da província 32 léguas. Pertence à comarca do
Rio Santo Antônio, da qual è a cabeça.
Os terrenos deste município outrora já produziram grande quantidade de
ouro. mas hoje esta indústria tem diminuído, ao passo que a agricultura vai
prosperando. Seus campos são bons para a criação do gado c suas terras de
cultura produzem bem a cana-de-açúcar.
Há ali ferro em abundância, assim como também há ali uma fábrica de teci-
dos de algodão, na Cana do Reino, que já tem apresentado sofríveis produtos.
Há também algumas fábricas de ferro bem lucrativas para seus donos.
A cidade é sofrível e tem alguns prédios importantes; sua população é de
4 . 1 1 3 almas e. com a do município, chega a 2 0 . 4 7 2 .
Tem um colégio eleitoral composto dc 5 6 eleitores.
O número de escravos matriculados em sua coletoria foi de 4.086, e o
fundo de emancipação, de 8:137S448.
Nada consta acerca de ingênuos.
O município divide por um lado com o do Serro, por outro com o de
Curvelo, e por outro com o de Itabira e o do mesmo Serro.
Tem as freguesias e distritos seguintes:

1a) freguesia dc Nossa Senhora da Conceição de Mato Dentro;


2") freguesia de São Domingos do Rio do Peixe;
3") freguesia de Santo Antônio da Tapera;
4") freguesia de São Francisco de Assis do Paraúna;
5a) freguesia de Nossa Senhora da Oliveira do Itaml>é;
6a) freguesia de Nossa Senhora do Porto dc Guanhães;
7a) freguesia de Nossa Senhora do Pilar do Morro de Gaspar Soares;
8a) freguesia de Santo Antônio do Rio Abaixo;
9a) distrito de Riacho Fundo;
10a) distrito de Ribeirão das Pitangas;
11a) distrito de Congonhas;
12a) distrito de Cé>rregos;
13a) distrito de Santana dos Fechados;
14a) distrito de Cemitério.
29a MUNICÍPIO

Cidade de Tamanduá. Esta antiquíssima povoação foi criada freguesia por


uma caria régia de 1 7 7 9 e elevada a vila, em 2 0 de setembro de 1 7 8 9 , pelo
governador-geral. Visconde de Barbacena; e passou a cidade em virtude da Lei
Provincial n. 1 . M 8 , dc 4 de outubro de 1802.
í) povoado foi criado por mineiros estabelecidos cm São João dcl-Kei à
cata de ouro. Quando ele começou a escassear, foram-se internando pelo sertão
e, descobrindo nas margens do Ribeirão Tamanduá boas faisqueiras, aí foram-
se estabelecendo e formaram o povoado; e como esse foi fundado nas margens
desse ribeirão, ficou com esse nome,
A cidade tem a igreja matriz, que só tem pronta a capcla-mor, toda de
pedra; seu risco é gigantesco c Má cinquenta anos está em construção à custa
dos fiéis. Tem mais a capela da Ordem Terceira de São Francisco dc Assis, (pie
esiá concluída e ricamente provida de boas alfaias c paramentos, e bem assim
as capelas das Mercês, Rosário c Santa Rita.
Tem um grande cemitério, construído a expensas do povo e a esforços dos
frades capuchinhos frei Eugênio e fiei Francisco.
A Casa da Câmara é toda de pedra no pavimento térreo, que serve dc
cadeia, sendo o sobrado dc madeira destinado para a sala das sessões da
Câmara, do júri e audiências.
A cidade de Tamanduá é a cabeça da comarca do Itapecerica; tem um
comando superior da Guarda Nacional e bem assim um colégio eleitoral com-
posto de 7 9 eleitores.
Dista da capital da província 37 léguas. A população da cidade orça por
3 . 5 0 0 almas e, com a do município, eleva-se a 2 7 mil. A povoação tem abundân-
cia de boas águas; o seu pessoal é excelente, pacífico, morigerado c dedicado ao
trabalho.
Ali a indústria sérica vai progredindo e prosperando bem.
Há no município ricas minas de ferro que dão 75 %. Também ali e no
município fabricam-se lindos riscados de algodão, casimiras, camisas de lã e
cobertores da mesma, assim como ricas toalhas para mesa.
Os fazendeiros ocupam-se na lavoura dos gêneros alimentícios e da cana,
café, fumo e algodão, bem como na criação do gado vacum, cavalar, lanígero,
muar e suíno, e tudo exportam cm grande quantidade.
O número de escravos matriculados na coletoria de Tamanduá é dc 4.704;
e o fundo dc emancipação que lhe foi distribuído é dc 9 : 4 0 7 $ 7 1 5 .
O número de ingênuos nascidos cm três freguesias do município até 31 de
dezembro dc 1 8 7 6 é dc 509, dos quais faleceram 9 8 .
O município divide por um lado com o de Formiga, por outro com o de
Oliveira, por outro com o de Santo Antônio do Monte c por outro com o de
Pitangui.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de São Bento de Tamanduá;


2a) freguesia de Nossa Senhora do Desterro;
3a) freguesia de Nossa Senhora das Candeias;
4a) freguesia de Divino Kspírito Santo do Itapecerica;
5a) distrito de São Sebastião do Curral.

30a MUNICÍPIO

Cidade de São José del-Rci. A povoação de São José del-Kei foi criada
freguesia por carta régia de 16 de fevereiro de 1724 e depois foi elevada à
categoria de vila e criado o seu município pelo termo da junta rio governo de 19
de janeiro de 1718, sendo governador da província o Conde de Assumar. Foi
suprimida a vila pelo ait. 1» da Lei Provincial n. 3 6 0 , de 1848, depois restaurada
pelo art. 1» da Lei Provincial n. 1 5 2 , de 1849, e elevada à categoria de cidade
pelo art. la da Lei n. 1.092, dc 7 dc outubro de 1860.
O município pertence à comarca do Rio das Mortes.
A cidade dista de São João del-Rei 2 léguas e da capital da província 2 2 e
meia.
A povoação está colocada na fralda dc uma montanha pouco elevada e
retirada da margem do Rio das Mortes dois a três quilômetros pelo lado direito,
tendo ao lado a Serra de Santo Antônio, uma das mais lindas e pitorescas da
província.
Tem sete ruas c quatro praças, todas calçadas; tem boa Casa de Câmara,
cadeia e um excelente chafariz, com uma imagem de São José cm um oratório
na frente; tem um pequeno mas excelente teatro.
A sua matriz é uma das mais belas, grandes c ricas da província e ainda
hoje possui riquíssimos ornamentos e peito de 50 arrobas de prata, apesar de
ler sido muito roubada. Tem mais as igrejas da Trindade, São João Evangelista,
Rosário, Mercês. São Francisco, Santo Antônio do Canjica e a do Senhor Bom
Jesus, em minas: tem também as capelas filiais do Bichinho, Padre Caspar e
Mosquito.
Seus terrenos foram descobertos no século XVIII por João Afonso
Cerqueira, e o ouro encontrado ali foi em tanta quantidade que atraiu logo a
imigração para ali, e dentro em dez anos foi elevado o povoado a vila.
Esta povoação hoje tem descaído muito; por causa das muitas intrigas e
desordens qno ali têm havido, muitas pessoas têm-se retirado dali; a sua
população hoje pouco excede de 3 mil almas, que, com a do município, se eleva,
talvez, a 13.200 almas.
Tem um colégio eleitoral composto de 36 eleitores.
Tem também uma aula pública de latim e francês, além das aulas de
instrução primária, de um e outro sexo.
Sabe-se que ali. cm tempos não muito remotos, se fiou o teceu linho muito
fino; hoje, porém, a indústria do lugar se limita apenas a tecidos de algodão,
sendo alguns de apurado gosto. Também se fabrica ali muito calçado para
exportação. Faz-se ali atualmente muito excelente vinho de uva-inanga, que
pode rivalizar com o de Barbacena. Também há na freguesia algumas caieiras,
que fabricam muita cal para exportação.
Na freguesia dc Prados, a mais importante do município não só pelo seu
grande pessoal, como também pela sua riqueza, há muitas e importantes fábri-
cas de selins e arreios para montaria de homens c senhoras; estes selins e
arreios são feitos com tal perfeição, segurança, cômodo e bom gosto que
rivalizam com os melhores vindos do estrangeiro; esta indústria produz ali,
anualmente, mais de 2(K);(X)0S000.
Existem no município muitas fazendas de cultura c criação c exportam
muito gado vacum, cavalar e lanígero, bem como todos os gêneros da lavoura.
A povoação da cidade e arrabaldes é bonita, porém seu pessoal para
cargos públicos é pequeno. Tem alguns edifícios importantes, como a Casa da
Câmara c Cadeia.
C) número de escravos do município que foram matriculados na coletoria
é de 2.735; e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 5:446$872.
O número de ingênuos nascidos em quatro freguesias até 31 de dezembro
de 187G foi de 4 6 4 , dos quais faleceram 52.
O município divide pelo lado do sul com os de Barbacena e São João dcl-
Kei; pelo lado do noite com os de Bramado e Bom Sucesso; pelo lado do nascen-
te com o de Barbacena; c pelo lado do poente com os dc São João e Bom Sucesso.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes;

la) freguesia dc Santo Antônio de São José del-Rei;


2a) freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Prados;
3a) freguesia de Santo Antônio da l.agoa Dourada;
4a) freguesia de Santana da Ressaca;
5a) freguesia de Nossa Senhora da Penha de FYança da Laje.

31a MUNICÍPIO

Cidade de Silo Sebastião do Paraíso. A freguesia e distrito de São Sebas-


tião do Paraíso foi elevada a vila pela Lei n. 1.611, de 1 8 7 0 . que transferiu para
ali a sede da vila de São Carlos de Jacuí. Depois foi elevada a cidade, e é hoje a
cabeça de comarca de Jacuí. Tem um comando superior da Guarda Nacional e
um colégio eleitoral composto de 6 0 eleitores.
O território do seu município compõe-se de campos e matas em maior
quantidade, onde se encontra muito boa madeira de construção c marcenaria,
como o cedro, o bálsamo, o ipê, o sobrasil, o gonçalo-alvcs, o sebastião-de-
arruda, o moreira e outros mais.
Seus campos são ótimos para a criação do gado bovino, cavalar, muar,
lanígero e suíno.
Sua lavoura vai progredindo, e sua exportação consta especialmente dc
gado e porcos em grande quantidade.
A cidade tem hoje peito de 4 0 0 casas, e entre elas muitas bem
construídas, sendo algumas dc sobrado, divididas cm 8 mas bem alinhadas e 3
praças. Tem uma boa matriz e mais uma igreja do Rosário.
Seu povo é bom, moiigerado c hospitaleiro, e o seu pessoal é grande e ótimo.
A sede do município dista da capital da província 9 2 léguas, da Coite 108
e da estação da Boa Vista, na estrada de ferro, 6 6 léguas.
A escravatura do município matriculada na coletoria foi cm número de
3.598; e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 7:165S575.
O número de ingênuos nascidos cm quatro das freguesias do município
até 31 de dezembro de 1878 é de 539, dos quais faleceram 42.
A população do município é de 24 mil almas.
O município divide por um lado com o de França, na Província de São
Paulo; por outro lado com o de Passos; por outro com o de Cabo Verde; e, por
último, faz divisa com o Rio (irando.
Tem as freguesias e distritos seguintes:

1-') freguesia de São Sebastião do Paraíso:


1

2") freguesia de Santa Bárbara das Canoas.-


3") freguesia dc São Carlos de Jacuí;
4a) freguesia de Divino Espírito Santo da Pratinha;
5a) freguesia de Nossa Senhora das Dores do Guaxupé;
(ia) freguesia dc São Francisco do Monte Santo.

32a MUNICÍPIO

Cidade de Baependi. A freguesia e distrito de Nossa Senhora de


Monserrate de Baependi foi erigida por alvará de 2 de agosto de 1752. Foi depois
elevada a vila por alvará de julho de 1814 e. por fim, foi elevada a cidade pelo
§ lo do art. * da Uei Provincial n. 759, de 2 de maio dc 1856. Hoje é a cabeça da
comarca dc Baependi e tem um comando superior da Guarda Nacional c um
colégio eleitoral composto de 63 eleitores.
O território do município é montanhoso e bordado de campos e malas,
sendo os campos cm maior porção.
A cidade de Baependi está edificada nas fraldas de uma colina campestre,
ao pé de uma cordilheira, a leste da mesma cidade.
Suas casas, em número de 300, pouco mais ou menos, são de madeira,
térreas e sem nenhuma arquitetura, tendo alguns sobrados.

• Notíi- Kulia o número di> artigo no original.


Tem 10 ruas e 3 praças mal-alinhadas c malcalçadas. Dista da capital ria
província 50 léguas e da Corte 53.
Tem duas igrejas, que são a matriz e o Rosário; porém a matriz, que não
é pequena, tem estado em consertos, para os quais a Assembléia provincial
marcou a quantia de 8:000$000. Sua arquitetura não é boa e apenas tem boa
talha no altar-mor e nos dois laterais.
O território do município abunda extraordinariamente em diversas
qualidades de madeiras dc lei. A sua botânica médica é grande, pois contém
imensa quantidade dc ervas, raízes e drogas medicinais. Ü município é fértil em
aguadas e as tem de excelente qualidade. Seu clima, em geral, é saudável. No
município existe a melhor raça de gado vacum, devendo notar-se o chim, o
holandês c o gigante. Alguns fazendeiros primam na criação do gado bovino,
cavalar, lanígero, muar e suíno.
A cultura mais desenvolvida é a do milho, feijão, arroz, cana, trigo e.
sobretudo, do fumo. O algodão herbáceo também vai-se aclimatando perfeita-
mente.
Ü fumo é um dos ramos de cultura mais importante do lugar, c o que ali
sc fabrica é superior e de ótima qualidade c muito conhecido no mercado do Rio
de Janeiro pelo nome e fama de fumo do Baependi. A maior exportação dele é
em rolos e, depois, em cigarros e. crespo, em latas. O município expoita grande
porção de gado, porcos, toucinho, queijos e mais gêneros de sua lavoura.
A três léguas de distância da cidade, no lugar denominado Contendas,
existe uma fonte de água fcrrúgi no -gasosa e, na serra do Picu, na fazenda do
comendador Pinto Dias, há várias fontes de água sulfurosa. A três quartos de
légua da cidade existem as fontes do Caxambu, de água ferrúgino-gasosa e
súlfuro-gasosa. que aproveitam no tratamento de moléstias cutâneas, dc fígado,
útero e estômago. Sobre essas águas já falamos cm outro lugar desta obra.
A população da cidade de Baependi aproxima-se dc 4 mil almas e a do
município, de 20 mil. O pessoal é grande c excelente.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
7.248; e o fundo dc emancipação que lhe foi distribuído é de 14:434$7I0.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até 31
de dezembro de 1876 foi de 316, dos quais faleceram 67.
O município divide, pelo nascente, com os dc Aiuruoca, Cristina e Pouso
Alto.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes;

In) freguesia de Nossa Senhora do Monserrate de Baependi;


2«) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio Verde;
3a) freguesia de São Tomé das Leiras;
•l ) freguesia de São Sebastião da Encruzilhada;
11

5") freguesia de Aguas de Caxambu.

33a MUNICÍPIO

Cidade úcAiuruoca. Esta povoação foi elevada a freguesia por alvará de


16 de fevereiro de 1724, depois a vila por decreto de 14 de agosto de 1834, e
ultimamente a cidade, em virtude de lei de 2 0 de julho de 1 8 6 8 . Faz parte da
comarca de Baependi.
A população do município cleva-sc a 10.353 almas, incluindo a da
freguesia e cidade, que é de 4 . 1 9 5 .
A cidade de Aiuruoca, situada a 22", 25'e 1" de lalitudc sul e a 1", 18' e
5 0 " de longitude ocidental do Rio de Janeiro, jaz assentada nas fraldas ociden-
tais de uma das grandes ramificações da Serra da Mantiqueira e nas fraldas da
Seira do Papagaio, que existe ao sul.
Tem mais de 2 0 0 casas em 7 ruas. uma excelente Casa de Câmara e
Cadeia; tem 4 igrejas e o cemitério.
Dista da capital da província 4 8 léguas e da capital do Império 44.
Tem um colégio eleitoral com 41 eleitores,
O ponto mais elevado da cidade de Aiuruoca, segundo o engenheiro dr.
Franklin de Marena, é de 5.550 palmos sobre o nível do mar. As serras mais
notáveis do município são o Itatiaia, o Papagaio, o Morro Cavado, Três Irmãos.
Bocaina c Pedra do Bispo. O Pico do Itatiaia, chamado das Agulhas Negras, está
acima do nível do oceano 2.994 metros e 5 milímetros, e é por isso o ponto
culminante de todo o Império.
Existe também o Pico denominado Pirâmide, que está 2 . 5 2 0 metros acima
do nível do mar, e, além deste, a Serra do Papagaio, com 2.293 melros. Os rios
principais do município são o Rio Grande, que tem sua origem no Pico do
Miratão, nas subfraldas do Itatiaia; o Rio Prelo, originário de uma lagoa do
Itatiaia, a nordeste, na altura de 2.2-10 metros; o Aiuruoca, que nasce dos altos
do Itatiaia; e o Angaí, que nasce nas fraldas do Papagaio.
Há no município grande número de produtos vegetais, como flores de
diversas qualidades, plantas de tinturaria e medicinais.
A cultura especial do município consta de milho, feijão, arroz, fumo,
balatas, café, cana, mamona e araruta.
A criação de animais, conquanto não seja cm grande escala, contudo é
avultada, constando de gado bovino, suíno, cavalar, muar e lanígero.
O município exporta muito fumo, toucinho, queijos superiores,
mantimentos, bois e porcos.
Fabricam-se no município finíssimos tecidos de lã e algodão, panos
grossos do mesmo, baixeiros e chapéus de lã. Também cultiva-se a indústria das
abelhas, e a cera que aparece é clara e aplicada para velas. Fabricam-se muito
açúcar, aguardente, rapaduras e azeite.
Üs terrenos do município são auríferos e diamantinos, e oferecem um
campo vasto para observações e estudo, pois têm-se encontrado na superfície
do solo alguns diamantes miúdos, rubis e outras pedras preciosas.
O número de escravos matriculados na coletoria do município é de 3 . 5 6 4 .
e o fundo de emancipação é de 7 : 0 9 7 $ 8 6 2 .
ü número de ingênuos de três freguesias até 31 de dezembro de 1 8 7 6 é
de 153, dos quais faleceram 1 líi.
O município divide por um lado com o de Livras; por outro com o de
Turvo; e por outro com o de Baependi.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Aiuruoca;


2c) freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso dos Serranos;
3") freguesia de Bom Jesus do Livramento:
4a) freguesia de Santo Antônio do Passa-Vinte;
5") freguesia de São Domingos da Bocaina;
6a) freguesia de Nossa Senhora do Rosário da lagoa;
7a) distrito de Guapiara.
34u MUNICÍPIO

Cidade de Lavras. A povoação denominada antigamente Lavras do Funil


foi elevada a freguesia por resolução de 19 dc junho de 1813 c a vila por lei
provincial de 13 de outubro dc 1831. Hoje é cidade cm virtude dc lei de 20 dc
julho de 1868, e é a cabeça da comarca do Sapucaí.
Tem um colégio eleitoral composto de 74 eleitores.
Dista da Corte 60 léguas, de Ouro Preto 41, de Campanha 11 e meia, de
São João del-Rei 16 e meia, dc Três Pontas 11 e da Boa Esperança 12 e meia.
A cidade de Lavras tem de extensão um quarto de légua seguramente,
mas a largura não corresponde ao comprimento, havendo apenas duas ruas
laterais à praça central, uma das quais com poucas casas. Fm continuação desta
praça existem muitas ruas bem providas de prédios, sendo as principais a da
Misericórdia e a de Santana.

A parte mais importante e formosa da cidade é, sem dúvida, o centro, que


é a extensíssima praça de Santana, toda arborizada com belas o grandes
árvores. A cidade contém hoje mais de 100 casas, sendo, entre elas. algumas de
muito bom gosto e elegância. Tem uma grande Casa de Câmara, um teatro de
elegante e sólida construção, um cemitério vasto, fechado com altos muros de
pedra.
Eslá em construção e próximo a concluir-se a casa destinada para edifício
do hospital de caridade, assim como também outra destinada para a instrução
pública.
A cidade tem quatro igrejas. Todo o pessoal da cidade é ótimo. Seu
comércio não é pequeno e sua lavoura, abundantíssima. Tem boas malas c bons
campos de criar.
A indústria do município consta de diversos tecidos do "lgodão e lã.
Exporta para a Corte c Província do Rio de Janeiro grande número dc cabeças
de gado. cavalos e carneiros, assim como grande porção de toucinho, queijos,
açúcar; fumo e mais gêneres de primeira necessidade. Há ali algumas caieiras
de ótima cal.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
8.380, c o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 16:6895138.
O número de ingênuos nascidos em quatro freguesias do município até 31
de dezembro de 1876 é de 798, dos quais faleceram 200.
ü município divide por um lado com os de São João del-Rei e Turvo; por
outro com os de Bom Sucesso e Oliveira; por outro com o de Baependi; e por
outro com o de Campo Belo.
Compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

la) freguesia de Santana de Lavras do Funil;


2a) freguesia dc São João Nepomuccno;
3a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo das Luminárias;
1a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Cachoeira;
5 j) freguesia de Senhor Bom Jesus dos Perdões;
(

(ia) freguesia dc Senhor Bom Jesus da Cana Verde;


7a) distrito dc Rosário;
Ba) distrito de Angaí.

35a MUNICÍPIO

no Cidade de Caeté. A freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso e São


Caetano dc Caeté foi criada por carta régia de 16 de fevereiro de 1 7 2 4 . tendo
sido criado o município em 2 6 de janeiro de 1714 pelo governador I). Braz
Balthazar da Silveira com o título de Vila Nova da Rainha. A cidade está situada
na latitude de 19° e 5 4 ' e longitude de 334°, 15' e 3 5 " da Ilha do Ferro, entre
Sabaró. Santa Luzia e Santa Bárbara.
Foi povoada por influência da mineração dos rios Santa Bárbara.
Piracicaba, Vermelho c Bnimado. Pertence à comarca do Rio das Velhas. Sua
Guarda Nacional pertence ao comando superior de Santa Bárbara.
Tem um colégio eleitoral composto de 4 2 eleitores. Dista da capital da
província 16 léguas c da capital do Império, 9 4 .
A população da cidade pouco excede de 3 mil almas e, com a do município,
chega a 17 mil almas.
A cidade do Caeté está fundada no declive de um monte, ao nascente,
correndo as duas primeiras ruas do norte ao sul; em pouca distância corre o
regato que tem o nome de Caeté nesta altura, trazendo o seu nascimento da
parte do sul. segue para o norte c em pouco mais de meia légua declina ao
poente e entra a tomar o nome de Sabará.
A cidade é grande, tem diversas ruas, bons prédios e boa Casa de Câmara.
Tem uma das melhores e maiores igrejas da província, que é a sua matriz.
Presentemente é de pouco comércio, porém seus ares são benignos, c o
pessoal é bem importante.
No ano de 1710 foi nomeado o primeiro juiz de órfãos para ali, e o primei-
ro capifão-mor que ali houve foi Antônio de Miranda Pereira, natural da Bahia.
Há neste município, no distrito da Penha, o melhor barro pata porcelana.
E notável a abundância de frutas que nele há. podendo-se dizer que este
torrão é o jardim de Minas.
Também há na cidade uma aula pública dc latim e francês, além das aulas
públicas de instrução primária.
A lavoura mais forte do município é a da cana, visto que há ali muitos
engenhos; entretanto, também a lavoura dos mais gêneros deixa ali grande
interesse.
C) número de escravos matriculados na eoletoria do município é de 2.798,
e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 5 : 5 7 2 8 3 4 0 .
O número de ingênuos batizados em duas freguesias do município foi de
257, dos quais faleceram 29.
Este município dividi; com os de Santa Bárbara, Itabira e Sabará.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1») freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Caeté;


2») freguesia de Nossa Senhora ria Madre de Deus de Roças Novas;
3") freguesia de Santíssimo Sacramento do Taquaraçu;
•1a) freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Jabuticatubas;
5a) distrito de Cuiabá;
6a) distrito de Morro Vermelho;
7a) distrito dc Penha.

36a MUNICÍPIO

Cidade de Queluz. A freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Queluz


foi criada por decreto de 14 de Julho de 1832 e elevada a vila desde 1791 pelo
eapitão-gcral visconde de Barbacena. Ura conhecida antigamente pelo nome de
Arraial dos Carijós. Sua elevação a cidade data dc poucos anos, c hoje c a cabeça
da comarca do mesmo nome. Disla da capital da província nove e meia léguas.
Lista povoação esteve por muito tempo aniquilada c sem desenvolvimento
algum. Hoje, porém, o seu estado, st: não é muito próspero, pelo menos é mais
lisonjeiro c muito mais melhorará logo que ali loque a Estrada de RÍTO D. Pedro II.
A cidade hoje já apresenta mais vida e animação; já se têm feito mais
algumas casas sofríveis, além das que já tinha.
Tem três igrejas, porem a melhor e que mais sobressai é a matriz, templo
magnífico colocado no meio da praça.
Tem uma boa Casa de Câmara e alguns sobrados bem vistosos. Tem
também um excelente pessoal.
No município fabricam-se ótimos tecidos de algodão e lã, que já foram
premiados na exposição mineira; também fabricam-se as afamadas violas,
conhecidas pelo nome de violas dc Queluz; ali também fazem-se as muito
conhecidas panelas de pedras, ótimas para a cozinha; e de todos esses gêneros
faz-se grande exportação.
Também há no município muitos fazendeiros bem importantes; a sua
lavoura é grande e cultiva-se toda qualidade de cereais, porém a cultura mais
forte e mais importante é a da cana c de algum café nas fazendas da mata.
A população da cidade orça por 3 mil almas, e toda a do município toca a
37.207 almas.
Ali há um comando superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral
composto de 82 eleitores.
O número de escravos matriculados na coletoria do município é de
13.993, e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é dc 27:867S674.
O número de ingênuos nascidos até 31 de dezembro dc 1876 é de 717, dos
(piais faleceram 138.
Tanto o número de escravos como o dc ingênuos abrangem freguesias que
hoje formam o município do Brumado e que naquela época pertenciam todas a
Queluz.
Este município divide pelo lado do norte com o de Bonfim; pelo lado do sul
com o dc Pomba; pelo lado do leste com o de Ouro Preto: pelo do oeste com os
de São José del-Rei, Brumado e Barbacena.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:
U) freguesia de Nossa Senhora (ia Conceição de Queluz;
2") freguesia de Santana do Morro do Chapéu;
3") freguesia de Capela Nova das Dores;
<1) freguesia dc Santo Antônio da Itaverava;
,J

5") freguesia de São Gonçalo de Catas Altas da Noruega;


Ou) freguesia de Divino Espírito Santo do Lamini;
7«) distrito de Nossa Senhora da Glória;
8a) distrito de São Caetano do Paraopeba;
(
» distrito dc Carrapicho.

37a MUNICÍPIO

Cidade dc Ubá. A freguesia dc Ubá foi criada pelo § 3o do art. 1" da Lei n.
2 0 9 . de 1 8 1 1 . O município, porém, tinha sido criado pela Lei Provincial n. 134,
dc 1839, sendo sua sede a freguesia de São João Batista do Presídio, sede que
depois, pelo § 1« do art. la da L i n. 6 5 1 , de 1853. passou para a freguesia dc
Ubá, a qual pelo art. 1« da Lei n. 8 0 6 . de 3 de julho de 1857, foi elevada à
categoria de cidade.
A sua população regula por 4 mil almas, que com a do município sobe a
33 mil.

Tem um comando superior da Guarda Nacional. È a cabeça da comarca do


mesmo nome, composta deste município e do município dc Cataguases. Tem urn
colégio eleitoral composto de 8 3 eleitores.
Esta cidade é importante não só pelo seu excelente pessoal, como pela
riqueza de seu município, que é todo composto de ubérrimas matas, sendo por
isso o seu solo fertilíssimo em tudo; porém a sua lavoura mais forte é a do café
e da cana.
O número dc escravos matriculados na coletoria do município foi dc
7.149. e o fundo de emancipação é de 14.237$528.
O número de ingênuos nascidos em três freguesias do município até 31 de
dezembro de 1 8 7 6 é dc 3 5 3 , dos quais faleceram 8 7 .
O município de Ubá divide pelo sul. com o de Pomba; pelo norte com o de
Piranga; pelo leste com os da cidade de Viçosa de Santa Rita e de Muriaé.
Consta das freguesias e distritos seguintes:
freguesia de São Januário de Ubá;
2a) freguesia de Santana do Sapé;
3a) freguesia de São João Batista do Presídio;
4a) freguesia de São José do Barroso;
T>a) freguesia de Bagres;
6a) freguesia de São José do Paraopeba.

3Ba MUNICÍPIO

Cidade de São Paulo do Muriaé. A povoação que hoje é a cidade de Muriaé


está edificada na margem direita do Kio Muriaé, pouco acima de uma cachoeira,
e tem hoje mais de 4 0 0 casas muito bem construídas. Esta povoação, que era
uma aldeia de índios, foi elevada a distrito em 1842, e cm 1847 a freguesia.
Seu território foi descoberto por Constantino José Pinto, pai do prestante
cidadão Manoel Fortunato Pinto, que ainda há bem poucos anos ali vivia.
Entretanto, o novo descoberto foi-se adiantando e prosperando, até que em 3 0
de setembro de 1861 se instalou a vila, que depois foi elevada a cidade. É a
cabeça da comarca do mesmo nome. Tem um colégio eleitoral composto de 8 0
eleitores do município. Tem uma boa matriz e uma sofrível Casa de Câmara e
Cadeia. A matriz foi feita a expensas do povo.

A cidade não é pequena: consta de uma só rua. mas essa é muito extensa;
tem um bom o importante pessoal, pacífico, laborioso e hospitaleiro. Seu solo é
ubérrimo, produz com abundância tudo quanto nele se planta; porém sua lavoura
fortíssima é a do café e a da cana. A população do município é de 3 9 . 0 1 0 almas.
O número de escravos matriculados na eoletoria do município foi de
5.936; e o fundo de emancipação é dc 11:821$805.
O número de ingênuos nascidos cm quatro das freguesias do município
até 31 dc dezembro de 1876 foi dc 5 5 0 . dos quais faleceram 83.
O município divide pelo lado do sul com os dc Leopoldina e Cataguases;
pelo lado do nascente com os de São Fidélis, Campos e llapemirim; pelo lado do
noite com os de Ubá e Ponte Nova; c ao poente com o mesmo de Ubá. Sua
extensão dc norte a sul é de 3 2 léguas c de leste a oeste 15.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:
HO freguesia de São Paulo do Muriaé;
2a) freguesia de Nossa Senhora da Glória;
3'>) freguesia de Nossa Senhora das Dores da Vitória;
4«) freguesia de São Sebastião da Cachoeira Alegre;
5a) freguesia de São Sebastião da Mata;
6a) freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio do Muriaé;
7a) freguesia de Santa Luzia do Carangola;
ÍJa) freguesia de São Francisco da Glória;
9a) freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Tombos de Carangola;
10a) distrito de Santo Antônio da Glória;
1 la) curato de Divino.

39a MUNICÍPIO

Cidade do Mar dc Espanha. O antigo arraial do Cágado, ora denominado


Mar de Espanha, foi elevado a vila pelo art. 1a da Lei I*rovincial n. 514, de 1851.
e depois a cidade pela Lei n. 9 9 7 , de 27 dc junho dc 1 8 6 0 . E hoje a cabeça da
comarca do mesmo nome. e a sua população orça, talvez, por 4 mil almas, sendo
a do município todo de 30.781 almas.
A povoação está assentada em uma pequena planície, ao pé do Rio
Cágado, em lugar aprazível.
Tem uma matriz cm construção e mais três igrejas pequenas. Tem
diversas mas c uma grande praça, onde se está construindo a nova matriz. A ma
principal é macadamizada.
O pessoal da cidade do Mar de Espanha é sofrível e não muito pequeno, e
o do município é grande e ótimo.
Tem um comando superior da Guarda Nacional c um colégio eleitoral
composto de 77 eleitores do município.
Dista da capital da província 34 léguas.
O território do município produz muito bem toda a soitc de cercais e
legumes: porém o forte da sua lavoura é o café, que ali produz admiravelmente.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
12.658; e o fundo de emancipação é de 25:209S963.
O número de ingênuos nascidos em três freguesias do município até 31 dc
dezembro dc 1 8 7 6 foi de 8 9 3 , dos quais faleceram 2 1 7 .
O município divide pelo lado do sul com o Rio Paraíba; pelo lado do norte
com o município de Rio Novo; pelo lado do leste com o dc Leopoldina; pelo do
oeste com o dc Juiz de Fora.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Santo Antônio do Mar de Espanha;


2a) freguesia dc Santo Antônio do Aventureiro;
3a) freguesia de Divino Espírito Santo do Mar de Espanha;
4a) freguesia de Nossa Senhora das Dores do Monte Alegre;
5«) freguesia de São José do Paraíba.

40a MUNICÍPIO

Cidade de Leopoldina. A povoação dc Leopoldina, antigo arraial do Feijão


Cru, foi elevada à categoria de freguesia pelo art. 1a da Ix;i n. 6 6 6 , de 1854, e a
vila pelo art. 2a da mesma lei e, finalmente, a cidade por lei de 16 de outubro de
1861.

Dista da capital da província 3 9 léguas.


O município é bastante grande e um dos primeiros e mais importantes da
província; a sua população total é de 2 9 . 8 5 2 almas, não se contando a população
das freguesias de Meia Pataca, São Francisco do Capivara e Laranjal, que
passaram a fazer parte do novo município dc Cataguases.
A cidade de Leopoldina é a cabeça da comarca do mesmo nome.
A povoação não é pequena; tem alguns prédios importantes; tem duas
igrejas, que são a matriz e o Rosário, aquela colocada em uma eminência, donde
se avista toda a cidade, e esta, em um pequeno largo na planície; tem sete ruas,
todas calçadas, e duas praças, que são a Concórdia e o Rosário.
Há ali um comando superior da Guarda Nacional, e bem assim um colégio
eleitoral composto de 74 eleitores do município.
No fim da rua do Comércio está colocada a Estrada de Ferro liCopoldina, a
qual já funciona até a nova vila de Cataguases: a estação é grande e bem acabada.
A cidade de Leopoldina contém uma população composta de um
riquíssimo pessoal. Ali se encontram muitos homens de letras, entre advogados
e médicos distintos; um povo excelente, morigerado, hospitaleiro e todo
devotado à religião e prática do bem.
O pessoal do seu município é muito grande e muito importante, pois se
compõe, em sua maior parte, de fazendeiros abastados e outros que, não o
sendo, são. contudo, remediados. A maioria desse pessoal é composta de
homens bem civilizados, hospitaleiros c obsequiadores.
Na cidade, além das aulas públicas de instrução primária, há também um
colégio fundado há pouco c que está a cargo e sob a inspeção de um professor,
o Sr. Lobato, e do reverendo vigário, o cónego Durão. Esses dois nomes são mais
que suficientes para satisfazer os pais dos alunos que frequentam esse colégio.
As terras do município são as melhores que se podem desejar para a
lavoura do café e dos gêneros alimentícios, que ali produzem com uma uberdade
muito satisfatória.
Este município é um dos que mais café exporta e tem um excelente e
brilhante porvir.
Na cidade há boas casas de negócio, bem sortidas de todos os gêneros
necessários à vida.
O número dc escravos matriculados na coletoria do município foi de
15.253; c o fundo de emancipação é dc 30:37C>S'149.
O número de ingênuos nascidos cru quatro freguesias do município até 31
de dezembro de 1870 foi de 1.033, dos quais faleceram -129.
O município divide pelo lado rio sul com o Rio Paraíba; pelo lado do norte
com o de Cataguases; pelo lado do leste com o de São Fidélis; e pelo oeste com
os de Rio Novo e Mar de Espanha.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia dc São Sebastião da Leopoldina;


2c) freguesia de Rio Pardo da Ixiopoldina:
3u) freguesia de Piedade da l^opoldina;
-la) freguesia de Nossa Senhora da Madre de Deus do Angu;
5 ) freguesia de Santana do Pirapetinga;
n

ü'j) freguesia de Conceição da Boa Vista.


41a MUNICÍPIO

A povoação dc Bonfim foi elevada a freguesia por resolução de 14 de Julho


de 1832, e a Lei Provincial n. 134, de 1837, deu-lhe a categoria de vila;
posteriormente foi elevada a cidade pela Lei n. 1.084, de 7 dc outubro de 1 8 0 0 .
E hoje a sede da comarca do Pará.
Dista da capital da província 18 léguas. Tem um colégio eleitoral composto
de 7 8 eleitores.
Esta povoação é bastante linda, pois está colocada cm uma campina,
sobre um tabuleiro bastante extenso.
Tem uma bela matriz e muitas casas de aparência elegante.
Sua população pouco excede de 3 mil almas, porém a do município orça
por 31 mil.
O pessoal da cidade, se não é muito numeroso, é excelente e civilizado.
Seu leni tório consta de campos e matos, c daí a pouca distância esta a mata
que cobre as margens do Paraopcba. Seus fazendeiros tratam de criação e de
lavoura, e esta consta essencialmente dc cana, gêneros alimentícios c também
de algodão, de que fazem excelentes tecidos. A maior parte dos gêneros de sua
lavoura é exportada para o comércio da capital da província.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
5.824; c o seu fundo de emancipação é de 11:598S752.
O número de ingênuos nascidos nas cinco freguesias do município ale o
fim dc 1 8 7 0 é de 6 2 0 , dos quais faleceram 163.
O município divide com os de Pará, Sabará, Ouro Preto. Queluz. São José
del-Rei e Oliveira.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Senhor do Bonfim;


2") freguesia de São Gonçalo da Ponte;
3a) freguesia de Nossa Senhora das Necessidades do Rio do Peixe;
4o) freguesia de Nossa Senhora da Piedade dos Gerais:
5a) freguesia de São Sebastião do Itatiaiuçu;
6*0 distrito de Rio Manso;
7a) distrito de Santana do Paraopcba;
8a) distrito de Boa Morte;
ih) distrito de Bicas;
10o) distrito de Conceição do Pará;
11 a) distrito de Capela Nova do Desterro;
12'- ) distrito de Dores da Conquista;
1

13o) distrito de Brumado.

42« MUNICÍPIO

Cidade de Santa Luzia. Kste município foi primeiramente criado freguesia


por carta régia de 19 de fevereiro dc 1774 com o título dc Bom Retiro. Depois
foi erigido em vila pelo art. 1" da Lei Provincial n. 317, de 1847. sendo suprimida
pelo art. 11 da U'i n. 472, de 1850, e depois novamente restaurada pelo art. 1«
da Lei n. 755, de 1856, depois do que passou a cidade.
Dista da capital da província 17 léguas. Tem um colégio eleitoral composto
de 67 eleitores e pertence à comarca do Rio das Velhas.
A povoação de Santa Luzia é um dos mais lindos lugares da província:
colocada em lugar alto, dali descortina-se multo longe, c a povoação também se
avista de grande distância, assim como o Rio das Velhas, que passa aí, abaixo
da cidade.
Esta não é grande, mas tem alguns edifícios, como a matriz e um bom
hospital, fundado pelo Barão de Santa Luzia. O pessoal desta cidade é cm tudo
semelhante ao de Sanará.
O município é rico e tem homens bem importantes. Seu território é
coitado pelo Rio das Velhas; é bastante fértil e produz bem o milho, feijão, arroz,
cana, mandioca, mamona, algodão, trigo, batatas e café. Ali fabricam-se
imagens delicadíssimas de pedra jaspe, extraída da seira, e bem assim mui
lindos oratórios, que vão exportados para fora da província.
A povoação de Santa Luzia floresceu muito até 1842, mas depois da
Rebelião de Minas, que teve lugar nesse ano e que terminou ali em 20 de agosto,
descaiu bastante, em razão de sofrer todas as conseqüências de um ataque cm
que as forças dc um e outro lado se mediram com todo o denodo e bravura.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
5.953. e o fundo dc emancipação que lhe foi atribuído é de 11:855$660.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até o fim
de 1 8 7 6 foi de 2 4 9 , dos quais faleceram 6 3 .
O município divide com os de Sabará, Caeté, Curvelo, Pitangui e Bonfim.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

1a) freguesia de Santa Luzia do Sabará;


2») freguesia de Nossa Senhora da Saúde da Lagoa Santa:
3a) freguesia dc Senhor Bom Jesus de Matozinhos;
4a) freguesia de Santíssimo Sacramento da Barra do Jequitibá;
5 j) freguesia de Pau Grosso;
f

6a) distrito de Fidalgo, ou Quinta do Sumidouro.

A população deste município é de 2 6 . 8 2 6 almas.

43Q MUNICÍPIO

Cidade de Monas. Não é conhecida a época em que foi descoberta a


localidade; desta povoação, mas sabe-sc que foi elevada a freguesia em 1 8 3 2 e
hoje se acha elevada a cidade por lei de 15 de outubro de 1869.
Dista da Coite 7 8 léguas, de Oure Preto, 62; de Caldas, 16; de Campanha,
15; de Três Pontas, 9; de Passos, 22; dc Jacuí, 20; e da estação da listrada de
Feiro D. Pedro II, 3 8 .
A cidade de Alfenas, se não é grande, contudo não é das menores nem das
menos importantes da província. Se o município não é muito rico. também não
é dos mais pobres: ali não se sente a miséria.
A cidade está colocada cm um extenso plató, superior a todas as colinas
vizinhas, em um lugar muito lindo e aprazível. Tem um sofrível pessoal; sua
população orça por 3.500 almas, que, com a do município, se eleva a 2 1 . 9 7 9 . Há
ali um colégio eleitoral com 5 5 eleitores.
A povoação tem, talvez, 4 0 0 casas, 8 ruas e 4 praças; tem, além da matriz,
mais duas igrejas, uma boa Casa de Câmara e Cadeia.
O seu território presta-se otimamente para a plantação do café, do qual já
há grandes plantações, além do fumo, cana e mais gêneros alimentícios.
Pertence à comarca de Caldas. O seu território é banhado ao norte pelo
Sapucaí; ao nascente pelo Rio Machado; e ao poente pelos Cabo Verde e São Tome.
É muito produtivo e presta-se otimamente à cultura de milho, feijão,
arroz, cana, algodão, fumo e mais gêneros de consumo. Seus campos prestam-
se excelentemente para a criação de gado vacum, cavalar e suíno. Sua
exportação consta de gado, porcos, toucinho, fumo e queijos.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
4 . 1 7 0 , c o fundo dc emancipação de 8 : 3 0 4 3 7 3 8 .
O número de ingênuos matriculados até o fim de 1 8 7 6 c pertencentes a
três freguesias do município é de 4 5 0 , dos quais faleceram 0 9 .
ü município divide por um lado com o de Cabo Verde; por outro com o de
Passos; e por outro com o de Caldas e o Rio Sapucaí.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

12) freguesia de São José e Dores de Alfenas;


2«) freguesia dc Nossa Senhora do Carmo da Escaramuça;
3v) freguesia de São Joaquim da Serra Negra;
4«) freguesia de São Sebastião do Areado;
5a) freguesia de Santo Antônio do Machado;
6a) freguesia de São Francisco de Paula do Machadinho;
7"} freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista;
fia) freguesia de São João Batista do Barranco Alto.

44a MUNICÍPIO

Cidade de Três Pontas. Esta povoação foi elevada a freguesia por reso-
lução de 14 de julho de 1832. a vila pelo § 3u do art. 1u da Lei Provincial n. 2 0 2 .
de 18-11, e a cidade pelo art. 1" da Lei n. 8 0 1 . de 3 de julho dc 1857. Dista da
Corte 70 léguas, dc Ouro Preto, 52 e da estação da estrada de ferro 34.
A cidade de Três Pontas estã colocada em uma bela campina e tem a um
lado excelentes campos dc criar e boas terras dc cultura.
A população do município orça por 2 3 . 6 1 3 almas, sendo a da cidade de 3
a 4 mil. Ú a cabeça da comarca de Três Pontas e tem um colégio eleitoral
composto de 5 9 eleitores.
A cidade é dividida em 15 ruas. 8 praças e diversos becos e travessas,
com perto de 400 casas, algumas das quais de sobrado.
Aiém da matriz, tem as capelas de São Miguel, do Rosário e dos Passos e,
cm construção, as de São Sebastião, das Dores e de Santo Antônio. Tem boa
Casa de Câmara e Cadeia, diversos chafarizes e bom cemitério. Tem um bom
colégio para menores, além das aulas públicas; tem um gabinete de leitura c
também um colégio para meninas.
A cultura principal do município são os cereais; mas também aí progride
a cultura do fumo. do algodão, da cana c do vinho, havendo ali mais de 20
qualidades de parreira.
Exporta muito gado, carneiros, porcos, toucinho, fumo, queijos e todo o
seu terreno é fertilíssimo.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi dc
5.997, e o fundo de emancipação é de 11:943S288.
Quanto ao número dc ingênuos, nada sabemos.
O município divide por um lado com o dc Campanha; por outro com o de
Alfenas; por outro com o de Boa Esperança; e por outro com o dc Lavras.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1°) freguesia de Nossa Senhora da Ajuda das Três Pontas;


2Ü) freguesia dc Divino Espírito Santo da Varginha;
3") freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Campo Grande;
4") freguesia de Córrego do Ouro;
5u) distrito dc Santana da Vargem.

45fl MUNICÍPIO

Cidade de Jaguari. A povoação antiga de Camanducaia (que quer dizer


feijão queimado), hoje cidade de Jaguari, tem sua origem no século passado,
tendo sido formada por fugitivos e aventureiros que andavam à cata de ouro.
Não se sabe com certeza cm que época foi cilada a freguesia, mas consta
que foi no ano de 1766. Foi elevada a vila pelo § 3« do art. 2° da Lei Provincial
n. 171, de 1840. Depois, passou a cidade em 20 de julho dc 1868, e hoje pertence
à comarca do mesmo nome.
Sendo cercada de montes e serras, onde se vêem extensos pinhais, esta
povoação ergue-se tortuosa em uma estreita garganta, cuja vista nada te/n que
encante.
A povoação tem 7 ruas mal-alinhadas e 3 praças, com perto de 300 casas;
alem da matriz, tem mais a igreja do Rosário. Casa dc Câmara, cadeia, praça de
mercado e cemitério.
A cerca de 300 metros do cemitério passa o Rio Camanducaia. que. depois
de banhar a cidade, forma uma formosa cascata em pedras de mais de 1 metros
de altura, correndo em seguida por um longo despenhadeiro, até que,
finalizando seu curso vaidoso, se lança sereno e manso no Jaguari.
Dista da Coite 80 léguas e de Ouro Preto 84; tem um colégio eleitoral
composto de 42 eleitores e há ali uma recebedoria da província. A população do
município é calculada cm 17 mil almas.
O pessoal da cidade não é grande, mas é excelente. O território do
município consta de campos e matas; c a sua lavoura principal é a do fumo, a
da cana c mais gêneros do País.
Também fabrica-sc ali excelente chá. na fazenda da Terra Queimada, e
também há fábricas de velas de cera bem aperfeiçoadas, assim como de licores.
O número dc escravos matriculados na coletoria deste município foi de
1.070, e o fundo de emancipação é de 2:130Sí)52.
O número de ingênuos até o fim de 1870 foi de 212. dos quais faleceram 60.
Este município está situado na extremidade da província, e por isso divide
com a Província de São l*auIo e com os municípios de Ouro Fino c Itajiibá.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Jaguari;


2'- ) freguesia de Santa Rita da Extrema;
1

3a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Cambuí;


la) freguesia de Senhor Bom Jesus do Campo Místico;
- 5a) freguesia de São José do Toledo.
46» MUNICÍPIO

Cidade de Boa Esperança. A freguesia de Boa Esperança foi criada por


alvará de 19 dc junho de 1813 c elevada a vila pelo art. U da lei dc 3 dc novem-
bro de 1866, e por lei de 15 de outubro de 1 8 6 9 passou à categoria de cidade.
A cidade tem pouco mais dc 3 0 0 casas, das (mais algumas assobradadas
c outras de sobrado, cm 10 ruas c 6 praças, nas quais existem a matriz e as
capelas da Boa Morte e Rosário, bem como a Casa da Câmara. No largo da
Matriz há um bom chafariz, assim como acham-se em construção um hospital
de caridade e uma capela dos Passos.
Dista da Coite 72 léguas, de Ouro Preto, 52; de Três Pontas. 6; de
Campanha, 17; dc Lavras, 5; e da estação da estrada de ferro 3 8 . A cidade dista
do Rio (irande 2 léguas. Pertence à comarca de Três Pontas e tem um colégio
eleitoral composto dc 51 eleitores.
A cidade não é grande, mas tem um bom pessoal, e a sua população é de
3 . 6 0 0 almas, que, com a do município, perfaz o cômputo de 2 0 . 2 6 0 almas.
O território do município consta de excelentes campos e ubérrimas matas;
leni grande número dc fazendeiros, lavradores c criadores.
Sua exportação em grande escala consta de muito gado, carneiro, porcos,
toucinho, queijos, animais cavalares, muito fumo, açúcar, aguardente c mais
gêneros do País.
O número dc escravos matriculados na colctoria do município foi de
4 . 7 6 4 , e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 9 : 4 8 7 5 7 1 5 .
O número dc ingênuos nascidos em duas freguesias até 31 de dezembro
de 1876 foi dc 2 1 1 . dos quais faleceram 3 5 .
O município dc Boa Esperança divide com os de Lavras, Formiga, Três
Pontas e Passos.
Consta das freguesias e distritos .seguintes:

1") freguesia de Nossa Senhora das Dores da Boa Esperança:


2u) freguesia de Aguapé;
3") freguesia de Divino Espírito Santo dos Coqueiros;
4'f) distrito dc Congonhas;
5B) distrito de Cristais;
6^) distrito de São Sebastião do Porto dos Mendes.
47a MUNICÍPIO

Cidade de Cristina. A povoação da Cristina, chamada antigamente Espírito


Santo do Cumquibus, foi elevada a freguesia em virtude do § 1 " do art. 1" da Lei
n. 2 0 9 , de 7 de abril de 1841, e em 1 8 5 0 foi elevada a vila pela Lei Provincial
n. 'I8r>, do mesmo ano, sendo elevada a cidade por lei de 15 de julho de 1872.
Hoje, a cidade de Cristina é a sede da comarca do mesmo nome.

Dista da Corte 5 8 léguas e dc Ouro Preto, 6 0 . Tem um colégio eleitoral


composto de 5 5 eleitores, c sua população, com a do município, é dc peito dc
22 mil almas.
A cidade da Cristina, não sendo grande, contudo tem um belo e excelente
pessoal; tem muito bons edifícios, matriz. Casa de Câmara e Cadeia: tem sele
ruas e duas praças, em uma das quais um excelenle chafariz. Seu comércio é
bastante ativo e forte; o seu município é bastanle rico c nele abundam homens
de merecimento c posição.
Seu povo é hospitaleiro e obsequiador. como o é a maioria dos mineiros.
Importa muita fazenda, louça, molhados e ferragens e exporta muito gado,
toucinho, porcos, fumo. que ali se fabrica em grande quantidade, c bem assim
os mais gêneros do País.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
-1.517. e o fundo de emancipação que lhe tocou foi de 9 : 0 5 5 $ 5 5 0 .
O número de ingênuos nascidos em três freguesias alé 31 de dezembro de
1876 foi de 4 0 6 . dos quais faleceram 122.
O município divide com os de Campanha, Itajubá. Baependi e Pouso Alto.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

]") freguesia de Divino Espírito Santo da Cristina;


2v) freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Cristina;
3a) freguesia dc São Sebastião do Capituha;
4a) freguesia de Santa Catarina:
5«) freguesia de Virgínia do Pouso Allo;
6«) distrito de Campo de Maria da Fé.
48o MUNICÍPIO

Cidade Bela do Turvo. A povoação de Turvo, antiga freguesia de Nossa


Senhora da Conceição do Porto do Turvo, está assentada na traída da Serra do
Turvo, principiando cm uma ladeira e acabando numa bela planície, em uma
bonita campina banhada por um lado pelo Turvo Pequeno e por outro lado pelo
Turvo Grande,
A cidade não é grande, mas é linda c tem bons edifícios, incluindo a Casa
da Câmara e a matriz. Tem do outro lado do Turvo Pequeno a igreja do Rosário,
que fica fronteira à matriz. Tem poucas ruas, e essas não são calçadas. O
pessoal da cidade não c grande, mas o que há é bom. Inteligente e dedicado ao
trabalho.
A população do município é pouco mais ou menos de 13.789 almas,
entrando neste número perto de 3 mil que contem a cidade. Tem pouca cultura,
porque o seu território se compõe, na maior parte, de campinas, que servem dc
pasto para o gado bovino e cavalar, que ali há em grande porção.
A cultura não chega para as precisões do município.
O município pertence à comarca do Rio Preto e tem um colégio eleitoral
composto de 3 5 eleitores
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
3.551. e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 7:271S126.
O número de ingênuos nascidos até 31 de dezembro de 1876 nas
freguesias da cidade e de Bom Jardim é de 820, dos quais faleceram 85.
O município divide por um lado com os de Aiuruoca e Rio Prelo; por outro
com o de Barbacena: e por outro com o dc São João del-Rei.
Compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Porto do Turvo;


2") freguesia de São Vicente Ferrer do Turvo;
3ü) freguesia de Senhor Bom Jesus do Bom Jardim.
49* MUNICÍPIO

Cidade de itajubá. O município dc Itajubá foi criado pela Lei Provincial


n. 355, de 1ÍS48, c elevado a cidade pela Lei n. 1.149, de outubro de 1802.
O povoado, que hoje é cidade e tem o nome de Itajubá, foi fundado pelo
finado guarda-mor Manoel Corrêa da Fonseca, natural de Portugal, o qual doou
uma légua de terras para patrimônio da Igreja c trouxe dc Portugal a imagem da
Senhora que hoje é sua padroeira. A igreja foi feita c concluída a expensas do
mesmo, que a viu benzer, dizendo-se ali a primeira missa no dia 23 de abril do
1752.
A cidade de Boa Vista do Itajubá, hoje uma das mais prósperas e comer-
ciais do sul de Minas, conta mais de 400 casas, e muitas delas de boa constru-
ção. Tem selo ruas o quatro praças,- tem três igrejas, que são u matriz, o Rosário
e a capela dos Remédios. Tem boa Casa de Camara e Cadeia, c também o cemi-
tério.
Tem um excelente teatro, denominado de Santa Cecília, construído pela
sociedade União Auxiliadora.
Tem quatro aulas de instrução primária, para ambos os sexos, sendo duas
públicas e duas particulares, e também uma aula de latim e francês.
Há também ali uma tipografia, onde sc pública um periódico semanário.
O território do município é banhado pelos rios Sapucaí e São Lourenço
Velho, que serve de divisa do bispado de Mariana com o de São Paulo. A cidade
é a sede da comarca dc Itajubá e tem um colégio eleitoral composto de 53
eleitores.
A sua população pouco excede a de 3 mil almas, que, com a do município,
chega a 22.730 almas.
A lavoura do município pouco tem melhorado; entretanto o terreno é
fertilíssimo c produz todos os gêneros de nossa lavoura, dos (piais o que ali mais
se cultiva e mais lucro deixa é o fumo. que se fabrica c exporta em grande
quantidade.
Dista da Coite 60 léguas, de Ouro Preto 73, de Pouso Alegre 11, do
Paraíso 7, de Cristina 7 e de Campanha 16.
O município também exporta muito toucinho e gado vacum, e importa
fazendas secas, molhados, louça e ferragens, no valor de mais de 100:0(X)$000.
O número de escravos matrirulados na coletoria do município foi de
4.496, e o fundo dc emancipação que lhe foi distribuído é de 8 9 5 3 S 9 8 1 .
O número de ingênuos nascidos cm quatro freguesias do município até 31
de dezembro de 1876 foi de 693, dos quais faleceram 176.
O município divide com os dc Pouso Alegre, Ouro Kino e Jaguari.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de Boa Vista de Itajubá;


2a) freguesia de São Caetano da Vargem Grande;
3") freguesia de Piranguçu;
4a) freguesia dc Nossa Senhora da Soledade de Itajubá;
Õ2) freguesia de Santa Rita da Boa Vista.

50a MUNICÍPIO

Cidade do Piüí. A povoação do Piüí foi criada freguesia por alvará de 23 de


janeiro de 1804 c elevada a vila pelo § 2a do art. 1" da Lei n. 202. de 1841. Hoje,
é cidade e pertence à comarca do Rio Grande.
Dista da capital da província 58 léguas e da Corte do Império 90. A
população do município, com a da cidade, eleva-se a 30.494 almas. Tem um
colégio eleitoral composto de 60 eleitores.
A cidade tem 350 casas e 8 ruas principais. Suas matas e campos são
férteis e seu clima é brando e sadio. Em seus matos encontram-se excelentes
madeiras, tanto para construção como para marcenaria, como a aroeira, o
jacarandá, o ipê. a peroba, o jequilibá, o bálsamo, o cedro, o pereira, a linda
violeta e outras mais.
Também ali se encontram muitas ervas medicamentosas já conhecidas c
experimentadas, como a quina, a ipecacuanha, a purga-de-veado e outras mais.
O seu terreno dá com abundância lodos os gêneros de nossa lavoura. O
fabrico de ferre vai-se generalizando ali e já se produz para o consumo do
município.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi dc
4.012, e o fundo de emancipação é de 7:9905074.
O número dc ingênuos nascidos até 31 de dezembro de 1876 na freguesia
da cidade é de 111, dos quais faleceram 38.
O município divide por um lado com o de Formiga; por outro com o de
Sacramento; por outro com o de Passos, pelo Rio Grande; e, por fim, com o de
Araxá.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora do Livramento;


2'J) freguesia de São João Batista do Glória;
3«) freguesia de São Roque do Piüí;
4u) freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Estiva;
distrito de Santo Antônio de Enlre-Rios.

51" MUNICÍPIO

Cidade de Piranga. A cidade dc Piranga está situada na mata, entre os


municípios de Ouro Preto, Mariana, Queluz, Ubá, Pomba e Santa Rita do Turvo.
Faz parte da comarca do Rio Piranga. Tem um comando superior da Guarda
Nacional e um colégio eleitoral composto de 5 5 eleitores.
A ridade não é grande, mas tem bom pessoal. Sua população orça por 3
mil almas, e a do município, que é grande, eleva-se a 22 mil. No município há
muitos engenhos dc; cana. onde se fabrica muita aguardente e açúcar para
exportação. Produz muito bem o milho, feijão, arroz e todos os mais gêneros de
nossa lavoura.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
•1.195. c o fundo dc emancipação é dc &35-1S526.
O número de ingênuos nascidos em seis freguesias do município, até 31
de dezembro de 1B7t>, foi de 752, dos quais faleceram 9 7 .
O município compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

In) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Piranga;


2u) freguesia dc Nossa Senhora da Saúde do Pinheiro;
'M freguesia de Santo Antônio do Calambau;
•lu) freguesia de Nossa Senhora da Oliveira;
5u) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Turvo:
(iu) freguesia de Santo António da Barra do Bacalhau;
7a) freguesia de Santana da Barra do Bacalhau;
8«) freguesia dc Nossa Senhora dos Remédios;
9«) freguesia de São José do Xopotó;
10a) freguesia de São Caetano do Xopotó;
1 la) freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Boa Esperança;
12a) distrito de Tapera;
13«) distrito de Brás Pires.

52a MUNICÍPIO

Cidade de Ponte Nova. A povoação de Ponte Nova foi elevada a freguesia por
resolução de 14 de junho de 1832 e elevada à categoria de vila pelo art. la da Lei
Provincial n. 827, dc 11 de junho de 1857, e depois passou à categoria de cidade.
Dista da capital da província 14 léguas. Hoje, é a sede da comarca do Rio
Turvo. Tem um comando superior da Guarda Nacional e um colégio eleitoral
composto de 1 3 8 eleitores.
A cidade de Ponte Nova tem-se tornado assaz importante não só pelo sen
comércio, como pela sua lavoura; em seu município há para mais de 140
engenhos de cana, onde se fabricam muitas centenas de arrobas de açúcar e
muitas dezenas de pipas de aguardente para exportação; além de que, também
ali, já se cultiva o café em larga escala e lodos os mais gêneros do País.
A população da cidade orça por 3 . 0 0 0 almas, que, com a do município, se
eleva a 5 5 . 3 7 0 .
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
7.601. e o fundo de emancipação é de 15:1435700.
O número de ingênuos de três freguesias, nascidos até 31 de dezembro de
1876, foi de 4 6 4 , dos quais faleceram 47.
O município de Ponte Nova divide por um lado com a Província do Espírito
Santo; por outro lado com o munirípio de Santa Bárbara: por outro, com os de
Mariana e Piranga; e por outro com o da cidade de Viçosa de Santa Rita e o do
Muriaé.

Compóc-se das freguesias e distritos seguintes:

1a) freguesia de São Sebastião da Ponte Nova;


2a) freguesia do Santa Cruz do Escalvado;
3a) freguesia dc Nossa Senhora da Conceição da Casca;
4a) freguesia de Santana do Jcquiri:
~y>) freguesia de São José da Pedra Bonita;
6a) freguesia de Santa Helena;
7«) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Abre-Canipo;
8") treguesia de Santa Margarida;
íía) freguesia de São Lourenço do Manhuaçu;
10") freguesia de São Roque do Caratinga;
1 la) distrito de São Simão;
12a) distrito de Grama;
13«) distrito dc Nossa Senhora do Amparo da Serra.

53a MUNICÍPIO

Cidade de Rio Novo. Nada pudemos sal>er quanto à fundação da cidade de


Rio Novo nem (manto à sua elevação à categoria de freguesia e de vila. e por isso
nos limitamos ao que sabemos e conhecemos.
A povoação de Rio Novo, à beira do rio desse nome, está edificada paite
na margem direita e parte na esquerda do rio. tendo uma ponte que serve para
o trânsito de um para o outro lado da povoação. O lugar é agradável e saudável.
Outrora pertencia à vila de São João Nepomuceno, que foi suprimida, passando
então a sede do município para a freguesia do Rio Novo, que depois foi elevada
a cidade. Dista da capital da província 26 léguas. É a sede da comarca do Rio
Novo. Tem um colégio eleitoral composto dc 55 eleitores.
Na cidade há uma só igreja, que é a matriz; este município tem florescido
muito, c sua população orça por 22 mil almas; seu pessoal é ótimo, ilustrado e
vigoroso.
O território do município é fértil em todos os gêneros de lavoura, mas a
mais forte e a mais importante é a do café e da cana.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi dc
6.057. c o fundo de emancipação é de 13:855$170.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até 31
de dezembro dc 1876 foi de 200, dos quais faleceram 40.
O município divide pelo lado do nascente com o município de Leopoldina;
pelo lado do poente com o de Barbacena; pelo lado do norte com o de Pomba; e
pelo lado do sul com os de Mar de Espanha e Juiz dc Fora.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio Novo;


2a) freguesia dc Santíssima Trindade do Descoberto;
3a) freguesia dc São João Ncpomuceno do Rio Novo;
4c) freguesia de Divino Espírito Santo do Piau;
5a) distrito de Santa Bárbara.

54a MUNICÍPIO

Cidade dc Rio Preto. A cidade de Rio Preto, hoje a cabeça da comarca do


mesmo nome, novamente criada, está colocada na margem esquerda do Rio
Preto, nas raias da Província dc Minas, e é atravessada pela antiga estrada que
de Minas seguia por São João del-Rei a procurar as cidades de Valença c Vassou-
ras da Província do Rio de Janeiro. Esta estrada era antigamente conhecida pelo
nome de estrada do Capitão-mor, ou do Funil. Rio Preto dista das cidades de
Vassouras 8 léguas, de Valença. 4; da Cotte, 2 6 ; dc Juiz de Fora, 14; e da capital
da província, 4 8 . Tem um colégio eleitoral composto de 4 5 eleitores.

A cidade tem poucas mas e não é calçada; tem uma só praça, bem
espaçosa, na qual está colocada a matriz, templo magnífico, construído todo de
pedra à custa do finado comendador Francisco Therezianno Fortes, acabado e
ricamente paramentado pela viúva do mesmo, a finada viscondessa de Monte
Verde. Ao lado da matriz está também uma pequena igreja de Nossa Senhora do
Rosário. Ao lado da matriz, porém mais acima, está colocada a ponte que dá
passagem para a Província do Rio, c aí também está a recebedoria provincial;
este bairro é o mais importante da cidade. Em uma ladeira que fica acima da
cidade está colocada a Casa da Câmara c Cadeia, edifício que também foi doado
pelo sobredito finado Therezianno.

A população da cidade de Rio Preto excede de 3 mil almas e a do municí-


pio orça por 17 a 18 mil. O povo da cidade e município é pacífico, laborioso e
hospitaleiro, qualidades estas inatas no coração de quase todos os mineiros.
O município é todo agrícola; sua maior c mais importante lavoura é a do
café e da cana. c exporta muitas mil arrobas dc café, algum açúcar, toucinho,
queijos, aguardente, fumo, galinhas e mais géneros alimentícios.
O Rio freto, que se desliza mansamente, banha a cidade em toda a sua
extensão.
O número de escravos matriculados na coletoria foi dc G.313, e o fundo de
emancipação é de 12:õ72S(>0(>.
O número dc ingênuos nascidos na freguesia da cidade até o fim de 187b"
é de 348, dos quais faleceram 78.
O município divide pelo lado do sul com o de Valença, pelo mesmo Rio
Prelo; pelo lado do norte com o de Barbacena; pelo lado dc leste com o de Juiz
dc Fora; e pelo lado de oeste com os de Turvo e Aiuruoca.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia dc Senhor Bom Jesus dos Passos do Rio Prelo.


2'A freguesia de Santa Rita da Jacutinga.
3'j) freguesia de Santa Bárbara do Monte Verde..
4") freguesia de Santo Antônio da Olaria.
5t') distrito de Rio lYeto;
O) distrito de São Sebastião do Tabuão;
7") distrito de Conceição do Boqueirão.

55Ü MUNICÍPIO

Cidade de Bom Sucesso. Esta povoação foi elevada a freguesia no ano de


1824, c a vila c cidade nos anos dc 1871 e 1872. Ocupa o planalto de uma colina
fronteira à serra do mesmo nome, que está daí a uma légua.
Este município atualmente pertence à comarca de Sapucaí. O seu clima
(Mn geral é saudável e benigno. A povoação contém mais de 400 casas, muitas
das quais bem construídas e de bom gosto, e na maior paite colocadas na rua
Direita, tendo a matriz no centro e as igrejas dos Passos e do Rosário nas duas
extremidades.
As ruas laterais são de pouca importância. A praça onde está colocada a
matriz é bem aformoseada. A matriz, cujo templo ainda está por concluir, tem o
frontispício dc cantaria dc uma pedra que parece mármore azul. Tem Casa de
Câmara e Cadeia c um pequeno teatro.
A população da cidade c município orça por 14 mil almas.
A cidade disla da capital da província 3 2 léguas, de São João del-Rei 14 e
da capital do Império 60. O município tem 6 léguas de norte a sul e 7 de leste a
oeste.
Tem um colégio eleitoral composto dc 2 8 eleitores.
É todo cercado de campos de criar. A indústria do lugar não chega para o
consumo de seus habitantes.
Seu pessoal não é grande, mas é excelente e bem morigerado.
Exporta gado vacum, cavalar e lanígero, bem como mantimentos, queijos
e excelente polvilho.
O número de escravos matriculados na colctoria do município foi de
2 . 3 2 4 , e o fundo de emancipação é de 4:62aS348.
O número dc ingénuos nascidos na freguesia da cidade até o fim de 1876
foi de 2 4 9 . dos quais faleceram 70.
O município divide pelo lado do norte com o de Oliveira; pelo lado do sul
com o de São João del-Rei; pelo lado do leste com o dc São José del-Rei; e pelo
oeste com o dc Lavras.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes;

1") freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso;


2u) freguesia dc São João Batista do Bom Sucesso;
3Ü) freguesia de São Tiago.

56o MUNICÍPIO

Cidade de São João Batista. A cidade de São João Batista é a sede da


comarca do Itamarandiba, e sua criação é de recente data; seu município foi
desmembrado do de Minas Novas.
Tem um colégio eleitoral composto de 35 eleitores. Sua população orça
por 13 a 14 mil almas. O seu território é quase todo agrícola.
Nada mais podemos dizer, por não termos obtido informações.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
2.312, e o fundo de emancipação é de 4 : 6 0 4 S 4 4 9 .
O número dc ingênuos até o fim de 1876 foi de 150, dos quais faleceram 25.
Ü município de São João Batista divide com os dc Montes Claros,
Diamantina c Minas Novas.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de São João Batista;


2D) freguesia de Nossa Senhora da Penha de trança;
3«) freguesia de Santíssimo Coração de Jesus das Barreiras;
4a) distrito de Santa Maria dc São Félix;
5") distrito de Vau.

57a MUNICÍPIO

Cidade de Curvelo. O território cm que hoje está colocada a cidade do


Curvelo foi erigido em julgado com a denominação de Papagaio, por carta régia
de 16 de março de 1720, e por essa mesma carta foi também elevado a
freguesia. Posteriormente, leve o foro de vila com o nome de Curvelo, por alvará
de 11 de setembro de 1816, que foi confirmado por lei de 13 de outubro de 1 8 3 1 .
Hoje. é cidade e a sede da comarca do Rio Paraopcba, composta deste município
e do de Sete Lagoas.
Dista da capital da província 44 léguas. Tem um comando superior da
Guarda Nacional. Tem mais um colégio eleitoral composto de 64 eleitores.
A população do município orça por 2 2 mil almas. Seus territórios são
muito próprios para a cultura e a criação; o algodão ali dá em grande abundância
e fornece milhares de arrobas ao mercado; o gado de todas as espécies ali
prospera admiravelmente.
O pessoal da cidade é numeroso e bastante instruído e civilizado, bem
como o do município. Na cidade, além das aulas públicas de primeiras letras,
tanto do sexo masculino como do feminino, há também uma aula pública de
latim (Í francês.
A indústria do município é toda agrícola; ali dá perfeitamente o café e a
cana; e além dos cereais e do algodão, que fornece muitos milhares de arrobas
em rama, c porção de tecidos que exporta, tem também a sola c courama para
calçados e o salitre, de que ali há extraordinária abundância.
Entre os mais notáveis municípios da província, o do Curado é um dos que
oferece à agricultura, ao comércio e à indústria um futuro risonho e rico dc espe-
ranças; e, para que o município se tome um dos primeiros em civilização e riquezas,
bastará que o Rio das Velhas seja navegado e ligado à Estrada de Ferro D. Pedro II.
Ali no município existe a grande fábrica de tecidos do Cedro, de que já
tratamos em outro lugar desta obra.
Ü número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
1 .-129, e o fundo de emancipação é de 2:845S915.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até 31
de dezembro de 1876 é de 2 9 0 , dos quais faleceram 6 2 .
0 município divide por um lado com o de Sete Lagoas; por outro com o de
Montes Claros; por outro com os de Gouveia, Seno e Diamantina; e por outro
tem como limite o Rio São Francisco.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1a) freguesia de Santo Antônio do Curvelo;


2a) freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Bagre;
3a) freguesia de Santana dc Traíras;
4a) freguesia dc Conceição do Morro da Graça;
õa) distrito de Monleiros;
6a) distrito de Almas;
7a) distrito de Papagaio;
Ba) distrito de Ponte do Paraúna;
9a) distrito de Andrequicé;
10a) distrito de Pilar;
1 la) distrito de São Gonçalo das Tabocas.

58a MUNICÍPIO

Cidade de Viçosa dc Santa Rita do Turvo. Esta povoação, desmembrada


com outras do município de Ubá. forma hoje o município a que se dá o nome dc
cidade dc Viçosa de Santa Rita do Turvo, tendo sido elevada a vila pela Lei n.
1.817, dc 3 0 dc setembro de 1871, e, instalada esta em 2 2 de janeiro de 1873,
foi elevada à categoria de cidade no ano dc 1 8 7 4 .
Disla da capital da província 17 léguas e pertence à comarca do Rio Turvo;
tem um colégio eleitoral composto de 91 eleitores. Tem também um comando
superior da Guarda ¡\acional.
Sua população, com a do município, que é bastante extenso, eleva-se a
perto de 37 mil almas.
O município tem muita lavoura e é abundante dc madeiras para cons-
trução. Suas terras são muito férteis e produzem todos os gêneros de cultura, e
muito especialmente a cana, dc que fabricam muito açúcar e aguardente para
exportação.
A cidade, sendo muito nova. tem prosperado muito c está com muita
influência. Seu pessoal é bem importante e animado: resta que não esmoreçam
e que, pondo de paite as paixões partidárias, cuidem todos com interesse do
bem-estar, prosperidade e engrandecimento dc seu município.
O número de escravos matriculados na colctoria do município foi de
6.036, e o fundo de emancipação é de 13:2155885.
Quanto ao número de ingênuos, nada consta.
O município divide por um lado com o de Ubá; por outro com o de Piranga;
por outro com o de Ponte Nova: e por outro com o do Muriaé.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Santa Rita do Turvo;


2») freguesia de São Sebastião de Coimbra;
3«) freguesia de São Miguel do Anta;
•1") freguesia de São Sebastião da Pedia do Anta;
5a) freguesia de São Sebastião dos Aflitos;
6a) freguesia de São Miguel e Almas dos Arrepiados.

59a MUNICÍPIO

Cidade de Rio Pardo. A povoação de Rio Pardo foi elevada a vila por lei
provincial de 13 de outubro de 1832, e hoje é cidade c faz parte da comarca do
mesmo nome.
A população do município eleva-se a 52.256 almas. Tem um colégio
eleitoral composto de 129 eleitores. Dista da capital da província 110 léguas.
Este município está muito ao norte, e por isso todo o seu comércio é com
a Bailia. A sua lavoura principal é a da cana e dos mais gêneros alimentícios. A
sua maior exportação consta de açúcar, aguardente, rapaduras e mantimentos.
A cidade dc Rio Pardo não é pequena e é bem populosa. Está colocada à
margem do rio do mesmo nome c muito nas cabeceiras dele, ao pé da Serra das
Almas. Tem bom pessoal e este é muito animado e civilizado.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
6.722, c o fundo de emancipação é de 13:387S158.
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município foi de
41, dos quais nenhum tinha falecido até fins de 1876.
Este município divide com a província da Bahía e com os municípios do
Grão-Mogol e Januária, da Província de Minas.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

lo) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio Pardo;


2") freguesia de Santo Antônio das Salinas;
3«) freguesia de I¿cncóis;
4") freguesia de Nossa Senhora da Graça do Tremedal;
õ") freguesia da Água Vermelha;
62) distrito de São João;
7") distrito de Serra Nova;
8") distrito de Santa Rita;
9Ü) distrito de Rapadura.

60e MUNICÍPIO

Cidade de Patrocínio. A povoação de Patrocínio foi elevada a freguesia


pela Lei Provincial 11. 114, dc 1839, e a vila pelo § 4» do art. 2 da Lei n. 171, de
o

1810. Hoje, é cidade e a sede da comarca do Rio Dourados.


Dista da capital da província 80 léguas e tem um colégio eleitoral com-
posto dc 78 eleitores; tem também um comando superior da Guarda Nacional,
que compreende, a de Bagagem.
A população do município eleva-se a perto dc 31 mil almas, c a cidade é
grande e tem bons edifícios; o pessoal, não sendo muito numeroso, é, contudo,
excelente.
Imporia muita fazenda, longa, molhados o ferragens e exporta muito gado.
porcos e carneiros. A sua lavoura mais foite é a da cana, do milho, do feijão e
do arroz. Seus campos excelentes estão sempre cheios de gado para exportação.
Ali também fabricam-se bem lindos tecidos de algodão para vestimenta de
homens.
O número de escravos matriculados na coletoria foi de 7.177. e o fundo de
emancipação que lhe locou foi dc 1 4 : 2 9 3 5 3 1 1 .
O número de ingênuos nascidos na freguesia do Patrocínio do Coromandel
até 31 de dezembro de 1876 foi de 6 1 , dos quais faleceram 13.
O município compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1Q) freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio;


2a) freguesia de São Sebastião da Seira do Salitre;
3a) freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio do Coromandel:
4«) distrito de Abadia.

61« MUNICÍPIO

Vila de Hrumado do Suaçuí, hoje vila de Enlre-Rios. Esta povoação foi


elevada a vila em 1672 e instalada em 1678.
Está situada entre campos e matas; tem um bom pessoal, c seus
munícipes ocupam-sc na criação do gado vacum, cavalar e lanígero, e também
na lavoura do café, da cana e dos mais gêneros alimentícios.
Todo o município de Brumado foi desmembrado rio de Queluz, porém faz
parte da comarca desse nome.
Sua população orça por 18 mil almas. Seu comércio maior é o do sal. dc
que ali há grandes depósitos. Também fabricam-se ali excelentes violas, iguais
às de Queluz.
O município exporta gado. poldros, gêneros comestíveis, queijos,
rapaduras, açúcar c polvilho.
Tendo sido o município instalado cm 1878, a escravatura a ele pertencente
foi matriculada no município de Queluz.
O município divide por um lado com o de São José del-Kci c por outro lado
com o de Queluz.
Compõe-se- das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora das Grotas de Brumado;


2*0 freguesia dc Santo Amaro;
3") freguesia de São Brás de Suaçuí.

O município dá 4-1 eleitores, que votam no colégio dc Queluz.

62" MUNICÍPIO

Vita de Campo Belo. Não sabemos ao certo em que ano foi criado este
município, mas acha-se instalado há pouco c foi desmembrado do de Tamanduá;
pertence à comarca de Lambari e divide com os municípios de Oliveira,
Tamanduá e Formiga.
A freguesia de Campo Belo tem 4.639 almas e dá 12 eleitores, que votam
em Tamanduá.
Nada mais pudemos saber.

63c MUNICÍPIO

Vila de Cataguases. Esta povoação, outrora denominada Meia Pataca, foi


elevada a vila no ano de 1B76 e inaugurada no dia 7 de setembro de 1877.
Pertence à comarca de Ubá. hbi desmembrada do município da Leopoldina
e está situada na margem esquerda do Rio Pomba em uma vargem bem espa-
çosa e alegre. Tem uma grande praça, com a igreja matriz no centro; a igreja é
de arquitetura antiga e sem gosto algum.
A povoação já conta um bonito c excelente pessoal; não é grande, mas é
bom, morigerado e hospitaleiro. A sua população, com a do município, orça por
15.207 almas; dista da capital da província 26 léguas.
Há pouco foi ali aberta a estação da Estrada de Ferro de Leopoldina,
importante via de comunicação que vai servir a uma zona importantíssima e que
promete um brilhante futuro a ambos os municípios.
Ali cultiva-se com vantagem café, do qual há grandes e importantes lavra-
dores; lambem cultivam-se a cana, o milho, o feijão, o arroz, a mandioca e mais
gêneros de lavoura. Ü município exporta café, açúcar e toucinho.
Divide por um lado com o município dc Leopoldina; por outro com o de
Pomba; por outro com o de Ibá; e por outro com o dc Muriaé.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

1a) freguesia dc Santa Rita do Meia Pataca;


2o) freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal;
'M) freguesia de Divino Espírito Santo do Empoçado;
4a) freguesia de Santo Antônio do Muriaé,
5a) freguesia de São Francisco de Assis do Capivara.

O município pertence à comarca dc Ubá. Seus eleitores, em número de 39,


votam em Muriaé. Uíopoldina c Ubá.

64a MUNICÍPIO

Vila dc Cabo Verde. A povoação de Cabo Verde, edificada cm terreno pouco


elevado, plano em grande parte e assombrado de vasto arvoredo, é uma das
mais florescentes povoações do sul de Minas.
Foi elevada a vila de 1871 a 1ÍI72 e, pertence à comarca de Jacuí.
Cercada de ricas matas e animada por habitantes laboriosos, lem tila de
engrandecer-se infalivelmente, para o que não lhe falta ótimo clima nem solo
fertilíssimo.
A vila possui perto de 300 casas, sendo 2 de sobrado; uma boa matriz, a
igreja do Rosário c uma capela no cemitério; uma cadeia, que passa por ser a
melhor da comarca; 3 chafarizes; c 2 escolas públicas, para ambos os sexos.
O Rio Verde, um dos mais piscosos do sul de Minas, passa a légua e meia
da vila.
Tem um colégio eleitoral composto de 31 eleitores.
Dista da capital da província 65 léguas: da Corte, 86; de Caldas, 12; dc
Campanha. 2 5 ; e da estação de Boa Vista, 44 léguas.
Seu pessoal não é grande, mas é excelente.
Sua população c de 12.473 almas.
Sua lavoura consiste em fumo, cana e mais gêneros rio País; e sua
exportação consta de gado, porcos, toucinho e fumo.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
1.510; e o fundo de emancipação é de 3 : 0 0 7 $ 2 3 8 .
O número de ingênuos nascidos na freguesia de São José da Boa Vista até
31 de dezembro de 1 8 7 6 é de 106, dos quais faleceram 5.
O município divide por um lado com o de Caldas; por outro com o de São
Sebastião do Paraíso; por outro com os de Alfenas e I*assos; e por último com a
Província de São Paulo.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1*0 freguesia de Nossa Senhora da Assunção do Cabo Verde;


2u) freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista;
3c) fixíguesla dc São José dos Botclhos;
4c) freguesia de São José da Boa Vista.

65c MUNICÍPIO

Vila de Santo Antônio do Monte. A povoação de Santo Antônio do Monte


foi elevada a freguesia pelo §1« do art. 1c da Lei Provincial n. 0 6 3 , de 1 8 5 4 . e a
vila pelo art. * da I.ei n. 9 8 1 , de 3 de junho de 1 8 5 9 .
O município tem cerca de 18.131 habitantes e dista da capital da província
5 0 léguas; pertence ã comarca do Kio Ilapecerica, e seu colégio eleitoral
compõe-se de 4 5 eleitores.
A povoação é sofrível e seu pessoal é excelente.
Os lavradores deste município tratam da cultura dos gêneros do País, e
com es[>ecialidade da cana, que cultivam em grande escala; lambem cuidam ela
criação, exportando anualmente muitas mil cabeças de porcos gordos e algum
gado.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
1.842; c o fundo de emancipação é de 3 : 6 6 8 $ 130.
Quanto a ingênuos, nada consta.

* Noia: Falta o número do artigo no original.


O município divide por um lado com o de Tamanduá; por outro com o de
Pitangui; e por outro com o dc Marmelada.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Santo Antônio do Monte;


2") freguesia de Bom Jesus do Indaiá;
3") freguesia de Nossa Senhora da Luz do Aterrado;
•H freguesia de Nossa Senhora da Saúde;
5'-') freguesia de São Jose do Córrego do Anta.

66a MUNICÍPIO

Vila de Santo Antônio dos Patos. A criação da vila de Santo Antônio dos
Patos data dc 1870 para 1871, c foi desmembrada do município do Patrocínio:
faz parte da comarca do Rio Dourados e dista da capital da província 7 8 léguas.
Tem um colégio eleitoral composto de 37 eleitores. Sua população eleva-
se a 15 mil almas em todo o município.
Seu território compõe-se na maior parte de campos de criar c poucas
terras de cultura; porém assim mesmo esta não é pior, pois que se cultivam
lodos os gêneros de primeira necessidade. Exporta muito gado e porcos.
O número de escravos matriculados na coleto ria do município foi de
1.395. c o fundo de emancipação é de 2 : 7 7 8 $ 2 0 0 .
O número de ingênuos nascidos em duas freguesias do município até o fim
do ano de 1 8 7 6 foi de 118, dos quais faleceram 13.
O município divide com o de Paracatu por um lado; por outro com o de
Santana dos Alegres; e por outro com os de Patrocínio e Bagagem.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

la) freguesia de Santo Antônio dos Patos;


2") freguesia de Santana do Areado;
3") distrito de Lagoa Formosa.
67a MUNICÍPIO

Vila de Santana dos Alegres. A criação da vila de Santana dos Alegres data
de 1874 a 1875, e sobre ela só o que pudemos saber é que foi desmembrada do
município de Paracatu, a cuja comarca pertence, e não temos ceiteza se já foi
instalada tanto a vila como o foro.
A população do novo município é de 8 a 9 mil almas; seu território é quase
todo de campinas e sua lavoura consta dos gêneros do País.
O município compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Santana dos Alegres;


2«) distrito da freguesia de Santana;
3") distrito de Santa Rita.

68B MUNICÍPIO

Vila de Sete Lagoas. Não pudemos chegar ao conhecimento da data da


criação desta vila e município.
Pertence ela à comarca do Rio Paraopeba.
Sua população, com a do município, orça por 14.216 almas, e dedica-se à
lavoura da cana e gêneros alimentícios. Tem um colégio eleitoral composto de
35 eleitores. Sua exportação consta de açúcar, algodão em pano e em rama,
couros, sola, salitre e alguma criação.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
2 . 2 9 5 ; e o fundo de emancipação que lhe tocou é de 4 : 5 7 0 5 5 9 2 .
O número de ingênuos nascidos na freguesia de Carmo do Tabuleiro
Grande até 31 de dezembro de 1 8 7 6 foi de 148. dos quais faleceram 4 0 .
O município divide, por um lado, com o de Curvelo; por outro, com os de
Santa Luzia e Sabará; e por outro, com o de Pitangui.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

1«) freguesia de Sete Lagoas;


2a) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Tabuleiro Grande;
3a) freguesia e distrito do Inhaúma;
4a) distrito de Buriti.
69a MUNICÍPIO

Vila do Santíssimo Sacramento. Suprimida a vila do Desemboque, a fre-


guesia do Sacramento, que fazia parle deste município, foi criada vila e criado
o seu município com a denominação de Santíssimo Sacramento. Sua população
é calculada em 22/180 almas e tem um colégio eleitoral composto de 45
eleitores.
Pertence à comarca do Paranaíba e dista da capital da província 82 léguas.
O território do município é composto de excelentes campos de criar e
terras de cultura: e seus habitantes empregam-se fortemente na criação de gado
e porcos, que exporiam em grande quantidade. A sua cultura mais forte é a da
cana e depois a dos géneros alimentícios. Ali também se fabricam bons tecidos
de algodão.
O número de escravos matriculados na coletoria do município foi de
2.582. e o fundo de emancipação que lhe coube foi de 5:142$166.
O número de ingênuos matriculados até fim de 1870 em duas freguesias
foi de 273, dos quais faleceram 67.
O município divide por um lado com o do Araxá; por outro com o de
Uberaba; e por outro com o de Piüí.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia do Santíssimo Sacramento do Desemboque;


2'J) freguesia de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque;
3«) freguesia de Divino Espírito Santo da Forquilha;
4") distrito de São Miguel da Ponte Nova;
5") distrito de São João Batista da Serra da Canastra.

70a MUNICÍPIO

Cidade de Praia. A povoação de Nossa Senhora do Carmo do Prata foi


elevada a freguesia pela Lei Provincial n. 164, de 1840, e a vila pela Lei n. 363,
de 1B48; sendo suprimida pelo art. 11 de outra, a n. 473. de 1860, foi outra vez
restaurada pela Lei n. 668. de 1854.
Sua população, com a do município, é calculada em 10 a 11 mil almas.
Tem um colégio eleitoral composto de 26 eleitores. É a sede da comarca do
Trata c dista da capital da província 120 léguas.
O território do município produz bem todos os gêneros de primeira
necessidade, especialmente a cana.
O pessoal do município é ótimo. É neste município que está colocado o
colégio dc Campo Belo. que foi outrora regido pelo padre-mestre Leandro, e que
é uma derivação do colégio do Caraça.
Este município está colocado nas extremidades da província, entre dois
rios, isto é, o Grande c o Paranaíba, onde divide a Província de Minas das de São
Paulo e Goiás.
O número de escravos matriculados na coletoria do município de Prata foi
de '1.661; c o fundo de emancipação que lhe tocou é de ÍL288SÜ61.
ü número dc ingênuos nascidos na freguesia da Boa Vista do Rio Verde até
fim de 1876 foi de 07. dos quais faleceram 20.
A vila do Prata é hoje cidade com a mesma denominação de Prata.
O município divide por um lado com o de Uberaba; por outro com o de
Araxá; e por outro com o de São Francisco das Chagas do Campo Grande.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Prata;


2«) freguesia do São José do Tijuco;
3a) freguesia de São Francisco de Sales;
'lu) freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista do Rio Verde.

71a MUNICÍPIO

Vila de São Jose do Paraíso. A freguesia de São José do Paraíso, conhecida


em outro tempo pelo nome de Campo do Lima. foi desmembrada do município
de Itajubá e elevada a vila de 1872 a 1873. Pertence à comarca de Itajubá. e dista
da Corte 70 léguas e de Ouro Preto 78. Tem um colégio eleitoral composto de f>3
eleitores.
Esta vila está colocada em uma formosa localidade, rodeada dc
verdejantes colinas: todas tilas como que se curvam ante aquela sobre cujo
extenso platô se ergue risonha o florescente a povoação.
A vila contém perto de 3 0 0 casas, além da cadeia e três igrejas. Tem seis
ruas e quatro praças regulares. Há na vila três aulas de instrução primária. Há
também ali uma grande fábrica de vinho, licores e outros produtos alcoólicos. O
vinho não é perfeito, mas espera-se que com esforços e capricho se tornará
excelente.
A população do município eleva-se a 21.163 almas. A sua lavoura não é má;
planta-se muito fumo e já se começa a plantar o café e a cana; produz muito bem
a uva e toda casta de cereais. Exporia muito gado, porcos, toucinho c queijos.
Seu comércio é sofrível e importa muita fazenda, louça, ferragens, molha-
dos, sal e tudo o mais que compõe o nosso gênero de negócio.
O pessoal do município é excelente e composto de homens ricos, civiliza-
dos e religiosos.
O número de escravos matriculados na coletoria do município de Paraíso
foi de 4.16*1, c o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 8 : 2 9 2 5 7 8 9 .
O número de ingênuos nascidos cm três freguesias do município até o fim
de 1876 foi de 3 7 1 , dos quais faleceram 102.
O município divide por um lado com o de Itajubá; por outro com os de
Pouso Alegre c Ouro Fino; e por outro com o de Jaguari.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de São José do Paraíso;


2a) freguesia dc Capivari;
3«) freguesia de São João Batista das Cachoeiras;
4«) distrito de Santana do Sapucaí-.Vlirim;
5u) distrito de Nossa Senhora da Conceição dos Ouros.

72a MUNICÍPIO

Vila de Ouro Fino. A antiga freguesia de São Francisco de Paula do Ouro


Fino foi desmembrada do município dc Pouso Alegre e elevada à categoria de
vila de 1872 a 1873. Pertence à comarca de Jaguari, e disla da capital da
província 8 0 léguas, da Corte, 87; de Pouso Alegre, 8; de Campanha, 22; da
estação da Boa Visia, na Estrada dc Ferro D. Pedro II, 4 0 .
Sua população, com a do município, é de 2 3 . 7 4 7 almas.
A vila de Ouro Fino tem 11 ruas e 2 praças, com perto de 2 5 0 casas,
algumas das quais bem edificadas. A matriz, dedicada a São Francisco dc Paula,
é sofrível, c alem dela há mais em construção a capela de São Miguel e, a seis
quilómetros da vila. também está em construção uma capela dedicada a
Senhora da Piedade. Há pouco principiou-se ali a edificação de um teatro, de
cuja construção se encarregou uma sociedade de 2 0 chefes de família.
Ouro Fino é uma das povoações mais civilizadas do sul dc Minas, e o seu
povo é o mais afável e sociável que é possível.
O município tem excelentes campos de criar e matas seculares. Ali sc
encontram excelentes madeiras para construção, muitas ervas medicinais e
plantas próprias para a tinturaria.
O município é banhado pelos rios Mogiguaçu, Mandu e Cervo. Sua lavoura
é igual à dos municípios vizinhos, porém já ali há grande plantação de café, que
produz sofrivelmente. A criação também ali prospera otimamente. O seu
comércio é regular e sua exportação consta de gado, porcos, toucinho c queijos.
O município divide com os de Jaguari, Caldas, Pouso Alegre e São José do
Paraíso.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

U) freguesia de São Francisco de ('aula do Ouro Fino;


2u) freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Borda da Mata;
3") freguesia de Santa Rita do Jacutinga;
'1") distrito de Bom Jesus do Campo Místico.

Os eleitores do município são 59.

73* MUNICÍPIO

Vila da l^edra dos Angicos. A antiga Vila Risonha de São Romão, situada na
margem esquerda do Rio São Francisco c sede da comarca do Rio São Francisco,
foi transferida para a freguesia de Pedra dos Angicos, na margem direita do
mesmo rio, tendo lugar esse fato dc 1872 a 1873, suprimindo-se uma vila impor-
tante em todos os sentidos para criar-se uma sem importância e na extremidade
do município.
0 município de Pedra rios Angicos contém território em ambas as
margens do Rio São Francisco, sua população é de 1Ü mil almas, tem um colégio
eleitoral composto de 25 eleitores e é hoje a sede da comarca do Rio São
Francisco.
O número de escravos matriculados na coletoria do município é dc 433.
O número de ingênuos é de 37. dos quais faleceu um.
O município divide com os de Januária e de Santana dos Alegres do lado
esquerdo do rio e, do lado direito, com os de Montes Claros e Jequitaí.
A vila de São José da Pedra dos Angicos, hoje, é a cidade de São Francisco.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

H>) freguesia de São José da Pedra dos Angicos;


2") freguesia dc Santo Antônio da Manga de São Romão;
3 - ) freguesia de Santana do Capão Redondo;
1 1

4") distrito de Bonfim;


í>") distrito dc Pirapora d'Além São Francisco.

74« MUNICÍPIO

Vila do Paní. Kste município foi todo cie desmembrado do município de


Pitangui. e não temos a data cm que foi criado, nem os dados e informações que
temos à vista o dizem, porém nossa suposição é dc que essa criação data de 1H72.
O município de Pará pertence à comarca do Rio Pará. Dista da capital da
província 30 léguas. Sua população é de 15.280 almas. Tem um colégio eleitoral
composto de 39 eleitores do município.
O território do município tem excelentes matas, que produzem bem todos
os cercais e gêneros de nossa lavoura, e com especialidade a cana, da qual
fazem muito açúcar, aguardente e rapadura; também ali cultiva-se em grande
escala o algodão, que é exportado em grande quantidade, tanto em tecidos como
em rama.
O pessoal do município é bom c compõe-se de muitos fazendeiros
importantes.
Kste município divide com os do Bonfim, Sete lagoas, Pitangui e
Marmelada.
Compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

U) freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Pará;


2t>) freguesia de Santo Antônio do Morro dc Mateus Leme:
3") freguesia de São Gonçalo do Pará;
'1") distrito de Santo Antônio do Rio de São João Acima;
5") distrito de Santana do Rio de São João Acima.

75" MUNICÍPIO

Cidade dc Abaeta. Tendo sido suprimida a Vila de Dores do Indaiá, cujo


município compreendia a fregutísia de Marmelada, foi esta então elevada a vila,
ficando composto o município com o mesmo território do extinto; porém
ignoramos a data dessa transferência.
Sabemos, porém, que a nova vila de Marmelada pertence à comarca dc
Pitangui, a cujo território outrora pertenceu. Dista da capital da província 4 0
léguas.
Hoje, é cidade, com a denominação dc cidade de Abaeté.
A população do seu município consta de 17.307 almas e tem um colégio
eleitoral de 4 1 eleitores.
O território do município é excelente e muito próprio para a cultura dos
gêneros alimentícios, da cana e do algodão; seus campos são ótimos para a
criação de gado vacum, cavalar c lanígero.
O número dc escravos matriculados na coletoria do município foi de
2 . 0 0 0 , e o fundo de emancipação que lhe foi distribuído é de 5 : 3 0 9 5 4 5 6 .
Quanto a ingênuos, nada consta.
O município de Marmelada divide com os de Pará, Pitangui e Araxá.
Compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio da Marmelada;


2a) freguesia de Nossa Senhora das Dores da Serra do Indaiá;
3c) freguesia de Nossa Senhora do Loreto da Morada Nova;
4") distrito de São José do Córrego do Anta;
5'-!) distrito de Quartel do Espírito Santo do Indaiá;
6a) distrito dc Nossa Senhora do Abaeté;
7a) distrito dc Proteção de São José do Canastrão.

76a MUNICÍPIO

Vila de Pouso Alto. A povoação de Pouso Alto foi elevada a freguesia por
decreto dc 14 de julho de 1832, c depois à categoria de vila cm 1872.
A Vila de Pouso Allo está colocada em uma montanha, no alto da qual está
a matriz, construída dc pedra, e a ela sc vai ter por uma ladeira, calçada e
íngreme; embaixo estão colocadas as melhores casas da povoação, que ainda se
prolonga por uma rua lateral à matriz, rua estreita, irregular e só de casebres.
A povoação é cercada de férteis terras de cultura, aproveitadas na maior
paite para a plantação do fumo.
A meia légua corre o Rio Verde.
A povoação consta de umas 120 casas, algumas bem construídas; tem um
chafariz público, cemitério e. além da matriz, há mais a igreja do Rosáno.
Há ali uma escola pública para meninos.
Dista da Corte 5 0 léguas; de Ouro Preto, 52; de Campanha, 14; de
Baependi, 5: dc São João do Picu, 3; e da estação da Boa Vista. 11.
A população do município, não se contando a freguesia da vila. onde não
houve recenseamento, é de 6.973 almas.
Tem um colégio eleitoral composto de 27 eleitores.
O comércio do lugar é bastante ativo e animado; ali há muitas e grandes
tropas, que conduzem gêneros e cargas para diversos pontos da província.
Seus fazendeiros, na maior parte, são abastados, e a lavoura do município
é grande e produz bem todos os gêneros, especialmente o fumo.
Ksie município é um dos bons da província.
Pertence à comarca de Cristina c divide com os do Baependi, Cristina e
Aiuruoca.
Suas freguesias são as de Nossa Senhora da Conceição de Pouso Alto, São
José do Picu c Passa-Quatro.
77a MUNICÍPIO

Vila dc Jequitaí. Tendo sido suprimida a vila dc Guaicuí. na margem do Rio


São Francisco, que é uma povoação grande, foi criada então a nova vila de
Jequitaí na povoação de Bonfim, que é situada nas cabeceiras do Rio Jequitaí.
muito retirada da margem do São Francisco.
As nossas Assembléias provinciais, de há anos a esta parte, têm feito
brilhaluras do arco-da-volha: criam vilas e freguesias, para daí a pouco suprimi-
las, tudo somente pelo espírito partidário e nada pelo bem público.
A nova vila de Jequitaí c, pois, a cabeça da comarca do Rio Jequitaí, e sua
criação data de 1B73 a 1874. O território do município consta de campos c
matas, c seus habitantes vivem da lavoura c dc criar.
O município consta de três freguesias e um distrito, sendo a freguesia
mais importante a de São Miguel e Almas da Barra do Rio das Velhas, antiga
Guaicuí, que contém uma população dc 7.264 almas c dá 18 eleitores.
Das outras nada sabemos porque não houve recenseamento. Assim, pois.
a vila dc Jequitaí c cabeça de comarca e tem um colégio eleitoral.
O município de Jequitaí divide por um lado com o de Montes Claros o por
outro com o de Pedra dos Angico.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

1") freguesia de Senhor Bom Jesus do Bonfim;


2a) freguesia dc Olhos-d*Água;
3a) freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso e Almas da Barra do Rio
das Velhas;
4") distrito de São João Batista da Terra Branca.

78a MUNICÍPIO

Vila de Monta Alegre. A povoação de Chagas, hoje vila de Monte Alegre, foi
desmembrada do município de Prata e erigida em vila no ano de 1 8 7 3 .
Seu território compõe-se na maior parte de campinas; está colocada
entres os rios Tijuco c São Marcos, onde divide com a Província de Goiás; faz
parte da comarca dc Prata. Sua população consta de 11.197 almas, c seu colégio
eleitoral compõe-se de 2 8 eleitores do município.
Dista da capital da província 121 léguas e meia.
Sua lavoura especial é a da cana e gêneros alimentícios; há grande criação
de gado e porcos, que exportam em grande quantidade.
Nada sabemos sobre o número de escravos nem dc ingênuos do
município.
Divide com o município de Santo Antônio dos Patos e o de Prata pelo lado
de Minas, e compõe-se das freguesias seguintes:

1o) freguesia de São Francisco das Chagas do Monte Alegre;


2fl) freguesia de Nossa Senhora da Abadia do Bom Sucesso;
8v) freguesia de Santa Maria.

79o MUNICÍPIO

Vila de Silo Francisco das Chagas do Campo Grande. Esta povoação foi

elevada a freguesia pelo § 2o do art. 8" da I,ei Provincial n. 6 5 4 . de 1 8 5 3 , c a vila


pelo art. 1" da Lei n. 9 9 9 . A população do município consta de 15.432 almas, e
tem um colégio eleitoral composto de 3 0 eleitores do município.
Peitence à comarca do Paranaíba e dista da capital da província 61 léguas.
O território do município consta de campos de criar e leiras de cultura.
Seus habitantes ocupam-se na criação de gado bovino e suíno, que exportam em
ponto grande. Quanto á lavoura, só plantam o que é preciso para as
necessidades do município. Este divide com os de Bagagem. Patrocínio c Araxá.
Consta das freguesias e distritos seguintes:

lo) freguesia de São Francisco das Chagas do Campo Grande;


2«) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Arraial Novo;
3u) freguesia dc Santo Antônio dos Tiros:
4a) freguesia de São Sebastião do Pouso Alegre, ou Confusão;
5o) distrito do Areado.
80a MUNICÍPIO

Vila do Carmo do Rio Garo. A povoação deste nome, hoje vila do Carmo
do Rio Claro, que já fez parte do município de Passos, é uma das mais
importantes do sul de Minas e está colocada nas margens do Rio Sapucaí, no
alto de uma campina de vista aprazível, e é coitada pela estrada geral que se
dirige para a Corte e também para a capital da província.
Contém oito ruas e diversas travessas e tem sete casas de sobrado no lar-
go da matriz. Dista da Corte 9 0 léguas; de Ouro Preto. 6 5 ; de Passos. 11; de Cam-
panha, 27; de AJfenas, 11; de Boa Esperança, 11; c da estação da Boa Vista, 48.
A lavoura do município consta de cereais, cana e café. que produz
admiravelmente e não tem a perseguição das formigas.
A povoação de Carmo do Rio Claro foi elevada a vila de 1872 a 1873.
Pertence à comarca de Passos.
A população do município consta dc 8.2-17 almas e dá 21 eleitores; é ativa
e morigerada. religiosa e dedicada ao trabalho.
O seu território é banhado pelos rios Sapucaí. Claro, Correnteza, ltapixé e
Santa Quitéria.
A vila é espaçosa e contém 2 0 0 a 3 0 0 casas, sendo algumas dc sobrado.
Tem uma grande praça aformoscada pelos prédios que a rodeiam e pela matriz,
que, a esforços de seu digno pároco, há de vir a ser um excelente templo. Além
da matriz, há também as igrejas do Rosário e dos Passos.
Este município exporta anualmente de 5 a 6 mil cabeças de gado e outros
tantos mil porcos gordos.
O município divide com os de Passos, São Sebastião do I^araíso e Cabo
Verde, e compõe-se das freguesias c distritos seguintes:

la) freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Claro;


2a) freguesia de Santa Rita do Rio Claro;
te) distrito de São João do Barranco Alto;
4a) distrito do Bom Jesus da Penha;
5a) distrito de São Pedro da União.

Quanto a escravos e ingênuos deste município, nenhuma informação


temos.
81u MUNICÍPIO

Vila dc Gouveia. A vila dc Santo Antônio do Gouveia foi criada dc 1 8 7 2 a


1873. sondo seu território desmembrado do município de Diamantina.
A vila de Santo Antônio do Gouveia está situada nas abas da Serra de
Santo Antônio, que 6 uma derivação da Sena do Espinhaço, e peitence à
comarca de Diamantina.
A freguesia dc Gouveia foi criada por lei provincial de 1841 e dista da
capital da província 57 léguas.
A população do município, não tendo havido recenseamento ali. não se
sabe qual ela seja; calcula-se, porém, em 8 ou 9 mil almas.
Este município divide com os de Diamantina, Serro, Curvelo e Conceição,
e consta das freguesias c distritos seguintes:

la) freguesia dc Santo Antônio do Gouveia;


2'-!) freguesia de Datas;
3'J) distrito de Dalas.

82a MUNICÍPIO

A vila de Guanhães. A vila dc São Miguel dc Guanhães foi criada de 1872


a 1873, sendo o seu território desmembrado do município de Conceição.
A vila está situada à margem do ribeirão desse nome e pertence à
comarca do Rio Santo Antônio.
Essa freguesia foi criada em 1 8 5 6 .
O município tem dc população 15.361 almas c dá 3 8 eleitores. Pertence à
comarca do Rio Santo Antônio.
O município divide com os de Serro. Conceição e Itabira, e consta das
freguesias e distritos seguintes:

l - ) freguesia de São Miguel e Almas dc Guanhães;


1 1

2a) freguesia de Nossa Senhora do latrocínio de Guanhães;


3a) distrito dc Nossa Senhora das Dores de Guanhães.
83* MUNICÍPIO

Vila do Rio Doce. Usta vila foi criada há pouco lempo: data de 1872 a 1873.
É a povoação e freguesia outrora conhecida pelo nome de Santo Antônio
do Peçanha; está colocada à margem do Rio Saçuí Grande, na ponta da Serra dos
Correntes.
Pertence à comarca do Itamarandiba.
O município contém 19.381 almas e dá 39 eleitores.
Divide com os de São João Batista. Diamantina, Serro e Conceição, e
compõe-se das freguesias e distritos seguintes:

lo) freguesia de Santo Antônio do Peçanha;


2u) freguesia de São José do Jacuri;
3") freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Caeté.

O município dista 66 léguas da capital da província, e a freguesia da Vila


foi criada por alvará de 1822.
17(5

FIM
Apéndice

Pela leitura que há pouco acabamos de fazer, muito rapidamente, sobre os


trabalhos da Assembléia Legislativa Provincial mineira, viemos ao conhecimento
de que a mesma assembléia, cm sua última sessão legislativa do ano dc 1 8 7 8 .
que há pouco findou, criou, e já foram sancionados, os municípios seguintes:

la) O município de Filadélfia, tendo por cabeça a povoação desse nome,


elevada à categoria de cidade, com o título de cidade do Teófilo Otôni. Fica ao
norte da província.
2a) O município de São Gonçalo do Sapucaí, tendo por cabeça a povoação
de São Gonçalo da Campanha. Fica ao sul da província.
3«) O município de Tremedal, lendo por cabeça a freguesia do mesmo
nome, porém com o nome de vila de Boa Vista. Este município fica muito ao
norte da província.
4a) O município de Carangola, tendo por cabeça a freguesia de Santa
Luzia, com o nome de vila de Carangola.
5'í) O município de Muzambinho, tendo por cabeça a freguesia de São José
da Boa Vista, com o nome de vila de Muzambinho. Uca ao sul da província.
()'-') O município de Manhuaçu, tendo por cabeça a freguesia de São
Lourenço, com o nome de vila de Manhuaçu. Fica a leste da província.
7a) o município de Bambuí, tendo por cabeça a freguesia desse nome, com
o título de vila de Bambuí. Fica ao oeste da província.

Pela leitura das leis provinciais, viemos também ao conhecimento de que


a vila de Ouro Fino, criada por lei dc 2 2 de julho de 1868, ao sul da província,
não chegou a ser instalada, por ter sido revogada logo depois a lei que a havia
criado. Porém, espera-se com toda a certeza que será de novo criada na próxima
sessão da Assembléia, no corrente ano de 1 8 7 9 . por ser de suma eqüidade c
interesse local a sobredita criação, pela qual instam os povos dessa localidade:
assim como também se espera que seja reintegrada de novo a vila de São João
Batista do Presídio, que atualmente faz parte do município de Lbá.
\ todos os senhores assinantes.

Pedimos, muito respeitosamente, a todos os ilustríssimos e excelentís-


simos senhores que subscreveram para a impressão da presente obra nos rele-
vem a falta que cometemos em não publicar as assinaturas, para o que fomos
movidos pelas razões seguintes:

U) A grande demora que tem havido na impressão da obra. motivada por


incidentes e faltas inteiramente independentes e alheias à vontade do autor, e
que muito o têm prejudicado.
2<0 O alto preço em que ficava a impressão da lista dos mesmos assinan-
tes, por ser ela bastante volumosa, o que vinha a retardar ainda mais a conclu-
são da impressão c a entrega da obra aos ditos senhores assinantes, pelo que a
todos pedimos nos desculpem essa falta.

Cidade do Juiz de Fora, fevereiro de 1879.

José Joaquim da Silva


ÍNDICES
índice das matérias contidas na presente obra

Capítulo I Da província em geral 37


• Limites da província 30

Capítulo II Do sistema orológico da província 41

• Divisas da província 43

Capítulo III Do sistema fluvial da província 45

Capítulo IV Em que se trata de tudo quanto tem a província


pertencente aos três reinos: mineral, vegetal e animal . . . .57

Capítulo V Das águas minerais da província 63


• Aguas alcalinas gasosas 63
• Águas sulfurosas 65
• Águas termais sulfurosas 65

Capítulo VI Da exportação, importação e indústria geral da província,


suas rendas e do que nela há de melhor e mais notável . . .67
• Exportação 67
• Importação 67
• Indústria mineira 67
• Finanças da província 70
• Elemento servil da província 70
• Estradas da província 71
• Estrada de rodagem 71

Capítulo VII Da cultura intelectual 75


Instrução primária e secundária da província 75

Capítulo VIII Da divisão judiciária da província 77


índice das cidades

Abaeté 170
Aiumoca 127
Alienas 110
Araçuaí 119
Araxá 1
12
Baependi 125
Bagagem 100
Barbacena 97
Boa Esperança 144
Bom Sucesso 153
Bonfim 13«
Caeté 130
Caldas 113
Campanha 95
Conceição do Mato Dentro 119
Cristina 145
Curvelo 155
182 Diamantina 82
Formiga 109
(irão-Mogol 118
Itabira do Mato Dentro 100
Uajubá 147
Jaguari 142
Januãria 104
Juiz de Fora 86
Lavras do Funil 129
Leopoldina 136
Mar de Espanha 135
Mariana 81
Minas Novas UB
Montes Claros 117
Oliveira 110
Ouro Freto 79
Paracatu 103
lassos 100
Patrocínio 158
Piranga 149
94
Pitangui
148
Piui
Pomba
Ponte Nova 1 : > 0

Pouso Akigit; 1 0 8

Praia
, 131
Queluz
Rio No\o
1S7
Rio Pardo _
Rio Preto 1 5 2

., , . 91
babara
Sinta Barbara 1 0 7

139
Santa Luzia
Sào João Batista 1 5 4

83
São João del-Rei 1

São José del-Rei 1 2 2

1 14
São Paulo do Muriae ^
São Sebastião do Paraíso 1 2 4

93
Turvo
Serro do Frio
Ibá , - 121
1 3 3
183
lamandua
l.beraba 102
Viçosa de Santa Rita 1411 5 6

Tres Pontas
148
índice das vilas

Brumado, hoje vila de Entrc-Rios 159


Cabo Verde 161
Campo Belo 160
Carmo do Rio Claro 174
Cataguases 160
Gouveia 175
Jequilaí 172
Monte Alegre 172
Ouro Fino 167
Pará 169
Pedra dos Angicos 16»
Pouso Alto 171
Rio Doce 176
Sacramento 165
Santana dos Alegres 164
Santo Antônio do Monte 162
Santo Antônio dos Patos 163
im São Francisco das Chagas do Campo Grande 173
São José do Paraíso 166
São Miguel de Guanhães 175
Sete Lagoas 164
índice das freguesias*

Água Suja (de Bagagem) 100


A g u a Vermelha (de Rio Pardo) 158
Aguapé (de Boa Esperança) 144
Aguas de Caxambu 1 2 7

Al fié (de Itabira) 107


Bagres (de Ubá) 134
Bana Uonga (de Mariana) 82
Boa Vista de Itajubá (cidade) MH
Bom Jesus do Indaiá (de Santo Antônio do Monte) 163
Bom Jesus do Livramento (de Aiuruoca) 128
Brumado do Mato Dentro 108
Capela Nova das Dores (de Queluz) 133
Capivari (de São José do Paraíso) 167
Córrego do Ouro (de Trés Pontas) 142
Curimatai (de Diamantina) 83
Datas (vila de Gouveia) 175
Divino Espírito Santo ria Cristina (cidade) 145
Divino Espírito Santo da Forquilha 165 tas
Divino Espírito Santo da Mutuca 97
Divino Espírito Santo da Pralinha 125
Divino Espírito Santo da Varginha 142
Divino Espírito Santo do Empoçado 161
Divino Espírito Santo do Ilapecerica 122
Divino Espírito Santo do Lamim 133
Divino Espírito Santo do Mar de Espanha 136
Divino Espírito Santo do Piau 152
Divino Espírito Santo do Pomba 116
Divino Espírito Santo dos Coqueiros 144
Inhaúma 164
Itambé (do Serro) 93
João Gomes (de Barbacena) 99
Lençóis (vila do Rio Pardo) 158
Melo do Desterro (de Barbacena) 99
Mendanha (de Diamantina) 83
Milho Verde (rio Serro) 93

* O autor tila a existência de -12(5 freguesias, porém relaciona apenas 409.


Nossa Senhora da Abadia (de Pitangui) 95
Nossa Senhora da Abadia do Bom Sucesso (de Monte Alegre) 173
Nossa Senhora da Abadia do Poito Real de São Francisco 110
Nossa Senhora da Ajuda de Três Pontas (cidade) 142
Nossa Senhora da Aparecida do Cláudio 112
Nossa Senhora da Assunção da Catedral (cidade) 82
Nossa Senhora da Assunção do Cabo Verde 162
Nossa Senhora da Assunção do Chapéu-d'Uvas 91
Nossa Senhora da Boa Viagem de Itabira do Campo 80
Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del-Rei 92
Nossa Senhora da Cachoeira do Brumado 82
Nossa Senhora da Conceição da Água Suja 117
Nossa Senhora da Conceição da Aiuruoca (cidade) 128
Nossa Senhora da Conceição da Barra 85
Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista (de Cabo Verde) 162
Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista (de Leopoldina) 137
Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista (de Alfenas) 141
Nossa Senhora da Conceição da Casca, ou Bicudos 151
Nossa Senhora da Conceição da Estiva 109
— uso Nossa Senhora da Conceição da lbitipoca 99
Nossa Senhora da Conceição da Lapa 92
Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias 80
Nossa Senhora da Conceição de Antônio Pereira 80
Nossa Senhora da Conceição de Camargos 82
Nossa Senhora da Conceição de Carrancas 85
Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas do Mato Dentro 108
Nossa Senhora da Conceição de Congonhas do Campo 80
Nossa Senhora da Conceição de Filadélfia 117
Nossa Senhora da Conceição de Jabuticatubas 131
Nossa Senhora da Conceição de Jaguari (cidade) 143
Nossa Senhora da Conceição de Mato Dentro (cidade) 120
Nossa Senhora da Conceição de Morrinhos 106
Nossa Senhora da Conceição de Prados 124
Nossa Senhora da Conceição de Queluz (cidade) 133
Nossa Senhora da Conceição de Raposos 92
Nossa Senhora da Conceição do Abre-Campo 151
Nossa Senhora da Conceição do Caeté (dc Rio Doce) 176
Nossa Senhora da Conceição do Laranjal (de Cataguases) 161
Nossa Senhora da Conceição do Mono da Graça 156
Nossa Senhora da Conceição do Piranga (cidade) 149
Nossa Senhora da Conceição do Pompéu 95
Nossa Senhora da Conceição do Porto do Turvo (cidade) 140
Nossa Senhora da Conceição do Pouso Alto (vila) 171
Nossa Senhora da Conceição do Rio Manso 83
Nossa Senhora da Conceição do Rio Novo (cidade) 152
Nossa Senhora da Conceição do Rio Pardo (cidade) 158
Nossa Senhora da Conceição do Rio Verde 127
Nossa Senhora da Conceição do Sabará (cidade) 92
Nossa Senhora da Conceição do Seno (cidade) 93
Nossa Senhora da Conceição do Turvo 149
Nossa Senhora da Conceição dos Tombos de Carangola 135
Nossa Senhora da Glória (de Diamantina) 83
Nossa Senhora da Glória (de Muriaé) 135
Nossa Senhora da Glória do Passa-Tempo (de Oliveira) 112
Nossa Senhora da Graça da Vendinha 117
Nossa Senhora da Graça do Tremedal (de Rio Pardo) 158
Nossa Senhora da Luz do Aterrado 103
Nossa Senhora da Madre de Deus de Roças Novas 131
Nossa Senhora da Madre de Deus do Angu 137 i»7
Nossa Senhora da Madre dc Deus do Rio Grande (de São João del-Rei) 85
Nossa Senhora da Oliveira (cidade) 112
Nossa Senhora da Oliveira (de Piranga) 149
Nossa Senhora da Oliveira do Itambé 120
Nossa Senhora da Penha de França (de São João Batista) 155
Nossa Senhora da Penha de França da Laje 124
Nossa Senhora da Penha do Rio Vermelho 94
Nossa Senhora da Piedade (de Minas Novas) 117
Nossa Senhora da Piedade da Boa Esperança 150
Nossa Senhora da Piedade de Barbacena (cidade) 99
Nossa Senhora da Piedade de Pitangui (cidade) 95
Nossa Senhora da Hedade do Bagre (de Curvelo) 156
Nossa Senhora da Piedade do Pará (vila) 170
Nossa Senhora da Piedade do Paraopeba 80
Nossa Senhora da Piedade dos Gerais 138
Nossa Senhora da Saúde (de Mariana) 82
Nossa Senhora da Saúde (de Santo António do Monte) 163
Nossa Senhora da Saúde da Lagoa Santa 140
Nossa Senhora da Saúde das Aguas Virtuosas da Campanha 97
Nossa Senhoril da Saúde do Pinheiro 149
Nossa Senhora da Soledade de Itajubá 14ÍÍ
Nossa Senhora das Candeias {de Tamanduá) 122
Nossa Senhora das Dores da Boa Esperança (cidade) 114
Nossa Senhora das Dores da Serra do Indaiá (de Abaeté) 170
Nossa Senhora das Dores da Vitória (de Muríaé) 135
Nossa Senhora das Dores de Januária 106
Nossa Senhora das Dores de Santa Juliana 113
Nossa Senhora das Dores do Aterrado 102
Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso 103
Nossa Senhora das Dores do Guaxupé 125
Nossa Senhora das Dores do Monte Alegre (de Mar de Espanha) 13G
Nossa Senhora das Dores do Rio do Peixe 99
Nossa Senhora das Dores do Turvo (de Pomba) 110
Nossa Senhora das Grotas do Brumado (vila de Entre-Rios) 160
Nossa Senhora das Mercês do Araçuaí (de Diamantina) 83
Nossa Senhora das Mercês do Pomba 116
Nossa Senhora das Necessidades do Rio do Peixe 138
Nossa Senhora de Nazaré (de São João dei-Rei) 85
uia Nossa Senhora de Nazaré da Cachoeira do Campo 80
Nossa Senhora de Nazaré do Inficionado 82
Nossa Senhora do Amparo de Januária (cidade) 106
Nossa Senhora do Amparo do Brejo Alegre 100
Nossa Senhora do Bom Despacho (de Pitangui) 95
Nossa Senhora do Bom Sucesso (cidade) 154
Nossa Senhora do Bom Sucesso de Caeté (cidade) 131
Nossa Senhora do Bom Sucesso dos Serranos 128
Nossa Senhora do Bom Sucesso e Almas da Barra do Rio das Velhas 172
Nossa Senhora do Carmo (de Itabira) 107
Nossa Senhora do Carmo da Bagagem 100
Nossa Senhora do Carmo da Borda da Mata 168
Nossa Senhora do Carmo da Cachoeira 130
Nossa Senhora do Carmo da Capela Nova de Betim 92
Nossa Senhora do Carmo da Cristina 145
Nossa Senhora do Carmo da Escaramuça 141
Nossa Senhora do Carmo das Luminárias 130
Nossa Senhora do Carmo de Cambuí 143
Nossa Senhora do Carmo do Arraial Novo (dc São Francisco rias Chagas).. .173
Nossa Senhora do Carmo do Campestre 115
Nossa Senhora do Carmo do Campo Grande 142
Nossa Senhora do Carmo do tintai 103
Nossa Senhora do Carmo do Japão 112
Nossa Senhora do Carmo do Pará, ou Cajuru 95
Nossa Senhora do Carmo do Prata (cidade) 166
Nossa Senhora do Carmo do Rio Claro (vila) 174
Nossa Senhora do Carmo do Tabuleiro Grande 164
Nossa Senhora do Carmo dos Arcos 110
Nossa Senhora do Desterro (de Tamanduá) 122
Nossa Senhora do Desterro do Desemboque 165
Nossa Senhora do Livramento (do Piüí, cidade) 149
Nossa Senhora do Loreto da Morada Nova (de Abaeté) 170
Nossa Senhora do Monserratc de Baependi (cidade) 127
Nossa Senhora do Patrocínio (cidade) 159
Nossa Senhora do Patrocínio de Caldas (cidade) 115
Nossa Senhora do Patrocínio de Guanhães . .175
Nossa Senhora do Patrocínio da Marmelada 170
Nossa Senhora do Patrocínio do Coromandel 159
Nossa Senhora do Patrocínio do Muriaé 135
Nossa Sentiora do Pilar de Congonhas do Sabará 92 UÍÍ)
Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto 80
Nossa Senhora do Pilar de São João del-Rei (cidade) 85
Nossa Senhora do Pilar do Morro de Gaspar Soares 120
Nossa Senhora do Porto de Guanhães 120
Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista do Rio Verde 166
Nossa Senhora do Rosário da Estiva (Piüí) 149
Nossa Senhora do Rosário da Lagoa (de Aiuruoca) 128
Nossa Senhora do Rosário de Cocais 108
Nossa Senhora do Rosário de liabira (cidade) 107
Nossa Senhora do Rosário do Sumidouro 82
Nossa Senhora dos Remédios (de Piranga) 150
Nossa Senhora e São José de Montes Claros (cidade) 118
Nossa Senhora Mãe dos Homens da Bagagem (cidade) 100
01hos-d'Agua (de Jequilaí) .172
Paraíba do Mato Dentro 107
Passa-Quatro (de Pouso Alto) 171
Pau Grosso (de Santa Luzia) 140
Paulo Moreira (de Mariana) 82
Piedade da Leopoldina 137
Pirangugu (de Itajubá) 148
Porto de Santo Antônio (de Pomba) 116
Quilombo (de Barbacena) 99
Rio das Pedras (de Ouro Preto) 80
Rio Pardo da I,eopoldina 137
Rio Prelo do Paracatu 104
Santa Bárbara das Canoas (de São Sebastião do Paraíso) 125
Santa Bárbara do Monte Verde 153
Santa Catarina (de Cristina) 145
Santa Cruz da Chapada 117
Santa Cruz do Escalvado (de Ponte Nova) 151
Santa Helena (de Ponte Nova) 151
Santa Luzia do Carangola 135
Santa Luzia do Sabará (cidade) 140
Santa Margarida 151
Santa Maria (de Itabira) . . . .107
Santa Maria (de Monte Alegre) 173
Santa Quitéria (de Sabará) 92
Santa Rita da Boa Vista (de Itajubá) 148
i!H) Santa Rita da Extrema (de Jaguari) 143
Santa Rila da Ibitipoca (de Barbacena) 99
Santa Rila da Jacutinga (de Ouro Fino) 168
Santa Rita da Jacutinga (de Rio Preto) 153
Santa Rita dc Cássia (de Caldas) 115
Santa Rita dc Cássia (de lassos) 102
Santa Rila rio Meio Pataca 161
Santa Rila do Rio Abaixo (dc São João dcl-Rei) 85
Santa Rita do Rio Claro 174
Santíi Rita do Turvo (cidade) 157
Santana da Barra do Bacalhau 150
Santana da Maravilha 95
Santana da Ressaca (de São Jose dcl-Rei) 124
Santana das Contendas (de Montes Claros) 118
Santana dc Lavras do Funil (cidade) 130
Santana de Traíras (de Curvelo) 150
Santana do Areado (de Santo António dos Patos) 163
Santana do Bambuí (de Formiga) 110
Santana do Barroso 99
Santana do Buriti (de Paracatu) 104
Santana do Capão Redondo
Santana do Jequi ri (de Ponte Nova) . . .
Santana do Morro do Chapéu
Santana do Onça do Rio São João Acima
Santana do Pirapelinga (de Leopoldina)
Santana do Rio das Velhas (de Bagagem)
Santana do Sapé (de Ubá)
Santana do Sapucaí (de Pouso Alegre) .
Santana dos Alegres (vila)
Santana dos Perros (de Itabira)
Santíssima Trindade do Descoberto (de Rio Novo)
Santíssimo Coração de Jesus (de Montes Claros)
Santíssimo Coração de Jesus das Barreiras .
Santíssimo Sacramento da Barra de Jequitibá
Santíssimo Sacramento do Desemboque
Santíssimo Sacramento do Taquaraçu (de Caeté)
Santo Amaro (de Queluz)
Santo Antônio da Barra do Bacalhau
Santo Antônio da Casa Branca
Santo Antônio da Itaverava
Santo Antônio da Itinga
Santo Antônio da Lagoa Dourada
Santo Antônio da Manga de Paracatu (cidade)
Santo Antônio da Manga de São Romão
Santo Antônio da Olaria (de Rio Preto)
Santo Antônio da Pratinha (de Araxá) .
Santo António da Serra do Grão-Mogol (cidade)
Santo Antônio da Tapera
Santo António da Uberaba (cidade)
Santo Antônio das Salinas (de Rio Pardo)
Santo Antônio de Diamantina (cidade)
Santo Antônio de Juiz de Fora (cidade)
Santo Antônio dc São José del-Rei (cidade)
Santo Antônio Dias Abaixo (de Itabira) . . .
Santo Antônio do Amparo (de Oliveira) . . .
Santo Antônio do Araçuaí (cidade)
Santo Antônio do Aventureiro
Santo António do Brejo das Almas
Santo Antônio do Calambau
Santo Antônio do Curvelo (cidade) 150
Santo Antônio do Gorutuba 119
Santo Antônio do Gouveia (vila) 175
Santo Antônio do Itacambira 118
Santo Antônio do Machado 141
Santo Antônio do Mar de Espanha (cidade) 136
Santo Antônio do Monte (vila) 163
Santo Antônio do Morro dc Mateus Leme 170
Santo Antônio do Muriaé (de Cataguases) 161
Santo Antônio do Ouro Branco 80
Santo Antônio do Passa-Vinte (de Aiuruoca) 128
Santo Antônio do Pcçanha (vila do Rio Doce) 176
Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara (cidade) 108
Santo Antônio do Rio Abaixo 120
Santo Antônio do Rio Acima (de Sabará) 92
Santo Antônio do Rio do Peixe (de Serro) 93
Santo Antônio do Vale da Campanha (cidade) 97
Santo Antônio dos Patos (vila) 163
Santo Antônio dos Tiros (de São Francisco das Chagas) 173
1D2 São Bartolomeu (de Ouro Preto) 80
São Bento de Tamanduá (cidade) 122
São Brás de Suaçuí 160
vSão Caetano da Vargem Grande 148
São Caetano do Ribeirão Abaixo 82
São Caetano do Xopotó (de Piranga) 150
São Carlos de Jacuí 125
São Domingos da Bocaina 128
São Domingos do Araçuaí 119
São Domingos do Araxá (cidade) 113
São Domingos do Prata (de Santa Bárbara) 108
São Domingos do Rio do Peixe 120
São Francisco (de Diamantina) 83
São Francisco (de Santa Bárbara) 108
São Francisco da Glória . 135
São Francisco das Chagas do Campo Grande (vila) 173
São Francisco das Chagas do Monte Alegre (vila) 173
São Francisco de Assis do Capivara 161
São Francisco de Assis do Paraúna 120
São Francisco de Paula do Lambari 112
São Francisco de Paula do Machadiiiho Ml
São Francisco de Paula do Monte Verde 91
São Francisco de Paula do Ouro Fino (vila) 168
São Francisco de Sales 166
São Francisco do Monte Santo 125
São Gonçalo (do Serro) 93
São Gonçalo da Campanha 97
São Gonçalo da Contagem 92
São Gonçalo da Ibiluruna 85
São Gonçalo da Ponte (de Bonfim) 138
São Gonçalo de Catas Altas da Noruega 133
São Gonçalo do Pará (vila do Pará) 170
São Gonçalo do Rio Preto 83
São Gonçalo do Ibá 82
São Januário de Ubá (cidade) 134
São João Batista (cidade) 155
São João Batista das Cachoeiras (de Paraíso) 167
São João Batista do Barranco Alto 141
São João Batista do Bom Sucesso 154
São João Batista do Douradinho (de Campanha) 97
São João Batista do Glória (de Piüí) 149
São João Batista do Presídio 134
São João da Chapada (de Diamantina) 83
São João do Morro Grande (de Santa Bárbara) 108
São João Nepoinuceno do Rio Novo 152
São João Nepiimoceno (de Lavras) 130
São Joaquim da Seira Negra (de Alfcnas) 141
São José da Boa Vista (de Cabo Verde) 162
São José da Lagoa (dc Itabira) 107
São José da Pedra Bonita (de Ponte Nova) . 151
São José da Pedra dos Angicos (vila) 169
São José tie Gorutuba (dc Grão-Mogol) 119
São José do Barroso (de Ubá) 134
São José do Córrego do Anta (de Santo Antônio do Monte) 163
São José do Jaciiri (vila do Rio Doce) 176
São José do Paraíba (de Mar de Espanha) 136
São José do Paraíso (vila) 167
São José do Paraopeba (Ubá) 134
São José do Picu (de Pouso Alto) 171
São Jose do Rio Preto (de Juiz de Fora) 91
São José do Tijuco (de Prata) 16b'
São José do Toledo (de Jaguari) 143
São José do Xopotó (de Piranga) 150
São José dos Botelhos (de Caldas) 115
São José dos Botelhos (de Cabo Verde) 162
São José e Dores (de Alfenas) 141
São Lourenço do Manhuaçu (de Ponte Nova) 151
São Manoel do Pomba (cidade) 116
São Miguel do Anta (de Viçosa) 157
São Miguel do Cajuru (de São João dei-Rei) 85
São Miguel do Jequitinhonha (de Araçuaí) 119
São Miguel do ffracicaba 108
São Miguel e Almas de Cuanhães (vila) 175
São Miguel e Almas dos Arrepiados 157
São Paulo do Muriaé (cidade) 135
São Pedro de Alcântara (de Juiz de Fora) 91
São Pedro de Cberabinha 103
São Pedro do Fanado de Minas Novas (cidade) 117
São Roque do Caratinga (de Ponte Nova) 151
São Roque do PiOí 149
São Sebastião da Cachoeira Alegre (de Muriaé) 135
São Sebastião da Encruzilhada (de Baependi) 127
São Sebastião da Ijcopoldina (cidade) 137
São Sebastião da Mata (de Muriaé) 135
São Sebastião da Pedra do Anta (de Santa lula do Turvo) 157
São Sebastião da Ponte Nova (cidade) 150
São Sebastião da Serra do Salitre (de Patrocínio) 159
São Sebastião da Ventania (de Passos) 102
São Sebastião das Correntes 94
São Sebastião de Coimbra (de Santa Rita do Turvo) 157
São Sebastião do Areado (de Alfenas) 111
São Sebastião do Capiluba (de Cristina) 1 15
São Sebastião do Ilatiaiuçu (de Bonfim) 138
São Sebastião do Jaguari (de Caldas) 115
São Sebastião do Paraíso (cidade) 125
São Sebastião do Pouso Alegre, ou Confusão (de Campo Grande) 173
São Sebastião do Salto Grande (de Araçuaí) 119
São Sebastião dos Aflitos (de Santa Rita do Turvo) 157
São Tomé cias Letras (de Baependi) 127
São Tiago (de Bom Sucesso) 154
São Vicente Ferrer ria Formiga (cidade) 110
São Vicente Fcirer do Turvo 146
Senhor Bom Jesus da Cana Verde (dc Lavras) 130
Senhor Bom Jesus da Cana Verde do Tabuleiro 116
Senhor Boni Jesus de Matozinhos (de Santa Luzia) 140
Senhor Bom Jesus de Pouso Alegre (cidade) 109
Senhor Bom Jesus do Amparo do Rio dc São João 108
Senhor Bom Jesus do Bom Jardim (dc Turvo) 146
Senhor Boni Jesus do Bonfim (vila de Jequitaí) 172
Senhor Bom Jesus do Bonfim do Pomba 116
Senhor Bom Jesus do Campo Místico (dc Jaguari) 143
Senhor Bom Jesus do lambari 97
Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim 82
Senhor Bom Jesus dos Passos (cidade) 102
Senhor Bom Jesus dos Passos do Rio Preto 153
Senhor Bom Jesus dos Perdões (dc Lavras) 130
Senhor do Bonfim 138
Sete Lagoas (vila) 164
Três Corações do Rio Verde (de Campanha) 97
Venda Nova (dc Sabará) 92
Virgínia do Pouso Alto (dc Cristina) 145
Kfste livro foi confeccionado no formato 21 x 2 6 crn.
com texto principal cm tipo Fcnice corpo 1 1 / 1 8 .
papel í^apa Texto 120$. Capa em papel Supremo 240g.
Impressão Rona Editora.
Tiragem de 1 . 0 0 0 exemplares.

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