Você está na página 1de 11

O SIGNIFICADO DE MEIO AMBIENTE PARA OS COMPETIDORES DE

ETAPA DO CIRCUITO UESB/CACHORRO DO MATO DE MOUNTAIN BIKE


NA CIDADE DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

Marcial Cotes1,5, Celeste Dias Amorim2, Marcia Morel3, Cauê Marques


Magalhães4
1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Departamento de Ciências Naturais
Vitória da Conquista / Bahia / Brasil
2
UESB / Pró-Reitoria de Extensão
Vitória da Conquista / Bahia / Brasil
3
Universidade Estadual de Santa Cruz
Departamento de Ciências da Saúde
Ilhéus / Bahia / Brasil
4
Bolsista do Projeto Ciclismo na UESB,
Graduando do Curso de Comunicação da UESB
Vitória da Conquista / Bahia / Brasil
5
E-mail: cotesmarcial@yahoo.com.br

Resumo
A investigação procurou fazer uma análise do conteúdo das entrevistas
aplicadas aos participantes de uma das Etapas do Circuito UESB/Cachorro do
Mato de Mountain Bike, na cidade de Vitória da Conquista/BA quanto ao
significado de Meio Ambiente (MA). Esta etapa contou com a presença de 92
competidores de ambos os sexos e faixa etária de 07 a 53 anos. O universo
amostral da pesquisa computou 41 sujeitos entrevistados, sendo dois do sexo
feminino e 39 do masculino. Na análise do conteúdo das entrevistas,
considerando o significado para MA natural e construído, 14,5 % da amostra
tiveram a resposta avaliada como correta, 29,6 % não souberam responder ou
as respostas foram analisadas como erradas e 56,1 % das respostas foram
consideradas incompletas. Os autores sugerem que possivelmente o conceito
de Meio Ambiente está sendo ministrado para os alunos das instituições de
Ensino Fundamental e Médio de forma equivocada, incompleta, ultrapassada
ou ainda não está sendo abordado. Entretanto, para os entrevistados com
Ensino Superior completo foi considerado satisfatório o resultado obtido.
Palavras-Chave: Meio Ambiente, Mountain Bike, AFAN.

Introdução
A nomenclatura sugerida por Bentrán (1995) de Atividades Físicas de
Aventura na Natureza (AFAN), no contexto da Educação Física, utiliza a ideia
dessas práticas semelhante ao conceito de ecoturismo formulado por Serrano
(2000), como uma prática dita “guarda-chuva” devido à diversidade de opções
existentes que abrange uma série de práticas desportivas outdoor entre elas
moutain bike, trekking, rafting, escalada, rapel, arborismo, mergulho, vela, voo
livre, estudos do meio, safári fotográfico, observação de fauna e de flora, entre
outros.
Lovisolo (2000) exemplifica em sua leitura antropológica das tribos na
Educação Física a necessidade de divisão da área em institutos. O autor
entende a tribo da potência e modelagem dentro da faculdade de esportes, a
da conservação da saúde na de medicina preventiva ou social, a da Educação
Física escolar na pedagogia ou educação.
E a tribo que usa o meio ambiente natural para suas práticas de
aventura com o imaginário do retorno aos braços da mãe natureza? Poderia
ser considerado outro instituto, denominado, por exemplo, de atividade física
no meio ambiente natural ou educação física e meio ambiente?
Bruhns (2003, p.48) percebe a natureza como mãe e faz uma leitura
interessante em relação às AFAN. A autora entende que a natureza vem

[...] carregando todo um misticismo de abrigo, provimento,


sensibilidade, acolhimento e fragilidade, como também de
hostilidade e revolta (afinal deve haver alguma reação, pois nenhuma
mãe é tão passiva quanto se supõe). E é no espaço da “mãe
natureza” que essas práticas serão efetuadas.

Se levarmos em consideração esta afirmativa de passividade que a


autora aborda, estaríamos em meio ao processo de reação da natureza com as
questões de aquecimento global tão discutida na atualidade.
Lovisolo (2000) não categorizou a tribo que usa o Meio Ambiente natural
para suas práticas, mas é perceptível a necessidade de estudos que venham
analisar as questões referentes em relação às AFAN e o Meio Ambiente onde
são praticadas.
Estudos teóricos na sociologia ambiental apontam a estreita ligação
entre desenvolvimento institucional com as diversas manifestações de
problemas ambientais como: políticas verdes, organização institucional da
sociedade moderna, desenvolvimento histórico, consciência ambiental,
movimentos ambientalistas e manifestações de problemas ambientais
(NELISSEN et al.,1997).
Camps, Carretero e Perich (1995) ao elaborar aspectos normativos que
incidem sobre as atividades físico-desportivas que utilizam o Meio Ambiente
natural na Espanha para suas vivências, apontam preocupações com as
normas que regulam as atividades, estruturas de organização – públicas,
associativas, fundações e mercantis –, titulações dos profissionais envolvidos e
as regulamentações que regem as instalações utilizadas. Os autores concluem
que esses espaços e os profissionais estão cada vez mais subordinados a
fortes regulamentações. Eles apontam que tanto o Estado como as
comunidades devem estar atentas as legislações que regulam essas práticas,
com o intuito principal de proteção do Meio Ambiente natural.
Nas AFAN existe uma dicotomia do que se prega e o que se faz. A
mídia e os praticantes tentam representar nas AFAN, uma harmonia entre suas
vivências e o ecossistema onde é praticado, o palco, a mãe natureza, onde o
ser humano realiza o seu mais fugaz desprender dos sentidos obrigacionais da
sociedade de consumo. No seu esperado fim de semana redescobre o seu
poder de domínio sobre o cansaço físico e mental, as intempéries não
previsíveis, os desconfortos e imprevistos que surgem durante as práticas de
aventura no meio natural.
Porém, este fugaz desprender, não passa de mais uma necessidade de
domínio da natureza, da competição contra você e contra o meio ambiente, o
adversário. Um claro processo de esportivização.
Para Rybczynski (2000, p.187) “[...] o fim de semana moderno se
caracteriza não só por uma obrigação de fazer alguma coisa, mas também de
fazer direito”.
Este estudo teve como campo de pesquisa o Projeto de Extensão
“Ciclismo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB): uma prática
saudável e ecologicamente sustentável”. O projeto foi concretizado em 2009, e
no ano de 2010 continua ativo. Em 2009 consistiu em dez ações: dois passeios
ciclísticos, quatro palestras e quatro competições de ciclismo – duas de
moutain bike, uma de duatlhon e outra de speed (COTES et al., 2009).
O objeto da investigação foi um recorte dos dados levantados durante a
aplicação da entrevista estruturada, para análise de conteúdo referente ao
significado de Meio Ambiente em atletas do I Circuito UESB/Cachorro do Mato
de Mountain Bike, primeira ação realizada pelo projeto no ano de 2009.
Definição de Meio Ambiente
Optamos pela definição de Meio Ambiente sugerida por Dias (2004),
este entende ser suficientemente didática para atingir todas as faixas etárias
dentro do universo amostral da pesquisa.
O autor percebe o Meio Ambiente ou puramente ambiente, não só como
tradicionalmente é definido: flora, fauna, ar, solo e água. Dias (2004) defende
que todas as atividades humanas sobre a “espaçonave terra” causam
influência, ao ponto que a própria cultura das sociedades humanas devem
fazer parte desta definição.
Para tanto, Dias (2004) avalia aspectos políticos, éticos, econômicos,
sociais, ecológicos e culturais que estão em constante interação evolucionária,
influenciando fatores abióticos – água, ar, solo, energia etc –, fatores bióticos –
flora e fauna – e a cultura humana – paradigmas, valores filosóficos, políticos,
morais, científicos, artísticos, sociais, econômicos, religiosos entre outros,
como definição de Meio Ambiente.
Em nossas análises utilizamos este conceito para discutir a percepção
de Meio Ambiente dos participantes do I Circuito UESB/Cachorro do Mato de
Mountain Bike. Corroborando com o conceito, Guattari (2006) sinaliza uma
articulação ético política, que denominou de ecosofia. Na visão do autor, deve
haver uma harmonia entre o Meio Ambiente, as relações sociais e a
subjetividade humana.

MOUNTAIN BIKE
Mountain Bike é o conjunto de bicicleta e atleta para percorrer os mais
heterogêneos terrenos com subidas, descidas e obstáculos naturais em forma
de competições nos estilos: cross-country, downhill, dual slalom, freeride, trip-
traill, up-hill, entre outras (TUBINO; TUBINO; GARRIDO, 2007).
A origem do desporto data da década de 30 do século XX, nos EUA,
criado por Ignaz Schwinn. O registro das primeiras competições
institucionalizadas de mountain bike surgiu em 1985, em Mamute Lake, na
Califórnia. O primeiro campeonato mundial oficial aconteceu no Colorado em
1990, nos EUA. A modalidade tornou-se Olímpica em 1996 nos jogos de
Atlanta (TUBINO; TUBINO; GARRIDO, 2007).
O I Circuito UESB/Cachorro do Mato de Mountain Bike foi realizado
dentro do campus da UESB de Vitória da Conquista, em um circuito
heterogêneo, com subidas e descidas, onde os ciclistas percorreram áreas de
mata de cipó, pasto, áreas de experimentos dos cursos de graduação e pós-
graduação em agronomia e engenharia florestal, eucaliptos e pinos. É
interessante pontuar que nenhuma trilha foi aberta para fazer o traçado do
circuito, utilizando as pré-existentes.

Procedimentos Metodológicos
No I Circuito UESB/Cachorro do Mato de Mountain Bike, participaram 92
atletas de ambos os gêneros – predomínio do sexo masculino com 90 inscritos
– nas categorias: turismo, juvenil, infanto, junior, máster A, máster B, máster C,
sub 23, sub 30, elite e feminino. Foi aplicada entrevista estruturada com roteiro
de 10 perguntas para 41 sujeitos – 39 do sexo masculino e dois sujeitos do
sexo feminino (DENCKER, 2002; NETO, 1994).
Durante a aplicação da entrevista os sujeitos preencheram um termo de
consentimento livre e esclarecido, onde constavam informações exigidas para
a coleta de dados, além de diretrizes éticas internacionais para pesquisa
biomédica envolvendo seres humanos, segundo o Conselho Nacional de
Estudo e Pesquisa (CONEPE) e o Sistema Nacional de Saúde (SNS).
As perguntas foram gravadas em um MP4 marca Philco modelo PH-305
e posteriormente transcritas na íntegra para um computador. Adotamos a
metodologia de análise de conteúdo de Pêcheux (1973) citado por Franco
(2008, p.11), quando afirma que

O objetivo da lingüística é a língua, quer dizer o aspecto coletivo e


virtual da linguagem, enquanto que o da análise de conteúdo é a
palavra, isto é, o aspecto individual e atual (em ato) da linguagem.
[...] a análise de conteúdo trabalha a palavra, quer dizer, a prática da
língua realizada por emissores identificáveis.

A partir deste conceito, buscou-se analisar a percepção dos sujeitos


entrevistados quanto ao significado de Meio Ambiente.
Resultados
O universo amostral da pesquisa contou com a participação de 44,5 %
do total de competidores. A faixa etária dos participantes ficou entre sete e 53
anos. A tabela 1 apresenta o nível de escolaridade dos participantes, onde
podemos observar que 58,5 % dos sujeitos possuem Ensino Médio completo e
somente 14,6 % concluíram curso superior e/ou ainda tem pós-graduação. É
pertinente dizer, que dentro deste universo, os dois sujeitos do sexo feminino
possuem Ensino Médio completo.

Tabela 1 – Nível de escolaridade dos sujeitos entrevistados em %


ESCOLARIDADE % DE SUJEITOS Nº DE SUJEITOS
Ensino fundamental I e II incompleto 7,3 3
Ensino fundamental I e II completo 17,1 7
Ensino Médio incompleto 2,4 1
Ensino Médio completo 58,5 24
3º Grau completo ou Pós-Graduado 14,6 6
Total 100 % 41

Nos participantes quando questionados sobre o conceito de Meio


Ambiente, identificou-se que seis sujeitos, ou 14,6 % dos entrevistados tiveram
como resposta o meio que vivemos, incluindo ambientes naturais e
construídos. Contudo, 23 sujeitos ou 56,1%, consideram como meio ambiente
somente natureza, mato, floresta, ou seja; meio ambiente natural, e 12 sujeitos
ou 29,3% não souberam responder ou não entenderam a pergunta.

Tabela 2 – Conceito de Meio Ambiente dos sujeitos entrevistados


Categorias % DE SUJEITOS Nº DE SUJEITOS
Meio em que vivemos incluindo ambientes naturais e construídos 14,6% 6
Natureza, mato, florestas, rios, cachoeiras, meio ambiente natural 56,1% 23
Não souberam responder ou erraram a resposta 29,3% 12
Total 100 % 41

Discussão
O município de Vitória da Conquista tem como população estimada 319
mil moradores – o terceiro maior do estado, – conta com 49.102 alunos
matriculados no Ensino Fundamental, distribuídos em 13.671 escolas públicas
estaduais, 29.370 municipais e 6.061 privadas em 261 instituições, sendo 27
públicas estaduais, 179 municipais e 55 privadas (IBGE, 2008).
No Ensino Médio são 13.520 alunos com 12.023 matriculados em
escolas públicas estaduais, 298 em escola pública federal e 1.199 em escolas
privadas. O total de escolas que oferecem o Ensino Médio no município são 29
com 18 escolas públicas estaduais, uma escola pública federal e dez escolas
privadas (IBGE, 2008).
Para o ensino superior o município de Vitória da Conquista conta com
uma instituição estadual e federal e três privadas.
No universo amostral da pesquisa existem dois sujeitos um com sete e
outro com 12 anos que estão regulares no Ensino Fundamental I e II, e um
sujeito de 26 anos que não completou o Ensino Fundamental (Tabela 1).
Os três sujeitos que não tem Ensino Fundamental completo, não
souberam responder o questionamento, ou tiveram a resposta considerada
incompleta, ou equivocada. Como por exemplo, o sujeito 17:
“Um lugar que você deve preservar e cuidar bem porque um dia você vai
precisar dele” (S17).
Para os sete sujeitos ou 17,1 % da amostra que possuem o Ensino
Fundamental completo a resposta para o significado de Meio Ambiente foi
errada ou incompleta, entendendo Meio Ambiente somente como a natureza ou
Meio Ambiente natural. Dentre as respostas consideradas incorretas, podemos
citar os sujeitos sete e 28 que verbalizaram, respectivamente:
“Meio ambiente... meio ambiente é... Rapaz, eu sei é que a gente tem que
preservar o que está ao nosso redor. O que a gente puder preservar em trilhas,
a gente vai estar preservando” (S 7).
“É um lugar que todo mundo disputa. A paisagem, entendeu? Se todo mundo
tivesse a consciência de preservar, não jogar lixo no ambiente, o ar que a
gente respira seria outro” (S 28).
Podemos considerar parcialmente correta a resposta do S 11 quando
afirma que:
“Meio ambiente quer dizer tudo. Quer dizer qualidade de vida, quer dizer
saúde, quer dizer que sem o meio ambiente a gente não vive”.
Na análise das respostas para o significado de Meio Ambiente dos
entrevistados que ainda não concluíram o Ensino Médio, encontramos somente
um sujeito, ou 2,4 % da amostra, e consideramos sua resposta incompleta,
pois em seu entendimento o significado de Meio Ambiente é somente
“natureza”.
Os sujeitos que têm o Ensino Médio concluído, constituíram a maior
amostra da pesquisa com 24 entrevistados, ou 58,5 % do universo amostral.
Destes, cinco sujeitos ou 20,8 %, quando questionados do significado de Meio
Ambiente tiveram suas respostas consideradas erradas, ou não souberam
responder. Como por exemplo, os sujeitos oito e 19, respectivamente:
“Meio ambiente para mim me deixa sem resposta” (S 8).
“É a natureza bem cuidada. É o esporte que não polui” (S 19).
Ainda na análise do significado de Meio Ambiente, para o universo que
têm o Ensino Médio completo, identificamos 17 sujeitos como respostas
incompletas, ou 70,8 %. Consideramos o maior percentual dentro deste nível
educacional. Podemos citar como analisada incompleta a resposta do sujeito
15:
“Meio ambiente é você estar preservando a natureza de forma não-agressiva.
O mountain bike não está agredindo a natureza, é um esporte não motorizado,
não é poluente e integra a saúde do ciclista. Assim, você preserva o meio
ambiente” (S 15).
Para as respostas do significado de Meio Ambiente dos sujeitos que
têm o Ensino Médio completo, avaliamos que somente dois sujeitos
entrevistados responderam corretamente, ou 8,3 % desta amostra.
Ponderamos como corretas, por exemplo, a resposta do sujeito 37:
“É todo o meio que nós convivemos que nós estamos. Quer seja numa trilha ou
no centro da cidade. É qualquer lugar onde estiver gente. Onde está o ser
vivente. Então, tem que ser preservado” (S 37).
Na análise do universo amostral dos sujeitos entrevistados com 3º Grau
completo quanto ao significado de Meio Ambiente, encontramos seis sujeitos.
Deste universo amostral analisamos como corretas quatro respostas e duas
incompletas. Podemos citar como incompleta a resposta do sujeito 27:
“É o local onde os outros seres humanos interagem. A natureza de forma geral”
(S 27).
Em nossa avaliação das respostas consideradas corretas para o
questionamento do significado de Meio Ambiente dos sujeitos com 3º Grau
completo, podemos mencionar a resposta do sujeito 26:
“Meio Ambiente é todo lugar que você desfruta para sua sobrevivência. Pode
ser dentro da sua casa, do apartamento, como pode ser na natureza” (S 26).

Conclusão
Avaliamos que 14,6 % ou seis sujeitos com respostas consideradas
corretas é um percentual muito baixo dentro do universo amostral de 41
sujeitos. O número de respostas apreciadas como incompletas de 56,1 % ou
23 sujeitos pode ser considerado elevado (Tabela 2). Se juntarmos com os 12
sujeitos ou 29,3 % que não souberam responder, ou tiveram a resposta
analisada como errada, o percentual de sujeitos que não tiveram a resposta
considerada correta aumenta para 85,4 % ou 35 sujeitos, o que consideramos
um percentual elevado.
A partir das análises quantitativas sugerimos que o conceito de Meio
Ambiente poderia estar sendo ministrado nas instituições de Ensino
Fundamental e Médio de forma equivocada, incompleta, ultrapassada ou ainda
não está sendo abordado.
Aludimos esse caminho mesmo se considerarmos que o universo
amostral não tem significância, pois não chega a um percentual de 10% de
matriculados no Ensino Fundamental e Médio na cidade de Vitória da
Conquista. Contudo, a variação dos dados quantitativos nos permite sugerir
devido o universo amostral ter a característica de um estudo de caso
constituído de sujeitos que completaram e/ou estão em processo de finalização
do Ensino Fundamental e Médio.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem em suas diretrizes a
importância dos temas transversais na formação educacional dos alunos. No V
Congresso Ibero-Americano de Educação Ambiental (2006) em suas
recomendações é defendido a inclusão da disciplina para formação
universitária em todas as graduações, como ferramenta educacional de
esclarecimento e conscientização.
A análise dos dados nos permite definir que os sujeitos com 3º Grau
completo possuem um conceito satisfatório do significado de Meio Ambiente,
pois dentro do universo amostral, dos seis sujeitos ou 14,6 % com 3º Grau
completo, quatro tiveram as respostas avaliadas como corretas e dois
incompletas. No entanto, quando avaliamos o restante do universo amostral da
pesquisa, referente ao Ensino Fundamental e Médio, observamos que dos 35
sujeitos ou 85,4 % da amostra, somente dois sujeitos ou 5,7 % deste total com
Ensino Médio completo, tiveram a resposta considerada correta. Enquanto que
21 sujeitos ou 60 % responderam de forma incompleta e 12 sujeitos ou 34,3 %
não souberam responder ou tiveram suas respostas analisadas como erradas.
Estes dados nos permitem sugerir, mais uma vez, algum tipo de
deficiência, ou mesmo ausência de abordagens. Faz-se necessário
desenvolver conceitos referentes à relação da sociedade com o Meio
Ambiente, apontando uma necessidade de inclusão da Educação Ambiental
para estes níveis educacionais.
Neste sentido, corroboramos com Casillo, Farjado e Funollet (1995)
quando sinalizam a importância da Educação Ambiental de forma
sistematizada, principalmente, para o Ensino Fundamental e Médio. Mas, sem
esquecer que na educação superior a Educação Ambiental deve estar presente
com outros enfoques e questões pertinentes a essa fase educacional.

REFERÊNCIAS

BETRÁN, J. O. Dossier las actividades físicas de aventura en la


naturaleza: análisis sociocultural. Apunts: Educación Física y Deportes.
Barcelona, n. 41, p. 5 – 8, 1995.
CAMPS, A.; CARRETERO, J. L.; PERICH, M. J. Aspectos normativos que
inciden en las actividades físico-deportivas en la naturaleza. Apunts:
Educación Física y Deportes. Barcelona, n. 41, p. 44 – 52, 1995.
CASTILLO, D.; FARJARDO, X.; FUNOLLET, D. Necesidad de una Educación
Ambiental integrada en la práctica de la actividad desportiva en el Medio
Natural. Apunts: Educación Física y Deportes. Barcelona, n. 41, p. 76 – 79,
1995.
COTES, M.; AMORIM, C. D.; GOES, J. D. C.; MOREL, M. Atividades de
Aventura e Sustentabilidade nas Ações Extensionistas da UESB/BA. In: IV
Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura, Mucugê, 2009.
DIAS, G. F. Ecopercepção: um resumo didático dos desafios
socioambientais. São Paulo: Gaia, 2004.
DENCKER, A. de F. M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 5. ed.,
São Paulo: Futura, 2002.
FRANCO, M. L. P. B. Análise do Conteúdo. Brasília: Liber Livro Editora, Série
Pesquisa, v. 6, 2008.
GUATTARI, F. As três Ecologias. Trad. Maria Cristina F. Bittencourt. 17. ed.,
Campinas, São Paulo: Papirus, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades, ensino
– matrículas, docentes e rede escolar, 2008. Disponível em:
<http://www.ibge.com.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 23 de
março de 2010.
MAURY, C. M. (Org.) Avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias
para conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da
biodiversidade nos bimas brasileiros. Brasília: MMA/SBF, 2002.
NELISSEN, Nico et al. (Eds.) Classics in environmental studies: an
overview of classic texts in environmental studies. Utrecht: International
Books, 1997.
NETO, O. C. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: (Org.) Maria
Cecília de Souza Minayo. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.
Petrópólis, Rio de Janeiro: ed. Vozes: p. 51 – 66, 1994.
TUBINO, M. J. G.; TUBINO, F. M.; GARRIDO, F. A. C. Dicionário
enciclopédico Tubino do esporte. Rio de Janeiro: SENAC 2007.

Você também pode gostar