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Estrutura e Funcionamento
da Educação Básica

Eliane de Siqueira
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.

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Editorial
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Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Germinaro, Maria Cecilia


C411e Estrutura e funcionalidade da educação básica/ Maria
Cecilia Germinaro, Eliane de Siqueira– Londrina : Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2017.
171 p.

ISBN 978-85-522-0603-3

1. Educação Básica - estrutura. I. Germinaro,


Cecilia. II Siqueira, Eliane de. II. Título.

CDD 370

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB: 8/9491

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
SUMÁRIO

Tema 1: Política educacional brasileira


e sistema nacional de educação..........................................5

Tema 2: Lei de diretrizes e bases da educação nacional..........21

Tema 3: Fundo de manutenção e desenvolvimento


da educação básica e de valorização dos profissionais da educação-
fundeb (lei nº 11.494/2007)...............................................38

Tema 4: Plano Nacional de Educação- PNE


(Lei Nº 13.005/2014.........................................................51

Tema 5: Diretrizes curriculares nacionais da Educação Básica........67

Tema 6: Avaliações Nacionais da Educação Básica


e Ensino Médio.................................................................80

Tema 7: Educação de qualidade: participação social...............94

Tema 8: Políticas educacionais, gestão e cotidiano escolar......105


APRESENTAÇÃO

Quando pensamos na Estrutura e Funcionamento da Educação Básica,


devemos nos lembrar, também, de toda transformação ocorrida para chegarmos
na configuração educacional que temos hoje. A educação sempre foi alvo de
muitas discussões e, nesse processo, deposita-se, muitas vezes, a grande espe-
rança de mudança e transformação. Mas de que forma os diferentes instru-
mentos legais podem fomentar essa mudança? O que de fato é importante
saber para que a organização na prática possa ser executada? Como garantir o
direito de aprendizagem de forma integrada em qualquer região do país?

Como tentativa de responder estes e outros questionamentos, a disciplina de


Estrutura e Funcionamento da Educação Básica versará sobre a Política educa-
cional brasileira e legislações que a sustentam. Discutiremos os principais aspectos
presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profis-
sionais da Educação (FUNDEB), bem como o Plano Nacional de Educação (PNE).
Essa organização e funcionamento possuem, também, Diretrizes Curriculares
Nacionais e uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que também farão
parte dos estudos desta disciplina. As avaliações externas não ficam fora da análise
e, sendo assim, compreender o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)
e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) são extremamente importantes.
Canais e organismos de interface, formulação de políticas educacionais e controle
público; Relações entre políticas educacionais, gestão e cotidiano escolar finalizam
nossos temas e objetivam uma visão ampla dos principais assuntos relacionados à
estruturação e organização da Educação Básica.

Não se findam, pois a educação é dinâmica. Passou e passará por muitas


mudanças ainda, pois tenta, em todos os espaços, atender as especifici-
dades de uma sociedade em constante transformação.
1 Política
educacional
brasileira
e sistema nacional
de educação
Objetivos Específicos
• Descrever os principais aspectos estruturadores da Política educacional Brasileira e seu contexto

histórico.

• Citar a organização política educacional brasileira.

• Abordar as principais características do Sistema Nacional de Educação.

Introdução
Vamos iniciar nossa aula com uma pergunta: o que você entende por Política Educacional?

Muitos de vocês podem pensar em leis e normas que regem a educação. Outros podem pensar que

a Política Educacional refere-se a todas as decisões tomadas pelo poder público em prol da melhoria

do ensino. Podem, ainda, confundir-se e associar tudo isso com a política partidária, não é mesmo?

Pensar em uma política educacional é algo muito amplo, pois são orientações que deverão ser seguidas

em todo território brasileiro e isso não é tarefa fácil se considerarmos as particularidades das regiões que

compõem nosso país. Dessa forma, as políticas educacionais passaram por muitos ajustes que marcam a

história da educação brasileira e buscaram essa adequação ao longo do tempo, compreendendo o que era

comum a todos os povos e o que poderia ser considerado e desenvolvido como específico.

De acordo com Saviani (2008a, p. 01):

A política educacional diz respeito às decisões que o Poder Público, isto é, o Estado, toma
em relação à educação. Tratar, pois, dos limites e perspectivas da política educacional bra-
sileira implica examinar o alcance das medidas educacionais tomadas pelo Estado brasileiro.

Por definição, uma política educacional é um conjunto de princípios, diretrizes, propostas, normas e

outras regulamentações que são discutidas e formuladas por um governo e que servirão de intervenção

na educação. Essas medidas podem estar relacionadas a diversos processos que vão desde a informação

até os processos formativos que se desenvolvem nas instituições educacionais.

Souza (2003, p. 13), após analisar as descrições de vários autores define:

6
Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou anali-
sar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso
dessas ações e ou entender por que ou como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro
(variável dependente). Em outras palavras, o processo de formulação de política pública é aquele
através do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações.

Considerando, então, as Políticas Públicas Educacionais como instrumentos norteadores da educação,

desenvolveremos nossa aula com reflexões sobre a história das políticas públicas no Brasil e suas princi-

pais publicações, bem como a proposta de criação do Sistema Nacional de Educação.

1.1 Políticas públicas no Brasil e


sistema nacional de educação
Como vimos na parte introdutória desta aula, as Políticas Públicas Educacionais referem-se às deci-

sões, ações, diretrizes, providências gerais, além regulamentações propostas pelo poder púbico que

incidem diretamente nos espaços educacionais. Ações relacionadas à destinação de verba, formação

docente, investimentos, currículo, entre outros aspectos, são exemplos de ações definidas por meio

de Políticas Públicas Educacionais.

Mas será que todas essas ações sempre foram da forma que estão hoje? O que a história da educa-

ção nos mostra sobre isso e de que maneira o contexto histórico e documentos constituídos ao longo

do tempo influenciaram na elaboração dos demais documentos que temos atualmente?

1.1.1 Aspectos Históricos da Educação no Brasil1


O primeiro documento oriundo de uma Política Educacional usado no Brasil foram os Regimentos

de D. João III, em 1548.11

1 Um dos documentos usado como referência para a construção dessa linha do tempo foi Saviani (2008a).

7
Em seguida, pode-se considerar como

marco nessa análise histórica o “Plano da 


Para saber mais
Redízima”, em 1564, que, em síntese, deter-
Os Regimentos eram usados para orientar as ações
de Tomé de Souza que iniciou o processo de cate-
minava que os colégios jesuíticos recebes-
quese no Brasil. Nos Regimentos, o rei de Portugal
sem 10% dos impostos arrecadados no assumia a responsabilidade pelo ensino com envio
de verbas para manutenção e vestimentas.
Brasil. 

Após a expulsão dos jesuítas, em 1759,

mesmo com recursos destinados à escola,

esta era destinada a uma pequena parcela da

população, e muitos documentos referem-se

a ela como “ensino não público”. 


Link
Surge, então, o período marcado pela Acesse o link a seguir e conheça um pouco mais
sobre o ensino jesuítico e os primeiros projetos edu-
Pedagogia Pombalina (1759-1827) e, logo cacionais que foram desenvolvidos no Brasil.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n31/
no início dessa fase, em 1759, os colégios n31a11>. Acesso em: 20 mar. 2018.

jesuíticos são fechados. Em 1772, cria-se

o Subsídio literário para a manutenção das

aulas régias.

Ainda em 1772, com a educação pública

estatal, temos como documento a Carta de

Lei. Fala-se pela primeira vez em pagamento 


Exemplificando
de salários, em diretrizes curriculares para Por que o Subsídio Literário era considerado um tipo
de Política Pública Educacional dentro do contexto
que as matérias fossem ensinadas, entre histórico da Educação no Brasil?
As verbas arrecadadas com esse imposto eram re-
outros aspectos. passadas para custear as ações relacionadas com a
“instrução” desenvolvida no país. Até mesmo o “or-
O documento posterior foi a Lei das denado” dos professores eram pagos com essa ar-
recadação. Era um imposto único para a educação.
Escolas de Primeiras Letras, aprovado em 
1827, e falava sobre a criação dessas escolas

de primeiras letras em todos os lugares em que houvesse necessidade.

8
Em 1834, o ato adicional à Constituição do Império modifica a jurisdição do ensino e, segundo

Saviani (2008a), considerando que as províncias não estavam equipadas nem financeira e nem tecni-

camente para promover a difusão do ensino, o resultado foi que atravessamos o século XIX sem que

a educação pública fosse incrementada.

Muitas discussões seguiram ao longo do Segundo Império como tentativa de elevar a qualidade do

ensino, aumentar o repasse de verbas etc., mas nada conseguiu estabelecer um Sistema Nacional de

Ensino, deixando o Brasil, em matéria de educação, com muitas defasagens.

O Manifesto dos Pioneiros, em 1932, foi liderado por um grupo de intelectuais preocupados em ela-

borar um programa de política educacional amplo. “O manifesto propunha que o Estado organizasse

um plano geral de educação e definisse a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e

gratuita. Nessa época, a igreja dividia com o Estado a área da educação” (BRASIL, 2018).

Em 1934, durante o período da 1ª República, a Constituição Federal, em seu artigo 156, determi-

nava que a União e os municípios deveriam aplicar nunca menos de 10%, e os estados 20% da arre-

cadação de impostos “na manutenção e desenvolvimento dos sistemas educacionais” (art. 156). Esse

artigo passou por muitas alterações até que, em 1988, fixou 18% para a União e 25% para estados e

municípios.

A primeira LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) foi, então,

promulgada, em 1961, após várias rupturas e tensões de caráter político, e

junto com ela a autonomia das esferas esta-

duais e municipais.

Tivemos uma nova LDB em 1971 e, entre 


Para saber mais
várias regulamentações e normas, insti- As 3 LDBs que tivemos ao longo da história da edu-
cação em nosso país foram:
tuiu o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos. - LEI Nº 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961 - Fixa
as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Além disso, a legislação previa um currículo - LEI Nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 - Fixa Dire-
trizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus, e dá
comum e uma parte diversificada para aten- outras providências.
- LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 - Es-
der as especificidades do território como um
tabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

todo.

9
Seguindo com as reformas e busca por melhorias, em 1996, temos a promulgação da atual LDB e,

em 2001, o Plano Nacional de Educação que será discutido em outras unidades desta disciplina.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

(FUNDEF) também foi criado em 1996. O FUNDEF foi implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro

de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao

Ensino Fundamental. Os recursos para o FUNDEF vinham das receitas dos impostos e das transferên-

cias dos estados, do Distrito Federal e dos municípios vinculados à educação. O FUNDEF vigorou até

2006, quando foi substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Toda a educação básica, da creche ao ensino

médio, passou a ser beneficiada com recursos federais. Um compromisso da União com a educação

básica, que se estenderá até 2020 (BRASIL, 2018).

Em 1997, um dos marcos enquanto Política Pública Educacional foi a criação dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs). Os PCNs possuem como função subsidiar a elaboração ou revisão cur-

ricular dos estados e municípios brasileiros que deverão contextualizar de acordo com cada realidade

social. Sendo crucial a participação de toda a equipe pedagógica, a fim de garantir o diálogo entre tais

orientações e as práticas já existentes nas instituições educacionais (LEITE; HEUSELER, 2011).

Temos, ainda, que considerar os diferentes pareceres da Câmara de Educação Básica do Conselho

Nacional de Educação, por exemplo, que instituíram as Diretrizes Curriculares Nacionais, em 1998,

com revisão feita em 2009.

De acordo com reportagem publicada no programa “Todos pela Educação”, as Diretrizes Curriculares

Nacionais (DCNs) é um documento orientador para a Educação Básica que norteiam o planejamento

curricular das escolas e dos sistemas de ensino. Elas são discutidas, concebidas e fixadas pelo Conselho

Nacional de Educação (CNE). As diretrizes buscam promover a equidade de aprendizagem, garantindo

que conteúdos básicos sejam ensinados para todos os alunos, sem deixar de levar em consideração os

diversos contextos nos quais eles estão inseridos (RODRIGUES, 2012).

São essas diretrizes que estabelecem a base nacional comum, responsável por orientar a organi-

zação, articulação, o desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas de todas as redes de

10
ensino brasileiras (BRASIL, 2013).

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular), discutida e aprovada em

dezembro de 2017, também é considerada

um Política Pública Educacional. Segundo o 


Assimile
próprio Ministério da Educação (MEC), a Base As ações pensadas, organizadas, propostas e reg-
ulamentadas como forma de elevar a qualidade da
Nacional Comum Curricular é um documento educação no Brasil podem ser consideradas Políticas
Públicas Educacionais. Observem que nos exemplos
de caráter normativo, que define o con-
citados, mesmo no caso de impostos que foram cria-
junto orgânico e progressivo de aprendiza- dos ao longo do tempo, o objetivo era destinar e mel-
horar algo no processo educativo e, por esse motivo,
gens essenciais que todos os alunos devem são usadas como exemplos nesta aula.

desenvolver ao longo das etapas e modalida-

des da Educação Básica. Conforme definido

na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base não só deve nor-

tear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propos-

tas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e

Ensino Médio, em todo o Brasil (BRASIL, 2017).

Estes são alguns exemplos de Políticas Educacionais Brasileiras, que buscaram, ao longo do tempo,

organizar ações e implementar mudanças que objetivaram a melhoria da educação. Vale lembrar

que outras ações foram desenvolvidas, como reformas educacionais em diferentes níveis de ensino.

Buscou-se, com esses exemplos, ilustrar o caminho percorrido pela educação no Brasil e a influência

das políticas públicas nesta trajetória.

1.1.2 Sistema Nacional de Educação


Saviani (2008b, s.p.) assinala que ainda não existe um sistema educacional no Brasil, mas uma

“estrutura” a partir da qual ele deverá ser construído.

Para que o sistema permaneça vivo e não degenere em simples estrutura, burocratizando-se,
é necessário manter continuamente, em termos coletivos, a intencionalidade das ações. Isso
significa que em nenhum momento se deve perder de vista o caráter racional das atividades

11
desenvolvidas. E o plano educacional é exatamente o instrumento que visa introduzir racio-
nalidade na prática educativa como condição para superar o espontaneísmo e as improvisa-
ções, que são o oposto da educação sistematizada e de sua organização na forma de sistema.

A criação de um Sistema Nacional de Educação (SNE) foi prevista desde a Constituição Federal de

1988 que, em seu artigo 214, diz:

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o obje-
tivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretri-
zes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desen-
volvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações inte-
gradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como propor-


ção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (BRASIL,
1988).

Sendo assim, a criação desse sistema foi prevista no artigo 13 do Plano Nacional de Educação,

aprovado em 2014:

Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei específica, contados 2 (dois) anos da publi-
cação desta Lei, o Sistema Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os

12
sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e estra-
tégias do Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014).

O PNE (Lei Nº 13.005, de 25 de junho de 2014) previa 2 anos para que houvesse a organização

de um SNE.

De acordo com o MEC, o principal objetivo para a criação do SNE foi aperfeiçoar a organização

da educação para que as políticas públicas fossem capazes de assegurar o direito constitucional com

equidade.

Para Saviani (2010, p. 381):

Se o sistema pode ser definido como a unidade de vários elementos intencionalmente reuni-
dos de modo a formar um conjunto coerente e operante, conclui-se que o Sistema Nacional
de Educação é a unidade dos vários aspectos ou serviços educacionais mobilizados por deter-
minado país, intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente que opera
eficazmente no processo de educação da população do referido país. (SAVIANI, 2010, p. 381).

Pela lei, o SNE deveria ter sido instituído até meados de 2016, mas já em 2015 possuía textos de

referência e metas para serem alcançadas até 2024. Um desses documentos foi o Planejando para

a Próxima Década, disponível para consulta no próprio site do Ministério da Educação. O objetivo da

criação do documento era permitir o desdobramento dos tópicos elencados por diversos especialis-

tas em discussões que retornem com contribuições para uma proposta coletiva que encontre eco no

Congresso Nacional (BRASIL, 2015).

Nesse documento, além de quatro metas centrais para discussão, a equipe responsável também

organizou uma agenda (Figura 01) que atendesse às expectativas dos dois anos para implantação do

SNE, conforme determinada pelo PNE.

FIGURA 01- Proposta de agenda para implantação do SNE

13
apresentação do presente texto pelo MEC; elaboração de uma
julho e agosto proposição sobre a Base Nacional Comum e CAQi/CAQ; início dos
debates nacionais

2015 sistematização de primeiras contribuições para este documento e


setembro
divulgação dos demais (BNC, CAQi/CAQ)

setembro a amplo debate nacional sobre todos os documentos apresentados, com


dezembro recebimento de contribuições de entidades nacionais

sistematização das contibuições recebidas e distribuição dos


janeiro e fevereiro documentos sistematizados; elaboração de projetos de lei e
documentos ao CNE

diálogo com conselheiros e parlamentares, envolvendo Secretarias,


2016
março a junho Conselhos e Fóruns Estaduais e Mnicipais de Educação; Tramitação
dos projetos

estruturação de uma rede de assistência técnica para adequação das


julho a dezembro
leis que organizam os sistemas estaduais e municipais de ensino

FONTE: Brasil (2015).

Em 2017, numa publicação no Diário Oficial da União, temos a convocação para uma Conferência

proposta para realização em 2018.

A Conferência deverá reunir diversos setores da educação. Serão realizadas etapas munici-
pais e estaduais antes da etapa nacional. A última conferência de educação foi realizada em
2014. O tema da próxima conferência será A Consolidação do Sistema Nacional de Educação
e o Plano Nacional de Educação: monitoramento, avaliação e proposição de políticas para a
garantia do direito à educação de qualidade social, pública, gratuita e laica (TOKARNIA, 2017,
on-line).

Vale lembrar que a mesma reportagem afirma que:

Entre as metas que não foram cumpridas do PNE está a instituição do Sistema Nacional de
Educação (SNE), que estabelecerá a colaboração entre União, estados e municípios para a
oferta educacional. Isso deveria ter sido feito até 2016. A consolidação do SNE será agora um
dos principais focos da Conferência (TOKARNIA, 2017, on-line).

14
Entre os princípios que servirão de base para discussões e fomentarão a elaboração do referido sis-

tema estão:

1. Alterações na LDB.

2. Regulamentação do Artigo 23 ou a Lei de Responsabilidade Educacional.

3. Adequação das regras de financiamento.

4. Adequação dos sistemas de ensino às novas regras nacionais.

Questão para reflexão


Imagine que escolas localizadas na periferia da região Nordeste apresentam alguns problemas

estruturais, falta de repasse de verbas, além de questões sociais graves e que são comuns a todas

as escolas do entorno. Como forma de amenizar esses danos, realizou-se algumas assembleias com

a comunidade para discussão de temas relevantes para melhoria dos problemas diagnosticados e, a

partir das discussões feitas, um documento regulamentador foi apresentado à Câmara da região. Se

essa proposta for aprovada e implantada, ela poderá ser considerada uma Política Pública Educacional

para essa região? Reflita.

Considerações Finais
• Por definição, uma política educacional é um conjunto de princípios, diretrizes, propostas, nor-

mas e outras regulamentações que são discutidas e formuladas por um governo e que servirão

de intervenção na educação.

• O primeiro documento oriundo de uma Política Educacional usado no Brasil foram os Regimentos

de D. João III; em seguida, pode-se considerar como marco nessa análise histórica o Plano da

Redízima; Carta de Lei, LDB, PNE e BNCC são alguns exemplos de políticas públicas educacionais.

• A criação de um Sistema Nacional de Educação foi prevista desde a Constituição Federal de

1988, em seu artigo 214, e foi reforçada a partir do PNE, que determinava dois anos para sua

implementação.

15
• De acordo com o MEC, o principal objetivo para a criação do SNE foi aperfeiçoar a organização

da educação para que as políticas públicas fossem capazes de assegurar o direito constitucional

com equidade.

Glossário
• Catequese: explicação oral, metódica, dos mistérios da fé e das coisas religiosas em geral

(DÍCIO, 2018, on-line).

• Jesuítas: os jesuítas são religiosos da Igreja Católica que fazem parte da Companhia de Jesus.

Essa ordem religiosa foi fundada, em 1534, por Inácio de Loiola (SUAPESQUISA, [2018], on-line).

• Aula régia: as aulas régias compreendiam o estudo das humanidades, sendo pertencentes ao

Estado e não mais restritas à Igreja - foi a primeira forma do sistema de ensino público no Brasil

(FONSECA, 2006, on-line).

• Aprendizagens essenciais: o que todos os estudantes devem desenvolver e aprender. Expressa,

portanto, a igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem ser consideradas e aten-

didas (BRASIL, 2017).

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Verificação de leitura
QUESTÃO 1-Assinale a alternativa que completa corretamente a frase a seguir:
“Por definição, uma política educacional é um conjunto de princípios, diretrizes, proposta,
normas e outras regulamentações que são discutidas e formuladas por um governo e que”

a) Servirão de intervenção na educação.

b) Seguirão padrões pré-estabelecidos.

c) Seguem normatizações específicas independentemente do contexto em que são homologadas.

d) São locais, raras vezes são realizadas no âmbito nacional.

e) Sua amplitude não deve ser levada em consideração.

QUESTÃO 2-São exemplos de Políticas Públicas educacionais:


a) Plano diretor de governo municipal.

b) LDB, PNE e BNCC.

c) Constituição Federal.

d) Lei orgânica estadual.

e) PNE e Constituição Federal, apenas.

QUESTÃO 3-O Sistema Nacional de Educação tem como objetivo ____________ e _____________
a educação para que as Políticas Públicas fossem asseguradas com _________________.
a) Homologar, organizar e valorização profissional.

b) Organizar, impor e determinação das melhorias.

c) Compreender, organizar e valorização dos docentes.

d) Aperfeiçoar, organizar e equidade.

e) Aperfeiçoar, impor e diminuição dos custos.

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2018.

SOUZA, C. Políticas públicas: questões temáticas e de pesquisa. Caderno Crh, Salvador,


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SUA PESQUISA. Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais. Jesuítas. [2018]. Dispo-


nível em: <www.suapesquisa.com/religiaosociais/jesuitas.htm>. Acesso em: 20 mar.
2018.

TOKARNIA, M.  Governo publica novo decreto convocando a Conferência Nacional de


Educação. EBC Agencia Brasil, 2017. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/
educacao/noticia/2017-04/governo-publica-novo-decreto-convocando-conferencia-na-
cional-de-educacao>. Acesso em: 20 mar. 2018.

19
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa A.
As políticas públicas educacionais estão relacionadas a ações para a educação, sejam relacionadas

à infraestrutura, formação, organização de procedimentos etc. Em qualquer setor, a intervenção pro-

posta parte das necessidades educacionais e seus procedimentos de melhorias e não regras fixas que

não consideram o contexto da educação no âmbito nacional.

QUESTÃO 2- Alternativa B.
A LDB é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; PNE trata-se do Plano Nacional de

Educação; e a BNCC de 2017 é a Base Nacional Comum Curricular, todos os documentos relacionados

à educação publicados como Políticas Públicas Educacionais.

QUESTÃO 3- Alternativa D.
As Políticas públicas têm, entre outros objetivos, o aperfeiçoamento e organização dos procedimen-

tos educacionais, de forma que em todo território os direitos de aprendizagem dos alunos seja desen-

volvido com equidade, assim como outras questões também são consideradas.

20
2 Lei de
diretrizes
e bases da
educação
nacional
Objetivos específicos
• Analisar a legislação enquanto política pública.

• Citar e Reconhecer os aspectos mais relevantes presentes na legislação.

• Refletir sobre a importância da LDB para a educação nacional.

Introdução
Na aula 01, as principais caraterísticas relacionadas às Políticas Públicas Educacionais foram apre-

sentadas como forma de fundamentar os exemplos que seriam abordados posteriormente, como é o

caso da própria LDB.

Retomando esses conceitos, Silva, Scaff e Jacomini (2010) compreendem as políticas públicas

como conjunto de ações sistemáticas para sanear problemas que afetam a vida de grupos sociais espe-

cíficos ou de coletividades mais amplas. Nesse sentido, entendem as políticas públicas como movi-

mentos complexos que arregimentam esforços de diferentes agentes para dar corpo a séries de ações

e comportamentos que produzem repercussões na vida social. Sendo assim, as políticas educacionais

são definidas, implementadas e reformuladas dentro de um processo dinâmico, “em que conceitos,

modelos e interpretações da realidade não são permanentes, são gerados em outras áreas e transitam

para a educação, e vice-versa” (SILVA; SCAFF; JACOMINI, 2010, p. 15).

Complementar à essa análise, a LDB se materializa enquanto Política Pública educacional e será

objeto de estudo desta aula.

Para que serve uma Lei?

Ao refletir sobre essa questão, começamos a trilhar o caminho para compreender a importância da

LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) para a homogeneização de vários aspectos educacionais

em todo território brasileiro.

O processo educacional tem garantido por lei o direito de explorar as especificidades regionais.

Porém, como garantir os direitos básicos de aprendizagem a todos os estudantes?

Pense na seguinte situação: João mora na região Nordeste, e sua família irá para a região Sudeste no

22
próximo semestre. Como garantir que João conseguirá acompanhar os estudos e potencializar seu pro-

cesso formativo, independentemente da região de onde vem ou para onde vai?

Estes e outros aspectos tornaram-se preocupação constante de vários estudiosos da educação que

muito contribuíram na elaboração de Políticas Públicas Educacionais ao longo da história do Brasil,

como já conversamos em oportunidades anteriores.

A LDB, como veremos nesta aula, é um desses instrumentos, e a partir dela, outras publicações

foram surgindo como forma de complementá-la, regular ações e propor novos desafios que objetivam

a melhoria da educação brasileira.

Faz-se necessário iniciar as reflexões. Começaremos com um resgate histórico sobre as LDBs ante-

riores (1961 e 1971) até 1996 e, a partir disso, aprofundaremos o olhar nas temáticas propostas em

cada capítulo da LDB nº 9394 de 1996.

2.1 As LDBS, 4024/61 e 5692/71


2.1.1 Lei nº 4024, de 20 de dezembro de 1961
A primeira LDB data de 1961 e foi aprovada durante o governo de João Goulart. Entre os aspectos

que considerava como algo novo dentro desse contexto, fala-se pela primeira vez sobre o “respeito a

uma educação nacional” (BRASIL, 1961, Art. 1):

Art. 1ºA educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por fim:

a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da famí-


lia e dos demais grupos que compõem a comunidade;

b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;

c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;

d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem


comum;

23
e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológi-
cos que lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio;

f) a preservação e expansão do patrimônio cultural;

g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou


religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça (BRASIL, 1961).

Outro aspecto que merece destaque é a “descentralização do ensino”

(BRASIL, 1961, Art. 11). Com a redação dada ao artigo, os governos teriam

não apenas a responsabilidade, mas também

certa autonomia para organizarem seu sis-



tema de ensino. “Art. 11.A União, os Estados Para saber mais
A Escola Nova foi um movimento de renovação do
e o Distrito Federal organizarão os seus siste- ensino que foi especialmente forte na Europa, na
América e no Brasil, na primeira metade do século
mas de ensino, com observância da presente XX. O escolanovismo desenvolveu-se no Brasil sob
importantes impactos de transformações econômi-
lei” (BRASIL, 1961). cas, políticas e sociais. O rápido processo de urban-
ização e a ampliação da cultura cafeeira trouxeram o
Foi um processo longo, aprovado 13 anos progresso industrial e econômico para o país, porém,
com eles surgiram graves desordens nos aspectos
após a apresentação do primeiro projeto de políticos e sociais, ocasionando uma mudança signif-
icativa no ponto de vista intelectual brasileiro. Fon-
lei enviada ao parlamento (BARROS, 2016). te: Hamze (2009, on-line).

Parte da culpa por toda demora foi o conflito

de ideias existente na época entre os esco-

lanovistas (Movimento Escola Nova) e outros educadores católicos, que compunham o grupo de dis-

cussão para formulação da lei.

Rubem Barros, para a revista Educação, em 2016, afirma que:

Após muitos entraves, três grupos se juntaram para defender a oferta de educação pública:
os “liberais-idealistas”, grupo que tinha como epicentro o jornal O Estado de S. Paulo, insti-
tuição-chave para a fundação da Universidade de São Paulo; os “liberais-pragmatistas”, os
históricos educadores da Escola Nova (decisivos com a apresentação do manifesto “Mais uma
vez convocados”, documento aglutinador apresentado por Fernando de Azevedo em 1959);
e a corrente de “tendência socialista”, capitaneada pelo sociólogo Florestan Fernandes, tam-
bém da USP (BARROS, 2016).

24
2.1.1.1 Organização do documento
A Lei nº 4.024, de 1961, estava organizada em XIII títulos, e alguns destes subdivididos em capítu-

los, como pode ser observado no Quadro 01. Além disso, apresentava 120 artigos e alguns vetos, pois

alguns artigos foram considerados inconstitucionais ou contrários aos interesses nacionais.

QUADRO 01- Organização geral da Lei nº 4024 de 1961- primeira LDB

Título I 1 artigo apenas sem subdivisão cujo foco era a abordagem da educação
Dos Fins da Educação nacional e seus princípios e finalidades.

Título II
2 artigos que abordam a questão da educação como direito.
Do Direito à Educação

Título III 2 artigos que asseguram o direito de transmitir conhecimentos tanto em


Da Liberdade do Ensino instituições públicas como privadas.

Título IV 5 artigos (do 6º ao 9º)


Da Administração do Atribui a responsabilidade do Ministério da educação e cultura exercer as
Ensino atribuições do Poder Público no que se refere à educação.

Do artigo 11 ao artigo 22 temos as responsabilidades da União, Estados e


Título V
Municípios quanto à organização dos sistemas de ensino desde que estejam
Dos Sistemas de Ensino
de acordo com a referida Lei.

CAPÍTULO I
Da Educação Pré-Primária
Título VI (menores de 7 anos ministrada em escolas maternais ou jardins de infância).
Da Educação de Grau
Primário CAPÍTULO II
Do Ensino Primário
(no mínimo em 4 séries anuais sendo obrigatório a partir dos 7 anos).

CAPÍTULO I
Do Ensino Médio
(destinada à formação do adolescente)
CAPÍTULO II
Do Ensino Secundário
Título VII (variedade de currículos)
Da Educação de Grau
Médio CAPÍTULO III
Do Ensino Técnico
(industrial, agrícola e comercial)
CAPÍTULO IV
Da Formação do Magistério para o Ensino Primário e Médio
(Ensino Normal- Formação de Professores)

25
Título VIII
Da Orientação Educativa Do artigo 62 ao 65 o foco da lei é falar sobre os orientadores de educação.
e da Inspeção

CAPÍTULO I
Do Ensino Superior
(objetivava a pesquisa, desenvolvimento das ciências, letras e artes bem como
a formação profissional)
Título IX Esse capítulo foi o que maior número de vetos teve em seus artigos.
Da Educação de Grau CAPÍTULO II
Superior Das Universidades
(cinco ou mais estabelecimentos de ensino unidos).
CAPÍTULO III
Dos Estabelecimentos Isolados de Ensino Superior
(autarquias, fundações ou associações).

Título X Apenas dois artigos (88 e 89) falavam da possibilidade de enquadramento dos
Da Educação de
Excepcionais excepcionais no sistema geral de educação.

Título XI
Da Assistência Social Assistência social, médico-odontológico e enfermagem para os alunos.
Escolar

Título XII Estabelece a porcentagem para o repasse de verbas para a educação.


Dos Recursos para a União 12%
Educação Estados, Distrito Federal e Municípios- 20%

Título XIII E finaliza falando sobre o ensino religiosos e outras questões não enquadradas
Disposições Gerais e
Transitórias nos títulos ou capítulos anteriores.

FONTE: adaptado de Brasil (1961).

2.2 Lei nº 5692,


de 11 de agosto de 
Link

1971 Acesse o link a seguir e conheça a cópia do docu-


mento assinado em Brasília, referente aos vetos e
outras considerações sobre a LDB. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/Men-
Uma das grandes mudanças introduzidas
sagem_Veto/anterior_98/Vep644-L4024-61.pdf>.
a partir da publicação dessa LDB foi a profis- Acesso em: 21 mar. 2018.

sionalização nos cursos de 2º grau.

26
Com essa ação, os cursos relacionados às áreas tecnológicas tiveram um aumento

significativo no que diz respeito a sua demanda, enquanto a área de Ciências Humanas

entrou em declínio. Em sua organização, possui

88 artigos distribuídos em 8 capítulos, mostrando 


Assimile
uma redução em relação à LDB anterior. Entre as
Os cursos de 2º grau, na época da publicação dessa
Lei, seria o que hoje chamamos de Ensino Médio e
principais diferenças em relação à primeira LDB,
que também já foi chamado de Colegial em out-
temos a reorganização do currículo básico e a for- ros momentos. A reorganização educacional passou
por muitas alterações na nomenclatura proposta e
mação de professores. é importante estabelecer as correlações adequada-
mente para compreender sobre qual modalidade o
O quadro a seguir apresenta alguns com- documento se refere.

parativos entre as duas LDBs discutidas até o

momento.

QUADRO 2- Comparativo entre a LDB 4024/61 e a LDB 5692/71

LDB 4024/1961 LDB 5692/1971

Contexto Ditadura – João Goulart Ditadura – Emilio Médici

Descentralização do poder do
Formação para o trabalho, ensino técnico,
Princípios MEC e autonomia para estados
industrialização.
e municípios.
Regulamento os Conselhos
Controle social Mantém os Conselhos de especialistas.
Federal e Estadual de Educação.
Aplicação de 12% da União e
Aplicação de 20% dos municípios e sem
Gastos com Educação 20% dos estados, municípios e
definição para estados e municípios.
Distrito Federal.
Grau Primário - Ensino pré-
primário (maternal e jardim da
infância), Ensino primário (1º.
ao 4º. ano). Ensino de 1º. Grau e 2º. Grau (Superior,
Organização do sistema
Grau Secundário - Ginasial, supletivo a distância).
colegial, secundário (técnico e
magistério).
Grau Superior
Ensino primário 1º. Grau
Ensino obrigatório
(1º. Ao 4º. Ano) (7 aos 14 anos)

27
Dias letivos 180 dias letivos. 180 dias letivos.

Ensino Normal para primário Educação Infantil e 4 sérias do 1º. Grau


Formação de professores e Superior para ginasial e (habilitação de 2º. Grau Normal / Magistério);
colegial. outras Superior.
Não exclusivo para ensino
Uso do dinheiro público Não exclusivo para ensino público.
público.
Definidas pelo Conselho.
Currículo básico Definidas pelo Conselho. Incluiu Educação Moral e Cívica, Educação
física, programas de saúde.

FONTE: Moraes (2017).

Vale salientar que o ensino superior era

tratado em legislação específica nessa época



(Lei nº 5540, de 1968), enquanto a LDB pre- Para saber mais
É comum, em alguns documentos, usarem o termo
ocupava-se com as regulamentações dos LDBEN. A sigla LDB significa Lei de Diretrizes e Bas-
es da Educação; enquanto que LDBEN significa Lei
então chamados ensinos de 1º e 2º grau. de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Apenas
amplia o significado, mas referem-se às mesmas leg-
islações que estamos estudando nesta aula.


2.3 Lei nº 9394, de


20 de dezembro de 1996
A LDB de 1996, aprovada em 20 de dezembro de 1996, teve como destaque a descentralização do

ensino e a autonomia dada às escolas e universidades. Institui, também, um sistema regular de avaliação.

Seguindo a organização vista nas LDBs anteriores, ela possui 96 artigos, distribuídos por 9 títulos,

alguns também subdivididos em capítulos, e estes, por sua vez, trazem algumas seções, conforme

descrito a seguir:
Título I Da educação

Título II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Título III Do Direito à Educação e do Dever de Educar

28
Título IV Da Organização da Educação Nacional

Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino


Capítulo I – Da Composição dos Níveis Escolares
Capítulo II – Da Educação Básica
Seção I – Das Disposições Gerais
Seção II – Da Educação Infantil
Título V Seção III – Do Ensino Fundamental
Seção IV – Do Ensino Médio
Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos
Capítulo III – Da Educação Profissional
Capítulo IV – Da Educação Superior
Capítulo V – Da Educação Especial

Título VI Dos Profissionais da Educação

Título VII Dos Recursos Financeiros

Título VIII Das Disposições Gerais

Título IX Das Disposições Transitórias

2.4 Principais
aspectos 
Link
A partir da Constituição Federal de 1988, Para conhecer as alterações propostas pela Lei nº 11.114
na íntegra acesse o link disponível em: <http://www.
iniciaram-se as discussões do projeto para planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/
l11114.htm>. Acesso em: 21 mar. 2018.
esta lei até que, em 1996, sua aprovação 

aconteceu.

Destacaremos alguns artigos para que seja

possível perceber as alterações que nossas LDBs sofreram ao longo do tempo.

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).

A parceria escola e família são consideradas logo no início do documento e reflete uma preocupação

29
com a formação plena do indivíduo.

Vale também destacar, quando se trata de



fins e princípios da educação (Art. 3º) que, Exemplificando
Quando um diretor de escola (gestor) compartilha de-
além da gratuidade, igualdade de acesso e cisões, ideias e convida docentes e comunidade para
participar de tudo isso, em um trabalho coletivo, o
permanência, entre outros, está também a que ele pratica é uma gestão democrática na unidade
escolar onde atua. Algumas redes de ensino incluem,
valorização extra escolar e a gestão demo- no seu calendário anual de atividades, o CPCC (Con-
selho Participativo de Classe e Ciclo). A divulgação
crática do ensino. das datas e elaboração coerente de pautas para ser-
em, de fato, discutidas com a comunidade é uma for-
A obrigatoriedade de matrícula era prevista ma de gerir a gestão democrática da escola.

para 7 anos de idade até 2005, quando a Lei

nº 11.114 modificou esse artigo, tornando obri-

gatória a matricula a partir de 6 anos.

O ensino passa, então, de ginásio/colegial e 1º/2º grau para Educação Básica, dividida em Educação

Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, e temos a seguinte organização, como pode ser obser-

vado no Quadro 3.

QUADRO 3- Organização da Educação Básica

EDUCAÇÃO BÁSICA
(dos 4 aos 17 anos – obrigatória a matrícula)

Responsabilidade dos Municípios


Educação Infantil
Creche- 0 a 3 anos (opcional a matrícula)
(de 0 a 5 anos)
Pré-escola- 4 e 5 anos (matrícula obrigatória)

Responsabilidade dos municípios em colaboração


Ensino Fundamental com o Estado.
(a partir de 6 anos) Duração total de 9 anos, podendo ser organizado
em ciclos.

Ensino Médio Prioridade de atendimento na Rede Estadual.


(etapa final) Duração total de 3 anos.

A carga horária deve ser de 800 horas distribuídas em 200 dias letivos.

Além dessa organização, a Lei prevê também algumas modalidades de ensino:

30
• Educação de Jovens e Adultos (EJA) - artigos 37 e 38.

• Educação profissional - artigos 39 a 42, com objetivo de desenvolver aptidões para a vida produtiva.

• Educação Especial- artigos 58 a 60, que objetiva o atendimento aos portadores de necessidades

especiais, preferencialmente na rede regular (Inclusão).

Com relação ao repasse de verbas que já mencionamos nas LDBs anteriores, temos a União com

a responsabilidade de, no mínimo, 18%, enquanto os Estados, Distrito Federal e Municípios repassam

25%. Para otimizar esses gastos, a Lei também define, no artigo 70, o que é de fato considerado

gasto com educação.

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas


realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de
todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:

I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;

II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos neces-


sários ao ensino;

III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

IV- levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimora-


mento da qualidade e à expansão do ensino;

V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino;

VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;

VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos


incisos deste artigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas
de transporte escolar (BRASIL, 1996).

A educação superior também é considerada como um componente da Educação Escolar, porém

com características próprias e bem delimitadas e direcionamento formativo para o mercado de traba-

lho. Pode organizar-se em cursos sequenciais, graduação, tecnológicos e pós-graduação (lato sensu

31
ou stricto sensu).

No Título VI, atenção é dada aos profissio-



nais da educação, e embora nos anos iniciais Assimile
Os cursos de Stricto sensu podem ser: mestrado,
a formação apenas no magistério ou curso mestrado profissionalizante, doutorado ou pós-dou-
torado
normal seja aceita, não podemos esquecer 

que, na meta do PNE até 2020, todos os

profissionais da educação devam ter curso

superior.

Por fim, dos tópicos que pretendíamos chamar a atenção nesta aula, temos o artigo 80, que fala

sobre o desenvolvimento do ensino a distância. Esse artigo possui uma regulamentação presente no

Decreto nº 5622 de 2005. Entre as restrições, temos a não oferta da EaD para o ensino fundamental

e ensino médio, exceto para complementar a aprendizagem ou em alguma situação de emergência.

Questão para reflexão


Desde 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação passa por transformação. Diante do material

exposto, quais as principais mudanças ofertadas pelas referidas legislações e seus impactos no pro-

cesso educacional?

Considerações finais
• A LDB é um dos instrumentos usados para regular ações e propor novos desafios que objetivam

a melhoria da educação brasileira.

• A primeira LDB data de 1961, e foi aprovada durante o governo de João Goulart. Entre os aspec-

tos que considerava como algo novo dentro desse contexto, fala-se, pela primeira vez, sobre o

“respeito a uma educação nacional” (Art. 1) e a “descentralização do ensino” (Art. 11).

• A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte na

Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século XX. Levou a debates com os

32
educadores católicos durante a elaboração da LDB nº 4024/61.

• Uma das grandes mudanças introduzidas pela LDB nº 5692/1971 foi a profissionalização nos cur-

sos de 2º grau.

• A LDB nº 9394/96, aprovada em 20 de dezembro de 1996, teve como destaque a descentrali-

zação do ensino e a autonomia dada às escolas e universidades. Institui, também, um sistema

regular de avaliação.

• A parceria escola e família são consideradas logo no início do documento e reflete uma preocu-

pação com a formação plena do indivíduo.

• Prevê modalidades de ensino: EJA, Educação profissional e Educação Especial.

• Por fim, dos tópicos que pretendíamos chamar a atenção nesta aula, temos o artigo 80, que fala

sobre o desenvolvimento do ensino a distância.

Glossário
• Inconstitucionais: que está em desacordo com a constituição ('conjunto de leis') de um país;

que fere a constituição.

• Crianças excepcionais: na época em que o termo foi usado na legislação, referia-se a qualquer

criança com algum tipo de deficiência física ou intelectual.

• Gestão democrática: pressupõe a participação efetiva dos vários segmentos da comunidade

escolar – pais, professores, estudantes e funcionários – em todos os aspectos da organização da

escola (CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL, 2014, on-line).

33
Verificação da leitura

QUESTÃO 1- Associe corretamente:


a) LDB nº 4024/61.

b) LDB nº 5692/71.

c) LDB nº 9394/96.

1) Em sua organização, considera a Educação de Grau Primário.

2) Organizava o ensino como Educação Básica.

3) Tem como princípio a formação para o trabalho, ensino técnico, industrialização


(Ensino Profissionalizante).

A sequência correta é:
a) 1-a, 2-c, 3-b.

b) 2-a, 1- b, 3-c.

c) 3-a, 1- b, 2-c.

d) 2-b, 1-a, 3-c.

e) 2-c, 3-a, 1-b.

34
QUESTÃO 2- A primeira LDB de 1961 discutia muitos aspectos até então considerados novi-
dade no cenário educacional. Analise cada afirmação a seguir, colocando (V) para verdadeiro
e (F) para falso:
( ) Liberdade de ensino.
( ) Sistemas de ensino.
( ) Educação de Grau superior.
( ) Educação de Excepcionais.
( ) Educação a Distância.
A sequência que preenche corretamente os espaços é:
a) V, F, F, F, V.

b) F, F, F, V, V.

c) V, V, F, F, F.

d) V, F, V, F, V.

e) V, V, V, V, F.

QUESTÃO 3- Qual alternativa contém uma mudança introduzida pela LDB 5692/1971:
a) A formação de professores na modalidade a distância.

b) A participação obrigatória da família acompanhando as aulas quando necessário.

c) A profissionalização nos cursos de 2º grau, aumentando a busca pela área tecnológica.

d) A educação a distância para atender o ensino fundamental.

e) A reorganização do ensino em ciclos de aprendizagem.

35
Referencias Bibliográficas
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nível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-
-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 21 mar. 2018.

______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.Estabelece as diretrizes e bases


da educação Nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 21 mar. 2018.

CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL. Gestão Democrática. 2014. Dispo-


nível em: <http://educacaointegral.org.br/glossario/gestao-democratica/>. Acesso em: 21
mar. 2018.

HAMZE, A.Escola nova e o movimento de renovação do ensino.Brasil Escola, 2009.


Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-nova.
htm>. Acesso em: 21 mar. 2018.

MORAES, S. P. Comparativo entre a LDB 4024/61 e a LDB 5692/71. 10 fev. 2017, 05


jun. 2017. 3 slides. Notas de Aula. Legislação Educacional- Curso de Pedagogia UnG. 2017.

SILVA, A. A.; SCAFF, E. S.; JACOMINI, M. A. Políticas públicas e educação: o legado da


Anped para a construção da área no período 2000-2009. In: 33ª REUNIÃO ANUAL DA
ANPED. 2010, Caxambu, Anais... Caxambu:Anped, 2010. 1 v. Disponível em: <http://
www.anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional>. Acesso em: 21 mar. 2018.

Gabarito

36
QUESTÃO 1-Alternativa A.
A legislação educacional mostra muitos avanços ao longo do tempo. Destaca, em um primeiro

momento, o Grau primário, evolui para uma educação profissionalizante e, atualmente, organiza tudo

dentro do que chamamos Educação Básica.

QUESTÃO 2-Alternativa E.
A educação a distância, enquanto modalidade de educação, foi considerada na LDB de 1996,

embora diferentes forma de atuação, como o rádio e a TV, já fossem consideradas como processo de

educação a distância.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
O ensino profissionalizante foi considerado uma grande mudança na legislação de 1971 e fez com

que a procura pela área tecnológica aumentasse muito em detrimento da área de Ciências Humanas.

37
3 Fundo de
manutenção e
desenvolvimento da
educação básica e de
valorização dos profissionais
da educação- fundeb (lei nº
11.494/2007)
Objetivos específicos
• Conhecer as principais características do Fundeb.

• Analisar as principais diferenças entre o Fundef e Fundeb.

• Compreender a importância desse fundo de investimento para a educação.

Introdução
Uma política pública tem, entre outras funções, o objetivo de organizar procedimentos, regulamen-

tar ações, direcionar propostas, entre outras características que estão sendo discutidas ao longo desta

disciplina.

As políticas públicas são pensadas, implantadas e implementadas visando corresponder, ou,


pelo menos, aparentar corresponder, às demandas da sociedade e se efetivam em diver-
sos setores desta. Inserem-se no âmbito das políticas públicas as políticas educacionais, que
dizem respeito especificamente à educação escolar e circunscrevem-se em contextos em que
temáticas educativas se fazem presentes, capazes de exercer de maneira plena a cidadania
(JESUS, 2014).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) foi assim formulada e, passando por muitas altera-

ções desde 1961 (primeira Lei) para atender a demanda educacional da nossa sociedade, chegou em

1996 considerando o contexto da época. Após esse período, emendas, resoluções e decretos busca-

ram adequar outras questões que, até então, não tinham sido explicitadas na legislação. Tudo isso

faz parte das Políticas Públicas educacionais e são responsáveis, diretas ou indiretas, pela estrutura e

funcionamento da educação.

O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação) também faz parte dessas ações em prol da educação e será objeto de dis-

cussão nesta aula.

39
3.1 Fundef ou fundeb?
A elaboração de uma política pública apresenta, em seu texto, indícios de que não fora pensada,

elaborada e implementada de maneira desconexa de estudos, pesquisas e debates que ocorrem no

mundo como um todo (BEECH, 2009 apud JESUS, 2014).

Nesse sentido, a criação do Fundef objetivou garantir uma subvinculação dos recursos da educação

para o Ensino Fundamental, bem como para assegurar melhor distribuição desses recursos. A partir

dos referidos estudos e pesquisas e, para adequar-se no que diz respeito a outras modalidades de

educação que foram surgindo, o Fundef foi substituído pelo Fundeb.

Para compreender melhor esses aspectos e as principais mudanças ocorridas nessas Políticas Públicas

Educacionais, o resgate de ideias sobre o Fundef será o primeiro ponto de abordagem desta aula.

3.1.1 Fundef: um resgate de ideias


A sigla FUNDEF significa Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental. Foi criado, em 1996,

pelo Ministério da Educação (MEC) como forma de otimizar os gastos direcionados, neste caso, para

o ensino fundamental.

De acordo com a publicação do próprio MEC, o Fundef foi criado para garantir uma subvinculação

dos recursos da educação para o Ensino Fundamental, bem como assegurar

melhor distribuição desses recursos. Com este fundo de natureza contábil,

cada Estado e cada município recebe o equi-

valente ao número de alunos matriculados na



sua rede pública do Ensino Fundamental.
Para saber mais
A Lei 9.424, de 1996, dispõe especificamente sobre
O Fundo de Manutenção e o Fundef, enquanto o Decreto 2.264, de 1997, regu-
lamenta essa lei e considera outras disposições.
Desenvolvimento do Ensino Para conhecer a Lei de criação do Fundef na íntegra
Fundamental e de Valorização acesse o link disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/seesp/arquivos/pdf/lei9424.pdf>. Acesso em: 21
do Magistério – FUNDEF mar. 2018.
tem como foco o ensino 

40
fundamental público, como o mais representativo segmento da educação básica oferecida
pelos Estados e Municípios brasileiros. Seu objetivo é promover a universalização, a manu-
tenção e a melhoria qualitativa desse nível de ensino, particularmente, no que tange à valo-
rização dos profissionais do magistério em efetivo exercício. Assim, a implantação do Fundo
concorreu, dentre outros aspectos, para a incorporação e a manutenção de alunos nas redes
públicas estaduais e municipais e para a melhoria da remuneração do magistério, particular-
mente onde os salários praticados estavam muito baixos (BRASIL, 2004)

3.1.1.1 De quais recursos esse fundo era composto?


A porcentagem que deveria ser repassada para composição desse fundo era de 15% da arrecada-

ção das seguintes receitas:

• Fundo de Participação de Estados e Municípios.

• ICMS.

• Imposto sobre produtos industrializados (IPI).

• Ressarcimento pela desoneração de exportações de que trata a Lei Complementar nº 87/1996

(Lei Kandir).

Além desses recursos, outras verbas federais poderiam ser usadas para garantir um valor mínimo

por aluno, no caso da arrecadação total não atender essa demanda.

A distribuição entre a rede estadual e municipal era feita de acordo com o número de alunos con-

tabilizados no Censo escolar do ano anterior.

A base de cálculo era feita a partir da seguinte fórmula, apresentada na Figura 01.

FIGURA 01- Fórmula usada para o repasse de verbas do Fundef

FONTE: Brasil, 2004.

41
Fórmula bem complexa, não é mesmo?

Verifique, então, como ficaria a aplicação



dela. O próprio manual do Fundef, publicado Para saber mais
As siglas utilizadas na composição da fórmula para
em 2004, tem algumas situações práticas que o coeficiente de distribuição de cada município
seja calculado envolve número de alunos, estimativa
para análise. Observe: de matrículas, total de alunos no ensino especial e
expectativa de novas matrículas e, ainda, um fator de
Um Município imaginário possui 6.116 alu- diferenciação (FD) para os anos iniciais (1ª a 4ª série) e
finais (5ª a 8ª série). Para conhecer a tabela completa
nos no ensino fundamental, sendo: 3.808 com as respectivas siglas e outras orientações dobre
o Fundef, acesse o Manual do Fundef disponível em:
alunos da 1ª a 4ª série do ensino fundamen- <http://mecsrv04.mec.gov.br/sef/fundef/pdf/manu-
al2.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.
tal regular; 2.100 alunos da 5ª a 8ª série do 

ensino fundamental regular; e 208 alunos do

ensino fundamental, na modalidade “educação especial”. O coeficiente de distribuição desse Município

imaginário é (Figura 02):

FIGURA 02- Cálculo do coeficiente de distribuição de um município

FONTE: Brasil (2004).

Supondo que o montante anual de recursos do FUNDEF, no âmbito dessa Unidade Federada, seja

de R$85.000.000,00, esse Município será contemplado, ao longo do ano, com R$2.194.289,00. Esse

resultado é obtido multiplicando-se o montante de recursos pelo coeficiente de distribuição encon-

trado para o Município, ou seja: R$85.000.000,00 x 0,025815164762 = R$ 2.194.289,00.

Para a aplicação das verbas, 60% deveriam ser consideradas para remuneração dos profissionais

do magistério em efetivo exercício, o que incluía equipe de suporte pedagógico, e os outros 40%

para ações de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental público. De acordo com Brasil

(2004), essas ações envolviam:

42
• Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e dos profissionais da educação.

• Aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários

ao ensino.

• Uso e manutenção de bens vinculados ao sistema de ensino.

• Levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da

qualidade e à expansão do ensino.

• Realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento do ensino.

• Concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas.

• Amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos itens acima.

• Aquisição de material didático-escolar e manutenção de transporte escolar.

Em 2006, o Fundef foi, então, substituído pelo Fundeb como veremos a seguir:

3.1.2 Fundeb- Lei nº 11.494 de 20 de junho de 2007


O Fundef, a partir de uma emenda constitucional, foi substituído, em 2006, pelo Fundeb (Fundo

de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação)

e regulamentado pela legislação em 2007. O Ministério da Educação, em publicação feita com a par-

ceria da FNDE, afirma que:

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos


Profissionais da Educação – Fundeb foi criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e
regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição
ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério – Fundef, que vigorou de 1998 a 2006. Com vigência estabelecida para o período
2007-2020, sua implantação começou em 1º de janeiro de 2007, sendo plenamente conclu-
ída em 2009 (FNDEl, 2018).

Com a mudança, todos os alunos matriculados na Educação Básica e demais modalidades são con-

templados com o repasse desse recurso.

Foram três embasamentos legais usados para a criação do referido fundo em 2006:

43
• Emenda Constitucional nº 14/96.

• Lei 9424/96.

• Decreto 2264/97. Assimile
A reorganização do ensino, proposta pela LDB de
Esse compromisso está firmado até o ano 1996, engloba os diferentes níveis de ensino em Ed-
ucação Básica e algumas nomenclaturas mudaram. A
de 2020 pela Emenda Constitucional nº 53, Educação Básica é composta pela Educação Infantil,
Ensino fundamental e Ensino Médio.
de 19 de dezembro de 2006, e teve como 

principal objetivo o aumento no repasse de

verbas que era de 15% e passou, progres-

sivamente, a ser 20% a partir de 2009. Essa porcentagem incide sobre as seguintes fontes de

arrecadação:

• IPI- Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações.

• ICMS- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

• FPM- Fundo de Participação dos Municípios.

• IPVA- Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

• ITR- Quota Parte de 50% do Imposto Territorial Rural devida aos Municípios.

• FPE- Fundo de Participação dos Estados.

• ITCMD- Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações.

• LC87- Desoneração de Exportações.

Em relação ao Fundef, fundo anterior, temos o aumento não só da porcentagem, mas também das

fontes de onde esse recurso é descontado.

A base de cálculo continua sendo o Censo Escolar do ano anterior ao repasse de verbas. A partir

desse dado, o número de matrículas é multiplicado por um fator de ponderação. Esse fator é calculado

anualmente para servir de base de cálculo em cada Estado e Município. No total, são 19 fatores de pon-

deração cuja evolução de valores pode ser observada na tabela produzida pelo MEC. Por exemplo:

Fator de Ponderação - Creche Pública em tempo integral. O valor de investimento por aluno variou

de R$ 1,10, em 2007, para R$1,30, em 2018.

44
• Fator de Ponderação - Anos finais do

ensino fundamental urbano. O valor



por aluno manteve-se inalterado desde Link
Neste material, foram utilizados três fatores como
2007 até 2018. exemplo, mas você pode consultar o documento na
íntegra, acessando o link disponível em: <http://
• Fator de Ponderação - Educação de www.cnm.org.br/cms/images/stories/comunicacao_
novo/links/28112017_pondera%C3%A7%C3%B5es_
Jovens e Adultos com avaliação no Fundeb__2007_a_2018.pdf>. Acesso em: 21 mar.
2018.
processo. O valor estimado era de R$ 
0,70 por aluno e, em 2018, R$ 0,80.

A distribuição é realizada com base no número de alunos da educação


básica pública, de acordo com dados do último Censo Escolar, sendo
computados os alunos matricu-
lados nos respectivos âmbitos
de atuação prioritária, conforme 
Exemplificando
art. 211 da Constituição Federal O custo-aluno-ano é definido pelo INEP (Instituto
(BRASIL, 2018). Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Aní-
sio Teixeira). O MEC e o INEP definiram que o cus-
to-aluno-ano, em 2017, é de R$ 2.875,00. Usando
o fator de ponderação Creche Pública em tempo in-
A partir dessa regulamentação, os muni-
tegral de 2018, qual seria o custo final por aluno?
cípios recebem o repasse de recursos rela- 

cionados ao número de alunos que possuem

matrículas na Educação Infantil e Ensino Fundamental. Já os Estados terão como base as matrículas

que possuem no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Vale salientar que, em 2007, os 100% consi-

derados eram apenas dos alunos do ensino fundamental regular e especial. Essa abrangência foi pro-

gressiva e atingiu a educação infantil, ensino médio e EJA apenas em 2009.

A partir do recebimento desses recursos, a destinação segue as mesmas definições previstas ante-

riormente, ou seja, 60% para pagamento dos profissionais da educação do magistério em efetivo

exercício e 40% para ações de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental público.

Vale dizer, ainda, sobre a obrigatoriedade de criação de um Conselho de Acompanhamento e

Controle Social. Somente com a formação desse conselho é que os municípios podem receber e con-

tribuir com o repasse de verbas do Fundeb. Em sua formação, ele terá o gestor da Secretaria de

45
Educação, funcionários, representantes da comunidade e representações de classe.

Questão para reflexão


Todas as mudanças possuem como pano de fundo muitas intenções que podem ou não interferir

na vida e no desenvolvimento educacional das pessoas. Sendo assim, reflita quais foram as mudanças

efetivas que a Fundeb trouxe para a educação e os motivos que fazem com que ele seja considerado

uma Política Pública Educacional.

Considerações Finais
• A criação do Fundef objetivou garantir uma subvinculação dos recursos da educação para o

Ensino Fundamental, bem como para assegurar melhor distribuição desses recursos.

• A sigla FUNDEF significa Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental. Foi criado, em

1996, pelo Ministério da Educação (MEC) como forma de otimizar os gastos direcionados, neste

caso, para o ensino fundamental.

• A porcentagem que deveria ser repassada para composição desse fundo era de 15% da arreca-

dação das seguintes receitas: Fundo de Participação de Estados e Municípios; ICMS; Imposto

sobre produtos industrializados (IPI); e Lei Complementar nº 87/1996- Lei Kandir.

• A distribuição entre a rede estadual e municipal é feita de acordo com o número de alunos con-

tabilizados no Censo escolar do ano anterior.

• 60% deveriam ser consideradas para remuneração dos profissionais do magistério em efetivo

exercício, o que inclui equipe de suporte pedagógico, e os outros 40% para ações de manuten-

ção e desenvolvimento do ensino fundamental público.

• O Fundef, a partir de uma emenda constitucional, foi substituído em 2006 pelo Fundeb (Fundo

de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da

Educação) e regulamentado pela legislação em 2007.

• Em relação ao Fundef, fundo anterior, com o Fundeb temos o aumento para 20% da arrecadação

46
que aconteceu de forma progressiva e também o aumento das fontes de onde esse recurso é

descontado.

• Os dados obtidos do Censo Escolar são multiplicados por um fator de ponderação no Fundeb.

• Obrigatoriedade da criação de um Conselho de Acompanhamento e Controle Social.

Glossário
• Subvinculação: relativo à inferioridade, substituição ou aproximação.

• FNDE: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

• Censo Escolar: instrumento de coleta de informações da educação básica. Instrumento de

levantamento estatístico usado na educação.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-O Fundeb foi criado como forma de repassar recursos para toda educação bá-
sica e não apenas para o ensino fundamental como era previsto no Fundef. Sendo assim, é
correto afirmar:
a) O Fundeb atendia todo o ensino fundamental, enquanto o Fundef surge para ampliar esse
repasse, principalmente para a EJA.

b) O Fundef objetivou garantir uma subvinculação dos recursos da educação para o Ensino
Fundamental, enquanto o Fundeb envolveria a Educação Infantil, Ensino Fundamental e en-
sino Médio.

c) Os recursos devem ser destinados com base no número de matrículas, porém, a porcenta-
gem maior fica destinada à Educação Infantil.

d) O aumento do atendimento desse recurso permitiu ampliar a rede de atendimento e au-


mentar a porcentagem destinada à formação dos profissionais da educação.

e) O Fundeb tem como foco o atendimento da Educação Infantil e apenas após considerar
essa faixa etária é que o restante da verba pode ser redistribuído.

47
QUESTÃO 2-A sigla FUNDEF significa Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental.
Foi criado em 1996, pelo Ministério da Educação (MEC), como forma de otimizar os gastos
direcionados, neste caso, para o ensino fundamental. Sobre o Fundef, é correto afirmar:
I - É um fundo de natureza contábil.
II - Cada Estado e cada município recebe o equivalente ao número de alunos matriculados
na sua rede pública do Ensino Fundamental.
III - Cada Estado recebe o equivalente ao número de alunos matriculados na sua rede pública
do Ensino Médio, incluindo a EJA.
Estão corretas:
a) Apenas I.

b) II e III.

c) I e II.

d) I, II e III.

e) Apenas III.

QUESTÃO 3-No Fundeb, a base de cálculo usa o Censo escolar como referência e acrescen-
ta:
a) O Porte da escola de acordo com número de alunos e equipe docente.

b) Um fator de ponderação.

c) O complemento obrigatório de verbas repassado pelo Governo Federal.

d) Um índice de 30% a mais em cada repasse.

e) Um fundo de reserva no caso de não conseguir a arrecadação em algum mês.

48
Referências bibliográficas
BRASIL. FNDE. Financiamento - FUNDEB: Perguntas Frequentes. FNDE, 2018. Dispo-
nível em: <http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb>. Acesso em: 21 mar. 2018.

______. Ministério da Educação. Manual de Orientação: Fundo de Manutenção e Desen-


volvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. MEC, 2004. Disponível
em: <http://mecsrv04.mec.gov.br/sef/fundef/pdf/manual2.pdf>. Acesso em: 21 mar.
2018.

FNDEl.  Financiamento - FUNDEB: Perguntas Frequentes.  São Paulo: FNDEI, 2018.


Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/ActionDatalegis.php?a-
cao=abrirTreeview&cod_menu=709&cod_modulo=11>. Acesso em: 21 fev. 2018.

JESUS, R. B. Políticas públicas e o ciclo de políticas: uma análise da política de mato


grosso. Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, São Paulo, Ano XII, n. 24, p.1-17, jul.
2014. Semestral. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_
destaque/uAn890zrR7yA164_2014-11-7-18-43-38.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.

49
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa A.
Um dos grandes avanços conquistados pela educação com a aprovação do FUNDEB foi envolver

toda educação básica no processo, inclusive as modalidades que permitem o atendimento de um

número muito maior de estudantes.

QUESTÃO 2-Alternativa C.
Todo material relacionado ao Fundeb deixa claro que o repasse de recursos objetiva o atendimento

de toda educação básica. Sendo assim, seu cálculo envolverá o número de matrículas na Educação

Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

QUESTÃO 3-Alternativa B.
O Fator de Ponderação foi uma das alterações introduzidas com a implantação do Fundeb. Além

do Censo escolar, utiliza-se uma base de cálculo anual que entra no cálculo para o repasse de verbas.

50
4 Plano
Nacional
de Educação-
PNE (Lei Nº
13.005/2014
Objetivos específicos
• Conhecer o Plano Nacional de Educação (PNE).

• Analisar as Metas previstas no PNE e as estratégias para o seu alcance.

• Compreender o PNE enquanto Política Pública Educacional.

Introdução
Nos temas anteriores, foram apresentados alguns aspectos para a compreensão do significado de uma

Política Pública Educacional, e a discussão sobre algumas delas teve como objetivo mostrar os impactos

diretos ou indiretos da criação de uma Política Pública Educacional para melhoria da educação no Brasil.

Para relembrar o conceito de políticas públicas explorado, apresenta-se a análise de Oliveira (2010):

“Políticas públicas” é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, políticas públicas
educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer em educação. Porém, edu-
cação é um conceito muito amplo para se tratar das políticas educacionais. Isso quer dizer
que políticas educacionais é um foco mais específico do tratamento da educação, que em
geral se aplica às questões escolares. Em outras palavras, pode-se dizer que políticas públicas
educacionais dizem respeito à educação escolar (OLIVEIRA, 2010).

De acordo com Lauande (2013), todas as questões que envolvem a política educacional no Brasil

têm sido objeto de inúmeros estudos e envolvem outras temáticas, como: políticas de formação de

professores, políticas curriculares, qualificação da educação básica, entre outros. Afirma, ainda, que,

ao falar de políticas educacionais, inserem-se também nesse contexto os processos e mecanismos

criados pelo Estado para manter e controlar as relações capitalistas dentro de um momento histórico.

Na busca da compreensão do que, de fato, as Políticas Públicas trouxeram de impacto para o

processo educacional no Brasil, as aulas apresentaram a LDB desde 1961 até 1996; discutiu sobre o

Fundef e sua substituição para o Fundeb. Dentro desses mesmos princípios, esta aula apresentará o

PNE (Plano Nacional de Educação) que, segundo Ministério da Educação (MEC), determina diretrizes,

metas e estratégias para a política educacional dos próximos dez anos.

52
4.1 Características gerais do PNE
A criação de um Plano Nacional de Educação está prevista no artigo 214 da Constituição Federal,

que diz:

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o obje-
tivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretri-
zes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desen-
volvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações inte-
gradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009).

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como pro-


porção do produto interno bruto (BRASIL, 1988).

Dessa forma, o primeiro PNE, elaborado em 2001, estava organizado a partir da Lei nº 10.172/2001

e teve vigência de janeiro de 2001 até janeiro de 2011.

Enviado pelo ministro Fernando Haddad ao Congresso Nacional em dezembro de 2010, o novo

Plano Nacional de Educação (PNE) já deveria estar em vigor oficialmente desde janeiro, com validade

até 2020. Porém, virou alvo de disputa na Câmara, onde recebeu cerca de 3 mil emendas e ainda

pode passar por mudanças até sua aprovação (VIVES, 2011). Só então, a partir da Lei nº 13.005/2014,

o novo Plano Nacional de Educação foi aprovado, com validade até 2024.

53
Elaborar um plano de educação no Brasil, hoje, implica assumir compromissos com o esforço
contínuo de eliminação de desigualdades que são históricas no País. Portanto, as metas são
orientadas para enfrentar as barreiras para o acesso e a permanência; as desigualdades edu-
cacionais em cada território com foco nas especificidades de sua população; a formação para
o trabalho, identificando as potencialidades das dinâmicas locais; e o exercício da cidadania.
A elaboração de um plano de educação não pode prescindir de incorporar os princípios do
respeito aos direitos humanos, à sustentabilidade socioambiental, à valorização da diversi-
dade e da inclusão e à valorização dos profissionais que atuam na educação de milhares de
pessoas todos os dias (BRASIL, 2014a).

Além das vinculações de recursos para o seu financiamento, o PNE foi construído a partir de um

amplo debate iniciado na CONAE, em 2010, o que trouxe um caráter mais democrático à proposta.

Mesmo com todas as legislações, diretrizes e outros documentos existentes, a criação do novo

PNE teve como principal objetivo articular os esforços e universalizar a oferta

obrigatória na faixa etária de 4 a 17 anos. Junto com esses propósitos, o MEC

afirma ainda fazer parte desses objetivos:

Elevar o nível de escolaridade 


da população, elevar a taxa Para saber mais
A CONAE é uma Conferência Nacional de Educação
de alfabetização, melhorar a que permite a participação democrática de todas
qualidade da educação básica as pessoas interessadas em contribuir com ideias e
propostas educacionais. As conferências seguem um
e superior, ampliar o acesso calendário regular para acontecer e envolvem Esta-
ao ensino técnico e superior, dos e Municípios para que as discussões possam ser
encaminhadas.
valorizar os profissionais da 
educação, reduzir as desigual-
dades sociais, democratizar a
gestão e ampliar os investimentos em educação (BRASIL, 2018).

Sendo assim, em 26 de junho de 2014, o governo aprovou o novo PNE para direcionar essas ques-

tões. Sua validade é decenal e, a partir da Emenda Constitucional nº 59/2009, o PNE passa ser refe-

rência constitucional e todos os demais planos plurianuais precisam usar ele como referência.

54
De acordo com o TPE (2014):

Um dos principais pontos do plano é a ampliação do financiamento da educação pública,


chegando, em até dez anos, a 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Como estratégias para
atingir essa meta, o PNE propõe garantir fontes de financiamento, entre elas os recursos da
exploração de petróleo e gás natural, aumentar o acompanhamento da arrecadação do salá-
rio-educação e instituir um Custo Aluno-Qualidade, estipulando um padrão mínimo de "insu-
mos indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem" e multiplicando esse valor pelo
número de alunos registrados pelo Censo Escolar (TPE, 2014).

Esse repasse de verbas também foi ponto de discussão na transição entre

o primeiro PNE e o segundo, pois muitos

acreditam que esse valor ainda é insuficiente



para atende toda demanda. Tem-se, ainda,
Assimile
a questão do repasse progressivo, tendo em Quando o texto se refere a todos os demais planos
plurianuais precisarem usar o PNE como referência,
vista que a aprovação relaciona-se a 7% do pretende-se dizer que, por ter força de Lei, esse doc-
umento obriga os Estados e Municípios a articular-se
PIB. a ele com planejamentos e objetivos bem determi-
nados que, embora não desconsiderem as especifi-
cidades locais, devem dialogar com as metas esta-
belecidas.


4.1.1 Legislação
A Lei que estrutura o PNE está organizada em 14 artigos e 1 anexo com as 20 metas e suas res-

pectivas estratégias.

Entre os artigos, nota-se a atenção dada para as diretrizes do PNE e as metas que devem ser alcan-

çadas no prazo de vigência do plano; também no artigo 5º alerta para o monitoramento que será

feito.

Art. 5o A execução do PNE e o cumprimento de suas metas serão objeto de monitoramento


contínuo e de avaliações periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:

55
I - Ministério da Educação
- MEC;

II - Comissão de Educação Exemplificando
da Câmara dos Deputados O acompanhamento do cumprimento das metas do
Plano Nacional deve ser realizado pelo Ministério
e Comissão de Educação, da Educação (MEC), pela Comissão de Educação da
Cultura e Esporte do Senado Câmara dos Deputados, pela Comissão de Educação,
Cultura e Esporte do Senado Federal, pelo Conselho
Federal; Nacional de Educação (CNE) e pelo Fórum Nacional
de Educação. Esse monitoramento deve ser contínuo
III - Conselho Nacional de e estar baseado em documentos e indicadores - como
Educação - CNE; estudos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que serão prepa-
IV - Fórum Nacional de rados e publicados a cada 2 anos, durante a vigência
do PNE (PANTELIADES, 2014).
Educação (BRASIL, 2014). Esses dados são, então, organizados e publicados.
Exemplo (Figura 1):

Percebe-se a reafirmação da importância das

parcerias entre União, Estados, Municípios de

Distrito Federal para execução das metas, bem como aprovação de leis específicas para seu sistema de ensino

que dialoguem com o PNE.

FIGURA 01 - Acompanhamento das metas do PNE

Cumprida no
Estratégias Prazo Situação Resumo
prazo ou não

Das unidades da
federação, três
Art. 8º: Aprovação
estados ainda não
e/ou adequação dos
sancionaram o PEE
Planos Estaduais 2015 Não Em andamento
(São Paulo, Minas e
e Municipais de
Rio de Janeiro) e 55
Educação
municípios ainda não
sancionaram o PME

FONTE: adaptada de Panteliades (2014).

4.1.1.1 Metas e estratégias


Como citado anteriormente, o documento é composto por 20 metas e 254 estratégias.

56
Exemplo:

Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3o  (terceiro) ano do ensino

fundamental.

Estratégias:

5.1.) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, nos anos iniciais do ensino fundamental,

articulando-os com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação e valorização dos(as)

professores(as) alfabetizadores e com apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização

plena de todas as crianças.

Observação: no caso dessa meta, as estratégias vão até o item 5.7. Usamos apenas um recorte

para exemplificar a organização.

A meta 07 traz de forma bem clara o objetivo de melhorar os índices do IDEB (Figura 02).

FIGURA 02 - Índices do IDEB que devem ser obtidos até 2021

IDEB 2015 2017 2019 2021

Anos iniciais do
5,2 5,5 5,7 6,0
ensino fundamental
Anos finais do
4,7 5,0 5,2 5,5
ensino fundamental
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2

FONTE: Brasil (2014).

Complementar à meta 07, a estratégia 7.11 fala sobre melhorar o desempenho dos alunos da edu-

cação básica nas avaliações da aprendizagem no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

- PISA, tomado como instrumento externo de referência, internacionalmente reconhecido, de acordo

com as seguintes projeções (Figura 03):

FIGURA 03 - Projeção para melhoria dos índices obtidos no Programa de PISA

PISA 2015 2018 2021

Média do resultados em matemática,


438 455 473
leitura e ciências

FONTE: Brasil (2014).

57
Para facilitar a compreensão dessa temá-

tica, foi elaborado um documento chamado

“Conhecendo as 20 metas do PNE” (BRASIL, 


Para saber mais
2014). Nesse documento, as 20 metas deter- IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de
minadas para o período de 2014 a 2024 são Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), formulado para medir a qualidade do apren-
agrupadas de acordo com a temática que dizado nacional e estabelecer metas para a melhoria
do ensino. Seu índice é medido a partir do Censo
abordam. Escolar mais a média do desempenho das avaliações
aplicadas pelo próprio IDEB, Prova Brasil e Saeb.
O primeiro agrupamento refere-se a 

metas estruturantes para garantia do direito

à educação básica. São as metas 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10 e 11.

A redução das desigualdades e a valorização da diversidade estão contempladas nas metas 4 e 8.

Temos, ainda, um grupo de metas destinadas a tratar sobre a valorização dos profissionais da edu-

cação. São elas 15, 16, 17 e 18.

O ensino superior está agrupado nas metas 12, 13 e 14 e, por fim, a criação

do Sistema Nacional de Educação e a Gestão

Democrática nas metas 19 e 20.

O Observatório do PNE foi lançado em 


Link
2013. Trata-se de plataforma de advocacy Consulte o link e veja a atual situação de algumas
metas propostas pelo PNE:
pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que Disponível em: <http://www.todospelaeducacao.org.
br/reportagens-tpe/38617/pne-embora-com-atra-
tem como objetivo contribuir para que ele so-maioria-das-metas-e-estrategias-estao-em-anda-
mento/>. Acesso em: 22 mar. 2018.
mantenha-se vivo e cumpra seu papel como 

agenda norteadora das políticas educacio-

nais no país. A iniciativa conta com um site

(www.opne.org.br) que apresenta indicadores de monitoramento das metas e estratégias do plano,

além de análises, um extenso acervo de estudos, pesquisas, notícias relacionadas aos temas educa-

cionais por ele contemplados e informações sobre políticas públicas educacionais. A coordenação fica

por conta do “Todos pela Educação” - instituição composta por vinte e quatro organizações ligadas à

Educação e especializadas nas diferentes etapas e modalidades de ensino (OBSERVATÓRIO DO PNE,

58
2013). Dados apresentados pelo observatório permitem acompanhar as metas de forma estatística.

Com relação do ensino fundamental (Meta 02), o PNE objetiva universalizar o ensino funda-

mental com duração de 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que, pelo menos,

95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência desse

PNE. Qual a situação atual dessa meta?

De acordo com Panteliades (2015) e dados do Observatório do PNE, em 2014, a taxa de matrículas

das crianças de 6 a 14 anos alcançou 97,5%. Por outro lado, 73,7% dos alunos completaram o ensino

fundamental na idade correta no mesmo ano. Sendo assim, a meta de que esse número alcance o

patamar de 95% até 2024 representa um desafio maior para o país (Figura 04).

FIGURA 04 - Status da meta 3

FONTE: Observatório do PNE (2018).

59
Questão para reflexão
De que forma a articulação entre União, Estados, Município e Distrito Federal pode beneficiar o

cumprimento das metas previstas no PNE?

Considerações Finais
• A criação de um Plano Nacional de Educação está prevista no artigo 214 da Constituição Federal.

• A Lei nº 13.005/2014 institui um novo Plano Nacional de Educação, com validade até 2024.

• A criação do novo PNE teve como principal objetivo articular os esforços e universalizar a oferta

obrigatória na faixa etária de 4 a 17 anos.

• Sua validade é decenal e a partir da Emenda Constitucional nº 59/2009, o PNE passa a ser refe-

rência constitucional e todos os demais planos plurianuais precisam usar ele como referência.

• A Lei que estrutura o PNE está organizada em 14 artigos e 1 anexo com as 20 metas e suas

respectivas estratégias.

• O acompanhamento do cumprimento das metas do Plano Nacional deve ser realizado pelo

Ministério da Educação (MEC), pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, pela

Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, pelo Conselho Nacional de

Educação (CNE) e pelo Fórum Nacional de Educação.

• Para facilitar a compreensão dessa temática, foi elaborado um documento chamado “Conhecendo

as 20 metas do PNE” (BRASIL, 2014). Nesse documento, as 20 metas determinadas para o perí-

odo de 2014 a 2024 são agrupadas de acordo com a temática que abordam:

- Metas estruturantes para garantia do direito à educação básica.

- A redução das desigualdades e a valorização da diversidade.

- Valorização dos profissionais da educação.

- O ensino superior.

- Gestão democrática e Sistema Nacional de Educação.

60
Glossário
• Planos Plurianuais: é um plano que estabelece as diretrizes, objetivos e metas a serem seguidos

pelo Governo Federal, Estadual ou Municipal ao longo de quatro anos e está previsto no artigo

165 da Constituição Federal.

• PISA: Programme for International Student Assessment, na sigla em inglês, é uma iniciativa de

avaliação comparada, aplicada a cada três anos a estudantes na faixa dos 15 anos de idade,

fase em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países

(BRASIL, [2018]).

• Prova Brasil e SAEB: Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

(Saeb) são avaliações para diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Têm o objetivo de avaliar a qua-

lidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e

questionários socioeconômicos (BRASIL, 2016).

61
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-O Plano Nacional de Educação, previsto em Lei própria de 2014, estabelece me-
tas, estratégias e objetivos específicos que atendam toda educação básica. Sobre os objetivos
do PNE, assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso em cada sentença que segue:
( ) Articular os esforços e universalizar a oferta obrigatória na faixa etária de 4 a 17 anos.
( ) Elevar o nível de escolaridade da população, elevar a taxa de alfabetização.
( ) Melhorar a qualidade da educação básica e superior.
( ) Criar a obrigatoriedade do ensino técnico e superior.
A sequência correta é:
a) V, V, F, F.

b) F, F, F, V.

c) V, F, V, F.

d) V, V, V, F.

e) F, V, V, V.

QUESTÃO 2-O artigo 214 da Constituição Federal determina que: a lei estabelecerá o plano
nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional
de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias
de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus di-
versos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das
diferentes esferas federativas. Esse artigo, entre outras diretrizes, determina:
a) A obrigatoriedade da criação do PNE, e uma de suas metas deve ser a criação do SNE.

b) A obrigatoriedade de articulação de PNEs específicos para cada região do país.

c) Apenas reforça a importância da criação do SNE como forma de garantir a prática do PNE.

d) A criação do SNE em parcerias com as metas determinadas no primeiro PNE aprovado.

e) A obrigatoriedade no cumprimento de todas as metas e execução de todas as estratégias.

62
QUESTÃO 3-A Legislação prevê o monitoramento a cada 2 anos para acompanhamento do
cumprimento ou não das metas. Outro aspecto importante previsto na Lei é:
a) Reformulação das metas a cada 6 meses como forma de garantir que as especificidades dos
municípios sejam atendidas.

b) Garantir a autonomia dos municípios na elaboração dos seus planejamentos, tendo apenas
como referência o PNE.

c) Reafirmar a importância das parcerias entre União, Estados, Municípios de Distrito Federal
para execução das metas, bem como aprovação de leis específicas para seu sistema de ensino
que dialoguem com o PNE.

d) O compromisso no aumento progressivo do repasse de verbas já previsto no Fundeb de


acordo com cada meta alcançada.

e) Uma bonificação para cada meta alcançada do PNE.

63
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
On-line, Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018.

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– PNE e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso
em: 22 mar. 2018.

______. Ministério da Educação. Avaliação internacional constata maior avanço do brasil


em matemática. On-line: MEC, [2018]. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/compo-
nent/tags/tag/35014>. Acesso em: 22 mar. 2018.

______. Ministério da Educação. Prova Brasil – Apresentação. On-line: MEC, 2016. Dispo-
nível em: <http://portal.mec.gov.br/prova-brasil>. Acesso em: 22 mar. 2018.

______. Perguntas frequentes sobre o PNE. 2018a. Disponível em: <http://pne.mec.gov.


br/perguntas-frequentes>. Acesso em: 26 fev. 2018.

______. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de


Educação. Ministério da educação, Governo federal, 2014a. Disponível em: <http://pne.
mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2018.

LAUANDE, M. F. R. F. Políticas Públicas Educacionais como Instâncias de Controle


do Estado. In: XXVI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA
EDUCAÇÃO. 2013. Recife: ANPAE, 2013. 14 p. Disponível em: <http://www.anpae.org.
br/simposio26/1comunicacoes/MariadeFatimaR.F.Lauande-ComunicacaoOral-int.pdf>.
Acesso em: 22 mar. 2018.

OBSERVATÓRIO DO PNE. Sobre o Observatório do PNE. 2013. Disponível em: <http://


www.observatoriodopne.org.br/sobre-observatorio>. Acesso em: 22 mar. 2018.

OLIVEIRA, A. F. Políticas públicas educacionais: conceito e contextualização numa perspec-


tiva didática. In: OLIVEIRA, A. F.; PIZZIO, A.; FRANÇA, G. (Org.). Fronteiras da Educação:
desigualdades, tecnologias e políticas. Goiás: Editora da PUC Goiás, 2010. p. 93-99.

64
Disponível em: <http://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2012/01/texto-4-polÍti-
cas-pÚblicas-educacionais.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2018.

PANTELIADES, D. Plano Nacional de Educação: Entenda o que é o PNE. 2014. Disponível


em: <http://appprova.com.br/pne-conheca-o-plano-nacional-de-educacao/>. Acesso
em: 22 mar. 2018.

TPE (Todos pela educação). Entenda os principais pontos do Plano Nacional de


Educação.  2014. Disponível em: <http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-
-midia/indice/30681/entenda-os-principais-pontos-do-plano-nacional-de-educacao/>.
Acesso em: 22 mar. 2018.

VIVES, F. Um balanço do Plano Nacional de Educação. Carta Capital, 2011. Disponível


em: <https://www.cartacapital.com.br/educacao/um-balanco-do-plano-nacional-de-e-
ducacao>. Acesso em: 22 mar. 2018.

65
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa D.
O ensino técnico não é obrigatório, assim como o ensino superior não é. O centro das preocupa-

ções está em elevar a qualidade do ensino, aumento na oferta e universalizar a educação, atingindo

um número cada vez maior de pessoas.

QUESTÃO 2-Alternativa A.
A criação do PNE, tendo como uma de suas metas instituir um SNE, está prevista na Constituição

Federal. União, Estados, Municípios e DF devem articular suas ações de acordo com o que está pre-

visto na Lei.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
Em qualquer proposta, principalmente nas que estão relacionadas à educação, as parcerias são indis-

pensáveis e o estabelecimento de critérios para ação devem ser norteados por um único documento.

66
5 Diretrizes
curriculares
nacionais da
Educação Básica
Objetivos específicos
Por meio da apresentação e discussão dos principais aspectos do Parecer CME/CEB Nº 7/2010 e

Resolução CME/CEB nº 4/2010, os principais objetivos que alcançaremos nesta unidade temática serão:

• Conhecer os principais temas, concepções e ordenações a nível nacional no que concerne as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e Base Comum Curricular – BNCC.

• Entender a projeção que tais Resoluções desempenham na organização escolar sob diferentes

contextos e conjunturas sociais.

• Compreender a configuração dessas legislaturas e seus instrumentos para o projeto educacional

nacional que visa de garantia de acesso, permanência, qualidade e continuidade da Educação

Básica.

Introdução
Os dois principais documentos que definem e organizam a educação nacional brasileira são as

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica, embasada pela Resolução CNE/CEB nº 4/2010

e o Parecer CNE/CEB Nº 7/2010. Tais ordenamentos referenciam a Base Nacional Comum Curricular-

BNCC e o Sistema Nacional de Educação, cujos objetivos são de garantir o direito de toda pessoa à

preparação escolar para o exercício da cidadania e à qualificação para o mercado de trabalho, além da

vivência e convivência no ambiente escolar.

Para essa garantia da qualidade do ensino, com pleno acesso, inclusão e permanência dos alunos,

a centralidade da atividade escolar, de acordo com as legislações, deverá ser o estudante e o pro-

cesso de aprendizagem, sob a perspectiva de educar e cuidar. Desse modo, traz considerações acerca

de aspectos da organização curricular obrigatória comum e diversificada, determinando o Ensino

Fundamental de 9 anos e as etapas da educação básica, as diferentes modalidades de educação reco-

nhecidas, a concepção de avaliação em diferentes instâncias, os valores democráticos participativos

nas unidades escolares como ideal de gestão pública, bem como outros elementos e instrumentos,

com o objetivo de organização das Diretrizes Curriculares Nacionais passíveis de execução nos dife-

rentes contextos de todo território brasileiro.


68
5.1. Principais temas e ordenamentos
da resolução cne/ceb nº 04/2010 e
parecer cne/ceb nº07/2010
Você verá, neste tópico, os principais aspectos e informações essenciais da Resolução CNE/CEB Nº

04/2010 que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação Básica, articuladas ao

Parecer CNE/CEB nº 7/2010, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

de 9 anos.

5.1.1. O sistema nacional de educação


Com a finalidade de respeitar as pluralidades regionais existentes no território brasileiro e a arti-

culação das diferentes instâncias do poder público (Federal, Estadual e Municipal), a Resolução CNE/

CEB Nº 04/2010 define a criação de um Sistema Nacional de Educação, com o objetivo de organi-

zar e assegurar a efetividade ao projeto da educação nacional, vencendo possíveis fragmentações de

políticas públicas. Para isso, pressupõe o estabelecimento de regras de equivalência entre as funções

normativas, de supervisão e avaliação da educação nacional.

5.1.2 O ensino fundamental de 09 anos


O Parecer CNE/CEB nº 7/2010 fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

de 9 anos, a serem observadas na organização curricular dos sistemas de ensino. O Art. 8º do Parecer

define que o Ensino Fundamental, com duração de 9 anos, abrange a população na faixa etária dos 6

aos 14, estendendo-se aos demais indivíduos que não conseguiram acessá-la nessa faixa etária ideal

(BRASIL, 2010, p. 3).

69
1.3 O currículo e a organização curricular
A concepção da escola de Educação Básica, de acordo com a Resolução CNE/CEB nº 4/2010, é de

ambiente de recriar e ressignificar a cultura herdada, valorizando o multiculturalismo do país. A escola

deve privilegiar trocas de saberes, com relações entre seus sujeitos, calcadas no acolhimento e acon-

chego (educar e cuidar). Enquanto documento referência dos princípios educacionais, o currículo deve

sintonizar valores e práticas para a construção de identidades socioculturais dos educandos, além dos

direitos e deveres dos cidadãos sob a ordem democrática.

Buscando uma articulação das vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historica-

mente acumulados, a escola poderá ter autonomia para a escolha da abordagem didática que oriente

o seu projeto político pedagógico. Para essa etapa de escolarização, o currículo se dará pela composi-

ção de uma base nacional comum, integrada em cada sistema de ensino ou estabelecimento escolar

por uma parte diversificada, com origens nas disciplinas científicas, constituindo-se enquanto com-

ponentes curriculares articulados com as áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, Matemática,

Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental abrange, conforme o Art. 26 da Lei

nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do

mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino

da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso. Ressalta-se, ainda, que a Lei de Diretrizes e Bases

(LDB) inclui o estudo de, pelo menos, uma língua estrangeira moderna na parte diversificada, cabendo

sua escolha à comunidade escolar.

São traçados sobre esse tema, na Resolução CNE/CEB 04/2010, possibilidades e orientações didá-

ticas acerca de escolhas metodológicas, como a constituição de rede de aprendizagem ou a transver-

salidade enquanto forma de organizar o trabalho pedagógico, em que temas e/ou eixos temáticos são

integrados às disciplinas. Ainda, as articulações de conteúdos e habilidades para a continuidade da tra-

jetória escolar devem ser consideradas na formulação do projeto político pedagógico, garantindo aos

alunos um percurso contínuo de aprendizagem, desde a transição da Educação Infantil para o Ensino

Fundamental até a transição dos anos finais do Ensino Fundamental para o Ensino Médio.

70
5.1.4 Etapas e modalidades da educação básica
Em seu Art. 21, a Resolução CNE/CEB Nº 04/2010 define como etapas do desenvolvimento edu-

cacional: I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, cujas idades das crianças deverão ser de

até 3 anos e 11 meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 anos; II - o Ensino Fundamental, obrigatório

e gratuito, com duração de 9 anos, organizado em duas fases: a dos 5 anos iniciais e a dos 4 anos

finais; III - o Ensino Médio, com duração de 3 anos (BRASIL, 2010). Tais etapas possuem previsão de

idade, que podem se diversificar dependendo de atrasos na matrícula, retenção ou repetência, por-

tadores de deficiência, dentre outros casos. Além disso, são reconhecidas enquanto modalidades da

Educação Básica:

• Educação de Jovens e Adultos (Art. 28.): destinadas à faixa etária superior à ideal para a con-

clusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

• Educação Especial (Art. 29.): devendo ser prevista no projeto político pedagógico da unidade

escolar.

• Educação Profissional e Tecnológica (Art. 30.): articulada com o ensino regular e com outras

modalidades educacionais.

• Educação Básica do Campo (Art. 35.): com conteúdos curriculares, metodologias apropriadas às

reais necessidades e interesses dos estudantes da zona rural.

• Educação Escolar Indígena (Art. 37) e Quilombola (Art. 41.): em unidades educacionais inscri-

tas, requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico cultural e observado os

princípios da BNCC.

• Educação a Distância (Art. 39.): com a utilização de meios e tecnologias de informação e comu-

nicação (BRASIL, 2010, p. 9 -13).

Além das modalidades de educação supracitadas, em complementaridade, o Parecer CNE/CEB Nº

07/2010 cria as normativas da Educação de Tempo Integral no sistema público de ensino, onde a jor-

nada escolar se organiza em 7 horas diárias, no mínimo, em uma carga horária anual de, pelo menos,

1.400 horas.

71
5.1.5 Elementos constitutivos para a
organização das diretrizes curriculares
nacionais para a educação básica
São definidos como elementos para a realização das Diretrizes Curriculares Nacionais: o projeto

político pedagógico (PPP) e o regimento escolar; o sistema de avaliação; a gestão democrática e a

organização da escola.

O PPP, construído coletivamente, deverá ser um diagnóstico da realidade concreta do ambiente

escolar e seus sujeitos, trazendo informações, como: a concepção sobre educação; o perfil real dos

sujeitos; as bases norteadoras do trabalho pedagógico; o programa de acompanhamento de acesso,

permanência e de superação da retenção escolar; o programa de formação dos profissionais da edu-

cação; e ações de acompanhamento do processo de avaliação interna e externa. Já o regimento esco-

lar também é uma instância a ser discutido e aprovado pela comunidade escola, caracterizando-se

enquanto um dos instrumentos de execução do projeto político pedagógico.

5.1.6 Avaliação
De acordo com o Art. 46. da Resolução CNE/CEB nº 4/2010 (BRASIL, 2010, p. 14), a avaliação no

ambiente educacional compreende 3 (três) dimensões básicas:

I - avaliação da aprendizagem: realizada cotidianamente na relação entre professor-aluno;

II - avaliação institucional interna e externa: realizada anualmente com objetivos de avaliar inte-

gralmente a unidade escolar;

III - avaliação de redes de Educação Básica: realizada por órgãos externos à escola e engloba os

resultados da avaliação institucional.

O Parecer CNE/CEB nº 07/2010 aponta que esses mecanismos para avaliação deverão estar arti-

culados às avaliações realizadas em nível nacional e estadual. O objetivo da confluência destas avalia-

ções é de criar indicadores que auxiliem na melhoria progressiva tanto das práticas escolares cotidianas

como das diretrizes e ordenamentos do poder público.

72
5.1.7 Gestão democrática e organização da escola
Tanto a Resolução CNE/CEB Nº 04/2010 como o Parecer CNE/CEB Nº 7/2010 sinalizam a obri-

gatoriedade da gestão democrática no ensino público enquanto instrumento de horizontalização

das relações no ambiente escolar, desde a organização da escola, a gestão das pessoas, o espaço

físico, até os processos e procedimentos escolares que viabilizam o trabalho delineado no projeto

político-pedagógico.

O Relatório do Projeto para criação do Parecer CNE/CEB Nº 7/2010 foi

o documento que embasou o Conselho Nacional de Educação e a Câmara

de Educação Básica para sistematização das

Diretrizes Curriculares Nacionais. Apresenta



uma extensa e detalhada descrição do Para saber mais
Relatório do Projeto para criação do Parecer CNE/
embasamento legal e histórico que subsi- CEB Nº 7/2010

diam a criação final do Parecer, onde ainda

são apresentadas e discutidas as referências

conceituais para os objetivos de criação do Sistema Nacional de Educação.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&a-

lias=5367-pceb007-10&category_slug=maio-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 22 mar. 2018.

Na organização do Estado brasileiro, a matéria educacional é conferida

pela Lei nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), tida

como referencial na concepção da educa-

ção como instrumento de desenvolvimento



nacional, pois detalha os princípios e obje- Para saber mais
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Esta-
tivos, definindo direitos ao cidadão, compe- belece as diretrizes e bases da educação nacional.

tências e habilidades a serem desenvolvi-

dos no ambiente escolar, instrumentos legais

73
de ordenação e planejamento nas diferen-

tes esferas de poder público. Disponível em:



<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Link
Ações e Programas desenvolvidos pela Secretaria
Leis/L9394.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018. de Educação Básica para cumprimento das diretriz-
es nacionais da educação. No site do Ministério da
De maneira integrada, ambas as legis- Educação, existe um guia com todos os programas
e ações desenvolvidos pela Secretaria da Educação
lações definem os objetivos, metas, valo- Básica (SEB), buscando o cumprimento de todos os
objetivos e diretrizes traçados nas legislações vigen-
res, currículos e conceitos que se assentam tes, por meio da criação de metas, responsáveis le-
gais e ações específicas para a oferta da educação
o projeto nacional de educação, criando os pública e de qualidade. Disponível em: <http://por-
tal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/pro-
instrumentos de organização, continuidade,
gramas-e-acoes>. Acesso em: 22 mar. 2018.

validação e adaptações na prática pedagó-

gica diária, sob diferentes conjunturas a nível

nacional.

A respeito da organização curricular, a

Resolução CNE/CEB 04/2010 salienta a pos-

sibilidade de escolhas e orientações metodoló- 


Assimile
gicas para execução do currículo, destacando A Resolução CNE/CEB Nº 04/2010, em consonância
com o Parecer CNE/CEB Nº 7/2010, são legislações
a transversalidade enquanto forma de organi- integradas que delimitam dois importantes instru-
mentos para a garantia de um sistema nacional de
zar o trabalho pedagógico. No cotidiano esco- educação: as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Básica e Base Comum Curricular – BNCC.
lar, a transversalidade pode ser vivenciada, por 
exemplo, por meio da criação de projetos que

englobem duas ou mais disciplinas, em que

temas e/ou eixos temáticos são incorporados

e trabalhados simultaneamente sob diferentes

perspectivas. 
Exemplificando
Um exemplo que ilustra a metodologia de
O conceito de transversalidade na prática pedagógica
cotidiana
projetos transversais poderia ser o estudo cur-

ricular da Colonização e Escravidão no Brasil,

74
previsto para os Anos Finais do Ensino Fundamental, em que, por meio da disciplina de Português,

poderiam ser abordados o estudo literário de narrativas do período, a herança cultural em nossa lin-

guagem; na História, a descrição da escravidão, a organização social e o debate crítico do preconceito

racial; em Matemática, o estudo de frações e porcentagens que subsidiem a leitura de gráficos ou

dados demográficos; em Geografia, a localização e representação do continente africano, a organi-

zação territorial e interesses geopolíticos do Brasil Colônia, dentre outras inúmeras possibilidades de

integração dos temas curriculares.

Questão para reflexão


Como você percebeu, a educação brasileira segue princípios, objetivos e uma base curricular obri-

gatória a nível nacional, definidos pela legislação, cabendo adaptações e complementaridades. Quais

são os argumentos que demonstram a importância dessa ordenação a nível nacional para a organiza-

ção e desenvolvimento da educação? Escolha três exemplos reais das legislações que você estudou

neste tema e correlacione com a governança em diferentes escalas do poder público.

Considerações Finais
Como você percebeu durante o desenvolvimento desta aula, os intuitos da Resolução CNE/CEB Nº

04/2010 e do Parecer CNE/CEB Nº 7/2010 são de definir e organizar princípios, regras, valores e con-

cepções que guiem o projeto de uma educação nacional gratuita e de qualidade por meio do Sistema

Nacional de Educação, em que:

• Definem as principais orientações no que concerne a concepção do currículo enquanto somató-

rio organizado dos conhecimentos historicamente produzidos e cientificamente organizados, em

disciplinas obrigatórias e complementares.

• Organiza as diferentes etapas da educação em ciclos, faixas etárias e modalidades, trazendo a

obrigatoriedade do Ensino Fundamental de 09 anos.

75
• De acordo e em consonância com as diretrizes nacionais, cada escola deverá criar o seu projeto

político pedagógico e o regimento escolar, que devem organizar e mediar os objetivos e ordena-

mentos do projeto nacional de educação com a conjuntura local da unidade escolar.

• Buscam o exercício ativo e a criação de instâncias para a formação democrática do cidadão, no

qual a gestão escolar deverá ser participativa.

Glossário
MULTICULTURALISMO- diversas matrizes culturais que convivem em um mesmo espaço social.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Considerando a vigência de dois instrumentos legais distintos, a Resolução


CNE/CEB Nº 04/2010 e o Parecer CNE/CEB Nº 7/2010, assinale a alternativa que afirma
corretamente a relação que se estabelece entre ambas.
a) De integração, pois a Resolução CNE/CEB Nº 04/2010 incrementa aspectos não abordados
anteriormente no Parecer CNE/CEB Nº 7/2010.

b) De integração, ambas normativas dialogam e se complementam, formando, juntas, as nor-


mativas curriculares para organização da educação básica no Brasil.

c) De complementaridade, pois a Resolução CNE/CEB Nº 04/2010 insere novos aspectos para


organização da educação básica.

d) De anulação, em que o Parecer CNE/CEB Nº 7/2010 atualiza e modifica o Parecer CNE/


CEB Nº 7/2010.

e) De anulação, em que a Resolução CNE/CEB Nº04/2010 atualiza e modifica o Parecer CNE/


CEB Nº 7/2010.

76
QUESTÃO 2-De acordo com o artigo 46, da Resolução CNE/CEB nº4/2010, a avaliação no
ambiente escolar é um instrumento de aprimoramento e melhoria da prática pedagógica e
deverá ser:
a) Realizada única e exclusivamente de acordo com a escolha e autonomia do professor, a
depender da conjuntura escolar.

b) Ser realizada pelos professores cotidianamente, e anualmente pelo poder público municipal
nos sistemas de ensino públicos.

c) Ser realizada em três dimensões previstas no projeto político pedagógico da escola, a saber:
avaliação da aprendizagem, avaliação institucional e avaliação de redes de Educação Básica
por órgãos externos à escola.

d) Realizada em três escalas: pelo poder público municipal, estadual e federal, em calendários
previamente estabelecidos antes do início do período letivo escolar.

e) Ser realizada pelo professor de acordo com as provas nacionais aplicadas pelo poder público
federal a cada dois anos.

QUESTÃO 3-Sobre as etapas do desenvolvimento educacional, o artigo 21 da Resolução


CNE/CEB Nº 04/2010 define:
a) A Educação Infantil até 03 anos de idade; o Ensino Fundamental de 09 anos e o Ensino
Médio com duração de 03 anos.

b) A Educação Infantil até 03 anos de idade e a Pré-Escola com duração de 02 anos; o Ensino
Fundamental de 09 anos e o Ensino Médio com duração mínima de 03 anos.

c) A Educação Infantil até 02 anos de idade e a Pré-Escola com duração de 03 anos; o Ensino
Fundamental de 09 anos e o Ensino Médio com duração mínima de 02 anos.

d) A Educação Infantil até 03 anos de idade; o Ensino Fundamental de 09 anos e o Ensino


Médio com duração mínima de 03 anos, além de modalidades específicas de educação, em
consideração a deficiências, questões étnicas raciais e conjunturas sociais.

e) A Educação Infantil e Pré-Escola até 05 anos de idade; o Ensino Fundamental de 09 anos


de duração e o Ensino Médio com duração de 03 anos.

77
Referências Bibliográficas
BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmera de Educação Básica. Parecer CNE/CEB
nº 7, de 7 de abril de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Funda-
mental de 9 (nove) anos. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.
Diário Oficial da União, Brasília, 9 de julho de 2010, Seção 1, p. 10. Disponível em: <http://
pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/pceb007_10.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2018.

______. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018.

______. Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010. Define Diretrizes Curricu-


lares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Conselho Nacional de Educação; Câmera
de Educação Básica, 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
rceb004_10.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2018.

SANTOS, L. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos e o


Plano Nacional de Educação: abrindo a discussão. Educação & Sociedade, Campinas, v.
31, n. 112, jul./set. 2010, p. 883-850.

78
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
A Resolução CNE/CEB Nº 04/2010 é anterior ao Parecer CNE/CEB Nº 7/2010, ambas as legisla-

ções se apoiam sobre os mesmos princípios e valores. O Parecer CNE/CEB Nº 7/2010 tem função de

complementaridade e detalhamento específico de ordenações já previstas na Resolução CNE/CEB Nº

04/2010.

QUESTÃO 2-Alternativa C.
De acordo com a Resolução CNE/CEB nº 4/2010, a avaliação no ambiente escolar deverá ser rea-

lizada em três dimensões previstas no PPP: a avaliação cotidiana e de autonomia do professor, a ins-

titucional da própria escola e avaliação de redes órgãos externos à escola.

QUESTÃO 3-Alternativa B.
São etapas correspondentes a diferentes momentos constitutivos do desenvolvimento educacio-

nal: a Educação Infantil até 03 anos de idade e a Pré-Escola com duração de 02 anos; o Ensino

Fundamental de 09 anos dividido em dois ciclos de séries iniciais e finais e o Ensino Médio com dura-

ção mínima de 03 anos.

79
6 Avaliações
Nacionais da
Educação Básica e
Ensino Médio
Objetivos específicos
Nesta aula, você irá conhecer as avaliações nacionais da Educação Básica e Ensino Médio que vigo-

ram atualmente no Brasil, estruturadas de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais e com o

objetivo de melhoria da qualidade, acesso e permanência nas escolas públicas brasileiras. Serão obje-

tivos nesta aula:

• Conhecer as principais avaliações e exames vigentes no território nacional para as diferentes eta-

pas da Educação Básica e Ensino Médio.

• Entender os objetivos e conteúdos, a estruturação e organização dessas avaliações, bem como

sua abrangência e temporalidade

• Compreender de que maneira a sistematização de seus resultados auxiliam na melhoria da qua-

lidade do projeto educacional brasileiro, englobando os valores e metas definidos nos Planos de

Desenvolvimento da Educação (PDE).

Introdução
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) consiste no conjunto de três diferentes avalia-

ções realizadas em todo Brasil para mensurar a qualidade da educação em diferentes níveis do Ensino

Fundamental. Integrados ao SAEB, a etapa escolar do Ensino Médio é avaliada por meio do Exame

Nacional do Ensino Médio.

A quantificação e sistematização dos resultados dessas avaliações em âmbito nacional permitem

a geração de informações de diagnóstico da educação brasileira, da aprendizagem em todo território

nos diferentes níveis e contextos, bem como as deficiências existentes, dados que subsidiam a for-

mulação, atualização e verificação das políticas públicas nas diferentes esferas do poder público e a

criação de metas de evolução.

O SAEB existe no Brasil desde 1990, sendo instituído e reestruturado por meio da Portaria Nº 931,

de 21 de março de 2005. Essa Portaria define duas grandes avaliações nacionais, com o objetivo

principal de diagnóstico da educação brasileira, sendo elas: a Avaliação Nacional da Educação Básica

81
(ANEB) e a Avaliação. Foi incorporada ao SAEB, em 2013, a Avaliação Nacional da Alfabetização –

ANA (Portaria MEC nº 482, de 2013) que verifica especialmente os níveis de alfabetização e letra-

mento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática.

6.1 O Sistema de Avaliação da


Educação Básica – SAEB
Você estudará, neste tópico, a definição, organização, temporalidade e espacialização das três ava-

liações nacionais que compõe o SAEB, e como seus resultados auxiliam as diferentes esferas de poder

(Municipal, Estadual e Federal) no ordenamento de programas, instrumentos e ações que melhorem

progressivamente a educação pública do Brasil.

O planejamento e operacionalização do SAEB são realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), por meio da Diretoria de Avaliação da Educação Básica

-DAEB. Nessa instância, são definidos os objetivos específicos das avaliações (competências, habilida-

des e disciplinas a serem avaliadas), os instrumentos, as etapas da educação básica sujeitas a serem

avaliadas, bem como sua a abrangência e periodicidade. A compilação e organização dos resultados

dessas avaliações compõe a base de dados para o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica (IDEB), divulgado a cada dois anos como um reflexo da qualidade de ensino oferecido nas

escolas.

6.1.1 Avaliação Nacional do Rendimento no Ensino Escolar


ANRESC ou Prova Brasil
Realizada a cada dois anos, a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, também conhecida como

Prova Brasil, abrange alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas, que pos-

suem, no mínimo, 20 alunos matriculados nas séries/anos avaliados. As disciplinas avaliadas são Língua

Portuguesa (Leitura) e Matemática. A prova é formulada buscando aferir os níveis de aprendizagem,

compilados de tal forma que possibilitem a mensuração da qualidade do ensino da rede pública.

82
De maneira integrada à prova são aferidas informações do contexto social dos alunos (nível socio-

econômico) e de formação docente da unidade escolar. O intuito é de considerar, no processo avalia-

tivo, além dos conteúdos e habilidades em si, a análise das condições extraescolares que influenciam

no desenvolvimento dos saberes, bem como a capacitação dos profissionais envolvidos. Essa avalia-

ção da qualidade do ensino ministrado é divulgada para as escolas participantes e servem de referen-

cial para melhoria constante das estratégias de ensino no âmbito escolar e como dados expressivos

para o aprimoramento de políticas públicas em nível estadual e federal.

6.1.1.2 ANEB
Já a Avaliação Nacional da Educação Básica, igualmente de periodicidade bianual, é realizada por

amostragem probabilística, em que são sorteados escolas e alunos das redes públicas e privadas do

País que não atendem aos critérios de participação da Prova Brasil. Diferencia-se, ainda, por abranger

as etapas finais dos três últimos ciclos da Educação Básica: o 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e a

3ª série do Ensino Médio regular.  Os resultados são apresentados por regiões geográficas e unidades

da federação.

6.1.1.3 ANA
A última avaliação que compõe o SAEB, instituída desde 2013, é a Avaliação Nacional de Alfabetização,

cujo enfoque é a verificação da alfabetização e letramento das disciplinas de Língua Portuguesa (lei-

tura e escrita) e Matemática. É aplicada a todos os estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das

escolas públicas (salvo escolas multisseriadas, onde são aplicadas de maneira amostral).

6.1.1.4 INSTRUMENTOS DAS AVALIAÇÕES


Nas avaliações da ANRESC e ANEB são avaliados, além dos conteúdos curriculares, os aspectos da

conjuntura social dos alunos e de capacitação profissional dos professores e gestores. Para isso, são

utilizados dois diferentes instrumentos: os Testes de Desempenho e os Questionários Contextuais.

83
Os Testes de Desempenho são as próprias provas aplicadas aos alunos dos anos/séries avaliados

e são compostos por dois blocos de questões de cada área (Língua Portuguesa e Matemática). Os

Questionários Contextuais aplicados aos alunos buscam o diagnóstico socioeconômico em que estão

inseridos; já os aplicados aos professores e diretores pretendem aferir a conjuntura estrutural da escola

e profissional da equipe gestora e docente.

6.1.1.5 IDEB
Por meio dos resultados gerados por essas três avaliações nacionais (Prova Brasil, ANEB e ANA), a

sistematização dessa base de dados possibilitou a criação, em 2007, de um indicador que reflete o fluxo

escolar e as médias de desempenho nas avaliações a nível nacional: o IDEB, Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica. O IDEB é calculado de acordo com as médias ponderadas dessas avaliações e a

partir dos dados sobre evasão e aprovação, obtidos no Censo Escolar.

A compilação destes dois dados permitem uma assimilação das condições da qualidade educacio-

nal no Brasil, os resultados são organizados e ranqueados em diferentes níveis, variando de 0 a 10,

em que são combinados a aprovação e evasão com os Testes de Desempenho, buscando evitar falsos

resultados, por exemplo, a progressão continuada de alunos não aptos no que concerne as habilidades

e competências mínimas, ou o contrário, a retenção de alunos aptos a progressão em séries que serão

avaliadas buscando resultados melhores nos Testes.

Enquanto ferramenta para o planejamento de metas de melhorias, os

resultados do IDEB são utilizados como parâmetro de qualidade no Plano de

Desenvolvimento da Educação (PDE) para a educação básica. A meta vigente,

de acordo com o PDE, é que, no ano de

2022, o IDEB em todo território nacional seja 


Para saber mais
6,0 - valor médio que corresponde à qua-
O INEP disponibilizou uma Cartilha para as Escolas
lidade educacional de países desenvolvidos. no último ano de aplicação do SAEB, 2017, com o
objetivo de capacitação e treinamento das equipes
Esta Cartilha da Escola foi elaborada para gestoras para aplicação das provas.

informar a equipe gestora, das unidades

84
escolares em todo Brasil, das características da aplicação do Sistema de Avaliação da Educação Básica

para o ano de 2017. Por meio de um passo a passo, a Cartilha apresenta em uma linguagem acessível,

os principais conceitos das diferentes avaliações (ANEB, Prova Brasil e ANA), instrumentos e orien-

tações para aplicações nas escolas. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/

saeb/2017/documentos/Cartilha_Saeb_2017.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2018.

6.1.2. ENEM
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) consiste em uma avaliação do desempenho escolar e

acadêmico na finalização do Ensino Médio. O exame é realizado anualmente pelo INEP, em conjunto

com o Ministério da Educação (MEC). Foi instituído, em 1998 (Portaria MEC Nº 438, de 28 de maio de

1998), sendo revogado e atualizado pela Portaria MEC nº 807, de 18 de junho de 2010, que define o

Exame como procedimento de avaliação dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a pro-

dução moderna e das formas contemporâneas de linguagem. Fica definido, desde então, a possibili-

dade do uso dos resultados dessa avaliação como certificação no nível de conclusão do ensino médio.

A presença na avaliação é voluntária. Para participação, os interessados contribuem com um valor

de inscrição, fixado anualmente pelo INEP e destinado ao custeio dos serviços de elaboração e apli-

cação das provas, processamento e divulgação dos resultados. A legislação prevê, ainda, a isenção

do pagamento para estudantes da rede pública de ensino ou que se declararem como membros de

família de baixa renda aquisitiva.

Enquanto instrumento de planejamento e ordenamento de políticas públicas para melhoria da

educação nacional, os resultados do ENEM possibilitam a criação e aperfeiçoamento de um referen-

cial nacional de currículo, padronizando habilidades necessárias para essa etapa de escolarização. Tal

padronização e valorização do Exame como referência nacional permitem que, hoje, o ENEM seja uti-

lizado como mecanismo único, alternativo ou complementar de acesso à Educação Superior.

6.1.2.1 As matrizes de referência

85
No contexto das avaliações a nível nacional, a organização de habilidades e competências que são

consideradas no ENEM segue uma matriz de referência. O conteúdo das provas do Enem é, portanto,

definido a partir de matrizes em quatro áreas do conhecimento, a saber:

• Linguagens, códigos e suas tecnologias, que abrange o conteúdo de Língua Portuguesa,


Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física, e Tecnologias
da Informação e Comunicação;

• Matemática e suas tecnologias;

• Ciências da Natureza e suas tecnologias, que abrange os conteúdos de Química, Física


e Biologia;

• Ciências Humanas e suas tecnologias, que abrange os conteúdos de Geografia, História,


Filosofia e Sociologia (INEP, 2015).

Atualmente, o ENEM é formado por 45 questões objetivas de cada matriz de referência, além da

redação a ser construída em um texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema

apresentada (política, social ou cultural). Buscando um aperfeiçoamento em sua aplicação, a cada

ano o INEP melhora a organização da prova, visto sua abrangência crescente, principalmente com

a possibilidade de uso para ingresso em programas governamentais, como o PROUNI, FIES e SISU

(vide glossário). Em 2017, por exemplo, as provas foram aplicadas em dois domingos consecutivos,

houve a inserção de vídeo prova em Libras para deficientes auditivos e possi-

bilidade de solicitação de tempo adicional no ato da inscrição para portadores

de outras deficiências ou síndromes.

Atualizado anualmente e com uma



linguagem acessível, apresenta as informações
Para saber mais
de edital de inscrição, cronograma, dúvidas O Site do ENEM, administrado pelo INEP, apresenta
todas as informações necessárias para os interessa-
frequentes e divulgação dos resultados por dos em participar do exame, tanto para ingresso no
Ensino Superior como para autoavaliação de desem-
meio de vídeos e imagens explicativas. penho.


86
Disponível em: <https://enem.inep.gov.br/>.

Acesso em: 23 mar. 2018.



O site apresenta informações institucio- Link
O site do Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
nais, facilmente organizadas em abas de sas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, vinculado
ao MEC, é o meio oficial de acesso à informação das
acesso para cada nível de Educação: Básica, avaliações nacionais, desde a Educação Básica até
Ensino Superior.
Ensino Médio e Superior, com a apresentação 

de cada avaliação vigente, esclarecimento de

dúvidas por tópicos, procedimentos, instrumentos e divulgação de resulta-

dos sistematicamente apresentados em tabelas, vídeos e produtos gráficos.

Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/

educacao-basica/saeb>. Acesso em: 23 mar.



2018. Assimile
Ao final desta unidade, você deverá ter conhecido
O Sistema de Avaliação da Educação e compreendido as principais ferramentas avaliativas
da Educação Básica e Ensino Médio do Brasil, sua
Básica - SAEB, é formado a partir de três abrangência, organização e objetivos.

grandes avaliações: a Avaliação Nacional da

Educação Básica (ANEB), a Avaliação e a

Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). Essas três avaliações nacionais abrangem diferentes eta-

pas da Educação Básica e têm como intuito criar um panorama constante e atualizado das condições e

qualidade da educação no Brasil. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é a avaliação que ocorre

ao final do ciclo escolar e, de maneira mais ampla, busca a equivalência de

habilidades e competências, chegando a ser utilizado, hoje, como mecanismo

único, alternativo ou complementar de acesso à Educação Superior tanto da

rede pública (universidades federais) como

privada. 
Exemplificando
Os resultados do IDEB permitem, sempre
Os resultados do IDEB e seu impacto na gestão das
unidades escolares.
que divulgados, a realização de um compa-

rativo do desempenho das escolas na rede

87
pública de ensino municipal e estadual. Quando determinada escola apresenta um desempenho infe-

rior à média municipal ou regional, esse resultado deve ser interpretado como um referencial externo,

importante para o planejamento e redefinição do cotidiano escolar, tornando-se um instrumento crí-

tico de reflexão para a equipe gestora e instâncias administrativas envolvidas.

Na medida em que são avaliados e quantificados aspectos, como a estrutura física da escola, a

qualidade do processo de ensino e aprendizagem, a formação continuada de professores, as ações de

atendimento de recuperação em contra turno, a retenção e evasão, bem como outros projetos peda-

gógicos, são visualizados as deficiências e lacunas que refletem um mal desempenho nas avaliações. A

busca por melhoria não poderá ser uma ação isolada da equipe gestora, mas sim acolhida e integrada

às ações de subsídios financeiros, pessoais e formativo das Diretorias de Ensino e outras instâncias de

poder na esfera municipal e/ou estadual.

Questão para reflexão


O intuito maior na organização e planejamento de avaliações nacionais, como o SAEB e o ENEM, é

o de diagnóstico da qualidade da educação brasileira, principalmente pública, que subsidiem a propo-

sição de políticas públicas e investimentos para melhorias e equidade regional. Pesquise os dados do

IDEB que quantificam o desempenho das avaliações do SAEB ao longo dos últimos anos. De maneira

geral, os desempenhos dos alunos avaliados têm melhorado? Existem regiões com melhores e/ou pio-

res desempenhos? A quais fatores podemos atribuir isso e como tais avaliações podem ser empirica-

mente transformadas em instrumento de gestão de políticas públicas?

88
Considerações Finais
• O Sistema Nacional de Avaliação Básica (SAEB) consiste na integração de três diferentes avalia-

ções realizadas em todo Brasil, buscando estimar a qualidade da educação em diferentes níveis

do Ensino Fundamental, sendo estas.

• A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), ou Prova Brasil, em alunos do 5º e 9º

ano do Ensino Fundamental das escolas públicas, realizada a cada dois anos.

• A Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), também bianual, realizada por amostragem

probabilística da rede pública e privada do País, abrangendo as etapas finais da Educação Básica:

o 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e a 3ª série do Ensino Médio regular.

• E, por fim, compõe o SAEB a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), cujo enfoque é a veri-

ficação da alfabetização e letramento nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, apli-

cada a todos os estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas.

• O IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, é o indicador que compila os resulta-

dos das avaliações do SAEB, com os dados sobre evasão e aprovação obtidos no Censo Escolar.

Permite a quantificação do desempenho a nível nacional, servindo como instrumento de plane-

jamento e criação de políticas públicas nas diferentes escalas de poder.

• Já a avaliação do desempenho escolar e acadêmico no ensino médio se dá por meio do Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM), realizado anualmente e de adesão voluntária. Enquanto refe-

rencial nacional de currículo, padronizando habilidades necessárias para essa etapa de escolari-

zação, o ENEM hoje é utilizado como mecanismo único, alternativo ou complementar a outros

programas para o acesso à Educação Superior.

Glossário
PROGRESSÃO CONTINUADA: medida adotada pela rede pública de ensino que prevê a retenção de

alunos, organizado por meio de ciclos de aprendizagem, o qual pressupõem a não-reprovação do aluno por

um período que pode variar entre dois e quatro anos, que não o isenta das avaliações sistemáticas anuais.

89
PROUNI: Programa Universidade Para Todos, criado em 2004, busca o acesso às universidades

particulares brasileiras para estudantes de baixa renda que tenham estudado o ensino médio exclu-

sivamente em escola pública.

FIES: Fundo de Financiamento Estudantil, criado pelo governo federal, em 1999, com o intuito de

financiar com baixos juros o acesso à Educação Superior.

SISU: Sistema de Seleção Unificada, criado pelo MEC no qual há o oferecimento de vagas em ins-

tituições públicas de ensino superior para estudantes que participaram do ENEM.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-O Sistema Avaliação da Educação Básica é composto por três avaliações,
sendo elas:
a) ANA, ANEB (ou Prova Brasil) e ENEM.

b) ANEB, ANRESC (ou Prova Brasil) e ANA.

c) Prova Brasil, ANEB e INEP.

d) ANEB, Prova Brasil e ENEM.

e) ENEM, ANA e ANEB.

QUESTÃO 2-O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é composto por meio de:
a) Parâmetros e dados obtidos nas avaliações do SAEB e no PDE.

b) Da soma progressiva dos resultados do SAEB e ENEM.

c) Resultados compilados pelo governo estadual por meio da ANA e ANEB.

d) Das médias ponderadas das avaliações do SAEB e dados sobre evasão e aprovação, obtidos
no Censo Escolar.

e) Das médias ponderadas da Prova Brasil, ANA e ENEM, e dados do Censo Escolar.

90
QUESTÃO 3-Sobre ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, assinale a alternativa que me-
lhor define sua obrigatoriedade e dimensão no território nacional:
a) A participação é obrigatória, e devido ao aumento de adesão, o INEP tem criado novas for-
mas de organização para aplicação do exame.

b) Apesar da pouca adesão, o exame é uma certificação de conclusão do Ensino Médio.

c) A participação é voluntária, servindo como mecanismo de acesso à Educação Superior e,


por isso, possui adesão exponencial.

d) A participação é obrigatória, sendo requisito para ingresso em toda rede de Ensino Superior
no Brasil.

e) A participação é voluntária e por isso tem pouca adesão.

91
Referências Bibliográficas
BRASIL. Portaria n° 931, de 21 de março de 2005. Sistema de Avaliação da Educação
Básica - SAEB. Diário Oficial da União, Gabinete do Ministro, 2005. Disponível em: <http://
download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/legislacao/Portaria931_Nov
oSaeb.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2018.

______. Portaria nº 438, de 28 de maio de 1998. Institui o Exame Nacional do Ensino


Médio – ENEM. Diário Oficial da União, 1998. Disponível em: <http://download.inep.gov.
br/educacao_basica/enem/legislacao/2009/portaria_enem_2009_1.pdf>. Acesso em: 23
mar. 2018.

______. Portaria nº 482, de 07 de junho de 2013. Dispõe sobre o Sistema de Avaliação


da Educação Básica – SAEB. Diário Oficial da União, Gabinete do Ministro, 2013. Disponível
em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/legislacao/2013/
portaria_n_482_07062013_mec_inep_saeb.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2018.

______. Portaria nº 807, de 18 de junho de 2010. Diário Oficial da União, Gabinete


do Ministro, 2010. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/
legislacao/2010/portaria807_180610.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2018.

FRANCO, C. O SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica: potencialidades,


problemas e desafios. Revista Brasileira de Educação, n. 17, mai./jun./jul./ago., 2001, p.
127-155.

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Matrizes de Referência.


On-line, 2015. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/matriz-de-refe-
rencia>. Acesso em: 23 mar. 2018.

92
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
O SAEB, organizado pelo INEP, é composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB),

a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC) (ou Prova Brasil) e a Avaliação Nacional de

Alfabetização (ANA), com resultados sistematicamente organizados por meio do IDEB.

QUESTÃO 2-Alternativa D.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica apresenta os resultados organizados e ranquea-

dos em níveis que variam de 0 a 10, em que são combinados a aprovação e evasão obtidas no Censo

Escolar com os Testes de Desempenho das avaliações que compõe o SAEB.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
A participação no ENEM é voluntária, com a possibilidade do uso dos resultados dessa avaliação

como certificação no nível de conclusão do ensino médio e como mecanismo único, complementar

ou alternativo de entrada para o Ensino Superior, associada a outros programas do governo (como

Prouni, Fies e Sisu).

93
7
Educação de
qualidade:
participação social
Objetivos específicos
Nesta unidade temática, você conhecerá os principais espaços democráticos abertos pelo Poder

Público para que toda a sociedade possa participar do desenvolvimento da Educação Nacional, com

vistas ao monitoramento de sua qualidade. Os principais objetivos alcançados serão:

• Apreender as competências, atribuições e compromissos do Conselho Nacional de Educação

– CNE.

• Conhecer a Conferência Nacional de Educação – CONAE, suas funções, os principais temas abor-

dados, concepções e deliberações.

• Conhecer o Fórum Nacional de Educação – FNE e suas atribuições no processo de monitora-

mento da qualidade da educação nacional.

• Entender a projeção que tais espaços desempenham nos processos de participação social e

monitoramento da qualidade e continuidade da Educação Básica em nosso país.

Introdução
A participação da sociedade no monitoramento das políticas públicas educacionais é de grande

importância, tendo em vista que se trata de uma forma de aprimorar essas políticas, pois possibilita

a identificação de problemas, o compartilhamento de experiências bem-sucedidas e a ampliação do

entendimento da população nas questões referentes à educação nacional. Educação é matéria de inte-

resse de todos os cidadãos. Uma vez que o pleno exercício da cidadania é objetivo fundamental da ins-

tituição escolar, o engajamento da sociedade civil consiste em estratégia de aprimoramento constante

da qualidade, do acompanhamento da legislação educacional com vistas ao seu cumprimento e, ainda,

a fiscalização e redirecionamento das estratégias referentes ao Plano Nacional de Educação.

Os principais espaços democráticos disponibilizados pelo poder público e voltados à participação

social nas questões referentes à educação de qualidade são o Conselho Nacional de Educação, a

Conferência Nacional de Educação e o Fórum Nacional de Educação. Cada um desses espaços possibi-

lita ao cidadão o exercício do direito de monitoramento, fiscalização e encaminhamento de demandas

95
da sociedade civil ao poder público no que tange à questão educacional em nosso país. Dessa forma,

esses espaços buscam assegurar a participação da sociedade no diagnóstico de problemas e sua par-

ticipação ativa na promoção do diálogo pela busca de melhorias.

7.1 Mecanismos de participação social


na educação nacional de qualidade
Neste tópico, será abordado as principais formas de participação e envolvimento da sociedade civil

no monitoramento, acompanhamento e efetivo envolvimento nas políticas públicas referentes à edu-

cação nacional. Essa participação se dá por meio de aberturas de espaços democráticos, em que todos

os cidadãos podem engajar-se com vistas à qualidade da educação, bem como a fiscalização do cum-

primento das metas do Plano Nacional de Educação – PNE.

7.1.1 Conselho Nacional de Educação – CNE


O Conselho Nacional de Educação (CNE) é

um órgão integrado ao ministério da Educação 


Exemplificando
(MEC), instituído em 1995 e criado para cola- Conselho Municipal de Educação
Os Conselhos Municipais de Educação possibilitam
borar na formulação da política nacional de um maior controle da gestão municipal de ensino e
constituem importante ferramenta de uma gestão
educação. Sua principal missão é a consoli- democrática, com a participação da sociedade civ-
il nas decisões políticas relacionadas à Educação. Os
dação de uma Educação Nacional de quali- conselhos funcionam como mediadores e articula-
dores da relação entre a sociedade civil e os gestores
dade, com participação efetiva da sociedade, da Educação municipal. Dentre as atribuições do Con-
selho Municipal de Educação, situa-se a participação
por meio de alternativas e mecanismos ins- na elaboração do Plano Municipal de Educação, que
é uma das metas constantes no Plano Nacional de
titucionais. É por meio dele que são criadas Educação. A participação de todos os segmentos da
sociedade na elaboração e monitoramento do plano
normas e regras, além de assessorar o minis- municipal de educação, a partir de levantamentos
de dados e informações, estudos, análises, consultas
tro da educação na formulação e avaliação do públicas, decisões e acordos políticos, consiste em
importante estratégia de participação social com vis-
Plano Nacional de Educação (PNE).
tas ao exercício da democracia.


96
Composto pelas Câmaras de Educação

Básica - a qual compete, entre outras atri-



buições, a Educação Infantil, o Ensino Para saber mais
Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
Fundamental, a Educação Especial, o Ensino A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
atua nos assuntos referentes à educação em geral;
Médio e Profissional - e a Câmara de Educação à política e sistema educacional; nos aspectos insti-
tucionais, estruturais, funcionais e legais; no que se
Superior, que tem como atribuição o Ensino refere ao direito da educação; aos recursos humanos
e financeiros; e é responsável pela realização de de-
Superior com intenso diálogo entre si, não bates e discussões com a participação da sociedade
em geral, sobre a educação nacional e suas diretrizes.
sendo uma subordinada a outra, pois ambas Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/ativi-
dade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/
fazem parte de um único sistema, tentam ce/conheca>. Acesso em: 23 mar. 2018.

promover a construção do regime de cola-

boração e cooperação entre os entes fede-

rados, instaurando um diálogo articulado com os sistemas municipais, estaduais e federal de ensino.

O CNE conta, também, com uma Secretaria Executiva, Conselho pleno e o Presidente do conse-

lho, por onde as diretrizes são regulamentadas, em que ocorrem os diagnósticos de problemas, surgem

debates e iniciativas que promovam melhorias na política nacional. Para suas ações ocorrerem há um

regimento próprio, com diversas finalidades, aprovadas pelo ministro da educação, as quais são apre-

sentadas em forma de resoluções e pareceres (de conteúdo normativo ou decisório), que devem ser

seguidos por municípios, estados e União após homologação do MEC. A ideia é que escolas e redes

orientem-se a partir desses documentos.

7.1.2 Fórum Nacional de Educação – FNE


O Fórum Nacional de Educação é uma entidade aliada ao Ministério da Educação (MEC) e ao

Conselho Nacional de Educação (CNE), com a nobre e complexa missão de acompanhar e cobrar a

implementação do Plano Nacional de Educação (PNE). É um importante espaço de diálogo entre a

sociedade civil e o Estado brasileiro, assim como um espaço articulado de decisões e deliberações

coletivas para a educação nacional, a fim de garantir um padrão de qualidade.

Fruto de uma reivindicação histórica da Conferência Nacional Educacional (CONAE), nasceu em

97
2010, por uma portaria do Ministério de

Educação e foi aprovada pelo Plano Nacional



de Educação. A composição do FNE se dá Assimile
O Plano Nacional de Educação (PNE) traça as es-
por 50 entidades representantes da socie- tratégias, diretrizes e metas para a política educacio-
nal no período de dez anos.
dade civil e do poder público e sua atribuição Temas como garantia do direito à educação de qual-
idade, garantia de acesso à educação básica, uni-
principal refere-se à organização da CONAE versalização do ensino obrigatório, valorização dos
profissionais da educação, entre outros, constituem
e ao acompanhamento do Plano Nacional de o corpo desse importante documento para a edu-
cação nacional.
Educação (PNE). 

É direcionada por um regimento interno,

no qual lhe competem diversas atribuições e são estruturadas por uma coordenação, comissões, gru-

pos de trabalho temporário e uma secretaria executiva. De caráter permanente, constituiu-se por ser

uma representação dos setores sociais envolvidos com a educação, como movimentos sociais, confe-

derações, centrais sindicais, comunidade científica, comissões, associações, conselhos, entre outros,

em busca de uma educação pública, laica, gratuita e de qualidade para todos.

Sua finalidade é a melhorar a educação nacional, monitorando a execução do PNE e o cumpri-

mento das metas estabelecidas; conceber, programar e avaliar a política nacional de educação, além

de instituir mecanismos democráticos de gestão, de modo a envolver amplamente todos os sistemas

e instituições educativas; também articular o Estado, o Distrito Federal e os municípios na organiza-

ção de fóruns e conferências, refletindo nas diretrizes e deliberações para o desenvolvimento da uma

educação de qualidade e uma construção de um Sistema Nacional de educação.

7.1.3 Conferência Nacional de Educação – CONAE


A Conferência Nacional de Educação (CONAE) é um espaço democrático de construção de acordos

de modo a organizar a educação nacional e consolidar o Plano Nacional de Educação para que todos

possam participar. É um local público de debates, um mecanismo institucional de gestão democrática

e participativa. Ela acontece em várias instâncias (Municipal e Estadual), a partir de debates e elabora-

ções vindas de eixos específicos e propostas de políticas, sempre relacionadas ao tema da conferência.

98
Essas propostas vão sendo refinadas em

cada deliberação até chegar à proposta final



que será levada à Conferência Nacional. Lá, Para saber mais
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado
são discutidas questões referentes a todos Federal
A comissão tem atribuições regimentais para versar
os níveis de educação, desde a Educação sobre todas as matérias que dizem respeito a estes
três grandes temas: educação, cultura e esporte,
Infantil até a Pós-Graduação. Essas discus- deliberando sobre proposições, projetos de leis, re-
querimentos e possui a legitimidade para realização
sões acabam servindo como parâmetros para de audiências públicas. Cabe às comissões receber
demandas da sociedade civil, fazer anualmente fis-
acrescentar e propor novas posições políticas
calização de políticas públicas, fiscalização do cum-
e pedagógicas de modo a permear a cons- primento de metas do Plano Nacional de Educação e
avaliações referentes às metas do plano. Disponível
trução de um Sistema Nacional Articulado de em: <https://legis.senado.leg.br/comissoes/comiss-
ao;jsessionid=55B5CB684C9DFBE4104064B7F5BF-
Educação. C33C?0&codcol=47>. Acesso em: 23 mar. 2018.

Fazem parte de sua formação trinta e

cinco membros representantes de secretarias

do Ministério da Educação (MEC), assim como da Câmara, Senado, Conselho

Nacional de Educação (CNE), além de entida-

des e dirigentes que atuam direta ou indire-

tamente na esfera educacional. Essa comis- 


Link
são tem como função coordenar, promover e Ministério Público pela Educação MPEduc
Dentre as atribuições do Ministério Público Federal,
monitorar o desenvolvimento da conferência. situa-se o Ministério Público pela Educação – MPEduc,
o qual consiste em uma parceria entre o Ministério
Esse modo de gestão visa a participação de Público Federal e os Ministérios Públicos Estaduais,
possuindo como objetivo principal a garantia da ed-
todos para ajudar a deliberar em prol de polí- ucação de qualidade a todos os cidadãos brasileiros.
A parceria entre as instituições visa fortalecer a bus-
ticas, contribuindo para o desenvolvimento ca pelo envolvimento e participação dos membros
do Ministério, dos gestores públicos e dos cidadãos
da educação. em questões essenciais referentes às condições das
escolas públicas de ensino básico em nosso país. Dis-
ponível em: <http://mpeduc.mp.br/mpeduc/www2/
index>. Acesso em: 23 mar. 2018.
Questão para reflexão 

A participação social consiste em uma

consolidação do processo democrático que busca o fortalecimento da cidadania. Entretanto, a obtenção

99
dessa participação é difícil, visto que, muitas vezes, os objetivos das partes interessadas prevalecem

sobre a participação da sociedade civil. Entretanto, mesmo com as barreiras, a participação social ativa

tem o poder de influenciar decisões na implementação e consolidação dos temas referentes à educa-

ção. Sabe-se que as formas de participação podem evoluir para maneiras mais democráticas, depen-

dendo de como a sociedade movimenta-se para lutar por esse direito. Diante disso, quais são as formas

de organização social que podem convergir em ações efetivas, a fim de garantir voz à sociedade nos

assuntos educacionais em nosso país?

Considerações Finais
Esta aula buscou elucidar os dispositivos disponibilizados pela administração pública para participa-

ção da sociedade civil no monitoramento, definições e encaminhamentos dos assuntos referentes à

educação de qualidade, garantindo, dessa forma, a democratização no processo de elaboração e fis-

calização das políticas públicas educacionais. São eles:

• Conselho Nacional de Educação: constitui-se em um órgão independente e associado ao

Ministério da Educação, que busca assegurar a participação democrática da sociedade nos pro-

cessos de aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade.

• Fórum Nacional de Educação: formado após a Conferência Nacional de Educação do ano de

2010, o fórum constitui-se em entidade essencial na busca pela consolidação de uma gestão

democrática da educação básica e superior brasileira em um Sistema Nacional de Educação.

• Conferência Nacional de Educação: espaço democrático em que o poder público busca a parti-

cipação da sociedade nas questões referentes ao desenvolvimento da educação em nosso país.

Sua abrangência compreende distintos espaços institucionais e oportunizam a ampla discussão

acerca dos rumos da educação brasileira.

Glossário
CNE: Conselho Nacional de Educação.

100
CONAE: Conferência Nacional de Educação.

FNE: Fórum Nacional de Educação.

Diretrizes: consistem em instruções e orientações para o estabelecimento de um plano de ações.

Parecer: posicionamento acerca de determinado assunto.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Assinale a alternativa que apresenta corretamente um dos objetivos da Câmara


de Educação Básica, parte constituinte do Conselho Nacional de Educação.
a) Aprovação dos estatutos das universidades e centros universitários.

b) Examinar os problemas da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, da Educação Especial


e do Ensino Médio e Tecnológico, oferecendo sugestões para solucioná-los.

c) Credenciamento e o recredenciamento de universidades e centros universitários.

d) Analisar questões relativas à aplicação da legislação e assessorar o MEC nos assuntos rela-
tivos ao Ensino Superior.

e) Aprovação de regimentos das instituições não universitárias.

QUESTÃO 2-Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das atribuições do Fó-
rum Nacional de Educação.
a) Centralizar, na Câmara de Educação, o processo de concepção, implementação e avaliação
da política nacional de educação.

101
b) Executar o Plano Nacional de Educação nos âmbitos municipais e estaduais.

c) Delegar aos municípios o acompanhamento e avaliação do processo de implementação das


deliberações das conferências nacionais de educação.

d) Delegar aos Estados, Municípios e Distrito Federal a organização de seus fóruns e de suas
conferências de educação.

e) Acompanhar e avaliar os impactos da implementação do Plano Nacional de Educação e


acompanhar e avaliar os impactos da implementação do Plano Nacional de Educação.

QUESTÃO 3-A Conferência Nacional de Educação, objetivando garantir a participação da so-


ciedade nas discussões pertinentes à melhoria da educação nacional, utiliza-se dos seguintes
mecanismos:
a) Reuniões exclusivamente com especialistas da educação para que esses profissionais defi-
nam os encaminhamentos das políticas públicas devido a sua área de competência.

b) Questionários eletrônicos com os profissionais da educação para direcionamento da política


educacional.

c) Etapas preparatórias, compreendidas em conferências livres e conferências ordinárias muni-


cipais e/ou intermunicipais, estaduais e do Distrito Federal, as quais são realizadas até o final
do ano que precede a Conferência.

d) Etapas preparatórias com a participação exclusiva de dirigentes municipais, a fim de dire-


cionar as políticas em debate.

e) Etapas preparatórias no âmbito estadual no decorrer do ano de realização da Conferência.

102
Referências Bibliográficas
BRASIL. Documento Referência da CONAE. Brasília, 2017.

______. Fórum Nacional de Educação. Carta Aberta ao Ministério da Educação. Belo


Horizonte, 17 maio 2017.

______. Fórum Nacional de Educação. Conae 2018. Conferência Nacional de Educação.


Documento-Referência. Brasília: Fórum Nacional de Educação, 2017. Disponível em:
<http://www.cedes.unicamp.br/politicas_publicas/676>. Acesso em: 23 mar. 2018.

______. Fórum Nacional de Educação. Conae. 2016. Disponível em: <http://fne.mec.gov.


br/documentos/conae-2018>. Acesso em: 23 mar. 2018.

______. Ministério Público Federal. PFDC pede ao MEC explicações sobre realização da
Conferência Nacional de Educação. 2017. Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/pgr/
noticias-pgr/pfdc-pede-ao-mec-explicacoes-sobre-realizacao-da-conferencia-nacional-
-deeducacao>. Acesso em: 28 fev. 2018.

103
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
A educação básica é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Dessa forma,

a Câmara da Educação Básica corresponde as funções referentes a essas etapas do ensino, não con-

templando a Educação Superior, que possui sua própria Câmara.

QUESTÃO 2-Alternativa E.
São atribuições essenciais do Fórum Nacional de Educação acompanhar e avaliar os impactos da

implementação do Plano Nacional de Educação e os impactos da implementação do Plano Nacional

de Educação.

QUESTÃO 3-Alternativa D.
A Conferência Nacional de Educação busca garantir a participação da sociedade nas discussões per-

tinentes à melhoria da educação nacional; dessa forma, abre espaços de discussão para a colabora-

ção de todos – profissionais da educação, gestores educacionais, estudantes, pais, entidades sindicais,

científicas, movimentos sociais e conselhos de educação, entre outros.

104
8 Políticas
educacionais,
gestão e cotidiano
escolar
Objetivos específicos
Os principais objetivos desta unidade temática compreendem:

• Apresentar as políticas educacionais, a legislação e suas implicações para a organização da ati-

vidade escolar.

• Propiciar a reflexão e compreensão das concepções que fundamentam as teorias da organização

e da gestão escolar e o papel dos educadores e da comunidade escolar nas práticas de organi-

zação e gestão da escola, bem como na transformação dessas práticas.

• Promover a reflexão sobre o cotidiano escolar e o trabalho do professor nesse contexto.

Introdução
O conhecimento das políticas educacionais, por meio da análise da legislação, do entendimento

das reformas educacionais realizadas em nosso país e dos planos, e que são norteadores do sistema

escolar, será abordado nesta unidade, a fim de promover a reflexão acerca da organização da insti-

tuição escolar em suas múltiplas dimensões. Apresenta-se um breve retrospecto das políticas educa-

cionais anteriores à Constituição de 1988 e, na sequência, deteremos especial atenção a esse docu-

mento, bem como à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96, apresentando as

especificidades do sistema escolar e do trabalho do professor no contexto das reformas do estado e

das transformações da sociedade contemporânea.

As teorias da organização e gestão escolar, a partir desses documentos, caracterizam-se por uma

nova concepção que busca o distanciamento das formas de administração anteriormente presen-

tes na instituição escolar e aproximam-se de uma concepção de gestão pautada na valorização da

participação e da democracia, as quais impactam e caracterizam o cotidiano escolar, a realidade e

o trabalho pedagógico desenvolvido nas instituições. A compreensão acerca do cotidiano escolar,

do funcionamento global da instituição e das formas como a gestão impacta nessa funcionalidade

possibilitam a compreensão das particularidades de desenvolvimento do trabalho docente e do pro-

cesso educativo.

106
8.1 Políticas educacionais
Políticas públicas educacionais correspondem às ações, iniciativas e medidas do Estado no campo

da educação. Nesta seção, apresenta-se um panorama dessas políticas, inicialmente, desde sua ori-

gem até o período militar e, na sequência, desde a abertura democrática até os dias atuais.

8.1.1 Da origem até o Período Militar


A história da educação brasileira considera, de um modo geral, a data de 1549 como ponto de

partida da educação escolar em nosso país, marcada pela chegada dos primeiros jesuítas. O primeiro

documento de política educacional que vigorou no Brasil foram os regimentos de Dom João III, datado

de dezembro de 1548, com vistas a orientar as ações do primeiro governador geral do Brasil.

A questão da catequese era o centro dessa primeira forma de legislar sobre política educacional no

Brasil e marca o protagonismo do Estado na educação brasileira, junto à igreja católica. Esse mono-

pólio dos jesuítas perdurou por 250 anos.

No ano de 1599, o Ratio Studiorium configura-se como o segundo plano de política da educação

caracterizada por uma proposta educacional universalista e elitista. A educação volta-se, assim, aos

filhos de colonos e não mais aos indígenas, tornando-se instrumento de formação da elite intelec-

tual. Em 1759, ocorrem as Reformas pombalinas da República – fechamento dos colégios jesuítas –,

incorporação do ideário iluminista e dos estudos científicos, buscando o desenvolvimento do ensino

no país. As políticas públicas passaram por esse longo período de articulação entre público e privado.

O início do período republicano, por sua vez, foi muito fecundo no campo de reorganização da ins-

trução pública. Na década de 20, a partir da influência do movimento da Escola Nova, várias reformas

educacionais foram implementadas, concomitantemente, em todos os estados. Após a Revolução de

1930, inaugura-se uma nova política educacional, caracterizada pelas reformas “Francisco Campos” e

“Capanema”, e culminando, em 1960, na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No

ano de 1964, ocorre o Golpe de Estado que instaura o Regime Militar no Brasil, e toda a orientação da

política educacional nesse período volta-se para o imperativo da “segurança nacional”.

107
8.1.2 Da abertura democrática até os dias atuais
Após a Ditadura Militar, as políticas educacionais brasileiras caracterizam-se, inicialmente, por um

período de transição democrática, em que o Neoliberalismo é assumido enquanto norteador das

reformas a serem efetivadas na América Latina - nisso se incluem as políticas educacionais. O que se

observa é a decadência da escola pública diante do Estado Mínimo e a incapacidade do Estado em

gerir o bem comum, surgindo, assim, a primazia das instituições privadas.

Em 1988, a promulgação da Constituição Federal apresentou, em seu texto, o estabelecimento de

uma meta que previa, em dez anos, a erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fun-

damental. A Constituição aponta, ainda, as seguintes garantias em seus artigos: a consagração da edu-

cação como direito público subjetivo (Art. 208 § 1°); o princípio da gestão democrática do ensino público

(Art. 206, VI); o dever do Estado em prover creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade (Art.

208,IV); a oferta de ensino noturno regular (Art. 208,VI); o ensino fundamental

obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso em idade

própria (Art. 208,I); e o atendimento educa-

cional especializado aos portadores de neces-

sidades especiais (Art. 208,III). 


Para saber mais
No ano de 1991, o governo Collor elabo- Política Educacional Brasileira: Limites e Perspectivas
A política educacional consiste nas decisões tomadas
rou o “Programa Nacional de Alfabetização pelo Estado em relação à educação. Saviani (2013)
faz uma ampla análise dos limites e perspectivas da
e Cidadania”. No ano de 1993, o governo política educacional brasileira, examinando o alcance
das medidas educacionais tomadas pelo Estado bra-
Itamar criou o “Plano Decenal Educação para sileiro. No que se refere aos limites da política edu-
cacional brasileira, o enfoque do autor aponta duas
Todos”, focado no ensino fundamental com limitações essenciais: a primeira materializa-se na
tradicional escassez dos recursos financeiros destina-
o duplo objetivo de eliminar o analfabe- dos à educação; a segunda corporifica-se na sequên-
cia interminável de reformas, cada qual recomeçando
tismo e universalizar o ensino. Esse governo da estaca zero e prometendo a solução definitiva dos
problemas que se vão perpetuando indefinidamente.
caracterizou-se, ainda, pelo fechamento do Disponível em: <http://www.faiarapos.com.br/Ma-
terial/21_10_17_Servico_Social_Politicas_Puplicas/
Conselho Federal de Educação e criação do
DermevalSAVIANI2.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2018.
Conselho Nacional de Educação, como vimos 

na unidade anterior.

108
No ano de 1996, em uma iniciativa inédita, promulga-se a primeira lei de reforma educacional por

iniciativa da sociedade civil, a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96. Estados e municípios comparti-

lham as competências referentes ao ensino fundamental e médio e os municípios têm como compe-

tência prioritária a educação infantil. No ano de 2001, é aprovado o Plano Nacional de Educação, pós

LDB, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes.

As políticas educacionais que se seguem caracterizam-se pelo atendimento a órgãos internacionais,

primazia da mensuração por meio de avaliações de larga escala e ineficiência do Estado na garantia de

oferta de educação pública e de qualidade, com garantias não apenas de acesso, mas de permanên-

cia. Assim, a organização da sociedade necessita instituir um verdadeiro sistema de educação público

federativo que permita assegurar, a toda população do país, uma educação com elevado padrão de

qualidade a todos indistintamente.

8.2 Gestão escolar


Gestão significa gerenciamento, administração e tem por objetivo o crescimento a partir do esforço

humano organizado. Aplicada ao âmbito escolar, é um termo que foi criado para se diferenciar da

administração escolar, surgindo como uma saída do Ministério da Educação (MEC) para questões edu-

cacionais, a partir de um espaço legítimo e democrático.

Foi a Constituição de 1988 que apresentou, pela primeira vez, em seu capítulo sobre educação, a

gestão democrática do sistema de ensino público como instrumento para garantir o acesso à escola,

assim como um padrão de qualidade de ensino.

Sendo assim, podemos conceber a Gestão Escolar como um sistema de organização interno da

escola, que envolve todos os setores relacionados às práticas escolares, estabelecendo metas, criando

propostas pedagógicas, articulando a família e a sociedade, cuidando do ensino-aprendizagem, admi-

nistrando professores e recursos com a finalidade de promover a aprendizagem efetiva dos alunos. Ela

articula os seguintes pilares: a gestão pedagógica, administrativa, financeira e de recursos humanos,

que são interligadas sistemática e regularmente.

109
A gestão pedagógica tem como atribui-

ções cuidar e administrar a área educativa,



é dela que partem os objetivos e as metas Para saber mais
Diferença entre Administração Escolar e Gestão Escolar
a serem alcançadas, assim como elabora os A Administração Escolar deriva dos conceitos da Ad-
ministração Geral, a qual tem sua origem diretamente
conteúdos curriculares. É por meio de ins- ligada à necessidade de organização do trabalho
nas fábricas no século XVIII e é fortemente marca-
trumentos participativos que a gestão esco- da pela divisão do trabalho, com característica pre-
dominantemente tecnicista. O administrador, nesse
lar consegue avançar. Como exemplo, temos contexto, possui papel fundamental de comando e
controle, uma vez que a escola é basicamente en-
o Conselho de escola, um importante pro- tendida nos mesmos moldes que uma empresa, com
um enfoque basicamente tecnocrático. Em contra-
cesso democrático que, além de auxiliar a partida, a gestão escolar pauta-se numa perspectiva
democrática e anseia por maior participação popular
atuação da diretora, tem responsabilidade
e pleno exercício da cidadania. A gestão escolar, des-
sa forma, não se centra na figura de uma pessoa e
nas decisões.
compartilha, entre todos aqueles que fazem parte da
Já a gestão administrativa tem por fina- comunidade escolar, o comprometimento nas toma-
das de decisões da instituição, numa perspectiva em
lidade, na gestão escolar, de cuidar da busca de uma sociedade democrática e participativa.
Disponível em: <http://repositorio.ufsm.br/han-
parte física e material da escola, condições dle/1/1573>. Acesso em: 23 mar. 2018.

da estrutura, equipamentos, materiais etc.

Também ficam a cargo dela cuidar das legis-

lações, direitos e deveres. As competências da gestão financeira, por sua vez, são controlar orçamen-

tos; priorizar gastos e custos; distribuir o orçamento de forma ordenada de modo a atender a neces-

sidade de todos os setores que atuam na educação; administra recursos que entram e saem; mantem

o fluxo de caixa organizado; e faz orçamentos e prestações de contas. A gestão de recursos humanos,

por sua vez, é a responsável pela organização e distribuição de tarefas de pessoal.

A partir desses pilares, a organização escolar pode avançar dentro da escola e buscar o aprendi-

zado efetivo de seus alunos. É uma ação conjunta e integrada, a democratização da gestão faz com

que alunos, famílias, professores e funcionários cooperem e opinem diretamente sobre os processos

de gestão da escola.

[...] se hoje se pode falar de processo de democratização, ele consiste, não tanto, como erro-
neamente muitas vezes se diz, na passagem da democracia representativa para a democracia

110
direta quanto na passagem da democracia política em sentido estrito para a democracia
social, ou melhor, consiste na extensão do poder ascendente, que até agora havia ocupado
quase exclusivamente o campo da grande sociedade política (e das pequenas, minúsculas,
em geral politicamente irrelevantes associações voluntárias), para o campo da sociedade
civil nas suas várias articulações, da escola à fábrica: falo de escola e de fábrica para indicar
emblematicamente os lugares em que se desenvolve a maior parte da vida da maior parte
dos membros de uma sociedade moderna [...] (BOBBIO, 1998, p. 54-55 apud PARO, 1996,
p. 27-28).

A democratização das instâncias sociais - e nestas inclui-se a escola pública - implica “[...] não

apenas o acesso da população a seus serviços, mas também a participação desta na tomada de deci-

sões que dizem respeito a seus interesses [...]” (PARO, 1996, p. 27).

8.3 Cotidiano escolar


O cotidiano é aquilo que nos
é dado cada dia (ou que nos
cabe em partilha), nos pres- 
Link
siona dia após dia, nos oprime, Conselhos Escolares
pois existe uma opressão Na perspectiva de uma gestão escolar democráti-
ca, situam-se os Conselhos Escolares, configurados
do presente. Todo dia, pela como o órgão máximo para a tomada de decisões
manhã, aquilo que assumi- realizadas no interior de uma escola, possuindo
funções deliberativas, consultivas e mobilizadoras,
mos, ao despertar, é o peso fundamentais para a gestão democrática das escolas
da vida, a dificuldade de viver, públicas. Sua composição se dá por meio da repre-
sentação de todos os segmentos que compõem a
ou de viver nesta ou noutra comunidade escolar, como: alunos, professores, pais
condição, com esta fadiga, ou responsáveis, funcionários, pedagogos, diretores
e comunidade externa, aos quais cabem zelar pela
com este desejo. O cotidiano manutenção da escola e monitorar as ações dos diri-
é aquilo que nos prende inti- gentes escolares, a fim de assegurar a qualidade do
ensino. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
mamente, a partir do interior seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad5.pdf>. Acesso
[...] O que interessa ao histo- em: 23 mar. 2018.

riador do cotidiano é o invisí-
vel [...] (CERTEAU, 1996, p.

111
31).

O cotidiano escolar não é algo estático, 


Assimile
ele se manifesta diariamente de maneira Instâncias Colegiadas
Associação de Pais e Mestres – APM, Conselho Esco-
dinâmica, onde diversas relações e intera- lar e Grêmio Estudantil são instâncias colegiadas, as
quais se caracterizam como organizações compostas
ções se dão, produzem e reproduzem conhe- por representantes de toda a comunidade escolar e
local e possuem como finalidade essencial garantir
cimentos, influenciados pelas relações inter- o pleno funcionamento da gestão democrática nas
instituições de ensino público, ou seja, fazer com que
nas, bem como por fatores externos que todas as propostas educacionais sejam pensadas e
definidas de maneira coletiva.
constituem os processos educativos. Neste 
contexto, os sujeitos têm importância funda-

mental na construção de múltiplas alternati-

vas pedagógicas num movimento constante de expressão da cultura da escola que vislumbram sua

identidade.

Conhecer o cotidiano escolar, a cultura da escola, é imprescindível para o

trabalho do professor, ressaltando que cada escola é única em sua rotina, seu

ritmo de funcionamento, suas regras, todos estes determinados pelos sujeitos

que a compõe e também pelo ambiente em

que está inserida. Assim, as escolas devem ser



consideradas dentro de um tempo e espaço Exemplificando
Registro como prática de planejamento e reflexão
que lhes é próprio, uma vez que refletem as sobre o cotidiano
O cotidiano escolar, como vimos, é dinâmico e plu-
múltiplas relações que comporta, bem como ral, exigindo do trabalho docente respostas rápidas
a situações distintas. Nesse contexto, a prática do
os interesses sociais e individuais da comuni- registro representa, para além de roteirizar, a possi-
bilidade de pensar e refletir sobre cada decisão que
dade escolar como um todo. foi ou será tomada, permitindo aprimorar o trabalho
diário e adequá-lo às necessidades dos alunos e
O cotidiano implica em toda a dinâmica da escola. A prática do registro permite ao docen-
te questionar os processos, recuperar impressões e
da escola, indissociável de sua cultura, confi- elaborar uma meta - reflexão permanente acerca do
cotidiano escolar. São formas de registro: diários de
gura-se, ainda, em um rico espaço de desen- classe, planejamento, projetos pedagógicos, diários
de bordo, entre outros.
volvimento dos saberes docentes, por meio 
da formação dos pares que se dá mediante à

112
reflexão de suas dinâmicas, conflitos e interlocuções. Não se trata simplesmente daquilo que é feito

todos os dias e se configura como hábito, mas sim de um ambiente de complexas interações huma-

nas, no qual faz parte o imprevisível e o inesperado. O cotidiano escolar é, em sua essência, social e

temporal, resultado dos saberes plurais que se configuram e interagem num processo que pode ser de

transformação e reflexão ou de perpetuação das relações de poder presentes na sociedade.

8.4 Situação problema


A Escola em que você trabalha, em seu plano de ensino anual, inseriu as aulas de informática

contextualizadas dentro de outras disciplinas com a finalidade de abordar o conhecimento de diver-

sas maneiras e contemplar, de maneira mais eficiente, a realidade de seus alunos. Para tanto, faz-se

necessária a informatização de todo o prédio, aquisição de novas máquinas, instalação de redes de

transmissão sem fios e de softwares especializados.

A escola adquiriu todo o material necessário para o desenvolvimento de seus objetivos pedagógi-

cos por meio de verbas próprias provenientes de recursos federais que possuem essa finalidade. No

entanto, de acordo com os processos administrativos da Secretaria de Educação, existe uma ordem de

atendimento em uma fila que pode demorar até quatro meses para a efetivação do serviço de insta-

lação. Essa espera certamente acarretará em prejuízos pedagógicos aos alunos e financeiros à escola

pela inatividade dos equipamentos adquiridos.

Considerando que a gestão escolar é democrática e as dificuldades que se colocam no caminho

da efetivação do trabalho da escola em seu contexto devem ser pensadas de forma coletiva, com a

participação de toda a comunidade escolar, diante do problema que se coloca e objetivando o pronto

acesso aos alunos e professores aos recursos de informática, tendo em vista o desenvolvimento do

trabalho pedagógico com qualidade, você, professor membro do conselho de escola, tem a tarefa de

pensar em estratégias, a fim mobilizar a comunidade escolar, buscando a sensibilização e resolução

para esses problemas que se colocam.

É importante ressaltar que não se trata simplesmente de localizar uma pessoa capacitada para a

113
realização de tal tarefa, isso configuraria na transferência da responsabilidade do poder público aos

indivíduos, mas de sensibilizar, envolver a comunidade como um todo no desafio que se apresenta e

que necessita de rápida solução. Assim, dentro do cotidiano escolar, trazer o debate e os encaminha-

mentos de solução de forma que este seja um processo educativo para toda a comunidade escolar.

Questão para reflexão


De acordo com Azevedo (2001), falar em política educacional implica em considerar sua ligação

direta ao projeto de sociedade, que se pretende implantar (ou manter) àquilo que está determinado

em um dado momento histórico e conjuntura política, visto que o processo educativo forma aptidões

e comportamentos que são necessários ao modelo social e econômico em vigor. As políticas educacio-

nais, nesse contexto, são originárias de uma concepção ideológica do sistema capitalista. Diante disso,

como garantir que ideais, tais como igualdade de oportunidades, participação e autonomia deixem de

ser subordinados à lógica racional do mercado, e as reformas na área educacional não se reduzam ao

cumprimento de objetivos que atendem, prioritariamente, ao imperativo econômico?

Considerações Finais
Nesta unidade temática, fizemos um panorama das políticas educacionais em nosso país desde sua

origem até o período militar e, mais recentemente, desde a abertura democrática até os dias atuais.

Demos especial atenção à Constituição Federal de 1988 e à Lei de Diretrizes e Bases de 1996, reforçando

os aspectos relativos à gestão e ao cotidiano escolar. Os principais aspectos dessa reflexão são:

• As primeiras políticas educacionais brasileiras caracterizaram-se pelo protagonismo do Estado na

educação brasileira, junto à igreja católica, seguidas por reformas educacionais elitistas. O perí-

odo republicano, por sua vez, foi muito fecundo no campo de reorganização da instrução pública

a partir da influência do movimento da Escola Nova. No ano de 1964, ocorre o Golpe de Estado

que instaura o Regime Militar no Brasil, e toda a orientação da política educacional neste perí-

odo volta-se para o imperativo da “segurança nacional”.

• As políticas educacionais pós-abertura democrática caracterizam-se pela influência dos agentes

114
financeiros internacionais na construção do ideário de educação no país, fortalecido pelos gover-

nos democráticos instituídos pelo voto direto na pós-ditadura. As reformas, nesse contexto,

entraram em consonância com um projeto econômico de desfragmentação, desestatização e

liberalização.

• A gestão escolar é o sistema de administração interno da escola e envolve todos os setores rela-

cionados às práticas escolares. Ela envolve gestão pedagógica, administrativa, financeira e de

recursos humanos, que são interligadas sistemática e regularmente.

• O cotidiano escolar é plural, permanece em movimento constante, está diretamente associado

à cultura da escola que é única em sua rotina, seu ritmo de funcionamento, suas regras, todos

estes determinados pelos sujeitos que a compõe e também pelo ambiente onde está inserida. O

conhecimento desse funcionamento particular de cada escola é imprescindível para o exercício

do trabalho docente com qualidade e comprimento.

Glossário
Atos Normativos: correspondem às orientações gerais do Poder Executivo, com vistas à correta

aplicação e execução da lei. Compreendem os decretos regulamentares, regimentos, resoluções, deli-

berações e portarias.

APM: associação de Pais e Mestres.

Grêmio Estudantil: organização sem fins lucrativos que representa o interesse dos estudantes e que

tem fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais, sendo o órgão máximo de representa-

ção dos estudantes da escola.

LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

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Verificação de leitura

QUESTÃO 1-A Constituição Federal de 1988, no que concerne à educação, aponta as se-
guintes garantias:
a) A consagração da educação como direito público subjetivo e o princípio da gestão demo-
crática do ensino público.

b) O dever da iniciativa privada em prover creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.

c) A extinção da oferta de ensino noturno regular.

d) O atendimento educacional especializado em instituições privadas destinadas a estes fins


aos portadores de necessidades especiais.

e) O ensino fundamental não mais obrigatório para os que a ele não tiveram acesso em idade
própria.

QUESTÃO 2-A gestão democrática, promulgada como forma de gestão nas instituições esco-
lares a partir da Constituição de 1988, possui, dentre outras, as seguintes características:
I) A transparência e fatores que são operacionalizados por instâncias colegiadas.
II) A preocupação com a qualidade da educação e com a relação custo-benefício.
III) Compartilhamento de decisões e informações.
IV) Participação de toda a comunidade escolar na construção do projeto político-pedagógico.
Estão corretas as afirmações constantes em:
a) Apenas I, II e III.

b) Apenas II, III e IV.

c) Apenas II e IV.

d) I, II, III e IV.

e) Apenas I, III e IV.

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QUESTÃO 3-O cotidiano escolar configura-se como um espaço dinâmico e plural, em que
as relações são construídas dentre de especificidades próprias. A esse respeito, é correto
afirmar que:
a) O cotidiano escolar implica em toda a dinâmica da comunidade no entorno escolar, inde-
pendentemente de sua cultura, configura-se como um espaço de manifestações sociais.

b) O cotidiano escolar implica em toda a dinâmica da escola, independentemente de sua cul-


tura, configura-se, ainda, em um rico espaço de desenvolvimento dos saberes docentes.

c) O cotidiano escolar implica em toda a dinâmica da escola, indissociável de sua cultura, con-
figura-se, ainda, em um rico espaço de desenvolvimento dos saberes docentes.

d) O cotidiano escolar implica em toda a dinâmica de uma rede de ensino e configura-se,


ainda, em um espaço de verificação dos saberes docentes.

e) O cotidiano escolar implica em toda a dinâmica comum a todas as escolas, independente-


mente de sua cultura, configura-se, ainda, em espaço de troca dos saberes docentes.

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Referências Bibliográficas
AZEVEDO, J. M. L. A educação como política pública. Campinas: Autores Associados,
2001. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v. 56).

BOBBIO, N. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. 7. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2000.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:


Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

______. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 23 mar. 2018.

CERTEAU, M. A cultura do plural. Campinas: Papirus, 1995. (Coleção Travessia do Século).

______. A invenção do cotidiano 1: as artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

PARO. Eleição de diretores: a escola pública experimenta a democracia. Campinas:


Papirus, 1996.

SAVIANI, D. Política Educacional Brasileira: Limites e Perspectivas. Revista de Educação,


PUC-Campinas/SP, n. 24, p. 7-16, jun., 2008.

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Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa: A.
A Constituição Federal de 1988, no que concerne à educação, aponta as seguintes garantias: a con-

sagração da educação como direito público subjetivo (Art. 208 § 1°); o princípio da gestão democrática

do ensino público (Art. 206, VI); o dever do Estado em prover creche e pré-escola às crianças de 0 a

6 anos de idade (Art. 208,IV); a oferta de ensino noturno regular (Art. 208,VI); o ensino fundamental

obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso em idade própria (Art. 208,I);

e o atendimento educacional especializado aos portadores de necessidades especiais (Art. 208,III).

QUESTÃO 2-Alternativa: D.
São características fundamentais da gestão democrática: a transparência e fatores que são opera-

cionalizados por instâncias colegiadas, a preocupação com a qualidade da educação e com a relação

custo-benefício, o compartilhamento de decisões e informações e a participação de toda a comuni-

dade escolar na construção do projeto político-pedagógico.

QUESTÃO 3-Alternativa: C.
O cotidiano implica em toda a dinâmica da escola, indissociável de sua cultura, configura-se, ainda,

em um rico espaço de desenvolvimento dos saberes docentes por meio da formação dos pares que se

dá mediante à reflexão de suas dinâmicas, conflitos e interlocuções.

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