UNIVERSIDADE TIRADENTES

GRADUAÇÃO EM DIREITO

RAFAELLA MARIA LEMOS SILVA

Medida de eficiência da disciplina Direito dos contratos

ARACAJU/SE
2022
 RAFAELLA MARIA LEMOS SILVA

O AUTO DA COMPADECIDA- RESENHA CRITICA

Trabalho apresentado como pré-

requisito parcial para aprovação na
disciplina DIREITO DOS
CONTRATOS do curso de Direito
da Universidade Tiradentes.

PROFESSORA FERNADA OLIVEIRA SANTOS

Aracaju
2022
 RESENHA CRITICA DO FILME O AUTO DA COMPADECIDA

A obra- prima do brasileiro e escritor Ariano Suassuna, escrita em 1995

e protagonizada pela primeira vez em 1956 no teatro Santa Isabel. Auto da
compadecida é uma peça dividida em três atos e compõe como pano de fundo
o sertão nordestino. A peça é carregada por um caso de amor e muito humor. a
história tomou uma proporção imensa que estrou na tv globo como minissérie
em 1999 e no ano seguinte virou filme.

Passada no sertão nordestino, a história conta as aventuras dos

inseparáveis amigos, João Grilo e Chicó que mesmo cercados pela pobreza,
seca, violência tentam sobreviver com inteligência e esperteza para contornar
as confusões que se metem.

A história começa com a morte da cachorra do casal, Dorinha e Eurico, a

cachorrinha era muito amada pela sua dona que ainda viva tentou de todas as
que o padre benzesse a cachorra. João Grilo e Chicó eram funcionários na
padaria de Eurico também embarcaram no desafio e intercederam pelo cão
junto ao padre. De nada adiantou tamanho esforço, para desgraça da dona a

cachorra morreu afinal sem ser benzido.

Com a ajuda dos espertos Chicó e João Grilo, Dorinha tenta persuadi o
padre a realizar o velório e enterrar a cachorra. João Grilo tentando convencer
o Padre, inventou que a cachorra possuía um testamento onde prometia 10
contos de reis para ele e três para o sacristão se o enterro pudesse ser
realizado em Latin. Em meio a isso tudo e já prestes a aceitar o acordo,
acontece a inesperada chegada do Bispo.

O Bispo ficou perplexo com toda situação. Desesperado, João

Grilo, então diz que o testamento, na verdade, prometia seis contos para a
arquidiocese e quatro para a paróquia. E assim aconteceu e a cachorra foi
enterrada. Varias aventuras acontecem, João Grilo se faz de morto em meio ao
seu falso enterro um cangaceiro, chamado Severino vem com seu bando e
começa um tiroteio.

João Grilo com medo de morrer de verdade, fingi que ressuscitou e

planeja um novo plano que engana ao cangaceiro, e fazem uma retirada
temporária e João Grilo vira um “Herói” menos para os seus patrões. João grilo
agora faz uma aposta com o Major, ele propõe que João responda três
perguntas se ele acertar, ganha um emprego se errar, arranca uma tira de
couro de suas costas. João acerta e vai buscar a filha do major que está
chegando de Recife.

Rosinha chega a cidade e encanta a todos com sua beleza, Chicó logo
se encanta por Rosinha e Rosinha por ele. O major diz que Rosinha tem que
voltar para a Capital casada e lhe apresenta seu dote, um cofre em formato de
porquinha. Joao grilo logo elabora um plano para Chico se casar com Rosinha.
Nessa loucura, João coloca os mais valentões da cidade na disputa por
Rosinha, o sargento e Vicentão, que logo manda brincos para Rosinha e
começa a disputa pelo coração da moça.

Chicó é obrigado a entrar em um combate com os dois valentões e

consegue se safar e sair como corajoso. João leva Chicó para conhecer o pai
de Rosinha e o engana dizendo que Chicó é Advogado e Fazendeiro. O padre
chega e João logo tenta enrolar, o padre então diz que a igreja esta
necessitada de reforma e o major diz que Chicó vai pagar, João na hora diz
que Chico deu o que tinha no bolso para um empregado e o major diz que vai
emprestar o dinheiro, o major que uma garantia que recebera o dinheiro
emprestado e manda João Grilo pegar uma copia da escritura da Fazenda de
Chicó, passando a fazenda para seu nome caso o empréstimo não seja pago,
o contrato se realiza mas não como a primeira sugestão.

No contrato, caso Chicó não pague o empréstimo o major tirará

uma lasca de seu couro, foi feito. João não parou por ai, diante de toda
confusão, ele quer que Chico finja sua morte com uma bexiga de sangue
embaixo de sua camisa na frente da igreja para se livrar de sua divida com o
major mas as coisas saem do controle pois Severino cangaceiro volta com seu
bando para matar todos da cidade. Todos estão dentro da igreja para morrer,
os primeiros são o casal, que é retirado da igreja, depois o bispo e o padre,
Joao e Chico são levados para fora da igreja e ele na tentativa de escapar
acerta Chico na bexiga e depois toca a gaita que diz ser batizada por Padre
Cícero que faz o morto ressuscitar.

O fingimento acontece, o cangaceiro acredita e manda seu

capanga atirar nele e depois tocar a gaita, revoltado sem o patrão voltar, ele
atira em João Grilo, que morre dentro da igreja com seu amigo ao seu lado.
João está morto e todos os outros que morreram se encontram no purgatório.

Diante do inimigo todos já estão prestes a ir para o inferno quando João

clama por Deus, nosso senhor e na presença de Deus, todos estão em um tipo
de audiência e la Deus vai decidir o destino de todos, na hora de João grilo ser
julgado, ele novamente fez um apelo e dessa vez para nossa senhora, e ela
intercede por todos, pedindo misericórdia a Deus, e todos os quatro seguem
menos João Grilo que é mandado de volta para terra. João segue com Chicó,
eles brigam devido a uma promessa que Chico tem que pagar, mas logo se
acertaram.

Eles seguem para fazenda do Major para pagar a divida e casar

com Rosinha, mas não tinham o dinheiro e o Major queria arrancar o couro de
Chicó, mas ele disse que Chico tem que provar que é macho de verdade,
porem Rosinha sabe que Chico é mais frouxo que uma galinha. Eles decidem
casar e com o dinheiro da porca pagar a divida com o Major.

Após casarem e quebrarem o cofre, perceberam que o dinheiro não

servia de mais nada pois era antigo e sem valor, o Major vem para arrancar o
couro de Chico, mas Rosinha e João Grilo tem sua ultima tacada, Rosinha
pergunta ao seu pai o que havia de fato no contrato e João diz que ele pode
tirar o couro, mas nem nenhuma gota de sangue pois o sangue não estava no
contrato. Eles fogem e o pai de Rosinha disse que ela não receberia nem um
terço de sua herança. Deus aparece disfarçado de mendigo e pede o pão,
Rosinha dividi e eles seguem felizes e dançando.
 RESENHA CRÍTICA- O AUTO DA COMPADECIDA

O Auto da Compadecida é uma peça em forma de auto, sendo um drama

nordestino brasileiro, essa peça mescla elementos como a comédia, os traços
do barroco católico e a tradição da literatura de cordel e ainda ressalta a cultura
popular e tradições religiosas. O Auto da Compadecida foi considerado o texto
mais popular do moderno teatro brasileiro.

O autor usa expressões e o linguajar naturalmente nordestino, dando mais

vida aos protagonistas, formando personagens engraçados, narrado pelo
palhaço apresentados pelo padeiro, a mulher do padeiro, o padre João, o bispo
e como o cangaceiro, o trambiqueiro representados como Chicó e João Grilo
são melhores amigos, que são conhecidos por contar histórias, ambos com o
sonho de ficar ricos e acabam se metendo em confusão quando resolvem se
vingar do padeiro e de sua mulher pelos maus tratos e a forma que tratam eles,
até chegarem no julgamento final de cada um com Jesus Cristo, o Diabo e a
Virgem Maria e os dois acabam sendo poupados por serem considerados
vitimas da situação.

Os contratos são negócios jurídicos que exigem, para a sua formação, o

preenchimento de certos elementos que atribuem sua legitimidade.

Requisitos subjetivos:

Existência de duas ou mais pessoas; Capacidade das partes contratantes;

Legitimidade das partes para contratar; Manifestação de vontade válida e
desimpedida.
 Os contratos podem prever quase tudo que não está proibido por lei.

todo esse conteúdo está ligado no dia a dia e isso fica cada vez mais
evidente, um exemplo do uso da teoria geral dos contratos na vida é no filme “
O Auto da compadecida”

O filme Auto da Compadecida, possui uma cena onde o personagem

Chicó firma um contrato de empréstimo de dinheiro com o futuro sogro , o
Major! Antônio Morais, e deixa como garantia uma tira do seu próprio couro, ou
seja,se Chicó não realizasse o pagamento, o Major arrancaria uma tira da pele
de Chicó!

Na “vida real” é nítido que não é possível realizar um contrato desse. Mas,
se tratando da vida cinematográfica esse contrato tomou cena e ganhou muito
destaque e é possível analisar a situação juridicamente Chicó e o Major
firmaram um contrato de mútuo com cláusula de garantia.Ele consiste em uma
relação de empréstimo entre dois particulares, que podem ser pessoas físicas
ou jurídicas.

Mútuo é o empréstimo de bem fungível, isto é, de um bem que pode ser

dividido, como ocorre com o dinheiro. Diferente é o contrato de comodato, que
também é empréstimo, mas de bem infungível, como ocorre, por exemplo, no
empréstimo de um veículo.

Um contrato de mútuo com cláusula de garantia é plenamente possível e,

como regra no direito, ao firmar um contrato, este tem que ser cumprido e
ponto.Essa premissa decorre do princípio da obrigatoriedade contratual.

Contudo, existem exceções para o cumprimento desses contratos, uma

dessas exceções são as chamadas normas cogentes. Norma cogente é algo
previsto na lei que não pode ser alterado pela vontade das partes no contrato,
por serem normas de ordem pública e interesse social (LOBO, 2020).

Um exemplo claro de norma cogente é o Código de Defesa do

Consumidor:
 Assim sendo, ainda que o contrato faça lei entre as partes, se o
fornecedor inclui no seu contrato: "o consumidor abre mão de qualquer
conserto, caso o celular lhe seja enviado com algum defeito", tal cláusula seria
nula, haja vista que o consumidor tem direito por lei.

Fica assim entendido, que o "princípio da obrigatoriedade contratual" não

é absoluto

voltando para o contrato de chicó e o major, o contrato das partes é ilícito

não por causa das normas cogentes, se faz ilícito também por conta dos
direitos indisponíveis Direitos indisponíveis são aqueles que o ser humano tem
e não pode dispor: doar, vender, dar de garantia etc (COELHO, 2020.). A vida,
por exemplo, é um direito indisponível, desse modo, você não pode pagar uma
dívida com sua própria vida, isso seria completamente ilegal.

Ou seja, o direito à integridade física decorre do direito à vida, Chicó não

pode dispor de seu direito à integridade física em um contrato.

João Grilo e sua noiva Rosinha para ajudar o amigo a se livrar da morte
certa usaram da má- fé contratual quando alegaram:

“couro, couro. Uma tirinha só, nenhuma gota de sangue, que sangue não
estava no contrato.” - João Grilo.

frase usada no filme para se livrar da obrigação. Alegaram que no

contrato não constava "arrancar o sangue" e, desse modo, ou o Major
encontrava um jeito de tirar só a pele do Chicó (sem sair sangue) ou desistia de
arrancá-la.

trazendo a questão da má-fé e boa-fé processual Se o objeto da garantia

fosse lícito, esse argumento dos defensores não seria válido, porque, por lei, os
negócios jurídicos são interpretados a partir da boa-fé , não-se pode "dar uma
de espertinho" ao interpretar o contrato.
 A boa-fé objetiva é um princípio basilar ( Servir brasileiros sem distinção
alguma) do direito do consumidor, segundo o qual as partes possuem o dever
de agir com base em valores éticos e morais da sociedade.

Desse comportamento, decorrem outros deveres anexos, como lealdade,

transparência e colaboração, a serem observados em todas as fases do
contrato Violação da boa-fé e a extinção contratual.

Entre as causas de extinção de obrigações, previstas em lei, causas

essas que, pela Teoria da Responsabilidade Contratual, garantiriam
compensação à parte lesada, a má-fé se destaca pela intenção perniciosa no
rompimento de um contrato.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://urbe.me/lab/contrato-de-mutuo-o-que-e-e-como-funciona/

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil [livro eletrônico]: parte geral I,
volume 1- 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. Pág. 89.

AUTO da Compadecida, O. Direção: Guel Arraes. Produções Globo Filmes.

São Paulo – SP, 2000.

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