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APARELHO RESPIRATÓRIO

Estrutura e função dos órgãos do aparelho respiratório


- O aparelho respiratório é constituído por:
1. Pulmões
2. Conjunto de órgãos: Vias aéreas
- Permitem o movimento de ar entre o exterior e o interior dos pulmões, onde
se encontram as estruturas implicadas nas trocas gasosas – os alvéolos

 Respiração:
- Distribuição de O2 pelas células e a remoção de CO2
- Estes processos incluem:
1. A ventilação pulmonar responsável pelo movimento do ar
2. A troca de gases respiratórios (CO2 e O2) ao nível dos pulmões –
hematose/respiração externa
3. O transporte de CO2 e O2 no sangue
4. As trocas gasosas entre o sangue e os tecidos – respiração interna

 Funções:
1. Zona de trocas: Bronquíolos + ducto alveolar + alvéolos
2. Zona condutora: Vias aéreas (fossas nasais + faringe + laringe + traqueia
+ brônquios e respetivas subdivisões-árvore brônquica)

Pulmões e pleuras
1. Pulmões:
- Ocupam a cavidade torácica à exceção da porção central – o mediastino, que
é ocupada pelo coração, pelos grandes vasos e pelo esófago
- Forma cónica, cuja base assenta no diafragma e o vértice se situa abaixo das
clavículas
- Constituídos por:
 Parênquima pulmonar: Tecido conjuntivo elástico
 Faces externa, anterior e posterior: Contatam com a grelha costal
 Face interna: Delimita o mediastino
 Hilo pulmonar: Por onde entram e saem os vasos sanguíneos dos
pulmões
- Local de entrada dos dois brônquios principais: a partir dos quais se
desenvolve toda a árvore brônquica

- Os pulmões encontram-se envolvidosembrana serosa – a pleura – na qual se


identifica um folheto visceral (cobre a face externa dos pulmões) e um folheto
parietal (aderente à grelha costal e face superior do diafragma). Este folheto
continua-se pelo coração e vai formar a parede externa do mediastino
2. Pleura
- Membrana serosa que envolve os pulmões
- Produz o fluído pleural: Funciona como lubrificante, facilitando o deslizamento
dos pulmões com a grelha costal e o diafragma.

- Formado por:
1. Folheto visceral: Cobre a face externa dos pulmões
2. Folheto parietal: Aderente à grelha costal e face superior do diafragma

- As pleuras dividem a cavidade torácica em 3 compartimentos:


 Central: O mediastino, onde se localiza o coração e os grandes vasos
sanguíneos
 Laterais: Os compartimentos pleurais, que alojam os pulmões.
 Entre os folhetos pleurais existe a cavidade pleural preenchida pelo o
fluído pleural

Zona condutora
- Corresponde às vias aéreas
- Constituída por:
 Cavidade Nasal: Interior do Nariz
1. Narinas: Abrem a cavidade nasal para o exterior
2. Faringe (nasofaringe): Através dos coanas
3. Vestíbulo: Atrás das narinas
- Revestido de pêlos
 Função de purificação do ar inspirado ao reterem impurezas
4. Epitélio: Recetores de olfato
5. Septo nasal: Lâmina perpendicular cuja metade anterior é cartilagínea;
lâmina posterior é formada pelos ossos vómer e lâmina perpendicular do
etmoide
- Dividem a cavidade nasal em duas:
 Fossas Nasais:
- Produção de muco
- Aquecimento e filtração do ar
- Amplificação da voz
- Sensação de olfato
- Constituída por três saliências:
1. Cornetos: Formam passagens estreitas – os meatos.
2. Meatos: Revestidos por uma mucosa irrigada, são fundamentais na
climatização do ar inspirado
3. Faringe
 Faringe
- Estabelece ligação entre a cavidade nasal, a laringe, cavida bucal e esófago
- Local de passagem de ar e alimentos
- Constituída por tecido muscular liso e uma mucosa, divide-se em três regiões:
1. Nasofaringe: Associada à cavidade nasal
2. Orofaringe: Associada à cavidade bucal
 Palato mole:
- Separa as duas regiões
- Prolongamento cartilagíneo do palato duro
 Palato duro:
- É o teto da cavidade bucal e o pavimento das fossas nasais
3. Laringofaringe: relacionada com a laringe e com o esófago

1. Laringe:
- É formada por:
1. Conjunto de 9 cartilagens
 3 pares: Aritenoides, cuneiformes e corniculadas
 3 ímpares: Epiglote, tiroide e cricoide
 Todas as cartilagens são hialinas, à exceção da epiglote, que é
constituída por cartilagem elástica
2. Músculos extrínsecos: Responsáveis pelos movimentos ascendentes e
descendentes da laringe
3. Músculos intrínsecos: Responsáveis pela abertura e fecho do epiglote e
pela regulação da tensão das cordas vocais

- Funções:
1. Produção de voz, dado alojar no seu interior as cordas vocais
2. Previne a passagem de alimentos e ar para local errado
 Os alimentos vão para o esófago
 O ar vai para a traqueia
 A glote (orifício de entrada da laringe) fecha-se com a
chegada dos alimentos vindos da faringe e abre-se com a
chegada do ar.
 - Sempre que a epiglote baixa, a glote encerra e quando a
extremidade livre do epiglote se eleva, a glote abre-se
 Se alguma substância, que não seja ar, entra na glote, é
imediatamente desencadeado o reflexo da tosse, que obriga
à expulsão do mesmo

2. Traqueia
- Tubo flexível formado por aros cartilagíneos (cartilagem hialina) em forma de
C, que se estende de C5 até T5
- Tem origem na laringe e dirige-se para baixo ao longo do pescoço
- Função: Aquecimento e filtração de ar
ÁRVORE BRÔNQUIA:
Conjunto de tubo existentes no interior dos pulmões que resulta das subdivisões
sucessivas dos brônquios principais

TRAQUEIA
Passa à frente do esófago e ao nível do mediastino divide-se em dois tubos de menor calibre.
Esta divisão designa-se carina.

BRÔNQUIOS PRINCIPAIS
Direito e esquerdo, que se dirigem obliquamente para baixo, penetrando nos pulmões ao nível
do hilo pulmonar e dividindo-se e tubos de calibre sucessivamente mais estreitos

BRÔNQUIOS SECUNDÁRIOS/BRÔNQUIOS LOBARES

BRÔNQUIOS TERCIÁRIOS/BRÔNQUIOS SEGMENTARES

BRONQUÍOLOS TERMINAIS

BRONQUÍOLOS RESPIRATÓRIOS
A ramificação atinge os alvéolos e define uma nova zona – zona de trocas gasosas

Função da zona condutora:


- As vias aéreas desempenham um papel fundamental na climatização (aquecimento e
humedecimento) e purificação do ar inspirado.
- Estão na origem de dois reflexos:
1. Reflexo da tosse
2. Reflexo do espirro
- Responsáveis pela remoção de corpos estranhos/irritantes das vias
respiratórias
- A climatização é conseguida pelo contacto do ar com a mucosa das fossas nasais que
apresenta uma elevada irrigação sanguínea superficial (plexo capilar)
- As fossas nasais também contribuem para a purificação do ar inspirado
- Os pelos das narinas filtram as grandes partículas contidas no ar, permitindo a sua
fixação às paredes das fossas nasais com auxílio do muco nasal
- A remoção das partículas é feita pela faringe através do movimento dos cílios
vibráteis existentes na parede das vias aéreas
Zona de trocas gasosas
- Localiza-se na porção distal da árvore brônquica
- Inclui:
3. Brônquios respiratórios
4. Ducto alveolar:
5. Alvéolos: Sacos membranosos, dispostos em torno de um mesmo ducto
alveolar, onde ocorrem as trocas gasosas
 Parede alveolar
- Composta por uma única camada de células de tecido epitelial
escamoso, apoiadas numa membrana basal, como na maioria dos
epitélios
 Membrana respiratória: Conjunto das paredes alveolar e capilar e
respetivas membranas basais, separadas por um fluido intersticial
 Do lado alveolar: Encontra-se ar
 Do lado capilar: Encontra-se sangue – fronteira das trocas
gasosas
- Permite que as trocas gasosas se processem por simples difusão, de tal
como que o oxigénio passa dos alvéolos para o sangue e o dióxido de
carbono deixa a rede sanguínea para ocupar o espaço alveolar

Ventilação pulmonar
- Função cíclica
- Alternada no tempo em duas fases:
1. Inspiração:
- O ar entra nos pulmões, atravessando todas as estruturas da zona condutora
do aparelho respiratório
- Sempre que a pressão do ar no exterior (pressão atmosférica) é superior à
pressão do ar no interior (pressão intrapulmonar), o ar entra nos pulmões
2. Expiração: O ar é expulso para o exterior
- Sempre que a pressão intrapulmonar é superior à pressão atmosférica, o ar sai
dos pulmões
 Gradiente de pressão: O movimento do ar é produzido por diferenças de
pressão
 Volume pulmonar: Não são produzidos pelos pulmões
- São resultado de variações do volume da caixa torácica, produzidas por
músculos esqueléticos
6. Líquido pleural
- Presente na cavidade pleural
- Separa os pulmões da grelha costal
- Cria uma tensão superficial que impede a separação dos dois folhetos pleurais
entre si
 Funções:
- Manter os pulmões em contacto com o tórax
- Manter uma pressão intrapleural sempre abaixo da pressão
atmosférica

7. Pressões na cavidade torácica


1. Em repouso: Fim da expiração, início da expiração
- A ação da força de retração elástica do parênquima pulmonar tende a
afastar os pulmões da grelha costal
 Pressão intrapleural de cerca de 757 mmHg

2. Na inspiração:
- O aumento do volume torácico e expansão pulmonar por um lado, e a força
de retração elástica do parênquima, por outro, criam ao nível dos folhetos
pleurais, a tendência para o seu afastamento mútuo
 Baixa a pressão intrapleural para 755 mmHg

3. Na expiração:
- A pressão intrapleural tende a aproximar-se do valor em repouso, o que
reflete a ação da força de retração elástica do parênquima e o efeito da
redução do volume da caixa torácica.

Ventilação e propriedades físicas dos pulmões


1. Inspiração:
 Extensibilidade pulmonar: Os pulmões se expandem, cedendo à pressão
do ar a entrar

2. Expiração:
- A expulsão do ar é resultado da ação de duas forças passivas:
 Força de retração elástica do parênquima pulmonar
 Força produzida pela tensão superficial alveolar
- Estas forças tendem a afastar os pulmões (folheto visceral) da caixa
torácica (folheto parietal) e a produzir o colapso dos pulmões e dos
alvéolos
Ventilação e resistência das vias aéreas à passagem do ar
- A pressão do ar alveolar é diferente da pressão do ar atmosférico
- Os brônquios, apesar de serem os tubos com menor área de secção transversal
individual não são o local de maior resistência O seu elevado número faz aumentar
essa área, o que reduz a resistência à passagem do ar.
- Os brônquios de calibre médio, devido ao seu reduzido número, são os que oferecem
maior resistência. Esta resistência é variável ao longo do ciclo respiratório, reduzindo-
se na inspiração e aumentando na expiração.

Mecânica respiratória
1. Inspiração
- É o resultado da expansão dos pulmões, produzida pelo aumento do volume
torácico que cria um gradiente de pressão entre o interior (pressão
intrapulmonar) e o exterior (pressão atmosférica)
 Músculos inspiradores: Produz o aumento do volume torácico com ação
na grelha costal
 Diafragma: Principal músculo inspirador
- Responsável pelas maiores variações nos diâmetros da caixa
torácica
- O resultado final é o aumento do diâmetro vertical da caixa
torácica no final do 1º tempo de contração do diafragma e o
aumento dos diâmetros transversal e ântero-posterior, no fim do
2º tempo
- Na inspiração forçada, a ação do diafragma é potencializada por outros
músculos inspiradores: Pequeno peitoral e esternocleidomastóideo que, em
conjunto, elevam a grelha costal proporcionando ponto fixo aos músculos
intercostais externos

 Respiração eupneica:
- Atuam os músculos escalenos e os músculos intercostais externos:
Elevam as costelas e produzem o aumento do diâmetro transversal da
caixa torácica
2. Expiração
- Fenómeno passivo desencadeado pelo relaxamento dos músculos inspiradores
de que resulta a expulsão do ar dos pulmões devido ao aumento da pressão
intrapulmonar
 As forças responsáveis são:
1. Força de retração elástica do parênquima pulmonar, que tende a
colapsar os pulmões
2. Tensão superficial alveolar, cuja ação é no sentido do colapso dos
alvéolos
- Na expiração forçada, a ação das forças é potencializada pela intervenção de
um conjunto de músculos torácicos (intercostais internos) e abdominais
(parede ântero-lateral do abdómen) – músculos expiradores, que reduzem o
volume da caixa torácica
- A ação dos músculos expiradores faz subir a pressão intrapulmonar em cerca
de 20-30 mmHg, o que provoca a expulsão de grande quantidade de ar do
interior dos pulmões

INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO
1º Relaxamento do diafragma e escalenos
1º Contração do diafragma e escalenos 2º Retração elástica produzida pelo parênquima
Respiração 2º Aumento dos volumes torácico e pulmonar pulmonar
Eupneica 3º Redução da pressão intrapulmonar cerca de 3 3º Redução dos volumes torácico e pulmonar
mmHg abaixo da pressão atmosférica 4º Aumento da pressão intrapulmonar cerca de
3mmHg acima da pressão atmosférica
1º Contração adicional dos músculos acessórios da
1º Ação adicional dos músculos intercostais internos
inspiração (peq peitoral e esternocleidomastóideo)
Respiração e músculos da parede ântero-lateral do abdómen
2º Aumento dos volumes torácico e pulmonar
Forçada 3º Redução da pressão pulmonar cerca de 20mmHg
2º Aumento da pressão intrapulmonar cerca de
30mmHg acima da pressão atmosférica
abaixo da pressão atmosférica

Espirometria, volumes e capacidades pulmonares


1. Espirometria: Metodologia de medida e registo dos volumes de ar que entram e
saem dos pulmões durante a ventilação – volumes pulmonares

2. Espirograma: Registo no tempo

3. Espirómetro: Instrumento de medição utilizado

4. Volume Corrente (VC): Quantidade de ar que na respiração eupneica se desloca


entre o interior e o exterior dos pulmões no decurso de um ciclo respiratório
(inspiração seguida de expiração)
5. Volume de Reserva Inspiratória (VRI): Quantidade de ar que, após uma
inspiração eupneica, é ainda possível fazer deslocar para o interior dos pulmões
através de uma inspiração forçada

6. Volume de Reserva Expiratória (VRE): Quantidade de ar que, após uma


expiração eupneica, é ainda possível fazer deslocar para o exterior dos pulmões
(expiração forçada)

7. Volume Residual (VR): Quantidade de ar que permanece no interior dos


pulmões depois de uma expiração forçada máxima. (Não pode ser determinado
por espirometria). Este volume é fundamental para a prevenção do colapso
entre os pulmões, permitindo que a hematose se continue a processar no
período entre a expiração e a inspiração, o que impede variações acentuadas na
pressão parcial de O2 e de CO2.

8. Volume do Espaço Morto (VEM): Quantidade de ar que, em cada ciclo


respiratório, não participa nas trocas gasosas. Volume de ar contido nas vias
aéreas e nos alvéolos não funcionais

9. Capacidade Pulmonar Total (CPT): Quantidade máxima de ar que pode ser


contida no interior dos pulmões, após uma inspiração profunda;
CPT = VC + VRI + VRE + VR

10. Capacidade Inspiratória (CI): Quantidade máxima de ar que pode ser inspirado
(forçadamente) após uma expiração eupneica
CI = VC + VRI

11. Capacidade Residual Funcional (CRF): Quantidade de ar que permanece nos


pulmões após uma expiração eupneica
CRF = VRE + VR

Parâmetros respiratórios
1. Frequência Respiratória (FR): Número de ciclos respiratórios ocorridos em cada
minuto

2. Volume Respiratório Minuto (VRM): Quantidade de ar que, em cada minuto, é


deslocado entre o interior e o exterior dos pulmões
VRM = VC x FR

3. Volume Alveolar Minuto (VAM): Quantidade de ar que, a cada minuto,


participa nas trocas gasosas ao nível dos alvéolos
VAM = (VC – VEM) x FR
Trocas gasosas e transporte de gases respiratórios
 Trocas gasosas:
- Processo associado ao movimento das moléculas dos gases respiratórios (O 2 e
CO2)
- Tem lugar nos pulmões, entre os alvéolos e os capilares pulmonares e nos
tecidos, entre os capilares sistémicos e as células.
 Respiração externa ou Hematose:
- As trocas que ocorrem nos pulmões
- Os gases respiratórios percorrem uma curta distância que corresponde à
espessura da membrana respiratória
- Aumentar a concentração de O2 no sangue e diminuir a de CO2
 Respiração interna: As trocas a nível dos tecidos
- Utilização do O2 e produção de CO2, no interior das células
- A concentração de CO2 no sangue aumenta e a de O2 diminui

Propriedades básicas dos gases


- O ar que respiramos é uma mistura de gases, dos quais: Oxigénio, Dióxido de
Carbono, e outros como Azoto e Vapor de Água
 Lei de Dalton:
- A pressão total exercida por uma mistura de gases é igual ao somatório da
pressão exercida por cada um dos gases da mistura
- O movimento dos gases respiratórios na respiração externa e interna faz-se por
difusão dos locais de maior concentração para os locais de menor concentração → dos
locais de maior pressão parcial para os locais onde ela é menor.
- A quantidade e velocidade da difusão dependem da diferença de pressão parcial do
gás entre os dois locais de troca, ou seja, depende do gradiente de pressão parcial.

Difusão de gases através dos líquidos


- Os gases respiratórios difundem-se de um meio gasoso (alvéolos) para um meio
aquoso (sangue) e vice-versa
 Coeficiente de difusão
- Facilidade com que um gás se difunde através de um líquido
- É um parâmetro proporcional ao grau de solubilidade dos gases e
inversamente proporcional ao peso molecular do gás.
 O CO2 é o gás com maior coeficiente de difusão, com uma solubilidade 20x maior
que o O2. O azoto, por sua vez, é quase insolúvel.
 Solubilidade:
- “Habilidade” das moléculas de um gás de se misturarem com as moléculas de
um fluido.
- Quando a temperatura do fluido aumenta, a solubilidade diminui, aumentando
sempre que a primeira diminui.

 Lei de Henry: Sempre que uma mistura de gases entra em contacto com
um fluido e é atingido o equilíbrio, então a quantidade de gás dissolvida
no fluido atingiu o seu valor máximo.

Trocas gasosas ao nível da membrana respiratória (Hematose)


 Hematose:
- O gradiente de pressão parcial estabelece-se ao nível da membrana
respiratória entre o ar alveolar e o sangue dos capilares pulmonares.
- PO2 no sangue antes de contactar com a membrana respiratória é de 40
mmHg, para 100 mmHg no ar alveolar. O gradiente de 60 mmHg permite que o
O2 se difunda do ar alveolar para o sangue da rede pulmonar.
Simultaneamente, o CO2 faz o movimento no sentido oposto
- PCO2 no sangue venoso que chega aos capilares pulmonares é 45 mmHg
contra os 40 mmHg do ar alveolar. O reduzido gradiente permite que, graças ao
maior coeficiente de difusão do CO2 em relação ao O2, a quantidade de C O2que
atravessa a membrana seja idêntica à quantidade de O2 que vai dos alvéolos
para o sangue.

 Fatores que condicionam a hematose:


1. Gradiente de pressão parcial: A relação entre a quantidade de ar que
entra e sai dos pulmões (ventilação) e o fluxo sanguíneo (perfusão)
que contacta com os alvéolos.

2. Espessura da membrana respiratória: A difusão dos gases diminui


com o aumento da espessura da membrana

3. Coeficiente de Difusão: Quanto maior o coeficiente de difusão do gás,


mais rapidamente este se difunde através da membrana

4. Área da superfície funcional da membrana respiratória: A


quantidade de gás que é possível trocar entre os alvéolos e os
capilares pulmonares é tanto maior quanto maior for a superfície da
membrana (quanto maior for a área disponível para trocas)
5. Relação ventilação-perfusão: As arteríolas atuam no sentido de
ajustar o fluxo sanguíneo pulmonar ao volume de ar ventilado para os
alvéolos. A quebra da PO2 e a elevação da PCO2 estimula a constrição
das arteríolas e a redução do fluxo sanguíneo para os capilares dos
alvéolos não ventilados. Pelo contrário, o aumento da PO2 e
diminuição da PCO2 induz a vasodilatação das arteríolas pulmonares.

 Trocas gasosas ao nível dos tecidos (Respiração Interna)


- Em condições normais, a PO2 nos tecidos é sempre inferior à PO2 no sangue
arterial. Nos tecidos é, em média, 40 mmHg e no sangue arterial de 104
mmHg. O gradiente de pressão é no sentido de produzir a difusão do O 2 do
sangue para os tecidos.
- Por sua vez, a PCO2 nos tecidos é de 45 mmHg contra 40 mmHg no sangue,
o que o faz deslocar das células dos tecidos para o sangue dos capilares
sistémicos. Assim, o sangue venoso que abandona os tecidos possui PO2 de
40 mmHg e PCO2 e 45 mmHg.

Transporte de Oxigénio
- O O2 pode ser transportado no sangue de duas formas distintas:
1. Dissolvido no plasma sanguíneo:
2. Pela Hemoglobina no interior dos eritrócitos:
- Cerca de 97% do transporte de O2
- A hemoglobina encontra-se nos eritrócitos cuja produção na medula vermelha

dos ossos é estimulada pela hormona eritropoietina, produzida nos rins


 A libertação eritropoietina para o sangue é determinada por dois
estímulos:
 Défice de O2 (hipoxia) detetado nos rins
 Concentração de androgénios no sangue

- A combinação do O2 com a hemoglobina é um fenómeno reversível:


1. Reação de associação: Nos pulmões, o O2 liga-se à Hb para formar
oxihemoglobina (HbO2)
- Quando a PO2 é elevada, a reação de associação é facilitada
2. Reação de dissociação: Nos tecidos, estes dissociam-se formando-se
desoxihemoglobina
- Quando a PO2 é elevada, a reação de dissociação é inibida
- Sempre que a % de Hb saturada diminui no sangue venoso, há um
aumento na quantidade de oxigénio distribuído aos tecidos (reação de
dissociação facilitada – Reacão de dissociação facilitada

 Saturação: Quando 4 moléculas de O2 se unem à hemoglobina, não é possível


estabelecer novas uniões com moléculas de O2
- Praticamente toda a hemoglobina fica saturada a valores de PO2 acima de
70 mmHg
 Curva de dissociação da HbO2 em relação à PO2: A quantidade de O2 que se liga
à Hb está relacionada com a pressão parcial de O2 no sangue, numa relação que
não é linear
 Pulmões:
- PO2 é elevada (104 mmHg), logo todas as moléculas de desoxihemoglobina
que chegam são convertidas em oxihemoglobina.
- O sangue sai dos pulmões com uma PO2 de 100 mmHg e uma percentagem
de hemoglobina saturada de 97% (97% da hemoglobina do sangue arterial se
encontra sob a forma de oxihemoglobina).

 Nos capilares sistémicos:


- PO2 é reduzida, logo facilita a reação de dissociação e inibe a de associação
- Libertação do O2 que está ligado à Hb e distribuição do mesmo pelas
células.

 Reserva de O2: Reserve venosa


- Determinada pela elevada percentagem de Hb saturada no sangue venoso
que abandona os tecidos
- Permite manter o funcionamento normal do encéfalo e coração durante
uns 5min na ausência de ventilação.

Efeitos do pH e temperatura no transporte de O2


 Afinidade: Capacidade da molécula de Hb de fixar o O2
- Elevada afinidade facilita a reação de associação e inibe a de dissociação
- Fraca afinidade facilita a reação de dissociação e inibe a de associação.
- Em condições normais, a afinidade da hemoglobina é bastante elevada.

1. pH
 Ácido: pH baixo
- Afinidade da Hb ao O2 diminui
 Básico: pH alto
- Afinidade da Hb ao O2 aumenta.

 Efeito de Bohr: Para um pH baixo, a quantidade de O2 distribuída aos


tecidos aumenta porque diminui a afinidade da hemoglobina.
- Valores elevados da concentração de CO2 no sangue, como acontece
no metabolismo celular, tendem a baixar o pH.
- De acordo com Bohr, isto é suficiente para fazer aumentar a
quantidade de O2 distribuída aos tecidos pois reduz a afinidade da
hemoglobina.
2. Temperatura
- Temperaturas elevadas: Reduz a afinidade e aumenta a quantidade de O2
distribuída aos tecidos
- Temperaturas baixas: Aumenta a afinidade da Hb.

Transporte de Dióxido de Carbono


1. CO2 formado nas mitocôndrias
2. Difunde-se no sangue
3. É transportado até os capilares pulmonares para a sua eliminação na hematose e
fase de expiração.
 No sangue, o transporte de CO2 é feito de 3 formas:
 Sob a forma de ião bicarbonato (HCO3-): 60-70% do transporte
 Ligado à hemoglobina: Nos eritrócitos, para formar
carbaminohemoglobina, HbCO2 (20-30%)
 Dissolvido no plasma: 7-10% do transporte

 Efeito Haldane: O aumento da PO2 no sangue tende a libertar o CO2 da


hemoglobina

Controlo da Respiração
- A inspiração e a expiração são o resultado da contração e relaxamento de músculos
esqueléticos (respiratórios) em resposta à atividade de motoneurónios localizados na
medula.
- Recetores do parênquima pulmonar: Informam o sistema de controlo da respiração
do resultado da contração dos músculos respiratórios
- A atividade dos motoneurónios é regulada por dois sistemas distintos, mas
funcionalmente sobrepostos:
1. Sistema de controlo voluntário: Exercido por neurónios do córtex cerebral até
de vias corticoespinais
- Responsável pelo ritmo respiratório básico, assim como pelo ajustamento da
ventilação às necessidades metabólicas do organismo, no que se refere ao
volume das trocas gasosas
- Fundamental para o desempenho de atividades como falar, cantar, tocar
instrumentos de sopro
- A amplitude e frequência da respiração podem ser alterados de forma
voluntária com base em estímulos do CC
2. Sistema de controlo involuntário/automático: Assegurado por neurónios do
tronco cerebral e medula que vai desencadear impulsos que irão ativar os
músculos.
- Responsável não só pelo ritmo base de respiração como pela regulação da
ventilação conforme as necessidades metabólicas do organismo.
 Quimiorrecetores: Informam o bulbo e a ponte quanto à composição do
sangue arterial em relação à PO2, PCO2 e concentração do ião
hidrogénio (H+)

- O centro respiratório pode ser dividido em 3 áreas:


 Área da ritmicidade bulbar:
- Localiza-se na região do bulbar da formação reticulada
- Responsável pela manutenção do ritmo básico da respiração (alternância
inspiração/expiração)
- Constituída por:
1. Neurónios I: Despolarizam na inspiração
- Geram impulsos nervosos que são enviados para os segmentos
medulares através de vias motoras próprias – nervo frénico, onde
estimulam motoneurónios que irão atuar sobre os músculos
inspiradores
 Quando são ativados o impulso é enviado em 2 direções:
- Segmentos da medula: Ativam os neurónios respiratórios
- Área Pneumotáxica: Quando é ativada, inibe a área
apnêustica e a atividade espontânea dos neurónios I acontece
de novo → início de um novo ciclo.

2. Neurónios E: Despolarizam na expiração


- Permanecem inativos durante a respiração eupneica
- A ativação dos neurónios E, inibe os neurónios I, o que vai inibir a
inspiração.
 Este ciclo de ativação e desativação dos neurónios I repete-se
continuamente (12-18 ciclos por minuto).
- Duração média da inspiração: 2s
- Duração média da expiração: 3s.

 Áreas apnêustica e pneumotáxica


- Localizadas na protuberância anelar
- Reforçam a função da área da ritmicidade bulbar: Assegurar ritmos
respiratórios regulares e rítmicos
- Os impulsos gerados na área apnêustica têm uma ação excitatória sobre
os neurónios I da área da ritmicidade bulbar, prolongando a inspiração.
- A área pneumotáxica inibe a área apnêustica e os neurónios I da área da
ritmicidade bulbar.
Fatores que influenciam a amplitude e frequência da respiração
- Os neurónios do sistema de controlo automático regulam a amplitude e frequência
da respiração em função de estímulos excitatórios/inibitórios que chegam ao bulbo e
protuberância anelar.
- Estes estímulos provêm de centros nervosos superiores, tais como: CC, centros do
hipotálamo, assim como de recetores nervosos das vias aéreas superiores, no
parênquima pulmonar, músculos e articulações
- Chegam também ao tronco cerebral informações relativas à composição do sangue
arterial no que se refere às concentrações de O2, CO2 e ião H+.

1. Fatores químicos:
- As informações relativas à composição do sangue arterial são recolhidas por:
 Quimiorrecetores centrais:
- Estão em contacto com o líquido céfalo-raquidiano
- Ligados aos neurónios do centro de controlo automático da respiração
por pequenas fibras nervosas
- O líquido CR ao nível do bulbo está separado da rede sanguínea por uma
camada de endotélio (epitélio capilar) altamente permeável ao CO2 e O2.
- À medida que o CO2 se difunde do sangue para o líquido CR, aumenta a
formação de ácido carbónico e libertação de ião H+ → diminuição do pH
do líq CR com o aumento da PCO2

 Quimiorrecetores periféricos:
- Encontram-se alojados em pequenos nódulos no interior da aorta (corpo
aórtico) e na bifurcação das carótidas primitivas (corpo carotídeo)
- Recebem sangue através de pequenos ramos colaterais.
- O corpo aórtico comunica com o centro de controlo automático da
respiração através de fibras sensitivas do nervo vago (X par craniano),
enquanto o corpo carotídeo estabelece ligação através de fibras sensitivas
do nervo glossofaríngeo (IX par craniano).

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