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1 Rafaela Ramos

Sistema Respiratório
As quatro funções primárias do sistema O sistema respiratório é formado pelas
respiratório são: estruturas envolvidas com a ventilação e
com as trocas gasosas:
1. Troca de gases entre a atmosfera e o
sangue. O corpo traz o O2 e o distribui para • O sistema condutor, ou vias aéreas,
os tecidos, eliminando o CO2 produzido que conduz ar do meio externo
pelo metabolismo. para a superfície de troca dos
2. Regulação homeostática do pH do corpo. pulmões.
Os pulmões podem alterar o pH corporal • Os alvéolos são uma série de sacos
retendo ou eliminando seletivamente o interconectados e associados aos
CO2. seus respectivos capilares
pulmonares. Essas estruturas
3. Proteção contra patógenos e substâncias formam a superfície de troca,
irritantes inalados. Assim como todos os onde o oxigênio se move do ar
outros epitélios que têm contato com o inalado para o sangue, e o dióxido
meio externo, o epitélio respiratório é be m de carbono move-se do sangue
suprido com mecanismos de defesa que para o ar que será exalado.
aprisionam e destroem substâncias
• Os ossos e os músculos do tórax
potencialmente nocivas antes que elas
(cavidade torácica) e do abdome
possam entrar no corpo.
que auxiliam a ventilação.
4. Vocalização. O ar move-se através das
O sistema respiratório pode ser dividido
pregas vocais, criando vibrações usadas
para falar, cantar e outras formas de em duas partes: o trato respiratório superior,
comunicação. que consiste em boca, cavidade nasal,
faringe e laringe (onde o ar é filtrado,
umedecido e aquecido), e o trato
O Sistema Respiratório respiratório inferior, que é formado pela
traqueia, pelos dois brônquios principais,
A respiração é o movimento de gases entre suas ramificações e pelos pulmões.
o meio externo e as células do corpo.
O sistema respiratório é formado por
A troca de ar entre a atmosfera e os ductos, chamados de vias respiratórias, o
pulmões é conhecido como ventilação, ou
conjunto dessas vias é chamado de arvore
respiração. Inspiração (inalação) é o
respiratória. Essa arvore se ramifica, e cada
movimento do ar para dentro dos pulmões.
ramificação gera segmentos
Expiração (exalação) é o movimento de ar
funcionalmente independentes. A traqueia
para fora dos pulmões. Os mecanismos
é um segmento ordem zero, os brônquios
pelos quais a ventilação ocorre são
principais (primeira ramificação) são de
chamados coletivamente de mecânica da
ordem 1, os brônquios lobares (segunda
respiração.
ramificação) ordem 2 e assim até chegar
nos sacos alveolares.
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É nos alvéolos e nos chamados bronquíolos


respiratórios que a troca gasosa acontece. O
restante do gás contido no aparelho
respiratório preenche o restante dessa via,
que vão da traqueia até os bronquíolos
terminais, cuja função é acondicionar e
conduzir o gás respiratórios até os
alvéolos. Da traqueia até os bronquíolos
terminais não ocorrem trocas gasosas, por
isso são chamados de espaço morto
anatômico.

Lâminas de revestimento

Os pulmões são formados por um tecido


leve e esponjoso, cujo volume é ocupado
principalmente por espaços cheios de ar.
Cada pulmão é rodeado por um saco
pleural de parede dupla, cujas membranas
forram o interior do tórax e cobrem a
superfície externa dos pulmões. As
camadas opostas da membrana pleural são
mantidas unidas por uma fina camada de
líquido pleural. O líquido pleural tem vários
Os ossos e os mm. do tórax propósitos. Primeiro, ele cria uma
superfície úmida e escorregadia para que
as membranas opostas possam deslizar
O tórax é delimitado pelos ossos da coluna uma sobre a outra enquanto os pulmões se
vertebral e das costelas e seus músculos movem dentro do tórax. Segundo, ele
associados. Juntos, os ossos e os músculos mantém os pulmões aderidos à parede
são denominados caixa torácica. As costelas torácica.
e a coluna (a parede torácica) formam as Lâmina visceral: fica aderida aos pulmões.
laterais e a parte superior da caixa torácica.
A camada de músculo esquelético em Lâmina parietal: aderida a parede torácica.
forma de cúpula, o diafragma, forma a
base.

O conjunto de dois músculos intercostais,


interno e externo, conectam os doze pares
de costelas. Músculos adicionais, os
esternocleidomastóideos e os escalenos,
estendem-se da cabeça e do pescoço até o
esterno e as duas primeiras costelas.
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O que faz com que a pressão intrapleural


Ventilação pulmonar seja negativa é o fato de a caixa torácica
ser inextensível, criando um vácuo dentro
da cavidade pleural. Como a parede dente
Como os alvéolos e as vias respiratórias são a se expandir e os pulmões tendem a
estruturas anatômicas abertas, mantem colapsar, ocorre um discreto afastamento
contato com o ar atmosférico. Por isso, a dos dois folhetos pleurais, aumentando
pressão intra-alveolar tem valor igual a assim o volume da cavidade pleural e
Patm. O ar se desloca em direção dos alvéolos gerando nesta uma pressão negativa,
se a Patm se tornar maior que a pressão sugando o ar durante a expiração.

intra-alveolar. Ou seja, se movimenta da Tensão superficial: é um efeito que ocorre


região de maior pressão para a de menor. na camada superficial de um líquido,
Para diminuir a pressão intra-alveolar, fazendo com que a superfície deste se
basta aumentar o volume dos alvéolos, comporte como uma membrana elástica. A
pois, segundo a lei de Boyle, quanto maior tensão superficial só não inviabiliza a
o volume de um recipiente, menor é a respiração porque existe no interior
função que o gás exerce em seu interior. alveolar uma substância produzida pelos
Logo, para que a pressão intra-alveolar pneumocitos tipo 2, denominada surfactante,
diminua, basta que os pulmões se expandam que reduz a tensão superficial.
durante a inspiração. A consequência é a
entrada de ar até a pressão intra-alveolar se
igualar a Patm.
Volumes e capacidades
pulmonares
A inspiração ocorre em virtude de a
pressão nos pulmões ser mais reduzida do
que a pressão atmosférica. Em
contrapartida, a expiração ocorre quando a Os volumes pulmonares podem ser
pressão intrapulmonar passa a pressão mensurados por meio de uma técnica
atmosférica. denominada espirometria. Durante a
utilização desse procedimento, o indivíduo
respira num dispositivo capaz de mensurar
o volume de gás inspirado e expirado. A
capacidade vital (CV) é definida como a
quantidade máxima de gás que pode ser
expirada após uma inspiração máxima. O
volume residual (VR) é o volume de gás que
resta nos pulmões após uma expiração
máxima. A capacidade pulmonar total (CPT) é
o volume de gás nos pulmões após uma
inspiração máxima e a soma dos dois
volumes pulmonares (CV+VR).
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Ventilação-Perfusão

A troca gasosa normal exige uma


Difusão dos gases coordenação entre a ventilação (4L) e o
fluxo sanguíneo (5L).

• Ventilar os alvéolos sem perfundir (fluxo


A pressão total de uma mistura gasosa é a sanguíneo) - Efeito espaço morto (ápice
soma das pressões que cada gás exerce pulmonar, alta V/Q). Pacientes com enfisema.
independentemente. PO2= 159mmhg
PN2= 600,7mmhg • Perfundir sem ventilar – Efeito shunt (base
Como o CO2, O2 e o N2 representam quase pulmonar, baixo V/Q). Pacientes com
100% da atmosfera, a pressão barométrica atelectasia.
total é calculada por: P=PO2+PN2+PCO2.
A relação V/Q (0,8) no ápice pulmonar, a
A quantidade de O2 e CO2 dissolvido no ventilação (em repouso) na região superior
sangue obedece a lei de Henry e são do pulmão é alta em relação ao fluxo
dependentes da temperatura do sangue, sanguíneo, o que acarreta uma má troca
da pressão parcial e da solubilidade do gás. gasosa. Por outro lado, a ventilação na
base pulmonar representa um fluxo
A pressão PCO2 e PO2 do sangue que entra
sanguíneo maior do que a ventilação, ou
nos pulmões são de aprox. 46 e 40mmHg,
sejam satisfaz a troca gasosa em repouso.
respectivamente. Em contraste, a PCO2 e a
A distribuição da ventilação depende da
PO2 do gás alveolar são de 40 e 105mmHg,
respectivamente. Como resultado da
diferença da pressão parcial pela interface
Transporte de O2 e CO2
sangue-gás, o CO2 deixa o sangue e se
difunde para o alvéolo, e o O2 se difunde pressão intra-pleural, no ápice a gravidade
do alvéolo para o sangue. O sangue que (peso do pulmão) e a sua força retrátil
deixa os pulmões apresenta PO2 de aprox. agem na mesma direção, o que torna a
80 - 100mmHg e uma PCO2 de 35 - pressão pleural mais negativa. Na base o
40mmHg. peso dos pulmões e a sua força retrátil
agem em direções opostas, o que torna a
A FiO2: fração inspirada de O2, na pressão pleural menos negativa.
atmosfera em qualquer lugar é 21%.

A principal porção do O2 e do CO2


transportados pelo sangue é de O2 combinados
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á hemoglobina e de CO2 transformado em


bicabornato (HCO3). Menos CO2, diminui a concentração do H+
e, consequentemente, na diminuição do
• Hemoglobina e o transporte de O2:
PH. Mais CO2, aumenta H+ e aumenta o
Cada molécula de hemoglobina pode PH. Por essa razão o aumento da
transportar quatro moléculas de O2, essa ventilação pulmonar causa a exalação de
ligação forma a oxiemoglobina. E a sem Co2 adicional e resulta na redução do PCO2
ligação com o oxigênio é a do sangue, a redução da ventilação
desoxiemoglobina. O nível de saturação pulmonar acarreta o aumento do CO2 e
normal é de maior que 94%, se tiver com aumento de íon H+, mais ácido.
90% ainda é normal. Já com 88% de saO2
tem que utilizar oxigênio. Parâmetros:
Quando cair mais de 4 pontos, é Controle da ventilação
considerado desaturação, porque 2% é a
faixa erro do equipamento e os outros 2%
é o trânsito da hemoglobina.
O centro de controle respiratório está
Transporte de co2 no sangue: localizado no bulbo. Em repouso, o padrão
respiratório normal é determinado pelo
A maior parte de CO2 transportado no
disparo intrínseco dos neurônios
sague é por meio do bicabornato. O
inspiratórios. O centro apneustico e o
dióxido de carbono pode se converter em
centro pneumotaxico, localizados na
bicarbonato no interior das hemácias. O
ponte, regulam a profundidade da
PCO2 elevada faz o CO2 + água virar ácido
respiração, atuando como inibidor dos
carbônico H2CO3 por meio da enzima
neurônios inspiratórios. O estímulo ao
anidrase carbônica, e o H2CO3 virar H+ e
centro respiratório vindo de
bicarbonato HCO3. Quando o sangue
quimiorreceptores centrais são sensíveis
atinge os capilares pulmonares, a PCO2 do
aos aumentos da PCO2 e as diminuições do
sangue é maior do que a do alvéolo e,
PH, enquanto os periféricos são sensíveis
consequentemente, o CO2 se difunde para
aos aumentos da PCO2 e as diminuições da
fora do sangue. No pulmão, a ligação do O2
PO2 ou do PH.
a hemoglobina resulta numa liberação dos
íons hidrogênio ligados a hemoglobina e
promove a formação do ácido carbônico.
Sob condições de PCO2 baixa existente no
alvéolo, o ácido carbônico é dissociado em
CO2 e H2O.

Referências:

SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia


humana: uma abordagem integrada 7. Ed.
PORTO ALEGRE: ARTMED, 2017.

Equilíbrio acido-básico
6 Rafaela Ramos

MOURÃO JÚNIOR, C.A.; ABRAMOV, D.M.


Fisiologia Essencial. Ed RIO DE JANEIRO:
GUANABARA KOOGAN, 2011.

GUYTON, A.C., HALL, J.E Tratado De


Fisiologia Médica 12. Ed. RIO DE JANEIRO:
GUANABARA KOOGAN, 2011.

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