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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: FISIOLOGIA VETERINÁRIA

Docente: Prof. Dr. Maria Cristiane Miranda


Discente: Ana Luiza de Oliveira Muniz, Maria Eduarda Castro
Teixeira, Maria Júlia de Freitas Torres, Patrícia Ellen Abreu Martins.

RESUMO DE SISTEMA RESPIRATÓRIO

São Luís - MA
2024
1. Anatomia do Sistema Respiratório

O sistema respiratório é dividido em diferentes porções, sendo elas porção


condutora para passagem do ar, porção respiratória (troca gasosa) e
mecanismo de ventilação (caixa torácica). Na porção condutora tem a
presença de: Cavidade nasal com região vestibular, respiratória e olfatoria.
As cavidades nasais são constituídas de um vestíbulo externo que se
estende o restante da cavidade nasal, já a fossa nasal (epitélio
pseudo-estratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes) tem função de
troca de temperatura, retenção de partículas até a fossa nasal interna. A
região olfatória na parte dorsocaudal da cavidade nasal (reveste o etmóide e
a concha dorsal).
Dentre as estruturas estão:
Nariz e cavidade nasal: Assim como nos humanos, muitos animais possuem
narinas e uma cavidade nasal que filtram, umidificam e aquecem o ar
inspirado.
Faringe: A faringe é um tubo que conecta as narinas ou boca à laringe. Ela
serve como um canal para o ar e também para a passagem de alimentos.
Laringe: A laringe é encontrada em animais que produzem sons vocais, como
aves e mamíferos. Ela contém estruturas especializadas, como as cordas
vocais, que permitem a produção de sons.
Traqueia: A traqueia é um tubo rígido que transporta o ar da faringe aos
pulmões. Em alguns animais, como os insetos, a traqueia ramifica-se em
tubos mais finos chamados traqueóides, que fornecem oxigênio diretamente
às células.
Brônquios e pulmões: Em muitos vertebrados, incluindo mamíferos, répteis e
aves, a traqueia se divide em brônquios, que levam o ar para os pulmões. Os
pulmões podem variar em estrutura e número entre as espécies, mas a
função principal é a troca de oxigênio e dióxido de carbono com o sangue.
Diafragma: Em mamíferos, como cães e gatos, o diafragma é um músculo
importante na respiração. Ele se contrai e relaxa para permitir a entrada e
saída de ar dos pulmões.
Órgão vomeronasal: O órgão vomeronasal, também conhecido como órgão
de Jacobson, é uma estrutura sensorial encontrada em muitos animais, como
répteis, anfíbios e alguns mamíferos. Sua principal função é detectar
feromônios, substâncias químicas liberadas por outros indivíduos da mesma
espécie, que desempenham um papel importante na comunicação e no
comportamento reprodutivo.
Brônquios extrapulmonar e intrapulmonar: Os brônquios são estruturas do
sistema respiratório que se ramificam a partir da traqueia. Os brônquios extra
pulmonar são as primeiras ramificações que levam o ar para os pulmões,
enquanto os brônquios intrapulmonar se ramificam dentro dos pulmões,
distribuindo o ar para os diferentes lobos pulmonares. A função dos
brônquios é transportar o ar para dentro e para fora dos pulmões, permitindo
a troca gasosa.
Ductos alveolares: Os ductos alveolares são estruturas encontradas nos
pulmões, que se ramificam a partir dos bronquíolos respiratórios. Eles são
responsáveis por conduzir o ar até os sacos alveolares.
Sacos alveolares: Os sacos alveolares são pequenas estruturas saculares
encontradas nos pulmões. Eles são formados por agrupamentos de alvéolos
e são responsáveis pela expansão da superfície de troca gasosa nos
pulmões. Os sacos alveolares permitem uma maior eficiência na absorção de
oxigênio e eliminação de dióxido de carbono.
Alvéolos: Os alvéolos são os menores sacos de ar encontrados nos pulmões.
Eles são revestidos por uma fina camada de células e estão envolvidos na
troca de gases, onde o oxigênio é absorvido pelo sangue e o dióxido de
carbono é liberado dos capilares sanguíneos para ser expirado. A grande
quantidade de alvéolos nos pulmões proporciona uma área de superfície
ampla para facilitar a troca gasosa eficiente.
Brânquias: Em animais aquáticos, como peixes e alguns anfíbios, as
brânquias são responsáveis pela respiração. Elas são estruturas
especializadas para a troca de gases com a água, permitindo a absorção de
oxigênio e a eliminação de dióxido de carbono. Essas estruturas
desempenham papéis importantes no sistema respiratório, permitindo a
entrada e saída de ar, a troca de gases e a detecção de substâncias
químicas específicas. Cada uma delas contribui para o funcionamento
adequado do sistema respiratório nos diferentes animais.

2. Mecânica da Respiração

Corresponde a um movimento de Inspiração e outro de expiração.Durante a


fase de inspiração há dilatação do volume do tórax e dos pulmões e
consequentemente fluxo de entrada de ar. O tórax dilata-se devido a
contração do diafragma e ao movimento das costelas para fora. Durante a
fase de expiração há diminuição do volume do tórax com fluxo de saída do ar
em função do relaxamento dos músculos.
Além disso, o ciclo de respiração complementar corresponde ao ciclo
respiratório caracterizado por uma Inspiração rápida seguida por uma
expiração prolongada, pode ser também chamado de suspiro e parece
inexistir no cavalo. Tais ciclos provavelmente ocorrem como compensação
para uma ventilação insuficiente, e recomenda-se que ele seja produzido
artificialmente durante o procedimento de ventilação de uma anestesia geral
ou profunda ( Moraes, 2010).
Os tipos de respiração também possuem sua classificação, o
costo-abdominal é o tipo de respiração normal dos animais. Embora o tipo de
respiração seja costo-abdominal observa-se no cão e no Homem um
predomínio costa e no Eqüino e no Bovino um predomínio abdominal.
Abdominal é caracterizada por maior movimentação do abdome e ocorre por
dores no tórax e arreio mal colocado. A costal ou torácica é caracterizada por
pronunciada movimentação das costelas e ocorre por respiração dificultada e
afecções abdominais dolorosas, gestação e gases (Moraes, 2010).
A frequência respiratória é o número de ciclos respiratórios registrados em
um minuto e corresponde a um excelente indicador da saúde animal.
Ocorrem variações em função da espécie animal, do tamanho corporal, da
idade, exercício físico, excitação, temperatura ambiente, gestação, estado de
saúde (hipotermia e hipertermia) grau de enchimento do trato digestivo.
A fisiologia da mecânica da respiração animal envolve os processos que
permitem a entrada e a saída de ar nos pulmões, bem como a troca gasosa
nos alvéolos pulmonares.
1. Inspiração e expiração: A respiração animal envolve dois processos
principais: a inspiração, que é a entrada de ar nos pulmões, e a expiração,
que é a saída de ar dos pulmões. Durante a inspiração, os músculos
respiratórios, como o diafragma e os músculos intercostais, se contraem,
aumentando o volume da cavidade torácica e causando a expansão dos
pulmões. Isso cria uma pressão negativa nos pulmões, permitindo a entrada
de ar. Durante a expiração, os músculos respiratórios relaxam, diminuindo o
volume da cavidade torácica e causando a compressão dos pulmões. Isso
cria uma pressão positiva nos pulmões, expulsando o ar.
2. Troca gasosa nos alvéolos: Os alvéolos são as unidades funcionais dos
pulmões, onde ocorre a troca de gases. Durante a inspiração, o oxigênio
presente no ar que entra nos pulmões difunde-se através das membranas
alveolares e dos capilares sanguíneos, entrando nas hemácias e ligando-se à
hemoglobina. Ao mesmo tempo, o dióxido de carbono, que é um produto
residual do metabolismo celular, difunde-se do sangue para os alvéolos e é
expirado durante a expiração.
3. Transporte de gases no sangue: O oxigênio ligado à hemoglobina é
transportado pelo sangue para os tecidos do corpo, onde é liberado para as
células. O dióxido de carbono produzido pelas células é transportado pelo
sangue em forma dissolvida, ligado à hemoglobina ou como íons bicarbonato.
Ele é então levado de volta aos pulmões, onde é liberado para o ar exalado
durante a expiração.
4. Controle da respiração: A respiração é controlada principalmente pelo
sistema nervoso central, que regula a frequência e o ritmo respiratórios. O
centro respiratório localizado no tronco cerebral recebe informações dos
quimiorreceptores, que detectam os níveis de oxigênio, dióxido de carbono e
pH no sangue. Com base nessas informações, o centro respiratório ajusta a
atividade dos músculos respiratórios para manter um equilíbrio adequado de
gases no corpo.
3. Trocas Gasosas

O processo de trocas gasosas acontecem após os alvéolos serem ventilados


com ar. O ar atmosférico é constituído por uma mistura de gases, sendo 21%
oxigênio. A força que as moléculas desse oxigênio exerce no ar é chamada
de pressão parcial do oxigênio (PO2), que é menor dentro dos alvéolos.
Tendo em vista que as moléculas sempre se movem para o local de menor
pressão, o oxigênio é estimulado a se movimentar para os alvéolos e o
dióxido de carbono, que está em maior pressão quando comparado ao ar
externo, é estimulado a se movimentar para fora. Entre os alvéolos
pulmonares encontram-se os capilares sanguíneos, separados por uma fina
barreira constituída por: surfactante, uma camada de líquido, uma de epitélio
(formada por pneumócitos tipo 1), um interstício e uma camada endotelial. Os
capilares trazem CO2 provenientes do coração e geram trocas gasosas
denominadas hematose, ocorrendo por meio de difusão, saindo O2 dos
alvéolos e entrando com o CO2.
Ao alcançar o meio intravascular, o oxigênio, por ser pouco solúvel em água,
precisa de um pigmento transportador chamado hemoglobina, que é uma
proteína com quatro subunidades capaz de transportar quatro moléculas de
O2 e encontra-se confinada dentro de uma hemácia. Quanto maior for a PO2
de um local, maior é a afinidade entre hemoglobina e oxigênio, formando uma
ligação mais forte e sendo mais difícil liberar a molécula de oxigênio nos
tecidos.
Figura 1.

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/multimedia/figure/curva-de-dissocia%C3%A7
%C3%A3o-da-oxi-hemoglobina

A curva pode ser alterada para a esquerda, diminuindo a afinidade, ou para a


direita, aumentando a afinidade, sobre a influência de alguns fatores
(temperatura, PO2, entre outros).
Quando a hemácia possui menor quantidade de oxigênio, ela é visualizada
em um tom mais azulado no sangue e esse evento é chamado de cianose.
Ao se desligar da hemoglobina para adentrar as células teciduais por difusão,
visto que está em maior concentração no sangue e em menor concentração
nos tecidos. O oposto acontece com o dióxido de carbono produzido pelo
metabolismo celular, que se difunde para os capilares e é transportado de
diferentes maneiras. No sangue, grande parte sofre reação química através
de uma enzima (anidrase carbônica), que faz com que a junção com água
forme ácido carbônico (H2CO3), que dissocia formando íons H+ e
bicarbonato. Esse metabólito é levado para o pulmão, onde é excretado.
Em situações de exercício físico, a demanda do organismo por oxigênio é
maior, tornando necessário o aumento da frequência respiratória e do debito
cardíaco, desencadeado pela liberação de adrenalina pelo sistema nervoso
simpático, levando maior fluxo de oxigênio.
4. Controle da Respiração

O controle da respiração é feito pelo sistema nervoso autônomo através de


um centro nervoso localizado na região do bulbo. Desse centro derivam
nervos que são responsáveis pela contração dos músculos respiratórios,
esse centro respiratório que fica localizado no tronco cerebral, recebe
estímulos e envia respostas através da medula espinhal para neurônios
localizados nos órgãos efetores.
A principal função do sistema respiratório é absorver o oxigênio e eliminar
dióxido de carbono. Órgãos sensoriais monitoram o sangue e verificam os
níveis de oxigênio e de dióxido de carbono. Quando ocorre uma maior
concentração do dióxido de carbono, o cérebro aumenta a frequência e
profundidade da respiração, mas quando a concentração no sangue é baixa,
da mesma forma ele diminui a frequência e a profundidade.
Quanto a relação do controle da respiração relacionada a atividade física
realizada em locais de altitudes, a velocidade com que o oxigênio é usado
pelo corpo determina a quantidade de energia por ele consumida, logo, o
exercício físico quando realizado em locais elevados sofre influência da
pressão parcial de oxigênio dificultando na utilização do aporte do mesmo,
causando mudanças fisiológicas. A alteração mais perceptível é a elevação
da frequência respiratória. À medida em que o corpo é exposto ao aumento
da altitude, a liberação de oxigênio para as células do corpo é comprometida.
Portanto, quando há a realização do exercício físico, os músculos demandam
mais oxigênio, assim aumentando o seu consumo.

5. Função do Sistema Respiratório

As principais funções do sistema respiratório para um bom funcionamento da


fisiologia corporal são absorção de oxigênio e liberação do gás carbônico.
Tanto o consumo de oxigênio quanto a produção de dióxido de carbono
variam com a taxa metabólica que depende da atividade física. O sistema
respiratório também é importante na termorregulação, no metabolismo de
substâncias endógenas e exógenas, na proteção do animal contra poeiras e
agentes infecciosos inalados. A função do sistema respiratório está
estreitamente relacionada ao sistema circulatório.

6. Distúrbios Respiratórios Comuns

Em determinadas épocas do ano, os animais de companhia precisam de


cuidados especiais, pois eles sentem as mudanças e alterações climáticas, e
é durante esse período que a incidência de doenças respiratórias aumentam
por conta friagem e baixa umidade.As causas normalmente são alergias, o
ambiente, e também, fatores genéticos.
Os sintomas clínicos são bem semelhantes, dentre eles: secreção nasal,
espirros, tosses, desidratação, febre e etc.
Para prevenção dessas doenças, podemos destacar: vacinação, exercitar o
animal, banhos com cautela, brinquedos e camas sempre limpas e secas,
panos que possam esquentar o animal caso ele mesmo sinta que precise.
As principais doenças em animais de estimação:
Asma e bronquite: o sistema imunológico apresenta reações a elementos
alérgenos como: ácaros, pólen, mofo e bolor, poeira, fumaça de cigarro.
Pneumonia: é um processo inflamatório e infeccioso que pode ser
ocasionado por vírus, bactérias e fungos.
Doenças respiratórias infecciosas em cães e gatos: Traqueobronquite
infecciosa canina (tosses dos canis) é causada por vírus (parainfluenza
canina) ou bactérias (Bordetella bronchiseptica). Nos felinos, as doenças
virais se destacam, como o herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1) e as bactérias.
Referência

GONÇALVES, Roberto Calderon. Semiologia do sistema respiratório.


Semiologia Veterinária. Roca, São Paulo, p. 313-331, 2004.
SWENSON, M.J. & Reece W.O.- Dukes- Fisiologia dos Animais
Domésticos. – 1la ed. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de
Janeiro-RJ,1996.

DE MORAES, A. Respiração nos Animais Domésticos Fisiovet.


Repositório UFF: Fisiovet, 6 mar. 2010. Disponível em:
<http://fisiovet.uff.br/wp-content/uploads/sites/397/delightful-downloads/2018/
06/Respira_mamif.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2024.

PEDRO, J. et al. Volume 5 -Edição 1 -2021 Resposta fisiológica do ser


humano à exposição a ambientes de elevada altitude. Revista científica
integradas Disponível em:
<https://www.unaerp.br/revista-cientifica-integrada/edicoes-anteriores/volume-
5-edicao-1-agosto-2021/4299-rci-respostafisiologica-altitude-04-2021/file#:~:t
ext=O%20exerc%C3%ADcio%20f%C3%ADsico%20quando%20realizado>.

MANUAIS MSD. Troca gasosa entre os alvéolos e os vasos capilares.


Disponívelem:<https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-p
ulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/biologia-dos-pulm%C3%B5es-e-d
as-vias-a%C3%A9reas/trocas-de-oxig%C3%AAnio-e-di%C3%B3xido-de-carb
ono>.

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