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Obras Públicas: Comentários à jurisprudência do TCU 2. ed.


, ano 2013, n. 1, abr. 2013

BDI – REFERENCIAIS DE CUSTOS INDIRETOS


Na Engenharia de Custos, o preço final de determinado serviço é dado pela expressão:

Preço = Custo Direto x (1 + BDI)

Em linhas sumárias, o “custo direto” é todo encargo disposto abertamente na planilha orçamentária, passível de medição direta e sobre o qual é realizada a “regular liquidação das despesas”, nos termos
dos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64. Nominam-se as demais despesas como “indiretas”, expressas em termos percentuais multiplicáveis a todos os custos diretos. É o chamado BDI (ou LDI), no qual se incluem,
em relação não exaustiva, os custos proporcionais de Administração central, tributos, lucro, risco e garantias.
Logo, para referenciar os preços-base da licitação — e como dever de cautela — o administrador deve tomar por base os custos diretos dispostos em referenciais oficiais de preços da Administração,
usualmente o Sicro e o Sinapi.9
Por lógica, contudo, caso se tomem, unicamente, paradigmas para os custos diretos, se empregadas taxas de BDI superestimadas para compor os preços finais dos serviços, a simples utilização dos
preços Sicro/Sinapi será inócua. Os preços finais, decerto, estariam inflados. Devem existir cuidados, também, para corretamente parametrizar os custos indiretos.
Reconhece-se que esses encargos dispostos no BDI são personalíssimos; dizem respeito às individualidades de cada empresa. Nessa linha, para aclarar o entendimento jurisprudencial do TCU sobre o
assunto, reproduzimos excerto do voto condutor do Acórdão 2.843/2008-Plenário, de lavra do Ministro Valmir Campelo:

22. Na alegação da especificidade do BDI para cada empresa e cada empreendimento, assiste razão às contratadas; realmente, concordo que cada construtora tenha o seu BDI específico, visto a estrutura
organizacional distinta de cada particular. De igual maneira, é verdade que cada obra exija nuanças administrativas diferentes ou necessidades díspares a impactar diferentemente em seus custos indiretos.
23. Entretanto, um BDI médio — aceitável — tomado a partir de obras de tipologia semelhante, não é somente possível, mas indispensável. É bem verdade que cada empresa alveja uma margem de lucro e que
possui maior ou menor estrutura, mas a negação de um limite não somente pode propiciar um enriquecimento sem causa, mas violar uma série de princípios primordiais da Administração, mormente a
economicidade, eficiência, moralidade e finalidade. Excessos na remuneração, provindos ou não do BDI, viciam a avença em seus basilares de boa-fé e função social do contrato.
24. Ao estabelecer um BDI referencial, portanto, não se alvitra, simplesmente, fixar um valor limite para o contratado. A utilização de um valor médio, em associação a outros custos do empreendimento,
propicia a percepção de um preço esperado da obra — aceitável —, harmônico entre os interesses da Administração e do particular.

Logo, com base na jurisprudência do TCU, identificamos os seguintes referenciais a serem utilizados pelos projetistas e administradores para a elaboração de orçamentos em obras públicas:

Nota: Os referenciais não impedem que, de acordo com cada caso concreto e desde que devidamente justificado, seja realizada adaptação aos paradigmas indicados. Deve-se, nesses casos, discorrer claramente o que diferencia aquele
empreendimento de outras obras de mesma tipologia; que aspecto particular motiva a diferenciação das taxas de BDI sugeridas. Levando em conta que a mobilização, a manutenção do canteiro e a administração local estão dispostas no
custo direto (à exceção do BDI do Sicro),10 a margem para modificações de valores tende a ser diminuta.

Como alerta, indicamos que os valores sugeridos nos Acórdãos listados na colação de jurisprudência (a seguir), correspondem à aplicação da seguinte expressão:

onde AC = taxa de rateio da Administração Central;


DF = taxa das despesas financeiras;
R = taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento;
I = taxa de tributos;
L = taxa de lucro.
O somatório dos valores individuais de cada parcela máxima, mínima e média (lucro, risco, administração, etc.) das referências estabelecidas nos Acórdãos 325/2007 2369/2011 e 2409/2011, listados a seguir, não
corresponderá aos valores finais máximos, mínimos ou médios do BDI total. Isso porque cada item componente dos custos indiretos foi obtido com base em estatísticas das dezenas — ou centenas — de contratos da
Administração pública naquele encargo específico. Deste modo, a faixa de variação do percentual de risco, por exemplo, foi apurada mediante avaliação probabilística específica daquele encargo, naquela
base amostral de contratos pesquisados. O mesmo para as garantias; e daí por diante. O valor global final apresentado, identicamente, corresponde ao tratamento estatístico dos valores totais da amostra; não
se baseia, assim, no somatório de todos os itens componentes do BDI.

Jurisprudência

Acórdão 325/2007-TCU-Plenário
Ministro Relator: Guilherme Palmeira

Trecho do Acórdão:
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9.1. orientar - Editora
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Tribunal que, quando dos trabalhos de fiscalização em obras públicas, passem a utilizar como referenciais as seguintes premissas acerca dos componentes de Lucros e Despesas
Indiretas – LDI: (...)
9.2. aprovar os valores abaixo listados como faixa referencial para o LDI em obras de linhas de transmissão e subestações:

(...)
9.3. determinar à SEGECEX que dê conhecimento às unidades jurisdicionadas ao Tribunal das premissas acerca dos componentes de Lucros e Despesas Indiretas – LDI, contidas no item 9.1 supra, que passarão a ser
observadas por esta Corte, quando da fiscalização de obras públicas.

Acórdão 2369/2011-TCU-Plenário
Ministro Relator: Marcos Bemquerer
Trechos do Acórdão:
9.3. orientar as unidades técnicas deste Tribunal a utilizar, até que sejam finalizados os exames do grupo de trabalho interdisciplinar a que se refere o item 9.1 supra:
9.3.1. os parâmetros para taxas de BDI contidos no item 9.2 do Acórdão
nº 325/2007-Plenário, quando se tratar de obras de linhas de transmissão de energia elétrica e de subestações;
9.3.2. os valores referenciais para taxas de BDI contidos nas tabelas a seguir, específicos para cada tipo de obra discriminado:

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Acórdão 2409/2011-TCU-Plenário
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Ministro Relator: Marcos Bemquerer
Trecho do Acórdão:
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, (...) ACORDAM, por unanimidade, em retificar, por inexatidão material, o Acórdão nº 2369/2011-TCU-Plenário, prolatado na Sessão de 31.8.2011, Ata nº 36/2011, incluindo a
tabela abaixo no subitem 9.3.2, mantendo-se inalterados os demais termos do acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

Acórdão 2346/2007-TCU-Plenário
Ministro Relator: Augusto Nardes
Trecho da Ementa:
4. No caso de obras de restauração rodoviária a cargo do Dnit, o critério objetivo a ser adotado para a verificação da regularidade do percentual de BDI aplicado ao contrato é o próprio limite estabelecido pelo Dnit por
meio do Sicro2.

Acórdão 2843/2008-TCU-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho da Ementa:
5. A negação de um limite para a remuneração das empresas em seus BDIs, obtidos de valores comumente praticados em empreendimentos congêneres, não somente pode propiciar um enriquecimento sem causa do
particular, mas violar uma série de princípios primordiais da Administração, mormente a economicidade, eficiência, moralidade e finalidade, além de viciar a avença em seus basilares de boa-fé e função social do
contrato.
Trecho do Voto:
27. Na verdade, não identifiquei nos termos do agravo o porquê de tamanha estranheza na utilização do SICRO. Seja em uma rodovia, seja numa ferrovia, os impostos seriam idênticos; a faixa de lucro aceitável também;
no rateio da administração central sobre a obra, considerando empresas de mesmo porte (ou até maiores em ferrovias), igualmente não se alvitraria grande diferença; os custos administrativos locais, com um único
canteiro de obras a abastecer uma obra construída linearmente e sucessivamente a partir de um ponto, apresentam igual semelhança. Tais similitudes convergem para a aparência de sobrepreço e não na ausência dele.
28. Também houve insurgência quanto aos percentuais de lucro, administração local e administração central incluídos no sistema do DNIT. Contestou-se que estariam muito abaixo do praticado no mercado e
acostaram-se uma série de referências bibliográficas da área de engenharia (fls. 380/392).
29. Determinei a minha assessoria, assim, que verificasse o exato teor das alusões bibliográficas citadas. Um dos autores comentados, o engenheiro Mozart Bezerra da Silva, considera o valor de 6% de remuneração como
valor “intermediário” e índices acima destes como “altos” (“Manual de BDI”)11 Em outro artigo técnico, elaborado pelos ACEs André Mendes e Patrícia Bastos,12 após pesquisa em publicações que avaliaram mais de 309
das maiores empresas de engenharia brasileira, avaliou-se um lucro médio de 7,20%. Outra referência, o livro “Novo Conceito de BDI”,13 adota o percentual de 10% como valor adequado para grandes obras. Caso
escoimados os impostos, tais quais orientação do Acórdão 325/2007-P, os valores cairiam para menos de 8%, bem próximos aos referenciais da SECOB.
30. Nos artigos citados, ainda, quando se apresenta uma faixa de variação aceitável para o lucro e outros custos administrativos, tais variações dependem fortemente do tamanho da obra. Maçahiko Tisaka,14 por exemplo,
defende um lucro entre 5 a 15%. Bem, em um empreendimento de mais de R$3 bilhões, deduzo que não somente o patamar adequado seria mais próximo do limite inferior, como ainda poderiam ser discutidos
parâmetros ainda mais baixos.
31. Nenhum dos estudos apresentados, além disso, se refere especificamente a obras ferroviárias (ou rodoviárias), em dissonância à lógica de toda a argumentação do agravo. Boa parte das publicações são
tradicionalmente voltadas ao mercado imobiliário (edificações), de valores globais relevantemente inferiores aos da engenharia pesada e de custos administrativos tendentes a patamares menores. Por extensão, assim,
considero aplicável a regra acerca do específico prevalecer sobre o geral. Nestes casos, portanto, os parâmetros do SICRO oferecem o devido subsídio para esta cognição preliminar, por mais próximos do caso concreto.

Acórdão 424/2008-TCU-Plenário
Ministro Relator: Benjamin Zymler
Trecho da Ementa:
1. Inadequação do acórdão nº 325/2007-TCU-Plenário para fixar faixas de BDI compatíveis com a obra em objeto do presente processo.
2. Características intrínsecas de cada empreendimento devem ser consideradas para a composição do BDI contratual.
3. Preservam-se os atos praticados sob entendimento do tribunal, quando sobrevenha novo entendimento acerca da mesma questão, em respeito ao princípio da segurança jurídica.

Acórdão 3239/2011-TCU-Plenário
Ministro Relator: Augusto Sherman
Trecho do Voto:
10. Acerca de tais argumentos, a Secob-4 promoveu análise em que concluiu por:
d) em relação ao BDI:
d.1) esclarece, desde logo, manter o mesmo entendimento da Secob-1 em suas análises, a saber, de que a adoção de um BDI referencial não intenta realizar análise isolada daquele item nem, consequentemente, imputar
irregularidade quanto a tal rubrica, mas sim aferir se os preços finais, compostos por custos e taxa de BDI, estão sendo praticados de forma justa e equilibrada, de modo a não causar prejuízos à administração ou ao
contratado;
Ver também: Acórdãos Plenários 1330/2009, 462/2010, 1101/2010, 1922/2011, 1923/20114 e 3061/2011.

BDI DIFERENCIADO PARA MATERIAIS


O art. 23 da Lei 8.666/93 assim estabelece:

§1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.
§2º Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta,
preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.

A regra, portanto, é o parcelamento. A impossibilidade dessa opção deve ser demonstrada por meio de arrazoado próprio, necessariamente disposto no bojo da motivação do processo licitatório.
Em alguns casos, a execução da obra inclui o fornecimento de materiais e equipamentos de natureza muito específica e de relevante materialidade no preço global do empreendimento. É o caso, por
exemplo, dos materiais betuminosos em obras rodoviárias (CAP, asfalto diluído, emulsão, etc.), dos tubos de aço ou ferro fundido em adutoras, ou das grandes bombas e transformadores nas usinas; como
ainda das esteiras de bagagens e pontes de embarque nos aeroportos.
Para tais situações, caso os insumos fossem adquiridos diretamente pela Administração, não incidiria sobre eles toda uma gama de encargos indiretos da contratada. É claro que haveria gastos
relacionados à guarda e estocagem dos materiais, ou alguma parcela de outros custos administrativos; mas é intuitivo que, proporcionalmente, os custos indiretos da empreiteira não se elevam na mesma
monta que os dispêndios diretos relacionados à compra desses materiais específicos.
Disso decorreram numerosas decisões do Tribunal de Contas da União. Entendeu-se que, quando o parcelamento não se faz técnica e economicamente viável para o caso de fornecimento de materiais e
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equipamentos materialmente relevantes e de reconhecida especificidade, de maneira a evitar que a construtora se torne mera atravessadora no fornecimento desses insumos, faz-se necessária a aplicação de um BDI
diferenciado sobre essa fração não parcelada da obra. Tenta-se, na verdade, simular os efeitos financeiros da compra direta. A jurisprudência aponta como aceitáveis percentuais entre 10% a 15%, conforme o
caso.
Propomos uma dissecação mais específica do tema para justificar essa redução. Considerem-se os custos indiretos mais impactados: lucro e administração central.
Com relação ao lucro, o percentual da remuneração ao contratado parametrizado pelos Acórdãos 325/2007-TCU-Plenário tem como limite superior o valor de 10%. Usualmente, esse valor provém da
comparação com obras congêneres, como da média dos lucros líquidos (ou resultado operacional líquido) de empresas de engenharia obtidas em consulta a revistas especializadas. Para uma simples
intermediação no provimento dos materiais discutidos (não parcelados), o TCU não veda a remuneração da empreiteira, mas entende como mais justo percentuais inferiores, de 2% a 3% (Acórdão 157/2009-
Plenário).
No caso dos tributos, nos termos da Lei Complementar 116/2003, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) não incide sobre os materiais. São 5% de impostos não incidentes sobre essa
parcela da obra.
Os custos com administração central, outro componente das despesas indiretas, referem-se aos encargos concernentes ao rateio dos custos da sede da empresa sobre as diversas obras que executa. Se
incluído como um valor absoluto (em Reais), o percentual dependerá da base de avaliação do encargo: se sobre o valor total do contrato; se sobre parte dos serviços, apenas. Nesse sentido, a simples inclusão
— ou exclusão — de um tipo de material no contrato não comportaria modificação relevante dos custos absolutos da administração central. A estrutura central administrativa da firma não teria que aumentar
para comportar essa aquisição. Em termos relativos, todavia, um mesmo valor absoluto aplicado sobre uma base maior (decorrente da inclusão do fornecimento no contrato), ensejará percentuais inferiores
no BDI. Daí a justa necessidade de reduzir as estimativas de custos indiretos para essa fração do empreendimento.

Jurisprudência
SÚMULA Nº 253/2010
Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que possam ser
fornecidos por empresas com especialidades próprias e diversas e que representem percentual significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de Bonificação e Despesas Indiretas – BDI
reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.

Acórdão 1020/2007-TCU-Plenário
Ministro Relator: Marcos Bemquerer
Trecho da Ementa:
1. Segundo a jurisprudência do TCU, consolidada na Súmula nº 247, sempre que possível, é obrigatória a adjudicação por item e não por preço global, nas licitações para a contratação de obras, serviços e alienações, cujo
objeto seja divisível e não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala.
2. Não tendo sido atendida a exigência mencionada no item anterior e sendo o fornecimento de materiais e equipamentos item significativo do empreendimento analisado, faz-se necessária a diferenciação entre o BDI de
fornecimento de materiais e o dos serviços de engenharia, de forma a enquadrar o primeiro a patamares geralmente aceitos pelo TCU.

Acórdão 157/2009-TCU-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho do Voto:
25. A Secob apresentou um recálculo do BDI de referência a ser aplicado não apenas aos tubos (como inicialmente realizado pela Secex/PE), mais ainda sobre o restante dos equipamentos e materiais.
26. À fl. 297, a unidade especializada propôs um ajuste na composição dos custos indiretos, impostos e bonificação. Após embasamento técnico, ajuizou-se um corte no ISS, na CSLL e no IRPJ; incluíram-se custos
administrativos com controle tecnológico, seguro, vigilância; considerou-se um custo financeiro da ordem de 1%, assim como um lucro aceitável de 2%. Chegou-se a um valor tido como justo de 9,15%.
27. Concordo com o tratamento dado aos impostos, pelas razões apresentadas pela Secob. No que concerne ao lucro, ofereço algumas considerações. O percentual da remuneração ao contratado no Acórdão 325/2007-
TCU-Plenário tem como limite máximo o valor de 10%. Usualmente, esse limite provém da comparação com obras congêneres, como da média dos lucros líquidos (ou resultado operacional líquido) de empresas de
engenharia obtidas em consulta a revistas especializadas.
28. Todavia, para simples intermediação no provimento de materiais, realmente, o patamar não é razoável. Entretanto, nesses casos é complexo referenciar um índice justo para o fornecimento, visto a ausência de
referenciais mais diretos. A Secob utilizou 2%, por já ser aceito em julgamento pretérito no Tribunal (Acórdão 1.020-2007-P). Em uma comparação direta, não vejo como desproporcional o lucro de 3% apresentado pela
contratada; ainda mais depois de perpassado por um processo licitatório válido, no que o avalio como cabível.
29. Proponho alteração, também, no custo financeiro de 1% alvitrado. Considere-se o seguinte: uma taxa mensal financeira de 1% e um pagamento das faturas 30 dias após as medições. Considere-se, ainda, que os
serviços não são todos realizados no dia imediatamente anterior à medição, estendendo-se proporcionalmente durante todo o mês. Nesse caso, na média, seriam executados 15 dias antes das medições, o que perfaz 45
dias entre a efetiva execução e o pagamento. Logo, considerado um mês e meio a uma taxa mensal de 1%, o custo financeiro será de 1,5%.15
30. Um outro ponto refere-se à administração central. A contratada apresentou um valor de 0,40% sobre os materiais, valor não acolhido. Ora, este encargo se refere ao rateio dos custos da sede da empresa sobre as
diversas obras que executa. Se incluído como um valor absoluto (em reais), o percentual vai depender da base sobre a qual se está se avaliando o encargo: se sobre o valor total do contrato; se sobre os serviços, apenas.
Nesse sentido, a simples inclusão da administração central no BDI dos materiais não é conceitualmente incorreta. Ajuízo como demais rigorosa a desconsideração dos 0,40%, pelo que proponho incluí-los.
31. Ao aplicar um lucro de 3%, um custo financeiro de 1,5% e a administração central de 0,40% nos referenciais da Secob, o BDI paradigma será de 11,20%.
32. À fl. 336, a unidade instrutiva chegou a um BDI referencial para os serviços de 33,25%. Em comparação à previsão contratual de 34,49% (excluída a CPMF), pela pequeníssima diferença, avaliou-se como aceitável o
percentual contratado.
33. Não somente concordo com a razoabilidade do tratamento dado ao BDI de serviços como avalio, por coerência, que o mesmo raciocínio deve ser empreendido para o caso dos materiais. Como a (...) já providenciou o
estorno dos 0,38% da CPMF (fl. 328), o percentual contratual seria de 13,04%, muito próximo dos 11,20% referenciais. O índice também não se distancia significativamente dos 10% tidos como válidos no Acórdão
1600/2003-P, patamar ao qual me referi em minhas considerações no Voto do Acórdão 1.599/2008-P.
Em conclusão, no que se refere ao BDI aplicado sobre os materiais, não se configura a fumaça do bom direito a embasar a concessão de medida cautelar propugnada.

Acórdão 2875/2008-TCU-Plenário
Ministro Relator: Augusto Sherman

Trecho do Sumário:
1. Segundo a jurisprudência do TCU, consolidada na Súmula 247, sempre que possível, é obrigatória a adjudicação por item e não por preço global, nas licitações para a contratação de obras, serviços e alienações, cujo
objeto seja divisível e não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala.
2. Não atendida a exigência mencionada no item anterior e sendo o fornecimento de materiais e equipamentos de grande materialidade, faz-se necessária a diferenciação entre o BDI de fornecimento de materiais e o dos
serviços de engenharia, de forma a enquadrar o primeiro a patamares geralmente aceitos pelo TCU.

Acórdão 1921/2010-TCU-Plenário
Ministro Relator: Marcos Bemquerer
Trecho do Voto:
17. Ainda em relação ao débito, observo que a 1ª Secob utilizou, para o cálculo do prejuízo, o BDI de 13,5% para equipamentos, em especial, o “Tubo em ferro fundido, junta elástica, ponta e bolsa DN 600mm TK7 JGS”.
Tal fato decorre da ausência de parcelamento na contratação que ora se analisa, implicando na indesejável aplicação do BDI usado para os serviços aos equipamentos, em que a contratada atua como mera intermediária
no seu fornecimento à Administração.
18. Considero oportuno à espécie, em linha de consonância com os seguintes precedentes do TCU: Acórdãos do Plenário nºs 1.600/2003, 1.020/2007, 1.599/2008 e 2.875/2008, bem como com os recentes Acórdãos nºs
1.021/2010 e 1.202/2010, também do Plenário, de minha Relatoria, a aplicação do BDI de 10% aos equipamentos.

Acórdão 1479/2011-TCU-Plenário
Ministro Relator: Raimundo Carreiro

Trecho do Acórdão:
9.1. acolher as conclusões das instruções da Secex/MG e da Secob, que consideraram não caracterizada a irregularidade atinente a não aplicação de taxa diferenciada de BDI no fornecimento de materiais e equipamentos e
o sobrepreço no contrato 15.742/2005;
Trecho do Voto:
É salientado nas respectivas instruções que, nas obras em questão, a maioria dos itens da planilha de preços não se caracteriza como mero fornecimento de equipamentos, pois também incluem complexos serviços de
montagem eletromecânica. Como consequência, concluem as unidades técnicas que “a irregularidade atinente a não aplicação de taxa diferenciada de BDI no fornecimento de materiais e equipamentos ficou
descaracterizada” e “o sobrepreço de R$22.997.933,02 apontado pela equipe de auditoria no contrato 15.742/2005 não ficou caracterizado”.

Acórdão 1368/2010-TCU-Plenário
Ministro Relator: Walton Rodrigues
Trecho do Voto:
A jurisprudência do TCU prevê a regra geral, consolidada na Súmula 247, no sentido da obrigatoriedade, sempre que possível, da adjudicação por item e não por preço global, nas licitações para a contratação de obras,
serviços e alienações, cujo objeto seja divisível e não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala.
Na impossibilidade técnica e econômica, devidamente justificada, quanto ao parcelamento do objeto em licitações autônomas, e sendo o fornecimento de materiais e equipamentos de grande materialidade, faz-se
necessária a diferenciação entre o BDI de fornecimento de materiais e o dos serviços de engenharia, para enquadrar o primeiro a patamares geralmente aceitos pelo TCU.
Na fiscalização de empreendimentos que envolvem licitação conjunta de equipamentos e obras civis, cujo parcelamento em certames distintos seja técnica e economicamente inviável, o TCU depara-se frequentemente
com o fato de a aquisição indireta dos equipamentos tender a gerar ônus demasiado e desproporcional para o custo dos empreendimentos, tendo em vista que a Administração Pública contratante se vê obrigada a
remunerar tanto a empreiteira que adquire os equipamentos de terceiros, nesse caso, normalmente com BDI bastante elevado, assim como o terceiro, indiretamente, que, na composição do seu preço ofertado à
empreiteira, já terá computado sua parcela de lucro.
Essa é exatamente a situação retratada nesse processo.
Ao contrário do que sustenta o apelante sem maiores fundamentações, a aplicação de percentual de BDI diferenciado e reduzido somente a itens de fornecimento de equipamentos por terceiros não implica
necessariamente o desequilíbrio econômico-financeiro da avença em desfavor da empresa contratada.
A manutenção ou eventual aumento da taxa linear original de bonificação e despesas indiretas sobre os demais itens da planilha de preços das obras civis, excluídos os fornecimentos de bens e equipamentos por
terceiros, cujo BDI deverá ser reduzido, há de ser pormenorizadamente justificado na negociação a ser realizada entre a (...) e a (...), de molde a restar demonstrada, perante esta Corte, a justa retribuição pelos serviços
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avençados - Editora
e os custos efetivamenteFórum
incorridos pela contratada. http://www.bidforum.com.br/bid/PDIprintcntd.aspx?pdiCntd=91049&...
O que não se pode admitir é o fato de os cofres públicos federais deverem injustificadamente suportar contratos excessivamente onerosos ao argumento do pacta sunt servanda, ou de que o instrumento convocatório não
havia previsto a referida repacutação.
É lógico que, em se tratando da alteração de cláusulas econômico-financeiras, há de ser estabelecido acordo bilateral entre as partes, devendo, sempre, a Administração Pública velar pela seleção da proposta que lhe seja
mais vantajosa, sem prejuízo da justa retribuição ao terceiro contratado, ex vi dos princípios da eficiência, insculpido no caput do art. 37 da Constituição Federal, e da manutenção das condições efetivas da proposta,
estampada no inciso XXI do referido dispositivo constitucional.
De mais a mais, a aplicação de BDI diferenciado da ordem de 10% observa jurisprudência deste Tribunal, guardando, assim, isonomia com o tratamento dispensado por ocasião do Acórdão 2.158/2008-Plenário em relação
a outro contrato de execução de obras no mesmo porto, pertencente à empresa concorrente nos certames.
Para espancar quaisquer dúvidas que possam pairar sobre a aderência da medida recorrida às reiteradas decisões do TCU em caso similares, esta Corte de Contas, recentemente, aprovou anteprojeto de Súmula de
Jurisprudência nº 253/2010, cujo teor foi vazado nos seguintes termos:
Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que possam ser
fornecidos por empresas com especialidades próprias e diversas e que representem percentual significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de Bonificação e Despesas Indiretas (BDI)
reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.

Acórdão 2293/2010-TCU-Plenário
Ministro Relator: José Jorge

Trecho do Voto:
23. Isso posto, o recorrente apresenta, como um de seus argumentos, o fato de que os custos de aquisição de equipamentos, mesmo que inferiores, não podem ser separados dos demais custos envolvidos na obra, pelo
simples fato de que não o foram na época da elaboração dos cálculos para definição do BDI único. Alega que, assim ocorrendo, haverá um descompasso entre o valor a ser recebido e a metodologia de cálculo inicialmente
adotada, utilizada a partir da premissa de um BDI único, o que implicaria na necessidade de se reequilibrar, economicamente, a relação contratual.
24. Em seu socorro, cita os Acórdãos 922/2006, 1322/2006 e 292/2006, todos do Plenário, em que o Tribunal entenderia que, se o edital já previa a utilização de BDI único, não caberia imposição de nova repactuação ao
contrato, prevendo a incidência de novo percentual. (...)
28. Fica, assim, reforçada a tese de que a simples aquisição de materiais, ou, no caso, de equipamentos não deve ter a mesma estrutura indireta de despesas, ou seja, de BDI, aplicada aos demais itens, que incluem
atividades bem mais complexas, como a contratação de mão-de-obra e execução de serviços propriamente dita. Assim, a partir do momento em que a aquisição de equipamentos é considerada item individual na planilha
de preços, é possível, sim, atribuir-lhe um valor de BDI diferenciado dos demais.
29. De fato, o Tribunal vem, recorrentemente, determinando, seja cautelarmente, seja no mérito, a alteração de percentuais de BDI, quando em flagrante desrespeito à sua jurisprudência ou quando comprovada que a
composição dos valores não está adequada e razoável.
Ver também: Acórdãos Plenários 1240/2012, 818/2007, 1347/2011, 1021/2011, 1835/2010, 1743/2011, 1607/2008, 1599/2008, 1947/2008, 1337/2011 e 325/2007.

BDI – NECESSIDADE DE DETALHAMENTO NAS PROPOSTAS


É pacífico no âmbito do TCU que o detalhamento das composições de custos de cada serviço em uma obra não se adstringe ao demonstrativo dos seus custos diretos;16 perpassa, também, pelo
desmembramento de seus custos indiretos, com a indicação individual de cada parcela que compõe o BDI.
Nos termos do art. 6º, inciso IX, alínea “f”, da Lei de Licitações, o projeto básico deve conter orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
propriamente avaliados. O Art. 7º, §2º, inciso II, também exige o detalhamento dos orçamentos, baseados em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários.
Como parcela do preço, e por explicitar fração relevante do valor da obra, impinge que se motive, por meio de planilhas próprias, cada rubrica dos custos indiretos, com indicação precisa e memorial de
cálculo transparente da taxa de BDI utilizada.
Tal exigência também se estende aos licitantes em suas propostas de preços. Mesmo admitindo que a superestimativa do BDI, por si só, não indica a existência de superfaturamento ou prejuízo ao erário
— conclusão que só pode ser tomada após a confrontação do preço final, no balanço entre custos diretos e indiretos17 — a demonstração objetiva de todos os custos do empreendimento pelo particular
subsidiará a Administração em eventuais análises de exequibilidade da proposta. Também evitará a ocorrência de possíveis duplicidades de encargos dispostos simultaneamente no BDI e nos custos diretos,
capazes de representar duplo pagamento. Servirá, ainda, de lastro probatório para avaliação de futuros pleitos de reequilíbrio econômico-financeiro. Trata-se, portanto, da necessária motivação do preço
ofertado, supedâneo do julgamento das propostas e da avaliação da real vantagem do valor apresentado pelo particular.

Jurisprudência
SÚMULA Nº 258
As composições de custos unitários e o detalhamento de encargos sociais e do BDI integram o orçamento que compõe o projeto básico da obra ou serviço de engenharia, devem constar dos anexos do edital de licitação e
das propostas das licitantes e não podem ser indicados mediante uso da expressão “verba” ou de unidades genéricas.

Acórdão 397/2008-TCU-Plenário
Ministro Relator: Augusto Sherman
Trecho do Acórdão:
9.4.13. exija das licitantes as composições dos preços para todos os itens das obras e o detalhamento da formação do BDI;

Acórdão 1471/2008-TCU-Plenário
Ministro Relator: André Luís de Carvalho
Trecho da Ementa:
9.1.1. em futuras licitações, especifique no orçamento básico a composição do item Lucro e Despesas Indiretas (LDI), atentando para o estabelecido, especialmente, nos subitens 9.1.1 a 9.1.3 do Acórdão 325/2007-Plenário,
a saber: (...)
9.1.3. o gestor público deve exigir dos licitantes o detalhamento da composição do LDI e dos respectivos percentuais praticados.
9.1.2. nos casos de contratação de terceiros para elaboração de projetos básicos, exija do projetista a apresentação de documentação que comprove a compatibilidade dos custos dos insumos constantes do orçamento
apresentado com os de mercado, devendo constar o detalhamento da composição unitária de preços, de forma a atender ao previsto nos artigos 6º, IX, “f”, 7º, §2º, II, e 48, II, da Lei nº 8.666/1993, de modo a permitir
melhor verificação por parte dos órgãos de controle;

Acórdão 1140/2011-TCU-Plenário
Ministro Relator: Ubiratan Aguiar
Trecho do Acórdão:
9.1.2. detalhe, observando o disposto no Acórdão nº 325/2007-Plenário, o percentual de BDI incidente sobre o Total Parcial das composições do Orçamento de Construções Civis e Benfeitorias para os Módulos de
Subestações e averigue eventuais cobranças em duplicidade, tendo em vista a existência de percentuais que incidem sobre o custo direto do empreendimento e que podem estar alocados também no BDI, tais como
“Eventuais” e “Custos Indiretos”, que se destinariam a cobrir, respectivamente, imprevistos que pudessem ocorrer durante a execução do empreendimento e despesas com a administração central e/ou local

Acórdão 1992/2010-TCU-Plenário
Ministro Relator: Marcos Bemquerer

Trecho do Voto:
9. Quanto à ausência de detalhamento das composições de custos unitários de serviços e à inclusão indevida do item Administração Local na composição do BDI (achados nºs 3.3 e 3.4), embora não tenha sido identificado
dano concreto, existe um potencial de dano, a depender da futura realização de alterações contratuais. Por exemplo, havendo acréscimos de quantitativos, haverá aumento proporcional do custo da administração local,
sem que exista uma relação estrita entre essas duas grandezas. Deste modo, cabe determinar à 1ª Secex que identifique os responsáveis por estas ocorrências, a fim de promover as respectivas audiências. Após o exame
das justificativas se poderá avaliar a necessidade de ajustes contratuais e a pertinência das recomendações alvitradas.
Ver também: Acórdãos Plenários: 1923/2011 e 3061/2011.

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