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Uni-FACEF

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE FRANCA

CAROLINE CINTRA MARTINS

NÍVEL DE ESTRESSE E FATORES RELACIONADOS EM LÍDERES


RELIGIOSOS CRISTÃOS

FRANCA

2016
CAROLINE CINTRA MARTINS

NÍVEL DE ESTRESSE E FATORES RELACIONADOS EM LÍDERES


RELIGIOSOS CRISTÃOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Uni-FACEF - Centro Universitário Municipal de
Franca, para obtenção do título de Bacharelado e
Licenciatura em Psicologia.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Beatriz Machado


Bordin.

FRANCA

2016
CAROLINE CINTRA MARTINS

NÍVEL DE ESTRESSE E FATORES RELACIONADOS EM LÍDERES


RELIGIOSOS CRISTÃOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Uni-FACEF - Centro Universitário Municipal de
Franca, para obtenção do título de Bacharelado e
Licenciatura em Psicologia.

Franca,___de___________de 2016

Orientadora:________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Beatriz Machado Bordin.
Instituição: Centro Universitário Municipal de Franca Uni-FACEF

Examinador (a): ______________________________________________________


Nome:
Instituição: Centro Universitário Municipal de Franca Uni-FACEF

Examinador (a):______________________________________________________
Nome:
Instituição: Centro Universitário Municipal de Franca Uni-FACEF
Dedico este trabalho aos meus queridos
pais e ao meu noivo por todo apoio, por
estarem sempre ao meu lado me dando
força e me sustentando em todos os
momentos da minha graduação. Obrigada
por acreditarem em mim.
AGRADECIMENTOS

Agradeço

Ao meu amado Deus e à minha querida Virgem Maria por terem me capacitado e
me dado os dons necessários para essa profissão, e por serem os primeiros em
minha vida e o motivo de todas as minhas ações;

A Profa. Dra. Maria Beatriz M. Bordin, por sua disponibilidade e conhecimento e,


principalmente por ter aceitado a missão de ser minha orientadora;

Aminha família, por todo amor;

Ao Bispo Dom Paulo Roberto Beloto, da diocese de Franca, pela abertura e


acolhimento durante a realização deste trabalho;

A Pastora Mirian de Carvalho, pela confiança depositada em mim, e a sua filha


Alessandra, por toda ajuda durante a realização deste trabalho;

A todos os padres e pastores participantes da pesquisa, pela disponibilidade e por


todo testemunho da vivência dessa vocação que foram enriquecedoras para mim;

Aos meus amigos, por estarem ao meu lado durante toda a minha graduação e por
não me deixarem desistir.
“Nada te perturbe,
Nada te amedronte.
Tudo passa,
A paciência tudo alcança.
A quem tem Deus nada falta.
Só Deus basta”.

(Santa Teresa D’Ávila)


RESUMO

A referida pesquisa teve como objetivo classificar o nível de estresse em líderes


religiosos e os fatores relacionados. O estudo foi realizado com uma amostra de 10
Padres da Igreja Católica Apostólica Romana e 10 Pastores da Igreja Evangélica,
ambas situadas na cidade de Franca-SP. Para medir o nível de estresse e entender
os fatores a ele relacionados, foi utilizado o Inventário de Stress para Adultos e um
roteiro de entrevista semiestruturada. Após a coleta, os dados obtidos foram
categorizados e analisados conforme as normas do respectivo manual. Foi
percebida a presença de estresse em sete padres e três pastores, sendo que seis
padres e três pastores estão na fase de resistência e apenas um padre na fase de
quase exaustão.

Palavras-chaves: Avaliação Psicológica. Estresse. Religião. Líderes religiosos.


ABSTRACT

The purpose of the present research is to classify the level of stress in religious
leaders and the factors related to it. The study was carried out with a sample of ten
priests of a Roman Catholic Church and ten pastors from an angelical Church, both
located in the city of Franca-SP. Tomeasure the level of stress and to understand
the factors related to it, it was used the Lipp's Inventory of Symptoms of Stress for
Adults (ISSL) and a guide for a semi-structured interview. After being collected, the
data were categorized and analysed in accordance with the rules of the manual. It
was noticed the presence of stress in seven priests and in three pastors, being six of
the priests and all three pastors at the resistance stage and only one priest at the
almost-exhaustion stage.

Keywords: Psychological Assessment. Stress. Religion. Religious leaders.


SUMÁRIO
10

INTRODUÇÃO

Segundo uma pesquisa do International Stress Management Association


(Isma), os padres e freiras estão entre os profissionais mais estressados no Brasil. O
resultado da pesquisa foi baseado nas pressões sofridas pelos religiosos, que são
semelhantes ou maiores em relação às profissões como executivos, motoristas,
atendentes de telemarketing e policiais.
Berry et al (2012) afirmam que o alto nível de estresse nestas funções está
ligado à carga excessiva no trabalho, desgastes com papéis e administrações, falta
de apoio em relação à Igreja e, principalmente, àexpectativa dos outros.
Pinheiro (2008) afirma que, embora o estresse ocupacional seja motivo de
muitas pesquisas em diversos lugares do mundo, o tema relacionado a religiosos
permanece um assunto pouco explorado.
Nesta perspectiva, o presente estudo buscou avaliar os níveis de estresse e
os fatores relacionados em padres da Igreja Católica Apostólica Romana e em
pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular.
Para o desenvolvimento deste trabalho científico, foram elaborados capítulos
para um embasamento teórico sobre a temática investigada. O primeiro capítulo visa
falar sobre o conceito de estresse, sua definição e suas fases. O segundo capítulo
fala sobre o estresse ocupacional e o estresse em líderes religiosos. O terceiro
capítulo versa sobre a formação de padres e pastores.
Posteriormente são descritos a metodologia da pesquisa, os resultados
obtidos e a discussão destes.
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1 ESTRESSE

Segundo Lipp (2000), por volta do século XVII, o termo estresse foi utilizado
em inglês com o significado de opressão, desconforto e adversidades.
Hoje, o estresse é definido como uma reação do organismo que,por meio de
componentes físicos e psicológicos causados por alterações psicofisiológicas, se
desencadeia quando o indivíduo se confronta com alguma situação que o
amedronte, excite, confunda ou irrite, mesmo que esta situação lhe traga felicidade.
O estresse é um processo e não uma reação única, pois um processo bioquímico
ocorre no momento em que a pessoa está frente a um estressor. O início desta
reação bioquímica é caracterizado por sudorese excessiva, taquicardia, tensão
muscular, sensação de estar alerta e boca seca (LIPP, 2000).
No estresse, estão incluídos fatores emocionais, socioeconômicos, culturais
e mentais. Mas, antes de tudo, o estresse é um fenômeno biológico, que ocorre
dentro do corpo. Mediante as sinalizações do corpo, estão os problemas de viver e
conviver, do divertir e trabalhar, que se tornaram uma tarefa árdua. O corpo reage e
o organismo não aguenta, fazendo as partes mais primitivas do sistema nervoso
central entrarem em pane, levando o indivíduo a perder a espontaneidade do
funcionamento que o caracteriza em dias normais. As tarefas que antes eram
desempenhadas com facilidade, como o trabalho, a sexualidade e o controle
emocional são substituídas por uma tempestade bioemocional e mental, resultando
em um comportamento alterado (MORAIS, 2008).
O médico endocrinologista Hans Selye foi o primeiro a definir o termo
estresse. Ele observou que alguns pacientes sofriam de doenças físicas, porém de
origens distintas, que apresentavam sintomas em comum, como pressão alta,
fadiga, falta de apetite e desânimo. A reunião destes sintomas permitiu a Selye que
definisse como “Desgaste Geral do Organismo”. Selye definiu o estresse como
“Síndrome Geral de Adaptação” ou “ Síndrome do Estresse” ocasionada pela
alteração que o organismo sofre quando é submetido à exigência de um grande
esforço de adaptação e a relatou baseando nas principais alterações orgânicas que
são: alterações intestinais, hiperplasia das suprarrenais e alterações do sistema
linfático. Selye verificou ainda que este conjunto de alterações incluía três fases, a
de alerta, resistência e a de exaustão, todas elas comandadas pelo sistema nervoso
central, via hipotálamo, e sistema autônomo, via sistema límbico (Morais 2008).
12

A fase de alerta é considerada a fase positiva do estresse, ou seja, é quando


oi ndivíduo se prepara para a fuga ou luta, o que causa uma “quebra” na
homeostase. Esta fase leva o indivíduo a uma postura de prontidão, de alerta para
que possa lidar com as situações que tem que enfrentar com urgência. Essa reação
é uma defesa automática do corpo. Quando o estressor tem curta duração, a
adrenalina causada pela fase de alerta é eliminada e ocorre a restauração da
homeostase, fazendo, assim, a pessoa sair da sua fase de alerta sem complicações.
Os sintomas físicos que aparecem na fase de alerta são: dificuldade de dormir
devido à adrenalina acentuada, grande produtividade e criatividade no trabalho, alta
libido, o humor é eufórico podendo ter grande irritabilidade devido à tensão mental e
física, sudorese, taquicardia, mandíbula tensa, respiração ofegante, corpo tenso em
correspondência com a mente (LIPP, 2000).
Lipp (2000) caracteriza a fase de resistência quando o estressor é de
intensidade ou de duração demasiada para o indivíduo. A energia de adaptação de
reserva é utilizada na busca de restabelecer a homeostase. Se a pessoa tiver
energia suficiente, ela sai da fase de resistência, se o estressor exige mais esforço
de adaptação do que é possível ao organismo do indivíduo ele acaba se
enfraquecendo e se tornando vulnerável a doenças. Se houver o uso de técnicas
para restabelecer o equilíbrio do organismo, o processo de estresse se encerra. Os
sintomas físicos que caracterizam a fase de resistência são: A baixa da libido,
rebaixamento da criatividade e da produtividade; o cansaço corporal ocorre, mesmo
dormindo bem, o esforço que o organismo faz para resistir ao estresse começa a
aparecer no cansaço fazendo o organismo se sentir doente; em relação ao humor, o
indivíduo começa a falar somente do assunto que é sua fonte de estresse se
tornando cansativo e tedioso.
A fase de exaustão é quando a resistência do indivíduo não é suficiente para
lidar com o estressor ou quando ocorrem vários estressores ao mesmo tempo. Nesta
fase, ocorre a exaustão psicológica e a física e o aparecimento de doenças (LlPP,
2000).
Na fase de exaustão, os sintomas físicos que aparecem no indivíduo são:
pouco sono, acordar se sentindo cansado e pouco revigorado; o interesse sexual
nesta fase praticamente desaparece,baixa produtividade no trabalho devido à falta
de interesse. Nesta fase, começam a ocorrer doenças graves como diabetes,
13

enfarte, úlceras, psoríase,no humor a pessoa não se socializa mais, perdendo


totalmente o senso de humor e normalmente sente vontade de morrer.
Selye afirma que o estresse pode ocorrer em qualquer uma das fases,
embora suas manifestações sejam diferentes. Mesmo havendo três fases, não é
necessário o desenvolvimento de todas para haver o registro da síndrome, sendo
que somente o estresse mais grave leva à fase de exaustão (PAPINI; PINTO, 2000).
Lipp, por meio de estudos empíricos, identificou a existência de outra fase de
estresse, que nomeou de fase de Quase-Exaustão. Sendo assim, ela propõe um
modelo quadrifásico, expandindo o modelo trifásico proposto pelo médico
endocrinologista Selye no ano de 1936. A fase de Quase-Exaustão é caracterizada
pelo enfraquecimento do indivíduo, que não é mais capaz de resistir ou adaptar-se
ao estresse. Diante disto, as doenças começam a surgir, porém de uma forma não
tão grave como na fase de exaustão. Mesmo diante dos desgastes, no qual há
impedimento dos exercícios normais, a pessoa consegue exercer seus
compromissos normalmente (MORAIS, 2008).
Segundo Lipp, Malagris e Novais (2007, p.17), “o estresse é uma reação que
temos frente a algo bom, ou mau, que nos obrigue a fazer um esforço, maior que o
usual, para nos adaptarmos ao que está acontecendo no mundo lá fora”.
O estresse causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo, ou seja,
antes de o estresse surgir, há um equilíbrio no organismo, que se chama
homeostase. Com o estresse, este equilíbrio se quebra, iniciando um trabalho
isolado de cada órgão, sendo que alguns precisam trabalhar mais que outros para
poder resolver o problema, o que pode ser considerado um estresse inicial (LIPP,
2000).
Segundo Selye (1936 apud SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010), “ o stress é
uma reação do organismo que ocorre frente a reações e situações que exijam dele
adaptação além do seu limite.”
Para Sarafino e Smith (2011) apud Baptista (2014), “O estresse é um
processo no qual o indivíduo é um agente ativo, que através de estratégias
emocionais, cognitivas e comportamentais influencia o impacto dos estressores, com
isso o modo que as pessoas experimentam os stress diante do mesmo estressor é
diferente.”
Lipp (2000) explica o estressor como aquilo que gera estresse. Existem
vários tipos de estressores, entre eles podemos considerar os estressores físicos,
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cognitivos e emocionais, o que pode causar estresse em uma pessoa pode não
causar em outra. Os estressores se dividem em dois tipos, internos e externos.
Segundo Pereira (2002), os estressores físicos são aqueles provenientes de
ambiente externo, que podem ser ruídos, frio ou calor e que interferem no corpo do
indivíduo como o excesso de atividade física. Já os estressores cognitivos são
ameaçadores à integridade do sujeito ou ao seu patrimônio, por exemplo, um assalto
ou uma entrevista de emprego. Os estressores emocionais são os que o
componente afetivo se faz proeminente como, por exemplo, um divórcio ou uma
mudança de casa.
Os estressores internos se referem à partícula do estresse, que está ligado
ao nosso modo de ser, valores, crenças, modo de agir. Já o externo é aquilo que
ocorre em nossa vida e que não está dentro do nosso organismo, tudo aquilo que
exige do nosso organismo uma adaptação maior gera estresse. Alguns eventos que
nos tragam felicidade também são geradores de estresse, por exigir adaptação, o
que acaba tornando fontes positivas do estresse (PEREIRA, 2002).
Segundo Serra (2005), todos estão sujeitos ao estresse. O que irá
determinar se a pessoa sinta ou não, é o grau de vulnerabilidade que ela possui
diante dos acontecimentos, sendo a vulnerabilidade entendida como a maior
probabilidade de reagir negativamente diante de algum acontecimento. Existem três
fatores que predispõem a vulnerabilidade: predisposição genética, natureza
psicológica e natureza social.
Os estímulos que iniciam a resposta do estresse podem ser divididos em
três classe ou causas, elas são:
Causas psicossociais que estão ligadas à interação direta entre
comportamento social e interpretação do comportamento, baseando-se em
experiências passadas e outros processos de aprendizado que abrangem:
Sobrecarga que pode ser definido como exigência que excede a capacidade
do indivíduo a poder levar as reações do estresse.
Adaptação são mudanças que ocorrem na vida do indivíduo, podendo haver
uma falha na produção de homeostase, contribuindo para doenças físicas ou
mentais.
Frustração: o que pode ocasionar o aparecimento deste sentimento são os
obstáculos para alcançar um objetivo, entre estes obstáculos podemos destacar:
condições econômicas, burocracia, trânsito superpopulação e discriminação.
15

A Privação que pode ser caracterizada por estado de solidão ou tédio


também pode levar a reações de estresse.
Causas relacionadas à personalidade e autoconceito, ou seja, a percepção
que o indivíduo tem de si, podem se tornar um estressor, podendo destacar pessoas
com padrões de comportamento e ansiedade excessiva.
Causas biológicas, que são decorrentes da interação da pessoa com
estímulo do ambiente, geralmente são estressantes. Podemos destacar como
estressantes pela sua própria natureza:
Ritmos biológicos, ou seja, o ciclo de atividades biológicas dirigidas ao
sistema hormonal ou nervoso pode determinar os comportamentos e tornar o
indivíduo mais sucessível ao estresse.
Os hábitos nutricionais, levando em consideração que alguns alimentos
podem conter elementos que facilitem uma reação ao estresse (MORAIS, 2008).
Por fim, Lipp et al (2007) explicam a diferença entre o estresse masculino e
feminino, destacando que pesquisas realizadas, através de anos, indicam um
número maior de mulheres estressadas. A pesquisa revelou que a diferença no
estresse entre homem e mulher começa na primeira série do Ensino Fundamental,
mostrando que desde o início as meninas são mais estressadas em relação aos
meninos. Acredita-se que grande parte desse estresse por parte das mulheres deve
estar relacionada às expectativas da sociedade, que levam a mulher a preencher
com perfeição os vários papéis a ela atribuídos. Outra questão observada durante a
pesquisa é a figura masculina de heróis, sendo valorizada a coragem, a força e até a
brutalidade, que são características masculinas.
O estresse masculino está ligado à preocupação, normalmente a ocupação
é o principal fator estressor para o homem, a responsabilidade financeira, a espera
que o homem assuma suas funções com responsabilidade, mesmo que ele não
tenha condições de fazer, são alguns fatores estressores masculinos.
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2 ESTRESSE OCUPACIONAL

Para o ser humano, o trabalho é uma parte essencial de sua vida, não
somente pela necessidade financeira, mas também pela convivência com demais
profissionais, pelo aprendizado e posição perante a sociedade. A frase dita por
Benjamin Franklin “O trabalho dignifica o homem” traz um peso aos trabalhadores.
Visto que se acredita, acima de tudo, no estereótipo de que é necessário ter um
emprego para estar dignificado, mesmo que, nas pirâmides sociais existentes,
determinados cargos sejam vistos com um olhar menosprezado.
Muitos fatores direcionam o meio de trabalho para um ambiente estressante.
Paraguay (1990) apud Silva (2010) por sua vez, atenta-se às condições ambientais,
como iluminação, ventilação e ruídos como principais determinantes para o estresse
no trabalho.
Segundo os autores França e Rodrigues (1999) as discussões entre os
funcionários acabam gerando um ambiente hostil, onde não existe cooperação ou
competição saudável, como um dos culpados pelo estresse ocupacional no trabalho.
Foi feita uma listagem por Couto (1979) que, com fatores que podem ser
responsáveis pelo aparecimento do estresse ocupacional, dentre os citados, estes
estão diretamente ligados ao estresse ocupacional na vida de líderes religiosos: o
medo de fracassar, longa jornada de trabalho, trabalho com alta concentração
mental, ambiente, salário, trabalho monótono e falta de motivação.
Por ter como objetivo avaliar o nível de estresse e seus fatores em líderes
religiosos, nesta revisão teórica é importante ressalvar que o profissional deste
grupo está diretamente vinculado a sua vida pessoal. Considerando também que
estes estão periodicamente próximos a pessoas em sofrimento, sendo que também
devemos ponderar que os grupos em encontros religiosos geralmente se mostram
em sua fragilidade.
Em 2015, o Instituto SWNS realizou uma pesquisa com aproximadamente
3.000 pessoas, e apontou como uma das 10 profissões mais estressante a de líder
religioso. Foi explicado que a cobrança por parte da Igreja, o atendimento e
aconselhamento aos fiéis e a falta de rotina colaboram para essa classificação.
Maslach (1992) apud Morais (2008) descreveram como “profissionais de
ajuda” pessoas que se relacionam intensamente com outras, como é o caso de
sacerdotes, pastores, médicos, policiais e professores. Eles afirmam que esses
17

profissionais têm o nível de estresse elevado, pois essas profissões são


emocionalmente desgastantes.
Marslach e Jackson, apud Morais (2008) p. 13 descrevem o religioso como:
“Fonte de refúgio e de apoio para todos os que buscam ajuda, a qualquer hora e que
não tenham ninguém a quem se dirigir quando tem um problema pessoal, é também
ele um sujeito que está em perigo”.
Pereira (2013) relata que após a década de 1980, várias pessoas que se
dedicaram ao próximo passaram a apresentar sintomas que foram estudados. O
autor descreve que ministros da Igreja apresentaram coragem e idealismo e logo
após sentiam-se diminuídos em relação à realização pessoal e desvalorizados
mediante as expectativas.
De acordo com Leite (2013), a função de líder religioso vem acompanhada
de grande responsabilidade, além de um desgaste excessivo. Pode-se confirmar
essa afirmação pela renúncia do líder da Igreja católica, o Papa Bento XVI, que, aos
85 anos, abdicou do seu cargo, alegando que suas forças haviam se exaurido e que,
quando eleito, sentiu um peso sobre seu ombro.
Segundo Assumpção (2002), alguns fatores do estresse na vida ministerial
são: falta de amizade significativa, solidão, sensação de observação constante,
disponibilidade 24 horas por dia, expectativas sociais e dos membros quanto à
santidade, burocracia, disputas pelo poder, medo da exposição, falta de preparo e
de conhecimento suficiente e falta de ser pastoreado.
Para Croucher (2013) apud Baptista (2014), a razão para o ministério
presbiteral ser tão estressante está ligada ao vício pelo trabalho, ele usa a
expressão “cama na Igreja”, para descrever esse vício, cita também sobre a
dificuldade em ver resultado em relação ao trabalho desenvolvido pelo líder
religioso.
Morais (2008) relata sobre o seu atendimento psicoterápico no instituto
terapêutico Acolher, que fica localizado na cidade de São Paulo, onde constatou que
o estresse é um mal frequentemente relatado por padres e religiosos que buscam
ajuda. Com sua observação a autora percebeu um alto número de padres e
religiosos com queixas de progressiva perda de energia, esgotamento,
desmotivação pelo trabalho pastoral, irritação e sintomas mais graves, como pânico
e depressão.
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Quando se fala de estresse ocupacional, logo a síndrome de Burnout é


lembrada, mas é importante ressaltar que a síndrome pode ser resposta às
experiências de tentativas de lidar com o estresse(Rabin, Feldman, & Kaplan,
1999).A síndrome é a conseqüência mais grave do estresse ocupacional. A palavra
Burnout é a junção de burn (queima) e out (exterior). O termo se refere àquilo que
deixou de funcionar por absoluta falta de energia, ou seja, uma metáfora para
significar aquilo que chegou ao seu limite (PERREIRA, 2002).
Uma das características eminentes da síndrome de Burnout é a depressão,
na pesquisa “As influências do sentimento religioso sobre os cristãos portadores de
depressão” (DEUS, 2008, p. 106), foi verificado que os pastores corresponderam a
26% da amostra de pacientes cristãos portadores de depressão.
Na literatura, podem se encontrar vários autores que listam sintomas
associados ao Burnout. Os autores subdividiram em sintomas físicos, psíquicos,
comportamentais e defensivos.
Segundo Pereira (2002), os sintomas físicos podem ser classificados em:
Cansaço e falta de ânimo, mesmo após uma noite de sono, dores musculares e
osteomusculares nos ombros e na nuca, distúrbios do sono, cefaleias, geralmente
tensionais, imunodeficiências, transtornos cardiovasculares como hipertensão
arterial, embolias, insuficiência cardiorrespiratória e até infartos, distúrbios do
sistema respiratório, como dificuldade para respirar, disfunções sexuais, diminuição
do desejo sexual, ejaculação precoce ou impotência e alterações menstruais.
Os sintomas psíquicos são: falta de atenção, alterações de memória,
lentificação do pensamento, sentimento de alienação (pessoa se sente distante do
ambiente como se nada tivesse a ver com ela), impaciência, Labilidade emocional
(presença de mudanças de humor bruscas), dificuldade de aceitação da imagem
idealizada sobre si, desânimo e depressão, desconfiança e paranoia.
Os sintomas comportamentais são: negligência ou escrúpulo excessivos ou
dificuldade de atenção; irritabilidade que é caracterizado pela perda de paciência e
pouca tolerância com as pessoas que o cercam; dificuldade de aceitar mudanças, ou
seja, uma dificuldade para se adaptar a novas situações; incremento da
agressividade caracterizado por comportamentos hostis ou destrutivos; incapacidade
para relaxar apresentando tônus muscular ou rigidez, mostrando estar sempre
alerta; perda de iniciativa: evita tomar iniciativa que despenda de um nível de
energia alto; aumento do consumo de substâncias que pode ser caracterizado por
19

bebidas alcoólicas ou até mesmo aumento na quantidade de café; comportamento


de alto risco: pode vir a buscar atividade de alto risco para minimizar o sentimento
de insuficiência e, por último, e em casos gravíssimos, o suicídio.
Os sintomas defensivos são: tendência ao isolamento, sentimento de
onipotência, perda de interesse pelo trabalho, absenteísmo, ímpeto de abandonar o
trabalho, ironia e cinismo.
Uma pessoa com síndrome de Burnout não precisa, necessariamente, estar
com todos esses sintomas presentes.
O pesquisador Freudenberger (1974) dividiu a síndrome de Burnout em 12
estágios, sendo que estes podem aparecer de forma aleatória, ou simultaneamente.
São eles: necessidade de se afirmar, dedicação intensificada, descaso com as
próprias necessidades, recalque de conflitos, reinterpretação dos valores, negação
de problemas, recolhimento, mudanças evidentes de comportamento,
despersonalização, vazio interior, depressão e síndrome do esgotamento
profissional.
20

3 FORMAÇÃO DE PADRES E PASTORES

Segundo o documento 93 (conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 2010),


o presbítero é chamado de padre, ao receber o sacramento da Ordem. Diante deste
sacramento, ele recebe as potencialidades de pai espiritual e o bispo lhe designa um
povo, a fim de educar, gerir e organizar a comunidade. Para tornar-se padre, o
jovem interessado deve trilhar uma caminhada vocacional auxiliada pela pastoral
vocacional diocesana, quando ainda está cursando o ensino médio ou por cursar.
Segundo o Documento de Aparecida (2007), a responsabilidade da pastoral
vocacional é de todo cristão, e deve se iniciar na família e continuar na comunidade
cristã. Deve ser dirigida às crianças, e principalmente aos jovens, para que
consigam descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um,
acompanhando-os em seu processo de discernimento.
Para ingressar no seminário, o candidato a padre deve passar por um
processo seletivo e deve apresentar atestado de batismo e de crisma e outros que
se requerem, em concordância com a Conferência dos Bispos, que leva em
consideração as normas aprovadas pela Santa Sé (DOCUMENTOS DA CNBB,
2010).
A formação inicial para se tornar padre está definida quanto ao tempo
formativo em: pastoral vocacional ou centros vocacionais, seminário menor, período
propedêutico, período filosófico, período Teológico (seminário maior) e período
pastoral- missionário (DOCUMENTOS DA CNBB, 2010).
O seminário menor é uma comunidade formativa composta de formadores e
alunos que residem em um mesmo ambiente em que acontecem programas de
formação e cursos acadêmicos de nível fundamental ou médio e orientação pastoral.
O seminário menor está voltado ao aprofundamento da vocação e ao discernimento
desta mesma vocação (DOCUMENTOS DA CNBB, 2010).
Segundo o Documento 93 da CNBB (2010), após a aprovação e o
discernimento da vocação no seminário menor, o candidato é convidado a ingressar
no Propedêutico, sendo necessário apresentar uma carta ao Bispo da diocese
pertencente, manifestando seu livre desejo de ingressar no processo formativo e
servir voluntariamente à Igreja, isto é feito para prevenir questões trabalhistas. Para
prevenção no âmbito da saúde pessoal, que possam vir afetar posteriormente,
solicita-se uma apresentação de um laudo com uma avaliação completa.
21

O propedêutico é voltado à preparação humana, cristã, intelectual e


espiritual. Entre os elementos principais na programação do Propedêutico destacam-
se a dimensão humana-afetiva, que prioriza o amadurecimento da personalidade do
candidato, um aprofundamento de discernimento vocacional, aprimoramento da
formação humana afetiva, atenção especial à pessoa do formando, por meio de
acompanhamento personalizado, psicoterapia, promoção do conhecimento de si
mesmo, dinâmicas de grupo, conhecimento de suas qualidades, defeitos, orientação
à sexualidade e equilíbrio no relacionamento interpessoal. Outro aspecto trabalhado
no propedêutico está a dimensão comunitária e aprofundamento da vida
comunitária, que trabalha a superação a tendências ao isolamento e o
individualismo, práticas de acolhida, abertura, partilha e solidariedade, vivências de
trabalho em grupo, superação dos apegos pessoais, reconhecimento de qualidades
alheias, seriedade em compromissos assumidos com a comunidade
(DOCUMENTOS DA CNBB, 2010).
Trabalha-se também a dimensão espiritual por meio de aprofundamento da
experiência de Deus, participação diária da Missa, leitura da Bíblia, orações e
exercícios espirituais, oração do terço, valorização das experiências de fé,
participação dos acontecimentos importantes da Igreja e noções de liturgia e
espiritualidade. Na dimensão intelectual, existe a complementação da formação
intelectual do Ensino Médio, uma introdução ao ensino da Filosofia e a metodologia
de estudo, aperfeiçoamento da Língua Portuguesa, noções básicas de Ciências
Sociais. Na dimensão pastoral-missionária, aborda-se uma iniciação à compreensão
da Igreja, uma preparação à vida eclesial e abertura à vida missionária
(DOCUMENTOS DA CNBB, 2010).
O documento 93 da CNBB (2010) afirma que, após o período de, no mínimo,
um ano no propedêutico, o vocacionado ao sacerdócio deve ingressar no Seminário
Maior. Para isso, exige-se do candidato um grau suficiente de maturidade humana,
saúde física, psíquica e mental, conhecimento da doutrina da fé e a clara convicção
a respeito da vocação presbiteral.
No Seminário Maior, deve se cumprir, no mínimo, seis anos de estudos
filosóficos e teológicos.

Os estudos filosóficos e teológicos, organizados no próprio seminário,


podem ser feitos sucessiva ou simultaneamente, de acordo com as
diretrizes básicas para a formação sacerdotal; compreendam ao menos seis
anos completos, de tal modo que o tempo reservado às disciplinas
22

filosóficas corresponda a dois anos completos, e o tempo reservado aos


estudos teológicos, a quatro anos completos (Código do Direito Canônico,
1983, cân. 250).

O documento 93 da CNBB (2010) descreve que a formação filosófica


contemple investigação filosófica no progresso do tempo, e contemplar a formação
humana dos alunos, para que lhe sejam aguçadas as mentes e os tornem capazes
de fazer estudos teológicos.
Em relação à formação teológica, deve ser ensinada para que os alunos
conheçam a doutrina católica. Por meio do estudo da Bíblia, os alunos devem ter
aula de teologia dogmática, junto com a sagrada tradição. Deve haver também aulas
de Teologia Moral, Direito Canônico, Liturgia, Historia Eclesiástica e outras
disciplinas, de acordo com as diretrizes básicas para formação sacerdotal.
(DOCUMENTOS DA CNBB, 2010).
Durante a formação instruem-se os seminaristas em tudo que se refere ao
ministério sagrado como a catequese, a homilia nas celebrações, o diálogo com os
fiéis e os não fiéis, a administração paroquial e o cumprimento de todos os outros
encargos (DOCUMENTOS DA CNBB, 2010).
No período da formação pastoral-missionária, integram-se estudos com a
realização de práticas e experiências pastorais.

A teologia pastoral, empreendida com profundidade e combinada com uma


sólida espiritualidade, ajude a superar hermenêuticas insuficientes e tenha
condições de oferecer instrumentos essenciais para se conhecer a vida e a
fé do povo. Somente uma boa teologia pastoral conjugada com a conversão
pastoral poderá preparar o formando para a ação evangelizadora que a
Igreja da América Latina e Caribe anseia para si mesma, e que implica
passar de “uma pastoral de mera conservação para uma pastoral
decididamente missionária” (Documento de Aparecida n. 370).

Segundo Benelli (2006), a hierarquia católica é formada pelo Papa, Bispos,


Padre e diáconos que são considerados membros ordenados.
Sobre a função exercida por cada um, o Código do Direito Canônico da
Igreja Católica (1983) confia ao pároco o papel de cuidador da comunidade sobre a
responsabilidade do Bispo da diocese. Os vigários devem atuar concedendo apoio
ao ministério pastoral, juntamente ao pároco.

O ministério da Igreja do Evangelho Quadrangular é composto por três


categorias eclesiásticas que são: Ministros, Aspirantes e obreiros Credenciados, que
23

são nomeados anualmente como pastores titulares de Igrejas locais por meio de um
conselho Nacional de diretores, segundo o Regimento Interno da Igreja do
Evangelho Quadrangular (2003).
Para a formação dos membros da corporação da Igreja do Evangelho
Quadrangular, é necessária uma concepção do Estatuto desta. Este caminho é
traçado por meio da admissão do membro.
O novo membro da corporação em exercício precisa estar de acordo com as
exigências que são citadas no artigo 24 do Estatuto e Regimento Interno da Igreja
do Evangelho Quadrangular (2003). Que especificamente são: ser membro da
Igreja; ter convicção da sua vocação; ter uma vida cristã exemplar; idade mínima de
vinte um anos ou ser emancipado; conhecimentos bíblicos e teológicos
comprovados; batismo nas águas por imersão em nome da santíssima trindade;
confissão pública; dedicação diligente ao cumprimento de seus deveres, com
obediência ao estatuto; comparecimento às convenções; comparecimento as demais
reuniões; não faltar a ética aos colegas de ministério; comprovação, por meio de
documentação hábil, de sua idoneidade; estrangeiros com situação irregular não são
aceitos; será aprovada no ministério a pessoa que também tiver aprovação no
conselho nacional dos diretores.
Segundo o Regimento interno da Igreja do Evangelho Quadrangular, os
membros da Igreja quando são nomeados pastores titulares ou auxiliares exercem o
ministério em caráter itinerante, estando sujeito a transferências de Igrejas ou de
região.
Ainda de acordo com o Estatuto e Regimento interno da Igreja do Evangelho
Quadrangular (2003), o artigo 29 descreve a não aceitação normal dos membros do
ministério, para os divórcios e separação.
São os deveres do membro da corporação: participar da assembleia geral,
dos cultos e reuniões; apoiar financeiramente a Igreja; defender sua fé; ser leal e
ético; sujeitar-se à hierarquia e à disciplina eclesiástica. E como direito tem a receber
assistência pastoral; solicitar a arbitragem pastoral em questão litigiosa entre irmãos;
apresentar, quando ofendido por um irmão, queixa formal a quem de direito e
recorrer à instância superior em grau de recurso (Estatuto e Regimento Interno da
Igreja do Evangelho Quadrangular, 2003).
Os membros da corporação da Igreja do Evangelho Quadrangular seguem a
disciplina eclesiástica.
24

A disciplina eclesiástica visa manter o Ministério e os membros da


Corporação dentro da pureza cristã apostólica, o testemunho, a ética e o
padrão de vida, conforme os ensinos da Palavra de Deus. [...] são passiveis
da disciplina eclesiástica os membros da corporação cujas atitudes sejam
condenáveis a luz da palavra de Deus [...] (Estatuto e Regimento Interno da
Igreja do Evangelho Quadrangular, 2003).

É necessário também que a pessoa que está entrando na corporação tenha


consciência que poderá sofrer a exclusão, isto, se for decidido pelo diretor local da
igreja, se o membro abandonar a Igreja ou fizer um pedido formal e se, por opção do
membro, escolher seguir uma nova religião (Estatuto e Regimento Interno da Igreja
do Evangelho Quadrangular, 2003).
25

4 OBJETIVOS

Objetivo Geral: por meio deste estudo, buscam-se medir os níveis de


estresse em líderes religiosos cristãos e compreender quais são os fatores
relacionados a esta condição.
Como objetivos específicos, prepõem-se:

 Medir o nível de estresse de padres e pastores;


 Compreender quais são os fatores que causam o estresse nos
líderes religiosos cristãos;
 Proporcionar reflexão a respeito do estresse em líderes
religiosos cristãos.
26

5 METODOLOGIA

5.1 ASPECTOS ÉTICOS


Em primeiro momento o projeto de pesquisa referente ao presente estudo foi
encaminhado ao COMEP – Comitê de Ética do Centro Universitário Municipal de
Franca, para apreciação.
Após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética do Centro Universitário
Municipal de Franca – COMEP/UNI-Facef (Anexo A), deu-se início à coleta de
dados, mediante a autorização dos padres da Igreja Católica Apostólica Romana da
Diocese de Franca e dos pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular da cidade
de Franca, por meio da assinatura dos respectivos Termos de Consentimento livre e
esclarecido.

5.2 LOCAL
No caso dos padres, a pesquisa foi realizada em dois locais distintos, uma
parte foi feita em um encontro de padres que foi realizado no Seminário Diocesano
enquanto outras pesquisas foram realizadas nas paróquias dos padres.
Já no caso dos pastores, os dados foram coletados nas Igrejas do
Evangelho Quadrangular.

5.3 PARTICIPANTES
Participaram do estudo 20 líderes religiosos cristãos do município de Franca,
sendo dez da Igreja Católica Apostólica Romana, pertencentes à Diocese de Franca
e dez pastores da Igreja da igreja Evangélica.
A escolha dos líderes religiosos das duas Igrejas ocorreu de forma aleatória.

5.4 INSTRUMENTOS
Para a avaliação psicológica dos padres e pastores, utilizou-se:- Inventário
de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp - ISSL (Lipp, 2000) fornece uma medida
objetiva do estresse em jovens e adultos e podendo ser realizado em grupo ou
individualmente. Os itens podem ser lidos para a pessoa, por isso não é necessário
ser alfabetizado para o preenchimento do inventário. É composto por 53 itens, sendo
37 de natureza física e 19 de natureza psicológica, subdivido em três quadros
referentes às fases do estresse, o primeiro quadro descreve os sintomas que a
27

pessoa tenha experimentado em 24 horas e é composto por 15 itens, o segundo


descreve os sintomas sentidos na última semana, sendo composto por 15 itens,
sendo dez psicológicos e cinco são físicos. O último e mais longo é composto por 23
questões, sendo 12 de sintomas físicos e 11 de sintomas psicológicos que foram
vivenciados durante o mês.
28

6 PROCEDIMENTOS

6.1 COLETA DE DADOS

Para a realização desse trabalho, foi feito um contato prévio com os líderes
religiosos no qual foi explicado o objetivo da pesquisa e, mediante a aceitação, foi
realizado um agendamento.
Posteriormente foi dado início à coleta de dados, sendo realizada nas Igrejas
dos lideres religiosos, iniciou-se solicitando que assinassem o termo de
consentimento e logo após foi realizada a aplicação do Inventário de sintomas de
estresse para adultos; em seguida, realizou-se a entrevista semiestruturada.

6.2 ANÁLISE DE DADOS


Os dados obtidos por meio das entrevistas, as quais foram gravadas, foram
tabelados e categorizados.
Os dados obtidos por meio do inventário de Sintomas de Stress para Adultos
de Lipp (ISSL) foram analisados de acordo com as normas contidas no manual do
teste.
Mais especificamente, em um primeiro momento, verifica-se a presença, ou
não, de sintomas de estresse nas pessoas avalizadas, somando-se todos os
sintomas dos três quadros (Q1, Q2, Q3), que compõem o teste.
O diagnóstico para estresse é positivo se a pontuação for maior que seis,
três ou oito, respectivamente, nos quadros 1,2,3.
Em um segundo momento, verifica-se a fase de estresse no qual a pessoa
se encontra, obtendo-se a porcentagem correspondente a cada um dos quadros do
inventário. A maior porcentagem obtida corresponde à fase de estresse na qual a
pessoa se encontra, ou seja, na fase de Alerta, Resistência, Quase exaustão ou
Exaustão.
A pessoa estará na Fase de Alerta, se a maior porcentagem for a do Quadro
1, estará na Fase de Resistência se a maior porcentagem estiver no Quadro 2, com
escores entre quatro e nove, estará na Fase de Quase – Exaustão, se, por sua vez,
a maior porcentagem também estiver no Quadro 2, porém com escores entre dez e
quinze, finalmente, a pessoa encontrar-se-á na Fase de Quase- Exaustão se a maior
porcentagem referir-se ao Quadro 3.
Finalmente, ainda é possível obter a tendência da tipologia sintomática dos
29

respondentes, ou seja, se há prevalência de sintomas psicológicos ou físicos. Para


isso, deve-se considerar somente a fase de estresse no qual o indivíduos e
encontra, obtendo-se o total bruto de sintomas psicológicos e físicos e,
posteriormente, a porcentagem de cada um dos tipos de sintoma. O tipo de sintoma
é indicado pela maior porcentagem.
Portanto, o ISSL permite a obtenção de três indicadores relacionados ao
estresse: a) presença ou não do quadro de estresse, b) fase na qual a pessoa se
encontra, caso o quadro esteja instaurado e c) tipo dos sintomas prevalentes.
30

7 RESULTADOS

Tabela 1 – Caracterização dos líderes religiosos (n=20), em relação ao sexo, idade,


estado civil, número de filhos, tempo de ordenação, escolaridade, posição na Igreja
e carga horária diária de trabalho.
Variáveis Padres Pastores
f % f %
Sexo
Masculino 10 100 7 70
Feminino 0 0 3 30
Idade
30 a 39 anos 3 30 2 20
39 a 49 anos 3 30 5 50
49 a 59 anos 4 40 1 10
59 a 69 anos 0 0 2 20
Estado Civil
Casado 0 0 10 100
Solteiro 10 100 0 0
Número de filhos
0 Filho 10 100 0 0
1Filho 0 0 2 20
2 Filhos 0 0 3 30
3 Filhos 0 0 4 40
4 Filhos 0 0 1 10
Tempo de ordenação
1 a 5 anos 1 10 0 0
5 a 9 anos 2 20 4 40
10 a 19 anos 6 60 4 40
20 a 29 anos 1 10 1 10
30 a 39 anos 0 0 1 10
Escolaridade
Ensino Fundamental II 0 0 2 20
Ensino médio 0 0 2 20
Ensino Técnico 0 0 2 20
Ensino Superior 10 100 4 40
Posição na Igreja
Pároco Pastor titular 9 90 9 90
Vigário Pastor Auxiliar 1 10 1 10
Carga horária diária de trabalho
1 a 4 horas 0 0 4 40
4 a 10 horas 5 50 4 40
11 a 14 horas 3 30 0 0
14 a 20 horas 1 10 0 0
20 a 24 horas 1 10 2 20

Observa-se a tabela 1 e verifica-se que todos os padres são do sexo


masculino o que é justificado por uma regra na Igreja Católica, que somente permite
31

a ordenação de sacerdotes do sexo masculino; já os pastores, em sua maioria, são


do sexo masculino.
Com relação à idade, na amostra, verificam-se 4 padres com idade entre
49 e 59 anos, enquanto que a metade dos pastores tem idades entre 39 e 49 anos.
Dos dez padres, o mais novo tinha 31 anos e o mais velho 59 anos; entre os
pastores, o mais novo tinha 36 anos e o mais velho 66 anos.
Quanto ao estado civil, os padres são solteiros, devido ao voto de celibato
que todos fazem ao serem ordenados. Por outro lado, todos os pastores são
casados.
Os padres também em razão do voto do celibato não têm filhos enquanto
que todos os pastores têm filhos, com as quantidades variando de um a quatro
filhos, sendo que quatro deles têm três filhos.
Com relação ao tempo de ordenação, observa-se que mais da metade dos
padres tem entre 10 e 19 anos, enquanto quase a totalidades dos pastores (n=8)
exercem suas atividades num período que varia de cinco a nove anos de ordenação.
Com relação à escolaridade, todos os padres têm formação superior em
Filosofia e Teologia, cursos obrigatórios para que sejam ordenados sacerdotes,
enquanto que mais da metade dos pastores (n=6) participantes da pesquisa têm
Ensino médio e Ensino superior.
Tanto no caso dos padres quanto no dos pastores, existem dois cargos na
Igreja: enquanto os padres se dividem em párocos e vigários, os pastores se
dividem em pastores titulares e pastores auxiliares, sendo que os líderes religiosos
participantes desta pesquisa foram, em sua maioria, párocos e pastores titulares.
(n=9)
Por fim, no que se refere ao tempo de trabalho diário dos líderes religiosos,
metade dos padres e quatro pastores trabalham de quatro a dez horas. Verificou-se,
ainda, que quatro pastores trabalham de uma a três horas, enquanto que três dos
padres entrevistados relataram trabalhar de 11 a 14 horas, diariamente.
A tabela 2 apresenta as principais dificuldades enfrentadas pelos líderes
religiosos entrevistados.
32

Tabela 2 – Principais dificuldades relatadas pelos líderes religiosos (n=20) no


exercício das funções, em termos de frequência (f) e incidência (i).
Variáveis Padres Pastores
f I f i
Dificuldades
Falta de tempo 3 0,3 0 0
Falta de pessoas para projetos 2 0,2 0 0
Cobrança 1 0,1 0 0
Administração 1 0,1 0 0
Mídia 1 0,1 0 0
Falar em público 1 0,1 0 0
Sustentação Financeira 1 0,1 0 0
Relação com outros padres 1 0,1 0 0
Rotina e obrigações 1 0,1 0 0
Pressão espiritual 0 0 2 0,2
Estar sempre à disposição 0 0 1 0,1
Ingratidão 0 0 1 0,1
Ser exemplo 0 0 1 0,1
Não aceitação dos
direcionamentos 0 0 1 0,1

Verificou-se que as maiores dificuldades dos padres são: falta de tempo e


falta de pessoas para projetos, sendo tais dificuldades relatadas por três e dois
deles, respectivamente. Entre as dificuldades enfrentadas, também estão: cobrança
dos fieis, administração da paróquia, o enfoque negativo que a mídia dá sobre os
padres e os religiosos, e o falar em público durante as missas, reuniões e
formações.
Entre os pastores, observa-se que dois relataram como dificuldade no
exercício das funções a pressão espiritual. Também apareceram relatos como: ter
de estar sempre à disposição, a sustentação financeira da Igreja, a ingratidão dos
fiéis que frequentam a Igreja, ter de ser exemplo na conduta o tempo todo e a difícil
aceitação do direcionamento dado aos líderes para os fiéis.
Alguns padres e pastores não conseguiram encontrar dificuldades e
preferiram não responder a esta pergunta, enquanto outros responderam a mais do
que uma dificuldade.
33

A tabela 3 mostra, de acordo com os líderes religiosos, suas principais


fontes de estresse.
Tabela 3- Principais fontes de estresse apontadas pelos líderes religiosos, em
termos de frequência (f) e incidência (i).
Variáveis Padres Pastores
f i f i
Fonte de estresse
Atendimento 3 0,3 1 0,1
Administração 3 0,3 1 0,1
Casa de Acolhimento 1 0,1 0 0
Falta de tempo 1 0,1 0 0
Reuniões 1 0,1 0 0
Formar Pessoas 1 0,1 0 0
Preparar festas e promoções 1 0,1 0 0
Rotina 1 0,1 0 0
Aconselhar Famílias 0 0 3 0,3
Cuidar do problema dos outros 0 0 1 0,1
Família 0 0 1 0,1
Relacionamento 0 0 1 0,1

A tabela 3 apresenta as principais fontes de estresse apontadas pelos líderes


religiosos, sendo as mais frequentes, em linhas gerais, o atendimento aos fiéis e a
administração das paróquias e Igrejas.
Entre os padres, as fontes de estresse mais frequentes apontadas foram:
cuidado da Casa de Acolhimento, falta de tempo, excesso de reuniões, formar
pessoas, preparar festas e promoções e a rotina propriamente dita.
Entre os pastores, as fontes que apareceram foram ajudar no aconselhamento
“cuidando do problema dos outros”, a família e os relacionamentos.
34

A tabela 4 apresenta as atividades preferidas e não preferidas pelos líderes


religiosos no exercício de suas atribuições.
Tabelas 4 – Atividades preferidas e não preferidas pelos líderes religiosos, no
exercício de suas atribuições, em termos de frequência (f) e incidência (i).
Variáveis Padres Pastores
f I f i
Atividades preferidas
Celebrar Missas 7 0,7 0 0
Atender confissões 5 0,5 0 0
Visitar doentes 2 0,2 0 0
Realizar formações 1 0,1 0 0
Pregar 0 0 6 0,6
Ser útil às pessoas 0 0 1 0,1
Ver pessoas restauradas 0 0 1 0,1
Fazer visitas 0 0 1 0,1
Evangelismo 0 0 1 0,1
Aconselhamento 0 0 1 0,1
Tocar instrumento 0 0 1 0,1
Atividades não preferidas
Administração 1 0,1 1 0,1
Visitar pessoas 1 0,1 0 0
Visitar Hospitais 1 0,1 0 0
Confessar Crianças 1 0,1 0 0
Incômodo das pessoas antes
da missa 1 0,1 0 0
Obrigações e compromissos 1 0,1 0 0
Atender pessoas carentes de
atenção que buscam por
atendimento 1 0,1 0 0
Resolver problemas conjugais 0 0 1 0,1
Ver pessoas voltando à vida
errada 0 0 1 0,1
Lavar a Igreja 0 0 1 0,1
Chamar atenção de líderes 0 0 1 0,1
Ofício Fúnebre 0 0 1 0,1

Em relação às atividades preferidas e não preferidas dos líderes religiosos,


sete padres afirmaram ser celebrar a missa, enquanto cinco disseram ser atender
confissão, alguns padres responderam a mais de uma atividade que gostam de
executar. Entre atividades estão: Visitar doentes sendo citada por dois padres,
realizar formações.
35

Entre os pastores, seis responderam gostar de pregar, sendo que alguns


deles responderam a mais de uma atividade. Entre as atividades citadas por eles
estão: ser útil às pessoas, ver pessoas sendo “restauradas”, fazer visitas aos fiéis,
realizar aconselhamento e tocar instrumentos durante os cultos.
Sobre as atividades que não preferem realizar, está nos dois grupos a
administração das Igrejas. Entre as atividades citadas exclusivamente pelos padres
estão às visitas aos doentes em hospitais, ouvir confissão de crianças, o incômodo
das pessoas antes de entrar para celebrar a missa, as obrigações e compromissos.
Entre as atividades citadas, exclusivamente por pastores, estão: ajudar as pessoas a
resolverem os problemas conjugais, ver as pessoas que estavam na Igreja voltando
para a “vida errada”, lavar a Igreja, chamar a atenção de outros líderes da Igreja e
realizar ofício fúnebre em velórios.
36

A tabela 5 apresenta as perspectivas dos líderes religiosos em relação ao


futuro.
Tabela 5 - Perspectivas para o futuro dos líderes religiosos, em termos de frequência
(f) e incidência (i).

Variáveis Padres Pastores


f i f i
Perspectiva
Estudar e continuar
padre 2 0,2 0 0
Não tem perceptiva de
coisas melhores 1 0,1 0 0
Ajudar a comunidade 1 0,1 0 0
Ser feliz 1 0,1 0 0
Procurar sempre o
melhor 1 0,1 0 0
Ser historiador 1 0,1 0 0
Que as pessoas parem
de ver padres como
técnicos de altar 1 0,1 0 0
Igreja crescer 0 0 1 0,1
Qualidade de vida 0 0 1 0,1
Formar líderes na igreja 0 0 1 0,1
Ganhar Almas 0 0 1 0,1
Fazer faculdade 0 0 1 0,1
Crescer na igreja 0 0 1 0,1
Se aposentar 0 0 1 0,1
Desenvolver um
trabalho social 0 0 1 0,1
Não falhar com Deus 0 0 1 0,1
Dar sustento a família 0 0 1 0,1

Observou-se que entre os padres, dois disseram que a sua perspectiva em


relação ao futuro era estudar e continuar padres, foram relatadas por eles também
perspectivas como ajudar a comunidade, ser feliz, procurar sempre ser melhor, fazer
faculdade de História e ser historiador e que as pessoas parem de enxergar os
padres apenas como técnicos e comecem a enxergá-los como pessoas, alguns não
tinham perspectiva ou não responderam.
Entre os pastores, as perspectivas eram ver a Igreja crescer, ter uma
qualidade de vida, formar novos líderes na Igreja, ganhar “almas” para a Igreja, fazer
faculdade, crescer na hierarquia da Igreja, desenvolver um trabalho social junto à
37

comunidade, não falhar com Deus e dar um sustento à família. Alguns pastores não
sabiam ou não quiseram responder à pergunta
Tabela 6- Presença de estresse em líderes religiosos em termo de frequência (f) e
percentual (%)
Função Com Sem
estresse estresse
f % f %
Padres 6 60% 4 40%
Pastores 3 30% 7 70%
Total 9 11

Verifica-se, na Tabela 6, que pouco mais da metade (n=11) dos líderes


religiosos pesquisados não foi diagnosticada com estresse, sendo sete pastores e
quatro padres.
Entre aqueles que apresentaram sintomas de estresse (n=9), verifica-se que
seis deles são padres e três são pastores.
A tabela 7 apresenta a distribuição dos líderes religiosos que apresentam
estresse em relação à fase de estresse na qual se encontram.

Tabela 7 – Distribuição dos líderes religiosos, com estresse em relação à fase do


estresse em que se encontram, em termos de frequência (f) e percentual (%).
Fases de estresse Padres Pastores
f % f %
Resistência 5 50 3 30
Quase exaustão 1 10 0 0

Em relação ao nível de estresse em líderes religiosos, segundo o Inventário


de Stress para Adultos de Lipp, verifica-se na Tabela 7, que cinco padres e três
pastores se encontram na fase de Resistência, enquanto apenas um padre se
encontra na fase de Quase Exaustão.
A tabela 8 mostra os tipos de sintomas de estresse predominantes nos líderes
religiosos.
38

Tabela 8- Tipos de sintomas de estresse apresentados pelos líderes religioso (n=9),


em termos de frequência (f) e percentual (%)
Variáveis Padres Pastores total
f % f % f %
Sintomas predominantes
Físicos 4 40 0 0 4 40%
Psicológicos 2 20 3 30 5 50%

Por meio da tabela 8, é possível verificar que, do total de líderes religiosos


com estresse (n=9), cinco deles, sendo dois padres e três pastores, apresentaram a
predominância de sintomas psicológicos, alguns sintomas apresentados foram:
vontade súbita de iniciar um novo projeto, pensar ou falar constantemente em um só
assunto, vontade de fugir de tudo, angústia ou ansiedade, dúvida quanto a si
próprio, sensibilidade emotiva excessiva, cansaço excessivo, pesadelos, perda do
senso de humor, sensação de incompetência em todas as áreas, entre outros.
Quatro líderes religiosos, sendo todos eles padres, apresentavam,
predominantemente, sintomas físicos do estresse, tais como: aperto da mandíbula
ou ranger os dentes, boca seca, aumento de sudorese, hipertensão arterial súbita e
passageira, insônia, mudança de apetite, tensão muscular, taquicardia, náuseas,
excesso de gases, problemas com a memória, sensação de desgaste físico
constante, problemas dermatológicos prolongados, tiques, úlcera e tontura
frequente.
39

8 DISCUSSÃO

A presente pesquisa, conduzida com o objetivo de avaliar o nível de estresse


em líderes religiosos cristãos, verificou que, do total de 20 líderes religiosos
entrevistados, nove deles apresentaram estresse, sendo seis deles padres e três
pastores, ou seja, pode-se afirmar que mais da metade dos líderes religiosos do
nosso estudo não estão com sintomas de estresse.
Morais (2008) afirma que as pessoas que desempenham papéis de ajuda
têm nível de estresse bastante aumentado, pois essas são profissões
emocionalmente desgastantes. Esta afirmação se confirma nesta pesquisa sendo
que 45% (n=9) dos líderes religiosos pesquisados apresentaram estresse, ainda que
em níveis em que os sintomas não são tão graves.
Com relação à sintomalogia do estresse, verificou-se que do total de nove
líderes religiosos que apresentaram estresse, oito deles estavam na fase de
resistência que, segundo (Lipp, 2000), é quando a pessoa tenta lidar com o
estressor para manter a sua homeostase interna. Caso o fator estressor persistir,
haverá uma quebra na resistência da pessoa e ela passará à fase de Quase
Exaustão. Nesta fase, doenças graves estão mais propícias a aparecer. Verificou-se
apenas que um religioso estava na fase de Quase Exaustão que é caracterizada
pelo enfraquecimento da pessoa, o qual não consegue mais se adaptar ao estressor
e as doenças começam a surgir, o organismo começa a ceder e não consegue mais
resistir às tensões e estabelecer a homeostase (Lipp, 2000).
Sobre a carga horária exercida pelos líderes religiosos, três deles disseram
trabalhar 24 horas por dia. Para Wells et al. (2012) apud Baptista (2014), isso pode
ser justificado, pois os deveres do ministério não se enquadram ao horário
tradicional e os religiosos devem ficar de “plantão” 24 horas por dia, durante sete
dias da semana.
Em relação aos fatores relacionados ao estresse, realizou-se uma entrevista
semiestruturada com os participantes da pesquisa. No total de dez padres
entrevistados, três deles apresentaram como sua maior dificuldade a falta de tempo
em relação aos compromissos exercidos por eles.
Segundo Fernandes (2015), em 2010, o censo da Igreja Católica no Brasil
mostrava a existência de 10.720 paróquias e 22.119 padres. Considerando-se o
número de católicos considerados pelo censo de IBGE no mesmo ano, tem-se o
40

total de 123.280.172, o que daria aproximadamente 5.570 católicos por padre,


Fernandes (2015) afirma que os padres não conseguem atender os fiéis de forma
satisfatória e que, diante de pesquisas, tem aparecido queixa de padres em relação
ao acúmulo de tarefas e o pouco tempo para as atividades de atendimento pastoral,
esta afirmação vem de acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa.
Entre as dificuldades apresentadas pelos padres, também aparece falta de
pessoas para realização de projetos pastorais. Nosso achado vai ao encontro de
entrevistas realizadas por Pereira (2013) em que a causas mais citadas para
aparecimento do Burnout em padres é a ausência cada vez maior de pessoas na
Igreja para dar seguimento aos projetos.
Entre as dificuldades citadas aparecem a rotina e obrigações na vida do
religioso. Segundo Pereira (2013) a síndrome de Burnout nos religiosos é
potencializada pela sobrecarga de trabalho burocrático e sem criatividade.
Questionados sobre possíveis fontes de estresses em seus ministérios, os
padres e pastores relataram sobre a administração das Igrejas e os atendimentos e
aconselhamentos, como principais fontes de estresse apareceram também os
problemas familiares.
Nosso achado vai ao encontro da pesquisa de Baptista (2014), o qual
estudou a vulnerabilidade ao estresse em líderes religiosos, e encontrou como um
dos seus estressores o atendimento prestado à comunidade e à autocobrança para
encontrar uma solução para os fiéis. Em relação aos problemas familiares, o estudo
revelou que 42,5% dos pastores estão estressados devido a esta questão.
Deus (2009) fez um estudo sobre os principais fatores desencadeantes do
estado depressivo, o estudo apontou como fatores os problemas de relacionamento
com a família, pecado, fé, ação do demônio, exigências e cobranças dos fiéis,
expectativas da instituição Igreja, falta de suporte e solidão no ministério. Esta
pesquisa vem ao encontro do nosso achado em que aparecem como fonte de
estresse de líderes religiosos as cobranças e exigências do cargo, a pressão
espiritual e a família.
O aspecto “cobrança” e “ser exemplo” para as pessoas apareceram citado
por padres e pastores como fonte de estresse. Segundo Pinto (2012), os fiéis fazem
uma imagem de “super- humanos” dos líderes religiosos, esperando deles mais do
que deveria.
No quesito das atividades que os religiosos mais gostam de executar, está
41

entre os padres a celebração da missa, o atendimento de confissões e a visita aos


doentes.
Leite (2003) também destaca que, muitas vezes, as procuras por
atendimentos religiosos ocorram por problemas de cunho psicológico e que o padre
acaba tendo de amenizar o sofrimento alheio, mas ele está ali para absolver
pecados.
Em relação aos pastores entrevistados, seis deles disseram que o que mais
gostam é de se sentirem útil às pessoas.
O sentimento de utilidade vem por meio do reconhecimento das pessoas
que, segundo Dejours (1992), o reconhecimento é uma forma específica de
retribuição psicológica que, diante da identidade do trabalho, o reconhecimento é a
forma de gratificar as expectativas do indivíduo, no que se refere à realização de si.
Sobre as atividades que os líderes menos gostam de executar aparece
novamente citada a administração das Igrejas.
Segundo Maximiano (2004), a administração é um processo de tomar
decisões e colocá-las em prática em relação aos objetivos e recursos utilizados, o
papel do administrador deve conhecer todos os objetivos que estão disponíveis.
Em relação ao discurso dos líderes religiosos sobre atividades que menos
gostam de executar pode se destacar que eles recebem preparação teológica, mas
não estão aptos para os desafios do mundo moderno do ministério (SILVA, 2006).
O documento sobre as diretrizes para a formação dos presbíteros na
formação da Igreja do Brasil (2010) afirma que os padres recebem uma formação
sobre administração paroquial durante a faculdade de Teologia. Segundo Pereira
(2013), percebe-se que as questões administrativas tratadas nos seminários deixam
os padres inseguros e não oferecem uma base no assunto e, quando assumem a
responsabilidade de alguma paróquia, ficam inseguros.
Dando fundamento às afirmações acima, uma pesquisa realizada com
líderes religiosos, 37,5% destacaram as demandas burocráticas e administrativas
como principal fator de estresse (BAPTISTA, 2014).
Em relação às perspectivas, os padres pretendem estudar e continuar
exercendo o ministério sacerdotal, enquanto os desejos dos pastores são ver a
Igreja crescer e o número de fiéis aumentar.
42

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se, por meio dos dados obtidos, nesta pesquisa, que 45% da
amostra apresentamos estresse, sendo que 30% são padres da Igreja Católica
Apostólica Romana e 15% são pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular.
Destes líderes, a grande maioria, 89% se encontravam na fase de resistência e 11%
se encontravam na fase de quase exaustão.
Os achados desta pesquisa indicaram que, entre os fatores que mais
causam estresse nos líderes religiosos, está o atendimento aos fiéis, a
administração da Igreja, a falta de tempo, o excesso de reuniões, a formação das
pessoas, a preparação de promoções para o sustento da Igreja, os problemas de
relacionamento e a família.
Entre as dificuldades do ministério mais frequentes, nos padres e nos
pastores, apareceu a falta de tempo para realização de atividades, a cobrança de
uma vida exemplar e a pressão espiritual sofrida por eles.
As duas principais atividades que os padres gostam de exercer foram
atender celebrar a Missa e atender confissões, o sacramento da confissão, segundo
o catecismo de Igreja Católica (2011) é o reconhecimento dos pecados perante um
padre. Já o que os pastores mais gostam é de se sentirem úteis às pessoas.
Entre as atividades que os líderes religiosos menos gostam de exercer
aparecem funções mais complexas como a administração da Igreja e funções
simples que, muitas vezes, acabam sendo executadas pelos líderes como lavar e
limpar a Igreja.
As variáveis sociodemográficas que foram apresentadas com diferenças
significantes no estudo foi a escolaridade dos padres em relação aos pastores,
sendo que 100% dos padres tinham nível superior em relação a 40% dos pastores.
Mesmo diante disto, os pastores mostraram um alto índice de busca de resolução de
problemas e atendimento à comunidade.
Outra variável entre os padres e pastores foi o estado civil, sendo que 100%
dos padres são solteiros, pois o Catecismo da Igreja Católica afirma que os homens
que são ordenados sacerdotes devem “cuidar das coisas de Deus” e entregarem-se
inteiramente a Deus e aos homens, por esta questão os pastores citaram, entre
possíveis fontes de estresse, a família enquanto isso não foi citado pelos
43

sacerdotes.
Pouco pode ser encontrado na literatura nacional sobre o estresse em
líderes religiosos cristãos, diante disse o presente estudo teve o objetivo de
identificar o nível de estresse e os fatores relacionados a ele em líderes religiosos
cristãos (padres e pastores). Esta investigação foi realizada em uma cidade do
interior de São Paulo, e teve uma amostra pequena em relação à população de
líderes presentes na cidade, portanto deve haver cuidado para não acontecer
generalizações.
Em relação às atitudes para que o estresse seja evitado e, assim, abaixe a
quantidade de líderes religiosos com altos índices, indica-se uma boa alimentação,
relaxamento e exercícios físicos. O Relaxamento pode ser realizado por meio de
exercícios de respiração. Segundo Lipp (2000), o relaxamento irá permitir a
diminuição das tensões e ajudar a restabelecer a homeostase no organismo.
Já os exercícios físicos irão produzir substâncias responsáveis pela
sensação de bem-estar.
Além destas atitudes, também fica evidente programas preventivos de
estresse para líderes religiosos, a fim de melhorar a qualidade de vida destes.
44

10 REFERÊNCIAS

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ministro religioso. 2002.

BAPTISTA, Fernanda Siqueira. Vulnerabilidade ao stress e estratégias de


enfrentamento de líderes religiosos cristãos. 2014. 96 f. Dissertação (mestrado)
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V CONFERÊNCIA GERAL DO EBISCOPADO LATINO-AMERICANO E DO


CARIBE. Documento de Aparecida. Brasília: CNBB, 2007.
47

ANEXOS
48

Anexo A
49
50
51

Anexo B

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Sua Excelência, Reverendíssimo Bispo Paulo Roberto Beloto.

Bispo da Diocese de Franca,

Estamos desenvolvendo uma pesquisa em Franca/SP com o objetivo de


avaliar o nível de estresse em líderes religiosos deste município. Esta pesquisa
implica a realização de um questionário e a aplicação de um instrumento
psicológico, utilizado especificamente para mensurar o nível de estresse. O trabalho
será desenvolvido sob responsabilidade da estudante Caroline Cintra Martins, aluna
do 5 ° ano de Psicologia do Uni-FACEF – Centro Universitário de Franca e da Profa.
Dra. Maria Beatriz Machado Bordin, professora do Departamento de Psicologia
desta mesma instituição.

Tendo em vista que esta instituição religiosa foi identificada como um possível
local para a realização do estudo, gostaríamos de contar com a colaboração de
Vossa Excelência, solicitando, respeitosamente, sua autorização, no sentido de
permitir nossa inserção nesta instituição religiosa, visando contatar párocos desta
diocese a fim de convidá-los a participar da pesquisa, a qual está condicionada à
prévia aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa, respeitando a legislação em
vigor sobre ética em pesquisa em seres humanos no Brasil (Resolução do Conselho
Nacional de Saúde n° 196/96 e regulamentações correlatas).

Nossa atuação dar-se-á da seguinte forma: a pesquisadora visitará as


paróquias de Franca e apresentará o projeto, em linhas gerais, a cada um dos
padres, apresentando, na ocasião, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os párocos que concordarem em participar do estudo, responderão a uma entrevista
e ao teste psicológico, sendo previsto apenas um encontro, agendado previamente
com os participantes, para a realização de tais atividades,

Salienta-se que a participação neste estudo não implica riscos ou prejuízos


para os participantes e que as informações a serem oferecidas para o pesquisador
serão guardadas pelo tempo que determina a legislação e não serão utilizadas em
prejuízo desta instituição e/ou das pessoas envolvidas, inclusive na forma de danos
à estima, prestígio e/ou prejuízo econômico e/ou financeiro. Além disso, durante ou
depois da pesquisa, é garantido o anonimato de tais informações, as quais somente
52

serão utilizadas para investigação científica, sem nenhuma identificação das


pessoas que as forneceram.

Colaborar com este projeto representa contribuir para um melhor


entendimento acerca do exercício laboral de líderes religiosos da comunidade de
Franca.

Desde já, agradecemos a atenção dispensada.

Atenciosamente,

Caroline Cintra Martins.

AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA DE FRANCA PARA A PESQUISA

Eu,
___________________________________________________________________,

CPF: ________________________, abaixo assinado, na função de Bispo da


Diocese de Franca, declaro estar de acordo com a realização do projeto de pesquisa
anteriormente referido, a fim de buscar as informações necessárias à identificação
de eventuais voluntários para a mesma.

Diante do exposto, assino o presente termo, enquanto representante da Diocese de


Franca, declarando o consentimento livre e esclarecido para esta pesquisa.

Franca, _____ de ___________ de 2016.

____________________________________________________

Assinatura do responsável
53

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Sua Excelência, Reverendíssima Mirian Rosa Guerra de Carvalho

Pastora e Superintendente da Igreja do Evangelho Quadrangular do 2º

Grupo Missionário,

Estamos desenvolvendo uma pesquisa em Franca/SP com o objetivo de


avaliar o nível de estresse em líderes religiosos deste município. Esta pesquisa
implica a realização de um questionário e a aplicação de um instrumento
psicológico, utilizado especificamente para mensurar o nível de estresse. O trabalho
será desenvolvido sob responsabilidade da estudante Caroline Cintra Martins, aluna
do 5 ° ano de Psicologia do Uni-FACEF – Centro Universitário de Franca e da Profa.
Dra. Maria Beatriz Machado Bordin, professora do Departamento de Psicologia
desta mesma instituição.

Tendo em vista que esta instituição religiosa foi identificada como um possível
local para a realização do estudo, gostaríamos de contar com a colaboração de
Vossa Excelência, solicitando, respeitosamente, sua autorização, no sentido de
permitir nossa inserção nesta instituição religiosa, visando contatar pastores desta
igreja a fim de convidá-los a participar da pesquisa, a qual está condicionada à
prévia aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa, respeitando a legislação em
vigor sobre ética em pesquisa em seres humanos no Brasil (Resolução do Conselho
Nacional de Saúde n° 196/96 e regulamentações correlatas).

Nossa atuação dar-se-á da seguinte forma: a pesquisadora visitará as igrejas


de Franca e apresentará o projeto, em linhas gerais, a cada um dos pastores,
apresentando, na ocasião, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os
párocos que concordarem em participar do estudo, responderão a uma entrevista e
ao teste psicológico, sendo previsto apenas um encontro, agendado previamente
com os participantes, para a realização de tais atividades,

Salienta-se que a participação neste estudo não implica riscos ou prejuízos


para os participantes e que as informações a serem oferecidas para o pesquisador
serão guardadas pelo tempo que determina a legislação e não serão utilizadas em
prejuízo desta instituição e/ou das pessoas envolvidas, inclusive na forma de danos
à estima, prestígio e/ou prejuízo econômico e/ou financeiro. Além disso, durante ou
depois da pesquisa é garantido o anonimato de tais informações, as quais somente
54

serão utilizadas para investigação científica, sem nenhuma identificação das


pessoas que as forneceram.

Colaborar com este projeto representa contribuir para um melhor


entendimento acerca do exercício laboral de líderes religiosos da comunidade de
Franca.

Desde já, agradecemos a atenção dispensada.

Atenciosamente,

Caroline Cintra Martins.

AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA DE FRANCA PARA A PESQUISA

Eu,
___________________________________________________________________,

CPF: ________________________, abaixo assinado, na função Pastora e


Superintendente da Igreja do Evangelho Quadrangular do 2º Grupo
Missionário,declaro estar de acordo com a realização do projeto de pesquisa
anteriormente referido, a fim de buscar as informações necessárias à identificação
de eventuais voluntários para a mesma.

Diante do exposto, assino o presente termo, enquanto representante da Igreja do


Evangelho Quadrangular do 2º Grupo Missionário de Franca, declarando o
consentimento livre e esclarecido para esta pesquisa.

Franca, _____ de ___________ de 2016.

Assinatura do responsável
55

Anexo C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Pastor(a),

Estamos realizando uma pesquisa no Centro Universitário de Franca (Uni-


FACEF) intitulada “Nível de Estresse e Fatores Relacionados em Líderes Religiosos
Cristãos”, que será conduzida pela aluna do 5º ano do curso de Psicologia Caroline
Cintra Martins, sob orientação da Profa. Dra. Maria Beatriz Machado Bordin, docente
da instituição.
Esta pesquisa tem por objetivo avaliar o nível de estresse em líderes
religiosos cristãos, visando, além disso, identificar possíveis fatores estressores
relacionados ao exercício laboral destes líderes. Para tanto, contamos com sua
colaboração, no sentido de participar de algumas atividades propostas pela
pesquisadora, as quais consistem de uma entrevista, que será gravada somente
mediante sua autorização, e de um instrumento de avaliação psicológica, cuja
finalidade é avaliar o nível de estresse. Para a realização das atividades, será
necessário apenas um encontro com cada participante, com duração aproximada de
90 minutos.
Ressalta-se que a participação no estudo é voluntária e a não aceitação em
participar deste, sem expor suas razões, assim como a desistência em participar a
qualquer momento, não acarretará em qualquer prejuízo ao participante.
A identidade do participante será mantida em sigilo e as informações obtidas
serão divulgadas apenas para fins científicos, em meios de divulgação
especializados.
Caso concorde com a realização da pesquisa assine, por gentileza,
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Quaisquer dúvidas relacionadas à pesquisa poderão ser esclarecidas


pela aluna Caroline Cintra Martins no telefone (16) 3705-3350 ou por email
(carolcintra.m@gmail.com).
56

Agradecemos muito sua colaboração, pois estas informações são


preciosas e necessárias para ajudar na compreensão acerca da ocupação de líderes
religiosos.

Franca, _____ de ___________ de 2016.

Caroline Cintra Martins Profa. Dra. Maria Beatriz M.Bordin


CRP: 06/42244-6
Aluna

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, _________________________________________________, RG
____________________, abaixo assinado, tendo recebido as informações anteriores, e
ciente dos meus direitos, autorizo minha participação no estudo. Declaro estar ciente do
objetivo do estudo, da segurança de que os participantes não serão identificados e de
que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a
privacidade, assim como de autorizar a gravação de minha entrevista e de ter a
liberdade de manifestar recusa em autorizar a realização deste estudo a qualquer
momento. Declaro, ainda, ter recebido uma cópia deste termo de consentimento.

Franca, _____ de _________ de 2016.

_____________________________________

Assinatura
57

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Padre,

Estamos realizando uma pesquisa no Centro Universitário de Franca (Uni-


FACEF) intitulada “Nível de Estresse e Fatores Relacionados em Líderes Religiosos
Cristãos”, que será conduzida pela aluna do 5º ano do curso de Psicologia Caroline
Cintra Martins, sob orientação da Profa. Dra. Maria Beatriz Machado Bordin, docente
da instituição.
Esta pesquisa tem por objetivo avaliar o nível de estresse em líderes
religiosos cristãos, visando, além disso, identificar possíveis fatores estressores
relacionados ao exercício laboral destes líderes. Para tanto, contamos com sua
colaboração, no sentido de participar de algumas atividades propostas pela
pesquisadora, as quais consistem de uma entrevista, que será gravada somente
mediante sua autorização, e de um instrumento de avaliação psicológica, cuja
finalidade é avaliar o nível de estresse. Para a realização das atividades será
necessário apenas um encontro com cada participante, com duração aproximada de
90 minutos.
Ressalta-se que a participação no estudo é voluntária e a não aceitação em
participar deste, sem expor suas razões, assim como a desistência em participar a
qualquer momento, não acarretará em qualquer prejuízo ao participante.
A identidade do participante será mantida em sigilo e as informações obtidas
serão divulgadas apenas para fins científicos, em meios de divulgação
especializados.
Caso concorde com a realização da pesquisa assine, por gentileza, este Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.

Quaisquer dúvidas relacionadas à pesquisa poderão ser esclarecidas pela aluna


Caroline Cintra Martins no telefone (16) 3705-3350 ou por email
(carolcintra.m@gmail.com).
58

Agradecemos muito sua colaboração, pois estas informações são


preciosas e necessárias para ajudar na compreensão acerca da ocupação de líderes
religiosos.

Franca, _____ de ___________ de 2016.

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, _________________________________________________, RG
____________________, abaixo assinado, tendo recebido as informações anteriores, e
ciente dos meus direitos, autorizo minha participação no estudo. Declaro estar ciente do
objetivo do estudo, da segurança de que os participantes não serão identificados e de
que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a
privacidade, assim como de autorizar a gravação de minha entrevista e de ter a
liberdade de manifestar recusa em autorizar a realização deste estudo a qualquer
momento. Declaro, ainda, ter recebido uma cópia deste termo de consentimento.

Franca, _____ de _________ de 2016.

_____________________________________

Assinatura

___________________________ ____________________________
Caroline Cintra Martins Profa. Dra. Maria Beatriz M. Bordin
CRP: 06/42244-6
Aluna
57
59

APÊNDICE
5860

Roteiro para entrevista

( )Padre ()Pastor

Nome:
Idade: Data de nascimento ___/____/___

Estado Civil: ( ) Solteiro ( )Casado ( )Separado ( )Divorciado Filhos: _______

Tempo de ordenação ou ministério:

Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental I ( ) Ensino Fundamental II

( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Curso: ________________

Realização de outra atividade remunerada: ( )SIM ( )NÃO Se sim, qual?

- Qual a posição ocupada na Igreja?
- Quanto tempo por dia se dedica aos serviços
da Igreja?

- Quais são as principais atividades desempenhadas na Igreja? Quais delas


considera que sejam possíveis fontes de estresse?

- Quais são as maiores pressões e/ou dificuldades sofridas no cargo?

- Qual atividade mais gosta de fazer entre as suas atribuições na igreja? E a que
menos gosta?

- Quais são suas perspectivas?

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