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AS PRATICAS PEDAGÓGICAS DE JESUS

PEDAGOGIA
Análise se a ação pedagógica de Jesus serviria como uma proposta de
educação para atualidade.

ÍNDICE

1. 1. RESUMO
2. 2. INTRODUÇÃO
3. 3. Questões de Estudo
4. 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5. 5. Jesus, como educador em suas relações pessoais
e sociais, um pouco da história da humanidade
6. 6. RECURSOS QUE JESUS UTILIZOU EM SUA ÉPOCA,
PARA REALIZAR O SEU ENSINO
7. 7. A ação pedagógica de Jesus E A proposta de
educação para atualidade
8. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
9. 9. REFERÊNCIAS
1. RESUMO
Este estudo surgiu a partir do tema: as práticas pedagógicas de Jesus. Desejou-se
responder ao problema: que características assume a prática pedagógica de Jesus
para ser considerada uma diretriz educacional na atualidade? Optou-se por
delimitar a investigação, formulando os seguintes objetivos: a) analisar como era a
atuação de Jesus como educador em suas relações pessoais e sociais, com os que o
rodeavam. b) identificar quais foram os recursos que Jesus utilizou em sua época,
para realizar o seu ensino. c) verificar se hoje a ação pedagógica de Jesus serviria
como uma proposta de educação para atualidade. Por se tratar de um tema
relevante, que atende às linhas de pesquisa, definidas no curso de Pedagogia,
priorizou-se adotar o tipo de pesquisa bibliográfica, tendo–se com referencial
teórico autores como: Paulo Freire, Miguel G. Arroyo, Augusto Cury entre outros.
Os resultados a que se chegou revelaram que Jesus realmente tinha uma mensagem
simples, mas forte e marcante. Era possuidor de uma pedagogia própria, para todas
as situações Ele reinventava a prática de ensinar.

Palavras-chave: ação pedagógica, diálogo, ensino multicultural, humanização do


ensino
2. INTRODUÇÃO
Podemos observar, no nosso dia-a-dia a prática de ensino em várias escolas e
instituições do país. Sabemos que é de suma importância o papel do educador, e os
processos que envolvem o ato de educar.

Hoje temos vários meios que podem nos auxiliar para melhorar a prática
pedagógica. Temos vários cursos de aprimoramento dos professores. Os recursos
didáticos que utilizamos em cada sala de aula vêm sendo melhorados a cada dia.
Os alunos não são mais tratados como desprovidos de conhecimentos. Agora são
tratados como pessoas que têm bagagem cultural, sendo esta, muitas vezes, forte e
marcante. Como a educação não é mais a mesma de tempos atrás, muitas mudanças
estão sendo realizadas para o melhor desempenho da prática pedagógica, visando
a modernização do processo de aprendizagem.

Vale voltarmos um pouco no tempo, para lembrarmos de um professor-educador


que com poucos recursos, com uma didática própria e com muita simplicidade e
amor, trouxe uma mudança significativa para o nosso mundo atual, um homem
chamado Jesus.

Sobre tudo que lemos e ouvimos, falar de Jesus é impossível demarcar uma
separação nítida entre a pregação e o ensino, um está intrínseco no outro.

Podemos então observar que alguns dos escritores dos Evangelhos sempre
descrevem Jesus ensinando como em Marcos (capítulo 4 versículos 1 e 2):

[...] Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande
multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o
povo estava em terra junto do mar. Então lhes ensinava muitas coisas por
parábolas, e lhes dizia no seu ensino: [...]
Assim como em Marcos (capítulo 6 versículo 2):

Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-


lo, se maravilhavam, dizendo: donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é
esta que lhe é dada? E como se fazem tais milagres por suas mãos?
Todas as referências que podemos verificar mostram Jesus ensinando em vários
lugares, sendo constantemente, chamado de “Mestre” ou “Rabino”.1 Com
frequência, Jesus ensinava sua doutrina através de parábolas, histórias breves que
encerravam ensinamentos. A parábola sobre o Filho Pródigo, por exemplo, fala da
grande alegria de um pai, quando vê retornar à casa um filho que saíra a correr
mundo. Jesus usou esta parábola para mostrar o amor e o perdão de Deus aos
pecadores que se arrependem.
Muito do que Jesus ensinou já fazia parte da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento
ou Torá), e acrescentou ensinamentos novos que, posteriormente, foram
denominados de "graça" (Novo Testamento ou Nova Aliança). Ele ensinava que
Deus estava preparando a Terra para um novo estado das coisas, e quem quisesse
herdar o reino dos céus teria de nascer de novo, esse Novo Nascimento segundo a
pregação de Jesus, é uma transformação que vem do alto, de Deus e atinge o ser
humano por completo, a começar do seu coração, trazendo uma mudança de
comportamento humano. Deus nos convence, pela ação do Espírito Santo, que
somos pecadores e que sem ele não poderemos viver a vida plena que Deus
preparou para nós.
Combatia o pecado, a hipocrisia, a crueldade para com os fracos e oprimidos.
Sentava à mesa com diversas pessoas de várias classes sociais e por isso foi muito
criticado pelos Fariseus, classe política daqueles que, na época, eram considerados
os Doutores da Lei.

Estava sempre disposto a ensinar a prática do amor, mesmo antes que as pessoas
se mostrassem arrependidas. Para Jesus, o poder de Deus era maior que o pecado,
e Ele ensinava que o arrependimento e a fé podiam salvar os homens.

Que prática pedagógica é essa que conseguia mobilizar a tantos e que difundiu por
vários lugares e através de séculos o que Ele queria ensinar? Como Ele conseguia
com essa prática pedagógica levar o seu ensinamento?

Aos seus seguidores, Jesus oferecia normas práticas da vida que, por vezes, eram
mais duras de cumprir que a própria lei judaica. Ele ensinava às pessoas a amarem
a Deus e aos seus semelhantes com toda a força de seus corações e de suas mentes.
Frisava que cada pessoa deveria tratar as outras como gostaria de ser tratada por
elas. Ensinava: "a quem te esbofetear a face direita, oferece também a esquerda”,
como está em Mateus Capítulo 5, no versículo 39. As relações que ele estabelecia
com as pessoas, a sua volta, era de tamanha magnitude que muitos não queriam
abandonar a sua presença.

Em uma época e em uma região em que vigorava a chamada Lei de Talião, que
consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, "olho por olho, dente por
dente"; Jesus ensinava o perdão entre os seres humanos. Isso pode ser considerado
uma verdadeira revolução, na medida em que subvertia todo o conceito de justiça
pessoal e social, então predominante.

Justificamos com esse trabalho o nosso desejo de estudar a prática pedagógica que
Jesus desenvolveu em seu tão curto Ministério e como ele revolucionou o ensino
no mundo ocidental com uma mensagem tão simples e forte que perdura até os
dias de hoje.

Estudar o que Ele fez, será como entrar num grande laboratório, onde
entenderemos cada fase que Ele viveu, para termos de modo sucinto e claro o
funcionamento da Pedagogia que Ele aplicou em seus ensinamentos.
Não queremos, com esse trabalho, entrar no mérito da questão do campo religioso,
não, queremos levantar questionamentos sobre a prática pedagógica de Jesus e
verificar como atingia os seus objetivos.

Somos hoje pedagogos e temos uma grande lição para levar para todas as pessoas
do mundo: A arte de ensinar. Como ensinar sem que haja amor no que estamos
fazemos? Como trabalhar o conhecimento de forma clara e concisa?

Observando esse grande “Mestre” que foi Jesus, podemos refletir sobre o quanto
realmente estamos agindo de forma a atingir a “perfeição”, enquanto educadores
eficazes.

Que características assume a prática pedagógica de Jesus para ser considerada uma
diretriz educacional na atualidade? Perguntamos, então para compreendermos a
prática pedagógica de Jesus algumas questões nortearam esse estudo. Essas
questões geraram os objetivos deste trabalho:

3. Questões de Estudo
• Como era a atuação de Jesus como educador em suas relações pessoais
e sociais, com os que o rodeavam, distinguindo o valor da pessoa
humana?

• Quais foram os recursos e estratégias didático-pedagógicas que Jesus


utilizou em sua época, para realizar o seu ensino?

• A ação pedagógica de Jesus serviria como uma proposta de educação


para atualidade, com as suas práticas?

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Analisar como era a atuação de Jesus como educador em suas relações
pessoais e sociais, com os que o rodeavam.

• Identificar quais foram os recursos que Jesus utilizou em sua época,


para realizar o seu ensino.

• Verificar se hoje a ação pedagógica de Jesus serviria como uma


proposta de educação para atualidade.
Com esses objetivos podemos identificar um pouco da Pedagogia de Jesus, que foi
aplicada há mais de 2000 anos atrás.

Este estudo fundamentou-se na Bíblia de Estudo Pentecostal 1995, traduzida por


João Ferreira de Almeida, edição Revista e Corrigida, como também em textos de
apoio, jornais, livros específicos, ou seja, de livre acesso ao Público em geral.

Utilizamos ainda Paulo Freire (2008), ao lermos a Pedagogia da Autonomia, que


trata das relações interpessoais entre professores e alunos, e de como é possível
intervir no processo da construção da identidade dos sujeitos.

Augusto Cury (2006) foi consultado, porque ele faz uma análise da inteligência de
Cristo e o seu comportamento pessoal, em relação às demais pessoas, fazendo
interrogações sobre o nosso comportamento. Ele chama a atenção para o
conhecimento não só da Pedagogia como professores, mas sim, a relação do
educador, com os alunos. Tais contribuições visam aumentar, consideravelmente,
as nossas práticas educativas, a fim de não as tornar frias e sem sentido, e sim,
trazê-las à prática com mais amor e sensibilidade para dentro das salas de aula,
visando principalmente a pessoa humana.

O amor à educação, o amor aos alunos, o amor à prática diária da educação, não é
como mera profissão, mas como fonte de inspiração e alegria da prática pedagógica
para todos, onde são moldadas vidas para toda uma vida.

Entre os resultados alcançados e com a verificação das práticas pedagógicas de


Jesus, podemos melhorar a nossa prática educacional com a utilização dos poucos
meios didáticos de que alguns professores dispõem para realizar as suas
atividades, sendo maior o desenvolvimento da prática do amor e valorização do
outro.

Esta pesquisa está organizada em capítulos, sendo dividido em Capítulo I Jesus,


como educador em suas relações pessoais e sociais, um pouco da história da
humanidade. Capítulo II recursos que Jesus utilizou em sua época, para realizar o
seu ensino. Capítulo III a ação pedagógica de Jesus e a proposta de educação para
atualidade.
Esperamos que este estudo possa proporcionar a meditação sobre as nossas
práticas pedagógicas, levando em conta o que nos ensino Jesus, favorecendo o tipo
de recurso didático que temos para melhorar as nossas aulas, para que se tornem
mais atraentes e agradáveis para cada aluno.

CAPÍTULO I
5. Jesus, como educador em suas relações pessoais e sociais,
um pouco da história da humanidade
Jesus Cristo não tinha para si “uma” escola ou “um” púlpito, onde ensinava, Ele fazia
isso junto nas Sinagogas, à beira do mar, em embarcações, em montes, pelos
caminhos por onde andava.

E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o


evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o
povo.
Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que
padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados,
os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de Decápolis, de
Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão. (MATEUS 4:23-25)
Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado,
aproximaram-se os seus discípulos... (MATEUS 5:1)
Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com
febre. E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia;
(MATEUS 8:14-15)
E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles,
e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e
moléstias entre o povo. (MATEUS 9:35)
Percorria, então, Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas,
pregando o evangelho do Reino, e “curando” toda sorte de doenças e
enfermidades... Onde houvesse uma oportunidade de ensinar Ele estava à
disposição para ensinar de forma suave e sublime.
Diferentes autores defendem o quanto é importante considerar a bagagem cultural
e social que uma pessoa ou aluno traz consigo para participar dos processos
pedagógicos na sala de aula.

Ensinar de forma multicultural, na qual as desigualdades são os traços marcantes,


foi o que Jesus fez. Para ele não havia fronteiras, línguas ou costumes diferentes.
Levar o seu ensinamento, a verdade era o mais importante.

Ele não ficava preso às opiniões ou conceitos variados, opunha-os e ensinava de


forma brilhante. Ouvia a todos, independente de serem de origens e etnias
diferentes.

Vivemos em sociedades multiculturais, marcadas pela pluralidade e


também pela desigualdade. Nesse contexto, ganha relevância o
multiculturalismo – cujo conceito é normalmente definido como o de um
campo teórico, prático e político, voltado à valorização da diversidade
cultural e ao desafio aos preconceitos (CANEN 2005, p 35)
Era portanto, uma prática multicultural, cuja essência e princípios abarcam o valor
de cada um como ser sócio-cultural.

Ana Canen (2005), relata a importância do multiculturalismo e do professor estar


sempre atualizado com as práticas pedagógicas existentes, pois a cada dia novas
barreiras estão sendo quebradas e novos espaços estão sendo conquistados. Como
estar em uma sala de aula, no Brasil, com variados alunos sem praticar o
multiculturalismo? Não é possível. Existem alunos de diversos lugares, com etnias
diferentes, classes sociais diferentes, costumes diferentes e, no entanto estudam
em um só lugar. Procurar identificá-los e realizar um ensino equalizador é dever
do professor, que deve estar familiarizado com as práticas do multiculturalismo
para que não hajam dificuldades ou transtornos para o aprendizado.

Conhecer os costumes de um povo, habituar-se à sociedade em que está


trabalhando é importante para vencer as dificuldades.

Jesus durante o seu tempo de ensinamentos, tinha domínio sobre o ensino de forma
multiculturalista e sobre os costumes dos povos locais por onde passou, tendo
desta forma grande êxito no ensinamento de sua Palavra.
Formar o professor multiculturalmente orientado implica, conforme temos
argumentado, em trabalhar em prol de um modelo de professor apto a
compreender o conhecimento e o currículo como processos discursivos,
marcados por relações de poder desiguais, que participam da formação das
identidades. Implica em tensionar conteúdos pré-estabelecidos e pretensões
a verdades únicas, procurando detectar vozes silenciadas e representadas
nesses discursos curriculares, de forma a mobilizar a construção de
identidades docentes sensíveis à diversidade cultural e aptas a formular
alternativas discursivas transformadoras, desafiadoras do congelamento de
identidades e dos estereótipos. (CANEN 2005, p 56)
Jesus, com seus atos, evitava não só a discriminação, o preconceito, mas também
respeitava as identidades culturais e raciais, buscando adotar medidas que
aproximassem as culturas e as sociedades diferentes, para manterem uma única
união pautada no amor ao próximo e a si mesmo.

Quando Ele fez a escolha dos seus 12 discípulos Ele orientou-os como fazer, como
ensinar com convicção, certeza e clareza as suas palavras e ser difusor dos seus
ensinamentos, nos locais onde Ele não poderia ir.

O professor, diz Paulo Freire (2006) deve não somente ensinar o conteúdo, mas
aprimorar o que o aluno já traz consigo, ele questiona sobre a utilização dos
saberes do aluno em relação aos seus conhecimentos e como podem ser
aprimorados e utilizados na escola.

Porque não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva


associar à disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a
violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a
morte do que com a vida? Porque não estabelecer uma necessária
“intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a
experiência social que eles têm como indivíduos? Porque não discutir as
implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes para
estas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste descaso?
Porque, dirá um educador reacionariamente pragmático, a escola não tem
nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem que ensinar os
conteúdos, transferí-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si
mesmos. (FREIRE 2006, p 26)
Esses conhecimentos, que os alunos trazem consigo, são válidos como ponto de
partida para que o professor possa traçar paralelos com o que vai ser ensinado e
tomar a prática diária significativa, através de exemplos e situações do cotidiano
para aproximar o assunto da realidade. A compreensão do conteúdo fica mais
contextualizada com que está sendo discutido. Cada aluno é portador de
conhecimentos valiosos para o aprendizado coletivo.

Exemplificar as suas vivências e socializá-las com a turma, ou grupo, torna a aula


mais prazerosa e dinâmica, na qual todos poderão discutir e tomar decisões sobre
a questão. Desprezar esse conhecimento não seria o papel de educadores
comprometidos com o ensinar. Ficar preso ao tradicionalismo e manter os mesmos
preceitos servem somente para ajudar a manter a falsa aparência de liberdade do
ensinar. A busca da reflexão sobre a realidade permite que os alunos aprendam e
se tornem seres pensantes, capazes de tomar decisões, sendo elas a favor ou contra
o já instituído sistema na sociedade.

Ao lermos à trajetória de Jesus iremos encontrar episódios como quando falava à


Mulher Samaritana, sobre a água da vida, sobre salvação e libertação. Ele conseguiu
“abrir os olhos” daquela mulher, trazendo consigo grandes dilemas sociais e
apontou situações discriminadoras. Uma passagem da vida de Jesus é exemplo e
nos é narrada em João (capítulo 4, versículos 1-15).

Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele,
Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo
não batizava, mas os seus discípulos) deixou a Judéia, e foi outra vez para a
Galileia.
E era-lhe necessário passar por Samaria.
Chegou, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que
Jacó dera a seu filho José; achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da
viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora sexta.
Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Pois
seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
Disse-lhe então a mulher samaritana: como, sendo tu judeu, me pedes de
beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se
comunicavam com os samaritanos.)
Respondeu-lhe Jesus: se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te
diz: dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.
Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo;
donde, pois, tens essa água viva?
És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual
também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?
Replicou-lhe Jesus: todo o que beber desta água tornará a ter sede; mas
aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a
água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida
eterna.
Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não
mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la.

Para melhor entendermos o que havia entre os descendentes dos povos judeus e
os samaritanos, vale aqui uma explicação. Na época, judeus e samaritanos não se
comunicavam devido à religião dos samaritanos que se baseia no Pentateuco, tal
como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a
importância religiosa de Jerusalém. Os samaritanos não possuem rabinos e não
aceitam o Talmud ou Torá dos judeus ortodoxos. Os samaritanos não se
consideram judeus, mas descendentes dos antigos habitantes do antigo reino de
Israel (ou reino da Samaria). Os judeus ortodoxos os consideram, por sua vez,
descendentes de populações estrangeiras, que adaptaram uma versão adulterada
da religião hebraica, e como tal, recusavam-se a reconhecê-los como judeus ou até
mesmo como descendentes dos antigos israelitas. O Estado de Israel os reconhece
como judeus. Desta forma, havia esta discriminação pelos judeus ao samaritanos e
ainda mais para uma mulher que estava a tirar água num poço e a falar com um
judeu. Jesus demonstrou uma total abertura para ensinar, e como sua relação entre
as pessoas da época, era pautada por ações dialogadas, Jesus praticava em suas
caminhadas diárias ensinando em todo o tempo possivel.

Para aquela mulher, Jesus ensinou a prática das Boas Novas, na qual Ele falava de
si mesmo, relatando o poder da vida que somente Jesus pode dar, a vida eterna. O
seu ensinamento, naquele momento, foi tão significante para aquela mulher, que
ela não somente lhe ofereceu a água, como, também, ficou maravilhada com a
forma como Ele falava. Ela, então, foi avisar a todos quanto podia, para verem com
quem ela estava falando e o que Ele estava dizendo. A mensagem foi passada de
forma clara e o ensinamento foi aprendido e repassado.

Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:
vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura
não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele. (JOÃO 4-
28:30)
Como seria bom se a cada aluno, que levarmos o ensino pudesse ser como aquela
mulher samaratina, um aprendiz! Com tanto amor pelo que aprendeu.

Alunos de todas as partes, de todos os lugares estariam dispostos e sedentos para


aprender mais e mais. Como seria glorioso ver a feição de cada aluno com o
gostinho de quero mais, quando chegarmos ao final de uma aula e ouvirmos aquela
frase: Já acabou? Ah!

Jesus olhava seus semelhantes com um outro olhar e partia deste foco existencial
para levar a sua Palavra àqueles que a Ele se reuniam.

Esta lição de humanização deve acompanhar a tarefa da educação e dos


educadores.

Para Arróyo (2004, p 242), “os vínculos entre educação-pedagogia e humanização


vêm de longe”. Embora sejam vínculos, que pelas suas caracterísiticas existenciais
ora são tranquilas, ora não. São eles que estão presentes no processo de produção,
acumulação, apropiação do conhecimento, da cultura e da ciência.

O ofício de mestre, encontra aí seu sentido, sentido esse que lá, além, no século I
(dC) Jesus já imprimia em suas parábolas.

A pergunta que fica neste final de capítulo é: como recuperar as dimensões de


humanidade perdidas (roubadas) ao processo de ensinagem na escola? Como
recuperá-la no nosso ofício de professor, nos desvencilhando do não fazer e do não
fazer bem o ato pedagógico?

CAPÍTULO II
6. RECURSOS QUE JESUS UTILIZOU EM SUA ÉPOCA, PARA
REALIZAR O SEU ENSINO
A função do professor é uma grande arte, tem, como finalidade realizar uma
transformação em pessoas de diversas idades, levando a meditar sobre seus
conceitos e suas práticas. Entendendo mais claramente a função do professor,
dentro de uma sala de aula, meditemos em Augusto Cury (2003 p: 154) que, em
tempos de crise do ensino, tanto do lado do professor quanto do público atendido,
nos informa que

Não podemos nos esquecer que os professores do mundo todo estão


adoecendo coletivamente. Os professores são cozinheiros do conhecimento,
mas preparam o alimento para uma platéia sem apetite. Qualquer mãe fica um
pouco paranóica quando seus filhos não se alimentam. Como exigir saúde dos
professores se seus alunos têm anorexia intelectual? É por causa da saúde
deles e de seus alunos que a educação tem de ser reconstruída.
Para ajudar a nossa prática pedagógica, que realizamos no dia-a-dia, são
necessárias várias estratégias para tornar a aula mais interessante e dinâmica, nos
distanciando de algumas aulas sem graça e insípidas, sem atrativo nenhum para o
aluno. Com o desenvolvimento contínuo do homem, os instrumentos de apoio ao
ensino ganharam um grande aliado, que são os recursos didáticos.

Vamos então, para iniciar este momento, entendermos o que são os recursos
didáticos. Segundo o Dicionário (FERREIRA, 1993, p 106) “recurso didático é todo
o material que o professor pode usar para preparar, melhorar e ministrar sua aula.”

São exemplos de alguns recursos didáticos utilizados em nossa época: artigos,


apostilas, livros, softwares, sumários de livros, trabalhos acadêmicos,
apresentações de filmes, atividades, exercícios, ilustrações, CDs, DVDs etc...

Para a utilização desses recursos a escolha deve ser criteriosa, e sempre em


sintonia com o conteúdo trabalhado, sendo utilizado no momento ideal e dentro do
tempo disponível.

O recurso instrucional é “tudo aquilo que será utilizado nos procedimentos de


ensino para estimular a atenção/ percepção do aluno. Ele complementa a ação
do instrutor/ professor, sendo um componente importante do ambiente de
aprendizagem. (SEST/SENAT, 2001, p 01).
Os recursos didáticos são então poderosos para tomar a atenção dos alunos,
tornando mais viva a percepção e a compreensão do que está sendo ensinado.

Veremos abaixo alguns dos recursos que são empregados nos dias atuais:

Dentre todos os recursos disponíveis, o mais tradicional e utilizado ainda é o


quadro negro que não requer equipamentos especiais para sua utilização, embora
exija do seu usuário alguma habilidade.

O quadro magnético (quadro branco) utilizado para escrever como também para
afixar objetos ou papéis através de imã.

O flip chart é um recurso formado de cavalete e folhas em branco e serve para fazer
anotações momentâneas, durante a exposição do assunto. Difere do álbum seriado,
que consiste em uma sequência de folhas, devidamente organizadas, contendo
informações que auxiliam a compreensão do conteúdo explanado.
Já a transparência exige um equipamento próprio (retroprojetor) que possibilita a
projeção do material numa tela.

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A utilização de filmes e de slides tornam a apresentação mais próxima da realidade,
pois permitem mostrar situações existentes, sendo que o primeiro é mais dinâmico
do que o segundo, possibilitando o contato com os movimentos e os sons
característicos, que acontecem na situação em estudo, o que não pode ser
conseguido através do slide. Os dois exigem equipamentos eletrônicos, sendo
necessário o televisor e o vídeo cassete no primeiro, e o projetor e a tela de
projeção no segundo. Mais recentemente, tem-se utilizado o data show, que é um
aparelho que conectado a um computador possibilita a projeção em uma tela das
informações que pretendemos apresentar. Por usar um equipamento moderno e
que está em constante atualização, permite a inclusão de diversos recursos, como,
por exemplo: a inclusão de sons, fotos e de pequenos filmes.
Vemos então, que para os nossos dias os recursos estão sendo bem trabalhados e
aperfeiçoados, trazendo benefícios para os alunos.
Mas voltando um pouco no tempo, como Jesus então realizava o seu ensino? Quais
foram os instrumentos que Jesus utilizava para tornar a sua prática pedagógica
mais interessante? Como Ele conseguia prender a atenção de multidões? Vamos
observar estas indagações, pesquisando em alguns textos da Bíblia Sagrada.

Lemos, então, o que está escrito no Evangelho segundo em Mateus (4:23-25):

E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o


evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam,
acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os
lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da
Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.
Jesus percorria ensinando em várias cidades e as multidões sempre o
acompanhavam, andando como ovelhas atrás de seu pastor, ao final de tarde.

Utilizava muito Jesus da exposição oral, que consistia na apresentação oral de um


determinado assunto, com a participação do povo limitado a ouvi-lo, admitindo-se
alguns breves comentários e perguntas a respeito do tema. É a forma mais comum
de ensino, e na qual a maioria das pessoas, como nós mesmos fomos educados.

Para que as pessoas da época pudessem entender melhor as suas palavras Jesus
utilizavam-se, várias vezes, das Parábolas.

Podemos conceituar a parábola como: recurso literário do gênero narrativo que,


inserido dentro do enredo, faz uma advertência, traz um exemplo, uma doutrina ou
um comportamento que deve ser apreciado ou rejeitado de acordo com o
propósito. Pretendia Ele com esse recurso comparar um episódio do cotidiano com
uma realidade espiritual.

Algumas das situações em que Jesus utilizou-se das Parábolas foram para
admoestar ou indicar (como em Mateus 18: 23-35), nas quais Ele se utilizou para
falar sobre o perdão, prática essa realizada pelos Judeus até nos nossos dias

Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer
contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado
um que lhe devia dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor
mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto
tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o
reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e
perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus
conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o,
dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a
seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele,
porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram
declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-
o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida,
porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu
companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?. E, indignado, o seu
senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.
Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada
um a seu irmão, as suas ofensas.
Nesta Parábola Jesus relatou sobre o perdão de um homem servo que havia sido
perdoado por seu senhor de uma dívida que lhe custaria a vida tanto dele como de
seus familiares e que ao se humilhar diante dele conseguiu o perdão. Ao sair da
presença de se seu senhor encontrou um dos seus criados que o devia, na mesma
hora ele deveria ter mostrado a misericórdia que recebeu de seu senhor mas, não
o fez. Algumas das pessoas que estavam em redor viram o que ele fez e foram
contar ao seu senhor que o levou novamente para ser atormentado até que fosse
pago o que lhes devia, essa narrativa mostra que Jesus queria passar a importância
do perdão e da misericórdia.

Estamos, em muitas vezes, tão tomados pelas atribuições do dia-a-dia que nos
esquecemos de pequenos gestos, que podem nos levar a melhorar nossa relação
com os alunos. Ás vezes uma brincadeira fora de hora, uma palavra mal dada ou o
atraso de um aluno são levados para esferas superiores, embora pudessem ser
reconciliadas dentro da sala assim como Cury (2003, pg 155) assinala que: “na
escola dos meus sonhos cada criança é uma joia única no teatro da existência, mais
importante que todo o dinheiro do mundo’. Esse sentimento de valorização da
criança humaniza a relação e deve ser praticada. Jesus tanto sabia disso, que fazia
dessa prática uma constante no seu ensino, valorizando a pessoa humana.

Outros momentos em que Jesus utilizou-se das Parábolas foi para que o ouvinte
pudesse se posicionar a respeito de certo tema, opinião ou verdade que estava
sendo falado. Assim como no Evangelho de Lucas (12-15:24) temos o seguinte
trecho:

E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de


qualquer pessoa não consiste na abundância do que possui. E propôs-lhe uma
parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com
abundância; E ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho
onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros,
e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os
meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para
muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta
noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é
aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. E disse aos seus
discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre
o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o
sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem
semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta;
quanto mais valeis vós do que as aves?
Nesse momento, Jesus estava ensinando sobre o amor ao dinheiro e da necessidade
de ter bens financeiros, posses, aquisições. O problema maior que Jesus estava
ensinando é em por o coração nesses bens e ainda ressalta que é melhor atentar
para a vida do que para os bens.

Tais ensinamentos transpomos para a prática pedagógica indicam que devemos


também utilizar os recursos disponíveis em nossas vidas. Com o advento da
internet podemos ver um mundo se abrindo à nossa frente, apenas com um toque.
Assim como Ele conseguiu, com as suas palavras, arrastar multidões em todo o seu
caminhar, o que Ele faria se tivesse a internet, o data show, os quadros brancos,
os flip chart, os DVDs?
Com essas ferramentas seria algo tão grandioso que iria alcançar todo o mundo,
pessoas de todas as nações, iram ao encontro de seus ensinamentos.

Queremos ver todos os alunos com aquela carinha de quero mais, me ensina, me
mostra o conhecimento, querendo aprender cada dia mais onde os professores
teriam o pleno domínio sobre a plateia, somente com a utilização dos recursos.

Jesus sabia que tinha que levar o seu ensino para todos quantos pudesse alcançar,
mas que no momento sozinho era, humanamente, impossível, então, Ele começou
a doutrinar os seus discípulos na arte da oratória e da comunicação e de como
transmitir com amor, utilizando-se somente deste recurso, o que nos indica ser
possível nos dias de hoje, com tantos recursos à nossa disposição, usarmos a
comunicação adequadamente

O treinamento dos discípulos realizado por Jesus envolvia múltiplas áreas,


inclusive a da comunicação e da oratória. Ele queria treiná-los a falar de
maneira vibrante, pois seu plano era vibrante. Queria educá-los para falar ao
coração das pessoas, pois seu projeto era regado a afeto. Os discípulos tinham
parcos recursos linguísticos. Divulgar o plano de Jesus, seu amor, sua missão,
não envolvia pressão social, armas ou violência. A única ferramenta eram as
palavras. (CURY 2006, p 97)

CAPÍTULO III
7. A ação pedagógica de Jesus e a proposta de educação para
atualidade
Para iniciar esse momento, decidimos buscar exemplos em certas situações que
são vividas por nós, alunos, nos dias de hoje, nas salas de aulas das escolas, onde o
aluno não é mais valorizado como pessoa, em si, visto e instado somente como mais
um objeto, fruto das mudanças socioeconômicas que estão sendo implementadas
pelo mundo.

Lendo alguns textos e reportagens deparamo-nos com a matéria da jornalista


Arlinda Monteiro que nos chama atenção pelas palavras que usa em seu artigo para
o Jornal O Dia. Ela denuncia a situação de um país, de tamanha grandeza, que tem
deixado a sua massa ser tão mal formado, levando-a num futuro próximo a níveis
intoleráveis anti-sociais e sem vínculos de boas condutas e formação cívica.
Todos sabem que a educação é a base de tudo: é a base para um país melhor,
mais justo, com pessoas cientes dos seus direitos e deveres, enfim é o
sustentáculo para o desenvolvimento de uma sociedade. Todos têm direito a
uma educação de qualidade. Infelizmente, muitos governantes não pensam
assim, resultando em atraso e qualidade de vida ruim. Hoje, embora já com
algumas mudanças, o Brasil ainda vive uma realidade triste, com escolas
desestruturadas, professores ganhando salários aviltantes. A má formação
do jovem resulta no atraso do desenvolvimento do país. (MONTEIRO, Jornal
O Dia, 2008, p 04).
Os alunos que antigamente tinha uma expectativa maior em relação a sua formação
e a sua vida secular, a valorização dos mestres, do aprendizado chamava a atenção
de todos, onde a maioria das jovens queria ser professora devido a grandeza da
profissão, ensinar o ser humano, prepara-lo para as suas relações sociais e
pessoais, que ira levar para uma vida inteira.

Nos nossos dias atuais podemos ver que esse amor a profissão, ao ensinar tem se
apagado com o passar dos anos, onde a quantidade a ser formada deve ser atingida
ao final de cada ano, independentemente se o aluno tem condições de realmente
galgar para a série seguinte.

A violência entre alunos e professores tem aumentado, consideravelmente nas


escolas de todo o Brasil, violência essa que pode ser encontrada como armada, oral
e psicológica. Fruto dessa violência estamos vendo alunos afastando das escolas,
com medo de ser agredido por outros alunos e pelos professores, não encontramos
a paixão, o amor pelo ensino como em outros tempos.

Em São Paulo, oito em cada dez professores da rede pública já presenciaram ou


foram vítimas da violência. Em Belo Horizonte, foi verificado que em menos de três
meses já havia mais de 360 casos. São alunos que agridem outros alunos e também
os professores. A violência parece ocupar cada vez mais espaço na vida escola.
Segundo o Sindicato dos Professores do estado de São Paulo (Apeoesp), 80% dos
professores da rede pública já presenciaram ou sofreram algum tipo de violência.
Trinta por cento das ausências dos professores acontecem por causa da violência.
E muitos alunos perdem o ano letivo porque são ameaçados e não voltam mais para
a escola.
Para entendermos a prática pedagógica do ensino de Jesus, teremos que verificar
qual era o segredo que Ele tinha para realizar o seu ensinamento com extrema
qualidade e perfeição, seu segredo para que Ele tivesse bons resultados, era a
prática das suas palavras, pois seu ensino falava para a experiência do coração,
onde levava o homem a edificação da razão. Seu ensino exige, em primeira
instância, uma prática que seja anúncio das bem-aventuranças do Reino e que se
organiza dentro de sua lógica. Aqui, é preciso destacar que Jesus só valorizava os
resultados de ações motivadas pela misericórdia, pela valorização do ser humano.

Os resultados de uma prática que visa a promoção pessoal, o status, a vaidade, o


auto engrandecimento, o atendimento de interesses pessoais ou de grupos, a
manipulação do semelhante, certamente não são inspirados na lógica do Reino.
Jesus claramente condena tudo isto como em Mateus 6:1-8.

Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por
eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando,
pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em
verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres
esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua
esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te
recompensará publicamente. E, quando orares, não sejas como os hipócritas;
pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para
serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu
galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta,
ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que
pensam que por muito falarem serão ouvidos Não vos assemelheis, pois, a
eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
A pedagogia de Jesus é centrada na pessoa, o bem maior que Ele enfatizava em seus
ensinamentos sobre o Reino de Deus, buscava sempre mostrar a valorização, da
auto estima e da compaixão .

O ensino de Jesus se estabelece a partir do diálogo. Este envolve palavras, que por
sua vez envolve ação, para não se transformar em discurso vazio. A palavra no
diálogo compromete quem fala e a quem se fala. O diálogo é conscientizador,
através dele ocorre a reflexão-ação para a mudança. Ele enriquece o conhecimento
e valoriza a relação eu-tu. Como podemos observar no livro de Mateus 4:18-22

E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado
Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores;
E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles,
deixando logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois
irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai,
Zebedeu, consertando as redes; E chamou-os; eles, deixando imediatamente o
barco e seu pai, seguiram-no. ¶ E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas
suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as
enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria, e
traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e
tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava.
E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da
Judéia, e de além do Jordão.
Jesus em seus ensinamentos valorizava a família e a sua relação entre si como
podemos verificar em Mateus 15:1-5

Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo:


Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam
as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que
transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Porque
Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai
ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou
à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa
honrar nem a seu pai nem a sua mãe.
Em Mateus Mt. 25:40, E respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que
quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes., vemos
que Jesus demonstrava o valor da pessoa como Ele destacava pelo termo
"pequeninos", porque dentro do sistema social vigente naquela época eles não
tinham o mínimo valor e reconhecimento. Se eles forem valorizados, toda a
sociedade já estará salva. A ausência de valor os punha em uma situação tão
deplorável que é com eles que Jesus se identifica. Só os misericordiosos entendem
esta lógica. Também vemos na prática de Jesus a valorização da mulher. A posição
de Jesus que radicaliza a unidade indissolúvel do casal, se prende à sua compaixão
pelos oprimidos. Com seu ensino Ele devolve a dignidade à mulher e as pessoas de
classes sociais mais baixas.

Outro episódio importante na questão da valorização humana é a cura dos


leprosos. Eles eram afastados do convívio social, condenados a perambular em
pequenos grupos fora dos limites da cidade. Jesus não aceita esta condição de vida
dos leprosos e se relaciona com eles misericordiosamente, fazendo o que era
possível para reintegrá-los à humanidade. Ele os tocava como em Mateus 8:1-3, E
Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado
da lepra, e com seu gesto repudiava o abandono a que eram condenados.

A consideração da pessoa humana como valor absoluto e o convite à antecipação


do banquete do Reino no partir diário do pão, na fraternidade e na comunhão da
verdadeira amizade entre irmãos e companheiros, de alguma forma eleva a
dignidade do cotidiano humano.

A pedagogia de Jesus acontece dentro de uma perspectiva clara direcionada à


implantação plena do Reino. E esta perspectiva se opõe radicalmente à lógica da
dominação. Daí seu grande comprometimento com os desfavorecidos na
sociedade. Se queremos praticar a pedagogia de Cristo não podemos perder de
vista esta perspectiva.

Essa pedagogia que Ele aplicava no seu cotidiano deveria ser a mesma aplicada nas
salas de aula e no cotidiano social, dentro das famílias e no movimento envolvendo
a aprendizagem e a valorização do ser humano em si.

Essa valorização que vem caindo a cada dia tem gerado homens de diversas classes
sociais a serem amantes de si mesmo, levando em consideração o próprio eu. A
prática de Jesus se fosse retomada nos dias atuais como fonte pedagogia de toda a
sua didática que era própria e bem trabalhada levaria ao melhor desempenho das
funções de cada elemento do cotidiano educacional.

Poderíamos experimentar essa prática em um laboratório prático dentro de nossa


vivência diária nas salas de aula, procurando a valorização da pessoa em si,
tentando levar em conta o desenvolvimento pessoal e social da vida.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para chegar a este momento com grande satisfação e alegria por parte da minha
alma, onde procuramos responder a principal questão, qual seja e quais as
características que assume a prática pedagógica de Jesus para ser considerada uma
diretriz educacional na atualidade? Fomos obrigados a andar em cima da linha
imaginária que separa religião e ciência.

A atuação de Jesus como educador, foi notória para todos que estavam a sua volta
na época e também para nós na atualidade, ver as variadas maneiras com que lidou
com certos problemas. Foi fantástico, fascinante. Pois para cada situação
apresentada, Ele dispunha de uma didática própria e eficaz.

A valorização da pessoa humana deve ser levada em conta, pois isso nos pode ser
verificado que, em algumas escolas, isso não existe mais. O medo, a repressão, as
indiferenças com o outro, têm se mostrado na realidade do processo de ensino.
Devemos então tomar como exemplo e realizar esse preceito, que nos traz o lado
sublime do ser humano, que são as suas relações sociais de amor, afeto,
cumplicidade e fraternidade.

Na atualidade, é mais fácil dar as costas ao outro do que estender as mãos. As


práticas pedagógicas têm sido abandonadas por alguns “mestres” que se dizem
doutores do conhecimento. Vamos voltar ao início de tudo, onde éramos
sonhadores e tudo nos era possível, onde tudo era belo e sem maldade. Para amar
e sermos amados, doar sem querer nada em troca e onde fossemos fazer todo o
possível para levarmos a nossa prática da melhor forma.

Com os poucos recursos empregados na época de Jesus, verificamos que o ensino


chegou a vários caminhos diferentes. Os recursos que Ele adotava foram utilizados
de forma eficaz e alcançou os objetivos visados, que ficaram de tal forma gravados
nos corações que, até nos dias de hoje ouvimos falar de suas pregações.

Temos hoje, os melhores recursos didáticos para ensinar e muitos não sabem nem
como ligar um computador. A desatualização dos professores se torna um abismo
tão grande, que em vez de procurar buscar uma atualização, fazem ao contrário
fogem sem olhar para trás, como se tivessem correndo por suas vidas com medo
do novo.
Como vamos dedicar a nossa vida para o ensino se temos medo no novo? Não
podemos entender o novo como um grande abismo e sim, como uma nova barreira
que deve ser superada e vencida. Cada recurso que está sendo apresentado,
inventado serve somente para o aperfeiçoamento das aulas que nós mesmos
vamos lecionar, para melhorar aquilo que temos de melhor: a vocação e o amor
pela educação.

Como seria bom entender a nossa vocação e levar o amor ao ensino acima de tudo
que estamos fazendo! Nas nossas práticas, nas nossas estratégias, verificando no
nosso dia-a-dia com é bom fazermos com amor tudo na vida! Jesus nos deixou um
grande exemplo de dedicação ao que estava fazendo, para Ele não havia momento,
lugar ou dificuldade, Ele sempre procurava aproveitar o momento para levar a sua
palavra e logra êxito na sua vocação de ensinador cristão e difusor da palavra de
Deus.

A nossa realidade seria outra, totalmente diferente da nossa realidade cotidiana,


na qual vemos a crueldade rondando as salas de aula, onde professores não são
mais respeitados como antigamente, onde o mestre tinha o pleno domínio da
turma. As relações hoje são tão amargas e cheias de desconfiança. Devemos voltar
então, ao início de tudo, onde as práticas eram mais voltadas para a criança
individual, sendo sempre verificado o seu desenvolvimento.

Lamentavelmente, assim como foi na época em Jesus ensinava, teve que, por várias
oportunidades colocar os homens frente a frente com situações que os obrigada a
pensar e mudar de posição. Assim como nos dias de hoje, se nos levantarmos
contra o sistema é quase o mesmo que nos levantarmos contra a sociedade, escassa
de exemplos e de conceitos corretos, formada de homens com valores deturpados
e sem direção, que vão a passos largos para um caminho sem volta, um abismo da
ignorância, uma sociedade voltada para satisfazer o próprio EU, procurando a todo
custo, saciar essa vontade que consome por dentro.

Há mais de dois mil anos Ele nos deu um exemplo, uma direção a seguir, uma
posição a ser tomada. Em tudo que vamos fazer devemos colocar não a profissão,
mas sim, o amor ao que dedicamos nas nossas práticas pedagógicas, o amor ao
outro que esta sob nossa responsabilidade direta; o amor às relações sociais,
independente de quem seja, de onde for e de como é. Aí sim, com toda a certeza
poderemos ver uma sociedade com valores diferentes e nos verão com exemplos a
ser seguidos, como foi o caso do nosso Mestre maior e maior educador que já houve
na história Jesus.
9. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira, Bíblia de estudo pentecostal, revista e corrigida. 9ª
impressão. CPAD: Rio de Janeiro, 1995.
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagem e auto-imagem. 7. Ed. Petrópolis,
RJ; Vozes, 2004.
AURÉLIO, B. H. F. Minidicionário da língua portuguesa. Nova Fronteira: Rio de
Janeiro, 1993.
CANEN A. XAVIER, Giseli Pereli de Moura. Multiculturalismo, pesquisa e formação
de professores: o caso das Diretrizes Curriculares para a Formação Docente1. Rio
de Janeiro. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v13n48/27553.pdf>. Acesso em:
29nov2008.
CURY, Carlos Augusto O mestre inesquecível. Rio de Janeiro. Sextante, 2006.
(Análise da Inteligência de Cristo; v5)
------- Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro. Sextante, 2003.

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