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Resenha

Flávio Rafael da Silva

PRICE J.M. A Pedagogia de Jesus; O Mestre por Excelência. Rio de Janeiro:


JUERP, 1980, 162p.
John Milburn Price, BS, A..M.., Th..M .., Ph.D., LL.D. Litt.D. [1884-1976]
conhecido como pioneiro Educador Religioso foi o fundador, diretor e primeiro Dean da
Escola de Educação Religiosa do Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort
Worth, TX. Ele serviu desde 1915 até sua aposentadoria em 1956. Um visionário
educador religioso, pastor e pregador há mais de 50 anos e um antigo presidente da
Associação Americana de Escolas de Educação Religiosa, estabeleceu o primeiro
programa de doutorado em educação religiosa em 1919.
A obra é dividida em nove capítulos que visam mostrar a excelência o ministério
de ensino de Jesus. Price diz que seu objetivo é extrair da vida e dos ensinos de Jesus
aquelas verdades que possam dar aos professores melhor visão e maior estimulo em sua
gloriosa tarefa.
Dessa forma, vou tentar expor de maneira clara e objetiva os assuntos de cada
capitulo.
No primeiro capítulo “A idoneidade de Jesus para ensinar”, Price apresenta alguns
elementos sobre o ministério pedagógico de Cristo, tais como: a Encarnação da Verdade
(p.7); o desejo de servir, (p.8); a crença no ensino (p.9); o conhecimento das Escrituras
(p.11); a compreensão da natureza humana (p.13) e o domínio da arte de ensinar (p.14).
Na encarnação da verdade o autor destaca que Jesus Ensinava o que vivia, e por
isso seu ensino era afetado pelo tom de autoridade e sabedoria (p.8). Quando ele fala do
desejo de servir é por que sempre brilhou no caráter de Jesus o interesse profundo pelo
bem-estar de todos. Isso nos ensina que o vivo desejo de servir é indispensável ao ensino
vitorioso (p.9).
O autor destaca que a ênfase que Jesus deu ao seu ensino ressalta do fato de em
geral ser ele reconhecido como Mestre (p.10). Algo destacado também é a importância
do conhecimento das Escrituras para o professor, pois Jesus mostrava maestria que não
provinha somente de sua divindade, mas também de seus estudos (p.11).
Outra ênfase que Price dá neste capítulo, que está ao lado do conhecimento, é
quanto “a compreensão da natureza humana”. Ele diz que é uma qualificação muitíssimo
necessária ao professor, pois não se pode aplicar a bíblia à vida a não ser que compreenda
o aluno e suas necessidades. Jesus não só compreendeu a vida dos Judeus como penetrou
os corações e naquilo que era mais íntimo do ser humano (p.13)
No segundo capítulo, o autor lança ênfase sobre as características dos discípulos.
Ele mostra a qualidade imperfeita dos grupos de pessoas que Jesus ensinou, como:
Imaturos, ou seja, ainda não entendiam quem de fato era Jesus e o que Ele ensinava;
Impulsivos e impetuosos: alguns eram governados só por impulsos, e tinham
temperamento forte; Pecadores: eram pessoas de acentuada tendência para o pecado como

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o orgulho, luxuria e ambição; Perplexos: as pessoas eram atingidas por inúmeras
perplexidades e problemas; Ignorantes: eram os desfavorecidos da sociedade e então não
tinham tanto conhecimento e cultura; Cheios Preconceito: não aceitavam, por exemplo,
que outra pessoa que não fosse do grupo, fizesse sinais como os deles (curas, exorcismo)
e Instáveis: uma hora criam, noutra não. Ele termina dizendo que mesmo sendo um
capitulo que se mostra desanimador, Jesus seguiu em frente na sua missão e ensino
pacientemente e conseguiu fazer daquele grupo o mais eficiente que o cristianismo já viu
em sua história (p.26)
No terceiro capítulo temos o relato da objetividade do ensino de Jesus. É um
capítulo em que Price identifica o alvo que Jesus queria alcançar nos seus discípulos,
declarando que “Ele nunca ensinava somente pelo fato de ser chamado a ensinar. Ele
sempre tinha um propósito e fins definidos a atingir” e buscou assim “transformar as vidas
de seus discípulos, e por meio deles, transformar outras vidas e regenerar a sociedade
humana. Assim sendo, o autor relaciona a “formação de ideais justos” (p.29), a firmar de
“convicções fortes”; “a conversão a Deus” (p.31); “o relacionamento com os outros”
(p.32); “a resolução dos problemas da vida” (p.35); “a formação de caráteres maduros”
(p.36) e “a preparação para o serviço cristão” (p.37), como as metas de Cristo no seu
ensino.
Algo que acredito ser muito importante neste capítulo é a abordagem para “a
conversão a Deus” como sendo o alvo mais importante que um mestre cristão deve visar.
Price chega a afirmar que “todas as atividades da vida devem ser dirigidas deste centro”
(p.37). Enfim, é de se esperar que um coração convertido a Deus produzirá ações retas
que tornará a vida mais justa, igual e benéfica para todos. Em suma, Jesus buscou criar
“o homem perfeito para uma sociedade perfeita. E a realização desses objetivos significa
a vinda do Reino de Deus à terra.
No quarto capítulo, Price nos apresenta os princípios que acompanham o
ministério de Jesus. O autor explora alguns episódios da vida do Senhor e dali propõe
uma aplicação. Price apresenta ideias como: “a capacidade de Jesus olhar para longe”
(p.39); “em valorizar o contato pessoal” (p.43); “em principiar onde estava o aluno”
(p.44); “em deter-se em assuntos vitais” (p.45); “em trabalhar a consciência dos
indivíduos” (45); “em olhar para o que há de bom no aluno” (48) e “assegurar a liberdade
de ação” (p.49). O autor diz que o Evangelho de Jesus era de pensamento e ação, bem
como de ouvir, sentir e praticar
No quinto capítulo o autor fala do uso que Jesus fazia de seus materiais de ensino,
e também faz uma apresentação das fontes (Escrituras Sagradas, o mundo natural e o
cotidiano), das formas (afirmativas, expressões incisivas e figuras de linguagem) e os
propósitos (iniciar, aclarar e fortalecer), como recursos utilizados por Jesus para
transmitir o seu ensino. Aqui quero enfatizar o uso das Escrituras Sagradas como fonte
do ensino de Jesus. Price diz que é claro que Jesus usou livremente as Escrituras do Velho
Testamento. D.R. Piper nos conta que Ele fez citações do Velho Testamento trinta e oito
citações diretas, quatro vezes aludiu acontecimentos nele registrados e cinquenta vezes
empregou linguagem paralela a certas palavras do Velho Testamento”. E diz ainda que
“... se referiu a vinte e um dos livros do Velho Testamento” (p.51).

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No sexto capítulo “sua maneira de dar lições” ele diz que Jesus não tinha maneira
fixa de dar lições. Jesus agia e ensinava da maneira que melhor lhe parecesse melhor.
Então, Price dá sugestões de apresentação das lições feitas por Jesus: “o começo da lição”
(p.63); “exemplos como ilustração” (p.68); “o desenvolvimento da lição” (p.70); e
“conclusão” (p.72). Price conclui dizendo que muitas das maneiras que são usadas hoje
para dar lições não foram usados por Jesus, mas fato é que de várias maneiras Ele buscou
aferir resultados do seu ensino (p.72).
Nos capítulos sete e oito, o autor fala sobre alguns métodos usados por Jesus. Ele
diz que Jesus usava aqueles métodos de forma natural, isto é, não eram frutos de
deliberados estudos. Porém, praticamente tudo aquilo que é usado hoje como atividades
educacionais foi usado por Jesus. Alguns como: Uso de objetos ou coisas; A
Dramatização; Histórias e Parábolas; Preleções; Perguntas; Discussões ou Debates. Ele
foi mestre em tudo e o maior de todos. “Atrás das palavras, dos gestos, dos métodos,
estava o próprio Jesus.”
No nono e último capítulo , Price apresenta objetivamente os resultados
alcançados por Jesus e sua superioridade como professor e a ênfase que ele deu ao seu
ensino, tais como: “a valorização e elevação da pessoa humana” (p.96); “a transformação
de vidas” (p.97); o “incentivo para reformas” (p.98); “a melhoria das instituições” (p.99);
“saturação da Literatura” (p.100); “a influência nas artes” (p.101); “a inspiração da
Filantropia” (p.102) e a “inspiração para servir” (p. 104). Todos esses resultados nos
mostram o quão efetivo foi seu ensino e a forma com que Ele exerceu. Termino com uma
citação de um escritor que para mim resume bem o ministério de Jesus, ele diz:
“Sei perfeitamente o que digo, quando afirmo que, reunindo-se
todos os exércitos já organizados a todas as armadas já
construídas e a todos os parlamentos já convocados, e a todos
quantos hão reinado nesse mundo, é certo que todos juntos não
conseguirão afetar a vida humana sobre a face da terra como esta
solitária personalidade o fez.” Jesus, o Mestre dos mestres
medido por qualquer estalão, indubitavelmente é o maior mestre
do mundo. Humildemente devemos seguir suas pisadas, e “fazer
discípulos de todas as nações, batizando-os... e ensinando-os a
observar todas as coisas que vos tenho mandado” (Mt 28.19,20).

Concluo dizendo que foi uma leitura muito edificante e útil para minha vida e
ministério. O autor soube extrair e transmitir de forma clara, objetiva e muito profunda
ensinos da vida de Jesus que servem como norte para nós, educadores. Sei que existem
ótimos mestres pelo mundo a fora que muito contribuem com seu conhecimento para
auxiliar-nos nessa tarefa tão árdua e tão importante, que é a de ensinar. Mas, ao ler esta
obra, percebi que nenhum deles pode nos transmitir um ensino tão profundo e eficaz como
nosso Senhor Jesus. Pois este ensinou com a própria vida, e até com sua morte.
Os capítulos cinco e seis me chamaram muita atenção. No quinto o autor diz que
Jesus citava as Escrituras constantemente, mostrando assim a extrema importância da
mesma no ensino. E assim como Jesus, as Escrituras não devem estar somente na cabeça
e lábios, mas principalmente no coração.

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E no sexto, Price mostra que Jesus além de usar as Escrituras como principal
ferramenta de ensino, também expunha esses ensinos de forma didática e criativa. O autor
mostra que Jesus não tinha um método único, mas se adequava às diferentes situações e
público, usando dramatização, ilustrações e etc.
Agradeço a Deus pelo privilégio de ter lido essa bela obra. Com certeza, ela me
ajudou a olhar de forma diferente para a maneira de ensinar. Minha oração é para que,
assim como Jesus, eu possa ser usado para transformar vidas e historias através do meu
ensino.

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