Dedico essas linhas ao meu falecido professor de português e literatura, Francisvaldo.

Enquanto houver amor e perdão no mundo,

a chama de sua presença jamais se apagará.

Com quantos amores se faz um amor...

Com quantos amores se faz um amor

Que dure à penosa rotina diária,
Não rompa à primeira pontada de dor,
Perdoe o pecado com mão solidária?

Com quantos amigos se faz amizade

Capaz de ouvir o coração machucado?
Que mesmo a distância e sua eterna saudade
Não apague a chama de amor cultivado.

Com quantas desgraças se perde a esperança

Da vida sonhada repleta de dança?
Com quantas facadas se faz carmesim

Tingindo a vil alma que habita em mim?

Com quantas tristezas se fica feliz
Se choro por tudo, por tudo que fiz?

Dissonância

O timbre falso sempre a caminhar,

Esconde em suas notas um segredo,
Mas, pobre coitado, não o diz por medo.
Então continua só em seu calar.

E na janela alta chorando o dia,

Relembra das verdades que cantava,
Das doces ressonâncias que amava
E do som familiar que tanto ouvia!

Mas hoje seu indizível uivar agudo,

Embaralha seus fios de lembrança,
E enterra a alegria com pesar mudo.

E assim, no concerto, quieto ele dança.

Esperando que logo acabe tudo,
Para morrer surdo de esperança.

Combustível de tristeza

Combustível de tristeza
É uma vida solitária
Vento frio de certeza
De uma morta indumentária

Assassina da esperança
Lavra surda de um chorar
Vai-te embora da minha vida
Quero ouvir o sabiá
Pouco lume ainda resta
No que outrora foi feliz
E essa dúvida me infesta
Senhor Deus, o que lhe fiz?

Qual sentido dessa dor

Que carrego o tempo inteiro
Esse amargo dissabor
Infinito e padroeiro?

Rosto baixo e taciturno

Passo rápido e sem sorte
Vou-me embora dessa vida
Vou-me embora para morte

Pedido de amor

Yasmin, desde de nossa primeira dança

Todo meu coração se encheu de esperança!
E percebi que de nada vale tudo que vivi
Se nesse tempo todo não pude te ver sorri!

E se ando pelas ruas conversando com as flores,

É porque tua lembrança me faz morrer de amores!
E se minha alma anda dançado de alegria,
É porque antes de te encontrar só chorava e sofria!

Yasmin, ao seu lado sou tão feliz!

E sei que, se só me restasse um triz,
Eu te abraçaria forte e não soltaria
E morreria, assim, sorrindo de alegria!

E se meu coração bate por ti descompassado,

É porque por você estou perdidamente apaixonado!
E se meu amor por ti não for puro e forte
Que os anjos venham e anunciem minha morte!

Yasmin, e se por acaso o mundo não fizer sentido,

E todas as esperanças tiverem, por fim, morrido,
Eu espero que relembre esse momento amigo,
Quando, enfim, te perguntei: Casa comigo?

Jovem paixão

No recanto colorido
Dos teus seios eu me acho
E na várzea do teu riso
Em amores me desfaço

E em monólogos à noite
Com a alvura do luar
Eu soluço de saudade
E te peço que não vá

Em cascatas de alegria
Transformou-me a tua voz
Esquentou a noite fria
Expulsou o meu algoz

Entre lírios e tulipas

Encontrei um alto ipê
Perguntou o porquê dos vivas
Respondi... que era por amar você