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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E


CONTEMPORANEIDADE

ÁBIA LIMA DE FRANÇA

ÁBIA LIMA DE FRANÇA

TRAJETÓRIAS FORMATIVAS E REGISTROS


BIOGRÁFICOS DE MESTRAS DE CAPOEIRA

Salvador
2022
ÁBIA LIMA DE FRANÇA

TRAJETÓRIAS FORMATIVAS E REGISTROS BIOGRÁFICOS


DE MESTRAS DE CAPOEIRA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação e


Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia, Linha de
Pesquisa: Educação, Práxis Pedagógica e Formação do Educador, como
requisito parcial para obtenção de título de doutora em Educação

Orientador: Prof. Dr. Augusto Cesar Rios Leiro.

Salvador
2022
FOLHA DE APROVAÇÃO

TRAJETÓRIAS FORMATIVAS E REGISTROS BIOGRÁFICOS


DE MESTRAS DE CAPOEIRA

ÁBIA LIMA DE FRANÇA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação e


Contemporaneidade – PPGEduC, em 21 de dezembro de 2021, como requisito
parcial para obtenção do grau de Doutor em Educação e Contemporaneidade pela
Universidade do Estado da Bahia, conforme avaliação da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Augusto Cesar Rios Leiro


Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Doutorado em Educação
Universidade Federal da Bahia, UFBA,
Brasil

Prof. Dr. Luiz Renato Vieira


Universidade de Brasília - UnB
Doutorado em Sociologia
Universidade de Brasília, UnB, Brasil

Profa. Dra. Amélia Vitória de Souza Conrado


Universidade Federal da Bahia - UFBA
Doutorado em Educação
Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil

Profa. Dra. Rosangela Janja Costa Araujo


Universidade Federal da Bahia - UFBA
Doutorado em Educação
Universidade de São Paulo, USP, Brasil

Prof. Dr. Raphael Rodrigues Vieira Filho


Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Doutorado em História do Brasil
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil
A todas as mestras de capoeira, pela resistência, resiliência, dedicação e referência.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela capoeira e pelo dom da vida.

À minha mãe, Joelma Catarina Lima de França, e ao meu pai, Milton Cavalcante Paciência de
França, por me gerarem, educarem e serem minha base de apoio e acolhimento em todos os
momentos da minha vida.

À minha filha, Ayla Lima Andrade, pelo amor, pela transformação de vida, por existir e por
ressignificar minha história de vida enquanto mulher e mãe.

Ao meu companheiro, Gerson Danilo Andrade Mariano, pelo incentivo e pela força durante o
doutoramento.

Aos meus familiares: meu irmão, Danilo, minha avó Catarina, meus tios Fernando, Reinilson e
Gedaias, minhas tias Célia e Carmita, meus primos e minhas primas, que são especiais na minha
vida.

Aos meus amigos e às minhas amigas: Josenice, Thiago, Joanice, Michele, Disalda, Clerista,
Mirian, Zenaide, Rebeca, Laiane, Jéssica, Natale, Elisa, Raissa, Kenya, entre tantos(as)
outros(as).

Ao meu orientador, Augusto Cesar Rios Leiro, por me guiar no doutoramento, acreditar no meu
potencial ao longo de uma década e ser referência na minha vida. Sou eternamente grata por ter
me acolhido nos grupos Fecom/Uneb e MEL/UFBA e por ter me possibilitado expandir os
horizontes de vida.

Aos(às) integrantes dos grupos Fecom e MEL, em especial a Jomária, Luciana, Paulo, Cândida,
Regina, Nicola, Ercília, Ednaldo, Rosimeire, Diana, Vanessa, Adenilma, Vanessa, Rose, Thaís,
Albertino, Heloísa, Nivea, Daniela, Isabel, Henderson, Adriana, Hosana e Jonaza (minha
conselheira, obrigada pela força, pelo apoio e pela solidariedade durante a escrita da tese).

A todos(as) os(as) professores(as) da banca examinadora: Prof. Dr. Augusto Cesar Rios Leiro
(orientador), Prof.ª Dra. Amélia Vitória de Souza Conrado, Prof.ª Dra. Rosangela Janja Costa
Araújo, Prof.ª Dr.ª Jane Adriana Vasconcelos Pacheco Rios, Prof. Dr. Raphael Vieira Filho e
Prof. Dr. Luiz Renato Vieira, pelas inúmeras contribuições e sugestões valiosas.
Aos(às) colegas da turma de 2019 do doutorado em Educação e Contemporaneidade da Uneb:
Elis, Jomária, Sara, Janivaldo, Kátia, Márcio, Anália, Rebeca, Sirlaine, Tássio, Ramires, Rosa,
Ana, João, Jacilda, Alan, Cristiano, Rana, Joana, Mariana, Claúdia Sérgio, Adelson, Naurelice,
Daniele e Alessandra, pela convivência, parceria, apoio e solidariedade ao longo de três anos.

Ao meu grupo Arte Baiana, em especial ao contramestre Veru, por ter me acolhido em seu
grupo e me incentivar na prática da capoeira. A todos(as) os(as) colegas que fazem parte,
principalmente a Panda, Rose, Murilo, Florzinha, Moranguinho, Mãe, Docinho, Jambo, dentre
outros(as), agradeço pela parceira nos treinos.

A todas as mestras de capoeira: Adriana, Alcione, Alaíde, Amazonas, Amazonas (GO), Ana
Dourada, Ana Sábia, Ana Maria, Andrea, Andrea (SP), Aninha, Arara, Aruanda, Aurea, Bad,
Baiana, Baianinha, Baixinha, Baixinha (ES), Beija-Flor, Bel, Bonequinha, Borboleta,
Borrachinha, Bya, Brisa, Bruxinha, Camila, Carla, Carol, Catita, Celebridade, Ciça, Cigana,
Cigarra, Chaveirinho, China, Claudia, Claudinha, Claudinha Rouge, Cleide, Colibri, Coral,
Coruja, Criança, Cris, Cristina, Cristina, Cristina Caxias, Dandara Baldez, Dani Gouveia, Dani
Ferraz, Dani/Raposa, Darlene, Darlyane, Dedê, Deivinha, Deusa, Destemida, Di, Diamante,
Didi, Dini, Dirlea, Diane, Dila, Dirce (in memoriam), Doralice, Edna Lima, Elma,
Engraçadinha, Esperança, Fafá, Felina, Felina, Flanela, Flávia Pupila, Foguinho, Folgadinha,
Furinha, Francesinha, Fru, Geisa, Gegê, Grazi, Guerreira, Idalina, Índia, Isa, Iúna, Jana, Jane,
Janja, Jararaca, Jerusa, Jô, Jô Ligeirinha, Jú Trajano (in memoriam), Karruina, Kátia, Karlinha,
Kelly, Kêu, Kodak, Lagosta, Lara, Leda, Lena, Lene, Lilla Angonal, Lilu, Luar do Sertão, Lú
Baobá, Lu Pimenta, Luana, Lua Branca, Lucia Cigana, Marcha Lenta, Machadinha, Mada,
Magali, Mainha, Malu, Manhosa, Manô, Mara, Mara (Feiticeira), Márcia, Marciana, Maria
Mara, Maria Pandeiro, Maria Patrimônio, Marisa, Marla, Marly, Marreca, Mazé, Meire, Meire,
Meirelou, Meiry, Meo, Michelinha, Michelli, Mirian, Mirinha, Miúda, Molequinha, Mônica,
Monise, Moranguinho, Morena, Morena (RS), Mucama, Nagô, Nani, Nega, Nega Uara, Noa,
Noélia, Novinha, Nzinga, Nena, Omara, Pantaneira, Patrícia, Patrícia, Paulette, Paulinha,
Paulinha Zumba, Pé de Anjo (in memoriam), Pequena Rasta, Pintada, Pitú, Pokahontas, Potira,
Portuguesa, Preguiça, Preta, Pudiapen, Puma, Quequel, Raposa, Raquel, Raio de Sol, Renata,
Renatinha, Rilene, Risadinha, Rita, Ritinha (in memoriam), Roberta, Rosa Costa, Rosinha,
Rosita, Ruffato, Rute, Sabrina/Sassa, Samme, Samila, Sandrinha (in memoriam), Sapeca, Sara,
Sara/Soberana, Saruê, Selma, Sereia, Sereia (SP), Serena, Shaolin, Sheila, Sherra, Selva,
Shirley Guerreira, Simone, Siomara, Soninha, Sorriso, Sorvetinho, Sueli Cota, Suely, Suelly
Sylvia, Taísa, Tate, Tati, Tempestade, Tekka, Tida, Thiara, Tisza, Tonha Rolo do Mar (in
memoriam), Trança, Úrsula, Valdira, Valdirene, Valéria, Vanda, Vânia, Vanuza, Vivian,
Zangada, Zanga, Zazá, Zebrinha, Yaçana.

Aos(às) capoeiristas que colaboraram (in) diretamente para a escrita da tese, dentre os(as) quais
destaco: mestre Paulão, mestra Darlene, mestra Foguinho, mestra Malu, mestra Cris, mestra
Mada, contramestra Tartaruga e Mônica Beltrão, mestre Bel e Antônio Liberac.

A Lázaro Paz e a Nicinha Guedes pela produção do documentário Trajetórias formativas e


registros biográficos de mestras de capoeira, um dos produtos da tese de doutorado.
Sou mulher, sou capoeira1
Minha luta é certeira
Dou aú, também rasteira
Sou mulher

Não me peça pra me calar


Nem com tiro de canhão
O machismo tenta me levar ao chão
Com força física e dominação

Mas ninguém parece ver


A relação é de poder
Se questiono, dou faniquito ou sou sapatão
Não sou obrigada a viver uma submissão

Respeite o meu jogo, minha ginga e malícia


A liberdade quem me garante é a Constituição
Sexo frágil é ilusão, sou mulher

Ocupo todos os espaços


Com beleza e resistência
Sou professora e doutora
Já cheguei na presidência, sou mulher

Vamos todas nessa luta


Contra o machismo e opressão
Em pleno século XXI, libertação.

1
Sou Mulher, Sou Capoeira, música de autoria de Ábia França e Josenice Guedes, faz parte do Projeto ‘Sou
Mulher, Sou Capoeira’ (FRANÇA, 2018a).
RESUMO

A presente tese buscou analisar as trajetórias formativas e os registros biográficos de mestras


de capoeira. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa que lançou mão dos seguintes
dispositivos: levantamento documental, questionário online e relato oral. A primeira etapa do
estudo foi identificaras produções científicas e cinematográficas sobre as mestras de capoeira;
a segunda, compreender os desafios e as potencialidades das trajetórias formativas das mestras;
e a terceira, apresentar os registros biográficos de mestras de capoeira. Os resultados da
pesquisa apontaram a escassez de estudos sobre a capoeira e as relações de gênero nas áreas da
Educação, Educação Física e Gênero/Feminismo e a pouca visibilidade da presença das
mulheres na capoeira a partir das produções cinematográficas. As trajetórias formativas das
mestras na pequena e grande roda foram atravessadas por obstáculos da condição de ser mulher.
As mestras têm buscado lutar em distintos espaços contra os preconceitos e colaborado para a
manutenção e propagação da capoeira.

Palavras-chave: Trajetória formativa. Registro Biográfico. Capoeira. Mulher.


ABSTRACT

The present thesis sought to analyze the formative trajectories and biographical records of
capoeira masters. This is a qualitative study that made use of the following devices:
documentary survey, online questionnaire and oral report. The first stage of the study was to
identify the scientific and cinematographic productions on the capoeira masters; the second, to
understand the challenges and potentialities of the training trajectories of the masters; and the
third, to present the biographical records of capoeira masters. Physical Education and
Gender/Feminism and the low visibility of the presence of women in capoeira from
cinematographic productions. The formative trajectories of the teachers in the small and large
circle were crossed by obstacles of the condition of being a woman. The masters have sought
to fight against prejudice in different spaces and collaborated for the maintenance and
propagation of capoeira.

Keywords: Formative trajectory. Biographical Record. capoeira. Woman.


LISTAS DE FIGURAS

Figura 01 – Roda de capoeira do Projeto Capoeiragem na UFBA, em 2011. Presença dos


professores Márcio e Pesado, Ábia Lima, Luís, Claudio, dentre outros .............. 23
Figura 02 – Comitiva representativa da Bahia no 14º Campeonato Brasileiro de Capoeira em
Vitória, ES, com a presença de mestre Furacão, mestre Kako, contramestre
Fofão, professoras Nevasca, Pithula, Raoni, Ábia, dentre outros. ....................... 24
Figura 03 – Ábia Lima e Cesar Leiro apresentando trabalho sobre a capoeira na 64ª Reunião
da SBPC, na UFMA, em 2012. ............................................................................ 25
Figura 04 – II Colóquio Internacional ‘Educação, Corpo e Identidade’, no dia 11/10/2013,
organizado por Leliana Sousa e Amélia Conrado, do qual participaram Ábia
Lima, mestra Janja, Eduardo, Leliana Sousa, Maria Cecília, Amélia Conrado, etc.
26
Figura 05 – Mulheres da Escola de Capoeira Mestre Alabama num evento em 2014, na
Câmera de Salvador: Ábia Lima, contramestra Carla, Juçara, Roiroi, Ursinho,
Verônica, Lucimar e outras capoeiristas. ............................................................. 26
Figura 06 – Homenagem aos coletivos de mulheres no evento ‘Ginga Feminina’ em 2017, do
qual participaram mestra Carla, mestra Geisa, mestra Foguinho, mestra Nzinga,
professora Ester, Ábia Lima, Daniela Borges, mestre Já Morreu, Lúcia Lima, etc.
.............................................................................................................................. 28
Figura 07 – Roda de capoeira ao final da defesa da dissertação de Daniela S. de Jesus no
Ceao/UFBA, em 2017, da qual participaram, no jogo, Ábia e Joana, e na bateria
de instrumentos: Christine Zonzon, professora Negona, Mexicana, mestra Lilu,
Adriana Dias e outras duas capoeiristas. .............................................................. 29
Figura 08 – Curso ‘Capoeira e Inclusão’, conduzido pela mestra Patrícia em 2017, do qual
participaram Ábia Lima, mestra Gegê, mestra Patrícia, Adriana Dias e
contramestra Girassol ........................................................................................... 29
Figura 09 – Mesa de discussão ‘Mulher na roda: (in)visibilidade, protagonismo e luta’, em
2018, na Uninassau. Palestrantes: Ábia Lima, professora Índia, Priscila Silveira e
Adriana Dias. Presentes: instrutora Mandingueira, contramestra Tartaruga,
Christine Zonzon, Josenice Guedes, Joelma Lima, contramestre Marcelo,
instrutora Tomada, Elisângela, entre outros......................................................... 30
Figura 10 – Defesa da dissertação Capoeira & Educação: produção do conhecimento em
jogo, de Ábia Lima de França no PPGE/UFBA, em 2018. Banca examinadora:
Cesar Leiro (orientador), Amélia Conrado, Pedro Abib e José Falcão................ 31
Figura 11 – Professora Negona, professora Índia, mestre Falcão, contramestre Desenho,
Adriana Dias, Jacaré, Roiroi e Christine Zonzon compondo a bateria; Ábia
França e Cesar Leiro ao pé do berimbau, no dia da defesa da dissertação .......... 31
Figura 12 – Cartaz da live Quem nunca viu, venha ver: experiências e trajetórias de
contramestras e mestras em jogo, da qual participaram as mestras Pantaneira,
Bel, Samme e Carla, bem como a contramestra Lilu, mediada por Ábia França,
no dia 05/05/2020................................................................................................. 34
Figura 13 – Cartaz da live Abuso sexual na Capoeira: reflexões e enfrentamento, com as
convidadas mestra Patrícia e mestra Malu, mediada pela contramestra Natália, no
dia 06/06/2021...................................................................................................... 35
Figura 14 – Cartaz da live Quem nunca viu, venha ver: experiências e trajetórias de
contramestras e mestras em jogo, com as convidadas mestra Lu Pimenta, mestra
Geisa, mestra Carla e contramestra Tartaruga, mediada por Ábia França, em
05/08/2020 ........................................................................................................... 35
Figura 15 – Cartaz da live Educação, maternidade e capoeira na roda: experiências e
reflexões em jogo, da qual participaram Ábia Lima, mestra Nzinga, Elis Souza,
Soulange Couto e Rita Eloá ................................................................................. 36
Figura 16 – Cartaz da live Dia do Orgulho LGBTQIA+, com as convidadas mestra Karlinha,
mestra Lu Baobá, mestra Rosa, mestra Nagô e Puma, com mediação da
contramestra Boca, no dia 28/06/2021 ................................................................. 37
Figura 17 – Cartaz da live Lida de mulher preta na capoeira: seus desafios e avanços, com as
convidadas mestra Índia, mestra Nega Uara, mestra Nagô e mediação da
contramestra Natália, no dia 25/07/2021 ............................................................. 37
Figura 18 – Cartaz da live da Mulheres negras na Capoeira, por Júnia Bertolino, com as
convidadas mestra Alcione, mestra Cristina e mestra Janja, no dia 28/08/2021 . 38
Figura 19 – Ábia Lima e sua filha, Ayla, no Forte da Capoeira, em 2021.............................. 39
Figura 20 – Linha do tempo de criação da graduação na capoeira ......................................... 71
Figura 21 – Mestra Tonha Rolo do Mar (esq.), mestra Sandrinha (centro) e mestra Cigana
(dir.).................................................................................................................... 133
Figura 22 – Entrevista do mestre Cobrinha Verde mencionando a mestra Tonha Rolo do Mar
............................................................................................................................ 134
Figura 23 – Entrevista de mestra Sandrinha .......................................................................... 136
Figura 24 – Entrevista com a mestra Cigana ......................................................................... 138
Figura 25 – Panorama das mestras de capoeira ..................................................................... 142
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Panorama dos filmes que trataram sobre a capoeira .......................................... 83


Gráfico 02 – Panorama das dissertações e teses sobre capoeira e relações de gênero no banco
da Capes por Unidade Federativa do Brasil ....................................................... 89
Gráfico 03 – Distribuição das dissertações e teses sobre a capoeira e relações de gênero no
banco da Capes – 1999-2021.............................................................................. 90
Gráfico 04 – Distribuição dos trabalhos acadêmicos sobre capoeira e relações de gênero
socializados em cinco edições do Conbrace/Conice ........................................ 105
Gráfico 05 – Trabalhos de capoeira por GTT nas edições de 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019
do Conbrace/Conice ......................................................................................... 106
Gráfico 06 – Panorama de trabalhos científicos sobre a capoeira e relações de gênero em
renomados eventos de Gênero/Feminismo....................................................... 108
Gráfico 07 – Tempo de capoeira das mestras da amostra ..................................................... 113
Gráfico 08 – Distribuição do ano de formatura e/ou reconhecimento das mestras de capoeira
.......................................................................................................................... 113
Gráfico 09 – Reconhecimento das mestras de capoeira ........................................................ 114
Gráfico 10 – Trabalhos com a capoeira fora do Brasil .......................................................... 114
Gráfico 11 – Distribuição das mestras de capoeira por regiões do Brasil ............................. 115
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de


Educação no Brasil .............................................................................................. 98
Quadro 2 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de
Educação Física no Brasil .................................................................................... 99
Quadro 3 – Artigos científicos sobre capoeira e relações de gênero nas revistas de Educação
Física do Brasil .................................................................................................. 100
Quadro 4 – Artigos científicos sobre capoeira em revistas de Gênero/Feminismo brasileiras
............................................................................................................................ 103
Quadro 5 – Trabalhos sobre a capoeira e as relações de gênero nas edições de 2011, 2013,
2015, 2017 e 2019 do Conbrace/Conice ............................................................ 106
Quadro 6 – Trabalhos acadêmicos sobre a capoeira e as relações de gênero nas quatro últimas
edições dos renomados eventos científicos de Gênero/Feminismo ................... 108
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AJPP Associação de João Pequeno de Pastinha


ANPEd Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBCE Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte
Conages Colóquio Nacional Representações de Gênero e de Sexualidades
Conbrace Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte
Confef Conselho Federal de Educação Física
Conice Congresso Internacional de Ciências do Esporte
Cref Conselho Regional de Educação Física
DMO Densidade Mineral Óssea
ECA Estatuto da Criança e Adolescente
Fatec Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo
Fazendo Gênero Seminário Internacional Fazendo Gênero: diásporas, diversidades,
deslocamentos
Fecomercio-PE Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de
Pernambuco
Fica Fundação Internacional de Capoeira Angola
Funcap Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
FURG Universidade Federal do Rio Grande
GCM Grupo Chamada de Mandinga
GTT Grupos de Trabalhos Temáticos
HCEL História da Cultura Corporal, Educação, Lazer e Sociedade
IES Instituições de Ensino Superior
IPA Centro Universitário Metodista
Iphan Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
LGBTQIA+ Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Queer,
Intersexo e Assexuais
MEL Mídia, Memória, Educação e Lazer’
MMC Movimento Mulheres Capoeiras
OMS Organização Mundial de Saúde
Pibic Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica
PPGE/PPGEDUC Programa de Pós-Graduação em Educação
Premen Programa de Melhoria de Ensino Nacional
PUC-GO Pontifícia Universidade Católica de Goiás
RAM Rede Angoleira de Mulheres
RBCE Revista Brasileira de Ciências do Esporte
Redor Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre
Mulher e Relações de Gênero
SciELO Scientific Electronic Library Online
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TIC Tecnologias da Informação e Comunicação
UCSal Universidade Católica de Salvador
Udesc Universidade do Estado de Santa Catarina
Uece Universidade Estadual do Ceará
UEG Universidade do Estado de Guanabara
UEM Universidade Estadual de Maringá
UEPB Universidade Estadual da Paraíba
UEPG Universidade Estadual de Ponta Grossa
Uerj Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Uern Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Uesb Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Ufes Universidade Estadual de Feira de Santana
UFG Universidade Federal de Goiás
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UFPA Universidade Federal do Pará
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFPB Universidade Federal da Paraíba
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UFS Universidade Federal de Sergipe
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCar Universidade Federal de São Carlos
UFU Universidade Federal de Uberlândia
UnB Universidade de Brasília
Uneb Universidade do Estado da Bahia
Unesco Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
Unesp Universidade Estadual Paulista
UniBH Centro Universitário de Belo Horizonte
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
Unicastelo Universidade Camilo Castelo Branco
Unimontes Universidade Estadual de Montes Claros
Unioeste Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Unisinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Univasf Universidade Federal do Vale do São Francisco
Universo Universidade Salgado de Oliveira
SUMÁRIO

1 VOU CONTAR A MINHA HISTÓRIA ................................................................... 20


2 A MULTIDIMENSIONALIDADE DA CAPOEIRA: PAUTAS
CONTEMPORÂNEAS EM JOGO .......................................................................... 41
2.1 SURGIMENTO DA CAPOEIRAGEM: RESGATE DAS MULHERES VALENTES
...................................................................................................................................... 41
2.2 ENTRE MARGINALIZAÇÃO E ACEITAÇÃO: (IN)VISIBILIDADE DAS
MULHERES NA RODA ............................................................................................. 50
2.3 INTERNACIONALIZAÇÃO DA CAPOEIRA: AS MESTRAS FORA DO BRASIL
...................................................................................................................................... 57
2.4 NOTAS SOBRE AS TRAJETÓRIAS DAS MULHERES DENTRO E FORA DA
CAPOEIRA .................................................................................................................. 62
2.5 PROCESSOS FORMATIVOS NA CAPOEIRA: AS(OS) MESTRAS(ES) NA RODA
...................................................................................................................................... 66
2.5.1 Ritual e sistema de avaliação na Capoeira Regional ............................................... 73
2.5.2 Ritual e sistema de avaliação na Capoeira Angola .................................................. 76
3 GINGAS METODOLÓGICAS ................................................................................. 80
3.1 A PRESENÇA DAS MULHERES NA CAPOEIRA: CINEMA E PRODUÇÃO
CIENTÍFICA EM JOGO .............................................................................................. 82
3.1.1 (In)visibilização das mulheres em tela ...................................................................... 82
3.1.2 As mulheres na roda científica brasileira ................................................................. 88
3.1.2.1 A produção de dissertações e teses sobre a capoeira e as relações de gênero no Brasil
.....................................................................................................................................88
3.1.2.2 Produção do conhecimento sobre capoeira nas revistas acadêmicas brasileiras de
Educação, Educação Física e Gênero ........................................................................... 97
3.1.2.3 A temática da capoeira e as relações de gênero em eventos acadêmicos de Educação,
Educação Física e Gênero/Feminismo ....................................................................... 104
3.2 CONSTRUÇÃO E LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES NOS
QUESTIONÁRIOS .................................................................................................... 112
3.2.1 Condição de ser mulher na pequena e grande roda .............................................. 116
3.2.1.1 Inserção em jogo: da proibição à aceitação familiar .................................................. 116
3.2.1.2 Múltiplos papeis sociais ............................................................................................. 118
3.2.1.3 Gestação e maternidade em jogo ................................................................................ 119
3.2.2 As mulheres em formação: lutando para aprender capoeira ............................... 121
3.2.2.1 Ser mestra de capoeira ................................................................................................ 125
4 AS MESTRAS DE CAPOEIRA EM MÚLTIPLAS RODAS PELO MUNDO .. 131
4.1 DO JOGO DA NAVALHA AO JOGO DE CAPOEIRA: VESTÍGIOS DE MESTRAS
PIONEIRAS NO BRASIL ......................................................................................... 131
4.2 REGISTROS BIOGRÁFICOS DE MESTRAS DE CAPOEIRA.............................. 139
4.3 MESTRAS NO JOGO DA RESISTÊNCIA: COLETIVOS E MOVIMENTOS DE
MULHERES NA CAPOEIRA ................................................................................... 144
5 IÊ DÁ VOLTA AO MUNDO .................................................................................. 153
5.1 SOU MULHER, SOU CAPOEIRA ........................................................................... 156
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 157
APÊNDICE A – Delineamento metodológico da pesquisa. .................................. 177
APÊNDICE B – Guia para coletar informações das mestras de capoeira .......... 178
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 179
APÊNDICE D – Atualização do conjunto de filmes de curta e longa-metragem
que retratam sobre a capoeira................................................................................. 180
APÊNDICE E – Dissertações e teses sobre capoeira e relações de gênero no banco
da Capes .................................................................................................................... 184
APÊNDICE F – Dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas em
distintos Programas de Pós-Graduação pelas mestras de capoeira ..................... 186
APÊNDICE G – Revistas de educação das universidades públicas estaduais do
Brasil .......................................................................................................................... 189
APÊNDICE H – Revistas de educação das universidades públicas do Brasil .... 192
APÊNDICE I – Revistas de educação física nas universidades públicas do Brasil
.................................................................................................................................... 194
APÊNDICE J – Revistas de gênero/feminismo das universidades públicas do
Brasil .......................................................................................................................... 195
APÊNDICE K – Biografias das mestras de capoeira ............................................ 196
20

1 VOU CONTAR A MINHA HISTÓRIA

“Esta menina hoje é uma mulher”


Que escreve, ginga, ensina e lida com a condição de ser mulher.
Sou mulher, mãe, capoeira,
Professora, empreendedora
E logo doutora, que resiste para se manter em pé.
No jogo da vida é preciso muita mandinga
No jogo da escrita, mais malícia.
Para falar sobre trajetórias de vida
Que por muitos anos foram proibidas.
Muitas histórias de mulheres não foram contadas
E até invisibilizadas.
Vamos romper com o silêncio, apagamento
e opressões nessa luta.
Vamos começar a brincadeira de capoeira,
Eu falo sobre você e reflito sobre mim.
Resgatando as memórias e histórias que ainda estão por vir2

Peço licença às (aos) ancestrais que lutaram e resistiram pela capoeira para que pudesse
compartilhar minhas experiências corp(orais) gingando, jogando, esquivando-me, assistindo,
refletindo e analisando meu objeto de estudo no percurso do Doutoramento em Educação e
Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
É importante situar o(a) leitor(a) sobre o meu lugar de fala; filha de vendedor ambulante
e costureira, mulher branca, nunca sofri o racismo, mas compreendo a necessidade e a urgência
de combater diariamente toda forma de preconceito e racismo. Sou também mãe, capoeirista,
professora de Educação Física e empreendedora, luto contra o machismo e o sexismo dentro e
fora da capoeira.
O interesse, o desejo e a implicação com a capoeira se iniciaram em 2006, quando me
aproximei de um grupo de capoeira regional chamado ‘Porto da Barra’, a convite de uma amiga
capoeirista. Foi no último ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Mário Augusto Teixeira
de Freitas, que tive minha primeira experiência com essa manifestação cultural, a qual me
fascinou.
As aulas ocorriam durante a noite e eram conduzidas pelo Prof. Porco Espinho (hoje
contramestre). Lembro-me dos treinos e das rodas de capoeira na quadra do colégio, durante o
dia, com a monitora Dendê (hoje formada), do Grupo Porto da Barra. Infelizmente, minha
passagem pelo grupo foi curta, porque meu pai me proibiu de treinar capoeira na época.
Alguns anos depois, ele mudou a visão acerca dessa manifestação cultural, quando
começou a trabalhar no Pelourinho e a acompanhar minha trajetória com a capoeira. Já minha
mãe, ao assistir a algumas rodas de capoeira de que eu participava nos primeiros anos de

2
Inspirada na canção Eu apenas queria que você soubesse de Gonzaguinha.
21

inserção, percebia atitudes e posturas arrogantes e violentas por parte de uns alguns capoeiristas,
portanto acabou criando impressões estereotipadas sobre a capoeira durante muitos anos.
Retomando os meus percursos na capoeira, passei a treinar em um novo grupo de
capoeira em 2006, na igreja que frequentava, conhecido como Carvalho de Moré, sob a
liderança de Maria Aparecida,3 conhecida como ‘tia Cida’, que, ao longo dos anos, contou com
os seguintes colaboradores: Gildásio, Cesar, Laurenci, contramestre Ratinho, mestre Pitanga,
Prof. Pesado e Fabiano, na parte das vivências corporais.
Cada professor(a) tinha sua forma de ensinar, mas, particularmente, familiarizei-me com
a metodologia do Prof. Ratinho (hoje contramestre), integrante da Associação de Capoeira
Toques de Berimbaus. Dessa forma, treinei durante um tempo com ele e passei a fazer visitas,
em sua companhia, a outros grupos de capoeira da Região Metropolitana de Salvador,
especialmente no Centro Esportivo de Capoeira Angola, no Forte do Barbalho, conduzido pelo
mestre Aranha em 2008.
Em um dos eventos, em Lauro de Freitas, tive a oportunidade de conhecer a mestra Bya,
uma mestra espontânea, alegre, que tinha um grupo só de mulheres. Lembro-me de que os
abadás delas eram brancos e tinham detalhes em rosa. Depois, conheci outras mulheres, que se
destacavam pelo seu jogo ágil, demonstrando eficácia, como a contramestra Geisa (hoje
mestra), a Prof.ª Free Willy, a Prof.ª Índia, entre outras. A partir dessas vivências e andanças na
capoeira, fui conhecendo algumas outras mulheres que tinham graduações mais altas, mas
notava que o número de professores, contramestres e mestres eram desproporcionais.
No ano seguinte, adentrei no curso de Educação Física, pois estava motivada a ensinar
capoeira nas escolas públicas. Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), pude (re)conhecer e
vivenciar diversas práticas corporais, além de aprofundar minha compreensão em torno da
capoeira e de suas possibilidades educativas. Enquanto praticante de capoeira, percebia que
minha atenção às circunstâncias da vida tinha mudado, até a forma de escorregar e cair diante
de uma topada na rua já remetia a movimentos de capoeira.
Na capoeira, fiz várias amizades, conheci pessoas de outros estados e países; onde
passava com a roupa de capoeira, conhecida como abadá, as pessoas me cumprimentava e
sorriam. Não imaginava que nesse universo encantador havia contradições e as mulheres
poderiam sofrer invisibilizações, objetificações, preconceitos e até violências em suas
trajetórias de vida, como tem sido corriqueiro em nossa sociedade.

3
Ela tinha um papel fundamental na organização e condução do grupo, apenas não ensinava, pois não tinha
experiência com a capoeira, mas todas as outras demandas administrativas ficavam sob sua responsabilidade.
22

Ao som dos berimbaus, pandeiros e atabaques, ia aprendendo o gingado, os movimentos


de ataque e defesa, as cantigas e o ritual em cada espaço de capoeira que frequentava em
Salvador. Antigamente, não refletia sobre supremacia dos homens, sobretudo brancos, nos
diversos lugares de prestígio.
As rodas eram sempre conduzidas por homens, que, na maioria das vezes, tocavam,
cantavam e jogavam. O momento reservando para as mulheres jogarem era avisado pelo mestre
ou professor, que falava: ‘agora é só as mulheres’, e assim entoava-se a cantiga ‘só joga mulher,
mulher com mulher’. Esse jogo era bem rápido, às vezes não durava nem cinco minutos para
todas jogarem. Ao encerrar a música, os homens continuavam jogando, tocando berimbau, na
maior parte do tempo; e as mulheres, observando, batendo palmas ou tocando pandeiros ou
ataques (instrumentos secundários).
Na capoeira, na igreja, no lar, na escola, em diversos outros espaços, aprendi desde a
infância, que ‘o homem era a cabeça do lar’, e a mulher deveria ser submissa ao seu esposo e
cuidar dos afazeres domésticos e filhos(as), dentro dos moldes do patriarcado. Se eu não tivesse
adentrado nos espaços da UFBA, talvez permanecesse apenas reproduzindo e/ou naturalizando
discursos e posturas sexistas e racistas no decorrer da minha trajetória.
Dando continuidade ao meu processo formativo, o curso de Licenciatura em Educação
Física da UFBA possibilitou-me ampliar minhas experiências acadêmicas e corporais, assim
como minhas compreensões políticas, históricas, culturais e sociais em torno da capoeira. Dois
professores, Amélia Conrado e Cesar Leiro, foram (e são) fundamentais para a minha formação
acadêmica e sistematização da produção do conhecimento sobre a capoeira.
É importante sublinhar que a professora Amélia Conrado contribuiu para a formação
acadêmica de centenas de estudantes no curso de Educação Física da UFBA, ao ministrar aulas
de Capoeira nos componentes curriculares Capoeira I (obrigatório) e Capoeira II (optativo).
Além das atividades de ensino, ela desenvolvia projetos de pesquisa e extensão, como o
‘Capoeiragem na UFBA: capoeira como possibilidade educativa na universidade’,4no qual atuei
como monitora, durante quatro anos.

4
O professor Márcio Alves foi o primeiro a ser monitor durante a graduação, em 2009.
23

Figura 1 – Roda de capoeira do Projeto Capoeiragem na UFBA, em 2011. Presença dos professores Márcio e
Pesado, Ábia Lima, Luís, Claudio, dentre outros

Fonte: arquivo pessoal da autora.

Nesse projeto de extensão, ampliei minhas experiências corporais e os saberes acerca


da Capoeira Angola. Foram momentos de compartilhamento de vivências entre estudantes da
UFBA, de diversos cursos, capoeiristas visitantes e pessoas das comunidades adjacentes e de
outros países. As aulas funcionavam como um laboratório de pesquisa, no qual eu refletia sobre
os processos de ensino e aprendizagem na capoeira e apresentava parte das experiências em
eventos acadêmicos.
Na minha trajetória dentro da capoeira, participei do 14º Campeonato Brasileiro de
Capoeira, em 2011, em Vitória do Espírito Santo. O estado da Bahia foi representado por 74%
de homens e 26% de mulheres (capoeiristas de Salvador, Serrinha, Feira de Santana e Luís
Eduardo Magalhães). A comitiva foi formada pelos mestres Kako (in memoriam) e Alicate,
pelo contramestre Fofão e por Nelsival Menezes, que é presidente da Federação de Capoeira
do Estado da Bahia (FCBA), tendo na arbitragem mestre Grauçá e os professores Paulo, Eraldo
e Iracema.
24

Figura 2 – Comitiva representativa da Bahia no 14º Campeonato Brasileiro de Capoeira em Vitória, ES, com a
presença de mestre Furacão, mestre Kako, contramestre Fofão, professoras Nevasca, Pithula, Raoni,
Ábia, dentre outros.

Fonte: acervo pessoal do mestre Furacão.

A partir disso, foi possível conquistar 36 medalhas e 2 troféus para o estado da Bahia,5
compreender aspectos técnicos do regulamento da capoeira e experimentar a capoeira numa
perspectiva esportista. Tive a minha primeira e única vivência como atleta, competindo na
categoria cadete, na qual conquistei a medalha prata; ao lado dessa experiência, fiz curso de
arbitragem pela FCBA.
Posteriormente, cursei o componente curricular ‘Seminário I’, sob supervisão de Cesar
Leiro, que foi fundamental para dar subsídios metodológicos às pesquisas científicas que
desenvolvi. Com esse aporte, produzi o ensaio monográfico, atividade obrigatória do
componente curricular, que posteriormente tornou-se meu Trabalho de Conclusão de Curso,
intitulado Capoeira na perspectiva pedagógica: a experiência do projeto capoeiragem da
UFBA, sob orientação de Amélia Conrado.

5
Outras informações em: https://bit.ly/30SdGXw. Acesso em: 20 mar. 2020.
25

Figura 3 – Ábia Lima e Cesar Leiro apresentando trabalho sobre a capoeira na 64ª Reunião da SBPC, na
UFMA, em 2012.

Fonte: arquivo pessoal da autora.

Ainda na graduação, tive aproximações com os Grupos de Pesquisa ‘História da Cultura


Corporal, Educação, Lazer e Sociedade’ (HCEL), ao qual Amélia Conrado era vinculada; e
‘Mídia, Memória, Educação e Lazer’ (MEL), sob orientação de Cesar Leiro. Os dois foram
cruciais para o embasamento teórico-metodológico, a elaboração e a publicação de pesquisas
acadêmicas sobre a capoeira no decorrer da minha trajetória.
Outra experiência marcante foi à participação em um evento acadêmico intitulado
‘Educação, Corpo e Identidade’, organizado por Leliana Sousa e Amélia Conrado. O referido
colóquio dialogou sobre a expressão corporal, os saberes e as práticas de educação, refletindo
o desenvolvimento humano e regional. Nesse evento, tive a oportunidade de ampliar meu
entendimento sobre o conceito de corpo com o estudioso François Soulanges e de conhecer a
mestra Janja.6

6
Profa. Dra. Rosângela Janja Costa Araújo, mestra de capoeira, formada em História (UFBA), mestra e doutora
em Educação (USP), professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas/UFBA, professora do Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar de Difusão do
Conhecimento/UFBA.
26

Figura 4 – II Colóquio Internacional ‘Educação, Corpo e Identidade’, no dia 11/10/2013, organizado por
Leliana Sousa e Amélia Conrado, do qual participaram Ábia Lima, mestra Janja, Eduardo, Leliana
Sousa, Maria Cecília, Amélia Conrado, etc.

Fonte: acervo pessoal de Amélia Conrado.

Paralelamente, treinava capoeira durante a noite na Escola de Capoeira mestre Alabama,


mas a dinâmica de horários de estágio/trabalho e universidade não me permitia treinar
regularmente. O referido mestre fez parte do grupo folclórico ‘Viva Bahia’, realizou shows com
a capoeira em vários países da Europa e formou vários mestres que hoje são referências na
capoeira, como: Dinho7 (Grupo Topázio), Carlinhos8 (Grupo Águia Dourada), César
Dialabama9 (Grupo Nação Capoeira), King Kong,10etc. No entanto, apenas uma mulher, a
contramestra Carla, foi graduada por ele.

Figura 5 – Mulheres da Escola de Capoeira Mestre Alabama num evento em 2014, na Câmera de Salvador:
Ábia Lima, contramestra Carla, Juçara, Roiroi, Ursinho, Verônica, Lucimar e outras capoeiristas.

Fonte: arquivo pessoal da autora.

7
Nome civil: Raimundo dos Santos.
8
Nome civil: José Carlos Mota da Silva.
9
Nome civil: César Carneiro.
10
Nome civil: Roberto de Jesus dos Anjos.
27

No referido grupo, a presença das mulheres era significativa, porém não havia muitas
mulheres com altas graduações; a única contramestra do grupo se chama Carla, que está
afastada da capoeira na atualidade. Outras mulheres se destacavam no grupo, como a professora
Flor, Esperança, Vandira, Úrsula, Experimenta, Chumbinho, Tuchê, etc.
Considerando a incompletude da minha formação acadêmica e a necessidade de
aprofundar meus conhecimentos, em 2016, participei da seleção de alunos regulares para o
Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da UFBA. O anteprojeto, que
tinha como objeto de estudo a capoeira e a produção do conhecimento, foi acolhido no grupo
MEL, sob a orientação do Dr. Cesar Leiro, e integrou a linha de pesquisa ‘Educação, Cultura
Corporal e Lazer’.
Paralelamente, continuei treinando capoeira, visitei grupos e rodas, participei como
integrante da Rede Mulher que Ginga,11 também escrevi a música ‘Sou Mulher, sou Capoeira’,
em parceria com Josenice Guedes, um projeto que motivou a criação do coletivo ‘Rasteira
Feminina’.12
O referido projeto tinha por finalidade dar visibilidade às mulheres capoeiristas por meio
da exibição de um vídeo com mulheres de todos os lugares e de diversas graduações, bem como
coletivos de mulheres na capoeira. Foi feita uma chamada em uma plataforma digital,13 porém
ainda não foi possível finalizar o documentário.
Em 2017, participei do evento ‘Ginga Feminina’, organizado pela mestra Geisa, no qual
houve o reconhecimento de vários coletivos de capoeira conduzidos por mulheres. Recebi um
troféu em nome do coletivo ‘Rasteira Feminina’ e tive a oportunidade de conhecer várias
mestras, contramestras e capoeiristas de outras graduações.

11
Fundado pela contramestra Jacarandá.
12
Composto por Ábia Lima, Josenice Guedes, Daniela Borges, Jeane Gomes e Thiago Freitas.
13
Disponível em: https://bit.ly/3HPyHmd. Acesso em: 20 mar. 2020.
28

Figura 6 – Homenagem aos coletivos de mulheres no evento ‘Ginga Feminina’ em 2017, do qual participaram
mestra Carla, mestra Geisa, mestra Foguinho, mestra Nzinga, professora Ester, Ábia Lima, Daniela
Borges, mestre Já Morreu, Lúcia Lima, etc.

Fonte: arquivo pessoal da autora.

A partir dos diversos eventos de capoeira de que participei, notei que havia (e ainda há)
uma discrepância entre o número de mestres e mestras, assim como um processo de
invisibilização das histórias das mulheres na capoeira. Foi a partir desse período que passei a
me envolver com estudos e ações que pautavam as mulheres na capoeira.
Ainda nesse ano, escrevi uma proposta, em parceria com Paulo Lima, para concorrer ao
Edital 003/2017 – Prêmio Capoeira Viva Salvador,14 que teve como título Memórias e histórias
das mestras e contramestras de capoeira em Salvador. A proposta, apesar de aprovada, não foi
contemplada com o recurso financeiro, pois estava na condição de suplente.
Fiz reflexões sobre as trajetórias das mulheres na capoeira, iniciei um mapeamento de
mestras de capoeira e realizei reuniões regulares com os integrantes do coletivo ‘Rasteira
Femina’, para estruturar ações que dessem visibilidades às mulheres na capoeira. Esses
momentos me possibilitavam também avançar em um capítulo da dissertação, que tratou sobre
O protagonismo da mulher nas produções científicas sobre capoeira como temática.15
A primeira sistematização do mapeamento de mestras e contramestras de capoeira foi
apresentada, preliminarmente, no II Seminário Griô, na UFBA (FRANÇA, GUEDES; 2017).
No momento da apresentação do trabalho, os participantes do evento interagiram e sugeriram
outros nomes de mestras para integrar à pesquisa e houve um único questionamento, por parte
de um mestre, sobre a mestra pioneira na capoeira.
No mês de novembro do mesmo ano, ocorreu a defesa da dissertação Quando mulheres
se tornam capoeiristas: um estudo sobre trajetória e protagonismo de mulheres na capoeira,
de Daniela Sacramento de Jesus. A pesquisa se debruçou sobre a trajetória de duas capoeiristas,
a contramestra Lilu (hoje mestra) e a treinel Mexicana, ambas angoleiras.

14
Cf.:https://bit.ly/3xhTmua. Acesso em: 20 mar. 2020.
15
Posteriormente, esse capítulo foi socializado como artigo científico na Revista Íbamo (FRANÇA, 2018b).
29

Figura 7 – Roda de capoeira ao final da defesa da dissertação de Daniela S. de Jesus no Ceao/UFBA, em 2017,
da qual participaram, no jogo, Ábia e Joana, e na bateria de instrumentos: Christine Zonzon,
professora Negona, Mexicana, mestra Lilu, Adriana Dias e outras duas capoeiristas.

Fonte: acervo pessoal de Daniela S. de Jesus.

A partir dessa defesa, foi criado o Grupo de Intervenção ‘Marias Felipas’, de cujos
estudos e intervenções participei durante alguns meses, porém de forma breve, por não ter
disponibilidade de tempo para participar dos encontros semanais e das ações propostas pelas
integrantes.
Para finalizar o ano de 2017, participei do Curso ‘Capoeira e Inclusão’, conduzido pela
mestra Patrícia. Foi uma experiência ímpar, pois, enquanto psicóloga, mestra Patrícia
sensibilizou a todos(as) acerca da necessidade de compreender o autismo e fazer adaptações
nos processos de ensino-aprendizagem, para que as aulas de capoeira se tornem inclusivas e
atendam às necessidades pedagógicas desse público.

Figura 8 – Curso ‘Capoeira e Inclusão’, conduzido pela mestra Patrícia em 2017, do qual participaram Ábia
Lima, mestra Gegê, mestra Patrícia, Adriana Dias e contramestra Girassol

Fonte: acervo pessoal de mestra Patrícia.

No início de 2018, enquanto avançava na escrita da dissertação, organizei o evento ‘Jogo


de Corpo e de Palavras na Uninassau’, dividido em dois momentos, a saber: 1) Assistir e discutir
30

sobre o documentário Jogo de corpo: capoeira e ancestralidade; 2) debater sobre a temática


‘mulher na roda: (in)visibilidade, protagonismo e luta’, tendo como convidadas: Priscila
Silveira, Adriana Dias e professora Índia.

Figura 9 – Mesa de discussão ‘Mulher na roda: (in)visibilidade, protagonismo e luta’, em 2018, na Uninassau.
Palestrantes: Ábia Lima, professora Índia, Priscila Silveira e Adriana Dias. Presentes: instrutora
Mandingueira, contramestra Tartaruga, Christine Zonzon, Josenice Guedes, Joelma Lima,
contramestre Marcelo, instrutora Tomada, Elisângela, entre outros

Fonte: arquivo pessoal da autora.

A mesa de discussão avançou no debate sobre as mulheres na capoeira, a partir de


estudos científicos sobre a interseccionalidade, trazidos por Priscila Silveira; do
compartilhamento de experiências por parte da professora Índia, na condução do coletivo ‘Dona
Maria Como Você’; e de reflexões sobre as representações das mulheres em diversas fontes,
como pinturas, filmes, etc.
Em seguida, juntamente com meu orientador, programei a defesa da dissertação, com
dois momentos. No primeiro momento, aconteceu a mesa de discussão ‘Os desafios
contemporâneos da capoeira’, com os(as) convidados(as) Christine Zonzon, José Luiz
Cirqueira Falcão, Luís Vitor Castro Júnior e Neuber Costa Leite, mediada por mim e por
Cristiano Vieira. Foi uma discussão ampliada sobre a capoeira a partir de reflexões acerca da
disseminação dessa luta nas redes sociais e nas produções cinematográficas e científicas, bem
como das representações das mulheres nesse universo.
No segundo momento, ocorreu a defesa da dissertação, intitulada Capoeira &
Educação: produção do conhecimento em jogo”, no PPGE/UFBA. A dissertação de mestrado
me permitiu ampliar o conhecimento teórico acerca da capoeira e dos diálogos transversais
entre a capoeira e as diversas áreas do conhecimento, bem como formar um panorama geral das
produções científicas sobre a capoeira na UFBA e na Uneb (FRANÇA, 2018b).
31

Figura 10 – Defesa da dissertação Capoeira & Educação: produção do conhecimento em jogo, de Ábia Lima
de França no PPGE/UFBA, em 2018. Banca examinadora: Cesar Leiro (orientador), Amélia
Conrado, Pedro Abib e José Falcão

Fonte: acervo pessoal de Paulo Lima.

A defesa da dissertação ocorreu no dia 23 de fevereiro de 2018, com a presença de tantas


pessoas especiais, como: familiares, amigos(as), capoeiristas e pesquisadores(as), que assistiam
atentamente às ponderações dos membros da banca examinadora, a minha apresentação e a
retórica. Ao término da defesa, fizemos uma roda de capoeira.

Figura 11 – Professora Negona, professora Índia, mestre Falcão, contramestre Desenho, Adriana Dias, Jacaré,
Roiroi e Christine Zonzon compondo a bateria; Ábia França e Cesar Leiro ao pé do berimbau, no
dia da defesa da dissertação

Fonte: acervo pessoal de Paulo Lima.

Na Figura 11, pode-se observar que eu e meu orientador estávamos agachados ao pé do


berimbau, enquanto as pessoas se organizavam para montar a bateria. Pela primeira vez, ele
segurava nas minhas mãos ao pé do berimbau para jogar capoeira. Nesse momento, lembrei-
me dos ensinamentos dos mestres Bimba e Pastinha, que seguravam nas mãos dos(as)
seus(suas) discípulos(as) para lhes ensinar os primeiros passos da ginga. No nosso caso,
32

compartilhávamos a alegria de ter concluído essa etapa, depois de um longo período de


dedicação, escrita e reflexão.
Os resultados da dissertação apontaram que, em meio a dezenas de estudos científicos
produzidos sobre a capoeira na UFBA e na Uneb, apenas dois enfocaram as relações de gênero
como temática, ambos em 2018. Essa lacuna teórica foi uma das primeiras justificativas que
me conduziram a aprofundar os estudos sobre as mulheres na capoeira; a outra se relacionava
a minha trajetória na capoeira, enquanto mulher, recentemente mãe, que há alguns anos ginga,
joga, toca, canta, ensina e aprende.
No ano de 2019, fui aprovada no doutorado em Educação e Contemporaneidade da
Uneb. No primeiro ano, cumpri os créditos e os componentes curriculares (obrigatórios e
optativos) na referida instituição, ao passo que enfrentava mudanças fisiológicas e psicológicas
oriunda da recente gestação, ainda no início do doutorado.
É importante pontuar que meu orientador foi bastante flexível em relação à orientação
e aos prazos; paradoxalmente, nem todos os docentes da Uneb tiveram a mesma sensibilidade,
exigindo-me grandes esforços pessoais e acadêmicos para atender às demandas e aos prazos
das atividades solicitadas em seus componentes curriculares. Essas barreiras nas trajetórias das
mulheres que são mães reproduzem-se em diversas instituições, dentre as quais as acadêmicas.
É preciso (re) pensar em estratégias de ensino, pesquisa e extensão para diminuir as
desigualdades de gênero nas Instituições de Ensino Superior (IES) e possibilitar a inserção e
permanência das mulheres gestantes ou mães sem lhes exigir cobranças eivadas de uma lógica
produtivista.
Com essa nova realidade, enquanto doutoranda-mãe, enfrentei diversos desafios para
gerir o tempo e ter a disponibilidade e a disposição necessárias para me debruçar sobre a escrita
diante das novas obrigações de cuidar da minha filha, auxiliada por uma frágil rede de apoio.
A madrugada foi a minha aliada. Entre o estresse, a sobrecarga, o avanço e a produção, compus
estes versos:

Amamentar e ler,
Fichar e brincar,
Limpar bebê e voltar a me debruçar
Entre papas e gingas
Banhos e escritas
Vou tecendo minha tese com muita mandinga
Refletindo as vivências com muita ousadia
Não é fácil ser mulher, muito menos ser mãe
Jogar de igual pra igual é pura ilusão
Sem rede de apoio é só opressão
Escrever uma tese é revolução
33

Mãe doutoranda não é pra qualquer uma, não


Mas não vamos desistir de lutar por igualdade
Desconstruindo a fragilidade e
Reconhecendo a potencialidade
Lugar de mulher é onde ela quiser!

A escrita foi tecida em meio a uma crise política, econômica e sanitária muito mal gerida
pelo governo de Jair Bolsonaro. Um presidente que nega a ciência, desestimula e descumpre as
orientações sanitárias, deixa as pessoas vulneráveis ainda mais desassistidas, faz cortes
orçamentários em serviços básicos para a população brasileira, prolifera discursos autoritários
e conservadores, com apoio político da bancada evangélica. É evidente que os impactos
econômicos, sociais, culturais e políticos estão sendo devastadores, porém a cifra de 616.691
óbitos16 poderia ser evitada.
Entre altos e baixos, limitações e possibilidades, fui buscando formas para me cuidar,
evitando me expor ao contágio do coronavírus, mesmo estando vacinada, cuidando também de
minha filha, debruçando-me nos estudos, acompanhando e participando de diversas lives.17
As lives18 discutiram sobre distintos assuntos afetos à capoeira, dentre os quais: o
compartilhamento de trajetórias e experiências de mulheres, o enfrentamento de assédios
sexuais, a luta das pessoas LGBTQIA+,19 a representatividade negra no universo da
capoeira, etc.
Destaco a live intitulada Quem nunca viu venha ver: experiências e trajetórias de
contramestras e mestras de capoeira,20 que ocorreu no dia 5 de maio de 2020, com duração
de 2 horas, 16 minutos e 6 segundos, tendo como palestrantes as mestras Samme (MA),
Pantaneira (MS) e Bel (PE), assim como a contramestra Lilu (hoje mestra) (BA), sob minha
mediação. Foram pontuadas uma série de questões enfrentadas pelas convidadas, que
refletem as desigualdades de papeis sociais, os obstáculos nas trajetórias e os efeitos da
pandemia.

16
Esse dado é referente ao dia 13 de janeiro de 2022. Cf.: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 13 jan. 2022.
17
Live Straming ou transmissão de conteúdo (FIGUÊROA, 2021).
18
A obra de Figuerôa (2021) mapeou 77 lives realizadas com mestras e contramestras de capoeira, entre março
e outubro de 2020, constituindo um rico acervo sobres as histórias e trajetórias das mulheres na capoeira. Foram
entrevistadas as seguintes mestras: Didi, Kodak, Nega, Ana Sábia, Áurea, Brisa, Nani de João Pequeno,
Cristina, Bad, Sherra, Cigana, Geisa, Arara, Bel, Mainha, Kelly, Ana Dourada, Lu Galiza, Lu Pimenta,
Foguinho, Tida, Gegê, Magali, Omara, Nega, Renata, Rosa Costa, Rosita, Janja, Paulinha, Sabrina, Índia,
Vivian, Iúna e Nagô. Disponível em: https://bit.ly/3FGpLOb. Acessado em 03 out. 2021.
19
Acrônimo para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo e Assexual e demais orientações
sexuais e identidades de gênero. Para se aprofundar sobre essa temática, recomendamos a pesquisa de Caciatori
(2021).
20
Disponível em: https://bit.ly/3FGpLOb. Acesso em: 3 out. 2021.
34

Figura 12 – Cartaz da live Quem nunca viu, venha ver: experiências e trajetórias de contramestras e mestras em
jogo, da qual participaram as mestras Pantaneira, Bel, Samme e Carla, bem como a contramestra
Lilu, mediada por Ábia França, no dia 05/05/2020

Fonte: arte de Paulo Kikongo.

Um mês depois, no dia 6 de junho de 2021, ocorreu a live intitulada Abuso sexual na
capoeira: reflexões e enfrentamentos,21 com duração de 1 hora, 42 minutos e 28 segundos, com
as convidadas mestra Patrícia (BA) e mestra Malu (PB), mediada pela contramestra Natália
(SP). O encontro tratou sobre as notícias de abuso sexual na capoeira e as ações que têm sido
realizadas, como: denúncias formais dos casos e cartas de repúdio. Além disso, discutiu-se
sobre o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), as possíveis consequências do abuso sexual
na vida das crianças e dos adolescentes, a cultura machista, os retrocessos da conjuntura política
no que diz respeito à educação sexual e a desigualdade de gênero.

21
Disponível em: https://bit.ly/3l4Lszy. Acesso em: 20 jan. 2021.
35

Figura 13 – Cartaz da live Abuso sexual na Capoeira: reflexões e enfrentamento, com as convidadas mestra
Patrícia e mestra Malu, mediada pela contramestra Natália, no dia 06/06/2021

Fonte: Coletivo Mestras e Contramestras da Capoeira pelo Mundo.

A segunda edição da live Quem nunca viu venha ver: experiências e trajetórias de
contramestras e mestras em jogo22 ocorreu no dia 5 de agosto de 2021 e teve duração de 2
horas, 20 minutos e 44 segundos, tendo como palestrantes as mestras Lu Pimenta (SP), Geisa
(BA), Carla (CE) e a contramestra Tartaruga (BA), sob minha mediação. O encontro abordou
as experiências das convidadas, suas atuações singulares e coletivas, bem como as
interferências da pandemia em suas trajetórias, dentro e fora da capoeira.

Figura 14 – Cartaz da live Quem nunca viu, venha ver: experiências e trajetórias de contramestras e mestras
em jogo, com as convidadas mestra Lu Pimenta, mestra Geisa, mestra Carla e Contramestra
Tartaruga, mediada por Ábia França, em 05/08/2020

Fonte: arte de mestre Paulo Kikongo.

22
Disponível em: https://bit.ly/30Soyoi. Acesso em 3 out. 2021.
36

Ainda nesse ano, eu e Elis Souza realizamos a live Educação, maternidade e capoeira
na roda: experiências e reflexões em jogo, resultado de um artigo de nossa autoria, intitulado
Mulher, mãe e capoeira: interseccionalidades em jogo na Bahia. O encontro aconteceu no dia
13 de agosto de 2021, tendo como palestrantes: Ábia Lima, mestra Nzinga, Soulange Couto e
Rita Eloá, sob mediação de Elis Souza. Discutiu-se sobre os mitos e as controvérsias em torno
do período gestacional, os preconceitos e as resistências que as mães enfrentam na capoeira, os
relatos de apoio às mães e aos(às) filhos(as) em grupos de capoeira na Bahia, sob uma ótica
interseccional.

Figura 15 – Cartaz da live Educação, maternidade e capoeira na roda: experiências e reflexões em jogo, da
qual participaram Ábia Lima, mestra Nzinga, Elis Souza, Soulange Couto e Rita Eloá

Fonte: arquivo pessoal da autora.

Em 2021, no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, 28 de junho, ocorreu uma live


com as(os) seguintes convidadas(os): mestra Karlinha (DF), mestra Lu Baobá (SP), mestra
Rosa (SC), mestra Nagô (SP) e Puma Camillê (SP), sob mediação da contramestra Boca (SP).
O encontro destacou os desafios nas trajetórias das(os) capoeiristas, apontando relatos de
preconceitos e a LGBTfobia, a importância do respeito à diversidade, da rede de apoio e da
representatividade LGBTQIA+.
37

Figura 16 – Cartaz da live Dia do Orgulho LGBTQIA+, com as convidadas mestra Karlinha, mestra Lu Baobá,
mestra Rosa, mestra Nagô e Puma, com mediação da contramestra Boca, no dia 28/06/2021

Fonte: Coletivo Mestras e Contramestras da Capoeira pelo Mundo.

No mesmo ano, no dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, 25 de julho, ocorreu a live
Lida de mulher preta na capoeira: seus desafios e avanços, com as convidadas mestra Índia
(MG), mestra Nega Uara (FR) e mestra Nagô (SP), sob mediação da contramestra Natália (SP).
No encontro, as participantes compartilharam os obstáculos que as mulheres negras enfrentam
na pequena e grande roda, bem como falaram do racismo estrutural, da objetificação dos corpos
das mulheres, das experiências com a capoeira fora do Brasil, das desigualdades sociais e da
presença da mulher negra nos espaços representativos.

Figura 17 – Cartaz da live Lida de mulher preta na capoeira: seus desafios e avanços, com as convidadas
mestra Índia, mestra Nega Uara, mestra Nagô e mediação da contramestra Natália, no dia
25/07/2021

Fonte: Coletivo Mestras e contramestras da capoeira pelo mundo.


38

Nesse contexto, no mês seguinte, ocorreu a live Mulheres negras na capoeira,23 no dia
28 de agosto de 2021, com duração de 1 hora, 50 minutos e 22 segundos, tendo como
convidadas as mestras Janja (BA), Cristina (RJ) e Cici/Alcione (MG), mediada por Júnia
Bertolino. No encontro virtual, foram apontados os desafios nas trajetórias das mestras, o baixo
número de mestras negras brasileiras, referências de mulheres negras que resistem nos espaços
da capoeira, além de memórias e registros fotográficos de distintas mulheres negras.

Figura 18 – Cartaz da live da Mulheres negras na Capoeira, por Júnia Bertolino, com as convidadas mestra
Alcione, mestra Cristina e mestra Janja, no dia 28/08/2021

Fonte: Instagram da mestra Alcione (@cici.floresta).

A partir desse recorte sistematizado, pôde-se perceber o protagonismo das capoeiristas,


o lugar de fala das mestras, as estratégias de luta e resistência contra as opressões e os
preconceitos no universo da capoeira, que perpassam pelas relações de gênero, raça e orientação
sexual.
No primeiro semestre de 2021, depois de tantas idas e vindas em grupos de capoeira,
ingressei na Associação Cultural Arte Baiana, conduzido pelo contramestre Veru, que foi
formado pelo mestre Alabama. Identifiquei-me com sua metodologia de ensino, seu
compromisso com a capoeira e sua atenção às dificuldades e trajetórias de seus(as)
discípulos(as).

23
Disponível em: https://bit.ly/3p0o3jZ. Acessado em: 3 out. 2021.
39

Figura 19 – Ábia Lima e sua filha, Ayla, no Forte da Capoeira, em 2021

Fonte: acervo pessoal da autora.

A escrita da tese ocorreu como desdobramento da dissertação de mestrado, e o potencial


e a necessidade de dar continuidade ao trabalho acadêmico foram enfatizados pela banca
examinadora por ocasião da defesa. Inicialmente, a problemática de pesquisa esteve voltada
para as experiências formativas de mestras de distintos países, com ênfase na
internacionalização da capoeira.
Com o advento da pandemia do novo coronavírus, em 11 de março de 2020, somada à
maternidade recente, amparada por uma frágil rede de apoio, repensei, juntamente com meu
orientador, em um recorte que fosse exequível e tivesse relevância social. Nesse sentido, a
pesquisa buscava compreender as experiências formativas de mestras que atuavam no Brasil e
nos Estados Unidos, tema apresentado no exame de qualificação. Após as orientações e
contribuições dos membros da banca de qualificação, a pesquisa ganhou outros contornos.
A partir disso, chego ao problema da pesquisa, qual seja: como se deram as trajetórias
formativas das mestras de capoeira nos distintos contextos históricos, políticos e sociais? O
objetivo geral é analisar as trajetórias formativas e os registros biográficos de mestras de
capoeira, e os objetivos específicos são: identificar as produções científicas e cinematográficas
sobre as mestras de capoeira; compreender os desafios e as potencialidades das trajetórias
formativas das mestras; e apresentar os registros biográficos das mestras de capoeira.
A produção foi dividida em cinco capítulos, dentre os quais o primeiro, esta Introdução,
intitulada Vou contar a minha história, contém uma breve apresentação da escrita, da motivação
pessoal/profissional, do objetivo geral e dos objetivos específicos, e da questão do estudo.
40

O segundo capítulo, intitulado A multidimensionalidade da capoeira: pautas


contemporâneas em jogo, é constituído pela revisão de literatura acerca de aspectos históricos,
culturais, sociais e formativos da capoeira. Nele, busquei situar a presença das mulheres no
processo histórico e expansivo da capoeira.
No terceiro capítulo, apresento as Gingas metodológicas, contendo a natureza do estudo,
os dispositivos, as técnicas de investigação e a perspectiva de análise. Neste capítulo, ainda
exibo os desdobramentos das informações colhidas.
O quarto capítulo foi dedicado As mestras de capoeira em múltiplas rodas pelo mundo,
ao longo do qual apresento os registros biográficos de 257 mestras de capoeira e aponto as
articulações havidas nos coletivos e movimentos de mulheres.
O quinto capítulo, Iê dá volta ao mundo, camará, apresento as considerações finais,
apontando a invisibilidade na história das mulheres na capoeira, os desafios e as potencialidades
nos processos formativos de mestras de capoeira. E em seguida, os elementos pós-textuais.
41

2 A MULTIDIMENSIONALIDADE DA CAPOEIRA: PAUTAS CONTEMPORÂNEAS


EM JOGO

Maria Doze Homens


Ana Angélica Endiabrada
Rosa Palmeirão
Almeirinda e Chicão
Tanta mulher da pá virada
Aqualtune e Dandara
Do Quilombo dos Palmares
E a Maria Felipa
Da Ilha de Itaparica
Pela Bahia lutou
Salve todas as Marias
De coragem e rebeldia
Cujo sangue derramou.24

Neste capítulo, busco apresentar a discussão sobre a capoeira de forma alargada,


enfocando as diversas nuances que assumiu em seu percurso histórico. Para isso, fundamento-
me em diversos estudos, sobretudo em estudos históricos sobre essa manifestação cultural, que
passou por inúmeras transformações desde seu surgimento até a atualidade.

2.1 SURGIMENTO DA CAPOEIRAGEM: RESGATE DAS MULHERES VALENTES

Para fazer tessituras sobre o surgimento da capoeira, é fundamental entender o processo


de escravização e colonização, que ocorreu a partir do século XVI. Dessa forma, o estudo de
Luz (2013) nos permite ampliar o entendimento sobre o colonialismo português e os aspectos
do imperialismo e da conjuntura econômica na Europa colonialista-escravista.
Nesse período, a mudança do modo de produção, assentou-se na exploração das pessoas
negras, que foram arrancadas de suas terras natais e transportadas em navios negreiros sob
condições degradantes; muitas morriam durante as travessias e eram despejadas no mar como
se fossem objetos descartáveis.
Os povos africanos trazem em seus corpos diversos costumes e tradições, dentre os quais
o samba, a capoeira e o candomblé, que fazem parte de seu acervo cultural. Essas travessias,
que demarcam o colonialismo, o escravismo e o imperialismo no Brasil, trouxeram também
dores, explorações, violações de direitos, desumanizações e, consequentemente, a
marginalização de suas práticas culturais e religiosas. Munanga (2015) julga indispensável
reconhecer a história da África e entende que ela é o ponto de partida para a diáspora negra.

24
Trecho da música Marias Capoeiras, de Sara Abreu. Disponível em: https://bit.ly/3DOCLAR. Acesso em: 20
mar. 2020.
42

A história da capoeira nos faz mergulhar num ‘mar’ (sentido de infinito) de


narrativas sobre culturas, povos, línguas, lutas e ritmos que se cruzam e
atravessam o oceano para desaguar em outros solos. Seja nos documentos
escritos, na memória dos mais velhos, no imaginário da sociedade, a capoeira
sempre aparece como símbolo de resistência negra, fruto da diáspora africana,
onde vários grupos étnicos foram trazidos para o Brasil. (PINHEIRO, 2018,
p. 18).

Portanto, a capoeira nasceu no Brasil como contribuição dos povos africanos e é


considerada uma manifestação cultural afro-brasileira. Para aprofundar essa discussão em torno
da origem da capoeira, há diversos estudos acadêmicos25 que fomentam o debate. Sobre isso,
Vieira e Assunção (1998) afirmam que o universo da capoeira é permeado de contradições,
mitos e fatos, que precisam ser mais aprofundados.
Apesar do surgimento da capoeira estar atrelado ao processo de escravização no Brasil,
iniciado a partir do século XVI, o vocábulo ‘capoeira’ foi registrado pela primeira vez em 1712,
por Rafael Bluteau (REGO, 2015); após esse período, foi ganhando destaque em pinturas,
romances, fotografias, entre outras manifestações artístico-culturais.
Outro ponto que reforça essa ideia da origem da capoeira ligada aos povos negros foi
discutido no estudo de Soares (2013), que, ao refletir sobre a memória do Cais dos Escravos
entre 1668 a 1911, apontou que foi este o lugar que mais recebeu negros escravizados nas
Américas, na cidade em que houve maior repressão e perseguição aos(às) capoeiristas.
Entretanto, foi entre 1800 a 1850 que surgiram as primeiras fontes documentais, no Rio
de Janeiro, sobre a história da capoeira. Era muito comum o vínculo da capoeira com os
registros de prisões, pois tanto poderia designar uma prática individual quanto a relação entre
pessoas de grupos que faziam arruaças nas ruas (VIEIRA, ASSUNÇÃO; 1998). Nesse período,
uma pessoa que portasse navalha e realizasse movimentos agressivos com a cabeça, os pés e as
mãos vivenciavam o universo da ‘capoeiragem’ e representava perigo para a sociedade.
Nesse universo, considerado majoritariamente masculino, as mulheres negras também
estavam inseridas, porém, no decorrer da história da capoeira, suas memórias e narrativas foram
(e ainda são) invisibilizadas na pequena e grande roda, ou seja, na capoeira e na sociedade,
respectivamente.
O primeiro indício da presença da mulher na capoeira foi registrado no estudo de Leitão
(2004), que revelou o nome de Joaquina Angola de João dos Fatos, denunciada por estar com

25
Cf.: Soares (2004), Falcão (2004), Abib (2017), Conrado (2006), Costa (2007, 2013), Ribeiro (2008) e Rego
(2015).
43

um estoque na mão e praticando capoeiragem. Ao ser presa, jogou fora o objeto e levou 300
açoites, conforme testemunham os registros do Arquivo Nacional Brasileiro de 1817 e 1819.
Nesse período, os castigos aplicados aos homens eram a prisão e 200 açoites. Tal
diferença no castigo aplicado a Joaquina, possivelmente, foi para intimidá-la ou puni-la por ser
mulher. Alguns anos depois, o castigo foi substituído por 50 açoites e calabouço;26e em seguida,
por 100 açoites e reclusão nas Casas de Correção, para alguns dias de trabalho forçado
(SALVADORI, 1990).
No contexto do Rio de Janeiro, além de Joaquina Angola de João dos Fatos, foi
registrado o envolvimento de outras mulheres capoeiras em crimes de lesões corporais, dentre
as quais Maria Crioula, Ana Clara Maria de Andrade, Isabel Maria da Conceição (CAMÕES,
2019), Lídia, Rita Diamantina,27 Violeta,28 Maria Domingas e Mariana F. Bonfim (BELTRÃO,
2021). Pouco se sabe e se discute sobre a existência das mulheres na história da capoeira, mas,
quando se trata de famosos capoeiras, há documentos e cantigas que elucidam seus nomes e
feitos na capoeiragem.
Importante destacar que a capoeira carioca foi marcada por forte repressão e violência
por parte do chefe de polícia Sampaio Ferraz, que deportou, de forma massiva, centenas de
capoeiras para o Arquipélago de Fernando de Noronha (VIEIRA, ASSUNÇÃO; 1998).
Cunha (2011) também registra a perseguição aos(às) capoeiras em São Paulo, onde a
Câmara Municipal criou, em 1833, um artigo para evitar a circulação, impedir desordens e
proibir a prática da capoeiragem. Posteriormente, foram criadas normas específicas para
penalizar os(as) praticantes da capoeiragem no estado. Apesar disso, seus(as) praticantes foram
desconsiderados(as) enquanto agentes históricos por muitas pesquisas científicas que se
debruçaram sobre o assunto.
A obra de Beltrão (2021) destacou nomes de mulheres valentes no século passado, como
Maria Luíza, Jovita da Silva,29 Maria Nicola Raspa, Maria Pé de Violão, Odete Navalha e
Joaninha no estado de São Paulo. Essas mulheres eram protagonistas das páginas e secções
policiais por sua imensa valentia.
No estado de Minas Gerais, os jornais apontam rastros do valentão Pedro José Vieira,
conhecido como Pedro Mineiro, nascido em Ouro Preto, em 1887. Ele era carregador, marítimo,

26
Um presídio que ficava no Morro do Castelo, onde os presidiários apanhavam, sofriam com falta de água,
comiam comida estragada e viviam em condições desumanas (ABIB, 2017).
27
Rita Diamantina dos Anjos praticava desordens, sempre estava embriagava e era presa, de acordo com o Jornal
do Brasil (RJ), na edição 310 de 1902 (BELTRÃO, 2021).
28
Violeta Jeronimo Mesquita, conhecida pelos seus exercícios valentes de capoeira (BELTRÃO, 2021).
29
Sofreu agressões de seu marido, mas sempre o enfrentava com rasteiras (BELTRÃO, 2021).
44

policial e capanga, tendo participou de várias confusões e até de fatos políticos no contexto
baiano (ABIB, 2009).
Para tratar sobre a história da capoeira na Bahia, apresentei, no início do capítulo, um
trecho da música de Sara Abreu,30 lançada em 2020, que identifica alguns nomes de mulheres
pioneiras no universo da capoeira baiana. Uma dessas pioneiras é Maria Felipa de
Oliveira,31moradora da Ilha de Itaparica que jogava capoeira no cais de Salvador durante o
período de escravidão no Brasil.

Maria Felipa de Oliveira é uma representação de como a comunidade


itaparicana encara sua participação na Guerra de Independência. Seu caráter
popular e aguerrido, suas atividades laborais – marisqueiras, no comércio de
baleias, ganhadeira – sua identidade étnico-social – negra e pobre – fazem dela
uma heroína que agrega em si as características de um grupo que teve uma
participação significativa no processo de libertação da Bahia, mas que
permanece, sob vários aspectos, ignorado. (SANTOS, L., 2014, p. 31).

É inegável a importância de Maria Felipa para a história da Bahia, sendo necessários


novos estudos que deem vozes às narrativas das mulheres, as quais, durante muitos anos, foram
excluídas dos documentos escritos, as únicas fontes válidas na história tradicional
(SALVATICI, 2005).

Naqueles tempos, no tempo de capoeira


tinha Julia Fogareira, Palmeirona e Cachoeira.
Essas guerreiras jogavam muita capoeira,
derrubavam na rasteira,
ou em um toque de mão
(MESTRA BYA).32

É importante reconhecer ainda os nomes de Maria Doze Homens,33 Salomé,34 Dandara,


Palmeirão,35 Maria Para o Bonde, Angélica Endiabrada,36 Adelaide Presepeira,37 Nega Didi,

30
Ela é capoeirista da Fundação Internacional de Capoeira Angola (Fica), além de mestra em Educação (UFBA)
e doutora em Difusão do Conheicmento (UFBA). Defendeu a dissertação Saberes e fazeres na capoeira
angola: a autonomia no jogo de MULEEKES e a tese Baobá na encruzilhada: capoeira angola, ancestralidade
e permacultura.
31
Mulher negra, marisqueira e baiana.
32
Trecho da música Mulher, estrela que brilha, da mestra Bya.
33
Brigou com 12 soldados da polícia na Baixa dos Sapateiros (CANJIQUINHA, 1989).
34
Valente mulher, que tocava no samba e jogava capoeira, segundo mestre Atenilo (OLIVEIRA, 2004).
35
Cândida Rosa de Jesus matou Pedro Porreta; morava na rua 28 de Setembro (CANJIQUINHA, 1989).
36
Enfrentou o guarda civil nº 27 e ainda bateu no guarda nº 15, fazendo escoriação nos lábios (OLIVEIRA;
LEAL, 2009).
37
Nas comemorações do dia 2 de julho, ela promovia arruaças com a navalha em punho (OLIVEIRA; LEAL,
2009).
45

Catutum,38 Cattú,39 Satanás, Chicão40 (OLIVEIRA; LEAL, 2009), Maria Pé no Mato, Maria
Homem, Maria Cachoeira, Odília, Maria Pernambucana, Julia Fogareira (BARBOSA, M.,
2005), Massú, Cândida Rosa de Jesus (SANTOS, F., 2015), Maria Avestruz41
(CANJIQUINHA, 1989), Almerinda, Menininha e Chica42 (ABIB, 2013).
A tese de Foltran (2019) aponta indícios de outras mulheres capoeiras em solo baiano,
como: Clé,43 Luzia,44 Belleza,45 bem como amalta de mulheres46 formada por Clé, Pequena
Surda, Arlinha, Amália Maria da Conceição, Virginia de Souza, Maria Anibal e Marietta dos
Santos, além de Maria da Glória do Espírito Santo47e Maria Luiza das Virgens,48 que desceram
pau e faca em suas desafetadas Maria Lôncia e Maria Honorata, cujos nomes de batismo eram,
respectivamente, Esmeralda Guilhermina do Santos e Julieta da Silva.
A pesquisa de Beltrão (2021) apontou outros nomes, como os de Cecília Joventina de
Souza,49 Maria dos Anjos, Florentina Maria Izabel,50 Maria Ignez da Conceição e Theodora de
Amorim Mendes. O estudo de A. Dias (2004) evidenciou várias mulheres que se relacionavam
com os capoeiras e foram vítimas de suas agressões, dentre as quais Constância Pereira dos
Santos, que apanhou de Pedro Mineiro, mencionado acima.
É importante destacar os comportamentos masculinos nos moldes patriarcais-coloniais,
que sustentavam a figura do homem como superior, dominador, agressivo, forte, etc., enquanto
as mulheres eram representadas como passivas, frágeis, dóceis, dentre outras formas. As
mulheres que rompiam com esse ideal de feminilidade socialmente construído foram
reprimidas, invisibilizadas, desmoralizadas e até taxadas com apelidos masculinizados.
Destarte, as mulheres capoeiras eram conhecidas como desordeiras, arruaceiras,
arrelientas, perigosas, atrevidas, raparigas, mulheres cabelo-na-venta, mulheres-homens,

38
Maria Severina (ARAS, OLIVEIRA; 2003).
39
Antônia de Tal sempre estava envolvida em algum tipo de conflito (OLIVEIRA; LEAL, 2009).
40
Francisca Albino dos Santos, prostituta que possivelmente dirigia casas de prostituição (OLIVEIRA; LEAL,
2009). Ela era bastante conhecida na Casa de Detenção e também nas zonas de prostituição (ARAS,
OLIVEIRA; 2003).
41
Moradora da Boca do Rio (CANJIQUINHA, 1989).
42
Moravam na Baixa dos Sapateiros e sempre estavam envolvidas em confusões. Depois de presas, não se tem
mais notícias sobre elas (ABIB, 2013).
43
Maria Anacleta da Silva, armada com navalha, atentou contra a vida da sua companheira, Laura Francisca de
Jesus, conforme notícia veiculada no Diário de Notícias de 18 de julho de 1913 (FIALHO, 2019).
44
“Luzia de Souza Magalhães, presa no dia 14 de junho de 1915, no Distrito de São Pedro, navalhou um desafeto
seu, o músico do 2º batalhão do regimento policial, Antônio Francisco da Conceição” (FIALHO, 2019, p. 260).
45
Silvina Maria de Jesus apareceu em três episódios distintos de desordens ou em luta corporal, na rua do Cais
Dourado (FIALHO, 2019).
46
Elas utilizam navalha, garrafas ou armas improvisadas (FIALHO, 2019).
47
Atacou com a faca e depois a dentadas a lavadeira Leôncia de 24 anos. “Segundo testemunha do processo
crime [sic], valeu-se da Capoeira para enfrentar Manuel Santana, em 1900” (SALAZAR, 2011, p. 51).
48
Feriu Maria Honorata com cacete e faca de ponta (FIALHO, 2019).
49
Ela desferiu quatro navalhadas em sua companheira, Maria dos Anjos, na ladeira do Tabão (BELTRÃO, 2021).
50
Ela deu vários golpes de navalha pelo pescoço, testa, braço e costas de Francisco de Tal (BELTRÃO, 2021).
46

desasnadas, azedadas, mulheres valentes e mulheres da pá virada, pois fugiam aos padrões
comportamentais impostos na sociedade brasileira do século XX (OLIVEIRA; LEAL, 2009;
ARAÚJO, 2016).
Essas mulheres capoeiras, individualmente ou em maltas,51 envolviam-se em brigas de
navalha, cacete e pontapés, eram alvos de confusões, viviam no limiar entre a ordem e a
desordem. Aras e Oliveira (2003) ainda asseguram que elas disputavam os espaços das ruas
com suas atividades produtivas, como as ganhadeiras, que andavam em busca de afazeres, ou
ofereciam seus serviços, tal como as prostitutas. Essas mulheres, consideradas vagabundas,
eram punidas severamente pela lei penal e pela autoridade policial (OLIVEIRA, J., 2004).
Na Bahia, para reconstituir a história das mulheres na capoeiragem, é categórico folhear
o livro de Oliveira e Leal (2009) e a tese de Fialho (2019),52 ao lado de estudos históricos sobre
essa manifestação cultural em Salvador, alguns dos quais pioneiros, como os de Pires (2004),
J. Oliveira (2004) e A. Dias (2004), que analisaram a prática da capoeiragem entre o final do
século XIX e início do século XX na Bahia.
A presença das mulheres na capoeiragem ainda aparece em outros estados do Nordeste,
como aconteceu com a valente ou turuna Maria Porciúncula,53 estampada no Jornal Gutenberg
de Alagoas, em 19 de outubro de 1905, depois de ser presa por distúrbios. Na notícia, afirmava-
se que ela jogava capoeira, soltava desaforos e muitas outras proezas (FIGUERÔA, 2021). É
importante situar que, nesse período, as mulheres sofriam fortes repressões e poderiam ser
estereotipadas como loucas quando fugiam aos comportamentos sociais de feminilidades.
Entre a metade do século XIX e o início do século XX, há também indícios da prática
da capoeiragem na cidade de Recife, em Pernambuco. Os(as) capoeiras envolviam-se em
distintos conflitos, eram conhecidos(as) como brabos(as), dentre os quais um dos mais famosos
é Nascimento Grande. Há registros também de mulheres brabas, como Lúcia Maria da
Conceição,54 Argentina Dente de Ouro, Chiquinha, Chiquinha do Ó e Maria Zaruenda, as quais
provocavam pânico, eram ágeis e aplicavam truques da capoeiragem que poderiam provocar
até mortes (KOHL, 2012; BELTRÃO, 2020).

51
Fialho (2019) afirma que elas seriam um tipo de organização perniciosa da capoeiragem, constituído por
diferentes grupos sociais.
52
A autora Juliana Foltran Fialho analisou a história das mulheres na capoeira no contexto da Bahia, entre 1900
e 1920.
53
“Maria Porciuncula é uma molhersinha turana. Blasova energicamente que ‘não se troca por muitos homens’,
pois que, quando está nos seus azeites, faz da saia calção e [...] pinta o diabo á quatro: joga capoeira, dá
borduadas, solta desaforos e muitas outras pruezas. Mas, o 3º commissario de polícia da 50 Uma espécie de
cacete. 116 capital que é amigo da paz e da justiça, a mandou levar a dita megéra para á Casa de detenção.
(Gutenberg, 19 de outubro de 1905, p. 1) [sic]” (G. BARBOSA, 2017, p. 115-116).
54
Foi recolhida à Casa da Detenção, segundo o Jornal do Recife de 14 de março de 1890, edição nº 0060.
47

Além dessas brabas, o estudo de Marques (2012) identificou outras mulheres capoeiras,
como: Maria da Hora Tavares,55 Maria Luiza de Abreu, conhecida como Trepa do Caixão,
Olindina Olívia da Conceição e Ana Maria Conceição, ou Ana Coroada, que faziam uso de
armadas de cacete e foram presas pelo subdelegado do Pombal.
Já no Maranhão, os(as) capoeiras eram chamados de desordeiros(as), valentões(onas),
turbulentos(as) e moleques, quando promoviam confusões nas cidades do estado. Há indícios
da participação de mulheres valentes, como Margarida,56 Antônia Maria Correia, Joana
Francisco de Araújo57 e Josepha da Conceição58 (NUNES; PEREIRA; 2019), que também
disputavam os espaços das ruas e provocavam tumultos.
Em solo sergipano, apesar de haver indícios da capoeiragem desde a segunda metade do
século XIX, estando associada ao samba e ao batuque nos registros feitos pelas autoridades,
nenhuma mulher foi identificada nos estudos históricos sobre essa manifestação cultural
(AMORIM; MACHADO, 2018).
Durante esse recorte temporal, ocorreram diversas e significativas transformações
econômicas, políticas e sociais no Brasil, dentre as quais se destacam: a Abolição da
Escravatura (1888), a Queda da Monarquia, a Proclamação da República (1889) e a instituição
do Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil (1890).59
Esses fatos históricos contribuem para a manutenção da hegemonia do poder
socioeconômico do Estado brasileiro, por meio de repressões, silenciamentos e apagamentos
da história dos povos negros e de suas tradições culturais. Luz (2013, p. 178) ainda afirma que
“[...] o processo civilizatório negro se caracteriza então pela construção de um sistema de vida
paralelo, por assim dizer, à sociedade oficial etnocêntrica”. É em meio à inquietude que trago
a cantiga a seguir, bastante entoada no universo da capoeira:

Dona Isabel, que história é essa?


Dona Isabel, que história é essa
(Oi ai ai!)
de ter feito abolição?
De ser princesa boazinha que libertou a escravidão
Tô cansado de conversa

55
Uma “mulhersinha capoeira, [...] fazendo gestos de capoeiragem em frente a uma música particular que
passava”, foi presa pelo major Manoel Batista, sobre o qual ainda voltarei a tratar (OZANAN, 2013, p. 122).
56
“Cabocla reforçada, de pulsos rijos e gênio zangado”, companheira de certo falastrão chamado Martiniano
Santos, conhecido por apregoar “o seu incomensurável valor na capoeira, no rabo de arraia, etc.” (NUNES;
PEREIRA, 2019, p. 77).
57
“Uma Eva metida a bamba, [que] espalhou-se ontem, na rua Henriques Leal, botando muita gente boa para
correr” (NUNES; PEREIRA; 2019, p. 81).
58
“Residente à praia da Madre Deus” – outro reduto da capoeiragem, como também veremos –, o jornal intitula
a nota denúncia de bahianadas (NUNES; PEREIRA, 2019, p. 83).
59
Para aprofundar a discussão, acesse a obra de Rego (2015).
48

Tô cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava este país
Que o negro transformou em luta
Cansado de ser infeliz
Abolição se fez bem antes
E ainda há por se fazer agora.60

O trecho da música deixa evidente que a abolição da escravatura aconteceu depois muita
luta e resistência dos povos negros, mas a perseguição aos(as) capoeira torna-se ainda mais
acentuada com a instituição da prática da capoeiragem nos artigos 402, 403 e 404 no Código
Penal da República.
Já foram apontadas acima a perseguição e as notícias sobre as prisões dos(as) capoeiras
nas Regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Nessa mesma época, a prática da capoeiragem
também foi identificada em alguns estados do Norte, como no Pará e no Amazonas.
Oliveira e Leal (2009) afirmam que as valentes de Belém conhecidas por Jeronyma,61
mulheres da Pratinha, Maria José, Maria Meia-Noite,62Maria Galinha e Joana Maluca63 viviam
provocando arruaças nas ruas centrais e periféricas, nos espaços boêmios. A representação das
imagens das mulheres através dos artigos de jornais e documentos na cidade mostravam-nas
como sujeitos históricos, reflexivos e ativos que não deveriam ser exemplos para as mulheres
de ‘boa família’ (LEAL, 2008).
Ainda no Pará, Beltrão (2021) destacou o nome da valente Tertuliana Maria de Nazareth
apelidada de generala, conhecida por sua cartilha e suas atividades de coragem pelo capitão
Mattos, que sempre a conduzia para a cadeia. Na edição 94 de 1896 do Diário de Notícias,
dizia-se que a “mania da mulher é a cadeia”.
No estado do Amazonas, a partir de 1899, foi registrada a presença de mulheres
conhecidas como pessoal de arrelia, bando de desocupadas, façanhudas da rua e gymanasticas
perigosas, que promoviam desordens, dentre as quais se destacam: Joanna Homem (1905),64

60
Trecho da cantiga Dona Isabel, de mestre Toni Vargas.
61
O artigo do jornal A Constituição de 21 de novembro de 1876 citou a sua prisão com a seguinte notícia: “Que
mulher Capoeira! As 7 horas da noite, por praças do Batalhão de Artilharia foi hontem presa a cafuza Jeronyma,
escrava de Caetano Antonio de Lemos [sic]” (SILVIA, M., 2018, p. 6; LEAL, 2008; CAMÕES, 2019).
62
Maria Meia-noite, denunciada pelas “imoralidades que pratica essa mulher quase diariamente”, as quais
fizeram com que a “[...] autoridade obrigasse a mesma a mudar-se d’ali, pois já não é a primeira vez que as
famílias nos fazem essa reclamação” (LEAL, 2008, p. 158).
63
“Monarquista de papo vermelho”, que havia entrado em conflito com outra mulher, identificada apenas como
“boneca de acapu” (LEAL, 2008, p. 160).
64
Era ligeira e tinha força ao realizar a rasteira, desafiava um chefe de família.
49

Josepha Maria da Conceição (1906), Júlia Augusta dos Santos (1906) e Rosalina Cordeiro
(1912) (BONATES; CRUZ, 2020).
Na Região Sul, apesar de haver escassos registros históricos sobre a capoeiragem,
algumas pesquisas apontam a presença das mulheres em alguns estados. No Paraná, a pesquisa
de Machado e Schualtz (2020) identificou três mulheres que estavam envolvidas com a prática
da capoeiragem, dentre as quais a primeira, no século XIX, era chamada de Mãe Romana, uma
das moradoras do Quilombo de Água Morna,65 que lutava usando navalhas. Há relatos de que
teria lutado na Guerra do Paraguai (1864-1870). A segunda foi registrada no Diário da Tarde,
em 1900, sobre a qual se dizia que jogava capoeira com um soldado embriagado, entre tabefes
e sangue. E a terceira, em 1979, de nome Joana da Silva,66 foi presa por se defender de seu
companheiro.
Além desses nomes de mulheres capoeiras no referido estado, a dissertação de Karvat
(1996) demonstrou que, dos 343 crimes de vadiagem registrados em Curitiba, entre 1894 e
1933, pelo menos 40 eram de mulheres. Isso confirma a tese de que as mulheres sempre
estiveram presentes no universo da capoeiragem, em distintas regiões do Brasil.
Paradoxalmente, no Rio Grande do Sul, embora Amaral, Silva e Silva (2020) apontem
que a capoeiragem tenha chegado somente no final do século XIX, não há registros de nomes
nem histórias de mulheres nesse estado da Federação.
Entre o final do século XIX e as três primeiras décadas do século XX, a prática da
capoeiragem esteve atrelada à criminalidade, sofrendo repressão, em maior ou menor escala, a
depender do contexto socioeconômico e político. Os estudos científicos identificaram o
envolvimento de mulheres com desordens em distintas regiões do País, sozinhas ou em maltas,
portando ou não armas como navalhas e/ou facas, causando terror e até mortes. Entre a ordem
e a desordem, a opressão e a resistência, a capoeiragem, criminalizada pelo Código Penal em
distintos contextos geográficos, passaria a ser símbolo de nacionalidade a partir da década de
1930.

65
Situado na Microrregião de Ibaiti, PR.
66
“A mulher, que diz saber ser ‘danada’, quando preciso, foi presa e autuada em flagrante na delegacia do 8º
Distrito policial onde confessou o crime. Segunda ela, ‘ele quis me matar, quis me 'amassar' muito e eu tive
que me defender’. Para ela, ‘ele deve ser maníaco, logo que nós entramos no quarto ele foi me acertando um
soco no olho e me derrubando no chão’[...] mesmo assim, conseguiu dar uma gravata e cravar a faca no pescoço
da vítima” (DIÁRIO DO PARANÁ, 1979, p. 10, apud MACHADO; SCHUALTZ, 2020, p. 4).
50

2.2 ENTRE MARGINALIZAÇÃO E ACEITAÇÃO: (IN)VISIBILIDADE DAS


MULHERES NA RODA

A partir de 1930, a capoeira passa a ser vista de outro modo e a ser aceita pela sociedade,
devido à influência da política higienizadora e civilizatória dos governos de J. J. Seabra. Com
isso, deixa de ser considerada uma prática marginalizada e criminalizada, tornando-se símbolo
de nacionalidade brasileira.
Isso se deve ao processo de institucionalização da capoeira, pelo qual ela passou a
ocupar recintos fechados, principalmente com o ícone Manoel dos Reis Machado, o mestre
Bimba,67 criador da luta regional baiana, uma mistura de capoeiragem e batuque, que
posteriormente seria chamada de Capoeira Regional.68 O referido mestre teve seu espaço
oficialmente reconhecido pela Inspetoria do Ensino Fundamental Profissional em 1937 (REGO,
2015).
A organização sistemática de outra vertente, conhecida como Capoeira Angola, tem
como um de seus maiores ícones Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha.69 O
referido mestre propagava essa dança/luta com aspectos lúdicos, permeados de malícia,
mandinga, malandragem, ancestralidade, etc. Ele também introduziu sistemas de graduações e
uniformes, formalizou a constituição da bateria com oito instrumentos, normalizou e
padronizou o jogo da capoeira (MAGALHÃES FILHO, 2012).
São inegáveis as contribuições dos mestres Bimba e Pastinha para a capoeira, no seu
processo organizativo, na sua filosofia de vida, na dedicação, na transformação dos(as)
capoeiristas e na divulgação da capoeira para o mundo. Em contrapartida, com a
institucionalização da capoeira, as mulheres enfrentaram mais resistências para estar nos
diversos recintos fechados, nos quais, quando admitidas, desempenhavam papeis
subalternizados e invisibilizados.
Essa linha de pensamento coaduna-se com a fala de Dória (2011), ao afirmar que as
mulheres estiveram presentes na capoeira, nos trabalhos diários, nos afazeres da manutenção e
limpeza, confeccionando figurinos, participando dos shows e rodas como cantoras,
respondendo coro e batendo palmas, ou seja, exercendo atividades secundárias, em sua maioria
administrativas.

67
Ele era filho de Maria Martinha do Bonfim e Luís Cândido Machado, campeão baiano de batuque; além de
capoeirista, foi carvoeiro, trapicheiro, carpinteiro e doqueiro (CAMPOS, 2009).
68
A obra de Campos (2009) se debruça sobre a capoeira regional.
69
Ele era filho de Raimunda dos Santos e José Señor Pastinha; além de capoeirista, foi pintor e artista, vendeu
gazeta, fez garimpo, ajudou a construir o Porto de Salvador, etc. (MAGALHÃES FILHO, 2012).
51

O referido autor ainda revela nomes de mulheres que frequentaram as aulas da Capoeira
Regional entre 1930 a 1960, dentre as quais se destacam: Beatriz, conhecida como Beata
(1930); Dona Francisca, Maria Lúcia e Vilma (1958); Marinalva Nascimento Machado, a Rosa
Rubra, Zilá, a Branca de Neve, Virgínia e Ajurimar Tanajura (1960).
No entanto, pouco se sabe sobre as histórias dessas mulheres, exceto a de Marinalva,
conhecida por Nalvinha,70 que está ativa no universo da capoeira e do samba. Campos (2009)
afirma que, desde cedo, ela enfrentou preconceitos e tabus para se inserir nessa luta, mesmo seu
pai sendo mestre de capoeira.
No universo da Capoeira Angola, apesar das resistências à presença das mulheres nas
academias, Beltrão (2021) revela que o mestre Pastinha disse certa vez, em entrevista ao
Correio da Manhã, RJ, na edição de 20275, de 1959, que as mulheres brigavam muito, e não
eram brigas de mordidas ou puxões de cabelo.
Em torno desse período, no Centro Esportivo de Capoeira Angola, pode-se constatar a
invisibilização da presença das mulheres na forma de registrar as informações sobre elas. Dentre
os 418 associados com fichas e nomes completos, somente os registros de três mulheres foram
identificados com números e imagens, a saber: o nº 113, sobre o qual não há informações de
quem seja; o nº 342, que pertencia a Maria de Lourdes Barbosa, comerciaria, que se matriculou
no dia 2 de julho de 1968; e o nº 380, que era de Arbênia Soares Rezende, também comerciaria,
que adentrou em 11 de julho de 1969 (CONRADO, 2006; FOLTRAN, 2017).
Ao realizar um levantamento de informações sobre as mulheres em outras academias de
capoeira, a tese de Magalhães Filho (2019) sinaliza que as mulheres também estavam presentes
na academia do mestre Pelé da Bomba, entre as quais Faquir, Majar e Desordeira. O autor ainda
destaca que, pela academia do mestre Gato, passaram algumas mulheres, como: Dulce
Aquino,71 Laís e Paris,72durante o período de intensa repressão que caracterizou a Ditadura
Militar.73
Nesse período, também se encontraram indícios de mulheres na Paraíba, a exemplo de Vera
Lima da Silva,74que agrediu dois guardas civis, dando um show de capoeira (FIGUERÔA,
2021).

70
Uma das filhas de mestre Bimba.
71
Dulce Tamara Lamego Silva e Aqui, licenciada em Dança, doutora em Comunicação e Semiótica, professora
e ex-diretora da Escola de Dança da UFBA.
72
“Nós éramos radicais, comunistas, e buscávamos uma técnica própria para preparar o corpo do dançarino
brasileiro, sem ter que passar necessariamente pelo balé clássico” (MAGALHÃES FILHO, 2019, p. 133).
73
O regime militar durou de 1964 a 1986, foi um período de controle dos corpos, legitimação de prisões e torturas,
autoritarismo, manipulação das mídias, dentre outros.
74
Segundo o Diário de Notícias do Rio Grande do Sul, em notícia veiculada no dia 2 de março de 1967.
52

Sobre a existência de mulheres capoeiristas no Rio de Janeiro, Souza (2010) evidencia que,
em 1960, o mestre Artur Emídio ensinou capoeira a várias mulheres, dentre as quais a Lucy
Maia, que foi campeã brasileira de tênis. Na literatura não foi possível encontrar mais
informações sobre Lucy, mas sabe-se que, entre 1941 a 1979, as mulheres foram impedidas de
praticar esportes no Brasil (BRASIL, 1941).
O registro da capoeira como prática desportiva ocorre em 1972, por iniciativa do Ministério
de Educação e Cultura (MEC), quando se expandem também o processo de institucionalização
e uniformização do método de graduação, a organização de torneios, a elaboração de regras,
assim como a unificação de golpes e contragolpes (REIS, 2013).
Paulatinamente, ocorre a expansão das academias de capoeira, em diversos municípios e
Unidades Federativas do Brasil, tendo destaque o Grupo ‘Senzala’, que intensificou as filiações
e franquias em vários lugares do País.
Nesse período, surgem outros formatos de capoeira, como a Capoeira Contemporânea,75
que rompe com os modelos tradicionais, mas mantém de alguma forma relação com eles,
enquanto referencial de ancestralidade (CRESSONI, 2013). Sobre isso, Falcão (2004, p. 47)
esclarece:

[A Capoeira Contemporânea] Constitui-se num amálgama que mistura o


formal e o informal, o sagrado e o profano, o científico e o senso comum, o
erudito e o popular, o coletivo e o individual, a tradição e a modernidade. Não
porque se trata de um novo ‘estilo’ de capoeira. Trata-se de uma nova forma
de conceber e realizar os seus fundamentos.

Essa forma de ser capoeirista, que é tão diversa e singular, pode abarcar elementos da
Capoeira Angola e/ou da Capoeira Regional, bem como incrementar outras criações, como os
golpes acrobáticos (ex.: elástico76, aú cotovelo77 e aú sem mão78) e a introdução e utilização de
cordel, corda ou cordão nos sistemas avaliativos dentro dos grupos de capoeira.
Se, por um lado, a modernização e esportivização da capoeira atendiam aos interesses
de uma parcela dos(as) capoeiristas, por outro lado, a outra parcela pautava a reafricanização
da capoeira e a manutenção da tradição, em consonância com o Movimento Negro.

75
Veja-se também a pesquisa de Salazar (2011), que analisou uma das configurações contemporâneas de uma
possível interpretação da tradição.
76
Esse golpe de defesa foi criado pelo mestre Alabama e consiste em esquivar para trás protegendo o rosto. Essa
esquiva é alta, diferente das outras realizadas nos distintos grupos: abaixa-se um pouco a cabeça e distancia-se
do(a) adversário(a) no movimento de vai e vem, como um elástico.
77
Parece com o movimento aú, conhecido como ‘estrelinha’, porém ao invés de se colocar as mãos para fazer o
giro do corpo, colocam-se os cotovelos.
78
Esse movimento lembra o aú tradicional, porém, ao realizar o giro, as mãos ficam ao lado do corpo, nenhuma
parte do corpo toca o solo no giro de 180º.
53

A partir da década de 1970, a capoeira se insere nas IES brasileiras, sendo a Faculdade
de Educação da UFBA uma das primeiras a trabalhar com a capoeira, por meio do Programa
de Melhoria de Ensino Nacional (Premem). Falcão (2004) aponta que, em 1972, a capoeira foi
incluída como ‘prática desportiva’ no currículo do curso de Educação Física da Universidade
do Estado de Guanabara (UEG), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Anos depois, a capoeira seria ofertada como componente curricular obrigatório e/ou
optativo nos cursos de Educação Física brasileiros, em distintas IES. Na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), foi incluída como componente curricular em 1975; anos depois, na
Universidade de São Paulo (USP), passou a ser ofertada como Capoeira I, II e III (REIS et al.,
2020). No início da década de 1980, a capoeira foi introduzida na Universidade Católica de
Salvador (UCSal),79 tendo como responsável o professor Josevaldo Lima de Jesus, conhecido
na capoeira como mestre Saci.
Na Bahia, a segunda IES a introduzir a capoeira como componente curricular foi a
UFBA80, inicialmente ofertada como Prática Desportiva, entre 1978 a 1985, passando a ser
componente curricular obrigatório no currículo do curso de Educação Física em 1991. Dentre
os(as) professores(as) que lecionaram a capoeira na UFBA, destacam-se os nomes dos pioneiros
Hélio José B. Carneiro de Campos e Raimundo Cesar Alves Almeida, conhecidos como mestre
Xaréu e mestre Itapoan, respectivamente; e a partir de 1998, após aprovação do concurso
público para a disciplina ‘Metodologia do Ensino da Educação Física, com ênfase em estudos
de Capoeira’ a professora Amélia Conrado (CONRADO; FRANÇA, 2015), que colaborou
significativamente por mais tempo, ao longo de duas décadas, durante as quais, além do ensino,
desenvolveu diversas atividades de pesquisa e extensão voltadas para a capoeira.
Posteriormente, outras IES passaram a ofertar o componente curricular ‘Capoeira’, a
saber: Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade do Estado da Bahia
(Uneb), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de
Brasília (UnB), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal
de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Estácio de Sá, Faculdade
de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), Centro Universitário de Belo Horizonte

79
O meu orientador, Dr. Augusto Cesar Leiro, foi estudante do curso de Licenciatura em Educação Física da
UCSal.
80
Importante destacar o Projeto ‘Aú: a UFBA e os mestres e as mestras de capoeira’, que traz guardiãs das
culturas populares para dentro da Universidade desde 2016.
54

(UniBH), Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), Universidade Nove de Julho


(Uninove), Centro Universitário Metodista (IPA), Faculdade Salesiano de Vitória, Faculdade
Integrada de Amparo (FALCÃO, 2004), Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Estadual Paulista
(Unesp) (SILVA, R., 2018).
Um fato que me chamou atenção é que a capoeira foi introduzida nas escolas do estado
do Acre por intermédio de professores, em 1992; e na Universidade Federal do Acre, em 1997
(ALBURQUERQUE; RIBEIRO; FERREIRA; 2017), o que aponta para uma singularidade
entre as formas de expansão da capoeira nas diversas regiões do Brasil. Além disso, demonstra
o compromisso social da Universidade para com a ampliação dos diálogos e das vivências com
os saberes populares, experiências que podem, inclusive, inspirar a produção do conhecimento
sobre a capoeira nas pesquisas científicas, nos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), nas
dissertações de mestrado e nas teses de doutorado.
Nesse contexto, é válido acrescentar que um dos primeiros levantamentos de
dissertações e teses sobre a capoeira no Brasil foi realizado por Gaspar e colaboradores (2008)
e Falcão e colaboradores (2009), que, ao realizar o recorte temporal entre 1980 e 2006,
encontraram ao total 85 produções acadêmicas. Outro levantamento sobre a temática foi feito
por Domingues e Silva Júnior (2013), entre 2000 a 2011, com o qual encontraram 57 estudos
acadêmicos, tendo prevalência às dissertações. Aprofundarei essa discussão no próximo
capítulo.
A partir dos anos 2000, a capoeira passa a ter reconhecimento por parte do poder público
e a gozar de uma série de conquistas que a valorizam. Cumpre-nos registrar, em razão de sua
significância, as gestões do Presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, que fomentou ações e
políticas públicas culturais em seus mandatos, tendo à frente do MEC Gilberto Gil e Juca
Ferreira.
Costa (2013) destaca as ações desenvolvidas pelo governo Lula, como: a Capoeira Viva,
os Pontos de Cultura, e as políticas de patrimônio, que colaboraram para o reconhecimento da
capoeira pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2008.
Em 2014, o Registro do Ofício de Mestres e a roda de capoeira foram reconhecidos
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para
55

Educação, Ciência e Cultura (Unesco). E, recentemente, em Salvador, a capoeira foi


reconhecida como atividade educativa pela Lei Estadual 23.281/2019 (Lei Moa do Katendê).81
Sem dúvidas, esses reconhecimentos são esforços coletivos protagonizados por pessoas
que compreendem a potencialidade da capoeira nos aspectos educativos, sociais, identitários,
culturais, etc. Entretanto, a garantia das conquistas sociais sofre interferências dos gestores
públicos, que podem contribuir para o avanço ou retrocesso das gestões anteriores.
Ao longo desse processo, é pertinente ressaltar as diversas tentativas de intervenção por
parte do Conselho Federal de Educação Física (Confef) e do Conselho Regional de Educação
Física (Cref) para regulamentar o exercício da profissão de Educação Física, a fim de instituir
a obrigatoriedade de filiação ao Confef/Cref e a formação acadêmica em Educação Física ou a
realização de cursos para a formação de mestres(as) de capoeira.
Essas perpetrações em nada colaboram com a vida dos(as) capoeiristas; pelo contrário,
dificultam e afetam a legitimidade do Ofício de Mestres(as) de Capoeira. Portanto, ao longo do
processo histórico, os(as) capoeiristas resistiram e lutaram contra toda forma de opressão e
preconceito, buscando estratégias de sobrevivência, manutenção e propagação dos saberes
ancestrais da capoeira dentro e fora do país.
Diante de tantos avanços e retrocessos que impactaram a vida dos(as) capoeiristas ao
longo da história, o advento do novo coronavírus82 vem impactando drasticamente a dinâmica
das pessoas, nos aspectos sociais, econômicos, educacionais, etc. Como forma de prevenir e
conter o avanço da Covid 19, foram suspensas, durante meses, as atividades educacionais,
sociais, entre outras.
Durante muitos meses, a população brasileira ficou desassistida, sem políticas públicas
que amenizassem o aumento das desigualdades sociais e os discursos de ódio. As Fake News
se disseminaram em torno da pandemia e das medidas sanitárias, e os ataques e cortes
orçamentários aos diversos serviços públicos têm gerado inúmeros impactos negativos,
sobretudo para as pessoas em vulnerabilidades sociais.
Nesse período, diversos(as) capoeiristas realizaram lives, ministraram cursos, treinos e
outras atividades de forma remota, gratuitamente ou mediante valores diversificados, no Brasil
e em outros países. Em alguns casos, além de encontros remotos, foram divulgadas diversas
rifas em grupos de WhatsApp, pedidos de ajuda para inúmeras pessoas, inclusive para
mestras(es) de capoeira que perderam suas fontes de renda e tiveram que fechar suas academias,

81
Romualdo Rosário da Costa foi morto a facadas por causa de uma discussão sobre política em 8 de outubro de
2018.
82
Pandemia formalmente declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020.
56

ou que perderam empregos temporária ou permanentemente. Ao refletir sobre o contexto atual,


compus a seguinte poesia:

Isolamento, medo e pandemia


Juntar as pessoas virou agonia.
Trabalho dobrado e invisibilizado
As violências contra as mulheres em ritmo acelerado.
Estresse, incerteza e desamparo
Escassas políticas públicas em um (des)governo desacreditado.
Que caminha no sentido contrário, negando a ciência
Descumprindo qualquer medida sanitária.
Defendendo medicamento que não tem eficácia.
A compra da vacina foi atrasada,
enquanto isso as mortes foram adiantadas.
No Brasil, o aumento foi das desigualdades
Anos levaremos para reparar essa maldade.
Tempos difíceis de alta do desemprego, da inflação
Da violência e até da evasão.
Não baixaremos a guarda, nem deixaremos de gingar
Na volta ao mundo a democracia vai ganhar.

Para avançar nessa reflexão, Vieira e Silva (2020) discutem sobre a capoeira, o
confinamento e a salvaguarda, sobre alguns impactos da Covid-19 na vida dos(as) capoeiristas,
apontam a descontinuidade das políticas públicas de cultura e avaliam a potencialidade das
redes sociais e de outros recursos tecnológicos para a disseminação da informação de qualidade
sobre a capoeira.
O estudo de A. Sena (2018) aponta a relevância das interações entre os(as) capoeiristas
e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para o avanço da produção cultural e da
subjetividade dos(as) capoeiristas. O autor ainda ressalta que:

O ser humano acaba por precisar aprender a lidar, a conviver, a se expressar


num novo tipo de “lugar”, ou “não lugar”, onde ocorrem o trânsito de
informações e comunicações, um ambiente ciber, um mundo virtual. As
pessoas podem, nessa nova realidade, se expressar por meio de opiniões, fotos,
exposição da vida pessoal, compartilhamento de dados, de reportagens,
sentimentos, entre inúmeros outros que ganham “corpo” de diversas maneiras
de acordo com o padrão proposto nas diferentes redes sociais virtuais. (SENA,
A., 2018, p. 27).

Apesar de as TICs fazerem parte do cotidiano das pessoas na contemporaneidade, as


produções científicas sobre a temática apontam um distanciamento da realidade virtual. Esta
nos possibilita refletir sobre as novas (velhas) formas de aprender, ensinar, relacionar-se e
produzir conhecimento no universo da capoeira.
57

Apesar de não ser o foco do meu estudo, é importante que surjam novos estudos que se
debrucem sobre a temática da capoeira em tempos de pandemia, compreendendo a
complexidade desse fenômeno na vida dos(as) praticantes dessa manifestação cultural, bem
como os reais impactos da pandemia na vida das mulheres mestras de capoeira.
Na seção seguinte, busco discutir sobre o processo de internacionalização da capoeira,
apontando alguns fatores que colaboraram para a expansão da capoeira fora do Brasil, para o
ingresso dos(as) pioneiros(as) e a inserção das mulheres em distintos países.

2.3 INTERNACIONALIZAÇÃO DA CAPOEIRA: AS MESTRAS FORA DO BRASIL

Viva Bahia, Viva Bahia


Viva Emília Biancardi
Mestre Dinho e seu Pastinha
Viva Bahia, Viva Bahia
Viva Emília Biancardi
Mestre Bimba e Canjiquinha
(MESTRE TONHO MATÉRIA).83

A capoeira é uma manifestação cultural que, na contemporaneidade, está difundida por


distintos espaços geográficos, dentro e fora do Brasil. O processo de internacionalização da
capoeira ocorreu devido a diversos fatores, como: mobilidade dos(as) capoeiristas, viagens de
grupos folclóricos, produção e divulgação de filmes sobre a capoeira fora do Brasil, jogos
digitais, dentre outros aspectos que colaboraram para a transnacionalização da capoeira.
O processo de internacionalização, defendido por Knigt (2003) e Piccin e Finard (2019),
relaciona-se às trocas entre povos, culturas e países, envolvendo ainda a mobilidade das pessoas
e a cooperação entre instituições conveniadas (LEIRO; ROSÁRIO, 2017; LEIRO; TORRES;
FERNANDES, 2018).
Já o conceito de transnacionalização se refere ao deslocamento, a uma desnaturalização
da relação com a cultura nacional, que, com isso, vai “[...] tencionando assim suas estruturas,
transformando-o em um campo transnacional de fluxos tanto de pessoas, quanto de códigos e
símbolos” (FERNANDES, 2013, p. 158).
Andrade (2021), a partir de seu estudo, aponta a diferença entre a internacionalização e
a transnacionalização da capoeira, sendo a primeira um processo voltado às alterações e
definições nas formas de ser praticada, ao passo que a segunda revela que os processos
transnacionais ocorrem independentemente de haver imigrantes de um país para o outro. Esse

83
Trecho da música Viva Bahia, do mestre Tonho. Matéria em homenagem a Emília Biancardi, em 2018.
Disponível em: https://bit.ly/2ZiVq8I. Acesso em 26 de set. 2021.
58

é um debate atual, que só recentemente veio a ser estudado, demonstrando os outros contornos
que a capoeira pode assumir quando uma cultura se torna globalizada.84
No tocante à mobilidade dos(as) capoeiristas, Nascimento (2015) sinaliza que
muitos(as) capoeiristas viajaram por conta própria para os Estados Unidos e a Europa a partir
da década de 1960. Esse período ficou demarcado como a primeira onda de emigração,
composta por pioneiros, aventureiros, bailarinos, músicos e dançarinos dos grupos folclóricos.
Durante a primeira onda de emigração, aconteceu um fato inusitado: em 1966, mestre
Pastinha, juntamente com outros mestres, como João Grande, Gildo Alfinete, Camafeu de
Oxossi, Gato, Olga de Alaketu, entre outros, a convite do Itamaraty, foram convidados a
representar a capoeira no Festival de Artes Negras da África, em Dakar. Esse encontro veio a
confirmar a relação existente entre a capoeira e a cultura corporal africana85 (CASTRO, 2007).
Nesse período, distintas viagens coletivas foram realizadas por grupos folclóricos,86
como o Viva Bahia e o Brasil Tropical, que tiveram papel fundamental na expansão da capoeira
fora do País (ESTEVES, 2003; NASCIMENTO, 2015). O primeiro grupo foi fundado pela
etnomusicóloga Emília Biancardi,87 em 1962.
Emília Biancardi, por intermédio de seu grupo folclórico, possibilitou a ida de vários
capoeiristas88para realizar shows e apresentações culturais fora do Brasil, por quase 20 anos, o
que favoreceu a permanência de vários capoeiristas no exterior, como foi o caso do angoleiro
mestre João Grande89.
Nas apresentações culturais do grupo folclórico de Biancardi, foi registrada a presença
de uma única mulher, que compôs o elenco de artistas para as apresentações de capoeira e

84
Ortiz (2009) entende a globalização como uma compreensão de tempo e o atravessamento de fluxos entre as
diversas partes do mundo.
85
A pesquisa de Assunção (2020) identificou a existência de um parentesco entre o engolo e a capoeira, que
compartilham não só técnicas corporais, mas também amplos significados culturais; entretanto, não afirmou
que o engolo é ancestral da capoeira, como é propagado por muitos(as) capoeiristas.
86
Nascimento (2015) reconhece outros grupos que divulgam a capoeira, qual sejam: Olodumaré, Oxún e Afonjá.
87
Emília Biancardi Ferreira tem descendência italiana e portuguesa-africana, foi professora de Música e Canto
Orfeônico no Instituto de Educação Isaías Alves (SILVA, N., 2017).
88
Já fizeram parte do grupo os mestres: Alabama, João Grande, Cabeludo, Bom Cabrito, Boca Rica, Saci,
Beijoca, Bira, Camisa Roxa (ESTEVES, 2003), Acordeon, Pastinha (FOLTRAN, 2017), António Diabo,
Amém, Loremil, Manuel Pé de Bode e Jelon, percorrendo a América do Sul, os Estados Unidos, a África e o
Médio Oriente.
89
Nasceu em Itagi, BA, em 1933. Discípulo do mestre Pastinha, propaga o legado angoleiro nos Estados Unidos
desde 1990, onde foi reconhecido doutor honoris causa pela Upsala College.
59

maculelê, cujo nome era Luísa Sampaio90 (FOLTRAN, 2017), que, inclusive, participou de
turnês e chegou a morar em Nova Iorque na década de 1970.
Posteriormente, Luísa foi eliminada dos shows da capoeira por Emília Biancardi, pois
esta entendia que deveria alimentar o imaginário social da capoeira, que era constituído
majoritariamente pelo público masculino. Importante situar que se trata de um período em que
as mulheres ainda não tinham conquistado diversos direitos sociais e de intensa repressão por
parte do Regime Militar, portanto havia uma conjuntura política e social que influenciava a
reprodução e naturalização do sexismo.
Foltran (2017) ainda sustenta que a participação de Luísa, tanto nos ensaios de maculelê
quanto na Academia do mestre Pastinha, evidenciava opressões e violências machistas, pois ela
tomava pauladas nas mãos durante os ensaios e era atacada com pedras ao se aproximar da
referida academia. Esses comportamentos agressivos colaboraram (ainda colaboram) para que
muitas mulheres desistissem de estar nos espaços da capoeira.
O outro grupo folclórico que colaborou para a expansão da capoeira fora do Brasil foi o
Brasil Tropical, conduzido pelo mestre Camisa Roxa e empresariado por Miecio Ascanany.
Dentre os capoeiristas que conseguiram se estabelecer fora do País, destaca-se o mestre
Martinho Fiuza (FERNANDES, 2013).
Nesse período, com o avanço da folclorização da capoeira e a expansão da atividade
turística, vendia-se o ‘produto’ da capoeira e ocorria a transmutação de uma manifestação
cultural que lutava contra e/ou cedia aos interesses do capital, entre disputas e discursos de
capoeiristas de distintas vertentes, que buscavam manter a autenticidade e tradição.
Para Esteves (2003), a relação entre capoeira e turismo, assim como a espetacularização
dessa dança/luta, deixou marcas profundas na construção de pseudoidentidades que associam o
povo baiano à preguiça, à festa e à permissividade, reproduzindo os estereótipos da
sensualidade e do erotismo vinculados à imagem das mulheres pardas e negras, frutos da
colonização e da escravização no Brasil.
Fernandes (2013) e Nascimento (2015) ainda comentam que uma das estratégias
adotadas pelos homens para permanecerem no exterior era o casamento com estrangeiras. Nesse
sentido, a mulher passa a ser vista como objeto sexual para a legalização do capoeirista fora do

90
“Foram mais de 10 anos de apresentações. Nos anos duros da ditadura, chegou a ser presa, junto com os demais
integrantes do grupo. Viveu em Nova Iorque por 6 meses, em turnê com o Viva Bahia, na década de 1970.
Neste período, já era casada e tinha uma filha de 2 anos. Marido e filha permaneceram no Brasil no ano de
1974, enquanto Luísa se apresentava nos Estados Unidos, informação que desafia o binarismo de gênero
lançado na interpretação androcêntrica da fotografia” (FOLTRAN, 2017, p. 100).
60

Brasil. Em alguns casos, os mestres e professores se envolviam com suas alunas, extrapolando
os limites éticos, tanto no Brasil como fora dele.
As mulheres também protagonizaram suas histórias e desenvolveram trabalhos coma
capoeira fora do País, como ocorreu com a mestra Sylvia,91 a pioneira a chegar em Londres.
Falcão (2004) também destaca alguns mestres pioneiros, como Nestor, que se instalou em
Londres em 1971; mestre Umoi, em Portugal; mestre Acordeon, em 1978; mestre Amém, na
Califórnia, em 1989; mestre João Grande, em Nova Iorque, em 1990; assim como mestre
Barrão, em 1994; mestre Magôo, em Portugal (LEITÃO, 2004); e os mestres Pavão e Jelon,
nos Estados Unidos.
É importante destacar outros nomes de mulheres que foram se inserir no cenário
internacional, desenvolvendo trabalhos com a capoeira: mestra Maria do Pandeiro,92mestra
Edna Lima,93mestra Cigarra,94mestra Marisa, mestra Ana Dourada, mestra Pintada, mestra
Meirelou, mestra Úrsula, mestra Sapeca, mestra Jerusa, mestra Cris, mestra Lagosta, mestra
Nega Uara, mestra Nagô e mestra Sorriso.
Ainda há mestras que participam de eventos de capoeira e desenvolvem trabalhos
esporádicos a convite de outros(as) capoeiristas ou acompanham suas filiais fora do Brasil,
dentre as quais se pode destacar: Janja, Paulinha (PINHEIRO, 2018), Sueli Cota, Rufatto,
Borboleta, Suri-Sam (SOUZA, 2010).
Não posso deixar de citar que há mestras que nasceram em outros países, sendo de
origem canadense, estadunidense, mexicana e israelense, a exemplo de Collete (Canadá), Suelly
(Estados Unidos), Rosita (México), Dini e Noa (Israel).
A exportação da capoeira pode ser vista sob diversos ângulos, acumulando avanços e
retrocessos no interior dessa manifestação cultural, em consonância com as transformações
socioeconômicas. Com a vasta disseminação da capoeira fora do Brasil, pode existir um
processo significativo de valorização e reconhecimento, bem como a possibilidade de trocas de
experiências, aumentando o fluxo de turistas no Brasil, dentre outros. Por outro lado, podem
ocorrer modificações, ressignificações e disputas em torno dos rituais, códigos e normas da
capoeira.

91
Para saber mais, confira o estudo de Granada (2017).
92
Segundo Fernandes (2014), a mestra Maria Pandeiro foi para Holanda em 1987 e lá fundou seu grupo
conhecido por Dandara de Bremen.
93
Ela chegou aos Estados Unidos em 1988, ensinando capoeira workout na Chelsea Pier, onde recebeu o título
de melhor fitness em 2000 (FALCÃO, 2016).
94
Ela fundou o Centro de Artes Brasileiras nos Estados Unidos.
61

Entre a luta pela preservação da tradição e a rápida expansão da capoeira, nos anos 1990,
ocorre à segunda onda de imigração, durante a qual os saltadores e valentões viajaram a convite
de outros capoeiristas, já estabelecidos fora do País (NASCIMENTO, 2015).
Outro fator que cooperou para a expansão da capoeira fora do Brasil foi o lançamento
do filme norte-americano Only the strong, conhecido como Esporte sangrento, na década de
1990. A partir dele, distintas pessoas foram aprendendo os movimentos da capoeira e até
fundaram grupos para trocarem experiência sobre a arte, sem a figura central de um(a)
brasileiro(a), em especial o(a) mestre(a) de capoeira presente.
Um dos defensores da ‘Capoeira sem mestre’ é Lamartine P. da Costa, que há décadas
produz livros em que ensina capoeira e defende a prática da capoeira sem a figura do(a)
mestre(a). Como pensar na manutenção de uma manifestação cultural sem a presença de
mestres(as), que são guardiões(ãs) de saberes populares? Qual o ofício dos(as) mestres(as) de
capoeira? Esses questionamentos contundentes, que alargam a compressão da maestria, serão
respondidos no decorrer da escrita.
Retomando os fatores que colaboraram para a expansão da capoeira fora do Brasil, pode-
se destacar ainda a disseminação de jogos digitais como Tekken 3, Tekken 4, Martial Artes e
Legends Path to Freendom95 (FIRMINO, 2011).
O estudo de Araújo, Bessa e Monteiro (2019) identificou 20 personagens brasileiros(as)
em 19 títulos de jogos de lutas, de 13 franquias diferentes, entre 1991 a 2016. Os autores
verificaram que as figuras femininas foram estereotipadas e sexualizadas, cabendo uma reflexão
profunda sobre os moldes do patriarcado e suas influências em diversas instâncias, questão
sobre a qual discorrerei mais adiante.
A terceira onda imigratória aconteceu nos anos 2000, durante a qual especialistas e
migrantes sazonais viajaram para distintos países (NASCIMENTO, 2015). Nesse período, a
capoeira alcançou mais de 170 países,96 estando presente em todos os continentes: Ásia, África,
Europa, América e Oceania.
Diante desses fatores, a capoeira foi paulatinamente ganhando contornos transnacionais,
com ressonâncias nas pesquisas acadêmicas acerca das experiências dessa manifestação
cultural em distintos países, como: Argentina, França, Espanha, especialmente em Madri,
Alemanha, Portugal, entre outros.

95
É ambientado no Rio de Janeiro, em junho de 1828, com a finalidade de guiar o protagonista, Gunga Za, que
é guerreiro do Mocambo das Estrelas, para libertar seus colegas aprisionados e assim combater os homens
liderados pelo chefe da guarda imperial, Paschoal dos Reis (FERREIRA, B., 2011).
96
Os estudos de Campos (2009) e Vidor e Reis (2013).
62

O levantamento mais recente aponta a existência de mais de 7 milhões de capoeiristas


só no Brasil e aproximadamente 10 milhões em todo o mundo,97 entretanto ainda não há
produção científica ou documento oficial que aponte um levantamento mais consolidado sobre
os(as) capoeiristas, sobretudo mestras(es) e grupos de capoeira.
Apesar desse avanço quantitativo e qualitativo na produção do conhecimento sobre a
capoeira, ainda há uma carência de estudos científicos que se debrucem sobre as histórias, as
narrativas e os percursos formativos de mulheres na capoeira, dentro e fora do Brasil.

2.4 NOTAS SOBRE AS TRAJETÓRIAS DAS MULHERES DENTRO E FORA DA


CAPOEIRA

A discussão a seguir será pautada nas trajetórias das mulheres. Por meio dela, busco
compreender as relações de gênero sob o viés interseccional, os papeis desempenhados pelas
mulheres, as tensões e as lutas em torno das conquistas sociais, dentro e fora da capoeira.
De acordo com Bourdieu (1996, p. 189), a categoria trajetória pode ser compreendida
como “[...] uma série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo agente (ou um
mesmo grupo) num espaço que é ele próprio um devir, estando sujeito a incessantes
transformações”.
Falar de trajetória é tão complexo, pois remete à singularidade da história de vida,
refletindo os contextos geográfico, histórico, social, entre outros. O trajeto, o caminho
percorrido por uma pessoa, pode ter idas e vindas, movimentos, circularidades, encruzilhadas,
tensões e conquistas, que se relacionam “[...] ao conjunto de outros agentes envolvidos no
mesmo campo e confrontados com o mesmo espaço dos possíveis” (BOURDIEU, 1996, p.
190).
A trajetória das mulheres na capoeira, na atualidade, tem ganhado visibilidade;
paulatinamente, aumentam os estudos que se debruçaram sobre a história e a narrativa das
mulheres, buscando compreender o androcentrismo, esclarecer o machismo, responder
questões sobre a ocupação desigual do poder e assim explicar os interesses culturais dos
públicos masculino e feminino (LEIRO, 2002).
Ao buscar entender a história das mulheres na capoeira e em diversas práticas culturais,
defrontamo-nos com inúmeros obstáculos, dentre os quais o primeiro é a escassez de fontes
documentais, que, de acordo com Perrot (1989), invisibiliza e silencia as histórias das mulheres.

97
Disponível: https://bit.ly/30WmI5a. Acesso em: 10 de ago. 2021.
63

Mesmo diante dessa barreira, que pode comprometera produção do conhecimento e


assim colaborar para a fragilidade da escrita, foi possível encontrar indícios de mulheres na
capoeira desde 1817, nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, da Bahia, de Pernambuco,
do Paraná, de Alagoas, do Maranhão, do Pará e do Amazonas. Essas mulheres eram conhecidas
por serem valentes, brabas e subversivas, sofriam duplas resistências: primeiro, pela condição
de ser mulher numa sociedade sustentada no molde patriarcal; e segundo, por serem negras e/ou
estarem envolvidas numa prática marginalizada e proibida até a década de 1930.
Algumas dessas mulheres valentes, ao lado de tantas outras, exerceram papeis de
liderança em quilombos, nas guerras e resistências ocorridas ao longo da história do Brasil,
dentre as quais se destacam: Acotirene,98 Aqualtune,99 Esperança Garcia,100 Tereza de
Benguela,101 Na Agontimé,102 Maria Crioula,103 Maria Aranha,104 Maria Felipa,105 Dandara dos
Palmares,106 Zeferina,107 Zacimba Gaba,108 Rainha Nzinga,109 Joana Angélica110 e Maria
Quitéria.111

98
“Foi uma matriarca do Quilombo dos Palmares, onde já estava antes de Ganga-Zumba ou Zumbi.” (SANTOS,
F., 2019, p. 159).
99
Filha de um rei no Congo, que foi escravizada e trazida para o Brasil (SANTOS, F., 2019).
100
História marcada no Piauí, quando ela escreveu uma carta para o presidente da Província, denunciando os maus
tratos que sofria com o seu filho (SANTOS, F., 2019).
101
“Líder quilombola, no Quilombo de Quariterê. Dia 25 de julho no Brasil é oficialmente o dia de Tereza de
Benguela, uma data para enfatizar a luta das mulheres negras no país” (SANTOS, F., 2019, p. 159).
102
Antiga rainha do reino de Daomé, conhecido como Benim, ela foi escravizada no Maranhão, onde foi
renomeada como Maria Jesuina. Foi fundadora da famosa Casa das Minas (SANTOS, F., 2019).
103
Foi líder de uma das revoltas no Rio de Janeiro, no Vale do Café (SANTOS, F., 2019).
104
“Líder do Quilombo do Mola, em Tocantins, Maria Aranha liderou seu povo contra invasões” (SANTOS, F.,
2019, p. 160).
105
“Liderou um grupo de 40 mulheres na luta pela Independência da Bahia, ajudando a queimar 42 embarcações
portuguesas que aguardavam a ordem para invadir Salvador e reprimir as ações pela independência baiana”
(SANTOS, F., 2019, p. 160).
106
“Mulher negra guerreira na resistência contra a escravidão no Brasil, líder do Quilombo dos Palmares e
companheira de Zumbi.” (SANTOS, F., 2019, p. 160).
107
Líder do Quilombo de Urubu, na Bahia, lutou contra a escravidão (SANTOS, F., 2019).
108
“Foi uma guerreira que resistiu, vingou-se e provocou uma revolta das pessoas escravizadas contra a Casa
Grande, liderando seu povo até um Quilombo, onde foi rainha.” (SANTOS, F., 2019, p. 160).
109
“Rainha Nzinga Mbandi Ngola (*1581 + 1663), líder da resistência do povo Mbundi, na luta contra a
escravidão e para o empoderamento das mulheres no continente africano” (SANTOS, F., 2019, p. 161).
110
“Em 1822, tropas portuguesas ocupavam a cidade de Salvador, desde o Dia do Fico. Soldados e marinheiros
portugueses embriagados tentaram invadir o convento da Lapa. Joana, aos 60 anos, impediu com o próprio
corpo a entrada deles no convento, recebendo golpes de baioneta como resposta. Joana tornou-se a primeira
mártir da grande luta que continuou até 2 de julho.” (SANTOS, F., 2019, p. 161).
111
“Uma das principais personagens da Independência, Maria Quitéria fugiu de casa para lutar pela Bahia. Vestiu-
se de homem para entrar no batalhão dos Voluntários do Príncipe. Após ser descoberta, permitiram que seguisse
no combate, pois mostrava muita habilidade com armas. Lutou na Bahia de Todos os Santos, na Ilha de Maré,
Barra do Paraguaçu, na cidade de Salvador, na estrada da Pituba, Itapuã e Conceição. Em 2 de julho de 1823,
Maria Quitéria foi recebida em festa junto ao ‘Exército libertador’. Foi a primeira mulher a assentar praça numa
unidade militar das Forças Armadas brasileiras e a entrar em combate pelo Brasil” (SANTOS, F., 2019, p.
161).
64

Essas mulheres guerreiras são lembradas em composições de cantigas de capoeira e


homenageadas em nomes de coletivos de mulheres, dentre outras formas que as mantêm no
imaginário popular, entretanto, em sua maioria, são invisibilizadas nas produções acadêmicas.
Desse modo, ancorada em B. Santos (2019), reafirmo a importância de revalorizar os
conhecimentos e as práticas não hegemônicas que são contra o epistemicídio.
Dando um salto qualitativo, na década de 1970, a categoria gênero ganha repercussão
dentro do movimento feminista. Cabe-nos destacar que as relações de gênero se referem às
construções sociais em torno das feminilidades e masculinidades, ou seja, o ser mulher e o ser
homem, respectivamente.
Portanto, nesse primeiro momento de articulação entre as mulheres, conhecido como
sufragismo, a primeira onda do feminismo pautava o direito ao voto. Já a segunda exigia
melhores salários para as mulheres, de forma igualitária aos homens, e a terceira onda teve
como pauta as construções teóricas, além de preocupações sociais e políticas. O movimento
feminista ainda reivindicava a organização da família, a oportunidade de estudo e o acesso a
certas profissões (LOURO, 2014).
Um dos livros clássicos foi o de Simone Beauvoir (1970), intitulado O segundo sexo,
que reflete sobre a condição de ser mulher na sociedade, as opressões das mulheres nos moldes
do patriarcado,112 os papeis sociais desiguais, sob a justificativa biológica, colocando a mulher
no lugar do Outro.
No sistema patriarcal, a imagem que se tem do homem é a de provedor, forte, autoritário,
superior, racional, enquanto a mulher é vista como um ser frágil, submisso, emotivo, sensível,
inferior, etc. O patriarcado reforça a ideia permanente de fragilidade da mulher pelo viés
biológico, sendo um discurso que tenta impedir de distintas formas o reconhecimento de
mestras de capoeira, por exemplo.
O patriarcado não só oprime as mulheres mas também as pessoas que fogem ao padrão
heteronormativo, como lésbicas, bissexuais, gays e transgêneros; assim como pessoas de outras
identidades étnicas, como negras e indígenas. Sob tal perspectiva, emerge a compreensão de
Hooks (1981) de que o sistema capitalista patriarcal continua imperialista, racista, sexista e
opressivo.

112
“Compreendido por meio da história do contrato sexual, permite a verificação da estrutura patriarcal do
capitalismo e de toda a sociedade civil. Focalizar o contrato sexual, colocando em relevo a figura do marido,
permite mostrar o caráter desigual deste pacto, no qual se troca obediência por proteção.” (SAFFIOTI, 2011,
p. 128).
65

Para ampliar a reflexão, diversas estudiosas negras questionaram a visão eurocêntrica e


universalizante da categoria mulher, lançando mão de marcadores como: raça, classe e gênero
(BAIRROS, 1995; DAVIS, 2017; AKOTIRENE, 2019; COLLINS, 2019), sexualidade e raça
(CARDOSO, 2014; WERNECK, 2017), dentre outras identidades que possibilitem o avanço
da produção de conhecimento no enfrentamento das desigualdades raciais e de gênero.
Em contraposição ao feminismo hegemônico, Collins (2017) assinala que as intelectuais
negras criaram o feminismo negro/mulherismo. Apesar de ter nomenclaturas diferentes, ambos
abordam a questão de gênero sem atacar os homens, abrindo espaços para que eles participem,
na perspectiva de abraçar a heterogeneidade dentro das comunidades de mulheres negras.
No cerne dessa questão, podem acontecer dois episódios contraditórios: as mulheres
brancas não abarcarem a diversidade, nem os distintos marcadores identitários, reproduzindo
assim o racismo; e os homens negros reproduzirem o machismo com as mulheres negras. Nesse
sentido, entendo que o racismo e o sexismo são eixos estruturantes de opressão e exploração
(CARDOSO, 2014; DAVIS, 2017) que se coadunam entre si e reproduzem estereótipos e
estigmas que prejudicam a identidade racial e o valor social (CARNEIRO, 2003).
Nesse sentido, faz-se necessário compreender o conceito de interseccionalidade, que,
segundo Crenshaw (2002, p. 177), “[...] trata especificamente da forma pela qual o racismo, o
patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades
básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras”. Dessa
forma, torna-se urgente unificar os sistemas de opressão, mas sem sobrepor uns aos outros,
como forma de superação do feminismo hegemônico e da dominação racial.
Essa discussão não se esgota na tese, dada a sua relevância e a necessidade de luta
constante numa sociedade centrada nos moldes patriarcais, que naturaliza as desigualdades nos
papeis sociais, assim como as opressões e violências contra as mulheres. Podem-se conferir os
dados recentes nos documentos Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil (FBSP,
2019b) e Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 (FBSP, 2020), que expõem os
números alarmantes de mulheres vítimas de violências e a falta de políticas públicas de
enfrentamento às violências de gênero no Brasil.
Essa realidade está presente também no contexto da capoeira, pois, em 2020,
aconteceram duas mortes que tiveram ampla repercussão midiática: duas professoras mortas,
uma a tiros e a outra com sinais de violência sexual, em São Paulo e no Paraná, respectivamente.
Para além disso, alguns mestres de um dos maiores grupos de capoeira do mundo estão sendo
acusados de estupro, e isso tem levado a uma série de manifestações por parte dos(as)
capoeiristas, com notas de repúdio, realização de lives, entre outras ações. Paradoxalmente, eles
66

continuam a participar dos eventos de capoeira, sendo venerados por seus(suas) discípulos(as)
e outras lideranças.
Sobre isso, a mestra Renatinha publicou um artigo aprofundando o debate em torno da
ética da organização de grupos, no qual aponta a influência da lógica individualista e capitalista
na modernização e colonialidade, a partir das análises de casos recentes de abuso sexual e moral
(MARTIELO, 2021).
Com isso, faz-se necessário descolonizar os saberes e superar o controle colonial, que
ocorre desde a chegada europeia e se estende até a fundação do mundo moderno, uma vez que
a colonização afetou (e ainda afeta) intensamente os comportamentos, as posturas, as práticas
culturais e educativas na sociedade. Dessa forma, pode-se observar ainda a subalternidade da
posição da mulher, sua submissão ao homem, sua exclusão de postos de poder e o racismo
estrutural na pequena e na grande roda. Portanto, B. Santos (2019) afirma que é preciso
desnaturalizar e deslegitimar mecanismos específicos de opressão.
Portanto, somente através da luta coletiva é que se pode modificar essa realidade,
combatendo-se as violências e as desigualdades de gênero, a barbárie, a alienação do sujeito, a
masculinidade tóxica, o feminicídio, a misoginia, a LGBTfobia, entre outras opressões. Essa
luta deveria passar pelos processos de ensino-aprendizagem na capoeira, na formação de
capoeiristas, com objetivo de tornar os(as) futuros(as) mestres(as) conscientes de seu papel e
atuação na sociedade diante de um projeto histórico para além do capital.
A seguir, buscarei explicar os processos formativos nas principais vertentes de capoeira,
os rituais de ensino-aprendizagem e o sistema de avaliação em grupos de capoeira.

2.5 PROCESSOS FORMATIVOS NA CAPOEIRA: AS(OS) MESTRAS(ES) NA RODA

Para falar de processos formativos na capoeira, é preciso superar a ideia corriqueira do


senso comum de que a formação se remete somente aos processos de ensino-aprendizagem da
educação formal em escolas, universidades e faculdades, como locais específicos e
privilegiadas para formar as pessoas para o convívio social, uma vez que a forma mais antiga
de educação estava atrelada às relações interpessoais no âmbito familiar e comunitário.
A educação perpassa pelas relações sociais, ela é uma fração do modo de vida dos
grupos sociais que colabora para criar, ressignificar e inventar as formas de ensinar e aprender
dentro de uma sociedade, com as quais se formam as pessoas (BRANDÃO, 2007).
Todavia, é importante demarcar os campos da educação; segundo Gohn (2006), a
educação pode ser dividida em: a) educação formal, que ocorre em ambientes normatizados,
67

com padrões e regras estabelecidos, como as escolas, por exemplo; b) a educação informal, que
acontece em ambientes espontâneos em que haja socialização entre os indivíduos; e c) a
educação não formal, que se vincula aos espaços e às ações coletivas do cotidiano, como nos
grupos de capoeira, por exemplo.
Portanto, o foco é discutir sobre os processos educativos não formais na capoeira
enquanto espaço-tempo singular de vivências, no qual as pessoas podem aprender: movimentos
corporais, ampliando seu repertório motor; valores sociais como o respeito, a solidariedade, a
empatia e hierarquia; a superar os medos e os obstáculos; a se relacionarem melhor com o(a)
outro(a) e consigo mesmas; as questões históricas, por meio da oralidade e das cantigas; a
valorizar os(as) mais velhos(as), que são guardiões(ãs) da tradição, etc.
Os processos de ensino-aprendizagem na capoeira podem extrapolar a realização de
movimento corporais, envolvendo as percepções, as habilidades físicas, a consciência corporal,
a identidade cultural, a postura política, as expressões artísticas (FRANÇA, 2018a), a
sensibilidade musical, o domínio nos toques de instrumentos (pandeiro, agogô, reco-reco,
atabaque e/ou berimbau) e os processos criativos, teatrais, dançantes ou combativos.
Nos treinamentos e nas rodas de capoeira, os(as) capoeiristas vão aprendendo com
seus(as) mestres(as) inúmeros golpes de ataque e defesa, floreios, formas de gingar diante dos
obstáculos, situações de jogo e ensinamentos de vida, que tanto podem colaborar para a
transformação quanto para a alienação ou deformação dos indivíduos.
Isso depende de vários fatores e experiências da parte de quem ensina, da figura central
do(a) mestre(a), que geralmente conduz os ensinamentos, podendo dialogar de forma
horizontal, exercendo o papel de mediador, ou de forma vertical, como único detentor do
conhecimento, como ocorre na educação bancária, na qual, segundo Paulo Freire (1996, p. 62):

Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os


educandos, meras incidências, recebem paciente-mente, memorizam e
repetem. Eis aí a concepção “bancária” da educação, em que a única margem
de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-
los e arquivá-los.

Na educação bancária, os(as) alunos(as) são passivos(as), não têm autonomia de decidir,
problematizar, propor e ser corresponsáveis por sua formação. É preciso pensar numa educação
que seja crítica, reflexiva e plural nos diversos contextos sociais, sobretudo nos espaços da
capoeira:

Não nos educamos para algo fora de nós, além de nós. Principalmente para
algo situado dentro dos limites e da lógica utilitária do mercado de bens e
68

capitais. Nós nos educamos para ‘fazer’, para ‘produzir’. Mas nós nos
educamos, antes de mais nada, para ‘conviver’ e para ‘ser’. Não para o
desenvolvimento econômico, mas para o desenvolvimento humano, ao qual
devem servir todos os outros. (BRANDÃO, 2008, p. 117).

Nesse sentido, fazem-se necessárias práticas educativas que superem as contradições do


capital, que abarquem as distintas formas de ensinar e aprender, considerando a diversidade de
corpos, respeitando as diferenças, atendendo às necessidades individuais e coletivas com
pedagogias humanizadoras, decoloniais, que nos possibilitem repensar em formas diferentes de
ser e estar no mundo (WALSH, 2014).

Pedagogías que animan el pensar desde y con genealogías, racionalidades,


conocimientos, prácticas y sistemas civilizatorios y de vivir distintos.
Pedagogías que incitan posibilidades de estar, ser, sentir, existir, hacer,
pensar, mirar, escuchar y saber de otro modo, pedagogías enrumbadas hacia
y ancladas en procesos y proyectos de carácter, horizonte e intento decolonial
(WALSH, 2013, p. 28).

Essas pedagogias seguem uma outra lógica, que não atende aos ditames do capitalismo,
o qual visa apenas ao capital, colabora para a alienação, a homogeneização e a exploração
dos(as) capoeiristas, tratando a capoeira como mercadoria. Sobre isso, Conrado (2015)
esclarece que as adversidades e contradições do modelo capitalista têm impactado os grupos de
capoeira, acirrando a segregação, a destruição e as desigualdades.
Pode-se exemplificar essa estratificação da sociedade na capoeira quando os(as)
mestres(as) cobram altas taxas nas fardas, nas etapas de graduação, nas palestras, nos usos de
imagens ou expandem as filiais sem acompanhar o trabalho desenvolvido nos distintos
contextos geográficos, etc.
Ainda sobre as etapas de graduação, Araújo (2004) chama atenção para o advento do
batizado como forma de aceleração da formação dos(as) capoeiristas e legitimação de um novo
modelo de mestre(a). A sua preocupação, como a de tantos(as) capoeiristas, possivelmente, é
com relação à descaracterização, à aceleração da esportivização da capoeira e à contribuição
desses fatores para o distanciamento da tradição afro-brasileira.
A importância de um(a) mestre(a) para a manutenção da cultura, como se dá com
capoeira, já foi apontada, na Grécia Antiga, por Marcel Detienne, que ressaltou a contribuição
dos poetas, considerados Mestres da Verdade para a memória do povo. Ainda sobre isso, Abib
(2006, p. 92) pontua que,

Para o grego, a poesia tem o sentido de produção (poiesis): é a ação de trazer


à presença algo que se mostrava oculto. A palavra do poeta é assim a palavra
69

que, ao ser pronunciada, desvela aquilo que se mantinha encoberto, oculto


(lethé), trazendo à tona a verdade (alethéia), instaurando e mantendo uma
compreensão de mundo, em que todo um universo de significados se articula.

Desse modo, a figura do(a) mestre(a) era aquele(a) que dominava um saber e tinha
experiência de vida, que era passada para os(as) mais novos(as), assim como acontecia nas
escolas de ofício.113 Nesse ínterim, tomando como referência Bourdieu (1989), um ofício é
compreendido como uma prática pura, sem teoria e, dessa forma, exige uma pedagogia que não
convém com o ensino dos saberes. Essa pedagogia seria a da experiência corporal, observando,
executando, aprendendo e avançando de forma cíclica.
Antigamente, na prática da capoeiragem, os aprendizados aconteciam por meio da
‘oitiva’, baseada na experiência e na observação, de acordo com Abib (2006). Isso durou até
meados do século XX, pois, a partir da década de 1930, quando a capoeira começou a ser
praticada em recintos fechados, surgiram os grupos de capoeira, que instituíram suas normas,
seus códigos, suas metodologias de ensino e seus sistemas de avaliação para consagração
dos(as) mestres(as) de capoeira.
Fonseca (2010) explica que, no século passado, a figura do(a) mestre(a) estava atrelada
à marginalidade, à discriminação e à dificuldade de sua trajetória existencial. Os(as) capoeiras
de outrora eram “[...] verdadeiros mestres de defesa física, quer nos jogos do punho, quer nos
recursos maleáveis de todo o corpo em luta” (VIANA, 1979, p. 7).
Portanto, a partir desse entendimento, é possível compreender que os(as) mestres(as) de
antigamente não tinham diplomas, nem corda na cintura, também não tinham fardamentos
(abadás), nem havia estilos e linhagens de capoeira. Para Paiva (2007, p. 124), “[...] são
referências no lugar onde vivem e, certamente, no campo onde atuam”.
Dessa forma, Castro Júnior (2003) aponta alguns elementos importantes na constituição
do ser mestre(a) de capoeira, como: o domínio do jogo, do canto, do toque, do trabalho de
ensinamento e do reconhecimento pela comunidade. Este último requisito é um dois mais
registrados nos estudos científicos, como o de Carvalho (2019), bem como nos discursos
dos(as) capoeiristas. A partir desses elementos fundamentais, adquiridos durante a trajetória de
vida nessa arte, constitui-se o habitus114 do(a) mestre(a).

113
Para aprofundar a compreensão em torno do surgimento das corporações de ofício, que tiveram origem nas
instituições da Roma Antiga, é crucial a leitura da dissertação de M. Souza (2010).
114
“Habitus é um termo originário do latim ‘que significa aspecto exterior, aparência, postura’” (LEIRO, 2004,
p. 220).
70

Com a expansão da capoeira nos diversos espaços sociais, culturais, educativos, etc.,
dentro e fora do Brasil, essa manifestação cultural ganha outros contornos, e o ofício de
mestre(a) passa a ser Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Portanto, para Abib (2006, p. 92):

O mestre é aquele que é reconhecido por sua comunidade como o detentor de


um saber que encarna as lutas e sofrimentos, alegrias e celebrações, derrotas
e vitórias, orgulho e heroísmo das gerações passadas, e tem a missão quase
religiosa de disponibilizar esse saber àqueles que a ele recorrem. O mestre
corporifica, assim, a ancestralidade e a história de seu povo e assume, por essa
razão, a função do poeta, que, através de seu canto, é capaz de restituir esse
passado como força instauradora, que irrompe para dignificar o presente e
conduzir a ação construtiva do futuro.

Nesta perspectiva, surgem alguns questionamentos: qual o capital necessário para ser
legitimada(o) como mestra(e) de capoeira? Quanto tempo é preciso dedicar à manifestação
cultural? O que precisa ensinar aos(as) seus(as) discípulos? Quais as etapas de graduação nos
grupos de capoeira? Qual habitus precisa ser dominado na capoeira?
Diversas linhas de análise poderiam ser exploradas para aprofundar os atributos
necessários à titulação de mestra(e) de capoeira, os quais podem ser complexos, por não haver
homogeneidade nos estilos e nas linhagens de capoeira, nem nas metodologias de ensino, no
tempo necessário, nas habilidades corporais, tampouco nos aprendizados e nas experiências
exigidas para a conquista do título, da graduação e/ou do reconhecimento popular de mestra(e)
de capoeira.
No tocante à introdução de um sistema de graduação por intermédio de corda, cordel ou
cordão, apresento a seguir, na Figura 20, uma linha cronológica que traz alguns marcos
importantes para a compreensão dos novos códigos no universo da capoeira:
71

Figura 20 – Linha do tempo de criação da graduação na capoeira


1969 1974
1955 Mestre Nô Federação
Carlos Sena criou um Paulista de
(Instituto sistema de Capoeira
Senavox) faixa, depois institiu a
instituiu um fita e por fim graduação
sistema de usa cordel de nas cores do
graduação. lã. Brasil.

1960 Década de 1980


Grupo 70 O Grupo
Senzala Surgiu o Cativeiro cria
institui a Grupo a graduação
corda. Capitães nas cores dos
d'Areia e Orixás.
criou seu
sistema de
graduação.

Fonte: elaborada pela autora.

Na Figura 20, percebe-se que, desde 1955, foram instituídos outros sistemas de
graduação, dos quais um dos protagonistas fora mestre Carlos Sena, por intermédio do Instituto
Senavox (MAGALHÃES FILHO, 2012). Entretanto, não ficou evidente se houve uma ampla
utilização do seu sistema de graduação e como funcionou no grupo.
Outro sistema de graduação, criado pelo Grupo Senzala, que instituiu a corda em 1960,
teve maior repercussão nos grupos de capoeira do Sudeste do Brasil e posteriormente expandiu-
se para outras regiões do país.
Posteriormente, em 1969, mestre Nô, que é angoleiro, criou um sistema de faixas
semelhante ao utilizado nas artes marciais, depois passou a fazer uso da fita e, em seguida,
adotou o cordel feito de lã em seu grupo (MAGALHÃES FILHO, 2012). Nesse caso específico,
a tese de Accordi (2019) revela o motivo que levou mestre Nô a adotar os distintos sistemas de
graduação, inclusive as faixas (branca, amarela, verde, roxa, marrom e preta), que introduziu
no seu grupo de capoeira, de maneira similar ao que acontece no Judô, com o intuito de avaliar
os níveis de aprendizado de seus(as) alunos(as).
Entre 1960 a 1980, dentre as várias transformações socioculturais já sinalizadas no
segundo capítulo, a estudiosa Fonseca (2009) destaca a criação da graduação de cordel com as
cores da bandeira do Brasil nos Simpósios Nacionais de Capoeira no Rio de Janeiro, do qual
participaram vários mestres conhecidos.
Nesse mesmo período, em São Paulo, surgiram os grupos Capitães d’Areia e Cativeiro,
que ressignificaram as graduações na capoeira. O primeiro estava relacionado com aspectos da
72

escravização, como: escravo (corrente), quilombola (corda), liberto (lenço de seda) e capitão
da areia (pedaços de corrente, corda e lenço de seda), enquanto o segundo115representava uma
forma de expressão negra e contava com sete estágios, cada qual representado por um cordão,
que coincidiam no primeiro, no terceiro, no quinto e no sétimo estágio (verde, amarelo, azul e
branco, respectivamente) (REIS, 2013).
Portanto, trago uma reflexão em torno das modificações que ocorrem no universo da
capoeira, seus avanços e retrocessos, as quais, de alguma forma, acompanham as
transformações sociais, culturais, econômicas, políticas, etc. Nesse sentido, Reis (2000) aponta
que as tradições sempre serão reinventadas, pois a cultura não se cristaliza no tempo e no
espaço: “A cultura só é enquanto está sendo. Só permanece porque muda. Ou, talvez dizendo
melhor: a cultura só ‘dura’ no jogo contraditório da permanência e da mudança (FREIRE, P.,
1985, p. 36).
A partir disso, reflito que cada grupo e linhagem de capoeira cria suas etapas de
graduação e estabelece seus códigos, suas classificações, suas hierarquias, suas relações de
poder e seus rituais, que ora se aproximavam, ora se afastavam, não havendo um padrão rígido
ou estabelecido para se atingir ou ser reconhecido(a) mestre(a) de capoeira, o que pode ocorrer
até mesmo por razões ideológicas, políticas e de conveniência; mas isso não significa que o(a)
mestre(a) terá legitimidade dentro da capoeira.
Há variedade na quantidade de cordas/cordões utilizados nas etapas de graduação, a
depender de cada grupo de capoeira, assim como no tempo necessário em cada etapa avaliativa
para a formação de mestres(as). Vieira (1998) ainda chama atenção para o fato de que existem
academias que consagram mestres(as) com dois ou três anos, mesmo sem terem o domínio dos
preceitos, rituais, saberes e ensinamentos da arte da capoeira, nem terem formado
discípulos(as).
Contraditoriamente, há capoeiristas que se dedicam há décadas aos processos de ensino-
aprendizagem, e nunca foram reconhecidos(as) como mestres(as) em seus grupos ou por seus
pares. Portanto, discorrer sobre a função e titulação do(a) mestre(a) de capoeira é algo complexo
e plural, pois não há um padrão estabelecido entre os grupos de capoeira.
Antes de falar sobre a formação de mestras de capoeira, é preciso compreender os
preceitos, os rituais e os sistemas avaliativos dos distintos estilos de capoeira. Abaixo, discuto
a partir dos dois estilos de capoeira mais antigos.

115
A graduação dos Orixás tem as cores azul, amarela, marrom, verde, roxa, vermelha e branca (PAIVA, 2007).
73

2.5.1 Ritual e sistema de avaliação na Capoeira Regional

O estilo da Capoeira Regional, tem como seu principal representante o criador, mestre
Bimba (1900-1974), já apresentado no subcapítulo anterior. Atualmente, o seu filho, mestre
Nenel, mantém o legado cultural herdado de seu pai, assim como a turma de Bimba, composta
pelos mestres Itapoan, Xaréu, Piloto, Boinha (in memoriam), Decânio (in memoriam), etc. O
mestre Nenel fundou a Associação de Capoeira Filhos de Bimba em 10 de junho de 1986, que,
posteriormente, passou a se chamar Filhos de Bimba Escola de Capoeira (NENEL, 2018).
A partir dos estudos de Campos (2009) e Nenel (2018), é possível detalhar os princípios,
o método e a tradição dessa vertente de capoeira. Os princípios fundamentam-se em: gingar
sempre, esquivar sempre, jogar sempre bem próximo ao parceiro, todos os movimentos devem
ser objetivos, conservar no mínimo uma base ao solo, obedecer ao ritmo do berimbau, respeitar
as guardas vencidas e zelar pela integridade física e moral do(a) camarada.
No que se refere ao método da Capoeira Regional, tem-se as seguintes etapas de
aprendizagem: a ginga, o exame de admissão, a sequência, a cintura desprezada, os ritmos de
jogo, os movimentos traumatizantes, desequilibrantes, projeção e ligados, além decursos de
especialização. Os rituais e as tradições fundamentam-se nos seguintes elementos: pegar na
mão para gingar, a cadeira, a charanga, as quadras, os ritmos (São Bento Grande, benguela e
iúna), o batizado (momento de cair no aço), a festa do batizado, a formatura (lenço azul) e o
esquenta banho (NENEL, 2018).
Quanto ao uniforme utilizado pelos(as) capoeiristas, segundo o mestre Nenel (2018),
ele surgiu devido às necessidades de realizar os movimentos de contato físico, então se utilizam
calça e camisa brancas, sem nenhum calçado, durante os treinos e as rodas. Já no momento da
formatura, os(as) capoeiristas utilizam roupa social, geralmente branca, com sapatos ou
basqueteiras.
Durante as rodas de capoeira, utiliza-se um berimbau e dois pandeiros. Os principais
toques de berimbaus são: a) São Bento Grande, que requer um jogo rápido, alto, com golpes
objetivos; b) Santa Maria, que orienta o jogo rápido e solto; c) Banguela, que solicita jogo
malicioso e floreado; d) Amazonas, que traz uma riqueza de variações melódicas; e) Cavalaria,
um toque de aviso; e) Iúna, toque especial, que imita o som de um pássaro; e f) Idalina, que
orienta para o desenvolvimento de um jogo manhoso (CAMPOS, 2009).
Além dos diversos toques de berimbaus, juntamente com os pandeiros, que compõem a
formação da bateria, ainda há a musicalidade, composta por quadras e corridos, além das palmas
dos(as) telespectadores(as) que estão compondo a roda e dos(as) jogadores, que se comunicam
74

por meio da realização de golpes básicos, traumatizantes, fundamentais, desequilibrantes, de


projeção e ligados (CAMPOS, 2009).
Os(as) capoeiristas vão compreendendo a função de cada toque, o momento de entrar e
sair da roda, a importância das cantigas, as normas e os rituais ao longo dos anos, à medida que
vão se dedicando, experimentando e avançando nos sistemas de avaliação.
Pude vivenciar parte desses elementos num grupo de Capoeira Regional e nas aulas com
um mestre que foi discípulo do mestre Bimba. Apesar de serem dois espaços diferentes, a
metodologia de ensino era muito similar. Realizava-se aquecimento no início, com corridas,
seguia-se com alongamentos individuais de membros inferiores e superiores, posteriormente se
vivenciava a ginga, além de golpes do referido estilo, como: meia lua frente, cocorinha,
negativa, bênção, armada, godeme, queixada, martelo, aú, cabeçada, dentre tantos outros
movimentos.
Os treinos eram acompanhados de som mecânico, com músicas da Capoeira Regional,
exigiam distintas valências físicas, como flexibilidade, agilidade, força, resistência e
velocidade, para o diálogo corporal de perguntas e respostas, ataques e defesas, principalmente
na execução da sequência de ensino do mestre Bimba.
O comando era sempre do mestre ou professor, que dizia o que seria realizado. O
aprendizado acontecia por meio da observação, da execução e da imitação de uma figura
central. Durante os treinos, raramente percebia questionamentos e momentos de partilhas. A
percepção que tinha é de que todos(as) os(as) discípulos(as) deveriam apenas obedecer aos
comandos, estavam ali para ‘receber’ conteúdos, como na educação bancária.
Tais experiências, nos moldes da educação bancária, também foram percebidas em
alguns grupos de outros estilos de capoeira, como Angola e Contemporânea, por exemplo. Com
isso, não quero generalizar e afirmar que em todas as academias de capoeira acontecem tais
fatos, nem que os(as) mestres(as) ou demais capoeiristas têm metodologias de ensino
tecnicistas.
Nas rodas de capoeira, o berimbau e os pandeiros marcavam os diversos ritmos, de
rápido a cadenciado, cada toque de berimbau já orientava o tipo jogo, e as palmas e os cânticos
provocavam diversos sentimentos e sensações, de alegria e euforia; a energia fluía naturalmente
através dos jogos. Estes podem ser, muitas vezes, rápidos e objetivos, sem quaisquer floreios
ou subjetividades, como acontece na Capoeira Angola. O tempo de jogo é outro, é aqui e agora;
em alguns segundos, vários movimentos podem ser executados, e quem não estiver prestando
atenção pode ser golpeado em alguma parte do corpo ou levar queda do(a) adversário(a).
75

Nesse estilo, o sistema de avaliação, chamado de estrela, é composto por cinco etapas,
que vão da primeira à quinta estrela, formando o nome ‘Bimba’. Para avançar nesse
entendimento, dialoguei com a mestra Preguiça,116 a única mestra charangueira até o presente
momento, portanto a explanação que apresento é baseada em seu depoimento.
Ao passar pela primeira etapa da estrela, o(a) capoeirista está preparado para se formar,
recebendo o lenço de seda azulem sua formatura. Após esse momento, são abertas as inscrições
para o curso de especialização; o(a) discípulo(a) que quiser se aprofundar na luta, ao final,
recebe o lenço vermelho.
Outra etapa avaliativa para os(as) discípulos(as) de lenço vermelho é a segunda
especialização, que tem treinamentos específicos de defesa e ataque, com arma branca e de
fogo, ao fim dos quais eles(as) recebem o lenço amarelo. Após passar por todas as etapas, além
de saber cantar, tocar berimbau e pandeiro, o(a) mestre(a) pode entregar o lenço branco, que é
o de mestra(e) charangueira(o); mas o reconhecimento de mestra(e) só se dá com o trabalho e
o respeito por parte da sociedade.
Além das etapas de avaliação citadas acima, segundo o mestre Nenel (2018), para se
tornar mestre(a), é preciso: 1) dominar a arte que se pretende transmitir; 2) ter um bom caráter,
amizade e respeito; 3) contribuir com a formação das pessoas como cidadãs.
Ao longo de sua vida, mestre Bimba deu apenas quatro lenços brancos, para as seguintes
pessoas: Decânio, Miranda, Jair Moura e Edinho, pois eles dominavam o berimbau, o pandeiro
e o canto, sendo considerados mestres charangueiros (NENEL, 2018). Dentro do processo de
graduação na Capoeira Regional, linhagem do mestre Bimba, existem apenas quatro lenços de
seda (azul, vermelho, amarelo e branco).
No que se refere ao método da Capoeira Regional, tem-se as seguintes etapas de
aprendizagem: a ginga, o exame de admissão, a sequência, a cintura desprezada, os ritmos de
jogo, os movimentos traumatizantes, desequilibrantes, projeção e ligados, além decursos de
especialização. Os rituais e as tradições fundamentam-se nos seguintes elementos: pegar na
mão para gingar, a cadeira, a charanga, as quadras, os ritmos (São Bento Grande, benguela e
iúna), o batizado (momento de cair no aço), a festa do batizado, a formatura (lenço azul) e o
esquenta banho (NENEL, 2018). É importante ressaltar que há outras linhagens na Capoeira
Regional, como a Regional-Senzala, que introduziu outras modificações nos processos de
ensino e aprendizagem da capoeira.

116
Depoimento obtido no dia 9 de agosto de 2021.
76

A partir disso, surgiram as seguintes questões: como se deram o reconhecimento ou a


formatura dos outros mestres pertencentes à turma do mestre Bimba? Será que todos mantém a
tradição/o ritual da Capoeira Regional e utilizam o mesmo sistema avaliativo, com a utilização
de lenços de seda? O que acontece com mestres desrespeitosos que violam os direitos humanos?
Apesar de entender a importância dos requisitos, falar sobre formatura ou
reconhecimento de mestres(as) não é algo tão simples ou tão claro, tanto para quem ensina
quanto para quem aprende. Dentro da capoeira, há formaturas que são longas, e outras muito
curtas. Portanto, pretendo compreender o que está posto nos diversos estilos e linhagens de
capoeira; e a posteriori, revelar subjetividades que perpassam os processos formativos.

2.5.2 Ritual e sistema de avaliação na Capoeira Angola

A organização sistemática da vertente Capoeira Angola tem como um de seus


renomados ícones Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, mestre Pastinha, sobre o qual tratei no
capítulo anterior. Os seus principais discípulos foram os mestres João Grande117, João
Pequeno,118 Curió,119 Gildo Alfinete,120 Boca Rica121 e Bola Sete.122
Além dele, outros(as) angoleiros(as) foram fundamentais para o fortalecimento da
Capoeira Angola, a saber: Benedito Carroceiro, Samuel Querido de Deus, Buguelo, Besouro de
Santo Amaro, Espinho Remoso, Siri do Mangue, Canário Pardo, Ricardo das Docas, Calabi do
Piri Piri, Waldemar da Liberdade123 etc., todos eles figuras importantes para a propagação e
perpetuação do legado angoleiro.
No Centro Esportivo de Capoeira Angola, fundado na década de 1940, Conrado (2006)
afirma que mestre Pastinha recriou uma metodologia de ensino, por meio da qual os(as)
alunos(as) aprendiam sobre a disciplina, as regras do jogo, a postura de um(a) mestre(a) e os
procedimentos éticos. O fardamento instituído foi calça preta e camisa amarela, estampada com
um emblema de dois capoeiristas jogando, além de calçado fechado. É importante dizer que, na

117
João Oliveira dos Santos nasceu em Itagi, BA, em 15 de janeiro de 1933, foi um dos pioneiros a ensinar capoeira
angola em Nova York, em 1990.
118
João Pereira dos Santos nasceu em Araci, BA, em 27 de dezembro de 1917, e faleceu no dia 9 de dezembro de
2011.
119
Jânio Martins dos Santos nasceu em Candeias, BA, em 1937.
120
Gildo Lemos Couto nasceu em Salvador, BA, em 16 de janeiro de 1940, e faleceu no dia 12 de outubro de
2015.
121
Manoel Silva nasceu em Maragogipe, BA, em 26 de novembro de 1936.
122
José Luiz Oliveira Cruz nasceu em Santo Antônio de Jesus-BA em 31 de maio de 1950.
123
Waldemar Rodrigues da Paixão nasceu em 1916 e faleceu em 1990. Era conhecido pelas pinturas do berimbau
e pelo seu barracão, na antiga Estrada da Liberdade, frequentado por intelectuais, capoeiristas e artistas de
Salvador.
77

contemporaneidade, em Salvador, há escolas de Capoeira Angola que instituíram o fardamento


todo branco, e outras todo preto.
A partir de minhas vivências em dois grupos de Capoeira Angola e na UFBA, no
componente curricular Capoeira e na monitoria do projeto de extensão Capoeiragem na UFBA,
sob condução de Amélia Conrado, durante dois anos, pude me aproximar de habilidades
corporais e elementos ritualísticos, históricos, sociais e educativos.
Vivenciei, nesses espaços, a ginga e os diversos movimentos, como: chamadas de
Angola, negativa, tesoura, rabo de arraia, chapa de costa, chapa de lado, meia lua de frente,
armada, aú, martelo, bênção, floreios, entre outros. Pude perceber que, apesar de ter alguns
golpes com nomes similares aos utilizados na Capoeira Regional, sua execução é totalmente
diferente.
Os estudos de Araújo (2004), Conrado (2006), Magalhães Filho (2012) e Abib (2017)
nos possibilitam aprofundar a análise sobre os códigos, as normas e os rituais de algumas
linhagens da Capoeira Angola. Este estilo é constituído por aspectos lúdicos, combativos,
permeados de malícia, mandinga, malandragem, ancestralidade, etc.:

A Capoeira Angola tem como características: rituais e ‘fundamentos’;


filosofia; resistência e tradição; fundamentos históricos; ‘postura de jogo’;
comportamento mais rígido; valoriza a musicalidade; tem ritmo compassado;
é cultura; arte e luta; menos competitiva; é tradicional (herança africana);
terapia; estilo de jogo (lento e no chão) e forma de aprendizagem; resgate da
existência; e pedagogia. (ARAÚJO, 2004, p. 119).

Na roda de capoeira, geralmente, a bateria é formada por oito instrumentos (3 berimbaus


– gunga, médio e viola, 2 pandeiros, 1 agogô, 1 reco-reco e 1 atabaque), sendo a roda
comandada pelo berimbau gunga, em harmonia com a entoação da ladainha, depois a chula e,
em seguida, o corrido (FRANÇA; SILVA, 2017). Os jogos entre os(as) capoeiristas ocorrem
no momento dos corridos, e não há compras;124 termina-se com o chamamento do berimbau,
tocado por um(a) mestre(a), por um(a) capoeirista mais velho(a) ou por vontade de um(a)
dos(as) jogadores(as). Para Abib (2017, p. 201), a Capoeira Angola

Pode ser considerada uma obra de arte inacabada, porque constantemente


sendo refeita, a cada encontro entre dois artistas, que expressam seu
sentimento através do diálogo corporal que se estabelece entre ambos,
revelando o que lhes é próprio: os signos culturais tatuados em seus corpos,
os gestos singulares de cada um.

124
Não pode ser interrompido por outro(a) jogador enquanto estiver acontecendo o jogo entre os(as) capoeiristas.
78

Portanto, entendo que as experiências vividas na Capoeira Angola, seja nos toques dos
instrumentos, na entoação das cantigas ou nos jogos entre os(as) capoeiristas, são singulares;
mesmo que duas pessoas estejam num mesmo evento, cada uma vai ter a sua percepção, sua
própria tessitura, sua compreensão particular de toda a capoeira e de seu sentido e significado.
Dentro da capoeira, a hierarquização acompanhou as diversas transformações e
influências sociais havidas entre a metade e o final do século XX. Embora não seja minha
intenção apresentar todas as etapas de avaliação dentro das linhagens de Capoeira Angola, é
importante compreender essa diversidade nas possibilidades de avaliar os aprendizados, os
níveis de conhecimento, os requisitos necessários e as funções de cada cargo.
No Centro de Cultura da Capoeira Tradicional Bahiana, do mestre Bola Sete, que foi
discípulo do mestre Pastinha, instituíram-se fases de aprendizagem e classificação, a saber:
iniciação, estruturação, formação, preparação, especialização, profissionalização e formação.
Além disso, para se tornar mestre(a), há requisitos básicos, como: jogar, tocar, cantar, ensinar,
formar, trabalhar e preservar; além deter vivência nos seguintes cargos: auxiliar, monitor,
instrutor, treinel,125 professor, contramestre e, por fim, mestre(a) (CRUZ, 2003).
No Centro Esportivo de Capoeira Angola–Associação de João Pequeno de Pastinha
(AJPP) –, conduzido pelo mestre Pé de Chumbo, a hierarquia é estruturada da seguinte forma:
aluno(a) responsável, treinel, professor(a) mestrando(a) e mestre(a). Essa configuração passou
a vigorar desde 2005 (SIMÕES, 2006).
Goulart (2018) assevera que, no Grupo Semente do Jogo de Angola, há apenas duas
titulações: mestre(a) e contramestre(a). O uniforme também é diferenciado para alunos(as) que
desenvolvem ou não algum trabalho com a capoeira. O grupo possui três práticas formativas,
qual sejam: o treinamento, as rodas e os grupos de estudo. Diferentemente do que afirma
Libâneo (2019), que afirma que só existem duas etapas na Capoeira Angola, a saber: iniciante
e contramestre(a), sendo o primeiro voltado para a aprendizagem de movimentos básicos da
capoeira, cantos e toques de instrumentos, ao passo que o contramestre(a) pode ministrar aulas,
participar e organizar eventos.
Embora muitos grupos de Capoeira Angola, geralmente, não utilizem as graduações de
cordão ou cordel, Magalhães Filho (2012) aponta relatos de alguns mestres que já fizeram uso
no passado, como os mestres Paulo dos Anjos, Renê, Virgílio, Jaime de Mar Grande, mestre
Jorge Satélite, Nô, etc. Inclusive, o mestre Nô utiliza até a atualidade a graduação de cordão e

125
“O treinel é um aluno/uma aluna que já possui maturidade para falar, cantar e jogar capoeira de maneira a
coordenar treinos, rodas e outras atividades do Grupo na ausência das/os mestras/os” (SANTOS, 2017, p. 79).
79

afirma que tem “[...] o objetivo de incentivar e avaliar a qualidade dos alunos, além de dar
condições favoráveis à organização interna do trabalho” (ACORDI, 2019, p. 211).
Pode-se perceber que, no processo de reconhecimento de mestre(a) dentro da Capoeira
Angola, não há um padrão a ser seguido, pois o estilo varia de grupo para grupo. Geralmente,
a consagração de um(a) mestre(a) acontece a partir da comunidade da capoeira, podendo haver
a confirmação desse reconhecimento por meio da concessão de um diploma (título) por parte
do(a) mestre(a) responsável.
80

3 GINGAS METODOLÓGICAS

Neste capítulo, gingo com o detalhamento da metodologia126 à luz do pressuposto


dialético, que possibilita a análise das trajetórias formativas das mestras de capoeira dentro de
um movimento histórico, elegendo como categorias fundantes a contradição, a totalidade e a
mediação. Importa sublinhar que tomei como referência para a construção dos procedimentos
metodológicos e a organização textual a tese do meu orientador, Dr. Augusto Cesar Leiro
(2004).
Ancoro-me em Konder (1981) para afirmar que o conhecimento, apesar de ser
totalizante, sempre será provisório e inacabado, sendo necessários novos estudos que
preencham as lacunas teóricas, avancem nas discussões contraditória se possibilitem
transformações em torno dessa realidade.

Para conhecer uma coisa precisamos percorrer um caminho que vai dos
fenômenos à essência, supondo sempre que existe algo suscetível de ser
definido como essência ou ‘coisa em si’, oculta, distinta dos fenômenos que
se manifestam diretamente. No processo cognitivo, fenômeno e essência se
implicam mutuamente. (GAMBOA, 1998, p. 31).

A escrita em curso não apresenta neutralidade, tão pouco preocupa-se apenas com a
descrição dos achados, sem fazer uma reflexão crítica da realidade. Compreendo que produzir
conhecimento é um ato político, implicado e consciente, que expressa uma visão de mundo e
alcança uma determinada clareza sensível, prática ou conceitual (GAMBOA, 1998). Visão de
mundo essa que busca desconstruir posturas machistas e racistas, assim como problematizar as
contradições dentro da capoeira, que ocorrem desde o seu surgimento até a contemporaneidade,
enquanto uma luta de resistência contra a opressão, que legitima barreiras nas trajetórias das
mulheres sob o viés da manutenção da tradição, por exemplo.
Desse modo, busco apresentar o delineamento metodológico da pesquisa, que engloba
a natureza, os dispositivos, as técnicas de investigação, o lócus da pesquisa, as colaboradoras e
a perspectiva de análise, juntamente com a teoria e os achados experimentais que foram se
articulando ao debate das ideias, opções e práticas (MINAYO, 1999).
Portanto, no estudo investigativo, optei pela abordagem qualitativa, movida pelo
interesse de buscar compreender os processos históricos, as trajetórias e as formações das
mulheres no universo da capoeira a partir de uma visão holística, levando em consideração as
interações e influências (GATTI, 2010) que ocorrem na pequena e na grande roda.

126
O delineamento metodológico consta no Apêndice A.
81

Para a coleta de informações, foram utilizados os seguintes dispositivos: levantamento


documental, a partir de filmes e produções científicas sobre capoeira, procedimento que, de
acordo com Gil (2002), é constituído de material que ainda não recebeu tratamento analítico ou
que pode ser reelaborado segundo o objeto da pesquisa. São fontes ricas, podem servir de base
para outros estudos e fundamentar afirmações e declarações da pesquisadora (LUDKE,
ANDRÉ; 1986).
O outro dispositivo utilizado foi a construção e aplicação de questionário online com
as mestras de capoeira, para compreender os desafios e as potencialidades das suas trajetórias
formativas. Para Marconi e Lakatos (2003), o questionário é um instrumento de pesquisa que
apresenta diversas vantagens: por abranger uma área geográfica mais ampla, possibilita
liberdade e mais tempo para as respostas, tem baixo custo, é fácil de utilizar e não apresenta
restrições significativas (FLICK, 2013).
Em contrapartida, esse tipo de dispositivo pode excluir as mestras que não tiveram
acesso aos recursos tecnológicos, nem às redes sociais; o anonimato pode desmotivar as
colaboradoras; as respostas podem ser demasiado curtas e, portanto, não atenderem ao que foi
solicitado; pode ser respondido mais de uma vez pelas colaboradoras, ou até mesmo por público
que não seja o alvo da pesquisa; as colaboradoras podem não aprofundar as questões abertas
por medo de exposição, dificuldade de escrita, falta de entendimento, etc.
O terceiro dispositivo se constituiu de relatos orais como forma de resgatar os registros
biográficos das mestras de capoeira. Com o dispositivo da História Oral, podemos obter relatos
de ações passadas e resíduos de ações desencadeadas no momento da entrevista que
possibilitem a documentação das memórias (ALBERTI, 2004). Ki-Zerbo (2010) reconhece a
fala como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, e não apenas como uma
comunicação diária, sendo uma fonte preciosa para a reconstrução da história da África.
A perspectiva de análise dos dispositivos da pesquisa possui duas funções, sendo uma
heurística, que enriquece a tentativa exploratória, e a outra administrativa, que, por intermédio
de questões e afirmações, permite-nos verificar a confirmação ou informação (BARDIN, 1977).
Nesse sentido, as etapas da análise das informações colhidas se estruturaram da seguinte
forma: 1) descrição, a qual enumerou as características do texto; 2) inferência, que faz o
tratamento das mensagens; e 3) interpretação, que dá significado a essas características
(BARDIN, 1977).
Portanto, a partir desse desenho metodológico, foram realizadas tessituras, a fim de
atender aos objetivos propostos e responder ao problema da pesquisa.
82

3.1 A PRESENÇA DAS MULHERES NA CAPOEIRA: CINEMA E PRODUÇÃO


CIENTÍFICA EM JOGO

Nesta seção, discuto de forma embrionária a presença das mulheres nas produções
cinematográficas e científicas sobre capoeira a partir de um levantamento documental. Para
tanto, foram consultadas fontes diversificadas, como dissertações de mestrado, teses de
doutorado, artigos científicos, trabalhos acadêmicos e filmes que tratam sobre o assunto.

3.1.1 (In)visibilização das mulheres em tela

Nesta subseção, reflito sobre o papel das mulheres em filmes que tratam sobre a capoeira
a partir de um levantamento de obras cinematográficas realizado por França (2018a) em sua
dissertação, somado a outros diálogos científicos sobre a temática, da autoria de Castro Júnior
(2010), D. Silva (2013), F. Rodrigues (2016) e Lima e Castro Júnior (2019), que revelam
algumas nuances das relações de gênero nos diversos filmes de capoeira.
As produções fílmicas são fontes históricas e podem embasar várias leituras sobre o
papel das mulheres na capoeira por intermédio das imagens veiculadas, que estão situadas
dentro de um contexto histórico e social. Dessa forma, compreendo que há intencionalidade no
que foi produzido, na visão de mundo do(a) diretor(a), na escolha de seu elenco, na proposta
do título, nos lugares em que ocorreram as gravações, etc.
Ainda sobre o cinema como fonte histórica, Castro Júnior (2010) assevera que o
conjunto das obras implica múltiplos sentidos, que precisam ser articulados com fatores
históricos, geográficos e culturais, visto que não existe neutralidade nas ações humanas.
Nessa direção, apresento de forma detalhada o levantamento dos filmes de capoeira no
Apêndice D; e, logo abaixo, no Gráfico 1, o panorama do conjunto de filmes que trataram sobre
o assunto:
83

Gráfico 1 – Panorama dos filmes que trataram sobre a capoeira


Filmes
específicos de
capoeira
39%

Filmes gerais -
cenas de
capoeira
61%

Filmes gerais - cenas de capoeira Filmes específicos de capoeira

Fonte: elaborado pela autora.

Ao total, foram encontradas 99 produções cinematográficas, nacionais e estrangeiras,


de curta e longa metragem, divulgadas entre 1908 a 2021. Desse total, 60 filmes exibiram cenas
breves de capoeira, ao passo que 39 trataram, especificamente, da capoeira em toda sua obra,
revelando discursos, trajetórias, histórias e realidades de seus(as) representantes e da própria
manifestação cultural em si.
Em diversos filmes nacionais, há a exibição de aspectos cotidianos da capoeira em
Salvador, também no Recôncavo Baiano, e em outros contextos geográficos e históricos fora
do Brasil. Outro ponto de destaque diz respeito à reprodução de estigmas preconceituosos,
práticas racistas, padrões patriarcais, descaracterizações de aspectos ritualísticos da capoeira;
em contrapartida, todos esses elementos permitiram a descoberta dessa manifestação
cultural127e evidenciaram a atuação da cultura negra no fortalecimento das identidades e da
história do Brasil.
Uma das primeiras obras a se debruçar sobre a capoeira e o cinema foi a tese pioneira
de Castro Júnior (2010). Dentre as películas analisadas, que foram veiculadas entre 1955 a
1985, foi apontada a subalternização do papel da mulher no filme Vadiação, no qual aparece
como telespectadora das rodas de capoeira, diferentemente do que foi notado em A grande feira,
que destacou o papel de Maria como valentona; em contraponto, ela foi tomada como objeto e
ridicularizada em outra cena.
No tocante à representação das mulheres nas produções audiovisuais de capoeira, o
estudo de D. Silva (2013) analisou a participação de mulheres em cenas de capoeira exibidas
nas seguintes películas: Massagista de Madame (1959), Barravento (1961), O Pagador de

127
Nascimento (2014, p. 44) afirma que, em razão do lançamento do filme Esporte sangrento, na década de 1990,
foi possível expandir a capoeira no exterior: “Esse foi, para muitos deles, o primeiro contato e, por algum
tempo, o único recurso e modelo disponível para aprender a capoeira, o que se deve à fraca atratividade da
economia local às migrações”.
84

Promessas (1962), Capitães de Areia (1962), Kung Fu contra as Bonecas (1975), Cordão de
Ouro (1977), Quilombo (1984), Vagas para moças de fino trato (1992), Como ser solteiro
(1998) e Besouro (2009).
É oportuno esclarecer que a presença de mulheres nas películas não garante o
protagonismo, nem a visibilidade para suas histórias e narrativas, podendo mesmo,
dialeticamente, colaborar para reproduzir estigmas e subalternizações em seus papeis sociais
desempenhados no cotidiano.
Pode-se constatar o raro protagonismo da mulher no filme Besouro, dirigido por João
Daniel Tikhomiroff, que estreou em vários cinemas do Brasil em 2009. A produção
cinematográfica tratada história de Besouro Mangagá, ao passo que a mulher capoeirista se
chama Dinorá; apesar de ser mais ativa, ainda assim desempenhou papel coadjuvante
(FERREIRA, T., 2016).
O estudo acadêmico de Lima e Castro Júnior (2019) também apontou as representações
das mulheres de forma minoritária e rápida nos filmes Mestre Bimba, a capoeira iluminada,
Memória do recôncavo: Besouro e outros capoeiristas e Mandinga em Manhattan, ora tocando,
batendo palma, sambando, jogando, cantando ou falando.
Vale pontuar que, no documentário Mestre Bimba, a capoeira iluminada, dirigido por
Luiz Fernando Goulart em 2007, houve reprodução e naturalização do machismo, quando se
exibem as imagens de mulheres em afazeres domésticos e a poligamia do mestre Bimba. No
tocante a essa cena, algumas de suas 21 mulheres falavam de suas experiências amorosas, seus
dotes masculinos e a manutenção financeira de várias mulheres (NASCIMENTO, 2015).
No bojo dessa discussão, pode-se refletir sobre os papeis sociais desempenhados pelas
mulheres, nos quais se observam a passividade, a submissão e ao objetificação das mulheres
por parte dos homens, os quais, por sua vez são retratados como personagens viris, provedores,
soberanos e dominadores, dentro dos moldes heteropatriarcais (BEAUVOIR, 1970).
Com base na pesquisa de Simões (2002), que se debruçou sobre o filme Dança de
Guerra, as mulheres também desempenham papeis subalternizados nesta película, apenas
batendo palmas, respondendo ao coro e assistindo às rodas de capoeira, vestidas com roupas
rodadas brancas e turbante, tendo como único momento de protagonismo o samba de roda.
É importante destacar que, em Um dia na rampa, de Luíz Paulino dos Santos, em
Vadiação, de Alexandre Robato, e em Only the strong, de Sheldon Lettich, não foi exibida
nenhuma mulher no momento da roda de capoeira. Para além do que foi produzido, é importante
refletir sobre as relações de poder, as vozes silenciadas e os corpos invisíveis que não foram
protagonizados e/ou representados nas películas.
85

Ainda assim, em alguns documentários, há mulheres discorrendo sobre suas trajetórias


na capoeira, mesmo que de forma tímida, como no documentário A Capoeiragem na Bahia, de
A. Robatto Filho, e Pastinha: uma vida pela Capoeira, de Antônio Carlos Muricy. No primeiro,
há uma breve participação de mestra Edna, que fala sobre a sua experiência com a capoeira nos
Estados Unidos, ao passo que vários mestres dominaram os discursos. No segundo, há apenas
uma cena de mulheres nos Estados Unidos, tocando berimbau e cantando, diferentemente das
distintas películas.
Nesse cenário, trago mais uma película, que apresenta, de forma rápida, uma mestra de
capoeira falando sobre sua trajetória: Mestre Pastinha, rei da Capoeira, de Carolina Canguçu.
Em uma das cenas, a mestra Nani de João Pequena discorre sobre os desafios de estar na
capoeira, porque precisava se autoafirmar, sendo submetida a testes e questionamentos por ser
herdeira do legado do mestre João Pequeno (in memoriam).
Nas pesquisas de D. Silva (2013) e Nascimento (2015), ficou evidente que, em múltiplas
produções cinematográficas de capoeira, as mulheres tiveram papeis subalternizados ou
invisibilizados. Isso pode ser observado no raro ou rápido lugar de fala que ocupam, na
frequente condição de esposas ou amantes com que são retratadas e no papel de telespectadoras
com que figuram nas rodas de capoeira, entre outros fatores.
Vale ressaltar que o estudo de Dantas (2017) apontou que, no documentário Capoeira
em cena, produzido em 1982 pelo centro de TV ‘Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia’,
foram exibidos alguns relatos de mulheres na capoeira, dentre as quais a mestra Janja, que já
pautava as questões de gênero e raça nesse universo. Chama a atenção por se tratar de um
documentário relativamente antigo, pois só na última década têm surgido exponencialmente
películas sobre as mulheres na capoeira.
Dando um salto qualitativo, em 2017, foi produzido o documentário Quem vem lá?,
dirigido por Christine Zonzon e Umeru Bahia, que tratou sobre as mulheres na capoeira a partir
do evento ‘Gingando por Autonomia’, conduzido pela mestra Gegê em Valença, BA. O curta-
metragem exibiu frases, relatos, sons na roda de Capoeira Angola com momentos
protagonizados pelas mulheres, que aparecem jogando, cantando e tocando. Na película,
apareceram as mestras Gegê, Preguiça, Tisza, Alcione e Nani.
86

Em 2019, foi produzido o documentário Mulheres da pá virada, que versa sobre as


trajetórias de 12 mulheres,128das quais duas eram mestras de capoeira, Ritinha (in memoriam)
e Preguiça, além de outras capoeiristas de diversas graduações e grupos de capoeira. Mesmo
sendo alvo de críticas em sua construção, por conta da escolha do elenco do filme, as cenas
foram protagonizadas por mulheres, que ora tocavam, ora cantavam, jogavam e/ou relatavam
opressões, invisibilizações e diversas violências físicas e simbólicas que já sofreram (SANTOS,
F., 2019).
No documentário A roda também é dela,129 produzido pela mestra Tida e Lavínia em
2020, foi possível identificar os preconceitos e as opressões que perpassaram pelas trajetórias
e experiências formativas das mulheres na capoeira, estando elas em vários contextos
geográficos, dentro e fora do Brasil. Participaram da película mulheres de distintas graduações,
dentre as quais as mestras Tida, Tatiana, Ana Sábia, Geisa, Úrsula, Colibri, Francesinha,
Magali, Renatinha, Sabrina, Chaveirinho, Baixinha, Cris e Índia.
No mesmo ano, veio a público o documentário Mestra Di: eu canto a minha
história,130patrocinado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de
Pernambuco (Fecomércio-PE), que narra a história de vida da mestra Di. A película traz os
desafios enfrentados pela mestra em sua comunidade, em Olinda, na qual aprende a se esquivar
da violência e desenvolve um papel importante à frente de projetos sociais. A oralidade, a
musicalidade, a memória, a resistência e a tradição estão presentes no decorrer das falas da
mestra Di.
Em 2021, foi lançado o documentário As felinas gingam,131com recurso público da Lei
Aldir Blanc. O curta-metragem narra a história de vida da mestra Felina, a superação de um
câncer de mama, a perda da visão em um dos olhos e de outros órgãos. Mesmo diante de tantos
desafios em sua caminhada, desenvolve um trabalho importante na cidade de Aracaju: além do
reconhecimento de seus pares, tem autonomia para desenvolver atividades de extensão na
Universidade Federal de Sergipe.

128
O elenco foi composto por: Adriana Albert Dias, Alessandra Mattioni (Alematt), Catarina Aguirre (Cata),
Celidalva Pinho Encarnação (contramestra Brisa), Christine Zonzon, Cleonice Damasceno Silva (mestra
Preguiça), Isabela Maria Severo Nascimento Santana (contramestra Tartaruga), Ivanildes Teixeira de Sena
(Nildes), Joana Pointis Marçal (Jô), Maria Luísa Pimenta (contramestra Lilu), Rita de Cássia Santos de Jesus
(mestra Ritinha, in memoriam), Olívia Roberta Lima Silva (professora Negona) e Viviane Santos Oliveira
(contramestra Princesa) (SANTOS, F., 2019).
129
Disponível em: https://bit.ly/2ZpUXBO. Acesso em: 12 out. 2021.
130
Disponível em: https://bit.ly/3cNisI1. Acesso em: 12 out. 2021.
131
Disponível em: https://bit.ly/3l7RwY4. Acesso em: 12 out. 2021.
87

No final do ano de 2021, como parte da minha pesquisa de doutorado, foi lançado o
curta-metragem “Trajetórias formativas e registros biográficos de mestras de capoeira”,132 sob
minha direção, produzido por Lázaro Paz e Nicinha Guedes. O documentário apresenta o
panorama de mestras de capoeira nos contextos geográficos, músicas autorais, momentos de
roda e formatura, além de depoimentos das trajetórias de vida de algumas mestras de capoeira.
Na última década, tem aumentado a produção cinematográfica protagonizada por
mulheres, que, além de narrarem suas histórias, têm atuado na condição de cineastas à frente de
fontes históricas sobre a capoeira desde 1998, embora haja registros que datem de 1930.
Para ampliar essa discussão, Gimenez (2020) realizou um levantamento sobre as obras
cinematográficas publicadas entre 1995 a 2019 no Brasil, com o qual identificou que apenas
262 (25,6%) mulheres eram diretoras de filmes, enquanto havia 1.023 homens cineastas. Isso
deixou evidente o desequilíbrio entre as oportunidades direcionadas para homens e mulheres.
Ainda sobre a direção dos filmes, Monteiro (2016) averiguou uma discrepância no perfil
de gênero e cor entre os diretores e as diretoras de 218 filmes produzidos entre 2002 a 2012. A
pesquisa identificou a hegemonia de homens brancos na direção dos filmes (84%) e, em menor
proporção, de mulheres brancas (13%), uma ínfima parcela de homens negros, somando apenas
2%, e a ausência de mulheres negras na direção. Já na função de roteirista, havia 74% de homens
brancos, 26% de mulheres brancas, 4% de homens negros e, novamente, nenhuma mulher
negra.
Nessa dimensão, é importante falar da estrutura de poder, do racismo estrutural e do
patriarcado, que silenciam vozes e invisibilizam corpos, principalmente de mulheres negras,
que sofrem opressões e/ou violências de gênero e raça em suas trajetórias. Por isso, a pauta
feminista deve ser mais ampla, abarcando as questões de raça e classe (DAVIS, 2017).
É importante que a linguagem cinematográfica acolha a diversidade em suas lentes,
dando voz e visibilidade aos corpos de homens e mulheres, que se entrecruzam em várias
avenidas identitárias (por exemplo, mulheres indígenas, negras, lésbicas, bissexuais, etc.),
proporcionando reflexões inclusivas e transformadoras.
Apesar da crescente presença de mulheres nas produções audiovisuais, os papeis que
desempenham nas películas, em sua maioria, ainda são subalternizados, carecendo assim de
novas obras e reflexões, que sejam inclusivas, democráticas e representativas, que
interseccionem gênero, raça e classe em todas as esferas e espaços de poder. Na subseção a

132
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=By9rFcOH2zo&t=12s. Acesso em: 20 nov. 2021.
88

seguir, busco ampliar essa discussão em torno das produções científicas sobre as mulheres na
capoeira.

3.1.2 As mulheres na roda científica brasileira

Nesta subseção, apresento os levantamentos de pesquisas científicas sobre as mulheres


na capoeira realizado no Banco de Dissertações e Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes),133 nas revistas acadêmicas brasileiras vinculadas às
universidades federais e estaduais, bem como nos eventos científicos renomados das áreas de
Educação, Educação Física e Gênero/Feminismo.
Busquei entender o que já havia sido produzido sobre as categorias ‘mulher’ e
‘capoeira’, ‘gênero’ e ‘capoeira’ nas pesquisas do tipo ‘estado do conhecimento’ ou ‘estado da
arte’ sobre a capoeira. A partir desse levantamento, já tratado no segundo capítulo, notei uma
lacuna teórica e a necessidade de alargar a discussão em torno dos bancos de dados e das áreas
que se entrecruzam com o meu objeto de estudo.

3.1.2.1 A produção de dissertações e teses sobre a capoeira e as relações de gênero no Brasil

Para o levantamento das produções acadêmicas sobre a capoeira e as relações de gênero,


lancei mão do Banco de Teses e Dissertações da Capes,134 utilizando o descritor ‘capoeira’.
Com isso, foi possível encontrar 1.032135 pesquisas sobre a capoeira, cuja maioria a tratava
enquanto manifestação cultural afro-brasileira; em menor proporção, apareceram trabalhos que
discorriam sobre a vegetação de mesmo nome.
Para delimitar o levantamento dos estudos que dialogam com a minha pesquisa, a qual
entrecruza a capoeira e as relações de gênero, procedi à leitura dos títulos e resumos das
dissertações e teses obtidas no supracitado banco de dados, ao fim da qual reuni 24 produções
acadêmicas (17 dissertações e 7 teses),136o que corresponde a apenas 2% dos estudos obtidos.
Os estudos acadêmicos foram defendidos entre 1999 e 2021, em 16 Programas de Pós-
Graduação, na modalidade stricto sensu, em universidades públicas e privadas do Brasil (9
universidades federais, 4 universidades estaduais e 2 universidades privadas). No Gráfico 2,

133
Essa etapa foi realizada no início do mês de junho 2021.
134
É uma plataforma que disponibiliza o acesso às informações sobre dissertações e teses defendidas nos
Programas de Pós-Graduação brasileiros. Disponível em: https://bit.ly/2ZsClRK. Acesso em: 20 jun. 2021.
135
Essa etapa foi realizada em junho de 2021.
136
Apresento no Apêndice E o quadro com as dissertações e teses sobre capoeira e relações de gênero.
89

apresento o panorama das dissertações e teses em que se entrecruzam a capoeira e as relações


de gênero:

Gráfico 2 – Panorama das dissertações e teses sobre capoeira e relações de gênero no banco da Capes por
Unidade Federativa do Brasil
6
5
4
3
2
1 Tese
0 Dissertação

Fonte: elaborado pela autora.

A partir do Gráfico 2, é possível notar que, das 27 Unidades Federativas do Brasil, em


apenas 10 foram produzidos estudos sobre a capoeira e as relações de gênero, com destaque
para o estado baiano, com 5 produções, talvez pelo fato de ser considerada a Meca da Capoeira,
seguido dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, com 4 cada.
As produções científicas são originárias das seguintes IES: UFBA (4), UFPA (2), Uerj
(2), UFRJ (1), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) (1), Unesp (1), UFG (1),
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (1), UFRN (1), Universidade Salgado de
Oliveira (Universo) (1), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) (3), Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) (1), Uneb (1), Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE) (1) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) (2).
Foi possível identificar ainda a ausência de dissertações e teses sobre a temática nas
universidades públicas das seguintes Unidades Federativas brasileiras: Acre, Alagoas, Amapá,
Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraíba, Paraná, Piauí, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins. Logo abaixo, apresento a
distribuição das produções científicas sobre a capoeira e as relações de gênero no banco da
Capes:
90

Gráfico 3 – Distribuição das dissertações e teses sobre a capoeira e relações de gênero no banco da Capes –
1999-2021
6

3 TESE
DISSERTAÇÃO
2

0
1999 2011 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fonte: elaborado pela autora.

No Gráfico 3, observa-se que a maioria das pesquisas produzidas são dissertações de


mestrado (17) e apenas 7 são teses de doutorado, tendo o ápice no ano de 2017. Das 24
produções científicas, 23 foram produzidas por mulheres, e apenas 1 por homem. Apesar da
contribuição ser ínfima se comparada ao total de trabalhos, é válido reconhecer a importância
do público masculino nesse debate, pois, se os homens permanecerem sexistas, nossas vidas
ainda serão desvalorizadas (HOOKS, 2019).
Nesse sentido, é crucial que os homens (e as mulheres) compreendam a importância da
luta contra o machismo e o sexismo, modifiquem seus comportamentos e suas posturas
opressoras e reflitam sobre as desigualdades de gênero nos distintos espaços sociais.
Outro ponto que merece destaque diz respeito às possibilidades de diálogos transversais,
que envolvem as relações de gênero e a capoeira com as áreas da Antropologia, das Biociências,
das Ciências Sociais, da Comunicação, da Cultura, da Dança, da Educação, da Educação Física,
da Etnia, da História, do Serviço Social e do Teatro.
A primeira dissertação, intitulada Capoeira: um convite ao jogo feminino, de Rosa
Maria Araújo Simões (atual mestra Rosinha), foi defendida em 1999, no âmbito do Programa
de Pós-Graduação em Ciências da Motricidade, sob a orientação de Luiz Alberto Lorenzetto. É
importante sinalizar que não foi possível ter acesso à referida produção, por se tratar de uma
obra antiga e não digitalizada.
A segunda dissertação, intitulada Capoeira Regional: representações sociais das
mestras e formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio de Janeiro, de
autoria de Eliane Glória Reis da Silva Souza (mestra Francesinha), foi defendida no âmbito do
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física (Universo), em 2011. E a terceira,
91

intitulada Capoeira: gênero e hierarquias em jogo, foi defendida por Camila Rocha Firmino
no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSCar, também em 2011.
A pesquisa de Souza (2011) discutiu sobre as representações sociais de mestras e
formandas de Capoeira Regional, bem como sobre suas inserções e atuações no Rio de Janeiro.
Ficou evidente, no estudo, que as dez colaboradoras entrevistadas enfrentaram resistência
familiar, preconceito, racismo e conflito de papeis e identidade de gênero em suas trajetórias de
vida na capoeira.
A dissertação de Firmino (2011) buscou entender como acepções de gênero atravessam
o sistema simbólico da capoeira, visto que foi observado um número expressivo de mulheres
na capoeira, mas esse número era incipiente quando se tratava de capoeiristas mulheres com
altas graduações. O gênero foi observado como um marcador de diferença que, nos discursos
sobre corporalidade, desencadeia a diferenciação na disputa por uma posição de prestígio.
Em 2014, foram defendidas mais duas dissertações, uma intitulada “Eu sou angoleiro,
angoleiro eu sei que eu sou”: identificações e trajetórias na Capoeira Angola em Goiânia, de
autoria de Alessandra Barreiro da Silvam defendida no Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social da UFG; e a outra Sai sai, Catarina/Saia do mar, venha ver Idalina: gênero
e feminilidade(s) na capoeira, de Paula Natanny Rocha Bezerra, defendida no Programa de
Pós-Graduação em Antropologia da UFPE.
O estudo de A. Silva (2014) buscou compreender as trajetórias de capoeiristas de
distintas linhagens da Capoeira Angola na cidade de Goiânia. Apesar de não ser uma pesquisa
específica sobre as mulheres na capoeira, a autora discutiu em um dos capítulos sobre as
mulheres e os movimentos de mulheres no universo da capoeira, resgatando memórias e
histórias, assim como contextualizando a pauta das mulheres na contemporaneidade, na referida
cidade.
A dissertação de Bezerra (2014) investigou as relações de gênero e a constituição de
feminilidades de mulheres capoeiristas. A sua escrita etnográfica baseou-se em três contextos
distintos: um grupo de Capoeira Angola, um grupo de Capoeira Regional e um Encontro
Feminino de Capoeira realizado em Recife, PE. A autora pautou a necessidade de entrelaçar as
dimensões simbólicas e práticas para que as reproduções e transformações nas assimetrias de
gênero pudessem ser reveladas.
Ainda em 2014, foi defendida a tese Nas pequenas e grandes rodas da capoeira e da
vida: corpo, experiência e tradição, de autoria de Christine Nicole Zonzon, do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFBA. O estudo dialoga sobre o processo de formação
do(a) capoeirista, que é apreendido pelo prisma da experiência corporal vivenciada em grupos
92

de Capoeira Regional e Angola, dedicando-se a retratar as experiências das mulheres em apenas


um dos capítulos (ZONZON, 2014).
No ano seguinte, foi publicado o estudo No ventre da capoeira, marcas de gente, jeito
de corpo: um estudo das relações de gênero na cosmovisão africana da Capoeira Angola, de
autoria de Ivanildes Teixeira de Sena, defendido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Crítica Social da Uneb. A autora buscou entender as relações de gênero na capoeira e a visão
‘cosmoafricana’ por meio de sua ‘escrevivência’, refletindo sobre a trajetória dos corpos das
mulheres capoeiristas como produto e processo histórico-cultural (SENA, I., 2015).
A dissertação A capoeira sob a ótica de gênero: o espaço de luta das mulheres nos
grupos de capoeira, de autoria de Tarcísio José Ferreira, foi defendida em 2016, no âmbito do
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC-GO. O autor buscou identificar o papel
das mulheres nos grupos de capoeira sob a ótica do gênero. Por meio de suas observações,
percebeu as duplas jornadas desempenhadas por mulheres que levavam seus(suas) filhos(as)
para a capoeira. A partir dos questionários aplicados a 15 capoeiristas, compreendeu que as
mulheres são fortes, ágeis, têm várias habilidades e buscam mecanismos para se afirmarem
dentro e fora da capoeira (FERREIRA, T., 2016).
O ano de 2017 foi expressivo no que diz respeito ao quantitativo de produções
acadêmicas sobre a capoeira e as relações de gênero (quatro dissertações de mestrado e uma
tese de doutorado). Os estudos foram produzidos em diversas regiões do País e buscaram
compreender as trajetórias e as experiências das mulheres no universo da capoeira.
A dissertação intitulada Mulher na roda: experiências femininas na Capoeira Angola
de Porto Alegre, de autoria de Viviane Malheiro Barbosa, foi defendida no Programa de Pós-
Graduação em Educação da UFRGS e pertence ao campo da História da Educação. A autora
analisou as experiências de seis capoeiristas angoleiras da cidade de Porto Alegre, entre 1986 e
2016. Por meio da entrevista compreensiva, pôde entender as tensões e resistências inerentes à
condição da mulher, bem como as relações étnico-raciais e de gênero, os vínculos com a
religiosidade, a ancestralidade e a solidariedade (BARBOSA, V., 2017).
Já a dissertação Movimento Capoeira Mulher: saberes ancestrais e a práxis feminista
no século XXI em Belém do Pará, de autoria de Maria Zeneide Gomes da Silva, defendida no
Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura da UFPA, buscou discutir sobre a
identidade de gênero nas rodas de capoeira e as mulheres atuantes no Movimento Capoeira
Mulher, em Belém, PA. A autora articulou as suas vivências empíricas e científicas junto ao
coletivo social para dar visibilidade às desigualdades, aos silenciamentos, às subjetividades e
93

às omissões vivenciadas pelas mulheres. Os resultados do estudo apontam a necessidade de


repensar outras epistemologias para a educação na Amazônia Paraense (SILVA, M., 2017).
A pesquisa intitulada Direitos humanos e a prática da Capoeira Angola, de autoria de
Francineide Marques da Conceição Santos, foi defendida no Programa de Pós-Graduação em
Educação, Culturas e Identidade da UFRPE, em 2017. A autora buscou investigar os direitos
humanos, a diversidade e a cidadania presentes na prática da Capoeira Angola, interseccionando
as relações de gênero, raça e sexualidade. Como instrumentos de coleta de dados, foram
utilizadas entrevistas, observação participante e a etnografia. Ao fim, conclui-se que a Capoeira
Angola, especificamente a do Grupo Nzinga, é uma prática pedagógica diaspórica que pode
educar para os direitos humanos (SANTOS, F., 2017).
Quando mulheres se tornam capoeiristas: um estudo sobre a trajetória e o
protagonismo de mulheres na capoeira, de autoria de Daniela Sacramento de Jesus, foi
defendido no Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da UFBA, em 2017.
A dissertação buscou analisar de que forma as mulheres alcançam uma posição de prestígio na
capoeiragem. Para compreender as trajetórias de vida de duas capoeiristas, foram utilizados o
método da observação participante e a História Oral. A partir disso, foi possível compreender
as disputas de poder e as estratégias de resistência criadas pelas mulheres para adquirirem
habilidades musicais, corporais e compreenderem os rituais da capoeira (JESUS, 2017).
A tese Orgulhosamente feministas, necessariamente inconvenientes: uma música
feminista ou o que cantam as feministas, de autoria de Rebeca Sobral Freire, foi defendida em
2017, no Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e
Feminismo da UFBA. A autora analisou diversas expressões marginais do movimento
feminista soteropolitano e transnacional, dentre as quais a Capoeira Angola, a partir de uma
etnografia musical no circuito contracultural do Centro Antigo da cidade de Salvador. O estudo
buscou criar “espaços seguros para mulheres” em uma contracultura soteropolitana que
reafirma a pluralidade do movimento feminista (FREIRE, R., 2017).
Em 2018, a dissertação N’outras corpas desconstruções e múltiplas possibilidades
corporais na Capoeira Angola do grupo Nzinga, de autoria de Verônica Daniela Navarro, foi
defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA. A autora abordou as
corporeidades da Capoeira Angola dentro do Grupo Nzinga, pautando as questões do
feminismo e as possibilidades de construção-desconstrução dos corpos (NAVARRO, 2018).
A tese Efeitos da prática de capoeira adaptada sobre a densidade mineral óssea,
autonomia funcional e qualidade de vida de mulheres idosas, de autoria de Schneyder
Rodrigues Jati, foi defendida, em 2018, no âmbito do Programa de Pós-Graduação de
94

Enfermagem e Biociências da UFRJ. Trata-se de um estudo que buscou analisar os efeitos da


capoeira adaptada sobre a Densidade Mineral Óssea (DMO) e a qualidade de vida de idosas na
pós-menopausa. A população foi composta por 50 mulheres acima de 60 anos, e os resultados
apontam que houve melhoras nas medidas de DMO e na qualidade de vida das mulheres
pesquisadas (JATI, 2018).
A pesquisa intitulada As mestras de Capoeira: empoderamento e visibilidade, de autoria
de Eliane Glória Reis (mestra Francesinha) foi defendida no Programa de Pós-Graduação em
Ciências do Exercício e do Esporte (Uerj), em 2018. Trata-se de uma tese que analisou práticas
cotidianas de mestras e formandas de um grupo de capoeira de Niterói, RJ, e seus discursos
sobre visibilidade e poder. Para isso, foram adotadas como instrumentos de coleta de dados a
etnografia e as entrevistas, que apontaram que a roda de capoeira é um campo de disputa velada
e desvelada de poder, e os eventos de mulheres possibilitam um processo de busca por equidade
de espaço e poder na capoeira (REIS, 2018).
O estudo Eu vou falar pra dendê tem homem e tem mulher: o feminismo angoleiro e as
mudanças na tradição, de autoria de Camila Maria Gomes Pinheiro, foi defendido em 2018, no
âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN. A autora buscou analisar
a participação das mulheres nos espaços de liderança da Capoeira Angola e o seu impacto nas
rodas de capoeira, especificamente no grupo Nzinga. Além disso, observou os encontros de
mulheres capoeiristas entre 2014 a 2018 em Salvador, BA, buscando desenvolver novas formas
de contestação e de denúncia relacionadas a desigualdades de gênero na capoeira (PINHEIRO,
2018).
Vale ressaltar que a minha dissertação, defendida na UFBA em 2018, apesar de não ter
centralidade na discussão entre capoeira e relações de gênero, apresentou um capítulo que
tangencia o assunto, intitulado O protagonismo da mulher nas produções científicas sobre
capoeira como temática, ao longo do qual discuto sobre o levantamento de estudos acerca das
mulheres na capoeira e apresento um mapeamento inicial de mestras de capoeira, o qual foi
iniciado por França e Guedes (2017).
Em 2019, o estudo Elas jogam, tocam e cantam: práticas e discursos sobre a
experiência histórica de mulheres capoeiristas no Pará, de autoria de Luciane de Sena Camões,
foi defendido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Estudos Antrópicos na Amazônia
da UFPA. A autora discutiu sobre as experiências de mulheres capoeiristas, traçando perfis,
analisando o processo de inserção e refletindo sobre questões específicas das mulheres e sobre
o saber-fazer na capoeira. Para a coleta de informações, foram utilizados diários de campo,
entrevistas e questionários abertos, aplicados a 19 mulheres do Pará. A partir do estudo, ficou
95

evidente que, na capoeira, as mulheres vivenciam situações em que há machismo, sexismo e


violência, bem como que ainda há desigualdades nas graduações das mulheres em relação aos
homens (CAMÕES, 2019).
Nesse mesmo ano, Ana Silva defendeu a dissertação Mulheres na capoeira: resistência
dentro e fora da capoeira perante o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar. O
estudo tratou sobre os processos educativos desencadeados na capoeira praticada por mulheres,
a partir de aspectos históricos de luta por espaço e reconhecimento. Trata-se de uma pesquisa
bibliográfica e de campo, que se utilizou de entrevistas semiestruturadas com quatro
capoeiristas das cidades de São Paulo, Campinas e Mogi Guaçu, SP. A autora concluiu que as
mulheres, a partir do fundamento da capoeira e das reivindicações por permanência, vão
construindo uma nova forma de ser e estar, em busca de liberdade e da possibilidade de serem
mulheres (SILVA, A., 2019).
Ainda em 2019, o estudo de doutorado Mulheres incorrigíveis: capoeiragem, desordem
e valentia nas ladeiras da Bahia (1900-1920), defendido por Paula Juliana Foltran Fialho no
âmbito do Programa de Pós-Graduação de História da UnB, trouxe uma reescrita da história da
capoeira, elencando os conflitos de raça, classe e gênero, interseccionalmente, como
catalizadores da produção de sobrevivências, espirituais e físicas. O trabalho enfocou a virada
conceitual e organizativa da capoeira na década de 1930, após a descriminalização, baseando-
se na experiência de perseguição dos povos negros entre 1900 e 1920, em Salvador (FIALHO,
2019).
Em 2020, Lais Alberto Schonhorst defendeu a dissertação Percursos artetnográficos de
uma mulher branca na capoeira angola no Programa de Pós-Graduação em Teatro da Udesc.
O estudo apresentou a travessia da autora artetnográfica com a Capoeira Angola, reconhecendo
o movimento revelador de identidades comunitárias de uma manifestação artística e cultural de
matriz afro-brasileira (SCHONHORST, 2020).
Um outro estudo que abordou as mulheres na capoeira foi a tese Corpo-comunicação:
um estudo sobre a ginga feminista angoleira, de autoria de Raquel Gonçalves Dantas, defendida
no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Uerj, em 2020. A autora traz a discussão
do corpo-comunicação sob o prisma do feminismo decolonial, recorrendo à epistemologia da
ginga para a produção e construção do conhecimento. A escrita se debruçou sobre a trajetória
de vida das mestras Elma e Cristina, da Capoeira Angola, e sobre o evento ‘Chamada de
Mulher’, do Grupo Nzinga de Capoeira Angola. Conclui-se que a comunicação transformadora
contribui para a ampliação do debate sobre a formação de uma sociedade plural, democrática e
96

comprometida com o combate ao sexismo, ao racismo e a toda forma de desigualdade


(DANTAS, 2020).
No mesmo ano, Maria Dayane Pereira defendeu a dissertação Educação na roda de
capoeira e o enfrentamento da colonialidade do corpo da mulher: não somos sem o nosso corpo
no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE. A pesquisa tratou sobre as experiências
das mulheres enquanto corpos expressivos em processo de aprendizagem dos saberes ancestrais
da capoeira. Teve como objetivo geral compreender como os saberes ancestrais ensinados na
roda de capoeira contribuem para o enfrentamento da colonialidade do corpo. A pesquisa, de
natureza exploratória, descritiva e qualitativa, adotou como procedimentos metodológicos a
observação, o diário de campo e as fotografias. O estudo apontou a oralidade, a circularidade,
a musicalidade, a corporeidade e a ritualidade presentes nos aprendizados das mulheres na
capoeira, concluindo que a roda da capoeira é um lugar de resistência dentro de um lugar de
resistência.
Em 2021, Eduarda Gava Caciatori defendeu a dissertação A capoeira entre os
fundamentos e movimentos de criação: um estudo sobre cultura, gênero e sexualidades no
âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar. A autora cartografou duas
experiências de capoeira em São Paulo, com o objetivo de identificar os deslocamentos de suas
dinâmicas atuais. Para tanto, tomou como eixo central de análise as relações de gênero e as
sexualidades, embora tenha considerado também os marcadores étnico-raciais e de classe. A
pedagogia da capoeira mostra-se uma possibilidade educativa feminista, antirracista,
antissexista e engajada na emancipação humana.
Pôde-se constatar que a maioria das produções científicas buscou discutir sobre as
trajetórias e experiências das mulheres em diversos contextos sociais e geográficos, revelando
as opressões, os preconceitos e as resistências em seus processos formativos nos grupos de
capoeira.
Outro ponto destaque é o fato de que a maior parte das pesquisas acadêmicas são
qualitativas, exceto a de Jati (2018), que é quantitativa. Os dispositivos metodológicos mais
recorrentes foram: as entrevistas, as observações (participantes), os questionários, os diários de
campo, as etnografias e, em menor proporção, as cartografias.
Com o levantamento realizado, foi possível observar que duas pesquisadoras são
também mestras de capoeira: uma se chama Rosa Maria Araújo Simões, conhecida por mestra
Rosinha, e a outra se chama Eliane Gloria dos Reis Silva, ou mestra Francesinha.
Chamou-me atenção o fato de que a mestra Janja, a pesquisadora mais citada nas
produções acadêmicas, com menções em 18 dissertações e teses sobre a temática, de um total
97

de 24, também foi coorientadora em 2 dissertações de mestrado (UFBA e UFRPE) e em uma


tese de doutorado (Uerj), além de ter participado de bancas examinadoras, das quais 3 eram de
mestrado (UFRGS, UFPA e UFG), e 1 de doutorado (UFRN).
A maioria parte das pesquisas científicas citam pelo menos uma mestra de capoeira; ao
total foi possível encontrar os nomes das seguintes mestras: Ana Sábia, Baixinha, Borboleta,
Brisa, Claudinha, Catita, Cigarra, Cigana, Colibri, Cris, Cristina, Dandara, Di, Doralice, Edna
Lima, Elma, Francesinha, Gegê, Janja, Jararaca, Jô, Lene, Magali, Mara, Marcia, Marla, Meire,
Novinha, Paulinha, Pé de Anjo (in memoriam), Portuguesa, Preguiça, Renata, Ritinha (in
memoriam), Ruffato, Sabrina, Sheila, Silvia, Siomara, Suelly, Sueli Cota, Tati, Tiara, Tida,
Tisza e Zanga.
Importa sublinhar que as mestras de capoeira, além de serem referências e guardiãs da
cultura popular, nas últimas duas décadas, têm contribuído não só com o campo científico da
capoeira mas também com outras áreas (totalizando 25 produções científicas, escritas por 15
mestras). Importante destacar que as mulheres, a passos largos, vêm conquistando diversos
espaços e rodas, inclusive acadêmicos (Apêndice F).
Considero importante o surgimento de novos estudos que se disponham a narrar as
histórias das mulheres na capoeira, sobretudo das mestras, pois, apesar de serem crescentes as
produções acadêmicas sobre a capoeira, ainda há uma lacuna teórica sobre a história das
mulheres na capoeira, em distintos contextos geográficos, dentro e fora do Brasil.

3.1.2.2 Produção do conhecimento sobre capoeira nas revistas acadêmicas brasileiras de


Educação, Educação Física e Gênero

Nesta subseção, busco analisar a produção do conhecimento sobre capoeira e relações


de gênero em periódicos científicos associados às universidades públicas federais e estaduais
no Brasil. Para isso, fiz um levantamento de artigos sobre a temática nas revistas de Educação,
Educação Física e Gênero, áreas que dialogam com a minha prática pedagógica e com esta
investigação.
Inicialmente, acessei as páginas oficiais das universidades públicas e, na lista de
periódicos, procurei por revistas afetas às áreas supracitadas. Essa etapa foi exaustiva, porque
empreendia busca manualmente e nem todas as páginas facilitavam o acesso às informações.
Após esse longo período de buscas, na área da Educação, encontrei 141 revistas
acadêmicas brasileiras que tematizam a Educação, das quais 81 são vinculadas a universidades
estaduais, e 60 a universidades federais (Apêndices G e H, respectivamente).
98

Em seguida, acessei cada revista eletrônica; utilizando o descritor ‘capoeira’, selecionei


artigos científicos que tratassem da capoeira, para depois fazer o recorte de gênero. No Quadro
1, abaixo, apresento um panorama dos artigos científicos que obtive em periódicos acadêmicos
de Educação brasileiros:

Quadro 1 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de Educação no Brasil
Estado IES Revista de Educação Nº de artigos
UFBA Revista Entre ideias: educação, cultura e sociedade 5
BA Uneb Cenas Educacionais 3
(1)(2)
Univasf Revista de Educação 2
UFC Revista Educação em Debate 3
CE Educação & Formação 1
Uece(3)
Práticas Educativas, Memórias e Oralidades 1
Revista Teias 2
RJ Uerj
Revista Periferia 3
MG UFU(4) Revista de Educação Popular 3
Revista Inter Ação 2
GO UFG
Itinerarius Reflections 1
(5)
UEPG Práxis Educativa 1
PR
UEM(6) Revista Brasileira de História da Educação 1
SP Unicamp Educação Temática Digital 1
Fonte: elaborado pela autora.
Notas: (1) Universidade Federal do Vale do São Francisco.
(2)
A Univasf possui campi nas regiões de Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e São Raimundo Nonato (PI).
(3)
Universidade Estadual do Ceará.
(4)
Universidade Federal de Uberlândia.
(5)
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
(6)
Universidade Estadual de Maringá.

Conforme os dados do Quadro 1, foram encontrados 29 artigos científicos, em 14


revistas acadêmicas, vinculadas a 11 universidades públicas (6 estaduais e 5 federais)
brasileiras, nos estados da Bahia, do Ceará, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de Goiás, do
Paraná e de São Paulo.
A partir das leituras dos títulos e resumos, foi possível perceber que os artigos se
centravam sobre questões históricas, sociais, pedagógicas, artísticas, identitárias e biográficas
de personalidades da capoeira, entretanto nenhum apontou o debate das relações de gênero em
seus processos formais ou não formais no campo da Educação.
99

Esses dados reforçam a necessidade urgente de investir, dialogar e refletir


academicamente sobre as relações de gênero nos diversos espaços da capoeira, elucidando as
posturas machistas e racistas, ainda veladas nesse universo, resgatando histórias das mulheres
e reconhecendo suas narrativas formativas na capoeira, a fim de que se torne possível avançar
nas questões contemporâneas pertinentes a esse campo de atuação.
Com o levantamento dos trabalhos acadêmicos, foi possível perceber o descompasso
entre a produção do conhecimento nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu e a sua ínfima
circulação acadêmica. Como garantir que o acesso ao conhecimento produzido com verba
pública alcance os(as) capoeiristas, por exemplo, se não houver circulação – na forma de artigo,
palestra, apresentação de trabalho em eventos, etc.?
Nesse contexto, busquei levantar os artigos científicos de capoeira publicados nas 31
revistas de Educação Física137vinculadas às universidades públicas estaduais (17) e federais
brasileiras (14) (Apêndice I). Em seguida, utilizei o descritor ‘capoeira’ em cada periódico
acadêmico. Após obter alguns trabalhos, fiz a leitura do título e resumo dos artigos pertinentes
à temática. A seguir, no Quadro 2, exibo um panorama do quantitativo dos artigos científicos
obtidos em revistas de Educação Física vinculadas às universidades públicas estaduais e
federais do Brasil:

Quadro 2 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de Educação Física no
Brasil (continua)
Estado IES Revista Educação Física Nº de artigos
Unicamp Conexões 9
Unesp Motriz 50
SP
UFSCar Motricidades 1
USP Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 2
GO UFG Pensar a Prática 35
UFSM Kinesis 2
RS FURG(1) Didática Sistêmica 4
UFRGS Movimento 14
UFMG Licere 12
MG UEM Journal of Physical Education 3
Unimontes(2) Revista Eletrônica Nacional de Educação Física 1

137
O estudo de Rayanne Medeiros da Silva (2018) analisa artigos de capoeira em diversos periódicos científicos
brasileiros de Educação Física.
100

Quadro 2 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de Educação Física no
Brasil (conclusão)
Estado IES Revista Educação Física Nº de artigos
SC UFSC Motrivivência 9
(3)
MT UFMT Corpoconsciência 4
(4)
PR Unioeste Caderno de Educação Física e Esporte 3
RJ UFRJ Arquivos em Movimento 2
Fonte: elaborado pela autora.
(1)
Universidade Federal do Rio Grande.
(2)
Universidade Estadual de Montes Claros.
(3)
Universidade Federal de Mato Grosso.
(4)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

No Quadro 2, observa-se um total de 151 artigos científicos, espalhados em 15 revistas


acadêmicas de Educação Física, vinculadas a 15 universidades públicas (nove federais e seis
estaduais) do Brasil. Nota-se ainda que o estado de São Paulo liderou o quantitativo, com 62
produções científicas, seguido de Goiás, com 37, tendo destaque as revistas ‘Motriz’ e ‘Pensar
a Prática’, respectivamente.
Os estudos de capoeira versaram sobre diversos aspectos dessa luta/dança, em maior
proporção sobre os processos de ensino-aprendizagem, as questões históricas, as reflexões
contemporâneas, a inclusão social, a contribuição para a qualidade vida, a afirmação da
identidade, a formação, a esportivização, entre outros. No que diz respeito às relações de gênero
na capoeira, apenas três artigos científicos trataram deste assunto, os quais apresento no Quadro
3, a seguir:

Quadro 3 – Artigos científicos sobre capoeira e relações de gênero nas revistas de Educação Física do Brasil
Revista Título Autoria Ano
Fatores de aderência e Deizi Domingues da Rocha,
Caderno de Educação
permanência de mulheres nas Adriana Zagonel e Sabrina 2018
Física e Esporte
lutas em Chapecó – SC Lencina Bonorino
“Capoeiras”: a representação
Tatiane de Assis Pereira e
Pensar a prática da mulher nessa arte-luta 2019
Wanderley Marchi Júnior
brasileira
Samara Escobar Martins,
Um olhar feminino sobre a
Maria Eduarda Tomaz Luiz,
mestria e a participação da
Licere Wihanna de Castro Cardozo 2021
mulher na capoeira da Grande
Franzoni, Lais Mendes
Florianópolis
Tavares e Alcyane Marinho
Fonte: elaborado pela autora.
101

Analisando-se o Quadro 4, é possível identificar apenas três artigos científicos recentes:


um do ‘Caderno de Educação Física e Esporte’ (Unioeste), outro da Revista ‘Pensar a Prática’
(UFG) e o último da Revista ‘Licere’ (UFMG).
O primeiro artigo, de Rocha, Zagonel e Bonorino (2018), buscou investigar os fatores
de aderência e permanência das mulheres praticantes de lutas em academias na cidade de
Chapecó, SC. Durante a coleta de informações, participaram da pesquisa 20 colaboradoras, de
diversas lutas corporais, dentre as quais havia praticantes de capoeira. Os resultados apontaram
que as mulheres aderiram às lutas pela melhoria técnica e pelo condicionamento físico.
O segundo artigo, de Pereira e Marchi Júnior (2019), buscou descrever a inserção e
representação dos corpos femininos na capoeira. A pesquisa bibliográfica constatou que há
preconceitos em relação à participação das mulheres dentro da capoeira. Os autores trouxeram
relatos que demonstram os caminhos dificultosos das mulheres na capoeira, a negação aos
instrumentos, a reprodução de músicas machistas e sexistas, os obstáculos externos (duplas ou
triplas jornadas de trabalho) e o tardio reconhecimento para as mestras de capoeira, como
aconteceu em Santa Catarina, que graduou a primeira mestra apenas em 2016.
O terceiro artigo, de Martins e colaboradoras (2021), refletiu sobre a participação
feminina na capoeira, apresentando duas categorias: uma que analisa o ser mulher nessa
luta/dança e a outra que analisa o ofício de mestra, a partir da trajetória de uma mestra de
capoeira. As autoras evidenciaram os desafios de ser mulher e adentrar uma prática que ainda
reproduz ações machistas, bem com a necessidade de descontruir discursos que contribuem
para as desigualdades e a naturalização das violências. Foi ressaltado o investimento na
formação inicial e continuada, bem como a produção do conhecimento para complementar a
atuação na capoeira e assim permitir reflexões e transformações dentro e fora da capoeira.
Em parte dos artigos houve menção a duas mestras, a mestra Janja e uma outra, de Santa
Catarina, não identificada pelo nome. Esses três artigos possibilitaram a identificação dos
motivos que levam as mulheres a se inserirem na luta/dança, bem como dos fatores que
dificultam a sua presença ou as levam até mesmo a desistir do universo da capoeira.
Vale destacar ainda que há revistas específicas, não acadêmicas, que dialogam sobre a
capoeira, como: ‘Praticando Capoeira’, objeto dos estudos de Leitão (2004), A. Silva (2012) e
J. Machado (2019), que em algumas edições apresentou narrativas e imagens de mulheres,
como a de mestra Cigana, por exemplo.
A pesquisa de J. Machado (2019) identificou, nas edições de 2002 a 2008 da referida
revista, desigualdades de gênero nos acervos fotográficos: de um total de 197 fotografias, 97
102

são unicamente de homens, e apenas 11 exclusivamente de mulheres. A pesquisadora ainda


notou que há 172 destaques para os homens, e 35 para as mulheres.
Além dessa, existem outras revistas de capoeira, a saber: Textos do Brasil, Revista
Capoeira, Capoeirarte, Ginga Capoeira, Curso de Capoeira, Universo Capoeira, Capoeira Brazil
e Capoeira, a arte marcial do Brasil. Mais recentemente, em 2018, foi lançada a Revista Íbamo,
de cujo Conselho Editorial faço parte, sob direção do mestre Paulão.138
Na supracitada revista, foram apresentados dois artigos: um deles, o recorte de
dissertação que tratou da ínfima produção do conhecimento sobre a capoeira e as relações de
gênero a partir das referências das dissertações e teses sobre a capoeira defendidas na UFBA e
na Uneb, além de apresentar um mapeamento inicial de mestras de capoeira (FRANÇA, 2018b).
O outro artigo é de autoria de Zonzon (2018) e tratou da sua experiência no universo da
capoeira, em projetos e pesquisas que pautam a luta feminista. A autora ainda apresentou uma
minibiografia de quatro capoeiristas, dentre as quais as mestras Ritinha (in memoriam) e
Preguiça.
É oportuno destacar ainda que uma das revistas mais representativas na Educação Física
é a Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), vinculada ao Colégio Brasileiro de
Ciências do Esporte (CBCE),139que, desde 1979, colabora com circulação da produção do
conhecimento nesta área.
Pesquisas como a de Almeida, Tavares e Soares (2008, 2012) tecem reflexões sobre os
discursos veiculados na RBCE. Por meio de um levantamento de 22 artigos, veiculados entre
1979 a 2006, conclui-se que os estudos tendem mais a valorizar a atividade no mercado das
práticas culturais do que a interpretar o mundo social ou o seu impacto nos currículos escolares.
Somada a isso, a pesquisa de R. Silva (2018) destacou que, entre 2007 a 2017, foram
publicados oito artigos sobre a capoeira na RBCE. Possivelmente, a revista tenha mais de 30
artigos científicos sobre essa manifestação cultural, porém não ficou evidente se essas pesquisas
também envolvem as relações de gênero.
No intento de ampliar a discussão sobre a capoeira em outros repositórios eletrônicos, o
estudo de Ana Silva (2019) fez um levantamento de artigos na base da Scientific Electronic

138
Paulo Henrique Menezes da Silva é mestre de Capoeira, bacharel em Direito, jornalista e contabilista. Defendeu
sua dissertação sobre capoeira recentemente, no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio, Cultura e
Sociedade da UFRRJ.
139
É uma entidade científica que congrega pesquisadores(as) ligados(as) à área da Educação Física, ou Ciências
do Esporte. Criado em 1978, é organizado em secretarias estaduais e Grupos de Trabalhos Temáticos e liderado
por uma Direção Nacional. Cf.: https://www.cbce.org.br/apresentaca. Acesso em: 20 mar. 2020.
103

Library Online (SciELO), utilizando o descritor ‘capoeira’. Ao total, foram encontrados 15


artigos científicos entre 2010 e 2018, entretanto nenhum deles tratadas mulheres na capoeira.
Para aprofundar ainda mais essa discussão, procedi a um levantamento de artigos
científicos sobre capoeira em revistas acadêmicas de Gênero/Feminismo140 vinculadas às
universidades públicas federais e estaduais. No Quadro 4, abaixo, apresento a lista dos trabalhos
científicos que trataram da capoeira:

Quadro 4 – Artigos científicos sobre capoeira em revistas de Gênero/Feminismo brasileiras


Revista Título Autoria Ano
Revista
Gênero na Identidade de Gênero: mandingas, malícias e o jogo Maria Zeneide
2017
Amazônia de poder nas rodas de capoeira paraense Gomes da Silva
(UFPA)
Revista Pisada de cabocla: capoeira como veículo de
Feminismos Joana Brandão
ancestralidade, memória e resgate feminista da 2019
Tavares
(UFBA) história.
Fonte: elaborado pela autora.

No Quadro 4, é possível notar que, de um total de 13 revistas científicas espalhadas em


distintas universidades públicas (11 federais e 2 estaduais), apenas dois artigos científicos de
capoeira foram socializados: um na UFPA, e outro na UFBA. Os dados levantados mostram
uma escassez de estudos científicos sobre a capoeira e o seu entrecruzamento com as relações
de gênero.
O primeiro artigo, intitulado Identidade de Gênero: mandingas, malícias e o jogo de
poder nas rodas de capoeira paraense, de autoria de Maria Zeneide Gomes da Silva, refletiu
sobre as identidades de gênero e a diversidade étnica na capoeira. A autora buscou analisar a
participação da mulher paraense na roda; ao findar a escrita, constatou que a condição da mulher
é marcada por valores machistas e sexistas, o que leva à sua discriminação e exclusão (SILVA,
M., 2017).
O segundo artigo, Pisada de cabocla: capoeira como veículo de ancestralidade,
memória e resgate feminista da história, de autoria de Joana Brandão Tavares. A autora buscou
compreender as dinâmicas políticas e a relação com a ancestralidade africana nas memórias de
duas jovens capoeiristas de Salvador, por meio de visitas de campo ao Grupo Nzinga. Ao fim,

140
No Apêndice J, apresento a listagem das revistas científicas de Gênero/Feminismo; ao total, foram encontradas
13 (11 vinculadas a universidades federais, e 2 a universidades estaduais).
104

constatou que, por meio do olhar feminista, é possível rememorar a ancestralidade africana de
distintas formas (TAVARES, 2019).
A partir do levantamento dos dois artigos nas revistas de Gênero/Feminismo, foi
possível identificar os nomes das mestras Janja e Paulinha somente em um dos artigos. É
fundamental que não cessem as discussões sobre as mulheres na capoeira nas revistas científicas
da Educação Física e de Gênero/Feminismo, a bem como que surjam pesquisas sobre a temática
nos periódicos acadêmicos de Educação.
Na próxima subseção, procuro identificar os trabalhos acadêmicos sobre a temática nos
principais eventos científicos das áreas de Educação, Educação Física e Gênero/Feminismo.

3.1.2.3 A temática da capoeira e as relações de gênero em eventos acadêmicos de Educação,


Educação Física e Gênero/Feminismo

Nesta subseção, apresento trabalhos sobre a capoeira e as relações de gênero veiculados


em renomados eventos científicos das áreas de Educação, Educação Física e
Gênero/Feminismo. Utilizei a palavra-chave ‘capoeira’ e ‘gênero’ para levantar as pesquisas
que discutiam sobre a temática.
Na área da Educação, busquei identificar os trabalhos acadêmicos (socializados no
formato de pôster ou comunicação oral) nos anais das últimas edições da Reunião da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd)141 que ocorreram
entre 2010 a 2017.142Importa sublinhar que a ANPEd é a entidade notadamente mais
representativa da área da Educação. Desde 1978, organiza reuniões anuais e regionais, das quais
participam inúmeros professores(as) e estudantes de Pós-Graduação stricto sensu, que
colaboram para ampliar o debate e fortalecer a Educação no Brasil.
Não foram identificados estudos acadêmicos sobre capoeira nas reuniões anuais da
ANPEd. É contraditório perceber os avanços da produção do conhecimento sobre a capoeira e
a educação nos Programas de Pós-Graduação do Brasil, por exemplo, e não encontrar
ressonância no evento mais representativo da área.
Já no campo da Educação Física, busquei reconhecer os trabalhos sobre capoeira
socializados nas cinco últimas edições do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e

141
Outras informações podem ser encontradas em: https://anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional. Acesso em:
20 mar. 2020.
142
O levantamento de trabalhos foi da 33ª Reunião Anual da ANPEd, em 2010, até a 38ª reunião, em 2017. Outras
informações em: https://www.anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional. Acesso em: 20 mar. 2020.
105

Congresso Internacional de Ciências do Esporte (Conbrace/Conice).143Nas últimas três edições,


submeti alguns trabalhos, tanto individualmente quanto em parceria com meu orientador, a
saber: A capoeira na Estratégia Saúde da Família: relato de experiência no município de
Camaçari-BA (FRANÇA, 2017), Produção do conhecimento em capoeira nas dissertações e
teses da UFBA e Uneb (FRANÇA; LEIRO, 2017a) e Produção e difusão do conhecimento em
Educação: capoeira na roda científica.144
Destarte, apresentei, juntamente com meu orientador, um trabalho versando sobre a
capoeira nas três últimas edições do Conbrace (FRANÇA; LEIRO, 2016; FRANÇA, 2018a).
Esses eventos acadêmicos trazem inúmeras contribuições para os(as) estudantes,
professores(as), pesquisadores(as); inclusive a possibilidade de compartilhar experiências e
saberes com os pares, o que repercute na prática docente e na formação continuada.
Logo abaixo, apresento a distribuição dos trabalhos acadêmicos sobre capoeira e
relações de gênero nas cinco últimas edições do Conbrace/Conice:
.
Gráfico 4 – Distribuição dos trabalhos acadêmicos sobre capoeira e relações de gênero socializados em cinco
edições do Conbrace/Conice
12
10
8
6
4
2
0
2011 2013 2015 2017 2019

Nº DE ESTUDOS DE CAPOEIRA E GÊNERO


Nº DE ESTUDOS DE CAPOEIRA

Fonte: elaborado pela autora.

Nota-se, no Gráfico 4, que há um quantitativo significativo de trabalhos acadêmicos


sobre a capoeira socializados nos eventos do Conbrace/Conice. Ao total, foram 39 os trabalhos
que abordaram a temática; quando se intersecciona com as relações de gênero, porém, esse
número se reduz drasticamente, com apenas 3 trabalhos.
Abaixo, no Gráfico 5, exibo a distribuição dos trabalhos de capoeira apresentados no
Conbrace/Conice, por Grupos de Trabalhos Temáticos (GTT):

143
Este é um dos eventos mais importante na área de Educação Física e Ciências do Esporte no Brasil. Os eventos
do Conbrace/Conice ocorrem bienalmente desde 1979. Cf. http://www.cbce.org.br/conbrace/. Acesso em: 20
mar. 2020.
144
O trabalho, de autoria de Ábia Lima de França e Augusto Cesar Rios Leiro, será apresentado em dezembro de
2021. Maiores informações em: https://conbrace.org.br/. Acesso em: 20 mar. 2021.
106

Gráfico 5 – Trabalhos de capoeira por GTT nas edições de 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019 do Conbrace/Conice

Atividade física e saúde 1


Políticas Públicas 1
Lazer e Sociedade 1
Movimentos sociais 2
Formação Profissional e Mundo do Trabalho 2
Inclusão e Diferença 3
Memórias da Educação Física e Esporte 3
Escola 10
Corpo e Cultura 16
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Fonte: elaborado pela autora.

No Gráfico 5, observa-se que as discussões sobre a capoeira foram mais numerosas no


GTT ‘Corpo e Cultura’, fazendo-se presentes em todas as edições do evento: ao total, foram 16
pesquisas. Em segundo lugar, o GTT ‘Escola’ contabiliza 10 trabalhos no período. Nas últimas
cinco edições do Cobrace/Conice, dos 13 GTTs existentes até o presente momento, não foram
socializados estudos sobre a capoeira nos seguintes GTTs: ‘Comunicação e Mídia’,
‘Epistemologia’, ‘Gênero’ e ‘Treinamento Esportivo’.
Apesar de não haver trabalhos sobre a capoeira e relações de gênero no GTT específico
do assunto, foram apresentados três trabalhos sobre a temática nos GTT ‘Corpo e Cultura’,
‘Inclusão e Indiferenças’ e ‘Escola’. Logo abaixo, no Quadro 5, apresento essa distribuição nos
últimos eventos do Conbrace/Conice:

Quadro 5 – Trabalhos sobre a capoeira e as relações de gênero nas edições de 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019 do
Conbrace/Conice
Edição Título Autoria Ano
Capoeira regional: representações
XVII Conbrace sociais das mestras e formandas sobre Eliane Glória Souza;
2011
IV Conice sua inserção e atuação no ensino da luta Fabiano Pries Devide
no Rio de Janeiro

XVIII Conbrace Possíveis fatores que influenciam a Larissa Borges Daltio;


mulher ao abandono da prática da Mariana Vieira Ferreira; 2013
V Conice capoeira Fábio Luiz Loureiro

XXI Conbrace A mulher na capoeira: narrativas de Monique Bianchetti;


2019
VIII Conice preconceito Leandro Oliveira Rocha
Fonte: elaborado pela autora.
107

Ao se observar o Quadro 5, pode-se compreender o panorama dos trabalhos acadêmicos


sobre a capoeira e as relações de gênero no âmbito do Conbrace/Conice, que foram
apresentados em apenas três das cinco edições analisadas.
O primeiro trabalho, de Souza e Devide (2011), investigou as representações sociais das
mestras e formandas de um grupo de capoeira do Rio de Janeiro. Participaram da pesquisa dez
mestras e formandas, que elencaram as seguintes categorias: ‘resistência familiar’,
‘preconceito’, ‘racismo’, ‘conflito de papeis’ e ‘identidades de gênero’. Os autores
identificaram barreiras culturais relacionadas às relações de gênero na capoeira e ainda formas
de exclusão que as mulheres viveram no início de suas trajetórias dentro da capoeira.
O segundo estudo, de Daltio, Ferreira e Loureiro (2013), buscou compreender como se
dão a continuidade e a permanência da mulher na capoeira e que fatores interferem no
abandono/evasão das mulheres participantes do Projeto de Extensão ‘Capoeira’, da Ufes. Para
isso, foi aplicado um questionário misto a 28 mulheres, com o qual se constatou que a
desistência das mulheres se deve ao excesso de tarefas do cotidiano (cuidados com a casa e os
filhos; tempo de estudo e trabalho) impostas socialmente.
O terceiro estudo, de Bianchetti e Rocha (2019), buscou identificar preconceitos contra
a mulher na capoeira e de que forma se manifesta. Foram realizadas duas entrevistas com
professoras de capoeira do estado do Rio Grande do Sul, em 2016. Os(as) autores(as) apontaram
situações de preconceito e dificuldades relatadas pelas capoeiristas em suas trajetórias na
capoeira.
A partir da análise dos três trabalhos, só foi possível identificar os nomes das mestras
Sueli Cota e Rufatto em um artigo, que, inclusive, é de autoria da mestra Francesinha (Eliane
Gloria Souza). Os outros dois estudos trataram das trajetórias, das atuações e das representações
de mulheres na capoeira, entre os quais um enfocou as narrativas de mestras de capoeira.
Desse modo, busquei ainda identificar os trabalhos acadêmicos sobre a temática nas
últimas três edições de renomados eventos científicos, como: Encontro da Rede Feminista
Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre Mulher e Relações de Gênero
(Redor),145Seminário Internacional Fazendo Gênero: diásporas, diversidades, deslocamentos

145
O evento acontece desde 1992 e busca colaborar com discussões acerca das relações de gênero e estudos sobre
a mulher. Cf. https://bit.ly/3cQwc4E. Acesso em: 30 mar. 2021.
108

(Fazendo Gênero)146 e Colóquio Nacional Representações de Gênero e de Sexualidades


(Conages).147
Logo abaixo, pode-se visualizar, no Gráfico 6, o panorama dos estudos científicos sobre
a capoeira e as relações de gênero nas últimas quatro edições dos eventos supracitados:

Gráfico 6 – Panorama de trabalhos científicos sobre a capoeira e relações de gênero em renomados eventos de
Gênero/Feminismo
7
6
5
4
3
2
1
0
2013 2015 2017 2018

REDOR CONAGES Fazendo Gênero

Fonte: elaborado pela autora.

A partir da análise do Gráfico 6, percebe-se que, nos últimos cinco anos, tem aumentado
o quantitativo de estudos sobre a capoeira e as relações de gênero, cujo ápice se deu no ano de
2017. De um total de 11 trabalhos acadêmicos, a maior parte foi apresentado no evento Fazendo
Gênero e em menor proporção no Conages.
Desse modo, no Quadro 6, a seguir, apresento o panorama dos trabalhos socializados
nos anais dos referidos eventos:

Quadro 6 – Trabalhos acadêmicos sobre a capoeira e as relações de gênero nas quatro últimas edições dos
renomados eventos científicos de Gênero/Feminismo (continua)
Edição do evento Título Autoria Ano
Tem mulher na roda? Perspectivas
Paula Natanny
Fazendo Gênero 10 feministas sobre relações de gênero e 2013
Rocha Bezerra
feminilidade na capoeira
O feminismo que ginga: mulheres Francineide
Anais XI Conages capoeiristas angoleiras em Salvador dos Marques da 2015
anos 80 Conceição Santos

146
Ocorre desde 1994 e é considerado um dos eventos mais relevantes nas discussões de gênero e feminismo.
Cf.:https://bit.ly/3HR7CyZ. Acesso em: 20 mar. 2021.
147
O colóquio está na sua 13ª edição, que traz contribuições em torno das questões de gênero e sexualidades. Cf.:
https://bit.ly/3cNVPTJ. Acesso em: 20 mar. 2021.
109

Quadro 6 – Trabalhos acadêmicos sobre a capoeira e as relações de gênero nas quatro últimas edições dos
renomados eventos científicos de Gênero/Feminismo (conclusão)
Edição do evento Título Autoria Ano
Quem toca pandeiro é homem, quem
Fazendo Gênero 11 Rita de Cassia
bate boca é mulher: a capoeira como
& 13th Women’s Quadros; Andreza 2017
espaço de produção de sujeitos
Worlds Congress Estevan Noronha
generificados
A pesquisa científica e o feminismo
Fazendo Gênero 11
angoleiro: diálogo de conceitos pela Raquel Gonçalves
& 13th Women’s 2017
transformação social da mulher na Dantas
Worlds Congress
capoeira
Fazendo Gênero 11
Marcas étnicas e de gênero nas rodas de Veronica Daniela
& 13th Women’s 2017
Capoeira Angola Navarro
Worlds Congress
Fazendo Gênero 11
O corpo feminino no jogo da Capoeira Judivânia Maria
& 13th Women’s 2017
Angola Nunes Rodrigues
Worlds Congress
Fazendo Gênero 11
Rosângela Costa
& 13th Women’s Ginga: uma epistemologia feminista 2017
Araújo
Worlds Congress
Fazendo Gênero 11 “Eu sou artista e este é o meu corpo”: Luísa Gabriela
& 13th Women’s um exercício de identificação sobre Santos e Rosângela 2017
Worlds Congress representações de mulheres capoeiristas Costa Araújo
XX Encontro da Vanessa Coelho
Violência de gênero na capoeira 2018
Redor Moraes
Marias Felipas: história, experiências e
XX Encontro da estratégias de enfrentamento ao
Adriana Albert Dias 2018
Redor sexismo e à violência contra as
mulheres na capoeira
Movimento capoeira mulher:
XX Encontro da Maria Zeneide
mandingas, malícias, saberes ancestrais 2018
Redor Gomes da Silva
e feminismo na roda
Fonte: elaborado pela autora.

Diante do exposto no Quadro 6, nota-se que tem aumentado o quantitativo de produções


científicas sobre a capoeira e as relações de gênero, com maior recorrência nos anos de 2017 e
2018. Nessa direção, foi possível verificar que metade dos estudos socializados nos eventos são
recortes de dissertações e teses sobre mulheres na capoeira defendidas em diversos Programas
de Pós-Graduação do Brasil.
Seguindo a linha do tempo exibida no Quadro 6, o primeiro trabalho foi o de Bezerra
(2013). A autora buscou compreender, através da perspectiva feminista, a constituição de
feminilidade de mulheres na capoeira. Os resultados identificaram a resistência e a luta na
110

trajetória das mulheres capoeiristas, bem como que elas precisavam provar que dominam
elementos constituintes da capoeira para terem seu espaço respeitado.
Dois anos depois, foi apresentada a pesquisa de F. Santos (2015), que buscou resgatar
histórias de uma experiência feminista em Salvador, na década de 1980. O seu foco era tomar
como referência a trajetória de vida de mulheres negras do Grupo de Capoeira Angola
Pelourinho. A autora concluiu que a dignidade das mulheres perpassa pela efetivação do ser
protagonista de sua história, ser capaz de ter direito a ter direitos.
Posteriormente, foi socializado o trabalho de Quadros e Noronha (2017), que
problematizam a prática da capoeira como espaço de produção de sujeitos generificados. Ao
analisar 100 cantigas de capoeira, as autoras refletiram sobre a forma generificada de apresentar
o feminino e o masculino nas músicas, identificando a produção compulsória da
heterossexualidade e da coerência na capoeira.
O estudo de Dantas (2017) discutiu sobre as relações de poder e as categorias de
produção de conhecimento, no modo como se estruturam no interior da Capoeira Angola. A
autora elenca motivos que podem colaborar para o afastamento das mulheres da capoeira, como:
dupla jornada de trabalho, assédio sexual, assédio moral, violência, ausência de apoio para
cuidar dos(as) filhos(as), entre outros. Nesse sentido, o feminismo angoleiro se propõe a ser
potencial transformador dessa realidade.
No mesmo ano, foi apresentado o trabalho de Navarro (2017), que discutiu sobre as
relações entre as corporeidades nas rodas de capoeira do Grupo Nzinga (Salvador, BA),
refletindo sobre a diversidade étnico-racial e de gênero, as quais possibilitam que as formas de
ser, viver e existir no interior do grupo sejam repensadas a partir do encontro entre diferentes
histórias e memórias, bem como dos múltiplos feminismos possíveis, que permitem diálogos
horizontais e emancipadores.
O estudo de J. Rodrigues (2017) investigou o papel da mulher na capoeira a partir das
produções acadêmicas e de aspectos característicos desse universo. A autora traz diversos
questionamentos acerca das diferenças entre os corpos masculinos e femininos, relativos à
inserção na capoeira, aos espaços ocupados e à identidade em jogo, buscando assim contribuir
para a tessitura da história dos corpos femininos no jogo da Capoeira Angola.
O trabalho de Araújo (2017) toma a capoeira como uma tradicional expressão das
resistências políticas de povos africanos no Brasil, posicionando a ginga como uma
metalinguagem do feminismo angoleiro. A autora se posiciona contra a negação da capoeira
como esporte, por ser pouca transgressora e reprodutora do sexismo. Além disso, rejeita práticas
e discursos generificantes, buscando referenciais históricos que tratem da presença das
111

mulheres por meio de aspectos simbólicos, mitológicos e analíticos, inserindo a capoeira no


interior da cosmopolítica.
A pesquisa de Santos e Araújo (2017) tratou das formas de representações do corpo
entre mulheres capoeiristas que se autodeclaram artistas. As autoras, além de serem sujeitas da
pesquisa, debruçaram-se sobre documentos que integram o campo dos estudos sobre capoeira,
corpo e gênero. Buscaram, dessa forma, contribuir para o debate das representações de gênero
e dos discursos sobre mulheres pertencentes a comunidades afrorreferenciadas.
No ano seguinte, foram apresentados três trabalhos no XX Encontro da Redor, dentre
os quais o de Moraes (2018), que é produto de um projeto do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação Cientifica (Pibic), com o título Experiências e representações de mulheres
capoeiristas, o qual buscou entender às experiências corporais e à intersecção com a
problemática das relações de gênero. A autora trata dos desafios que as mulheres enfrentam na
capoeira a partir de relatos de capoeiristas e aponta a importância das trocas de experiência para
que haja aprendizados, as dificuldades diminuam e edifique-se uma identidade que colabora
para a autonomia.
Já o estudo de A. Dias (2018) traz tessituras de sua experiência na capoeira como
feminista e cofundadora do Grupo de Estudo e Intervenção Marias Felipas, que tem por
finalidade discutir sobre as relações de gênero, as trajetórias e as representações das mulheres
na capoeira, além de desenvolver estratégias de combate à violência de gênero. A autora tratou
de algumas ações realizadas pelo coletivo, como as rodas feministas, que têm servido como
instrumentos de luta contra o sexismo na capoeira.
A pesquisa de M. Silva (2018) tratou da experiência de atuação com o Movimento
Capoeira Mulher, coletivo que agrega distintas mulheres, pertencentes a vários grupos de
capoeira. Os resultados apontam para a tomada de consciência política por parte das mulheres
capoeiristas e o papel dinamizador das rodas de capoeira que acolhem e promovem identidades
sociais, valores e crenças, repensando outras epistemologias para a educação e a práxis
feminista na Amazônia Paraense.
A partir dos 11 trabalhos socializados nos três renomados eventos acadêmicos (Redor,
Fazendo Gênero e Conages), que discutem sobre as relações de gênero, foi possível identificar,
em duas pesquisas, a autoria da mestra Janja, citada como Araújo; e em cinco pesquisas, os
nomes das seguintes mestras: Janja, Paulinha, Ritinha (in memoriam) e Pé de Anjo (in
memoriam).
Os estudos encontrados discutem, de uma forma geral, sobre questões históricas das
mulheres na capoeira, experiências e trajetórias de mulheres e coletivos feministas na capoeira,
112

representações sociais de mulheres, reflexões em torno das feminilidades, interseccionalidades,


estratégias de luta contra o machismo e o racismo, silenciamentos e opressões contra as
mulheres veladas no universo da capoeira.

3.2 CONSTRUÇÃO E LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES NOS QUESTIONÁRIOS

Nesta subseção, detalho a construção e o levantamento de informações realizados por


meio da aplicação dos questionários mistos, contendo perguntas abertas e fechadas. A
elaboração e o início da divulgação dos questionários (Apêndice B) ocorreram quando eu ainda
estava na finalização da escrita da dissertação, em 2017.
Para a construção desse dispositivo, foi fundamental a leitura da obra de Gil (2008), que
me forneceu subsídios teóricos para guiar a formulação das perguntas, dos conteúdos a serem
explorados, das suas vantagens e limitações, bem como o processo de codificação das
informações colhidas.
Com a aplicação do questionário misto online, buscou-se discutir sobre os desafios e as
potencialidades nas trajetórias formativas das mestras, um dos objetivos específicos da escrita.
O dispositivo conteve as seguintes questões: dados pessoais (nome, data de nascimento,
naturalidade, telefone, e-mail), dados sobre a trajetória na capoeira (tempo de dedicação, ano
de formatura, grupo pertencente, concessão de título, experiência com a capoeira no exterior),
além de perguntas abertas, que discutem sobre os desafios na formação e resgatam as
experiências exitosas no processo formativo de mestra.
Nesse contexto, os questionários foram respondidos no período entre o dia 20 de março
de 2017 até o mês de abril de 2021. Portanto, ao total, foram preenchidos 136 questionários,
dos quais 27 foram excluídos, pois não atendiam a um dos critérios que havíamos estipulado:
ser mestra brasileira (10) ou estavam repetidos (17). Depois desse filtro, o recorte amostral foi
composto por 109 mestras autodeclaradas brasileiras, nascidas entre 1956 a 1987, que
receberam títulos expedidos por seus(suas) mestres(as) e/ou foram reconhecidas popularmente
na capoeira. Logo abaixo, no Gráfico 7, apresento o tempo de prática que elas têm no universo
da capoeira:
113

Gráfico 7 – Tempo de capoeira das mestras da amostra


40 a 49 anos Menos de 10
12% 0%3%
20 a 29 anos
32%

30 a 39 anos
53%

Fonte: elaborado pela autora.

Ao se verificar o Gráfico 7, identifica-se que a maioria das mestras têm entre 30 a 39


anos no universo da capoeira. Em segundo lugar, há um quantitativo expressivo de mestras que
têm mais de 20 anos de prática; e em menor proporção, há mulheres que, com menos de 10
anos, tornaram-se mestras de capoeira.
Cabe-me ressaltar que as colaboradoras iniciaram na capoeira entre as décadas de 1970
a 1990, sendo consagradas mestras, em sua maioria, entre os anos de 1980 a 2021, conforme se
pode observar no Gráfico 8, abaixo:

Gráfico 8 – Distribuição do ano de formatura e/ou reconhecimento das mestras de capoeira


16
14
12
10
8
6
4
2
0

Fonte: elaborado pela autora.

A partir do Gráfico 8, pode-se notar que, entre os anos de 1980 a 2002, poucas mulheres
foram consagradas mestras. A partir de 2010, porém, esse número tem sido mais expressivo a
cada ano, exceto em 2020 e 2021. Em minha avaliação, essa baixa no número de formação de
mestras deve estar relacionada com a suspensão de atividades e a instituição das medidas de
distanciamento social para a contenção da pandemia do Coronavírus.
114

O Gráfico 8 ainda revela que três mestras não identificaram os anos de suas formaturas
ou reconhecimentos. Abaixo, no Gráfico 9, apresento mais informações sobre as formas de
reconhecimento das mestras:

Gráfico 9 – Reconhecimento das mestras de capoeira


Mestras Comunidad
4% e
4%

Mestres
92%
Fonte: elaborado pela autora.

Quanto ao reconhecimento das mestras, 92% receberam o título ou corda/cordel/cordão


de seus(suas) mestres(as), 4% foram formadas ou destacaram a importância de mestras em suas
trajetórias, e 4% tiveram o reconhecimento da comunidade da capoeira.
É importante destacar o protagonismo das mestras Janja e Cigana, que já formaram
outras mestras de capoeira. Isso representa um avanço na história de mulheres na capoeira, que
há décadas têm buscado superar as práticas sexistas e machistas nesse universo.
Outro dado importante elencado no questionário diz respeito às experiências de trabalho
com a capoeira fora do Brasil, o qual evidencio no Gráfico 10, a seguir:

Gráfico 10 – Trabalhos com a capoeira fora do Brasil


3º Tri
0%
Sim
39%

Não
61%

Fonte: elaborado pela autora.

Com base nessa questão, é possível constatar que uma grande parte das mestras (67) não
tiveram trabalhos com a capoeira fora do Brasil. Entretanto, em menor proporção, 42 mestras
tiveram experiências no exterior, em diversos países do continente europeu, asiático, sul-
115

americano, norte-americano, oceânico e africano. Inclusive, cinco mestras vivem nos seguintes
países: Áustria, Estados Unidos, França, Israel e México. No entanto, a maioria das mestras
estão espalhadas pelas várias regiões do Brasil, conforme exposto no Gráfico 11:

Gráfico 11 – Distribuição das mestras de capoeira por regiões do Brasil


60

50

40
30

20

10

0
Sudeste Nordeste Centro- Sul Norte Não se
oeste aplica
Fonte: elaborado pela autora.

Sobre as regiões do Brasil em que as mestras estão residindo nesse momento, pode-se
perceber que o Sudeste lidera com o maior quantitativo (50), seguido do Nordeste (46). As
demais têm menos de uma dezena cada: Centro-oeste (4), Sul (3) e Norte (1); e ainda há 5
mestras no vivendo no exterior.
No que tange às respostas das questões abertas sobre os desafios e as experiências
exitosas nos processos formativos de mestras, depois de várias leituras e reflexões em torno do
conteúdo, classifiquei as respostas por intermédio de categorias. Segundo Gamboa (1998, p.
22), as categorias refletem “[...] todo-partes, abstrato-concreto, fenômeno-essência, causa-
efeito, análise-síntese, indução-dedução, explicação-compreensão e lógico-histórico”.
A partir das palavras e declarações das mestras colaboradoras, de maneira recorrente
nos questionários, elegi duas categorias temáticas, a saber: 1) a condição de ser mulher na
pequena e grande roda; 2) ser mestra.
116

3.2.1 Condição de ser mulher na pequena e grande roda

Foi ainda bem pequena pelo irmão que me levou.


Quando eu ouvi o berimbau, o meu corpo arrepiou.
Foi naquele dia que tudo se transformou.
Entendi que a capoeira era o meu grande amor
(MESTRA TIDA).148

Antes de fazer tessituras sobre a condição de ser mulher dentro e fora da capoeira, é
importante compreender o processo histórico das mulheres nos distintos tempos e contextos
geográficos, o qual foi discutido no capítulo anterior.
Em razão da sua complexidade, esta categoria foi dividida nas seguintes subcategorias,
a saber: ‘inserção em jogo: preconceito e/ou resistência’; ‘múltiplos papeis sociais’; ‘gestação
e maternidade em jogo’; e ‘as mulheres em formação: lutando para aprender’.

3.2.1.1 Inserção em jogo: da proibição à aceitação familiar

Entre as décadas de 1970 a 1990, dois pontos que perpassaram as trajetórias das
mulheres no universo da capoeira foram o preconceito e a resistência dos familiares, como se
pode conferir no relato abaixo:

Capoeira ainda era um esporte só para homens. Os meus pais não aceitavam
eu treinar e por isso eu fugia pela janela de casa com minha irmã para
conseguir treinar. Depois de muito tempo, meus pais aceitaram, e hoje minha
família toda pratica ou praticou capoeira. (M 1).

Outros depoimentos, como os das mestras 58 e 59, também assinalam os preconceitos


familiares que enfrentaram em suas trajetórias no universo da capoeira. Nesse ponto, é
interessante trazer outros relatos que evidenciam as resistências dos pais e das mães no controle
de seus corpos, como apontando no estudo de E. Silva (2018), que teve como foco as trajetórias
de 10 mestras e formandas de capoeira.
Somados a isso, outras mulheres apontaram obstáculos familiares que enfrentaram para
permanecer na capoeira, como foi relatado pelas seguintes mestras: Ritinha (in memoriam), que
teve que esconder dos pais que estava aprendendo capoeira (ZONZON, 2020); Lene, que não
poderia ficar na rua, pois era do colégio para a casa (SILVA, N., 2017); a Cigana, que teve de
se casar para praticar capoeira, como ela mesma relata no excerto abaixo:

148
Trecho da música Eu sou Capoeira, da mestra Tida. Disponível: https://bit.ly/3CYGryp. Acesso em: 13 de
out. 2021.
117

Foi também o meu marido que me levou para as rodas do mestre Zé Pedro do
Rio de Janeiro, mas ainda foi o meu marido que, pressionado pelo sistema,
teve que me colocar na parede e pedir que eu escolhesse ou optasse entre a
capoeira ou a família. Porque era muito constrangedor para ele ver sua
esposa envolvida com malandros e vadios da capoeira, como era falado e é
até hoje em alguns lugares. (Mestra Cigana).149

Os relatos acima são de mestras que nasceram em lugares e tempos diferentes, iniciaram
na capoeira em anos distintos, mas enfrentaram o preconceito dos pais. mestra Cigana, ao
escolher a capoeira, perdeu o marido e a guarda dos filhos, além disso, possivelmente,
desencadeou outros danos para a sua vida.

Desta sorte, a base econômica do patriarcado não consiste apenas na intensa


discriminação salarial das trabalhadoras, em sua segregação ocupacional e em
sua marginalização de importantes papéis econômicos e político-
deliberativos, mas também no controle de sua sexualidade e, por conseguinte,
de sua capacidade reprodutiva, e até afetiva. (SAFFIOTI, 2004, p. 106, grifo
meu).

Quero pontuar com isso dois aspectos que estão entrelaçados nos preconceitos dos
familiares: um se refere à possível estigmatização da capoeira e de seus(as) praticantes, por ser
uma manifestação cultural dos povos negros; e a outra, à constituição da família nos moldes
patriarcais, em que o homem exerce a soberania sobre os corpos das mulheres (BEAUVOIR,
1970).
Essas opressões patriarcais sentidas pelas mulheres, somadas a outros marcadores
identitários, como classe social e raça, vão dificultar ainda mais a inserção e a permanência das
mulheres em uma prática considerada majoritariamente masculina.
Nessa linha de pensamento, alguns relatos ainda identificam os desafios das capoeiristas
ao adentrarem nos espaços da capoeira sem ter nenhuma referência de mulher, em diversas
regiões do Brasil, como ressaltado pela mestra 65. A esse respeito, os estudos de Cordeiro
(2016) e Dantas (2020) também constataram que as mestras Dani e Elma, respectivamente,
eram as únicas em seus grupos.
Vale apontar que nem todas as mestras de capoeira enfrentaram resistências e/ou
preconceitos familiares, havendo ainda mulheres que tiveram apoio e até referência de seus pais
e mães capoeiristas para iniciarem na capoeira.

149
Depoimento mestra Cigana: Uma vida pela capoeira, no dia 12 de dezembro de 2019. Disponível:
https://www.youtube.com/watch?v=7pDGSNHZDjk. Acesso em: 20 mar. 2020.
118

3.2.1.2 Múltiplos papeis sociais

A gente tem uma jornada mais difícil, a mulher, né?


A maternidade, trabalha em casa, trabalha fora, casada,
o apoio que às vezes não tem para você continuar treinando,
o próprio machismo existente na capoeira é muito;
às vezes a mulher não se sente à vontade. (MESTRA DI)150

Os desafios nas trajetórias das mulheres não se limitam às resistências familiares,


vivenciadas por parte das capoeiristas, pois transpassam para outras barreiras sociais. Um dos
pontos mais recorrentes nos depoimentos das mestras de capoeira foi a difícil tarefa de conciliar
os treinos de capoeira com os múltiplos papeis sociais exigidos das mulheres:

Aqueles ligados a toda mulher, de conciliar as tantas demandas – pessoal,


familiar, social, profissional e política – com a formação capoeirística. (M
35).
Várias dificuldades durante este processo: aliar criação da filha, trabalho,
faculdade e viagens na capoeira. (M 41).
Foi tentar conciliar a vida de mãe, esposa e dona de casa com os
treinos e eventos de capoeira, pois é bastante difícil. Muitas vezes,
temos que nos desdobrar em várias, pois ainda vivemos em uma
sociedade machista, que acha que só a mulher tem a obrigação de
cuidar da casa e dos filhos. (M 94).

Esses relatos mostram as distintas cobranças e os atributos sociais que as mulheres


exercem em suas trajetórias, dentro e fora da capoeira. Elas precisaram gingar com as
complexas funções sociais com que se revestiu simbolicamente a feminilidade (CONRADO,
2006), as quais dificultam sua permanência e podem até mesmo levar à desistência de mulheres
na capoeira, principalmente o casamento, a maternidade e a formação da família, quando há
desigual divisão de papeis de gênero (SILVA, E., 2018; SOUZA; DEVIDE, 2011), que acaba
sobrecarregando, responsabilizando e culpabilizando unilateralmente a mulher pelo andamento
de tais fatores.
As formas de conceber os papeis sociais de homens e de mulheres são sempre
construídas, mas podem sofrer transformações ao longo do tempo e na articulação com outras
histórias pessoais, identidades étnicas, sexuais, de raça e classe (LOURO, 2014). Essa ideologia
de feminilidade, subproduto da industrialização, foi forjada pelo capitalismo industrial, que
inferioriza a mulher como “mãe” e “dona de casa” (DAVIS, 2016), embora não se aplique a
todas as mulheres.

150
Um trecho do depoimento da mestra Di. Disponível em: https://bit.ly/3HYagTx. Acesso em: 20 out. 2021.
119

É imprescindível falar ainda dos impactos do colonialismo na vida das pessoas negras.
Augusto (2016) chama a atenção para o mito da democracia racial no Brasil, que nunca protege
as mulheres negras. Sobre esse ponto, pode-se conferir o relato de uma mestra, que diz que o
maior desafio é:

Ser negra, morar em Bairros periféricos, ser mulher, não ter nível superior e
o machismo. Infelizmente os ‘homens’ foram criados com a ignorância
cultural, seguida de machismo. Pensei várias vezes em desistir quando algo
acontecia comigo, mas a vida é feita de escolhas e desafios. Hoje, tô aqui
dando minha contribuição como mestra de capoeira. (M. 6).

A partir desse relato, pode-se refletir sobre a negação de direitos sociais como educação
e moradia às pessoas negras, que, em sua maioria, ainda vivenciam esse problema na
contemporaneidade. Para Munanga (2015), o nó do problema está no racismo, que desumaniza,
hierarquiza e discrimina.
O depoimento de M 6 demonstra ainda a necessidade de ampliar a pauta da luta das
mulheres, descolonizando o feminismo para provocar a elaboração de teorias feministas que
dialoguem com as mulheres negras, lésbicas, indígenas, etc. (CARDOSO, 2014). Para além de
descrevê-las, cabe ao(à) pesquisador(a) modificá-las, rompendo o silêncio e a invisibilização
de diversas histórias que foram subalternizadas, descolonizando saberes, assumindo uma
postura antirracista, etc.

3.2.1.3 Gestação e maternidade em jogo

Meu berimbau tá todo iluminado


Pois tem criança jogando do meu lado.
Sai de aú fazendo o sinal da cruz.
Toda criança é um ser de luz.
Faz bananeira, beija flor é bom demais.
Toda criança traz um sorriso de paz.
Faz meia lua, seu gingado me encanta.
Toda criança é semente de esperança.
(MESTRA SHEILA)151

Tratar sobre a gestação vai além do nascimento de um bebê; é falar sobre as diversas
mudanças físicas, sociais e econômicas que vão impactar, sobretudo, a vida das futuras mães.
Esse é um dos temas que podem afetar as mulheres com mais intensidade; mesmo aquelas que
não querem ser ou não são mães, em algum momento da vida, provavelmente, já foram
questionadas se têm ou não filhos(as).

151
Trecho da cantiga da mestra Sheila, RJ.
120

Tal questão, antigamente, era tabu; reproduzia-se a condição de ser mulher e mãe como
algo ‘naturalizado’ na sociedade. As mulheres que não eram mães sofriam estigmatizações,
cobranças e opressões, pois ‘desviavam-se’ das condutas esperadas para as feminilidades.
É necessário compreender as discussões em torno das novas configurações familiares e
demandas da vida contemporânea, que ressignificaram os sentidos da maternidade, colaborando
para descontruir modelos universalizantes, preestabelecidos e idealizados sobre a figura da boa
e devotada mãe (ARTEIRO, 2017).
Retomando o diálogo sobre a gestação, nesse período, as mulheres podem enfrentar
diversos desafios para continuar exercendo suas tarefas cotidianas, como praticar a capoeira,
seja por recomendações médicas, por exemplo, em caso de risco de aborto, ou até as construções
sociais nos moldes patriarcais, que impõem limites aos corpos das mulheres, sob o viés da
fragilidade. Abaixo, foram elucidados alguns obstáculos nos processos formativos das mestras:

O processo de vida da mulher que quer engravidar, amamentar e cuidar dos


filhos é diferente do processo do homem, mas os requisitos que se impõem
para pegar esses títulos são os mesmos para homens e mulheres. (M 86).
Todos os obstáculos ultrapassados, preconceitos vencidos, principalmente
por ser mulher, mãe, capoeirista, para finalmente conquistar a vitória de ter
sido formada a primeira mestra de capoeira do Ceará. (DIAS, L., 2016, p.
20).
Continuar com um trabalho sólido e tendo que segurar o tombo só porque sou
mãe solteira. (M 96).
Eu consegui voltar a treinar a duras penas [pausa]. Nesse período, quando
ele tinha uns dois meses, eu voltei a treinar. Eu avisava ao mestre sobre os
atrasos e também tinha que sair sempre antes do treino terminar, pra chegar
em casa logo, por causa do Lucas. Às vezes, eu tirava um pouco de leite.
Minha mãe me ajudava nesse assunto. Aí eu consegui manter a capoeira
assim. Às vezes, faltava, porque, enfim [pausa]. (DANTAS, 2020, p. 42).

É necessário descortinar reflexões que possibilitem transformações na vida das


mulheres que são mães, a quebra de paradigmas, a conscientização dos homens que são pais, e
ainda não cumprem suas funções nos cuidados com os(as) filhos(as), a criação de espaços
acolhedores e interativos para os bebês e as crianças dentro da capoeira, a formação e
qualificação de lideranças que compreendam as especificidades de se trabalhar com as gestantes
e mães.
Além dos desafios da maternidade na vida das mulheres, foi ressaltada a ausências dos
pais para dividir as responsabilidades e os cuidados com os(as) filhos(as), tendo as mulheres
enfrentados os obstáculos patriarcais coloniais para se manterem na capoeira, como é possível
depreender a partir dos relatos abaixo:
121

No meu caso, sou mãe solo e criei minha filha dando aulas e cursos e
sobrevivendo somente com subsídios da capoeira. Sou forte e vencedora com
as experiências. sou negra, resistência e persistência no universo da capoeira.
(M 20).
Como mulher preta e mãe solo, tive muitos percalços para me manter neste
caminho da capoeiragem, pois, dentro de uma sociedade excludente,
atravessada principalmente pelo racismo, que não dá trégua, tudo se torna
mais difícil pra gente. (M 71).

Nessa perspectiva, é imprescindível a discussão sobre a interseccionalidade, que analisa


o entrecruzamento de gênero, raça e classe nas avenidas identitárias em que as mulheres
capoeiristas e mães são afetadas. Sobre isso, a mestra Janja afirma: “[...] a mulher que saiu da
favela e cresceu dentro do programa social, aprendeu tudo que tinha daquela comunidade e
assim ela teve acesso à prática da capoeira. Ela vai ter um filho e, para ir à academia treinar,
vai ter que colocar o filho no colo, jogar uma esteira no chão, etc.” (LIMA, 2016, p. 57).
Diante disso, torna-se necessário repensar em ações individuais e coletivas nos distintos
grupos, como as que vêm sendo realizadas pelo Grupo Nzinga e o Coletivo É cor-de-rosa
Choque, por exemplo, que acolhem as mães e seus(suas) filhos(as). Paralelamente, é preciso de
mudanças conjunturais que reflitam nos papeis sociais desiguais, como o aumento da licença-
paternidade, a garantia da presença das mulheres de forma igualitária em todos os espaços
representativos, entre outras.
Além disso, outros fatores podem colaborar para o afastamento das mulheres negras que
também são mães, como: dificuldade para retornar para a casa à noite, devido à insegurança,
falta de dinheiro para pagar os treinos (MENEZES, 2020) e adquirir os fardamentos (abadás);
os horários e os dias das aulas, etc.

3.2.2 As mulheres em formação: lutando para aprender capoeira

Eu venho aqui falar e também agradecer


Por ter a capoeira e poder me defender.
Ela me dá autonomia, sabedoria para viver.
(MESTRA NANI)152

Fazer tessituras sobre a formação das mulheres na capoeira é de uma complexidade


imensurável, pois envolve normas, símbolos, sistemas de avaliação/graduação e rituais de
ensino-aprendizagem próprios de cada estilo e linhagem, além de reflexões em torno da

152
Trecho da música Sempre agradecer, da mestra Nani de João Pequeno.
122

condição de ser mulher e outros atravessamentos identitários, os quais foram discutidos no


capítulo anterior.
Nos processos formativos internos aos distintos grupos de capoeira, geralmente, os(as)
capoeiristas vivenciam os toques dos instrumentos, os cânticos, os movimentos corporais
(golpes, ginga, floreios, etc.) e os aspectos ritualísticos da roda; podem aprender sobre a história
dos(as) mestres(as) e da capoeira, sobre valores, saberes, normas, filosofias de vida, dentre
outros.
É preciso repensar nas trajetórias das mestras de capoeira, no sentindo de entender os
processos de aprender e ensinar em suas diversas experiências dentro da pequena e da grande
roda, num processo contínuo, que pode durar sua vida inteira (SILVA; RIOS; NUÑEZ, 2018).
Apesar de não terem sido pontuados, nas respostas dos questionários, aspectos
característicos de cada vertente, esforçar-me-ei para estabelecer nexos entre as singularidades
e diferenciações das/entre as vertentes de capoeira no tocante às trajetórias formativas das
mestras de capoeira.
Um dos pontos elencados pelas colaboradoras da pesquisa refere-se aos obstáculos
enfrentados em suas trajetórias para aprender a tocar os instrumentos e cantar as músicas nos
momentos das rodas de capoeira. Na dissertação de mestrado (FRANÇA, 2018a), abordei os
aprendizados e a importância desses elementos para a formação dos(as) capoeiristas e para a
manutenção da cultura popular.
Com relação aos toques e aos instrumentos, como apontado pela M 47 “[...] é relevante
destacar a ausência de mulheres compondo a bateria (instrumentos), o acesso aos instrumentos
era exclusividade dos capoeiristas [homens]”.
Além das dificuldades para acessar os instrumentos da capoeira, as mulheres ainda
podem ser questionadas153 ou até testadas nos momentos das rodas de capoeira, como sinalizado
pela M 66 no depoimento a seguir: “Sempre querendo testar nossa habilidade ao jogar, ao
cantar e principalmente ao tocar os instrumentos” (M 66).
Esses impedimentos ou exclusões das mulheres em habilidades importantes como tocar
os diversos instrumentos e cantar desrespeitam os princípios éticos e comprometem os
processos formativos no universo da capoeira.
Outro ponto destacado pelas mestras foi a letra das cantigas, que, em alguns casos,
reproduzem o machismo e funcionam como instrumento de opressão contra as mulheres. Esse
fator foi ressaltado no depoimento de M 47: “[...] percebe-se que as letras das músicas de

153
A pesquisa de E. Silva (2018) também evidenciou essas mesmas dificuldades enfrentadas pelas 10 mestras e
mestrandas de capoeira.
123

capoeira ressaltam a objetificação sexual, a violência (física e/ou moral) e a inferiorização da


mulher”.
Às vezes, a naturalização do uso das músicas preconceituosas e desrespeitosas é
justificada pela manutenção da tradição, que deve ser preservada na capoeira (FERNANDES,
SILVA; 2009). A ideia que transparece é que a capoeira é imutável e intocável, mesmo numa
sociedade em que estão ocorrendo inúmeras mudanças sociais, culturais, políticas, econômicas,
etc.
Para avançar nessa reflexão, o estudo de M. Barbosa (2005) analisou 375 músicas de
capoeira e pôde constatar que 25% tratam a figura feminina de forma pejorativa, estimulando a
aplicação de violência simbólica, física e psicológica; fazem comparações negativas entre a
mulher e animais perigosos, como cobras; associam o comportamento da mulher ao interesse
(material, principalmente) e à traição; dentre outros fatores. Ou seja, reforçam a construção de
corpos femininos e masculinos de forma generificada, como também foi apontado na pesquisa
de Quadros e Noronha (2017), que analisaram 100 cantigas de capoeira. Para aprofundar esse
debate, a mestra Janja ainda diz que

O sexismo (misoginia, lesbofobia, homofobia, transfobia) impede que a


capoeira conclua sua missão libertaria, e que da mesma forma, encontramos
nas disputas entre as representações dos gêneros (e sempre atentas às
implicações interseccionais aos debates sobre etnias e raças e da diversidade
sexual) novas dimensões discursivas aos estabelecimentos de práticas
segregadas, decisivas nas reestruturações das relações de poder em meio à
economia da capoeira, emergirem cada vez mais vigorosas. (ARAÚJO, 2016,
p 371).

Por isso, a M 73 afirma que é preciso “[...] denunciar, muitas vezes, as cantigas que
constituem tradição na capoeira, mas, na verdade, têm intenção de perpetuar o trato
pejorativo”.
Há um aumento significativo de mulheres capoeiristas que se recusam a entoar as
cantigas de capoeira que têm cunho sexista (FIGUERÔA; SILVA, 2014; TAVARES, 2019).
Com isso, elas têm rompido o silêncio e transformado ou criado outras cantigas como forma de
lutar contra o machismo.
No que se refere às vivências corporais, alguns relatos das mestras (M 33, M 34, M 45)
apontaram limitações individuais em suas trajetórias formativas e a necessidade de se superar
e adquirir aptidões físicas “[...] que possibilitem movimentos ágeis, flexíveis e bonitos” (M 46).
Vale salientar que, na Capoeira Angola, não há o objetivo de executar movimentos rápidos,
124

nem com flexibilidade. Geralmente, esse estilo exige equilíbrio, força e resistência para
executar os movimentos corporais.
Durante as rodas de capoeira, pode-se colocar em prática o que foi aprendido nos treinos,
mas, nessas vivências, podem ocorrer episódios de desrespeitos, opressões e até violências de
diversos tipos contra as mulheres. Isso ocorre independentemente do estilo de capoeira, como
se pode ver no seguinte relato:

Na minha 1° roda de Capoeira, tomei uma banda nas duas pernas e caí de
costas no chão. O mestre falou: mulher aqui é tratada que nem homem. (M
104).

O depoimento acima demonstra a naturalização do machismo e da violência que uma


mestra vivenciou em sua caminhada na capoeira; longe de ser algo individual, as trajetórias das
mulheres podem ser marcadas por preconceitos e repressões. É importante dizer que elas se
mantiveram resilientes, resistiram e conseguiram gingar diante de tantos desafios, que ora
estavam fora, ora perpassavam pela roda de capoeira.
Destarte, a tese da mestra Francesinha (SILVA, E., 2018) apontou uma situação
constrangedora vivenciada por uma mestra, que foi tirada da roda assim que realizou a ginga,
sem contar que as pessoas furavam a fila para jogar, dando mal exemplo. Essa mesma situação
de mal entrar roda e os homens já retirarem foi vivenciada pelas mestras Catita154 e
Renatinha.155 No universo da Capoeira Angola, é improvável que isso ocorra, pois não há
momentos para interrupção, conhecidos como ‘compra de jogo’. Inicia-se no pé do berimbau;
no comando do gunga,156 se encerra o jogo, ou quando um(a) dos(as) capoeiristas assim o
desejar.
Retomando aos episódios de violência, Zonzon (2020) afirma que a saudosa mestra
Ritinha relatou ter visto uma mestra tomando um chute na barriga de um mestre renomado na
academia de Capoeira Angola. Somado a isso, a mestra Elma também já vivenciou situações
constrangedoras e violentas, tanto de ordem física quanto de ordem psicológica e moral, que
tentavam desqualificar, desvalorizar e retirá-la das rodas de capoeira (BARBOSA, V., 2017).
Nessa linha de raciocínio, Souza e Devide (2011) ainda apontam que as mulheres podem
enfrentar infantilizações e ridicularizações durante os ensinamentos e as vivências em rodas de
capoeira. Existem outras atitudes violentas executadas por capoeiristas no jogo, como: carregar

154
Cf. Camões (2020).
155
Cf. Martielo (2021).
156
Tipo de berimbau que tem a cabaça maior, também chamado de berra-boi. Sua função é organizar e direcionar
o ritual da roda de capoeira e geralmente é tocado pelo(a) mais velho(a), que tem mais experiência na capoeira.
125

as mulheres no colo, levantá-las beijando no glúteo, chutar suas costas, acertar golpes em seu
rosto, etc.
Que estratégias têm sido adotadas no universo da capoeira para lidar com as
desigualdades de gênero? Como modificar os comportamentos masculinos que oprimem e
violentam os direitos das mulheres capoeiristas? Quais as mudanças que têm ocorrido na
capoeira quando as mulheres se tornam ou são reconhecidas como mestras?
Essas perguntas são complexas, e, sem dúvidas, para haver grandes transformações no
universo da capoeira, é imprescindível que ocorram mudanças em diversos setores da
sociedade. Em consonância com Paulo Freire (1987), somos da opinião de que transformar a
realidade opressora é tarefa histórica, tarefa de homens e mulheres.

3.2.2.1 Ser mestra de capoeira

E lá vem ela, lutadora e guerreira,


ensinando a capoeira e também uma lição.
(MESTRA SIOMARA)157

Falar sobre ser mestra é refletir sobre a condição de ser mulher na sociedade,
perpassando por outros marcadores identitários; é tecer sobre as experiências, os saberes e os
conhecimentos adquiridos no decorrer das trajetórias nos grupos de capoeira, tanto no dos(as)
seus(suas) mestres(as) quanto em seus próprios espaços. É tecer ainda sobre as contribuições
culturais, sociais e educativas em distintos contextos, seja, eles escolares, comunitários,
familiares e universitários, dando aula, conduzindo eventos, liderando grupos, coletivos de
mulheres, etc.

Ser mestre é uma consequência de uma trajetória de desafios, que, inclusive,


aumentam com a mestria: 1) estar em forma pra responder às demandas da
roda; 2) dominar os instrumentos e a musicalidade; 3) ser bom professor; 4)
viajar bastante e fazer intercâmbio capoeirístico; 5) fazer eventos; 6)
conhecer a si próprio; 7) ser um eterno aprendiz; 8) desenvolver a empatia;
9) conviver com as desilusões; 10) saber porque está na capoeira e qual sua
missão; 11) ser exemplo; 12) a cada dia, evoluir como ser humano. (M 29).

É importante dizer que o significado de ser mestra(e) está em contínua transformação,


assim como a natureza e a sociedade estão em constante movimento, como assinalou Gadotti
(1997). Portanto, enquanto pessoas inacabadas e inconclusas, as mulheres mestras poderão ter
novos aprendizados e novas práticas pedagógicas dentro e fora da capoeira.

157
Trecho da música Mestra Siomara. Disponível em: https://bit.ly/3CUXEsN. Acesso em: 20 mar. 2021.
126

Corroborando com essa linha de pensamento, a M 62 ainda acrescenta que ser mestra é
“[...] conquistar a cada dia um espaço dentro da Capoeira, conseguir fazer um trabalho sério,
de qualidade e de muito reconhecimentos”.
Esses relatos expressam parte das exigências da prática de um(a) bom educador(a),
apontada por Paulo Freire, patrono da educação brasileira, dentre as quais se destacar: a
rigorosidade metódica, a pesquisa, o respeito, a ética, a reflexão crítica, a consciência do
inacabamento, o bom senso, a humildade, a tolerância, a curiosidade, o comprometimento, a
disponibilidade, a tomada de consciência, dentre outras (FREIRE, P., 1996).
Apesar das transformações que ocorreram no universo da capoeira ao longo da história,
alguns ensinamentos vão se mantendo ‘vivos’, propagados de geração para geração por
intermédio da figura do(a) mestre(a), considerado(a) o(a) guardião(ã) da memória da capoeira.
Para Bosi (1979), as pessoas mais velhas são a fonte de onde jorra a essência da cultura, na qual
o passado se guarda e o presente se prepara. Logo abaixo, apresentam-se depoimentos que
traduzem a relação entre mestre(a) e discípulo(a):

Acho que a experiência mais significativa seria ter os formandos que tenho
hoje, pois são pessoas que estão comigo ao longo de tantos anos, então é a
experiência de ser educadora (M 4).
Quem me faz eu me tornar mestra são meus alunos, eu aprendo todo dia e acho
que é mais isso, a relação de horizontalidade humana que tem na Capoeira
Angola, é o respeito pelo ser humano independente da função, da graduação;
a gente respeita a todos; o respeito é horizontal não porque você é mais ou
menos, mas porque você está. (Mestra Elma –BARBOSA, V., 2017, p. 116).
Um(a) mestre(a): o(a) mágico(a). O(a) catalisador(a). Um caminho de
ressignificação mitológica. Organizador do ritual. Elo palpável na cadeia de
pertencimento. Um(a) formador(a) de discípulos(as), um(a) discípulo(a).
Um(a) educador (a) angoleiro (a)! (Mestra Janja – SILVA, A., 2014, p. 47).

As falas acima confirmam a importância dos(as) discípulos(as) na vida das mestras(es)


e vice-versa, uma relação mútua e de interdependência nas trajetórias formativas. Para Abib
(2006, p. 93), nos ensinamentos dos(as) mestres(as), devem existir o respeito ao tempo de
aprender de cada discípulo(a), “[...] herança de uma pedagogia africana, baseada na
proximidade entre o mestre e o aprendiz”.
Assim, notei uma dupla importância, tanto das colaboradoras que são mestras para com
seus(suas) discípulos(as) como de seus(suas) ou outros(as) mestres(as) para consigo ao longo
de suas trajetórias de vida. Destacam-se, dessa relação, a relevância do convívio social de
forma/ acentuada, o exemplo de vida e a atuação de encorajamento, apoio e compartilhamento
de conhecimentos por parte dessas lideranças.
127

Meu mestre sempre foi o maior responsável pelo meu processo de


aprendizagem. Me ensinou os movimentos, os fundamentos e me orientou
quanto ao comportamento. Ensinou e ensina. Me direcionou e impulsionou a
me especializar com cursos, vivências e convivências. (M 87).

Dito de outra forma, o(a) mestre(a) é um(a) personagem importante que articula os
conhecimentos acumulados, tanto do passado como do presente, produzindo novas formas de
saber-fazer que podem contribuir significativamente para a formação de outros(as)
discípulos(as) (TUCUNDUVA, 2015).
No tocante à consagração de mestras, a maioria das colaboradoras relatou ter recebido
títulos dos(as) seus(as) mestres(as), e uma pequena parcela obteve reconhecimento apenas da
comunidade da capoeira. Esta última forma de reconhecimento, segundo Paiva (2007),
representa os pares da capoeira, que podem ser alunos(as), capoeiristas pertencentes ao seu
grupo, ou ainda ex-alunos(as) e contramestres (as) que têm relações com outros grupos de
capoeira.

O reconhecimento como mestre (tanto na capoeira, quanto na cultura popular


em geral) se dá então naturalmente, por parte da comunidade da qual ele faz
parte, por entender que foram preenchidos os atributos exigidos para tal
função. O título de mestre só tem legitimidade quando atribuído pelo grupo
social ao qual representa, que, em última instância, é quem delega autoridade
às suas lideranças. (ABIB, 2006, p. 95).

Será que o reconhecimento das mulheres na capoeira se dá naturalmente? Por que


existem um número menor de mulheres na condição de mestras de capoeira nos distintos
grupos, já que o número de mulheres treinando, às vezes, é igual ou superior ao dos homens?
Depois que as mulheres se tornam mestras, também desfrutam de prestígio social? Elas têm
legitimidade no universo da capoeira? Esses são alguns questionamentos importantes que
norteiam a minha escrita.
Um dos fatores importantes nos percursos formativos e nas atuações das mestras de
capoeira e dos(as) demais capoeiristas é o tempo. Este é influenciado pelas dinâmicas sociais:
tempo para se dedicar aos treinos e assumir múltiplos papeis sociais que são impostos
socialmente.

Os desafios são estar treinando, trabalhando, vivenciando a Capoeira no dia


a dia. Passar pela faculdade (jornalista PUC-RJ), assumir as escolhas na
vida, conviver com o sistema. (M 16).
Vida corrida, muito trabalho! (M 64).
128

O meu maior desafio sempre foi o manejo do tempo para conciliar as


exigências da profissão que escolhi (especializações e carga horária) com o
tempo dedicado à capoeira (treinos, estudos e aulas ministradas). (M 87).

A partir desses depoimentos, pode-se refletir sobre os obstáculos enfrentados pelas


mestras, como a administração do tempo, as múltiplas funções sociais e as histórias de vida. O
tempo de dedicação ao processo de ensino e aprendizagem da capoeira é diverso, pois, em cada
etapa da vida, podem acontecer inúmeros fatores, que ora aproximam, ora distanciam as
mulheres da prática da capoeira. Ainda sobre o tempo de serem consagradas mestras, as
colaboradoras relatam que:

Muitos outros homens com menos tempo, conhecimento e trabalhos em prol


alcançam essa graduação e não são tão questionados como nós mulheres.
Nossas capacidades são testadas a todo momento, por todos, como se eles
fossem melhores do que nós. (M 17).
O tempo para ser formada; via diversos capoeiristas (homens) mais novos na
capoeira do que eu sendo formados mestres, minha formatura, embora tivesse
trabalho e atividades voltadas para a capoeira, demorou. (M 26).
O tempo para alcança a mestria de capoeira foi maior, pois muitos duvidavam
da minha capacidade e maturidade, logo percebia uma resistência na
conquista dessa graduação. (M 47).

Em muitos depoimentos, ficou explícito que o tempo para as mulheres serem


consagradas mestras é mais longo do que para os homens. Não se trata apenas de dominar os
aspectos ritualísticos da capoeira, nem de desenvolver trabalhos para o reconhecimento, mas as
mulheres “[...] devem provar estarem aptas para a luta física, e se necessário devem lutar contra
homens” (FIRMINO, 2011, p. 98). Sobre isso, elas pontuam que, mesmo recebendo a titulação
de mestras, elas enfrentam os seguintes desafios:

Ser aceita por mestres mais velhos de capoeira, [pois]o machismo ainda
impera nas rodas. (M 20).
Hoje me sinto reconhecida nos lugares onde chego, mas, ainda assim, preciso
me afirmar para que os que não me conhecem me deem credibilidade. O
processo não vai acabar; acredito que nós é que estamos dispostas a enfrentar
esse machismo, que está enraizado. (M 69).
Eu sempre fui muito discriminada. Quando eu voltei para o Rio, ninguém me
aceitou como mestra. Eu tenho diploma do mestre Canjinquinha, fui a
primeira mestra oficializada pela Confederação Brasileira de Pugilismo
(CBP). (Mestra Cigana – CAMÕES, 2019, p. 61).

Foi possível perceber, por trás de cada depoimento, a complexidade do que é ser mulher
na pequena e na grande roda: os distintos obstáculos em suas trajetórias de vida, pela condição
de serem mulheres, os papeis sociais desiguais, os preconceitos e as resistências dentro e fora
129

da capoeira, que, de alguma fora, impactam em suas atuações. Além disso, alguns relatos
evidenciaram ainda o racismo estrutural:

Para uma mulher negra, o maior desafio é o reconhecimento, além dos


atravessamentos meritocráticos. Mesmo sendo mestra em Dança pela UFBA,
não tenho uma academia, e isso são questões pertinentes, já que 34 anos de
experiência não bastam! (M 90).
Embora seja um espaço da cultura negra, ainda tem poucas meninas e
mulheres negras ocupando [a capoeira]. Então, é muito fácil elas se sentirem
sem voz. E não é porque ninguém está calando explicitamente, mas porque
isso [o silenciamento] é recorrente na nossa formação, na sociedade. (Mestra
Cristina – DANTAS, 2020, p. 51).

Os depoimentos das duas mestras expõem as opressões e os preconceitos dentro das


estruturas do colonialismo e do patriarcado, que podem oprimir suas vozes, invisibilizar suas
trajetórias e histórias, dentro e fora da capoeira. A primeira reflete o racismo estrutural,
institucionalizado e cotidiano, e a segunda aponta a ausência da voz pelas estruturas de
opressão, que não permitem que as mulheres negras sejam escutadas (KILOMBA, 2019).
Assim, faz-se urgente a tomada de consciência política na pequena e na grande roda, a
necessidade de mobilização social contra o colonialismo, o patriarcado e o capitalismo, que são
estruturas de opressão e violência. E assim, nos jogos de disputa de poder, a valorização das
múltiplas identidades, o resgate da cultura afro-brasileira, os saberes e conhecimentos plurais
para avançar no resgate da democracia.
Como o universo da capoeira é constituído por pessoas que pensam e agem de modo
diferente, de acordo com suas crenças, seus valores e aprendizados, não há homogeneidade nos
significados e nas práticas pedagógicas das(os) mestras(es) de capoeira.
Nesse sentido, Gramsci (1982) aponta a importância da concepção de mundo que o
indivíduo possui, pois ela poderá contribuir para manter ou modificar a concepção de mundo
de seus aprendizes. Partindo desse pressuposto, não há neutralidade nas práticas pedagógicas
das(os) mestras(es), pois “A neutralidade é um dispositivo ideológico numa sociedade dividida
em opressores e oprimidos. Numa sociedade assim, permanecer neutro equivale a estar do lado
dos poderosos e dos opressores” (SANTOS, B., 2019, p. 75).
Nesse sentido, a capoeira, enquanto prática educativa, pode vir a ser um espaço político
para a superação das contradições da sociedade (GADOTTI, 1997). Caberia, então, às(aos)
mestras(es) mediar os saberes e os conhecimentos da capoeira, desafiar e estimular os(as)
discípulos(as) a pesquisarem sobre a capoeira, vivenciarem outras experiências com grupos e
rodas, além de promoverem mais debates e eventos formativos e políticos.
130

Foi interessante notar que as mestras desenvolvem distintas atividades, projetos, eventos
e trabalhos com a capoeira. Dentre os inúmeros trabalhos desenvolvidos, destacam-se: a
organização de encontros, como o ‘Encontro Nacional de Capoeira’, no Circo Voador, em 1985,
na Mesa Feminina de Capoeira (M 16); a construção de projetos como ‘É cor-de-rosa
choque’(M 35); a organização de Roda Feminina (M 40); o trabalho com a capoeira fora do
Brasil (M 2, 24, 43, 61, 69, 74, 99); a produção de DVD e CD (M 1, M 38); a representação em
conselhos de mestres do Iphan (M 48); atividades em uma Organização não Governamental
(ONG) (M 58, 84, 109); a presidência (M 94) e a vice-presidência de uma associação de
capoeira (M 68); e pesquisa científica (M 2, 35).
A partir disso, pode-se inferir que, durante suas trajetórias formativas, apesar de serem
marcadas por desafios e preconceitos de gênero, as mulheres têm conquistado distintos espaços
e campos de atuação, colaborando para o protagonismo, a visibilidade e o reconhecimento do
papel e da relevância das mestras de capoeira.
131

4 AS MESTRAS DE CAPOEIRA EM MÚLTIPLAS RODAS PELO MUNDO

Eu, pra contar minha história


Não conto de uma vez
Capoeira que me ensina
Angola quem me educou
Eu não sou Maria Felipa
Eu não tenho a sua cor
Mas eu me chamo Maria
e nessa luta eu também estou!
Camaradinha... (MESTRA GEGÊ)158

Nesta subseção, apresento os registros biográficos das mestras de capoeira, a partir de


múltiplas rodas. Na primeira roda, lanço mão de vestígios de mestras pioneiras, em seguida
apresento seus registros biográficos e discuto sobre suas atuações nos coletivos de capoeira.

4.1 DO JOGO DA NAVALHA AO JOGO DE CAPOEIRA: VESTÍGIOS DE MESTRAS


PIONEIRAS NO BRASIL

“Iêeeeeeeeeeeeee!
Vou contar uma história
falar de mulher guerreira
Mulher negra quilombola
A mulher na capoeira
Fala de Acotirene
Do seu grito que ecoou
Era a mãe do quilombo
Palmares ela lutou
Luisa, que é mulher negra
Gege e nagô da Bahia
Nos males e sabinada
Lutou em ninguém sabia
Ainda na velha Bahia
Falar de Janja e Felipa
Mulheres fortes guerreiras
Capoeiras destemidas
chegando no Pará
Terra de Silvia Leão
Ela é mestra Pé de Anjo
Mora no meu coração
Na angola ou regional
Ela mostrou o seu valor
E pra jogar lá no céu
Nosso senhor já lhe chamou
Camaradinha...
Iê, viva meu Deus!
Iê, viva meu Deus, camará159

158
Trecho da música de mestra Gegê (PINHEIRO, 2018, p. 98).
159
Música de Margarida, canto gravado em vídeo, em 4 de maio de 2018 (SILVA, M., 2018).
132

É através das cantigas de capoeira que a cultura popular pode se manter ‘viva’,
propagada entre as diversas gerações, revelando trajetórias de mulheres e homens capoeiristas.
Nessas cantigas, além do resgate histórico de mulheres guerreiras que lutaram no período da
escravidão e colonização, foram registradas histórias de mestras, como as das mestras Janja e
Pé de Anjo (in memoriam).
É importante acompanhar o processo histórico da capoeira, que foi abordado no capítulo
anterior, para facilitar a compreensão em torno da invisibilização dos registros biográficos e
documentais sobre as mulheres na capoeira, principalmente nos séculos XIX e XX. Assim,
Salvatici (2005, p. 36) acrescenta que

A história oral de mulheres contribui para destacar a interconexão entre a


construção de papéis sociais e os direitos de cidadania nas narrativas coletivas;
isso significa que a história oral de mulheres suscita novas questões na esfera
da relação entre história e memória.

Portanto, recuperar histórias e memórias das mulheres – no caso específico desta


pesquisa, das mestras de capoeira – também ajuda a combater a invisibilização, a fortalecer o
protagonismo das mulheres e a lutar contra o machismo e sexismo, dentro e fora da roda.
Apesar de se disseminar que a presença das mulheres na capoeira é algo recente, em
torno da década de 1980, pude notar que desde o século XIX, em distintas regiões do Brasil, as
mulheres valentes já vivenciavam esse universo, inclusive, há indícios de que antes desse
período já havia sido registrada a existência de mestras de capoeira.
Contudo, a década de 1980 foi um marco importante, por ter dado abertura para maior
inserção das mulheres na capoeira, acompanhada de diversas conquistas sociais, dentre as quais
o acesso à educação, a não obrigatoriedade do casamento e deter filho(a), a difusão de métodos
anticoncepcionais, o crescimento de oportunidades na esfera profissional e a formatura da
primeira mestra de capoeira160 (FIRMINO, 2008).
Sobre os pioneirismos das mestras de capoeira, apesar de ter encontrado fontes
documentais que me possibilitaram descobrir várias histórias e memórias das mulheres na
capoeira, não se sabe quem foi a pioneira mestra no Brasil. Assim como Gamboa (1998, p. 31),
compreendo que “[...] o fenômeno indica a essência e, ao mesmo tempo, a esconde. A essência
se manifesta no fenômeno, mas parcialmente; entre fenômeno e essência existe uma relação
íntima”.

160
Vários estudos apontaram o reconhecimento da mestra Cigana como a pioneira (SILVA, M., 2017).
133

A partir do levantamento documental realizado, apresento, abaixo, imagens de possíveis


mestras pioneiras de capoeira (Figura 21) e destaco a importância de novos estudos científicos
que aprofundem as narrativas das mestras de capoeira diante da complexidade que é essa
temática, situando a memória em torno do espaço e do tempo (HALBWACHS, 1968).

Figura 21 – Mestra Tonha Rolo do Mar (esq.), mestra Sandrinha (centro) e mestra Cigana (dir.)

Fonte: María de la Paz Ramons (2020),161 Revista Dô162 e Revista Praticando Capoeira (da esquerda para a
direita).

As imagens apresentadas na Figura 21 se referem, possivelmente, às primeiras mestras


de capoeira do Brasil. A primeira imagem (à esquerda) é da mestra Tonha Rolo do Mar (in
memoriam), a segunda (ao centro) é da mestra Sandrinha (in memoriam); e a terceira (à direita),
da mestra Cigana. São histórias de mulheres que viveram em tempos distintos, ora
reconhecidas, ora desconhecidas pela literatura científica e historiografia. A elas, dedico estes
versos, de minha autoria:

Tonha Rolo do Mar queria saber da sua história


Que ensinou a Cobrinha Verde o jogo da navalha.
Foi lá em Santo Amaro, terra de tantos capoeiras.
Você partiu de Santo Amaro e foi morar lá no Tomba.
Perguntei aos velhos mestres de Santo Amaro
e de Feira de Santana.
Ninguém sabia dizer, mas sua história vou escrever.
Iê, viva meu Deus!! Iê, viva as mulheres!!
Iê, viva as mestras!! Iê, viva mestra Tonha Rolo do Mar.

161
Obra Capoeiras Notebook 2021, Impresso em Málaga España. Disponível: Paz Ramos illustration
(@ramosreyes.paz) • Fotos e vídeos do Instagram. Acesso em: 1º ago. 2021.
162
Mestra Sandrinha. A mulher na roda de capoeira. Dô. Revista de Artes Marciais, n. 10 (1979), p. 22-25.
134

Figura 22 – Entrevista do mestre Cobrinha Verde mencionando a mestra Tonha Rolo do Mar

Fonte: M. Santos (1991).

No trecho destacado, o mestre Cobrinha Verde163 fala que considerava Tonha Rolo do
Mar, seu ‘mestre’ de jogar a navalha no cordão, nas mãos e nos pés. Nesse período, tanto a
navalha, quanto o pau e a faca eram símbolos que se associavam à capoeiragem (FIALHO,
2019). Importante situar que o mestre Cobrinha Verde nasceu em Santos Amaro, em 1917, e
viveu até 1983, tendo passado por vários lugares, como Manaus, Salvador, São Paulo, entre
outros.
Contudo, não é possível afirmar por quanto tempo a mestra Tonha Rolo do Mar
contribuiu com a trajetória do mestre Cobrinha Verde, nem em que ano isso aconteceu;
possivelmente, deve ter sido durante as primeiras décadas do século XX, pelos fatos narrados
no livro de M. Santos (1991), citado nas pesquisas de Simões (2002) e Castro (2007). Essa
ausência de registros compromete o trabalho dos(as) pesquisadores(as) e pode enviesar os
discursos, para que não sejam reais.
Importante destacar que dialoguei com alguns(mas) historiadores(as) e capoeiristas,
como Josivaldo Pires de Oliveira,164 Antônio Liberac Cardoso Simões Pires,165mestre
Macaco,166 e Mônica Beltrão,167 sobre a história da mestra Tonha Rolo do Mar. Apenas Beltrão
tinha a referência do livro, o qual foi citado anteriormente, os demais não tinham nenhuma
informação sobre a mestra.
Não encontrei mais informações sobre a mestra Tonha Rolo do Mar na Coleção
Biográfica: os mestres Pastinha, Bimba e Cobrinha Verde no Museu Afro-Brasileiro da UFBA

163
Rafael Alves França, nascido em Santo Amaro.
164
Mestre Bel reside atualmente em Feira de Santana, é doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA,
leciona História da África na Uneb, tem várias produções científicas e, recentemente, em 2019, lançou o livro
O urucungo de Cassange: um ensaio sobre o arco musical no espaço atlântico (Angola e Brasil).
165
Graduado, mestre e doutor em História, atualmente é professor de História na Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB).
166
Raimundo José das Neves é uma referência dentro de Santo Amaro, onde desenvolve atividades culturais como
maculelê e capoeira. É fundador da Associação de Capoeira Arte e Recreação Berimbau de Ouro (Acarbo).
167
Técnica Pedagoga, servidora pública de Recife, escritora e capoeirista.
135

lançado em 2015, apesar de haver informações sobre ela na obra de Marcelino Santos (1991),
o qual foi referenciado em um dos capítulos sobre o mestre Cobrinha Verde.
Nesse sentido, apesar de o trabalho aprofundar as histórias e memórias de mestres
pioneiros em Santo Amaro, como Besouro Mangangá, Gato, Cobrinha Verde, Messias, etc.,
também não localizei informações sobre a supracitada mestra na dissertação de Barcelli (2018),
que tratou sobre a capoeira no Recôncavo Baiano.
O fato de não encontrar outros vestígios sobre a referida mestra leva-me a refletir sobre
a invisibilização da história das mulheres, uma ausência “[...] construída nos processos de
memória e esquecimento, influenciados pela colonização dos valores da Capoeira pelo
binarismo de gênero, exógeno ao caldeirão cultural afro-brasileiro que herda outras maneiras
de compreender e constituir as diferenças” (FIALHO, 2019, p. 146).

Mestra Sandrinha foi capoeira


Na década de 70 já era guerreira.
Numa época que não era bem-vinda,
A mulher estava na capoeira.
Ela foi umas pioneiras
No Rio de Janeiro, já dava rasteiras.
Não sei se foi mestre Caiçara,
mestre Roque ou reconhecimento popular.
Mas a sua memória permanece bem viva
no imaginário popular.
136

Figura 23 – Entrevista de mestra Sandrinha

Fonte: Mestra Sandrinha. A mulher na roda de capoeira. Dô. Revista de Artes Marciais, n. 10 (1979), p, 22-25.

Mestra Sandrinha (in memoriam), uma das mestras pioneiras na capoeira, nasceu em
1959, no estado do Rio de Janeiro. Participou de vários shows com o Grupo Sabata, no Clube
Guanabara e no Grupo Filhos de Obá, do Rio de Janeiro e da Bahia, respectivamente. Em 1970,
137

ela já lecionava capoeira no grupo Bantus de Capoeira, do mestre Roque, no Moro do


Pavãozinho, conforme registrado na Revista Dô (1979).
Nesse contexto, a pesquisa de Poglia, Salom e Churrasco (2020) confirmam que, na
década 1970, o mestre Churrasco relatou ter passado por grandes mestres(as), dentre os(as)
quais consta o nome da mestra Sandrinha (RJ).
Tanto a revista quanto a narrativa do mestre Churrasco registram o nome da mestra
Sandrinha (in memoriam). Para Abrahão (2003), por meio da memória, a pesquisadora pode
reconstruir elementos de análises para auxiliar no entendimento do objeto de estudo.

Mestra Cigana
A fafá de Canquijinha
Nossa guerreira capoeira
Foi uma das pioneiras
Que lutou sem desistir.
No seu início, ela teve que casar
Para jogar a capoeira e também se libertar.
Ao escolher a capoeira,
Perdeu a guarda dos filhos e o esposo.
Quebrando tabus por ser mulher
A sua história é inspiradora.
Foi na década de 80
que foi reconhecida a mestra
Mas sofreu perseguição,
Machismo e também opressão.
Você não está sozinha,
você é a nossa inspiração.
138

Figura 24 – Entrevista com a Mestra Cigana

Fonte: Revista Praticando Capoeira, ano 1, nº 4.

Essa é a mestra Cigana (Figura 24), uma das mestras pioneiras que iniciaram na capoeira
em 1970. Foi reconhecida mestra em 1980, pelo mestre Canjiquinha. A sua biografia pode ser
encontrada em alguns estudos científicos, como o de A. Silva (2019), em vídeos do YouTube,
em reportagens disponíveis nas redes sociais, entre outros meios. Nascida em 23 de junho de
1956, em Volta-Redonda, foi no Pará que iniciou na capoeira, e em Salvador foi reconhecida
mestra. Na próxima subseção, apresentarei o seu registro biográfico e mais informações sobre
sua trajetória de vida.
139

Na presente subseção, trouxe alguns elementos para aguçar as reflexões em torno dos
registros sobre o pioneirismo de algumas mestras de capoeira. Se, no passado, a forma de
registrar os documentos excluía as mulheres, atualmente, elas têm narrado suas trajetórias em
livros, documentários, dissertações, teses, etc. A seguir, apresento registros biográficos sobre
algumas mestras de capoeira.

4.2 REGISTROS BIOGRÁFICOS DE MESTRAS DE CAPOEIRA

Foram quatro anos de intensa busca


Descobertas e travessias.
Não por modismo, mas por compromisso
De conhecer e dar visibilidade
às histórias das mulheres.
Mestras de diversos estilos e linhagens
Que lutaram para se inserir e
permanecer na capoeira.
Hoje, deixam seu legado
para preservação da nossa cultura popular.
Que sejam eternamente
lembradas, diariamente cantadas
sempre valorizadas
enquanto existir nossa arte afro-brasileira.

O catálogo de registros biográficos das mestras foi construído a partir de um denso


levantamento em fontes documentais (livros, artigos científicos, dissertações, teses, filmes,
blogs, redes sociais), da aplicação de questionários e de relatos orais e escritos compartilhados
pelas mestras no aplicativo de mensagens do WhatsApp.168
Os registros biográficos possibilitam a exploração dos processos de gênese e devir das
pessoas em seus espaços sociais, evidenciando como dão forma às suas experiências, como
significam as situações e os acontecimentos de suas vidas (DELORY-MOMBERGER, 2012).
Nesse sentido, cada registro é parte de uma coletividade que ora se aproxima, ora se distancia
em suas diversas trajetórias de vida, singularidades, compreensões e implicações formativas na
capoeira.
O catálogo de mestras de capoeira foi iniciado em 2017, quando eu estava cursando o
mestrado em Educação no PPGE/UFBA, e algumas de suas versões iniciais foram apresentadas
em eventos acadêmicos (FRANÇA; GUEDES, 2017; FRANÇA, 2018b) e também na própria
dissertação, em 2018 (FRANÇA, 2018a). Com a ampla socialização de uma lista de mestras de
Capoeira nas redes sociais e na dissertação de Camões (2019), atualizei o mapeamento.

168
Cf.: https://www.whatsapp.com.
140

Para sistematizar o catálogo com os registros biográficos das mestras foi crucial a
aplicação de questionários tendo a colaboração de 109 mulheres autodeclaradas mestras, a obra
de Toninha (2019),169Maxwell (2019)170 e Figueiredo (2021)171que apresentaram diversas
biografias das mestras.
Foram também importantes uma edição da Revista Dô,172 os livros de M. Santos (1991),
de173 Oliveira e Fagundes (2020) e de174 Bonates e Cruz (2020);175 as pesquisas acadêmicas de
S. Santos (2011),176 Fernandes (2013),177 A. Silva (2014),178 Granada (2017),179 V. Barbosa
(2017),180 M. Silva (2017),181 Pinheiro (2018),182 A. Silva (2019),183 Camões (2019),184 E.
Oliveira (2019),185 Tomé (2020)186 e Dantas (2020),187 as quais possibilitaram o
aprofundamento sobre as histórias de vida de algumas mestras.
Uma das pesquisas acadêmicas pioneiras sobre mestras de capoeira foi a de Eliane Reis,
conhecida como mestra Francesinha, na dissertação Capoeira Regional: representações sociais
das mestras e formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio de Janeiro em
2011. Alguns anos depois, a autora publicou a tese As mestras de capoeira: empoderamento e
visibilidade, em 2018, na qual analisou 10 trajetórias de mestras e formandas.
Importa sublinhar que, através do Projeto ‘Saberes dos mestres e das mestras na capital:
a salvaguarda da Capoeira Viva’, coordenado pelo mestre Thiago Baldez e Jaqueline de Moraes
e Silva, foi possível ter acesso a algumas biografias188 de mestras do Distrito Federal. Em 2022,
será lançado o resultado da pesquisa, intitulada As mestras do Distrito Federal. No mesmo ano,

169
O livro disponibiliza as biografias das seguintes mestras: Colette, Janja, Ritinha, Paulinha, Cristina, Elma,
Tisza, Samme, Gegê, Di, Jararaca, Alcione, Cris e Nani.
170
A obra narra a história de vida de várias mestras, como: Ana Dourada, Cigana, Criança, Francesinha, Gegê,
Iúna, Janja, Jô, Lu Pimenta, Mara, Nani de João Pequeno, Nega Uara, Noa, Preguiça, Renatinha, Rosita, Sara,
Suelly, Tida, Tisza, Úrsula, etc.
171
A obra apresenta as mestras: Bya, Claudia, Dandara, Esperança, Fafá, Janja, Jararaca, Lene, Nani de João
Pequeno, Nena, Patrícia, Paulinha, Pequena Rasta, Preguiça, Raquel, Soninha, Taísa, Tekka e Tisza.
172
A revista apresenta registros biográficos sobre a mestra Sandrinha (in memoriam).
173
A obra revelou vestígios sobre a mestra Tonha Rolo do Mar (in memoriam).
174
O livro socializou biografias das mestras Valdira e Valéria, consagradas em 2021.
175
Os autores apresentam informações sobre a mestra Deusa.
176
A autora apresentou registros sobre as mestras Cigana, Janja e Edna Lima.
177
O estudo tratou sobre a biografia da mestra Maria Pandeiro.
178
A dissertação tratou sobre Ana Maria, que foi reconhecida mestra em 2021.
179
O autor trouxe algumas informações sobre a mestra Sylvia.
180
A pesquisa discorreu sobre a história de vida da mestra Elma.
181
A produção acadêmica versou sobre a mestra Pé de Anjo (in memoriam).
182
O estudo abordou as trajetórias das mestras Janja e Paulinha.
183
A dissertação apresentou as biografias das mestras Janja, Gegê, Cigana e Jararaca.
184
O estudo tratou sobre a biografia da mestra Catita.
185
A produção acadêmica discorreu sobre a mestra Furinha.
186
A dissertação escrita pela mestra Tati tratou sobre sua trajetória na capoeira.
187
A pesquisa tratou sobre as histórias de vida das mestras Elma e Cristina.
188
Foram disponibilizadas as entrevistas das mestras Alaíde, Baianinha, Meo, Mirinha, Quequel e Zanga.
141

será lançado pelas autoras, Ananda Bermudes Coutinho e Chaila Jacobsen Leopoldino, o livreto
“Mulheres de ginga: Um registro de capoeiristas do Espírito Santo”.
Após a sistematização inicial dos registros biográficos, construídos a partir das respostas
dos questionários e do levantamento documental, contactei 198 mestras de capoeira, para
atualizar as informações e solicitar autorização para apresentar os seus registros biográficos na
minha pesquisa.
A pesquisa buscou resgatar memórias subterrâneas sobre as mestras de capoeira, que,
durante muitos anos, foram invisibilizadas e silenciadas (POLLACK, 1989) no decorrer da
história. Contudo, esse catálogo também pode funcionar como um instrumento de diagnóstico
que possibilite a reflexão sobre as diversas histórias e os caminhos percorridos na pequena e na
grande roda, nos distintos territórios.
Para fazer tessituras sobre o território, fundamento-me no pensamento de Milton Santos
(2003), que aponta ser o chão e a população uma identidade, o sentimento de pertença. Diante
disso, penso que é fundamental situar, no tempo e no espaço, o sujeito que pertence ou ocupa
um determinado espaço geográfico.
Dito de outra forma, Santos (2004) assevera que o território é sinônimo de espaço
humano, espaço habitado, no qual as pessoas transitam para trabalhar, desfrutar do lazer,
vivenciar as rodas de capoeira, interagir socialmente, dentre inúmeras possibilidades de
pertencimento.
Não aprofundarei as singularidades de cada região, mas é importante apontar que as
questões políticas, econômicas, culturais e sociais de cada lugar interferem na trajetória e na
formação das(os) praticantes de capoeira. É nesse sentido que pretendo apresentar os registros
de mestras de capoeira das cinco Grandes Regiões do território brasileiro, a saber: Nordeste,
Sudeste, Sul, Centro-oeste e Norte.
Esse levantamento é inclusivo, portanto aberto a novas pesquisas científicas, a fim de
atualizá-lo e, se possível, divulgar as informações no universo da capoeira como forma de
salvaguardar memórias e histórias de guardiãs da cultura popular, evocando o passado e fazendo
apelo às lembranças (HALBWACHS, 1968). Ao total, o catálogo contém 257 biografias de
mestras de capoeira pertencentes a distintos territórios, dentro e fora do Brasil.
O funcionamento da memória individual não é imaginável sem estes instrumentos, as
ideias e as palavras, acrescidas ainda das fotografias das mestras de capoeira, que, juntas,
qualificam a escrita, ilustrando e retratando o que se escreve (BRANDÃO, 2005). Elas podem
trazer constatações compreensíveis ao apresentar um texto de outra alocução que dialoga
paralelamente com a escrita.
142

São imagens [...] que nos permitiram compreender e interrogar, de certo modo,
a sociedade em que vivemos, criando ‘conhecimentos significações’ e
memórias, fazendo, assim, ressurgir sentimentos e pensamentos cada vez que
as ‘vemosouvimos’. Isto nos permite afirmar que essas imagens [...] nos
formam, desde sempre, como pessoa, cidadão e profissional. (ALVES et al.,
2020, p. 225).

As distintas histórias de vida de mestras e mestres considerados(as) baluartes da


capoeira ainda não estão sob a proteção de instrumentos legais nem de políticas públicas que
garantam o reconhecimento e a melhoria de suas condições de vida (BUSSOLETT; VARGAS;
PINHEIRO; 2014). Portanto, a produção do conhecimento, enquanto ato político, pode
colaborar para denunciar e evidenciar essa realidade, em que muitos mestres e mestras de
capoeira, independentemente do estilo, ainda se encontram desemparados(as) pelo poder
público.
Contudo, há mestras(es) de capoeira que se articulam por meio de entidades públicas e
coletivos para pautar medidas que garantam a salvaguarda da capoeira em seus estados. Importa
dizer que, nesses espaços representativos, a presença das mulheres ainda acontece de forma
tímida. Na Figura 25, apresento o panorama das mestras de capoeira dentro e fora do Brasil.

Figura 25 – Panorama das mestras de capoeira

Fonte: elaborado pela autora.


143

No catálogo exposto (biografias completas no Apêndice K), é possível ver o panorama


geral com os nomes das mestras de capoeira. A separação não obedeceu a critérios de estilo e
linhagem de capoeira, apesar de ser importante compreender que cada vertente tem seu habitus
capoeirístico, havendo diferenças nos processos formativos, nos fundamentos e nos rituais
ensinados, assim como no tempo necessário à titulação das mestras.
A Região Sudeste é composta pelos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas
Gerais e do Espírito Santo. O estado de São Paulo conta com 45 mestras, seguido do Rio de
Janeiro, com 41 mestras; e em menor proporção, de Minas Gerais, com 14 mestras, e do Espírito
Santo, com 6 mestras, totalizando 106 mestras.
A Região Nordeste é composta por nove estados, qual sejam: Bahia, Sergipe, Alagoas,
Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Paraíba. O estado com o maior
quantitativo de mestras é a Bahia, com 46 mestras, seguida do Ceará, com 14. Em terceiro lugar
está o estado de Pernambuco, com 10 mestras; e em menor proporção, o Rio Grande do Norte,
com 4, o Maranhão, com 3, e a Paraíba, com 2. Os demais estados contam com apenas uma
mestra cada, como Sergipe e Piauí, ou não têm nenhuma mestra, como Alagoas. No total, a
região conta com 81 mestras.
A Região Centro-Oeste é formada por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o
Distrito Federal. O Distrito Federal conta com 17 mestras, seguido de Goiás, com 6 mestras, e
do Mato Grosso do Sul, com apenas uma mestra. Ao total, há 24 mestras na região. Vale
salientar que não foi encontrada nenhuma mestra no estado do Mato Grosso.
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do
Sul. O estado do Rio Grande do Sul conta com 6 mestras, enquanto o Paraná e Santa Catarina
contam com 3 mestras cada. Ao total, a região contabiliza 12 mestras.
A Região Norte é composta pelos seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, Roraima,
Rondônia e Tocantins. Os estados em que há mestras de capoeira são o Amazonas, com 3
mestras, o Pará, com 3 mestras, e o Tocantins, com 1, totalizando 7 mestras na referida região.
Já no exterior, foi possível catalogar 27 mestras, espalhadas pelos seguintes países:
Estados Unidos (10), França (5), Reino Unido (3), Israel (2), México (1), Canadá (1), Alemanha
(1), Suécia (1), Áustria (1), Austrália (1) e Moçambique (1).
A partir do quantitativo de 257 mestras em território nacional e internacional, foi
possível perceber a distribuição desse grupo em distintos espaços geográficos. Cumpre
esclarecer, porém, que não há relação direta entre o tamanho do espaço e o quantitativo de
mestras de capoeira.
144

Apesar desse avanço quantitativo e qualitativo, é constante a luta das mulheres pela
conquista de espaços, na capoeira e na sociedade. Paulatinamente, elas vão sendo reconhecidas
por seus grupos, pelo trabalho desenvolvido em suas comunidades e cidades, recebendo moção
de congratulações e até título de doutora honoris causa, no caso de uma mestra.
O catálogo de mestras apresentado acima identificou mulheres de distintas gerações,
etnias, orientações sexuais, territórios geográficos, grupos e linhagens de capoeira. As mestras,
em sua maioria, desenvolvem trabalhos (corporais, artesanais, acadêmicos, cinematográficos,
literários, etc.) com a capoeira em distintos espaços sociais e educativos, mas há mestras que
não pertencem mais ao universo da capoeira. É importante apontar que as mestras de capoeira
estão conquistando seus espaços e protagonizando suas histórias dentro e fora da capoeira.

Na roda do mundo, com a mestra eu vou


Jogar capoeira, tocar berimbau,
contar sua história. Isso é fenomenal.
Se no passado não se falava em mestra,
Agora eu vou te falar
São mais de 250 mestras, camará,
Em tantos espaços, elas vão te ensinar.
Existem muitas mulheres que sempre foram referências
Desenvolveram um trabalho com amor e persistência.
São exemplos de luta, educadora popular.
Não constam nessa lista agora, mas nas outras elas vão estar, camará!
Tem mestras à frente de grupo
Tem mestras fora do Brasil
Tem mestras se formando agora,
Pra outras mestras se multiplicarem, camará!
Iê, viva nossas mestras, elas têm muito valor,
Suas memórias e histórias
com valentia o mundo ganhou.

4.3 MESTRAS NO JOGO DA RESISTÊNCIA: COLETIVOS E MOVIMENTOS DE


MULHERES NA CAPOEIRA

Que os coletivos sejas espaços de luta


e transformação, e não de alienação.
Que sejam diversos na forma de pensar,
E inclusivos na hora de executar.
No coletivo podemos avançar,
Aprender com o outro e a outra
Assim vamos revolucionar, camará!

Nesta subseção, trato de forma embrionária os surgimentos, as pautas e as intervenções


dos coletivos e dos movimentos de mulheres na capoeira, dos quais muitas mestras estão na
liderança ou colaborando (in)diretamente. Inicialmente, recuperei algumas ações sinalizadas
145

nas análises dos dispositivos da pesquisa e, posteriormente, articulei as leituras e as vivências


aos avanços e retrocessos em torno da luta contra o machismo e o racismo na capoeira.
A falsa democracia189 nos espaços da capoeira tem levado as mulheres a adotarem
estratégias e realizarem intervenções para combater a discriminação e a exclusão nesse
universo. Uma das formas de compartilhar as experiências, organizar estratégias e realizar ações
de distintos tipos é organizar coletivos e movimentos; neste caso específico, de mulheres.
Pinheiro (2018) assinala que existem divergências nas nomenclaturas e nos formatos
dos eventos de capoeira, principalmente da parte de quem os idealiza e organiza. Portanto, há
diferenças entre as perspectivas feminista e feminina. Os eventos femininos, geralmente,
recebem essa nomenclatura para que possam ser concretizados com o aval do mestre, e neles
há limitação no planejamento e na condução. Já a lógica dos eventos feministas visa colocar a
mulher como protagonista no processo, desconstruindo falas e atitudes machistas, dando voz e
visibilidade às mulheres e reconhecendo e valorizando a presença da mulher na capoeira. Esses
eventos tornam visíveis as mulheres que, até então, eram prestadoras de serviços e assessoras;
bem como estabelecem regras para que sempre haja uma mulher no jogo, na cantoria e no
berimbau (SILVA, E., 2018), o que favorece a liberdade e a autonomia para as mulheres
jogarem, tocarem, cantarem e interagirem com outras(os) capoeiristas.
É importante dizer que a luta feminista tem ganhado notoriedade também na capoeira, e
assim ampliado a adesão de capoeiristas e a visibilidade das produções científicas, o que
possibilita um amplo debate acerca do machismo, do sexismo e do racismo na capoeira. Dessa
forma, as ações, sejam pontuais ou não, demonstram a competência e a responsabilidade das
mulheres, que transformam esses espaços em lugares socais e democráticos (SANTOS, S.,
2011).
Dantas (2020) afirma que as primeiras experiências coletivas de mulheres capoeiristas no
contexto alemão foram protagonizadas por Katarina Doring, Yvone, Trude, Anja e Cris Kerz;
bem como pelas angoleiras Suzy e Andrea Angolina. Nos Estados Unidos, as principais
articuladoras foram a mestra Suelly e Anne Pollack; e no Brasil, Janja e Paulinha (hoje mestras),
alunas do mestre Moraes na época em que organizavam o grupo de estudo.
Bonates e Cruz (2020) catalogaram os diversos eventos e movimentos conduzidos por
mulheres, desde 1992, na região do Amazonas, dentre os quais se destacam: I Grande Roda
Feminina de Capoeira (1992), VIII Encontro Feminino de Capoeira (2000), I Roda de Capoeira
do Movimento Feminino (2014), I Encontro ‘Menina que Ginga’ (2016), I Roda Feminina do

189
A capoeira, ao mesmo tempo em que é uma prática inclusiva e democrática, também pode reproduzir a
exclusão, o machismo e o sistema patriarcal (SILVA, E., 2018).
146

Movimento ‘Simbora, Nega de Capoeira Angola’ (2016), Roda Feminina de Capoeira:


‘Menina, vem Jogar’ (2018) e I Vadeia com as Amazonas (2019).
Em 1995, a mestra Janja, juntamente com a mestra Paulinha e o mestre Poloca, fundou
o Grupo Nzinga de Capoeira Angola,190 que tem como finalidade a luta contra o racismo e o
sexismo, dentro e fora da capoeira, abarcando a pluralidade no aporte do feminismo e
considerando as negociações, as tensões e os acordos étnico-raciais (NAVARRO, 2018;191
SILVA, 2014; PINHEIRO, 2018; DANTAS, 2020; TAVARES, 2019).
Essas mobilizações que ocorrem na sociedade reverberam no universo capoeira, que vai
ganhando terreno fértil nas discussões, reinvindicações e conscientizações. É preciso romper
com o racismo estrutural, repensar os valores civilizatórios, promover narrativas contra práticas
hegemônicas que privilegiam determinada classe social e raça. Talvez assim, seja possível
diminuir as diversas opressões e violências que estão arraigadas pelo racismo e machismo.
Retomando a discussão dos eventos conduzido por mulheres na capoeira, no estudo de
Reis et al. (2016), foi apontada a realização do Encontro Feminino Nacional, em 1993, pelas
capoeiristas Baixinha e Francesinha, do Grupo Capoeira Brasil, atualmente mestras de capoeira,
que, na época, reuniu 300 mulheres na cidade de Niterói.
No final da década 1990, Sônia e Cristina Nascimento, que, na época, ainda não era
mestra, organizaram três encontros de mulheres capoeiristas, que deram origem às Angoleiras
do Rio. Cristina Nascimento se inspirou em uma roda em homenagem às mulheres que ocorrera
na Fica, em Salvador (DANTAS, 2020).
Já fora do Brasil, especificamente em Madri, em 1994, ocorreu o Encontro Internacional
da Associação de Capoeira ‘Descendentes de Pantera’, cujo tema contemplava “O progresso da
mulher na capoeira” (ZONZON, 2020). Esse tema me levou a vários questionamentos,
principalmente pela palavra ‘progresso’ no tocante às mulheres na capoeira.
Será que as mulheres tinham as mesmas oportunidades de aprender? Será que elas eram
valorizadas e reconhecidas nos grupos? Por que se deu ênfase apenas à mulher e ao seu
progresso num evento internacional? É evidente que não conseguirei aprofundar essas questões,
pois não participei do evento, nem dialoguei com a equipe organizadora, o que poderia me
fornecer informações mais detalhadas a respeito do objetivo e da condução do encontro.
Nos Estados Unidos, a partir de 1997, ocorreu uma série de conferências sobre essa
temática, por iniciativa da Fica, que contaram com a colaboração de Gegê (hoje mestra) no

190
A tese de Dantas (2020) aprofundou o debate sobre a criação e as ações do referido grupo.
147

processo organizativo. Fizeram-se presentes, em solo estadunidense, em Washington, as


mestras Janja e Paulinha (DANTAS, 2018, 2020).
Retornando para o Brasil, no Maranhão, no final da década de 90, a Samme Sraya (hoje
mestra), juntamente com outras mulheres da Escola do Laboarte, criou o Movimento Mulheres
Capoeiras (MMC), que tinha por objetivo dar visibilidade ao saber-fazer e firmar a inserção das
mulheres na atividade capoeirística de forma plena. Posteriormente, foi criado o Coletivo
‘Angoleiras do Upaon Açu’ (ZONZON, 2020).
No sul do Brasil, em 1999, ocorreu o I Encontro Feminino de Capoeira do Rio Grande
do Sul, idealizado pela professora Coelha e por Carla Ribeiro, o qual contou com debates,
treinos e palestras. Anos depois, em 2001, num evento público, aconteceu a mesa ‘Capoeira e
Gênero’; ao total foram oito participações em Fóruns Gaúchos, além de oficinas na Secretaria
de Cultura (FIGUERÔA, 2021).
Ainda em 1999, na cidade do Paranoá, DF, no dia 2 de maio, aconteceu o I Encontro
Nacional Feminino de Capoeira Mandinga Brasil, organizado pela instrutora Bad, hoje mestra
Bad. A programação do evento contou com o debate sobre a história da capoeira, o papel social
da capoeira e a mulher na capoeira, tendo como palestrantes: mestres Squisito, Amador e
Gilvan; contramestras Mara (atualmente mestra) e Zangada (hoje mestra) e contramestre Catitu.
Os movimentos e coletivos protagonizados pelas mulheres possibilitam que elas
organizem a programação dos eventos; conduzam treinos, palestras, rodas; e desenvolvam as
habilidades do canto, do toque e do jogo de capoeira. Diante disso, Conrado (2006) considera
essa atitude política, pois as mulheres vão experimentando o protagonismo, já que não se trata
de mera separação entre homens e mulheres.
Em alguns casos descritos acima, os encontros eram ações pontuais em distintos
contextos geográficos. Entretanto, em outros lugares, o evento de mulheres foi o início para a
criação de um coletivo de mulheres atuantes, como ocorreu em Belém, PA, no dia 10 de março
de 2002. Em homenagem ao dia internacional da mulher, que é celebrado no dia 8 de março,
foi realizada uma Roda das Mulheres Capoeiristas. O encontro contou com uma orquestra de
berimbaus conduzida só por mulheres, além de várias rodas comandadas por mulheres. Logo
depois, o evento se transformou no MCM192 (SILVIA, 2018).

192
Tinham como integrantes Pé de Anjo, Sininho, Karen, Cristina, Margarida, Catita, Suely, Tsunami e muitas
outras paraoaras (SILVIA, M., 2018).
148

Em 2004, foi criada a Rede Angoleira de Mulheres (RAM),193 sob a liderança da mestra
Janja, cuja finalidade é construir diálogos e ações de resistência, aproximando mulheres de
diferentes locais, dentro e fora Brasil, fortalecendo ações, conversas e eventos, bem como
realizando manifestações públicas, como cartas de repúdio, por exemplo (CAMÕES, 2019).
Em 2006, na Alemanha, as angoleiras do Grupo Chamada de Mandinga (GCM)
organizaram o evento ‘Angoleiras em Colônia/Angoleiras sem Colônia’, para debater as
desigualdades sociais e políticas e as relações de gênero, com a participação das mestras Janja,
Paulinha, Cristina e Gegê e das contramestras Susy e Chris Colônia, dentre outras. Além desse
evento, a contramestra Susy realizou o Women Capoeira Angola Easter-Meeting (BRITO,
2015).
Em 2009, ocorreram várias articulações e eventos protagonizados por mulheres, como:
o evento ‘Menina, quem foi sua mestra?’, organizado pelo Instituto Professor Carlos Augusto
Bittencourt (Incab) e o Coletivo Mandinga de Mulher, em colaboração com a Fundação Pierre
Verger. Em seguida, ocorreram as edições do Chamada de Mulher, que vem ampliando os
debates e fortalecendo a luta antissexista e antirracista (DANTAS, 2020).
No mesmo ano, foi fundado o Coletivo ‘Dona Maria, Como Vai Você?’ em Porto Alegre
pelas seguintes capoeiristas: mestra Didi, professora Priscila, professora Maitê, instrutora Foca,
Dibarro e a historiadora Gaudéria. Os objetivos do coletivo são: participação efetiva e
representatividade feminina, estudo e pesquisa, prática e difusão da capoeira, defesa dos
interesses relacionados às mulheres e suas necessidades (FIGUERÔA, 2021).
Em Pernambuco, ainda em 2009, as mestras Bel e Dani criaram o projeto ‘É cor-de-rosa
choque’, formado por mulheres do Centro de Capoeira São Salomão (BEZERRA, 2013), cujo
objetivo principal é servir como um espaço de empoderamento da mulher capoeirista. O projeto
surgiu da necessidade de algumas mães capoeiristas que não conseguiam treinar durante a
semana: “[...] resolvemos inicialmente nos reunir nas manhãs de sábado para treinar, tocar,
cantar e conversar sobre nossas necessidades e sonhos, dentro e fora da capoeira” declara a
mestra Bel.194
O projeto foi se expandindo e oportunizou o compartilhamento de experiências entre
mulheres de outros estados, por meio do I Encontro Feminino de Capoeira: A mulher entrou na
roda, que ocorreu em 2010, inspirado no livro organizado pela mestra Bel, o qual reúne

193
“Atualmente, a RAM possui cerca de 250 mulheres angoleiras, representantes de 17 países: Brasil, Argentina,
México, Colômbia, Chile, Estados Unidos, Japão, Espanha, Alemanha, França, Portugal, Suíça, Reino Unido,
Finlândia, Guiné, Kosovo, Vaticano” (DANTAS, 2020, p. 214).
194
Depoimento da mestra Bel no dia 13 de julho de 2021.
149

depoimentos de mulheres antigas de Pernambuco. O projeto conta com 2 mestras e 3 formadas


do Brasil, e 6 mestras e 2 formandas da Itália. Além disso, em 2016, o projeto produziu um CD
com músicas só de mulheres, em todas as faixas.195
Em 2010, foi criado o evento ‘Chamada de Mulher’, idealizado pelas mestras Janja e
Paulinha, do Instituto Nzinga de Capoeira Angola, na cidade de São Paulo. Uma de suas
edições, que ocorrem anualmente, foi em Salvador e contou com três dias de programação do
‘Chamada de Mulher III: Capoeiristas pelo fim da violência contra as mulheres’, com cortejo
de berimbaus, carta pública, mesa redonda e roda de capoeira (DANTAS, 2020; MACHADO,
S., 2016).
Em Goiás, em 2012, na Faculdade de Educação Física, ocorreu o primeiro encontro do
Coletivo Ginga Menina, intitulado ‘Capoeira é pra homem, menino e mulher’, uma atividade
do Programa Corpopular: Intersecções Culturais, da Universidade Federal de Goiás, que contou
com a participação da mestra Janja em sua realização (SILVA, A., 2014).
No mesmo estado, há o Movimento Angoleiras de Goiânia, que já realizou o evento
‘Menina é boa, bate palma para ela!’, que contou com a participação das mestras Mônica e Di
(ZONZON, 2020).
Em um dos eventos organizados pelo MCM em Belém, PA, em 2016, ocorreu um fato
inusitado: alguns integrantes do coletivo conversaram com a mestra Janja sobre a importância
de Silvia Leão, conhecida como Pé de Anjo (in memoriam), e a necessidade de reconhecer sua
história. A mestra Janja, depois de ter escutado as integrantes do coletivo, sensibilizada com o
pedido, perguntou a todos(as) que estavam presentes no ‘I Colóquio Patrimônio, Gênero e
Saberes Tradicionais’ se a consideravam Pé de Anjo uma mestra, obtendo a concordância
positiva de quase todos(as) os(as) presentes. A mestra Pé de Anjo (in memoriam) foi a primeira
mestra reconhecida no estado do Pará (SILVA, M., 2018).
Um ano depois, em Olinda, PE, a mestra Di realizou o evento ‘Vai dizer a dendê, tem
homem, menino e mulher’, com a seguinte programação: oficinas de maculelê, aulas de
musicalização, rodas de conversas e confraternização. Uma das mesas debateu sobre “ser
mulher, ser negra, no país da exclusão” (PINHEIRO, 2018).
Em março de 2017, foi criado o Coletivo de Mulheres Capoeiristas ‘Canto de Aidê’, em
Curitiba, PR, com a finalidade de reunir mulheres da cidade e da região metropolitana para
trocarem experiências entre grupos de capoeira. “Movimentos de vida implicando, encorajando,

195
Depoimento da mestra Bel no dia 13 de julho de 2021.
150

provocando um corpo-atitude. O Canto de Aidê produz pistas e me ajuda a olhar para a prática
da capoeira como uma constante reinvenção de si” (FERREIRA, S., 2019, p. 65).
Em solo carioca, em 2018, foi fundado o Coletivo Angoleiras Pretas, que buscava
mapear as mulheres negras na Capoeira Angola e convocava outros saberes para a roda dos
conhecimentos que se fundamentam na ancestralidade africana (DANTAS, 2020). A partir dos
debates e da identificação das capoeiristas negras, é possível dar visibilidades a essas mulheres,
além de tensionar debates acerca do racismo, pois o número de mestras negras angoleiras que
alcançam esse lugar de prestígio dentro da capoeira ainda é pequeno.
Essa pauta também foi apontada no surgimento do Movimento Dandara, Viva Capoeira,
que “[...] nasceu após o evento feminino da mestra Magali, que ocorreu há alguns anos atrás,
onde sentimos a necessidade de realizarmos um evento reivindicando a visibilidade das
mulheres negras e capoeiras veladas na nossa história”. O coletivo realiza uma série de
encontros, palestras, debates, trocas de experiência, documentário e encontros de musicalidade,
para refletir sobre as questões de gênero, as identidades, os feminismos plurais, a diversidade e
a inclusão de todos(as)196.
No estado da Bahia há vários coletivos atuantes, compostos por várias mulheres, de
diversas graduações dentro da capoeira, como: Dona Maria, Como Vai Você?;197 Marias
Felipas;198 Vadeia, Sinhá e Sinhô;199 Movimento de Mulheres da Capoeira Angola;200 Ginga
Feminina;201 Mulher de Fibra;202 Coletivo de Mulheres do Portal do Sertão;203Coletivo
Feminino ‘Mulheres de Resistência’;204Mulher na capoeira tem axé; Berimbau Rosa; Mulheres
que gingam; Tons, sons, mulheres capoeiras;205 e Mulher que tem dendê.206

196
Depoimento da mestra Francesinha no dia 14 de julho de 2021.
197
Na condução da professora, Índia e outras integrantes realizam diversas ações, inclusive a Roda de Integração
Feminina, há mais de 10 anos.
198
Integrantes: Adriana Albert Dias, Christine Zonzon e Joana Maçal. Eu e a mestra Lilu Pimenta já fomos
integrantes do grupo, inclusive. Para aprofundar o conhecimento sobre o coletivo, consulte a pesquisa de A.
Dias (2018).
199
Fundado pelas capoeiristas: professora Paulinha; formada Virgínia; instrutoras Mayne, Milena, Josélia e Sinha.
200
Fundado pela contramestra Brisa do Mar e a professora Ale Matt, na Barra Grande, em Ilha de Itaparica, BA.
201
Fundado pela mestra Geisa, de Salvador.
202
Foi criado pela mestra Geisa.
203
Duas fundadoras atuantes são: mestra Nzinga e professora Negona, ao lado de outras capoeiristas.
204
Fundado pela mestra Andrea em Vitória da Conquista.
205
Mulheres da Bahia que registraram suas músicas e biografias: mestras Nani, Bya, Pequena Rasta, Nani e
Jararaca; contramestras Tartaruga, Nzinga, Princesa, Brisa do Mar e Catalina.
206
Integrantes: Mary, Mulhehome, Andorinha, Boneca (formadas); monitora Africa, instrutora Andresa e Adriele.
151

No Ceará, foi possível identificar os seguintes coletivos: Mestras do Ceará,207 que dá


apoio às causas da capoeira; Mulheres Ascezuca;208 Tambores de Dandara;209Integração
Feminina de Capoeira do Ceará; e Ginga Iracema.
Na Região Sul do Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul, há o coletivo Dona
Maria, Como Vai Você?;210 e em Porto Alegre, o coletivo Tereza de Benguela.
Em Minas Gerais, há o Movimento Feminino Mineiro, de Belo Horizonte; Encontro
Feminino Cais da Bahia, de Betim; Movimento Viva Mulher, de São Joaquim de Bicas; As
Camaradas e Deixa a Menina Jogar, ambos de Montes Claros; Encontro Feminino de Capoeira,
de Nazareno; Encontro Feminino Axé, Dendê, Capoeira, de Paracatu; Encontro Feminino, de
Presidente Bernardes; A roda também é dela, de Ubá; e Encontro Feminino, de Uberaba
(RIBEIRO, 2016)
Em outras Unidades Federativas brasileiras, também existem coletivos, como: Mulheres
da Goroa;211 Loucas pela Capoeira;212 Mestras e Contramestras Unidas do Rio de Janeiro;213
Coletivo de Dandara às Marias;214Mulheres de Ouro CDO;215 Loucas pela Capoeira;216Bando
da Brava;217 Mulheres Zacimba Gaba;218 Mestras e Contramestras pelo Mundo;219 Elas
Gingam;220Feminino Raízes Delas; Movimento Feminino Itinerante; Mulheres na Capoeira;
Mulheres Capoeiristas; Gingando por elas; Movimento Angoleiras de Gyn; Dandara de
Bremem; Mulher Raça, Mulheres SDB Milano; Mulheres de Mandinga; Movimento de
Mulheres Iê; Nosso legado é Coletivo, entre outros, que estão espalhados pelo mundo,
realizando rodas, oficinas, reuniões e debates sobre as mulheres na capoeira.

207
Composto pelas mestras Roberta, Carla, Claudinha, Felina, Flanela, Paulinha, Nega, Janaina, Vanda, Doralice,
Darlyane e Bruxinha.
208
Sob a liderança da mestra Jana.
209
Foi criado em 2012 e pauta a temática de conscientização política, corporal, ritmo e dança (SILVA, S., 2017).
210
Sob a liderança da mestra Didi
211
Capoeiristas de São Paulo.
212
Fundado pela mestra Júlia, da cidade de Manaus.
213
Tem como fundadora a mestra Kodak e como cofundadoras as mestras Darlene e Foguinho, entre outras
contramestras e mestras, que buscam integrar as capoeiristas em prol da capoeira, dando visibilidade às ações
das contramestras e mestras do Rio de Janeiro.
214
Coletivo de mulheres capoeiristas de Juiz de Fora e região.
215
Rio Grande do Norte.
216
Fundado pela mestra Júlia da cidade de Manaus.
217
Camões (2020) destaca que o coletivo luta pela desconstrução de estereótipos de gênero, valoriza mulheres e
homens (cis ou trans) dentro da capoeira.
218
Formada por 10 grupos de Capoeira do Espírito Santo, de norte a sul do estado, tem professoras, instrutoras,
mestranda, contramestra e mestras.
219
Foi criado pela mestra Brisa em 2018, porém, atualmente, não conta com a participação dela, mas é um coletivo
com 162 mestras e contramestras (atuantes: contramestras Tartaruga, Princesa, Boca, Natália e Carlinha;
mestras Patrícia, Renatinha, Lu Baobá, Nagô e Rosa).
220
Movimento direcionado ao empoderamento das mulheres, sob a liderança da mestra Fru. Conta com o auxílio
da mestranda Di na condução das atividades.
152

Esse panorama evidencia, em sua maioria, a mobilização e a luta das mulheres


capoeiristas, de alunas a mestras, contra o machismo, o sexismo e o racismo, em distintos
contextos geográficos (trans)nacionais. Portanto, não há uma homogeneidade das intenções e
ações realizadas pelas(os) integrantes, pois, no interior dos movimentos feministas, existem
forças opostas, que tendem à oposição e à unidade, e assim permitem a transformação das coisas
(GADOTTI, 1997).
Com isso, aponto a urgência do surgimento de novas investigações acadêmicas que se
debrucem sobre questões contemporâneas atinentes ao universo da capoeira, como as criações,
intervenções, reflexões e repercussões das ações dos coletivos de capoeira formado por
mulheres.
153

5 IÊ DÁ VOLTA AO MUNDO
Iê, viva nossas mestras, camará!!
Iê, são resistência!!
Iê, na pequena e grande roda!!
Iê, estão lutando!!
Iê, marcando nossa história!!
Iê, viva as mulheres!!

Ao findar esta escrita, surgiram mais dúvidas, lacunas, necessidade de aprofundamento


e divulgação do conhecimento. Este jogo, que inspira muitas(os) pesquisadoras(es) e/ou
capoeiristas não tem fim; é repleto de descobertas, imersões, reflexões e ressignificações.
Iniciei o jogo da escrita com limitações teóricas e metodológicas, fragilidades e
dificuldades no percurso acadêmico, como pesquisadora, capoeirista e mãe. Foram vários anos
de dedicação, alegria e cansaço. A minha escrita me levou a refletir o quanto é desafiador e
cansativo para uma mãe solo cuidar de sua cria, trabalhar, estudar e jogar capoeira.
Sem dúvidas, enfrentamos um desafio maior, uma crise de ordem política, sanitária e
econômica no contexto brasileiro, que já ceifou mais de 606.293 vidas, aumentado as
desigualdades sociais, colocado o Brasil de volta no mapa da fome e ameaçado a democracia
brasileira; portanto, precisamos esperançar, para frear o aumento do obscurantismo, do
fascismo, da misoginia, do racismo e do machismo, que têm impactado a vida do povo
brasileiro.
No que tange aos resultados da pesquisa, apresento algumas sínteses. Dada a
complexidade e a provisoriedade da produção do conhecimento, fazem-se necessários novos
estudos que possam abarcar e aprofundar outras narrativas, histórias e trajetórias de mulheres
na capoeira.
Na fundamentação teórica, foram apresentadas as nuances do processo histórico da
capoeira, os vestígios das inúmeras mulheres que estiveram presentes nesse universo, porém de
forma invisibilizada, desde o século XIX, em distintos contextos geográficos, como: Bahia,
Maranhão, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, Pará, Amazonas, Paraná e Santa Catarina.
Entre o século XIX e XX, as mulheres capoeiras eram conhecidas como desordeiras,
arruaceiras, arrelientas, perigosas, atrevidas, raparigas, mulheres cabelo na venta, mulheres-
homens, desasnadas, azedadas, mulheres valentes, mulheres turunas, brabas, turbulentas e
mulheres da pá virada, por não aceitarem os padrões impostos de feminilidades na sociedade e
estarem envolvidas na capoeiragem, portando ou não armas, como navalhas e/ou facas,
causando terror e até mortes.
154

Entre a ordem e a desordem, a opressão e a resistência, a prática da capoeiragem,


criminalizada pelo Código Penal nas distintas regiões do Brasil, passou a ser símbolo de
nacionalidade a partir da década de 1930. A partir desse período, há um controle e exclusão das
mulheres desse universo, mas essa condição de subalternização será modificada depois da
década de 1980, devido a diversas transformações sociais, culturais, políticas, etc.
Apesar das barreiras nas trajetórias das mulheres na pequena e grande roda, ficou
evidente que a figura da mestra de capoeira antecede a década de 1980, num outro contexto de
vivenciar a capoeiragem, a arte de ensinar o jogo da navalha, protagonizada pela mestra Tonha
Rolo do Mar (in memoriam).
A pouca visibilidade das mulheres na capoeira também foi percebida nas produções
cinematográficas. De um total de 99 películas de curta e longa metragem produzidas entre 1908
a 2021, 60 exibem algumas cenas de capoeira e 39 são específicas de capoeira. Dos 38 filmes
exclusivos de capoeira, em apenas 7 as mulheres foram protagonistas e tiveram papeis de
destaque e lugar de fala, pois, na maior parte das produções, ou estavam ausentes, ou
desempenhavam papeis subalternizados. Essas mudanças significativas refletem a luta e a
conquista das mulheres na sociedade.
No levantamento documental (dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos e
trabalhos acadêmicos) sobre a capoeira e as relações de gênero nas áreas de Educação,
Educação Física e Gênero, pôde-se constatar uma escassez e até a ausência de produções
científicas que tratem sobre a temática. Em contraponto, pôde-se notar que, paulatinamente, as
pesquisas acadêmicas têm revelado alguns nomes de mestras de capoeira, embora ainda
careçam de um maior aprofundamento sobre suas histórias e biografias.
A partir da análise dos 109 questionários preenchidos pelas mestras de capoeira, foram
recorrentemente citados nos relatos: a condição de ser mulher dentro de uma cultural patriarcal
como um dos maiores desafios nas trajetórias formativas das colaboradoras; a necessidade de
lutar para se inserir, permanecer e se tornar mestra de capoeira; além do domínio do habitus
capoeirístico.
Ser mestra de capoeira é ser referência de vida para os(as) discípulos, ser exemplo, ser
aprendiz e ser guardiã da cultura popular. Na condição de mulher e mestra de capoeira, terá
sempre que disputar seus espaços, lutar contra as opressões, preconceitos e violências, que
perpassam pelas relações de gênero, raça e classe social.
Para apresentar os 257 registros biográficos das mestras de capoeira, tive que montar
um quebra-cabeça, procurando por peças escondidas e espalhadas em documentos, pesquisas
científicas e nas memórias ‘vivas’ das mestras de capoeira, depois ir encaixando e
155

desencaixando as partes, que, uma vez conectadas, transformaram-se neste todo complexo. Essa
foi uma das etapas mais desafiadoras, porque requereu um trabalho minucioso, de muita leitura
e diálogo com os(as) mais antigos(as) capoeiristas, visto que não almejava deixar de fora
nenhum nome de mestra.
Se, no passado, a forma de registrar os documentos invisibilizava as narrativas das
mulheres, na contemporaneidade, elas têm narrado suas histórias em lives, documentários,
livros, pesquisas científicas, dissertações de mestrado, teses de doutorado, etc. A rápida
expansão das TICs tem facilitado o acesso às informações sobre a capoeira, inclusive o ensino
das aulas e o compartilhamento de experiências, principalmente em tempos de pandemia.
As mestras de capoeira, em sua maioria, passaram por um processo formativo dentro
dos grupos de capoeira, cada qual com suas próprias normas, códigos e ensinamentos, mas há
também aquelas que receberam o título de mestra da comunidade popular, em vida ou post
mortem, por suas histórias de vida e pelos saberes que acumularam e transmitiram para os(as)
outros(as) capoeiristas.
A pesquisa indica a necessidade de ampliar os estudos históricos sobre as mulheres na
capoeira, nas distintas regiões do Brasil; de criar espaços alternativos para bebês e crianças nos
grupos de capoeira; de montar ludotecas de capoeira nas escolas; de elaborar materiais
pedagógicos que tematizem a capoeira e as relações de gênero; de construir um Centro de
Estudo Internacional sobre a Capoeira; de atualizar o banco de história de mestras de capoeira
e de construir um acervo iconográfico sobre elas.
Como forma de dar continuidade aos resultados da pesquisa, proponho a criação do
Observatório da Mulher na Capoeira, inspirada na tese de meu orientador, Dr. Augusto Cesar
Rios Leiro, instituição direcionada para os diálogos entre a capoeira e a produção do
conhecimento, o cinema e as relações de gênero.
Foram feitas tessituras entre os gingados das trajetórias formativas e os registros
biográficos, a fim de dar visibilidade às histórias das mestras, na pequena e na grande roda. Que
essa produção científica possa inspirar outros(as) capoeiristas, valorizar cada narrativa e
salvaguardar cada memória. Essa roda não tem fim, esse catálogo será infinito, berimbau já
confirmou, camará. Em breve teremos mais reconhecimentos e formaturas de mestras de
capoeira, camará!
156

5.1 SOU MULHER, SOU CAPOEIRA

Ao concluir a tese, reconheço que alcancei os objetivos propostos. Pude constatar, assim
como outras pesquisas acadêmicas sobre a temática, que as mulheres necessitaram (necessitam)
lutar para se inserirem, permanecerem e se tornarem mestras de capoeira.
O término da escrita é também o fechamento de um ciclo formativo que se iniciou no
curso de Licenciatura em Educação Física da UFBA, em 2009, bem como na especialização
em Prescrição do Exercício Físico para Grupos Especiais e Reabilitação Cardíaca da Estácio de
Sá, em 2015, seguida do ingresso no mestrado no PPGE/UFBA, em 2016, e do doutoramento
no PPGEDUC/Uneb, em 2019.
Foi ainda no decorrer da pesquisa científica que pude refletir sobre o que é ser mulher,
mãe, capoeirista e pesquisadora numa sociedade patriarcal. Com isso, compreendo a
responsabilidade de escrever sobre a história das mulheres, em específico das mestras de
capoeira, bem como o compromisso de lutar pela igualdade e a emancipação de nós mulheres.
A minha história na capoeira teve início em 2006, no Grupo Porto da Bahia, e ao longo
de 15 anos, passei por distintas escolas de capoeira em Salvador. Em 2021, fui acolhida na
Associação Cultural Arte Baiana,221 conduzida pelo contramestre Veru222, o qual tem uma
prática pedagógica diferenciada e inclusiva, criando condições para que seus(suas)
discípulos(as) possam se desenvolver, avançar em cada etapa formativa e compartilhar
experiências e conhecimentos.
Para finalizar, compartilho um poema de Cora Coralina, que diz: “Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta”, ensinou a ser
questionadora, e não mais recatada, a seguir em frente gingando diante dos obstáculos e a
esperançar por transformações na pequena e na grande roda.

221
Foi criada em 1989, pelo mestre Malícia, na cidade de Belmonte, em Salvador, e iniciada em 2014, pelo
contramestre Veru Filho, nas comunidades de Vila Brandão e Dois de Julho.
222
Everaldo Figueiredo dos Anjos Filho tem 40 anos. Nasceu em Camacan, iniciou na capoeira em 1992, na cidade
de Belmonte. Em seguida, se mudou para Salvador, onde deu continuidade ao trabalho com o mestre Alabama,
que o formou como contramestre de capoeira. Ele é Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Tecnologia
e Ciência (FTC). Depois de 15 anos de muita luta e trabalho com a capoeira, fundou o Espaço Veru Filho
Cultura e Movimento, que sedia o grupo.
157

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APÊNDICE A – DELINEAMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA.

Natureza da pesquisa:
Qualitativa

Tema

Tipo de pesquisa:
Exploratória
Delineamento da
Pesquisa Dispositivos:
Levantamento
documental,
Questionário online e
Problema relato oral
Objetivos (Geral e
Específicos)
Perspectiva de ánálise:
Análise do conteúdo
178

APÊNDICE B – GUIA PARA COLETAR INFORMAÇÕES DAS MESTRAS DE CAPOEIRA

Tabela 1 – Mapeamento de informações das mestras de capoeira


Grupo Trabalho Experiências e
Mestra Tempo Formada
Apelido Nome DN* Natural de Contato de no desafios
em de Capoeira Pelo/a Exterior
Capoeira na formação

Fonte: elaborada pela autora.


Nota: * Data de Nascimento.
179

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu ________________________________________________________________________,
conhecida na capoeira como _______________________________________, natural de
__________________________________________, nascida em ________________ , estado
civil _____________________, ocupação ______________________________, residente no
endereço ___________________________________________________________________,
RG ________________________________ fui convidada para colaborar com a pesquisa de
doutorado intitulada Trajetórias formativas e registros biográficos de mestras de capoeira,
realizada pela doutoranda Ábia Lima de França, orientanda do Prof. Dr. Augusto Cesar Rios
Leiro no Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade, na Universidade do
Estado da Bahia. O estudo tem por finalidade analisar as trajetórias formativas e os registros
biográficos de mestras de capoeira. Para isso, a colaboração com a pesquisa se dará por meio
do compartilhamento de imagens e biografias. As colaboradoras poderão se recusar a participar,
ou desistir da concessão das entrevistas no decorrer do estudo, sem sofrer nenhum dano.
Durante todo o desenvolvimento do estudo, ser-me-ão assegurados o acesso às informações, as
retiradas de dúvidas, bem como a socialização da pesquisa na sua versão final. Para maiores
informações, entrarei em contato no telefone (71) 99357-2807 ou pelo e-mail
abialimadefranca@gmail.com.

Enfim, fui informada como se dará a minha colaboração na referida pesquisa, estou ciente de
todo o procedimento do estudo e, dessa forma, manifesto meu livre consentimento em
colaborar com todas as informações necessárias para o projeto de pesquisa.

Salvador, ________ de _________________________________ de 2021.

____________________________________________________________________
Nome e assinatura da participante

_____________________________________________________________________
Nome e assinatura da pesquisadora responsável
180

APÊNDICE D – ATUALIZAÇÃO DO CONJUNTO DE FILMES DE CURTA E


LONGA-METRAGEM QUE RETRATAM SOBRE A CAPOEIRA

Nº Filme Direção Ano


1 Os capadócios da cidade nova Antônio Leal 1908
2 Capoeira Angola Alceu Maynard Araújo 1952
3 Vadiação Alexandre Robato 1954
4 A Capoeiragem na Bahia A. Robatto Filho 1954
5 Um dia na rampa Luíz Paulino dos Santos 1955
6 Orfeu do Carnaval Marcel Camus 1957
7 Massagista de Madame Victor Lima 1959
8 Os bandeirantes Marcel Camus 1960
9 Barravento Glauber Rocha 1961
10 O pagador de promessas Anselmo Duarte 1961
11 A grande feira Roberto Pires 1961
12 Tocaia no Asfalto Roberto Pires 1962
13 Senhor dos navegantes Aloísio T. de Carvalho 1964
14 Briga de Galos Lázaro Tôrres 1965
15 O pulo do gato Jair Moura 1968
16 Dança da Guerra Jair Moura 1968
17 Festas na Bahia de Oxalá Ronaldo Duarte 1969
18 Bahia por exemplo Rex Schindler 1970
19 Se meu dólar falasse Carlos Coimbra 1970
20 A marcha Oswaldo Sampaio 1972
21 Kung Fu contra as bonecas Adriano Stuart 1975
22 Tenda dos milagres Nelson Pereira da Costa 1976
23 O cortiço Francisco Ramalho Jr. 1977
24 Cordão de Ouro Antônio Carlos da Fontoura 1977
25 Capoeira em cena Márcio Queiroz e Ricardo Ottoni 1982
26 Quilombo Carlos Diegues 1984
27 Ópera do Malandro Ruy Guerra 1985
28 Jubiabá Nelson Pereira da Costa 1985
181

Nº Filme Direção Ano


29 Em cena capoeira M. Queiroz & R. Ottoni 1986
30 Lethal Weapon (Máquina Mortífera) Richard Donnerr 1987
31 Rooftops (Nos telhados de Nova Iorque) Robert Wise 1989
The forbidden dance is lambada
32 Greydon Clark 1990
(Lambada: a dança proibida)
33 Brenda Starr Robert Ellis Miller 1992
Kickboxer 3: The Art Of War
34 Rick King 1992
(Aarte da Guerra)

35 Vagas para moças de fino trato Paulo Thiago 1992


36 Only the Strong (Esporte Sangrento) Sheldon Lettich 1993
37 Kickboxer 4: The aggressor (O agressor) Albert Pyun 1994

38 Red Sun Rising (Alvorada vermelha) Francis Megahy 1994

Kickboxer 5: The Redemption


39 Kristine Peterson 1995
(A Redenção)

40 Crying Freeman Christophe Gans 1995


41 Bloodsport 2 (O grande Dragão Branco 2) Alan Mehrez 1996
42 The quest (Desafio Mortal) Jean-Claude Van Damme 1996
43 Como ser solteiro Rosane Svartman 1998
44 Pastinha: Uma Vida pela Capoeira Antônio Carlos Muricy 1998
O velho capoeirista: mestre João Pequeno de
45 Pedro Rodolpho Jungers Abib 1999
Pastinha
46 Hyôryû-gai (City of lost souls) Takashi Miike 2000
47 Madame Satã Karïm Ainouz 2002
48 The Rundown (Bem-vindo à selva) Peter Berg 2003
Ocean’s Twelve
49 Steven Soderbergh 2004
(Doze homens e um novo segredo)

50 Catwoman (Mulher Gato) Pitof 2004

Manoela Ziggiatti, Selma Perez e Valesca


51 Iê, viva meu mestre 2004
Dios
52 Elektra Rob Bowman 2004
53 ResidentEvil Alexander Witt 2004
Meet the Fockers
54 Jay Roach 2004
(Entrando numa fria maior ainda)

55 Death Trance Yuji Shimomura 2005


182

Nº Filme Direção Ano


56 Mestre Bimba: A capoeira Iluminada Luiz Fernando Goulart 2005
57 Tom Yum Goong (Ong Back 2) Tony Jaa 2005
58 Aeon Flux Karyn Kusama 2005
59 Maré Capoeira Paola Barreto 2005

Harry Potter and the Goblet of Fire


60 Mike Newell 2005
(Harry Potter e o cálice de fogo)
Date Movie
61 Aaron Seltzer, Jason Friedberg 2006
(Uma Comédia Nada Romântica)
62 Mandinga em Manhattan Lázaro Faria 2006
63 Quem vem lá? Christine Zonzon e Umeru Bahia 2006
Ivan Madeira, Zaida Costa, Ricardo
Capoeira da maranhenseidade na reinada de
64 Veloso, Luciano Serra, Went Silva e 2007
momo
Fernanda Sombra
Mestre Leolpodina: a fina flor da
65 Rose La Creta 2007
malandragem

66 Ó pai, ó Monique Gardenberg 2007

Are wedoneyet?
67 Steve Carr 2007
(Uma casa de pernas para o ar 2)
68 Hellboy 2 Guillermo del Toro 2008
Memórias do Recôncavo: Besouro e Outros
69 Pedro Rodolpho JungersAbib 2008
Capoeiras
70 O zelador Adam Shankman 2008
71 Never back down (Quebrando as regras) Michael Jai White 2008
72 Roda Mundo Capoeira Mestre Ramos 2008
73 Besouro João Daniel Tikhomiroff 2009
A capoeiragem de um mestre e seu bando
74 Gabriela Barreto 2009
anunciador
75 Never Surrender Héctor Echavarría 2009
76 Mestre Felipe e a faca de ticum Gabriela Barreto 2010
77 Tekken Dwight H. Little 2010
78 The Karate Kid Harald Zwart 2010
79 Undisputed III: Redemption (O lutador 3) Isaac Florentine 2010
80 Capitães de Areia Cecília Amado 2011
81 Desenrola Rosane Svartman 2011
82 Never back down 2 (Quebrando as regras 2) Michael Jai White 2011
183

Nº Filme Direção Ano


83 O Último Bom Malandro Nestor Capoeira e Vitor Lins 2011
84 João Grande: mestre de Capoeira Angola Mari Travassos 2011
85 Capoeira Angola – Mito ou Magia Eduardo Joly 2011
Richard Pakleppa, Matthias Rohrig
86 Jogo de corpo: capoeira e ancestralidade 2013
Assunção e mestre Cobra Mansa
Paz no Mundo Camará: a Capoeira Angola e
87 Carem Abreu 2013
a Volta que o Mundo deu
Capoeira: Auetu! A Capoeira Angola No Fio
88 André Silvério 2014
Da Navalha
Nego Bom de Pulo – mestre Nô e a Capoeira
89 Kiko Knabben 2015
da Ilha
Guimes Rodrigues Filho, Pedro Braga e
90 João Pequeno de Pastinha 2015
Beto Silva
91 Mestre Moa do Katendê: a primeira vítima Paulo Magalhães 2018

92 Divino Pato Alberto Greciano 2018


93 Mestre Pastinha, Rei da Capoeira Carolina Canguçu 2019
94 Mulheres da Pá Virada Grupo de Intervenção Marias Felipas 2019
95 Capoeira: a saúde está ginga! Coletivo Catarse 2020
96 Mestra Di: eu canto a minha história Fecomércio PE 2020
97 A roda também é dela Lavínia Luisa 2021
Fundação Cearense de Apoio ao
98 Roda de Capoeira: As felinas gingam Desenvolvimento Científico e 2021
Tecnológico (Funcap)
Trajetórias formativas e registros biográficos
99 Ábia Lima de França 2021
de mestras de capoeira
Fonte: acervo pessoal.
184

APÊNDICE E – DISSERTAÇÕES E TESES SOBRE CAPOEIRA E RELAÇÕES DE


GÊNERO NO BANCO DA CAPES

Autoria e
Título Produção e IES
ano
Simões Dissertação
Capoeira: um convite ao jogo feminino
(1999) (Unesp)
Capoeira Regional: representações sociais das mestras e
E. Souza Dissertação
formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio
(2011) (Universo)
de Janeiro
Firmino Dissertação
Capoeira: gênero e hierarquias em jogo
(2011) (UFSCAR)

“Eu sou angoleiro, angoleiro eu sei que eu sou”: identificações e A. Silva Dissertação
trajetórias na Capoeira Angola em Goiânia (2014) (UFG)
Nas pequenas e grandes rodas da capoeira e da vida: corpo, Zonzon
Tese (UFBA)
experiência e tradição (2014)
“Sai sai, Catarina/ Saia do mar, venha ver Idalina”: gênero e Bezerra Dissertação
feminilidade(s) na capoeira (2014) (UFPE)
No ventre da capoeira, marcas de gente, jeito de corpo: um Sena Dissertação
estudo das relações de gênero na cosmovisão africana da
(2015) (Uneb)
Capoeira Angola
A capoeira sob a ótica de gênero: o espaço de luta das mulheres Ferreira Dissertação
nos grupos de capoeira (2015) (PUC-GO)
Mulher na roda: experiências femininas na Capoeira Angola de V. Barbosa Dissertação
Porto Alegre (2017) (UFGRS)
Movimento capoeira mulher: saberes ancestrais e a práxis M. Silva Dissertação
feminista no século XXI em Belém do Pará (2017) (UFPA)
Quando mulheres se tornam capoeiristas. Um estudo sobre a Jesus Dissertação
trajetória e o protagonismo de mulheres na capoeira (2017) (UFBA)
Direitos humanos e a prática educativa tradicional da capoeira F. Santos Dissertação
angola (2017) (UFRPE)
Orgulhosamente feministas, necessariamente inconvenientes: Freire
Tese (UFBA)
uma ‘música feminista’ ou o que cantam as feministas (2017)
N’outras corpas desconstruções e múltiplas possibilidades Navarro Dissertação
corporais na Capoeira Angola do grupo Nzinga (2018) (UFBA)
Efeitos da prática de capoeira adaptada sobre a densidade Jati
mineral óssea, autonomia funcional e qualidade de vida de Tese (UFRJ)
mulheres idosas (2018)

Reis
As mestras de capoeira: empoderamento e visibilidade Tese (UERJ)
(2018)
185

Produção e
Título Autoria e ano
IES
Eu vou falar pra dendê tem homem e tem mulher: o feminismo Gomes
Tese (UFRN)
angoleiro e as mudanças na tradição (2018)
“Elas jogam, tocam e cantam”: práticas e discursos sobre a Camões Dissertação
experiência históricade mulheres capoeiristas no Pará (2019) (UFPA)

Mulheres incorrigíveis: capoeiragem, desordem e valentia nas Fialho


Tese (UnB)
ladeiras da Bahia (1900-1920) (2019)
A. Silva Dissertação
Mulheres na capoeira: resistência dentro e fora da roda
(2019) (UFSCar)
Percursos artetnográficos de uma mulher branca na Capoeira Schonhorst Dissertação
Angola (2020) (Udesc)
Corpo-comunicação: um estudo sobre a ginga feminista Gonçalves
Tese (Uerj)
angoleira (2020)
Educação na roda de capoeira e o enfrentamento da Pereira Dissertação
colonialidade do corpo da mulher: não somos sem o nosso corpo (2020) (UFPE)
A capoeira entre os fundamentos e movimentos de criação: um Caciatori Dissertação
estudo sobre cultura, gênero e sexualidades (2021) (UFSCar)
Fonte: Elaborado pela autora.
186

APÊNDICE F – DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO


DEFENDIDAS EM DISTINTOS PROGRAMAS DE PÓS-
GRADUAÇÃO PELAS MESTRAS DE CAPOEIRA

Mestra Referência
CODEIRO, Izabel Cristina Araújo. Capoeira do Recife entre o novo e o antigo:
estudo comparativo entre os grupos da Abadá Capoeira e do Centro de Capoeira São
Salomão. 1999. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal de
Pernambuco, 1999.
Bel
CORDEIRO, Izabel Cristina Araújo. “Roda de capoeira é campo de mandinga...”:
experiência dos capoeiristas do Recife para afirmação do jogo da capoeira na cidade
nos anos de 1980. 2016. 184 f. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal
de Pernambuco, Recife, 2016.
MAGALHÃES, Carolina Gusmão. Iê, capoeira na gestão, camará!: um estudo sobre
as práticas organizacionais de uma associação em expansão internacional. 2014. 120 f.
Dissertação (Mestrado em administração) – Universidade Federal da Bahia, Salvador,
2014.
Brisa
MAGALHÃES, Carolina Gusmão. Limites e possibilidades da Educação
Permanente de profissionais de saúde no contexto do fenômeno da obesidade. Tese
(Doutorado em Alimentos, Nutrição e Saúde) – Universidade Federal da Bahia,
Salvador. (em andamento).
BALDEZ, Aurionelia Reis. Baiei na Bahia: a resistência cultural do tambor de crioula
Dandara
em processos de desterritorialização Maranhão Bahia. 2018. 118 f. (Mestrado -
Baldez
Mestrado em Dança) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.
SIQUEIRA, Andressa Marques. Quem são os extrativistas? Perfil dos pesquisadores
e da atividade pesqueira na Reserva Extrativista Marinha de Corumbau – BA. 2006.
Dissertação (Mestrado em Ecologia e Recursos Naturais) – Universidade Federal de
São Carlos, São Carlos, 2006.
Dedê SIQUEIRA, Andressa Marques. A conservação do Patrimônio Cultural Imaterial
em sua relação com os usos dos bens naturais: uma análise a partir das experiências
de Salvaguarda da roda de capoeira e do samba de roda. 274 f. 2019. Tese (Doutorado
em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente) – Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2019.
SOUZA, Eliane Glória Reis. Capoeira Regional: representações sociais das mestras e
formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio de Janeiro. 2011. 167
f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Atividade Física) – Universidade Salgado de
Francesinha Oliveira, Niterói, 2011.
REIS, Eliane Glória dos. As mestras de capoeira: empoderamento e visibilidade.
2018. 117 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

ARAÚJO, Rosângela Costa. Sou discípulo que aprende, meu mestre me deu lição:
Janja tradição e educação entre os angoleiros baianos (anos 80 e 90). 1999. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
187

Mestra Referência
ARAÚJO, Rosângela Costa. Iê, viva meu mestre: a Capoeira Angola da ‘escola
Janja pastiniana’ como práxis educativa. 272 f. 2004. Tese (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
MACHADO, Lara Rodrigues. Capoeira e dança na educação de adolescentes. 2001.
164 p. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2001.
Lara
MACHADO, Lara Rodrigues. A capoeira: a dança como proposta de Arte Educação
aos alunos da Associação Arteiros da Dança. 2008. Tese (Doutorado em Artes) –
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
LIMA, Maria de Lourdes Farias. A práxis educativa do grupo Capoeira Angola
Malu ‘Palmares’. 2020. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da
Paraíba, João Pessoa, 2020.
OLIVEIRA, Tahise Magalhães de. Caracterização molecular de membros das
famílias de fatores de transcrição NAC e WRKY envolvidos na resposta a estresses
em citros. 2010. 98 f. Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) –
Marcha Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2010.
Lenta OLIVEIRA, Tahise Magalhães de. Caracterização fisiológica, bioquímica e
molecular em porta-enxertos de citros submetidos ao estresse por déficit hídrico.
2014. 147 f. Tese (Doutorado em Genética e Biologia Molecular) – Universidade
Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2014.
BARRETO, Paula Cristina da Silva. Negros à luz dos fornos: representações do
trabalho e da cor entre metalúrgicos baianos. 1994. Dissertação (Mestrado em
Sociologia) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1994.
Paulinha
BARRETO, Paula Cristina da Silva. Racismo e anti-racismo na perspectiva de
estudantes universitários de São Paulo. Tese (Doutorado em Sociologia) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
CASSIANO, Núbia Nogueira. O ser capoeirista e as possibilidades educativas:
Puma uma análise à luz da corporeidade. 2014. 91 f. Dissertação (Mestrado em Educação
Física) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2014.
ALEIXO, Roberta Eliane Gadelha. A defasagem de aprendizagem em Matemática
Roberta em uma Escola de Educação Física do Ceará. 2014. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2014.
SIMÕES, Rosa Maria Araújo. Capoeira: um convite ao jogo feminino. 1999.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade) – Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, Presidente Prudente, 1999.
Rosinha
SIMÕES, Rosa Maria Araújo. Da inversão à re-inversão do olhar: ritual e
performance na capoeira angola. 2006. 200 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) –
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006.
TOMÉ, Tatiana Cândida São Pedro. Proposta de ensino da capoeira nas aulas de
Educação Física escolar com ênfase em jogos pedagógicos. 2020. 213 f. Dissertação
Tati
(Mestrado em Educação Física em Rede) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
2020.
DIAS, Lucia Vanda Rodrigues. Juventude Espírita Irmão Bosco e a produção de
saberes na experiência de evangelização infanto juvenil no Grande Bom Jardim.
Vanda
2011. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2011.
188

Mestra Referência
DIAS, Lúcia Vanda Rodrigues. Se é de paz pode chegar, entrar na roda e jogar:
Vanda formação de educadores da Associação Zumbi Capoeira em cultura de paz. 2016. 226
f. – Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.
189

APÊNDICE G – REVISTAS DE EDUCAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS


ESTADUAIS DO BRASIL

Nº Revista de Educação Universidade


1 Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais
2 Revista Plurais
3 Revista de Estudos em Educação UEG
4 Revista Temporis[ação]
5 Revista de Educação, Linguagem e Literatura
6 Revista da Faculdade de Educação Unemat
7 Revista Linguagem, Educação e Memória
8 Interfaces da Educação Uems
9 Revista Brasileira de Educação, Cultura e Linguagem
10 Revista interseção: identidades e gerações Uneal
11 Revista da FAEEBA
Uneb
12 Cenas Educacionais
13 Aprender
14 Revista Práxis Educacional
Uesb
15 Revista de Estudos em Educação e Diversidade
16 Revista de Iniciação à Docência
17 Revista de Instrumentos, Modelos e Políticas em Avaliação Educacional
18 Educação & Formação Uece
19 Práticas Educativas, Memórias e Oralidades
20 TICs & EaD em Foco Uema
21 Revista de Educação Inclusiva
UEPB
22 Revista Formação
23 Revista Eletrônica Formação UPE
24 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar
EURN
25 Revista Expressão
26 Revista de saberes e práticas UEA
27 Revista Cocar
28 Revista de Educação, Saúde e Ciências do Xingu Uepa
29 Revista Marupiíra
30 Revista Humanidades e Inovação Unitis
31 Educação em Foco
UEMG
32 Educação, Comunicação e Tecnologia
190

Nº Revista de Educação Universidade


33 Direitos Humanos e Educação
UEMG
34 Caderno de Educação
35 Educação, Escola & Sociedade Unimontes
37 Pensares em Revista
38 Revista Periferia
39 Revista Docência e Cibercultura
Uerj
40 Revista Interinstitucional Artes de Educar
41 Revista Sustinere
42 Revista Teias
43 Educação e Pesquisa
44 Comunicação & Educação USP
45 Revista da Faculdade de Educação
46 Conexões
47 Educação Temática Digital
48 Revista Filosofia e Educação
Unicamp
49 Revista HISTEDBR On-line
50 Revista Internacional de Educação Superior
51 Terræ Didatica
52 Camine: Caminhos da Educação
53 DOXA – Revista Brasileira de Psicologia da Educação
Unesp
54 Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
55 Temas em Educação e Saúde
56 Revista de Educação, Ciência e Tecnologia
57 Revista Renote – Novas Tecnologias na Educação Fatec
58 Perspectiva em Educação, Gestão & Tecnologia
59 Acta Scientiarum Education
60 Revista Imagens da Educação
61 Journal of Physical Education UEM
62 Revista Brasileira de História da Educação
63 Teoria e Prática da Educação
64 Olhar de Professor
65 Práxis Educativa UEPG
66 Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en Política Educativa
67 Educação em Análise UEL
68 Revista Brasileira de Educação em Ciências e Educação Matemática Unioeste
191

Nº Revista de Educação Universidade


69 Educere et Educare
Unioeste
70 Ideação
71 Revista Aproximação
Unicentro
72 Analecta
73 Ensino & Pesquisa Unespar
74 Revista de Produtos Educacionais e Pesquisas em ensino Uenp
75 Revista Eletrônica Científica da UERGS Uergs
76 A Luz em Cena: Revista de Pedagogias e Poéticas Cenográficas
77 Revista Educação, Artes e Inclusão
78 Revista Linhas
Udesc
79 Revista NUPEART
80 Educação em Rede
81 Anais do Colóquio Luso-Brasileiro de Educação
192

APÊNDICE H – REVISTAS DE EDUCAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS DO


BRASIL

Nº Revista de Educação Universidade


1 Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação UnB
2 Revista Educação e Fronteiras (UFGD)
UFGD
3 Horizontes: Revista de Educação
4 Revista Inter Ação UFG
5 Revista de Educação Pública UFMT
6 Revista Educação UFMS
7 Revista Poísis Pedagógica UFCat
8 Itinerarius Reflections UFJ
9 Educar em Revista UFPR
10 Revista entreideias: educação, cultura e sociedade UFBA
11 Revista Temas em Educação UFPB
12 Revista Entre Ações: diálogos em extensão UFCA
13 Revista Debates em Educação Ufal
14 Educação, Ciência e Saúde UFCG
15 Tópicos Educacionais UFPE
16 Revista Tempos e Espaços em Educação UFS
17 Revista Educação em Debate UFC
18 Revista Educação e Emancipação UFMA
19 Pesquisa e Ensino Ufob
20 Linguagens, Educação e Sociedade UFPI
21 Revista Educação em Questão UFRN
22 Revista de Educação Univasf
23 Revista Educação e (Trans)formação UFRPE
24 Revista Multidisciplinar em Educação
Unir
25 Revista Praxis Pedagógica
26 Revista Educação, Pesquisa e Inclusão UFRR
27 Anthesis Ufac
28 Revista Amazônida Ufam
29 Revista Exitus Ufopa
30 Revista Ver a Educação UFPA
31 Revista Brasileira de Educação do Campo UFT
32 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Unifesspa
193

Nº Revista de Educação Universidade


33 Indagações em Educação Unifal
34 Revista Educação em Foco UFJF
35 Devir Educação Ufla
36 Educação em Revista UFMG
37 Revista Eletrônica de Educação UFSCar
38 Revista de Educação a Distância UFSJ
39 Olhares Unifesp
40 Revista de Educação Popular UFU
41 Educação em Perspectiva UFV
42 Cadernos de Pesquisa em Educação (UFES) Ufes
43 Revista Contemporânea de Educação (UFRJ) UFRJ
44 Revista Iniciação & Formação Docente (UFMT) UFTM
45 Revista EducEaD UFVJM
46 Movimento Revista de Educação UFF
47 Revista Ensaios e Pesquisas em Educação e Cultura UFRRJ
48 Revista Educação & Tecnologia UTFPR
49 Revista Insignare Scientia UFFS
50 Revista Docência do Ensino Superior UFCSPA
51 Cadernos de Educação UFPel
52 Revista Perspectiva UFSC
53 Revista Educação UFSM
54 Revista Educar Mais Unipampa
55 Educar em Revista (UFPR) UFPR
56 Revista Momento - Diálogos em Educação
Furg
57 Diversidade e Educação
58 Revista Educação & Realidade UFRGS
59 Tópicos Educacionais Ufape
60 Pedagogia UFNT
194

APÊNDICE I – REVISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS UNIVERSIDADES


PÚBLICAS DO BRASIL

Nº Revista de Educação Física Universidade


1 Praxia UEG
2 Revista Saúde.Com Uesb
3 Revista Redfoco EURN
4 Revista Eletrônica Nacional de Educação Física Unimontes
5 Revista Brasileira de Educação Física e Esporte
USP
6 Revista Paulista de Educação Física
7 Acta Scientiarum. Health Sciences UEM
8 Caderno de Educação Física e Esporte Unioeste
9 Praxia UEG
10 Revista Saúde.Com Uesb
11 Revista Redfoco Eurn
12 Revista Eletrônica Nacional de Educação Física Unimontes
13 Revista Brasileira de Educação Física e Esporte
USP
14 Revista Paulista de Educação Física
15 Acta Scientiarum. Health Sciences UEM
16 Caderno de Educação Física e Esporte Unioeste
17 Praxia UEG
18 Pensar a Prática UFG
19 Revista Corpoconsciência UFMT
20 Revista Nefce UFPE
21 Motricidades UFSCar
22 Revista Especial de Educação Física UFU
23 Revista Mineira de Educação Física UFV
24 Arquivos em Movimento UFRJ
25 Revista Fluminense de Educação Física UFF
26 Formação em movimento UFRRJ
27 Cadernos Brasileiros de Educação Física, Esporte e Lazer UFPel
28 Motrivivência UFSC
29 Revista Kinesis UFSM
30 Didática Sistêmica FURG
31 Movimento UFRGS
195

APÊNDICE J – REVISTAS DE GÊNERO/FEMINISMO DAS UNIVERSIDADES


PÚBLICAS DO BRASIL

Nº Revista de Gênero/Feminismo Universidade

1 Revista Feminismos
UFBA
2 Cadernos de Gênero e Diversidade
3 Gênero e Direito
UFPB
4 Revista Ártemis - Estudos de Gênero, Feminismo e Sexualidades
5 Revista Bagoas UFRN
6 Revista Gênero na Amazônia UFPA
7 Revista Espaço Caderno Feminino UFU
8 Revista Gênero UFF
9 Revista Cadernos de Gênero e Tecnologia UTFPR
10 Revista Estudos Feministas UFSC
11 Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero UFRGS
12 Cadernos Pagu Unicamp
13 Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero UEPG
APÊNDICE K- BIOGRAFIAS DAS MESTRAS DE CAPOEIRA

REGIÃO NORDESTE

46 Meras da Bahia 14 Meras 3 Meras 10 Meras 1 Mera


Guerreira do ará do Maranhão de Pernambuco do Sergipe
Amazonas
Aruanda Janja Paulinha Aninha Felina
Pudiapen
Bya Jararaca Pequena Rasta Bruxinha Bel
Samme
Brisa Jô Preguiça
Raquel
Carla
Claudinha
Valdira
Dani Gouveia
Dani Ferraz
4 Meras
Carol Lene
Ritinha Cleide Deivinha da R.G. do Norte
Lilu
Celebridade
Claudia Lucia Cigana (in memoria) Darlyane 2 Meras Di Manhosa
Coruja Marcha Lenta Rute Doralice da Paraíba Isa Paulette
Soninha Felina Mônica
Cris Mada Jane Sherra
Taísa Flanela Selva
Dandara Marly Malvadeza Tate Malu Sorvetinho
Dandara Baldez Nani Jana Shirley Guerreira
Tekka Manô
Dila Nzinga
Esperança Nena
Tisza Nega
Tonha Rolo do Mar Paulinha Zumba
1 Mera
Fafá/Capeta Omara/Piolho (in memoria) do Piauí
Geisa Patrícia Roberta
Trança Mazé
Gegê Risadinha Vanda
Vanessa
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Amazonas
Cristiane da Silva dos Santos nasceu em Senhor
do Bonfim, BA, em 02/01/1980. Iniciou na
capoeira em 1983, foi consagrada mestra pelo
Mestre Marinaldo em 2011 no Grupo de
Capoeira Flecha Dourada. Há 20 anos, ela
desenvolve um trabalho com a capoeira no
município de Jaguarari, BA. Foi homenageada
no evento Berimbau de Ouro em 2017.
Fonte: Acervo da Mestra Amazonas.

Mera Aruanda
Taluana Castello Branco Pinheiro Sousa
nasceu em Salvador, BA, em 03/07/1979. Foi
consagrada mestra em 2015 pelo Mestre
Daiola na Associação Jequitibá Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Aruanda.

Mera Bya
Noêmia Evangelista da Penha nasceu em Salvador,
BA, no dia 03/11/1967. Iniciou na capoeira em 1980,
foi formada professora em 1998, e se tornou mestra
em 2008, no bairro do Nordeste de Amaralina, em
Salvador. Em sua trajetória, recebeu a contribuição
dos Mestres Bozó Branco, Ninha, The Flash e Crush.
Ela é fundadora da Associação Afro Bahia Escola de
Capoeira (AABEC).

Fonte: Figueiredo (2021).

197
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Brisa
Carolina Gusmão Magalhães nasceu em Salvador-BA
em 19/09/1977. Iniciou capoeira em 1992 com o Mestre Bozó
Preto (in memoriam) no Nordeste de Amaralina, depois se
formou mestra em 2009 pelo Mestre Jean Pangolim, integrante
do Grupo G.U.E.T.O. É bacharel em Nutrição, possui Mestrado
em Gestão Social pela UFBA, doutoranda em Nutrição pela UFBA.
Professora no Centro de Ciências da Saúde da UFRB. Faz parte do
Conselho de Mestres de Capoeira na Federação Mundial da Capoeira
(World Capoeira Federation). Participou do CD “Eu também canto Bahia”
em 2019, publicou o livro “Lendas de um Capoerê” em 2001 pela UdUNEB.
Foto: Acervo da Mestra Brisa

Mera rol
Caroline Figueiredo nasceu em Salvador-BA
em 02/06/1976. Iniciou na capoeira em 1993
e tornou-se mestra em 2020 pelo Mestre
Balão do CTE Capoeiragem. Ela fundou o
Capoeira Orgânica Brasil. Ela é formada em
Educação Física (UCSAL) e já divulgou a
capoeira a nível nacional e internacional.
Homenageada em 2020 no “Capoeiristas
inspiradoras” pelo @CapoeiraMulher.
Fonte: Acervo da Mestra Carol.

Mera lebridade
Karen Lucy Póvoas Ramos nasceu em Itabuna, BA, em
01/12/1980. Iniciou na capoeira em 1996 e se formou mestra
em 2016 pelo Mestre Ninja no grupo Celeiro de Bamba.
A mestra é graduada em Comunicação Social, especialista
em Gestão Cultural pela UESC. Ela já foi repórter na TV Santa
Cruz. Ela já foi voluntária em projetos sociais como “Capoeira
para Todos”, já deu aulas de capoeira, participou de palestras,
contemplada em editais com projetos culturais, membro da
comissão organizadora de eventos femininos como “Mandinga
de Sinhá”. Ela, atualmente, é assessora em Comunicação.
Fonte: Acervo da Mestra Celebridade.

198
BAHIA 46 MESTRAS

Mera áudia

Cláudia Viana Avila D Andrade nasceu em São José da


Vitória, BA, em 17/05/1967. Começou a frequentar
a capoeira, em 1987, acompanhando o marido, porém só
começou a treinar em 1992 recebendo seu primeiro cordão
no ano seguinte. A primeira graduação de mestra foi em 2017, e em
2019 recebeu a terceira corda de mestra (azul e branco) pelo Mestre
Suassuna no Raiz Cordão de Ouro. Ela é graduada em História e
especialista em História Regional pela UESC. Ela também
é autora do livro “Capoeira de luta de negro a exercício de branco”,
também é professora de História da rede pública desde 2002.
Fonte: Figueiredo (2021).

Mera ruja
Vânia Patrícia Santos Peixoto nasceu na Ilhéus, BA, em
25/03/1980. Iniciou com 11 anos no Grupo Berimbau da
Bahia com o Mestre Lázaro, em seguida passando a fundar
o Grupo Nação Zumbi juntamente com o Mestre Zumbi.
Foi consagrada mestra em 2019 tendo recebido a contribuição dos
Mestres Zé Pequeno, Antônio Manhoso e Lázaro. Ela é licenciada
em Educação Física pela Universidade Norte do Paraná.
Atualmente, está cursando a especialização em Psicomotricidade, e
há 15 anos desenvolve o Projeto Brincar Capoeira que fortalece a
pedagogia da capoeira entre as crianças.
Fonte: Acervo da Mestra Coruja.

Mera is
Bárbara Cristina Bittencourt nasceu em
Salvador, BA, em 01/09/1982. Iniciou na capoeira
em 1987 e foi consagrada mestra em 2019 pela
comunidade da capoeira e na Associação de Capoeira
Angola Navio pelo Mestre Renê Bitencourt, que é seu
pai e sua grande referência. Em sua caminhada teve
referências de mulheres como Mestra Ritinha (in
memoriam), Mestra Jararaca, Verônica de Paula, dentre
outras mulheres aguerridas. Para a Mestra Cris, a
capoeira é cura.
Fonte: (OLIVEIRA, FAGUNDES; 2020).

199
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Dandara
Aurelice dos Santos Bispo, nasceu em Salvador, BA,
em 25/05/1974. Iniciou na capoeira em 1987 e foi
consagrada mestra em 2016 pelo Mestre Angola na
Associação de Capoeira Angola Corpo e Movimento.
Participou do CD “Eu também canto Bahia” em 2019.
Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Dandara Baldez


Conhecida também como Preta Kalunga, Dandara
Reis Baldez, nasceu em São Luís, MA, em 07/02/1981.
Iniciou na capoeira aos 5 anos, e foi consagrada mestra
em 2017 pelo Mestre Euzamor no Grupo Cazuá de
Capoeira Angola. Possui graduação em Dança pela
UFBA, mestra em Dança e professora na Escola de
Dança na UFBA. Participou do documentário “Maculelê:
entre paus, grimas e cacetes”.
Fonte: Acervo da Mestra Dandara Baldez.

Mera Dila
Edilene dos Santos Neves nasceu em 08/04/1976 em
Santo Amaro, BA. Começou na capoeira em 1992, no grupo
ACARBO, com o Mestre Macaco. Foi consagrada mestra no grupo
em11/9/2021. Já teve um trabalho de capoeira para mulheres, no
seu bairro, trabalhou em lojas, ministrou oficinas no ponto de
cultura. Também já viajou para fazer apresentações, participar de
eventos e excursões com sambas de roda, maculelê e capoeira,
na expansão do grupo, na Bahia e em outros estados. É
Licenciada em Pedagogia, está cursando a Pós-graduação em
História e Cultura Afro. É chefa de cozinha, tem um restaurante
em Terra Nova, desenvolve um trabalho pedagógico com a
capoeira numa escola em Santa Marcelina, Terra Nova, uma das
filiais do Grupo ACARBO. Já foi casada com o Mestre Macaco e
tiveram juntos dois filhos, professor Railan e Emanuele que
também são capoeiristas.
Fonte: Acervo da Mestra Mestra Dila.

200
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Esperança
Adriana de Araújo Soares da Silva nasceu em Barreiras,
BA, em 23/11/1983. Iniciou na capoeira em 1990 e foi
consagrada mestra em 2016 pelo Mestre Dino na
Associação de Capoeira Cultura Brasil.
Fonte: Acervo da Mestra Esperança.

Mera Fafá/pa
Maria de Fátima Evangelista Bomfim nasceu em
Lauro de Freitas, BA, em 18/10/1981. Começou a
treinar capoeira em 1992, quando tinha 11 anos de idade,
com o Mestre Regi no Grupo Capoeira Filhos de Oxóssi
Guerreiro. Foi consagrada mestra em 2012 pelo
Mestre Regi.
Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Geisa
Geisa Maria Barbosa Ribeiro de Sousa Torres, nasceu em Salvador,BA,
em 12/09/1981. Ela também é mãe de quatro filhos, sendo dois
sanguíneos e dois adotivos. Iniciou na capoeira em 1988 e foi consagrada
mestra em 2015 pelo mestre Gabriel. É fundadora da Associação Cultural
Bahia Ginga, em 2009, trabalhando com a capoeira como corrente de
transformação social de forma pedagógica e desportiva, com projetos
como Ginga Feminina e Transformaê Capoeira. Ela ensina na
comunidade, desde 1996, no bairro do São Caetano e adjacências,
também atua em escolas particulares, como Centro Educacional RBM. É
bacharelanda em Educação Física pela Unicesumar, Webdesign, vice
presidente da Torres Editorial & Marketing Digital- Comunicação e
produção editorial e presidente fundadora da Ginga Sublimações-
Personalizações Gráficas. Ela também é autora dos livros “Capoeira
nossa cultura”, “Ginga feminina São Elas” e “A Construção”. Ela recebeu
o prêmio Berimbau de Ouro em 2013, recebeu a homenagem Amigos do
Proerd por trabalhos socioculturais ao lado da Base Comunitária da PM
de São Caetano em 2017, e participou do filme “A roda também é dela”
em 2021.
Fonte: Acervo da Mestra Geisa

201
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Gegê
Maria Eugênia Poggi nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28/11/1972.
Ela é sagitariana e mãe de Anna Gabriela e Marcos Antônio. Iniciou na
capoeira, em 1995, quando foi residir em Washington DC, Estados Unidos
e conheceu o Mestre Cobra Mansa. Desde então, a capoeira tem um
papel fundamental não apenas de transformação em seu caminho de
autoconhecimento e em sua formação humana, mas também em suas
escolhas e percursos de vida. Após 14 anos nos EUA, retorna ao Brasil,
passando 4 anos estudando e praticando a capoeira angola em Salvador e
há quase 8 anos reside em Valença onde vem desenvolvendo inúmeros
trabalhos de Capoeira Angola em espaços formais e não formais de ensino.
Em 2018, completou o curso de licenciatura em Educação Física pela
Faculdade Zacarias de Góes, em Valença, e atualmente faz pós-graduação
em Estudos Étnicos e Raciais e Cultura Afro-brasileira na Educação pelo
Instituto Federal Baiano de Valença.
Fonte: Acervo da Mestra Gegê.

Mera Gueeira
Alessandra Rodrigues da Silva nasceu em Bom Jesus
da Lapa, BA. Seu primeiro contato com a capoeira foi
em novembro de 1986. Já ministrou aulas em vários
projetos sociais, academias etc. Foi consagrada mestra
pelo mestre Fazinho. Há 19 anos fundou seu Grupo de
Capoeira Alessandra Guerreira em Caculé, BA.
Fonte: Acervo da Mestra Guerreira.

Mera Janja
Rosangela Costa Araújo, nasceu em Feira de Santana, BA em
4/10/1959. Iniciou capoeira em 1981 e foi consagrada mestra em
1995, tendo recebido contribuições dos mestres João Grande, Moraes e
Cobra Mansa. “A mestra consolidou sua carreira intelectual em
São Paulo, onde criou uma Orquestra de Berimbaus, recebeu o título de
cidadã da cidade levando a capoeira para jovens e idosos de uma
comunidade carente”, uma das lideranças da Rede Angoleira de Mulheres
(RAM) (LIMA, 2016, p.53). Posteriormente, retorna para a Bahia e funda, em 1995,
junto com Mestre Poloca e a Mestra Paulinha o Grupo Nzinga de Capoeira Angola.
A Mestra Janja também é graduada em História, mestra e doutorada em
Educação pela USP, pós-doutora em Ciências Sociais pela PUC, professora na
Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais na UFBA, líder do Grupo de
pesquisa de Gênero, Arte e Cultura do NEIM.
Fonte: Figueiredo (2021).

202
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Jararaca
Valdelice Santos de Jesus nasceu em Salvador, BA ,
em 4/8/1974. Iniciou na capoeira entre 1983 e 1984 na
academia do Mestre João Pequeno. Frequentava a roda
de Mestre João Pequeno com sua irmã, Ritinha, também
mestra de Capoeira Angola. Foi formada professora na
academia do Mestre João Pequeno. Foi consagrada
contramestra e recebeu o título de mestra pelo Mestre
Curió no Grupo de Capoeira
Angola Irmão Gêmeos em 2001.

Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Jô
Joselita Pereira de Oliveira nasceu em Juazeiro, BA, em
4/06/1975. Iniciou na capoeira em 1982 com o professor Bartola.
Treinou com diversos capoeiristas, até que, em 1994 se mudou para o
Rio de Janeiro, e passou a ser integrante do Grupo Capoeira Brasil, e foi
consagrada mestra em 2011 pelo Mestre Boneco. Divulgou a capoeira em vários
países, desenvolveu trabalhos nos Estados Unidos, China, Austrália, França,
Espanha, Israel e Polônia. A mestra já se apresentou pelo Dance Brasil no Lincon
Center, e participou de shows em Nova Iorque, inclusive morou e desenvolveu
muitos trabalhos na cidade durante 6 anos. Também já realizou trabalhos com
marcas famosas como Nike, GAP e Sony. Recebeu da cidade de Juazeiro, BA,
uma homenagem de reconhecimento no dia do Capoeirista, também recebeu uma
carta de agradecimento pelo trabalho feito com a capoeira pelo Consul da Austrália
e de Hong Kong.
Fonte: Acervo da Mestra Jô.

Mera ne
Lucilene Lopes da Silva nasceu em Icoaraci, PA, em
27/5/1965. Recebeu o título de mestra
pelo Mestre Pelé da Bomba na Associação Capoeira Angola
em 2014, em Salvador; e em 2017, reconhecida mestra no
estado do Pará pelo Mestre Walcir. Já recebeu os prêmios:
Capoeira Premium, Valorização e reconhecimento pela
Federação da Bahia, em 16/11/2015; Berimbau de Ouro-
Valorização e Reconhecimento, em 19/2/2016, pelo Mestre
Máximo. Em 3/4/2016, inaugurou sua academia em Valéria
com a presença de vários capoeiristas. Atualmente é vice-
presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola em
Salvador.
Fonte: Figueiredo (2021).

203
BAHIA 46 MESTRAS

MeraMera
Jararaca
lu
Maria Luísa Pimenta nasceu em São Paulo, SP, em 03/05/1973.
Iniciou na capoeira em 1992 em Belo Horizonte, e em 2000
mudou-se para Bahia. É cofundadora do grupo cultural Capoeira
Malta da Serra, em Lauro de Freitas, BA. É também integrante do
Bando Anunciador da Capoeira Angola de Rua desde 2000. Em
26/11/2021, foi reconhecida mestra de capoeira por Luciano
Guimarães (Lauro de Freitas), o mestre Luciano, e Paulo Ferreira,
o mestre Paulão (Suíça), ambos mineiros que rodaram o mundo e
se estabeleceram na capoeira e representam: Luciano, seu
companheiro e mestre e Paulão, o mestre que lhe ensinou a
gingar, e além de ser uma grande referência para Luciano como
mestre.

Mera Lúcia gana


Lúcia de Fátima Monteiro nasceu no Rio Grande do Norte
em 03/11/1959. Foi integrante da Capoeira Angola
Palmares, discípula durante 20 anos do Mestre Nô. Hoje,
faz parte do Grupo de Capoeira Guerreiro de Palmares sob
comando do Mestre Lázaro. Foi homenageada como “Guardiã
dos saberes e memórias da cultura africana e afro-brasileira
no estado da Bahia” pela Frente Parlamentar em defesa da
Capoeira em 2019. Foi candidata a vereadora em 2020 em Salvador.
Fonte: Acervo da Mestra Lúcia Cigana.

Mera Marcha nta


Tahise Magalhães de Oliveira nasceu em Itabuna, BA,
no dia 13/7/1983. Iniciou na capoeira em 1996 e se
tornou mestra em 2015 pelo Mestre Ninja do Celeiro de
Bamba em Itabuna, BA. Ela é formada em Ciências
Biológicas, mestra em Genética e doutora em Biologia
Molecular pela UESC. Atua como docente na UniFTC e
Uninassau no campus de Vitória da Conquisa.

Fonte: Acervo da Mestra Marcha Lenta.

204
BAHIA 46 MESTRAS

Mera
Mera
Jararaca
Mada
Maria Madalena dos Prazeres dos Santos nasceu em
Salvador, BA, em 22/07/1962. Iniciou na capoeira no Circo Picolino quando
foi levar o filho e acabou entrando também. Depois de 4 anos, vou treinar
com o Mestre Denilson, na Massaranduba, onde teve a sua trajetória
formativa no grupo. Ela treinava diariamente com o mestre, depois que o
mestre falou que iria parar o trabalho em Alto de Coutos,
ela assumiu e foi reconhecida como professora pela comunidade.
Paralelamente, começou a dar aulas de capoeira em escolas em Salvador,
depois que seu filho foi para Itália. Ela já desenvolveu trabalhos com a
capoeira em Creche, Criarte, Sonho infantil, Colégio Objetivo, Escola
Francisca de Sande. Ela foi consagrada mestra, em 2005, pelo Mestre
Denilson na Associação de capoeira grupo girassol. Em 2021, recebeu o
título de Doutora em Honoris Causa pela Faculdade de Formação
Brasileira e Internacional de Capelães em Salvador.
Fonte: Acervo da Mestra Mada.

Mera Marly

Marli Barbosa Vieira nasceu em 23/7/1953, em Bom Sucesso, RJ. Iniciou na


capoeira há 38 anos, no Rio de Janeiro, com o Mestre 22, tendo recebido a contribuição
do Mestre Puma no mesmo período e, logo depois, a do Mestre Gary, durante muitos anos.
Em 1985, mudam-se para São Francisco do Conde, BA, onde fundaram a Associação Cultural
Capoeira Liberdade (antigo Capoeira Guerreiros). A Mestra Marly foi consagrada mestra no dia
09/09/2012, pelo Mestre Gary, que também era seu esposo (in memoriam) com quem teve três filhos.
Atualmente, ela é presidenta da referida associação e é a única mulher integrante do Conselho da Cultura
de São Francisco.
Fonte: Acervo da Mestra Marly.

Mera Nani
Cristiane Santos Miranda nasceu em Salvador, BA, em
02/06/1983. Iniciou na capoeira, em 1995, na Fazenda Coutos,
no espaço onde seu avô, Mestre João Pequeno (in memoriam)
construiu sua casa. Depois de muitos anos de dedicação, foi
consagrada mestra em 2018 pelo Mestre Ciro. Ela conduz o
Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), Academia João
Pequeno de Pastinha, matriz em Salvador. Idealizadora do
Projeto Pequenos de João na Fazenda Coutos, hoje Mestra
Orientadora dos Jovens do Centro Cultural Casa Mestre João
Pequeno de Pastinha. A mestra fez parte do filme “Mestre
Pastinha, Rei da Capoeira” de Carolina Canguçu em 2019.
Participou do CD “Eu também canto Bahia” em 2019. Ela
também é formada em Educação Física.
Fonte: Figueiredo (2021).

205
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Nzinga
Maria Cristina dos Santos Ramos nasceu em Conceição de
Feira, BA, em 1/1/1971. Filha de Antônio Lopes dos Anjos
(in memoriam) e Albertina Ramos dos Anjos (in memoriam). Ela é casada
e tem quatro filhos. Iniciou na capoeira em 1984, assistia muitas
rodas de rua quando ia fazer feira com sua mãe aos sábados em Conceição
de Feira. Ao fazer um trabalho na casa de amigas, começou a treinar no fundo
do quintal com um rapaz que ensinava a luta. Depois que se casou e precisou se
mudar para Salvador, teve que parar a capoeira. Quando retorna para Conceição
de Feira volta aos treinos com o professor Admilton (atualmente mestre) e
não parou mais. Em 28/8/2021 recebeu das mãos do Mestre Macaco,
mestre do seu mestre, a graduação de mestra no Grupo ACARBO. Em sua formatura
estavam presentes 15 mestres e mestras, dentre elas as Mestras Geisa e Amazonas. Ela
desenvolve um trabalho com a capoeira em seu espaço que se localiza na Av. Antônio
Carlos Magalhães s/n em Conceição de Feira. É também formada em Educação Física.
Fonte: Acervo da Mestra Nzinga.

Mera Nena
Luciene Maria de Lima da Silva nasceu em
Feira de Santana, BA, em 10/12/1976. Iniciou na
capoeira em 1982 e foi consagrada mestra em 2011
pelo Mestre Raimundo Nonato na Associação
Cultural de Capoeira São Francisco.
Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Omara/Piolho

Omara Silvia da Conceição Santos nasceu em Salvador, BA, em


27/2/1959. Iniciou na capoeira aos 15 anos no Colégio Estadual Severino Vieira,
com o professor Régis. Em seguida, iniciou no Grupo de Capoeira Meninos de
Itaparica com o professor Pássaro Preto, depois se associou ao Grupo União de seu
irmão, onde foi consagrada mestra no ano de 2012, e posteriormente, criou o Grupo
Ama Capoeira. Durante o período no qual esteve ligada ao grupo União, teve vários
alunos levados por seu irmão para a Suíça e lá alguns permanecem até os dias
atuais, onde criaram famílias, estudaram e se formaram e estão trabalhando, além de
continuarem a dar aula de capoeira no grupo União. Participou de alguns eventos na
Europa, onde foi entrevistada por emissoras locais , cujas entrevistas estão nas redes
sociais. Tem 3 filhos, dois rapazes e uma moça, além de uma neta com 6 anos de
idade.
Fonte: Acervo da Mestra Omara.

206
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Prícia
Patrícia Mascarenhas Fernandes nasceu em Salvador, BA, em 23/9/1970.
Iniciou na capoeira em 1986, recebeu o título de Mestra em 2015 pelo
Mestre Ferreira do Grupo Urucungo. Com 15 anos, passa a frequentar
rodas tradicionais onde não haviam muitas mulheres nessa época, portanto,
não havia uma reflexão sobre o papel da mulher na Capoeira. Ela percebia que as
oportunidades eram diferentes entre homens e mulheres, mesmo assim
enfrentava barreiras sem dar-se conta do que essa posição significava. Após sua
formatura de "aluna formada " em 1992, passa a dar aula para crianças e adultos. Faz uma
turnê pela Inglaterra através da Bahiatursa, em seguida, passa um período em Barcelona
dando aula para crianças e adultos. Também teve a oportunidade de apresentar sua
trajetória de Capoeira na embaixada do Brasil em Buenos Aires. Ela é a idealizadora do
Projeto 'A criança na capoeira', que desde 2014 tem promovido formação para quem trabalha
dando aula de capoeira para as crianças. Em 2020, diante de uma preocupação antiga com
os efeitos do machismo na Capoeira, passa a organizar um grupo de homens capoeiristas
para discutirem sobre masculinidades.

Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Paulinha
Paula Cristina da Silva Barreto nasceu em Vitória da
Conquista, BA, em 30/6/1963. Iniciou na capoeira em 1982, foi
consagrada mestra em 2000 pela comunidade da capoeira e
recebeu o título em 2007 pelo Mestre Cobra Mansa. Fundou,
em 1995, o Grupo Nzinga juntamente com a Mestra Janja e o
Mestre Poloca. Viajou para cidades e países para participar de
eventos de capoeira, a sua primeira viagem internacional foi
em 1995, e desse período não parou mais. É mestra em
Sociologia pela UFBA, doutora em Sociologia pela USP,
professora no Departamento de Sociologia e do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais.
Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Pequena Raa


Sueli Merice dos Santos nasceu em Santo Antônio
de Jesus, BA, em 27/1/1976. Começou a praticar a
capoeira regional, aos 12 anos, com o Mestre
Gabriel, sendo consagrada mestra, em 2010, pelo
Mestre Gabriel no Grupo de Capoeira Africana.
Fonte: Figueiredo (2021).

207
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Preguiça
Cleonice Silva nasceu em Salvador, BA, em
28/3/1976. Iniciou na capoeira em 1987 e foi
consagrada mestra charangueira, em 2010, pelo
Mestre Nenel na Filhos de Bimba Escola de Capoeira.
Ela leciona no núcleo do Nordeste de Amaralina e tem
projeto com a capoeira para as meninas na Ilha de
Itaparica. A mestra foi protagonista no filme “Mulheres
da Pá Virada” produzido pelo Grupo de Intervenção
Marias Felipas.
Fonte: Acervo da Mestra Preguiça..

Mera Risadinha
Jane Cruz dos Reis nasceu em 18/07/1982, em Mata de São João, BA. Iniciou na
capoeira em 2003, em Camaçari, BA, com o Mestre Ismael, criador da Associação
Cultural e Desportiva de Inclusão Social, conhecida como Grupo de Capoeira
Inclusiva. Foi consagrada mestra no dia 08/01/2022, pelo Mestre Ismael. Ela
desenvolve um trabalho de recreação, ludicidade e inclusão social na capoeira para
pessoas com deficiências na APAE de Camaçari. Ela também é graduada em
Educação Física pela UNIRB, já trabalhou em projetos sociais pela Petrobrás, em
escolas e associações de bairros do referido município. Há mais de 15 anos, o seu
grupo desenvolve um trabalho diferenciado com a pessoa com deficiência intelectual e
múltipla em Camaçari, tendo realizado 21 eventos de Capoeira e Inclusão Social.
Fonte: Acervo da Mestra Risadinha.

Mera Rinha (in memoriam)

Rita de Cássia Santos de Jesus nasceu em Salvador, BA, em


21/11/1962 e faleceu em 21/01/2019. Iniciou
na capoeira, em 1983, na Academia do Mestre João Pequeno,
participou de eventos e cursos no Brasil e Exterior. A mestra foi
homenageada (in memoriam) no documentário “Mulheres da pá
virada”, livro “O legado de Ritinha da Bahia: mulheres no jogo da
resistência” e no projeto“Tons e sons
das mulheres na capoeira”.
Fonte: Josenice Guedes.

208
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Raquel
Raquel Cordeiro Leite nasceu em Bom Jesus da
Lapa-Bahia em 01/01/1968. Iniciou na capoeira na década de
80 e se tornou mestra em 2015 na Associação Lapense de
Capoeira Ginga Bahia pelo Mestre Fazinho. Ela possui
graduação em Serviço Social pela Universidade de Santo
Amaro
Fonte: Figueiredo (2021)

Mera Re
Rute Oliveira Sena, nasceu em
Camaçari-BA em 13/05/1979. Iniciou na
capoeira em sua infância e tornou-se mestra em 2014
pelo Mestre Petróleo no Grupo Discípulos do
mestre Petróleo.
Fonte: Acervo da Mestra Rute.

Mera Soninha
Sônia Borges nasceu em Muritiba, BA, em 9/5/1969.
Iniciou na capoeira em 1987 e foi consagrada mestra, em
2010, pelo Mestre Medicina no Grupo de Capoeira Raça.
Ela também é professora de Educação Física.
Fonte: Figueiredo (2021).

209
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Te
Tatiane Santana dos Santos, nasceu em
Salvador, BA, em 03/08/1980. Iniciou na capoeira
aos 7 anos, consagrada mestra em 2015 pelo
Mestre Lazinho na Associação Cultural
de Capoeira Raça Negra.
Fonte: https://clipsacademiaeu.com/page/3)

Mera Taísa
Taísa da Silva nasceu em Santo Amaro da
Purificação, BA, em 6/2/1978. Inicia na capoeira aos
15 anos, consagrada mestra, em 2019, pelo Mestre
Bendengó. Ela foi aluna do Mestre Macaco realizou
trabalho social com crianças e jovens em comunidades
vulneráveis (BESSA, 2020).
Ela conduz junto com o Mestre Bendengó a Associação
Cultural Sementes de Santo Amaro.
Fonte: Figueiredo (2021).

Mera Tea Fogue


Tereza das Candeias dos Santos nasceu em
Nazaré das Farinhas, BA. Iniciou na capoeira
em 1988 na Associação de Capoeira Mestre Bimba
em Salvador. A sua formatura de mestra foi em 2020
pelo Mestre Bamba na Associação de Capoeira Mestre Bimba.

Fonte: Figueiredo (2021).

210
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Tisza
Tisza Coelho, nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1966.
Iniciou na capoeira em 1981, foi reconhecida mestra pela
comunidade e pelo mestre João Grande. Ela conduz o
Centro de Capoeira Angola Ouro Verde fundado em 2003,
trabalho realizado na Vila da Serra Grande e na área rural do
município de Uruçuca. A mestra possui trabalhos contínuos com
a capoeira, a dança e a percussão em cidades da Bahia, de
Goiás, do México e dos Estados Unidos.
Foto: Acervo da Mestra Tisza.

Mera Tonha Rolo do Mar


(in memoriam)
Segundo Mestre Cobrinha Verde “O meu mestre de jogar
navalha no cordão, nas mãos e nos pés foi Tonha, apelidada
de Tonha Rolo do Mar. É uma mulher. Ainda é viva e anda de
facão na mão. Mora em Feira de Santana, no Tomba”
(SANTOS, 1991, p.12).
Fonte: SANTOS, Marcelino dos. Capoeira e mandingas:
Cobrinha Verde. Salvador: A rasteira, 1991.

Mera Trança
Vanessa Rebouças D'Oliveira nasceu em Salvador, BA, em
08/10/1980. No início de 1996, iniciou a prática da capoeira no
Grupo de Capoeira Regional Porto da Barra, com o Mestre Cabeludo.
Em 2001, ela concluiu o ensino superior, formando-se em Turismo.
Em 2002 foi cursar um Mestrado em Desenvolvimento Sustentável,
em Sydney, na Austrália, onde também trabalhou com turismo, além
de treinar e ensinar capoeira nos espaços de seu amigo Cachaça,
hoje mestre. Em 2003, Trança foi residir em Barcelona, na Espanha,
ensinando capoeira em uma cidade vizinha, Terrassa. Em 2004,
retornou ao Brasil, onde continuou a treinar duro e ensinar capoeira
na matriz de seu grupo, como substituta de seu mestre e em seus
próprios espaços, que incluíram a Escola Bahiana de Medicina,
condomínios e academias no bairro do Rio Vermelho. Em 2018,
recebeu de seu mestre, em Salvador, ao título de Mestra, tornando-
se a primeira mulher a alcançar esta graduação dentro de seu grupo.
Fonte: Acervo da Mestra Trança.

211
BAHIA 46 MESTRAS

Mera Vanea
Vanessa Vieira Midlej Silva nasceu em Porto Alegre, RS, em 9/1/1978. Ela é filha de mãe
gaúcha e pai baiano. Iniciou na capoeira em 1990, por intermédio dos amigos Kinho e Nenem,
que lhe ensinaram a ginga, Em 1992, foi morar em Minas Gerais com sua mãe, onde
continuou treinando a capoeira. Ao retornar para Itabuna, em 1994, foi treinar com o Mestre
Valdeci. Começou a ensinar a capoeira em 1996. Em sua trajetória na arte, teve a contribuição
do mestre Miguel Machado, em especial no ano de 1997. Morou e trabalhou com capoeira em
Viçosa, MG, Petrópolis, RJ, e Natal, RN. Foi consagrada mestra de capoeira em 2010 em
Natal. Ao retornar para o grupo Raça, voltou a utilizar a corda de contramestra de capoeira. Ela
também é mãe, formada em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (2003), em
Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e mestra em Educação pela
UFRN. Retornou pra Itabuna em 2013 e, desde então, ensina capoeira no Espaço Cultural
Josué Brandão em Itabuna, BA, e além de atuar como fisioterapeuta e acupunturista. Sua
maior referência na capoeira é seu mestre, o Mestre Medicina,

212
CEARÁ 14 MESTRAS

Mera Bruxinha
Cristiane Marreiros dos Santos nasceu no Ceará
em 13/10/1978. Tornou-se mestra em 2016
no Grupo União capoeira pelo Mestre Marron.
Ela nunca parou a capoeira e tem um trabalho sólido há mais
de 28 anos.
Fonte: Acervo da Mestra Bruxinha.

Mera rla
Carla Mara Henrique Silva nasceu em Fortaleza, CE, em 5/5/1967.
Começou na capoeira, em 1984, com os professores Junior e Jean, ambos
alunos do Mestre Everaldo Ema, por sua vez alunos do mestre Zé Renato e
integrantes do Grupo Zumbi, um dos primeiros grupos de capoeira a surgir no
estado do Ceará. A partir de 1987 passou a treinar com o Mestre Soldado no
bairro do Nova Metrópole. O seu primeiro trabalho, ensinando, ocorreu em
1989, quando se ocupava dos alunos iniciantes que chegavam para treinar.
Entre as funções e cargos que ocupa, a mestra representa o conselho de
mestres e mestras do estado do Ceará, é presidenta da Associação Zumbi de
Capoeira (AZC), em 2018 elege toda diretoria feminina da AZC. Para além de
coordenar o núcleo de Mulheres da AZC, o fórum de mulheres capoeiristas,
participa do GT salvaguarda IPHAN, faz parte do Grupo de Integração
Feminina da Capoeira, e é membro da Rede nacional da capoeira (movimento
de mestres e mestras do Brasil) participa da equipe do documentário do
registro da capoeira do Ceará. Foi consagrada mestra em 2009.
Fonte: Acervo da Mestra Carla.

Mera audinha
Ana Claudia Rodrigues de Mendonça Pinheiro nasceu no Ceará
em 12/06/1976. Iniciou na capoeira, em 1989, tornou-se mestra em
2019 no Centro Esportivo e Cultural Pura Capoeira em Movimento pelo
Mestre Auricélio. Ela é formada em Pedagogia, especialista em
Educação Especial pela Universidade Estadual Vale do Acaraú,
especialista em Secretariado Executivo e Assessoria Gerencial pela
UNIATENEU; graduanda em Ciências Contábeis pela Universidade Norte
do Paraná. Especialização em Controladoria e Finanças pela Uniateneu.
Especialização em Controladoria e Finanças pela Uniateneu.
Fonte: Acervo da Mestra Claudinha.

213
CEARÁ 14 MESTRAS

Mera eide
Maria Cleide Tomaz Duarte nasceu no Ceará
em 28/08/1968. Ela iniciou na capoeira em 1992 e se
tornou mestra em dezembro de 2010, primeiro grau, pelo
Mestre Mentirinha na Associação de Capoeira Grupo Terra.
Atualmente mora no Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo da Mestra Cleide.

Mera Darlyane
Darlyane Cardoso Bezerra nasceu no Ceará em
30/04/1974. Iniciou na capoeira em 1989 e se tornou
mestra em 2018 pelo Mestre Dery no Grupo de Capoeira
Axé Zumbi. Ela é formada em Educação Física. “É casada
com Mestre Dery. Leciona Educação Física na escola
citada, além do ensino da capoeira. Em sua visão, “ser um
bom capoeirista é ser um bom cidadão” (DIAS, 2016).
Fonte: Acervo da Mestra Darlyane.

Mera Doralice
Doralice das Graças Beserra nasceu em Umarizal, RN, em 6/7/1984.
Começou na capoeira em 1996 em Fortaleza-CE no Grupo Raiz a Terra do
Mestre Costela (Mestre Assis), logo depois foi treinar na Universidade
Federal do Ceará com o Mestre Samuray (in memoriam). Ela é fundadora
da Associação Cultural Amigos da Capoeira. Em 2008, filiou-se ao Grupo
Filhos de Jô tendo como padrinho o Mestre Josivan Alves, Jó, o qual a
consagrou mestra em 2012. Ela é bacharel em Serviço Social, também
secretaria da Federação de Capoeira do Ceará, coordenadora do
Congresso Unitário da Capoeira (CNUC), representante no Ceará pela
União da Capoeira Desporto das Américas (UCDA), representante do
Fórum da Capoeira-CE, representante do Fórum da Capoeira de Caucaia,
CE, fundadora do Coletivo de Mulheres Origens , integrante do Coletivo de
Mestras do Ceará, integrante do Coletivo de Mestres e Mestras do Ceará,
representante da capoeira pelo Fórum no Comitê gestor de
matrizes africanas-CE, representante do Coletivo Acolher (Grupo de
acolhimento e encorajamento às vítimas de violência dentro da Capoeira) e
representante do Grupo de Mestras e Contramestras do Mundo.
Fonte: Acervo da Mestra Doralice.

214
CEARÁ 14 MESTRAS

Mera Felina
Adriana Florenço de Sena ,filha de Josenir Florêncio de Holanda, e
Aluizio Serafim de Sena ,nasceu na cidade de Fortim, CE, mas aos
cinco anos foi morar com a família em Fortaleza. Iniciou na capoeira
em 1988 na cidade de Maracanaú, CE, aos 15 anos treinou na Associação
Memórias de Pastinha com o Mestre Jorge, Jorge Luiz Pessoa Siqueira
(in memoriam). Ela tem três filhos, todos eles treinaram com o esposo Mestre
Serrinha (in memoriam). Em 2000, integrou a Associação Zumbi Capoeira,
sob liderança de Mestre Lula e Mestra Carla durante quatro anos. Em 2005,
retorna para a Associação Memórias de Pastinha e, posteriormente, em 2007
criou o Grupo de Capoeira Boa Semente, juntamente com seu esposo, sendo
apadrinhado pelo Mestre Serrinha. Recebeu a graduação de mestra em 9/11/2015
pelo Mestre Jorge Ceará (in memoriam) na cidade de Maracanaú.
Fonte: Acervo da Mestra Felina.

Mera Flanela
Lilian Pereira Botelho nasceu em Fortaleza, CE, em
25/8/1975. Iniciou na capoeira em 1991 e foi
consagrada mestra em 2015 pelo Mestre Pano
do Grupo Nova Geração.
Fonte: Acervo da Mestra Flanela

Mera Jana
Maria Janaina Rodrigues da Silva nasceu em Fortaleza, CE, em
13/8/1975. Iniciou na capoeira em 1988, com o Mestre Ema. Em
1989, o Grupo Zumbi foi repassado para o Mestre Wlisses, um de
seus primeiros alunos. A Mestra Jana foi consagrada mestra em
2010, na Associação Cearense Zumbi da Capoeira. Ela é
criadora do Coletivo de Mulheres ASCZUCA, produziu e
participou de eventos de capoeira e manifestações culturais afro-
brasileira. Já participou de jogos escolares brasileiros em
Brasília, em 1989, tendo conquistado o segundo lugar geral na
modalidade feminina.
Fonte: Acervo da Mestra Jana.

215
CEARÁ 14 MESTRAS

Mera Manô
Manoela Moraes Ziggiatti nasceu em São Paulo
em 21/10/1975. Começou a treinar a Capoeira em 1996 e
foi reconhecida mestra em 2020 por Mestra Janja, Mestra
Paulinha e Mestre Poloca no Grupo Nzinga e atualmente mora
em Fortaleza-CE. Ela é graduada em Comunicação Social
pela USP, especialista em Documentário pela Escola Internacional
de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños em Cuba. Em 2004,
dirigiu o documentário de capoeira “Iê viva meu Mestre”que foi
desdobramento da dissertação da Mestra Janja (2004).
Fonte: Acervo da Mestra Manô.

Mera Nega
Patrícia Mayra Ferreira Lima nasceu no Ceará em 24/06/1977.
Além de ser mãe de três mulheres, dedicou 30 anos de sua vida a arte
da capoeira. Iniciou na capoeira em 1990 e foi consagrada mestra em
17/12/2016 pelo Mestre Cesar Simpatia da Associação Cultura e Arte
Simpatia-ACAS. Foi por duas gestões consecutivos Secretária da
Federação de Capoeira do Ceará,
também fez parte da equipe técnica de educadores da ACAS, sendo a
única mulher na equipe. Há cinco anos, desenvolve um trabalho com a
capoeira intitulado “Capoeira, Brincadeira de Criança” voltada para
crianças na faixa etária de 1 a 14 anos.
Fonte: Acervo da Mestra Nega.

Mera Paulinha Zumba


Paula Andrea Zumba Fideles nasceu em Fortaleza, CE,
em 23/10/1972. Iniciou em 1989 na capoeira e foi consagrada
mestra 2010 no Grupo Cordão de Ouro. Ela é formada em
Letras e Pedagogia e especialista em Psicopedagogia,
professora de Português e Inglês na rede pública de ensino.
Fonte: Acervo da Mestra Paulinha Zumba.

216
CEARÁ 14 MESTRAS

Mera Roberta
Roberta Eliane Gadelha Aleixo nasceu no Ceará
em 24/04/1977. Tornou-se mestra em 2017 pelo Mestre
Pedro na Fundação Arte Brasil de Capoeira (FABRAC).
Ela possui graduação em Ciências, habilitação plena
em Matemática; especialização em Administração Escolar,
Ensino da Matemática, e em Gestão da Educação Pública;
mestrado em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora,
professora efetiva na Secretaria de Educação Básica do Ceará e da
SME de Fortaleza. Integrante dos Coletivos Flores de Dandara e
Mestras de Capoeira do Ceará; além disso, ela tem dois filhos.
Foto: https://mapacultural.secult.ce.gov.br/agente/36942/

Mera Vanda
Lúcia Vanda Rodrigues Dias nasceu em Miraíma, CE, em 18/4/1964. Foi
consagrada mestra pelo Mestre Ema, em 2003, na Associação Zumbi
Capoeira – AZC, onde permanece até hoje. É uma das coordenadoras
do Laboratório da Paz – LABPAZ, núcleo da AZC responsável pela
formação continuada de seus educadores e Formadora e Pesquisadora
do Grupo de Pesquisa Docência, Juventude, Cultura de Paz e
Espiritualidade (FACED – Faculdade de Educação/UFC) com ênfase em
capoeira e educação para a paz. Terapeuta Holística, idealizadora e
coordenadora da Omnia Florescimento Humano. Artesã em várias
modalidades de artesanato, a sua trajetória é entrecortada de
militâncias em outras áreas, prestando também colaborações junto a
instituições voltadas para o tratamento da dependência química e de
cunho espiritualista, atuando sempre na formação humana. Trajetória
simples, que não pede aplausos ou visibilidade; silenciosa, mais ativa
sempre. Trajetória de mulher, mãe, educadora, capoeirista, trajetória de
aprendiz sempre!
Foto: Acervo da Mestra Vanda.

217
SERGIPE 1 MESTRA

Mera Felina
Maria Silvânia da Silva nasceu em Aracaju, SE,
em 11/12/1967. Filha de Augusta Santos da Silva e Alfredo
Manoel da Silva. Iniciou na capoeira em 1980, aos 13 anos.
A mestra recebeu a corda branca ponta verde, primeiro grau
de mestra em 2018 pelo Mestre Madera de Ogum. Recebeu
título de mestra aspirante, pelo Conselho de Mestres de Capoeira
do Estado de Sergipe, em 2019, recebeu o mérito universitário
especial, na categoria mestre em artes e cultura popular, pela
Universidade Federal de Sergipe em 2020. Ela fundou a Associação
Desportiva e Cultural de Capoeira Mestra Felina. Foi protagonista no
documentário «As Felinas».
Fonte: Acervo Marcelo Soares.

218
PARAÍBA 2 MESTRAS

Mera Jane
Edjane Alves Barbosa nasceu na Paraíba,
tornou-se mestra em 2015.
Fonte: https://capoeira.iphan.gov.br/formado/leiçõe/281

Mera Malu
Maria de Lourdes Farias de Lima nasceu em João
Pessoa, PB. Iniciou na capoeira em 1993 e em 2019,
foi consagrada mestra pelo Mestre Nô no Grupo Capoeira
Angola Palmares. Ela é uma das primeiras mestras do referido
grupo, ministra aulas de capoeira desde 1998 em sua cidade.
Possui graduação em Comunicação Social e mestra em Educação
pela Universidade Federal da Paraíba. É casada com o Mestre
Dário, juntos tem quatro filhos que são capoeiristas também. Em
1998, iniciam juntos o Grupo Capoeira Angola Palmares no Roger,
em João Pessoa.
Fonte: Acervo da Mestra Malu.

219
PERNAMBUCO 10 MESTRAS

Mera Aninha Armada


Ana Paula Albuquerque de Melo nasceu em 11/5/1968
em Recife, PE. Iniciou na capoeira em 1986 na Universidade
Católica de Pernambuco e foi consagrada mestra em 2015
pelo Mestre Corisco no Grupo Chapéu de Couro. Ela também
é advogada, trabalha no Estado de Pernambuco na Secretaria de
Desenvolvimento Agrário e na Universidade Católica de
Pernambuco. Tem uma filha de 22 anos chamada Manuela
Albuquerque de Melo. Além da sua nobre missão de cuidar de Manu,
ama a capoeira e é defensora dos animais, tem três gatos e os
considera como filhos.

Mera Bel
Izabel Cristina de Araújo Cordeiro nasceu em
Olinda, PE, em 24/2/1966. Iniciou na capoeira em 1989
e se tornou mestra em 2016 no Centro de Capoeira São
Salomão pelo Mestre Mago. Ela é especialista em Recreação
e Lazer pela UNICAMP, mestra em Antropologia e doutora em História
pela UFPE. Também é professora da UPE. Lidera, junto
com Mestra Dani, o Coletivo É Cor de Rosa Choque.
Publicou o livro “A mulher entrou na roda”.

Fonte: Acervo da Mestra Bel.

Mera Dani
Maria Daniela Carneiro Gouveia de Melo nasceu
em 23/11/1972 em Recife, PE. Iniciou na capoeira em1985,
aos 12 anos, a consagração de mestra foi em 2016 pelo
Mestre Mago do Centro de Capoeira São Salomão. Vice
presidenta do Centro de Capoeira São Salomão,
mestra em administração, gestora cultural e professora
da escola técnica do estado de Pernambuco.
Participou do livro “A mulher entrou na roda”.
Fonte: Acervo da Mestra Dani..

220
PERNAMBUCO 10 MESTRAS

Mera Dani Feaz


Daniela Jardim Ferraz nasceu em Floresta,PE,
em 13/08/69. Iniciou a capoeira em 1987 no Grupo Chapéu
de Couro que tem sede na Unicamp, grupo e local onde
treina até hoje. Recebeu do Mestre Corisco a graduação
de mestra em 2012. Atualmente ministra aulas para crianças
de 2 à 5 anos no Espaço Cata-Vento e desde 1997 ministra
aulas no Instituto Capibaribe para alunos de 3 à 11 anos
da educação infantil e ensino fundamental.
Fonte: Acervo da Mestra Dani Ferraz.

Mera Di
Adriana Luz Nascimento nasceu em Olinda, PE,
em 23/12/73. Iniciou na capoeira em 1985, recebeu
título de mestra em 2017 pelo Mestre Ulisses da Capoeira
Regional de Olinda e em 2019, pela comunidade de Capoeira
Angola em Olinda, alunos do Mestre Sapo. Em 2016, fundou
o Grupo Luz Di Angola. Sua história de vida foi contada no
mini-documentário “Mestra Di: eu canto a minha história”
pelo Fecomércio PE.
Fonte: Oliveira e Fagundes (2020).

Mera Deivinha
Devoleide Cristina Pereira da Silva nasceu em Cabo de Santo
Agostinho,PE, em 13/7/1984. Iniciou na capoeira em 1996, com o
Mestre Virgulino no antigo Grupo Cordão de Ouro que hoje é o
Grupo Cangaço. Foi consagrada mestra em 5/6/2021 em
Natal,RN.

221
PERNAMBUCO 10 MESTRAS

Mera Isa
Isa da Rocha Mulatinho nasceu em Recife, PE,
em 17/8/1957. Iniciou na capoeira em 1980 e se tornou
mestra em 2008 pela Bancada de Mestres da Federação
Pernambucana de Capoeira, em torno de 25 Mestres.
Ela junto com seu esposo, o Mestre Mulatinho, desenvolvem
trabalho com a capoeira na Associação Malê de Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Isa.

Mera Mônica
Mônica Maria Santana da Silva nasceu em Olinda, PE, em 4/11/70.
Formando-se em saxofone, tocou seu primeiro carnaval aos 13
anos de idade e não parou mais. Com isso, se torna então a
primeira mulher a tocar em orquestra de frevo em Olinda. Estudou
Ciências Sociais na UFPE, está cursando Pedagogia também na
mesma instituição, onde manteve aulas semanais de capoeira
angola no centro de arte e comunicação, vinculado ao Grupo de
Estudos e Pesquisas em Autobiografias, Racismos e Antirracismos
na Educação. Em 2017, passou a fazer parte do grupo Ngolo
Nguzu que tem como mestre, o seu irmão, o mestre Marcelo Baia,
que lhe deu o título de contramestra, em março do mesmo ano a
Mestra Janja a reconhece como mestra. Em 2019, também
recebeu o título de mestra pelo Mestre Marcelo Baia.
Fonte: Acervo da Mestra Mônica.

Mera Selva

Josélia rocha nasceu no Piauí em 19/11/1977.


Iniciou na capoeira em 20/10/1990 e tornou-se mestra em
2018 na Legião Brasileira de Capoeira pelo Mestre
Zebrinha. Atualmente mora no estado de Pernambuco.
Fonte: Acervo da Mestra Selva.

222
PIAUÍ
Pernambuco 1 MESTRA
10 MESTRAS

Mera
MeraShirley
Mazé
Shirley Souza Braz nasceu em Recife, PE,
em 11/2/1981. Ela foi consagrada mestra em
22/11/2010 no Grupo de Capoeira
Mãe Arte pelo Mestre Jordan (LACERDA, 2016).
Foi homenageada no “Berimbau de Ouro” de 2020.

Fonte: Acervo da Mestra Shirley.

223
PIAUÍ
Piauí 1 MESTRA

Mera Mazé
Maria José nasceu no Jaicós, PI, em 9/3/1975.
Iniciou na capoeira em 2000 e consagrada mestra em 2018
pelo Mestre Cezar Escravo no grupo Cordão de Ouro. Ela
trabalha na Assistência Social há 15 anos em sua cidade.
Já tem vários alunos e professores, e formou dois
contramestres, Bruno e Jairo em 2021.
Ela desenvolve a Capoterapia para idosos e
capoeira para crianças etc.

Fonte: Acervo da Mestra Mazé.

224
MARANHÃO 3 MESTRAS

Mera Pudiapen
Izabel Cristina R. de Miranda nasceu em Santo Antonio dos
Lopes, MA, em 1/12/1956. Iniciou na capoeira em um curso de
extensão na Universidade Federal do Maranhão, em 1989, e num salão
na Praia Grande, no mesmo período com alguns alunos do Mestre Patinho.
Em 1993, começou os estudos de capoeira com o Mestre Acinho
(Assuero Costa da Silva) que dava aulas no Laboarte substituindo o
Mestre Patinho, quando ele estava ausente. Participou da capoeira de vários
eventos de capoeira em São Luís como o Iê Câmara, Festival de Cânticos de
Capoeira, Seminários, etc. Em 2000 ajudou o Mestre Patinho na formação de sua
academia, o Centro Cultural Mestre Patinho. Em 2004, auxiliou nas oficinas de
capoeira na Associação de Tambor de Crioula Manto de São Benedito. Em 2004,
foi graduada aluna formada e em 2005 foi graduada mestra, nível branco terceiro
grau, pelo Mestre Acinho.
Fonte: (VAZ, 2017).

Mera Sae
Samme Soraya Oliveira Santos nasceu em São Luís, MA,
em 10/06/1968. Iniciou na capoeira em 1992 e recebeu grande
contribuição do Mestre Patinho da Escola de Capoeira Laboarte. No
final década de 1990, deu início ao Movimento Mulheres Capoeiras
que tinha objetivo de dar visibilidade ao saber-fazer, e ao mesmo
tempo, firmar a inserção dessas mulheres na atividade de forma
plena, completa. Em 2017, criou o Coletivo Angoleiras do Upaon
Açu (ZONZON, 2020). Foi consagrada mestra em 2017 pelo Mestre
Marco Aurélio.
Fonte: Acervo da Mestra Samme.

Mera Valdira
Valdira Barros nasceu em Santo Antônio dos Lopes, MA,
em 5/7/1976. Iniciou na capoeira em 1996 na Escola de
Capoeira Angola do Laboarte, coordenada pelo Mestre
Patinho. Em 1997, foi batizada no evento Iê Camará pelo
Mestre Paulo dos Anjos, que pertencia a mesma linhagem do
Mestre Patinho e tinham como ancestral comum o Mestre
Canjiquinha. Nesse mesmo ano, Mestre Bamba funda o
Grupo de Capoeira Angola Mandingueiros do Amanhã. Em 2010, recebe
o título de contramestra e em 2021 o de mestra. Registra que seu
início de jogo de formação foi com o Mestre Euzamor.
Fonte: Oliveira e Fagundes (2020)

225
RIO GRANDE DO NORTE 4 MESTRAS

Mera Manhosa

Janiere Silva de Freitas nasceu em Natal , RN, em 10/1/1985. Iniciou


na capoeira em 1997 , no Grupo Cordão de Ouro , com o monitor
Nildo. Tornou -se mestra no dia 5 /6/2021 consagrada pelos Mestres
Nildo e Virgulino. Atualmente , reside na cidade de Parnamirim, onde
desenvolve um projeto de capoeira com crianças e adolescentes.

Fonte: Acervo da Mesra Manhosa

Mera Paulte
Ana Paula Felipe nasceu no Rio Grande do Norte.
Integrante do Grupo Cordão de Ouro.

Mera Shea
Edsangela dos Santos Cirilo nasceu em Jordão
Jaboatão dos Guararapes, PE, em 7/12/1976.
Iniciou na capoeira em 1994, recebeu o título de mestra,
em 2017, em Recife-PE e em Natal-Rio Grande do Norte.
Ela também conduz a Escola de Capoeira Batucaxé.
Fonte: Acervo da Mestra Sherra.

226
RIO GRANDE DO NORTE 4 MESTRAS

Mera Sorvinho
Sandra Maria Gomes da Silva Dantas nasceu
em Natal, RN, em 13/3/1970. Iniciou na capoeira
em 1985 e se tornou mestra em 2016 no
Grupo Cordão de Ouro pelos Mestres Irani e Suassuna.

Fonte: Acervo da Mestra Sorvetinho.

227
REGIÃO SUDESTE

6 Meras do 14 Meras de
Espíro Santo Minas Gerais 41 Meras do R. de Janeiro 45 Meras de São Paulo
Baixinha Alcione/Cici Adriana Dirce (in memoria)Ruffato Andrea Sereia Morena
Furinha Chaveirinho Ana Sábia Flávia Pupila Sheila Bonequinha Lu Baobá Nagô
Kêu Folgadinha Arara Foguinho Simone Borrachinha Lu Pimenta Potira
Pitú Índia Baiana Francesinha Siomara Camila Luana Preta
Sabrinha/Sassa Kelly Baixinha Kodak Sandrinha Ciça Mara Renata
Zangada Lena Beija Flor Lilla Angonal (in memoria) Diane Mara (Feiticeira) Rita
Miúda Borboleta Magali Serena Dani/Raposa Maria Mara Rosinha
Puma Cantora Márcia Sueli Cota Dedê Maria Patrimônio Samila
Raio de Sol Cigana Marciana Tânia Dirlea Meire Sara
Raposa China Marla Tempestade Engraçadinha Meire Saruê
Sereia Claudinha Molequinha Thiara Grazi Meiry Selma
Tida Coral Mucama Zazá Kátia Michelli Vânia Alves
Zebrinha Cris Patrícia Lara Mirian Vânia Borges
Yaçana Cristina Portuguesa Leda Monise Vanuza
Darlene Renatinha Lua Branca Moranguinho
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Adriana
Carla Adriana Fernandes dos Santos nasceu no
Rio de Janeiro em 27/07/1973. Iniciou na capoeira
em 1989, integrante da Associação e Capoeira Gingado
Brasileiro consagrada mestra pelo Mestríssimo Chita (in
memoriam).

Fonte: Acervo Mestra Adriana.

Mera Ana Sabiá


Ana Cristina de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro em
14/08/1972. Começou na capoeira em 1988 no Grupo
Senzala, em 2016 foi consagrada mestra pelo Mestre
Ramos, sendo a segunda mulher formada mestra pelo
grupo. Ela é formada em Administração, especialista em
eventos e recursos humanos. Também é liderança no
movimento Dandara Capoeira Viva, participou do filme “A
roda também é dela”. Atualmente, está cursando Pedagogia
e desenvolve trabalho voluntário de capoeira em escolas e
comunidades do Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo Mestra Ana Sábia.

Mera Arara
Gláucia Durões nasceu no Rio de Janeiro em 16/02/1977.
Foi consagrada mestra em 2011 pela Mestra Cigana e faz
parte da Associação de Capoeira Filhos de Mestra Cigana.

Fonte: Acervo da Mestra Arara.

229
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Baiana
Claudia Rodrigues nasceu em Salvador-BA
em 10/02/1972. Seu primeiro contato com a capoeira,
foi na escola Rui Barbosa na Baixa do Sapateiros, nas
festas de Folclore, todos os anos tinha roda de capoeira, ela
sempre jogava e se apaixonou pela arte. Ao se mudar para o
Rio de Janeiro em 1987, ela e os irmãos começaram a treinar capoeira
com o primo Reinaldo, posteriormente foi treinar na
Capoeira Martins em 1988. Ela passou por todas as
graduações até se tornar mestra, o primeiro grau de mestra foi
no dia 08/12/2002 pelo Mestre Martins.
Fonte: Acervo da Mestra Baiana.

Mera Baixinha
Andréa Fernandes Machado da Silva nasceu em
Petrópolis-RJ. Iniciou na capoeira com o Mestre Paulinho
Sabiá em 1981, na época ele era aluno do Mestre Camisa,
Grupo Senzala. Em 1989, seu mestre junto com Mestre
Paulão do Ceará e Mestre Boneco saem do Grupo Senzala
e fundaram o Grupo Capoeira Brasil há 32 anos atrás. Ela é
a aluna mais antiga do Grupo Capoeira Brasil, integrante
do movimento Dandara Capoeira Viva. Ela participou do
filme “A roda também é dela”, lançado em 2021. Ela
também é formada em Psicologia.
Fonte: Acervo da Mestra Baixinha

Mera Beija Flor


Luana Mello da Silva Xavier nasceu no Rio de Janeiro
em 24/02/1987. Iniciou na capoeira em 1991 e foi
consagrada mestra em 2019 pelo Mestre Sorriso na
Associação Grupo de Capoeira Regiangola. Ela também é
graduada em Fisioterapia (UNIFESO), especialista em
Terapia Intensiva (SOBRATI) e mestra em Fisiologia (UFRJ).
Fonte: Acervo da Mestra Beija Flor.

230
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Borbola
Francis Lady Quintes de Mendonça. Iniciou na capoeira
em 12/8/1981, em Santa Luzia, São Gonçalo, Rio de
Janeiro. Foi aluna do Mestre José Cesar da Silva, Mestre
Cesar, que na época era do Grupo Modelo Cultural
Kikongo, conduzido pelo Mestre Machado. Recebeu sua
primeira graduação de mestra em 18/9/1994, no Sesc de
Niterói, na presença de grandes mestres como Curió e
Leopoldina. Em 2004, recebeu o segundo grau de mestra
e em 2014 o terceiro grau. Em 2024, irá receber o grau
mais elevado de mestra. É presidenta e fundadora do
Grupo de Capoeira Maltas do Rio de Janeiro que tem 20
anos de fundação. Fonte: Acervo da Mestra Borboleta.

Mera ntora
Dioneia Azevedo nasceu em Niterói-RJ.

Mera gana
Fafá de Canjiquinha, Fátima Colombiano nasceu em Volta
Redonda, RJ, em 23/6/1956. Iniciou na capoeira em 1970, no
estado do Pará, com o Mestre Bezerra; em 1975, conheceu Mestre
Canjiquinha, em São Paulo, e foi para Salvador treinar com ele.
“Quando voltou ao Rio de Janeiro, em 1980 abriu a Associação de
Mestre Canjiquinha em Volta Redonda”. Foi consagrada mestra em
1980, sendo uma das primeiras mestras na capoeira. A mestra é
formada em Educação Física Pedagogia, Filosofia , Artes, Sociologia,
Antropologia, Teologia e História. Ela é especialista em História da
África, Religiões da América Latina e Helénicas, Neurociências,
Neuroeducaçao, Neuropsicopedagogia, Ensino Religioso, Xamanismo,
Artes, Psicopedagogia e Música.

Fonte: Maxwell (2019).

231
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera ina
Rita de Cassia Santos nasceu no Rio de Janeiro em 2/11/1969.
Iniciou na capoeira em 1987, recebeu o primeiro cordel de mestra em
2003, o segundo em 2013 pelo Mestre Baiano na Associação de
Capoeira Engenho. Ela dá aulas de “Corpo e Movimento” para pessoas
acima de 60 anos na Casa de Convivência de Santíssimo desde 2016,
também dá aulas de Capoeira para pessoas acima de 60 anos na Convivência
Carmém Miranda e Dercy Gonçalves desde 2017; também leciona capoeira e
danças folclóricas na Casa de Jacira, instituição de auxílio a infância, desde 2010.
Ela já recebeu Moção de Congratulações de autoria do Vereador Valmir Garcia pelo
trabalho com a capoeira, como diretora do Departamento Feminino da Federação de
Capoeira Desportiva do Estado do Rio de Janeiro. Ela foi homenageada na ação
“Mestre e roda de capoeira- Patrimônios Culturais” pelo Conselho de Mestres no
âmbito do Estado do Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo da Mestra China

Mera audinha
Claudia Kastrup Ferreira nasceu no Rio de Janeiro
em 11/11/1966. Iniciou em 1983 e se tornou mestra
em 2016 pelo Mestre Leo Pivete no Grupo Capoeira
Brasil. Homenageada em 2020 no “Capoeiristas
inspiradoras” pelo @CapoeiraMulher.
Fonte: Acervo da Mestra Claudinha

Mera ral

Laíce de Jesus Mesquita nasceu no Rio de Janeiro


em 09/02/1979. Foi consagrada mestra em 2013 pelo
Mestre Engenho na Associação Cultural de
Capoeira Coral. Ela é formada em Educação Física
pela Associação Brasileira de Ensino Universitário.
Fonte: Acervo da Mestra Coral.

232
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera iina
Cristina Nascimento Dias do Santos nasceu no
Rio de Janeiro em 05/01/1965. Iniciou na capoeira em 1993
no GCAP, discípula do Mestre Manoel, com quem treinou
por 15 anos. Foi intitulada mestra pelo
Grupo Nzinga, em especial a Mestra Janja, em 2014 e logo
depois pelo Mestre Manoel.
Fundou e é coordenadora do Grupo Mocambo de Aruanda
desde 2010, ela também é professora de ioga e educadora.
Fonte: Acervo da Mestra Cristina.

Mera is
Cristiane Magalhães nasceu no Rio de Janeiro
em 3/6/1979. Iniciou na capoeira em 1992
e se tornou mestra em 2017 pelo
Mestre Toni Vargas no Grupo Senzala.

Fonte: Acervo da Mestra Cris.

Mera Darlene
Darlene de Lima Costa nasceu no dia 5/9/1984 no
Rio de Janeiro, RJ. Iniciou na capoeira aos 4 anos com o
Mestre Derli Ariri e foi reconhecida mestra em 2014 no Grupo
Aliança Ariri. Foi homenageada na categoria voz potente “Prêmio
Luísa Mahin” pelo Coletivo Nosso Legado é Coletivo. Diretora Técnica
do Grupo Aliança Ariri Capoeira, professora de Educação Física da Rede
Força Máxima, mãe preta, precursora e executora do I Seminário
Interestadual Tem Mulher na Roda, criadora e organizadora da Roda de
Empoderamento Feminino Eleko, ativista, criadora do Projeto Digital
Educação Física em Movimento e do Projeto Capoeira para Todos.

233
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Dirce (in memoria)


Dirce Marques nasceu no Rio de Janeiro,
foi integrante da Capoeira Mestre Raimundo.

Mera Flávia Pupila


Flávia Ribeiro Lutz nasceu em 18/7/1970 em Botafogo, RJ.
Iniciou na capoeira em 1992 na UERJ em uma atividade de
extensão do curso de Educação Física. A sua única mestra
foi Sheila durante 25 anos de trajetória na capoeira. Ela
desenvolve trabalho com a capoeira para crianças há
muitos anos, inclusive a sua formatura foi entre a criançada
e a presença de sua mestra e alguns mestres de capoeira.

Mera Foguinho
Mara Lúcia Mendonça Martins nasceu no Rio de
Janeiro em 13/4/1977. Tornou-se mestra em 2018 pelo
Mestre Vulcão na Associação Cultural União e Arte –
ACUA. Ela é graduada em Educação Física pelo Centro
Universitário Augusto Motta, especialista em Capoeira
pela Universidade Estácio de Sá. Recebeu troféu
Excelência Feminina pela Câmara Municipal de
Salvador. Coordena o Departamento Feminino
da Federação de Capoeira do Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo da Mestra Foguinho.

234
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Francesinha
Eliane Gloria dos Reis nasceu no Rio de Janeiro em 8/6/1969.
Faz capoeira há de 30 anos, tornou-se mestra em 2011 consagrada pelo
Mestre Paulinho Sabiá do Grupo Capoeira Brasil. Fundou o Centro Cultural
Capoeira Urucungo junto com dois amigos. Liderança no movimento
Dandara Capoeira Viva. Ela é formada em Direito, Educação Física,
Método Pilates e Capoeira. Especialista em História e Cultura Popular pela
Universidade Gama Filho, especialista em História e Cultura Afro-brasileira
pela Unyleva. Mestra em Ciências da Atividade Física pela Universidade
Salgado de Oliveira. Doutora em Educação Física pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Integrante do grupo de pesquisa em Relações de Gênero na
Educação Física pela Universidade Federal Fluminense. Participou do
filme “A roda também é dela”.
Fonte: Maxwell (2019).

Mera Kodak
Rosane da Silva Caldeira nasceu em São Gonçalo, RJ, em
30/4/1969. Iniciou em 1992 e se tornou mestra em 2018
pelo mestre Pingo. Fundou o Centro integrado de capoeira
N'Golo Brasil. Ela é licenciada em Educação Física, filiada a
Liga Gonçalense de Capoeira. Atualmente, integra os
coletivos: Mestras e Contramestras Unidas do Rio de
Janeiro, Mestras e Contramestras pelo Mundo e Nosso
Legado é Coletivo.
Fonte: Acervo da Mestra Kodak.

Mera a Angonal


Lilian Cristina da Silva nasceu em São Gonçalo, RJ
em 04/6/1969. Iniciou na capoeira em 1984
e se tornou mestra em 2013 pelo Mestre Bocka.
Fonte: Acervo da Mestra Lilla.

235
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Magali
Mariluci da Silva Souza nasceu no Rio de Janeiro
em 11/8/1974. Iniciou na capoeira em 1988 e se tornou
mestra em 2010 no Grupo Capoeira Brasil pelo
Mestre Boneco. Integrante no movimento
Dandara Capoeira Viva. Participou do filme
“A roda também é dela”, lançado em 2021.

Fonte: Acervo da Mestra Magali.

Mera Márcia
Márcia José Vieira nasceu no Rio de Janeiro em
18/6/1962. Iniciou na capoeira em 1979 no Grupo
Modelo Cultural Kikongo, tornou-se mestra em 1991
na Associação de Capoeira Sangue Negro pelo Mestre
Chita.
Fonte: Acervo da Mestra Márcia.

Mera Marciana
Márcia Regina dos Santos nasceu em 24/12/1960
em Volta Redonda, RJ. Conduz, atualmente, o
Grupo Angola-Nagô fundado pelo Mestre Boa Viagem,
que era seu esposo (in memoriam). Ela dá aula de capoeira
na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Volta Redonda.
Também foi candidata a vereadora em 2020 em Volta
Redonda.

Fonte: https://avozdacidade.com/wp/esporte-nacional-e-
patrimonio-imaterial-do-brasileiro-e-desenvolvido-na-cidade-

236
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Marla
Marla Silva de farias, nasceu no Rio de Janeiro
em 7/10/1974. Iniciou na capoeira em 1993,
e se tornou mestra em 2017 no Grupo Senzala pelo
Mestre Ramos/Pulmão.
Fonte: Acervo da Mestra Marla.

Mera Molequinha
Patrícia Pereira nasceu em 23/12/1970 no Rio de
Janeiro, RJ. Iniciou na capoeira em 1995 e foi consagrada
mestra em 2014 pelo Mestre Mentirinha. Participou de
vários campeonatos pelo Grupo Terra, sendo a primeira
colocada no campeonato solo estadual no Rio de Janeiro. É
também engenheira civil e o tempo que sobre é para treinar
e dar aulas de capoeira na academia.
Fonte: Acervo da Mestra Molequinha.

Mera Mucama
Edinalda nasceu no Rio de Janeiro em 11/9/1968. Iniciou na capoeira em
1986, aos 8 anos de idade, nas dependências da Academia Steady State
com o Mestre João Batista no Grupo Quilombo Nagô. Em 1992, após a
permissão e bênção do Mestre João Batista começou a treinar com seu
irmão de capoeira, Mestre Hulk, que nesse momento era responsável pela
Associação de Capoeira Raízes filiada a Federação de Capoeira do Rio
Janeiro (FCDRJ). Em 16/9/1993, o Mestre Hulk fundou a então conhecida
Associação de Capoeira Terra Firme (ACTF). No mesmo ano, Mucama foi
designada a ministrar aulas recreativas junto com o Mestre Hulk no Oratório
Festivo Dom Bosco, em Rocha Miranda, onde permanece até os dias atuais
continuando a expandir a filosofia e os valores da capoeira. Em 11/10/2008,
teve a honra e orgulho de receber o cordel branco e verde da ACTF pelas
mãos de Mestre Hulk. Em 17/1/2017, foi fundado o próprio grupo Centro
Cultural Unir Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Mucama.

237
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Prícia
Patrícia Meilman nasceu no Rio de Janeiro, RJ,
em 18/9/1981. Iniciou na capoeira em 1981, teve sua
trajetória formativa no grupo Regiangola do Mestre Sorriso,
seu professor na época era o Tunico (atual Mestre Tunico).
Foi consagrada mestra em 2019 pelo Mestre Pingo em
Cabo Frio na Associação de Capoeira Vozes D'África. É também
professora de Educação Física (licenciatura e bacharelado) e
desenvolve um trabalho com a capoeira infantil.
Fonte: Acervo da Mestra Patrícia.

Mera Portuguesa
Andrea Bienenstein de Farias Soares nasceu no
Rio de Janeiro em 13/12/1968. Iniciou na capoeira em
1983 com Mestre Bocka no grupo Angonal. Em 1988,
começou a ministrar aulas para crianças, criou um método
de ensino lúdico para criança, a partir do berçário. Em
2000, fundou o Grupo Jogar Capoeira. É também
professora de Educação Física.
Fonte: Acervo da Mestra Portuguesa.

Mera Reninha
Renata Giovana de Almeida Martielo nasceu no
Rio de Janeiro em 31/8/1969. Iniciou em 1985 e se
tornou mestra em 2017 no Grupo Senzala pelo
Mestre Peixinho e Mestre Pulmão. Ela também é licenciada
em Educação Física pela UFRJ, bacharel em
Ciências Sociais pela UFRJ, especialista em História
da África e do negro no Brasil pela Universidade Cândido Mendes.
Mestranda em Filosofia Africana pela UFRJ.

Fonte: Maxwell (2019).

238
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Ruo
Rosângela Ruffato Pereira, nasceu no Rio de Janeiro.
Fez parte de grupos ligados à Federação de Capoeira do
Estado do Rio de Janeiro e, ao final dos anos 1980, passou a
integrar o Grupo ABADÁ-Capoeira, se desligando apenas
em 2004. Foi reconhecida mestra pelo Mestres Vilmar, Mendonça,
King, Martins etc. e pela Federação de Capoeira. Ela é formada em
Educação Física pela Universidade Castelo Branco, especializada
no ensino de capoeira para pessoas com necessidades especiais.

Fonte: Acervo da Mestra Ruffato.

Mera Sandrinha
(in memoriam)
Sandra Eugênia Feitosa nasceu em 1959 no Rio de Janeiro.
Começou a treinar capoeira aos 10 anos e em 1970 dava aulas
no Grupo Bantus de Capoeira do Mestre Roque, no morro do
Pavãozinho. Nesse período fez shows no Rio, começou com o
grupo Sabata, na rua Riachuelo, como “Uma noite na Bahia”.
Também participou de shows em Salvador, BA, com o grupo
Filhos de Obá, no espaço Maré Cheia. Segundo a revista Dô, ela
teria se formado mestra pelo Mestre Caiçara.

Fonte: Mestra Sandrinha. A mulher na roda de capoeira. Dô.


Revista de Artes Marciais, n. 10 (1979), p. 22-25.

Mera Sheila
Sheila Franco Martins nasceu no Rio de Janeiro.
Iniciou na capoeira em 1981 no Grupo Aidê com o
Mestre Vieira. Fundou a Cia Cultural Sheila Capoeira em
20/11/1999. Também é idealizadora do Projeto Capoeira
Arte de Educar Gingando, produziu um CD autoral com músicas
de capoeira. Recebeu o título de mestra em 2013 pelo Mestre
Xangô. Participou do Grupo de trabalho sobre a salvaguarda da
capoeira do Rio de Janeiro de 2013 a 2015. Realizou mais de
20 eventos de capoeira através da sua companhia Sheila Capoeira,
anualmente sem interrupção.
Fonte: Acervo da Mestra Sheila.

239
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Simone
Simone Montenegro nasceu no Rio de Janeiro.
Foi reconhecida mestra na Associação de
Capoeira Raízes pelo Mestre Carlinhos.

Mera Siomara
Siomara Silva de Souza nasceu no Rio de Janeiro em
10/6/1970. Iniciou na capoeira em 1987, foi consagrada mestra
em 2000 pelo Mestre Martins no Grupo Capoeira Martins. Pratica
capoeira há 23 anos, campeã brasileira e
internacional. Atualmente, ela conduz o seu grupo Capoeira
Estrela de Iuna. Ela também é formada em Pedagogia e
Educação Física, tem pós-graduação em Psicopedagogia.

Fonte: Acervo da Mestra Siomara.

Mera Serena
Serena recebeu em 2004 o cordel verde, em 2014 foi
graduada como professora, tendo registro na federação
0714. Em 2015, começou a dar aulas para bebês a partir
de 1 ano e meio, crianças e adolescentes. Desde o cordel
amarelo, Mestra Serena ajuda diretamente na organização, ao lado
do Mestre Camurça, de todos os batizados realizados
pelo Associação de Capoeira Grupo Igualdade.

Fonte: igualdadecapoeira.com.br/mestreseprofessores

240
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera Sueli ta


Sueli da Silva Alvarenga nasceu no Rio de Janeiro
em 15/9/1961. Iniciou na capoeira em 1977 e se tornou
mestra em 1990, primeiro grau, na Associação de Capoeira
Cruzeiro do Sul pelo Mestre Martins e foi reconhecida pela
Federação de Capoeira também. Em agosto de 2021 fez
44 anos de capoeira sem interrupção.
Fonte: Acervo da Mestra Sueli Cota.

Mera Tânia/Deemida
Tânia Rubens nasceu em Padre Miguel, RJ
em 5/10/1960. Iniciou na capoeira em 1978 e foi consagrada
mestra em 2014 pelo Mestre Renato na Associação Congo de
Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Tânia.

Mera Tempeade
Evelyn Sena de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro em
4/9/1987. Iniciou na capoeira em 1991 e tornou-se
mestra em 2013 pelo Mestre Raimundo na Associação
de Capoeira Grupo Vermelho. Ela é formada em
Educação
Física ela UNESA.

Fonte: Acervo da Mestra Tempestade.

241
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS

Mera iara
Fabrícia Pina nasceu em São Gonçalo, RJ, em
11/9/1976. Iniciou na capoeira em 1990, tornou-se
mestra em 2009 pelo Mestre Capa na Associação Iê
Capoeira no Rio de Janeiro. Ela é formada em
Educação Física e especialista em Psicomotricidade,
membro do Conselho de Mestres do IPHAN.
Fonte: Acervo da Mestra Thiara.

Mera Zazá
Maria José Tristão Cunha nasceu no Rio de Janeiro
em 23/11/1958. Ela iniciou na capoeira em 1996 e
se tornou mestra em 2014 no Grupo Capoeira da
Senzala pelo Mestre Pipoca.

Fonte: Acervo da Mestra Zazá.

242
MINAS GERAIS 14 MESTRAS

Mera Alcione/ci
Alcione Alves de Oliveira nasceu em Belo Horizonte,
MG, em 21/1/1977. Iniciou capoeira em 1992, tornou-se
mestra em 2017 pelos Mestre Rogério e Índio na
Associação de Capoeira Angola Dobrada. Fundou, em
2018, o Grupo Candeia de Capoeira Angola juntamente
com Mestre Índio e Mestre Alexandre.
Fonte: Acervo da Mestra Alcione.

Mera aveirinho
Valdete da Rocha Secco nasceu em Muriaé, MG, em
21/10/1971. Iniciou na capoeira em 1992 e foi consagrada
mestra em 2018 pelo Mestre Tiriba do Grupo Capoeira
D'Tomé. Participou do filme “A roda também é dela”.
Ela também é formada em Educação Física, especialista
em Treinamento Desportivo, e, atualmente, cursa um
mestrado.

Fonte: Acervo da Mestra Chaveirinho.

Mera Folgadinha
Lucimar da Silva nasceu em Belo Horizonte, MG,
em 4/10/1981. Iniciou na capoeira em 1997 e foi
consagrada mestra em 2016 pelo Mestre Suassuna
no Grupo Cordão de Ouro.

243
MINAS GERAIS 14 MESTRAS

Mera Índia Itiaia


Tania Maria dos Santos Borges nasceu em Minas Gerais em
9/11/1978. Sambista, filha de pai baiano e de mãe paulistana,
ambos sambistas da velha guarda de tradicionais escolas de samba
em SP. Iniciou na capoeira em 1993 e tornou-se a primeira mestra em 2020
no Grupo Capoeira Gerais pelo Mestre Mão Branca. Atualmente, desenvolve
o Projeto Vivênciando a capoeira na matriz do grupo Capoeira Gerais, desde 2009, é
arte educadora no Instituto Primeiros passos, MG, Coreógrafa de samba de roda
do grupo Capoeira Gerais, Coreógrafa de Maculelê da matriz do grupo Capoeira
Gerais, Vice-presidente da Associação de Capoeira Negrinhos de Sinhá (ACNS) ,
2°Secretaria da International Capoeira Association (ICA) ,membro do departamento
Cultural da ICA, membro do MNU e da equipe da Embaixada da Paz pela Maria
Paula. Já participou dos documentários “Um grito de liberdade” e “Ghana-Continente
africano” em 2012. Em 2021, participou dos filmes “A roda também é dela” e “mulher
na capoeira, força, resistência e resiliência”. Ela foi destaque feminino na ação Prêmio
Dandara Zumbi em 2021, homenageada na Capoeira Legado Negro.
Fonte: Acervo da Mestra Índia.

Mera Key
Kelly Soraia Campos nasceu no dia 30/09/1979 em Cristina, MG.
Iniciou na capoeira em 1986 e foi consagrada mestra em 2021
pelo Mestre Batateiro na Rede Anca Capoeira. Ela é idealizadora
do evento Anauê Mineiro, desde 2013, supervisora dos eventos
“Mandinga na Rede Maria da Fé” e “Semeando Capoeira de
Olímpio Noronha” desde 2016. Desenvolve trabalho com a
capoeira há mais de 20 anos e supervisiona filiais do grupo na
cidade de Maria da Fé e Olímpio Noronha, MG.
Fonte: Acervo da Mestra Kelly.

Mera na
Marilene dos nasceu em Belo-Horizonte, BH
em 21/10/1959. Começou na capoeira no final dos anos 80, foi
reconhecida mestra pela comunidade da capoeira e pelos alunos da
Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (ACESA). Ela é escritora,
cantora e mestra da sabedoria popular.

Fonte: (OLIVEIRA, FAGUNDES; 2020).

244
MINAS GERAIS 14 MESTRAS

Mera Miúda
Rute Pereira dos Santos nasceu em Martinésia, MG, em
25/10/1968. Iniciou na capoeira em 1986 com seu primeiro
marido grão-Mestre Corisco (in memoriam). Formou-se mestra
em 15/12/2001 pelo Mestre Corisco da Associação da capoeira de
Uberlândia (ASCAU). Após a morte de seu marido se tornou
presidenta interina da ASCAU, coordena núcleos em diversas
cidades de Minas Gerais, vice-presidenta do Conselho de Capoeira
do Triângulo e Alto Paranaiba. Realizadora do Encontro Feminino
e da Comenda Grão Mestre Corisco que acontece anualmente na
cidade de Uberlândia. Formou cinco mestres em sua trajetória,
dentre eles seu filho mais velho e sua filha contramestra.
Fonte: Acervo da Mestra Miúda.

Mera Puma
Núbia Nogueira Cassiano nasceu em Uberaba, MG, em 4/9/1982.
Iniciou na capoeira em 1996, participou da fundação em 1997 do
Centro Cultural de Capoeira Águia Branca, junto com o Mestre
Café. Desde então, desenvolve aulas, projetos como Escola Aberta.
Em 2000 recebeu o cordel verde e amarelo que equivale à
graduação de estagiária. Começou a ensinar na Academia Vida
Ativa e no Centro Educacional Pequenos e Brilhantes. Em 2006,
realizou seu primeiro evento, o Festival Feminino de Capoeira em
Uberaba. Recebeu o título de mestra em 2014 pelo Mestre Café no
Centro Cultural de Capoeira Águia Branca. Ela é formada em
Educação Física pela Universidade de Uberaba, especialista em
Docência na Educação Superior e mestra em Educação Física pela
UFMT. Ela é militante e atuante na área da Cultura Popular.
Fonte: Acervo da Mestra Puma.

Mera Raio de Sol


Fernanda Paes nasceu em Belo Horizonte, MG, em
28/11/1982. Começou a treinar capoeira em 1994, foi
consagrada mestra em 2013 no Centro Cultural e Social
Cais da Bahia pelo Mestre Chocolate. É licenciada e
bacharela em Educação Física (2005), especialista em
Educação Especial e Inclusiva (2021). Já desenvolveu trabalho
na região oeste de BH de 2005 a 2018. Ela se mudou para
Igarapé, MG, e atualmente é servidora pública, ministrando aulas no
município de Itatiaiçu desde 2018 e no estado de MG.

Fonte: Acervo da Mestra Raio de Sol.

245
MINAS GERAIS 14 MESTRAS

Mera Raposa
Jaqueline Maria Amaral dos Santos nasceu em
Betim, MG, em 18/7/1972. Iniciou na capoeira em 1997
e se tornou mestra em 2018 consagrada pelo Mestre
Chocolate no Cais da Bahia Capoeira. Ela é Capoeirista,
Protética, Analista de perfil comportamental e Coaching
Integral Sistêmica.

Fonte: Acervo da Mestra Raposa.

Mera Sereia
Luciane Moreira de Assis nasceu em Belo Horizonte, MG,
em 22/7/1980. Iniciou na capoeira em 1996 e se tornou
mestra em 2019 consagrada pelo Mestre China na
Associação de Capoeira Filhos de Quilombola. Ela também
é formada em Educação Física, mora e desenvolve trabalho
com a capoeira na cidade de Ibirité, na região Metropolitana
de Belo Horizonte.

Fonte: Acervo da Mestra Sereia.

Mera Tida
Maria Aparecida Ribeiro nasceu em Ubá, MG,
em 30/7/1970. Iniciou na capoeira em 1983, tornou-se
mestra em 2012 consagrada pelo Mestre Ramos no Grupo
Senzala. Ela é formada em Educação Física, desenvolve
projetos sociais com a capoeira, liderança no movimento
Dandara Capoeira Viva. Lançou em 2019, um CD com músicas
autorais de capoeira cujo título é “Eu sou capoeira”. Em 2021,
produziu o documentário ‘A roda também é dela’.

Fonte: Acervo da Mestra Tida.

246
MINAS GERAIS 14 MESTRAS

Mera Zebrinha
Adriana do Vale Sales, fez parte do Instituto de Capoeira
Brasileira, consagrada mestra pelo Mestre Marcelinho no estado
de Minas Gerais..

Mera Yaçana
Elainy Sibely Oliveira nasceu em Minas Gerais
em 14/1/1969. Tornou-se mestra em 2007 consagrada pelo
Mestre Boca no grupo de Capoeira de Angola Luanda.

Fonte: Acervo da Mestra Yaçana.

247
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Andrea
Andrea Prudente Tenório nasceu em Guaratinguetá, SP,
em 3/9/75. Iniciou na capoeira em 1984 e foi consagrada
mestra, em 2019, pelo mestre José Antônio de Almeida no
grupo Barracão da Capoeira. É professora de Educação
física, especialista em História e Cultura Afro Brasileira.
Atualmente, mora em Guaratinguetá, também é personal com
seu próprio empreendimento e desenvolve um trabalho
especificamente com mulheres no condicionamento físico
usando a capoeira como ginástica natural.
Fonte: Acervo pela Mestra Andrea.

Mera Bonequinha
Elizangela Celestino nasceu em Lençóis Paulista, SP, em
12/5/1984. Iniciou na capoeira em 1986 e foi formada
mestra em 2018, em Guarujá, consagrada pelo Mestre Asa
Branca no Grupo Cultural de Capoeira Águia Branca.

Fonte: Acervo da Mestra Bonequinha.

Mera Boachinha
Ana Paula Borges nasceu em São Paulo.
Iniciou na capoeira em 1983 na Escola de
Capoeira Senzala de Zumbi.
Hoje tem mais de 32 anos de Capoeira.

Fonte: Acervo da Mestra Borrachinha.

248
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera mila
Camila Cristiane Garcia em Itapeva, SP, em 23/10/1985.
Iniciou na capoeira em 1998 e se tornou mestra em
2018 no Grupo Cordão de Ouro consagrada pelo Mestre
José Carlos. Ela é graduada em Educação Física pela
UNOPAR. É a única mestra de sua cidade, desenvolve
trabalho voluntário com a capoeira na APAE em Itapeva,
tem seu próprio espaço e desenvolve um trabalho com
crianças, jovens e até idosos.

Fonte: Acervo da Mestra Camila.

Mera ça
Ciça Fulaz nasceu em São Paulo, ela conduz
a Escola de Capoeira Filhos da Coral, iniciou na
capoeira em 1996 e foi consagrada mestra em 2018.

Fonte: Acervo da Mestra Ciça.

Mera Diane
Diane Oliveira nasceu em São Paulo em 26/11/1981.
Iniciou na capoeira em 7/9/1996 com o professor
Gato Negro (Atleta de Cristo) treinou até se formar professora
em 2000. Em 2003, fundou o Grupo de Capoeira Pau Pereira e
Projeto Anjos da Roda, onde passou a desenvolver um trabalho
com a capoeira. Em 2006, o seu mestre a reconheceu como
contramestra, sendo consagrada mestra 13/10/2014.
Em sua trajetória, sempre teve o apoio de sua irmã, a Mestra Leda,
e elas inspiram as irmãs mais novas que também são capoeiristas. Ela
nunca parou de treinar capoeira, casada, tem um filho de 18 anos, estagiário
na capoeira. O seu esposo também é capoeirista conhecido como
contramestre Negão de Bauru.
Fonte: Acervo da Mestra Diane.

249
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Dani/ Raposa


Daniela Pinto da Cunha, nascida na cidade de São José dos Campos, SP,
em 8/4/1976. Mestra de Capoeira, Advogada, Especialista em
Criminologia e Segurança Pública. Iniciou na capoeira, em 1994, com
o Mestre Tinta Forte, José Carlos Alberto, na Escola de Capoeira
Besouro Negro/Cordão de Ouro em São José dos Campos. Recebeu o título de
mestra, primeiro grau, em 2016 na cidade de Ilhéus, BA. Em 2007, foi
contemplada com o edital Capoeira Viva, Ministério da Cultura,
com o Projeto denominado: ‘A Capoeira do Vale do Paraíba’. Participou dos
documentários ‘Mestre e Griôs do Vale do Paraíba’ e ‘A fina Flor da
Malandragem’. Também participou do evento “Dia de Ouro 2019” em São Paulo
nos dias 19 e 20 de abril. Foi homenageada, em 2019, pela Câmara Municipal
de São José dos Campos, pela atuação no desenvolvimento da capoeira na
cidade.
Fonte: Acervo da Mestra Dani.

Mera Dedê
Andressa Marques Siqueira nasceu em São Paulo em
15/5/1979. Começou na capoeira em 1995, foi
consagrada mestra em Salvador pelo Mestre Pé de
Chumbo na Academia João Pequeno de Pastinha –
AJPP/SP em 2019. Ela é responsável pelo núcleo de
capoeira em São Paulo. Ela é licenciada e bacharel em
Ciências Biológicas pela UFSCar, mestra em Ecologia e
Recursos Naturais e doutora em Ciências Ambientas
pela USP.
Foto: (OLIVEIRA; FAGUNDES, 2020).

Mera Dirlea
Dirlea Rodrigues Mattos nasceu em Botucatu, SP, em
31/8/1968. Iniciou na capoeira em 5/1/1977 na Associação de
Capoeira Senhor do Bonfim no Moinho Velho, Ipiranga. Em
23/6/1984,tornou-se professora. No ano seguinte, mudou-se para o
grupo Amukenguê, e em 1990 recebeu a graduação de
contramestra. Em 1996, tornou-se mestra na Associação de
Capoeira Amukenguê consagrada pelo Mestre Marcial, tendo o
reconhecimento de mestra pela Federação Paulista de Capoeira.

Fonte: Acervo da Mestra Dirlea.

250
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Engraçadinha
Valquira Souza da Silva nasceu no estado da Bahia.
Iniciou na capoeira em 1994, quando tinha 15 anos, com o
Mestre Martelo. Já passou pelos
estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Paraná levando
a sua nobre arte Capoeira Contemporânea. Tornou-se mestra
em 21/12/2014 no estado do Rio de Janeiro formada mestra pelo Mestre
Martelo do Centro de Treinamento
Raízes da Arte.
Fonte: Acervo da Mestra Engraçadinha.

Mera Grazi
Graziela Andrade Santos nasceu em São Paulo em 3/2/1987.
Ela tem 20 anos de capoeira. Tornou-se mestra em 2019 consagrada
pelo Mestre Coruja no grupo Cordão de Ouro. Começou a ministrar
aulas de capoeira, em 2009, quando já era instrutora em escolas da
rede privada e projetos sociais. Em 2010, foi convidada a ir aos EUA e
permaneceu por seis meses frequentando alguns eventos de capoeira
nas cidades. Em 2011, foi para o México, ficou durante 1 mês e esteve
em três cidades. Em 2015, retornou ao México por mais 15 dias. Em
2017, em parceria com o Contramestre Edi tiveram o próprio espaço de
capoeira. Em 2021, adquiriram um novo espaço, ambos na região do
centro de São Paulo, o qual atende adultos e crianças. Ela também é
formada em Educação Física.
Fonte: Acervo da Mestra Grazi.

Mera Kia
Kátia Simone Gomes Farias de Abreu nasceu em Santos, SP,
em 1/4/1972. Iniciou na capoeira, em 1992, na fundação do
Grupo Equilíbrio em São Paulo desde então nunca parou de se
dedicar a capoeira. Participou de muitos cursos com Mestres
renomados da Baixada e também de outras regiões, muitos
desses através das Clínicas da Usp organizados pelo Mestre
Gladson. Começou a dar aula em 1995, já realizou alguns
eventos e festivais de capoeira. Foi técnica da seleção de capoeira
por 9 anos, primeiro por São Vicente e depois por Santos. Já
ministrou alguns cursos e participou de eventos na França,
Alemanha, Espanha e Portugal. Recebeu todas as graduações
pelo Mestre Eduardo Storti, foi cansagrada mestra em 2011. “Pela
capoeira faço o que posso, como posso... mas sempre com
respeito e amor” (MESTRA KÁTIA).
Fonte: Acervo da Mestra Kátia.

251
,

SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera ra
Lara Rodrigues Machado nasceu em Campinas-SP em 12/03/1969. O seu
início na capoeira teve a presença do Mestre Ivís e Ciriema, em sua trajetória
na capoeira teve experiências formativas em alguns grupos como: Cordão de
Ouro, no Senzala e Abadá Capoeira. Posteriormente, aproximou-se da
Escola Brasileira de Capoeira em Brasília-DF que depois de 10 anos se dedicando
e aprendendo foi reconhecida mestra pelo Mestre Oscar, em 2005. Em 2009,
tornou-se mãe e desenvolveu trabalhos com a capoeira na Associação Arteiros da Dança.
É graduada em Dança (1994), mestra (2001) e doutora (2008) em Artes Cênicas
pela Universidade Estadual de Campinas (SP). Mestra pela Escola Brasileira de Capoeira e
Presidente da Associação Arteiros na Dança (Ponto de Cultura do Ministério da
Cultura/Brasil). Recebeu prêmios de mérito profissional e acadêmico como o Diploma Mérito
Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Campinas (2000), o Prêmio Moinho Santista
Juventude na área de Dança da Fundação Bunge (2003) e Diploma concedido ao Ponto de
Cultura Arteiros na Dança pela Rede Inovaciones Educativas para América Y el Caribe-
Escritório de Educação da Unesco (2004). Autora do livro “Danças no jogo da construção
poética”.
Fonte: Acervo da Mestra Lara.

Mera da
Leda Maria Pereira Vasconcelos nasceu em Duartina-SP
em 17/10/1980. Iniciou na capoeira em 31 de agosto de
1996 com o professora Daniel (Gato Negro). Já conduziu
oficinas de capoeira em uma escola municipal em Bauru no
Programa Mais Educação, sempre trabalhou em outras áreas e
com a capoeira foi voluntária. Foi formada a mestra em outubro
de 2015 pelo Mestre Daniel. Ela apoia muito o trabalho com a
capoeira da irmã, Mestra Diane, no Grupo de Capoeira Pau
Pereira.
Fonte: Acervo da Mestra Leda

Mera a Branca
Hevelynn Borges nasceu no Guarujá-SP em 25/10/1982.
Ela é filha e formada pelo Mestre Asa Branca, sobrinha
dos mestres(as) Vânia, Camarão e Carneirinho. Trabalha com a
Capoeira junto com seu Mestre desde os 10 anos, organizando
eventos e ajudando nos treinos. Ela foi consagrada mestra em 2006,
também é Técnica de Enfermagem e Socorrista. Em 2016 abriu
sua própria academia de capoeira e atualmente mora em Bertioga.

Fonte: Acervo da Mestra Lua Branca

252
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera  Baobá
Luciana Galiza Borges nasceu em Suzano, SP, em
22/1/1978. Iniciou na capoeira em 1984 e se tornou
mestra em 2016 tendo recebido contribuição dos Mestres
Careca e Zezão no Grupo Amaê Berimbarte. Ela é técnica
em Instrumentação cirúrgica, bacharel em Educação Física,
Mobilizadora social e militante das causas da mulher.
Foi candidata a vereadora em 2020.
Fonte: Acervo da Mestra Lu Baobá.

Mera  Pimenta
Luciana Mara Pimenta Rocha nasceu em Minas Gerais
em 1/2/1977. Iniciou na capoeira em 1990, e se tornou
mestra no Grupo Cordão de Ouro consagrada pelo Mestre
Suassuna em 2010. Ela é formada em Educação Física,
criadora do projeto “Capokids” e “Capofitness”. Atualmente,
ela reside em São Paulo.

Fonte: Acervo da Mestra Lu Pimenta.

Mera ana
Eloana Bernardes nasceu em São Paulo em 21/11/1970.
Iniciou na capoeira em 1980 com o Mestre Aberrê
(in memoria) do Filhos da Bahia. Posteriormente,
ela se tornou formada em 1993 pelo Mestre Valdenor do
Grupo Nova Luanda. Em 2003, a mestra Cigana a consagrou
mestra. Ela fundou o seu próprio Grupo Capoeira Luana.
Ela é formada em Educação Física e Pedagogia.
Fonte: Acervo da Mestra Luana.

253
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Mara
Siomara Sousa Santos,nasceu em Santa Cruz da
Vitória em 12/4/1970. Iniciou na capoeira em 1982
e se tornou mestra em 2007 consagrada pelo Mestre
Catitu no Grupo Herança Cultural, atualmente mora em
Guarulhos/SP.

Fonte: Maxwell (2019).

Mera Mara (Feiceira)


Luci Mara Eufrazio Floriano Ismael nasceu
em São Paulo em 3/4/1973. Tornou-se mestra em 2011
consagrada pelo Mestre Renato da Associação Esportiva
e Cultural Praia do Rio Grande. Ela é formada em
Educação Física, Psicologia e Teologia; Pós-graduanda
em Violência Doméstica.

Fonte: Acervo da Mestra Mara.

Mera Maria Mara


Maria Martins de Oliveira nasceu em 17/11/1967
no estado do Pará. Iniciou na capoeira em 11/1/1982 com o
Mestre Camarão. Foi formada a professora em 1988,
logo em seguida, começou a dar aula de capoeira. Foi
consagrada mestra em 2018 pelo Mestre Camarão, tendo mais
de 37 anos de capoeira. É também professora de Teatro, já
morou na Itália e teve de passagem por Londres. Atualmente,
mora no Guarujá, SP.

Fonte: Acervo da Mestra Mara.

254
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Maria Primônio


Mestra Maria Patrimônio iniciou na capoeira em
1983 e foi reconhecida mestra em 2011 pelo
Grupo Cordão de Ouro.

Mera Meire
Rosemeire Caires Cardoso nasceu em São Paulo
em 17/3/1971. Tornou-se mestra em 2015 consagrada
pelo Mestre Dinho no grupo 13 de maio.
Fonte: Acervo da Mestra Meire

Mera Meire
Meire Barbosa de Almeida nasceu em São Paulo
em 18/12/1975. Iniciou na capoeira em 1986, tornou-se
mestra em 2017 consagrada pelo Mestre Valtinho da
Senzala do Kilombo de Angola.

Fonte: Portal da Capoeira (iphan.gov.br)

255
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Meiry
Rosemeiry da Silva Carmo nasceu em São Paulo
em 3/4/1973. Iniciou na capoeira em 1990 e se
formou mestra em 2017 consagrada pelo Mestre Badanai no
grupo Capoeira Benguela.
Fonte: Acervo da Mestra Meiry.

Mera Michei
Michelli Marcandalli Felix nasceu em São Paulo
em 7/6/1985. Iniciou na capoeira em agosto de 1998
e tornou-se mestra em 2018 consagrada pelo
Mestre Suassuna no Cordão de Ouro.
Fonte: Acervo da Mestra Michelli

Mera Mirian
Mirian Cristina Paixão nasceu em Osasco, SP, em
23/7/1971. Ela foi apresentada a modalidade artística
e cultural brasileira denominada como dança, luta, esporte
e expressão cultural no ano de 1975 por intermédio do Mestre
Marinheiro, que é seu irmão. O Mestre Marinheiro, formado pelo Mestre
Paulo dos Santos / Mestre Limão de Caiçara, que foi formado pelo
Mestre Pastinha, que foi formado pelo africano Betinho. Durante
toda a sua vida difundiu a capoeira através de projetos assistenciais e
voluntariado. Para ela, a capoeira é disciplina, também rasteira nas
drogas. Foi consagrada mestra em 6/12/1992 no Centro cultural e social
Arte capoeira Brasileira.
Fonte: Acervo da Mestra Mirian.

256
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Monise
Monise Cassano Fernandes nascida em São Paulo, SP, em
26/6/1973. Iniciou na capoeira em 1990 e se tornou
mestra em 2016 consagrada pelo Mestre Wellington no Capoeira
Berim Brasil.

Fonte: Acervo da Mestra Monise.

Mera Moranguinho
Vera Lucia Marcondes nasceu em Pindamonhangaba, SP,
em 21/5/1980. Iniciou na capoeira aos 11 anos de idade,
teve experiência em vários grupos de capoeira, sendo mais
marcante no Cultuarte em Taubaté. Foi consagrada mestra
em 2005 consagrada pelo Mestre Reinaldo do Grupo Paulo dos
Anjos. Ela é fundadora do Grupo Capoeira Vida há 26 anos. Ela é
formada em Educação Física e especialista em Educação Física
Escolar. Madrinha do Projeto Capoeirando da professora Maria
do Carmo desde 2012. Foi destaque no território da Educação e
do Esporte pelo seu empenho em levar a arte da capoeira para o
maior número de alunos em 2021 em sua cidade.
Fonte: Acervo da Mestra Moranguinho.

Mera Morena
Maria Cristina Bahia nasceu em São Paulo
em 17/04/1965. Inicia na capoeira em 1980 e se torna
mestra em 2003 consagrada pelos mestres Reinaldo Ramos
Suassuna e Ponciano do Grupo Cordão de Ouro.
Fonte: Acervo da Mestra Morena.

257
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Nagô
Wiara Santos da Silva nasceu em São Paulo em
17/11/1982. Iniciou na capoeira em 1997 e se tornou mestra
em 2021 pelo mestre Julio Cesár na Capoeira Batuquegê em São
Paulo. Atualmente, está no continente africano desenvolvendo trabalho
com a capoeira no Gingando pela Paz.

Fonte: Acervo da Mestra Nagô

Mera Pira
Lilian dos Santos iniciou na capoeira
na década de 1990. Em 2008, fundou o
Grupo Capo-arte em São Paulo.

Mera Pra
Leiciane Durães de Almeida nasceu em Luziana, GO,
em 17/3/1980. Começou a praticar capoeira muito nova na sua
cidade, mas não tem muitas recordações. Em 1992, ela se muda com
sua família para São Paulo. Em 1994, voltou a treinar capoeira, a qual
foi treinando e se dedicando cada vez mais. Em 2000, surgiu a grande
oportunidade tão esperada que é de trabalhar com a capoeira na Fundação
Crescer Criança, onde pode ensinar e aprender muito. Em 2002, outra oportunidade
de trabalhar com a capoeira na escola, Arte na Escola, onde
permaneceu há 14 anos. Em 12/10/2019, recebeu o cordão de Mestra, primeiro grau,
pelo Mestre Suassuna no Grupo Cordão de Ouro. Hoje, continua trabalhando com
a capoeira, juntamente com seu esposo, Mestre Marquinhos, juntos fundaram a
Escola Capoeira Ativa. Fonte: Acervo da Mestra Preta.

258
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Rena
Renata Xavier Magalhães nasceu em São Paulo em
30/1/1967. Tornou-se mestra em 2014 consagrada pelo
Mestre Kenura na Escola de Capoeira Cambapé.
Fonte: Acervo da Mestra Renata.

Mera Ra
Rita de Cássia C. Lago nasceu em São Paulo
em 27/12/1971. Tornou-se mestra em 2005 no
Grupo de Capoeira Gingart consagrada pelos mestres
Julião e Delicado.

Fonte: Acervo da Mestra Rita.

Mera Rosinha
Rosa Maria Araújo Simões nasceu em São Paulo em 1/12/1970.
Iniciou na capoeira em 1990, tornou-se mestra em 2019 consagrada pelo
Mestre Pé de Chumbo na Associação Brasileira de Capoeira Angola.
Ela é bacharel em Educação Física e mestra em Ciências da Motricidade
pela UNESP, doutora em Ciências Sociais pela UFCar. Ela é chefe de
Departamento de Artes e Representação gráfica da UNESP. Ela também
participou de cursos de extensão universitária, encontros em vários estados e
ministrou aulas na Academia Power Gym e na Bonsai em Rio Claro; já
ministrou aulas na disciplina capoeira no curso de Licenciatura em
Educação Física na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
São José do Rio Pardo.
Foto: Acervo da Mestra Rosinha.

259
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Samila
Samila Zambetti dos Santos nasceu em São Bernardo
dos Campos, SP, em 17/12/1984. Iniciou na capoeira em
1989 e se tornou mestra em 2016 consagrada pelo Mestre Gêra na
Associação de Desportiva e Cultural de Capoeira Santa Izabel.
Ela é licenciada em Educação Física pela UMESP, especialista em
Educação Física Escolar pela FMU, especialista em Psicomotricidade
pela FAPSS, mestra em Educação pela USCS. Atuou como atleta nos
Jogos Abertos do Interior, ministrou cursos para professores da rede de
São Caetano do Sul e para estagiários do Programa Mais Educação.
Fonte: Acervo da Mestra Samila.

Mera Sara
Sara Rocha nasceu em Adamantina, SP, em 12/11/1964. Iniciou na
capoeira em março de 1987, formada a instrutora em 1990. Em 1995,
tornou-se professora e mestra em 1999 consagrada pelo Mestre Aldo
(Aldo Francisco Baco Rubino) na Academia União da Barra.
Posteriormente, ela fundou a Capoeira Estrela da Barra. Foi
omenageada na Câmera de Curitiba recebeu ‘Votos de Congratulações
e Aplausos’ em Curitiba.

Fonte: Acervo da Mestra Sara.

Mera Saruê
Ana Lúcia Graciano Lopes nasceu em Ribeirão Preto, SP,
em 25/5/1964. Iniciou na capoeira em 1974 com o Mestre Gato,
logo depois começou a treinar com o Mestre Miguel Machado de
Ilhéus/Itabuna. Em sua formação, recebeu contribuição do Mestre
Suassuna durante alguns anos, e foi ele quem concedeu o título de mestra, em
2014, no Grupo Cordão de Ouro. Ela já desenvolveu trabalho no Ribeirão
Criança, deu aula na Creche Modelo, no Instituto Plural Cidadania Vila Bela
com crianças e adolescentes. Desenvolveu o projeto ‘Capoeira X Futebol’ em
Ribeirão Preto, onde tinha meninos africanos e japoneses aprendia capoeira e
compartilhava sua experiência com o futebol (Botafogo Futebol Clube). Trabalhou
também no Centro Cultural Palace durante muitos anos. Foi homenageada
‘Gesto de Liberdade’ pelo Memorial da América Latina, por ser a mulher mais
velha na cidade de São Paulo.
Fonte: Acervo da Mestra Saruê.

260
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Selma
Selma Fermi nasceu em São Paulo em 16/9/1963.
Iniciou na capoeira em 1981, foi aluna do Mestre Biriba
e Mestre Tucano, recebeu a graduação de Contramestra
em 2001 e de mestra em 2017 pelo Mestre Suassuna no
Cordão de Ouro.

Fonte: Acervo da Mestra Selma.

Mera Sereia
Helena Rodrigues da Silva mora em Jundiaí, SP.
Treina capoeira há 28 anos, recebeu o título de mestra
pelo Mestre Kauê na Associação de Capoeira
Nosso Senhor do Bonfim.

Fonte: Acervo da Mestra Sereia

Mera Vânia Alves


Vânia Maria Moraes Alves nasceu em Ourinhos, SP,
em 18/1/1979. Iniciou na capoeira em 1990 e foi consagrada
mestra em 2013 pelo Mestre Valter no grupo Ritmo Brasileiro.
Ela morou durante sete anos em Portugal,
onde treinou e lecionou capoeira. Atualmente, dá aula de capoeira
em projetos sociais e confecciona cordões de capoeira.
Fonte: https://www.tucumabrasil.com.br/2012/02/
o-que-e-valorizacao-parte-01.html

261
SÃO PAULO 45 MESTRAS

Mera Vânia Borges


Vânia Borges nasceu em Uberaba, MG, tem 54 anos e reside no Guarujá,SP. Iniciou na
capoeira em 1977, em Bertioga, na Associação de Capoeira Ilha de Itapanhau, com os
mestres Camarão, Carneirinho e Asa Branca, seus irmãos. Ela se tornou mestra em
1994, consagrada pelo Mestre Camarão, do Grupo Caravela Negra Bertioga, sendo
uma das pioneiras do litoral paulista. Além de mestra de capoeira, é professora de
teatro do ensino fundamental, diretora de ensino geral, examinadora e instrutora de
autoescola. É também presidenta da Liga Bertioguense de Capoeira desde 1993 e
presidenta do Grupo de Capoeira Cais Santista. Ela já formou vários capoeiristas,
dentre os quais Mestre Bruno, seu filho, Mestre Cipó, seu sobrinho e Professor Rodrigo.
Fonte: Acervo da Mestra Vânia Borges.

Mera Vanuza
Vanuza Alves Santos Carvalho, na arte Mestra Vanuza, nasceu em Itamaraju,
BA, em 18/1/1971. Aos 2 anos de idade se mudou com sua família para São
Paulo, iniciou na capoeira em 1987 com seu irmão, ue na época era Professor
Pequeno, e hoje conhecido e reconhecido como Mestre Pequeno. Em 1993,
começou a namorar o seu parceiro de treino, que hoje é o seu marido (Mestre
Paulo), juntos tem dois filhos, Leonardo e Vitória, que literalmente podem dizer
a famosa frase “Eu nasci na capoeira”. Em 1995 se tornou a primeira
professora do Grupo de Capoeira Mar de Itapuã pelo Mestre Pequeno, e em
2007 se tornou mestra. É vice presidente da Associação Desportiva e Cultural
Capoart-Arte em Capoeira, dirigiu a gravação do CD “O Canto da Capoeira”,
junto com Mestre Paulo lançou o primeiro DVD de Capoeira do Brasil, fez parte
da direção de 4 DVDs denominados “Acrobacias de Capoeira”, trabalhou como
entrevistadora nas revistas Capoeira e Praticando Capoeira que tinha
circulação em todo o Brasil. Está escrevendo um livro sobre a biografia do
Mestre Paulo, e produzindo o filme “O menino que queria voar e na capoeira
encontrou suas asas” inspirado no formado Professor Piquinininho. Mestra
Vanuza tem vários outros projetos em prol a capoeira e os capoeiristas, como
ela mesmo diz, ela não nasceu na capoeira, mas nasceu para capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Vanuza.

262
ESPIRITO SANTO 6 MESTRAS

Mera Baixinha
Alessandra dos Santos nasceu em Vila Velha, ES, em 3/07/1981.
Iniciou na capoeira em 1995 no Centro Educacional Joaquim Carvalho em
Campo Grande, Cariacica, ES. Com a ida do professor Baianinho para a
Europa, passou a treinar diretamente com o Mestre Capixaba, que fundou a
Associação Cultural Artística Popular Orientada ao Esporte e de Incentivo as
Raízes Afro-brasileira (A.C.A.P.O.E.I.R.A.). A sua formatura de mestra será em agosto
de 2022. Ela é formada em Educação Física e Pedagogia, especialista em
Psicopedagogia, Educação Física Escolar e Psicomotricidade e em Educação Física
Escolar e Recreação. Já recebeu várias homenagens pelo trabalho realizado na
cidade de Cariacica, dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha,
dia da Consciência Negra, dia do Capoeirista e pelo trabalho desenvolvido com a
Capoeira com crianças e adolescentes em risco social. Também recebeu prêmios
como: Trajetória da Lei Aldir Blanc em 2020, Capoeirista Inspiradora em 2020 pelo
@capoeiramulher, Mulheres do Amanhã em 2018, Melhor Projeto Social de Cariacica
em 2015 e Bolsa Atleta pela Prefeitura de Vitória em 2012.
Fonte: Acervo da Mestra Baixinha.

Mera Furinha
Marciele Candida nasceu em Vitória, ES, em 2/1/1980. Iniciou na capoeira em
1993, aos 13 anos de idade na Associação Desportiva e Cultural de Capoeira
Barravento, localizada no município de Vitória, onde sempre praticou sendo
guiada pelo Mestre Torpedo. A sua consagração de mestra no referido grupo foi
em 2012. Ela criou um núcleo da Associação Barravento no bairro Maruípe em
Vitória. Mestra Furinha trabalha com a capoeira desde 1998, atuando no projeto
‘Comunidade Itararé’, ma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Otto
Ewaldo Junior, com crianças e adolescentes entre 1998 a 2001; de 2000 a 2002
no Projeto Caminhando Juntos (CAJUN) em Itararé; em 2002 no projeto “Escola
Aberta” na EMEF Orlandia, em São Cristovão (Vitória); em 2018 no núcleo da
Associação de Capoeira Barravento na EMEF Rodrigues São Pedro; de 2017 a
2019 no Movimento das Mulheres Capoeiristas do Espírito Santo. Enquanto
mulher e capoeirista, Mestra Furinha destaca que não é fácil chegar à graduação
de professora, e menos ainda a de ‘estra, havendo vários desafios e dificuldades
pelo caminho. Observa que geralmente muitas mulheres param pelo caminho por
motivo de casamento, preconceitos e saúde. A mesma passou por diversas
lesões, mas apesar disso, conseguiu continuar na capoeira. “Capoeira pra mim é
minha alegria, meu bem-estar, minha inspiração e vida. É nela que eu me
encontro e me sinto bem. pra mim é um tudo’ (MESTRA FURINHA).

Mera Kêu
Cleuza Honorato de Lima nasceu em Mutum, MG, em 8/7/1963. Iniciou na
capoeira em 1978, foi formada mestra em 2016, pelo Mestre Beto, e hoje é
responsável pela Capoeira Raiz da Arte em Cariacica.
Fonte: Acervo da Mestra Kêu.

263
ESPIRITO SANTO 6 MESTRAS

Mera Pú
Iris Lopes nasceu no Espírito Santo em 4/5/1975.
Iniciou na capoeira em 1987 e foi consagrada
mestra em 2004 no Grupo Arte da Capoeira.

Mera Sabrina
Sabrina Marinho Abade nasceu em Vitória, ES, em
15/2/1978. Iniciou na capoeira em 1992 e se tornou
mestra em 2018 consagrada pelo Mestre Fábio no Grupo
Beribazu. Ela é licenciada em Educação Física pela
Universidade Vila Velha, especialista em Docência pela
Faculdade Estácio de Sá, especialista em Educação Física
pela CESAP, especialista em Psicopedagogia. Integrante no
movimento Dandara Capoeira Viva e do Coletivo Zacimba
Gaba desde 2019. Participou do filme ‘A roda também é dela’.
Fonte: Acervo da Mestra Sabrina.

Mera Zangada
Carla Cristina de Oliveira Noronha nasceu em Vitória, ES,
em 8/5/1972. Iniciou na capoeira em 1982, tornou-se
mestra em 1997, a primeira mestra do Espirito Santo pelo
Mestríssimo Chita em São Gonçalo, após passar pela banca
de mestres da FCERJ. Ela é integrante do Grupo Ginga de
Corpo.
Fonte: Acervo da Mestra Zangada

264
REGIÃO CENTRO-OESTE

17Meras 6 Meras 1 Mera do


do D. Federal do Goías M.G. do Sul
Alaíde Amazonas Pantaneira
Ana Ana Maria
Bad Iúna
Baianinha Tati
Clarice Valéria
Jerusa Vivian
Ju Trajano (in memoriam)
Karlinha
Marreca
Meo
Michelinha
Mirinha
Noélia
Quequel
Suely
Valdirene
Zanga
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS

Mera Alaíde
Alaíde de Amorim Lima nasceu na cidade do Gama,
DF, em 27/8/1979. Mos meados de 1991, aos 12 anos de idade,
na escola SESI teve seu primeiro contato com a capoeira. Em
1994, teve a iniciou sua trajetória na capoeira com o Mestre
Robertão, no CAIC de Santa Maria Norte, Grupo Evolução. Em
agosto de 2015, aconteceu o batizado e troca de cordas do
Grupo de capoeira Ouro Negro/ Capoeira Robertão e a sua
formatura de mestra .
Fonte: Acervo da Mestra Alaíde

Mera Ana
Ana Maria Domingos nasceu em Patos de Minas, MG, em
2/10/1964. Começou a treinar a capoeira na década de
1980, com o Grupo Ave Branca, do Mestre Kall e foi
consagrada mestra em 2016. Em sua trajetória, participou
das grandes rodas com o mestre Zulu e de campeonatos
femininos internos no grupo. Nunca esteve em outro grupo
e tem o maior orgulho de ser formada pelo Mestre Kall.
Fonte: Entrevista para o Projeto ‘Saberes dos mestres e das
mestras da capital’.

Mera Bad
Eliane Ferreira da Silva nasceu em Itaporanga, PB, em
3/3/1970. Com um mês de vida, mudou com sua família para Brasília.
Foi consagrada mestra em 2018 pelo Mestre Squisito no Terreiro
capoeira. Ela é formada em Educação Física, participou de um curso de
Pós-Graduação em Capoeira na Universidade de Brasília. Atualmente,
tem uma academia e leciona aulas de Capoeira, Hidroginástica,
Natação, Treino Funcional, Cross Trainer e Musculação. Em 2021,
realizou uma cirurgia na coluna lombar e fez transplante de medula e
está em recuperação em casa.

Fonte: Acervo da Mestra Bad.

266
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS

Mera Baianinha
Ana Maria Melo Duarte Guimarães nasceu em São Paulo, SP, em 1976
Ela é filha de pais baianos, cresceu na Bahia, e se mudou para Brasília em
1992, quando iniciei na Capoeira no Grupo Adilson de Capoeira com o Mestre
Oscar. Treinou Capoeira na Escola Brasileira de Capoeira com o Mestre Oscar e
Mestre Chumbinho, até 2004, quando, liderados pelo Mestre Chumbinho, fundou
a Equipe Capoeira Brasileira, na qual treina até hoje. Foi consagrada mestra pelo Mestre
Chumbinho, em 21/10/2016. Iniciou na capoeira por influência de seu pai,
Rogerio Duarte Guimarães, artista baiano, uma das referências do tropicalismo, que
havia treinado com o Mestre Bimba, na sua juventude em Salvador, juntamente com Fred
Abreu, Jair Moura, que eram seus amigos. Organizou muitos encontros femininos em Brasília
e participou de muitos outros, inclusive em Montréal, onde pude vivenciar a capoeira como
profissão, por alguns meses, onde fez apresentações, ministrou aulas e montou um show,
coordenados pelos Mestres Peninha, Chumbinho e Ayanã, quando foi fundado a Equipe Capoeira
Brasileira. Seguiu carreira no Serviço Público, mas permanece como capoeirista e difusora dos seus
imensos benefícios e riqueza cultural. “A Capoeira me fez ganhar o mundo e me propiciou um processo
de individuação empoderada e orgulhosa de ser mulher, brasileira e de sangue e alma nordestinos! Sinto-
me eu mesma, porque sou capoeirista!” (Mestra Baianinha). Fonte: Acervo da Mestra Baianinha

Mera arice
Clarice Rodrigues de Oliveira nasceu em Sobradinho, DF, em 28/1/1973. Iniciou
na capoeira em 1984, com o mestre Zulu, no grupo de capoeira Beribazu.
Participou como representante da Federação Brasiliense de Pugilismo do 1º
Campeonato Brasileiro em Duplas de Capoeira infantil, realizado em outubro em
1988, no ginásio poliesportivo do Ibirapuera, SP. Participou do XVII Jogos
Escolares Brasileiros (JEBS) em 1988, em São Luís do Maranhão, e do III
Festival Folclórico de Capoeira em Embu-SP em 1988, do Campeonato de Jogos
Escolares Brasileiros de 1989. No ano seguinte, começou a dar aulas de capoeira
no Colégio Agrícola de Planaltina, onde permaneceu até 1993. Em 1994, passou a
treinar com o Mestre Edivaldo em Planaltina, anos depois teve a contribuição do
Mestre Divino em sua caminhada na capoeira, o qual formou a contramestra em
2002. Em 2004, participou do 1º Campeonato Planaltinense de Capoeira,
organizado pelo grupo Corpo e Mente, o qual fariar parte anos depois. Foi
consagrada mestra no dia 11/07/2015 pelo Mestre Sérgio, que também é seu
irmão.
Fonte:Entrevista para o Projeto ’saberes dos mestres e das mestras da capital’.

Mera Jerusa
Jerusa Pimentel nasceu no Distrito Federal.
Ela é integrante do grupo União Capoeira.

267
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS

Mera Jú Trajano
(in memoriam)

Jucineide Pimentel Trajano nasceu no Distrito Federal,


integrante do Capoeiragem Movimento Cultural

Mera Karlinha
Karla Rodrigues dos Reis nasceu em Brasília, DF
em 11/11/1975. Iniciou a prática da capoeira em 1989 em
Brasília-DF. Fundou o Centro Beribazu de Culturas em 2007,
coordenou esse Centro até 2016, com a supervisão do Mestre Luiz
Renato Vieira e Mestre Igor Márcio, ambos responsáveis pelo Centro de
Capoeira da Universidade de Brasília. Foi a primeira mulher a
receber o título de Contramestra de Capoeira em Joinville, no ano de 2012
foi a primeira mestra a ser consagrada em 2021..
Em 2016, recebeu homenagem na Câmara de Vereadores como
Mulher Negra que se destaca em sua área, pela Casa da Vô Joaquina.

Fonte: Acervo da Mestra Karlinha.

Mera Maeca

Monika Godinho de Oluveira nasceu em Brasília, DF.


Ela faz parte da Equipe de Capoeira Brasileira.

268
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS

Mera Meo
Maria Edileuza de Oliveira nasceu em Acaraú, CE. Iniciou na capoeira
em 1999 com o Mestre Bené no Grupo Lenço Branco de Capoeira. Foi
atleta de Campeonato Brasileiro de Capoeira em São Paulo, conquistou
o primeiro lugar. Foi diretora administradora na Federação de Capoeira
do Distrito Federal. Foi integrante da Comissão Organizadora do
Campeonato Brasileiro de Capoeira que ocorreu em Sobradinho.
Fonte: Entrevista para o Projeto ‘Saberes dos mestres e das mestras
da capital’ (2020).

Mera Michelinha
Michelle Santos Lima nasceu em 14/8/1982 em
São Luís, MA. Com cinco meses de vida, mudouse com a
família para Brasília. Iniciou na capoeira em 1993 com o
Mestre Dionísio, logo depois passou a treinar com o Mestre
Igor, recebeu a graduação de mestra no dia 6/9/2019 no
Grupo Aruanda Capoeira- DF. Ela também é formada em
Educação Física e Jornalismo.
Fonte: Acervo da Mestra Michelinha.

Mera Mirinha
Valmiria José da Silva nasceu em 1978 em
Formosa, GO; filha de Avelino José da Silva e Sebastiana
R. da Silva. Começou na capoeira em 5/2/1990, com seu pai M. Falcão (in
memoriam) fundador do Grupo de capoeira Canguru. No decorrer dos anos seu
pai (parou com a capoeira e ela deu continuidade com seu irmão Ismar que na
época era contramestre. Foi consagrada mestra pelo Mestre Alcides no ano de
2000. Ela foi formada pelo Mestre Ismar em 12 de março 2016. Já participou de
grandes eventos em Brasília, na Bahia, em Minas Gerais,
em Tocantins e em São Paulo. Atualmente tem um projeto intitulado
Capoeira Canguru em Ação que iniciou no ano de 2019.
Fonte: Entrevista para o Projeto ‘Saberes dos mestres e das mestras da capital’.

269
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS

Mera Noélia
Maria Noélia Bezerra Moreira Duarte nasceu em Crateús- CE em 22/10/1968. Em
1991, mudou-se para Brasília. Em 2001, fez o curso CREF de Educação Física na
Universidade Católica de Taguatinga. Também é formada em Pedagogia na
Faculdade Fortium no Gama, especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional. Iniciou na capoeira em 1991 com o Mestre Robertão no Sesi do
Gama. Participou do Campeonato Brasileiro de Capoeira em São Paulo levando o
primeiro lugar na categoria em 2000. Desenvolveu vários eventos femininos
levando educação e palestrantes para elevar a mulher na capoeira. Em 16 de
dezembro de 2001, recebeu a graduação de contramestra, e em 2013 recebe o título de
Mestra pelo Mestre Cavalo, hoje Presidente do grupo de capoeira ONG Evolução.
Fonte: Entrevista para o Projeto “Saberes dos mestres e das mestras da capital”.

Mera Quequel
Raquel Ribeiro Caetano teve contato com a
capoeira através do Mestre Adilson, em seguida, em 1990, insere-se no
grupo conduzido pelo Mestre Jomar sendo consagrada mestra em 2010
em Brasília, DF.

Fonte:Raquel Caetano (Quequel) (capoeira.ws)

Mera Suely
Suely Borges nasceu em Belém, PA, em 7/6/1975. A Capoeira
surgiu em sua vida na infância. Posteriormente, no final dos anos 80,
na escola que ela estudava, ingressou nos treinos sob a supervisão do
Mestre Marquinhos Pastel (in memoriam). Em meados de 1993, o Mestre Adilson
encerrou as atividades do grupo, então juntamente com seu marido Mestre Foca,
resolveram montar um trabalho para que pudessem por em prática todo o
ensinamento aprendido nos anos anteriores, aliado a filosofia de vida,
potencializando as nossas ações. Com isso, em 1995, surge a UCDF Capoeira
(União de Capoeira do DF) com sede em Brasília, e atualmente filiais nos estados
do GO, RJ, SP, BA, PB e nos Estados Unidos, Miami e Nova Iorque. Paralelamente
ao trabalho com a capoeira, ingressou na Faculdade de Educação Física, formando-
se em 2012. Seu reconhecimento como mestra aconteceu em 2009, pelas mãos do
Mestre Foca, com que é casada há 26 anos. Além de presidente do Instituto UCDF
Capoeira, é coreógrafa da Cia de Dança União Lundu, Técnica do Time de Ginástica
Rítmica União e proprietária da Foca Esportes empresa especializada em atividades
esportivas e culturais.

270
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS

Mera Valdirene
Valdirene Aprígio formada mestra em 2019 pelo
Mestre Zulu.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/claudia-
meireles/luiz-renato-vieira-e-capoeiristas-lancam-
livro-sobre-o-tema-no-sebinho

Mera Zanga
Irene Miranda Alves nasceu no Maranhão em 18/6/1980.
Recebeu o título de mestra, em 2018, no Grupo Beribazu pelo
Mestre Bill. Idealizadora do Encontro Feminino de Capoeira em
seu grupo e do Projeto Social 'Educar através do Movimento da
Capoeira' em Planaltin, no Distrito Federal. Foi agraciada com
Moção de Louvor em Homenagem aos mestres e contramestres
de Capoeira na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Recebeu premiação como Agente Cultural no segmento como
Patrimônio Histórico e Artístico, Material e Imaterial pela Lei
Aldir Blanc (FIGUERÔA, 2021).
Fonte: Acervo da Mestra Zanga.

271
GOIÁS 6 MESTRAS

Mera Ana Maria


Ana Maria Silva nasceu em Goiás.
Tornou-se mestra em 2021 no
Grupo Só Angola pelo Mestre Boca Rica.

Fonte: A. Silva (2014).

Mera Amazonas
Sandra Regina Prudêncio nasceu em Goiás em
17/8/1969. Tornou-se mestra em 2019 no Grupo
Candeias consagrada pelo Mestre Suíno.
Fonte: Acervo da Mestra Amazonas.

Mera Iúna
Valdise Angela de Abreu nasceu
em Goiás em 28/6/1973.
Foi consagrada mestra em 2015 no Grupo Candeias
pelo Mestre Suíno.

Fonte: Maxwell (2019).

272
GOIÁS 6 MESTRAS

Mera Ti
Tatiana Cândida São Pedro Tomé, nasceu Goiás, GO,
tem 28 anos de trajetória na capoeira. Em 1999, casou-se
com o professor Guerreiro e teve duas filhas. Em 2003, se
formou em Educação Física. Em 2014, formou-se em
contramestra pelos mestres Jelon e Guerreiro. “Tive a
oportunidade de conhecer e transmitir um pouco do meu
conhecimento em outros países, como Colômbia, Peru, Estados
Unidos, Espanha, França e Indonésia; e também em alguns estados
brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas
Gerais e Salvador” (TOMÉ, 2020, p.20). Anunciou no documentário
“A roda também é dela” que em julho de 2022 será consagrada mestra.
Fonte: Tomé (2020)

Mera Valéria
Valéria Costa nasceu em Goiânia, GO. Iniciou na
capoeira em 1982 com o Mestre Zumbi, depois conheceu
a Capoeira Angola na Bahia, passou a se dedicar
exclusivamente à prática da Angola. Foi fundadora do Grupo Só Angola
junto ao Mestre Caçador e Mestre Vermelho em Goiás. Foi consagrada
mestra em 2021 pelo Mestre Boca Rica, uma das fundadoras do Grupo
Só Angola.

Fonte: Oliveira e Fagundes (2020).

Mera Vivian
Vivian Alexandra de Abreu nasceu em Goiânia, GO, em 19/4/1982.
Iniciou na capoeira, aos seis anos de idade, com um aluno do Mestre
Suíno, depois de alguns meses passou a treinar com o referido mestre na
Associação Candeias de Capoeira. Em dezembro de 2021 foi consagrada
mestra pelo mestre Suíno, tornando-se assim a terceira mestra do Grupo
Candeias. Ela já participou e ministrou cursos em vários
eventos no Brasil e Exterior. Também já participou dos Jogos Estudantis
Brasileiros em 1994 e 1995, foi vice campeã do Mundial em Baku -Azerbaijão
em 2018. Hoje é responsável pelo trabalho de seus alunos: instrutores
Kalango e Canario em Palmas, TO. Ela também é fonoaudióloga, servidora
pública, em uma Maternidade que atende recém-nascidos em uma unidade
Neonatal.
Fonte: Acervo da Mestra Vivian.

273
MATO GROO DO SUL 1 MESTRA

Mera Pantaneira
Léa Vieira de Oliveira Machado nasceu em Campo
Grande, MS, em 22/2/1977. Iniciou na capoeira em
1990 e se tornou mestra em 2018 no Cordão de Ouro
consagrada pelos Mestres Pernambuco e Irani. Ela é formada em
Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco. Ela se
candidatou a vereadora em 2020 em Campo Grande. Atualmente,
é presidenta dos núcleos “Mulheres de luta” e “Capoeira” em
Campo Grande- MS; presidenta estadual do Movimento Negro
PDTMS vice presidenta do seu bairro e vice presidenta da
UNEGRO de Campo Grande-MS.
Fonte: Acervo da Mestra Pantaneira.

274
REGIÃO NORTE

3 Meras 3 Meras 1 Mera


do D. Federal do Pará do Tocantins
Deusa Catita
Mainha Pé de Anjo (in memoriam) Diamante
Pokahontas Nega
AMAZONAS 3 MESTRAS

Mera Deusa
Deusa da Silva Belém iniciou na capoeira em 1977
e foi consagrada mestra em 2006 no Grupo Marabaiano
no estado da Amazonas (BONATES, CRUZ; 2020).

Fonte: Imagem retirada do Youtube (


https://www.youtube.com/watch?v=hl3JnMT4OKQ)

Mera Mainha
Leonita Oliveira de Souza nasceu em Petropólis, AM, em
21/6/1967. Iniciou na capoeira em 1980, conquistou
sua primeira graduação em 1982, e se tornou mestra em
2012 pelo Mestre Paulo Camarão na Associação
Cultural Brasileira de Capoeira. Ela foi candidata a
vereadora. Recentemente, recebeu o prêmio “Berimbau de
Ouro” em 2020.

Fonte: Acervo da Mestra Mainha.

Mera Pokahontas
Júlia Vargas nasceu em Manaus, AM. Ela é manaura, índigena
legítima (saterê mawé), casada com Mestre Lambão, mãe do Cauê
(Maçaranduba) de 9 anos. Ela é filha e aluna do Mestre Ronaldo Vargas
da Escola de Capoeira Bomani, filha de Téia Vargas, irmã de Ronald Vargas
e Karol Vargas, que são seus maiores incentivadores. Iniciou na capoeira aos 2
anos, já tem mais de 32 anos praticando a capoeira com o mesmo mestre, o qual a
consagrou mestra em novembro de 2021. Diretora Técnica Da CBC
(Confederação Brasileira de Capoeira), Diretora Técnica (Federação Desportiva
de Capoeira em Brasília, Presidente e Fundadora da Escola de Capoeira Bomani.
Ela é filiada a ABPC (Associação Brasileira dos Professores de Capoeira) desde
2011. Geralmente, ministra oficinas pelo Brasil e fora, como na Alemanha nas
cidades de Frankfurt, Berlim, também na França, Suíça e em Puebla no México.
Fundadora do Coletivo Loucas pela Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Pokahontas.

276
Pará 3 MESTRAS

Mera ta
Érica Cristina Melo Cabral nasceu no Belém, PA ,
em 25/7/1976. Ela é filha de sapateiro e de costureira,
tem três irmãos. Iniciou na capoeira em 1987 com o
professor Osvaldo, o Vavá, que é discípulo do Mestre Walcir
e do Mestre Tabosa do Grupo Raiz da Senzala e se tornou
mestra em 2017 no Grupo Senzala.

Fonte: Camões (2019).

Mera Nega
Claudinete Silva de Melo nasceu em Santarém, PA, em 27/4/1982.Em
1991, mudou-se para Castanhal onde reside até hoje. Nesse mesmo
ano, começou a jogar capoeira incentivada pelo seu irmão, mestre Joel,
no Grupo Libertação. Em 1996, participou do grupo Muzenza, lá
permanecendo por 12 anos. Em 2008, passou a fazer parte do grupo
Fundação Arte Brasil, onde passou 11 anos e saiu do grupo porque
sofreu preconceito. Em janeiro de 2020, fundou seu grupo chamado
Associação Cultural Nega Guerreira, onde desenvolve um trabalho com
projeto social que envolve Capoeira, Jiu Jitsu, Boxe e Muay Thai,
atendendo jovens, crianças e adultos de ambos os sexos. A sua
formatura de mestra será no mês de novembro de 2022.
Fonte: Acervo da Mestra Nega

Mera Pé de Anjo (in memoriam)


Maria Silvia Santana Leão nasceu no Pará, fez parte
do Grupo Dandara Bambula. Obteve o
reconhecimento popular in memoriam no I Colóquio
Patrimônio, Gênero e Saberes Tradicionais em 2016..

277
TOCANTINS 1 MESTRA

Mera Diamante
Joelma Assunção de Sá nasceu em Palmas, TO,
em 18/12/1984. Iniciou na capoeira em 1993, com 9 anos de idade,
junto com seu irmão, na academia do Mestre Cabeleira que
ministrava as aulas. Anos depois, começou a treinar com seu irmão.
Aos 16 anos, auxiliava nas aulas. Em 2004, ela já dava aula de
capoeira para crianças, nessa época começou a trabalhar no Grupo
Muzenza. Em 5/10/ 2005 foi dá aula de capoeira na Itália.
Ela é integrante da Capoeira Mandara arteluta, ensina desde 2015
em Barcelona. A sua formatura de mestra foi em 2019 na França pelo
Mestre Luiz Júnior.
Fonte: Acervo da Mestra Diamante.

278
REGIÃO SUL

3 Meras 6 Meras do 3 Meras


do Paraná R.G. do Sul de Santa
Aurea Didi tarina
Criança Idalina Elma
Shaolin Jô Ligeirinha Fru
Karruina Rosa Costa
Machadinha
Morena
PARANÁ 3 MESTRAS

Mera Aurea
Aurea Farias nasceu em Recife, PE. Iniciou na capoeira
em 1987 no Grupo Chapéu de Couro, também fez parte do
Balé Popular nesse período. A capoeira e o frevo ajudaram
muito na sua formação. Em 1990, mudou-se para Curitiba,
e em 1994 fundou o grupo Força da Capoeira junto
com seu esposo, o Mestre Kinkas. Foi consagrada mestra em 2015.
Ela também é formada em dança e canto pelo Conservatório
de Música Popular de Curitiba- PR (CMP).
Fonte: Acervo da Mestra Aurea.

Mera iança
Lilia Menezes nasceu em Niterói, RJ, em 23/6/1975. Iniciou na
capoeira em 1988 e se formou mestra em 2017 pelo Mestre Burguês
do Grupo Muzenza. Ela é autora do livro “Os benefícios psicofisiológicos
da capoeira”, graduada de Educação Física e especialista em Psicopedagogia.
Foi bi-campeã mundial de capoeira pela Superliga Brasileira de Capoeira, vice
campeã na Sulamericana em 2001, conquistou o terceiro lugar no campeonato
Ginga sem Limites na Bahia. Recebeu Votos de Congratulações e Aplausos por
sua atuação como Mestra de Capoeira pelo vereador e Mestre Pop Lyne no
município de Curitiba em 2019. Foi homenageada em 2020 no “Capoeiristas
inspiradoras” pelo @CapoeiraMulher. Ela tem vários artigos publicados,
idealizadora do Encontro Feminino Somente Elas na Europa e Brasil; participou
de vários CDs e DVDs do grupo Muzenza; idealizadora do Projeto Gingando
contra Fome e do Dançando com bastões. Diretora do Departamento de
Marketing a ICA Internacional Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Criança.

Mera Shaolin
Cleiser Regina nasceu em Curitiba, PR, em 28/10/1973.
Iniciou na capoeira em 1993 no Centro Paranaense de
Capoeira com o Mestre Sergipe, em 1995 recebeu a primeira
corda de capoeira. Já participou de vários eventos,
campeonatos, dando aulas de capoeira. Foi campeã paranaense,
brasileira, conquistando o segundo lugar no Sul Americano na
Argentina. Em 9/10/2017 recebeu o título de mestra pelo Mestre
Sergipe. Ela também dá aula de capoeira na Associação de
Moradores, e está na supervisão do Mestre Borracha no Grupo de
Capoeira Marília Brasil. Ela também tem um laboratório de prótese
dentária.
Fonte: Acervo da Mestra Shaolin.

280
SANTA CATARINA 3 MESTRAS

Mera Elma
Elma Silva Weba nasceu em Queimadas, MA, em 24/9/1966. Foi iniciada
na Capoeira Angola em 1986, em São Luís, na Escola de Capoeira Angola
Laborarte coordenado por Mestre Patinho. Tem em sua formação artística
outras manifestações culturais maranhenses, foi integrante do tradicional grupo
do Cacuriá de Dona Teté. Em 1995, mudou-se para Porto Alegre, RS, e em 1996
fundou o Grupo de Capoeira Angola Solta Mandinga, que tem início como coletivo de
resistência em uma ocupação cultural na cidade e mais tarde passa a se chamar
nZambi, Grupo de Capoeira Angola. Em 2006, Elma foi reconhecida mestra de
Capoeira Angola pela comunidade da capoeira maranhense e por seu mestre, ofício que vem
realizando há 25 anos ininterruptamente. Coordena o trabalho de três núcleos do Grupo
nZambi em Florianópolis, Brasília e Porto Alegre e ministras oficinas em diversos estados
brasileiros. Em 2014, recebeu o Prêmio de Ações e Salvaguarda de Patrimônio Imaterial –
IPHAN pela ação 'Sob o Olhar dos Ancestrais' realizada há 16 anos no DF. Em 2007, recebeu
Honra ao mérito Anselmo Barnabé Rodrigues Mestre Sapo em São Luís do Maranhão. Em
2018, foi uma das mestras premiadas em um dos maiores prêmios de cultura brasileira, Prêmio
Culturas Populares Selma do Coco, do Ministério da Cultura, em reconhecimento à sua atuação
com Mestra da Cultura Popular.

Fonte: Acerva da Mestra Elma.

Mera Fru
Cristiane Weise, de origem alemã, nasceu em 5/7/1976.
Iniciou na capoeira em 1998 e tornou-se mestra em 2016
pelo Mestre Trovão no Grupo Magia da Bahia em Blumenau,
SC. Liderança no Coletivo “Elas que Gingam” há 12 anos,
também dá aulas de capoeira há 20 anos. Ela recebeu duas
moções da prefeitura de Blumenau: uma como detentora da
roda de rua mais antiga direcionada para as Mulheres, desde
2009.
Fonte: Acervo da Mestra Fru.

Mera Rosa a


Rosa Costa nasceu em Florianópolis, SC. Iniciou
na capoeira em 1983 com o mestre Fernando Pop, na
academia Berimbau de Ouro. Foi consagrada mestra, em 2016,
pela comunidade da capoeira, alunxs e sociedade.
É fundadora do Instituto de Capoeira Baobá. É Formada em
Pedagogia, Educação Física e Faixa Preta de Jiujtsu 3º graus.

Fonte: Acervo da Mestra Rosa Costa.

281
RIO GRANDE DO SUL 6 MESTRAS

Mera Didi
Adélia Kervalt Costa Atti nasceu em agosto de 1972 em
Porto Alegre, RS. Iniciou na capoeira em 1990 na Associação
Herança Cultural Capoeira com o Mestre Catitu, sua formatura de mestra
foi em outubro de 2021. Coordena o trabalho do grupo de capoeira em
Porto Alegre e Santa Catarina. Ela é formada em Nutrição e Educação
Física, também membro do Comitê do Conselho Gestor da Salvaguarda
da Capoeira do RS, fundadora do Coletivo de mulheres Capoeiristas:
Dona Maria Como Vai Você? Ela já recebeu os prêmios de Honra ao Mérito
pela Federação de Capoeira, Tributo aos Mestras e Mestras/RS e em 2020
na Assembléia Legislativa do RS. Participou do documentário “Capoeira:
a saúde está ginga!” e produziu o documentário “Capoeira: tem mulher na roda!”.

Fonte: Acervo da Mestra Didi.

Mera Idalina
Kely Cristina é do Rio Grande Sul, integrante da Associação
de Capoeira Angola Zumbi do Palmares.

Mera Jô geirinha
Jocelaine Rigon nasceu em Porto Alegre, RS.
Integrante do Grupo Oxóssi,
foi consagrada mestra pelo Mestre Índio em 2006.

282
RIO GRANDE DO SUL 6 MESTRAS

Mera Kauira
Patrícia Lemos Gomes nasceu em Caxias do Sul, RS,
em 30/5/1972. Iniciou na capoeira em 1982 em sua
cidade, foi consagrada mestra, em 2015, pelo Mestre Índio do
Mercado Modelo de Salvador, Bahia. É a única mulher formada
mestra na cidade de Caxias do sul. Em 2016,
fundou o Grupo Pernada Gaúcha.

Fonte: Acervo da Mestra Karruina.

Mera Machadinha
Patrícia Pimentel dos Santos Oliveira nasceu em 19/12/1971
em Porto Alegre, RS. Iniciou na capoeira em 1996 com o Mestre Kunta
Kinte (Julio Marques de Souza) que na época era aluno de Mestre Índio
(Manoel Olimpio de Souza). Nessa época, conheceu também o seu esposo,
que era colega de capoeira, e hoje é o Mestre Bonito (Andre Peres de
Castro Oliveira), juntos fundaram o grupo Ilê de Oxossi em 1999 e se
revezavam nos trabalhos. É formada em História pela Universidade
Cruzeiro do Sul, está cursando Ciências Sociais e uma especialização em
Educação Infantil. Sempre acreditou que a capoeira era muito mais do que
simplesmente um jogo, pois ela envolve aspectos culturais, artísticos e
históricos que podem ser explorados em sua totalidade. Ela já participou de
cursos, workshops, tem vasta experiência profissional ensinando a
capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Machadinha.

Mera Morena
Solange Neris Silva consagrada mestra
em 1993 no Rio Grande do Sul pelo Mestre Índio.
Fonte: Imagem retirada do Youtube
(https://www.youtube.com/watch?v=hl3JnMT4OKQ)

283
MESTRAS FORA DO BRASIL
Austria (1) Canadá (1)
::Ana Dourada :: Colette
Austrália (1) França (5)
:: Meirelou :: Cristina
Reino Unido (3) :: Nega Uara
:: Andrea :: Novinha
:: Rilene :: Sapeca
:: Sylvia :: Úrsula
Estados Unidos (10) Israel (2)
:: Cigarra :: Dini
:: Colibri :: Noa
:: Edna Lima Alemanha (1)
:: Sara/Soberada :: Maria Pandeiro
:: Lagosta Suécia (1)
:: Luar do Sertão :: Pintada
:: Marisa México (1)
:: Rafaela :: Rosita
:: Sorriso Moçambique (1)
:: Suelly :: Marina
ÁUSTRIA 1 MESTRA

Mera Ana Dourada


Luciana Tenorio Schwendinger nasceu em
Guaratinguetá, SP, em 17/11/1973. Iniciou na capoeira
em 1984 e foi consagrada mestra, em 2015, pelo Mestre
José Antônio no Barracão da capoeira. Atualmente reside na
Áustria, onde trabalha ensinando capoeira.

Fonte: Acervo Mestra Ana Dourada..

285
AUSTRÁLIA 1 MESTRA

Mera Meirelou
Meire Marchiori nasceu em Moji Guaçu, SP,
em 23/1/1964. Iniciou na capoeira, em 1992,
foi consagrada mestra, em 2012, pelos Mestres Peixe e
Boneco no Grupo Capoeira Brasil. Atualmente, ela mora na
Austrália. Ela também é formada em Educação Física desde
1985, especialista em biomecânica do movimento “It Blow My
Mind”

Fonte: Acervo da Mestra Meirelou.

286
REINO UNIDO 3 MESTRA

Mera Andrea
Andrea Pelosini nasceu em Santo André- SP
em 30/06/1977. Iniciou na capoeira em 1993 na Bahia e se
tornou mestra em 2017 na Associação de Capoeira Viva
Conquista pelo Mestre Acordeom. É também graduada em
Pedagogia, educadora popular e socioeducadora, com experiência
em medidas socioeducativas e protetivas. É uma das
idealizadoras do Coletivo feminino “Mulheres de Resistência” em
Vitória da Conquista. Ativista na luta por
espaços e valorização de nossa cultura, faz parte do GT da salvaguarda
do sudoeste bahiano e de mestres de Vitória da Conquista.
Atualmente reside em Londres.
Fonte: Acervo da Mestra Andrea

Mera Rilene
Rilene Sousa nasceu em Fortaleza-CE em 12/11/1969.
Iniciou na capoeira em 1985, o seu reconhecimento de mestra foi pela
comunidade da capoeira em Londres, onde iniciou a jornada em 1993.
Ela e sua irmã, contra mestra Brisa, fundaram a própria escola de
capoeira chamada Amazonas Capoeira. Chegaram em Londres em
1990, promoveram eventos anuais, trabalhos em escolas, universidades,
comercial de tvs, revistas, vídeos de curta metragem mostrando a
presença da mulher no mundo artístico dentro e fora de capoeira.
Fizeram trabalhos humanitário na Uganda em 2008 utilizando a capoeira
como forma de integração social. Depois de 18 anos de trabalho com o
grupo Amazonas encontraram a capoeira Angola em Londres.
Sua fascinação pela capoeira Angola a levou pra mais de 20 anos para
finalmente encontrar uma família de capoeira onde eu hoje ela faz parte
“os angoleiros do interior” com o Mestre Xandão.
Fonte: Acervo da Mestra Rilene.

Mera Sylvia
Sylvia Bazzarelli nasceu em São Paulo, faz parte
do Grupo Senzala foi formada pelo Mestre Sombra.
Há muitos anos desenvolve atividades com a
capoeira em Londres

Fonte: (GRANADA, 2017)

287
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS

Mera gaa
Marcia Treidler nasceu no Rio de Janeiro.
Iniciou na capoeira em 1982 e foi consagrada mestra, em
2013, pelo Mestra Camisa no Grupo Abadá capoeira. Ela
começou a dar aula para crianças em 1987. Atualmente,
mora nos Estados Unidos.

Fonte: Acervo da Mestra Cigarra

Mera libri
Katia Barbosa Conceição nasceu no Rio de Janeiro.
Iniciou na capoeira em 1990, tendo mais de 30 anos de
prática. Em 2016, foi consagrada mestra pelo Mestre
Paulinho Sabiá no Grupo Capoeira Brasil. Atualmente, mora
em Chicago.

Fonte: Acervo da Mestra Colibri.

Mera Edna ma


Edna Regina Lima nasceu em Brasília, DF, em
11/12/1961. Foi consagrada mestra, em 1981, pelo
Mestre Tabosa do Grupo Abadá, quando tinha apenas
20 anos de idade. Ela é graduada em Educação e tem
especialização em Ciência Desportiva, já desenvolveu
um programa nacional de ensino de Capoeira para
escolas superiores no Brasil. A mestra participou do
filme “A Capoeiragem na Bahia” de A. Robatto Filho, e
“Rooftops” (Lima, 2016).
Fonte: –Abadá-capoeira DC conselho (abadadc.org).

288
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS

Mera goa
Ela nasceu nos Estados Unidos, tornou-se mestra
em 1995 no Grupo Capoeira Mandinga
pelo Mestre Marcelo..

Mera ar do Sertão


Anne Polack começou a treinar capoeira na Baía de São
Francisco, em 1986, com o fundador da Capoeira Mandinga,
Mestre Marcelo Caveirinha, sendo consagrada mestra em 2015.
Ela viajou por todo o Brasil, Europa e Estados Unidos para
treinar capoeira. Em 1996, fundou o Capoeira Mandinga Tucson,
ela possui mais de 20 anos de experiência. Ela é PhD em Anatomia
e Biologia celular na University of California, San Francisco.
Ela é diretora do Instituto Capoeira Sudoeste. Recebeu em 2019
o Prêmio Artista Mestre-Aprendiz da SFA.
Fonte: https://www.capoeiratucson.com/instructors/

Mera Marisa
Marisa de Campos Cordeiro nasceu em
Belo Horizonte, MG, em 15/3/1964. Tornou-se mestra
em 2011 no Grupo Cordão de Ouro pelo Mestre Suassuna.
Fundou o Grupo Gingart Capoeira nos Estados Unidos,
e mora lá desde 1989. Fez parte do filme Mandinga em Mahattan.

Disponível: http://www.gingartecapoeiravt.org/about

289
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS

Mera Sara/Soberana
Sara Rosemeire Janneni nasceu em Londrina, PR.
Começou capoeira no dia 27/3/1987 com o
Mestre Fran do Grupo Maculelê em Londrina. Em sua
trajetória, já trabalhou com projetos sociais e ministrou aulas
para mulheres , promoveu grandes eventos femininos. Em
2002, ela se mudou para Atlanta, e continuou o trabalho com
crianças refugiadas, ajudando a alimentar os moradores de
rua. Recebeu o título de mestra em 2015 em Londrina pelo
Mestre Fran e ganhou o título Mestra
Sara Day em Atlanta pelos trabalhos sociais realizados
durante esse tempo.
Fonte: Maxwell (2019).

Mera Soiso
Treina capoeira desde 1984, e foi uma das
fundadoras da Capoeira Mandinga.
Tornou-se mestra em 2006.

Mera Suey
Suellen Einarsen, norte-americana.
Iniciou na capoeira em 1983 e
tornou mestra em 2000 pelo
Mestre Acordeom no Grupo Cordão de Ouro.

290
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS

Mera Rafaela
Rafaela Machado de Gusmão nasceu em Goiânia, GO, em
17/3/1976. Começou a treinar a capoeira aos 14 anos, com o
Mestre Suíno, no Grupo Candeias. Alguns anos depois, passou a
treinar com o Mestre Piquenês, que fundou o Grupo Nagô. Após
muitos anos de dedicação à capoeira, em 10/12/2021 foi
consagrada mestra pelo Mestre André, que também é seu irmão.
Além de André, Rafaela tem outro irmão mestre de capoeira,
Torrachinha. Atualmente, mora em Miami, e também é
fisioterapeuta.
Fonte: Acervo da Mestra Rafaela

291
FRANÇA 5 MESTRAS

Mera iina
Tânia Cristina Oliveira da Silva nasceu
em 17/2/1972.Iniciou na capoeira em 1986
e se tornou mestra em 2019 pelo
Mestre Torneiro no Grupo Senzala. Atualmente reside na França.
Fonte: Acervo da Mestra Cristina.

Mera Nega Uara


Alessandra da Silva nasceu na cidade de São Paulo em
9/7/1981. Iniciou na capoeira em 1988 tendo influência de seus
pais que eram capoeiristas. Na sua trajetória, teve contribuição do
Mestre Flávio nas aulas na casa de capoeira Malungos. Devido a
distância e horário, passou a treinar com o Mestre Ulisses, depois de
alguns anos, começou a ministrar aulas junto com ele. Em 1996, deu
inicio aos projetos sociais nas favelas, escola, universidades e academia.
Em 2008, ela se instalou na Vila de Sete e criou a Associação Nega
Capoeira Sete na França. Ela foi consagrada mestra, em 2017, no Grupo
Senzala pelo Mestre Guaiamum. Atualmente, reside e desenvolve um
trabalho de capoeira na França.

Fonte: Maxwell (2019).

Mera Novinha
Maria de Fátima da Silva Filha nasceu em 1978
em Fortaleza-CE. Começou a praticar capoeira com o
irmão mais velho Marcelo, também aluno do Rato, na
época era corda azul do Mestre Rato, aluno do Paulão. Ela praticou
capoeira com o irmão até obter a corda vermelho-azul, graças a Rato
obtém diretamente a corda azul em 1997. Desde 2005, ela trabalha há
vários anos no desenvolvimento de trabalhos de classe com crianças
em Paris. No dia 30 de julho de 2016, foi reconhecida mestra de
capoeira em Niterói – RJ.
Fonte: Acervo da Mestra Novinha

292
FRANÇA 5 MESTRAS

Mera Sapeca
Vladia Silva dos Santos chegou à Europa, em 1998, em
uma turnê internacional de dança e capoeira. Seu início na
capoeira foi em1988, em Fortaleza, CE, onde ela
deu aulas na cidade e adjacências. É também
dançarina de samba e outras danças brasileiras, atua no
cinema e nas turnês de grupos musicais. Chegou à Europa em 1998,
deu cursos na Holanda (com a recepção em Eindhoven do Mestre
Paulão, de Fortaleza, CE. No ano seguinte, mudou-se para Lyon.
Recebeu o título de mestra em 2016 pelo Mestre Zebrinha
no Grupo Tucum Brasil, o qual colaborou também para a fundação.
Fonte: https://capoeiratucumbrasil.wordpress.com/contre-maitre-sapeca/

Mera Úrsula
Úrsula Canto nasceu no Rio de Janeiro em 21/6/1962. Antes de
iniciar na capoeira, em 1977, já era bailarina clássica e atriz. Ela tinha
entre 14 a 15 anos quando iniciou no Grupo Senzala e foi integrante
durante 30 anos. Ela participou de vários eventos, comerciais, peças
como: “Mil e um encarnações de Pompeu Loureiro”, “Galvez
Imperador do Acre”, “Percevejo”; filmes “Faca de dois gumes”. Passou
na UERJ no curso de Letras, porém não concluiu porque se mudou
para a França, onde se formou no curso de Teatro. A consagração de
mestra ocorreu em 2012 pelos Mestres Sorriso e Gato. Criou o grupo
Capoeira Guaiamuns na França, produziu e participou do filme “Roda
Mundo Capoeira”, participou do filme «A roda também é dela». Está
há 30 anos se dedicando a capoeira na França, sendo a primeira
mestra a dar aula na Europa. Ela é mãe de dois filhos que também
são capoeiristas.
Fonte: Maxwell (2019).

293
ISRAEL 2 MESTRAS

Mera Dini
Yael Rahamim nasceu na cidade
de Tel Aviv, em Israel, em 9/3/1980.
Começou na capoeira em 1996 e foi consagrada mestra
em 2015 pelo Mestre Edan Harari no grupo Cordão de Ouro.
Começou a dar aula de capoeira em 2000 e até hoje leciona a
prática cultural.

Fonte: Acervo da Mestra Dini.

Mera Noa
Noa Rosenblat Harari, israelense, foi consagrada
mestra em 2012 pelo Mestre Edan no Grupo Cordão de
Ouro.
Fonte: Maxwell (2019).

294
Alemanha 1 MESTRA

Mera Maria Pandeiro


Roberta Maria Neves nasceu em São Paulo, SP. Iniciou
na capoeira, em 1980, com o Mestre Paulo Gomes na
Academia Ilha de Maré. Em 1985, ingressou na Associação
de Capoeira Senzala de Santos com o Mestre Sombra.
Em 1986, viaja para Salvador e Itaparica, onde conhece vários
mestres de capoeira. “Saiu do Brasil em 1987 viajando de mochila
nas costas, acabando sua turnê na Holanda quando arranjou emprego
no ramo de negócio de flores trabalhando também como au pair.
Na Holanda se reencontrou com a capoeira começando a
dar aulas em Den Haag”. Fundadora do grupo Dandara Bremen em
1994.
Fonte: (FERNANDES, 2014, p.97).

295
SUÉCIA 1 MESTRA

Mera Pintada Di Mola


Rosângela Urbano Batista nasceu
no Rio de Janeiro. Iniciou na capoeira em 1991
e se tornou mestra em 2013 pelo mestre
Di Mola no grupo Capoeira Guanabara.
Atualmente, ela mora na Suécia.

Fonte: Acervo da Mestra Pintada.

296
MÉXICO 1 MESTRA

Mera Rosa
Rosalinda Pérez Falconi nasceu no
México em 12/12/1974. Iniciou na capoeira em 1998
e se tornou mestra em 2017 tendo recebido contribuição do
Mestre Acordeon e da Mestra Suelly,
Atualmente, ela conduz o grupo Capoeira Longe do Mar.

Fonte: Maxwell (2019).

297
MOCAMBIQUE 1 MESTRA

Mera Marina
Célia Marina Matue nasceu em Maputo em 7/6/1967. Ela sempre
teve paixão pela dança e artes, fundadora e impulsionadora da
capoeira em Moçambique. Praticou capoeira, dança, ginástica na
Dinamarca nos finais da década de 80 e boa parte da década de
90. Morou 10 anos na Dinamarca e em 1998 regressou a
Moçambique, fundando oficialmente o grupo Ginga de Maputo em
1999.
Fonte:http://gingademaputo.com/quem-somos/

298
14 Meras do ará
Bruxinha
Carla
3 Meras Claudinha
3 Meras do Maranhão Cleide
Darlyane
3 Meras do Pará Pudiapen Doralice
do Amazonas Catita Samme Felina
Nega Valdira Flanela
Deusa
Pé de Anjo Jana
Mainha
(in memoriam) Manô
Pokahontas
Nega
1 Mera Paulinha Zumba 2 Meras
do Piauí Roberta da Paraíba
Mazé Vanda
Jane
Malu
3 Meras
da R.G. do Norte 10 Meras
Manhosa de Pernambuco
Paulette Aninha
Sherra Bel
Sorvetinho Dani Gouveia
Dani Ferraz
Deivinha
Di
1 Mera do Sergipe Isa
Mônica
Felina Selva
17 Meras 46 Meras Shirley Guerreira
do D. Federal da Bahia
Alaíde Amazonas
Ana 6 Meras do Aruanda
Bad 6 Meras Espíro Santo Bya
Brisa
Baianinha
Clarice
do Goías Baixinha Carol
Amazonas Furinha Celebridade
Jerusa Kêu
Ju Trajano (in memoriam) Ana Maria Claudia
Iúna Pitú Coruja
Karlinha Sabrinha/Sassa
Marreca Tati Cris
Valéria Zangada Dandara
Meo
Michelinha Vivian
14 Meras de 41 Meras do Dandara Baldez
Mirinha
Minas Gerais R. de Janeiro Dila
Noélia 1 Mera do Adriana
Esperança
Quequel M.G. do Sul Alcione/Cici Ana Sábia
Fafá/Capeta
Geisa
Suely Chaveirinho
Pantaneira Arara Gegê
Valdirene Folgadinha Baiana Guerreira
Zanga Índia Baixinha
3 Meras Kelly Beija Flor
Janja
Jararaca
do Paraná Lena Borboleta Jô
Aurea Miúda Cantora Lilu
Criança Puma Cigana Lene
Shaolin Raio de Sol China
3 Meras Raposa Claudinha
Lucia Cigana
Marcha Lenta
6 Meras do de Santa Sereia Coral Mada
R.G. do Sul tarina Tida Cris Marly Malvadeza
Elma Zebrinha Cristina Nani
Didi Fru Yaçana Darlene Nzinga
Idalina Rosa Costa Destemida Nena
Jô Ligeirinha Dirce (in memoria) Omara/Piolho
Karruina Flávia Pupila Patrícia
Machadinha Foguinho Paulinha
Morena 45 Meras de São Paulo Francesinha Pequena Rasta
Andrea Kodak Preguiça
Maria Patrimônio Lilla Angonal
Bonequinha Meire Raquel
Borrachinha Magali Risadinha
MESTRAS FORA DO BRASIL Camila
Meire
Meiry
Márcia Ritinha (in memoriam)
Ciça Marciana Rute
Austria (1) Canadá (1) Michelli Marla
Diane Mirian Soninha
::Ana Dourada :: Colette Dani/Raposa Molequinha Taísa
Austrália (1) França (5) Monise Mucama
Dedê Moranguinho Tate
:: Meirelou :: Cristina Dirlea Patrícia Tekka
Reino Unido (3) :: Nega Uara Morena Portuguesa
Engraçadinha Nagô Tisza
:: Andrea :: Novinha Grazi Renatinha Tonha Rolo do Mar (in memoriam)
:: Rilene :: Sapeca Potira Ruffato
Kátia Preta Trança
:: Sylvia :: Úrsula Lara Sheila Vanessa
Estados Unidos (10) Israel (2) Renata Simone
Leda Rita
:: Cigarra :: Dini Lua Branca Siomara
:: Colibri :: Noa Rosinha Sandrinha (in memoria)
Sereia Samila
:: Edna Lima Alemanha Lu Baobá Serena
:: Rafaela :: Maria Pandeiro (1) Sara Sueli Cota
Lu Pimenta Saruê
:: Sara/Soberada Suécia (1) Luana Tempestade
:: Lagosta :: Pintada Selma Thiara
Mara Vânia Alves
:: Luar do Sertão México (1) Mara (Feiticeira) Zangada
:: Marisa :: Rosita Vânia Borges Zazá
Maria Mara Vanuza
:: Sorriso Moçambique (1)
:: Suelly :: Marina

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