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Salvador
2022
ÁBIA LIMA DE FRANÇA
Salvador
2022
FOLHA DE APROVAÇÃO
À minha mãe, Joelma Catarina Lima de França, e ao meu pai, Milton Cavalcante Paciência de
França, por me gerarem, educarem e serem minha base de apoio e acolhimento em todos os
momentos da minha vida.
À minha filha, Ayla Lima Andrade, pelo amor, pela transformação de vida, por existir e por
ressignificar minha história de vida enquanto mulher e mãe.
Ao meu companheiro, Gerson Danilo Andrade Mariano, pelo incentivo e pela força durante o
doutoramento.
Aos meus familiares: meu irmão, Danilo, minha avó Catarina, meus tios Fernando, Reinilson e
Gedaias, minhas tias Célia e Carmita, meus primos e minhas primas, que são especiais na minha
vida.
Aos meus amigos e às minhas amigas: Josenice, Thiago, Joanice, Michele, Disalda, Clerista,
Mirian, Zenaide, Rebeca, Laiane, Jéssica, Natale, Elisa, Raissa, Kenya, entre tantos(as)
outros(as).
Ao meu orientador, Augusto Cesar Rios Leiro, por me guiar no doutoramento, acreditar no meu
potencial ao longo de uma década e ser referência na minha vida. Sou eternamente grata por ter
me acolhido nos grupos Fecom/Uneb e MEL/UFBA e por ter me possibilitado expandir os
horizontes de vida.
Aos(às) integrantes dos grupos Fecom e MEL, em especial a Jomária, Luciana, Paulo, Cândida,
Regina, Nicola, Ercília, Ednaldo, Rosimeire, Diana, Vanessa, Adenilma, Vanessa, Rose, Thaís,
Albertino, Heloísa, Nivea, Daniela, Isabel, Henderson, Adriana, Hosana e Jonaza (minha
conselheira, obrigada pela força, pelo apoio e pela solidariedade durante a escrita da tese).
A todos(as) os(as) professores(as) da banca examinadora: Prof. Dr. Augusto Cesar Rios Leiro
(orientador), Prof.ª Dra. Amélia Vitória de Souza Conrado, Prof.ª Dra. Rosangela Janja Costa
Araújo, Prof.ª Dr.ª Jane Adriana Vasconcelos Pacheco Rios, Prof. Dr. Raphael Vieira Filho e
Prof. Dr. Luiz Renato Vieira, pelas inúmeras contribuições e sugestões valiosas.
Aos(às) colegas da turma de 2019 do doutorado em Educação e Contemporaneidade da Uneb:
Elis, Jomária, Sara, Janivaldo, Kátia, Márcio, Anália, Rebeca, Sirlaine, Tássio, Ramires, Rosa,
Ana, João, Jacilda, Alan, Cristiano, Rana, Joana, Mariana, Claúdia Sérgio, Adelson, Naurelice,
Daniele e Alessandra, pela convivência, parceria, apoio e solidariedade ao longo de três anos.
Ao meu grupo Arte Baiana, em especial ao contramestre Veru, por ter me acolhido em seu
grupo e me incentivar na prática da capoeira. A todos(as) os(as) colegas que fazem parte,
principalmente a Panda, Rose, Murilo, Florzinha, Moranguinho, Mãe, Docinho, Jambo, dentre
outros(as), agradeço pela parceira nos treinos.
A todas as mestras de capoeira: Adriana, Alcione, Alaíde, Amazonas, Amazonas (GO), Ana
Dourada, Ana Sábia, Ana Maria, Andrea, Andrea (SP), Aninha, Arara, Aruanda, Aurea, Bad,
Baiana, Baianinha, Baixinha, Baixinha (ES), Beija-Flor, Bel, Bonequinha, Borboleta,
Borrachinha, Bya, Brisa, Bruxinha, Camila, Carla, Carol, Catita, Celebridade, Ciça, Cigana,
Cigarra, Chaveirinho, China, Claudia, Claudinha, Claudinha Rouge, Cleide, Colibri, Coral,
Coruja, Criança, Cris, Cristina, Cristina, Cristina Caxias, Dandara Baldez, Dani Gouveia, Dani
Ferraz, Dani/Raposa, Darlene, Darlyane, Dedê, Deivinha, Deusa, Destemida, Di, Diamante,
Didi, Dini, Dirlea, Diane, Dila, Dirce (in memoriam), Doralice, Edna Lima, Elma,
Engraçadinha, Esperança, Fafá, Felina, Felina, Flanela, Flávia Pupila, Foguinho, Folgadinha,
Furinha, Francesinha, Fru, Geisa, Gegê, Grazi, Guerreira, Idalina, Índia, Isa, Iúna, Jana, Jane,
Janja, Jararaca, Jerusa, Jô, Jô Ligeirinha, Jú Trajano (in memoriam), Karruina, Kátia, Karlinha,
Kelly, Kêu, Kodak, Lagosta, Lara, Leda, Lena, Lene, Lilla Angonal, Lilu, Luar do Sertão, Lú
Baobá, Lu Pimenta, Luana, Lua Branca, Lucia Cigana, Marcha Lenta, Machadinha, Mada,
Magali, Mainha, Malu, Manhosa, Manô, Mara, Mara (Feiticeira), Márcia, Marciana, Maria
Mara, Maria Pandeiro, Maria Patrimônio, Marisa, Marla, Marly, Marreca, Mazé, Meire, Meire,
Meirelou, Meiry, Meo, Michelinha, Michelli, Mirian, Mirinha, Miúda, Molequinha, Mônica,
Monise, Moranguinho, Morena, Morena (RS), Mucama, Nagô, Nani, Nega, Nega Uara, Noa,
Noélia, Novinha, Nzinga, Nena, Omara, Pantaneira, Patrícia, Patrícia, Paulette, Paulinha,
Paulinha Zumba, Pé de Anjo (in memoriam), Pequena Rasta, Pintada, Pitú, Pokahontas, Potira,
Portuguesa, Preguiça, Preta, Pudiapen, Puma, Quequel, Raposa, Raquel, Raio de Sol, Renata,
Renatinha, Rilene, Risadinha, Rita, Ritinha (in memoriam), Roberta, Rosa Costa, Rosinha,
Rosita, Ruffato, Rute, Sabrina/Sassa, Samme, Samila, Sandrinha (in memoriam), Sapeca, Sara,
Sara/Soberana, Saruê, Selma, Sereia, Sereia (SP), Serena, Shaolin, Sheila, Sherra, Selva,
Shirley Guerreira, Simone, Siomara, Soninha, Sorriso, Sorvetinho, Sueli Cota, Suely, Suelly
Sylvia, Taísa, Tate, Tati, Tempestade, Tekka, Tida, Thiara, Tisza, Tonha Rolo do Mar (in
memoriam), Trança, Úrsula, Valdira, Valdirene, Valéria, Vanda, Vânia, Vanuza, Vivian,
Zangada, Zanga, Zazá, Zebrinha, Yaçana.
Aos(às) capoeiristas que colaboraram (in) diretamente para a escrita da tese, dentre os(as) quais
destaco: mestre Paulão, mestra Darlene, mestra Foguinho, mestra Malu, mestra Cris, mestra
Mada, contramestra Tartaruga e Mônica Beltrão, mestre Bel e Antônio Liberac.
1
Sou Mulher, Sou Capoeira, música de autoria de Ábia França e Josenice Guedes, faz parte do Projeto ‘Sou
Mulher, Sou Capoeira’ (FRANÇA, 2018a).
RESUMO
The present thesis sought to analyze the formative trajectories and biographical records of
capoeira masters. This is a qualitative study that made use of the following devices:
documentary survey, online questionnaire and oral report. The first stage of the study was to
identify the scientific and cinematographic productions on the capoeira masters; the second, to
understand the challenges and potentialities of the training trajectories of the masters; and the
third, to present the biographical records of capoeira masters. Physical Education and
Gender/Feminism and the low visibility of the presence of women in capoeira from
cinematographic productions. The formative trajectories of the teachers in the small and large
circle were crossed by obstacles of the condition of being a woman. The masters have sought
to fight against prejudice in different spaces and collaborated for the maintenance and
propagation of capoeira.
Peço licença às (aos) ancestrais que lutaram e resistiram pela capoeira para que pudesse
compartilhar minhas experiências corp(orais) gingando, jogando, esquivando-me, assistindo,
refletindo e analisando meu objeto de estudo no percurso do Doutoramento em Educação e
Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
É importante situar o(a) leitor(a) sobre o meu lugar de fala; filha de vendedor ambulante
e costureira, mulher branca, nunca sofri o racismo, mas compreendo a necessidade e a urgência
de combater diariamente toda forma de preconceito e racismo. Sou também mãe, capoeirista,
professora de Educação Física e empreendedora, luto contra o machismo e o sexismo dentro e
fora da capoeira.
O interesse, o desejo e a implicação com a capoeira se iniciaram em 2006, quando me
aproximei de um grupo de capoeira regional chamado ‘Porto da Barra’, a convite de uma amiga
capoeirista. Foi no último ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Mário Augusto Teixeira
de Freitas, que tive minha primeira experiência com essa manifestação cultural, a qual me
fascinou.
As aulas ocorriam durante a noite e eram conduzidas pelo Prof. Porco Espinho (hoje
contramestre). Lembro-me dos treinos e das rodas de capoeira na quadra do colégio, durante o
dia, com a monitora Dendê (hoje formada), do Grupo Porto da Barra. Infelizmente, minha
passagem pelo grupo foi curta, porque meu pai me proibiu de treinar capoeira na época.
Alguns anos depois, ele mudou a visão acerca dessa manifestação cultural, quando
começou a trabalhar no Pelourinho e a acompanhar minha trajetória com a capoeira. Já minha
mãe, ao assistir a algumas rodas de capoeira de que eu participava nos primeiros anos de
2
Inspirada na canção Eu apenas queria que você soubesse de Gonzaguinha.
21
inserção, percebia atitudes e posturas arrogantes e violentas por parte de uns alguns capoeiristas,
portanto acabou criando impressões estereotipadas sobre a capoeira durante muitos anos.
Retomando os meus percursos na capoeira, passei a treinar em um novo grupo de
capoeira em 2006, na igreja que frequentava, conhecido como Carvalho de Moré, sob a
liderança de Maria Aparecida,3 conhecida como ‘tia Cida’, que, ao longo dos anos, contou com
os seguintes colaboradores: Gildásio, Cesar, Laurenci, contramestre Ratinho, mestre Pitanga,
Prof. Pesado e Fabiano, na parte das vivências corporais.
Cada professor(a) tinha sua forma de ensinar, mas, particularmente, familiarizei-me com
a metodologia do Prof. Ratinho (hoje contramestre), integrante da Associação de Capoeira
Toques de Berimbaus. Dessa forma, treinei durante um tempo com ele e passei a fazer visitas,
em sua companhia, a outros grupos de capoeira da Região Metropolitana de Salvador,
especialmente no Centro Esportivo de Capoeira Angola, no Forte do Barbalho, conduzido pelo
mestre Aranha em 2008.
Em um dos eventos, em Lauro de Freitas, tive a oportunidade de conhecer a mestra Bya,
uma mestra espontânea, alegre, que tinha um grupo só de mulheres. Lembro-me de que os
abadás delas eram brancos e tinham detalhes em rosa. Depois, conheci outras mulheres, que se
destacavam pelo seu jogo ágil, demonstrando eficácia, como a contramestra Geisa (hoje
mestra), a Prof.ª Free Willy, a Prof.ª Índia, entre outras. A partir dessas vivências e andanças na
capoeira, fui conhecendo algumas outras mulheres que tinham graduações mais altas, mas
notava que o número de professores, contramestres e mestres eram desproporcionais.
No ano seguinte, adentrei no curso de Educação Física, pois estava motivada a ensinar
capoeira nas escolas públicas. Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), pude (re)conhecer e
vivenciar diversas práticas corporais, além de aprofundar minha compreensão em torno da
capoeira e de suas possibilidades educativas. Enquanto praticante de capoeira, percebia que
minha atenção às circunstâncias da vida tinha mudado, até a forma de escorregar e cair diante
de uma topada na rua já remetia a movimentos de capoeira.
Na capoeira, fiz várias amizades, conheci pessoas de outros estados e países; onde
passava com a roupa de capoeira, conhecida como abadá, as pessoas me cumprimentava e
sorriam. Não imaginava que nesse universo encantador havia contradições e as mulheres
poderiam sofrer invisibilizações, objetificações, preconceitos e até violências em suas
trajetórias de vida, como tem sido corriqueiro em nossa sociedade.
3
Ela tinha um papel fundamental na organização e condução do grupo, apenas não ensinava, pois não tinha
experiência com a capoeira, mas todas as outras demandas administrativas ficavam sob sua responsabilidade.
22
4
O professor Márcio Alves foi o primeiro a ser monitor durante a graduação, em 2009.
23
Figura 1 – Roda de capoeira do Projeto Capoeiragem na UFBA, em 2011. Presença dos professores Márcio e
Pesado, Ábia Lima, Luís, Claudio, dentre outros
Figura 2 – Comitiva representativa da Bahia no 14º Campeonato Brasileiro de Capoeira em Vitória, ES, com a
presença de mestre Furacão, mestre Kako, contramestre Fofão, professoras Nevasca, Pithula, Raoni,
Ábia, dentre outros.
A partir disso, foi possível conquistar 36 medalhas e 2 troféus para o estado da Bahia,5
compreender aspectos técnicos do regulamento da capoeira e experimentar a capoeira numa
perspectiva esportista. Tive a minha primeira e única vivência como atleta, competindo na
categoria cadete, na qual conquistei a medalha prata; ao lado dessa experiência, fiz curso de
arbitragem pela FCBA.
Posteriormente, cursei o componente curricular ‘Seminário I’, sob supervisão de Cesar
Leiro, que foi fundamental para dar subsídios metodológicos às pesquisas científicas que
desenvolvi. Com esse aporte, produzi o ensaio monográfico, atividade obrigatória do
componente curricular, que posteriormente tornou-se meu Trabalho de Conclusão de Curso,
intitulado Capoeira na perspectiva pedagógica: a experiência do projeto capoeiragem da
UFBA, sob orientação de Amélia Conrado.
5
Outras informações em: https://bit.ly/30SdGXw. Acesso em: 20 mar. 2020.
25
Figura 3 – Ábia Lima e Cesar Leiro apresentando trabalho sobre a capoeira na 64ª Reunião da SBPC, na
UFMA, em 2012.
6
Profa. Dra. Rosângela Janja Costa Araújo, mestra de capoeira, formada em História (UFBA), mestra e doutora
em Educação (USP), professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas/UFBA, professora do Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar de Difusão do
Conhecimento/UFBA.
26
Figura 4 – II Colóquio Internacional ‘Educação, Corpo e Identidade’, no dia 11/10/2013, organizado por
Leliana Sousa e Amélia Conrado, do qual participaram Ábia Lima, mestra Janja, Eduardo, Leliana
Sousa, Maria Cecília, Amélia Conrado, etc.
Figura 5 – Mulheres da Escola de Capoeira Mestre Alabama num evento em 2014, na Câmera de Salvador:
Ábia Lima, contramestra Carla, Juçara, Roiroi, Ursinho, Verônica, Lucimar e outras capoeiristas.
7
Nome civil: Raimundo dos Santos.
8
Nome civil: José Carlos Mota da Silva.
9
Nome civil: César Carneiro.
10
Nome civil: Roberto de Jesus dos Anjos.
27
No referido grupo, a presença das mulheres era significativa, porém não havia muitas
mulheres com altas graduações; a única contramestra do grupo se chama Carla, que está
afastada da capoeira na atualidade. Outras mulheres se destacavam no grupo, como a professora
Flor, Esperança, Vandira, Úrsula, Experimenta, Chumbinho, Tuchê, etc.
Considerando a incompletude da minha formação acadêmica e a necessidade de
aprofundar meus conhecimentos, em 2016, participei da seleção de alunos regulares para o
Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da UFBA. O anteprojeto, que
tinha como objeto de estudo a capoeira e a produção do conhecimento, foi acolhido no grupo
MEL, sob a orientação do Dr. Cesar Leiro, e integrou a linha de pesquisa ‘Educação, Cultura
Corporal e Lazer’.
Paralelamente, continuei treinando capoeira, visitei grupos e rodas, participei como
integrante da Rede Mulher que Ginga,11 também escrevi a música ‘Sou Mulher, sou Capoeira’,
em parceria com Josenice Guedes, um projeto que motivou a criação do coletivo ‘Rasteira
Feminina’.12
O referido projeto tinha por finalidade dar visibilidade às mulheres capoeiristas por meio
da exibição de um vídeo com mulheres de todos os lugares e de diversas graduações, bem como
coletivos de mulheres na capoeira. Foi feita uma chamada em uma plataforma digital,13 porém
ainda não foi possível finalizar o documentário.
Em 2017, participei do evento ‘Ginga Feminina’, organizado pela mestra Geisa, no qual
houve o reconhecimento de vários coletivos de capoeira conduzidos por mulheres. Recebi um
troféu em nome do coletivo ‘Rasteira Feminina’ e tive a oportunidade de conhecer várias
mestras, contramestras e capoeiristas de outras graduações.
11
Fundado pela contramestra Jacarandá.
12
Composto por Ábia Lima, Josenice Guedes, Daniela Borges, Jeane Gomes e Thiago Freitas.
13
Disponível em: https://bit.ly/3HPyHmd. Acesso em: 20 mar. 2020.
28
Figura 6 – Homenagem aos coletivos de mulheres no evento ‘Ginga Feminina’ em 2017, do qual participaram
mestra Carla, mestra Geisa, mestra Foguinho, mestra Nzinga, professora Ester, Ábia Lima, Daniela
Borges, mestre Já Morreu, Lúcia Lima, etc.
A partir dos diversos eventos de capoeira de que participei, notei que havia (e ainda há)
uma discrepância entre o número de mestres e mestras, assim como um processo de
invisibilização das histórias das mulheres na capoeira. Foi a partir desse período que passei a
me envolver com estudos e ações que pautavam as mulheres na capoeira.
Ainda nesse ano, escrevi uma proposta, em parceria com Paulo Lima, para concorrer ao
Edital 003/2017 – Prêmio Capoeira Viva Salvador,14 que teve como título Memórias e histórias
das mestras e contramestras de capoeira em Salvador. A proposta, apesar de aprovada, não foi
contemplada com o recurso financeiro, pois estava na condição de suplente.
Fiz reflexões sobre as trajetórias das mulheres na capoeira, iniciei um mapeamento de
mestras de capoeira e realizei reuniões regulares com os integrantes do coletivo ‘Rasteira
Femina’, para estruturar ações que dessem visibilidades às mulheres na capoeira. Esses
momentos me possibilitavam também avançar em um capítulo da dissertação, que tratou sobre
O protagonismo da mulher nas produções científicas sobre capoeira como temática.15
A primeira sistematização do mapeamento de mestras e contramestras de capoeira foi
apresentada, preliminarmente, no II Seminário Griô, na UFBA (FRANÇA, GUEDES; 2017).
No momento da apresentação do trabalho, os participantes do evento interagiram e sugeriram
outros nomes de mestras para integrar à pesquisa e houve um único questionamento, por parte
de um mestre, sobre a mestra pioneira na capoeira.
No mês de novembro do mesmo ano, ocorreu a defesa da dissertação Quando mulheres
se tornam capoeiristas: um estudo sobre trajetória e protagonismo de mulheres na capoeira,
de Daniela Sacramento de Jesus. A pesquisa se debruçou sobre a trajetória de duas capoeiristas,
a contramestra Lilu (hoje mestra) e a treinel Mexicana, ambas angoleiras.
14
Cf.:https://bit.ly/3xhTmua. Acesso em: 20 mar. 2020.
15
Posteriormente, esse capítulo foi socializado como artigo científico na Revista Íbamo (FRANÇA, 2018b).
29
Figura 7 – Roda de capoeira ao final da defesa da dissertação de Daniela S. de Jesus no Ceao/UFBA, em 2017,
da qual participaram, no jogo, Ábia e Joana, e na bateria de instrumentos: Christine Zonzon,
professora Negona, Mexicana, mestra Lilu, Adriana Dias e outras duas capoeiristas.
A partir dessa defesa, foi criado o Grupo de Intervenção ‘Marias Felipas’, de cujos
estudos e intervenções participei durante alguns meses, porém de forma breve, por não ter
disponibilidade de tempo para participar dos encontros semanais e das ações propostas pelas
integrantes.
Para finalizar o ano de 2017, participei do Curso ‘Capoeira e Inclusão’, conduzido pela
mestra Patrícia. Foi uma experiência ímpar, pois, enquanto psicóloga, mestra Patrícia
sensibilizou a todos(as) acerca da necessidade de compreender o autismo e fazer adaptações
nos processos de ensino-aprendizagem, para que as aulas de capoeira se tornem inclusivas e
atendam às necessidades pedagógicas desse público.
Figura 8 – Curso ‘Capoeira e Inclusão’, conduzido pela mestra Patrícia em 2017, do qual participaram Ábia
Lima, mestra Gegê, mestra Patrícia, Adriana Dias e contramestra Girassol
Figura 9 – Mesa de discussão ‘Mulher na roda: (in)visibilidade, protagonismo e luta’, em 2018, na Uninassau.
Palestrantes: Ábia Lima, professora Índia, Priscila Silveira e Adriana Dias. Presentes: instrutora
Mandingueira, contramestra Tartaruga, Christine Zonzon, Josenice Guedes, Joelma Lima,
contramestre Marcelo, instrutora Tomada, Elisângela, entre outros
Figura 10 – Defesa da dissertação Capoeira & Educação: produção do conhecimento em jogo, de Ábia Lima
de França no PPGE/UFBA, em 2018. Banca examinadora: Cesar Leiro (orientador), Amélia
Conrado, Pedro Abib e José Falcão
Figura 11 – Professora Negona, professora Índia, mestre Falcão, contramestre Desenho, Adriana Dias, Jacaré,
Roiroi e Christine Zonzon compondo a bateria; Ábia França e Cesar Leiro ao pé do berimbau, no
dia da defesa da dissertação
Amamentar e ler,
Fichar e brincar,
Limpar bebê e voltar a me debruçar
Entre papas e gingas
Banhos e escritas
Vou tecendo minha tese com muita mandinga
Refletindo as vivências com muita ousadia
Não é fácil ser mulher, muito menos ser mãe
Jogar de igual pra igual é pura ilusão
Sem rede de apoio é só opressão
Escrever uma tese é revolução
33
A escrita foi tecida em meio a uma crise política, econômica e sanitária muito mal gerida
pelo governo de Jair Bolsonaro. Um presidente que nega a ciência, desestimula e descumpre as
orientações sanitárias, deixa as pessoas vulneráveis ainda mais desassistidas, faz cortes
orçamentários em serviços básicos para a população brasileira, prolifera discursos autoritários
e conservadores, com apoio político da bancada evangélica. É evidente que os impactos
econômicos, sociais, culturais e políticos estão sendo devastadores, porém a cifra de 616.691
óbitos16 poderia ser evitada.
Entre altos e baixos, limitações e possibilidades, fui buscando formas para me cuidar,
evitando me expor ao contágio do coronavírus, mesmo estando vacinada, cuidando também de
minha filha, debruçando-me nos estudos, acompanhando e participando de diversas lives.17
As lives18 discutiram sobre distintos assuntos afetos à capoeira, dentre os quais: o
compartilhamento de trajetórias e experiências de mulheres, o enfrentamento de assédios
sexuais, a luta das pessoas LGBTQIA+,19 a representatividade negra no universo da
capoeira, etc.
Destaco a live intitulada Quem nunca viu venha ver: experiências e trajetórias de
contramestras e mestras de capoeira,20 que ocorreu no dia 5 de maio de 2020, com duração
de 2 horas, 16 minutos e 6 segundos, tendo como palestrantes as mestras Samme (MA),
Pantaneira (MS) e Bel (PE), assim como a contramestra Lilu (hoje mestra) (BA), sob minha
mediação. Foram pontuadas uma série de questões enfrentadas pelas convidadas, que
refletem as desigualdades de papeis sociais, os obstáculos nas trajetórias e os efeitos da
pandemia.
16
Esse dado é referente ao dia 13 de janeiro de 2022. Cf.: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 13 jan. 2022.
17
Live Straming ou transmissão de conteúdo (FIGUÊROA, 2021).
18
A obra de Figuerôa (2021) mapeou 77 lives realizadas com mestras e contramestras de capoeira, entre março
e outubro de 2020, constituindo um rico acervo sobres as histórias e trajetórias das mulheres na capoeira. Foram
entrevistadas as seguintes mestras: Didi, Kodak, Nega, Ana Sábia, Áurea, Brisa, Nani de João Pequeno,
Cristina, Bad, Sherra, Cigana, Geisa, Arara, Bel, Mainha, Kelly, Ana Dourada, Lu Galiza, Lu Pimenta,
Foguinho, Tida, Gegê, Magali, Omara, Nega, Renata, Rosa Costa, Rosita, Janja, Paulinha, Sabrina, Índia,
Vivian, Iúna e Nagô. Disponível em: https://bit.ly/3FGpLOb. Acessado em 03 out. 2021.
19
Acrônimo para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo e Assexual e demais orientações
sexuais e identidades de gênero. Para se aprofundar sobre essa temática, recomendamos a pesquisa de Caciatori
(2021).
20
Disponível em: https://bit.ly/3FGpLOb. Acesso em: 3 out. 2021.
34
Figura 12 – Cartaz da live Quem nunca viu, venha ver: experiências e trajetórias de contramestras e mestras em
jogo, da qual participaram as mestras Pantaneira, Bel, Samme e Carla, bem como a contramestra
Lilu, mediada por Ábia França, no dia 05/05/2020
Um mês depois, no dia 6 de junho de 2021, ocorreu a live intitulada Abuso sexual na
capoeira: reflexões e enfrentamentos,21 com duração de 1 hora, 42 minutos e 28 segundos, com
as convidadas mestra Patrícia (BA) e mestra Malu (PB), mediada pela contramestra Natália
(SP). O encontro tratou sobre as notícias de abuso sexual na capoeira e as ações que têm sido
realizadas, como: denúncias formais dos casos e cartas de repúdio. Além disso, discutiu-se
sobre o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), as possíveis consequências do abuso sexual
na vida das crianças e dos adolescentes, a cultura machista, os retrocessos da conjuntura política
no que diz respeito à educação sexual e a desigualdade de gênero.
21
Disponível em: https://bit.ly/3l4Lszy. Acesso em: 20 jan. 2021.
35
Figura 13 – Cartaz da live Abuso sexual na Capoeira: reflexões e enfrentamento, com as convidadas mestra
Patrícia e mestra Malu, mediada pela contramestra Natália, no dia 06/06/2021
A segunda edição da live Quem nunca viu venha ver: experiências e trajetórias de
contramestras e mestras em jogo22 ocorreu no dia 5 de agosto de 2021 e teve duração de 2
horas, 20 minutos e 44 segundos, tendo como palestrantes as mestras Lu Pimenta (SP), Geisa
(BA), Carla (CE) e a contramestra Tartaruga (BA), sob minha mediação. O encontro abordou
as experiências das convidadas, suas atuações singulares e coletivas, bem como as
interferências da pandemia em suas trajetórias, dentro e fora da capoeira.
Figura 14 – Cartaz da live Quem nunca viu, venha ver: experiências e trajetórias de contramestras e mestras
em jogo, com as convidadas mestra Lu Pimenta, mestra Geisa, mestra Carla e Contramestra
Tartaruga, mediada por Ábia França, em 05/08/2020
22
Disponível em: https://bit.ly/30Soyoi. Acesso em 3 out. 2021.
36
Ainda nesse ano, eu e Elis Souza realizamos a live Educação, maternidade e capoeira
na roda: experiências e reflexões em jogo, resultado de um artigo de nossa autoria, intitulado
Mulher, mãe e capoeira: interseccionalidades em jogo na Bahia. O encontro aconteceu no dia
13 de agosto de 2021, tendo como palestrantes: Ábia Lima, mestra Nzinga, Soulange Couto e
Rita Eloá, sob mediação de Elis Souza. Discutiu-se sobre os mitos e as controvérsias em torno
do período gestacional, os preconceitos e as resistências que as mães enfrentam na capoeira, os
relatos de apoio às mães e aos(às) filhos(as) em grupos de capoeira na Bahia, sob uma ótica
interseccional.
Figura 15 – Cartaz da live Educação, maternidade e capoeira na roda: experiências e reflexões em jogo, da
qual participaram Ábia Lima, mestra Nzinga, Elis Souza, Soulange Couto e Rita Eloá
Figura 16 – Cartaz da live Dia do Orgulho LGBTQIA+, com as convidadas mestra Karlinha, mestra Lu Baobá,
mestra Rosa, mestra Nagô e Puma, com mediação da contramestra Boca, no dia 28/06/2021
No mesmo ano, no dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, 25 de julho, ocorreu a live
Lida de mulher preta na capoeira: seus desafios e avanços, com as convidadas mestra Índia
(MG), mestra Nega Uara (FR) e mestra Nagô (SP), sob mediação da contramestra Natália (SP).
No encontro, as participantes compartilharam os obstáculos que as mulheres negras enfrentam
na pequena e grande roda, bem como falaram do racismo estrutural, da objetificação dos corpos
das mulheres, das experiências com a capoeira fora do Brasil, das desigualdades sociais e da
presença da mulher negra nos espaços representativos.
Figura 17 – Cartaz da live Lida de mulher preta na capoeira: seus desafios e avanços, com as convidadas
mestra Índia, mestra Nega Uara, mestra Nagô e mediação da contramestra Natália, no dia
25/07/2021
Nesse contexto, no mês seguinte, ocorreu a live Mulheres negras na capoeira,23 no dia
28 de agosto de 2021, com duração de 1 hora, 50 minutos e 22 segundos, tendo como
convidadas as mestras Janja (BA), Cristina (RJ) e Cici/Alcione (MG), mediada por Júnia
Bertolino. No encontro virtual, foram apontados os desafios nas trajetórias das mestras, o baixo
número de mestras negras brasileiras, referências de mulheres negras que resistem nos espaços
da capoeira, além de memórias e registros fotográficos de distintas mulheres negras.
Figura 18 – Cartaz da live da Mulheres negras na Capoeira, por Júnia Bertolino, com as convidadas mestra
Alcione, mestra Cristina e mestra Janja, no dia 28/08/2021
23
Disponível em: https://bit.ly/3p0o3jZ. Acessado em: 3 out. 2021.
39
24
Trecho da música Marias Capoeiras, de Sara Abreu. Disponível em: https://bit.ly/3DOCLAR. Acesso em: 20
mar. 2020.
42
25
Cf.: Soares (2004), Falcão (2004), Abib (2017), Conrado (2006), Costa (2007, 2013), Ribeiro (2008) e Rego
(2015).
43
um estoque na mão e praticando capoeiragem. Ao ser presa, jogou fora o objeto e levou 300
açoites, conforme testemunham os registros do Arquivo Nacional Brasileiro de 1817 e 1819.
Nesse período, os castigos aplicados aos homens eram a prisão e 200 açoites. Tal
diferença no castigo aplicado a Joaquina, possivelmente, foi para intimidá-la ou puni-la por ser
mulher. Alguns anos depois, o castigo foi substituído por 50 açoites e calabouço;26e em seguida,
por 100 açoites e reclusão nas Casas de Correção, para alguns dias de trabalho forçado
(SALVADORI, 1990).
No contexto do Rio de Janeiro, além de Joaquina Angola de João dos Fatos, foi
registrado o envolvimento de outras mulheres capoeiras em crimes de lesões corporais, dentre
as quais Maria Crioula, Ana Clara Maria de Andrade, Isabel Maria da Conceição (CAMÕES,
2019), Lídia, Rita Diamantina,27 Violeta,28 Maria Domingas e Mariana F. Bonfim (BELTRÃO,
2021). Pouco se sabe e se discute sobre a existência das mulheres na história da capoeira, mas,
quando se trata de famosos capoeiras, há documentos e cantigas que elucidam seus nomes e
feitos na capoeiragem.
Importante destacar que a capoeira carioca foi marcada por forte repressão e violência
por parte do chefe de polícia Sampaio Ferraz, que deportou, de forma massiva, centenas de
capoeiras para o Arquipélago de Fernando de Noronha (VIEIRA, ASSUNÇÃO; 1998).
Cunha (2011) também registra a perseguição aos(às) capoeiras em São Paulo, onde a
Câmara Municipal criou, em 1833, um artigo para evitar a circulação, impedir desordens e
proibir a prática da capoeiragem. Posteriormente, foram criadas normas específicas para
penalizar os(as) praticantes da capoeiragem no estado. Apesar disso, seus(as) praticantes foram
desconsiderados(as) enquanto agentes históricos por muitas pesquisas científicas que se
debruçaram sobre o assunto.
A obra de Beltrão (2021) destacou nomes de mulheres valentes no século passado, como
Maria Luíza, Jovita da Silva,29 Maria Nicola Raspa, Maria Pé de Violão, Odete Navalha e
Joaninha no estado de São Paulo. Essas mulheres eram protagonistas das páginas e secções
policiais por sua imensa valentia.
No estado de Minas Gerais, os jornais apontam rastros do valentão Pedro José Vieira,
conhecido como Pedro Mineiro, nascido em Ouro Preto, em 1887. Ele era carregador, marítimo,
26
Um presídio que ficava no Morro do Castelo, onde os presidiários apanhavam, sofriam com falta de água,
comiam comida estragada e viviam em condições desumanas (ABIB, 2017).
27
Rita Diamantina dos Anjos praticava desordens, sempre estava embriagava e era presa, de acordo com o Jornal
do Brasil (RJ), na edição 310 de 1902 (BELTRÃO, 2021).
28
Violeta Jeronimo Mesquita, conhecida pelos seus exercícios valentes de capoeira (BELTRÃO, 2021).
29
Sofreu agressões de seu marido, mas sempre o enfrentava com rasteiras (BELTRÃO, 2021).
44
policial e capanga, tendo participou de várias confusões e até de fatos políticos no contexto
baiano (ABIB, 2009).
Para tratar sobre a história da capoeira na Bahia, apresentei, no início do capítulo, um
trecho da música de Sara Abreu,30 lançada em 2020, que identifica alguns nomes de mulheres
pioneiras no universo da capoeira baiana. Uma dessas pioneiras é Maria Felipa de
Oliveira,31moradora da Ilha de Itaparica que jogava capoeira no cais de Salvador durante o
período de escravidão no Brasil.
30
Ela é capoeirista da Fundação Internacional de Capoeira Angola (Fica), além de mestra em Educação (UFBA)
e doutora em Difusão do Conheicmento (UFBA). Defendeu a dissertação Saberes e fazeres na capoeira
angola: a autonomia no jogo de MULEEKES e a tese Baobá na encruzilhada: capoeira angola, ancestralidade
e permacultura.
31
Mulher negra, marisqueira e baiana.
32
Trecho da música Mulher, estrela que brilha, da mestra Bya.
33
Brigou com 12 soldados da polícia na Baixa dos Sapateiros (CANJIQUINHA, 1989).
34
Valente mulher, que tocava no samba e jogava capoeira, segundo mestre Atenilo (OLIVEIRA, 2004).
35
Cândida Rosa de Jesus matou Pedro Porreta; morava na rua 28 de Setembro (CANJIQUINHA, 1989).
36
Enfrentou o guarda civil nº 27 e ainda bateu no guarda nº 15, fazendo escoriação nos lábios (OLIVEIRA;
LEAL, 2009).
37
Nas comemorações do dia 2 de julho, ela promovia arruaças com a navalha em punho (OLIVEIRA; LEAL,
2009).
45
Catutum,38 Cattú,39 Satanás, Chicão40 (OLIVEIRA; LEAL, 2009), Maria Pé no Mato, Maria
Homem, Maria Cachoeira, Odília, Maria Pernambucana, Julia Fogareira (BARBOSA, M.,
2005), Massú, Cândida Rosa de Jesus (SANTOS, F., 2015), Maria Avestruz41
(CANJIQUINHA, 1989), Almerinda, Menininha e Chica42 (ABIB, 2013).
A tese de Foltran (2019) aponta indícios de outras mulheres capoeiras em solo baiano,
como: Clé,43 Luzia,44 Belleza,45 bem como amalta de mulheres46 formada por Clé, Pequena
Surda, Arlinha, Amália Maria da Conceição, Virginia de Souza, Maria Anibal e Marietta dos
Santos, além de Maria da Glória do Espírito Santo47e Maria Luiza das Virgens,48 que desceram
pau e faca em suas desafetadas Maria Lôncia e Maria Honorata, cujos nomes de batismo eram,
respectivamente, Esmeralda Guilhermina do Santos e Julieta da Silva.
A pesquisa de Beltrão (2021) apontou outros nomes, como os de Cecília Joventina de
Souza,49 Maria dos Anjos, Florentina Maria Izabel,50 Maria Ignez da Conceição e Theodora de
Amorim Mendes. O estudo de A. Dias (2004) evidenciou várias mulheres que se relacionavam
com os capoeiras e foram vítimas de suas agressões, dentre as quais Constância Pereira dos
Santos, que apanhou de Pedro Mineiro, mencionado acima.
É importante destacar os comportamentos masculinos nos moldes patriarcais-coloniais,
que sustentavam a figura do homem como superior, dominador, agressivo, forte, etc., enquanto
as mulheres eram representadas como passivas, frágeis, dóceis, dentre outras formas. As
mulheres que rompiam com esse ideal de feminilidade socialmente construído foram
reprimidas, invisibilizadas, desmoralizadas e até taxadas com apelidos masculinizados.
Destarte, as mulheres capoeiras eram conhecidas como desordeiras, arruaceiras,
arrelientas, perigosas, atrevidas, raparigas, mulheres cabelo-na-venta, mulheres-homens,
38
Maria Severina (ARAS, OLIVEIRA; 2003).
39
Antônia de Tal sempre estava envolvida em algum tipo de conflito (OLIVEIRA; LEAL, 2009).
40
Francisca Albino dos Santos, prostituta que possivelmente dirigia casas de prostituição (OLIVEIRA; LEAL,
2009). Ela era bastante conhecida na Casa de Detenção e também nas zonas de prostituição (ARAS,
OLIVEIRA; 2003).
41
Moradora da Boca do Rio (CANJIQUINHA, 1989).
42
Moravam na Baixa dos Sapateiros e sempre estavam envolvidas em confusões. Depois de presas, não se tem
mais notícias sobre elas (ABIB, 2013).
43
Maria Anacleta da Silva, armada com navalha, atentou contra a vida da sua companheira, Laura Francisca de
Jesus, conforme notícia veiculada no Diário de Notícias de 18 de julho de 1913 (FIALHO, 2019).
44
“Luzia de Souza Magalhães, presa no dia 14 de junho de 1915, no Distrito de São Pedro, navalhou um desafeto
seu, o músico do 2º batalhão do regimento policial, Antônio Francisco da Conceição” (FIALHO, 2019, p. 260).
45
Silvina Maria de Jesus apareceu em três episódios distintos de desordens ou em luta corporal, na rua do Cais
Dourado (FIALHO, 2019).
46
Elas utilizam navalha, garrafas ou armas improvisadas (FIALHO, 2019).
47
Atacou com a faca e depois a dentadas a lavadeira Leôncia de 24 anos. “Segundo testemunha do processo
crime [sic], valeu-se da Capoeira para enfrentar Manuel Santana, em 1900” (SALAZAR, 2011, p. 51).
48
Feriu Maria Honorata com cacete e faca de ponta (FIALHO, 2019).
49
Ela desferiu quatro navalhadas em sua companheira, Maria dos Anjos, na ladeira do Tabão (BELTRÃO, 2021).
50
Ela deu vários golpes de navalha pelo pescoço, testa, braço e costas de Francisco de Tal (BELTRÃO, 2021).
46
desasnadas, azedadas, mulheres valentes e mulheres da pá virada, pois fugiam aos padrões
comportamentais impostos na sociedade brasileira do século XX (OLIVEIRA; LEAL, 2009;
ARAÚJO, 2016).
Essas mulheres capoeiras, individualmente ou em maltas,51 envolviam-se em brigas de
navalha, cacete e pontapés, eram alvos de confusões, viviam no limiar entre a ordem e a
desordem. Aras e Oliveira (2003) ainda asseguram que elas disputavam os espaços das ruas
com suas atividades produtivas, como as ganhadeiras, que andavam em busca de afazeres, ou
ofereciam seus serviços, tal como as prostitutas. Essas mulheres, consideradas vagabundas,
eram punidas severamente pela lei penal e pela autoridade policial (OLIVEIRA, J., 2004).
Na Bahia, para reconstituir a história das mulheres na capoeiragem, é categórico folhear
o livro de Oliveira e Leal (2009) e a tese de Fialho (2019),52 ao lado de estudos históricos sobre
essa manifestação cultural em Salvador, alguns dos quais pioneiros, como os de Pires (2004),
J. Oliveira (2004) e A. Dias (2004), que analisaram a prática da capoeiragem entre o final do
século XIX e início do século XX na Bahia.
A presença das mulheres na capoeiragem ainda aparece em outros estados do Nordeste,
como aconteceu com a valente ou turuna Maria Porciúncula,53 estampada no Jornal Gutenberg
de Alagoas, em 19 de outubro de 1905, depois de ser presa por distúrbios. Na notícia, afirmava-
se que ela jogava capoeira, soltava desaforos e muitas outras proezas (FIGUERÔA, 2021). É
importante situar que, nesse período, as mulheres sofriam fortes repressões e poderiam ser
estereotipadas como loucas quando fugiam aos comportamentos sociais de feminilidades.
Entre a metade do século XIX e o início do século XX, há também indícios da prática
da capoeiragem na cidade de Recife, em Pernambuco. Os(as) capoeiras envolviam-se em
distintos conflitos, eram conhecidos(as) como brabos(as), dentre os quais um dos mais famosos
é Nascimento Grande. Há registros também de mulheres brabas, como Lúcia Maria da
Conceição,54 Argentina Dente de Ouro, Chiquinha, Chiquinha do Ó e Maria Zaruenda, as quais
provocavam pânico, eram ágeis e aplicavam truques da capoeiragem que poderiam provocar
até mortes (KOHL, 2012; BELTRÃO, 2020).
51
Fialho (2019) afirma que elas seriam um tipo de organização perniciosa da capoeiragem, constituído por
diferentes grupos sociais.
52
A autora Juliana Foltran Fialho analisou a história das mulheres na capoeira no contexto da Bahia, entre 1900
e 1920.
53
“Maria Porciuncula é uma molhersinha turana. Blasova energicamente que ‘não se troca por muitos homens’,
pois que, quando está nos seus azeites, faz da saia calção e [...] pinta o diabo á quatro: joga capoeira, dá
borduadas, solta desaforos e muitas outras pruezas. Mas, o 3º commissario de polícia da 50 Uma espécie de
cacete. 116 capital que é amigo da paz e da justiça, a mandou levar a dita megéra para á Casa de detenção.
(Gutenberg, 19 de outubro de 1905, p. 1) [sic]” (G. BARBOSA, 2017, p. 115-116).
54
Foi recolhida à Casa da Detenção, segundo o Jornal do Recife de 14 de março de 1890, edição nº 0060.
47
Além dessas brabas, o estudo de Marques (2012) identificou outras mulheres capoeiras,
como: Maria da Hora Tavares,55 Maria Luiza de Abreu, conhecida como Trepa do Caixão,
Olindina Olívia da Conceição e Ana Maria Conceição, ou Ana Coroada, que faziam uso de
armadas de cacete e foram presas pelo subdelegado do Pombal.
Já no Maranhão, os(as) capoeiras eram chamados de desordeiros(as), valentões(onas),
turbulentos(as) e moleques, quando promoviam confusões nas cidades do estado. Há indícios
da participação de mulheres valentes, como Margarida,56 Antônia Maria Correia, Joana
Francisco de Araújo57 e Josepha da Conceição58 (NUNES; PEREIRA; 2019), que também
disputavam os espaços das ruas e provocavam tumultos.
Em solo sergipano, apesar de haver indícios da capoeiragem desde a segunda metade do
século XIX, estando associada ao samba e ao batuque nos registros feitos pelas autoridades,
nenhuma mulher foi identificada nos estudos históricos sobre essa manifestação cultural
(AMORIM; MACHADO, 2018).
Durante esse recorte temporal, ocorreram diversas e significativas transformações
econômicas, políticas e sociais no Brasil, dentre as quais se destacam: a Abolição da
Escravatura (1888), a Queda da Monarquia, a Proclamação da República (1889) e a instituição
do Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil (1890).59
Esses fatos históricos contribuem para a manutenção da hegemonia do poder
socioeconômico do Estado brasileiro, por meio de repressões, silenciamentos e apagamentos
da história dos povos negros e de suas tradições culturais. Luz (2013, p. 178) ainda afirma que
“[...] o processo civilizatório negro se caracteriza então pela construção de um sistema de vida
paralelo, por assim dizer, à sociedade oficial etnocêntrica”. É em meio à inquietude que trago
a cantiga a seguir, bastante entoada no universo da capoeira:
55
Uma “mulhersinha capoeira, [...] fazendo gestos de capoeiragem em frente a uma música particular que
passava”, foi presa pelo major Manoel Batista, sobre o qual ainda voltarei a tratar (OZANAN, 2013, p. 122).
56
“Cabocla reforçada, de pulsos rijos e gênio zangado”, companheira de certo falastrão chamado Martiniano
Santos, conhecido por apregoar “o seu incomensurável valor na capoeira, no rabo de arraia, etc.” (NUNES;
PEREIRA, 2019, p. 77).
57
“Uma Eva metida a bamba, [que] espalhou-se ontem, na rua Henriques Leal, botando muita gente boa para
correr” (NUNES; PEREIRA; 2019, p. 81).
58
“Residente à praia da Madre Deus” – outro reduto da capoeiragem, como também veremos –, o jornal intitula
a nota denúncia de bahianadas (NUNES; PEREIRA, 2019, p. 83).
59
Para aprofundar a discussão, acesse a obra de Rego (2015).
48
Tô cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava este país
Que o negro transformou em luta
Cansado de ser infeliz
Abolição se fez bem antes
E ainda há por se fazer agora.60
O trecho da música deixa evidente que a abolição da escravatura aconteceu depois muita
luta e resistência dos povos negros, mas a perseguição aos(as) capoeira torna-se ainda mais
acentuada com a instituição da prática da capoeiragem nos artigos 402, 403 e 404 no Código
Penal da República.
Já foram apontadas acima a perseguição e as notícias sobre as prisões dos(as) capoeiras
nas Regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Nessa mesma época, a prática da capoeiragem
também foi identificada em alguns estados do Norte, como no Pará e no Amazonas.
Oliveira e Leal (2009) afirmam que as valentes de Belém conhecidas por Jeronyma,61
mulheres da Pratinha, Maria José, Maria Meia-Noite,62Maria Galinha e Joana Maluca63 viviam
provocando arruaças nas ruas centrais e periféricas, nos espaços boêmios. A representação das
imagens das mulheres através dos artigos de jornais e documentos na cidade mostravam-nas
como sujeitos históricos, reflexivos e ativos que não deveriam ser exemplos para as mulheres
de ‘boa família’ (LEAL, 2008).
Ainda no Pará, Beltrão (2021) destacou o nome da valente Tertuliana Maria de Nazareth
apelidada de generala, conhecida por sua cartilha e suas atividades de coragem pelo capitão
Mattos, que sempre a conduzia para a cadeia. Na edição 94 de 1896 do Diário de Notícias,
dizia-se que a “mania da mulher é a cadeia”.
No estado do Amazonas, a partir de 1899, foi registrada a presença de mulheres
conhecidas como pessoal de arrelia, bando de desocupadas, façanhudas da rua e gymanasticas
perigosas, que promoviam desordens, dentre as quais se destacam: Joanna Homem (1905),64
60
Trecho da cantiga Dona Isabel, de mestre Toni Vargas.
61
O artigo do jornal A Constituição de 21 de novembro de 1876 citou a sua prisão com a seguinte notícia: “Que
mulher Capoeira! As 7 horas da noite, por praças do Batalhão de Artilharia foi hontem presa a cafuza Jeronyma,
escrava de Caetano Antonio de Lemos [sic]” (SILVIA, M., 2018, p. 6; LEAL, 2008; CAMÕES, 2019).
62
Maria Meia-noite, denunciada pelas “imoralidades que pratica essa mulher quase diariamente”, as quais
fizeram com que a “[...] autoridade obrigasse a mesma a mudar-se d’ali, pois já não é a primeira vez que as
famílias nos fazem essa reclamação” (LEAL, 2008, p. 158).
63
“Monarquista de papo vermelho”, que havia entrado em conflito com outra mulher, identificada apenas como
“boneca de acapu” (LEAL, 2008, p. 160).
64
Era ligeira e tinha força ao realizar a rasteira, desafiava um chefe de família.
49
Josepha Maria da Conceição (1906), Júlia Augusta dos Santos (1906) e Rosalina Cordeiro
(1912) (BONATES; CRUZ, 2020).
Na Região Sul, apesar de haver escassos registros históricos sobre a capoeiragem,
algumas pesquisas apontam a presença das mulheres em alguns estados. No Paraná, a pesquisa
de Machado e Schualtz (2020) identificou três mulheres que estavam envolvidas com a prática
da capoeiragem, dentre as quais a primeira, no século XIX, era chamada de Mãe Romana, uma
das moradoras do Quilombo de Água Morna,65 que lutava usando navalhas. Há relatos de que
teria lutado na Guerra do Paraguai (1864-1870). A segunda foi registrada no Diário da Tarde,
em 1900, sobre a qual se dizia que jogava capoeira com um soldado embriagado, entre tabefes
e sangue. E a terceira, em 1979, de nome Joana da Silva,66 foi presa por se defender de seu
companheiro.
Além desses nomes de mulheres capoeiras no referido estado, a dissertação de Karvat
(1996) demonstrou que, dos 343 crimes de vadiagem registrados em Curitiba, entre 1894 e
1933, pelo menos 40 eram de mulheres. Isso confirma a tese de que as mulheres sempre
estiveram presentes no universo da capoeiragem, em distintas regiões do Brasil.
Paradoxalmente, no Rio Grande do Sul, embora Amaral, Silva e Silva (2020) apontem
que a capoeiragem tenha chegado somente no final do século XIX, não há registros de nomes
nem histórias de mulheres nesse estado da Federação.
Entre o final do século XIX e as três primeiras décadas do século XX, a prática da
capoeiragem esteve atrelada à criminalidade, sofrendo repressão, em maior ou menor escala, a
depender do contexto socioeconômico e político. Os estudos científicos identificaram o
envolvimento de mulheres com desordens em distintas regiões do País, sozinhas ou em maltas,
portando ou não armas como navalhas e/ou facas, causando terror e até mortes. Entre a ordem
e a desordem, a opressão e a resistência, a capoeiragem, criminalizada pelo Código Penal em
distintos contextos geográficos, passaria a ser símbolo de nacionalidade a partir da década de
1930.
65
Situado na Microrregião de Ibaiti, PR.
66
“A mulher, que diz saber ser ‘danada’, quando preciso, foi presa e autuada em flagrante na delegacia do 8º
Distrito policial onde confessou o crime. Segunda ela, ‘ele quis me matar, quis me 'amassar' muito e eu tive
que me defender’. Para ela, ‘ele deve ser maníaco, logo que nós entramos no quarto ele foi me acertando um
soco no olho e me derrubando no chão’[...] mesmo assim, conseguiu dar uma gravata e cravar a faca no pescoço
da vítima” (DIÁRIO DO PARANÁ, 1979, p. 10, apud MACHADO; SCHUALTZ, 2020, p. 4).
50
A partir de 1930, a capoeira passa a ser vista de outro modo e a ser aceita pela sociedade,
devido à influência da política higienizadora e civilizatória dos governos de J. J. Seabra. Com
isso, deixa de ser considerada uma prática marginalizada e criminalizada, tornando-se símbolo
de nacionalidade brasileira.
Isso se deve ao processo de institucionalização da capoeira, pelo qual ela passou a
ocupar recintos fechados, principalmente com o ícone Manoel dos Reis Machado, o mestre
Bimba,67 criador da luta regional baiana, uma mistura de capoeiragem e batuque, que
posteriormente seria chamada de Capoeira Regional.68 O referido mestre teve seu espaço
oficialmente reconhecido pela Inspetoria do Ensino Fundamental Profissional em 1937 (REGO,
2015).
A organização sistemática de outra vertente, conhecida como Capoeira Angola, tem
como um de seus maiores ícones Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha.69 O
referido mestre propagava essa dança/luta com aspectos lúdicos, permeados de malícia,
mandinga, malandragem, ancestralidade, etc. Ele também introduziu sistemas de graduações e
uniformes, formalizou a constituição da bateria com oito instrumentos, normalizou e
padronizou o jogo da capoeira (MAGALHÃES FILHO, 2012).
São inegáveis as contribuições dos mestres Bimba e Pastinha para a capoeira, no seu
processo organizativo, na sua filosofia de vida, na dedicação, na transformação dos(as)
capoeiristas e na divulgação da capoeira para o mundo. Em contrapartida, com a
institucionalização da capoeira, as mulheres enfrentaram mais resistências para estar nos
diversos recintos fechados, nos quais, quando admitidas, desempenhavam papeis
subalternizados e invisibilizados.
Essa linha de pensamento coaduna-se com a fala de Dória (2011), ao afirmar que as
mulheres estiveram presentes na capoeira, nos trabalhos diários, nos afazeres da manutenção e
limpeza, confeccionando figurinos, participando dos shows e rodas como cantoras,
respondendo coro e batendo palmas, ou seja, exercendo atividades secundárias, em sua maioria
administrativas.
67
Ele era filho de Maria Martinha do Bonfim e Luís Cândido Machado, campeão baiano de batuque; além de
capoeirista, foi carvoeiro, trapicheiro, carpinteiro e doqueiro (CAMPOS, 2009).
68
A obra de Campos (2009) se debruça sobre a capoeira regional.
69
Ele era filho de Raimunda dos Santos e José Señor Pastinha; além de capoeirista, foi pintor e artista, vendeu
gazeta, fez garimpo, ajudou a construir o Porto de Salvador, etc. (MAGALHÃES FILHO, 2012).
51
O referido autor ainda revela nomes de mulheres que frequentaram as aulas da Capoeira
Regional entre 1930 a 1960, dentre as quais se destacam: Beatriz, conhecida como Beata
(1930); Dona Francisca, Maria Lúcia e Vilma (1958); Marinalva Nascimento Machado, a Rosa
Rubra, Zilá, a Branca de Neve, Virgínia e Ajurimar Tanajura (1960).
No entanto, pouco se sabe sobre as histórias dessas mulheres, exceto a de Marinalva,
conhecida por Nalvinha,70 que está ativa no universo da capoeira e do samba. Campos (2009)
afirma que, desde cedo, ela enfrentou preconceitos e tabus para se inserir nessa luta, mesmo seu
pai sendo mestre de capoeira.
No universo da Capoeira Angola, apesar das resistências à presença das mulheres nas
academias, Beltrão (2021) revela que o mestre Pastinha disse certa vez, em entrevista ao
Correio da Manhã, RJ, na edição de 20275, de 1959, que as mulheres brigavam muito, e não
eram brigas de mordidas ou puxões de cabelo.
Em torno desse período, no Centro Esportivo de Capoeira Angola, pode-se constatar a
invisibilização da presença das mulheres na forma de registrar as informações sobre elas. Dentre
os 418 associados com fichas e nomes completos, somente os registros de três mulheres foram
identificados com números e imagens, a saber: o nº 113, sobre o qual não há informações de
quem seja; o nº 342, que pertencia a Maria de Lourdes Barbosa, comerciaria, que se matriculou
no dia 2 de julho de 1968; e o nº 380, que era de Arbênia Soares Rezende, também comerciaria,
que adentrou em 11 de julho de 1969 (CONRADO, 2006; FOLTRAN, 2017).
Ao realizar um levantamento de informações sobre as mulheres em outras academias de
capoeira, a tese de Magalhães Filho (2019) sinaliza que as mulheres também estavam presentes
na academia do mestre Pelé da Bomba, entre as quais Faquir, Majar e Desordeira. O autor ainda
destaca que, pela academia do mestre Gato, passaram algumas mulheres, como: Dulce
Aquino,71 Laís e Paris,72durante o período de intensa repressão que caracterizou a Ditadura
Militar.73
Nesse período, também se encontraram indícios de mulheres na Paraíba, a exemplo de Vera
Lima da Silva,74que agrediu dois guardas civis, dando um show de capoeira (FIGUERÔA,
2021).
70
Uma das filhas de mestre Bimba.
71
Dulce Tamara Lamego Silva e Aqui, licenciada em Dança, doutora em Comunicação e Semiótica, professora
e ex-diretora da Escola de Dança da UFBA.
72
“Nós éramos radicais, comunistas, e buscávamos uma técnica própria para preparar o corpo do dançarino
brasileiro, sem ter que passar necessariamente pelo balé clássico” (MAGALHÃES FILHO, 2019, p. 133).
73
O regime militar durou de 1964 a 1986, foi um período de controle dos corpos, legitimação de prisões e torturas,
autoritarismo, manipulação das mídias, dentre outros.
74
Segundo o Diário de Notícias do Rio Grande do Sul, em notícia veiculada no dia 2 de março de 1967.
52
Sobre a existência de mulheres capoeiristas no Rio de Janeiro, Souza (2010) evidencia que,
em 1960, o mestre Artur Emídio ensinou capoeira a várias mulheres, dentre as quais a Lucy
Maia, que foi campeã brasileira de tênis. Na literatura não foi possível encontrar mais
informações sobre Lucy, mas sabe-se que, entre 1941 a 1979, as mulheres foram impedidas de
praticar esportes no Brasil (BRASIL, 1941).
O registro da capoeira como prática desportiva ocorre em 1972, por iniciativa do Ministério
de Educação e Cultura (MEC), quando se expandem também o processo de institucionalização
e uniformização do método de graduação, a organização de torneios, a elaboração de regras,
assim como a unificação de golpes e contragolpes (REIS, 2013).
Paulatinamente, ocorre a expansão das academias de capoeira, em diversos municípios e
Unidades Federativas do Brasil, tendo destaque o Grupo ‘Senzala’, que intensificou as filiações
e franquias em vários lugares do País.
Nesse período, surgem outros formatos de capoeira, como a Capoeira Contemporânea,75
que rompe com os modelos tradicionais, mas mantém de alguma forma relação com eles,
enquanto referencial de ancestralidade (CRESSONI, 2013). Sobre isso, Falcão (2004, p. 47)
esclarece:
Essa forma de ser capoeirista, que é tão diversa e singular, pode abarcar elementos da
Capoeira Angola e/ou da Capoeira Regional, bem como incrementar outras criações, como os
golpes acrobáticos (ex.: elástico76, aú cotovelo77 e aú sem mão78) e a introdução e utilização de
cordel, corda ou cordão nos sistemas avaliativos dentro dos grupos de capoeira.
Se, por um lado, a modernização e esportivização da capoeira atendiam aos interesses
de uma parcela dos(as) capoeiristas, por outro lado, a outra parcela pautava a reafricanização
da capoeira e a manutenção da tradição, em consonância com o Movimento Negro.
75
Veja-se também a pesquisa de Salazar (2011), que analisou uma das configurações contemporâneas de uma
possível interpretação da tradição.
76
Esse golpe de defesa foi criado pelo mestre Alabama e consiste em esquivar para trás protegendo o rosto. Essa
esquiva é alta, diferente das outras realizadas nos distintos grupos: abaixa-se um pouco a cabeça e distancia-se
do(a) adversário(a) no movimento de vai e vem, como um elástico.
77
Parece com o movimento aú, conhecido como ‘estrelinha’, porém ao invés de se colocar as mãos para fazer o
giro do corpo, colocam-se os cotovelos.
78
Esse movimento lembra o aú tradicional, porém, ao realizar o giro, as mãos ficam ao lado do corpo, nenhuma
parte do corpo toca o solo no giro de 180º.
53
A partir da década de 1970, a capoeira se insere nas IES brasileiras, sendo a Faculdade
de Educação da UFBA uma das primeiras a trabalhar com a capoeira, por meio do Programa
de Melhoria de Ensino Nacional (Premem). Falcão (2004) aponta que, em 1972, a capoeira foi
incluída como ‘prática desportiva’ no currículo do curso de Educação Física da Universidade
do Estado de Guanabara (UEG), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Anos depois, a capoeira seria ofertada como componente curricular obrigatório e/ou
optativo nos cursos de Educação Física brasileiros, em distintas IES. Na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), foi incluída como componente curricular em 1975; anos depois, na
Universidade de São Paulo (USP), passou a ser ofertada como Capoeira I, II e III (REIS et al.,
2020). No início da década de 1980, a capoeira foi introduzida na Universidade Católica de
Salvador (UCSal),79 tendo como responsável o professor Josevaldo Lima de Jesus, conhecido
na capoeira como mestre Saci.
Na Bahia, a segunda IES a introduzir a capoeira como componente curricular foi a
UFBA80, inicialmente ofertada como Prática Desportiva, entre 1978 a 1985, passando a ser
componente curricular obrigatório no currículo do curso de Educação Física em 1991. Dentre
os(as) professores(as) que lecionaram a capoeira na UFBA, destacam-se os nomes dos pioneiros
Hélio José B. Carneiro de Campos e Raimundo Cesar Alves Almeida, conhecidos como mestre
Xaréu e mestre Itapoan, respectivamente; e a partir de 1998, após aprovação do concurso
público para a disciplina ‘Metodologia do Ensino da Educação Física, com ênfase em estudos
de Capoeira’ a professora Amélia Conrado (CONRADO; FRANÇA, 2015), que colaborou
significativamente por mais tempo, ao longo de duas décadas, durante as quais, além do ensino,
desenvolveu diversas atividades de pesquisa e extensão voltadas para a capoeira.
Posteriormente, outras IES passaram a ofertar o componente curricular ‘Capoeira’, a
saber: Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade do Estado da Bahia
(Uneb), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de
Brasília (UnB), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal
de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Estácio de Sá, Faculdade
de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), Centro Universitário de Belo Horizonte
79
O meu orientador, Dr. Augusto Cesar Leiro, foi estudante do curso de Licenciatura em Educação Física da
UCSal.
80
Importante destacar o Projeto ‘Aú: a UFBA e os mestres e as mestras de capoeira’, que traz guardiãs das
culturas populares para dentro da Universidade desde 2016.
54
81
Romualdo Rosário da Costa foi morto a facadas por causa de uma discussão sobre política em 8 de outubro de
2018.
82
Pandemia formalmente declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020.
56
Para avançar nessa reflexão, Vieira e Silva (2020) discutem sobre a capoeira, o
confinamento e a salvaguarda, sobre alguns impactos da Covid-19 na vida dos(as) capoeiristas,
apontam a descontinuidade das políticas públicas de cultura e avaliam a potencialidade das
redes sociais e de outros recursos tecnológicos para a disseminação da informação de qualidade
sobre a capoeira.
O estudo de A. Sena (2018) aponta a relevância das interações entre os(as) capoeiristas
e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para o avanço da produção cultural e da
subjetividade dos(as) capoeiristas. O autor ainda ressalta que:
Apesar de não ser o foco do meu estudo, é importante que surjam novos estudos que se
debrucem sobre a temática da capoeira em tempos de pandemia, compreendendo a
complexidade desse fenômeno na vida dos(as) praticantes dessa manifestação cultural, bem
como os reais impactos da pandemia na vida das mulheres mestras de capoeira.
Na seção seguinte, busco discutir sobre o processo de internacionalização da capoeira,
apontando alguns fatores que colaboraram para a expansão da capoeira fora do Brasil, para o
ingresso dos(as) pioneiros(as) e a inserção das mulheres em distintos países.
83
Trecho da música Viva Bahia, do mestre Tonho. Matéria em homenagem a Emília Biancardi, em 2018.
Disponível em: https://bit.ly/2ZiVq8I. Acesso em 26 de set. 2021.
58
é um debate atual, que só recentemente veio a ser estudado, demonstrando os outros contornos
que a capoeira pode assumir quando uma cultura se torna globalizada.84
No tocante à mobilidade dos(as) capoeiristas, Nascimento (2015) sinaliza que
muitos(as) capoeiristas viajaram por conta própria para os Estados Unidos e a Europa a partir
da década de 1960. Esse período ficou demarcado como a primeira onda de emigração,
composta por pioneiros, aventureiros, bailarinos, músicos e dançarinos dos grupos folclóricos.
Durante a primeira onda de emigração, aconteceu um fato inusitado: em 1966, mestre
Pastinha, juntamente com outros mestres, como João Grande, Gildo Alfinete, Camafeu de
Oxossi, Gato, Olga de Alaketu, entre outros, a convite do Itamaraty, foram convidados a
representar a capoeira no Festival de Artes Negras da África, em Dakar. Esse encontro veio a
confirmar a relação existente entre a capoeira e a cultura corporal africana85 (CASTRO, 2007).
Nesse período, distintas viagens coletivas foram realizadas por grupos folclóricos,86
como o Viva Bahia e o Brasil Tropical, que tiveram papel fundamental na expansão da capoeira
fora do País (ESTEVES, 2003; NASCIMENTO, 2015). O primeiro grupo foi fundado pela
etnomusicóloga Emília Biancardi,87 em 1962.
Emília Biancardi, por intermédio de seu grupo folclórico, possibilitou a ida de vários
capoeiristas88para realizar shows e apresentações culturais fora do Brasil, por quase 20 anos, o
que favoreceu a permanência de vários capoeiristas no exterior, como foi o caso do angoleiro
mestre João Grande89.
Nas apresentações culturais do grupo folclórico de Biancardi, foi registrada a presença
de uma única mulher, que compôs o elenco de artistas para as apresentações de capoeira e
84
Ortiz (2009) entende a globalização como uma compreensão de tempo e o atravessamento de fluxos entre as
diversas partes do mundo.
85
A pesquisa de Assunção (2020) identificou a existência de um parentesco entre o engolo e a capoeira, que
compartilham não só técnicas corporais, mas também amplos significados culturais; entretanto, não afirmou
que o engolo é ancestral da capoeira, como é propagado por muitos(as) capoeiristas.
86
Nascimento (2015) reconhece outros grupos que divulgam a capoeira, qual sejam: Olodumaré, Oxún e Afonjá.
87
Emília Biancardi Ferreira tem descendência italiana e portuguesa-africana, foi professora de Música e Canto
Orfeônico no Instituto de Educação Isaías Alves (SILVA, N., 2017).
88
Já fizeram parte do grupo os mestres: Alabama, João Grande, Cabeludo, Bom Cabrito, Boca Rica, Saci,
Beijoca, Bira, Camisa Roxa (ESTEVES, 2003), Acordeon, Pastinha (FOLTRAN, 2017), António Diabo,
Amém, Loremil, Manuel Pé de Bode e Jelon, percorrendo a América do Sul, os Estados Unidos, a África e o
Médio Oriente.
89
Nasceu em Itagi, BA, em 1933. Discípulo do mestre Pastinha, propaga o legado angoleiro nos Estados Unidos
desde 1990, onde foi reconhecido doutor honoris causa pela Upsala College.
59
maculelê, cujo nome era Luísa Sampaio90 (FOLTRAN, 2017), que, inclusive, participou de
turnês e chegou a morar em Nova Iorque na década de 1970.
Posteriormente, Luísa foi eliminada dos shows da capoeira por Emília Biancardi, pois
esta entendia que deveria alimentar o imaginário social da capoeira, que era constituído
majoritariamente pelo público masculino. Importante situar que se trata de um período em que
as mulheres ainda não tinham conquistado diversos direitos sociais e de intensa repressão por
parte do Regime Militar, portanto havia uma conjuntura política e social que influenciava a
reprodução e naturalização do sexismo.
Foltran (2017) ainda sustenta que a participação de Luísa, tanto nos ensaios de maculelê
quanto na Academia do mestre Pastinha, evidenciava opressões e violências machistas, pois ela
tomava pauladas nas mãos durante os ensaios e era atacada com pedras ao se aproximar da
referida academia. Esses comportamentos agressivos colaboraram (ainda colaboram) para que
muitas mulheres desistissem de estar nos espaços da capoeira.
O outro grupo folclórico que colaborou para a expansão da capoeira fora do Brasil foi o
Brasil Tropical, conduzido pelo mestre Camisa Roxa e empresariado por Miecio Ascanany.
Dentre os capoeiristas que conseguiram se estabelecer fora do País, destaca-se o mestre
Martinho Fiuza (FERNANDES, 2013).
Nesse período, com o avanço da folclorização da capoeira e a expansão da atividade
turística, vendia-se o ‘produto’ da capoeira e ocorria a transmutação de uma manifestação
cultural que lutava contra e/ou cedia aos interesses do capital, entre disputas e discursos de
capoeiristas de distintas vertentes, que buscavam manter a autenticidade e tradição.
Para Esteves (2003), a relação entre capoeira e turismo, assim como a espetacularização
dessa dança/luta, deixou marcas profundas na construção de pseudoidentidades que associam o
povo baiano à preguiça, à festa e à permissividade, reproduzindo os estereótipos da
sensualidade e do erotismo vinculados à imagem das mulheres pardas e negras, frutos da
colonização e da escravização no Brasil.
Fernandes (2013) e Nascimento (2015) ainda comentam que uma das estratégias
adotadas pelos homens para permanecerem no exterior era o casamento com estrangeiras. Nesse
sentido, a mulher passa a ser vista como objeto sexual para a legalização do capoeirista fora do
90
“Foram mais de 10 anos de apresentações. Nos anos duros da ditadura, chegou a ser presa, junto com os demais
integrantes do grupo. Viveu em Nova Iorque por 6 meses, em turnê com o Viva Bahia, na década de 1970.
Neste período, já era casada e tinha uma filha de 2 anos. Marido e filha permaneceram no Brasil no ano de
1974, enquanto Luísa se apresentava nos Estados Unidos, informação que desafia o binarismo de gênero
lançado na interpretação androcêntrica da fotografia” (FOLTRAN, 2017, p. 100).
60
Brasil. Em alguns casos, os mestres e professores se envolviam com suas alunas, extrapolando
os limites éticos, tanto no Brasil como fora dele.
As mulheres também protagonizaram suas histórias e desenvolveram trabalhos coma
capoeira fora do País, como ocorreu com a mestra Sylvia,91 a pioneira a chegar em Londres.
Falcão (2004) também destaca alguns mestres pioneiros, como Nestor, que se instalou em
Londres em 1971; mestre Umoi, em Portugal; mestre Acordeon, em 1978; mestre Amém, na
Califórnia, em 1989; mestre João Grande, em Nova Iorque, em 1990; assim como mestre
Barrão, em 1994; mestre Magôo, em Portugal (LEITÃO, 2004); e os mestres Pavão e Jelon,
nos Estados Unidos.
É importante destacar outros nomes de mulheres que foram se inserir no cenário
internacional, desenvolvendo trabalhos com a capoeira: mestra Maria do Pandeiro,92mestra
Edna Lima,93mestra Cigarra,94mestra Marisa, mestra Ana Dourada, mestra Pintada, mestra
Meirelou, mestra Úrsula, mestra Sapeca, mestra Jerusa, mestra Cris, mestra Lagosta, mestra
Nega Uara, mestra Nagô e mestra Sorriso.
Ainda há mestras que participam de eventos de capoeira e desenvolvem trabalhos
esporádicos a convite de outros(as) capoeiristas ou acompanham suas filiais fora do Brasil,
dentre as quais se pode destacar: Janja, Paulinha (PINHEIRO, 2018), Sueli Cota, Rufatto,
Borboleta, Suri-Sam (SOUZA, 2010).
Não posso deixar de citar que há mestras que nasceram em outros países, sendo de
origem canadense, estadunidense, mexicana e israelense, a exemplo de Collete (Canadá), Suelly
(Estados Unidos), Rosita (México), Dini e Noa (Israel).
A exportação da capoeira pode ser vista sob diversos ângulos, acumulando avanços e
retrocessos no interior dessa manifestação cultural, em consonância com as transformações
socioeconômicas. Com a vasta disseminação da capoeira fora do Brasil, pode existir um
processo significativo de valorização e reconhecimento, bem como a possibilidade de trocas de
experiências, aumentando o fluxo de turistas no Brasil, dentre outros. Por outro lado, podem
ocorrer modificações, ressignificações e disputas em torno dos rituais, códigos e normas da
capoeira.
91
Para saber mais, confira o estudo de Granada (2017).
92
Segundo Fernandes (2014), a mestra Maria Pandeiro foi para Holanda em 1987 e lá fundou seu grupo
conhecido por Dandara de Bremen.
93
Ela chegou aos Estados Unidos em 1988, ensinando capoeira workout na Chelsea Pier, onde recebeu o título
de melhor fitness em 2000 (FALCÃO, 2016).
94
Ela fundou o Centro de Artes Brasileiras nos Estados Unidos.
61
Entre a luta pela preservação da tradição e a rápida expansão da capoeira, nos anos 1990,
ocorre à segunda onda de imigração, durante a qual os saltadores e valentões viajaram a convite
de outros capoeiristas, já estabelecidos fora do País (NASCIMENTO, 2015).
Outro fator que cooperou para a expansão da capoeira fora do Brasil foi o lançamento
do filme norte-americano Only the strong, conhecido como Esporte sangrento, na década de
1990. A partir dele, distintas pessoas foram aprendendo os movimentos da capoeira e até
fundaram grupos para trocarem experiência sobre a arte, sem a figura central de um(a)
brasileiro(a), em especial o(a) mestre(a) de capoeira presente.
Um dos defensores da ‘Capoeira sem mestre’ é Lamartine P. da Costa, que há décadas
produz livros em que ensina capoeira e defende a prática da capoeira sem a figura do(a)
mestre(a). Como pensar na manutenção de uma manifestação cultural sem a presença de
mestres(as), que são guardiões(ãs) de saberes populares? Qual o ofício dos(as) mestres(as) de
capoeira? Esses questionamentos contundentes, que alargam a compressão da maestria, serão
respondidos no decorrer da escrita.
Retomando os fatores que colaboraram para a expansão da capoeira fora do Brasil, pode-
se destacar ainda a disseminação de jogos digitais como Tekken 3, Tekken 4, Martial Artes e
Legends Path to Freendom95 (FIRMINO, 2011).
O estudo de Araújo, Bessa e Monteiro (2019) identificou 20 personagens brasileiros(as)
em 19 títulos de jogos de lutas, de 13 franquias diferentes, entre 1991 a 2016. Os autores
verificaram que as figuras femininas foram estereotipadas e sexualizadas, cabendo uma reflexão
profunda sobre os moldes do patriarcado e suas influências em diversas instâncias, questão
sobre a qual discorrerei mais adiante.
A terceira onda imigratória aconteceu nos anos 2000, durante a qual especialistas e
migrantes sazonais viajaram para distintos países (NASCIMENTO, 2015). Nesse período, a
capoeira alcançou mais de 170 países,96 estando presente em todos os continentes: Ásia, África,
Europa, América e Oceania.
Diante desses fatores, a capoeira foi paulatinamente ganhando contornos transnacionais,
com ressonâncias nas pesquisas acadêmicas acerca das experiências dessa manifestação
cultural em distintos países, como: Argentina, França, Espanha, especialmente em Madri,
Alemanha, Portugal, entre outros.
95
É ambientado no Rio de Janeiro, em junho de 1828, com a finalidade de guiar o protagonista, Gunga Za, que
é guerreiro do Mocambo das Estrelas, para libertar seus colegas aprisionados e assim combater os homens
liderados pelo chefe da guarda imperial, Paschoal dos Reis (FERREIRA, B., 2011).
96
Os estudos de Campos (2009) e Vidor e Reis (2013).
62
A discussão a seguir será pautada nas trajetórias das mulheres. Por meio dela, busco
compreender as relações de gênero sob o viés interseccional, os papeis desempenhados pelas
mulheres, as tensões e as lutas em torno das conquistas sociais, dentro e fora da capoeira.
De acordo com Bourdieu (1996, p. 189), a categoria trajetória pode ser compreendida
como “[...] uma série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo agente (ou um
mesmo grupo) num espaço que é ele próprio um devir, estando sujeito a incessantes
transformações”.
Falar de trajetória é tão complexo, pois remete à singularidade da história de vida,
refletindo os contextos geográfico, histórico, social, entre outros. O trajeto, o caminho
percorrido por uma pessoa, pode ter idas e vindas, movimentos, circularidades, encruzilhadas,
tensões e conquistas, que se relacionam “[...] ao conjunto de outros agentes envolvidos no
mesmo campo e confrontados com o mesmo espaço dos possíveis” (BOURDIEU, 1996, p.
190).
A trajetória das mulheres na capoeira, na atualidade, tem ganhado visibilidade;
paulatinamente, aumentam os estudos que se debruçaram sobre a história e a narrativa das
mulheres, buscando compreender o androcentrismo, esclarecer o machismo, responder
questões sobre a ocupação desigual do poder e assim explicar os interesses culturais dos
públicos masculino e feminino (LEIRO, 2002).
Ao buscar entender a história das mulheres na capoeira e em diversas práticas culturais,
defrontamo-nos com inúmeros obstáculos, dentre os quais o primeiro é a escassez de fontes
documentais, que, de acordo com Perrot (1989), invisibiliza e silencia as histórias das mulheres.
97
Disponível: https://bit.ly/30WmI5a. Acesso em: 10 de ago. 2021.
63
98
“Foi uma matriarca do Quilombo dos Palmares, onde já estava antes de Ganga-Zumba ou Zumbi.” (SANTOS,
F., 2019, p. 159).
99
Filha de um rei no Congo, que foi escravizada e trazida para o Brasil (SANTOS, F., 2019).
100
História marcada no Piauí, quando ela escreveu uma carta para o presidente da Província, denunciando os maus
tratos que sofria com o seu filho (SANTOS, F., 2019).
101
“Líder quilombola, no Quilombo de Quariterê. Dia 25 de julho no Brasil é oficialmente o dia de Tereza de
Benguela, uma data para enfatizar a luta das mulheres negras no país” (SANTOS, F., 2019, p. 159).
102
Antiga rainha do reino de Daomé, conhecido como Benim, ela foi escravizada no Maranhão, onde foi
renomeada como Maria Jesuina. Foi fundadora da famosa Casa das Minas (SANTOS, F., 2019).
103
Foi líder de uma das revoltas no Rio de Janeiro, no Vale do Café (SANTOS, F., 2019).
104
“Líder do Quilombo do Mola, em Tocantins, Maria Aranha liderou seu povo contra invasões” (SANTOS, F.,
2019, p. 160).
105
“Liderou um grupo de 40 mulheres na luta pela Independência da Bahia, ajudando a queimar 42 embarcações
portuguesas que aguardavam a ordem para invadir Salvador e reprimir as ações pela independência baiana”
(SANTOS, F., 2019, p. 160).
106
“Mulher negra guerreira na resistência contra a escravidão no Brasil, líder do Quilombo dos Palmares e
companheira de Zumbi.” (SANTOS, F., 2019, p. 160).
107
Líder do Quilombo de Urubu, na Bahia, lutou contra a escravidão (SANTOS, F., 2019).
108
“Foi uma guerreira que resistiu, vingou-se e provocou uma revolta das pessoas escravizadas contra a Casa
Grande, liderando seu povo até um Quilombo, onde foi rainha.” (SANTOS, F., 2019, p. 160).
109
“Rainha Nzinga Mbandi Ngola (*1581 + 1663), líder da resistência do povo Mbundi, na luta contra a
escravidão e para o empoderamento das mulheres no continente africano” (SANTOS, F., 2019, p. 161).
110
“Em 1822, tropas portuguesas ocupavam a cidade de Salvador, desde o Dia do Fico. Soldados e marinheiros
portugueses embriagados tentaram invadir o convento da Lapa. Joana, aos 60 anos, impediu com o próprio
corpo a entrada deles no convento, recebendo golpes de baioneta como resposta. Joana tornou-se a primeira
mártir da grande luta que continuou até 2 de julho.” (SANTOS, F., 2019, p. 161).
111
“Uma das principais personagens da Independência, Maria Quitéria fugiu de casa para lutar pela Bahia. Vestiu-
se de homem para entrar no batalhão dos Voluntários do Príncipe. Após ser descoberta, permitiram que seguisse
no combate, pois mostrava muita habilidade com armas. Lutou na Bahia de Todos os Santos, na Ilha de Maré,
Barra do Paraguaçu, na cidade de Salvador, na estrada da Pituba, Itapuã e Conceição. Em 2 de julho de 1823,
Maria Quitéria foi recebida em festa junto ao ‘Exército libertador’. Foi a primeira mulher a assentar praça numa
unidade militar das Forças Armadas brasileiras e a entrar em combate pelo Brasil” (SANTOS, F., 2019, p.
161).
64
112
“Compreendido por meio da história do contrato sexual, permite a verificação da estrutura patriarcal do
capitalismo e de toda a sociedade civil. Focalizar o contrato sexual, colocando em relevo a figura do marido,
permite mostrar o caráter desigual deste pacto, no qual se troca obediência por proteção.” (SAFFIOTI, 2011,
p. 128).
65
continuam a participar dos eventos de capoeira, sendo venerados por seus(suas) discípulos(as)
e outras lideranças.
Sobre isso, a mestra Renatinha publicou um artigo aprofundando o debate em torno da
ética da organização de grupos, no qual aponta a influência da lógica individualista e capitalista
na modernização e colonialidade, a partir das análises de casos recentes de abuso sexual e moral
(MARTIELO, 2021).
Com isso, faz-se necessário descolonizar os saberes e superar o controle colonial, que
ocorre desde a chegada europeia e se estende até a fundação do mundo moderno, uma vez que
a colonização afetou (e ainda afeta) intensamente os comportamentos, as posturas, as práticas
culturais e educativas na sociedade. Dessa forma, pode-se observar ainda a subalternidade da
posição da mulher, sua submissão ao homem, sua exclusão de postos de poder e o racismo
estrutural na pequena e na grande roda. Portanto, B. Santos (2019) afirma que é preciso
desnaturalizar e deslegitimar mecanismos específicos de opressão.
Portanto, somente através da luta coletiva é que se pode modificar essa realidade,
combatendo-se as violências e as desigualdades de gênero, a barbárie, a alienação do sujeito, a
masculinidade tóxica, o feminicídio, a misoginia, a LGBTfobia, entre outras opressões. Essa
luta deveria passar pelos processos de ensino-aprendizagem na capoeira, na formação de
capoeiristas, com objetivo de tornar os(as) futuros(as) mestres(as) conscientes de seu papel e
atuação na sociedade diante de um projeto histórico para além do capital.
A seguir, buscarei explicar os processos formativos nas principais vertentes de capoeira,
os rituais de ensino-aprendizagem e o sistema de avaliação em grupos de capoeira.
com padrões e regras estabelecidos, como as escolas, por exemplo; b) a educação informal, que
acontece em ambientes espontâneos em que haja socialização entre os indivíduos; e c) a
educação não formal, que se vincula aos espaços e às ações coletivas do cotidiano, como nos
grupos de capoeira, por exemplo.
Portanto, o foco é discutir sobre os processos educativos não formais na capoeira
enquanto espaço-tempo singular de vivências, no qual as pessoas podem aprender: movimentos
corporais, ampliando seu repertório motor; valores sociais como o respeito, a solidariedade, a
empatia e hierarquia; a superar os medos e os obstáculos; a se relacionarem melhor com o(a)
outro(a) e consigo mesmas; as questões históricas, por meio da oralidade e das cantigas; a
valorizar os(as) mais velhos(as), que são guardiões(ãs) da tradição, etc.
Os processos de ensino-aprendizagem na capoeira podem extrapolar a realização de
movimento corporais, envolvendo as percepções, as habilidades físicas, a consciência corporal,
a identidade cultural, a postura política, as expressões artísticas (FRANÇA, 2018a), a
sensibilidade musical, o domínio nos toques de instrumentos (pandeiro, agogô, reco-reco,
atabaque e/ou berimbau) e os processos criativos, teatrais, dançantes ou combativos.
Nos treinamentos e nas rodas de capoeira, os(as) capoeiristas vão aprendendo com
seus(as) mestres(as) inúmeros golpes de ataque e defesa, floreios, formas de gingar diante dos
obstáculos, situações de jogo e ensinamentos de vida, que tanto podem colaborar para a
transformação quanto para a alienação ou deformação dos indivíduos.
Isso depende de vários fatores e experiências da parte de quem ensina, da figura central
do(a) mestre(a), que geralmente conduz os ensinamentos, podendo dialogar de forma
horizontal, exercendo o papel de mediador, ou de forma vertical, como único detentor do
conhecimento, como ocorre na educação bancária, na qual, segundo Paulo Freire (1996, p. 62):
Na educação bancária, os(as) alunos(as) são passivos(as), não têm autonomia de decidir,
problematizar, propor e ser corresponsáveis por sua formação. É preciso pensar numa educação
que seja crítica, reflexiva e plural nos diversos contextos sociais, sobretudo nos espaços da
capoeira:
Não nos educamos para algo fora de nós, além de nós. Principalmente para
algo situado dentro dos limites e da lógica utilitária do mercado de bens e
68
capitais. Nós nos educamos para ‘fazer’, para ‘produzir’. Mas nós nos
educamos, antes de mais nada, para ‘conviver’ e para ‘ser’. Não para o
desenvolvimento econômico, mas para o desenvolvimento humano, ao qual
devem servir todos os outros. (BRANDÃO, 2008, p. 117).
Essas pedagogias seguem uma outra lógica, que não atende aos ditames do capitalismo,
o qual visa apenas ao capital, colabora para a alienação, a homogeneização e a exploração
dos(as) capoeiristas, tratando a capoeira como mercadoria. Sobre isso, Conrado (2015)
esclarece que as adversidades e contradições do modelo capitalista têm impactado os grupos de
capoeira, acirrando a segregação, a destruição e as desigualdades.
Pode-se exemplificar essa estratificação da sociedade na capoeira quando os(as)
mestres(as) cobram altas taxas nas fardas, nas etapas de graduação, nas palestras, nos usos de
imagens ou expandem as filiais sem acompanhar o trabalho desenvolvido nos distintos
contextos geográficos, etc.
Ainda sobre as etapas de graduação, Araújo (2004) chama atenção para o advento do
batizado como forma de aceleração da formação dos(as) capoeiristas e legitimação de um novo
modelo de mestre(a). A sua preocupação, como a de tantos(as) capoeiristas, possivelmente, é
com relação à descaracterização, à aceleração da esportivização da capoeira e à contribuição
desses fatores para o distanciamento da tradição afro-brasileira.
A importância de um(a) mestre(a) para a manutenção da cultura, como se dá com
capoeira, já foi apontada, na Grécia Antiga, por Marcel Detienne, que ressaltou a contribuição
dos poetas, considerados Mestres da Verdade para a memória do povo. Ainda sobre isso, Abib
(2006, p. 92) pontua que,
Desse modo, a figura do(a) mestre(a) era aquele(a) que dominava um saber e tinha
experiência de vida, que era passada para os(as) mais novos(as), assim como acontecia nas
escolas de ofício.113 Nesse ínterim, tomando como referência Bourdieu (1989), um ofício é
compreendido como uma prática pura, sem teoria e, dessa forma, exige uma pedagogia que não
convém com o ensino dos saberes. Essa pedagogia seria a da experiência corporal, observando,
executando, aprendendo e avançando de forma cíclica.
Antigamente, na prática da capoeiragem, os aprendizados aconteciam por meio da
‘oitiva’, baseada na experiência e na observação, de acordo com Abib (2006). Isso durou até
meados do século XX, pois, a partir da década de 1930, quando a capoeira começou a ser
praticada em recintos fechados, surgiram os grupos de capoeira, que instituíram suas normas,
seus códigos, suas metodologias de ensino e seus sistemas de avaliação para consagração
dos(as) mestres(as) de capoeira.
Fonseca (2010) explica que, no século passado, a figura do(a) mestre(a) estava atrelada
à marginalidade, à discriminação e à dificuldade de sua trajetória existencial. Os(as) capoeiras
de outrora eram “[...] verdadeiros mestres de defesa física, quer nos jogos do punho, quer nos
recursos maleáveis de todo o corpo em luta” (VIANA, 1979, p. 7).
Portanto, a partir desse entendimento, é possível compreender que os(as) mestres(as) de
antigamente não tinham diplomas, nem corda na cintura, também não tinham fardamentos
(abadás), nem havia estilos e linhagens de capoeira. Para Paiva (2007, p. 124), “[...] são
referências no lugar onde vivem e, certamente, no campo onde atuam”.
Dessa forma, Castro Júnior (2003) aponta alguns elementos importantes na constituição
do ser mestre(a) de capoeira, como: o domínio do jogo, do canto, do toque, do trabalho de
ensinamento e do reconhecimento pela comunidade. Este último requisito é um dois mais
registrados nos estudos científicos, como o de Carvalho (2019), bem como nos discursos
dos(as) capoeiristas. A partir desses elementos fundamentais, adquiridos durante a trajetória de
vida nessa arte, constitui-se o habitus114 do(a) mestre(a).
113
Para aprofundar a compreensão em torno do surgimento das corporações de ofício, que tiveram origem nas
instituições da Roma Antiga, é crucial a leitura da dissertação de M. Souza (2010).
114
“Habitus é um termo originário do latim ‘que significa aspecto exterior, aparência, postura’” (LEIRO, 2004,
p. 220).
70
Com a expansão da capoeira nos diversos espaços sociais, culturais, educativos, etc.,
dentro e fora do Brasil, essa manifestação cultural ganha outros contornos, e o ofício de
mestre(a) passa a ser Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Portanto, para Abib (2006, p. 92):
Nesta perspectiva, surgem alguns questionamentos: qual o capital necessário para ser
legitimada(o) como mestra(e) de capoeira? Quanto tempo é preciso dedicar à manifestação
cultural? O que precisa ensinar aos(as) seus(as) discípulos? Quais as etapas de graduação nos
grupos de capoeira? Qual habitus precisa ser dominado na capoeira?
Diversas linhas de análise poderiam ser exploradas para aprofundar os atributos
necessários à titulação de mestra(e) de capoeira, os quais podem ser complexos, por não haver
homogeneidade nos estilos e nas linhagens de capoeira, nem nas metodologias de ensino, no
tempo necessário, nas habilidades corporais, tampouco nos aprendizados e nas experiências
exigidas para a conquista do título, da graduação e/ou do reconhecimento popular de mestra(e)
de capoeira.
No tocante à introdução de um sistema de graduação por intermédio de corda, cordel ou
cordão, apresento a seguir, na Figura 20, uma linha cronológica que traz alguns marcos
importantes para a compreensão dos novos códigos no universo da capoeira:
71
Na Figura 20, percebe-se que, desde 1955, foram instituídos outros sistemas de
graduação, dos quais um dos protagonistas fora mestre Carlos Sena, por intermédio do Instituto
Senavox (MAGALHÃES FILHO, 2012). Entretanto, não ficou evidente se houve uma ampla
utilização do seu sistema de graduação e como funcionou no grupo.
Outro sistema de graduação, criado pelo Grupo Senzala, que instituiu a corda em 1960,
teve maior repercussão nos grupos de capoeira do Sudeste do Brasil e posteriormente expandiu-
se para outras regiões do país.
Posteriormente, em 1969, mestre Nô, que é angoleiro, criou um sistema de faixas
semelhante ao utilizado nas artes marciais, depois passou a fazer uso da fita e, em seguida,
adotou o cordel feito de lã em seu grupo (MAGALHÃES FILHO, 2012). Nesse caso específico,
a tese de Accordi (2019) revela o motivo que levou mestre Nô a adotar os distintos sistemas de
graduação, inclusive as faixas (branca, amarela, verde, roxa, marrom e preta), que introduziu
no seu grupo de capoeira, de maneira similar ao que acontece no Judô, com o intuito de avaliar
os níveis de aprendizado de seus(as) alunos(as).
Entre 1960 a 1980, dentre as várias transformações socioculturais já sinalizadas no
segundo capítulo, a estudiosa Fonseca (2009) destaca a criação da graduação de cordel com as
cores da bandeira do Brasil nos Simpósios Nacionais de Capoeira no Rio de Janeiro, do qual
participaram vários mestres conhecidos.
Nesse mesmo período, em São Paulo, surgiram os grupos Capitães d’Areia e Cativeiro,
que ressignificaram as graduações na capoeira. O primeiro estava relacionado com aspectos da
72
escravização, como: escravo (corrente), quilombola (corda), liberto (lenço de seda) e capitão
da areia (pedaços de corrente, corda e lenço de seda), enquanto o segundo115representava uma
forma de expressão negra e contava com sete estágios, cada qual representado por um cordão,
que coincidiam no primeiro, no terceiro, no quinto e no sétimo estágio (verde, amarelo, azul e
branco, respectivamente) (REIS, 2013).
Portanto, trago uma reflexão em torno das modificações que ocorrem no universo da
capoeira, seus avanços e retrocessos, as quais, de alguma forma, acompanham as
transformações sociais, culturais, econômicas, políticas, etc. Nesse sentido, Reis (2000) aponta
que as tradições sempre serão reinventadas, pois a cultura não se cristaliza no tempo e no
espaço: “A cultura só é enquanto está sendo. Só permanece porque muda. Ou, talvez dizendo
melhor: a cultura só ‘dura’ no jogo contraditório da permanência e da mudança (FREIRE, P.,
1985, p. 36).
A partir disso, reflito que cada grupo e linhagem de capoeira cria suas etapas de
graduação e estabelece seus códigos, suas classificações, suas hierarquias, suas relações de
poder e seus rituais, que ora se aproximavam, ora se afastavam, não havendo um padrão rígido
ou estabelecido para se atingir ou ser reconhecido(a) mestre(a) de capoeira, o que pode ocorrer
até mesmo por razões ideológicas, políticas e de conveniência; mas isso não significa que o(a)
mestre(a) terá legitimidade dentro da capoeira.
Há variedade na quantidade de cordas/cordões utilizados nas etapas de graduação, a
depender de cada grupo de capoeira, assim como no tempo necessário em cada etapa avaliativa
para a formação de mestres(as). Vieira (1998) ainda chama atenção para o fato de que existem
academias que consagram mestres(as) com dois ou três anos, mesmo sem terem o domínio dos
preceitos, rituais, saberes e ensinamentos da arte da capoeira, nem terem formado
discípulos(as).
Contraditoriamente, há capoeiristas que se dedicam há décadas aos processos de ensino-
aprendizagem, e nunca foram reconhecidos(as) como mestres(as) em seus grupos ou por seus
pares. Portanto, discorrer sobre a função e titulação do(a) mestre(a) de capoeira é algo complexo
e plural, pois não há um padrão estabelecido entre os grupos de capoeira.
Antes de falar sobre a formação de mestras de capoeira, é preciso compreender os
preceitos, os rituais e os sistemas avaliativos dos distintos estilos de capoeira. Abaixo, discuto
a partir dos dois estilos de capoeira mais antigos.
115
A graduação dos Orixás tem as cores azul, amarela, marrom, verde, roxa, vermelha e branca (PAIVA, 2007).
73
O estilo da Capoeira Regional, tem como seu principal representante o criador, mestre
Bimba (1900-1974), já apresentado no subcapítulo anterior. Atualmente, o seu filho, mestre
Nenel, mantém o legado cultural herdado de seu pai, assim como a turma de Bimba, composta
pelos mestres Itapoan, Xaréu, Piloto, Boinha (in memoriam), Decânio (in memoriam), etc. O
mestre Nenel fundou a Associação de Capoeira Filhos de Bimba em 10 de junho de 1986, que,
posteriormente, passou a se chamar Filhos de Bimba Escola de Capoeira (NENEL, 2018).
A partir dos estudos de Campos (2009) e Nenel (2018), é possível detalhar os princípios,
o método e a tradição dessa vertente de capoeira. Os princípios fundamentam-se em: gingar
sempre, esquivar sempre, jogar sempre bem próximo ao parceiro, todos os movimentos devem
ser objetivos, conservar no mínimo uma base ao solo, obedecer ao ritmo do berimbau, respeitar
as guardas vencidas e zelar pela integridade física e moral do(a) camarada.
No que se refere ao método da Capoeira Regional, tem-se as seguintes etapas de
aprendizagem: a ginga, o exame de admissão, a sequência, a cintura desprezada, os ritmos de
jogo, os movimentos traumatizantes, desequilibrantes, projeção e ligados, além decursos de
especialização. Os rituais e as tradições fundamentam-se nos seguintes elementos: pegar na
mão para gingar, a cadeira, a charanga, as quadras, os ritmos (São Bento Grande, benguela e
iúna), o batizado (momento de cair no aço), a festa do batizado, a formatura (lenço azul) e o
esquenta banho (NENEL, 2018).
Quanto ao uniforme utilizado pelos(as) capoeiristas, segundo o mestre Nenel (2018),
ele surgiu devido às necessidades de realizar os movimentos de contato físico, então se utilizam
calça e camisa brancas, sem nenhum calçado, durante os treinos e as rodas. Já no momento da
formatura, os(as) capoeiristas utilizam roupa social, geralmente branca, com sapatos ou
basqueteiras.
Durante as rodas de capoeira, utiliza-se um berimbau e dois pandeiros. Os principais
toques de berimbaus são: a) São Bento Grande, que requer um jogo rápido, alto, com golpes
objetivos; b) Santa Maria, que orienta o jogo rápido e solto; c) Banguela, que solicita jogo
malicioso e floreado; d) Amazonas, que traz uma riqueza de variações melódicas; e) Cavalaria,
um toque de aviso; e) Iúna, toque especial, que imita o som de um pássaro; e f) Idalina, que
orienta para o desenvolvimento de um jogo manhoso (CAMPOS, 2009).
Além dos diversos toques de berimbaus, juntamente com os pandeiros, que compõem a
formação da bateria, ainda há a musicalidade, composta por quadras e corridos, além das palmas
dos(as) telespectadores(as) que estão compondo a roda e dos(as) jogadores, que se comunicam
74
Nesse estilo, o sistema de avaliação, chamado de estrela, é composto por cinco etapas,
que vão da primeira à quinta estrela, formando o nome ‘Bimba’. Para avançar nesse
entendimento, dialoguei com a mestra Preguiça,116 a única mestra charangueira até o presente
momento, portanto a explanação que apresento é baseada em seu depoimento.
Ao passar pela primeira etapa da estrela, o(a) capoeirista está preparado para se formar,
recebendo o lenço de seda azulem sua formatura. Após esse momento, são abertas as inscrições
para o curso de especialização; o(a) discípulo(a) que quiser se aprofundar na luta, ao final,
recebe o lenço vermelho.
Outra etapa avaliativa para os(as) discípulos(as) de lenço vermelho é a segunda
especialização, que tem treinamentos específicos de defesa e ataque, com arma branca e de
fogo, ao fim dos quais eles(as) recebem o lenço amarelo. Após passar por todas as etapas, além
de saber cantar, tocar berimbau e pandeiro, o(a) mestre(a) pode entregar o lenço branco, que é
o de mestra(e) charangueira(o); mas o reconhecimento de mestra(e) só se dá com o trabalho e
o respeito por parte da sociedade.
Além das etapas de avaliação citadas acima, segundo o mestre Nenel (2018), para se
tornar mestre(a), é preciso: 1) dominar a arte que se pretende transmitir; 2) ter um bom caráter,
amizade e respeito; 3) contribuir com a formação das pessoas como cidadãs.
Ao longo de sua vida, mestre Bimba deu apenas quatro lenços brancos, para as seguintes
pessoas: Decânio, Miranda, Jair Moura e Edinho, pois eles dominavam o berimbau, o pandeiro
e o canto, sendo considerados mestres charangueiros (NENEL, 2018). Dentro do processo de
graduação na Capoeira Regional, linhagem do mestre Bimba, existem apenas quatro lenços de
seda (azul, vermelho, amarelo e branco).
No que se refere ao método da Capoeira Regional, tem-se as seguintes etapas de
aprendizagem: a ginga, o exame de admissão, a sequência, a cintura desprezada, os ritmos de
jogo, os movimentos traumatizantes, desequilibrantes, projeção e ligados, além decursos de
especialização. Os rituais e as tradições fundamentam-se nos seguintes elementos: pegar na
mão para gingar, a cadeira, a charanga, as quadras, os ritmos (São Bento Grande, benguela e
iúna), o batizado (momento de cair no aço), a festa do batizado, a formatura (lenço azul) e o
esquenta banho (NENEL, 2018). É importante ressaltar que há outras linhagens na Capoeira
Regional, como a Regional-Senzala, que introduziu outras modificações nos processos de
ensino e aprendizagem da capoeira.
116
Depoimento obtido no dia 9 de agosto de 2021.
76
117
João Oliveira dos Santos nasceu em Itagi, BA, em 15 de janeiro de 1933, foi um dos pioneiros a ensinar capoeira
angola em Nova York, em 1990.
118
João Pereira dos Santos nasceu em Araci, BA, em 27 de dezembro de 1917, e faleceu no dia 9 de dezembro de
2011.
119
Jânio Martins dos Santos nasceu em Candeias, BA, em 1937.
120
Gildo Lemos Couto nasceu em Salvador, BA, em 16 de janeiro de 1940, e faleceu no dia 12 de outubro de
2015.
121
Manoel Silva nasceu em Maragogipe, BA, em 26 de novembro de 1936.
122
José Luiz Oliveira Cruz nasceu em Santo Antônio de Jesus-BA em 31 de maio de 1950.
123
Waldemar Rodrigues da Paixão nasceu em 1916 e faleceu em 1990. Era conhecido pelas pinturas do berimbau
e pelo seu barracão, na antiga Estrada da Liberdade, frequentado por intelectuais, capoeiristas e artistas de
Salvador.
77
124
Não pode ser interrompido por outro(a) jogador enquanto estiver acontecendo o jogo entre os(as) capoeiristas.
78
Portanto, entendo que as experiências vividas na Capoeira Angola, seja nos toques dos
instrumentos, na entoação das cantigas ou nos jogos entre os(as) capoeiristas, são singulares;
mesmo que duas pessoas estejam num mesmo evento, cada uma vai ter a sua percepção, sua
própria tessitura, sua compreensão particular de toda a capoeira e de seu sentido e significado.
Dentro da capoeira, a hierarquização acompanhou as diversas transformações e
influências sociais havidas entre a metade e o final do século XX. Embora não seja minha
intenção apresentar todas as etapas de avaliação dentro das linhagens de Capoeira Angola, é
importante compreender essa diversidade nas possibilidades de avaliar os aprendizados, os
níveis de conhecimento, os requisitos necessários e as funções de cada cargo.
No Centro de Cultura da Capoeira Tradicional Bahiana, do mestre Bola Sete, que foi
discípulo do mestre Pastinha, instituíram-se fases de aprendizagem e classificação, a saber:
iniciação, estruturação, formação, preparação, especialização, profissionalização e formação.
Além disso, para se tornar mestre(a), há requisitos básicos, como: jogar, tocar, cantar, ensinar,
formar, trabalhar e preservar; além deter vivência nos seguintes cargos: auxiliar, monitor,
instrutor, treinel,125 professor, contramestre e, por fim, mestre(a) (CRUZ, 2003).
No Centro Esportivo de Capoeira Angola–Associação de João Pequeno de Pastinha
(AJPP) –, conduzido pelo mestre Pé de Chumbo, a hierarquia é estruturada da seguinte forma:
aluno(a) responsável, treinel, professor(a) mestrando(a) e mestre(a). Essa configuração passou
a vigorar desde 2005 (SIMÕES, 2006).
Goulart (2018) assevera que, no Grupo Semente do Jogo de Angola, há apenas duas
titulações: mestre(a) e contramestre(a). O uniforme também é diferenciado para alunos(as) que
desenvolvem ou não algum trabalho com a capoeira. O grupo possui três práticas formativas,
qual sejam: o treinamento, as rodas e os grupos de estudo. Diferentemente do que afirma
Libâneo (2019), que afirma que só existem duas etapas na Capoeira Angola, a saber: iniciante
e contramestre(a), sendo o primeiro voltado para a aprendizagem de movimentos básicos da
capoeira, cantos e toques de instrumentos, ao passo que o contramestre(a) pode ministrar aulas,
participar e organizar eventos.
Embora muitos grupos de Capoeira Angola, geralmente, não utilizem as graduações de
cordão ou cordel, Magalhães Filho (2012) aponta relatos de alguns mestres que já fizeram uso
no passado, como os mestres Paulo dos Anjos, Renê, Virgílio, Jaime de Mar Grande, mestre
Jorge Satélite, Nô, etc. Inclusive, o mestre Nô utiliza até a atualidade a graduação de cordão e
125
“O treinel é um aluno/uma aluna que já possui maturidade para falar, cantar e jogar capoeira de maneira a
coordenar treinos, rodas e outras atividades do Grupo na ausência das/os mestras/os” (SANTOS, 2017, p. 79).
79
afirma que tem “[...] o objetivo de incentivar e avaliar a qualidade dos alunos, além de dar
condições favoráveis à organização interna do trabalho” (ACORDI, 2019, p. 211).
Pode-se perceber que, no processo de reconhecimento de mestre(a) dentro da Capoeira
Angola, não há um padrão a ser seguido, pois o estilo varia de grupo para grupo. Geralmente,
a consagração de um(a) mestre(a) acontece a partir da comunidade da capoeira, podendo haver
a confirmação desse reconhecimento por meio da concessão de um diploma (título) por parte
do(a) mestre(a) responsável.
80
3 GINGAS METODOLÓGICAS
Para conhecer uma coisa precisamos percorrer um caminho que vai dos
fenômenos à essência, supondo sempre que existe algo suscetível de ser
definido como essência ou ‘coisa em si’, oculta, distinta dos fenômenos que
se manifestam diretamente. No processo cognitivo, fenômeno e essência se
implicam mutuamente. (GAMBOA, 1998, p. 31).
A escrita em curso não apresenta neutralidade, tão pouco preocupa-se apenas com a
descrição dos achados, sem fazer uma reflexão crítica da realidade. Compreendo que produzir
conhecimento é um ato político, implicado e consciente, que expressa uma visão de mundo e
alcança uma determinada clareza sensível, prática ou conceitual (GAMBOA, 1998). Visão de
mundo essa que busca desconstruir posturas machistas e racistas, assim como problematizar as
contradições dentro da capoeira, que ocorrem desde o seu surgimento até a contemporaneidade,
enquanto uma luta de resistência contra a opressão, que legitima barreiras nas trajetórias das
mulheres sob o viés da manutenção da tradição, por exemplo.
Desse modo, busco apresentar o delineamento metodológico da pesquisa, que engloba
a natureza, os dispositivos, as técnicas de investigação, o lócus da pesquisa, as colaboradoras e
a perspectiva de análise, juntamente com a teoria e os achados experimentais que foram se
articulando ao debate das ideias, opções e práticas (MINAYO, 1999).
Portanto, no estudo investigativo, optei pela abordagem qualitativa, movida pelo
interesse de buscar compreender os processos históricos, as trajetórias e as formações das
mulheres no universo da capoeira a partir de uma visão holística, levando em consideração as
interações e influências (GATTI, 2010) que ocorrem na pequena e na grande roda.
126
O delineamento metodológico consta no Apêndice A.
81
Nesta seção, discuto de forma embrionária a presença das mulheres nas produções
cinematográficas e científicas sobre capoeira a partir de um levantamento documental. Para
tanto, foram consultadas fontes diversificadas, como dissertações de mestrado, teses de
doutorado, artigos científicos, trabalhos acadêmicos e filmes que tratam sobre o assunto.
Nesta subseção, reflito sobre o papel das mulheres em filmes que tratam sobre a capoeira
a partir de um levantamento de obras cinematográficas realizado por França (2018a) em sua
dissertação, somado a outros diálogos científicos sobre a temática, da autoria de Castro Júnior
(2010), D. Silva (2013), F. Rodrigues (2016) e Lima e Castro Júnior (2019), que revelam
algumas nuances das relações de gênero nos diversos filmes de capoeira.
As produções fílmicas são fontes históricas e podem embasar várias leituras sobre o
papel das mulheres na capoeira por intermédio das imagens veiculadas, que estão situadas
dentro de um contexto histórico e social. Dessa forma, compreendo que há intencionalidade no
que foi produzido, na visão de mundo do(a) diretor(a), na escolha de seu elenco, na proposta
do título, nos lugares em que ocorreram as gravações, etc.
Ainda sobre o cinema como fonte histórica, Castro Júnior (2010) assevera que o
conjunto das obras implica múltiplos sentidos, que precisam ser articulados com fatores
históricos, geográficos e culturais, visto que não existe neutralidade nas ações humanas.
Nessa direção, apresento de forma detalhada o levantamento dos filmes de capoeira no
Apêndice D; e, logo abaixo, no Gráfico 1, o panorama do conjunto de filmes que trataram sobre
o assunto:
83
Filmes gerais -
cenas de
capoeira
61%
127
Nascimento (2014, p. 44) afirma que, em razão do lançamento do filme Esporte sangrento, na década de 1990,
foi possível expandir a capoeira no exterior: “Esse foi, para muitos deles, o primeiro contato e, por algum
tempo, o único recurso e modelo disponível para aprender a capoeira, o que se deve à fraca atratividade da
economia local às migrações”.
84
Promessas (1962), Capitães de Areia (1962), Kung Fu contra as Bonecas (1975), Cordão de
Ouro (1977), Quilombo (1984), Vagas para moças de fino trato (1992), Como ser solteiro
(1998) e Besouro (2009).
É oportuno esclarecer que a presença de mulheres nas películas não garante o
protagonismo, nem a visibilidade para suas histórias e narrativas, podendo mesmo,
dialeticamente, colaborar para reproduzir estigmas e subalternizações em seus papeis sociais
desempenhados no cotidiano.
Pode-se constatar o raro protagonismo da mulher no filme Besouro, dirigido por João
Daniel Tikhomiroff, que estreou em vários cinemas do Brasil em 2009. A produção
cinematográfica tratada história de Besouro Mangagá, ao passo que a mulher capoeirista se
chama Dinorá; apesar de ser mais ativa, ainda assim desempenhou papel coadjuvante
(FERREIRA, T., 2016).
O estudo acadêmico de Lima e Castro Júnior (2019) também apontou as representações
das mulheres de forma minoritária e rápida nos filmes Mestre Bimba, a capoeira iluminada,
Memória do recôncavo: Besouro e outros capoeiristas e Mandinga em Manhattan, ora tocando,
batendo palma, sambando, jogando, cantando ou falando.
Vale pontuar que, no documentário Mestre Bimba, a capoeira iluminada, dirigido por
Luiz Fernando Goulart em 2007, houve reprodução e naturalização do machismo, quando se
exibem as imagens de mulheres em afazeres domésticos e a poligamia do mestre Bimba. No
tocante a essa cena, algumas de suas 21 mulheres falavam de suas experiências amorosas, seus
dotes masculinos e a manutenção financeira de várias mulheres (NASCIMENTO, 2015).
No bojo dessa discussão, pode-se refletir sobre os papeis sociais desempenhados pelas
mulheres, nos quais se observam a passividade, a submissão e ao objetificação das mulheres
por parte dos homens, os quais, por sua vez são retratados como personagens viris, provedores,
soberanos e dominadores, dentro dos moldes heteropatriarcais (BEAUVOIR, 1970).
Com base na pesquisa de Simões (2002), que se debruçou sobre o filme Dança de
Guerra, as mulheres também desempenham papeis subalternizados nesta película, apenas
batendo palmas, respondendo ao coro e assistindo às rodas de capoeira, vestidas com roupas
rodadas brancas e turbante, tendo como único momento de protagonismo o samba de roda.
É importante destacar que, em Um dia na rampa, de Luíz Paulino dos Santos, em
Vadiação, de Alexandre Robato, e em Only the strong, de Sheldon Lettich, não foi exibida
nenhuma mulher no momento da roda de capoeira. Para além do que foi produzido, é importante
refletir sobre as relações de poder, as vozes silenciadas e os corpos invisíveis que não foram
protagonizados e/ou representados nas películas.
85
128
O elenco foi composto por: Adriana Albert Dias, Alessandra Mattioni (Alematt), Catarina Aguirre (Cata),
Celidalva Pinho Encarnação (contramestra Brisa), Christine Zonzon, Cleonice Damasceno Silva (mestra
Preguiça), Isabela Maria Severo Nascimento Santana (contramestra Tartaruga), Ivanildes Teixeira de Sena
(Nildes), Joana Pointis Marçal (Jô), Maria Luísa Pimenta (contramestra Lilu), Rita de Cássia Santos de Jesus
(mestra Ritinha, in memoriam), Olívia Roberta Lima Silva (professora Negona) e Viviane Santos Oliveira
(contramestra Princesa) (SANTOS, F., 2019).
129
Disponível em: https://bit.ly/2ZpUXBO. Acesso em: 12 out. 2021.
130
Disponível em: https://bit.ly/3cNisI1. Acesso em: 12 out. 2021.
131
Disponível em: https://bit.ly/3l7RwY4. Acesso em: 12 out. 2021.
87
No final do ano de 2021, como parte da minha pesquisa de doutorado, foi lançado o
curta-metragem “Trajetórias formativas e registros biográficos de mestras de capoeira”,132 sob
minha direção, produzido por Lázaro Paz e Nicinha Guedes. O documentário apresenta o
panorama de mestras de capoeira nos contextos geográficos, músicas autorais, momentos de
roda e formatura, além de depoimentos das trajetórias de vida de algumas mestras de capoeira.
Na última década, tem aumentado a produção cinematográfica protagonizada por
mulheres, que, além de narrarem suas histórias, têm atuado na condição de cineastas à frente de
fontes históricas sobre a capoeira desde 1998, embora haja registros que datem de 1930.
Para ampliar essa discussão, Gimenez (2020) realizou um levantamento sobre as obras
cinematográficas publicadas entre 1995 a 2019 no Brasil, com o qual identificou que apenas
262 (25,6%) mulheres eram diretoras de filmes, enquanto havia 1.023 homens cineastas. Isso
deixou evidente o desequilíbrio entre as oportunidades direcionadas para homens e mulheres.
Ainda sobre a direção dos filmes, Monteiro (2016) averiguou uma discrepância no perfil
de gênero e cor entre os diretores e as diretoras de 218 filmes produzidos entre 2002 a 2012. A
pesquisa identificou a hegemonia de homens brancos na direção dos filmes (84%) e, em menor
proporção, de mulheres brancas (13%), uma ínfima parcela de homens negros, somando apenas
2%, e a ausência de mulheres negras na direção. Já na função de roteirista, havia 74% de homens
brancos, 26% de mulheres brancas, 4% de homens negros e, novamente, nenhuma mulher
negra.
Nessa dimensão, é importante falar da estrutura de poder, do racismo estrutural e do
patriarcado, que silenciam vozes e invisibilizam corpos, principalmente de mulheres negras,
que sofrem opressões e/ou violências de gênero e raça em suas trajetórias. Por isso, a pauta
feminista deve ser mais ampla, abarcando as questões de raça e classe (DAVIS, 2017).
É importante que a linguagem cinematográfica acolha a diversidade em suas lentes,
dando voz e visibilidade aos corpos de homens e mulheres, que se entrecruzam em várias
avenidas identitárias (por exemplo, mulheres indígenas, negras, lésbicas, bissexuais, etc.),
proporcionando reflexões inclusivas e transformadoras.
Apesar da crescente presença de mulheres nas produções audiovisuais, os papeis que
desempenham nas películas, em sua maioria, ainda são subalternizados, carecendo assim de
novas obras e reflexões, que sejam inclusivas, democráticas e representativas, que
interseccionem gênero, raça e classe em todas as esferas e espaços de poder. Na subseção a
132
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=By9rFcOH2zo&t=12s. Acesso em: 20 nov. 2021.
88
seguir, busco ampliar essa discussão em torno das produções científicas sobre as mulheres na
capoeira.
133
Essa etapa foi realizada no início do mês de junho 2021.
134
É uma plataforma que disponibiliza o acesso às informações sobre dissertações e teses defendidas nos
Programas de Pós-Graduação brasileiros. Disponível em: https://bit.ly/2ZsClRK. Acesso em: 20 jun. 2021.
135
Essa etapa foi realizada em junho de 2021.
136
Apresento no Apêndice E o quadro com as dissertações e teses sobre capoeira e relações de gênero.
89
Gráfico 2 – Panorama das dissertações e teses sobre capoeira e relações de gênero no banco da Capes por
Unidade Federativa do Brasil
6
5
4
3
2
1 Tese
0 Dissertação
Gráfico 3 – Distribuição das dissertações e teses sobre a capoeira e relações de gênero no banco da Capes –
1999-2021
6
3 TESE
DISSERTAÇÃO
2
0
1999 2011 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fonte: elaborado pela autora.
intitulada Capoeira: gênero e hierarquias em jogo, foi defendida por Camila Rocha Firmino
no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSCar, também em 2011.
A pesquisa de Souza (2011) discutiu sobre as representações sociais de mestras e
formandas de Capoeira Regional, bem como sobre suas inserções e atuações no Rio de Janeiro.
Ficou evidente, no estudo, que as dez colaboradoras entrevistadas enfrentaram resistência
familiar, preconceito, racismo e conflito de papeis e identidade de gênero em suas trajetórias de
vida na capoeira.
A dissertação de Firmino (2011) buscou entender como acepções de gênero atravessam
o sistema simbólico da capoeira, visto que foi observado um número expressivo de mulheres
na capoeira, mas esse número era incipiente quando se tratava de capoeiristas mulheres com
altas graduações. O gênero foi observado como um marcador de diferença que, nos discursos
sobre corporalidade, desencadeia a diferenciação na disputa por uma posição de prestígio.
Em 2014, foram defendidas mais duas dissertações, uma intitulada “Eu sou angoleiro,
angoleiro eu sei que eu sou”: identificações e trajetórias na Capoeira Angola em Goiânia, de
autoria de Alessandra Barreiro da Silvam defendida no Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social da UFG; e a outra Sai sai, Catarina/Saia do mar, venha ver Idalina: gênero
e feminilidade(s) na capoeira, de Paula Natanny Rocha Bezerra, defendida no Programa de
Pós-Graduação em Antropologia da UFPE.
O estudo de A. Silva (2014) buscou compreender as trajetórias de capoeiristas de
distintas linhagens da Capoeira Angola na cidade de Goiânia. Apesar de não ser uma pesquisa
específica sobre as mulheres na capoeira, a autora discutiu em um dos capítulos sobre as
mulheres e os movimentos de mulheres no universo da capoeira, resgatando memórias e
histórias, assim como contextualizando a pauta das mulheres na contemporaneidade, na referida
cidade.
A dissertação de Bezerra (2014) investigou as relações de gênero e a constituição de
feminilidades de mulheres capoeiristas. A sua escrita etnográfica baseou-se em três contextos
distintos: um grupo de Capoeira Angola, um grupo de Capoeira Regional e um Encontro
Feminino de Capoeira realizado em Recife, PE. A autora pautou a necessidade de entrelaçar as
dimensões simbólicas e práticas para que as reproduções e transformações nas assimetrias de
gênero pudessem ser reveladas.
Ainda em 2014, foi defendida a tese Nas pequenas e grandes rodas da capoeira e da
vida: corpo, experiência e tradição, de autoria de Christine Nicole Zonzon, do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFBA. O estudo dialoga sobre o processo de formação
do(a) capoeirista, que é apreendido pelo prisma da experiência corporal vivenciada em grupos
92
Quadro 1 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de Educação no Brasil
Estado IES Revista de Educação Nº de artigos
UFBA Revista Entre ideias: educação, cultura e sociedade 5
BA Uneb Cenas Educacionais 3
(1)(2)
Univasf Revista de Educação 2
UFC Revista Educação em Debate 3
CE Educação & Formação 1
Uece(3)
Práticas Educativas, Memórias e Oralidades 1
Revista Teias 2
RJ Uerj
Revista Periferia 3
MG UFU(4) Revista de Educação Popular 3
Revista Inter Ação 2
GO UFG
Itinerarius Reflections 1
(5)
UEPG Práxis Educativa 1
PR
UEM(6) Revista Brasileira de História da Educação 1
SP Unicamp Educação Temática Digital 1
Fonte: elaborado pela autora.
Notas: (1) Universidade Federal do Vale do São Francisco.
(2)
A Univasf possui campi nas regiões de Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e São Raimundo Nonato (PI).
(3)
Universidade Estadual do Ceará.
(4)
Universidade Federal de Uberlândia.
(5)
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
(6)
Universidade Estadual de Maringá.
Quadro 2 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de Educação Física no
Brasil (continua)
Estado IES Revista Educação Física Nº de artigos
Unicamp Conexões 9
Unesp Motriz 50
SP
UFSCar Motricidades 1
USP Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 2
GO UFG Pensar a Prática 35
UFSM Kinesis 2
RS FURG(1) Didática Sistêmica 4
UFRGS Movimento 14
UFMG Licere 12
MG UEM Journal of Physical Education 3
Unimontes(2) Revista Eletrônica Nacional de Educação Física 1
137
O estudo de Rayanne Medeiros da Silva (2018) analisa artigos de capoeira em diversos periódicos científicos
brasileiros de Educação Física.
100
Quadro 2 – Panorama de artigos científicos sobre a capoeira em periódicos acadêmicos de Educação Física no
Brasil (conclusão)
Estado IES Revista Educação Física Nº de artigos
SC UFSC Motrivivência 9
(3)
MT UFMT Corpoconsciência 4
(4)
PR Unioeste Caderno de Educação Física e Esporte 3
RJ UFRJ Arquivos em Movimento 2
Fonte: elaborado pela autora.
(1)
Universidade Federal do Rio Grande.
(2)
Universidade Estadual de Montes Claros.
(3)
Universidade Federal de Mato Grosso.
(4)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Quadro 3 – Artigos científicos sobre capoeira e relações de gênero nas revistas de Educação Física do Brasil
Revista Título Autoria Ano
Fatores de aderência e Deizi Domingues da Rocha,
Caderno de Educação
permanência de mulheres nas Adriana Zagonel e Sabrina 2018
Física e Esporte
lutas em Chapecó – SC Lencina Bonorino
“Capoeiras”: a representação
Tatiane de Assis Pereira e
Pensar a prática da mulher nessa arte-luta 2019
Wanderley Marchi Júnior
brasileira
Samara Escobar Martins,
Um olhar feminino sobre a
Maria Eduarda Tomaz Luiz,
mestria e a participação da
Licere Wihanna de Castro Cardozo 2021
mulher na capoeira da Grande
Franzoni, Lais Mendes
Florianópolis
Tavares e Alcyane Marinho
Fonte: elaborado pela autora.
101
138
Paulo Henrique Menezes da Silva é mestre de Capoeira, bacharel em Direito, jornalista e contabilista. Defendeu
sua dissertação sobre capoeira recentemente, no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio, Cultura e
Sociedade da UFRRJ.
139
É uma entidade científica que congrega pesquisadores(as) ligados(as) à área da Educação Física, ou Ciências
do Esporte. Criado em 1978, é organizado em secretarias estaduais e Grupos de Trabalhos Temáticos e liderado
por uma Direção Nacional. Cf.: https://www.cbce.org.br/apresentaca. Acesso em: 20 mar. 2020.
103
140
No Apêndice J, apresento a listagem das revistas científicas de Gênero/Feminismo; ao total, foram encontradas
13 (11 vinculadas a universidades federais, e 2 a universidades estaduais).
104
constatou que, por meio do olhar feminista, é possível rememorar a ancestralidade africana de
distintas formas (TAVARES, 2019).
A partir do levantamento dos dois artigos nas revistas de Gênero/Feminismo, foi
possível identificar os nomes das mestras Janja e Paulinha somente em um dos artigos. É
fundamental que não cessem as discussões sobre as mulheres na capoeira nas revistas científicas
da Educação Física e de Gênero/Feminismo, a bem como que surjam pesquisas sobre a temática
nos periódicos acadêmicos de Educação.
Na próxima subseção, procuro identificar os trabalhos acadêmicos sobre a temática nos
principais eventos científicos das áreas de Educação, Educação Física e Gênero/Feminismo.
141
Outras informações podem ser encontradas em: https://anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional. Acesso em:
20 mar. 2020.
142
O levantamento de trabalhos foi da 33ª Reunião Anual da ANPEd, em 2010, até a 38ª reunião, em 2017. Outras
informações em: https://www.anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional. Acesso em: 20 mar. 2020.
105
143
Este é um dos eventos mais importante na área de Educação Física e Ciências do Esporte no Brasil. Os eventos
do Conbrace/Conice ocorrem bienalmente desde 1979. Cf. http://www.cbce.org.br/conbrace/. Acesso em: 20
mar. 2020.
144
O trabalho, de autoria de Ábia Lima de França e Augusto Cesar Rios Leiro, será apresentado em dezembro de
2021. Maiores informações em: https://conbrace.org.br/. Acesso em: 20 mar. 2021.
106
Gráfico 5 – Trabalhos de capoeira por GTT nas edições de 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019 do Conbrace/Conice
Quadro 5 – Trabalhos sobre a capoeira e as relações de gênero nas edições de 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019 do
Conbrace/Conice
Edição Título Autoria Ano
Capoeira regional: representações
XVII Conbrace sociais das mestras e formandas sobre Eliane Glória Souza;
2011
IV Conice sua inserção e atuação no ensino da luta Fabiano Pries Devide
no Rio de Janeiro
145
O evento acontece desde 1992 e busca colaborar com discussões acerca das relações de gênero e estudos sobre
a mulher. Cf. https://bit.ly/3cQwc4E. Acesso em: 30 mar. 2021.
108
Gráfico 6 – Panorama de trabalhos científicos sobre a capoeira e relações de gênero em renomados eventos de
Gênero/Feminismo
7
6
5
4
3
2
1
0
2013 2015 2017 2018
A partir da análise do Gráfico 6, percebe-se que, nos últimos cinco anos, tem aumentado
o quantitativo de estudos sobre a capoeira e as relações de gênero, cujo ápice se deu no ano de
2017. De um total de 11 trabalhos acadêmicos, a maior parte foi apresentado no evento Fazendo
Gênero e em menor proporção no Conages.
Desse modo, no Quadro 6, a seguir, apresento o panorama dos trabalhos socializados
nos anais dos referidos eventos:
Quadro 6 – Trabalhos acadêmicos sobre a capoeira e as relações de gênero nas quatro últimas edições dos
renomados eventos científicos de Gênero/Feminismo (continua)
Edição do evento Título Autoria Ano
Tem mulher na roda? Perspectivas
Paula Natanny
Fazendo Gênero 10 feministas sobre relações de gênero e 2013
Rocha Bezerra
feminilidade na capoeira
O feminismo que ginga: mulheres Francineide
Anais XI Conages capoeiristas angoleiras em Salvador dos Marques da 2015
anos 80 Conceição Santos
146
Ocorre desde 1994 e é considerado um dos eventos mais relevantes nas discussões de gênero e feminismo.
Cf.:https://bit.ly/3HR7CyZ. Acesso em: 20 mar. 2021.
147
O colóquio está na sua 13ª edição, que traz contribuições em torno das questões de gênero e sexualidades. Cf.:
https://bit.ly/3cNVPTJ. Acesso em: 20 mar. 2021.
109
Quadro 6 – Trabalhos acadêmicos sobre a capoeira e as relações de gênero nas quatro últimas edições dos
renomados eventos científicos de Gênero/Feminismo (conclusão)
Edição do evento Título Autoria Ano
Quem toca pandeiro é homem, quem
Fazendo Gênero 11 Rita de Cassia
bate boca é mulher: a capoeira como
& 13th Women’s Quadros; Andreza 2017
espaço de produção de sujeitos
Worlds Congress Estevan Noronha
generificados
A pesquisa científica e o feminismo
Fazendo Gênero 11
angoleiro: diálogo de conceitos pela Raquel Gonçalves
& 13th Women’s 2017
transformação social da mulher na Dantas
Worlds Congress
capoeira
Fazendo Gênero 11
Marcas étnicas e de gênero nas rodas de Veronica Daniela
& 13th Women’s 2017
Capoeira Angola Navarro
Worlds Congress
Fazendo Gênero 11
O corpo feminino no jogo da Capoeira Judivânia Maria
& 13th Women’s 2017
Angola Nunes Rodrigues
Worlds Congress
Fazendo Gênero 11
Rosângela Costa
& 13th Women’s Ginga: uma epistemologia feminista 2017
Araújo
Worlds Congress
Fazendo Gênero 11 “Eu sou artista e este é o meu corpo”: Luísa Gabriela
& 13th Women’s um exercício de identificação sobre Santos e Rosângela 2017
Worlds Congress representações de mulheres capoeiristas Costa Araújo
XX Encontro da Vanessa Coelho
Violência de gênero na capoeira 2018
Redor Moraes
Marias Felipas: história, experiências e
XX Encontro da estratégias de enfrentamento ao
Adriana Albert Dias 2018
Redor sexismo e à violência contra as
mulheres na capoeira
Movimento capoeira mulher:
XX Encontro da Maria Zeneide
mandingas, malícias, saberes ancestrais 2018
Redor Gomes da Silva
e feminismo na roda
Fonte: elaborado pela autora.
trajetória das mulheres capoeiristas, bem como que elas precisavam provar que dominam
elementos constituintes da capoeira para terem seu espaço respeitado.
Dois anos depois, foi apresentada a pesquisa de F. Santos (2015), que buscou resgatar
histórias de uma experiência feminista em Salvador, na década de 1980. O seu foco era tomar
como referência a trajetória de vida de mulheres negras do Grupo de Capoeira Angola
Pelourinho. A autora concluiu que a dignidade das mulheres perpassa pela efetivação do ser
protagonista de sua história, ser capaz de ter direito a ter direitos.
Posteriormente, foi socializado o trabalho de Quadros e Noronha (2017), que
problematizam a prática da capoeira como espaço de produção de sujeitos generificados. Ao
analisar 100 cantigas de capoeira, as autoras refletiram sobre a forma generificada de apresentar
o feminino e o masculino nas músicas, identificando a produção compulsória da
heterossexualidade e da coerência na capoeira.
O estudo de Dantas (2017) discutiu sobre as relações de poder e as categorias de
produção de conhecimento, no modo como se estruturam no interior da Capoeira Angola. A
autora elenca motivos que podem colaborar para o afastamento das mulheres da capoeira, como:
dupla jornada de trabalho, assédio sexual, assédio moral, violência, ausência de apoio para
cuidar dos(as) filhos(as), entre outros. Nesse sentido, o feminismo angoleiro se propõe a ser
potencial transformador dessa realidade.
No mesmo ano, foi apresentado o trabalho de Navarro (2017), que discutiu sobre as
relações entre as corporeidades nas rodas de capoeira do Grupo Nzinga (Salvador, BA),
refletindo sobre a diversidade étnico-racial e de gênero, as quais possibilitam que as formas de
ser, viver e existir no interior do grupo sejam repensadas a partir do encontro entre diferentes
histórias e memórias, bem como dos múltiplos feminismos possíveis, que permitem diálogos
horizontais e emancipadores.
O estudo de J. Rodrigues (2017) investigou o papel da mulher na capoeira a partir das
produções acadêmicas e de aspectos característicos desse universo. A autora traz diversos
questionamentos acerca das diferenças entre os corpos masculinos e femininos, relativos à
inserção na capoeira, aos espaços ocupados e à identidade em jogo, buscando assim contribuir
para a tessitura da história dos corpos femininos no jogo da Capoeira Angola.
O trabalho de Araújo (2017) toma a capoeira como uma tradicional expressão das
resistências políticas de povos africanos no Brasil, posicionando a ginga como uma
metalinguagem do feminismo angoleiro. A autora se posiciona contra a negação da capoeira
como esporte, por ser pouca transgressora e reprodutora do sexismo. Além disso, rejeita práticas
e discursos generificantes, buscando referenciais históricos que tratem da presença das
111
30 a 39 anos
53%
A partir do Gráfico 8, pode-se notar que, entre os anos de 1980 a 2002, poucas mulheres
foram consagradas mestras. A partir de 2010, porém, esse número tem sido mais expressivo a
cada ano, exceto em 2020 e 2021. Em minha avaliação, essa baixa no número de formação de
mestras deve estar relacionada com a suspensão de atividades e a instituição das medidas de
distanciamento social para a contenção da pandemia do Coronavírus.
114
O Gráfico 8 ainda revela que três mestras não identificaram os anos de suas formaturas
ou reconhecimentos. Abaixo, no Gráfico 9, apresento mais informações sobre as formas de
reconhecimento das mestras:
Mestres
92%
Fonte: elaborado pela autora.
Não
61%
Com base nessa questão, é possível constatar que uma grande parte das mestras (67) não
tiveram trabalhos com a capoeira fora do Brasil. Entretanto, em menor proporção, 42 mestras
tiveram experiências no exterior, em diversos países do continente europeu, asiático, sul-
115
americano, norte-americano, oceânico e africano. Inclusive, cinco mestras vivem nos seguintes
países: Áustria, Estados Unidos, França, Israel e México. No entanto, a maioria das mestras
estão espalhadas pelas várias regiões do Brasil, conforme exposto no Gráfico 11:
50
40
30
20
10
0
Sudeste Nordeste Centro- Sul Norte Não se
oeste aplica
Fonte: elaborado pela autora.
Sobre as regiões do Brasil em que as mestras estão residindo nesse momento, pode-se
perceber que o Sudeste lidera com o maior quantitativo (50), seguido do Nordeste (46). As
demais têm menos de uma dezena cada: Centro-oeste (4), Sul (3) e Norte (1); e ainda há 5
mestras no vivendo no exterior.
No que tange às respostas das questões abertas sobre os desafios e as experiências
exitosas nos processos formativos de mestras, depois de várias leituras e reflexões em torno do
conteúdo, classifiquei as respostas por intermédio de categorias. Segundo Gamboa (1998, p.
22), as categorias refletem “[...] todo-partes, abstrato-concreto, fenômeno-essência, causa-
efeito, análise-síntese, indução-dedução, explicação-compreensão e lógico-histórico”.
A partir das palavras e declarações das mestras colaboradoras, de maneira recorrente
nos questionários, elegi duas categorias temáticas, a saber: 1) a condição de ser mulher na
pequena e grande roda; 2) ser mestra.
116
Antes de fazer tessituras sobre a condição de ser mulher dentro e fora da capoeira, é
importante compreender o processo histórico das mulheres nos distintos tempos e contextos
geográficos, o qual foi discutido no capítulo anterior.
Em razão da sua complexidade, esta categoria foi dividida nas seguintes subcategorias,
a saber: ‘inserção em jogo: preconceito e/ou resistência’; ‘múltiplos papeis sociais’; ‘gestação
e maternidade em jogo’; e ‘as mulheres em formação: lutando para aprender’.
Entre as décadas de 1970 a 1990, dois pontos que perpassaram as trajetórias das
mulheres no universo da capoeira foram o preconceito e a resistência dos familiares, como se
pode conferir no relato abaixo:
Capoeira ainda era um esporte só para homens. Os meus pais não aceitavam
eu treinar e por isso eu fugia pela janela de casa com minha irmã para
conseguir treinar. Depois de muito tempo, meus pais aceitaram, e hoje minha
família toda pratica ou praticou capoeira. (M 1).
148
Trecho da música Eu sou Capoeira, da mestra Tida. Disponível: https://bit.ly/3CYGryp. Acesso em: 13 de
out. 2021.
117
Foi também o meu marido que me levou para as rodas do mestre Zé Pedro do
Rio de Janeiro, mas ainda foi o meu marido que, pressionado pelo sistema,
teve que me colocar na parede e pedir que eu escolhesse ou optasse entre a
capoeira ou a família. Porque era muito constrangedor para ele ver sua
esposa envolvida com malandros e vadios da capoeira, como era falado e é
até hoje em alguns lugares. (Mestra Cigana).149
Os relatos acima são de mestras que nasceram em lugares e tempos diferentes, iniciaram
na capoeira em anos distintos, mas enfrentaram o preconceito dos pais. mestra Cigana, ao
escolher a capoeira, perdeu o marido e a guarda dos filhos, além disso, possivelmente,
desencadeou outros danos para a sua vida.
Quero pontuar com isso dois aspectos que estão entrelaçados nos preconceitos dos
familiares: um se refere à possível estigmatização da capoeira e de seus(as) praticantes, por ser
uma manifestação cultural dos povos negros; e a outra, à constituição da família nos moldes
patriarcais, em que o homem exerce a soberania sobre os corpos das mulheres (BEAUVOIR,
1970).
Essas opressões patriarcais sentidas pelas mulheres, somadas a outros marcadores
identitários, como classe social e raça, vão dificultar ainda mais a inserção e a permanência das
mulheres em uma prática considerada majoritariamente masculina.
Nessa linha de pensamento, alguns relatos ainda identificam os desafios das capoeiristas
ao adentrarem nos espaços da capoeira sem ter nenhuma referência de mulher, em diversas
regiões do Brasil, como ressaltado pela mestra 65. A esse respeito, os estudos de Cordeiro
(2016) e Dantas (2020) também constataram que as mestras Dani e Elma, respectivamente,
eram as únicas em seus grupos.
Vale apontar que nem todas as mestras de capoeira enfrentaram resistências e/ou
preconceitos familiares, havendo ainda mulheres que tiveram apoio e até referência de seus pais
e mães capoeiristas para iniciarem na capoeira.
149
Depoimento mestra Cigana: Uma vida pela capoeira, no dia 12 de dezembro de 2019. Disponível:
https://www.youtube.com/watch?v=7pDGSNHZDjk. Acesso em: 20 mar. 2020.
118
150
Um trecho do depoimento da mestra Di. Disponível em: https://bit.ly/3HYagTx. Acesso em: 20 out. 2021.
119
É imprescindível falar ainda dos impactos do colonialismo na vida das pessoas negras.
Augusto (2016) chama a atenção para o mito da democracia racial no Brasil, que nunca protege
as mulheres negras. Sobre esse ponto, pode-se conferir o relato de uma mestra, que diz que o
maior desafio é:
Ser negra, morar em Bairros periféricos, ser mulher, não ter nível superior e
o machismo. Infelizmente os ‘homens’ foram criados com a ignorância
cultural, seguida de machismo. Pensei várias vezes em desistir quando algo
acontecia comigo, mas a vida é feita de escolhas e desafios. Hoje, tô aqui
dando minha contribuição como mestra de capoeira. (M. 6).
A partir desse relato, pode-se refletir sobre a negação de direitos sociais como educação
e moradia às pessoas negras, que, em sua maioria, ainda vivenciam esse problema na
contemporaneidade. Para Munanga (2015), o nó do problema está no racismo, que desumaniza,
hierarquiza e discrimina.
O depoimento de M 6 demonstra ainda a necessidade de ampliar a pauta da luta das
mulheres, descolonizando o feminismo para provocar a elaboração de teorias feministas que
dialoguem com as mulheres negras, lésbicas, indígenas, etc. (CARDOSO, 2014). Para além de
descrevê-las, cabe ao(à) pesquisador(a) modificá-las, rompendo o silêncio e a invisibilização
de diversas histórias que foram subalternizadas, descolonizando saberes, assumindo uma
postura antirracista, etc.
Tratar sobre a gestação vai além do nascimento de um bebê; é falar sobre as diversas
mudanças físicas, sociais e econômicas que vão impactar, sobretudo, a vida das futuras mães.
Esse é um dos temas que podem afetar as mulheres com mais intensidade; mesmo aquelas que
não querem ser ou não são mães, em algum momento da vida, provavelmente, já foram
questionadas se têm ou não filhos(as).
151
Trecho da cantiga da mestra Sheila, RJ.
120
Tal questão, antigamente, era tabu; reproduzia-se a condição de ser mulher e mãe como
algo ‘naturalizado’ na sociedade. As mulheres que não eram mães sofriam estigmatizações,
cobranças e opressões, pois ‘desviavam-se’ das condutas esperadas para as feminilidades.
É necessário compreender as discussões em torno das novas configurações familiares e
demandas da vida contemporânea, que ressignificaram os sentidos da maternidade, colaborando
para descontruir modelos universalizantes, preestabelecidos e idealizados sobre a figura da boa
e devotada mãe (ARTEIRO, 2017).
Retomando o diálogo sobre a gestação, nesse período, as mulheres podem enfrentar
diversos desafios para continuar exercendo suas tarefas cotidianas, como praticar a capoeira,
seja por recomendações médicas, por exemplo, em caso de risco de aborto, ou até as construções
sociais nos moldes patriarcais, que impõem limites aos corpos das mulheres, sob o viés da
fragilidade. Abaixo, foram elucidados alguns obstáculos nos processos formativos das mestras:
No meu caso, sou mãe solo e criei minha filha dando aulas e cursos e
sobrevivendo somente com subsídios da capoeira. Sou forte e vencedora com
as experiências. sou negra, resistência e persistência no universo da capoeira.
(M 20).
Como mulher preta e mãe solo, tive muitos percalços para me manter neste
caminho da capoeiragem, pois, dentro de uma sociedade excludente,
atravessada principalmente pelo racismo, que não dá trégua, tudo se torna
mais difícil pra gente. (M 71).
152
Trecho da música Sempre agradecer, da mestra Nani de João Pequeno.
122
153
A pesquisa de E. Silva (2018) também evidenciou essas mesmas dificuldades enfrentadas pelas 10 mestras e
mestrandas de capoeira.
123
Por isso, a M 73 afirma que é preciso “[...] denunciar, muitas vezes, as cantigas que
constituem tradição na capoeira, mas, na verdade, têm intenção de perpetuar o trato
pejorativo”.
Há um aumento significativo de mulheres capoeiristas que se recusam a entoar as
cantigas de capoeira que têm cunho sexista (FIGUERÔA; SILVA, 2014; TAVARES, 2019).
Com isso, elas têm rompido o silêncio e transformado ou criado outras cantigas como forma de
lutar contra o machismo.
No que se refere às vivências corporais, alguns relatos das mestras (M 33, M 34, M 45)
apontaram limitações individuais em suas trajetórias formativas e a necessidade de se superar
e adquirir aptidões físicas “[...] que possibilitem movimentos ágeis, flexíveis e bonitos” (M 46).
Vale salientar que, na Capoeira Angola, não há o objetivo de executar movimentos rápidos,
124
nem com flexibilidade. Geralmente, esse estilo exige equilíbrio, força e resistência para
executar os movimentos corporais.
Durante as rodas de capoeira, pode-se colocar em prática o que foi aprendido nos treinos,
mas, nessas vivências, podem ocorrer episódios de desrespeitos, opressões e até violências de
diversos tipos contra as mulheres. Isso ocorre independentemente do estilo de capoeira, como
se pode ver no seguinte relato:
Na minha 1° roda de Capoeira, tomei uma banda nas duas pernas e caí de
costas no chão. O mestre falou: mulher aqui é tratada que nem homem. (M
104).
154
Cf. Camões (2020).
155
Cf. Martielo (2021).
156
Tipo de berimbau que tem a cabaça maior, também chamado de berra-boi. Sua função é organizar e direcionar
o ritual da roda de capoeira e geralmente é tocado pelo(a) mais velho(a), que tem mais experiência na capoeira.
125
as mulheres no colo, levantá-las beijando no glúteo, chutar suas costas, acertar golpes em seu
rosto, etc.
Que estratégias têm sido adotadas no universo da capoeira para lidar com as
desigualdades de gênero? Como modificar os comportamentos masculinos que oprimem e
violentam os direitos das mulheres capoeiristas? Quais as mudanças que têm ocorrido na
capoeira quando as mulheres se tornam ou são reconhecidas como mestras?
Essas perguntas são complexas, e, sem dúvidas, para haver grandes transformações no
universo da capoeira, é imprescindível que ocorram mudanças em diversos setores da
sociedade. Em consonância com Paulo Freire (1987), somos da opinião de que transformar a
realidade opressora é tarefa histórica, tarefa de homens e mulheres.
Falar sobre ser mestra é refletir sobre a condição de ser mulher na sociedade,
perpassando por outros marcadores identitários; é tecer sobre as experiências, os saberes e os
conhecimentos adquiridos no decorrer das trajetórias nos grupos de capoeira, tanto no dos(as)
seus(suas) mestres(as) quanto em seus próprios espaços. É tecer ainda sobre as contribuições
culturais, sociais e educativas em distintos contextos, seja, eles escolares, comunitários,
familiares e universitários, dando aula, conduzindo eventos, liderando grupos, coletivos de
mulheres, etc.
157
Trecho da música Mestra Siomara. Disponível em: https://bit.ly/3CUXEsN. Acesso em: 20 mar. 2021.
126
Corroborando com essa linha de pensamento, a M 62 ainda acrescenta que ser mestra é
“[...] conquistar a cada dia um espaço dentro da Capoeira, conseguir fazer um trabalho sério,
de qualidade e de muito reconhecimentos”.
Esses relatos expressam parte das exigências da prática de um(a) bom educador(a),
apontada por Paulo Freire, patrono da educação brasileira, dentre as quais se destacar: a
rigorosidade metódica, a pesquisa, o respeito, a ética, a reflexão crítica, a consciência do
inacabamento, o bom senso, a humildade, a tolerância, a curiosidade, o comprometimento, a
disponibilidade, a tomada de consciência, dentre outras (FREIRE, P., 1996).
Apesar das transformações que ocorreram no universo da capoeira ao longo da história,
alguns ensinamentos vão se mantendo ‘vivos’, propagados de geração para geração por
intermédio da figura do(a) mestre(a), considerado(a) o(a) guardião(ã) da memória da capoeira.
Para Bosi (1979), as pessoas mais velhas são a fonte de onde jorra a essência da cultura, na qual
o passado se guarda e o presente se prepara. Logo abaixo, apresentam-se depoimentos que
traduzem a relação entre mestre(a) e discípulo(a):
Acho que a experiência mais significativa seria ter os formandos que tenho
hoje, pois são pessoas que estão comigo ao longo de tantos anos, então é a
experiência de ser educadora (M 4).
Quem me faz eu me tornar mestra são meus alunos, eu aprendo todo dia e acho
que é mais isso, a relação de horizontalidade humana que tem na Capoeira
Angola, é o respeito pelo ser humano independente da função, da graduação;
a gente respeita a todos; o respeito é horizontal não porque você é mais ou
menos, mas porque você está. (Mestra Elma –BARBOSA, V., 2017, p. 116).
Um(a) mestre(a): o(a) mágico(a). O(a) catalisador(a). Um caminho de
ressignificação mitológica. Organizador do ritual. Elo palpável na cadeia de
pertencimento. Um(a) formador(a) de discípulos(as), um(a) discípulo(a).
Um(a) educador (a) angoleiro (a)! (Mestra Janja – SILVA, A., 2014, p. 47).
Dito de outra forma, o(a) mestre(a) é um(a) personagem importante que articula os
conhecimentos acumulados, tanto do passado como do presente, produzindo novas formas de
saber-fazer que podem contribuir significativamente para a formação de outros(as)
discípulos(as) (TUCUNDUVA, 2015).
No tocante à consagração de mestras, a maioria das colaboradoras relatou ter recebido
títulos dos(as) seus(as) mestres(as), e uma pequena parcela obteve reconhecimento apenas da
comunidade da capoeira. Esta última forma de reconhecimento, segundo Paiva (2007),
representa os pares da capoeira, que podem ser alunos(as), capoeiristas pertencentes ao seu
grupo, ou ainda ex-alunos(as) e contramestres (as) que têm relações com outros grupos de
capoeira.
Ser aceita por mestres mais velhos de capoeira, [pois]o machismo ainda
impera nas rodas. (M 20).
Hoje me sinto reconhecida nos lugares onde chego, mas, ainda assim, preciso
me afirmar para que os que não me conhecem me deem credibilidade. O
processo não vai acabar; acredito que nós é que estamos dispostas a enfrentar
esse machismo, que está enraizado. (M 69).
Eu sempre fui muito discriminada. Quando eu voltei para o Rio, ninguém me
aceitou como mestra. Eu tenho diploma do mestre Canjinquinha, fui a
primeira mestra oficializada pela Confederação Brasileira de Pugilismo
(CBP). (Mestra Cigana – CAMÕES, 2019, p. 61).
Foi possível perceber, por trás de cada depoimento, a complexidade do que é ser mulher
na pequena e na grande roda: os distintos obstáculos em suas trajetórias de vida, pela condição
de serem mulheres, os papeis sociais desiguais, os preconceitos e as resistências dentro e fora
129
da capoeira, que, de alguma fora, impactam em suas atuações. Além disso, alguns relatos
evidenciaram ainda o racismo estrutural:
Foi interessante notar que as mestras desenvolvem distintas atividades, projetos, eventos
e trabalhos com a capoeira. Dentre os inúmeros trabalhos desenvolvidos, destacam-se: a
organização de encontros, como o ‘Encontro Nacional de Capoeira’, no Circo Voador, em 1985,
na Mesa Feminina de Capoeira (M 16); a construção de projetos como ‘É cor-de-rosa
choque’(M 35); a organização de Roda Feminina (M 40); o trabalho com a capoeira fora do
Brasil (M 2, 24, 43, 61, 69, 74, 99); a produção de DVD e CD (M 1, M 38); a representação em
conselhos de mestres do Iphan (M 48); atividades em uma Organização não Governamental
(ONG) (M 58, 84, 109); a presidência (M 94) e a vice-presidência de uma associação de
capoeira (M 68); e pesquisa científica (M 2, 35).
A partir disso, pode-se inferir que, durante suas trajetórias formativas, apesar de serem
marcadas por desafios e preconceitos de gênero, as mulheres têm conquistado distintos espaços
e campos de atuação, colaborando para o protagonismo, a visibilidade e o reconhecimento do
papel e da relevância das mestras de capoeira.
131
“Iêeeeeeeeeeeeee!
Vou contar uma história
falar de mulher guerreira
Mulher negra quilombola
A mulher na capoeira
Fala de Acotirene
Do seu grito que ecoou
Era a mãe do quilombo
Palmares ela lutou
Luisa, que é mulher negra
Gege e nagô da Bahia
Nos males e sabinada
Lutou em ninguém sabia
Ainda na velha Bahia
Falar de Janja e Felipa
Mulheres fortes guerreiras
Capoeiras destemidas
chegando no Pará
Terra de Silvia Leão
Ela é mestra Pé de Anjo
Mora no meu coração
Na angola ou regional
Ela mostrou o seu valor
E pra jogar lá no céu
Nosso senhor já lhe chamou
Camaradinha...
Iê, viva meu Deus!
Iê, viva meu Deus, camará159
158
Trecho da música de mestra Gegê (PINHEIRO, 2018, p. 98).
159
Música de Margarida, canto gravado em vídeo, em 4 de maio de 2018 (SILVA, M., 2018).
132
É através das cantigas de capoeira que a cultura popular pode se manter ‘viva’,
propagada entre as diversas gerações, revelando trajetórias de mulheres e homens capoeiristas.
Nessas cantigas, além do resgate histórico de mulheres guerreiras que lutaram no período da
escravidão e colonização, foram registradas histórias de mestras, como as das mestras Janja e
Pé de Anjo (in memoriam).
É importante acompanhar o processo histórico da capoeira, que foi abordado no capítulo
anterior, para facilitar a compreensão em torno da invisibilização dos registros biográficos e
documentais sobre as mulheres na capoeira, principalmente nos séculos XIX e XX. Assim,
Salvatici (2005, p. 36) acrescenta que
160
Vários estudos apontaram o reconhecimento da mestra Cigana como a pioneira (SILVA, M., 2017).
133
Figura 21 – Mestra Tonha Rolo do Mar (esq.), mestra Sandrinha (centro) e mestra Cigana (dir.)
Fonte: María de la Paz Ramons (2020),161 Revista Dô162 e Revista Praticando Capoeira (da esquerda para a
direita).
161
Obra Capoeiras Notebook 2021, Impresso em Málaga España. Disponível: Paz Ramos illustration
(@ramosreyes.paz) • Fotos e vídeos do Instagram. Acesso em: 1º ago. 2021.
162
Mestra Sandrinha. A mulher na roda de capoeira. Dô. Revista de Artes Marciais, n. 10 (1979), p. 22-25.
134
Figura 22 – Entrevista do mestre Cobrinha Verde mencionando a mestra Tonha Rolo do Mar
No trecho destacado, o mestre Cobrinha Verde163 fala que considerava Tonha Rolo do
Mar, seu ‘mestre’ de jogar a navalha no cordão, nas mãos e nos pés. Nesse período, tanto a
navalha, quanto o pau e a faca eram símbolos que se associavam à capoeiragem (FIALHO,
2019). Importante situar que o mestre Cobrinha Verde nasceu em Santos Amaro, em 1917, e
viveu até 1983, tendo passado por vários lugares, como Manaus, Salvador, São Paulo, entre
outros.
Contudo, não é possível afirmar por quanto tempo a mestra Tonha Rolo do Mar
contribuiu com a trajetória do mestre Cobrinha Verde, nem em que ano isso aconteceu;
possivelmente, deve ter sido durante as primeiras décadas do século XX, pelos fatos narrados
no livro de M. Santos (1991), citado nas pesquisas de Simões (2002) e Castro (2007). Essa
ausência de registros compromete o trabalho dos(as) pesquisadores(as) e pode enviesar os
discursos, para que não sejam reais.
Importante destacar que dialoguei com alguns(mas) historiadores(as) e capoeiristas,
como Josivaldo Pires de Oliveira,164 Antônio Liberac Cardoso Simões Pires,165mestre
Macaco,166 e Mônica Beltrão,167 sobre a história da mestra Tonha Rolo do Mar. Apenas Beltrão
tinha a referência do livro, o qual foi citado anteriormente, os demais não tinham nenhuma
informação sobre a mestra.
Não encontrei mais informações sobre a mestra Tonha Rolo do Mar na Coleção
Biográfica: os mestres Pastinha, Bimba e Cobrinha Verde no Museu Afro-Brasileiro da UFBA
163
Rafael Alves França, nascido em Santo Amaro.
164
Mestre Bel reside atualmente em Feira de Santana, é doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA,
leciona História da África na Uneb, tem várias produções científicas e, recentemente, em 2019, lançou o livro
O urucungo de Cassange: um ensaio sobre o arco musical no espaço atlântico (Angola e Brasil).
165
Graduado, mestre e doutor em História, atualmente é professor de História na Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB).
166
Raimundo José das Neves é uma referência dentro de Santo Amaro, onde desenvolve atividades culturais como
maculelê e capoeira. É fundador da Associação de Capoeira Arte e Recreação Berimbau de Ouro (Acarbo).
167
Técnica Pedagoga, servidora pública de Recife, escritora e capoeirista.
135
lançado em 2015, apesar de haver informações sobre ela na obra de Marcelino Santos (1991),
o qual foi referenciado em um dos capítulos sobre o mestre Cobrinha Verde.
Nesse sentido, apesar de o trabalho aprofundar as histórias e memórias de mestres
pioneiros em Santo Amaro, como Besouro Mangangá, Gato, Cobrinha Verde, Messias, etc.,
também não localizei informações sobre a supracitada mestra na dissertação de Barcelli (2018),
que tratou sobre a capoeira no Recôncavo Baiano.
O fato de não encontrar outros vestígios sobre a referida mestra leva-me a refletir sobre
a invisibilização da história das mulheres, uma ausência “[...] construída nos processos de
memória e esquecimento, influenciados pela colonização dos valores da Capoeira pelo
binarismo de gênero, exógeno ao caldeirão cultural afro-brasileiro que herda outras maneiras
de compreender e constituir as diferenças” (FIALHO, 2019, p. 146).
Fonte: Mestra Sandrinha. A mulher na roda de capoeira. Dô. Revista de Artes Marciais, n. 10 (1979), p, 22-25.
Mestra Sandrinha (in memoriam), uma das mestras pioneiras na capoeira, nasceu em
1959, no estado do Rio de Janeiro. Participou de vários shows com o Grupo Sabata, no Clube
Guanabara e no Grupo Filhos de Obá, do Rio de Janeiro e da Bahia, respectivamente. Em 1970,
137
Mestra Cigana
A fafá de Canquijinha
Nossa guerreira capoeira
Foi uma das pioneiras
Que lutou sem desistir.
No seu início, ela teve que casar
Para jogar a capoeira e também se libertar.
Ao escolher a capoeira,
Perdeu a guarda dos filhos e o esposo.
Quebrando tabus por ser mulher
A sua história é inspiradora.
Foi na década de 80
que foi reconhecida a mestra
Mas sofreu perseguição,
Machismo e também opressão.
Você não está sozinha,
você é a nossa inspiração.
138
Essa é a mestra Cigana (Figura 24), uma das mestras pioneiras que iniciaram na capoeira
em 1970. Foi reconhecida mestra em 1980, pelo mestre Canjiquinha. A sua biografia pode ser
encontrada em alguns estudos científicos, como o de A. Silva (2019), em vídeos do YouTube,
em reportagens disponíveis nas redes sociais, entre outros meios. Nascida em 23 de junho de
1956, em Volta-Redonda, foi no Pará que iniciou na capoeira, e em Salvador foi reconhecida
mestra. Na próxima subseção, apresentarei o seu registro biográfico e mais informações sobre
sua trajetória de vida.
139
Na presente subseção, trouxe alguns elementos para aguçar as reflexões em torno dos
registros sobre o pioneirismo de algumas mestras de capoeira. Se, no passado, a forma de
registrar os documentos excluía as mulheres, atualmente, elas têm narrado suas trajetórias em
livros, documentários, dissertações, teses, etc. A seguir, apresento registros biográficos sobre
algumas mestras de capoeira.
168
Cf.: https://www.whatsapp.com.
140
Para sistematizar o catálogo com os registros biográficos das mestras foi crucial a
aplicação de questionários tendo a colaboração de 109 mulheres autodeclaradas mestras, a obra
de Toninha (2019),169Maxwell (2019)170 e Figueiredo (2021)171que apresentaram diversas
biografias das mestras.
Foram também importantes uma edição da Revista Dô,172 os livros de M. Santos (1991),
de173 Oliveira e Fagundes (2020) e de174 Bonates e Cruz (2020);175 as pesquisas acadêmicas de
S. Santos (2011),176 Fernandes (2013),177 A. Silva (2014),178 Granada (2017),179 V. Barbosa
(2017),180 M. Silva (2017),181 Pinheiro (2018),182 A. Silva (2019),183 Camões (2019),184 E.
Oliveira (2019),185 Tomé (2020)186 e Dantas (2020),187 as quais possibilitaram o
aprofundamento sobre as histórias de vida de algumas mestras.
Uma das pesquisas acadêmicas pioneiras sobre mestras de capoeira foi a de Eliane Reis,
conhecida como mestra Francesinha, na dissertação Capoeira Regional: representações sociais
das mestras e formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio de Janeiro em
2011. Alguns anos depois, a autora publicou a tese As mestras de capoeira: empoderamento e
visibilidade, em 2018, na qual analisou 10 trajetórias de mestras e formandas.
Importa sublinhar que, através do Projeto ‘Saberes dos mestres e das mestras na capital:
a salvaguarda da Capoeira Viva’, coordenado pelo mestre Thiago Baldez e Jaqueline de Moraes
e Silva, foi possível ter acesso a algumas biografias188 de mestras do Distrito Federal. Em 2022,
será lançado o resultado da pesquisa, intitulada As mestras do Distrito Federal. No mesmo ano,
169
O livro disponibiliza as biografias das seguintes mestras: Colette, Janja, Ritinha, Paulinha, Cristina, Elma,
Tisza, Samme, Gegê, Di, Jararaca, Alcione, Cris e Nani.
170
A obra narra a história de vida de várias mestras, como: Ana Dourada, Cigana, Criança, Francesinha, Gegê,
Iúna, Janja, Jô, Lu Pimenta, Mara, Nani de João Pequeno, Nega Uara, Noa, Preguiça, Renatinha, Rosita, Sara,
Suelly, Tida, Tisza, Úrsula, etc.
171
A obra apresenta as mestras: Bya, Claudia, Dandara, Esperança, Fafá, Janja, Jararaca, Lene, Nani de João
Pequeno, Nena, Patrícia, Paulinha, Pequena Rasta, Preguiça, Raquel, Soninha, Taísa, Tekka e Tisza.
172
A revista apresenta registros biográficos sobre a mestra Sandrinha (in memoriam).
173
A obra revelou vestígios sobre a mestra Tonha Rolo do Mar (in memoriam).
174
O livro socializou biografias das mestras Valdira e Valéria, consagradas em 2021.
175
Os autores apresentam informações sobre a mestra Deusa.
176
A autora apresentou registros sobre as mestras Cigana, Janja e Edna Lima.
177
O estudo tratou sobre a biografia da mestra Maria Pandeiro.
178
A dissertação tratou sobre Ana Maria, que foi reconhecida mestra em 2021.
179
O autor trouxe algumas informações sobre a mestra Sylvia.
180
A pesquisa discorreu sobre a história de vida da mestra Elma.
181
A produção acadêmica versou sobre a mestra Pé de Anjo (in memoriam).
182
O estudo abordou as trajetórias das mestras Janja e Paulinha.
183
A dissertação apresentou as biografias das mestras Janja, Gegê, Cigana e Jararaca.
184
O estudo tratou sobre a biografia da mestra Catita.
185
A produção acadêmica discorreu sobre a mestra Furinha.
186
A dissertação escrita pela mestra Tati tratou sobre sua trajetória na capoeira.
187
A pesquisa tratou sobre as histórias de vida das mestras Elma e Cristina.
188
Foram disponibilizadas as entrevistas das mestras Alaíde, Baianinha, Meo, Mirinha, Quequel e Zanga.
141
será lançado pelas autoras, Ananda Bermudes Coutinho e Chaila Jacobsen Leopoldino, o livreto
“Mulheres de ginga: Um registro de capoeiristas do Espírito Santo”.
Após a sistematização inicial dos registros biográficos, construídos a partir das respostas
dos questionários e do levantamento documental, contactei 198 mestras de capoeira, para
atualizar as informações e solicitar autorização para apresentar os seus registros biográficos na
minha pesquisa.
A pesquisa buscou resgatar memórias subterrâneas sobre as mestras de capoeira, que,
durante muitos anos, foram invisibilizadas e silenciadas (POLLACK, 1989) no decorrer da
história. Contudo, esse catálogo também pode funcionar como um instrumento de diagnóstico
que possibilite a reflexão sobre as diversas histórias e os caminhos percorridos na pequena e na
grande roda, nos distintos territórios.
Para fazer tessituras sobre o território, fundamento-me no pensamento de Milton Santos
(2003), que aponta ser o chão e a população uma identidade, o sentimento de pertença. Diante
disso, penso que é fundamental situar, no tempo e no espaço, o sujeito que pertence ou ocupa
um determinado espaço geográfico.
Dito de outra forma, Santos (2004) assevera que o território é sinônimo de espaço
humano, espaço habitado, no qual as pessoas transitam para trabalhar, desfrutar do lazer,
vivenciar as rodas de capoeira, interagir socialmente, dentre inúmeras possibilidades de
pertencimento.
Não aprofundarei as singularidades de cada região, mas é importante apontar que as
questões políticas, econômicas, culturais e sociais de cada lugar interferem na trajetória e na
formação das(os) praticantes de capoeira. É nesse sentido que pretendo apresentar os registros
de mestras de capoeira das cinco Grandes Regiões do território brasileiro, a saber: Nordeste,
Sudeste, Sul, Centro-oeste e Norte.
Esse levantamento é inclusivo, portanto aberto a novas pesquisas científicas, a fim de
atualizá-lo e, se possível, divulgar as informações no universo da capoeira como forma de
salvaguardar memórias e histórias de guardiãs da cultura popular, evocando o passado e fazendo
apelo às lembranças (HALBWACHS, 1968). Ao total, o catálogo contém 257 biografias de
mestras de capoeira pertencentes a distintos territórios, dentro e fora do Brasil.
O funcionamento da memória individual não é imaginável sem estes instrumentos, as
ideias e as palavras, acrescidas ainda das fotografias das mestras de capoeira, que, juntas,
qualificam a escrita, ilustrando e retratando o que se escreve (BRANDÃO, 2005). Elas podem
trazer constatações compreensíveis ao apresentar um texto de outra alocução que dialoga
paralelamente com a escrita.
142
São imagens [...] que nos permitiram compreender e interrogar, de certo modo,
a sociedade em que vivemos, criando ‘conhecimentos significações’ e
memórias, fazendo, assim, ressurgir sentimentos e pensamentos cada vez que
as ‘vemosouvimos’. Isto nos permite afirmar que essas imagens [...] nos
formam, desde sempre, como pessoa, cidadão e profissional. (ALVES et al.,
2020, p. 225).
Apesar desse avanço quantitativo e qualitativo, é constante a luta das mulheres pela
conquista de espaços, na capoeira e na sociedade. Paulatinamente, elas vão sendo reconhecidas
por seus grupos, pelo trabalho desenvolvido em suas comunidades e cidades, recebendo moção
de congratulações e até título de doutora honoris causa, no caso de uma mestra.
O catálogo de mestras apresentado acima identificou mulheres de distintas gerações,
etnias, orientações sexuais, territórios geográficos, grupos e linhagens de capoeira. As mestras,
em sua maioria, desenvolvem trabalhos (corporais, artesanais, acadêmicos, cinematográficos,
literários, etc.) com a capoeira em distintos espaços sociais e educativos, mas há mestras que
não pertencem mais ao universo da capoeira. É importante apontar que as mestras de capoeira
estão conquistando seus espaços e protagonizando suas histórias dentro e fora da capoeira.
189
A capoeira, ao mesmo tempo em que é uma prática inclusiva e democrática, também pode reproduzir a
exclusão, o machismo e o sistema patriarcal (SILVA, E., 2018).
146
190
A tese de Dantas (2020) aprofundou o debate sobre a criação e as ações do referido grupo.
147
192
Tinham como integrantes Pé de Anjo, Sininho, Karen, Cristina, Margarida, Catita, Suely, Tsunami e muitas
outras paraoaras (SILVIA, M., 2018).
148
Em 2004, foi criada a Rede Angoleira de Mulheres (RAM),193 sob a liderança da mestra
Janja, cuja finalidade é construir diálogos e ações de resistência, aproximando mulheres de
diferentes locais, dentro e fora Brasil, fortalecendo ações, conversas e eventos, bem como
realizando manifestações públicas, como cartas de repúdio, por exemplo (CAMÕES, 2019).
Em 2006, na Alemanha, as angoleiras do Grupo Chamada de Mandinga (GCM)
organizaram o evento ‘Angoleiras em Colônia/Angoleiras sem Colônia’, para debater as
desigualdades sociais e políticas e as relações de gênero, com a participação das mestras Janja,
Paulinha, Cristina e Gegê e das contramestras Susy e Chris Colônia, dentre outras. Além desse
evento, a contramestra Susy realizou o Women Capoeira Angola Easter-Meeting (BRITO,
2015).
Em 2009, ocorreram várias articulações e eventos protagonizados por mulheres, como:
o evento ‘Menina, quem foi sua mestra?’, organizado pelo Instituto Professor Carlos Augusto
Bittencourt (Incab) e o Coletivo Mandinga de Mulher, em colaboração com a Fundação Pierre
Verger. Em seguida, ocorreram as edições do Chamada de Mulher, que vem ampliando os
debates e fortalecendo a luta antissexista e antirracista (DANTAS, 2020).
No mesmo ano, foi fundado o Coletivo ‘Dona Maria, Como Vai Você?’ em Porto Alegre
pelas seguintes capoeiristas: mestra Didi, professora Priscila, professora Maitê, instrutora Foca,
Dibarro e a historiadora Gaudéria. Os objetivos do coletivo são: participação efetiva e
representatividade feminina, estudo e pesquisa, prática e difusão da capoeira, defesa dos
interesses relacionados às mulheres e suas necessidades (FIGUERÔA, 2021).
Em Pernambuco, ainda em 2009, as mestras Bel e Dani criaram o projeto ‘É cor-de-rosa
choque’, formado por mulheres do Centro de Capoeira São Salomão (BEZERRA, 2013), cujo
objetivo principal é servir como um espaço de empoderamento da mulher capoeirista. O projeto
surgiu da necessidade de algumas mães capoeiristas que não conseguiam treinar durante a
semana: “[...] resolvemos inicialmente nos reunir nas manhãs de sábado para treinar, tocar,
cantar e conversar sobre nossas necessidades e sonhos, dentro e fora da capoeira” declara a
mestra Bel.194
O projeto foi se expandindo e oportunizou o compartilhamento de experiências entre
mulheres de outros estados, por meio do I Encontro Feminino de Capoeira: A mulher entrou na
roda, que ocorreu em 2010, inspirado no livro organizado pela mestra Bel, o qual reúne
193
“Atualmente, a RAM possui cerca de 250 mulheres angoleiras, representantes de 17 países: Brasil, Argentina,
México, Colômbia, Chile, Estados Unidos, Japão, Espanha, Alemanha, França, Portugal, Suíça, Reino Unido,
Finlândia, Guiné, Kosovo, Vaticano” (DANTAS, 2020, p. 214).
194
Depoimento da mestra Bel no dia 13 de julho de 2021.
149
195
Depoimento da mestra Bel no dia 13 de julho de 2021.
150
provocando um corpo-atitude. O Canto de Aidê produz pistas e me ajuda a olhar para a prática
da capoeira como uma constante reinvenção de si” (FERREIRA, S., 2019, p. 65).
Em solo carioca, em 2018, foi fundado o Coletivo Angoleiras Pretas, que buscava
mapear as mulheres negras na Capoeira Angola e convocava outros saberes para a roda dos
conhecimentos que se fundamentam na ancestralidade africana (DANTAS, 2020). A partir dos
debates e da identificação das capoeiristas negras, é possível dar visibilidades a essas mulheres,
além de tensionar debates acerca do racismo, pois o número de mestras negras angoleiras que
alcançam esse lugar de prestígio dentro da capoeira ainda é pequeno.
Essa pauta também foi apontada no surgimento do Movimento Dandara, Viva Capoeira,
que “[...] nasceu após o evento feminino da mestra Magali, que ocorreu há alguns anos atrás,
onde sentimos a necessidade de realizarmos um evento reivindicando a visibilidade das
mulheres negras e capoeiras veladas na nossa história”. O coletivo realiza uma série de
encontros, palestras, debates, trocas de experiência, documentário e encontros de musicalidade,
para refletir sobre as questões de gênero, as identidades, os feminismos plurais, a diversidade e
a inclusão de todos(as)196.
No estado da Bahia há vários coletivos atuantes, compostos por várias mulheres, de
diversas graduações dentro da capoeira, como: Dona Maria, Como Vai Você?;197 Marias
Felipas;198 Vadeia, Sinhá e Sinhô;199 Movimento de Mulheres da Capoeira Angola;200 Ginga
Feminina;201 Mulher de Fibra;202 Coletivo de Mulheres do Portal do Sertão;203Coletivo
Feminino ‘Mulheres de Resistência’;204Mulher na capoeira tem axé; Berimbau Rosa; Mulheres
que gingam; Tons, sons, mulheres capoeiras;205 e Mulher que tem dendê.206
196
Depoimento da mestra Francesinha no dia 14 de julho de 2021.
197
Na condução da professora, Índia e outras integrantes realizam diversas ações, inclusive a Roda de Integração
Feminina, há mais de 10 anos.
198
Integrantes: Adriana Albert Dias, Christine Zonzon e Joana Maçal. Eu e a mestra Lilu Pimenta já fomos
integrantes do grupo, inclusive. Para aprofundar o conhecimento sobre o coletivo, consulte a pesquisa de A.
Dias (2018).
199
Fundado pelas capoeiristas: professora Paulinha; formada Virgínia; instrutoras Mayne, Milena, Josélia e Sinha.
200
Fundado pela contramestra Brisa do Mar e a professora Ale Matt, na Barra Grande, em Ilha de Itaparica, BA.
201
Fundado pela mestra Geisa, de Salvador.
202
Foi criado pela mestra Geisa.
203
Duas fundadoras atuantes são: mestra Nzinga e professora Negona, ao lado de outras capoeiristas.
204
Fundado pela mestra Andrea em Vitória da Conquista.
205
Mulheres da Bahia que registraram suas músicas e biografias: mestras Nani, Bya, Pequena Rasta, Nani e
Jararaca; contramestras Tartaruga, Nzinga, Princesa, Brisa do Mar e Catalina.
206
Integrantes: Mary, Mulhehome, Andorinha, Boneca (formadas); monitora Africa, instrutora Andresa e Adriele.
151
207
Composto pelas mestras Roberta, Carla, Claudinha, Felina, Flanela, Paulinha, Nega, Janaina, Vanda, Doralice,
Darlyane e Bruxinha.
208
Sob a liderança da mestra Jana.
209
Foi criado em 2012 e pauta a temática de conscientização política, corporal, ritmo e dança (SILVA, S., 2017).
210
Sob a liderança da mestra Didi
211
Capoeiristas de São Paulo.
212
Fundado pela mestra Júlia, da cidade de Manaus.
213
Tem como fundadora a mestra Kodak e como cofundadoras as mestras Darlene e Foguinho, entre outras
contramestras e mestras, que buscam integrar as capoeiristas em prol da capoeira, dando visibilidade às ações
das contramestras e mestras do Rio de Janeiro.
214
Coletivo de mulheres capoeiristas de Juiz de Fora e região.
215
Rio Grande do Norte.
216
Fundado pela mestra Júlia da cidade de Manaus.
217
Camões (2020) destaca que o coletivo luta pela desconstrução de estereótipos de gênero, valoriza mulheres e
homens (cis ou trans) dentro da capoeira.
218
Formada por 10 grupos de Capoeira do Espírito Santo, de norte a sul do estado, tem professoras, instrutoras,
mestranda, contramestra e mestras.
219
Foi criado pela mestra Brisa em 2018, porém, atualmente, não conta com a participação dela, mas é um coletivo
com 162 mestras e contramestras (atuantes: contramestras Tartaruga, Princesa, Boca, Natália e Carlinha;
mestras Patrícia, Renatinha, Lu Baobá, Nagô e Rosa).
220
Movimento direcionado ao empoderamento das mulheres, sob a liderança da mestra Fru. Conta com o auxílio
da mestranda Di na condução das atividades.
152
5 IÊ DÁ VOLTA AO MUNDO
Iê, viva nossas mestras, camará!!
Iê, são resistência!!
Iê, na pequena e grande roda!!
Iê, estão lutando!!
Iê, marcando nossa história!!
Iê, viva as mulheres!!
desencaixando as partes, que, uma vez conectadas, transformaram-se neste todo complexo. Essa
foi uma das etapas mais desafiadoras, porque requereu um trabalho minucioso, de muita leitura
e diálogo com os(as) mais antigos(as) capoeiristas, visto que não almejava deixar de fora
nenhum nome de mestra.
Se, no passado, a forma de registrar os documentos invisibilizava as narrativas das
mulheres, na contemporaneidade, elas têm narrado suas histórias em lives, documentários,
livros, pesquisas científicas, dissertações de mestrado, teses de doutorado, etc. A rápida
expansão das TICs tem facilitado o acesso às informações sobre a capoeira, inclusive o ensino
das aulas e o compartilhamento de experiências, principalmente em tempos de pandemia.
As mestras de capoeira, em sua maioria, passaram por um processo formativo dentro
dos grupos de capoeira, cada qual com suas próprias normas, códigos e ensinamentos, mas há
também aquelas que receberam o título de mestra da comunidade popular, em vida ou post
mortem, por suas histórias de vida e pelos saberes que acumularam e transmitiram para os(as)
outros(as) capoeiristas.
A pesquisa indica a necessidade de ampliar os estudos históricos sobre as mulheres na
capoeira, nas distintas regiões do Brasil; de criar espaços alternativos para bebês e crianças nos
grupos de capoeira; de montar ludotecas de capoeira nas escolas; de elaborar materiais
pedagógicos que tematizem a capoeira e as relações de gênero; de construir um Centro de
Estudo Internacional sobre a Capoeira; de atualizar o banco de história de mestras de capoeira
e de construir um acervo iconográfico sobre elas.
Como forma de dar continuidade aos resultados da pesquisa, proponho a criação do
Observatório da Mulher na Capoeira, inspirada na tese de meu orientador, Dr. Augusto Cesar
Rios Leiro, instituição direcionada para os diálogos entre a capoeira e a produção do
conhecimento, o cinema e as relações de gênero.
Foram feitas tessituras entre os gingados das trajetórias formativas e os registros
biográficos, a fim de dar visibilidade às histórias das mestras, na pequena e na grande roda. Que
essa produção científica possa inspirar outros(as) capoeiristas, valorizar cada narrativa e
salvaguardar cada memória. Essa roda não tem fim, esse catálogo será infinito, berimbau já
confirmou, camará. Em breve teremos mais reconhecimentos e formaturas de mestras de
capoeira, camará!
156
Ao concluir a tese, reconheço que alcancei os objetivos propostos. Pude constatar, assim
como outras pesquisas acadêmicas sobre a temática, que as mulheres necessitaram (necessitam)
lutar para se inserirem, permanecerem e se tornarem mestras de capoeira.
O término da escrita é também o fechamento de um ciclo formativo que se iniciou no
curso de Licenciatura em Educação Física da UFBA, em 2009, bem como na especialização
em Prescrição do Exercício Físico para Grupos Especiais e Reabilitação Cardíaca da Estácio de
Sá, em 2015, seguida do ingresso no mestrado no PPGE/UFBA, em 2016, e do doutoramento
no PPGEDUC/Uneb, em 2019.
Foi ainda no decorrer da pesquisa científica que pude refletir sobre o que é ser mulher,
mãe, capoeirista e pesquisadora numa sociedade patriarcal. Com isso, compreendo a
responsabilidade de escrever sobre a história das mulheres, em específico das mestras de
capoeira, bem como o compromisso de lutar pela igualdade e a emancipação de nós mulheres.
A minha história na capoeira teve início em 2006, no Grupo Porto da Bahia, e ao longo
de 15 anos, passei por distintas escolas de capoeira em Salvador. Em 2021, fui acolhida na
Associação Cultural Arte Baiana,221 conduzida pelo contramestre Veru222, o qual tem uma
prática pedagógica diferenciada e inclusiva, criando condições para que seus(suas)
discípulos(as) possam se desenvolver, avançar em cada etapa formativa e compartilhar
experiências e conhecimentos.
Para finalizar, compartilho um poema de Cora Coralina, que diz: “Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta”, ensinou a ser
questionadora, e não mais recatada, a seguir em frente gingando diante dos obstáculos e a
esperançar por transformações na pequena e na grande roda.
221
Foi criada em 1989, pelo mestre Malícia, na cidade de Belmonte, em Salvador, e iniciada em 2014, pelo
contramestre Veru Filho, nas comunidades de Vila Brandão e Dois de Julho.
222
Everaldo Figueiredo dos Anjos Filho tem 40 anos. Nasceu em Camacan, iniciou na capoeira em 1992, na cidade
de Belmonte. Em seguida, se mudou para Salvador, onde deu continuidade ao trabalho com o mestre Alabama,
que o formou como contramestre de capoeira. Ele é Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Tecnologia
e Ciência (FTC). Depois de 15 anos de muita luta e trabalho com a capoeira, fundou o Espaço Veru Filho
Cultura e Movimento, que sedia o grupo.
157
REFERÊNCIAS
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Natureza da pesquisa:
Qualitativa
Tema
Tipo de pesquisa:
Exploratória
Delineamento da
Pesquisa Dispositivos:
Levantamento
documental,
Questionário online e
Problema relato oral
Objetivos (Geral e
Específicos)
Perspectiva de ánálise:
Análise do conteúdo
178
Eu ________________________________________________________________________,
conhecida na capoeira como _______________________________________, natural de
__________________________________________, nascida em ________________ , estado
civil _____________________, ocupação ______________________________, residente no
endereço ___________________________________________________________________,
RG ________________________________ fui convidada para colaborar com a pesquisa de
doutorado intitulada Trajetórias formativas e registros biográficos de mestras de capoeira,
realizada pela doutoranda Ábia Lima de França, orientanda do Prof. Dr. Augusto Cesar Rios
Leiro no Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade, na Universidade do
Estado da Bahia. O estudo tem por finalidade analisar as trajetórias formativas e os registros
biográficos de mestras de capoeira. Para isso, a colaboração com a pesquisa se dará por meio
do compartilhamento de imagens e biografias. As colaboradoras poderão se recusar a participar,
ou desistir da concessão das entrevistas no decorrer do estudo, sem sofrer nenhum dano.
Durante todo o desenvolvimento do estudo, ser-me-ão assegurados o acesso às informações, as
retiradas de dúvidas, bem como a socialização da pesquisa na sua versão final. Para maiores
informações, entrarei em contato no telefone (71) 99357-2807 ou pelo e-mail
abialimadefranca@gmail.com.
Enfim, fui informada como se dará a minha colaboração na referida pesquisa, estou ciente de
todo o procedimento do estudo e, dessa forma, manifesto meu livre consentimento em
colaborar com todas as informações necessárias para o projeto de pesquisa.
____________________________________________________________________
Nome e assinatura da participante
_____________________________________________________________________
Nome e assinatura da pesquisadora responsável
180
Are wedoneyet?
67 Steve Carr 2007
(Uma casa de pernas para o ar 2)
68 Hellboy 2 Guillermo del Toro 2008
Memórias do Recôncavo: Besouro e Outros
69 Pedro Rodolpho JungersAbib 2008
Capoeiras
70 O zelador Adam Shankman 2008
71 Never back down (Quebrando as regras) Michael Jai White 2008
72 Roda Mundo Capoeira Mestre Ramos 2008
73 Besouro João Daniel Tikhomiroff 2009
A capoeiragem de um mestre e seu bando
74 Gabriela Barreto 2009
anunciador
75 Never Surrender Héctor Echavarría 2009
76 Mestre Felipe e a faca de ticum Gabriela Barreto 2010
77 Tekken Dwight H. Little 2010
78 The Karate Kid Harald Zwart 2010
79 Undisputed III: Redemption (O lutador 3) Isaac Florentine 2010
80 Capitães de Areia Cecília Amado 2011
81 Desenrola Rosane Svartman 2011
82 Never back down 2 (Quebrando as regras 2) Michael Jai White 2011
183
Autoria e
Título Produção e IES
ano
Simões Dissertação
Capoeira: um convite ao jogo feminino
(1999) (Unesp)
Capoeira Regional: representações sociais das mestras e
E. Souza Dissertação
formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio
(2011) (Universo)
de Janeiro
Firmino Dissertação
Capoeira: gênero e hierarquias em jogo
(2011) (UFSCAR)
“Eu sou angoleiro, angoleiro eu sei que eu sou”: identificações e A. Silva Dissertação
trajetórias na Capoeira Angola em Goiânia (2014) (UFG)
Nas pequenas e grandes rodas da capoeira e da vida: corpo, Zonzon
Tese (UFBA)
experiência e tradição (2014)
“Sai sai, Catarina/ Saia do mar, venha ver Idalina”: gênero e Bezerra Dissertação
feminilidade(s) na capoeira (2014) (UFPE)
No ventre da capoeira, marcas de gente, jeito de corpo: um Sena Dissertação
estudo das relações de gênero na cosmovisão africana da
(2015) (Uneb)
Capoeira Angola
A capoeira sob a ótica de gênero: o espaço de luta das mulheres Ferreira Dissertação
nos grupos de capoeira (2015) (PUC-GO)
Mulher na roda: experiências femininas na Capoeira Angola de V. Barbosa Dissertação
Porto Alegre (2017) (UFGRS)
Movimento capoeira mulher: saberes ancestrais e a práxis M. Silva Dissertação
feminista no século XXI em Belém do Pará (2017) (UFPA)
Quando mulheres se tornam capoeiristas. Um estudo sobre a Jesus Dissertação
trajetória e o protagonismo de mulheres na capoeira (2017) (UFBA)
Direitos humanos e a prática educativa tradicional da capoeira F. Santos Dissertação
angola (2017) (UFRPE)
Orgulhosamente feministas, necessariamente inconvenientes: Freire
Tese (UFBA)
uma ‘música feminista’ ou o que cantam as feministas (2017)
N’outras corpas desconstruções e múltiplas possibilidades Navarro Dissertação
corporais na Capoeira Angola do grupo Nzinga (2018) (UFBA)
Efeitos da prática de capoeira adaptada sobre a densidade Jati
mineral óssea, autonomia funcional e qualidade de vida de Tese (UFRJ)
mulheres idosas (2018)
Reis
As mestras de capoeira: empoderamento e visibilidade Tese (UERJ)
(2018)
185
Produção e
Título Autoria e ano
IES
Eu vou falar pra dendê tem homem e tem mulher: o feminismo Gomes
Tese (UFRN)
angoleiro e as mudanças na tradição (2018)
“Elas jogam, tocam e cantam”: práticas e discursos sobre a Camões Dissertação
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Júlio de Mesquita Filho, Presidente Prudente, 1999.
Rosinha
SIMÕES, Rosa Maria Araújo. Da inversão à re-inversão do olhar: ritual e
performance na capoeira angola. 2006. 200 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) –
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006.
TOMÉ, Tatiana Cândida São Pedro. Proposta de ensino da capoeira nas aulas de
Educação Física escolar com ênfase em jogos pedagógicos. 2020. 213 f. Dissertação
Tati
(Mestrado em Educação Física em Rede) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
2020.
DIAS, Lucia Vanda Rodrigues. Juventude Espírita Irmão Bosco e a produção de
saberes na experiência de evangelização infanto juvenil no Grande Bom Jardim.
Vanda
2011. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2011.
188
Mestra Referência
DIAS, Lúcia Vanda Rodrigues. Se é de paz pode chegar, entrar na roda e jogar:
Vanda formação de educadores da Associação Zumbi Capoeira em cultura de paz. 2016. 226
f. – Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.
189
1 Revista Feminismos
UFBA
2 Cadernos de Gênero e Diversidade
3 Gênero e Direito
UFPB
4 Revista Ártemis - Estudos de Gênero, Feminismo e Sexualidades
5 Revista Bagoas UFRN
6 Revista Gênero na Amazônia UFPA
7 Revista Espaço Caderno Feminino UFU
8 Revista Gênero UFF
9 Revista Cadernos de Gênero e Tecnologia UTFPR
10 Revista Estudos Feministas UFSC
11 Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero UFRGS
12 Cadernos Pagu Unicamp
13 Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero UEPG
APÊNDICE K- BIOGRAFIAS DAS MESTRAS DE CAPOEIRA
REGIÃO NORDESTE
Mera Amazonas
Cristiane da Silva dos Santos nasceu em Senhor
do Bonfim, BA, em 02/01/1980. Iniciou na
capoeira em 1983, foi consagrada mestra pelo
Mestre Marinaldo em 2011 no Grupo de
Capoeira Flecha Dourada. Há 20 anos, ela
desenvolve um trabalho com a capoeira no
município de Jaguarari, BA. Foi homenageada
no evento Berimbau de Ouro em 2017.
Fonte: Acervo da Mestra Amazonas.
Mera Aruanda
Taluana Castello Branco Pinheiro Sousa
nasceu em Salvador, BA, em 03/07/1979. Foi
consagrada mestra em 2015 pelo Mestre
Daiola na Associação Jequitibá Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Aruanda.
Mera Bya
Noêmia Evangelista da Penha nasceu em Salvador,
BA, no dia 03/11/1967. Iniciou na capoeira em 1980,
foi formada professora em 1998, e se tornou mestra
em 2008, no bairro do Nordeste de Amaralina, em
Salvador. Em sua trajetória, recebeu a contribuição
dos Mestres Bozó Branco, Ninha, The Flash e Crush.
Ela é fundadora da Associação Afro Bahia Escola de
Capoeira (AABEC).
197
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Brisa
Carolina Gusmão Magalhães nasceu em Salvador-BA
em 19/09/1977. Iniciou capoeira em 1992 com o Mestre Bozó
Preto (in memoriam) no Nordeste de Amaralina, depois se
formou mestra em 2009 pelo Mestre Jean Pangolim, integrante
do Grupo G.U.E.T.O. É bacharel em Nutrição, possui Mestrado
em Gestão Social pela UFBA, doutoranda em Nutrição pela UFBA.
Professora no Centro de Ciências da Saúde da UFRB. Faz parte do
Conselho de Mestres de Capoeira na Federação Mundial da Capoeira
(World Capoeira Federation). Participou do CD “Eu também canto Bahia”
em 2019, publicou o livro “Lendas de um Capoerê” em 2001 pela UdUNEB.
Foto: Acervo da Mestra Brisa
Mera rol
Caroline Figueiredo nasceu em Salvador-BA
em 02/06/1976. Iniciou na capoeira em 1993
e tornou-se mestra em 2020 pelo Mestre
Balão do CTE Capoeiragem. Ela fundou o
Capoeira Orgânica Brasil. Ela é formada em
Educação Física (UCSAL) e já divulgou a
capoeira a nível nacional e internacional.
Homenageada em 2020 no “Capoeiristas
inspiradoras” pelo @CapoeiraMulher.
Fonte: Acervo da Mestra Carol.
Mera lebridade
Karen Lucy Póvoas Ramos nasceu em Itabuna, BA, em
01/12/1980. Iniciou na capoeira em 1996 e se formou mestra
em 2016 pelo Mestre Ninja no grupo Celeiro de Bamba.
A mestra é graduada em Comunicação Social, especialista
em Gestão Cultural pela UESC. Ela já foi repórter na TV Santa
Cruz. Ela já foi voluntária em projetos sociais como “Capoeira
para Todos”, já deu aulas de capoeira, participou de palestras,
contemplada em editais com projetos culturais, membro da
comissão organizadora de eventos femininos como “Mandinga
de Sinhá”. Ela, atualmente, é assessora em Comunicação.
Fonte: Acervo da Mestra Celebridade.
198
BAHIA 46 MESTRAS
Mera áudia
Mera ruja
Vânia Patrícia Santos Peixoto nasceu na Ilhéus, BA, em
25/03/1980. Iniciou com 11 anos no Grupo Berimbau da
Bahia com o Mestre Lázaro, em seguida passando a fundar
o Grupo Nação Zumbi juntamente com o Mestre Zumbi.
Foi consagrada mestra em 2019 tendo recebido a contribuição dos
Mestres Zé Pequeno, Antônio Manhoso e Lázaro. Ela é licenciada
em Educação Física pela Universidade Norte do Paraná.
Atualmente, está cursando a especialização em Psicomotricidade, e
há 15 anos desenvolve o Projeto Brincar Capoeira que fortalece a
pedagogia da capoeira entre as crianças.
Fonte: Acervo da Mestra Coruja.
Mera is
Bárbara Cristina Bittencourt nasceu em
Salvador, BA, em 01/09/1982. Iniciou na capoeira
em 1987 e foi consagrada mestra em 2019 pela
comunidade da capoeira e na Associação de Capoeira
Angola Navio pelo Mestre Renê Bitencourt, que é seu
pai e sua grande referência. Em sua caminhada teve
referências de mulheres como Mestra Ritinha (in
memoriam), Mestra Jararaca, Verônica de Paula, dentre
outras mulheres aguerridas. Para a Mestra Cris, a
capoeira é cura.
Fonte: (OLIVEIRA, FAGUNDES; 2020).
199
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Dandara
Aurelice dos Santos Bispo, nasceu em Salvador, BA,
em 25/05/1974. Iniciou na capoeira em 1987 e foi
consagrada mestra em 2016 pelo Mestre Angola na
Associação de Capoeira Angola Corpo e Movimento.
Participou do CD “Eu também canto Bahia” em 2019.
Fonte: Figueiredo (2021).
Mera Dila
Edilene dos Santos Neves nasceu em 08/04/1976 em
Santo Amaro, BA. Começou na capoeira em 1992, no grupo
ACARBO, com o Mestre Macaco. Foi consagrada mestra no grupo
em11/9/2021. Já teve um trabalho de capoeira para mulheres, no
seu bairro, trabalhou em lojas, ministrou oficinas no ponto de
cultura. Também já viajou para fazer apresentações, participar de
eventos e excursões com sambas de roda, maculelê e capoeira,
na expansão do grupo, na Bahia e em outros estados. É
Licenciada em Pedagogia, está cursando a Pós-graduação em
História e Cultura Afro. É chefa de cozinha, tem um restaurante
em Terra Nova, desenvolve um trabalho pedagógico com a
capoeira numa escola em Santa Marcelina, Terra Nova, uma das
filiais do Grupo ACARBO. Já foi casada com o Mestre Macaco e
tiveram juntos dois filhos, professor Railan e Emanuele que
também são capoeiristas.
Fonte: Acervo da Mestra Mestra Dila.
200
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Esperança
Adriana de Araújo Soares da Silva nasceu em Barreiras,
BA, em 23/11/1983. Iniciou na capoeira em 1990 e foi
consagrada mestra em 2016 pelo Mestre Dino na
Associação de Capoeira Cultura Brasil.
Fonte: Acervo da Mestra Esperança.
Mera Fafá/pa
Maria de Fátima Evangelista Bomfim nasceu em
Lauro de Freitas, BA, em 18/10/1981. Começou a
treinar capoeira em 1992, quando tinha 11 anos de idade,
com o Mestre Regi no Grupo Capoeira Filhos de Oxóssi
Guerreiro. Foi consagrada mestra em 2012 pelo
Mestre Regi.
Fonte: Figueiredo (2021).
Mera Geisa
Geisa Maria Barbosa Ribeiro de Sousa Torres, nasceu em Salvador,BA,
em 12/09/1981. Ela também é mãe de quatro filhos, sendo dois
sanguíneos e dois adotivos. Iniciou na capoeira em 1988 e foi consagrada
mestra em 2015 pelo mestre Gabriel. É fundadora da Associação Cultural
Bahia Ginga, em 2009, trabalhando com a capoeira como corrente de
transformação social de forma pedagógica e desportiva, com projetos
como Ginga Feminina e Transformaê Capoeira. Ela ensina na
comunidade, desde 1996, no bairro do São Caetano e adjacências,
também atua em escolas particulares, como Centro Educacional RBM. É
bacharelanda em Educação Física pela Unicesumar, Webdesign, vice
presidente da Torres Editorial & Marketing Digital- Comunicação e
produção editorial e presidente fundadora da Ginga Sublimações-
Personalizações Gráficas. Ela também é autora dos livros “Capoeira
nossa cultura”, “Ginga feminina São Elas” e “A Construção”. Ela recebeu
o prêmio Berimbau de Ouro em 2013, recebeu a homenagem Amigos do
Proerd por trabalhos socioculturais ao lado da Base Comunitária da PM
de São Caetano em 2017, e participou do filme “A roda também é dela”
em 2021.
Fonte: Acervo da Mestra Geisa
201
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Gegê
Maria Eugênia Poggi nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28/11/1972.
Ela é sagitariana e mãe de Anna Gabriela e Marcos Antônio. Iniciou na
capoeira, em 1995, quando foi residir em Washington DC, Estados Unidos
e conheceu o Mestre Cobra Mansa. Desde então, a capoeira tem um
papel fundamental não apenas de transformação em seu caminho de
autoconhecimento e em sua formação humana, mas também em suas
escolhas e percursos de vida. Após 14 anos nos EUA, retorna ao Brasil,
passando 4 anos estudando e praticando a capoeira angola em Salvador e
há quase 8 anos reside em Valença onde vem desenvolvendo inúmeros
trabalhos de Capoeira Angola em espaços formais e não formais de ensino.
Em 2018, completou o curso de licenciatura em Educação Física pela
Faculdade Zacarias de Góes, em Valença, e atualmente faz pós-graduação
em Estudos Étnicos e Raciais e Cultura Afro-brasileira na Educação pelo
Instituto Federal Baiano de Valença.
Fonte: Acervo da Mestra Gegê.
Mera Gueeira
Alessandra Rodrigues da Silva nasceu em Bom Jesus
da Lapa, BA. Seu primeiro contato com a capoeira foi
em novembro de 1986. Já ministrou aulas em vários
projetos sociais, academias etc. Foi consagrada mestra
pelo mestre Fazinho. Há 19 anos fundou seu Grupo de
Capoeira Alessandra Guerreira em Caculé, BA.
Fonte: Acervo da Mestra Guerreira.
Mera Janja
Rosangela Costa Araújo, nasceu em Feira de Santana, BA em
4/10/1959. Iniciou capoeira em 1981 e foi consagrada mestra em
1995, tendo recebido contribuições dos mestres João Grande, Moraes e
Cobra Mansa. “A mestra consolidou sua carreira intelectual em
São Paulo, onde criou uma Orquestra de Berimbaus, recebeu o título de
cidadã da cidade levando a capoeira para jovens e idosos de uma
comunidade carente”, uma das lideranças da Rede Angoleira de Mulheres
(RAM) (LIMA, 2016, p.53). Posteriormente, retorna para a Bahia e funda, em 1995,
junto com Mestre Poloca e a Mestra Paulinha o Grupo Nzinga de Capoeira Angola.
A Mestra Janja também é graduada em História, mestra e doutorada em
Educação pela USP, pós-doutora em Ciências Sociais pela PUC, professora na
Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais na UFBA, líder do Grupo de
pesquisa de Gênero, Arte e Cultura do NEIM.
Fonte: Figueiredo (2021).
202
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Jararaca
Valdelice Santos de Jesus nasceu em Salvador, BA ,
em 4/8/1974. Iniciou na capoeira entre 1983 e 1984 na
academia do Mestre João Pequeno. Frequentava a roda
de Mestre João Pequeno com sua irmã, Ritinha, também
mestra de Capoeira Angola. Foi formada professora na
academia do Mestre João Pequeno. Foi consagrada
contramestra e recebeu o título de mestra pelo Mestre
Curió no Grupo de Capoeira
Angola Irmão Gêmeos em 2001.
Mera Jô
Joselita Pereira de Oliveira nasceu em Juazeiro, BA, em
4/06/1975. Iniciou na capoeira em 1982 com o professor Bartola.
Treinou com diversos capoeiristas, até que, em 1994 se mudou para o
Rio de Janeiro, e passou a ser integrante do Grupo Capoeira Brasil, e foi
consagrada mestra em 2011 pelo Mestre Boneco. Divulgou a capoeira em vários
países, desenvolveu trabalhos nos Estados Unidos, China, Austrália, França,
Espanha, Israel e Polônia. A mestra já se apresentou pelo Dance Brasil no Lincon
Center, e participou de shows em Nova Iorque, inclusive morou e desenvolveu
muitos trabalhos na cidade durante 6 anos. Também já realizou trabalhos com
marcas famosas como Nike, GAP e Sony. Recebeu da cidade de Juazeiro, BA,
uma homenagem de reconhecimento no dia do Capoeirista, também recebeu uma
carta de agradecimento pelo trabalho feito com a capoeira pelo Consul da Austrália
e de Hong Kong.
Fonte: Acervo da Mestra Jô.
Mera ne
Lucilene Lopes da Silva nasceu em Icoaraci, PA, em
27/5/1965. Recebeu o título de mestra
pelo Mestre Pelé da Bomba na Associação Capoeira Angola
em 2014, em Salvador; e em 2017, reconhecida mestra no
estado do Pará pelo Mestre Walcir. Já recebeu os prêmios:
Capoeira Premium, Valorização e reconhecimento pela
Federação da Bahia, em 16/11/2015; Berimbau de Ouro-
Valorização e Reconhecimento, em 19/2/2016, pelo Mestre
Máximo. Em 3/4/2016, inaugurou sua academia em Valéria
com a presença de vários capoeiristas. Atualmente é vice-
presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola em
Salvador.
Fonte: Figueiredo (2021).
203
BAHIA 46 MESTRAS
MeraMera
Jararaca
lu
Maria Luísa Pimenta nasceu em São Paulo, SP, em 03/05/1973.
Iniciou na capoeira em 1992 em Belo Horizonte, e em 2000
mudou-se para Bahia. É cofundadora do grupo cultural Capoeira
Malta da Serra, em Lauro de Freitas, BA. É também integrante do
Bando Anunciador da Capoeira Angola de Rua desde 2000. Em
26/11/2021, foi reconhecida mestra de capoeira por Luciano
Guimarães (Lauro de Freitas), o mestre Luciano, e Paulo Ferreira,
o mestre Paulão (Suíça), ambos mineiros que rodaram o mundo e
se estabeleceram na capoeira e representam: Luciano, seu
companheiro e mestre e Paulão, o mestre que lhe ensinou a
gingar, e além de ser uma grande referência para Luciano como
mestre.
204
BAHIA 46 MESTRAS
Mera
Mera
Jararaca
Mada
Maria Madalena dos Prazeres dos Santos nasceu em
Salvador, BA, em 22/07/1962. Iniciou na capoeira no Circo Picolino quando
foi levar o filho e acabou entrando também. Depois de 4 anos, vou treinar
com o Mestre Denilson, na Massaranduba, onde teve a sua trajetória
formativa no grupo. Ela treinava diariamente com o mestre, depois que o
mestre falou que iria parar o trabalho em Alto de Coutos,
ela assumiu e foi reconhecida como professora pela comunidade.
Paralelamente, começou a dar aulas de capoeira em escolas em Salvador,
depois que seu filho foi para Itália. Ela já desenvolveu trabalhos com a
capoeira em Creche, Criarte, Sonho infantil, Colégio Objetivo, Escola
Francisca de Sande. Ela foi consagrada mestra, em 2005, pelo Mestre
Denilson na Associação de capoeira grupo girassol. Em 2021, recebeu o
título de Doutora em Honoris Causa pela Faculdade de Formação
Brasileira e Internacional de Capelães em Salvador.
Fonte: Acervo da Mestra Mada.
Mera Marly
Mera Nani
Cristiane Santos Miranda nasceu em Salvador, BA, em
02/06/1983. Iniciou na capoeira, em 1995, na Fazenda Coutos,
no espaço onde seu avô, Mestre João Pequeno (in memoriam)
construiu sua casa. Depois de muitos anos de dedicação, foi
consagrada mestra em 2018 pelo Mestre Ciro. Ela conduz o
Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), Academia João
Pequeno de Pastinha, matriz em Salvador. Idealizadora do
Projeto Pequenos de João na Fazenda Coutos, hoje Mestra
Orientadora dos Jovens do Centro Cultural Casa Mestre João
Pequeno de Pastinha. A mestra fez parte do filme “Mestre
Pastinha, Rei da Capoeira” de Carolina Canguçu em 2019.
Participou do CD “Eu também canto Bahia” em 2019. Ela
também é formada em Educação Física.
Fonte: Figueiredo (2021).
205
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Nzinga
Maria Cristina dos Santos Ramos nasceu em Conceição de
Feira, BA, em 1/1/1971. Filha de Antônio Lopes dos Anjos
(in memoriam) e Albertina Ramos dos Anjos (in memoriam). Ela é casada
e tem quatro filhos. Iniciou na capoeira em 1984, assistia muitas
rodas de rua quando ia fazer feira com sua mãe aos sábados em Conceição
de Feira. Ao fazer um trabalho na casa de amigas, começou a treinar no fundo
do quintal com um rapaz que ensinava a luta. Depois que se casou e precisou se
mudar para Salvador, teve que parar a capoeira. Quando retorna para Conceição
de Feira volta aos treinos com o professor Admilton (atualmente mestre) e
não parou mais. Em 28/8/2021 recebeu das mãos do Mestre Macaco,
mestre do seu mestre, a graduação de mestra no Grupo ACARBO. Em sua formatura
estavam presentes 15 mestres e mestras, dentre elas as Mestras Geisa e Amazonas. Ela
desenvolve um trabalho com a capoeira em seu espaço que se localiza na Av. Antônio
Carlos Magalhães s/n em Conceição de Feira. É também formada em Educação Física.
Fonte: Acervo da Mestra Nzinga.
Mera Nena
Luciene Maria de Lima da Silva nasceu em
Feira de Santana, BA, em 10/12/1976. Iniciou na
capoeira em 1982 e foi consagrada mestra em 2011
pelo Mestre Raimundo Nonato na Associação
Cultural de Capoeira São Francisco.
Fonte: Figueiredo (2021).
Mera Omara/Piolho
206
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Prícia
Patrícia Mascarenhas Fernandes nasceu em Salvador, BA, em 23/9/1970.
Iniciou na capoeira em 1986, recebeu o título de Mestra em 2015 pelo
Mestre Ferreira do Grupo Urucungo. Com 15 anos, passa a frequentar
rodas tradicionais onde não haviam muitas mulheres nessa época, portanto,
não havia uma reflexão sobre o papel da mulher na Capoeira. Ela percebia que as
oportunidades eram diferentes entre homens e mulheres, mesmo assim
enfrentava barreiras sem dar-se conta do que essa posição significava. Após sua
formatura de "aluna formada " em 1992, passa a dar aula para crianças e adultos. Faz uma
turnê pela Inglaterra através da Bahiatursa, em seguida, passa um período em Barcelona
dando aula para crianças e adultos. Também teve a oportunidade de apresentar sua
trajetória de Capoeira na embaixada do Brasil em Buenos Aires. Ela é a idealizadora do
Projeto 'A criança na capoeira', que desde 2014 tem promovido formação para quem trabalha
dando aula de capoeira para as crianças. Em 2020, diante de uma preocupação antiga com
os efeitos do machismo na Capoeira, passa a organizar um grupo de homens capoeiristas
para discutirem sobre masculinidades.
Mera Paulinha
Paula Cristina da Silva Barreto nasceu em Vitória da
Conquista, BA, em 30/6/1963. Iniciou na capoeira em 1982, foi
consagrada mestra em 2000 pela comunidade da capoeira e
recebeu o título em 2007 pelo Mestre Cobra Mansa. Fundou,
em 1995, o Grupo Nzinga juntamente com a Mestra Janja e o
Mestre Poloca. Viajou para cidades e países para participar de
eventos de capoeira, a sua primeira viagem internacional foi
em 1995, e desse período não parou mais. É mestra em
Sociologia pela UFBA, doutora em Sociologia pela USP,
professora no Departamento de Sociologia e do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais.
Fonte: Figueiredo (2021).
207
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Preguiça
Cleonice Silva nasceu em Salvador, BA, em
28/3/1976. Iniciou na capoeira em 1987 e foi
consagrada mestra charangueira, em 2010, pelo
Mestre Nenel na Filhos de Bimba Escola de Capoeira.
Ela leciona no núcleo do Nordeste de Amaralina e tem
projeto com a capoeira para as meninas na Ilha de
Itaparica. A mestra foi protagonista no filme “Mulheres
da Pá Virada” produzido pelo Grupo de Intervenção
Marias Felipas.
Fonte: Acervo da Mestra Preguiça..
Mera Risadinha
Jane Cruz dos Reis nasceu em 18/07/1982, em Mata de São João, BA. Iniciou na
capoeira em 2003, em Camaçari, BA, com o Mestre Ismael, criador da Associação
Cultural e Desportiva de Inclusão Social, conhecida como Grupo de Capoeira
Inclusiva. Foi consagrada mestra no dia 08/01/2022, pelo Mestre Ismael. Ela
desenvolve um trabalho de recreação, ludicidade e inclusão social na capoeira para
pessoas com deficiências na APAE de Camaçari. Ela também é graduada em
Educação Física pela UNIRB, já trabalhou em projetos sociais pela Petrobrás, em
escolas e associações de bairros do referido município. Há mais de 15 anos, o seu
grupo desenvolve um trabalho diferenciado com a pessoa com deficiência intelectual e
múltipla em Camaçari, tendo realizado 21 eventos de Capoeira e Inclusão Social.
Fonte: Acervo da Mestra Risadinha.
208
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Raquel
Raquel Cordeiro Leite nasceu em Bom Jesus da
Lapa-Bahia em 01/01/1968. Iniciou na capoeira na década de
80 e se tornou mestra em 2015 na Associação Lapense de
Capoeira Ginga Bahia pelo Mestre Fazinho. Ela possui
graduação em Serviço Social pela Universidade de Santo
Amaro
Fonte: Figueiredo (2021)
Mera Re
Rute Oliveira Sena, nasceu em
Camaçari-BA em 13/05/1979. Iniciou na
capoeira em sua infância e tornou-se mestra em 2014
pelo Mestre Petróleo no Grupo Discípulos do
mestre Petróleo.
Fonte: Acervo da Mestra Rute.
Mera Soninha
Sônia Borges nasceu em Muritiba, BA, em 9/5/1969.
Iniciou na capoeira em 1987 e foi consagrada mestra, em
2010, pelo Mestre Medicina no Grupo de Capoeira Raça.
Ela também é professora de Educação Física.
Fonte: Figueiredo (2021).
209
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Te
Tatiane Santana dos Santos, nasceu em
Salvador, BA, em 03/08/1980. Iniciou na capoeira
aos 7 anos, consagrada mestra em 2015 pelo
Mestre Lazinho na Associação Cultural
de Capoeira Raça Negra.
Fonte: https://clipsacademiaeu.com/page/3)
Mera Taísa
Taísa da Silva nasceu em Santo Amaro da
Purificação, BA, em 6/2/1978. Inicia na capoeira aos
15 anos, consagrada mestra, em 2019, pelo Mestre
Bendengó. Ela foi aluna do Mestre Macaco realizou
trabalho social com crianças e jovens em comunidades
vulneráveis (BESSA, 2020).
Ela conduz junto com o Mestre Bendengó a Associação
Cultural Sementes de Santo Amaro.
Fonte: Figueiredo (2021).
210
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Tisza
Tisza Coelho, nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1966.
Iniciou na capoeira em 1981, foi reconhecida mestra pela
comunidade e pelo mestre João Grande. Ela conduz o
Centro de Capoeira Angola Ouro Verde fundado em 2003,
trabalho realizado na Vila da Serra Grande e na área rural do
município de Uruçuca. A mestra possui trabalhos contínuos com
a capoeira, a dança e a percussão em cidades da Bahia, de
Goiás, do México e dos Estados Unidos.
Foto: Acervo da Mestra Tisza.
Mera Trança
Vanessa Rebouças D'Oliveira nasceu em Salvador, BA, em
08/10/1980. No início de 1996, iniciou a prática da capoeira no
Grupo de Capoeira Regional Porto da Barra, com o Mestre Cabeludo.
Em 2001, ela concluiu o ensino superior, formando-se em Turismo.
Em 2002 foi cursar um Mestrado em Desenvolvimento Sustentável,
em Sydney, na Austrália, onde também trabalhou com turismo, além
de treinar e ensinar capoeira nos espaços de seu amigo Cachaça,
hoje mestre. Em 2003, Trança foi residir em Barcelona, na Espanha,
ensinando capoeira em uma cidade vizinha, Terrassa. Em 2004,
retornou ao Brasil, onde continuou a treinar duro e ensinar capoeira
na matriz de seu grupo, como substituta de seu mestre e em seus
próprios espaços, que incluíram a Escola Bahiana de Medicina,
condomínios e academias no bairro do Rio Vermelho. Em 2018,
recebeu de seu mestre, em Salvador, ao título de Mestra, tornando-
se a primeira mulher a alcançar esta graduação dentro de seu grupo.
Fonte: Acervo da Mestra Trança.
211
BAHIA 46 MESTRAS
Mera Vanea
Vanessa Vieira Midlej Silva nasceu em Porto Alegre, RS, em 9/1/1978. Ela é filha de mãe
gaúcha e pai baiano. Iniciou na capoeira em 1990, por intermédio dos amigos Kinho e Nenem,
que lhe ensinaram a ginga, Em 1992, foi morar em Minas Gerais com sua mãe, onde
continuou treinando a capoeira. Ao retornar para Itabuna, em 1994, foi treinar com o Mestre
Valdeci. Começou a ensinar a capoeira em 1996. Em sua trajetória na arte, teve a contribuição
do mestre Miguel Machado, em especial no ano de 1997. Morou e trabalhou com capoeira em
Viçosa, MG, Petrópolis, RJ, e Natal, RN. Foi consagrada mestra de capoeira em 2010 em
Natal. Ao retornar para o grupo Raça, voltou a utilizar a corda de contramestra de capoeira. Ela
também é mãe, formada em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (2003), em
Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e mestra em Educação pela
UFRN. Retornou pra Itabuna em 2013 e, desde então, ensina capoeira no Espaço Cultural
Josué Brandão em Itabuna, BA, e além de atuar como fisioterapeuta e acupunturista. Sua
maior referência na capoeira é seu mestre, o Mestre Medicina,
212
CEARÁ 14 MESTRAS
Mera Bruxinha
Cristiane Marreiros dos Santos nasceu no Ceará
em 13/10/1978. Tornou-se mestra em 2016
no Grupo União capoeira pelo Mestre Marron.
Ela nunca parou a capoeira e tem um trabalho sólido há mais
de 28 anos.
Fonte: Acervo da Mestra Bruxinha.
Mera rla
Carla Mara Henrique Silva nasceu em Fortaleza, CE, em 5/5/1967.
Começou na capoeira, em 1984, com os professores Junior e Jean, ambos
alunos do Mestre Everaldo Ema, por sua vez alunos do mestre Zé Renato e
integrantes do Grupo Zumbi, um dos primeiros grupos de capoeira a surgir no
estado do Ceará. A partir de 1987 passou a treinar com o Mestre Soldado no
bairro do Nova Metrópole. O seu primeiro trabalho, ensinando, ocorreu em
1989, quando se ocupava dos alunos iniciantes que chegavam para treinar.
Entre as funções e cargos que ocupa, a mestra representa o conselho de
mestres e mestras do estado do Ceará, é presidenta da Associação Zumbi de
Capoeira (AZC), em 2018 elege toda diretoria feminina da AZC. Para além de
coordenar o núcleo de Mulheres da AZC, o fórum de mulheres capoeiristas,
participa do GT salvaguarda IPHAN, faz parte do Grupo de Integração
Feminina da Capoeira, e é membro da Rede nacional da capoeira (movimento
de mestres e mestras do Brasil) participa da equipe do documentário do
registro da capoeira do Ceará. Foi consagrada mestra em 2009.
Fonte: Acervo da Mestra Carla.
Mera audinha
Ana Claudia Rodrigues de Mendonça Pinheiro nasceu no Ceará
em 12/06/1976. Iniciou na capoeira, em 1989, tornou-se mestra em
2019 no Centro Esportivo e Cultural Pura Capoeira em Movimento pelo
Mestre Auricélio. Ela é formada em Pedagogia, especialista em
Educação Especial pela Universidade Estadual Vale do Acaraú,
especialista em Secretariado Executivo e Assessoria Gerencial pela
UNIATENEU; graduanda em Ciências Contábeis pela Universidade Norte
do Paraná. Especialização em Controladoria e Finanças pela Uniateneu.
Especialização em Controladoria e Finanças pela Uniateneu.
Fonte: Acervo da Mestra Claudinha.
213
CEARÁ 14 MESTRAS
Mera eide
Maria Cleide Tomaz Duarte nasceu no Ceará
em 28/08/1968. Ela iniciou na capoeira em 1992 e se
tornou mestra em dezembro de 2010, primeiro grau, pelo
Mestre Mentirinha na Associação de Capoeira Grupo Terra.
Atualmente mora no Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo da Mestra Cleide.
Mera Darlyane
Darlyane Cardoso Bezerra nasceu no Ceará em
30/04/1974. Iniciou na capoeira em 1989 e se tornou
mestra em 2018 pelo Mestre Dery no Grupo de Capoeira
Axé Zumbi. Ela é formada em Educação Física. “É casada
com Mestre Dery. Leciona Educação Física na escola
citada, além do ensino da capoeira. Em sua visão, “ser um
bom capoeirista é ser um bom cidadão” (DIAS, 2016).
Fonte: Acervo da Mestra Darlyane.
Mera Doralice
Doralice das Graças Beserra nasceu em Umarizal, RN, em 6/7/1984.
Começou na capoeira em 1996 em Fortaleza-CE no Grupo Raiz a Terra do
Mestre Costela (Mestre Assis), logo depois foi treinar na Universidade
Federal do Ceará com o Mestre Samuray (in memoriam). Ela é fundadora
da Associação Cultural Amigos da Capoeira. Em 2008, filiou-se ao Grupo
Filhos de Jô tendo como padrinho o Mestre Josivan Alves, Jó, o qual a
consagrou mestra em 2012. Ela é bacharel em Serviço Social, também
secretaria da Federação de Capoeira do Ceará, coordenadora do
Congresso Unitário da Capoeira (CNUC), representante no Ceará pela
União da Capoeira Desporto das Américas (UCDA), representante do
Fórum da Capoeira-CE, representante do Fórum da Capoeira de Caucaia,
CE, fundadora do Coletivo de Mulheres Origens , integrante do Coletivo de
Mestras do Ceará, integrante do Coletivo de Mestres e Mestras do Ceará,
representante da capoeira pelo Fórum no Comitê gestor de
matrizes africanas-CE, representante do Coletivo Acolher (Grupo de
acolhimento e encorajamento às vítimas de violência dentro da Capoeira) e
representante do Grupo de Mestras e Contramestras do Mundo.
Fonte: Acervo da Mestra Doralice.
214
CEARÁ 14 MESTRAS
Mera Felina
Adriana Florenço de Sena ,filha de Josenir Florêncio de Holanda, e
Aluizio Serafim de Sena ,nasceu na cidade de Fortim, CE, mas aos
cinco anos foi morar com a família em Fortaleza. Iniciou na capoeira
em 1988 na cidade de Maracanaú, CE, aos 15 anos treinou na Associação
Memórias de Pastinha com o Mestre Jorge, Jorge Luiz Pessoa Siqueira
(in memoriam). Ela tem três filhos, todos eles treinaram com o esposo Mestre
Serrinha (in memoriam). Em 2000, integrou a Associação Zumbi Capoeira,
sob liderança de Mestre Lula e Mestra Carla durante quatro anos. Em 2005,
retorna para a Associação Memórias de Pastinha e, posteriormente, em 2007
criou o Grupo de Capoeira Boa Semente, juntamente com seu esposo, sendo
apadrinhado pelo Mestre Serrinha. Recebeu a graduação de mestra em 9/11/2015
pelo Mestre Jorge Ceará (in memoriam) na cidade de Maracanaú.
Fonte: Acervo da Mestra Felina.
Mera Flanela
Lilian Pereira Botelho nasceu em Fortaleza, CE, em
25/8/1975. Iniciou na capoeira em 1991 e foi
consagrada mestra em 2015 pelo Mestre Pano
do Grupo Nova Geração.
Fonte: Acervo da Mestra Flanela
Mera Jana
Maria Janaina Rodrigues da Silva nasceu em Fortaleza, CE, em
13/8/1975. Iniciou na capoeira em 1988, com o Mestre Ema. Em
1989, o Grupo Zumbi foi repassado para o Mestre Wlisses, um de
seus primeiros alunos. A Mestra Jana foi consagrada mestra em
2010, na Associação Cearense Zumbi da Capoeira. Ela é
criadora do Coletivo de Mulheres ASCZUCA, produziu e
participou de eventos de capoeira e manifestações culturais afro-
brasileira. Já participou de jogos escolares brasileiros em
Brasília, em 1989, tendo conquistado o segundo lugar geral na
modalidade feminina.
Fonte: Acervo da Mestra Jana.
215
CEARÁ 14 MESTRAS
Mera Manô
Manoela Moraes Ziggiatti nasceu em São Paulo
em 21/10/1975. Começou a treinar a Capoeira em 1996 e
foi reconhecida mestra em 2020 por Mestra Janja, Mestra
Paulinha e Mestre Poloca no Grupo Nzinga e atualmente mora
em Fortaleza-CE. Ela é graduada em Comunicação Social
pela USP, especialista em Documentário pela Escola Internacional
de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños em Cuba. Em 2004,
dirigiu o documentário de capoeira “Iê viva meu Mestre”que foi
desdobramento da dissertação da Mestra Janja (2004).
Fonte: Acervo da Mestra Manô.
Mera Nega
Patrícia Mayra Ferreira Lima nasceu no Ceará em 24/06/1977.
Além de ser mãe de três mulheres, dedicou 30 anos de sua vida a arte
da capoeira. Iniciou na capoeira em 1990 e foi consagrada mestra em
17/12/2016 pelo Mestre Cesar Simpatia da Associação Cultura e Arte
Simpatia-ACAS. Foi por duas gestões consecutivos Secretária da
Federação de Capoeira do Ceará,
também fez parte da equipe técnica de educadores da ACAS, sendo a
única mulher na equipe. Há cinco anos, desenvolve um trabalho com a
capoeira intitulado “Capoeira, Brincadeira de Criança” voltada para
crianças na faixa etária de 1 a 14 anos.
Fonte: Acervo da Mestra Nega.
216
CEARÁ 14 MESTRAS
Mera Roberta
Roberta Eliane Gadelha Aleixo nasceu no Ceará
em 24/04/1977. Tornou-se mestra em 2017 pelo Mestre
Pedro na Fundação Arte Brasil de Capoeira (FABRAC).
Ela possui graduação em Ciências, habilitação plena
em Matemática; especialização em Administração Escolar,
Ensino da Matemática, e em Gestão da Educação Pública;
mestrado em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora,
professora efetiva na Secretaria de Educação Básica do Ceará e da
SME de Fortaleza. Integrante dos Coletivos Flores de Dandara e
Mestras de Capoeira do Ceará; além disso, ela tem dois filhos.
Foto: https://mapacultural.secult.ce.gov.br/agente/36942/
Mera Vanda
Lúcia Vanda Rodrigues Dias nasceu em Miraíma, CE, em 18/4/1964. Foi
consagrada mestra pelo Mestre Ema, em 2003, na Associação Zumbi
Capoeira – AZC, onde permanece até hoje. É uma das coordenadoras
do Laboratório da Paz – LABPAZ, núcleo da AZC responsável pela
formação continuada de seus educadores e Formadora e Pesquisadora
do Grupo de Pesquisa Docência, Juventude, Cultura de Paz e
Espiritualidade (FACED – Faculdade de Educação/UFC) com ênfase em
capoeira e educação para a paz. Terapeuta Holística, idealizadora e
coordenadora da Omnia Florescimento Humano. Artesã em várias
modalidades de artesanato, a sua trajetória é entrecortada de
militâncias em outras áreas, prestando também colaborações junto a
instituições voltadas para o tratamento da dependência química e de
cunho espiritualista, atuando sempre na formação humana. Trajetória
simples, que não pede aplausos ou visibilidade; silenciosa, mais ativa
sempre. Trajetória de mulher, mãe, educadora, capoeirista, trajetória de
aprendiz sempre!
Foto: Acervo da Mestra Vanda.
217
SERGIPE 1 MESTRA
Mera Felina
Maria Silvânia da Silva nasceu em Aracaju, SE,
em 11/12/1967. Filha de Augusta Santos da Silva e Alfredo
Manoel da Silva. Iniciou na capoeira em 1980, aos 13 anos.
A mestra recebeu a corda branca ponta verde, primeiro grau
de mestra em 2018 pelo Mestre Madera de Ogum. Recebeu
título de mestra aspirante, pelo Conselho de Mestres de Capoeira
do Estado de Sergipe, em 2019, recebeu o mérito universitário
especial, na categoria mestre em artes e cultura popular, pela
Universidade Federal de Sergipe em 2020. Ela fundou a Associação
Desportiva e Cultural de Capoeira Mestra Felina. Foi protagonista no
documentário «As Felinas».
Fonte: Acervo Marcelo Soares.
218
PARAÍBA 2 MESTRAS
Mera Jane
Edjane Alves Barbosa nasceu na Paraíba,
tornou-se mestra em 2015.
Fonte: https://capoeira.iphan.gov.br/formado/leiçõe/281
Mera Malu
Maria de Lourdes Farias de Lima nasceu em João
Pessoa, PB. Iniciou na capoeira em 1993 e em 2019,
foi consagrada mestra pelo Mestre Nô no Grupo Capoeira
Angola Palmares. Ela é uma das primeiras mestras do referido
grupo, ministra aulas de capoeira desde 1998 em sua cidade.
Possui graduação em Comunicação Social e mestra em Educação
pela Universidade Federal da Paraíba. É casada com o Mestre
Dário, juntos tem quatro filhos que são capoeiristas também. Em
1998, iniciam juntos o Grupo Capoeira Angola Palmares no Roger,
em João Pessoa.
Fonte: Acervo da Mestra Malu.
219
PERNAMBUCO 10 MESTRAS
Mera Bel
Izabel Cristina de Araújo Cordeiro nasceu em
Olinda, PE, em 24/2/1966. Iniciou na capoeira em 1989
e se tornou mestra em 2016 no Centro de Capoeira São
Salomão pelo Mestre Mago. Ela é especialista em Recreação
e Lazer pela UNICAMP, mestra em Antropologia e doutora em História
pela UFPE. Também é professora da UPE. Lidera, junto
com Mestra Dani, o Coletivo É Cor de Rosa Choque.
Publicou o livro “A mulher entrou na roda”.
Mera Dani
Maria Daniela Carneiro Gouveia de Melo nasceu
em 23/11/1972 em Recife, PE. Iniciou na capoeira em1985,
aos 12 anos, a consagração de mestra foi em 2016 pelo
Mestre Mago do Centro de Capoeira São Salomão. Vice
presidenta do Centro de Capoeira São Salomão,
mestra em administração, gestora cultural e professora
da escola técnica do estado de Pernambuco.
Participou do livro “A mulher entrou na roda”.
Fonte: Acervo da Mestra Dani..
220
PERNAMBUCO 10 MESTRAS
Mera Di
Adriana Luz Nascimento nasceu em Olinda, PE,
em 23/12/73. Iniciou na capoeira em 1985, recebeu
título de mestra em 2017 pelo Mestre Ulisses da Capoeira
Regional de Olinda e em 2019, pela comunidade de Capoeira
Angola em Olinda, alunos do Mestre Sapo. Em 2016, fundou
o Grupo Luz Di Angola. Sua história de vida foi contada no
mini-documentário “Mestra Di: eu canto a minha história”
pelo Fecomércio PE.
Fonte: Oliveira e Fagundes (2020).
Mera Deivinha
Devoleide Cristina Pereira da Silva nasceu em Cabo de Santo
Agostinho,PE, em 13/7/1984. Iniciou na capoeira em 1996, com o
Mestre Virgulino no antigo Grupo Cordão de Ouro que hoje é o
Grupo Cangaço. Foi consagrada mestra em 5/6/2021 em
Natal,RN.
221
PERNAMBUCO 10 MESTRAS
Mera Isa
Isa da Rocha Mulatinho nasceu em Recife, PE,
em 17/8/1957. Iniciou na capoeira em 1980 e se tornou
mestra em 2008 pela Bancada de Mestres da Federação
Pernambucana de Capoeira, em torno de 25 Mestres.
Ela junto com seu esposo, o Mestre Mulatinho, desenvolvem
trabalho com a capoeira na Associação Malê de Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Isa.
Mera Mônica
Mônica Maria Santana da Silva nasceu em Olinda, PE, em 4/11/70.
Formando-se em saxofone, tocou seu primeiro carnaval aos 13
anos de idade e não parou mais. Com isso, se torna então a
primeira mulher a tocar em orquestra de frevo em Olinda. Estudou
Ciências Sociais na UFPE, está cursando Pedagogia também na
mesma instituição, onde manteve aulas semanais de capoeira
angola no centro de arte e comunicação, vinculado ao Grupo de
Estudos e Pesquisas em Autobiografias, Racismos e Antirracismos
na Educação. Em 2017, passou a fazer parte do grupo Ngolo
Nguzu que tem como mestre, o seu irmão, o mestre Marcelo Baia,
que lhe deu o título de contramestra, em março do mesmo ano a
Mestra Janja a reconhece como mestra. Em 2019, também
recebeu o título de mestra pelo Mestre Marcelo Baia.
Fonte: Acervo da Mestra Mônica.
Mera Selva
222
PIAUÍ
Pernambuco 1 MESTRA
10 MESTRAS
Mera
MeraShirley
Mazé
Shirley Souza Braz nasceu em Recife, PE,
em 11/2/1981. Ela foi consagrada mestra em
22/11/2010 no Grupo de Capoeira
Mãe Arte pelo Mestre Jordan (LACERDA, 2016).
Foi homenageada no “Berimbau de Ouro” de 2020.
223
PIAUÍ
Piauí 1 MESTRA
Mera Mazé
Maria José nasceu no Jaicós, PI, em 9/3/1975.
Iniciou na capoeira em 2000 e consagrada mestra em 2018
pelo Mestre Cezar Escravo no grupo Cordão de Ouro. Ela
trabalha na Assistência Social há 15 anos em sua cidade.
Já tem vários alunos e professores, e formou dois
contramestres, Bruno e Jairo em 2021.
Ela desenvolve a Capoterapia para idosos e
capoeira para crianças etc.
224
MARANHÃO 3 MESTRAS
Mera Pudiapen
Izabel Cristina R. de Miranda nasceu em Santo Antonio dos
Lopes, MA, em 1/12/1956. Iniciou na capoeira em um curso de
extensão na Universidade Federal do Maranhão, em 1989, e num salão
na Praia Grande, no mesmo período com alguns alunos do Mestre Patinho.
Em 1993, começou os estudos de capoeira com o Mestre Acinho
(Assuero Costa da Silva) que dava aulas no Laboarte substituindo o
Mestre Patinho, quando ele estava ausente. Participou da capoeira de vários
eventos de capoeira em São Luís como o Iê Câmara, Festival de Cânticos de
Capoeira, Seminários, etc. Em 2000 ajudou o Mestre Patinho na formação de sua
academia, o Centro Cultural Mestre Patinho. Em 2004, auxiliou nas oficinas de
capoeira na Associação de Tambor de Crioula Manto de São Benedito. Em 2004,
foi graduada aluna formada e em 2005 foi graduada mestra, nível branco terceiro
grau, pelo Mestre Acinho.
Fonte: (VAZ, 2017).
Mera Sae
Samme Soraya Oliveira Santos nasceu em São Luís, MA,
em 10/06/1968. Iniciou na capoeira em 1992 e recebeu grande
contribuição do Mestre Patinho da Escola de Capoeira Laboarte. No
final década de 1990, deu início ao Movimento Mulheres Capoeiras
que tinha objetivo de dar visibilidade ao saber-fazer, e ao mesmo
tempo, firmar a inserção dessas mulheres na atividade de forma
plena, completa. Em 2017, criou o Coletivo Angoleiras do Upaon
Açu (ZONZON, 2020). Foi consagrada mestra em 2017 pelo Mestre
Marco Aurélio.
Fonte: Acervo da Mestra Samme.
Mera Valdira
Valdira Barros nasceu em Santo Antônio dos Lopes, MA,
em 5/7/1976. Iniciou na capoeira em 1996 na Escola de
Capoeira Angola do Laboarte, coordenada pelo Mestre
Patinho. Em 1997, foi batizada no evento Iê Camará pelo
Mestre Paulo dos Anjos, que pertencia a mesma linhagem do
Mestre Patinho e tinham como ancestral comum o Mestre
Canjiquinha. Nesse mesmo ano, Mestre Bamba funda o
Grupo de Capoeira Angola Mandingueiros do Amanhã. Em 2010, recebe
o título de contramestra e em 2021 o de mestra. Registra que seu
início de jogo de formação foi com o Mestre Euzamor.
Fonte: Oliveira e Fagundes (2020)
225
RIO GRANDE DO NORTE 4 MESTRAS
Mera Manhosa
Mera Paulte
Ana Paula Felipe nasceu no Rio Grande do Norte.
Integrante do Grupo Cordão de Ouro.
Mera Shea
Edsangela dos Santos Cirilo nasceu em Jordão
Jaboatão dos Guararapes, PE, em 7/12/1976.
Iniciou na capoeira em 1994, recebeu o título de mestra,
em 2017, em Recife-PE e em Natal-Rio Grande do Norte.
Ela também conduz a Escola de Capoeira Batucaxé.
Fonte: Acervo da Mestra Sherra.
226
RIO GRANDE DO NORTE 4 MESTRAS
Mera Sorvinho
Sandra Maria Gomes da Silva Dantas nasceu
em Natal, RN, em 13/3/1970. Iniciou na capoeira
em 1985 e se tornou mestra em 2016 no
Grupo Cordão de Ouro pelos Mestres Irani e Suassuna.
227
REGIÃO SUDESTE
6 Meras do 14 Meras de
Espíro Santo Minas Gerais 41 Meras do R. de Janeiro 45 Meras de São Paulo
Baixinha Alcione/Cici Adriana Dirce (in memoria)Ruffato Andrea Sereia Morena
Furinha Chaveirinho Ana Sábia Flávia Pupila Sheila Bonequinha Lu Baobá Nagô
Kêu Folgadinha Arara Foguinho Simone Borrachinha Lu Pimenta Potira
Pitú Índia Baiana Francesinha Siomara Camila Luana Preta
Sabrinha/Sassa Kelly Baixinha Kodak Sandrinha Ciça Mara Renata
Zangada Lena Beija Flor Lilla Angonal (in memoria) Diane Mara (Feiticeira) Rita
Miúda Borboleta Magali Serena Dani/Raposa Maria Mara Rosinha
Puma Cantora Márcia Sueli Cota Dedê Maria Patrimônio Samila
Raio de Sol Cigana Marciana Tânia Dirlea Meire Sara
Raposa China Marla Tempestade Engraçadinha Meire Saruê
Sereia Claudinha Molequinha Thiara Grazi Meiry Selma
Tida Coral Mucama Zazá Kátia Michelli Vânia Alves
Zebrinha Cris Patrícia Lara Mirian Vânia Borges
Yaçana Cristina Portuguesa Leda Monise Vanuza
Darlene Renatinha Lua Branca Moranguinho
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Adriana
Carla Adriana Fernandes dos Santos nasceu no
Rio de Janeiro em 27/07/1973. Iniciou na capoeira
em 1989, integrante da Associação e Capoeira Gingado
Brasileiro consagrada mestra pelo Mestríssimo Chita (in
memoriam).
Mera Arara
Gláucia Durões nasceu no Rio de Janeiro em 16/02/1977.
Foi consagrada mestra em 2011 pela Mestra Cigana e faz
parte da Associação de Capoeira Filhos de Mestra Cigana.
229
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Baiana
Claudia Rodrigues nasceu em Salvador-BA
em 10/02/1972. Seu primeiro contato com a capoeira,
foi na escola Rui Barbosa na Baixa do Sapateiros, nas
festas de Folclore, todos os anos tinha roda de capoeira, ela
sempre jogava e se apaixonou pela arte. Ao se mudar para o
Rio de Janeiro em 1987, ela e os irmãos começaram a treinar capoeira
com o primo Reinaldo, posteriormente foi treinar na
Capoeira Martins em 1988. Ela passou por todas as
graduações até se tornar mestra, o primeiro grau de mestra foi
no dia 08/12/2002 pelo Mestre Martins.
Fonte: Acervo da Mestra Baiana.
Mera Baixinha
Andréa Fernandes Machado da Silva nasceu em
Petrópolis-RJ. Iniciou na capoeira com o Mestre Paulinho
Sabiá em 1981, na época ele era aluno do Mestre Camisa,
Grupo Senzala. Em 1989, seu mestre junto com Mestre
Paulão do Ceará e Mestre Boneco saem do Grupo Senzala
e fundaram o Grupo Capoeira Brasil há 32 anos atrás. Ela é
a aluna mais antiga do Grupo Capoeira Brasil, integrante
do movimento Dandara Capoeira Viva. Ela participou do
filme “A roda também é dela”, lançado em 2021. Ela
também é formada em Psicologia.
Fonte: Acervo da Mestra Baixinha
230
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Borbola
Francis Lady Quintes de Mendonça. Iniciou na capoeira
em 12/8/1981, em Santa Luzia, São Gonçalo, Rio de
Janeiro. Foi aluna do Mestre José Cesar da Silva, Mestre
Cesar, que na época era do Grupo Modelo Cultural
Kikongo, conduzido pelo Mestre Machado. Recebeu sua
primeira graduação de mestra em 18/9/1994, no Sesc de
Niterói, na presença de grandes mestres como Curió e
Leopoldina. Em 2004, recebeu o segundo grau de mestra
e em 2014 o terceiro grau. Em 2024, irá receber o grau
mais elevado de mestra. É presidenta e fundadora do
Grupo de Capoeira Maltas do Rio de Janeiro que tem 20
anos de fundação. Fonte: Acervo da Mestra Borboleta.
Mera ntora
Dioneia Azevedo nasceu em Niterói-RJ.
Mera gana
Fafá de Canjiquinha, Fátima Colombiano nasceu em Volta
Redonda, RJ, em 23/6/1956. Iniciou na capoeira em 1970, no
estado do Pará, com o Mestre Bezerra; em 1975, conheceu Mestre
Canjiquinha, em São Paulo, e foi para Salvador treinar com ele.
“Quando voltou ao Rio de Janeiro, em 1980 abriu a Associação de
Mestre Canjiquinha em Volta Redonda”. Foi consagrada mestra em
1980, sendo uma das primeiras mestras na capoeira. A mestra é
formada em Educação Física Pedagogia, Filosofia , Artes, Sociologia,
Antropologia, Teologia e História. Ela é especialista em História da
África, Religiões da América Latina e Helénicas, Neurociências,
Neuroeducaçao, Neuropsicopedagogia, Ensino Religioso, Xamanismo,
Artes, Psicopedagogia e Música.
231
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera ina
Rita de Cassia Santos nasceu no Rio de Janeiro em 2/11/1969.
Iniciou na capoeira em 1987, recebeu o primeiro cordel de mestra em
2003, o segundo em 2013 pelo Mestre Baiano na Associação de
Capoeira Engenho. Ela dá aulas de “Corpo e Movimento” para pessoas
acima de 60 anos na Casa de Convivência de Santíssimo desde 2016,
também dá aulas de Capoeira para pessoas acima de 60 anos na Convivência
Carmém Miranda e Dercy Gonçalves desde 2017; também leciona capoeira e
danças folclóricas na Casa de Jacira, instituição de auxílio a infância, desde 2010.
Ela já recebeu Moção de Congratulações de autoria do Vereador Valmir Garcia pelo
trabalho com a capoeira, como diretora do Departamento Feminino da Federação de
Capoeira Desportiva do Estado do Rio de Janeiro. Ela foi homenageada na ação
“Mestre e roda de capoeira- Patrimônios Culturais” pelo Conselho de Mestres no
âmbito do Estado do Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo da Mestra China
Mera audinha
Claudia Kastrup Ferreira nasceu no Rio de Janeiro
em 11/11/1966. Iniciou em 1983 e se tornou mestra
em 2016 pelo Mestre Leo Pivete no Grupo Capoeira
Brasil. Homenageada em 2020 no “Capoeiristas
inspiradoras” pelo @CapoeiraMulher.
Fonte: Acervo da Mestra Claudinha
Mera ral
232
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera iina
Cristina Nascimento Dias do Santos nasceu no
Rio de Janeiro em 05/01/1965. Iniciou na capoeira em 1993
no GCAP, discípula do Mestre Manoel, com quem treinou
por 15 anos. Foi intitulada mestra pelo
Grupo Nzinga, em especial a Mestra Janja, em 2014 e logo
depois pelo Mestre Manoel.
Fundou e é coordenadora do Grupo Mocambo de Aruanda
desde 2010, ela também é professora de ioga e educadora.
Fonte: Acervo da Mestra Cristina.
Mera is
Cristiane Magalhães nasceu no Rio de Janeiro
em 3/6/1979. Iniciou na capoeira em 1992
e se tornou mestra em 2017 pelo
Mestre Toni Vargas no Grupo Senzala.
Mera Darlene
Darlene de Lima Costa nasceu no dia 5/9/1984 no
Rio de Janeiro, RJ. Iniciou na capoeira aos 4 anos com o
Mestre Derli Ariri e foi reconhecida mestra em 2014 no Grupo
Aliança Ariri. Foi homenageada na categoria voz potente “Prêmio
Luísa Mahin” pelo Coletivo Nosso Legado é Coletivo. Diretora Técnica
do Grupo Aliança Ariri Capoeira, professora de Educação Física da Rede
Força Máxima, mãe preta, precursora e executora do I Seminário
Interestadual Tem Mulher na Roda, criadora e organizadora da Roda de
Empoderamento Feminino Eleko, ativista, criadora do Projeto Digital
Educação Física em Movimento e do Projeto Capoeira para Todos.
233
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Foguinho
Mara Lúcia Mendonça Martins nasceu no Rio de
Janeiro em 13/4/1977. Tornou-se mestra em 2018 pelo
Mestre Vulcão na Associação Cultural União e Arte –
ACUA. Ela é graduada em Educação Física pelo Centro
Universitário Augusto Motta, especialista em Capoeira
pela Universidade Estácio de Sá. Recebeu troféu
Excelência Feminina pela Câmara Municipal de
Salvador. Coordena o Departamento Feminino
da Federação de Capoeira do Rio de Janeiro.
Fonte: Acervo da Mestra Foguinho.
234
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Francesinha
Eliane Gloria dos Reis nasceu no Rio de Janeiro em 8/6/1969.
Faz capoeira há de 30 anos, tornou-se mestra em 2011 consagrada pelo
Mestre Paulinho Sabiá do Grupo Capoeira Brasil. Fundou o Centro Cultural
Capoeira Urucungo junto com dois amigos. Liderança no movimento
Dandara Capoeira Viva. Ela é formada em Direito, Educação Física,
Método Pilates e Capoeira. Especialista em História e Cultura Popular pela
Universidade Gama Filho, especialista em História e Cultura Afro-brasileira
pela Unyleva. Mestra em Ciências da Atividade Física pela Universidade
Salgado de Oliveira. Doutora em Educação Física pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Integrante do grupo de pesquisa em Relações de Gênero na
Educação Física pela Universidade Federal Fluminense. Participou do
filme “A roda também é dela”.
Fonte: Maxwell (2019).
Mera Kodak
Rosane da Silva Caldeira nasceu em São Gonçalo, RJ, em
30/4/1969. Iniciou em 1992 e se tornou mestra em 2018
pelo mestre Pingo. Fundou o Centro integrado de capoeira
N'Golo Brasil. Ela é licenciada em Educação Física, filiada a
Liga Gonçalense de Capoeira. Atualmente, integra os
coletivos: Mestras e Contramestras Unidas do Rio de
Janeiro, Mestras e Contramestras pelo Mundo e Nosso
Legado é Coletivo.
Fonte: Acervo da Mestra Kodak.
235
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Magali
Mariluci da Silva Souza nasceu no Rio de Janeiro
em 11/8/1974. Iniciou na capoeira em 1988 e se tornou
mestra em 2010 no Grupo Capoeira Brasil pelo
Mestre Boneco. Integrante no movimento
Dandara Capoeira Viva. Participou do filme
“A roda também é dela”, lançado em 2021.
Mera Márcia
Márcia José Vieira nasceu no Rio de Janeiro em
18/6/1962. Iniciou na capoeira em 1979 no Grupo
Modelo Cultural Kikongo, tornou-se mestra em 1991
na Associação de Capoeira Sangue Negro pelo Mestre
Chita.
Fonte: Acervo da Mestra Márcia.
Mera Marciana
Márcia Regina dos Santos nasceu em 24/12/1960
em Volta Redonda, RJ. Conduz, atualmente, o
Grupo Angola-Nagô fundado pelo Mestre Boa Viagem,
que era seu esposo (in memoriam). Ela dá aula de capoeira
na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Volta Redonda.
Também foi candidata a vereadora em 2020 em Volta
Redonda.
Fonte: https://avozdacidade.com/wp/esporte-nacional-e-
patrimonio-imaterial-do-brasileiro-e-desenvolvido-na-cidade-
236
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Marla
Marla Silva de farias, nasceu no Rio de Janeiro
em 7/10/1974. Iniciou na capoeira em 1993,
e se tornou mestra em 2017 no Grupo Senzala pelo
Mestre Ramos/Pulmão.
Fonte: Acervo da Mestra Marla.
Mera Molequinha
Patrícia Pereira nasceu em 23/12/1970 no Rio de
Janeiro, RJ. Iniciou na capoeira em 1995 e foi consagrada
mestra em 2014 pelo Mestre Mentirinha. Participou de
vários campeonatos pelo Grupo Terra, sendo a primeira
colocada no campeonato solo estadual no Rio de Janeiro. É
também engenheira civil e o tempo que sobre é para treinar
e dar aulas de capoeira na academia.
Fonte: Acervo da Mestra Molequinha.
Mera Mucama
Edinalda nasceu no Rio de Janeiro em 11/9/1968. Iniciou na capoeira em
1986, aos 8 anos de idade, nas dependências da Academia Steady State
com o Mestre João Batista no Grupo Quilombo Nagô. Em 1992, após a
permissão e bênção do Mestre João Batista começou a treinar com seu
irmão de capoeira, Mestre Hulk, que nesse momento era responsável pela
Associação de Capoeira Raízes filiada a Federação de Capoeira do Rio
Janeiro (FCDRJ). Em 16/9/1993, o Mestre Hulk fundou a então conhecida
Associação de Capoeira Terra Firme (ACTF). No mesmo ano, Mucama foi
designada a ministrar aulas recreativas junto com o Mestre Hulk no Oratório
Festivo Dom Bosco, em Rocha Miranda, onde permanece até os dias atuais
continuando a expandir a filosofia e os valores da capoeira. Em 11/10/2008,
teve a honra e orgulho de receber o cordel branco e verde da ACTF pelas
mãos de Mestre Hulk. Em 17/1/2017, foi fundado o próprio grupo Centro
Cultural Unir Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Mucama.
237
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Prícia
Patrícia Meilman nasceu no Rio de Janeiro, RJ,
em 18/9/1981. Iniciou na capoeira em 1981, teve sua
trajetória formativa no grupo Regiangola do Mestre Sorriso,
seu professor na época era o Tunico (atual Mestre Tunico).
Foi consagrada mestra em 2019 pelo Mestre Pingo em
Cabo Frio na Associação de Capoeira Vozes D'África. É também
professora de Educação Física (licenciatura e bacharelado) e
desenvolve um trabalho com a capoeira infantil.
Fonte: Acervo da Mestra Patrícia.
Mera Portuguesa
Andrea Bienenstein de Farias Soares nasceu no
Rio de Janeiro em 13/12/1968. Iniciou na capoeira em
1983 com Mestre Bocka no grupo Angonal. Em 1988,
começou a ministrar aulas para crianças, criou um método
de ensino lúdico para criança, a partir do berçário. Em
2000, fundou o Grupo Jogar Capoeira. É também
professora de Educação Física.
Fonte: Acervo da Mestra Portuguesa.
Mera Reninha
Renata Giovana de Almeida Martielo nasceu no
Rio de Janeiro em 31/8/1969. Iniciou em 1985 e se
tornou mestra em 2017 no Grupo Senzala pelo
Mestre Peixinho e Mestre Pulmão. Ela também é licenciada
em Educação Física pela UFRJ, bacharel em
Ciências Sociais pela UFRJ, especialista em História
da África e do negro no Brasil pela Universidade Cândido Mendes.
Mestranda em Filosofia Africana pela UFRJ.
238
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Ruo
Rosângela Ruffato Pereira, nasceu no Rio de Janeiro.
Fez parte de grupos ligados à Federação de Capoeira do
Estado do Rio de Janeiro e, ao final dos anos 1980, passou a
integrar o Grupo ABADÁ-Capoeira, se desligando apenas
em 2004. Foi reconhecida mestra pelo Mestres Vilmar, Mendonça,
King, Martins etc. e pela Federação de Capoeira. Ela é formada em
Educação Física pela Universidade Castelo Branco, especializada
no ensino de capoeira para pessoas com necessidades especiais.
Mera Sandrinha
(in memoriam)
Sandra Eugênia Feitosa nasceu em 1959 no Rio de Janeiro.
Começou a treinar capoeira aos 10 anos e em 1970 dava aulas
no Grupo Bantus de Capoeira do Mestre Roque, no morro do
Pavãozinho. Nesse período fez shows no Rio, começou com o
grupo Sabata, na rua Riachuelo, como “Uma noite na Bahia”.
Também participou de shows em Salvador, BA, com o grupo
Filhos de Obá, no espaço Maré Cheia. Segundo a revista Dô, ela
teria se formado mestra pelo Mestre Caiçara.
Mera Sheila
Sheila Franco Martins nasceu no Rio de Janeiro.
Iniciou na capoeira em 1981 no Grupo Aidê com o
Mestre Vieira. Fundou a Cia Cultural Sheila Capoeira em
20/11/1999. Também é idealizadora do Projeto Capoeira
Arte de Educar Gingando, produziu um CD autoral com músicas
de capoeira. Recebeu o título de mestra em 2013 pelo Mestre
Xangô. Participou do Grupo de trabalho sobre a salvaguarda da
capoeira do Rio de Janeiro de 2013 a 2015. Realizou mais de
20 eventos de capoeira através da sua companhia Sheila Capoeira,
anualmente sem interrupção.
Fonte: Acervo da Mestra Sheila.
239
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Simone
Simone Montenegro nasceu no Rio de Janeiro.
Foi reconhecida mestra na Associação de
Capoeira Raízes pelo Mestre Carlinhos.
Mera Siomara
Siomara Silva de Souza nasceu no Rio de Janeiro em
10/6/1970. Iniciou na capoeira em 1987, foi consagrada mestra
em 2000 pelo Mestre Martins no Grupo Capoeira Martins. Pratica
capoeira há 23 anos, campeã brasileira e
internacional. Atualmente, ela conduz o seu grupo Capoeira
Estrela de Iuna. Ela também é formada em Pedagogia e
Educação Física, tem pós-graduação em Psicopedagogia.
Mera Serena
Serena recebeu em 2004 o cordel verde, em 2014 foi
graduada como professora, tendo registro na federação
0714. Em 2015, começou a dar aulas para bebês a partir
de 1 ano e meio, crianças e adolescentes. Desde o cordel
amarelo, Mestra Serena ajuda diretamente na organização, ao lado
do Mestre Camurça, de todos os batizados realizados
pelo Associação de Capoeira Grupo Igualdade.
Fonte: igualdadecapoeira.com.br/mestreseprofessores
240
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera Tânia/Deemida
Tânia Rubens nasceu em Padre Miguel, RJ
em 5/10/1960. Iniciou na capoeira em 1978 e foi consagrada
mestra em 2014 pelo Mestre Renato na Associação Congo de
Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Tânia.
Mera Tempeade
Evelyn Sena de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro em
4/9/1987. Iniciou na capoeira em 1991 e tornou-se
mestra em 2013 pelo Mestre Raimundo na Associação
de Capoeira Grupo Vermelho. Ela é formada em
Educação
Física ela UNESA.
241
RIO DE JANEIRO 41 MESTRAS
Mera iara
Fabrícia Pina nasceu em São Gonçalo, RJ, em
11/9/1976. Iniciou na capoeira em 1990, tornou-se
mestra em 2009 pelo Mestre Capa na Associação Iê
Capoeira no Rio de Janeiro. Ela é formada em
Educação Física e especialista em Psicomotricidade,
membro do Conselho de Mestres do IPHAN.
Fonte: Acervo da Mestra Thiara.
Mera Zazá
Maria José Tristão Cunha nasceu no Rio de Janeiro
em 23/11/1958. Ela iniciou na capoeira em 1996 e
se tornou mestra em 2014 no Grupo Capoeira da
Senzala pelo Mestre Pipoca.
242
MINAS GERAIS 14 MESTRAS
Mera Alcione/ci
Alcione Alves de Oliveira nasceu em Belo Horizonte,
MG, em 21/1/1977. Iniciou capoeira em 1992, tornou-se
mestra em 2017 pelos Mestre Rogério e Índio na
Associação de Capoeira Angola Dobrada. Fundou, em
2018, o Grupo Candeia de Capoeira Angola juntamente
com Mestre Índio e Mestre Alexandre.
Fonte: Acervo da Mestra Alcione.
Mera aveirinho
Valdete da Rocha Secco nasceu em Muriaé, MG, em
21/10/1971. Iniciou na capoeira em 1992 e foi consagrada
mestra em 2018 pelo Mestre Tiriba do Grupo Capoeira
D'Tomé. Participou do filme “A roda também é dela”.
Ela também é formada em Educação Física, especialista
em Treinamento Desportivo, e, atualmente, cursa um
mestrado.
Mera Folgadinha
Lucimar da Silva nasceu em Belo Horizonte, MG,
em 4/10/1981. Iniciou na capoeira em 1997 e foi
consagrada mestra em 2016 pelo Mestre Suassuna
no Grupo Cordão de Ouro.
243
MINAS GERAIS 14 MESTRAS
Mera Key
Kelly Soraia Campos nasceu no dia 30/09/1979 em Cristina, MG.
Iniciou na capoeira em 1986 e foi consagrada mestra em 2021
pelo Mestre Batateiro na Rede Anca Capoeira. Ela é idealizadora
do evento Anauê Mineiro, desde 2013, supervisora dos eventos
“Mandinga na Rede Maria da Fé” e “Semeando Capoeira de
Olímpio Noronha” desde 2016. Desenvolve trabalho com a
capoeira há mais de 20 anos e supervisiona filiais do grupo na
cidade de Maria da Fé e Olímpio Noronha, MG.
Fonte: Acervo da Mestra Kelly.
Mera na
Marilene dos nasceu em Belo-Horizonte, BH
em 21/10/1959. Começou na capoeira no final dos anos 80, foi
reconhecida mestra pela comunidade da capoeira e pelos alunos da
Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (ACESA). Ela é escritora,
cantora e mestra da sabedoria popular.
244
MINAS GERAIS 14 MESTRAS
Mera Miúda
Rute Pereira dos Santos nasceu em Martinésia, MG, em
25/10/1968. Iniciou na capoeira em 1986 com seu primeiro
marido grão-Mestre Corisco (in memoriam). Formou-se mestra
em 15/12/2001 pelo Mestre Corisco da Associação da capoeira de
Uberlândia (ASCAU). Após a morte de seu marido se tornou
presidenta interina da ASCAU, coordena núcleos em diversas
cidades de Minas Gerais, vice-presidenta do Conselho de Capoeira
do Triângulo e Alto Paranaiba. Realizadora do Encontro Feminino
e da Comenda Grão Mestre Corisco que acontece anualmente na
cidade de Uberlândia. Formou cinco mestres em sua trajetória,
dentre eles seu filho mais velho e sua filha contramestra.
Fonte: Acervo da Mestra Miúda.
Mera Puma
Núbia Nogueira Cassiano nasceu em Uberaba, MG, em 4/9/1982.
Iniciou na capoeira em 1996, participou da fundação em 1997 do
Centro Cultural de Capoeira Águia Branca, junto com o Mestre
Café. Desde então, desenvolve aulas, projetos como Escola Aberta.
Em 2000 recebeu o cordel verde e amarelo que equivale à
graduação de estagiária. Começou a ensinar na Academia Vida
Ativa e no Centro Educacional Pequenos e Brilhantes. Em 2006,
realizou seu primeiro evento, o Festival Feminino de Capoeira em
Uberaba. Recebeu o título de mestra em 2014 pelo Mestre Café no
Centro Cultural de Capoeira Águia Branca. Ela é formada em
Educação Física pela Universidade de Uberaba, especialista em
Docência na Educação Superior e mestra em Educação Física pela
UFMT. Ela é militante e atuante na área da Cultura Popular.
Fonte: Acervo da Mestra Puma.
245
MINAS GERAIS 14 MESTRAS
Mera Raposa
Jaqueline Maria Amaral dos Santos nasceu em
Betim, MG, em 18/7/1972. Iniciou na capoeira em 1997
e se tornou mestra em 2018 consagrada pelo Mestre
Chocolate no Cais da Bahia Capoeira. Ela é Capoeirista,
Protética, Analista de perfil comportamental e Coaching
Integral Sistêmica.
Mera Sereia
Luciane Moreira de Assis nasceu em Belo Horizonte, MG,
em 22/7/1980. Iniciou na capoeira em 1996 e se tornou
mestra em 2019 consagrada pelo Mestre China na
Associação de Capoeira Filhos de Quilombola. Ela também
é formada em Educação Física, mora e desenvolve trabalho
com a capoeira na cidade de Ibirité, na região Metropolitana
de Belo Horizonte.
Mera Tida
Maria Aparecida Ribeiro nasceu em Ubá, MG,
em 30/7/1970. Iniciou na capoeira em 1983, tornou-se
mestra em 2012 consagrada pelo Mestre Ramos no Grupo
Senzala. Ela é formada em Educação Física, desenvolve
projetos sociais com a capoeira, liderança no movimento
Dandara Capoeira Viva. Lançou em 2019, um CD com músicas
autorais de capoeira cujo título é “Eu sou capoeira”. Em 2021,
produziu o documentário ‘A roda também é dela’.
246
MINAS GERAIS 14 MESTRAS
Mera Zebrinha
Adriana do Vale Sales, fez parte do Instituto de Capoeira
Brasileira, consagrada mestra pelo Mestre Marcelinho no estado
de Minas Gerais..
Mera Yaçana
Elainy Sibely Oliveira nasceu em Minas Gerais
em 14/1/1969. Tornou-se mestra em 2007 consagrada pelo
Mestre Boca no grupo de Capoeira de Angola Luanda.
247
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Andrea
Andrea Prudente Tenório nasceu em Guaratinguetá, SP,
em 3/9/75. Iniciou na capoeira em 1984 e foi consagrada
mestra, em 2019, pelo mestre José Antônio de Almeida no
grupo Barracão da Capoeira. É professora de Educação
física, especialista em História e Cultura Afro Brasileira.
Atualmente, mora em Guaratinguetá, também é personal com
seu próprio empreendimento e desenvolve um trabalho
especificamente com mulheres no condicionamento físico
usando a capoeira como ginástica natural.
Fonte: Acervo pela Mestra Andrea.
Mera Bonequinha
Elizangela Celestino nasceu em Lençóis Paulista, SP, em
12/5/1984. Iniciou na capoeira em 1986 e foi formada
mestra em 2018, em Guarujá, consagrada pelo Mestre Asa
Branca no Grupo Cultural de Capoeira Águia Branca.
Mera Boachinha
Ana Paula Borges nasceu em São Paulo.
Iniciou na capoeira em 1983 na Escola de
Capoeira Senzala de Zumbi.
Hoje tem mais de 32 anos de Capoeira.
248
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera mila
Camila Cristiane Garcia em Itapeva, SP, em 23/10/1985.
Iniciou na capoeira em 1998 e se tornou mestra em
2018 no Grupo Cordão de Ouro consagrada pelo Mestre
José Carlos. Ela é graduada em Educação Física pela
UNOPAR. É a única mestra de sua cidade, desenvolve
trabalho voluntário com a capoeira na APAE em Itapeva,
tem seu próprio espaço e desenvolve um trabalho com
crianças, jovens e até idosos.
Mera ça
Ciça Fulaz nasceu em São Paulo, ela conduz
a Escola de Capoeira Filhos da Coral, iniciou na
capoeira em 1996 e foi consagrada mestra em 2018.
Mera Diane
Diane Oliveira nasceu em São Paulo em 26/11/1981.
Iniciou na capoeira em 7/9/1996 com o professor
Gato Negro (Atleta de Cristo) treinou até se formar professora
em 2000. Em 2003, fundou o Grupo de Capoeira Pau Pereira e
Projeto Anjos da Roda, onde passou a desenvolver um trabalho
com a capoeira. Em 2006, o seu mestre a reconheceu como
contramestra, sendo consagrada mestra 13/10/2014.
Em sua trajetória, sempre teve o apoio de sua irmã, a Mestra Leda,
e elas inspiram as irmãs mais novas que também são capoeiristas. Ela
nunca parou de treinar capoeira, casada, tem um filho de 18 anos, estagiário
na capoeira. O seu esposo também é capoeirista conhecido como
contramestre Negão de Bauru.
Fonte: Acervo da Mestra Diane.
249
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Dedê
Andressa Marques Siqueira nasceu em São Paulo em
15/5/1979. Começou na capoeira em 1995, foi
consagrada mestra em Salvador pelo Mestre Pé de
Chumbo na Academia João Pequeno de Pastinha –
AJPP/SP em 2019. Ela é responsável pelo núcleo de
capoeira em São Paulo. Ela é licenciada e bacharel em
Ciências Biológicas pela UFSCar, mestra em Ecologia e
Recursos Naturais e doutora em Ciências Ambientas
pela USP.
Foto: (OLIVEIRA; FAGUNDES, 2020).
Mera Dirlea
Dirlea Rodrigues Mattos nasceu em Botucatu, SP, em
31/8/1968. Iniciou na capoeira em 5/1/1977 na Associação de
Capoeira Senhor do Bonfim no Moinho Velho, Ipiranga. Em
23/6/1984,tornou-se professora. No ano seguinte, mudou-se para o
grupo Amukenguê, e em 1990 recebeu a graduação de
contramestra. Em 1996, tornou-se mestra na Associação de
Capoeira Amukenguê consagrada pelo Mestre Marcial, tendo o
reconhecimento de mestra pela Federação Paulista de Capoeira.
250
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Engraçadinha
Valquira Souza da Silva nasceu no estado da Bahia.
Iniciou na capoeira em 1994, quando tinha 15 anos, com o
Mestre Martelo. Já passou pelos
estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Paraná levando
a sua nobre arte Capoeira Contemporânea. Tornou-se mestra
em 21/12/2014 no estado do Rio de Janeiro formada mestra pelo Mestre
Martelo do Centro de Treinamento
Raízes da Arte.
Fonte: Acervo da Mestra Engraçadinha.
Mera Grazi
Graziela Andrade Santos nasceu em São Paulo em 3/2/1987.
Ela tem 20 anos de capoeira. Tornou-se mestra em 2019 consagrada
pelo Mestre Coruja no grupo Cordão de Ouro. Começou a ministrar
aulas de capoeira, em 2009, quando já era instrutora em escolas da
rede privada e projetos sociais. Em 2010, foi convidada a ir aos EUA e
permaneceu por seis meses frequentando alguns eventos de capoeira
nas cidades. Em 2011, foi para o México, ficou durante 1 mês e esteve
em três cidades. Em 2015, retornou ao México por mais 15 dias. Em
2017, em parceria com o Contramestre Edi tiveram o próprio espaço de
capoeira. Em 2021, adquiriram um novo espaço, ambos na região do
centro de São Paulo, o qual atende adultos e crianças. Ela também é
formada em Educação Física.
Fonte: Acervo da Mestra Grazi.
Mera Kia
Kátia Simone Gomes Farias de Abreu nasceu em Santos, SP,
em 1/4/1972. Iniciou na capoeira, em 1992, na fundação do
Grupo Equilíbrio em São Paulo desde então nunca parou de se
dedicar a capoeira. Participou de muitos cursos com Mestres
renomados da Baixada e também de outras regiões, muitos
desses através das Clínicas da Usp organizados pelo Mestre
Gladson. Começou a dar aula em 1995, já realizou alguns
eventos e festivais de capoeira. Foi técnica da seleção de capoeira
por 9 anos, primeiro por São Vicente e depois por Santos. Já
ministrou alguns cursos e participou de eventos na França,
Alemanha, Espanha e Portugal. Recebeu todas as graduações
pelo Mestre Eduardo Storti, foi cansagrada mestra em 2011. “Pela
capoeira faço o que posso, como posso... mas sempre com
respeito e amor” (MESTRA KÁTIA).
Fonte: Acervo da Mestra Kátia.
251
,
Mera ra
Lara Rodrigues Machado nasceu em Campinas-SP em 12/03/1969. O seu
início na capoeira teve a presença do Mestre Ivís e Ciriema, em sua trajetória
na capoeira teve experiências formativas em alguns grupos como: Cordão de
Ouro, no Senzala e Abadá Capoeira. Posteriormente, aproximou-se da
Escola Brasileira de Capoeira em Brasília-DF que depois de 10 anos se dedicando
e aprendendo foi reconhecida mestra pelo Mestre Oscar, em 2005. Em 2009,
tornou-se mãe e desenvolveu trabalhos com a capoeira na Associação Arteiros da Dança.
É graduada em Dança (1994), mestra (2001) e doutora (2008) em Artes Cênicas
pela Universidade Estadual de Campinas (SP). Mestra pela Escola Brasileira de Capoeira e
Presidente da Associação Arteiros na Dança (Ponto de Cultura do Ministério da
Cultura/Brasil). Recebeu prêmios de mérito profissional e acadêmico como o Diploma Mérito
Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Campinas (2000), o Prêmio Moinho Santista
Juventude na área de Dança da Fundação Bunge (2003) e Diploma concedido ao Ponto de
Cultura Arteiros na Dança pela Rede Inovaciones Educativas para América Y el Caribe-
Escritório de Educação da Unesco (2004). Autora do livro “Danças no jogo da construção
poética”.
Fonte: Acervo da Mestra Lara.
Mera da
Leda Maria Pereira Vasconcelos nasceu em Duartina-SP
em 17/10/1980. Iniciou na capoeira em 31 de agosto de
1996 com o professora Daniel (Gato Negro). Já conduziu
oficinas de capoeira em uma escola municipal em Bauru no
Programa Mais Educação, sempre trabalhou em outras áreas e
com a capoeira foi voluntária. Foi formada a mestra em outubro
de 2015 pelo Mestre Daniel. Ela apoia muito o trabalho com a
capoeira da irmã, Mestra Diane, no Grupo de Capoeira Pau
Pereira.
Fonte: Acervo da Mestra Leda
Mera a Branca
Hevelynn Borges nasceu no Guarujá-SP em 25/10/1982.
Ela é filha e formada pelo Mestre Asa Branca, sobrinha
dos mestres(as) Vânia, Camarão e Carneirinho. Trabalha com a
Capoeira junto com seu Mestre desde os 10 anos, organizando
eventos e ajudando nos treinos. Ela foi consagrada mestra em 2006,
também é Técnica de Enfermagem e Socorrista. Em 2016 abriu
sua própria academia de capoeira e atualmente mora em Bertioga.
252
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Baobá
Luciana Galiza Borges nasceu em Suzano, SP, em
22/1/1978. Iniciou na capoeira em 1984 e se tornou
mestra em 2016 tendo recebido contribuição dos Mestres
Careca e Zezão no Grupo Amaê Berimbarte. Ela é técnica
em Instrumentação cirúrgica, bacharel em Educação Física,
Mobilizadora social e militante das causas da mulher.
Foi candidata a vereadora em 2020.
Fonte: Acervo da Mestra Lu Baobá.
Mera Pimenta
Luciana Mara Pimenta Rocha nasceu em Minas Gerais
em 1/2/1977. Iniciou na capoeira em 1990, e se tornou
mestra no Grupo Cordão de Ouro consagrada pelo Mestre
Suassuna em 2010. Ela é formada em Educação Física,
criadora do projeto “Capokids” e “Capofitness”. Atualmente,
ela reside em São Paulo.
Mera ana
Eloana Bernardes nasceu em São Paulo em 21/11/1970.
Iniciou na capoeira em 1980 com o Mestre Aberrê
(in memoria) do Filhos da Bahia. Posteriormente,
ela se tornou formada em 1993 pelo Mestre Valdenor do
Grupo Nova Luanda. Em 2003, a mestra Cigana a consagrou
mestra. Ela fundou o seu próprio Grupo Capoeira Luana.
Ela é formada em Educação Física e Pedagogia.
Fonte: Acervo da Mestra Luana.
253
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Mara
Siomara Sousa Santos,nasceu em Santa Cruz da
Vitória em 12/4/1970. Iniciou na capoeira em 1982
e se tornou mestra em 2007 consagrada pelo Mestre
Catitu no Grupo Herança Cultural, atualmente mora em
Guarulhos/SP.
254
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Meire
Rosemeire Caires Cardoso nasceu em São Paulo
em 17/3/1971. Tornou-se mestra em 2015 consagrada
pelo Mestre Dinho no grupo 13 de maio.
Fonte: Acervo da Mestra Meire
Mera Meire
Meire Barbosa de Almeida nasceu em São Paulo
em 18/12/1975. Iniciou na capoeira em 1986, tornou-se
mestra em 2017 consagrada pelo Mestre Valtinho da
Senzala do Kilombo de Angola.
255
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Meiry
Rosemeiry da Silva Carmo nasceu em São Paulo
em 3/4/1973. Iniciou na capoeira em 1990 e se
formou mestra em 2017 consagrada pelo Mestre Badanai no
grupo Capoeira Benguela.
Fonte: Acervo da Mestra Meiry.
Mera Michei
Michelli Marcandalli Felix nasceu em São Paulo
em 7/6/1985. Iniciou na capoeira em agosto de 1998
e tornou-se mestra em 2018 consagrada pelo
Mestre Suassuna no Cordão de Ouro.
Fonte: Acervo da Mestra Michelli
Mera Mirian
Mirian Cristina Paixão nasceu em Osasco, SP, em
23/7/1971. Ela foi apresentada a modalidade artística
e cultural brasileira denominada como dança, luta, esporte
e expressão cultural no ano de 1975 por intermédio do Mestre
Marinheiro, que é seu irmão. O Mestre Marinheiro, formado pelo Mestre
Paulo dos Santos / Mestre Limão de Caiçara, que foi formado pelo
Mestre Pastinha, que foi formado pelo africano Betinho. Durante
toda a sua vida difundiu a capoeira através de projetos assistenciais e
voluntariado. Para ela, a capoeira é disciplina, também rasteira nas
drogas. Foi consagrada mestra em 6/12/1992 no Centro cultural e social
Arte capoeira Brasileira.
Fonte: Acervo da Mestra Mirian.
256
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Monise
Monise Cassano Fernandes nascida em São Paulo, SP, em
26/6/1973. Iniciou na capoeira em 1990 e se tornou
mestra em 2016 consagrada pelo Mestre Wellington no Capoeira
Berim Brasil.
Mera Moranguinho
Vera Lucia Marcondes nasceu em Pindamonhangaba, SP,
em 21/5/1980. Iniciou na capoeira aos 11 anos de idade,
teve experiência em vários grupos de capoeira, sendo mais
marcante no Cultuarte em Taubaté. Foi consagrada mestra
em 2005 consagrada pelo Mestre Reinaldo do Grupo Paulo dos
Anjos. Ela é fundadora do Grupo Capoeira Vida há 26 anos. Ela é
formada em Educação Física e especialista em Educação Física
Escolar. Madrinha do Projeto Capoeirando da professora Maria
do Carmo desde 2012. Foi destaque no território da Educação e
do Esporte pelo seu empenho em levar a arte da capoeira para o
maior número de alunos em 2021 em sua cidade.
Fonte: Acervo da Mestra Moranguinho.
Mera Morena
Maria Cristina Bahia nasceu em São Paulo
em 17/04/1965. Inicia na capoeira em 1980 e se torna
mestra em 2003 consagrada pelos mestres Reinaldo Ramos
Suassuna e Ponciano do Grupo Cordão de Ouro.
Fonte: Acervo da Mestra Morena.
257
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Nagô
Wiara Santos da Silva nasceu em São Paulo em
17/11/1982. Iniciou na capoeira em 1997 e se tornou mestra
em 2021 pelo mestre Julio Cesár na Capoeira Batuquegê em São
Paulo. Atualmente, está no continente africano desenvolvendo trabalho
com a capoeira no Gingando pela Paz.
Mera Pira
Lilian dos Santos iniciou na capoeira
na década de 1990. Em 2008, fundou o
Grupo Capo-arte em São Paulo.
Mera Pra
Leiciane Durães de Almeida nasceu em Luziana, GO,
em 17/3/1980. Começou a praticar capoeira muito nova na sua
cidade, mas não tem muitas recordações. Em 1992, ela se muda com
sua família para São Paulo. Em 1994, voltou a treinar capoeira, a qual
foi treinando e se dedicando cada vez mais. Em 2000, surgiu a grande
oportunidade tão esperada que é de trabalhar com a capoeira na Fundação
Crescer Criança, onde pode ensinar e aprender muito. Em 2002, outra oportunidade
de trabalhar com a capoeira na escola, Arte na Escola, onde
permaneceu há 14 anos. Em 12/10/2019, recebeu o cordão de Mestra, primeiro grau,
pelo Mestre Suassuna no Grupo Cordão de Ouro. Hoje, continua trabalhando com
a capoeira, juntamente com seu esposo, Mestre Marquinhos, juntos fundaram a
Escola Capoeira Ativa. Fonte: Acervo da Mestra Preta.
258
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Rena
Renata Xavier Magalhães nasceu em São Paulo em
30/1/1967. Tornou-se mestra em 2014 consagrada pelo
Mestre Kenura na Escola de Capoeira Cambapé.
Fonte: Acervo da Mestra Renata.
Mera Ra
Rita de Cássia C. Lago nasceu em São Paulo
em 27/12/1971. Tornou-se mestra em 2005 no
Grupo de Capoeira Gingart consagrada pelos mestres
Julião e Delicado.
Mera Rosinha
Rosa Maria Araújo Simões nasceu em São Paulo em 1/12/1970.
Iniciou na capoeira em 1990, tornou-se mestra em 2019 consagrada pelo
Mestre Pé de Chumbo na Associação Brasileira de Capoeira Angola.
Ela é bacharel em Educação Física e mestra em Ciências da Motricidade
pela UNESP, doutora em Ciências Sociais pela UFCar. Ela é chefe de
Departamento de Artes e Representação gráfica da UNESP. Ela também
participou de cursos de extensão universitária, encontros em vários estados e
ministrou aulas na Academia Power Gym e na Bonsai em Rio Claro; já
ministrou aulas na disciplina capoeira no curso de Licenciatura em
Educação Física na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
São José do Rio Pardo.
Foto: Acervo da Mestra Rosinha.
259
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Samila
Samila Zambetti dos Santos nasceu em São Bernardo
dos Campos, SP, em 17/12/1984. Iniciou na capoeira em
1989 e se tornou mestra em 2016 consagrada pelo Mestre Gêra na
Associação de Desportiva e Cultural de Capoeira Santa Izabel.
Ela é licenciada em Educação Física pela UMESP, especialista em
Educação Física Escolar pela FMU, especialista em Psicomotricidade
pela FAPSS, mestra em Educação pela USCS. Atuou como atleta nos
Jogos Abertos do Interior, ministrou cursos para professores da rede de
São Caetano do Sul e para estagiários do Programa Mais Educação.
Fonte: Acervo da Mestra Samila.
Mera Sara
Sara Rocha nasceu em Adamantina, SP, em 12/11/1964. Iniciou na
capoeira em março de 1987, formada a instrutora em 1990. Em 1995,
tornou-se professora e mestra em 1999 consagrada pelo Mestre Aldo
(Aldo Francisco Baco Rubino) na Academia União da Barra.
Posteriormente, ela fundou a Capoeira Estrela da Barra. Foi
omenageada na Câmera de Curitiba recebeu ‘Votos de Congratulações
e Aplausos’ em Curitiba.
Mera Saruê
Ana Lúcia Graciano Lopes nasceu em Ribeirão Preto, SP,
em 25/5/1964. Iniciou na capoeira em 1974 com o Mestre Gato,
logo depois começou a treinar com o Mestre Miguel Machado de
Ilhéus/Itabuna. Em sua formação, recebeu contribuição do Mestre
Suassuna durante alguns anos, e foi ele quem concedeu o título de mestra, em
2014, no Grupo Cordão de Ouro. Ela já desenvolveu trabalho no Ribeirão
Criança, deu aula na Creche Modelo, no Instituto Plural Cidadania Vila Bela
com crianças e adolescentes. Desenvolveu o projeto ‘Capoeira X Futebol’ em
Ribeirão Preto, onde tinha meninos africanos e japoneses aprendia capoeira e
compartilhava sua experiência com o futebol (Botafogo Futebol Clube). Trabalhou
também no Centro Cultural Palace durante muitos anos. Foi homenageada
‘Gesto de Liberdade’ pelo Memorial da América Latina, por ser a mulher mais
velha na cidade de São Paulo.
Fonte: Acervo da Mestra Saruê.
260
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Selma
Selma Fermi nasceu em São Paulo em 16/9/1963.
Iniciou na capoeira em 1981, foi aluna do Mestre Biriba
e Mestre Tucano, recebeu a graduação de Contramestra
em 2001 e de mestra em 2017 pelo Mestre Suassuna no
Cordão de Ouro.
Mera Sereia
Helena Rodrigues da Silva mora em Jundiaí, SP.
Treina capoeira há 28 anos, recebeu o título de mestra
pelo Mestre Kauê na Associação de Capoeira
Nosso Senhor do Bonfim.
261
SÃO PAULO 45 MESTRAS
Mera Vanuza
Vanuza Alves Santos Carvalho, na arte Mestra Vanuza, nasceu em Itamaraju,
BA, em 18/1/1971. Aos 2 anos de idade se mudou com sua família para São
Paulo, iniciou na capoeira em 1987 com seu irmão, ue na época era Professor
Pequeno, e hoje conhecido e reconhecido como Mestre Pequeno. Em 1993,
começou a namorar o seu parceiro de treino, que hoje é o seu marido (Mestre
Paulo), juntos tem dois filhos, Leonardo e Vitória, que literalmente podem dizer
a famosa frase “Eu nasci na capoeira”. Em 1995 se tornou a primeira
professora do Grupo de Capoeira Mar de Itapuã pelo Mestre Pequeno, e em
2007 se tornou mestra. É vice presidente da Associação Desportiva e Cultural
Capoart-Arte em Capoeira, dirigiu a gravação do CD “O Canto da Capoeira”,
junto com Mestre Paulo lançou o primeiro DVD de Capoeira do Brasil, fez parte
da direção de 4 DVDs denominados “Acrobacias de Capoeira”, trabalhou como
entrevistadora nas revistas Capoeira e Praticando Capoeira que tinha
circulação em todo o Brasil. Está escrevendo um livro sobre a biografia do
Mestre Paulo, e produzindo o filme “O menino que queria voar e na capoeira
encontrou suas asas” inspirado no formado Professor Piquinininho. Mestra
Vanuza tem vários outros projetos em prol a capoeira e os capoeiristas, como
ela mesmo diz, ela não nasceu na capoeira, mas nasceu para capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Vanuza.
262
ESPIRITO SANTO 6 MESTRAS
Mera Baixinha
Alessandra dos Santos nasceu em Vila Velha, ES, em 3/07/1981.
Iniciou na capoeira em 1995 no Centro Educacional Joaquim Carvalho em
Campo Grande, Cariacica, ES. Com a ida do professor Baianinho para a
Europa, passou a treinar diretamente com o Mestre Capixaba, que fundou a
Associação Cultural Artística Popular Orientada ao Esporte e de Incentivo as
Raízes Afro-brasileira (A.C.A.P.O.E.I.R.A.). A sua formatura de mestra será em agosto
de 2022. Ela é formada em Educação Física e Pedagogia, especialista em
Psicopedagogia, Educação Física Escolar e Psicomotricidade e em Educação Física
Escolar e Recreação. Já recebeu várias homenagens pelo trabalho realizado na
cidade de Cariacica, dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha,
dia da Consciência Negra, dia do Capoeirista e pelo trabalho desenvolvido com a
Capoeira com crianças e adolescentes em risco social. Também recebeu prêmios
como: Trajetória da Lei Aldir Blanc em 2020, Capoeirista Inspiradora em 2020 pelo
@capoeiramulher, Mulheres do Amanhã em 2018, Melhor Projeto Social de Cariacica
em 2015 e Bolsa Atleta pela Prefeitura de Vitória em 2012.
Fonte: Acervo da Mestra Baixinha.
Mera Furinha
Marciele Candida nasceu em Vitória, ES, em 2/1/1980. Iniciou na capoeira em
1993, aos 13 anos de idade na Associação Desportiva e Cultural de Capoeira
Barravento, localizada no município de Vitória, onde sempre praticou sendo
guiada pelo Mestre Torpedo. A sua consagração de mestra no referido grupo foi
em 2012. Ela criou um núcleo da Associação Barravento no bairro Maruípe em
Vitória. Mestra Furinha trabalha com a capoeira desde 1998, atuando no projeto
‘Comunidade Itararé’, ma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Otto
Ewaldo Junior, com crianças e adolescentes entre 1998 a 2001; de 2000 a 2002
no Projeto Caminhando Juntos (CAJUN) em Itararé; em 2002 no projeto “Escola
Aberta” na EMEF Orlandia, em São Cristovão (Vitória); em 2018 no núcleo da
Associação de Capoeira Barravento na EMEF Rodrigues São Pedro; de 2017 a
2019 no Movimento das Mulheres Capoeiristas do Espírito Santo. Enquanto
mulher e capoeirista, Mestra Furinha destaca que não é fácil chegar à graduação
de professora, e menos ainda a de ‘estra, havendo vários desafios e dificuldades
pelo caminho. Observa que geralmente muitas mulheres param pelo caminho por
motivo de casamento, preconceitos e saúde. A mesma passou por diversas
lesões, mas apesar disso, conseguiu continuar na capoeira. “Capoeira pra mim é
minha alegria, meu bem-estar, minha inspiração e vida. É nela que eu me
encontro e me sinto bem. pra mim é um tudo’ (MESTRA FURINHA).
Mera Kêu
Cleuza Honorato de Lima nasceu em Mutum, MG, em 8/7/1963. Iniciou na
capoeira em 1978, foi formada mestra em 2016, pelo Mestre Beto, e hoje é
responsável pela Capoeira Raiz da Arte em Cariacica.
Fonte: Acervo da Mestra Kêu.
263
ESPIRITO SANTO 6 MESTRAS
Mera Pú
Iris Lopes nasceu no Espírito Santo em 4/5/1975.
Iniciou na capoeira em 1987 e foi consagrada
mestra em 2004 no Grupo Arte da Capoeira.
Mera Sabrina
Sabrina Marinho Abade nasceu em Vitória, ES, em
15/2/1978. Iniciou na capoeira em 1992 e se tornou
mestra em 2018 consagrada pelo Mestre Fábio no Grupo
Beribazu. Ela é licenciada em Educação Física pela
Universidade Vila Velha, especialista em Docência pela
Faculdade Estácio de Sá, especialista em Educação Física
pela CESAP, especialista em Psicopedagogia. Integrante no
movimento Dandara Capoeira Viva e do Coletivo Zacimba
Gaba desde 2019. Participou do filme ‘A roda também é dela’.
Fonte: Acervo da Mestra Sabrina.
Mera Zangada
Carla Cristina de Oliveira Noronha nasceu em Vitória, ES,
em 8/5/1972. Iniciou na capoeira em 1982, tornou-se
mestra em 1997, a primeira mestra do Espirito Santo pelo
Mestríssimo Chita em São Gonçalo, após passar pela banca
de mestres da FCERJ. Ela é integrante do Grupo Ginga de
Corpo.
Fonte: Acervo da Mestra Zangada
264
REGIÃO CENTRO-OESTE
Mera Alaíde
Alaíde de Amorim Lima nasceu na cidade do Gama,
DF, em 27/8/1979. Mos meados de 1991, aos 12 anos de idade,
na escola SESI teve seu primeiro contato com a capoeira. Em
1994, teve a iniciou sua trajetória na capoeira com o Mestre
Robertão, no CAIC de Santa Maria Norte, Grupo Evolução. Em
agosto de 2015, aconteceu o batizado e troca de cordas do
Grupo de capoeira Ouro Negro/ Capoeira Robertão e a sua
formatura de mestra .
Fonte: Acervo da Mestra Alaíde
Mera Ana
Ana Maria Domingos nasceu em Patos de Minas, MG, em
2/10/1964. Começou a treinar a capoeira na década de
1980, com o Grupo Ave Branca, do Mestre Kall e foi
consagrada mestra em 2016. Em sua trajetória, participou
das grandes rodas com o mestre Zulu e de campeonatos
femininos internos no grupo. Nunca esteve em outro grupo
e tem o maior orgulho de ser formada pelo Mestre Kall.
Fonte: Entrevista para o Projeto ‘Saberes dos mestres e das
mestras da capital’.
Mera Bad
Eliane Ferreira da Silva nasceu em Itaporanga, PB, em
3/3/1970. Com um mês de vida, mudou com sua família para Brasília.
Foi consagrada mestra em 2018 pelo Mestre Squisito no Terreiro
capoeira. Ela é formada em Educação Física, participou de um curso de
Pós-Graduação em Capoeira na Universidade de Brasília. Atualmente,
tem uma academia e leciona aulas de Capoeira, Hidroginástica,
Natação, Treino Funcional, Cross Trainer e Musculação. Em 2021,
realizou uma cirurgia na coluna lombar e fez transplante de medula e
está em recuperação em casa.
266
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS
Mera Baianinha
Ana Maria Melo Duarte Guimarães nasceu em São Paulo, SP, em 1976
Ela é filha de pais baianos, cresceu na Bahia, e se mudou para Brasília em
1992, quando iniciei na Capoeira no Grupo Adilson de Capoeira com o Mestre
Oscar. Treinou Capoeira na Escola Brasileira de Capoeira com o Mestre Oscar e
Mestre Chumbinho, até 2004, quando, liderados pelo Mestre Chumbinho, fundou
a Equipe Capoeira Brasileira, na qual treina até hoje. Foi consagrada mestra pelo Mestre
Chumbinho, em 21/10/2016. Iniciou na capoeira por influência de seu pai,
Rogerio Duarte Guimarães, artista baiano, uma das referências do tropicalismo, que
havia treinado com o Mestre Bimba, na sua juventude em Salvador, juntamente com Fred
Abreu, Jair Moura, que eram seus amigos. Organizou muitos encontros femininos em Brasília
e participou de muitos outros, inclusive em Montréal, onde pude vivenciar a capoeira como
profissão, por alguns meses, onde fez apresentações, ministrou aulas e montou um show,
coordenados pelos Mestres Peninha, Chumbinho e Ayanã, quando foi fundado a Equipe Capoeira
Brasileira. Seguiu carreira no Serviço Público, mas permanece como capoeirista e difusora dos seus
imensos benefícios e riqueza cultural. “A Capoeira me fez ganhar o mundo e me propiciou um processo
de individuação empoderada e orgulhosa de ser mulher, brasileira e de sangue e alma nordestinos! Sinto-
me eu mesma, porque sou capoeirista!” (Mestra Baianinha). Fonte: Acervo da Mestra Baianinha
Mera arice
Clarice Rodrigues de Oliveira nasceu em Sobradinho, DF, em 28/1/1973. Iniciou
na capoeira em 1984, com o mestre Zulu, no grupo de capoeira Beribazu.
Participou como representante da Federação Brasiliense de Pugilismo do 1º
Campeonato Brasileiro em Duplas de Capoeira infantil, realizado em outubro em
1988, no ginásio poliesportivo do Ibirapuera, SP. Participou do XVII Jogos
Escolares Brasileiros (JEBS) em 1988, em São Luís do Maranhão, e do III
Festival Folclórico de Capoeira em Embu-SP em 1988, do Campeonato de Jogos
Escolares Brasileiros de 1989. No ano seguinte, começou a dar aulas de capoeira
no Colégio Agrícola de Planaltina, onde permaneceu até 1993. Em 1994, passou a
treinar com o Mestre Edivaldo em Planaltina, anos depois teve a contribuição do
Mestre Divino em sua caminhada na capoeira, o qual formou a contramestra em
2002. Em 2004, participou do 1º Campeonato Planaltinense de Capoeira,
organizado pelo grupo Corpo e Mente, o qual fariar parte anos depois. Foi
consagrada mestra no dia 11/07/2015 pelo Mestre Sérgio, que também é seu
irmão.
Fonte:Entrevista para o Projeto ’saberes dos mestres e das mestras da capital’.
Mera Jerusa
Jerusa Pimentel nasceu no Distrito Federal.
Ela é integrante do grupo União Capoeira.
267
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS
Mera Jú Trajano
(in memoriam)
Mera Karlinha
Karla Rodrigues dos Reis nasceu em Brasília, DF
em 11/11/1975. Iniciou a prática da capoeira em 1989 em
Brasília-DF. Fundou o Centro Beribazu de Culturas em 2007,
coordenou esse Centro até 2016, com a supervisão do Mestre Luiz
Renato Vieira e Mestre Igor Márcio, ambos responsáveis pelo Centro de
Capoeira da Universidade de Brasília. Foi a primeira mulher a
receber o título de Contramestra de Capoeira em Joinville, no ano de 2012
foi a primeira mestra a ser consagrada em 2021..
Em 2016, recebeu homenagem na Câmara de Vereadores como
Mulher Negra que se destaca em sua área, pela Casa da Vô Joaquina.
Mera Maeca
268
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS
Mera Meo
Maria Edileuza de Oliveira nasceu em Acaraú, CE. Iniciou na capoeira
em 1999 com o Mestre Bené no Grupo Lenço Branco de Capoeira. Foi
atleta de Campeonato Brasileiro de Capoeira em São Paulo, conquistou
o primeiro lugar. Foi diretora administradora na Federação de Capoeira
do Distrito Federal. Foi integrante da Comissão Organizadora do
Campeonato Brasileiro de Capoeira que ocorreu em Sobradinho.
Fonte: Entrevista para o Projeto ‘Saberes dos mestres e das mestras
da capital’ (2020).
Mera Michelinha
Michelle Santos Lima nasceu em 14/8/1982 em
São Luís, MA. Com cinco meses de vida, mudouse com a
família para Brasília. Iniciou na capoeira em 1993 com o
Mestre Dionísio, logo depois passou a treinar com o Mestre
Igor, recebeu a graduação de mestra no dia 6/9/2019 no
Grupo Aruanda Capoeira- DF. Ela também é formada em
Educação Física e Jornalismo.
Fonte: Acervo da Mestra Michelinha.
Mera Mirinha
Valmiria José da Silva nasceu em 1978 em
Formosa, GO; filha de Avelino José da Silva e Sebastiana
R. da Silva. Começou na capoeira em 5/2/1990, com seu pai M. Falcão (in
memoriam) fundador do Grupo de capoeira Canguru. No decorrer dos anos seu
pai (parou com a capoeira e ela deu continuidade com seu irmão Ismar que na
época era contramestre. Foi consagrada mestra pelo Mestre Alcides no ano de
2000. Ela foi formada pelo Mestre Ismar em 12 de março 2016. Já participou de
grandes eventos em Brasília, na Bahia, em Minas Gerais,
em Tocantins e em São Paulo. Atualmente tem um projeto intitulado
Capoeira Canguru em Ação que iniciou no ano de 2019.
Fonte: Entrevista para o Projeto ‘Saberes dos mestres e das mestras da capital’.
269
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS
Mera Noélia
Maria Noélia Bezerra Moreira Duarte nasceu em Crateús- CE em 22/10/1968. Em
1991, mudou-se para Brasília. Em 2001, fez o curso CREF de Educação Física na
Universidade Católica de Taguatinga. Também é formada em Pedagogia na
Faculdade Fortium no Gama, especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional. Iniciou na capoeira em 1991 com o Mestre Robertão no Sesi do
Gama. Participou do Campeonato Brasileiro de Capoeira em São Paulo levando o
primeiro lugar na categoria em 2000. Desenvolveu vários eventos femininos
levando educação e palestrantes para elevar a mulher na capoeira. Em 16 de
dezembro de 2001, recebeu a graduação de contramestra, e em 2013 recebe o título de
Mestra pelo Mestre Cavalo, hoje Presidente do grupo de capoeira ONG Evolução.
Fonte: Entrevista para o Projeto “Saberes dos mestres e das mestras da capital”.
Mera Quequel
Raquel Ribeiro Caetano teve contato com a
capoeira através do Mestre Adilson, em seguida, em 1990, insere-se no
grupo conduzido pelo Mestre Jomar sendo consagrada mestra em 2010
em Brasília, DF.
Mera Suely
Suely Borges nasceu em Belém, PA, em 7/6/1975. A Capoeira
surgiu em sua vida na infância. Posteriormente, no final dos anos 80,
na escola que ela estudava, ingressou nos treinos sob a supervisão do
Mestre Marquinhos Pastel (in memoriam). Em meados de 1993, o Mestre Adilson
encerrou as atividades do grupo, então juntamente com seu marido Mestre Foca,
resolveram montar um trabalho para que pudessem por em prática todo o
ensinamento aprendido nos anos anteriores, aliado a filosofia de vida,
potencializando as nossas ações. Com isso, em 1995, surge a UCDF Capoeira
(União de Capoeira do DF) com sede em Brasília, e atualmente filiais nos estados
do GO, RJ, SP, BA, PB e nos Estados Unidos, Miami e Nova Iorque. Paralelamente
ao trabalho com a capoeira, ingressou na Faculdade de Educação Física, formando-
se em 2012. Seu reconhecimento como mestra aconteceu em 2009, pelas mãos do
Mestre Foca, com que é casada há 26 anos. Além de presidente do Instituto UCDF
Capoeira, é coreógrafa da Cia de Dança União Lundu, Técnica do Time de Ginástica
Rítmica União e proprietária da Foca Esportes empresa especializada em atividades
esportivas e culturais.
270
DISTRITO FEDERAL 17 MESTRAS
Mera Valdirene
Valdirene Aprígio formada mestra em 2019 pelo
Mestre Zulu.
Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/claudia-
meireles/luiz-renato-vieira-e-capoeiristas-lancam-
livro-sobre-o-tema-no-sebinho
Mera Zanga
Irene Miranda Alves nasceu no Maranhão em 18/6/1980.
Recebeu o título de mestra, em 2018, no Grupo Beribazu pelo
Mestre Bill. Idealizadora do Encontro Feminino de Capoeira em
seu grupo e do Projeto Social 'Educar através do Movimento da
Capoeira' em Planaltin, no Distrito Federal. Foi agraciada com
Moção de Louvor em Homenagem aos mestres e contramestres
de Capoeira na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Recebeu premiação como Agente Cultural no segmento como
Patrimônio Histórico e Artístico, Material e Imaterial pela Lei
Aldir Blanc (FIGUERÔA, 2021).
Fonte: Acervo da Mestra Zanga.
271
GOIÁS 6 MESTRAS
Mera Amazonas
Sandra Regina Prudêncio nasceu em Goiás em
17/8/1969. Tornou-se mestra em 2019 no Grupo
Candeias consagrada pelo Mestre Suíno.
Fonte: Acervo da Mestra Amazonas.
Mera Iúna
Valdise Angela de Abreu nasceu
em Goiás em 28/6/1973.
Foi consagrada mestra em 2015 no Grupo Candeias
pelo Mestre Suíno.
272
GOIÁS 6 MESTRAS
Mera Ti
Tatiana Cândida São Pedro Tomé, nasceu Goiás, GO,
tem 28 anos de trajetória na capoeira. Em 1999, casou-se
com o professor Guerreiro e teve duas filhas. Em 2003, se
formou em Educação Física. Em 2014, formou-se em
contramestra pelos mestres Jelon e Guerreiro. “Tive a
oportunidade de conhecer e transmitir um pouco do meu
conhecimento em outros países, como Colômbia, Peru, Estados
Unidos, Espanha, França e Indonésia; e também em alguns estados
brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas
Gerais e Salvador” (TOMÉ, 2020, p.20). Anunciou no documentário
“A roda também é dela” que em julho de 2022 será consagrada mestra.
Fonte: Tomé (2020)
Mera Valéria
Valéria Costa nasceu em Goiânia, GO. Iniciou na
capoeira em 1982 com o Mestre Zumbi, depois conheceu
a Capoeira Angola na Bahia, passou a se dedicar
exclusivamente à prática da Angola. Foi fundadora do Grupo Só Angola
junto ao Mestre Caçador e Mestre Vermelho em Goiás. Foi consagrada
mestra em 2021 pelo Mestre Boca Rica, uma das fundadoras do Grupo
Só Angola.
Mera Vivian
Vivian Alexandra de Abreu nasceu em Goiânia, GO, em 19/4/1982.
Iniciou na capoeira, aos seis anos de idade, com um aluno do Mestre
Suíno, depois de alguns meses passou a treinar com o referido mestre na
Associação Candeias de Capoeira. Em dezembro de 2021 foi consagrada
mestra pelo mestre Suíno, tornando-se assim a terceira mestra do Grupo
Candeias. Ela já participou e ministrou cursos em vários
eventos no Brasil e Exterior. Também já participou dos Jogos Estudantis
Brasileiros em 1994 e 1995, foi vice campeã do Mundial em Baku -Azerbaijão
em 2018. Hoje é responsável pelo trabalho de seus alunos: instrutores
Kalango e Canario em Palmas, TO. Ela também é fonoaudióloga, servidora
pública, em uma Maternidade que atende recém-nascidos em uma unidade
Neonatal.
Fonte: Acervo da Mestra Vivian.
273
MATO GROO DO SUL 1 MESTRA
Mera Pantaneira
Léa Vieira de Oliveira Machado nasceu em Campo
Grande, MS, em 22/2/1977. Iniciou na capoeira em
1990 e se tornou mestra em 2018 no Cordão de Ouro
consagrada pelos Mestres Pernambuco e Irani. Ela é formada em
Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco. Ela se
candidatou a vereadora em 2020 em Campo Grande. Atualmente,
é presidenta dos núcleos “Mulheres de luta” e “Capoeira” em
Campo Grande- MS; presidenta estadual do Movimento Negro
PDTMS vice presidenta do seu bairro e vice presidenta da
UNEGRO de Campo Grande-MS.
Fonte: Acervo da Mestra Pantaneira.
274
REGIÃO NORTE
Mera Deusa
Deusa da Silva Belém iniciou na capoeira em 1977
e foi consagrada mestra em 2006 no Grupo Marabaiano
no estado da Amazonas (BONATES, CRUZ; 2020).
Mera Mainha
Leonita Oliveira de Souza nasceu em Petropólis, AM, em
21/6/1967. Iniciou na capoeira em 1980, conquistou
sua primeira graduação em 1982, e se tornou mestra em
2012 pelo Mestre Paulo Camarão na Associação
Cultural Brasileira de Capoeira. Ela foi candidata a
vereadora. Recentemente, recebeu o prêmio “Berimbau de
Ouro” em 2020.
Mera Pokahontas
Júlia Vargas nasceu em Manaus, AM. Ela é manaura, índigena
legítima (saterê mawé), casada com Mestre Lambão, mãe do Cauê
(Maçaranduba) de 9 anos. Ela é filha e aluna do Mestre Ronaldo Vargas
da Escola de Capoeira Bomani, filha de Téia Vargas, irmã de Ronald Vargas
e Karol Vargas, que são seus maiores incentivadores. Iniciou na capoeira aos 2
anos, já tem mais de 32 anos praticando a capoeira com o mesmo mestre, o qual a
consagrou mestra em novembro de 2021. Diretora Técnica Da CBC
(Confederação Brasileira de Capoeira), Diretora Técnica (Federação Desportiva
de Capoeira em Brasília, Presidente e Fundadora da Escola de Capoeira Bomani.
Ela é filiada a ABPC (Associação Brasileira dos Professores de Capoeira) desde
2011. Geralmente, ministra oficinas pelo Brasil e fora, como na Alemanha nas
cidades de Frankfurt, Berlim, também na França, Suíça e em Puebla no México.
Fundadora do Coletivo Loucas pela Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Pokahontas.
276
Pará 3 MESTRAS
Mera ta
Érica Cristina Melo Cabral nasceu no Belém, PA ,
em 25/7/1976. Ela é filha de sapateiro e de costureira,
tem três irmãos. Iniciou na capoeira em 1987 com o
professor Osvaldo, o Vavá, que é discípulo do Mestre Walcir
e do Mestre Tabosa do Grupo Raiz da Senzala e se tornou
mestra em 2017 no Grupo Senzala.
Mera Nega
Claudinete Silva de Melo nasceu em Santarém, PA, em 27/4/1982.Em
1991, mudou-se para Castanhal onde reside até hoje. Nesse mesmo
ano, começou a jogar capoeira incentivada pelo seu irmão, mestre Joel,
no Grupo Libertação. Em 1996, participou do grupo Muzenza, lá
permanecendo por 12 anos. Em 2008, passou a fazer parte do grupo
Fundação Arte Brasil, onde passou 11 anos e saiu do grupo porque
sofreu preconceito. Em janeiro de 2020, fundou seu grupo chamado
Associação Cultural Nega Guerreira, onde desenvolve um trabalho com
projeto social que envolve Capoeira, Jiu Jitsu, Boxe e Muay Thai,
atendendo jovens, crianças e adultos de ambos os sexos. A sua
formatura de mestra será no mês de novembro de 2022.
Fonte: Acervo da Mestra Nega
277
TOCANTINS 1 MESTRA
Mera Diamante
Joelma Assunção de Sá nasceu em Palmas, TO,
em 18/12/1984. Iniciou na capoeira em 1993, com 9 anos de idade,
junto com seu irmão, na academia do Mestre Cabeleira que
ministrava as aulas. Anos depois, começou a treinar com seu irmão.
Aos 16 anos, auxiliava nas aulas. Em 2004, ela já dava aula de
capoeira para crianças, nessa época começou a trabalhar no Grupo
Muzenza. Em 5/10/ 2005 foi dá aula de capoeira na Itália.
Ela é integrante da Capoeira Mandara arteluta, ensina desde 2015
em Barcelona. A sua formatura de mestra foi em 2019 na França pelo
Mestre Luiz Júnior.
Fonte: Acervo da Mestra Diamante.
278
REGIÃO SUL
Mera Aurea
Aurea Farias nasceu em Recife, PE. Iniciou na capoeira
em 1987 no Grupo Chapéu de Couro, também fez parte do
Balé Popular nesse período. A capoeira e o frevo ajudaram
muito na sua formação. Em 1990, mudou-se para Curitiba,
e em 1994 fundou o grupo Força da Capoeira junto
com seu esposo, o Mestre Kinkas. Foi consagrada mestra em 2015.
Ela também é formada em dança e canto pelo Conservatório
de Música Popular de Curitiba- PR (CMP).
Fonte: Acervo da Mestra Aurea.
Mera iança
Lilia Menezes nasceu em Niterói, RJ, em 23/6/1975. Iniciou na
capoeira em 1988 e se formou mestra em 2017 pelo Mestre Burguês
do Grupo Muzenza. Ela é autora do livro “Os benefícios psicofisiológicos
da capoeira”, graduada de Educação Física e especialista em Psicopedagogia.
Foi bi-campeã mundial de capoeira pela Superliga Brasileira de Capoeira, vice
campeã na Sulamericana em 2001, conquistou o terceiro lugar no campeonato
Ginga sem Limites na Bahia. Recebeu Votos de Congratulações e Aplausos por
sua atuação como Mestra de Capoeira pelo vereador e Mestre Pop Lyne no
município de Curitiba em 2019. Foi homenageada em 2020 no “Capoeiristas
inspiradoras” pelo @CapoeiraMulher. Ela tem vários artigos publicados,
idealizadora do Encontro Feminino Somente Elas na Europa e Brasil; participou
de vários CDs e DVDs do grupo Muzenza; idealizadora do Projeto Gingando
contra Fome e do Dançando com bastões. Diretora do Departamento de
Marketing a ICA Internacional Capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Criança.
Mera Shaolin
Cleiser Regina nasceu em Curitiba, PR, em 28/10/1973.
Iniciou na capoeira em 1993 no Centro Paranaense de
Capoeira com o Mestre Sergipe, em 1995 recebeu a primeira
corda de capoeira. Já participou de vários eventos,
campeonatos, dando aulas de capoeira. Foi campeã paranaense,
brasileira, conquistando o segundo lugar no Sul Americano na
Argentina. Em 9/10/2017 recebeu o título de mestra pelo Mestre
Sergipe. Ela também dá aula de capoeira na Associação de
Moradores, e está na supervisão do Mestre Borracha no Grupo de
Capoeira Marília Brasil. Ela também tem um laboratório de prótese
dentária.
Fonte: Acervo da Mestra Shaolin.
280
SANTA CATARINA 3 MESTRAS
Mera Elma
Elma Silva Weba nasceu em Queimadas, MA, em 24/9/1966. Foi iniciada
na Capoeira Angola em 1986, em São Luís, na Escola de Capoeira Angola
Laborarte coordenado por Mestre Patinho. Tem em sua formação artística
outras manifestações culturais maranhenses, foi integrante do tradicional grupo
do Cacuriá de Dona Teté. Em 1995, mudou-se para Porto Alegre, RS, e em 1996
fundou o Grupo de Capoeira Angola Solta Mandinga, que tem início como coletivo de
resistência em uma ocupação cultural na cidade e mais tarde passa a se chamar
nZambi, Grupo de Capoeira Angola. Em 2006, Elma foi reconhecida mestra de
Capoeira Angola pela comunidade da capoeira maranhense e por seu mestre, ofício que vem
realizando há 25 anos ininterruptamente. Coordena o trabalho de três núcleos do Grupo
nZambi em Florianópolis, Brasília e Porto Alegre e ministras oficinas em diversos estados
brasileiros. Em 2014, recebeu o Prêmio de Ações e Salvaguarda de Patrimônio Imaterial –
IPHAN pela ação 'Sob o Olhar dos Ancestrais' realizada há 16 anos no DF. Em 2007, recebeu
Honra ao mérito Anselmo Barnabé Rodrigues Mestre Sapo em São Luís do Maranhão. Em
2018, foi uma das mestras premiadas em um dos maiores prêmios de cultura brasileira, Prêmio
Culturas Populares Selma do Coco, do Ministério da Cultura, em reconhecimento à sua atuação
com Mestra da Cultura Popular.
Mera Fru
Cristiane Weise, de origem alemã, nasceu em 5/7/1976.
Iniciou na capoeira em 1998 e tornou-se mestra em 2016
pelo Mestre Trovão no Grupo Magia da Bahia em Blumenau,
SC. Liderança no Coletivo “Elas que Gingam” há 12 anos,
também dá aulas de capoeira há 20 anos. Ela recebeu duas
moções da prefeitura de Blumenau: uma como detentora da
roda de rua mais antiga direcionada para as Mulheres, desde
2009.
Fonte: Acervo da Mestra Fru.
281
RIO GRANDE DO SUL 6 MESTRAS
Mera Didi
Adélia Kervalt Costa Atti nasceu em agosto de 1972 em
Porto Alegre, RS. Iniciou na capoeira em 1990 na Associação
Herança Cultural Capoeira com o Mestre Catitu, sua formatura de mestra
foi em outubro de 2021. Coordena o trabalho do grupo de capoeira em
Porto Alegre e Santa Catarina. Ela é formada em Nutrição e Educação
Física, também membro do Comitê do Conselho Gestor da Salvaguarda
da Capoeira do RS, fundadora do Coletivo de mulheres Capoeiristas:
Dona Maria Como Vai Você? Ela já recebeu os prêmios de Honra ao Mérito
pela Federação de Capoeira, Tributo aos Mestras e Mestras/RS e em 2020
na Assembléia Legislativa do RS. Participou do documentário “Capoeira:
a saúde está ginga!” e produziu o documentário “Capoeira: tem mulher na roda!”.
Mera Idalina
Kely Cristina é do Rio Grande Sul, integrante da Associação
de Capoeira Angola Zumbi do Palmares.
Mera Jô geirinha
Jocelaine Rigon nasceu em Porto Alegre, RS.
Integrante do Grupo Oxóssi,
foi consagrada mestra pelo Mestre Índio em 2006.
282
RIO GRANDE DO SUL 6 MESTRAS
Mera Kauira
Patrícia Lemos Gomes nasceu em Caxias do Sul, RS,
em 30/5/1972. Iniciou na capoeira em 1982 em sua
cidade, foi consagrada mestra, em 2015, pelo Mestre Índio do
Mercado Modelo de Salvador, Bahia. É a única mulher formada
mestra na cidade de Caxias do sul. Em 2016,
fundou o Grupo Pernada Gaúcha.
Mera Machadinha
Patrícia Pimentel dos Santos Oliveira nasceu em 19/12/1971
em Porto Alegre, RS. Iniciou na capoeira em 1996 com o Mestre Kunta
Kinte (Julio Marques de Souza) que na época era aluno de Mestre Índio
(Manoel Olimpio de Souza). Nessa época, conheceu também o seu esposo,
que era colega de capoeira, e hoje é o Mestre Bonito (Andre Peres de
Castro Oliveira), juntos fundaram o grupo Ilê de Oxossi em 1999 e se
revezavam nos trabalhos. É formada em História pela Universidade
Cruzeiro do Sul, está cursando Ciências Sociais e uma especialização em
Educação Infantil. Sempre acreditou que a capoeira era muito mais do que
simplesmente um jogo, pois ela envolve aspectos culturais, artísticos e
históricos que podem ser explorados em sua totalidade. Ela já participou de
cursos, workshops, tem vasta experiência profissional ensinando a
capoeira.
Fonte: Acervo da Mestra Machadinha.
Mera Morena
Solange Neris Silva consagrada mestra
em 1993 no Rio Grande do Sul pelo Mestre Índio.
Fonte: Imagem retirada do Youtube
(https://www.youtube.com/watch?v=hl3JnMT4OKQ)
283
MESTRAS FORA DO BRASIL
Austria (1) Canadá (1)
::Ana Dourada :: Colette
Austrália (1) França (5)
:: Meirelou :: Cristina
Reino Unido (3) :: Nega Uara
:: Andrea :: Novinha
:: Rilene :: Sapeca
:: Sylvia :: Úrsula
Estados Unidos (10) Israel (2)
:: Cigarra :: Dini
:: Colibri :: Noa
:: Edna Lima Alemanha (1)
:: Sara/Soberada :: Maria Pandeiro
:: Lagosta Suécia (1)
:: Luar do Sertão :: Pintada
:: Marisa México (1)
:: Rafaela :: Rosita
:: Sorriso Moçambique (1)
:: Suelly :: Marina
ÁUSTRIA 1 MESTRA
285
AUSTRÁLIA 1 MESTRA
Mera Meirelou
Meire Marchiori nasceu em Moji Guaçu, SP,
em 23/1/1964. Iniciou na capoeira, em 1992,
foi consagrada mestra, em 2012, pelos Mestres Peixe e
Boneco no Grupo Capoeira Brasil. Atualmente, ela mora na
Austrália. Ela também é formada em Educação Física desde
1985, especialista em biomecânica do movimento “It Blow My
Mind”
286
REINO UNIDO 3 MESTRA
Mera Andrea
Andrea Pelosini nasceu em Santo André- SP
em 30/06/1977. Iniciou na capoeira em 1993 na Bahia e se
tornou mestra em 2017 na Associação de Capoeira Viva
Conquista pelo Mestre Acordeom. É também graduada em
Pedagogia, educadora popular e socioeducadora, com experiência
em medidas socioeducativas e protetivas. É uma das
idealizadoras do Coletivo feminino “Mulheres de Resistência” em
Vitória da Conquista. Ativista na luta por
espaços e valorização de nossa cultura, faz parte do GT da salvaguarda
do sudoeste bahiano e de mestres de Vitória da Conquista.
Atualmente reside em Londres.
Fonte: Acervo da Mestra Andrea
Mera Rilene
Rilene Sousa nasceu em Fortaleza-CE em 12/11/1969.
Iniciou na capoeira em 1985, o seu reconhecimento de mestra foi pela
comunidade da capoeira em Londres, onde iniciou a jornada em 1993.
Ela e sua irmã, contra mestra Brisa, fundaram a própria escola de
capoeira chamada Amazonas Capoeira. Chegaram em Londres em
1990, promoveram eventos anuais, trabalhos em escolas, universidades,
comercial de tvs, revistas, vídeos de curta metragem mostrando a
presença da mulher no mundo artístico dentro e fora de capoeira.
Fizeram trabalhos humanitário na Uganda em 2008 utilizando a capoeira
como forma de integração social. Depois de 18 anos de trabalho com o
grupo Amazonas encontraram a capoeira Angola em Londres.
Sua fascinação pela capoeira Angola a levou pra mais de 20 anos para
finalmente encontrar uma família de capoeira onde eu hoje ela faz parte
“os angoleiros do interior” com o Mestre Xandão.
Fonte: Acervo da Mestra Rilene.
Mera Sylvia
Sylvia Bazzarelli nasceu em São Paulo, faz parte
do Grupo Senzala foi formada pelo Mestre Sombra.
Há muitos anos desenvolve atividades com a
capoeira em Londres
287
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS
Mera gaa
Marcia Treidler nasceu no Rio de Janeiro.
Iniciou na capoeira em 1982 e foi consagrada mestra, em
2013, pelo Mestra Camisa no Grupo Abadá capoeira. Ela
começou a dar aula para crianças em 1987. Atualmente,
mora nos Estados Unidos.
Mera libri
Katia Barbosa Conceição nasceu no Rio de Janeiro.
Iniciou na capoeira em 1990, tendo mais de 30 anos de
prática. Em 2016, foi consagrada mestra pelo Mestre
Paulinho Sabiá no Grupo Capoeira Brasil. Atualmente, mora
em Chicago.
288
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS
Mera goa
Ela nasceu nos Estados Unidos, tornou-se mestra
em 1995 no Grupo Capoeira Mandinga
pelo Mestre Marcelo..
Mera Marisa
Marisa de Campos Cordeiro nasceu em
Belo Horizonte, MG, em 15/3/1964. Tornou-se mestra
em 2011 no Grupo Cordão de Ouro pelo Mestre Suassuna.
Fundou o Grupo Gingart Capoeira nos Estados Unidos,
e mora lá desde 1989. Fez parte do filme Mandinga em Mahattan.
Disponível: http://www.gingartecapoeiravt.org/about
289
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS
Mera Sara/Soberana
Sara Rosemeire Janneni nasceu em Londrina, PR.
Começou capoeira no dia 27/3/1987 com o
Mestre Fran do Grupo Maculelê em Londrina. Em sua
trajetória, já trabalhou com projetos sociais e ministrou aulas
para mulheres , promoveu grandes eventos femininos. Em
2002, ela se mudou para Atlanta, e continuou o trabalho com
crianças refugiadas, ajudando a alimentar os moradores de
rua. Recebeu o título de mestra em 2015 em Londrina pelo
Mestre Fran e ganhou o título Mestra
Sara Day em Atlanta pelos trabalhos sociais realizados
durante esse tempo.
Fonte: Maxwell (2019).
Mera Soiso
Treina capoeira desde 1984, e foi uma das
fundadoras da Capoeira Mandinga.
Tornou-se mestra em 2006.
Mera Suey
Suellen Einarsen, norte-americana.
Iniciou na capoeira em 1983 e
tornou mestra em 2000 pelo
Mestre Acordeom no Grupo Cordão de Ouro.
290
ESTADOS UNIDOS 10 MESTRAS
Mera Rafaela
Rafaela Machado de Gusmão nasceu em Goiânia, GO, em
17/3/1976. Começou a treinar a capoeira aos 14 anos, com o
Mestre Suíno, no Grupo Candeias. Alguns anos depois, passou a
treinar com o Mestre Piquenês, que fundou o Grupo Nagô. Após
muitos anos de dedicação à capoeira, em 10/12/2021 foi
consagrada mestra pelo Mestre André, que também é seu irmão.
Além de André, Rafaela tem outro irmão mestre de capoeira,
Torrachinha. Atualmente, mora em Miami, e também é
fisioterapeuta.
Fonte: Acervo da Mestra Rafaela
291
FRANÇA 5 MESTRAS
Mera iina
Tânia Cristina Oliveira da Silva nasceu
em 17/2/1972.Iniciou na capoeira em 1986
e se tornou mestra em 2019 pelo
Mestre Torneiro no Grupo Senzala. Atualmente reside na França.
Fonte: Acervo da Mestra Cristina.
Mera Novinha
Maria de Fátima da Silva Filha nasceu em 1978
em Fortaleza-CE. Começou a praticar capoeira com o
irmão mais velho Marcelo, também aluno do Rato, na
época era corda azul do Mestre Rato, aluno do Paulão. Ela praticou
capoeira com o irmão até obter a corda vermelho-azul, graças a Rato
obtém diretamente a corda azul em 1997. Desde 2005, ela trabalha há
vários anos no desenvolvimento de trabalhos de classe com crianças
em Paris. No dia 30 de julho de 2016, foi reconhecida mestra de
capoeira em Niterói – RJ.
Fonte: Acervo da Mestra Novinha
292
FRANÇA 5 MESTRAS
Mera Sapeca
Vladia Silva dos Santos chegou à Europa, em 1998, em
uma turnê internacional de dança e capoeira. Seu início na
capoeira foi em1988, em Fortaleza, CE, onde ela
deu aulas na cidade e adjacências. É também
dançarina de samba e outras danças brasileiras, atua no
cinema e nas turnês de grupos musicais. Chegou à Europa em 1998,
deu cursos na Holanda (com a recepção em Eindhoven do Mestre
Paulão, de Fortaleza, CE. No ano seguinte, mudou-se para Lyon.
Recebeu o título de mestra em 2016 pelo Mestre Zebrinha
no Grupo Tucum Brasil, o qual colaborou também para a fundação.
Fonte: https://capoeiratucumbrasil.wordpress.com/contre-maitre-sapeca/
Mera Úrsula
Úrsula Canto nasceu no Rio de Janeiro em 21/6/1962. Antes de
iniciar na capoeira, em 1977, já era bailarina clássica e atriz. Ela tinha
entre 14 a 15 anos quando iniciou no Grupo Senzala e foi integrante
durante 30 anos. Ela participou de vários eventos, comerciais, peças
como: “Mil e um encarnações de Pompeu Loureiro”, “Galvez
Imperador do Acre”, “Percevejo”; filmes “Faca de dois gumes”. Passou
na UERJ no curso de Letras, porém não concluiu porque se mudou
para a França, onde se formou no curso de Teatro. A consagração de
mestra ocorreu em 2012 pelos Mestres Sorriso e Gato. Criou o grupo
Capoeira Guaiamuns na França, produziu e participou do filme “Roda
Mundo Capoeira”, participou do filme «A roda também é dela». Está
há 30 anos se dedicando a capoeira na França, sendo a primeira
mestra a dar aula na Europa. Ela é mãe de dois filhos que também
são capoeiristas.
Fonte: Maxwell (2019).
293
ISRAEL 2 MESTRAS
Mera Dini
Yael Rahamim nasceu na cidade
de Tel Aviv, em Israel, em 9/3/1980.
Começou na capoeira em 1996 e foi consagrada mestra
em 2015 pelo Mestre Edan Harari no grupo Cordão de Ouro.
Começou a dar aula de capoeira em 2000 e até hoje leciona a
prática cultural.
Mera Noa
Noa Rosenblat Harari, israelense, foi consagrada
mestra em 2012 pelo Mestre Edan no Grupo Cordão de
Ouro.
Fonte: Maxwell (2019).
294
Alemanha 1 MESTRA
295
SUÉCIA 1 MESTRA
296
MÉXICO 1 MESTRA
Mera Rosa
Rosalinda Pérez Falconi nasceu no
México em 12/12/1974. Iniciou na capoeira em 1998
e se tornou mestra em 2017 tendo recebido contribuição do
Mestre Acordeon e da Mestra Suelly,
Atualmente, ela conduz o grupo Capoeira Longe do Mar.
297
MOCAMBIQUE 1 MESTRA
Mera Marina
Célia Marina Matue nasceu em Maputo em 7/6/1967. Ela sempre
teve paixão pela dança e artes, fundadora e impulsionadora da
capoeira em Moçambique. Praticou capoeira, dança, ginástica na
Dinamarca nos finais da década de 80 e boa parte da década de
90. Morou 10 anos na Dinamarca e em 1998 regressou a
Moçambique, fundando oficialmente o grupo Ginga de Maputo em
1999.
Fonte:http://gingademaputo.com/quem-somos/
298
14 Meras do ará
Bruxinha
Carla
3 Meras Claudinha
3 Meras do Maranhão Cleide
Darlyane
3 Meras do Pará Pudiapen Doralice
do Amazonas Catita Samme Felina
Nega Valdira Flanela
Deusa
Pé de Anjo Jana
Mainha
(in memoriam) Manô
Pokahontas
Nega
1 Mera Paulinha Zumba 2 Meras
do Piauí Roberta da Paraíba
Mazé Vanda
Jane
Malu
3 Meras
da R.G. do Norte 10 Meras
Manhosa de Pernambuco
Paulette Aninha
Sherra Bel
Sorvetinho Dani Gouveia
Dani Ferraz
Deivinha
Di
1 Mera do Sergipe Isa
Mônica
Felina Selva
17 Meras 46 Meras Shirley Guerreira
do D. Federal da Bahia
Alaíde Amazonas
Ana 6 Meras do Aruanda
Bad 6 Meras Espíro Santo Bya
Brisa
Baianinha
Clarice
do Goías Baixinha Carol
Amazonas Furinha Celebridade
Jerusa Kêu
Ju Trajano (in memoriam) Ana Maria Claudia
Iúna Pitú Coruja
Karlinha Sabrinha/Sassa
Marreca Tati Cris
Valéria Zangada Dandara
Meo
Michelinha Vivian
14 Meras de 41 Meras do Dandara Baldez
Mirinha
Minas Gerais R. de Janeiro Dila
Noélia 1 Mera do Adriana
Esperança
Quequel M.G. do Sul Alcione/Cici Ana Sábia
Fafá/Capeta
Geisa
Suely Chaveirinho
Pantaneira Arara Gegê
Valdirene Folgadinha Baiana Guerreira
Zanga Índia Baixinha
3 Meras Kelly Beija Flor
Janja
Jararaca
do Paraná Lena Borboleta Jô
Aurea Miúda Cantora Lilu
Criança Puma Cigana Lene
Shaolin Raio de Sol China
3 Meras Raposa Claudinha
Lucia Cigana
Marcha Lenta
6 Meras do de Santa Sereia Coral Mada
R.G. do Sul tarina Tida Cris Marly Malvadeza
Elma Zebrinha Cristina Nani
Didi Fru Yaçana Darlene Nzinga
Idalina Rosa Costa Destemida Nena
Jô Ligeirinha Dirce (in memoria) Omara/Piolho
Karruina Flávia Pupila Patrícia
Machadinha Foguinho Paulinha
Morena 45 Meras de São Paulo Francesinha Pequena Rasta
Andrea Kodak Preguiça
Maria Patrimônio Lilla Angonal
Bonequinha Meire Raquel
Borrachinha Magali Risadinha
MESTRAS FORA DO BRASIL Camila
Meire
Meiry
Márcia Ritinha (in memoriam)
Ciça Marciana Rute
Austria (1) Canadá (1) Michelli Marla
Diane Mirian Soninha
::Ana Dourada :: Colette Dani/Raposa Molequinha Taísa
Austrália (1) França (5) Monise Mucama
Dedê Moranguinho Tate
:: Meirelou :: Cristina Dirlea Patrícia Tekka
Reino Unido (3) :: Nega Uara Morena Portuguesa
Engraçadinha Nagô Tisza
:: Andrea :: Novinha Grazi Renatinha Tonha Rolo do Mar (in memoriam)
:: Rilene :: Sapeca Potira Ruffato
Kátia Preta Trança
:: Sylvia :: Úrsula Lara Sheila Vanessa
Estados Unidos (10) Israel (2) Renata Simone
Leda Rita
:: Cigarra :: Dini Lua Branca Siomara
:: Colibri :: Noa Rosinha Sandrinha (in memoria)
Sereia Samila
:: Edna Lima Alemanha Lu Baobá Serena
:: Rafaela :: Maria Pandeiro (1) Sara Sueli Cota
Lu Pimenta Saruê
:: Sara/Soberada Suécia (1) Luana Tempestade
:: Lagosta :: Pintada Selma Thiara
Mara Vânia Alves
:: Luar do Sertão México (1) Mara (Feiticeira) Zangada
:: Marisa :: Rosita Vânia Borges Zazá
Maria Mara Vanuza
:: Sorriso Moçambique (1)
:: Suelly :: Marina