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Sermão de Santo António aos Peixes

Localização espacial e temporal: Brasil, São Luís de Maranhão, 1654


Os ouvintes são os colonos.

Estrutura argumentativa do sermão:

Exórdio Exposição Confirmação Peroração


Introdução ao tema. A exposição é onde é Apresentação dos Conclusão do sermão
Solicita a ajuda divina. apresentada a argumentos. com a síntese dos
Desde o exórdio, já estrutura do sermão e conhecimentos a reter.
existe a tentativa de a explicação do
cativar o auditório. assunto.

O sermão é considerado um texto alegórico que é utilizado como meio de encontrar uma
solução para a salvação dos índios.
O capítulo I enquadra-se no exórdio:
★ Apresentação do conceito predicável;
★ Identificação e exploração metafórica do tema;
★ Elogio e imitação de Santo António;
★ Invocação à Virgem Maria (Senhora do mar)

Capítulo I

“Vós sois o sal da terra”


Conceito predicável Os pregadores, através de seus sermões,
tem o dever de impedir a corrupção.

Os pregadores têm o dever de impedir a “mas quando a terra se vê tão corrupta como
corrupção, mas a terra continua corrupta está a nossa, havendo tantos nela que têm
mesmo com tantos pregadores, então qual ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a
será o problema? causa desta corrupção?” ll 2-5

A seguir, Padre António Vieira apresenta


hipóteses através de:
❖ Enumeração de razões pelas quais
a terra continua corrupta;
❖ Do recurso a disjuntiva “ou”;
❖ Interrogação retórica;
❖ A conjunção adversativa “mas”
(utilizada para introduzir uma
clarificação em relação ao problema
“Ou é porque o sal não salga ou a terra não
anteriormente dito: os pregadores
se deixa salgar” ll 5
devem impedir a corrupção mas a
terra continua corrupta).

Ou pregadores não pregam a verdadeira


doutrina ou a audiência rejeita a pregação.
Se a responsabilidade for do pregador, Se a responsabilidade for da audiência, pode
pode ser: ser:
➔ Os pregadores não pregam a ➔ A audiência rejeita a verdadeira
verdadeira doutrina; doutrina;
➔ Os pregadores dizem uma coisa e ➔ A audiência segue o que os
fazem outra; pregadores fazem e não o que eles
➔ Os pregadores pregam a si dizem;
mesmos, ao invés de pregar ➔ A audiência não segue a cristo e
Cristo. segue seus apetites e vontades
egocêntricas.

Vieira utiliza os argumentos de Argumento de autoridade - Cristo


autoridade para mencionar a solução Utiliza uma passagem bíblica, palavras de
para a corrupção. Cristo.
O que se há de fazer ao sal que não salga?
“Suposto, pois, que o sal não salgue, ou a “Expulsá-lo, lançá-lo para fora como inútil”
terra se não deixe salgar; que se há de
fazer a este sal, e que se há de fazer a Argumento de autoridade - Santo António
esta terra?” ll 13-14 Utiliza o exemplo de Santo António, que é
um Santo ao qual todos são devotos.
O que se há de fazer a terra que não se
ll.15-21 (o que se faz aos pregadores) deixa salgar?
ll. 22-39 (o que se faz a audiència) Mudar-se. Mudar o púlpito e mudar a
audiência, como Santo António fez.

É criada uma relação de intimidade do Padre António Vieira reforça o paralelo entre
pregador com a audiência ao dizer ele e Santo António, a vivência de uma
“nosso grande português”, para seduzir pregação com uma má audiência, uma
e cativar a audiência. Ao utilizar este audiência que não ouve.
recurso, está persuadindo-a mais
facilmente. É apresentada a intenção do sermão de
reformar os vícios e acabar com a
corrupção.

“Muitas vezes vos tenho pregado nesta


Igreja, e noutras de manhã, e de tarde, de
dia, e de noite, sempre com doutrina muito
clara, muito sólida, muito verdadeira e a que
mais necessária, e importante é a esta terra,
para emenda, e reforma dos vícios que a
corrompem.”

Recurso ao paralelismo para demonstrar Além de paralela, a construção da introdução


diferentes hipóteses no primeiro parágrafo do sermão tem uma construção disjuntiva
(enumeração de interrogações retóricas). (que se liga estabelecendo alternativa ou
distinção) e antitética (oposição).

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