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Introdução
Apresentamos aqui dois dentre os treze
contos de Rabi Nachman de Breslev, “O Rabino e
Seu Filho Único” e "O Príncipe Feito de Pedras
Preciosas". Rabi Nachman dizia que o primeiro,
diferentemente dos outros doze, que são parábolas,
aconteceu realmente. A narrativa nos mostra a
importância de se aproximar do Tzadik (sábio, santo)
e até de viajar ao seu encontro para receber força
espiritual. Depois trazemos nesta edição a Lição
Ayeh, do Likutey Moharan, na qual o Rebe nos
ensina de forma profunda como sair de lugares e
situações de distância de D's, e como, em um
momento, se aproximar Dele. Também oferecemos
aqui algumas palavras sobre a importância do Rosh
Hashaná com Rabi Nachman. Trazemos também o
sagrado "Petek", carta misteriosa enviada por Rabi
Nachman cem anos após sua morte à seu aluno, Rabi
Israel Ber Odesser. Ele a encontrou quando abriu um
livro aleatoriamente. (Está na parte de trás da capa
do livreto)
Esperamos que este livreto possa fortalecer
todos aqueles que o lerem e aproximá-los de D's e do
Tzadik
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O Rabino e Seu Filho Único
Havia certa vez um rabino que não tinha
filhos. Após algum tempo ele teve um filho
único, que ele criou e para quem arranjou o
casamento. Esse filho se sentava no andar
superior [da casa] e estudava, como era o
costume dos mais abastados. Ele estava sempre
estudando e orando, mas sentia que lhe faltava
algo, só não sabia o quê. Não se sentia realizado
com seus estudos e orações. Ele revelou isso a
dois jovens, que o aconselharam a viajar ao
encontro de certo Tzadik (santo). Então esse
filho fez uma mitzvá e alcançou através dela a
qualificação de Pequena Luz (Lua).
O filho único foi até seu pai e lhe disse
que não se sentia realizado em sua devoção
religiosa, isto é, nas orações, nos estudos e na
realização das mitzvot (mandamentos). Havia
algo de que ele sentia falta, mas não sabia o quê.
Assim sendo, ele pretendia viajar até aquele
Tzadik que tinham lhe indicado. O pai lhe
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O Rabino e Seu Filho Único
respondeu: “Por que você vai viajar até ele?
Você é mais estudioso do que ele e vem de uma
família mais ilustre que a dele. Não é apropriado
que você viaje até ele. Esqueça isso!” O pai
acabou impedindo sua viagem até o Tzadik e o
filho retornou aos seus estudos. Mas novamente
a sensação da falta de algo retornou. Mais uma
vez ele foi discutir o assunto com aquelas
pessoas que, como antes, o aconselharam a
viajar até o Tzadik. Então ele foi novamente
conversar com seu pai, e seu pai outra vez o
dissuadiu e o impediu. Isso se repetiu várias
vezes.
O filho, no entanto, continuava com a
sensação de que lhe faltava algo, e ansiava
muito por preencher esse vazio, embora não
soubesse o que era. Então ele abordou seu pai
novamente e insistiu muito, até que o pai se viu
forçado a viajar com ele – porque não quis
deixar seu único filho viajar sozinho. O pai lhe
disse: “Você verá, viajarei com você e lhe
mostrarei como esse Tzadik não é ninguém”.
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O Rabino e Seu Filho Único
Eles prepararam a carruagem e partiram.
O pai então disse: “Eu vou colocar esta situação
à prova: se tudo transcorrer normalmente, é
porque terá sido decretado pelos Céus; caso
contrário, não terá sido da vontade dos Céus e
devemos voltar”. Eles seguiram viagem e
chegaram a uma pequena ponte. Um dos cavalos
caiu, a carruagem virou e eles quase se
afogaram. O pai disse ao filho: “Você vê como
as coisas não estão transcorrendo normalmente e
esta viagem não é da vontade dos Céus?” Assim,
eles retornaram. O filho voltou aos seus estudos,
mas mais uma vez sentiu aquele vazio, que algo
faltava e ele não sabia o quê. Então ele voltou a
pressionar seu pai e o pai se viu forçado a viajar
com ele mais uma vez. Durante a viagem, o pai
mais uma vez estipulou que tudo deveria
transcorrer normalmente para eles. Enquanto
viajavam, dois eixos da carroça quebraram. O
pai lhe disse: “Você vê que não é para
viajarmos? Por acaso é normal romperem-se
dois eixos? Quantas vezes já viajamos com essa
carruagem e tal coisa nunca aconteceu?!”
Assim, eles retornaram.
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O Rabino e Seu Filho Único
O filho voltou à sua rotina (ou seja, aos
estudos etc.), e novamente teve a sensação de
que lhe faltava algo. Mais uma vez aquelas
pessoas o aconselharam a fazer a viagem e mais
uma vez ele se aproximou do pai e implorou, até
que o pai se viu de novo forçado a viajar com
ele. Desta vez, o filho pediu ao pai que não
colocasse a viagem à prova daquela maneira,
pois era natural que um cavalo às vezes caísse,
que eixos de carroças quebrassem – a menos que
algo realmente extraordinário acontecesse.
Eles seguiram viagem e chegaram a uma
hospedaria para passar a noite. Lá encontraram
um comerciante e começaram a conversar com
ele à maneira dos comerciantes, sem revelar-lhe
para onde viajavam, porque o rabino se sentia
envergonhado em dizer que viajavam até aquele
Tzadik. Eles começaram a falar de assuntos
mundanos, até que, no desenrolar da conversa,
chegaram ao assunto dos Tzadikim (santos) e
onde se poderia encontrá-los. O comerciante
lhes disse que em tal lugar havia um Tzadik, em
outro lugar havia outro, e assim por diante.
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O Rabino e Seu Filho Único
Então eles mencionaram o Tzadik para o qual
eles viajavam. O comerciante lhes disse: “Ele?
Ele não é nada! Eu acabo de vir dele agora. Eu
estava lá, e ele cometeu um pecado”. O pai
então disse ao filho: “Está vendo, meu filho, o
que este comerciante, inocentemente, acabou de
dizer? E ele não acaba de vir de lá?” Então eles
regressaram para casa.
O filho faleceu e apareceu em um sonho
para o rabino, seu pai. O pai viu que o filho
estava enfurecido e perguntou-lhe: “Por que
você está tão zangado?” O filho disse para ele
viajar até aquele Tzadik e ele iria dizer o motivo
de ele estar zangado. O pai acordou e disse para
si mesmo que aquilo tinha sido apenas uma
coincidência. O sonho se repetiu e o pai
novamente disse se tratar apenas de um sonho
sem sentido. Mas quando o sonho se repetiu
uma terceira vez, ele percebeu que havia um
motivo para tal. Então, ele partiu.
No caminho, encontrou o comerciante
que havia conhecido antes, quando viajara com
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O Rabino e Seu Filho Único
seu filho. O pai o reconheceu e lhe disse: “Não
foi você que eu conheci naquela hospedaria?”
Ele respondeu: “Com certeza você me viu!” Ele
abriu a boca e disse: “Se você quiser, posso
engoli-lo!” “Do que você está falando?”,
perguntou o rabino. “Você está lembrado”,
respondeu o comerciante, “que quando você
viajou com o seu filho, primeiro o cavalo caiu da
ponte e você retornou, depois os eixos partiram,
e depois você me encontrou e eu lhe disse que
aquele Tzadik não era ninguém? Agora que eu
causei a morte do seu filho, você pode seguir
viagem. Porque o seu filho era o aspecto da
Pequena Luz (Lua) e aquele Tzadik é o aspecto
da Luz Maior (Sol), e se eles se tivessem
encontrado, o Messias teria vindo. Mas visto que
já causei a morte dele, você pode seguir
viagem”. Enquanto falava, ele desapareceu e não
havia ali mais ninguém com quem o pai
conversasse. O rabino viajou até o Tzadik e
berrou: “Ai, ai, ai pela perda irreparável!"
Que D's retorne rapidamente aos nossos
exilados. Amém.
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O Rabino e Seu Filho Único
Aquele comerciante era o próprio diabo.
Ele apareceu como um comerciante e os
enganou. Quando ele encontrou pela segunda
vez o rabino, ele o provocou por ter-lhe dado
ouvidos, porque assim é seu costume, como é
sabido. Primeiro, ele seduz a pessoa, e, se ela o
ouvir, ele próprio depois a provoca e se vinga
dela por ter-lhe escutado. Que D's nos proteja
dele e nos devolva à verdade correta.
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Buscando a Glória de D's
Quando uma pessoa segue seu próprio
intelecto e inteligência, ela pode cair em erros e
falhas diversas, e causar grandes males, D's nos
livre. Existem aqueles que fizeram muitos
danos, como os grandes vilões da história, que
enganaram o mundo através de sua inteligência
e intelecto. O principal no Judaísmo é conduzir-
se com inocência e simplicidade, sem nenhuma
sofisticação. A pessoa deve observar que D's
esteja presente em tudo que faça, sem se
preocupar com sua própria estima. Ela deve agir
se [o ato] traz glória a D's; se não, não. Desta
forma, nunca irá falhar.
E mesmo quando cair em dúvidas, D's
nos livre, – e a queda da pessoa pode ser muito
grande, caindo em dúvidas e questionamentos, e
chegando a questionar D's – mesmo assim, a
queda é pelo bem da ascensão [que segue].
Saiba, a raiz de toda a criação é a glória.
Pois tudo que D's criou foi por Sua glória, como
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Buscando a Glória de D's
está escrito (Isaías 43:7): "Tudo que é chamado
por meu nome, por minha glória criei…"
(Tratado de Yoma 38a). E sendo que tudo foi
criado por Sua glória, conclui-se que a glória é a
raiz de toda criação. Mesmo que tudo seja uma
coisa só, a criação é composta por partes, e em
cada parte da criação há um aspecto de glória
específico, que é sua raiz. Esse é o significado
de: "Com dez expressões o mundo foi criado.
Mas não poderia ter sido criado com somente
uma? Entretanto, em razão de recompensa e
castigo foi criado com dez expressões " (Ética
dos Pais 5:1). E em cada uma das expressões há
um aspecto de glória específico, que é sua raiz,
pois a glória é a raiz de tudo.
Esse é o significado de "e no Seu
Santuário, tudo declara: glória!" (Salmos 29:9).
Em cada expressão está revestida a glória de D's,
através da qual o mundo foi criado, pois "toda a
terra está cheia de Sua glória" (Isaías 6:3).
E mesmo em pecados e coisas ruins, D's
nos livre…
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Buscando a Glória de D's
A glória de D's não está presente lá, num
aspecto de "Eu não darei Minha glória para
outro" (Isaías 42:8). Pois há um limite para que
a glória se expanda até lá, mesmo que "toda a
terra está cheia de Sua glória", há um limite
quando ela chega aos lugares acima
mencionados, para que não se estenda até lá,
num aspecto de "Eu não darei Minha glória para
outro". E há um limite para cada [aspecto de]
glória, que reveste cada uma das Dez
Expressões, para que não se expanda aos
"lugares externos". [Ou seja, lugares fora da
santidade.]
Mas saiba, mesmo assim, certamente
esses lugares também recebem força vital de
D's. Tanto os "lugares imundos" como as casas
de idolatria precisam receber sua força vital de
D's. Entretanto, saiba que eles a recebem do
conceito de "Expressão Oculta". Isso é Bereshit
[No princípio], a Expressão Oculta (Genesis 1:1;
veja Chidushey Agadot em Shabat 104a), que
inclui todas as outras expressões e atribui força
vital a elas.
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Buscando a Glória de D's
[No versículo de Bereshit [No princípio]
não está escrita nenhuma expressão - D's disse -
mas ele também é considerado uma das dez
expressões com as quais o mundo foi criado.] A
glória da Expressão Oculta é escondida com o
máximo de ocultamento. Dela eles [os “lugares
imundos”] recebem sua força vital, pois da
glória e das expressões reveladas não podem
receber força vital, num aspecto de "Eu não
darei Minha glória para outro", como
mencionado. É somente da Expressão Oculta,
escondida com o máximo de ocultamento, que
eles recebem força vital. Esse assunto é
incompreensível, e é proibido ponderar sobre
isso absolutamente.
Portanto, quando a pessoa cai, D's nos
livre, em lugares como esses, "lugares
imundos", caindo em dúvidas, heresia e grande
confusão, se ele começa a examinar a si mesmo
e observa que está muito distante da glória
divina – e como consequência a se ver longe de
Sua glória, tendo caído em tais lugares, D's nos
livre, ela se pergunta e busca: "Ayeh (Onde) está
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Buscando a Glória de D's
o lugar de Sua glória?" – essa, essa é a essência
de sua retificação e ascensão, como o conceito
trazido nos livros: "A queda é pelo bem da
ascensão [que segue]."
Pois "Ayeh [Onde] está o lugar de Sua
glória?" se refere à glória suprema da mais
elevada expressão, isto é, a Expressão
Oculta/Bereshit, de onde a força vital desses
lugares é tirada. Sendo assim, quando a pessoa
busca e procura – "Ayeh [Onde] está o lugar de
Sua glória?" – ela retorna e ascende à glória
suprema, o conceito de Ayeh, que em virtude de
sua grande ocultação e encobrimento, dá vida a
esse lugares. Então agora, tendo caído aí e
buscado "Ayeh [Onde] está o lugar de Sua
glória?", é possível se reconectar com aquele
lugar e assim revitalizar sua queda e se elevar
em absoluto.
E esse é o conceito do sacrifício de olah
[oferenda queimada], que vem para expiar os
pensamentos heréticos do coração. Como
disseram nossos sábios, de abençoada memória,
está escrito (Ezequiel 20:32): “aquilo que oleh
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Buscando a Glória de D's
[sobe] à sua mente”, a olah expia pelos
pensamentos (Vaikrá Rabbah 7:3).
Esse é o conceito de “Meu coração está
s’charchar [rodeado]” (Salmos 38:11), pois
existe uma kelipá (força maligna) que contorce e
rodeia o coração com muita distorção,
desonestidade e confusão. Esta é a kelipá de
noga [brilho]. Por isso é chamada s’charchar –
pois a tradução em aramaico de “rodeado” é
s’chor s’chor, como em “com noga [brilho] o
rodeando” (Ezequiel 1:4). Pois noga é o
conceito da tradução aramaica, como é trazido
(vide Likutey Moharan 1,19), e por esse motivo
está escrito em aramaico [s’charchar].
Quando a pessoa cai lá, ou seja, nos
“lugares imundos”, e então busca e grita “Ayeh
(Onde) está o lugar de Sua glória?”, isso em si é
sua retificação, pois ela retorna e volta à glória
suprema, que é o conceito de Ayeh, como
mencionado acima.
Esse também é o conceito de olah
[oferenda queimada], como em “mas ayeh
[onde] está o cordeiro para a olah?” (Genesis
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Buscando a Glória de D's
22:7). [Perguntar] Ayeh? É o próprio conceito do
cordeiro para a olah, que serve para retificar e
expiar aqueles pensamentos do coração que vêm
dos “lugares imundos”. Através do conceito de
Ayeh a pessoa é retificada e oleh [ascende] de lá,
como mencionado acima.
É isso que é trazido no fim do Tikuney
Zohar (Adendo 2): Bereshit [No princípio] -
Bara Taish [criou um cordeiro]. [Ambos contêm
as mesmas letras em hebraico.] Isso alude ao
“cordeiro para a olah”, que é feito através de
Ayeh, o conceito de Bereshit, Expressão Oculta,
como mencionado acima.
Esse é também o conceito de
arrependimento. A essência do arrependimento é
quando a pessoa busca e procura pela glória de
D’s, e, vendo-se distante de Sua glória, anseia e
pergunta, sofrendo, “Ayeh [Onde] está o lugar de
Sua glória?" Isso é, em si, seu arrependimento e
retificação, como mencionado acima. Entenda
bem isso.
Existe muito mais a ser dito sobre esse
assunto. Quando a pessoa segue um caminho ou
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Buscando a Glória de D's
quando ela viaja por caminhos espirituais, a
Torá vai diante dela, como em "Quando você
caminha, ela vai te guiar" (Provérbios 6:22). Há
vários aspectos nisso, porque cada pessoa é
guiada de acordo com sua Torá. E antes da
[revelação] de cada Torá encontram-se os
mencionados tipos de dúvida, como, por
exemplo, com insights de Torá. Antes de
originar um novo insight, a pessoa experiencia
muitas incertezas e confusões até propriamente
elucidar e clarificar o assunto. Essas incertezas
remetem ao conceito da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal, que é o
conceito de noga. Quando a pessoa alcança a
Torá em si mesma, isso corresponde à Árvore da
Vida.
O que segue está relacionado ao
mencionado acima:
E esse é o conceito de: se alguém te
perguntar "Onde está seu D's?", diga a ele "Na
grande cidade de Roma" (Yerushalmi, Taanit
1:1, p.3a). Também lá! Apesar de [a cidade]
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Buscando a Glória de D's
estar cheia de imagens gravadas e de idolatria, o
Abençoado também está lá, escondido.
Essa é a regra: quando a pessoa cai lá
[nos “lugares imundos”], D's nos livre, e então
começa a buscar "Ayeh (Onde) está o lugar de
Sua glória?", ela se revitaliza com a força vital
da santidade. Pois a força vital das kelipot
[forças malignas] vem do ocultamento, do fato
de que D's está tão oculto que as pessoas estão
totalmente inconscientes Dele.
Mas no momento em que a pessoa busca,
"Ayeh [Onde] está o lugar de Sua glória?”, isso
indica que ela ao menos sabe que existe um D's,
mesmo estando oculto e escondido, e por isso
ela busca: "Ayeh [Onde] está o lugar de Sua
glória?" E assim ela se revitaliza do lugar onde
caiu.
Ayeh corresponde à Expressão Oculta, de
onde elas [as forças malignas] recebem força
vital. Entretanto, a força vital das forças
malignas deriva do ocultamento, enquanto ele se
revitaliza no local de sua queda com a força vital
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Buscando a Glória de D's
da santidade, através de buscar e procurar “Ayeh
[Onde] está o lugar de Sua glória?”
Então, [após perguntar e buscar], a
pessoa consegue ascender completamente para a
própria santidade – isto é, para o lugar onde a
glória de D's está revelada, pois a essência da
santidade é a revelação de Sua glória.
Abençoado seja D's para sempre. Amém
e Amém.
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A Importância do Rosh Hashaná
Disse [Rabi Nachman]: "O meu Rosh
Hashaná está acima de tudo. Acho isso incrível:
uma vez que meus discípulos acreditam em
mim, por que não cuidam de estarem todos
comigo em Rosh Hashaná, sem faltar ninguém?
Todo o meu assunto é Rosh Hashaná". Ele
avisou para que fosse feito um anúncio público,
dizendo que todo aquele que o segue e é
próximo dele deve estar em Rosh Hashaná, sem
faltar ninguém. Quem quer que tenha o mérito
de estar [com ele] em Rosh Hashaná deve ficar
extremamente feliz.
“Meu Rosh Hashaná é uma grande
inovação e D's sabe que isso não é uma herança
dos meu pais. D's me deu isso de presente, saber
o que é Rosh Hashaná”.
[Isso tudo é válido mesmo após o falecimento de
Rabi Nachman. Todo ano dezenas de milhares
de pessoas vão para Uman, na Ucrânia, celebrar
o Rosh Hashaná com ele.]
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O Príncipe Feito de Pedras
Preciosas
Havia uma vez um rei que não tinha
filhos. Ele procurou ajuda de médicos para que
seu reinado não fosse entregue a estranhos, mas
eles não puderam ajudar. Então ele decretou que
os judeus rezassem para que ele tivesse filhos.
Os judeus procuraram um Tzadik [um
Sábio]para que ele rezasse e pedisse que o rei
pudesse ter filhos. E encontraram um Tzadik
oculto [um sábio que fica isolado do mundo], e
pediram a ele que rezasse para que o rei tivesse
filhos. O Tzadik respondeu que não sabia de
nada.
Avisaram o rei [sobre o ocorrido], e ele
enviou mensageiros para que buscassem o
Tzadik e o levassem até ele. Então o rei lhe
disse, amigavelmente: "Você não sabe que os
judeus estão em minhas mãos e posso fazer com
eles o que eu quiser? Portanto, peço
amigavelmente que você reze para que eu tenha
filhos". O Tzadik prometeu que ele teria um
filho naquele mesmo ano e voltou para casa.
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O Príncipe Feito de Pedras Preciosas
A rainha deu à luz uma filha, e a princesa
era muito bela. Quando tinha apenas quatro
anos, já sabia todas as ciências e idiomas, e
sabia tocar instrumentos musicais. Viajavam reis
de todas as regiões para vê-la e o rei ficou muito
contente.
Depois disso o rei desejou muito ter um
filho, para que seu reinado não fosse entregue a
um estranho [pois o reinado era passado de pai
para filho]. Então ele decretou novamente que os
judeus rezassem para ele ter um filho. Eles
procuraram o Tzadik mencionado, mas não o
encontraram, pois ele já havia falecido.
Continuaram procurando e encontraram outro
Tzadik oculto. Pediram-lhe que desse ao rei um
filho, e o Tzadik respondeu que não sabia de
nada. Então eles voltaram e avisaram o rei, e o
rei disse como antes ao novo Tzadik: "Os judeus
estão em minhas mãos", e todo o resto. E o
Tzadik disse: "Você fará como eu ordenar?".
"Sim", respondeu o rei. O Sábio então disse: "Eu
preciso que você me traga todos os tipos de
pedras preciosas, pois cada uma tem uma
propriedade diferente". Os reis tinham um livro
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O Príncipe Feito de Pedras Preciosas
onde estavam descritos todos os tipos de pedras
preciosas. O rei disse: "Eu aceito dar metade do
meu reino para poder ter um filho". Então o rei
levou todos os tipos de pedras preciosas. O
Sábio pegou as pedras e as triturou. Depois as
colocou numa taça de vinho e deu metade para o
rei beber e metade para a rainha. Disse-lhes que
teriam um filho todo feito de pedras preciosas e
que ele teria todos os poderes de todas as pedras
preciosas. E o Sábio retornou para casa.
A rainha deu à luz um filho e o rei ficou
muito contente. Entretanto, o filho não era feito
de pedras preciosas. Ainda assim, quando tinha
apenas quatro anos já era muito belo e muito
versado em todas as ciências, e sabia todas as
línguas. Reis viajavam para conhecê-lo.
A princesa percebeu que não era mais tão
importante e se enciumou de seu irmão. Ela
tinha somente um consolo: aquele Tzadik tinha
dito que ele seria feito todo de pedras preciosas,
e ele não era. Ao menos algo era bom.
Uma vez o príncipe estava cortando lenha
e se cortou no dedo. A princesa correu para fazer
um curativo e viu no corte uma pedra preciosa.
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O Príncipe Feito de Pedras Preciosas
Ficou muito enciumada e se fingiu de doente.
Vários médicos vieram, mas não conseguiam
curá-la, então chamaram feiticeiros. Houve um
feiticeiro para quem ela revelou a verdade, que
ela havia se fingido de doente. A princesa
perguntou se ele sabia lançar um feitiço para
tornar alguém leproso. Ele disse que sim. E a
princesa continuou: "E se porventura
conseguirem um feiticeiro que possa anular o
feitiço e curá-lo?". O feiticeiro respondeu: "Se
atirar o feitiço ao mar, não poderão mais anulá-
lo". A princesa assim fez, e atirou o feitiço ao
mar. O príncipe ficou muito leproso, com lepra
no nariz, em sua face e no resto do corpo. O rei
procurou médicos e feiticeiros, mas eles não
puderam ajudar em nada.
O rei então decretou que os judeus
rezassem e eles novamente procuraram aquele
Tzadik que tinha rezado para o rei ter um filho e
o levaram diante do rei. E o Tzadik sempre
rezava para D'us, pois ele tinha prometido que o
príncipe seria todo de pedras preciosas, e isso
não se concretizou. Ele argumentava com
D'us:"Por acaso fiz isso por minha glória? Fiz
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O Príncipe Feito de Pedras Preciosas
somente por Sua glória, e não aconteceu como
eu disse que aconteceria". E o Tzadik chegou ao
rei, e rezou, mas não conseguiu ajudar. Então
avisaram o Tzadik de que se tratava de um
feitiço.
Mas aquele Tzadik estava acima de toda
feitiçaria. Ele chegou e contou ao rei que aquilo
tinha sido causado por um feitiço, e que haviam
atirado o feitiço ao mar, então a única forma de
seu filho se curar era se atirassem o o
responsável pelo feitiço ao mar. O rei disse: "Eu
lhe dou todos os feiticeiros para serem atirados
ao mar, se é para que meu filho seja curado". A
princesa ficou com medo e correu até o mar para
tirar o feitiço da água, pois ela sabia onde ele
estava. Ela caiu na água, e houve uma grande
comoção porque a princesa tinha caído no mar.
Então veio aquele Tzadik e disse que agora o
príncipe ia se curar. E se curou o príncipe. Sua
lepra secou, e toda sua pele descascou e caiu. E
ele era mesmo feito todo de pedras preciosas, e
possuía todos os poderes de todas as pedras
preciosas. (Ou seja, depois que a pele descascou, foi
revelado e visto que o príncipe era feito todo de pedras
preciosas, como havia previsto aquele Tzadik.)
~ 25 ~
TIKUN HAKLALI
Rebe Nachman de Breslev proclamou na frente de
dois de seus alunos (como testemunhas): Depois
do seu falecimento, quem vier ao seu túmulo (na
cidade de Uman, Ucrânia), ler estes dez capítulos
do livro dos Salmos (chamados de Tikun Haklali)
e der uma moeda de doação em elevação de sua
alma, mesmo que seus pecados sejam muito
grandes, ele (Rebe Nachman) se esforçará e fará
tudo o que puder para ajudar esta pessoa. “Pelas
suas peyot vou tirá-lo até mesmo do mais profundo
abismo. Eu sou forte em todas as coisas que faço,
mas nisso sou ainda mais forte”.
Lechu neranená l'Adonai, naría letzur ishênu;
Nekadmá panav be'todá, bi'zmirot naaría lo. Ki El
gadol Adonai u'Mélech gadol al kol elohím.
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Tikun Haklali
~ 28 ~
Tikun Haklali
10. Ki lo taazov nafshi lish’ol,
lo titen chassidechá lir’ot shachat;
Pois ao abismo não abandonarás a minha alma,
nem permitirás que com a corrupção eu me depare.
~ 29 ~
Tikun Haklali
3. Ki hecheráshti balu atsamai,
beshaagati col haiom;
Enquanto calei, meus ossos se definhavam e meus
gemidos ecoavam todo o tempo
~ 31 ~
Tikun Haklali
12. Simchu vadonai veguílu
tsadikim, veharnínu col yishrê lev;
Alegrem-se no Eterno e rejubilem-se, ó justos, e
exultai todos os retos de coração.
~ 33 ~
Tikun Haklali
9. Devar beliáal iatsuc bo, vaasher
shachav lo iossif lacum;
Maligna doença o acometeu. Caído está e não
conseguirá se reerguer.
~ 34 ~
Tikun Haklali
14. Baruch Adonai Elohei Yisrael
mehaolam vead haolam, amen
veamen;
Bendito seja o Eterno, D’us de Israel, para todo o
sempre. Amen! Assim seja!
~ 35 ~
Tikun Haklali
4. Haieta li dim’ati léchem iomam
valáila, beemor elai col haiom aiê
Elohêcha;
Minhas lágrimas foram, dia e noite, meu alimento,
enquanto todos questionavam: “Onde está teu D’us?”
~ 36 ~
Tikun Haklali
7. Elohai alai nafshi tishtochach, al
ken ezcorchá meérets Iarden
vechermonim mehar mits’ar;
D’us meu, esmorecida está a minha alma e penso
em Ti na terra do Jordão, do Hermon e do monte
Mizar;
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Tikun Haklali
10. Omerá leel sal’i, láma
shechachtáni, láma coder elech
beláchats oiev;
E eu imploro: “D’us, minha Rocha, por que me
esqueceste? Por que devo caminhar nas trevas sob
a pressão de meus inimigos?”
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Tikun Haklali
1. Lamenatsêach al tash’chet
ledavid michtam, bishlôach Shaul
vayishmeru et habáyit lahamitó;
Ao mestre do canto, “Al Tash’chet”, um “Michtam” de
David, quando Saul enviou homens para vigiarem a
sua casa com o objetivo de matá-lo.
~ 39 ~
Tikun Haklali
5. Beli avon yerutzun veykonanu,
ura likrati ureê;
Mesmo que não pesem sobre mim iniquidades, eles
se apressam em preparar-se para lutar contra mim.
Vê o que ocorre e vem em meu auxílio;
~ 40 ~
Tikun Haklali
9. Veata Adonai tis’chac lámo,
til’ag lechol goyim ;
Mas Tu, Eterno, deles Te ris, zombas de todas estas
nações.
~ 41 ~
Tikun Haklali
13. Chatat pímo devar sefatêmo,
veyilachedú vigueonam umeala
umicachash iessapêru;
Por causa de suas palavras mentirosas e seus
lábios pecadores! Sejam vitimados por sua própria
arrogância, e pelas imprecações e perfídias que
brotam de seus lábios.
~ 42 ~
Tikun Haklali
17. Vaani ashir uzêcha vaaranen
labóker chasdêcha, ki hayíta misgav
li umanos beiom tsar li ;
Quanto a mim, cantarei elegias a Teu poder e
exaltarei a cada manhã Tua benevolência, pois Tu
tens sido meu abrigo e meu refúgio em tempos
difíceis.
~ 46 ~
Tikun Haklali
18. Zoremu máim avot col
natenu shechakim, af chatsatsêcha
yit’haláchu;
As nuvens despejaram suas águas, os céus
trovejaram, foram lançadas Tuas setas
7. Ki chalínu veapêcha,
uvachamatechá niv’hálnu;
Pois somos consumidos por Tua ira e conturbados
por Tua indignação.
~ 50 ~
Tikun Haklali
14. Sabeênu vabóker chasdêcha,
uneranená venismechá bechol
iamênu;
Sacia-nos pela manhã com a Tua benignidade, para
que nos possamos regozijar e cantar ao longo de
nossos dias
~ 54 ~
Tikun Haklali
16. Vayicrá raav al haárets, col
mate léchem shavar;
Fome fez abater-se sobre a terra, que deixou de
produzir o pão que sustenta a vida.
~ 58 ~
Tikun Haklali
36. Vaiach col bechor beartsam,
reshit lechol onam;
Feriu de morte seus primogênitos, primeiros frutos
de sua força.
~ 61 ~
Tikun Haklali
5. Im eshcachêch Ierushaláyim,
tishcach iemini;
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que perca
minha destra a sua destreza!
150 - (
1. Haleluiá, halelú El becodshó,
haleluhú birkía uzo;
Louvado seja o Eterno! Vinde louvá-Lo em Seu
santuário; louvai-O diante do firmamento, onde se
manifesta Seu poder.
~ 63 ~
Tikun Haklali
4. Haleluhú betof umachol, haleluhú
beminim veugav;
Louvai-O com melodias e ritmo; louvai-O com a
música de órgãos e flautas