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Halachot de Purim, 1ª parte

Leis do mês de Adar, 1ª parte

Rav Hananel Ami Israel Zinni

Quatro Parashiot

1) Nossos sábios decretaram ler quatro Parashiot no mês de Adar (e no ano


“Meubar” no 2º Adar), ou próximos a ele:
A. Parashat Shekalim – para lembrar ao público sobre a Mitsvá de “Machatsit
Hashekel” que é doado neste período.
B. Parashat Zachor – para cumprir a Mitzvá que Hashem nos deu de lembrar o
que nos fez Amalek.
C. Parashat Pará – para lembrar ao público se purificar para oferecer o Korban
de Pessach.
D. Parashat Hachodesh – sobre o começo do mês de Nissan.
2) Nestes Shabatot, não lemos a Haftará comum, mas sim a Haftará especial para
aquele Shabat.
3) Parashat Shekalim é lida no Shabat em que ocorre o Rosh Chodesh Adar (após a
leitura de Rosh Chodesh), e em um ano “Meubar” no Shabat em que ocorre o
Rosh Chodesh do 2º Adar. Se o Rosh Chodesh ocorre em um dia da semana,
esta Parashá é lida no Shabat que é antes do Rosh Chodesh, e em um ano
“Meubar” é lida no shabat antes do Rosh Chodesh do 2º Adar.
4) Parashat Zachor é lida no Shabat que antecede Purim.
5) Parashat Pará é lida no Shabat que antecede a leitura de Parashat Hachodesh,
como será explicado adiante.
6) Parashat Hachodesh é lida no Shabat em que ocorre Rosh Chodesh Nissan
(após a leitura da Parashá do Rosh Chodesh), e caso o Rosh Chodesh ocorre em
um dia da semana, esta Parashá é lida no Shabat que antecede Rosh Chodesh
Nissan.
7) Não se diz Kadish no Shabat após a leitura da Torá a não ser após subirem sete
“Olim”. Portanto, aqueles que costumam em um Shabat que há três Sefer Torá
dividir a Parashá da Semana entre seis “Olim”, não dizem Kadish entre o 1º Sefer
Torá e o 2º.
8) Há quem diga que a obrigação de ler Parashat Zachor e Parashat Pará é da Torá,
e, portanto, fazem questão que o Sefer Torá seja “Mehudar”, e também fazem
questão de repetir a palavra “Zecher” na Parashat Zachor com pronunciações
diferentes, e há quem faz questão de ler com os “Teamim” (melodias) da sua
comunidade. E todos estes são erros, pois os detalhes, ou até mesmo a leitura
em um Sefer Torá não é uma obrigação da Torá, mas sim mencionar através da
fala [ou escutar de outra pessoa].
9) E o principal é como escreveu o Rambam no Sefer Hamitzvot: “E a Mitzva 199 é
que nos ordenou a lembrar o que Amalek nos fez ao antecipar e nos fazer mau, e
dizer isto sempre e despertar as Neshamot com palavras para lutar contra ele e
incitar o povo a odiá-lo até que não seja esquecida a Mitzvá e não se enfraqueça
o ódio contra ele nem se diminua com o tempo. E isto é o que Ele, Elevado, disse
“lembre do que te fez Amalek”. E a linguagem do “Sifri”: “Lembre do que te fez –
através da fala; não se esqueça – no coração”. Ou seja, diga palavras com sua
boca que obriguem as pessoas a não tirar o ódio contra ele dos corações.
10) Portanto, quem não está na Sinagoga deve dizer a Parashat Zachor [ou Parashat
Pará] por si mesmo, através de um Chumash, com “Teamim”, e assim cumpre a
Mitzvá de acordo com todas as opiniões. E quem leu até mesmo de cor sem
“Teamim” cumpriu a Mitzvá.
11) Mulheres não estão obrigadas a vir à Sinagoga para escutar a Parashat Zachot e
Parashat Pará. Os Ashkenazim costumaram que as mulheres vêm à Sinagoga, e
este é um bom costume, mas não é obrigatório. Portanto, uma mulher que
perdeu a leitura de Zachor pode vir à Sinagoga em Shacharit de Purim e escutar
a leitura de “Vayavô Amalek”, ou vir à Sinagoga na Parashá “Ki Tissá” e escutar o
Maftir. De qualquer modo, não é permitido tirar Sefer Torá para ler para
mulheres.
12) Os Sefaradim costumaram ler o Piut “Mi Chamôcha” no Shabat Zachor. Este Piut
foi composto para ser dito no “Nishmat Kol Chai” após o Passuk “Cal Atzmotai
Tomarna H’ Mi Chamocha”, e não há nenhum problema de “Hefsek”
(interrupção). Mas nas últimas gerações que fazemos Tefilá mais tarde, poderia
acontecer de perdermos o horário de Shemá Israel. Portanto fazemos este Piut
ao abrir o Hechal após o Kadish Titkabal.

Zecher Lemachatsit Hashekel

13) Na época que o Bet Hamikdash estava construído, desde Rosh Chodesh Adar
anunciavam sobre a Mitzvá de Machatsit Hashekel, que todo Yehudi deve dar
para o serviço no Bet Hamikdash.
14) Para lembrar do Mikdash, costumamos doar um valor equivalente a Machatsit
Hashekel para objetivos sagrados: institutos de Torá, Tsedaká, etc. Porém,
diferente da Machatsit Hashekel da Torá, não há proibição em doar mais que
Machatsit Hashekel.
15) Não se pode dizer que o dinheiro é “Machatsit Hashekel”, para não ser Kadosh (e
proibido utilizar), mas sim “Zecher Lemachatsit Hashekel”.
16) O valor de Machatsit Hashekel neste ano (5784) é cerca de 23 NIS.
17) Há quem diz que somente a partir dos 20 anos é preciso dar Zecher Lemachatsit
Hashekel, e há quem diz que a partir de 13 anos é preciso, e este é o correto.
18) Quem doou por seu filho pequeno uma vez (apesar de não precisar), precisa
doar nos próximos anos.
19) Mulheres estão livres deste costume, pois elas são isentas da Mitsvá original
quando há Bet Hamikdash.
20) Costumamos doar o dinheiro antes de Purim. A priori, o correto é doar antes do
Shabat Zachor. Porém, em muitas comunidades adiaram para Minchá de Taanit
Ester, pois todo o público está presente.

Taanit Ester

21) Jejuamos no 13 de Adar, em memória ao jejum que jejuaram os Yehudim no 13


de Adar daquele ano, durante a guerra contra os inimigos de Israel. Quando
Purim ocorre no domingo, antecipamos o jejum para 5ª feira.
22) Este jejum é um costume judaico e não é um decreto dos sábios. Portanto,
mulheres grávidas ou em amamentação, e doentes que lhes é difícil o jejum –
não precisam jejuar, mas uma pessoa saudável – não pode se distanciar do que
o público faz.
23) Este jejum não é um jejum de sofrimento. Portanto, se ocorre um Brit Milá no
jejum de Ester que foi antecipado para 5ª feira, há quem diga que é permitido
fazer uma refeição no dia do jejum, e todos que comem devem jejuar no dia
seguinte. O correto é fazer o Brit Milá de manhã (como todo Brit Milá) e a refeição
deve ser feita após o término do jejum. De qualquer modo, não se faz refeição
quando o jejum não foi adiado. Referente ao pai do bebê e o Sandak existem
diferentes costumes, e eles devem perguntar o Rabino local como agir.
24) Noivos nos sete dias do casamento não jejuam.
Halachot de Purim, 2ª parte
Leis do mês de Adar, 2ª parte

Rav Hananel Ami Israel Zinni

Leitura da Meguilá

25) Nossos sábios instituíram a leitura da Meguilá em Purim de noite e de dia.


26) A leitura da Meguilá da noite pode ser feita toda a noite, até o amanhecer
(“Amud Hashachar”). A leitura da Meguilá do dia pode ser feita todo o dia, desde
o nascer do sol até o pôr do sol. Mas, de qualquer modo, “Zrizim” (pessoas
minuciosos com relação as Mitsvot) antecipam Mitzvot e não postergam a
leitura da Meguilá, mas sim leem com o público em Arvit e Shacharit.
27) Em “casos de aperto” [situações difíceis], quem não pode ler a Meguilá na noite
de Purim, como um Chayal que começa uma vigilância comprida, ou alguém
que entra em um procedimento médico, pode ler a priori (“Lecatechila”) desde
“Pelag Haminchá” (cerca de 75 minutos antes do pôr do sol) com Berachá.
28) Quem leu a Meguilá do dia após o amanhecer cumpriu a Mitsvá.
29) A leitura da Meguilá deve antecipar qualquer Mitzvá, a não ser o enterro de um
“Met Mitzvá” que não há quem se ocupe com seu enterro. Portanto devemos ler
a Meguilá e só depois disso fazer qualquer outra Mitzvá.
30) Quando chega a hora da leitura da Meguilá é proibido comer antes de ler a
Meguilá. Porém, uma mulher que cuida de seus filhos pequenos e não pode vir
na leitura da Meguilá no começo da noite pode comer imediatamente na saída
das estrelas, e não precisa esperar até ela escutar uma leitura mais tarde.
31) É uma Mitzvá ensinar as crianças a ler a Meguilá.

A data de Purim

32) Quem mora em uma cidade que era rodeada por muralha na época de Yehoshua
Bin Nun (“Mukefet”) cumpre as Mitzvot de Purim no 15 de Adar.
33) Uma pequena cidade que está no raio de 1 km de uma cidade “Mukefet”, e ela
parece parte da cidade, ou que está muito próximo da cidade, é considerado
parte da cidade “Mukefet”.
34) Em outros locais as Mitsvot de Purim são cumpridas no 14 de Adar.
35) Uma cidade que há uma dúvida devemos ler a Meguilá no 14 e no 15 de Adar, e
fazemos Berachá apenas no 14.
36) Quem planejou estar em uma cidade que não é “Mukefet” no dia 14, mas no
final ficou em uma cidade “Mukefet”, deve cumprir Purim no 14.
37) Quem planejou estar em uma cidade “Mukefet” no 15, até mesmo se no final ele
ficou em uma cidade que não é “Mukefet”, deve cumprir Purim no 15.
38) Quem está no dia 14 em uma cidade que não é “Mukefet” e no dia 15 em uma
cidade “Mukefet” deve cumprir os dois dias com todas as Mitzvot de Purim.
Quem não quer se comprometer a dois dias, deve viajar para uma cidade
“Mukefet” apenas apos o amanhecer do dia 15.
39) Quem está em um local não povoado, como um barco, um reservista longe de
uma cidade, etc., deve cumprir Purim no dia 14 de Adar.
40) Se o 14 de Adar cai 6ª feira, nas “Mukafot” lemos a Meguilá e doamos “Matanot
Laevionim” na 6ª feira, no Shabat lemos “Vayavô Amalek” e “Al Hanissim”, e no
domingo mandamos “Mishloach Manot” e comemos a refeição de Purim.
Referente a Haftará, há quem costume ler a Haftará de “Parashat Zachor”
novamente, e há quem costume ler a Haftará da semana, e acrescentar o
primeiro e o último Passuk da Haftará de “Zachor”.
41) Quem precisa sair para uma grande viagem, como um Chayal que começa um
combate de vários dias e não poderá levar uma Meguilá, deve ler a Meguila até a
partir do dia 11 de Adar com Berachá. E para os Ashkenazim sem Berachá. E se
no final ele conseguiu uma Meguilá no dia 14 de Adar, ele deve ler sem Berachá.
42) Quem estava longe da civilização e não tinha uma Meguilá no dia 14 de Adar, se
ele obtiver uma Meguilá no dia 15, ele deve ler no 15 – Ashkenazim sem
Berachá; Sefaradim com Berachá.

Os que devem ler a Meguilá

43) Todo aquele que tem que cumprir Mitzot (homens e mulheres) deve ler a
Meguilá, ou escutar de alguém que lê.
44) Trazemos crianças para a Sinagoga para educá-las. Mas não se traz crianças
pequenas que não conseguem não atrapalhar, para não atrapalharem o público.

Cumprir a Mitzvá

45) É possível cumprir a Mitzvá ao escutar a Meguilá de outra pessoa apenas se ela
está obrigada a cumprir a Mitzvá. Portanto, um surdo, um louco, ou uma criança
que não está obrigado a fazer a Mitzvá não podem ler para outra pessoa cumprir
a Mitzvá.
46) Uma mulher não pode ler para homens cumprirem a Mitzvá. Em “casos de
aperto”, como um enfermo que não há quem lhe leia a Meguilá a não ser sua
esposa ou sua filha e se elas não leerem ele não lerá, é permitido (mas não outra
mulher).
47) Quem jurou que não terá proveito de fulano não pode escutar dele a leitura da
Meguilá. E até mesmo assim, caso ele se escutou de fulano ele cumpriu a Mitzvá
(e de qualquer modo o correto é nunca jurar).
48) Onde não há “Minian”, caso todos têm uma Meguilá Kesherá e todos sabem ler,
é preferível que cada um leia a Meguilá para si mesmo. Mas caso apenas há uma
Meguilá Kesherá, ou apenas uma pessoa sabe ler, um deve ler para todos.
49) O “Baal Korê” que lê para a congregação não pode começar a ler a Meguilá até
que lhe dizerem para começar.
50) A priori quem lê a Meguilá deve ter Cavaná (intenção) de cumprir a Mitzvá para
todo que escute a sua leitura (até mesmo quem está fora da Sinagoga), e quem
escuta precisa ter intenção de cumprir a Mitzvá ao escutar. De qualquer modo,
quem não teve Cavaná cumpriu a Mitzvá.
51) Quem lê a Meguilá para uma pessoa fazer a Mitzvá deve fazer as Berachot para
ele. Caso quem escuta queira fazer as Berachot, ele pode. Mas uma mulher não
pode fazer Berachá perante um homem.
52) É permitido ler a Meguilá com um microfone, para fortalecer a voz. Mas quem
não conseguiria escutar sem o microfone não cumpre a Mitzvá. E não se cumpre
a Mitzvá com uma leitura através do rádio ou do telefone.

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