Sob o governo de Costa e Silva, a chancelaria de Magalhães
Pinto caracterizou-se pela adoção da denominada diplomacia da prosperidade. Retomando os princípios básicos da Política Externa Independente (PEI), Costa e Silva aproximou-se dos países do terceiro mundo, advogando a contestação à bipolaridade, o não alinhamento e a autonomia nacional. Sintomático do reatamento com a PEI, em 1968, durante a II Conferência da UNCTAD, em Nova Delhi, o Brasil demandou a revisão da ordem internacional, aliou-se à Índia e destacou a necessidade de privilegiar os foros multilaterais. Outro símbolo do não alinhamento é o discurso de Araújo de Castro, em 1971, na ONU, no qual destacou o congelamento do poder mundial decorrente do Tratado de Não Proliferação, de 1968: o Estado que tivesse aderido ao Tratado ser-lhe-ia vedada a possibilidade de obter o armamento nuclear, enquanto os países nucleares afirmariam seu supremacia; 2: Errado. A diplomacia pragmática e ecumênica de Ernesto Geisel e seu chanceler, Azeredo da Silveira, distanciou-se dos EUA no que concerne à cooperação nuclear. Se, por um lado, o governo de Médici assinou um acordo com os EUA, em 1972, com vistas a construir três usinas nucleares em Angra dos Reis pela empresa norte-americana Westinghouse Company; por outro, as pressões dos EUA para forçar o Brasil a aderir ao TNP incentivaram Azeredo da Silveira a aproximar- -se da República Federal da Alemanha (RFA). Em 1975, assinou-se o acordo nuclear com a RFA, que previa a construção de oito usinas e transferência de tecnologia. A aproximação com o governo alemão decorreu, igualmente, da condenação do Brasil ao teste nuclear da Índia, em 1974. A desaprovação levou o Brasil a romper o acordo Brasil-Índia, de 1968, para o uso pacífico de materiais nucleares; 3: Certo. Em 1973, o Tratado de Itaipu ocasionou o crescimento de tensões com a Argentina, no que ficou conhecido como o contencioso Itaipu-Corpus. A construção de Itaipu, consoante tese argentina, inviabilizaria a hidrelétrica de Corpus. A escalada de tensões levou ao fechamento de fronteiras em 1977. Nesse contexto, Azeredo da Silveira levou a questão à ONU, na qual o Brasil obteve o apoio da maioria dos Estados, inclusive dos países árabes, que denunciavam a aproxima- ção entre Argentina e Israel e aplaudiam a condenação brasileira ao sionismo. O contencioso Itaipu-Corpus foi resolvido em 1979, por ocasião da assinatura do Tratado Tripartite entre a Argentina, o Brasil e o Paraguai, no qual se previa o aproveitamento comum do potencial hidrelétrico do rio Paraná; 4: Errado. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Surgiu da proposta de José Sarney, que vislumbrava na Comunidade um instrumento de promoção cultural entre os Estados soberanos. No governo Castelo Branco, propôs-se a criação de uma comunidade afro-luso-brasileira, que garantiria, a um só tempo, a missão civilizadora de Portugal na África e a liderança do Brasil no Atlântico Sul. Os contrastes entre as propostas não permitem tecer laços de causalidade ou de identidade entre elas.