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Resumo
Este artigo foi produzido durante o terceiro ano do Ensino Médio na disciplina de Geografia.
Com o intuito de ser uma introdução à pesquisa científica, o objeto em questão foi o Pantanal
Sul-mato-grossense, com ênfase nas queimadas, que no período de seca tornam-se
corriqueiras nesta região. A abordagem da pesquisa busca retratar os efeitos que a ação
humana produz a este bioma (solo, rios, animais, vegetação), que é um dos mais importantes e
únicos do Brasil. Para o desenvolvimento, utilizei de dados e levantamentos referente ao
número de queimadas, porção da área afetada, percentual de danos à flora e fauna local, junto
a órgãos governamentais e não governamentais. Realizei pesquisas bibliográficas sobre o
assunto, além de ter proposto entrevistas com ativistas do meio ambiente e profissionais
responsáveis pela defesa deste meio pantaneiro, para compreender a extensão do problema.
Introdução
Com uma área aproximada de 150.355 km² (BRASIL, 2012), o Pantanal ocupa
aproximadamente 1,76% de área total do território brasileiro de um bioma constituído de
planície aluvial2, que recebe influência dos rios que drenam pela bacia do Alto Paraguai
(Paraguai, São Lourenço, Taquari, Miranda e Apa).
De acordo com a fitogeografia o Pantanal apresenta influência e características de
quatro biomas: Cerrado, com mais de 70%; Floresta Amazônica, cerca de 20%; Chaco, com 8
a 9% e Florestas Meridionais, em torno de 1% (RODRIGUES; CRISPIM; FILHO, 2002).
Esta somatória produz uma biodiversidade em cujo habitat podemos encontrar cerca de 3,5
mil espécies de plantas, 124 espécies de mamíferos, 463 espécies de aves e 325 espécies de
peixes (BRASIL, 2012).
E destaque no bioma a forte presença de comunidades tradicionais, como os povos
indígenas e quilombolas que juntos ou da fusão desse produzem e contribuem na difusão
cultura pantaneira, produzida pelo homem pantaneiro, que é o principal deflagrado da
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Estudante do 3° ano do Ensino Médio Regula da Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes, Campo
Grande/MS. E-mail: gustavopaulyno2012@gmail.com.
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As planícies aluviais são formas de relevo dinâmicas sujeitas a mudanças rápidas na modelagem do canal e do
fluxo. Os fluxos de carga de sedimentos determinam a dimensão de um canal e seu fluxo (largura, profundidade,
inclinação e meandramento). As alterações na morfologia do canal, em poucos anos, indicam variações na água
e/ou sedimentos (FRANÇA; SOUZA; VILLA, 2012).
atividade humana na região, sendo as principais a criação de gado e a produção agrícola, em
áreas de planalto.
Mesmo com a ação humana o Pantanal ainda se mantém com 83,07% de sua cobertura
de vegetação nativa, de acordo com o Programa Brasileiro de Monitoramento do Bioma por
Satélite (PMDBBS), monitoramento que utiliza imagens de satélite desde 2009 (BRASIL,
2012).
Portanto, o principal objeto desta pesquisa será o Pantanal, cujo enfoque na situação
problema estará em investigar e apresentar explicações para as queimadas, que ocorrem
anualmente principalmente no período de seca, de maio a setembro de cada ano. Para sua
produção nos referenciamos em artigos científicos, portanto, uma pesquisa de cunho
bibliográfico, também nos apoiamos em sites de notícias que noticiam a problemática da
queimada, em estudos produzidos por Organizações Não Governamentais (ONGs) como a
SOS Pantanal, Instituto Arara Azul, Instituto Homem Pantaneiro, Instituto Onçafari - Instituto
de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), o WWF, o Wild Conservation Society (WCS)
todos voltados para a proteção ambiental do estado.
Fora nossa fonte de pesquisa estudos produzidos por órgãos governamentais, como
Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), Agência Nacional das
Águas (ANA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Sistema
Florestal Brasileiro (SFB), que acompanharam o problema das queimadas no Pantanal.
As contribuições para as conclusões desta pesquisa vieram de trabalhos e pesquisas de
campo realizadas por ONGs e órgãos governamentais no combate direito aos incêndios, como
nos monitoramentos para conservação do bioma Pantanal no estado de Mato Grosso do Sul
(MS). Justificamos nossa opção por esta metodologia de pesquisa visto nossa condição de
aluno de escola pública que não dispõe de recursos próprios para custear as incursões
presenciais ao Pantanal, tampouco, existem programas governamentais que incentivem
pesquisa “in loco” de alunos secundaristas de escola pública.
Por fim, esta pesquisa foi dívida em dois subtítulos, em que no primeiro
apresentaremos o bioma Pantanal e suas riquezas naturais e, no segundo apresentaremos a
problemática das queimadas e suas consequências para a vida no bioma.
O que é o Pantanal?
A planície do Pantanal está localizada na depressão do Alto Paraguai, delimitada pelas
Cordilheira dos Andes a oeste e pelo Planalto Central Brasileiro a leste. No Brasil, possui uma
área de cerca de 150.355 km² e ocorre nos estados brasileiros do Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, além dos países Paraguai e Bolívia. (FERNANDES; SIGNOR; PENHA, 2010).
A planície pantaneira se estende por cerca de 450 quilômetros na direção Norte-Sul e
250 quilômetros na Leste-Oeste, cujo no interior da planície pantaneira podemos observar
afloramentos rochosos com altitude varia de 60 e 150 metros acima do nível do mar, com
média de 100 metros. O clima tem forte sazonalidade, com temperatura média anual de cerca
de 25°C, com temperaturas máximas absolutas acima de 40°C de setembro a dezembro.
(FERNANDES; SIGNOR; PENHA, 2010).
O Pantanal só ocorre por existir um ciclo anual de cheias que variou de intensidade ao
longo dos anos, alternando entre muito chuvosos e moderadamente secos. As diferenças
locais do regime hidrológico, aliada às mudanças topográficas e do solo, oferecem uma gama
de áreas que são raramente, permanentemente ou regularmente inundadas e outras que não
são inundadas (Figura 1). No entanto, grande parte do ambiente terrestre da região se
transforma em água. A extensão das inundações varia de 11.000 a 110.000 quilômetros
quadrados, área média de 53.000 quilômetros quadrados (FERNANDES; SIGNOR; PENHA,
2010).
Figura 1. Planície pantaneira alagada e região de transição. Por Leandro de Almeida Luciano,
29 de abril de 2018.
Fonte: ?????
O rio Paraguai (Figura 2) é o principal canal de drenagem do Pantanal, por isso é
considerado um dos rios de planície mais importantes do Brasil, com afluentes que
atravessam uma grande área de planície. Devido ao seu formato de anfiteatro, pode ser
considerado uma gigante bacia receptora de sedimentos e água. Suas principais nascentes
estão localizada à beira do Planalto dos Parecis a 480m de altitude na cidade de Diamantino.
Atravessa as depressões do rio Paraguai com altitudes que variam de 98 a 280 metros, onde
recebe águas de alguns afluentes.
Figura 2. Rio Paraguai, em Corumbá, no Pantanal de MS. Por Caio Tumelero, 27 de abril de
2022.
Fonte: ?????
A onça é a rainha das matas pantaneiras (Figura 3), sendo o único animal do gênero
Panthera em nosso continente. Este felino se alimenta de muitos outros animais (até 80
espécies), desde capivaras até peixes e caramujos. (PANTANAL, 2015; pg. 25)
Figura 3. Fêmea fotografada por Charles J. Sharp no rio Piquirí, Pantanal, 2015.
Fonte: ?????
Apesar de ser o animal mais temido e reverenciado da região, a onça-pintada já na lista
oficial de espécies ameaçadas do nosso país. A perda de seu habitat natural pelo crescimento
das cidades reduzem o território dos felinos. Como resultado, o alimento está ficando cada
vez mais escasso, o que prejudica as populações de onças. De 1940 a 1970, as indústrias de
peles estavam sob intensa caçada às onças. (PANTANAL, 2015; pg. 25)
As ariranhas (Figura 4), conhecidas como onças-dágua, são mamíferos carnívoros que
pertencem à família dos mustelídeos. Vivem em grupos constituídos por machos, fêmeas e
filhotes, consomem muita energia na água e precisam de uma grande quantidade de peixes por
dia. Eles também podem comer pássaros, répteis e pequenos mamíferos. As fêmeas têm no
máximo quatro filhotes em suas ninhadas, que permanecem no grupo até os três anos de vida.
(PANTANAL, 2015; pg. 34)
Figura 4. Grupo de quatro ariranhas emergindo da água no Parque Estadual do Cantão, 2010.
Fonte: ?????
Como símbolo da flora dos rios pantaneiros, podemos citar a Victoria amazônica
(Figura 5), popularmente conhecida como “vitória-régia”. Esta espécie tem grandes folhas
redondas, bordas em ângulos retos, flores grandes com até 33 cm de diâmetro e sementes
ovais. Os vários espinhos que cobrem toda a planta dificultaram as pesquisas biológicas e
ecológicas. Suas folhas são consideradas medicinais. Seu suco é usado para tingir o cabelo de
preto e dar brilho, utilizado também para curtimento de couros e peles. (ROSA-OSMAN;
RODRIGUES; MENDONÇA; SOUZA; PIEDADE, 2011)
Figura 5. Vitórias-régias no Museu Paraense Emílio Goeldi, 2005.
Fonte: ?????
Fonte: ?????
Conclusão
De acordo com a pesquisa de Queima Controlada no Pantanal da Embrapa, as
tecnologias-chave para reduzir incêndios em sistemas de pastagem adequadas para o Pantanal,
seriam: suplementação alimentar com o uso da uréia, o uso de várias misturas, o uso de
bancos de proteínas, restauração de pastagens nativas degradadas, distribuição de cochos e
tanques. Em resumo, todas essas alternativas têm projetado para distribuir o pastejo de forma
mais uniforme, inibindo a formação de macegas. A queima controlada deve ser uma
alternativa ao manejo de pastagens nativas e uma forma de evitar o acúmulo de fitomassa,
material combustível. Essa gestão deve ser feita de forma razoável, começando com um
pedido de autorização ao IBAMA e seguindo as orientações técnicas existentes
(RODRIGUES; CRISPIM; FILHO, 2002).
Dessa forma, utilizando das tecnologias, podemos preservar esse bioma tão importante
para o estado de Mato Grosso do Sul, incluindo sua biodiversidade na fauna e flora,
diminuindo o número de queimadas causadas por limpeza de pastagem, que são muito mais
ocorrentes.
Referências
BRASIL. Fundação Osvaldo Cruz - FIOCRUZ. Incêndios florestais no Pantanal 2020. Nota
técnica n. 01. Disponível em: nt_01_pantanal_final1.pdf (fiocruz.br). Acesso em: 12 de maio
de 2022.
FERNANDES, Izaias M.; SIGNOR, Cleiton A.; PENHA, Jerry. Biodiversidade no Pantanal
de Poconé, 2010. Disponível em:
https://ppbio.inpa.gov.br/sites/default/files/Livro_Pocone_Ebook.pdf. Acesso em: 12 de maio
de 2022.
PANTANAL, Projeto Bichos do. Alto Pantanal: na Rota dos Bichos. Belo Horizonte:
Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental, 2015. Disponível em:
http://bichosdopantanal.org/wp-content/uploads/2018/11/LIVRO-BICHOS-DO-
PANTANAL.pdf. Acesso em: 17 de ago. de 2022.
ROSA-OSMAN, Sônia Maciel da; Rodrigues, Robson; MENDONÇA, Maria Sílvia de;
SOUZA, Luiz Antonia de; PIEDADE, Maria Teresa Fernandez. Morfologia da flor, fruto e
plântula de Victoria amazonica (Poepp.) J.C. Sowerby (Nymphaeaceae). Acta
Amazonica, 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/aa/a/zGh4M4c5nzkgN5H5MF9yBYS/?lang=pt&format=pdf. Acesso
em: 19 de ago. de 2022.
SOUZA, Célia A. de; SOUSA, Juberto B. de. ICMBIO. Dinâmica das águas do rio
Paraguai, [201?]. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/esectaiama/images/stories/DIN
%C3%82MICA_DAS_%C3%81GUAS_DO_RIO_PARAGUAI.pdf. Acesso em: 12 de maio
de 2022.