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capítulo 1

introdução

N este livro, explico os princípios básicos do day trading e as


diferenças entre este e outros estilos de negociação e de in‑
vestimento. Ao longo deste processo, descrevo igualmente impor‑
tantes estratégias de negociação que muitos traders usam no dia
a dia. Este livro é deliberadamente pequeno para que os leitores
terminem, de facto, a sua leitura, não se aborrecendo nem o co‑
locando de lado quando ainda vão a meio. Todos nós nos distra‑
ímos com as diversões da Internet, os e‑mails, as notificações do
Facebook e do Instagram, além das dezenas de outras aplicações
instaladas nos nossos smartphones e tablets. Por conseguinte, este
livro é conciso e prático.
Se o leitor for um trader principiante, este livro irá dotá‑lo do
conhecimento sobre onde e como começar, as expectativas do day
trading e como desenvolver a sua própria estratégia. O simples ato
de ler este livro não o tornará um trader lucrativo. Os lucros do tra‑
ding não resultam da leitura de um ou dois livros, podendo, por
outro lado, como explicarei mais à frente, resultar da prática, de
ferramentas e de software adequados, bem como de uma aquisição
de conhecimentos apropriada e contínua.
No final desta edição mais recente do meu livro, incluí um
glossário prático e útil dos termos mais comuns com os quais se

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andrew aziz

irá deparar no day trading. À medida que lê este livro, caso en‑
contre um termo ou uma expressão de cujo significado não se re‑
corde, poderá consultar a respetiva definição no glossário. Utilizei
uma linguagem de fácil compreensão para explicar a gíria dos day
traders.
Os traders intermédios poderão beneficiar da visão geral deste
livro sobre algumas das estratégias clássicas que a maioria dos tra‑
ders retalhistas usa de forma eficaz. Se não se considera um trader
novato, poderá querer avançar e começar a ler este livro no Capí‑
tulo 7, para ter uma visão geral sobre estas importantes estratégias
de day trading. No entanto, convido‑o a folhear os capítulos ante‑
riores. Tornar‑se um trader consistentemente lucrativo não exige
que domine novas e complexas estratégias de trading no dia a dia.
As estratégias descritas no Capítulo 7 têm sido usadas pelos traders
com sucesso, há mais de uma década. Até agora, têm funcionado,
e necessitam de ser dominadas. Trabalhe com estratégias simples,
que conheça bem, mas ajuste‑as, ao longo do tempo, para com‑
plementar a sua própria personalidade e as condições predomi‑
nantes do mercado. Ter sucesso no trading não é uma revolução,
mas uma evolução.
Na minha opinião, a lição mais importante que pode retirar da
leitura deste livro é que o day trading não o tornará rico de um dia
para o outro. O day trading não é como jogar a dinheiro ou apos‑
tar na lotaria. É o equívoco mais importante que se comete acerca
do day trading, e espero que o leitor chegue à mesma conclusão
após terminar este livro. O day trading parece ilusoriamente fácil.
As corretoras não têm por hábito divulgar estatísticas dos clientes
ao público, mas, em Massachusetts, um tribunal estatal ordenou a
divulgação dos registos de corretores financeiros, que indicavam
que, após seis meses de trading, apenas 16% dos day traders ti‑
nham efetivamente feito dinheiro. É muito fácil ser um dos 84%
dos traders que estão a perder dinheiro.
Isto leva‑nos à minha primeira regra do day trading:

regra O day trading não é uma estratégia


n.º 1 para enriquecer rapidamente.

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como viver do day trading

Um equívoco muito comum que as pessoas cometem acerca


do day trading é o de que é fácil: “compre barato e venda caro”, ou
“compre no charco e venda no rally”. Mais uma vez, o day trading
parece ilusoriamente fácil, mas não é.
Se fosse assim tão fácil, qualquer um seria um trader bem‑
-sucedido. Deverá ter sempre em mente que o day trading é difícil
e não o fará enriquecer de um dia para o outro. Se estiver con‑
vencido deste equívoco e queira ficar rico rápida e facilmente no
mercado bolsista, deverá parar de ler este livro imediatamente
e gastar as suas economias numas agradáveis férias em família.
Seria muito mais satisfatório gastar o seu dinheiro dessa maneira
do que perdê‑lo no mercado bolsista.
Atendendo a todos estes pontos, o day trading pode, efetiva‑
mente, ser uma profissão lucrativa, mas, tenha em mente que é
uma carreira profissional altamente exigente e, sem dúvida, não é
uma atividade casual destinada a principiantes. Tornar‑se um tra‑
der consistentemente lucrativo leva o seu tempo. Muitos traders
irão fracassar na longa e, por vezes, fatal curva de aprendizagem
do day trading.
O Capítulo 9 foca‑se nos passos concretos e práticos que de‑
verá dar para fazer uma entrada de sucesso no mundo do day tra‑
ding. No entanto, tenha em atenção que o day trading exige uma
curva de aprendizagem brutal. Embora existam muitas coisas que
pode fazer para acelerar a sua curva de aprendizagem, não pode,
infelizmente, fazer desaparecer essa curva de aprendizagem.
Fazer trading numa conta de um simulador, por exemplo, equi‑
vale a acelerar exponencialmente a sua curva de aprendizagem:
um dia de trading num simulador poderá representar semanas de
treino em contas reais, ou offline.
Muitas vezes, perguntam‑me quanto tempo leva até se come‑
çar a fazer dinheiro como trader. Há quem diga que pode demo‑
rar um ano; alguns traders profissionais dizem que não é possível
fazer‑se dinheiro durante dois anos. Concluí que a maioria dos
melhores traders da nossa comunidade faz dinheiro consistente‑
mente antes do fim do sexto mês. Porém, para outros, pode de‑
morar um ano. Em média, normalmente, demora entre seis a oito
meses. Divirto‑me sempre ao ver livros e cursos educativos online
que anunciam ensinar uma estratégia simples para fazer ganhar
dinheiro desde o primeiro dia, ou ao fim de uma semana, ou até

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mesmo ao fim de apenas um mês. Fico sempre intrigado ao co‑


nhecer pessoas que efetivamente acreditam nessa publicidade e
estão dispostas a pagar por esses produtos. Dar ordens de compra
e de venda à frente de um monitor, onde todas as imagens e va‑
riáveis se movem de forma excecionalmente rápida, exige o mais
elevado nível de concentração e de disciplina. Não obstante, o day
trading, infelizmente, atrai algumas das pessoas mais impulsivas
e com maior tendência para o jogo que há por aí.
No day trading, estará a competir com as mentes mais argu‑
tas do mundo. Tem de considerar o mercado como uma multidão
imensa de traders, situados em todas as partes do mundo, alguns
experientes, outros novatos, alguns a trabalhar a partir das suas
casas, outros a trabalhar para grandes empresas, todos a quere‑
rem conservar o seu dinheiro e a quererem ficar com o dinheiro
de outrem.
Isto leva‑nos à minha segunda regra do day trading:

regra O day trading não é fácil. É um assunto


n.º 2 sério, e deve ser tratado como tal.

O day trading não é um passatempo. Não é uma exploração


de fim de semana. É necessário estudar e preparar‑se para en‑
trar no mundo do day trading, com a mesma seriedade e empe‑
nho de um estudante universitário ou de um aluno de uma escola
profissional. Além disso, logo que começa a fazer trading com o
seu dinheiro real, tem de tratar essa atividade como sendo a sua
carreira. Tem de se levantar cedo, arranjar‑se e estar sentado à
frente da sua estação de trading, tal como se estivesse a prepa‑
rar‑se para ir para outro trabalho qualquer. Não pode tratar este
assunto de forma casual. Poderá ser bem‑sucedido, mas, para
isso, terá de estar mais bem preparado do que muitos dos outros
traders com os quais está a competir. Uma parte significativa da
concretização desse sucesso consiste em aprender a controlar as
suas emoções. Necessita de entrar em cada negociação com um
plano bem delineado e segui‑lo rigorosamente. Tal como gosto
de dizer, necessita de se colar aos seus planos de negociação. Não

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como viver do day trading

pode permitir que as suas emoções levem a melhor de si, a meio


de uma negociação.
Não pode ser uma pessoa emocional quando faz trading. Tem
de se manter calmo, frio e impassível, como se costuma dizer, ar‑
ranjando forma de controlar as suas emoções. Eu, pessoalmente,
acredito que deve começar a desenvolver a disciplina de um ven‑
cedor. Esta ideia será mais desenvolvida no Capítulo 8, onde par‑
tilho consigo um passeio que dei, à hora de almoço, na Wall Street
da cidade de Nova Iorque, em 2014.
Então, o que é o day trading? Na realidade, o day trading é
uma profissão, muito semelhante à medicina, ao direito e à enge‑
nharia. O day trading exige as ferramentas e o software certos, co‑
nhecimentos, paciência e prática. Para saber como negociar com
dinheiro real, terá de dedicar inúmeras horas à leitura sobre esti‑
los de trading, à observação de traders experientes e à prática em
contas de simulador. Um day trader comum bem‑sucedido pode
ganhar, diariamente, entre 500 e 1000 dólares, o que equivale a
uma quantia entre 10 000 e 20 000 dólares por mês (com base em
cerca de 20 dias de trading por mês) e a uma quantia aproximada
de 120  000 a 240  000 dólares por ano. Por que motivo seria de
esperar que um trabalho tão compensador como este fosse fácil?
Médicos, advogados, engenheiros e muitos outros profissionais
passam vários anos a estudar, a praticar, a trabalhar arduamente
e a provarem o seu valor para conseguirem um rendimento seme‑
lhante. Por que motivo o day trading deveria ser diferente?
Então, se não é fácil e não o enriquece rapidamente, por que
razão haveria de querer fazer day trading?
O que torna o day trading atrativo é o estilo de vida. Pode tra‑
balhar a partir de casa, apenas algumas horas por dia, e tirar dias
de folga sempre que lhe apetecer. Pode passar o tempo que quiser
com a sua família e amigos, sem pedir férias a um patrão ou a um
chefe. O leitor é o patrão. Uma vez que o day trading é uma forma
de emprego independente, o leitor é o CEO, e toma as decisões
executivas das suas transações.
O estilo de vida é extremamente atrativo, e, claro, se dominar
a profissão do day trading, pode eventualmente ganhar milhares
de dólares todos os dias, muito mais do que na maioria das outras
profissões. Eu, pessoalmente, conheço alguns traders que nego‑
ceiam em alta mais de 2000 dólares, todos os dias. Alguns dias são

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mais fracos do que outros, mas, a longo prazo, têm, diariamen‑
te, um lucro superior a 2000 dólares. Não obstante onde o leitor
vive, e como vive, 2000 dólares por dia é um montante substan‑
cial e pode contribuir para um estilo de vida bastante satisfatório.
Se aprender devidamente a fazer day trading, a sua recompensa
serão as competências de trading para negociar de forma lucrativa
em qualquer mercado, a partir de qualquer lugar, durante o res‑
to da sua carreira de trading. Essencialmente, é uma licença para
imprimir dinheiro. Contudo, o desenvolvimento de competências
para esta nova carreira exige tempo e experiência.
Se quiser ter a sua própria empresa, o day trading é uma área
simples para começar. Reflita durante um momento e compare
o day trading à abertura de uma pizaria, ou de um restaurante.
Se quiser abrir um restaurante, terá de gastar uma boa quantia na
renda, no equipamento, na contratação e na formação de pesso‑
al, em seguros e licenças — e, ainda assim, não terá a garantia de
ganhar dinheiro com o restaurante. Muitos negócios são assim.
O day trading, por seu turno, é bastante fácil de montar e de ini‑
ciar. Pode abrir uma conta de trading hoje, sem custos, e começar
a fazer trading amanhã. Claro que não deve fazer isso até estar de‑
vidamente informado, embora a logística para iniciar o day tra‑
ding seja extremamente fácil, em comparação com diversos ou‑
tros negócios e profissões.
O day trading também é um negócio de fácil gestão do flu‑
xo de caixa. Pode comprar uma ação, e, se correr mal, poderá
vendê‑la imediatamente com prejuízo. Compare‑o com um ne‑
gócio de importação e exportação, que está a importar produtos
de outros países. Há inúmeras coisas que podem correr mal quan‑
do se compram remessas de mercadorias para vender no próprio
país — desde problemas com fornecedores, transporte, alfândega,
distribuição, marketing, qualidade e satisfação do cliente. Além
disso, o dinheiro fica empatado em todo o processo. A não ser que
tudo corra bem, não há nada que se possa fazer. Há alturas em que
nem sequer se pode suportar um pequeno prejuízo, e facilmente
se abandona o negócio. No caso do day trading, se as coisas corre‑
rem mal, pode abandonar a negociação numa questão de segun‑
dos com um rápido e simples clique (e, claro, com um pequeno
prejuízo). É fácil recomeçar o day trading, o que é um aspeto alta‑
mente desejável em qualquer negócio.
como viver do day trading

Fechar um negócio de day trading é igualmente fácil. Se achar


que o day trading não é para si, ou se não fizer dinheiro com ele, pode
parar imediatamente: encerra as suas contas e levanta o seu dinheiro.
Além do tempo e do dinheiro que já gastou, não há custos ou san‑
ções adicionais. A ação de encerrar outros negócios ou empresas não
é assim tão linear. Não pode encerrar uma loja, um escritório ou um
restaurante com a mesma facilidade, nem colocar o seu pessoal em
lay‑off, abandonar o contrato de arrendamento e o equipamento.
Então, por que motivo a maioria das pessoas falha no day
trading?
Irei explicar as razões específicas subjacentes a esta importan‑
te questão nos Capítulos 8 e 9, mas, no geral, na minha opinião, as
razões mais comuns pelas quais as pessoas falham no day trading
residem no facto de não o considerarem um negócio sério. Ao in‑
vés, tratam‑no como uma forma de jogo que rápida e facilmente
as enriquecerá.
Outros decidem envolver‑se no trading porque acham que
será divertido, ou uma forma de entretenimento, ou até um pas‑
satempo interessante. Podem sentir‑se atraídos pelo trading por o
considerarem “fixe”, ou por julgarem que lhes trará prestígio, ou
talvez os faça parecer mais atraentes aos olhos dos outros.
Os amadores perdedores negoceiam pela adrenalina do jogo a
curto prazo, nos mercados. Brincam um pouco no mercado, mas
nunca se empenham em adquirir informação adequada ou um co‑
nhecimento aprofundado do day trading. Podem ter sorte, algu‑
mas vezes, e fazer algum dinheiro, mas acabam por ser castigados
pelo mercado.
Na realidade, esta é a minha história. No início da minha car‑
reira de trading, uma empresa chamada Aquinox Pharmaceuticals
Inc. (ticker: AQXP) publicou alguns resultados positivos relativa‑
mente a um dos seus fármacos, e as suas ações saltaram de 1 dólar
para mais de 55 dólares, em apenas dois dias. Nessa época, eu era
um principiante. Comprei 1000 ações a 4 dólares e vendi‑as a mais
de 10. Estava entusiasmado. No entanto, o que parecia ser muito
bom acabou por se revelar muito mau. Fiz mais de 6000 dólares
numa questão de minutos, e logo no meu primeiro dia de trading,
com dinheiro real! Fiquei com a impressão de que era fácil fazer
dinheiro no mercado, e foi preciso tempo e vários prejuízos graves
para me livrar dessa noção absolutamente errada.

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andrew aziz

Foi pura sorte. Sinceramente, eu não fazia ideia do que estava


a fazer. Em apenas algumas semanas, tinha perdido a totalidade
dos 6000 dólares por cometer erros noutras transações. Tive sorte,
porque a minha primeira transação estúpida foi a minha transação
de sorte. Para muitas pessoas, o primeiro erro que cometem é a sua
última transação, porque estouram a sua conta e têm desespera‑
damente de a encerrar e de abandonar o day trading.
Os novos day traders nunca deveriam esquecer‑se do facto de
que estão a competir com traders profissionais de Wall Street, bem
como outros traders experientes de todo o mundo, que levam o
day trading muito a sério e estão altamente equipados com conhe‑
cimentos e ferramentas avançadas, e, acima de tudo, empenha‑
dos em fazerem dinheiro.
Nunca se esqueça da regra n.º  2: o day trading é um negó‑
cio, e é extremamente sério. Tem de se levantar cedo de manhã,
preparar‑se todos os dias para as ações que pretende negociar e
estar bem preparado, antes da abertura do mercado. Imagine por
um momento que abriu um restaurante. Poderia dar‑se ao luxo de
não estar preparado para os seus clientes quando abrisse as por‑
tas? Não poderia encerrar o restaurante à hora de almoço por não
se estar a sentir bem, ou por não estar com disposição, ou não ter
tido tempo para encomendar os produtos alimentares necessários
à preparação das refeições pelo pessoal da cozinha. Tem de estar
sempre preparado. O day trading não é diferente.
O day trading exige ferramentas, software e conhecimentos
adequados. À semelhança de qualquer negócio, tem de ter as fer‑
ramentas certas para ser bem‑sucedido. Então, quais são as ferra‑
mentas básicas de que necessita para o day trading?

1. Plano de negócio. Tal como qualquer outro negócio, neces‑


sita de ter um plano de negócio sólido para o seu day tra‑
ding, incluindo as estratégias que irá usar e o montante que
irá investir na sua formação, num computador e em mo‑
nitores, software de scanners, plataformas e outras ferra‑
mentas. Aconselho sempre os particulares a terem um or‑
çamento mínimo de 1500 dólares para a formação, no seu
primeiro ano. Sim, 1500 dólares pode ser muito dinheiro
para uma semana ou um mês de formação, mas, no decur‑
so da sua vida, é um investimento bastante viável, mesmo

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como viver do day trading

no caso de pessoas que não sejam abençoadas financeira‑


mente, mas que estejam prontas a começar a fazer trading.
2. Conhecimentos. Fico sempre surpreendido quando vejo
pessoas a iniciarem um novo negócio sem os devidos co‑
nhecimentos e treino. O day trading é um negócio que exi‑
ge uma formação séria e uma prática constante. Iniciaria
uma cirurgia apenas por ter lido um ou dois livros? Seria
capaz de praticar direito ou engenharia apenas por ter lido
um livro ou visto alguns vídeos no YouTube? Não. A carrei‑
ra de day trading não é diferente. Procure uma aquisição de
conhecimentos sólida e pratique pelo menos durante três
meses em simuladores, antes de fazer trading com dinheiro
real. Muitas pessoas acham que o trading pode ser reduzido
a algumas regras que podem seguir todas as manhãs: faça
sempre isto e aquilo. Na realidade, o trading não tem nada
que ver com a palavra “sempre”; tem que ver com cada si‑
tuação que se apresenta e com cada transação individual.
3. Capital de arranque (liquidez). Tal como qualquer outro
negócio, necessita de algum dinheiro para iniciar o seu ne‑
gócio de trading, incluindo dinheiro para comprar um bom
computador e três monitores, além de capital suficiente
para começar verdadeiramente a fazer trading. Muitas em‑
presas, inclusive empresas de day trading, falham porque
os seus fundadores não têm o capital de arranque adequa‑
do e não conseguem manter um controlo rigoroso dos seus
custos indiretos. Levará o seu tempo até ganhar a vida atra‑
vés do day trading. Necessita de uma liquidez de arranque
suficiente para sustentar operações em que atinja um nível
de equilíbrio, no início. Muitas vezes, os traders princi‑
piantes economizam em coisas essenciais, como na aqui‑
sição de conhecimentos, nas ferramentas e na plataforma
certa, para preservarem o seu capital. Estão a tentar fazer
demasiado com muito pouco. Isto cria uma espiral fatal
de desgaste e de trading emocional. O capital de arranque
adequado permite que os traders principiantes cometam
erros e abordem os seus pontos fracos, numa fase inicial
da sua carreira, e antes de serem obrigados a abandonar o
negócio. O volume de capital de que dispõe para negociar
é também uma componente importante dos seus objetivos

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andrew aziz

diários, em especial, se desejar viver do trading. Quando os


traders não têm capital suficiente, mas continuam a contar
viver do trading, há uma maior probabilidade de assumi‑
rem riscos mais elevados para conseguirem os resultados
desejados. Infelizmente, isso irá, muito provavelmente,
destruir a sua conta.
4. Ferramentas e serviços corretos:
■■ Serviço de Internet de alta velocidade;
■■ O melhor corretor disponível;
■■ Uma plataforma rápida de execução das ordens que su‑
porte teclas de atalho;
■■ Um scanner para encontrar as ações certas a negociar;
■■ Apoio de uma comunidade de traders.
Algumas destas ferramentas têm de ser pagas todos os
meses. Tal como outros negócios têm contas mensais de
eletricidade, de software, licenças e rendas, o leitor tem
de ser capaz de pagar as suas contas mensais do fornece‑
dor de Internet, as comissões do seu corretor, os custos
do scanner e as taxas da plataforma de negociação. Se
fizer parte de uma sala de conversação ou de uma comu‑
nidade, também poderá adicionar o custo dessa adesão
a esta lista.

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capítulo 2

funcionamento
do day trading

N este capítulo, irei rever muitos dos conceitos básicos do day


trading e espero responder às suas perguntas sobre o que é e
como funciona. Este capítulo também irá apresentar algumas das
ferramentas e estratégias principais que encontrará mais à frente,
neste livro. As ferramentas são, obviamente, inúteis se não souber
como as usar apropriadamente. Este livro será o seu guia de apren‑
dizagem de como usar estas ferramentas.

day trading vs. swing trading


Podemos começar com uma questão premente: qual é o seu obje‑
tivo como day trader?
A resposta é simples. Em primeiro lugar, o seu objetivo é en‑
contrar ações que se movem de forma relativamente previsível.
A seguir, vai negociá‑las num dia. Não vai manter uma posição
de um dia para o outro. Por exemplo, se comprar ações da Ap‑
ple (ticker: AAPL) hoje, não irá manter a sua posição de um dia
para o outro e vendê‑las amanhã. Se mantiver quaisquer ações de
um dia para o outro, deixa de ser day trading, e passa a ser swing
trading.

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andrew aziz

Swing trading é uma forma de trading em que as ações são


mantidas durante um intervalo de tempo — normalmente, de um
dia até algumas semanas. É um estilo de trading completamente di‑
ferente, e em que não se deve usar as estratégias e ferramentas do
day trading. Lembra‑se da regra n.º 2, em que mencionei que o day
trading é um negócio? O swing trading também é um negócio, mas
é um tipo de negócio totalmente diferente. As diferenças entre o
swing trading e o day trading são como as diferenças entre ter um
restaurante e uma empresa de entregas de alimentos. Ambos envol‑
vem alimentos, mas são bastante diferentes: operam com prazos,
legislação, segmentos de mercado e modelos de receitas diferentes.
Não deve confundir o day trading com outros estilos de trading ape‑
nas porque o trading envolve ações. Os day traders fecham sempre
as suas posições antes do encerramento do mercado.
Muitos traders, incluindo eu próprio, fazem day trading e
swing trading. Temos a consciência de que estamos a gerir dois
negócios diferentes, e passámos por programas educativos distin‑
tos, destinados a cada um destes tipos de trading. Uma das prin‑
cipais diferenças entre o day trading e o swing trading é a abor‑
dagem do stock picking. Não faço swing trading e day trading
com as mesmas ações. Os swing traders procuram, normalmente,
ações de empresas sólidas, que sabem que não irão perder todo o
seu valor de um dia para o outro. No entanto, no caso do day tra‑
ding, pode‑se negociar qualquer coisa, incluindo empresas que,
em breve, abrirão falência, porque não interessa o que acontece
após o encerramento do mercado. De facto, muitas das empresas
com que se faz day trading são demasiado arriscadas para manter
de um dia para o outro, pois podem perder a maioria do seu valor
durante esse curto período.
Chegámos agora à regra n.º 3 do day trading:

Os day traders não mantêm as suas


regra posições de um dia para o outro. Se
necessário, deverá vender com prejuízo
n.º 3 para garantir que não mantém uma
ação de um dia para o outro.

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como viver do day trading

Vários traders, ao longo dos anos, têm‑me enviado e‑mails


sobre esta regra, interrogando‑se por que motivo os aconselho a
fecharem a sua posição ao final do dia, mesmo que seja com pre‑
juízo. Claro que não quero perder dinheiro, mas é frequente ver
traders a mudarem repentinamente o seu plano, ao fim do dia,
por não quererem aceitar um pequeno prejuízo. Deveriam desistir
de uma transação com prejuízo, mas, ao invés, decidem repenti‑
namente prosseguir e mantê‑la de um dia para o outro, na espe‑
rança de, no dia seguinte, as ações voltarem, eventualmente, ao
que estavam. Eu próprio transformei alguns dos meus day trades
em swing trades, e paguei um preço elevado por isso. Frequente‑
mente, muitas das ações com que fazemos day trading irão perder
ainda mais valor de um dia para o outro. Como day trader, deve
ser fiel aos seus planos diários. Nunca deve transformar um day
trading, que era suposto fechar ao fim do dia, em swing trading.
É uma tendência humana comum aceitar lucros rapidamente,
mas também querer esperar até os negócios com prejuízo voltarem
a ficar equilibrados.
É, igualmente, bastante importante lembrar que fazer trading
é diferente de investir. Os meus amigos perguntam‑me com fre‑
quência: “Andrew, tu és um trader; também podes ensinar‑me a
fazer trading?” Quando estou a conversar com eles e a ouvir as
suas expectativas, apercebo‑me de que a maioria deles quer in‑
vestir o seu dinheiro e não está à procura de uma nova carreira
ou de uma carreira adicional como trader. Na realidade, querem
investir o seu próprio dinheiro, em vez de se contentarem com os
ganhos que os fundos mútuos típicos oferecem. Não estão a tentar
tornar‑se traders. Não se apercebem das diferenças e estão a usar
incorretamente as palavras “investimento” e “trading”, como se
fossem o mesmo. A maioria deles guardou algum dinheiro nas
contas poupança ou planos de reforma e gostaria de ver crescer
esse investimento com uma taxa de crescimento superior à dispo‑
nibilizada pelos fundos mútuos ou por outros serviços de investi‑
mento gerido. Então, explico‑lhes as diferenças entre um trader e
um investidor para me assegurar de que ficam esclarecidos rela‑
tivamente a uma carreira de trading. A maioria, obviamente, não
está pronta para se tornar um trader.
Também me pedem com frequência para dar a minha opi‑
nião sobre o mercado ou sobre ações específicas. Por exemplo,

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andrew aziz

os meus amigos e família perguntam‑me com muita frequência:


“Andrew, antevês o mercado em alta ou em baixa até ao fim do
ano?” ou “A Apple está a vender ações. Será boa ideia comprar
agora? Achas que irão subir mais?” A minha resposta é: “Não faço
ideia.” Sou um trader. Não sou um investidor. Não estudo ten‑
dências a longo prazo, nem estou habilitado como investidor.
Nunca desenvolvi uma estratégia de investimento a longo prazo.
Não estou certo do rumo do mercado em geral, no período de seis
meses, ou se haverá negociação da Apple amanhã. O meu negó‑
cio denomina‑se trading, não investimento. Não me interessa se
haverá negociação da AAPL em dois anos. Pessoalmente, desejo
que negoceie com valores mais elevados, mas, como trader, as
minhas pretensões pessoais são irrelevantes. Se esse dia for um
de stock in play para a AAPL (ver o Capítulo 4) e for fraco, efetuo
uma compra curta. Se a AAPL estiver forte, efetuo uma compra
longa. Explicarei o que quero dizer com “curta” e “longa” na sec‑
ção seguinte. Como day trader, estou habilitado para o trading in‑
tradiário a curto prazo, nada mais. Apenas estou interessado em
ações que tenham o maior movimento no próprio dia. A minha
obsessão e competência consiste em saber como posso fazer di‑
nheiro no próprio dia.
Consigo compreender a situação do mercado em geral — se
está em alta, em baixa ou neutro —, mas isso deve‑se ao facto de
também ser um swing trader. Como day trader do mercado bolsis‑
ta, não é necessário saber o rumo do mercado num futuro próxi‑
mo. O horizonte temporal de um day trader é medido em segun‑
dos e minutos, raramente em horas, e certamente não em dias,
semanas ou meses.

compra longa, venda a descoberto


Os day traders compram ações na esperança de que o seu preço
suba. Isto chama‑se compra longa, ou simplesmente estar longo.
Quando me ouve a mim ou a outro trader dizer “Estou longo com
100 ações da AAPL”, significa que comprámos 100 ações da Apple
Inc. e gostaríamos de as vender a um preço superior para termos
lucro. Estar longo é bom quando se está a contar com uma subida
do preço.

28
como viver do day trading

Então, e se os preços estiverem a descer? Nesse caso, pode


fazer uma venda a descoberto e ainda ter lucro. Os day traders
podem obter ações emprestadas dos seus corretores e vendê‑las,
na esperança de que o seu preço desça e possam depois voltar a
comprá‑las a um preço mais baixo e terem lucro. Isto chama‑se
venda a descoberto, ou simplesmente estar curto. Quando se diz
“Estou curto com a Apple”, significa que se efetuou uma venda a
descoberto de ações da Apple (por exemplo, igualmente 100), e
que se espera que o preço da Apple desça. Quando o preço desce,
o leitor estará a dever 100 ações ao seu corretor (provavelmente
aparecerá como “–100 ações”, na sua conta), o que significa que
lhe terá de devolver as 100 ações. O corretor não quer o dinhei‑
ro; quer recuperar as suas ações. Por isso, se o preço diminuiu, o
leitor poderá comprá‑las mais baratas do que o preço pelo qual as
vendeu anteriormente e ter lucro. Imagine que obtém 100 ações
da Apple emprestadas do seu corretor e que as vende a 100 dólares
cada. O preço da Apple desce, então, para 90 dólares, pelo que o
leitor volta a comprar essas 100 ações a 90 dólares e devolve‑as ao
seu corretor, fazendo 10 dólares por ação, ou seja, 1000 dólares.
E se o preço da Apple subir até aos 110 dólares? Nesse caso, tem de
comprar 100 ações para devolver ao seu corretor, porque lhe deve
ações e não dinheiro: terá de comprar 100 ações a 110 dólares para
as devolver ao seu corretor e terá perdido 1000 dólares.
Os short sellers, que efetuam estas vendas a descoberto, lu‑
cram com a descida do preço das ações que obtiveram empresta‑
das e venderam. O short selling (vender a descoberto) é importan‑
te porque os preços das ações, normalmente, descem muito mais
depressa do que sobem. O medo é um sentimento mais poderoso
do que a ganância. Por isso, se os short sellers negociarem cor‑
retamente, poderão fazer lucros surpreendentes, enquanto outros
traders entram em pânico e começam a vender.
No entanto, tal como qualquer outra coisa do mercado com
grande potencial, o short selling também tem os seus riscos.
Ao comprar ações de uma empresa a 5 dólares, o pior cenário é o
de a empresa abrir falência e o leitor perder os seus 5 dólares por
ação, havendo um limite para o seu prejuízo. Porém, se fizer uma
venda a descoberto de ações dessa empresa aos 5 dólares e depois
o preço, em vez de descer, começar a subir cada vez mais, não ha‑
verá limite para o seu prejuízo. O preço poderá chegar aos 10, 20

29
andrew aziz

ou 100 dólares, e continuará a não haver limite para o seu prejuízo.


O seu corretor quererá recuperar as ações, e não só o leitor po‑
derá perder todo o dinheiro da sua conta, mas o seu corretor
também o poderá processar para receber mais dinheiro se o lei‑
tor não tiver fundos suficientes para cobrir as ações vendidas.
O short selling é uma atividade legal por vários motivos vá‑
lidos. Em primeiro lugar, fornece mais informações aos merca‑
dos. Os short sellers, muitas vezes, realizam as devidas diligên‑
cias extensas e legítimas para descobrirem factos e falhas que
fundamentem a sua suspeita de que determinada empresa está
sobrevalorizada. Se não houvesse short sellers, o preço das ações
poderia aumentar mais e mais, injustificadamente. Os short sel‑
lers estão a equilibrar o mercado e a ajustar os preços de acordo
com o seu valor razoável. Os seus atos são favoráveis à saúde do
mercado.
Se o preço vai baixar, poder‑se‑á questionar por que motivo o
seu corretor lhe permite efetuar a venda a descoberto, em vez de
ele próprio vender ações antes de o preço descer. A resposta é que
o seu corretor prefere manter a sua posição a longo prazo. O short
selling concede aos investidores que detêm as ações (com posições
longas) a capacidade de gerarem rendimentos extraordinários ao
emprestarem‑nas aos short sellers. Os investidores a longo prazo,
que disponibilizam as suas ações para o short selling, não receiam
as oscilações a curto prazo. Investiram na empresa por um motivo
válido e não têm interesse em vender as suas ações a curto prazo.
Assim, preferem emprestar as suas ações aos traders que preten‑
dam fazer lucros com as flutuações a curto prazo do mercado. Em
troca do empréstimo das suas ações, cobram juros. Assim, ao fazer
short selling, terá de pagar juros ao seu corretor pelo empréstimo
dessas ações. Se efetua uma venda a descoberto apenas no decurso
de um dia, é habitual não ter de pagar juros. Os swing traders que
efetuam uma venda curta (a descoberto) tem, normalmente, de
pagar juros diários por essas ações.
O short selling é, geralmente, uma prática perigosa do tra‑
ding. Alguns traders têm tendência de só comprarem ações na
esperança de as venderem a um preço mais elevado. Eu não sou
tendencioso. Faço uma venda curta quando acho que a situação
se mostra oportuna e faço uma compra sempre que se adeque
à minha estratégia, embora tenha mais cuidado quando faço

30
como viver do day trading

uma venda curta. Algumas das estratégias que explico neste li‑
vro funcionam apenas no caso de posições longas (bull flag e
bottom reversal); outras apenas funcionam no short selling (top
reversal); e outras funcionam em ambos, dependendo da situ‑
ação. Explico estas posições mais detalhadamente nas páginas
seguintes.

traders retalhistas vs. institucionais


Os traders individuais, como o leitor e eu, designam‑se traders
retalhistas. Podemos ser traders a tempo parcial ou a tempo intei‑
ro, mas não estamos a trabalhar para uma empresa nem estamos
a gerir o dinheiro de outras pessoas. Nós, traders retalhistas, so‑
mos uma pequena percentagem do volume no mercado. Por outro
lado, existem os chamados traders institucionais, como os bancos
de investimento de Wall Street, as empresas de proprietary tra‑
ding (prop traders), os fundos mútuos e os hedge funds. A maioria
do seu trading baseia‑se em algoritmos informáticos sofisticados e
em high frequency trading (negociação de alta frequência). Rara‑
mente há um elemento humano envolvido nas operações de day
trading destas grandes contas. Recorrendo a determinados meios,
os traders institucionais têm o suporte de um volume de capital
considerável e podem ser bastante agressivos.
Poder‑se‑á questionar: como é que um trader individu‑
al, como o leitor e eu, que iniciámos esta atividade mais tarde,
pode competir com os traders institucionais e ser bem‑sucedido?
Na verdade, os traders individuais têm uma enorme vantagem so‑
bre os traders institucionais. Os bancos e outras instituições são
obrigados a negociar, frequentemente, com grandes volumes e,
às vezes, com pouca consideração pelo preço. Espera‑se que es‑
tejam constantemente ativos no mercado. Os traders individuais,
por seu turno, podem decidir se querem ou não negociar e podem
ganhar tempo até surgirem oportunidades.
Ironicamente, são muitos os traders individuais que perdem a
sua vantagem ao excederem a sua capacidade comercial (overtra‑
ding). Em vez de serem pacientes e de exercerem a autodisciplina
dos vencedores, sucumbem à ganância, negoceiam imprudente‑
mente e sem necessidade, tornando‑se perdedores.

31
andrew aziz

Uso sempre a analogia do day trading retalhista e de uma


guerrilha. A guerrilha é uma abordagem irregular da guerra, na
qual um pequeno grupo de combatentes, constituído por pessoal
paramilitar ou civis armados, usa táticas repentinas, como embos‑
cadas, sabotagem, manobras e ataques insignificantes para ven‑
cer uma força militar tradicional maior e com menos mobilidade.
O exército dos EUA é considerado uma das forças de combate mais
extraordinárias do mundo. No entanto, teve perdas significativas
em resultado das táticas de guerra na selva usadas contra ele, no
Vietname do Norte. Exemplos anteriores incluem os movimentos
de resistência europeia que lutaram contra a Alemanha nazi, du‑
rante a Segunda Guerra Mundial.
Na negociação de guerrilha, tal como o termo sugere, fica‑se
escondido, à espera de uma oportunidade para entrar e sair da sel‑
va financeira, durante um curto período, com vista a gerar lucros
rápidos, enquanto se arrisca o mínimo possível. Não é pretensão
sua derrotar ou ser mais esperto do que os bancos de investimen‑
to. Está simplesmente à espera de uma oportunidade para atingir
a sua meta de lucro diário.
Como day trader retalhista, tem outra vantagem notória sobre
os traders institucionais, na medida em que pode sair rapidamen‑
te das posições perdedoras. Tal como irei abordar mais adiante,
deve determinar o seu plano de saída se as transações de uma ação
estiverem contra si. Um trader principiante deve começar a fazer
trading com um lote padrão, ou seja, cem ações. Estas cem ações
são um baixo risco, embora também representem uma recompen‑
sa pequena, mas é necessário começar por algum lado. Os traders
principiantes devem, então, começar a fazer trading com cem
ações. Se atingirem o stop loss, deixam, efetivamente, de ter des‑
culpa para não terem conseguido desistir. Mesmo no caso de uma
ação ilíquida (uma ação que é difícil de vender), negociada com
um volume muito baixo, cem ações não é nada.
Por outro lado, os traders institucionais podem ter uma posi‑
ção de um milhão de ações para trabalharem. Pode demorar algum
tempo a resolver uma posição tão forte; não basta um clique do
rato (ou, no caso dos day traders mais ativos, premir uma tecla de
atalho, o que é muitíssimo mais rápido do que clicar com o rato),
e os prejuízos podem ser significativos. Os day traders negoceiam
com uma dimensão bastante mais pequena e podem desistir da

32
como viver do day trading

sua transação perdedora com um prejuízo reduzido. De facto, um


bom day trader pode ter inúmeros prejuízos que se traduzam na
módica quantia de um cêntimo. Assim, é necessário que o leitor
aprenda a explorar uma das suas enormes vantagens — e isto signi‑
fica parar uma ação cuja transação vai contra o seu preço de saída.
Como day trader retalhista, lucrará com a volatilidade do
mercado. Não se faz dinheiro com os mercados estagnados; ape‑
nas os high frequency traders fazem dinheiro nestas circunstân‑
cias. Por isso, necessita de encontrar ações que se movimentem
com rapidez, em sentido ascendente ou descendente, de forma
relativamente previsível. Os traders institucionais, por seu turno,
estão a negociar com uma frequência muito elevada e lucram com
movimentos muito pequenos do preço, ou, como por vezes se diz,
com uma “atuação instável do preço”.
É extremamente importante manter o distanciamento de
ações que estejam a ser bastante negociadas pelos traders insti‑
tucionais. Como day trader individual, deverá manter‑se fiel ao
seu território de trading retalhista. Não deverá negociar ações que
outros traders retalhistas não estejam a negociar ou a ter em vista.
A força das estratégias do day trading retalhista consiste em outros
traders retalhistas também estarem a usá‑las: quantos mais tra‑
ders usarem estas estratégias, melhor elas funcionarão. À medida
que mais pessoas identificam a linha na areia, mais pessoas com‑
prarão nesse limite. Isto significa, obviamente, que a ação subirá
mais depressa. Quanto mais compradores, mais depressa esta se
moverá, motivo pelo qual muitos traders gostam de partilhar as
suas estratégias de day trading. Essa partilha não só ajuda outros
traders a terem mais lucro, mas também aumenta o número de
traders que estão a usar estas estratégias. Não existe benefício em
ocultar estes métodos ou em mantê‑los secretos.

high frequency trading (hft)


Tal como mencionei algumas páginas atrás, a maioria dos bancos
de investimento de Wall Street, dos fundos mútuos, das empresas
de proprietary trading e dos hedge funds baseia a sua negociação
em algoritmos informáticos sofisticados e no high frequency tra‑
ding (HFT) — negociação de alta frequência.

33
andrew aziz

Talvez tenha ouvido falar na misteriosa “caixa negra”, os


programas informáticos, fórmulas e sistemas ultrassecretos
escondidos que manipulam o mercado bolsista. Alguns dirão
que, como não é possível derrotar um computador ou o HFT,
nem vale a pena tentar. No meu entender, isso é simplesmente
uma desculpa pelo fracasso ou por não haver um esforço sufi‑
ciente. Eu e diversos outros day traders de sucesso derrotámos
a caixa negra e tivemos muito bons lucros.
Muito sinceramente, sim, o HFT tornou a negociação mais di‑
fícil e complexa para o day trader individual. Pode ser frustran‑
te. Provoca stress. Alguns destes programas são deliberadamente
concebidos para perseguirem e derrotarem os day traders como
nós.
A melhor forma de os vencer é ser‑se bastante seletivo em re‑
lação à altura em que se faz uma transação e monitorizar a atuação
do preço com muita atenção. Seja esse trader de guerrilha. Descu‑
bra uma stock in play (descrição detalhada no Capítulo 4). Descu‑
bra os momentos em que as fórmulas e os algoritmos informáticos
não conseguem ficar com o seu dinheiro. Descubra o seu ponto de
entrada. Faça a sua jogada. Faça a sua saída. Obtenha o seu lucro.
Acredito que um dos desafios mais significativos destas caixas
negras consiste no facto de os próprios programadores informáti‑
cos, que trabalham tantas horas por dia nas fórmulas, não fazerem
ideia de como se faz day trading. Os dados de mercado do passado
são extremamente valiosos tanto para si como para os computa‑
dores deles, mas o mercado bolsista não é 100% previsível. Está
sempre em mudança. Há uma incerteza inerente relativamente
à qual nenhum programador informático pode estar totalmen‑
te preparado antecipadamente. É‑lhes impossível carregar todas
as variáveis. À medida que o leitor observa o mercado, em tempo
real, dá‑se conta desses momentos imprevisíveis, e é deles que
tira proveito. É necessário ter muita estratégia em cada transação
a que se dedique. Nunca se esqueça de que, no mundo igualmente
estratégico do xadrez, Garry Kasparov ganhou efetivamente algu‑
mas das partidas de xadrez contra o Deep Blue da IBM. Mais recen‑
temente, até o Watson da IBM errou resposta atrás de resposta ao
jogar Jeopardy!
Também deve ter em conta que qualquer caixa negra poderosa
de uma organização está a negociar contra todas as caixas negras

34
como viver do day trading

poderosas das restantes organizações, pelo que estão destinadas a


falhar. Não podem ganhar todas. À medida que o leitor pratica e ga‑
nha experiência no day trading, aprende a identificar algoritmos di‑
ferentes e o modo de negociar contra eles. Pode ser bem‑sucedido,
e eles podem falhar. Na realidade, já falharam redondamente.
Dos vários programas de HFT que estão atualmente em ope‑
ração, um dos menos eficazes são os chamados “buy the new
low programs” (“Compre ao valor mais baixo”). Quando uma
ação atinge uma nova descida intradiária, muitos day traders fa‑
zem vendas a descoberto para aproveitarem o ritmo descenden‑
te. Este programa começa, então, a comprar as posições vendi‑
das desses day traders para provocar a subida de preço. Isto faz
com que os day traders entrem em pânico e cubram as suas po‑
sições vendidas. Como as organizações que suportam os progra‑
mas de HFT têm um poder de compra quase ilimitado, o plano
parece perfeito. No entanto, o plano depressa se revela um fra‑
casso, quando outro grande vendedor institucional também vai
atrás do negócio e decide despejar as suas posições fortes. Isto
significa que, não obstante o número de ações que o programa
compre, a subida da bolsa não se dará só porque os vendedores
institucionais e os day traders continuam a despejar lá as suas
ações.
Um exemplo clássico contemporâneo deste tipo de falhanço
do HFT teve lugar em setembro de 2008, quando o banco de in‑
vestimento Lehman Brothers (ticker: LEH, atualmente não cota‑
do em bolsa após a sua falência), a Federal Home Loan Mortgage
Corp (ticker: FRE) e muitas outras holdings financeiras e ban‑
cos de investimento sofreram uma profunda queda dos preços.
Os programas tentaram comprar essas ações já desvalorizadas para
apertar com os short sellers e derrubá‑los, mas o preço das ações
nunca aumentou. Os day traders e os vendedores institucionais
de grande envergadura despejaram as suas ações no programa.
Os programas e os seus programadores foram obliterados e acaba‑
ram por ficar com grandes quantidades de ações sem valor do LEH
e da FRE, bem como de outras holdings falidas.
Irá ler repetidamente, ao longo deste livro, quão importante é
fazer o trabalho de casa, preparar‑se, praticar, ser disciplinado e
inteligente, fazer movimentos inteligentes de negociação. Não vai
ganhar todas as partidas contra os algoritmos e o HFT, mas pode

35
andrew aziz

ganhar algumas e ter lucros. Deverá ser capaz de identificar os di‑


ferentes programas de algoritmos para poder negociar contra eles,
o que exige alguma experiência, uma boa mentoria e prática.
Os programas de HFT devem ser respeitados, mas não recea‑
dos. Lembre‑se sempre de que o mercado é um lugar dinâmico e
em constante mudança: o que funciona hoje para os traders pode
não funcionar amanhã. É por este motivo que o HFT e o trading
computorizado nunca poderão dominar totalmente o trading.
Haverá sempre a necessidade de um trader inteligente que com‑
preenda o mercado e a atuação do preço, em tempo real. E o mer‑
cado está sempre a mudar, de tal forma que é impossível progra‑
mar todas as diferentes variáveis que eliminem a necessidade do
critério do trader. Não existe um algoritmo que possa ser progra‑
mado para negociar contra um trader bem habilitado e disciplina‑
do. Há demasiadas variáveis nos mercados.
Faço sempre lembrar aos meus colegas de trading que estão
incomodados com os computadores que, efetivamente, há uma
lição bem maior a retirar desta situação. Como day trader, o lei‑
tor poderá queixar‑se de qualquer coisa que lhe leve o dinheiro,
incluindo, claro, os importunos programas de algoritmos. Se,
quando iniciar o seu trading, não fizer o seu trabalho de casa e
não estiver preparado nem tiver os conhecimentos necessários, é
certo que lhe levarão o dinheiro. Contudo, poderá escolher entre
gastar a sua energia a queixar‑se e, em alternativa, competir com
eles. Incentivo os traders a descobrirem um modo de usarem os
programas a seu favor. Por exemplo, quando um programa obriga
os short sellers a fazerem uma cobertura rápida, beneficie do lado
positivo do short squeeze através do programa. Encontre os pon‑
tos em que os algoritmos não conseguem ficar com o seu dinheiro
e descubra as ações que o podem fazer derrotar os programas. Esta
é apenas outra razão para conhecer as stocks in play (ver o Capí‑
tulo 4).
Não irá a lugar nenhum no day trading queixando‑se dos al‑
goritmos. O que conseguirá com isso? De que forma isso o ajuda‑
rá a fazer dinheiro? Muitos day traders retalhistas realizam lucros
consistentemente, fazendo day trading a partir dos seus escritó‑
rios domésticos. Tal como escrevi, os traders principiantes podem
escolher. O mercado é simplesmente um exercício de resolução de
padrões. Todas as manhãs, é necessário resolver um novo puzzle.

36
como viver do day trading

Os algoritmos e o HFT dificultam a decifração desses padrões, mas


não a impossibilitam. Sim, haverá sempre obstáculos e situações
injustas no mercado bolsista para os traders retalhistas como o lei‑
tor e eu. Devemos dar pequenos passos consistentes e trabalhar
com mais afinco para realizarmos lucros num mercado com situ‑
ações em constante mudança. O que não devemos fazer — o que
um trader nunca deve fazer — é arranjar desculpas.

faça a melhor transação, e deixe


o resto
Como parte integrante da negociação algorítmica através de siste‑
mas informáticos, a maioria das ações acompanha a tendência do
mercado em geral, a não ser que tenha uma razão para não o fazer.
Assim, se o mercado estiver em alta, a maioria das ações também
estará em alta. Se o mercado em geral estiver em queda, os pre‑
ços da maioria das ações também estarão em queda. No entanto,
lembre‑se de que haverá um punhado de ações que irão contra‑
riar a tendência do mercado, pois têm um catalisador: as stocks
in play. É o que os traders retalhistas procuram — esse pequeno
punhado de ações que estarão a funcionar quando os mercados
estiverem em queda, ou que estarão em queda quando os merca‑
dos estiverem a funcionar.
Se o mercado estiver a funcionar e estas ações também, tudo
bem. O essencial é assegurar‑se de que negoceia ações que se mo‑
vem porque têm uma razão fundamental para tal, e não se limi‑
tam a acompanhar as condições do mercado em geral (as stocks in
play). Pode indagar‑se sobre qual será o catalisador fundamental
que faz com que estas stocks in play sejam adequadas ao day tra‑
ding. As stocks in play têm, normalmente, notícias recentes ines‑
peradas, quer positivas quer negativas. Eis alguns exemplos:

■■ Relatórios de resultados;
■■ Avisos ou pré‑anúncios de resultados;
■■ Surpresas de resultados;
■■ Aprovações ou proibições da FDA (Food and Drug
Administration);
■■ Fusões ou aquisições;

37
andrew aziz

■■ Alianças, parcerias ou lançamentos de produtos


importantes;
■■ Importantes ganhos ou perdas contratuais;
■■ Reestruturações, lay‑offs ou mudanças de gestão;
■■ Desdobramentos de ações, recompras ou ofertas de dívida.

Quando faço transações de inversão (explicadas no Capítu-


lo 7), as minhas favoritas são as de ações que estão a ser vendidas
por ter havido más notícias sobre a empresa em questão. Se hou‑
ver uma venda rápida devido a más notícias, muitos vão notar e
começar a monitorizar a ação relativamente ao chamado bottom
reversal. Se as ações estiverem em queda, acompanhando a ten‑
dência do mercado em geral, como aconteceu com o petróleo há
alguns anos, não será possível efetuar uma boa transação de inver‑
são. De repente, o valor delas aumenta 10 cêntimos e parece uma
inversão, mas depois são vendidas por mais 50 cêntimos. Estão a
ser vendidas por estarem a acompanhar o mercado em geral e o
respetivo setor. O setor petrolífero foi fraco, durante algum tem‑
po, em 2014 e 2015, e a maioria das ações do petróleo e da energia
foi vendida. Quando um setor está fraco, não é uma altura favorá‑
vel para fazer uma transação de inversão. O leitor terá de distin‑
guir esta questão.
Apresento‑lhe, assim, a quarta regra do day trading:

Pergunte sempre: será que esta ação


regra se move porque o mercado em geral
está a movimentar‑se, ou será que
n.º 4 se move porque tem um catalisador
fundamental único?

É nesta altura que tem de fazer algum trabalho de pesquisa.


À medida que se torna mais experiente como trader, vai sendo ca‑
paz de diferenciar entre a atuação do preço baseado num catalisa‑
dor e a tendência do mercado em geral.
Conforme abordado, como trader retalhista, deve ter o cui‑
dado de não estar no lado errado da transação e contra os traders

38
como viver do day trading

institucionais. Mas como fazer para ficar fora do caminho deles?


Em vez de tentar encontrar traders institucionais, deverá desco‑
brir onde estão os traders retalhistas nesse dia e negociar com eles.
Imagine, por um momento, o recreio de uma escola. Não irá que‑
rer ser deixado de fora da caixa de areia, entregue a si mesmo, a
transacionar uma ação à qual ninguém presta atenção. Estaria no
lugar errado. Foque‑se naquilo em que toda a gente estiver foca‑
da: foque‑se na ação que se está a mover todos os dias e a receber
literalmente toneladas de ação. É isso que os day traders estarão a
observar.
Pode fazer day trading com ações da Apple, da Priceline, da
Coca‑Cola ou da IBM? Claro que sim, mas estas ações movem‑se
lentamente, dominadas por traders institucionais e traders algo‑
rítmicos, e, em termos gerais, irão dificultar bastante o day tra‑
ding. Pense nisto como o equivalente a estar naquela caixa de
areia isolada, em vez de conviver com os seus pares, no parque,
onde estão as crianças simpáticas.
Como determina em que é que os traders retalhistas estão fo‑
cados e onde se encaixa nesse parque?
Há algumas maneiras para descobrir onde melhor se encaixa.
Uma delas é estar atento aos scanners de ações do day trading. Ex‑
plicarei posteriormente, nos Capítulos 4 e 7, como configuro o meu
scanner. As ações cujas diferenças aumentam ou diminuem signi‑
ficativamente serão as ações alvo da atenção dos traders retalhistas.
Em segundo lugar, é bom estar em contacto com as redes sociais e
uma comunidade de traders. O StockTwits e o Twitter são normal‑
mente bons lugares para ficar a saber quais são as tendências. Se
seguir alguns traders, será capaz de constatar por si mesmo do que
é que toda a gente está a falar. Há uma enorme vantagem em fazer
parte de uma comunidade de traders, tal como uma sala de conver‑
sação, e há inúmeras salas de conversação na Internet.
Se estiver a negociar totalmente por conta própria, significa
que está de fora, no canto daquele parque metafórico. Não está
atualizado em relação ao que os outros traders estão a fazer e é
inevitável que isso dificulte bastante a sua situação, porque não
sabe onde decorre a atividade. Tentei isolar‑me das redes sociais
e negociar numa redoma, basicamente trabalhando de forma in‑
dividual, e não funcionou. Utilize as leis da sobrevivência do liceu
para se orientar.

39
andrew aziz

Vamos falar mais um pouco sobre o que eu faço. Como day


trader, não baseio a minha negociação nos princípios básicos de
uma empresa (produtos, lucros, crescimento dos lucros por ação
e demonstrações financeiras). Como mencionei anteriormen‑
te, não sou um investidor de valores nem um investidor a longo
prazo. Também não negoceio opções ou futuros, mas uso futuros
para compreender a direção do mercado em geral, no futuro a cur‑
to prazo. Sou um trader intradiário de capitais próprios (ações).
Também sou um swing trader. No swing trading, não me preo‑
cupo muito com os princípios básicos das empresas com as quais
escolho negociar (os seus lucros, dividendos, lucros por ação e
muitos outros critérios). No entanto, o swing trading não é o foco
deste livro, pelo que não vou explorar este tópico por enquanto.
Também sou um Forex (foreign exchange market, ou mer‑
cado cambial) trader, e, por vezes, negoceio produtos e moedas.
Porém, de manhã, sou essencialmente um day trader de capitais
próprios e foco‑me nas ações reais. A maioria dos day traders não
negoceia penny stocks nem no mercado de balcão (OTC — over
the counter). As penny stocks são extremamente manipuladas e
não seguem nenhuma das regras das estratégias convencionais.
Negociamos ações reais. Por vezes, podemos fazer trading com o
Facebook (ticker: FB) e, outras vezes, com a Apple (ticker: AAPL),
mas estaremos sempre a transacionar ações que estejam a ter um
dia em cheio. Pode ficar surpreendido, mas, quase todos os dias,
há uma ação que está a ter um dia em cheio porque a empresa
em questão divulgou resultados, recebeu uma notícia ou aconte‑
ceu‑lhe algo, mau ou bom. Estes são os catalisadores fundamen‑
tais que deverá procurar.
Como é o meu dia como day trader? Irá ler os detalhes, no
Capítulo 8, mas posso adiantar que o meu dia de trading inicia‑se
normalmente por volta das 6 horas (respetivamente, 9 horas no
fuso horário de Nova Iorque) com a análise do pré‑mercado, co‑
meçando por verificar onde há volume no mercado. Logo pelas
8h30 (fuso horário de Nova Iorque), sabe‑se quais as ações cujas
diferenças estão a aumentar ou a diminuir significativamente. Co‑
meço, então, a percorrer as notícias, à procura de catalisadores
que expliquem as diferenças. Começo a compor uma watchlist
(a lista de ações que irei monitorizar durante o dia de trading).
Excluo algumas e seleciono as que gosto e as que não gosto. Pelas

40
como viver do day trading

9h15 (fuso horário de Nova Iorque), estou na nossa sala de conver‑


sação a rever a minha watchlist, com todos os outros traders. Pelas
9h30, quando o sino toca, os meus planos estão prontos.
Desde o momento em que o mercado abre, às 9h30, até cerca
das 11h30 (fuso horário de Nova Iorque), regista‑se o maior volu‑
me de trading e a maior volatilidade, sendo a melhor altura para
negociar e, em especial, para se focar no trading de momentum
(explicado mais à frente). A vantagem de todo esse volume é o fac‑
to de fornecer liquidez. Isto significa que há muitos compradores
e vendedores, o que, por sua vez, significa que é possível entrar e
sair facilmente das transações.
Aproximadamente a meio do dia, pode ter bons padrões de
trading, mas não volume. Isto significa falta de liquidez, o que di‑
ficulta a entrada e a saída das ações. É especialmente importante
que este aspeto seja considerado se quiser adquirir grandes ações.
O meu enfoque tem sido sempre fazer trading na abertura do mer‑
cado, que se dá às 9h30, em Nova Iorque (fuso horário da Cos‑
ta Leste dos EUA). Negoceio apenas durante a primeira hora, ou
as primeiras duas horas da abertura do mercado. Raramente faço
transações após as 11h30 (fuso horário de Nova Iorque).
Num dia bom, atinjo o meu objetivo por volta das 7h30 (10h30
no fuso horário de Nova Iorque), e estou num ritmo calmo. Mui‑
tas vezes, à hora de almoço, já atingi o meu objetivo do dia e fico
descansado, sem nada para fazer, a não ser que surja uma situação
perfeita. Entre as 16 e as 18 horas, faço cursos de trading com os
nossos traders ou revejo as minhas transações do dia.
Evito o trading de pré‑mercado porque a liquidez é muito re‑
duzida, uma vez que há poucos traders a transacionar. Significa
que o valor pode subir um dólar, depois descer um dólar, e não se
consegue entrar e sair com grandes ações. Os valores são bastan‑
te baixos, e essas posições tão pequenas não valem a pena, pelo
menos para mim. Se não se importar de o fazer nesses termos,
poderá certamente negociar no pré‑mercado, mas primeiro pre‑
cisa de garantir que o seu corretor lhe permitirá fazer trading de
pré‑mercado.
Moro em Vancouver, no Canadá, pelo que, no meu fuso horá‑
rio, o mercado abre às 6h30 (fuso horário do Pacífico). Isto signifi‑
ca que o meu dia começa verdadeiramente cedo. A minha grande
vantagem é poder terminar o trading antes de muitas pessoas da

41
andrew aziz

minha cidade terem sequer saído da cama. Posso passar o resto do


dia a esquiar, a praticar escalada com a família e com os amigos
ou a dedicar‑me a outro trabalho e outros negócios. Tento atingir
o meu objetivo diário pelas 7h30 (10h30 no fuso horário de Nova
Iorque) e depois abrando o ritmo. O leitor sabe quão fácil é perder
dinheiro. Logo que tenha algum no bolso, deverá mantê‑lo.

42
capítulo 3

gestão do risco
e da conta

A prendi, e, por vezes, da pior maneira, que o sucesso no day tra‑


ding resulta, em primeiro lugar, do domínio de uma estratégia
de trading comprovada; depois, de saber qual a quantia apropria‑
da para entrar numa transação e a altura adequada para desistir
dela, tudo sem arriscar mais do que o necessário do dinheiro ar‑
duamente ganho; e, por fim, como já foi sublinhado várias vezes
neste livro, do controlo das emoções. É simplesmente como um
triângulo. Não precisa de ter sido bom aluno a geometria para sa‑
ber que um triângulo necessita de três linhas e de três interseções.
Tudo está interligado.
Muitas vezes, os traders principiantes, ao não fazerem dinhei‑
ro, ficam frustrados, desistem e tentam informar‑se melhor sobre
o funcionamento dos mercados, estudar novas estratégias, adotar
indicadores técnicos adicionais, seguir alguns traders diferentes
e participar noutras salas de conversação. Não se apercebem de
que a principal causa do seu fracasso reside, frequentemente, na
falta de autodisciplina, na tomada de decisões impulsivas, na ges‑
tão negligente do risco e do dinheiro e não no seu conhecimento
técnico. Nós próprios somos o único problema que alguma vez te‑
remos na nossa carreira de trading, e, claro, somos a única solução
para este problema.

43
andrew aziz

Foi demonstrado que todas as estratégias delineadas neste li‑


vro, se executadas de forma apropriada, revelam uma expectativa
positiva. Porém, antes de iniciar o seu primeiro dia de trading, tem
de perceber e aceitar que haverá dias em que irá perder dinheiro.
Poderá até correr muito mal. Acontece aos traders mais experien‑
tes, e irá suceder‑lhe o mesmo. Pode acontecer algo totalmente
inesperado a meio da sua transação. Acredite que não existe uma
fórmula mágica para o sucesso.
Uma das minhas expressões favoritas de trading é “viver para
jogar mais um dia”. Esta máxima simples diz muito sobre a men‑
talidade de um trader profissional. Se sobreviver à curva de apren‑
dizagem, chegarão os bons tempos e poderá tornar‑se um trader
consistentemente lucrativo. Mas tem de sobreviver. E muitos não
conseguem.
Um motivo em comum para o fracasso de day traders princi‑
piantes reside na incapacidade de gestão dos seus prejuízos ini‑
ciais. É fácil aceitar os lucros, mas é bastante mais difícil — e em
especial para os principiantes — vencer a tentação de esperar que
as transações com prejuízo voltem ao ponto de equilíbrio. É fre‑
quente ouvir dizer: “Vou só dar um pouco mais de espaço a esta
transação.” Esperar por algo improvável poderá prejudicar seria‑
mente essas contas.
Para ser um trader bem‑sucedido, não só deverá aprender ex‑
celentes regras de gestão do risco como também implementá‑las
de forma sólida. Os traders experientes mantêm‑se atentos à tran‑
sação que estão a realizar, dispensando‑lhe o mesmo cuidado que
os mergulhadores ao seu fornecimento de oxigénio. É necessário
ter uma linha na areia que lhe mostre quando deve desistir de uma
transação. Irá ser necessário, de vez em quando, admitir a derrota
e dizer “Estava errado”, “A situação ainda não se mostra oportu‑
na”, ou “Vou sair do caminho”, e esse reconhecimento deve ocor‑
rer atempadamente. Esperar demasiado tempo para desistir pode
limpar literalmente a sua conta.
Sou um trader consistentemente lucrativo, mas ainda tenho
perdas frequentes. Significa que tive de descobrir obrigatoriamen‑
te uma maneira de saber perder: perder com elegância, ficar com
os prejuízos e afastar‑me.
Se uma transação está contra si, desista dela. No day tra‑
ding, o inesperado acontece — é inevitável. Há sempre uma nova

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como viver do day trading

transação e um novo dia. Manter uma posição cuja negociação


está contra si porque quer, em primeiro lugar, provar que a sua
previsão está correta é fazer um mau trading. A sua função não é
estar certo: a sua função é fazer dinheiro. Esta carreira chama‑se
trading, não previsão.
Não me canso de sublinhar a importância de saber perder.
Devemos ser capazes de aceitar a perda. É parte integrante do
day trading. Em todas as estratégias que explico neste livro, irei
dar‑lhe a conhecer o meu ponto de entrada, o meu alvo de saída e
o meu stop loss.
Deve seguir as regras e os planos da sua estratégia. Trata‑se
de um dos desafios que enfrentará quando estiver a fazer uma má
transação. Há uma grande probabilidade de dar por si a justificar a
permanência numa má transação dizendo: “Bom, é a Apple, e eles
fabricam smartphones muito bons. Definitivamente, não vão falir.
Vou só manter esta posição durante mais algum tempo.”
Não queira fazer isso. Deve seguir as regras da sua estratégia.
Pode sempre voltar a entrar, mas é difícil recuperar de um grande
prejuízo. Pode pensar: “Não quero ter um prejuízo de 50 dólares.”
Bem, não quererá, definitivamente, ter um prejuízo subsequente
de 200 dólares, e se acabar por ter um prejuízo de 800 dólares, será
verdadeiramente difícil de recuperar dele. Aceite os pequenos
prejuízos, desista e regresse quando a altura for mais favorável.
Sempre que negoceia, está a expor‑se ao risco de perder di‑
nheiro. O que fazer para minimizar esse risco? Tem de encontrar
uma boa situação e gerir o risco com um número de ações e um
stop loss apropriados.
Segue‑se a minha próxima regra:

O sucesso do day trading deve‑se à


regra gestão do risco — encontrar entradas
de baixo risco com um elevado
n.º 5 potencial de recompensa. O meu rácio
mínimo de ganhos/perdas é de 2:1.

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andrew aziz

Uma boa situação é uma oportunidade para entrar numa tran‑


sação com o menor risco possível. Significa que poderá arriscar
100 dólares, mas tem a possibilidade de ganhar 300. Chamar‑se‑ia
a isso um rácio de lucro/perda de 3:1. Por outro lado, caso se colo‑
que numa situação em que esteja a arriscar 100 dólares para fazer
10, tem um rácio de risco/recompensa inferior a 1, uma transação
que não deverá fazer.
Os bons traders não fazem transações com rácios de lucro/
perda inferiores a 2:1. Significa que, se comprar 1000 dólares em
ações e estiver a arriscar 100 dólares, tem de as vender pelo menos
por 1200 dólares para ter um lucro mínimo de 200 dólares. Claro
que, se o preço descer até aos 900 dólares, terá de aceitar o preju‑
ízo e desistir da transação com apenas esses 900 dólares (prejuízo
de 100 dólares).
Deixe‑me explicar o rácio de risco/recompensa num negó‑
cio real que fiz. A Molina Healthcare, Inc. (ticker: MOH) estava na
minha watchlist, no dia 16 de fevereiro de 2017. Na abertura (às
9h30) ocupava uma posição forte e subiu mais. Eu estava atento.
De repente, por volta das 9h45, a MOH começou a efetuar mui‑
tas vendas abaixo do preço médio ponderado pelo volume (VWAP
— volume weighted average price; ver o Capítulo 5 relativamen‑
te a alguns comentários detalhados sobre os meus indicadores).
Decidi vender a descoberto a MOH, abaixo do VWAP, por cerca de
50 dólares. A minha meta de lucro era o apoio diário seguinte de
48,80 dólares, o que consistia numa recompensa de 1,20 dólares
por ação. Naturalmente, o meu stop loss deveria ter sido quan‑
do o preço da MOH ultrapassou o VWAP, que era, neste caso, de
50,40 dólares, conforme assinalado na Figura 3.1. Podia arriscar
0,40 dólares por ação, na esperança de ter uma recompensa de
1,20 dólares por ação, ou seja, um risco/recompensa de 1:3. Foi o
que fiz, efetivamente.

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como viver do day trading

Agora imagine, no exemplo anterior, que eu tinha perdido a


oportunidade às 9h45, quando a ação estava a ser transacionada
a cerca de 50,20 dólares, e, ao invés, tinha feito a venda a desco‑
berto, alguns minutos mais tarde, a cerca de 49,60 dólares com
a meta de lucro de $48,80. Neste caso, a recompensa seria de
aproximadamente 0,80 dólares por ação, mas o stop loss deve‑
ria ser superior ao VWAP, a cerca de 50,20 dólares. Estaria, então,
a arriscar 0,60 dólares por ação para obter uma recompensa de
0,80 dólares por ação. Este rácio de 1,3 (0,80/0,60 dólares) não
é uma oportunidade de lucro/perda favorável na qual eu queira
basear uma transação. Nesta situação, talvez aceitasse ter perdi‑
do a oportunidade. Pode dizer‑me: “OK, se a minha entrada é de
49,60 dólares, deverei definir um stop loss mais próximo para ter
um rácio de lucro/stop loss mais favorável? A resposta é: “Não!”
O seu stop loss deve situar‑se a um nível técnico razoável. Neste
caso, qualquer stop loss inferior ao VWAP é insignificante porque
a ação pode regressar normalmente ao VWAP, a qualquer mo‑
mento, e continuar a ser vendida, em direção ao seu objetivo. Foi

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