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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da

Educação – Classroom

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a Deixando a categoria dos sons magnânimos para a
seguir. dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto
dizendo que a aeronave já se encontra em solo e o
Salve, lindo pendão1 da esperança, embarque será feito dentro de poucos minutos.
Salve, símbolo augusto2 da paz!
Tua nobre presença à lembrança 9O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão
A grandeza da pátria nos traz. apagadas e o espetáculo irá começar.
(trecho do Hino à Bandeira – letra de Olavo Bilac
música de Francisco Braga) O telefone tocando exatamente no horário que se
espera, conforme o combinado. 10Até a musiquinha
Glossário: que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-
1 Pendão – bandeira, flâmula
vinda, se for grande a ansiedade para se falar com
2 Augusto – nobre
alguém distante.

O barulho da chuva forte no meio da madrugada,


1. (Eear) No fragmento do texto “Tua nobre presença quando você está no quentinho da sua cama.
à lembrança A grandeza da pátria nos traz”, ocorre
crase Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da
a) por haver um verbo, embora posposto, que reclama sua, provocando a falsa sensação de que você está
a preposição “a”. viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E
b) por conta da presença da preposição “traz” que estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu
reclama a ocorrência de crase. idioma natal sendo falado por alguém que passou,
c) para evitar a ambiguidade gerada pela inversão dos fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto
versos, tratando-se de uso de acento diferencial. assim.
d) para que o leitor reconheça o sujeito “à lembrança”,
11O toque do interfone quando se aguarda
por meio do acento grave em seu adjunto
adnominal “a”. ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a
chegada da pizza.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sons que confortam O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu
Martha Medeiros celular.

12A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia


1Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um de trabalho.
colapso cardíaco. 2Só estavam os três na casa: o pai,
13O sinal da hora do recreio.
a mãe e ele, um garoto de 13 anos. Chamaram o
médico da família. 3E aguardaram. E aguardaram. E
14A música que você mais gosta tocando no rádio do
aguardaram. 4Até que o garoto escutou um barulho lá
fora. É ele que conta, hoje, adulto: 5Nunca na vida carro. Aumente o volume.
ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os
pneus daquele carro amassando as folhas de outono O aplauso depois que você, nervoso, falou em público
empilhadas junto ao meio-fio. para dezenas de desconhecidos.

6Inesquecível, 15Oprimeiro eu te amo dito por quem você também


para o menino, foi ouvir o som do carro
do médico se aproximando, o homem que salvaria seu começou a amar.
pai. Na mesma hora em que li esse relato, imaginei
um sem-número de sons que nos confortam. A E o mais raro de todos: o silêncio absoluto.
começar pelo choro na sala de parto. Seu filho
nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM
adolescentes baladeiros: 7o barulho da chave abrindo Editores, 2011.
a fechadura da porta. Seu filho voltou.

E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para 2. (Uece) Em função de uma linguagem mais simples
outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo e coloquial, a crônica, muitas vezes, pode
pela enésima vez 8o recado na secretária eletrônica de “desrespeitar” a norma gramatical própria do uso culto
alguém que já morreu.

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da escrita formal da língua, o que pode ser observado alternativos” e da anestesia intelectual nas redes
no texto de Martha Medeiros na seguinte passagem: sociais mais parece outra distopia, publicada em 1932:
a) “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.
colapso cardíaco” (ref. 1), em que, gramaticalmente, 3Não se trata de uma tese nova. Ela foi

o verbo “ser”, indicando tempo, não varia em levantada pela primeira vez em 1985, num livreto do
número para concordar com “quatro da manhã”. teórico da comunicação americano Neil Postman:
b) “Até a musiquinha que antecede a chamada a Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até
cobrar pode ser bem-vinda” (ref. 10), em que o morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo
verbo “anteceder” exige um complemento com recente no The Guardian. “Na visão de Huxley, não é
preposição. necessário nenhum Grande Irmão para despojar a
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do população de autonomia, maturidade ou história”,
carro” (ref. 14), em que a regência do verbo “gostar” escreveu Postman. “Ela acabaria amando sua
não é obedecida. opressão, adorando as tecnologias que destroem sua
d) “O toque do interfone quando se aguarda capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que
ansiosamente a chegada do namorado” (ref. 11), proibiriam os livros. Huxley temia que não haveria
em que a expressão “a chegada’ deveria vir com o motivo para proibir um livro, pois não haveria ninguém
acento indicativo de crase, já que o verbo que quisesse lê-los. Orwell temia aqueles que nos
“aguardar” exige complemento com a preposição privariam de informação. Huxley, aqueles que nos
“a”, bem como o artigo que acompanha o dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e
substantivo é do gênero feminino. ao egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse
escondida de nós. Huxley, que fosse afogada num
3. (G1 - cps) Leia a tirinha. mar de irrelevância.”
6No futuro pintado por Huxley, (...) não há

mães, pais ou casamentos. O sexo é livre. A diversão


está disponível na forma de jogos esportivos, cinema
multissensorial e de uma droga que garante o bem-
estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na Terra
dez áreas civilizadas e uns poucos territórios
selvagens, onde 7grupos nativos ainda preservam
costumes e tradições primitivos, como família ou
religião. “O mundo agora é estável”, diz um líder
A interpretação do humor da tirinha se dá, em partes, civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam
pelo entendimento do funcionamento da crase e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se
utilizada no segundo quadrinho. bem, estão em segurança; nunca adoecem; 8não têm
medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão
Assinale a alternativa em que há a explicação correta e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e
para esse caso específico do uso da crase. mães; 9não têm esposas, nem filhos, nem amantes
a) O verbo “chegar” estabelece, no segundo por quem possam sofrer emoções violentas; são
quadrinho, regência com a preposição “a”, a qual se condicionadas de tal modo que praticamente não
aglutina com o artigo que sucede o verbo. podem deixar de se portar como devem. E se, por
b) O uso da crase é opcional, pois a regência nominal acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.”
do substantivo “primavera” determina o uso do 10Para chegar à estabilidade absoluta, foi
artigo “a”. necessário abrir mão da arte e da ciência. “A
c) Sempre que o verbo “chegar” estiver conjugado na felicidade universal mantém as engrenagens em
primeira pessoa do singular haverá a crase. funcionamento regular; a verdade e a beleza são
d) O uso da crase é facultativo, uma vez que sucede incapazes de fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as
uma locução prepositiva. massas tomavam o poder público, era a felicidade,
e) Antes de pronomes possessivos femininos o uso da mais que a verdade e a beleza, o que importava.” A
crase é obrigatório. verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: totalitário para controlá-las. Todos aceitam de bom
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO grado, fazem “qualquer sacrifício em troca de uma
TEMPO vida sossegada” e de sua dose diária de soma. “Não
Hélio Gurovitz foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi
excelente para a felicidade.”
Publicado em 1948, o livro 1984, de George No universo de Orwell, a população é
Orwell, saltou para o topo da lista dos mais vendidos controlada pela dor. No de Huxley, pelo prazer.
(...) 1A distopia de Orwel, mesmo situada no futuro, “Orwell temia que nossa ruína seria causada pelo que
tinha um endereço certo em seu tempo: o stalinismo. odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve
(...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos Postman. Só precisa haver censura, diz ele, se os
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tiranos acreditam que o público sabe a diferença entre para vender a primeira publicação de Dylan e já
discurso sério e entretenimento. (...) O alvo de arrecadaram pouco mais de R$ 88 mil.
Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele Jonah é portador de glicogenose, uma doença
julgava ter imposto uma cultura fragmentada e rara e incurável, que reduz o armazenamento de
superficial, incapaz de manter com a verdade a glicogênio no organismo. Assim, o jovem sofre com
relação reflexiva e racional da palavra impressa. 11O constantes quedas no nível de açúcar no sangue. O
computador só engatinhava, e Postman mal poderia tratamento da doença custa caro e, por isso, Dylan
prever como celulares, tablets e redes sociais se decidiu escrever “Chocolate Bar” (Barra de Chocolate)
tornariam – bem mais que a TV – o soma e colocá-lo à venda para juntar dinheiro e dá-lo a
contemporâneo. Mas suas palavras foram prescientes: fundações de pesquisa sobre a doença. Sua
“O que afligia a população em Admirável mundo novo esperança é que uma cura seja encontrada para o
não é que estivessem rindo em vez de pensar, mas problema do companheiro.
que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham [...]
parado de pensar”.
http://extra.globo.com/noticias/mundo/menino-de-7-
Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de anos-escreve-livro-paraajudar-amigo-doente-junta-
2017, p. 67. quase-90-mil-10139440.html#ixzz4dhkqpI6p.
25/09/2013.

Distopia = Pensamento, filosofia ou processo


discursivo caracterizado pelo totalitarismo, 5. (G1 - utfpr) Assinale a alternativa que apresenta a
autoritarismo e opressivo controle da sociedade, justificativa correta para o uso do acento indicativo da
representando a antítese de utopia. (BECHARA, E. crase no fragmento em negrito no texto:
Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533). “colocá-lo à venda...” (2º parágrafo).
a) Locução adverbial feminina.
b) Locução prepositiva.
4. (Epcar (Afa)) Assinale a alternativa em que o c) Locução conjuntiva.
aspecto gramatical analisado está correto. d) Emprego de pronome pessoal.
a) Em “Para chegar à estabilidade absoluta...” (ref. e) Emprego de verbo.
10), se acrescentado o pronome possessivo sua
antes da palavra estabilidade, a obrigatoriedade do TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
acento indicativo de crase se desfaz. Escrever é um ato 1não natural. 2A palavra
b) Em “stalinismo” e “egoísmo”, o sufixo utilizado nas falada é mais velha do que nossa espécie, e o instinto
palavras indica, além da flexão de grau, a noção de para a linguagem permite que as crianças engatem
origem, de estado ou qualidade do nome primitivo. em conversas articuladas anos antes de entrar numa
c) Os vocábulos “chegar”, “absoluta”, “ciência” e escola. 3Mas a palavra escrita é uma invenção recente
“temia” apresentam, respectivamente, dígrafo, que não deixou marcas em nosso 4genoma e precisa
encontro consonantal, hiato e ditongo oral ser adquirida 5mediante esforço ao longo da infância e
crescente. depois.
d) O último período do texto foi apresentado entre 6A fala e a escrita diferem em seus

aspas para indicar que nele há um erro de mecanismos, 7é claro, e essa é uma das razões pelas
concordância. quais 8as crianças precisam lutar com a escrita:
reproduzir os sons da língua com um lápis ou com o
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: teclado 9requer prática. 10Mas a fala e a escrita
Leia o texto para responder à(s) questão(ões). diferem também de outra maneira, o que faz da
aquisição da escrita um desafio para toda uma vida,
Menino de 7 anos escreve livro para ajudar amigo mesmo depois que seu funcionamento foi dominado.
doente Falar e escrever envolvem tipos diferentes de
relacionamentos humanos, e somente o que 11diz
Um menino norte-americano, de 7 anos, respeito à fala nos chega naturalmente. A
escreveu um livro para arrecadar fundos e ajudar o conversação falada é 12instintiva porque a interação
melhor amigo, que sofre de uma doença rara. Dylan social é instintiva: falamos às pessoas “com quem
Siegel aceitou o desafio de se tornar um autor após temos diálogo”. Quando começamos um diálogo com
descobrir que a família de Jonah Pournazarian, de 8 nossos interlocutores, temos uma suposição do que já
anos, não teria condições financeiras de bancar o sabem e do que poderiam estar interessados em
tratamento do jovem. Com auxílio de familiares e aprender, e durante a conversa monitoramos seus
amigos, eles começaram uma campanha na internet olhares, expressões faciais e atitudes. Se eles
precisam de esclarecimentos, ou não conseguem

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aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, criança morta. Saí de sua casa com um pensamento
podem interromper ou replicar. horrível: numa sociedade sem classes e sem miséria
Não gozamos dessa troca de feedbacks seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e
quando lançamos ao vento um texto. Os destinatários feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que
são invisíveis e 13imperscrutáveis, e temos que chegar faríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me
até eles sem conhecê-los bem ou sem ver suas horroriza.
reações. 14No momento em que escrevemos, o leitor Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa
existe somente em nossa imaginação. Escrever é, velha amiga, nada a suprimirá. E 11seríamos ingratos
antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos de nos se 12desejássemos a supressão dela, não 13lhe
imaginar em algum tipo de conversa, ou parece? Veja como os nossos ricaços em geral são
correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e colocar burros.
palavras na boca do pequeno avatar que nos Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los,
representa nesse mundo simulado. mas se isto nos trouxesse tranquilidade e felicidade,
eu ficaria bem desgostoso, porque não nascemos
Adaptado de Steven Pinker, Guia de Escrita para tal sensaboria. O meu desejo é que, eliminados
os ricos de qualquer modo e os sofrimentos causados
por eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto
6. (Mackenzie) Assinale a alternativa correta. não temos arte.
a) É claro (ref. 7) é oração intercalada que tem como E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos
função reafirmar o que se diz no período anterior. abraços para você e para Maria.
b) Alterar a posição do advérbio não (ref. 1) para o
início do período manteria o mesmo sentido do que Graciliano
se encontra no texto tal como está.
c) O conector mas (ref. 3) introduz período que sensaboria: contratempo, monotonia
semanticamente estabelece uma consequência em
relação ao afirmado no período anterior.
d) É opcional o emprego do acento indicador de crase 7. (Mackenzie) Assinale a alternativa correta.
em diz respeito à fala (ref. 11), de acordo com as a) A forma pronominal o (referência 3) refere-se ao
regras do acordo ortográfico mais recente. substantivo trabalho, presente no período
e) O emprego da preposição em no trecho no imediatamente posterior ao do emprego do
momento em que escrevemos (ref. 14) é opcional, pronome citado.
pois ela pode ser omitida, sem que com isso se b) O verbo dizem (referência 5) denota que se está
incorra em erro de uso da norma culta da língua diante de um sujeito da ação indeterminado, sem
escrita. uma referência precisa e relativo a comentários que
eram familiares aos interlocutores da carta.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: c) É opcional o uso do acento indicador da crase em a
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. mim mesmo (referência 7), de acordo com as
regras atuais de ortografia e acentuação.
Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor d) O referente do pronome isto (referência 8) é
Cândido Portinari mencionado anteriormente ao uso da forma
pronominal indicada.
Rio – 18 – Fevereiro – 1946 e) A forma pronominal lhe (referência 13) refere-se
1Caríssimo Portinari: anaforicamente ao substantivo dor, presente no
início do parágrafo.
A sua carta chegou muito atrasada, e receio
que 2esta resposta já não 3o ache 4fixando na tela a 8. (G1 - ifsc) Considerando o emprego do acento
nossa pobre gente da roça. Não há trabalho mais grave indicativo de crase, assinale (V) para as frases
digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e que estão de acordo com a norma padrão escrita da
exibimos deformações; 6contudo as deformações e língua e (F) para aquelas que não estão.
miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos
que nos censuram. ( ) Mesmo com muita chuva, Jean preferiu ir à pé.
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com ( ) Às vezes, Ana recorria às recomendações da
angústia, Portinari, é 8isto: se elas desaparecessem, mãe.
poderíamos continuar a trabalhar? Desejamos ( ) Sempre sai para o trabalho às sete horas.
realmente que elas desapareçam ou seremos também ( ) Guilherme foi à Itália, à Espanha e à Áustria.
uns exploradores, tão perversos como os outros, ( ) Raquel foi à cidade enquanto o marido foi à
quando expomos desgraças? Dos quadros que você praia.
mostrou 9quando almocei no Cosme Velho pela última
vez, o que mais me comoveu foi aquela mãe com a

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Assinale a alternativa que contém a sequência madrugada adentro, conversas multiplicam-se por
CORRETA das respostas, de cima para baixo. comunicadores instantâneos e toda ocasião – do
a) F – V – V – V – V. trânsito ao banheiro, do elevador à cama, da hora do
b) V – V – F – V – F. almoço ao fim de semana – parece uma lacuna
c) F – V – F – V – V. propícia para se resolver uma pendência.
d) V – F – F – F – F. [...]
e) F – F – V – V – V. A resposta imediata a uma requisição é
chamada tecnicamente de “tempo real”, mesmo que
9. (Eear) Assinale a alternativa em que o emprego do não haja nada verdadeiramente real nem humano
acento grave, indicador de crase, está correto. nessa velocidade. O tempo imediato, sem pausas nem
a) Peça desculpas à seu mestre. espera, em que tudo acontece num estalar de dedos é
b) Atribuiu o insucesso à má sorte. uma ficção. Desejá-lo não aumenta a eficiência. Pelo
c) Quando a festa acabou, voltamos à casa felizes. contrário, pode ser extremamente prejudicial.
d) Daqui à quatro meses muita coisa terá mudado. Muitos combatem a superficialidade nas
relações digitais pelos motivos errados, questionando
10. (G1 - ifsc) Considere as afirmativas a seguir: a validade dos “amigos” no Facebook ou “seguidores”
no Twitter ao compará-los com seus equivalentes
I. Na frase “Ela trabalha de segunda à sexta-feira”, analógicos. O problema não está na tecnologia, mas
está correto o emprego do acento indicativo de na intensidade dispensada em cada interação. Seja
crase, porque sempre ocorre crase antes de dias da qual for o meio em que ele se dê, o contato entre
semana. indivíduos demanda tempo, e nesse tempo não é só a
II. Na frase “A construção das pirâmides egípcias informação pura e simples que se troca. Festas,
envolveram milhares de trabalhadores e técnicas conversas, leituras, relacionamentos, músicas e filmes
sofisticadas”, há erro quanto à concordância verbal, de qualidade não podem ser acelerados ou resumidos
porque o verbo envolver deveria estar na terceira a sinopses. Conversas, ao vivo ou mediadas por
pessoa do singular. qualquer tecnologia, perdem boa parte de sua
III. Tanto na palavra saúde quanto na palavra açaí, o intensidade com a segmentação. O tempo empenhado
acento gráfico sinaliza a existência de hiato. em cada uma delas é muito valioso; não faz sentido
IV. Na frase “A primeira cirurgia, transcorreu sem economizá-lo, empilhá-lo ou segmentá-lo. O tempo
maiores problemas”, está correta a pontuação, uma humano (que talvez seja irreal, se o “outro” for
vez que se deve separar com vírgula o sujeito do provado real) é bem mais lento. Nossas vidas são
verbo. marcadas tanto pela velocidade quanto pela lentidão.
V. Está correta a concordância nominal na frase “Ela [...]
comprou óculos e bolsa caríssimos”, porque o Essa quebra da sequência histórica faz com
adjetivo se refere a ambos os substantivos. que muitos processos pareçam herméticos ou
misteriosos demais. Quando não há uma
Assinale a alternativa CORRETA. compreensão das etapas componentes de um
a) Somente III e V são verdadeiras. processo, não há como intervir nelas, propondo
b) Somente I, III e IV são verdadeiras. correções, adaptações ou melhorias. Tal impotência
c) Somente II e III são verdadeiras. leva a uma apatia, em que as condições impostas são
d) Somente I, IV e V são verdadeiras. aceitas por falta de alternativa. Escondidos seus
e) Somente II, III e V são verdadeiras. processos industriais, os produtos adquirem uma aura
quase divina, transformando seus usuários em
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: consumidores vorazes, que se estapeiam em lojas à
O MITO DO TEMPO REAL procura do último aparelho eletrônico que se proponha
a preencher o vazio que sentem.
O descompasso entre a velocidade das Incapazes de propor alternativas ou sugerir
máquinas e a capacidade de compreensão de seus mudanças, os consumidores são estimulados pela
usuários leva a um quadro de ansiedade social sem publicidade a um gigantesco hedonismo e
precedentes. Em blogs, redes sociais, podcasts e pragmatismo. A facilidade de acesso à abundância
mensagens eletrônicas diversas todos pedem leva a uma passividade e a um pensamento
desculpas pela demora em responder às demandas pragmático que defende a ideia de “vamos aproveitar
de seus interlocutores, impacientes como nunca. E- agora, pois quando acontecer um problema alguém
mails que não sejam atendidos em algumas horas terá descoberto a solução”, visível na forma com que
acabam encaminhados para outras redes, em um se abordam problemas de saúde, obesidade,
apelo público por uma resposta. consumo, lixo eletrônico, esgotamento de recursos e
No desespero por contato instantâneo, poluição ambiental. Em alta velocidade há pouco
telefones chamam repetidamente em horas espaço para a reflexão. Reduzidos a impulsos e
impróprias, mensagens de texto são trocadas reflexos, corremos o risco de deixar para trás tudo
aquilo que nos diferencia das outras espécies.
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bilhões de televisores e monitores Brasil adentro e
(Luli Radfahrer. Disponível em: mundo afora.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/119
1007-o-mito-do-tempo-real.shtml.) 14A não ser que algo ainda aconteça nessa segunda-
feira que já amanheceu e segue o giro das 1524 horas
finais da despedida, 16a experiência mágica da
11. (G1 - utfpr) Analise o uso da crase no fragmento: Olimpíada transcorreu sem acidentes especialmente
graves, sem desmoronamentos, sem vexames
“Escondidos seus processos industriais, os produtos organizacionais, sem mortes de atletas atacados por
adquirem uma aura quase divina, transformando seus mosquitos, sem ondas descontroladas de assaltos ou
usuários em consumidores vorazes, que se estapeiam violência e sem atentados terroristas.
em lojas à procura do último aparelho eletrônico.”
17O “eu acredito” gritado nas competições flutuou
Assinale a alternativa em que o emprego da crase se também na esfera do acreditar na cidade, no país, um
justifica pelo mesmo uso que no fragmento acima. “Yes, we can” lastreado em histórias como a da judoca
a) Ela ficou parada à espera de uma oportunidade Rafaela: apesar do descaso do poder público, alguém
para dar sua opinião. pode sair da Cidade de Deus e ir morar no Olimpo por
b) Os imigrantes sírios voltaram à terra de seus algumas temporadas. A fama de mais bela cidade do
antepassados. mundo se cristalizou, a gentileza e a amizade dos
c) Todos os funcionários do jornal foram à Lapa cariocas foi exaltada, a troca cultural foi intensa e
inaugurar a gráfica. frutífera. (...) O incidente dos banheiros australianos
d) Dirigia-se àquela população como seu reduto na Vila Olímpica terminou com o canguru de pelúcia
eleitoral. na mão do prefeito, e teve alta simbologia: depois do
e) A placa indicava que era proibido virar à esquerda susto, não se soube de outra delegação que
nesta rua. reclamasse ostensivamente, e o canguru acabou
como amuleto invertido do sucesso dos 18Jogos. 19A
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: água verde de algumas piscinas acabou dando até um
O legado simbólico está garantido charme à paleta multicolorida do 20evento, apesar de
alguns olhos irritados. De resto, as instalações
Legado é uma palavra perigosa quando aplicada a funcionaram como uma caixinha de música, com
1eventos que alavancam o uso de dinheiro público em muita música, por sinal.
infraestrutura, pois é um substantivo futuro empregado
como argumento para justificar gastos bilionários em O metrô (com a Linha 4 cercada de suspeitas
obras. 2Numa cidade de um país em que as propinas inevitáveis), as filas de BRT com ônibus a cada 15
vêm sendo regra em empreitadas que podem ruir ou segundos, os trens, as passarelas: quem circulou não
se transformar em 3elefantes brancos, 4falar em teve do que reclamar, não houve 21tumultos,
legado material no finzinho de um evento é uma pisoteamentos. Foi um bom exercício, mas atenção: a
aposta no escuro. maquiagem termina hoje. Circulando, circulando,
vamos saber. Mas não teve quebra-quebra nem
Quando a 5Força Nacional e os esquemas especiais hooligans (coisa de Eurocopa), a não ser, claro, 22a
que fizeram o 6Rio parecer 7um modelo de cidadania e gangue mijona de nadadores americanos liderada por
organização durante os 15 dias de 2016 deixarem 8a Ryan Lochte, o mané modelo dos Jogos.
cidade, o carioca vai cair na real e “no real”, no sentido
lacaniano: as forças ocultas de nosso abismo vão Trapalhada que, aliás, pode ser considerada uma
continuar insistindo em “não se inscrever” na espécie de cereja no bolo do 23legado imaterial, e
24com alto poder marquetológico: o único 25assalto a
consciência que temos de seus resultados. 9A cidade,
partida por algo monstruoso, subterrâneo, renascerá: atletas foi uma farsa de estrangeiros e, 26ainda que os
UPPs na lona, milícias, violência policial, Estado falido seguranças do posto tenham agido de maneira não
e acéfalo, calamidade na saúde, a baía poluída. exatamente exemplar, 27o assunto virou top story em
grandes redes de TV ianques, e a maior
10Há, contudo, um legado imaterial que, superpotência do planeta se curvou 28ao Brasil. (...)
paradoxalmente, é mais fácil de ser constatado,
29Paralelamente, outro atleta americano, Michael
aferido, e até comprovado desde já: 11o Rio, quando
recursos são alocados para onde devem, pode 12ser a Phelps, em postagem no seu Twitter, disse já estar
cidade que gostaria de ser. E sentimos 13esse gosto, com saudades do Brasil, de seu povo, de sua beleza.
30Totalmente abrasileirado, Usain Bolt, na final do
como uma promoção por tempo determinado. O
improviso desse exemplo, motivado por um dinheiro futebol, em que o Brasil conquistou o ouro contra a
de exceção (do COI e das obras), trouxe para o Alemanha, filmou o gol de falta de Neymar e deve ser
carioca um espelho ideal de si mesmo, refletido em tema de desfile de escola de samba ou convidado
para desfilar em 2017. Na final do revezamento no
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Engenhão, o homem mais rápido do mundo, agora sem que o sentido do texto e sua correção
aposentado e desempregado, mostrou que já sabe gramatical fossem prejudicados.
sambar. (...) d) O trecho “com alto poder marquetológico” (ref. 24)
poderia ser corretamente substituído por “com forte
31Bem mais tarimbado, outro profissional do “NYT”, o impacto na mídia”, preservando-se o sentido
colunista e repórter Roger Cohen, que já viveu no original do texto.
Brasil dos anos 1980, escreveu um artigo apontando o e) Se a construção “ao Brasil” (ref. 28) fosse
que mudou de lá para cá (era correspondente durante substituída por “a América do Sul” haveria
o governo Sarney), a consciência que o país tem hoje obrigatoriedade do uso do sinal indicativo de crase.
de seus problemas e o esforço que vem fazendo para
superar a corrupção endêmica. Ele 32se disse cansado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de toda a aposta contra a realização a tempo das Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões)
tarefas para os Jogos, da ladainha idealizada sobre a a seguir.
selva-Brasil, e, com fina ironia, reclamou de se culpar
o Rio por não ter resolvido “todos os seus problemas AÇÚCAR, O NOVO CIGARRO
sociais antes da Rio-2016”: “Há algo no mundo
desenvolvido que não gosta de um país em 1. Há um setor que vende um produto que faz mal à
desenvolvimento que organiza um evento esportivo de saúde do homem. Uma geração atrás, esse era o
grande envergadura”, escreveu, terminando por dizer setor fumageiro, e o produto era o cigarro. Hoje, é o
que não adianta: o Brasil será um dos atores setor alimentício e o produto é o açúcar. O açúcar
principais do século XXI. adicionado – não o açúcar natural que existe em
frutas e legumes – está em tudo. Uma das maiores
Num mundo em que tudo é marca, esse “algo” que fontes são bebidas como refrigerantes, energéticos
busca excluir o Brasil do futuro foi bombardeado pelo e sucos, mas um passeio pelo supermercado
33sucesso da Rio-2016, que virou uma trademark não
mostra que há açúcar adicionado a pães, iogurtes,
só de nossa visibilidade, mas de nossa viabilidade sopas, vinhos, salsichas – na verdade, a quase
como cidade e como país. 34Este é o legado simbólico todos os alimentos industrializados.
mais forte. É preciso, porém, que a vontade de 2. Esse “açúcar invisível” recebe muitos nomes. Nos
potência seja acompanhada pela vontade política com Estados Unidos e na Europa, por exemplo, o
um viés de vetor social. Do contrário, o ciclo de vida consumidor pode encontrar até 83 nomes diferentes
da nova marca será curto. para o açúcar adicionado. Sobre esse assunto,
Helen Bond, nutricionista da Associação Dietética
(BLOCH, Arnaldo. “O legado simbólico está Britânica, diz: “É um marketing inteligente: palavras
garantido”. 22 de agosto de 2016. O Globo. Adaptado. como ‘frutose’ fazem pensar que estamos reduzindo
Disponível em http://oglobo.globo.com/esportes/o- o açúcar adicionado, mas o fato é que estamos
legado-simbolico-esta-garantido-19969374 . polvilhando açúcar branco sobre a comida.” Outros
Acesso em 22 ago. 2016) especialistas afirmam, ainda, que esse açúcar a
mais é completamente desnecessário, pois, ao
contrário do que a indústria alimentícia quer que
12. (Upf) Com relação às ideias e às estruturas acreditemos, o organismo não precisa da energia
linguísticas do texto, é incorreto afirmar que: de nenhum açúcar adicionado.
a) Seriam mantidos o sentido original e a correção 3. No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério
gramatical do trecho “ainda que os seguranças do da Saúde, o açúcar adicionado representa 19% da
posto tenham agido de maneira não exatamente ingestão total de açúcar do brasileiro. Ainda
exemplar” (ref. 26) caso a expressão “ainda” e a segundo o Ministério, o excesso de açúcar na dieta
forma verbal “agido” fossem substituídas, é fator de risco para o desenvolvimento da
respectivamente, pelo termo “mesmo” e pela forma obesidade, embora o perigo para a saúde não seja
verbal “atuado”. só o desenvolvimento desse mal: há indícios que
b) A inserção de uma vírgula logo após “eventos” (ref. ligam o açúcar a doenças hepáticas, diabetes tipo
1) obrigaria à interpretação de que todo evento 2, cardiopatias e cáries. Ainda assim, o setor de
realizado alavanca o uso de dinheiro público em bebidas e alimentos continua a promover o açúcar,
sua infraestrutura. com muita publicidade de seus produtos
c) No segmento “Ele se disse cansado de toda a açucarados. Grandes quantias também são
aposta contra a realização a tempo das tarefas para empregadas para se opor à rotulagem mais
os Jogos, da ladainha idealizada sobre a selva- explícita dos produtos e combater o aumento da
Brasil, e, com fina ironia, reclamou de se culpar o tributação de alimentos e bebidas açucarados.
Rio por não ter resolvido ‘todos os seus problemas 4. Os defensores da saúde pública levantam a ideia
sociais antes da Rio-2016’:” (ref. 32), o sinal de dois de que duas abordagens bem-sucedidas na
pontos poderia ser substituído por um travessão, redução do hábito de fumar são necessárias no

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
combate ao consumo excessivo de açúcar: a (4º parágrafo), não foi empregado o acento grave
educação do consumidor e a tributação. Em janeiro pelo fato de sua utilização antes de verbos ser
de 2014, o México criou um imposto de 10% sobre facultativa.
bebidas açucaradas, e sua venda caiu 12% no V. Em “fazer pressão contra informar sobre o açúcar
primeiro ano. Na França, um imposto sobre adicionado ao consumidor (...)” (5º parágrafo), se
refrigerantes criado em 2012 resultou no declínio substituíssemos a expressão destacada por “as
gradual do consumo. A Noruega tributa alimentos e pessoas”, haveria a ocorrência da crase e o acento
bebidas açucarados e divulga informações há grave deveria ser empregado no vocábulo “as”.
muitos anos, com bons resultados. Em março deste
ano, o chanceler britânico George Osborne Estão CORRETAS apenas as afirmações constantes
anunciou a criação de um imposto sobre bebidas nos itens
açucaradas a ser cobrado de produtores e a) II e III.
importadores de refrigerantes. b) I e IV.
5. Embora tenha havido algum sucesso com a c) II e V.
tributação, o setor de alimentos e bebidas continua d) III e IV.
a fazer pressão contra informar sobre o açúcar e) I e V.
adicionado ao consumidor – mais uma vez,
exatamente como fizeram as empresas fumageiras TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ao combaterem as tentativas do governo de pôr nas Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões)
embalagens de cigarros mensagens alertando para a seguir.
o perigo de fumar (medida adotada também no
Brasil). Na esteira das preocupações em relação ao Onde mora sua muiteza?
açúcar, o Ministério da Saúde e a Associação
Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) A infância é um lugar complexo. Para quem já
anunciaram recentemente que estudam um acordo cresceu, foi aquele espaço em que moramos quando
para reduzir a quantidade de açúcar nos alimentos ainda não tínhamos muita memória. Aqueles dias e
processados, semelhante ao que é feito com o sal. noites que se sucediam sem grandes planos em um
A primeira etapa deve começar em 2017, com corpo que mudava diariamente. Muito grande. Muito
análise das principais fontes de açúcar na dieta dos pequeno. Muito alto. Muito baixo.
brasileiros. Quando criança, entediada, 1Alice seguiu um
coelho até sua toca e lá se viu em um espaço
ECENGARGER, William. AIKINS, Mary S. Açúcar, o totalmente novo. Um espaço onírico que reproduzia
novo cigarro (adaptado). Revista Seleções. suas ansiedades e ensinava-lhe a buscar dentro de si
Disponível em: <http://www.selecoes.com.br/acucar-o- mesma recursos que lhe permitissem seguir em
novo-cigarro>. Acesso: 01 out. 2016. frente. Tentando fazer sentido do espaço onde se
encontrava, Alice foi protagonista de uma experiência
fantástica de descoberta. Ela descobriu que viver não
é fácil, às vezes a vida é um jogo, mas mesmo assim
13. (G1 - ifpe) Em relação ao uso do acento grave vale a pena.
2Anos mais tarde, já adulta, prestes a
indicativo da crase, observe os termos destacados e
analise as afirmativas a seguir. embarcar em um casamento arranjado, com um noivo
patético, Alice se deixa conduzir novamente a esse
I. Em “um produto que faz mal à saúde do homem espaço que lhe é familiar, mas do qual não lembra
(...)” (1º parágrafo), o acento grave foi bem quase nada. 3É um lugar que fica no jardim, no buraco
empregado, pois há uma palavra feminina de uma árvore e, pasmem, onde mora um coelho de
determinada pelo artigo definido “a” e um outro cartola e relógio!
4É lá que ela, lembrando aos poucos de que já
termo que exige a preposição “a”.
II. No trecho “são empregadas para se opor à os conhecia, encontra velhos amigos que são rápidos
rotulagem mais explícita (...)” (3º parágrafo), houve em tecer críticas a seu respeito, dizendo, inclusive,
um equívoco no emprego do acento grave, visto que ela é a Alice “errada”. 5Mas é a crítica do
que não há indicação de crase pela utilização dos Chapeleiro Maluco que a atinge em cheio: você não é
termos destacados. a mesma de antes, você era muito mais “muita”, 6você
III. Em “A Noruega tributa alimentos e bebidas perdeu sua muiteza. Lá dentro. Falta alguma coisa. De
açucarados e divulga informações (...)” (4º todas as coisas que Alice esqueceu de compreender
parágrafo), o acento grave indicativo da crase desse lugar, talvez essa seja a que faça mais sentido.
7Talvez isso explique tudo. Talvez tenha sido isso que
deveria ter sido empregado pelo fato de “Noruega”
ser um substantivo próprio feminino. ela fora até lá buscar.
IV. No fragmento “imposto sobre bebidas açucaradas A criança que fomos ocupa um espaço dentro
a ser cobrado de produtores e importadores (...)” de nós, nesse acúmulo de experiências que é a vida.

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
8É nesse espaço que guardamos os joelhos ralados,
as descobertas, os medos, a alegria e a força que nos
impulsiona para a frente. Há espaços mais sombrios,
outros mais claros. Muitos de nós já esqueceram o
caminho para esse lugar. Estamos ocupados demais
com as coisas grandes para tentar encontrar uma toca
de coelho que nos leve para dentro da terra. Então
vivemos assim, sempre muito ocupados, sempre
muito atrasados, com coisas sérias e importantes a
fazer. E vagamos. 9Vagamos pelo mundo com alguma
coisa faltando. Lá dentro.
É na infância que mora a nossa muiteza. E é
para lá que devemos voltar para encontrá-la, sempre
que essa pantomima a qual chamamos de vida adulta
nos puxa e empurra forte demais.
a) correta, tal como em “Ele caminhava à passo firme”.
LHULLIER, Luciana. Onde mora sua muiteza? In: No b) incorreta, tal como em “Encontraram-se às 18
coração da floresta (blog). 08 out. 2013 (adaptado). horas”.
Original disponível em: c) incorreta, tal como em “Esta é a escola à qual se
<https://contesdesfee.wordpress.com/page/2/>. referiram”.
Acesso: 05 ago. 2016. d) correta, tal como em “Fui àquela praça, mas não o
encontrei”.
e) incorreta, tal como em “Dirigiu-se ao local disposto
Vocabulário: à falar com o delegado”.
Onírico: de sonho e/ou relativo a sonho.
Pantomima: representação teatral baseada na mímica 16. (Unicamp) Na década de 1950, quando iniciava
(ou seja, em gestos corporais); por extensão, situação seu governo, Juscelino Kubitschek prometeu “50 anos
falsa, representação, ilusão, fraude. em 5”. Na campanha do atual governo o slogan ficou
Patético: que provoca sentimento de piedade ou assim: “O Brasil voltou, 20 anos em dois”. A ‘tradução’
tristeza; indivíduo digno da piedade alheia. não tinha como dar certo; era como comparar vinho
com água. E mais: havia uma vírgula no meio do
caminho. Na propaganda, apenas uma vírgula impede
14. (G1 - ifsul) Observe esta frase retirada do texto. que a leitura, ao invés de ser positiva e associada ao
progressismo de Juscelino, se transforme numa
“É nesse espaço que guardamos os joelhos ralados, mensagem de retrocesso: o Brasil de fato ‘voltou’
as descobertas, os medos, a alegria e a força que nos muito nesses últimos dois anos; para trás.
impulsiona para a frente.” (referência 8)
(Adaptado de Lilia Schwarcz, Havia uma vírgula no
Se a frase for reescrita, substituindo-se o trecho meio do caminho. Nexo Jornal, 21/05/2018.)
destacado por “É esse o espaço reservado...”, fazendo
as devidas adaptações, em qual das alternativas NÃO
há nenhuma incorreção quanto ao emprego da crase? Considerando o gênero propaganda institucional e o
a) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, as paralelo histórico traçado pela autora, é correto afirmar
descobertas, aos medos, a alegria e a força que que o slogan do atual governo fracassou porque
nos impulsiona para a frente. a) o uso da vírgula provocou uma leitura negativa do
b) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, as trecho que alude ao slogan da década de 1950.
descobertas, aos medos, à alegria e à força que b) a mensagem projetada pelo slogan anterior era
nos impulsiona para a frente. mais clara, direta, e não exigia o uso da vírgula.
c) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, às c) a alusão ao slogan anterior afasta o público jovem e
descobertas, aos medos, à alegria e à força que provoca a perda de seu poder persuasivo.
nos impulsiona para a frente. d) o duplo sentido do verbo “voltar” gerou uma
d) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, às mensagem que se afasta daquela projetada pelo
descobertas, aos medos, a alegria e a força que slogan anterior.
nos impulsiona para a frente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
15. (G1 - ifba) A imagem a seguir representa um Leia o trecho do ensaio “A transitoriedade”, de
cartaz retirado de um ambiente virtual. Em relação ao Sigmund Freud (1856-1939), para responder à(s)
uso do acento indicativo de crase, a frase presente na questão(ões) a seguir.
imagem está:
Algum tempo atrás, fiz um passeio por uma
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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
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rica paisagem num dia de verão, em companhia de
um poeta jovem, mas já famoso. O poeta admirava a
beleza do cenário que nos rodeava, porém não se 17. (Unesp) a) Explique sucintamente a diferença
alegrava com ela. Era incomodado pelo pensamento entre a visão de Freud e a visão do jovem poeta
de que toda aquela beleza estava condenada à sobre a transitoriedade do belo.
extinção, pois desapareceria no inverno, e assim b) Transcreva do segundo parágrafo uma oração em
também toda a beleza humana e tudo de belo e nobre que a ocorrência de vírgula indica a supressão de
que os homens criaram ou poderiam criar. Tudo o um verbo. Identifique o verbo suprimido nessa
mais que, de outro modo, ele teria amado e admirado, oração.
lhe parecia despojado de valor pela transitoriedade
que era o destino de tudo. 18. (Enem PPL) Física com a boca
Sabemos que tal preocupação com a
fragilidade do que é belo e perfeito pode dar origem a Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do
duas diferentes tendências na psique. Uma conduz ao ventilador?
doloroso cansaço do mundo mostrado pelo jovem
poeta; a outra, à rebelião contra o fato constatado. Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras.
Não, não é possível que todas essas maravilhas da Quando você não tem mais o que fazer e fica falando
natureza e da arte, do nosso mundo de sentimentos e na frente dele, as ondas da voz se propagam na
do mundo lá fora, venham realmente a se desfazer. direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman –
Seria uma insensatez e uma blasfêmia acreditar nisso. presidente da Associação Brasileira para a Qualidade
Essas coisas têm de poder subsistir de alguma forma, Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome
subtraídas às influências destruidoras. bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento
Ocorre que essa exigência de imortalidade é também contribui para a distorção da voz, pelo fato de
tão claramente um produto de nossos desejos que ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o
não pode reivindicar valor de realidade. Também o ruído do ventilador e a influência do vento na
que é doloroso pode ser verdadeiro. Eu não pude me propagação das ondas contribuem para distorcer sua
decidir a refutar a transitoriedade universal, nem obter bela voz.
uma exceção para o belo e o perfeito. Mas contestei a
visão do poeta pessimista, de que a transitoriedade do Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em:
belo implica sua desvalorização. 30 jul. 2012 (adaptado).
Pelo contrário, significa maior valorização!
Valor de transitoriedade é valor de raridade no tempo.
A limitação da possibilidade da fruição aumenta a sua Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados
preciosidade. É incompreensível, afirmei, que a ideia para organizar a escrita e ajudar na compreensão da
da transitoriedade do belo deva perturbar a alegria mensagem. No texto, o sentido não é alterado em
que ele nos proporciona. Quanto à beleza da caso de substituição dos travessões por
natureza, ela sempre volta depois que é destruída a) aspas, para colocar em destaque a informação
pelo inverno, e esse retorno bem pode ser seguinte.
considerado eterno, em relação ao nosso tempo de b) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de
vida. Vemos desaparecer a beleza do rosto e do corpo Davi Akkerman.
humanos no curso de nossa vida, mas essa brevidade c) reticências, para deixar subentendida a formação
lhes acrescenta mais um encanto. Se existir uma flor do especialista.
que floresça apenas uma noite, ela não nos parecerá d) dois-pontos, para acrescentar uma informação
menos formosa por isso. Tampouco posso introduzida anteriormente.
compreender por que a beleza e a perfeição de uma e) ponto e vírgula, para enumerar informações
obra de arte ou de uma realização intelectual fundamentais para o desenvolvimento temático.
deveriam ser depreciadas por sua limitação no tempo.
Talvez chegue o dia em que os quadros e estátuas TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que hoje admiramos se reduzam a pó, ou que nos O homem deve reencontrar o Paraíso...
suceda uma raça de homens que não mais entenda Rubem Alves
as obras de nossos poetas e pensadores, ou que
sobrevenha uma era geológica em que os seres vivos Era uma família grande, todos amigos. Viviam
deixem de existir sobre a Terra; mas se o valor de como todos nós: moscas presas na enorme teia de
tudo quanto é belo e perfeito é determinado somente aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a
por seu significado para a nossa vida emocional, não aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a
precisa sobreviver a ela, e portanto independe da aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados.
duração absoluta. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar!
Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes
(Introdução ao narcisismo, 2010. Adaptado.) sem fim: liberdade. Venderam o que tinham,

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
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compraram um barco capaz de atravessar mares e galera que navega pelos mares. Nos porões estão os
sobreviver tempestades. remadores. Remam com precisão cada vez maior. A
Mas para navegar não basta sonhar. É preciso cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo
saber. São muitos os saberes necessários para se da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do
navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas,
que teria de fazer no barco: manutenção do casco, perguntados sobre o porto do destino, respondem os
instrumentos de navegação, astronomia, remadores: O porto não nos importa. O que importada
meteorologia, as velas, as cordas, as polias e é a velocidade com que navegamos.
roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o C Wright Mills usou esta metáfora para
radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os descrever a nossa civilização por meio duma imagem
mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos
ciência da navegação é saber preciso, exige ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças
aparelhos, números e medições. Barcos se fazem sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia
com precisão, astronomia se aprende com o rigor da alguma de para onde navegamos. Para onde?
geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre Somente um navegador louco ou perdido navegaria
tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da
não informam mais ou menos. Assim, eles se sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia,
tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua – na linguagem comum, é usada como sonho
juntos para navegar. impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é
Chegou então o momento de grande decisão um ponto inatingível que indica uma direção.
– para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Mário Quintana explicou a utopia com um
Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um
outro queria conhecer os exóticos mares e praias das motivo para não querê-las... Que tristes os caminho,
ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl
navegar nas rotas de Colombo. E foi então que Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já
compreenderam que, quando o assunto era a escolha na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa
do destino, as ciências que conheciam para nada civilização: Não temos consciência de direções, não
serviam. escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos
De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. indiquem o destino.
Os computadores, coitados, chamados a dar seu Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são
palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia
têm preferências – falta-lhes essa sutil capacidade de (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo
gostar, que é a essência da vida humana. da ciência (o importante é saber como funciona), são:
Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver
que não entendiam a pergunta, que não lhes este problema concreto em particular? E conclui: E em
importava para onde se estava indo. todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não
Se os barcos se fazem com ciência, a preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta
navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, de si mesmo.
utilíssima, especialista em saber como as coisas Em nossas escolas é isso que se ensina: a
funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É precisa ciência da navegação, sem que os estudantes
preciso sonhar para se decidir sobre o destino da sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau
navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa
ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo doença assume a forma de peste epidêmica: cada
poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso especialista se dedica com paixão e competência, a
desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua
Só depois vem a precisa ciência de navegar. vela, seu mastro.
Naus e navegação têm sido uma das mais Dizem que seu dever é produzir
poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas
inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no pesquisas serão publicadas em revistas
mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde
Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não
monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão é científico. Os sonhos não são objetos de
do grande mar / multiplicada em suas malhas de conhecimento científico.
perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, E assim ficam os homens comuns
terra não descoberta, no mar mais distante. Que as abandonados por aqueles que, por conhecerem mares
vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso
nosso leme nos conduz para a terra dos nossos pensar a missão das escolas, começando com as
filhos... Viver é navegar no grande mar! crianças e continuando com os cientistas, como outra
Não só os poetas: C. Wright Mills, um que não a da realização do dito poeta: Navegar é
sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma preciso. Viver não é preciso.
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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
É necessário ensinar os precisos saberes da criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após
navegação enquanto ciência. Mas é necessário saírem da cadeia.
apontar com imprecisos sinais para os destinos da Alguns perguntariam "Por quê?". E eu
navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar pergunto: "Por que não?" O que esperar de um
distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que
inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece,
Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil para que essa situação realmente aconteça?
ensinar a ciência da navegação a quem mora nas Presídios em estado de depredação total,
montanhas. pouquíssimos programas educacionais e laborais para
O meu sonho para a educação foi dito por os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural,
Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a
jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os vingança é uma festa, dizia Nietzsche).
homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me Situação contrária é encontrada na Noruega.
atormenta: o deserto. Houve um momento em que se Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país para
viu, por entre as estrelas, um brilho chamado se viver (1º no ranking do IDH) e, de acordo com
progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o 8º
contra as vagas, a galera navega em direção ao país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o
progresso, a uma velocidade cada vez maior, e sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos
ninguém questiona a direção. E é assim que as criminosos, ou seja, apenas 2 em cada 10 presos
florestas são destruídas, os rios se transformam em voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de
esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy,
os campos se cobrem de lixo – e tudo ficou feio e chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de
triste. cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e
Sugiro aos educadores que pensem menos traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a
nas tecnologias do ensino – psicologias e registrar 60% de reincidência e o Reino Unido, 50%. A
quinquilharias – e tratem de sonhar, com os seus média europeia é 50%.
alunos, sonhos de um Paraíso. A Noruega associa as baixas taxas de
reincidência ao fato de ter seu sistema penal pautado
Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo na reabilitação e não na punição por vingança ou
Ortográfico. retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma,
qualquer criminoso poderá ser condenado à pena
19. (Efomm) Nos fragmentos que se seguem, é máxima prevista pela legislação do país (21 anos), e,
possível a presença de uma vírgula, EXCETO no se o indivíduo não comprovar estar totalmente
fragmento da alternativa reabilitado para o convívio social, a pena será
a) É necessário ensinar os precisos saberes da prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração
navegação enquanto ciência. seja comprovada.
b) Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em O presídio é um prédio, em meio a uma
saber ‘como as coisas funcionam’, tudo ignora floresta, decorado com grafites e quadros nos
sobre o coração humano. corredores, e no qual as celas não possuem grades,
c) Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa mas sim uma boa cama, banheiro com vaso sanitário,
ciência da navegação, sem que os estudantes chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela
sejam levados a sonhar com as estrelas. plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar
d) Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois papéis e fotos, além de geladeiras. Encontra-se lá
aprendem a ciência da navegação. uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de
e) Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. futebol, chalés para os presos receberem os
Ficaram cansados. familiares, estúdio de gravação de música e oficinas
de trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: formação profissional, cursos educacionais, e o
Noruega como Modelo de Reabilitação de trabalhador recebe uma pequena remuneração. Para
Criminosos controlar o ócio, oferecer muitas atividades, de
educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
O Brasil é responsável por uma das mais altas A prisão é construída em blocos de oito celas
taxas de reincidência criminal em todo o mundo. No cada (alguns dos presos, como estupradores e
país, a taxa média de reincidência (amplamente pedófilos, ficam em blocos separados). Cada bloco
admitida, mas nunca comprovada empiricamente) é tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão,
de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
comprar alimentos no mercado interno para abastecer
seus refrigeradores.
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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
Todos os responsáveis pelo cuidado dos 1labor, trabalho e ação. Trata-se de atividades
detentos devem passar por no mínimo dois anos de fundamentais porque a cada uma delas corresponde
preparação para o cargo, em um curso superior, tendo uma das condições básicas mediante as quais a vida
como obrigação fundamental mostrar respeito a todos foi dada ao homem na Terra.
que ali estão. Partem do pressuposto que, ao O labor é a atividade que corresponde ao
mostrarem respeito, os outros também aprenderão a processo biológico do corpo humano, 2cujos
respeitar. crescimento espontâneo, metabolismo e eventual
A diferença do sistema de execução penal declínio têm a ver com as necessidades vitais
norueguês em relação ao sistema da maioria dos produzidas e introduzidas pelo labor no processo da
países, como o brasileiro, americano, inglês, é que ele vida. A condição humana do labor é a própria vida.
é fundamentado na ideia de que a prisão é a privação 3O trabalho é a atividade correspondente ao

da liberdade, e pautado na reabilitação e não no artificialismo da existência humana, existência esta


tratamento cruel e na vingança. não necessariamente contida no eterno ciclo vital da
O detento, nesse modelo, é obrigado a espécie, e cuja mortalidade não é compensada por
mostrar progressos educacionais, laborais e este último. O trabalho produz um mundo “artificial” de
comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente
o direito de exercer sua liberdade novamente junto à natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida
sociedade. individual, embora esse mundo se destine a
A diferença entre os dois países (Noruega e sobreviver e a transcender todas as vidas individuais.
Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e A condição humana do trabalho é a mundanidade.
praticamente não cometem crimes, respeitando a A ação, única atividade que se exerce
população, aqui os presos saem roubando e matando diretamente entre os homens sem a mediação das
pessoas. Mas essas são consequências coisas ou da matéria, corresponde à condição humana
aparentemente colaterais, porque a população da pluralidade, ao fato de que homens, e não o
manifesta muito mais prazer no massacre contra o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os
preso produzido dentro dos presídios (a vingança é aspectos da condição humana têm alguma relação
uma festa, dizia Nietzsche). com a política; mas esta pluralidade é especificamente
a condição – não apenas a conditio sine qua non, mas
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do a conditio per quam – de toda a vida política. Assim, o
Instituto Avante Brasil e coeditor do Portal idioma dos romanos – talvez o povo mais político que
atualidadesdodireito.com.br. Estou no conhecemos – empregava como sinônimas as
blogdolfg.com.br. expressões “viver” e “estar entre os homens” (inter
** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e homines esse), ou “morrer” e “deixar de estar entre os
pesquisadora do Instituto Avante Brasil. homens” (inter homines esse desinere). Mas, em sua
FONTE: Adaptado de forma mais elementar, a condição humana da ação
http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-como- está implícita até mesmo em Gênesis (macho e fêmea
modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/. Ele os criou), se entendermos que esta versão da
Acessado em 17 de março de 2017. criação do homem diverge, em princípio, da outra
segundo a qual Deus originalmente criou o Homem
(adam) – a ele, e não a eles, de sorte que a
20. (Espcex (Aman)) Assinale a alternativa em que o pluralidade dos seres humanos vem a ser o resultado
emprego da vírgula é opcional. da multiplicação4. A ação seria um luxo
a) "Partem do pressuposto que, ao mostrarem desnecessário, uma caprichosa interferência com as
respeito, os outros também aprenderão a respeitar." leis gerais do comportamento, se os homens não
b) "O detento é obrigado a mostrar progressos, para passassem de repetições interminavelmente
provar que pode ser reincluído na sociedade." reproduzíveis do mesmo modelo, todas dotadas da
c) "Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência, o mesma natureza e essência, tão previsíveis quanto a
Reino Unido, 50%." natureza e a essência de qualquer outra coisa. A
d) "Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades de pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de
educação é a estratégia." sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que
e) "Cada bloco contém uma cozinha, comida fornecida ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que
pela prisão e preparada pelos presos." tenha existido, exista ou venha a existir.
As três atividades e suas respectivas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: condições têm íntima relação com as condições mais
A CONDIÇÃO HUMANA gerais da existência humana: o nascimento e a morte,
A Vita Activa e a Condição Humana a natalidade e a mortalidade. O labor assegura não
apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida da
Com a expressão vita activa, pretendo espécie. O trabalho e seu produto, o artefato humano,
designar três atividades humanas fundamentais: emprestam certa permanência e durabilidade à
futilidade da vida mortal e ao caráter efêmero do corpo
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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
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humano. A ação, na medida em que se empenha em das duas versões bíblicas da criação é citada. Assim,
fundar e preservar corpos políticos, cria a condição é típico da diferença entre os ensinamentos de Jesus
para a lembrança, ou seja, para a história. O labor e o de Nazareth e de Paulo o fato de que Jesus,
trabalho, bem como a ação, têm também raízes na discutindo a relação entre marido e mulher, refere-se a
natalidade, na medida em que sua tarefa é produzir e Gênesis 1:27 “Não tendes lido que quem criou o
preservar o mundo para o constante influxo de recém- homem desde o princípio fê-los macho e fêmea”
chegados que vêm a este mundo na qualidade de (Mateus 19:4), enquanto Paulo, em ocasião
estranhos, além de prevê-los e levá-los em conta. Não semelhante, insiste em que a mulher foi criada “do
obstante, das três atividades, a ação é a mais homem” e, portanto, “para o homem”, embora em
intimamente relacionada com a condição humana da seguida atenue um pouco a dependência: “nem o
natalidade; o novo começo inerente a cada varão é sem mulher, nem a mulher sem o varão” (1
nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente Cor.11:8-12). A diferença indica muito mais que uma
porque o recém-chegado possui a capacidade de atitude diferente em relação ao papel da mulher. Para
iniciar algo novo, isto é, de agir. Neste sentido de Jesus, a fé era intimamente relacionada com a ação;
iniciativa, todas as atividades humanas possuem um para Paulo, a fé relacionava-se, antes de mais nada,
elemento de ação e, portanto, de natalidade. Além com a salvação. Especialmente interessante a este
disto, como a ação é a atividade política por respeito é Agostinho (De civitate Dei xii.21), que não
excelência, a natalidade, e não a mortalidade, pode só desconsidera inteiramente o que é dito em Gênesis
constituir a categoria central do pensamento político, 1:27, mas vê a diferença entre o homem e o animal no
em contraposição ao pensamento metafísico. fato de ter sido o homem criado unum ac singulum,
A condição humana compreende algo mais enquanto se ordenou aos animais que “passassem a
que as condições nas quais a vida foi dada ao existir vários de uma só vez” (plura simul iussit
homem. Os homens são seres condicionados: tudo existere). Para Agostinho, a história da criação
aquilo com o qual eles entram em contato torna-se constitui boa oportunidade para salientar-se o caráter
imediatamente uma condição de sua existência. O de espécie da vida animal, em oposição à
mundo no qual transcorre a vita activa consiste em singularidade da existência humana.
coisas produzidas pelas atividades humanas; mas,
constantemente, as coisas que devem sua existência
exclusivamente aos homens também condicionam os Das vantagens de ser bobo
seus autores humanos. Além das condições nas quais
a vida é dada ao homem na Terra e, até certo ponto, a O bobo, por não se ocupar com ambições,
partir delas, os homens constantemente criam as suas tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é
próprias condições que, a despeito de sua capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas
variabilidade e sua origem humana, possuem a horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa,
mesma força condicionante das coisas naturais. O que responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
quer que toque a vida humana ou entre em duradoura Ser bobo às vezes oferece um mundo de
relação com ela, assume imediatamente o caráter de saída porque os espertos só se lembram de sair por
condição da existência humana. É por isso que os meio da esperteza, e 1o bobo tem originalidade,
homens, independentemente do que façam, são espontaneamente lhe vem a ideia.
sempre seres condicionados. Tudo o que O bobo tem oportunidade de ver coisas que os
espontaneamente adentra o mundo humano, ou para espertos não veem. Os espertos estão sempre tão
ele é trazido pelo esforço humano, torna-se parte da atentos _____i_____ espertezas alheias que se
condição humana. O impacto da realidade do mundo descontraem diante dos bobos, e estes os veem como
sobre a existência humana é sentido e recebido como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e
força condicionante. A objetividade do mundo – o seu sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido
caráter de coisa ou objeto – e a condição humana vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um
complementam-se uma à outra; por ser uma Dostoievski.
existência condicionada, a existência humana seria _____ii_____ desvantagem, obviamente. Uma
impossível sem as coisas, e estas seriam um boba, por exemplo, confiou na palavra de um
amontoado de artigos incoerentes, um não mundo, se desconhecido para _____iii_____ compra de um ar
esses artigos não fossem condicionantes da refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho
existência humana. era novo, praticamente sem uso porque se mudara
para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona.
Roberto Raposo: Editora da Universidade de São Chamado um técnico, a opinião deste era de que o
Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado). aparelho estava tão estragado que o conserto seria
caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em
contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé,
4Quando se analisa o pensamento político pós- não desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o
clássico, muito se pode aprender verificando-se qual
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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
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esperto não dorme à noite com medo de ser c) o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe
ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. vem a ideia (Das vantagens de ser bobo, referência
O bobo não percebe que venceu. 1).
Aviso: não confundir bobos com burros. d) Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando
Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem por cima das casas (Das vantagens de ser bobo,
menos espera. É uma das tristezas que o bobo não referência 3).
prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "2Até e) "Até tu, Brutus?" (Das vantagens de ser bobo,
tu, Brutus?". referência 2).
Bobo não reclama. Em compensação, como
exclama! TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, Leia o excerto do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio
devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido Vieira (1608-1697), para responder à(s) questão(ões)
esperto não teria morrido na cruz. a seguir.
O bobo é sempre tão simpático que há
espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é Navegava Alexandre [Magno] em uma
uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a
isso é que os espertos não conseguem passar por Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata,
bobos. Os espertos ganham dos outros. Em que por ali andava roubando os pescadores,
compensação os bobos ganham a vida. Bem- repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau
aventurados os bobos porque sabem sem que ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo,
ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque
que eles sabem. roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque
Há lugares que facilitam mais _____iv_____ roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O
pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o
com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com
ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem
Minas! distinguir as qualidades, e interpretar as significações,
3Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço,
a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o
voando por cima das casas. É quase impossível evitar rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o
o excesso de amor que o bobo provoca. É que só o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o
bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.
bobo. Quando li isto em Sêneca, não me admirei
tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a
LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela
Disponível em: http://www.revistapazes.com/das- Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou,
vantagens-de-ser-bobo/. Acesso em 10 de maio de foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de
2017. príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a
Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam
setembro de estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis
com o que calam que com o que disserem; porque a
confiança com que isto se diz é sinal que lhes não
toca, e que se não podem ofender; e a cautela com
que se cala é argumento de que se ofenderão, porque
lhes pode tocar. [...]
Suponho, finalmente, que os ladrões de que
falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e
21. (Ime) Marque a opção em que a regra usada para
vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida,
a colocação das vírgulas é a mesma encontrada no
porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o
trecho abaixo destacado:
seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai
nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam,
(…) cujos crescimento espontâneo, metabolismo e
de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de
eventual declínio têm a ver com as necessidades
mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo
vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo
[São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou
da vida (A condição humana, referência 2).
espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a
a) (…) labor, trabalho e ação (A condição humana,
roupa; os ladrões que mais própria e dignamente
referência 1).
merecem este título são aqueles a quem os reis
b) O trabalho é a atividade correspondente ao
encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das
artificialismo da existência humana, existência esta
províncias, ou a administração das cidades, os quais
não necessariamente contida no eterno ciclo vital
já com manha, já com força, roubam e despojam os
da espécie (…) (A condição humana, referência 3).
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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
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povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica
roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do quanto folhas de pergaminho ou tábuas de argila
seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se continua firme?
furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no
computador é insuportável. A melhor tecnologia para
(Essencial, 2011.) uma leitura profunda e demorada continua sendo tinta
preta em papel branco. Tudo embalado num pacote
portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia de
22. (Unesp) Verifica-se o emprego de vírgula para Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem
indicar a elipse (supressão) do verbo em: gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte
a) “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante
barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma cheia. Uma relação de fetiche. Amor até.
armada, sois imperador?” (1º parágrafo) Mas esse amor só dura porque ainda não
b) “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao apareceu nada melhor que um livro para a atividade
Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu de ler um livro. Se aparecer… Se aparecer, não:
trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e do
esfera [...].” (3º parágrafo) DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos,
c) “O roubar pouco é culpa, o roubar muito é o livro impresso é o próximo da lista.
grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas,
o roubar com muito, os Alexandres.” (1º parágrafo) VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel.
d) “Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o Disponível em:
que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-
todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo papel/>. Acesso em: 06 out. 2017.
nome.” (1º parágrafo)
e) “Os outros ladrões roubam um homem, estes
roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo
do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os 23. (G1 - ifpe) A pontuação não interfere apenas nos
outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e aspectos sintáticos do texto, mas também nos
enforcam.” (3º parágrafo) semânticos. Sobre os efeitos de sentido decorrentes
do uso da pontuação no texto, marque a única
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: afirmação CORRETA.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a a) Em “Se aparecer… Se aparecer, não: quando
seguir. aparecer” (5º parágrafo), a utilização dos sinais de
pontuação tem como efeito de sentido introduzir
O FIM DO LIVRO DE PAPEL marcas de oralidade na escrita.
b) Em “Só 122 livros. Era o que a Universidade de
Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos
Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos lindos, lindos, que valiam cada um o preço de uma casa.”
que valiam cada um o preço de uma casa. Isso foi 3 (1º parágrafo), os pontos finais foram utilizados para
décadas antes de a Bíblia de Gutenberg chegar às construir períodos curtos, criando um efeito de
ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras morosidade na narrativa.
artesanais exclusivas de milionários e viraram o que c) Em “Por que o livro não morreu? Como uma
viraram. Graças a uma novidade: a prensa de tipos plataforma que, se comparada à internet, é tão
móveis, que era capaz de fazer milhares de cópias no arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas de
tempo que um monge levava para terminar um argila continua firme?” (3º parágrafo), as
manuscrito. interrogações são responsáveis pelo
Foi uma revolução sem igual na história e blá, estabelecimento de possíveis certezas acerca de
blá, blá. Só que uma revolução que já acabou. Há 10 pensamentos metafóricos.
anos, pelo menos. Quando a internet começou a d) Em “Foi uma revolução sem igual na história e blá,
crescer para valer, ficou claro que ela passaria uma blá, blá” (2º parágrafo), os uso das vírgulas tem
borracha na história do papel impresso e começaria como efeito de sentido a criação de uma figura de
outra. linguagem: a sinestesia.
Mas aconteceu justamente o que ninguém e) Em “Graças a uma novidade: a prensa de tipos
esperava: nada. A internet nunca arranhou o prestígio móveis” (1º parágrafo) os dois-pontos foram
nem as vendas dos livros. Muito pelo contrário. O 2o utilizados para antecipar uma informação,
negócio online que mais deu certo (depois do Google) provocando, como efeito, a ironia.
é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre
pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
sentido. Por que o livro não morreu? Como uma A(s) questão(ões) refere(m)-se ao texto a seguir:

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
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Saber com certeza quem é quem, 12mapear
Texto 13com precisão genealogias familísticas, poder dizer
com um riso superior — “14conheci Frank Sinatra
Proibido para menores de 50 anos. Nos últimos 15quando ele morava em Hoboken e era um

meses, em meio ao debate sobre as reformas na merdinha”16; 17ou, “esse eu conheço!” — confirma a
Previdência, um ponto acabou despertando a atenção. nossa ontologia segundo 18a qual “conhecer” ou
Afinal, existem empregos para quem tem mais de 50 relacionar-se pessoalmente é um modo de estar num
anos? Pendurar as chuteiras nem sempre é fácil. Às mundo ordenado por ricos e pobres, superiores e
vezes, pode significar uma quebra tão grande na inferiores, homens e mulheres, brancos e negros,
rotina que afeta até mesmo o emocional. Foi a partir limpos e sujos. O modo de navegação social confirma
de uma experiência familiar nesta linha que o um universo ordenado em camadas e é melhor você
paulistano Mórris Litvak criou a startup MaturiJobs. estar “por cima”.
Trata-se de uma agência virtual de empregos, Nossa questão mais angustiante, o que
especializada em profissionais com mais de 50 anos. eventualmente nos tira do sério, não é 19saber 20que
tudo tem um dono, e dele receber ordens. Não21! 22É
(Revista Isto é Dinheiro. Mercado de Trabalho. entrar numa sala 23onde outras pessoas também
Maio/2017. p. 6.) aguardam na fila, e todos se olham com uma ofensiva
indiferença porque ninguém sabe quem é quem. 24No
Brasil, a igualdade é vivida como uma ofensa ou um
24. (Ita) “Nos últimos meses, em meio ao debate castigo.
25O anonimato associado à cidadania nos
sobre as reformas na Previdência, um ponto acabou
despertando a atenção.” Na frase transcrita, as perturba. Para nós, o maior castigo não é a prisão, é
vírgulas foram utilizadas para saber que somos iguais a todo mundo porque
a) realçar a escrita formal em contraste à escrita burlamos a lei que foi feita para todos, menos para
informal. nós. 26Quando indiciados, viramos vítimas de uma
b) separar um termo complementar da oração maldosa igualdade republicana! No Brasil lido como
principal. Estado nacional, somos todos “cidadãos”. Mas no
c) marcar a sobreposição de várias informações Brasil relacional da casa e das 27amizades que nos
intercaladas. impedem de dizer não, somos todos parentes e
d) indicar o deslocamento da informação secundária amigos. Não somos como todo mundo.
28Saiu ao pai ou ao avô... Merece a
em relação à principal.
e) antecipar o tempo e o espaço físico da informação nomeação. Ademais, é afilhado do presidente e tem
principal. “pinta” e “jeito” de alto funcionário: não vai fazer feio.
A “29aparência”30. 31Eis um traço merecedor de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: um tratado de sociologia. Meu mentor harvardiano,
Ser como todo mundo? Richard Moneygrand, dizia que a “32luta das
(Roberto DaMatta*) aparências” (e das recomendações e empenhos) é tão
ou 33mais importante do que a 34luta de classes no
Uma palavra resume a crise brasileira: a Brasil...
35— Logo vi que era “36gentinha”...
igualdade. 1Conforme 2tenho salientado no meu
trabalho e nesta coluna, o Brasil não tem problemas — Você viu o “jeito” dele (ou dela)? Descobri
com a desigualdade. Ele 3ama de paixão as imediatamente quem era pelo modo como ele (ou ela)
hierarquias e as gradações 4que 5estão em toda parte. se sentou, comeu e falou.
37— Você viu a roupa? Notou o sapato? Atinou
Em nossas leis 6sobram privilégios, penachos,
recursos, isenções7... para a sujeira das unhas?
38— Eu até que tolero a pobreza, mas não me
Nossa formação nacional teve no escravismo,
no patrimonialismo aristocrático e no compadrio das conformo com falta de limpeza. Um pobre precisa ser
casas-grandes e nos grandes apartamentos dos limpo. 39Sobretudo se for preto...
“bairros nobres” de nossas cidades o seu centro e Nosso inferno não são os “40palácios” onde
razão. Não é fácil ser igualitário com essa folha poucos entram, todos se conhecem e sabem dos seus
corrida. lugares, 41mas os espaços abertos. 42Sobretudo
Sempre 8fomos dinamizados 9por elos quando temos que esperar o sinal para caminhar e
pessoais oficializados e legais. Nosso projeto de vida sentir como todo mundo!
43— Eu sei que não sou e jamais vou ser todo
funda-se no arrumar-se e no “10subir na vida”.
Alcançar o baronato — ser alguém —, “11virar famoso” mundo! — diz o magistrado do Tribunal Supremo.
e, do alto da sua celebrização, ter direito a fazer tudo É justo nesse “todo mundo” que jaz, 44como
sem ser molestado pelo bando de caretas que, um 45cadáver oculto, o 46nosso problema. 47Pois como
infelizmente, não são como nós. ser como todo mundo se mamãe nos criou para ser
ministro? 48Como ser como todo mundo se a nossa

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
família tem origem nobre? 49Empobrecemos50, mas
“temos berço”.
Como, então, seguir as normas de urbanidade Vocabulário
deste nosso mundo urbano?
51— Não entro em fila! Não tenho paciência Ontologia: Parte da filosofia que trata do ser enquanto
para esperas imbecis. Pago a um criado para tanto. ser, isto é, do ser concebido como tendo uma
Tenho que cuidar do meu projeto político socialista, natureza comum que é inerente a todos e a cada um
que é urgente e está atrasado. Como é que eu vou ter dos seres (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
tempo para ser como os outros? Curitiba: Positivo, 2010)
A República proclamada sem um viés
igualitário 52só tem a perna da liberdade. 53A da
54igualdade que, ao lado da fraternidade, 55regularia o
25. (Uem) A respeito dos elementos de pontuação
seu caminho, nasceu 56atrofiada e até hoje permanece utilizados no texto, assinale a(s) alternativa(s)
torta. A liberdade de gritar, de confrontar, é corretas(s).
reveladora. 57Só grita quem pode, e calar é sinal de 01) Na referência 7, o uso das reticências indica que
juízo e respeito. fica a cargo do leitor completar a enumeração
58Hoje assistimos às tramas para impedir a
realizada pelo autor do texto.
realização da igualdade que, para muitos poderosos, 02) Na referência 24, o uso da vírgula se justifica, pois
foi longe demais igualando quem deveria estar acima indica que o adjunto adverbial “No Brasil,” está
da lei. fora de sua posição habitual, que seria no final da
59— Como ser como todo mundo numa
oração.
sociedade marcada por privilégios? Qual a fórmula do 04) Na referência 50, o emprego da vírgula é
viver democrático e igualitário? facultativo, pois ela separa duas orações com
60Aprenda a dizer não a si mesmo. É nesse
sujeito nulo de mesma referência.
abrir-se para ser como todo mundo que está o espírito 08) Na referência 16, o uso do ponto e vírgula tem a
igualitário. A alma da democracia. função de separar itens de um enunciado
enumerativo.
*Roberto DaMatta é antropólogo e colunista dos 16) Na referência 21, emprega-se o ponto de
jornais O Estado de São Paulo e O Globo. exclamação para conferir um valor enfático à
expressão negativa “Não”.
(Texto adaptado do original e disponível em
<https://oglobo.globo.com/opiniao/ser-como-todo-
mundo-21656782>. Acesso em 30 ago. 2017)

Gabarito:
Resposta da questão 1: carro” para respeitar as regras do uso formal da
[A] língua.

[A] Correto. O verbo “trazer”, posposto, exige a Resposta da questão 3:


preposição “a”; logo, seu complemento apresenta [A]
acento indicativo de crase por fundir preposição e
artigo feminino. O verbo “chegar” é regido pela preposição “a” (quem
[B] Incorreto. “Traz” é a forma conjugada do verbo chega, chega a algum lugar). Como “primavera” é
“trazer”. feminino e antecedido pelo artigo feminino “a”, ocorre
[C] Incorreto. O acento indicativo de crase tem crase, já que a preposição “a” se aglutina com o artigo
emprego obrigatório no contexto. “a”.
[D] Incorreto. Segundo a norma culta, sujeito não pode
ser acompanhado de acento indicativo de crase, uma Resposta da questão 4:
vez que não apresenta preposição. [A]

Resposta da questão 2: O uso da crase é facultativo diante de pronome


[C] possessivo que antecede substantivo.

O verbo “gostar” é regido pela preposição “de”, dessa Resposta da questão 5:


forma, o período em [C] deveria ser escrito como “A [A]
música DE que você mais gosta tocando no rádio do

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
A locução adverbial “à venda” indica uma portanto não pode haver a contração formadora de
circunstância na qual o livro foi colocado (“à venda”). crase.
Temos a preposição “a” ligando o termo “venda” ao
verbo e, como a palavra “venda” é feminina, temos Resposta da questão 10:
também o artigo feminino “a” antecedendo-a e, assim, [E]
ocorre a crase.
[I] Incorreta: nem sempre ocorre crase antes de dias
Resposta da questão 6: da semana. Nesse caso, não há crase já que não
[A] há artigo definido antecedendo “sexta-feira”, há
somente a preposição “a”.
[B] Incorreta: caso “não” fosse deslocado para o início [IV] Incorreta: a pontuação está incorreta, uma vez
do período, ele se associaria à palavra “escrever” e que jamais se deve separar o sujeito do verbo.
não à palavra “natural”, mudando o sentido do
período. Resposta da questão 11:
[C] Incorreta: o conectivo “mas” introduz um período [A]
que estabelece noção de adversidade em relação
ao afirmado no período anterior. A crase é utilizada no fragmento como pertencente a
[D] Incorreta: o acordo ortográfico não alterou a uma expressão: “à procura”. A única alternativa que
obrigatoriedade da crase nesse caso. apresenta esse mesmo uso é a [A], com a expressão
[E] Incorreta: a preposição “em” é de uso obrigatório, “à espera”. Em [B], [C], [D] e [E], por outro lado, a
pois quem escreve, escreve em um momento. crase aparece como pertencente a um contexto de
regência verbal.
Resposta da questão 7:
[B] Resposta da questão 12:
[C]
As opções [A], [C], [D] e [E], são incorretas, pois
[A] a forma pronominal “o” refere-se ao destinatário da A afirmação em [C] é incorreta, pois o sinal de dois-
carta mencionado no cabeçalho; pontos que introduz o segmento em discurso direto
[C] o acento indicador de crase só acontece quando (“Há algo no mundo desenvolvido que não gosta de
há fusão da preposição “a” exigida pelo termo um país em desenvolvimento que organiza um evento
regente e o artigo definido “a” que precede um esportivo de grande envergadura”) não poderia ser
substantivo; substituído por travessão.
[D] o pronome “isto” remete que é mencionado
posteriormente: “se elas desaparecessem, Resposta da questão 13:
poderíamos continuar a trabalhar?”; [E]
[E] a forma pronominal “lhe” refere-se anaforicamente
ao destinatário da carta. [II] Incorreta: o substantivo feminino “rotulagem” é
antecedido pelo artigo feminino “a”, e o verbo
Assim, é correta apenas a opção [B]. “opor” é regido pela preposição “a”. Assim, há
crase.
Resposta da questão 8: [III] Incorreta: não há preposição antecedendo
[A] “Noruega” e, assim, não há crase.
[IV] Incorreta: não se usa crase antes de verbos, já
1a alternativa – falsa: a expressão “a pé” não tem que não há artigo antes de verbos.
crase, pois “pé” é uma palavra masculina, que não é
antecedida, portanto, de artigo feminino “a”. Resposta da questão 14:
[C]
Resposta da questão 9:
[B] “Reservado” exige que seu complemento seja
preposicionado. Assim, diante dos substantivos
O sinal de crase é indicador da contração entre a femininos (antecedidos portanto pelo artigo “a” ou
preposição “a” e o artigo definido “a”. Na alternativa “as”) teremos crase: “às descobertas”, “à alegria” e “à
[A], o uso da crase é equivocado, já que ela não pode força”.
ocorrer diante de palavra masculina (“seu”). Em [C],
quando a palavra “casa” refere-se ao lar do Resposta da questão 15:
enunciador, não admite crase, uma vez que não é [E]
acompanhada de artigo definido. Na alternativa [D],
não há artigo feminino antes de numeral cardinal,

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Exercícios – Crase e Pontuação – Bloguerinha da
Educação – Classroom
Na oração “Desconto de 15% a 70%" é possível [A] Incorreto. No trecho selecionado, não é possível
perceber que não há uso de artigo antes das empregar a vírgula, uma vez sua utilização não é
porcentagens. Há, somente, a preposição “a” que faz permitida entre Oração Principal e Oração
parte da construção “de 15% a 70%" (ou “de 15% Subordinada Substantiva Subjetiva.
até 70%"). Como só há crase quando temos uma [B] Correto. O emprego de vírgulas, tanto no
predicativo quando na Oração Subordinada
preposição “a” mais um artigo definido feminino, nesse
Substantiva Apositiva, segue a norma culta.
caso não há crase. O mesmo ocorre no período
[C] Correto. A vírgula poderia ser empregada para
“Dirigiu-se ao local disposto a falar com o delegado”,
marcar o Adjunto Adverbial de Lugar deslocado
pois não se usa artigo antes de verbo. Assim, temos
(“em nossas escolas”); o emprego antecedendo a
somente a preposição “a”, que não é craseada.
Oração Subordinada Adverbial Condicional segue
a norma culta.
Resposta da questão 16: [D] Correto. O Adjunto Adverbial de Tempo pontuado
[D] pela vírgula segue a norma culta na primeira
ocorrência; na segunda ocorrência, a vírgula
Lilia Schwarcz tece uma crítica irônica ao slogan do poderia ser empregada por semelhante situação.
governo Temer, “O Brasil voltou, 20 anos em dois” ao [E] Correto. O Adjunto Adverbial de Tempo (“Todos os
compará-lo com a frase “50 anos em 5”, promessa de dias”) poderia ser pontuado por vírgula conforme a
campanha de Juscelino Kutbishek, cuja eleição foi norma culta.
alavancada pela promessa de plano de ação
desenvolvimentista que iria contrastar com
Resposta da questão 20:
governantes anteriores. Desta forma, o verbo “voltar”,
[B]
no sentido de “ressurgir”, o que imprimiria conotação
positiva ao slogan do governo, pode adquirir
Na ordem direta, o emprego da vírgula entre a oração
significado negativo, ao ser entendido como regredir,
principal e a oração subordinada adverbial é opcional.
voltar atrás: “o Brasil de fato ‘voltou’ muito nesses
últimos dois anos; para trás”. Assim, é correta a opção
[D]. Resposta da questão 21:
[A]
Resposta da questão 17:
Apenas em [A], a vírgula separa termos com a mesma
a) Enquanto que para o jovem poeta a
função sintática dentro da oração, como acontece no
transitoriedade do belo desvalorizava a fruição do
trecho do enunciado. Em [B], assinala uma oração
momento vivido, ou seja, de tudo o que ele ama e
intercalada com função explicativa, em [C], orações
admira, para Freud isso implicava em maior
coordenadas, em [D], marca a oração subordinada
valorização, já que a beleza e a perfeição apenas
adjetiva explicativa e em [E], a presença do aposto.
adquirem significado pelas emoções que suscitam
momentaneamente em cada um, sem necessidade,
portanto, de duração absoluta. Resposta da questão 22:
[C]
b) Na oração “a outra, à rebelião contra o fato
constatado”, a vírgula indica a elipse do termo verbal No último segmento da frase, “O roubar pouco é
“conduz”, expresso no segmento anterior: “Uma culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco
conduz ao doloroso cansaço do mundo mostrado pelo poder faz os piratas, o roubar com muito, os
jovem poeta”. Alexandres.”, a vírgula assinala a elipse do termo
verbal “faz”: o roubar com muito faz os Alexandres.
Assim, é correta a opção [C].
Resposta da questão 18:
[B]
Resposta da questão 23:
É correta a opção [B], pois o segmento “presidente da [A]
Associação Brasileira para a Qualidade Acústica”, que
se encontra intercalado entre dois travessões, poderia [B] Incorreta. O uso de períodos curtos gera um efeito
ser colocado entre vírgulas, exercendo, assim, a de rapidez na narrativa.
função de aposto explicativo relativamente ao termo a [C] Incorreta. As interrogações são responsáveis pela
que se refere: David Akkerman. demarcação de reflexões que o autor faz e que
também joga ao leitor.
[D] Incorreta. Não há sinestesia no trecho e a vírgula é
Resposta da questão 19:
usada para separar termos encadeados.
[A]
[E] Incorreta. Os dois-pontos foram utilizados para
apresentar qual é a grande novidade mencionada no
início do período.
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apresentarem ao início do período, devem ter seu
Resposta da questão 24: deslocamento pontuado por vírgulas.
[D]
Resposta da questão 25:
Tanto “Nos últimos meses” quanto “em meio ao 01 + 02 + 08 + 16 = 27.
debate sobre as reformas na Previdência” são
adjuntos adverbiais. Tais termos acessórios, por se [04] Incorreta: a vírgula é obrigatória, pois antecede
uma conjunção adversativa (“mas”).

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