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06/10/2016 Divórcio 

­ Élder Dalin H. Oaks

Divórcio

Élder Dalin H. Oaks


Do Quórum dos Doze Apóstolos

Para um bom casamento, não é preciso que o homem nem a mulher


sejam perfeitos. É preciso apenas que esse homem e essa mulher se
empenhem juntos na busca da perfeição.

Senti que deveria falar a respeito do divórcio. Esse é um assunto delicado porque
desperta emoções muito fortes nas pessoas por ele atingidas de alguma forma.
Alguns vêem a si mesmos ou aqueles a quem amam como vítimas do divórcio.
Outros se vêem como bene妬⻕ciários. Alguns encaram o divórcio como uma prova de
fracasso. Outros o consideram a saída de emergência essencial para um
casamento. De uma forma ou de outra, o divórcio afeta grande parte das famílias
da Igreja.

Seja qual for a sua perspectiva, por favor, ouçam enquanto tento falar claramente
dos efeitos do divórcio no relacionamento familiar eterno que buscamos, como
parte do plano do evangelho. Falo com preocupação, mas também com esperança.

I.
Vivemos num mundo em que todo o conceito de casamento está ameaçado e onde
o divórcio tornou-se corriqueiro.

O conceito de que a sociedade tem grande interesse em preservar o casamento


para o bem comum, assim como para o bem do casal e dos 妬⻕lhos, foi substituído
por muitas pessoas pela idéia de que o casamento é apenas um relacionamento
particular consensual entre dois adultos, que termina quando um dos dois
desejar.1

Países onde não havia a lei de divórcio passaram a adotá-la, e a maioria dos países
que já o permitiam, tornaram-no ainda mais fácil. Infelizmente, sob as leis atuais de
divórcio sem atribuição de culpa, 妬⻕cou mais fácil romper um relacionamento
conjugal com um parceiro indesejado do que romper vínculos empregatícios com
um funcionário que não desejamos mais. Alguns até se referem ao primeiro
casamento como algo “preliminar ou provisório”, como se fosse uma casa pequena
em que uma pessoa mora antes de se mudar para outra.

A desvalorização do conceito de que os casamentos são permanentes e valiosos


tem conseqüências de longo alcance. In奕嵐uenciados pelo divórcio dos pais ou pela
noção popular de que o casamento é como estar preso a uma corrente com uma
bola de chumbo que tolhe a realização pessoal, alguns jovens fogem do casamento.

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Muitos que se casam sem assumir o total comprometimento estão prontos para
abandonar o navio na primeira crise séria.

Em contrapartida, os profetas modernos advertem que encarar o casamento como


“mero contrato que pode ser feito por capricho (…) e desfeito à primeira di妬⻕culdade
(…) é um mal digno de severa condenação”, especialmente se isso causar
sofrimento aos 妬⻕lhos.2

Nos tempos antigos, e mesmo em alguns países que vivem sob leis tribais onde
hoje há membros da Igreja, os homens tinham a liberdade de divorciar-se da
esposa por qualquer motivo trivial. O Salvador rejeitou esse tipo de opressão
injusta às mulheres, quando declarou:

“Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas
mulheres; mas ao princípio não foi assim.

Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa
de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a
repudiada também comete adultério” (Mateus 19:8–9).

O tipo de casamento necessário para a exaltação — eterno em duração e divino


em termos de qualidade — nem sequer cogita o divórcio. Nos templos do Senhor,
os casais casam-se para toda a eternidade. Mas alguns casamentos não progridem
em direção a esse ideal. Por causa “da dureza de [nossos] corações”, o Senhor não
faz vigorar atualmente as conseqüências do padrão celestial. Ele permite que
pessoas divorciadas se casem de novo sem a mancha da imoralidade especi妬⻕cada
na lei maior. A menos que um membro divorciado tenha cometido transgressões
sérias, pode receber uma recomendação para o templo sob os mesmos padrões
de dignidade que se aplicam a outros membros.

II.
Há muitas pessoas, bons membros da Igreja, que se divorciaram. Dirijo-me primeiro
a elas. Sabemos que muitos de vocês são vítimas inocentes — membros cujo ex-
cônjuge quebrou diversas vezes convênios sagrados, abandonou suas
responsabilidades no casamento ou recusou-se a cumpri-las por um período maior
de tempo. Os membros que passaram por esse tipo de ultraje sabem por
experiência própria que existem coisas piores que o divórcio.

Quando o casamento morre e não há mais esperança de recuperação, é preciso


que haja um meio de terminá-lo. Vi exemplos disso nas Filipinas. Dois dias após seu
casamento no templo, um homem abandonou sua jovem esposa e não houve
notícias dele por mais de 10 anos. Certa mulher casada fugiu e conseguiu o divórcio
em outro país, mas o marido, que 妬⻕cou para trás, ainda está casado segundo as leis
妬⻕lipinas. Como nesse país o divórcio não está previsto na lei, essas vítimas
inocentes de abandono não têm meios de mudar seu estado civil e seguir adiante.

Sabemos que alguns olham para trás, para seu divórcio, e lamentam a culpa, parcial
ou predominante, que tiveram na separação. Todos os que já se divorciaram
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sabem a dor que isso traz e precisam do poder de cura e da esperança que emana
da Expiação. Esse poder de cura e essa esperança estão à disposição dessas
pessoas e de seus 妬⻕lhos.

III.
Agora me dirijo aos membros casados, especialmente àqueles que estão pensando
em divórcio.

Exorto-os com veemência, e também aos que os aconselham, a encarar a realidade


de que, para a maioria dos problemas conjugais, o remédio não é o divórcio e sim,
o arrependimento. Muitas vezes a causa não é incompatibilidade, mas o egoísmo.
O primeiro passo não é a separação, mas a mudança. O divórcio não é o remédio
para todos os males, e muitas vezes causa sofrimento duradouro. Um amplo
estudo internacional a respeito do grau de felicidade antes e depois dos “grandes
marcos da vida” concluiu que, em média, é muito mais fácil as pessoas conseguirem
voltar a ser felizes depois da morte do cônjuge do que depois do divórcio.3 Os
casais que esperam que o divórcio resolva os con奕嵐itos descobrem, com freqüência,
que a separação os agrava, pois a situação complexa que se segue ao divórcio —
principalmente se casal tem 妬⻕lhos — gera novos con奕嵐itos.

Pensem primeiro nos 妬⻕lhos. Como o divórcio separa os interesses dos 妬⻕lhos dos
interesses dos pais, eles são as primeiras vítimas. Estudiosos da vida familiar dizem
que a causa mais importante do declínio atual no bem-estar dos 妬⻕lhos é o
enfraquecimento que vem ocorrendo nos casamentos, pois a instabilidade familiar
diminui o envolvimento e a preocupação dos pais com relação aos 妬⻕lhos.4 Sabemos
que os 妬⻕lhos criados por apenas um dos pais após o divórcio correm um risco
muito maior de se envolver com drogas e alcoolismo, cair na promiscuidade sexual,
ter baixo desempenho escolar e de tornar-se vítimas de vários tipos de enganos.

O casal com problemas sérios no casamento deve procurar o bispo. Como juiz do
Senhor, ele dará conselhos e talvez aplique medidas disciplinares que levarão à
cura.

Os bispos não aconselham os membros a se divorciarem, mas podem ajudá-los


lembrando-os das conseqüências de suas decisões. Sob a lei do Senhor, um
casamento, como a vida humana, é algo precioso e vivo. Se nosso corpo está
doente, procuramos curá-lo. Não desistimos. Enquanto há esperança de vida,
procuramos a cura incessantemente. Devemos fazer o mesmo com relação ao
nosso casamento e, se buscarmos o Senhor, Ele nos ajudará e nos trará a cura.

Os santos dos últimos dias casados devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance
para preservar seu casamento. Devem seguir os conselhos para o enriquecimento
do casamento, contidos na mensagem da Primeira Presidência na Liahona de abril
de 2007.5 Para evitar a denominada “incompatibilidade”, marido e mulher devem
ser o melhor amigo um do outro, ser bondosos e atenciosos, sensíveis às
necessidades do companheiro, sempre buscando fazer o outro feliz. Devem ser

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parceiros nas 妬⻕nanças da família, trabalhando juntos para ajustar seus desejos por
coisas materiais.

É claro que pode haver momentos em que um dos cônjuges falha e o outro 妬⻕ca
magoado e sofre. Quando isso acontecer, o cônjuge ofendido não deve pesar na
balança apenas a decepção atual, mas também as coisas boas do passado e as
perspectivas mais promissoras para o futuro.

Não guardem mágoas passadas nem voltem a remoê-las. No relacionamento


conjugal, tornar-se cada vez mais amargo é destrutivo; perdoar é divino (ver D&C
64:9–10). Implorem a orientação do Espírito do Senhor para perdoar as ofensas
(como o Presidente Faust nos ensinou tão lindamente), sobrepujar falhas e
fortalecer o relacionamento.

Se vocês já estão chegando ao ponto de um casamento de aparências, peço que


dêem as mãos, ajoelhem-se juntos e implorem fervorosamente por ajuda e pelo
poder de cura da Expiação. Suas súplicas humildes, feitas em conjunto, vão
aproximá-los do Senhor e um do outro, além de ajudá-los na difícil jornada de volta
à harmonia conjugal.

Pensem nas observações a seguir, feitas por um sábio bispo com larga experiência
em aconselhar membros com problemas conjugais. Falando daqueles que
acabaram por divorciar-se, ele disse:

“Todos, sem exceção, casais ou indivíduos, disseram que reconheciam que o


divórcio não era uma coisa boa, mas todos insistiam que o caso deles era diferente.

Todos, sem exceção, concentraram-se no erro do outro e atribuíram pouca


responsabilidade ao próprio comportamento. Não havia mais comunicação.

Todos, sem exceção, olhavam para trás e não estavam dispostos a perdoar o
comportamento anterior do cônjuge e seguir em frente.

Alguns casos envolviam pecados graves, mas o que a妬⻕rmavam mais


freqüentemente era terem deixado de amar um ao outro, dizendo: ‘Ele não satisfaz
mais as minhas necessidades’ ou ‘ela mudou’.

Todos estavam preocupados com o efeito que isso teria nos 妬⻕lhos, mas a conclusão
era sempre a mesma: ‘é pior para eles que 妬⻕quemos juntos, brigando’”.

Por outro lado, os casais que seguiram o conselho do bispo e permaneceram


juntos tornaram seu casamento ainda mais sólido. Isso começou com um
compromisso mútuo de guardar os mandamentos, permanecer ativos na
freqüência à Igreja, ler as escrituras, orar e trabalhar quanto às próprias falhas. Eles
“reconheceram a importância e o poder da Expiação para o cônjuge e para si
mesmos”, e “foram pacientes e não cessaram de tentar”. O bispo relatou que,
sempre que os casais que aconselhou colocaram essas coisas em prática,
arrependeram-se e empenharam-se em salvar o casamento, “a cura foi alcançada
em 100% dos casos”.

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Mesmo aqueles que acham que o cônjuge é o único culpado não devem agir
precipitadamente. Um estudo relatou que “não foi encontrada nenhuma evidência
de que o divórcio ou a separação sempre tornem os adultos mais felizes do que se
permanecessem num casamento infeliz. Dois entre três adultos que não eram
felizes no casamento mas que evitaram divorciar-se relataram que cinco anos
depois continuavam casados e felizes”.6 Uma mulher que insistiu em manter um
casamento intolerável por muitos anos até que os 妬⻕lhos crescessem explicou:
“Havia três participantes em nosso casamento: meu marido, eu e o Senhor. Disse a
mim mesma que se dois de nós 妬⻕cassem 妬⻕rmes, permaneceríamos juntos”.

O poder da esperança demonstrado nesses exemplos às vezes é recompensado


com o arrependimento e a mudança, mas nem sempre isso acontece. Cada caso é
um caso. Não podemos controlar e não somos responsáveis pelas escolhas dos
outros, mesmo quando o impacto em nós é muito doloroso. Tenho certeza de que
o Senhor ama e abençoa os maridos e as esposas que tentam, com todo o amor,
auxiliar o cônjuge que luta com problemas tão sérios como pornogra妬⻕a ou outro
comportamento vicioso, ou ainda as conseqüências duradouras de maus-tratos ou
abusos na infância.

Seja qual for o resultado ou por mais difíceis que sejam suas experiências, vocês
têm a promessa de que as bênçãos de relacionamentos familiares eternos não lhes
serão negadas se vocês amarem o Senhor, cumprirem Seus mandamentos e
derem o melhor de si. Quando o jovem Jacó “sofreu a奕嵐ições e muita tristeza” devido
às ações de outros membros da família, seu pai, Leí, assegurou-lhe: “Conheces a
grandeza de Deus; e ele consagrará tuas a奕嵐ições para teu benefício” (2 Né妬⻕ 2:1–2).
De modo semelhante, o Apóstolo Paulo garantiu-nos que “todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28).

IV.
Para terminar, falarei brevemente àqueles que estão pensando em se casar. A
melhor forma de evitar o divórcio de um cônjuge in妬⻕el, que maltrata e não dá apoio
é evitar casar-se com essa pessoa. Se vocês desejam casar bem, então, procurem
bem. Conversas informais com uma pessoa ou troca de informações pela Internet
não são su妬⻕cientes como base para um casamento. Vocês precisam sair juntos e
depois namorar de modo cuidadoso, zeloso e consciente. Deve haver inúmeras
oportunidades de observar o comportamento do futuro cônjuge, nas mais variadas
situações. Os noivos devem conhecer tudo o que for possível sobre a família da
qual logo farão parte. Com tudo isso, devemos estar cônscios de que para um bom
casamento não é preciso que o homem nem a mulher sejam perfeitos. É preciso
apenas que esse homem e essa mulher se empenhem juntos na busca da
perfeição.

O Presidente Kimball ensinou: “Duas pessoas prestes a casar-se devem estar


cientes de que, para ter a união feliz que almejam, precisam saber que o
casamento (…) implica em sacrifícar-se, partilhar ou mesmo reduzir algumas
liberdades pessoais. Envolve economias longas e penosas. Envolve 妬⻕lhos que

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trazem fardos 妬⻕nanceiros, de serviço, preocupações e cuidados; mas também


envolve as emoções mais profundas e doces existentes”.7

Por experiência própria, testi妬⻕co que o casamento e a vida familiar são doces como
descritos na Proclamação ao Mundo sobre a família, quando o marido e a mulher
os fundamentam na “solene responsabilidade de amar-se mutuamente e amar os
妬⻕lhos, e de cuidar um do outro e dos 妬⻕lhos” e nos “ensinamentos do Senhor Jesus
Cristo”.8 Testi妬⻕co que Ele é nosso Salvador e oro, em Seu nome, por todos os que
lutam pelas bênçãos supremas de uma família eterna. Em nome de Jesus Cristo.
Amém.

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