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Notas de Aula 01 - CADD Prof.

Toti

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SOROCABA

CURSO DE PROJETOS MECÂNICOS

NOTAS DE AULA 01

INTRODUÇÃO A PARAMETRIZAÇÃO

PROF. FRANCISCO DE ASSIS TOTI

Sorocaba, SP

Março de 2011

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1. CONCEITUAÇÃO E APLICAÇÃO DA PARAMETRIZAÇÃO

A parametrização pode ser definida como a ação de determinar parâmetros de configuração


de um determinado sistema, cujos valores determinam as características de acordo com sua
necessidade. A modelagem sólida paramétrica permite que se crie modelo com dimensões
variacionais, a partir de um sketch matriz (2D). As dimensões podem ser ligadas através de
expressões matemáticas, permitindo à regeneração automática depois de alteradas as dimensões
relacionadas.
Para Peres et al. (2007) a parametrização é uma ferramenta poderosa e com grande difusão
nas indústrias. Através da parametrização é possível diminuir os custos com técnicos e
engenheiros. O tempo para confecção do projeto dos equipamentos parametrizados sofre um
decréscimo de aproximadamente 60%, pois alterando algumas dimensões, todo o desenho será
alterado automaticamente, sendo necessários alguns ajustes, como em legendas, indicações de
cortes, indicações de solda e alguma mudança na posição das cotas.

De acordo com Foggiatto (2007) a utilização de ferramentas computacionais para modelagem


de peças (sistemas CAD) faz parte da realidade da maioria dos setores de desenvolvimento de
produtos das empresas. Uma das vantagens na utilização de sistemas CAD 3D é que os modelos
são paramétricos, o que possibilita ganho de tempo durante as modificações do projeto. No
entanto, um problema encontrado nessa área é a falta de uma metodologia durante a fase da
modelagem, que, muitas vezes, leva a geração de modelos inadequados para utilização. Isto
dificulta a realização das modificações e dos possíveis reaproveitamentos dos modelos.
Para o planejamento da modelagem deve-se levar em consideração como o componente
mecânico será fabricado, pois as suas dimensões e geometria determinam o seu processo.
Baseado nisso, procurar inicialmente, desenhar o sketch matriz (2D) relacionando a geometria dos
detalhes com as dimensões totais, quanto ao posicionamento e dimensional. De preferência,
evitar diferentes detalhes em uma mesma etapa de modelagem. Quanto mais etapas tiverem na
árvore de trabalho, maior será o controle das alterações dimensionais que irão ser
parametrizadas.

2. METODOLOGIA

Nesta aula será realizada a parametrização de um eixo com seções variáveis, em função das
dificuldades de usar dimensões normalizadas, quando necessita, por exemplo, de abruptas
mudanças de seção. Estas mudanças são utilizadas geralmente para posicionamento de
componentes mecânicos e ocasionam concentração de tensões, que são minimizadas, utilizando
o raio de alívio de concentração de tensões (Ra). Seu processo de fabricação quase que na
totalidade é por usinagem (remoção de cavaco). Cabe ressaltar que, o termo eixo usualmente se

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refere a um componente mecânico rotativo, relativamente longo de seção transversal circular que
gira e transmite potência. Sobre ele estão montados elementos tais como rodas dentadas, polias,
cames, rolamentos, entre outros. No caso de sua montagem com elementos normalizados, após
devidamente dimensionado, considera-se a geometria desses elementos como parâmetros para
as suas dimensões finais.
Sendo assim, foi levando em consideração que o modelo geométrico do eixo escalonado
construído deverá deve ter sua geometria controlada em função das dimensões das seções,
lineares e raio de alívio de concentração de tensão, definidas conforme segue:

• D = diâmetro do eixo da seção maior


• d = diâmetro do eixo da seção menor
• Ra = raio de alívio de concentração de tensão
• Dimensões lineares - comprimento da total do eixo
- comprimento do eixo de seção maior
- comprimento do eixo de seção menor

A geometria dos chanfros nas pontas do eixo não será avaliada, em função de sua aplicação
ser restrita ao auxílio na montagem de outros componentes. A figura (1) mostra o desenho
projetivo do eixo escalonado e suas respectivas dimensões.

Figura 1. Desenho do eixo escalonado e suas respectivas dimensões.

Inicialmente foi construído no software SolidWorks o sketch matriz (esboço 01) do


eixo escalonado com os detalhes e as as dimensões totais, conforme mostra a figura (2).

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Figura 2. Sketch matriz (esboço 01) do eixo escalonado e suas respectivas dimensões.

Em seguida, foi gerado o modelo 3D do eixo e posteriormente será construído o


detalhe do chanfro, pois o mesmo deve ser modelado separadamente como feature e
preferencialmente, na fase final da modelagem. A figura (3) mostra o Modelo 3D gerado a
partir do Sketch matriz (esboço 01) do eixo escalonado.

Figura 3. Modelo 3D gerado a partir do Sketch matriz (esboço 01) do eixo escalonado.

Na sequência, é analisada a sua geometria, relacionando as dimensões envolvidas


entre si. Isto é possível em função do sistema CAD 3D/2D, dentre outros, ser planejado
para criar uma plataforma de variáveis associadas às feature, utilizadas na
parametrização do modelo ou mais especificamente de um detalhe do modelo.. A Tabela
1 mostra os nomes adotados para as variáveis e as suas respectivas relação.

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Tabela 1. Descrição das dimensões e suas respectivas variáveis.


Nome Variável Relação entre
cada variável
Comprimento total do eixo D1@esboço1 240 + 120 + 20
Comprimento do eixo de seção menor D2@esboço1 120
Comprimento do eixo de seção maior D3@esboço1 240
Diâmetro do eixo de seção maior D4@esboço1 40
Diâmetro do eixo de seção menor D5; D8@esboço1 30
Raio de alívio de concentração de tensão D6; D7@esboço1 40/30

Na etapa seguinte é feita a associação do Sketch matriz com a tabela 1, identificando


a relação entre as dimensões consideradas e as respectivas variáveis, utilizando a
ferramenta equações do software SolidWorks.. A figura (4) mostra em projeção ortogonal
o modelo 3D e a tabela, contendo as equações com suas respectivas dimensões e
variáveis.

Figura 4. Modelo 3D do eixo escalonado em projeção ortogonal e a tabela contendo as equações.

Na tabela das equações da figura (4) se tem para cada Ra uma equação, mesmo
apresentando o mesmo valor. Isto ocorreu, porque não foi utilizado o recurso da restrição
geométrica, ou seja, não foi relacionado que um raio deve ser igual ao outro. Deve-se
também, evitar a utilização de uma variável que já foi utilizada em equação anterior, para
evitar múltiplas reconstruções, podendo ocasionar a perda dos parâmetros de
parametrização do modelo A figura (5) mostra o eixo escalonado parametrizado e

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renderizado em perspectiva trimétrica.

Figura 5. Desenho do Modelo 3D parametrizado do eixo.

Após isso, é possível alterar os valores das dimensões no sketch matriz (esboço 01).
Como exemplos foram alteradas as dimensões do diâmetro (D) de 40 para 55 mm,
mantendo o valor de 30 mm para o d e o comprimento do eixo de seção menor em
balanço de 120 para 80 mm, conforme mostra a figura (6).

Figura 6. Sketch matriz (esboço 01) do eixo escalonado com as dimensões alteradas.

Nota-se que o raio de alívio de concentração de tensão (Ra) automaticamente foi

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alterado de 1,333 para 1,833, em função da alteração do diâmetro da seção maior, pois
quanto maior a diferença entre D/d, maior será a concentração de tensão,
conseqüentemente maior terá que ser o raio de alívio. Com a alteração do comprimento
do eixo de seção menor de 120 para 80 mm, automaticamente ocorreu à redução do
comprimento do eixo de seção maior e do comprimento total do eixo. A figura (7) mostra o
eixo parametrizado com as dimensões alteradas.

Figura 7. Modelo 3D do eixo escalonado parametrizado com as dimensões alteradas.

3. Exercício proposto

Para o desenho 2D no 3º diedro da figura 8:


- avaliar a cadeia de cotagem apresentada.
- construir o modelo 3D e a sua transição para o 2D cotado.
- parametrizar evitando múltiplas reconstruções.

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Figura 8. Desenho 2D no 3º diedro.

4. REFERÊNCIAS

1- Cheng, L.Y., Abe, C.V, Seabra, D. R., 2007, “Um Tutorial de CAD 3D Focado nos
Conceitos e nas Práticas do Projeto de Engenharia”, GRÁFHICA, Curitiba, Brasil.
2- Foggiatto, A. J., 2007, “Recomendações para Modelagem em Sistemas CAD – 3D.
Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação, 4a COBEF, Estância de São
Pedro, Brasil.
3- Iyer, R.G. e Mills, J.J., 2006, “Design Intent in 2D CAD: Definition and survey.
Computer-Aided Design & Applications”, vol. 3, Nos. 1-4, pp 259-267.

4- Peres, P.M., Hayana, A.O.F. e Velasco, A.D.,2007, “A Parametrização e a


Engenharia”, GRÁFHICA, Curitiba, Brasil.

5- Speck, J.H., 2005, “Proposta de Método para Facilitar a Mudança das Técnicas de
Projetos: da Prancheta à Modelagem Sólida (CAD) para Empresas de Engenharia
de Pequeno e Médio Porte. Tese de Doutorado; UFSC-Engenharia de Produção,
Florianópolis, Brasil.

6- Toti, F.A., Martins, I.M. e Silva, A.D., 2008, “A Integração da Computação Gráfica
no Ensino-Aprendizagem do Desenho Técnico”, XXXVI Congresso Brasileiro de
Educação em Engenharia, São Paulo, Brasil.
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