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Rio de Janeiro, 13 de Setembro de 2022.

À
CONVENÇÃO BATISTA CARIOCA
A/c: Diretoria

“Porque nada podemos contra a verdade, porém, a favor da


verdade”. (II Cor.13:8)

Prezados Irmãos e Irmãs da Convenção Batista Carioca (CBC),


Paz e Graça sobre cada um de vocês e suas casas.
Há cerca de três semanas, sinalizei à Assessoria de Finanças do
Conselho da CBC, em sua reunião, meu forte desejo de renunciar ao mandato.
Na minha leitura, a ausência de um fluxo de informações cruciais, tornava
excruciante a experiência da liderança da CBC, especialmente na busca de
solução para problemas que se arrastam há anos. Naquele momento, não
efetivei a decisão, pois foi-me pedido para antes nos reunirmos, em caráter
informal, com o Conselho da Convenção. A mim, sempre me pareceu que tais
dificuldades poderiam estar ligadas ao visível desconforto, por setores da
denominação, com minha eleição em final de Outubro de 2021.
Tais setores, silentes num primeiro momento, retornaram a fala por
ocasião do meu pronunciamento em caráter estritamente pessoal e intransferível
no Encontro do Ex-Presidente Lula com Evangélicos na última sexta-feira
(09/09), na cidade de São Gonçalo (RJ). O convite, feito por uma amiga na
véspera do evento, não foi dirigido à CBC, mas a mim, o que se confirma até
pelos trajes casuais que vestia. Nem mesmo sabia de antemão que, além de
convidado a ir, também seria convidado para uma breve fala.
O vídeo, se visto na íntegra, atesta que me pronunciei como um batista
que sou. Em nenhum momento falei, ou pretendi falar, pelos batistas sejam eles
da CBC ou da CBB, o que coaduna com minha formação e lastro
denominacional. Desta feita, respeitei tanto o Princípio da Liberdade de
Consciência e Expressão, quanto o Princípio de Separação entre Igreja e
Estado.
Aproveitei a rara oportunidade que me foi dada para exortar, a partir das
Sagradas Escrituras, os candidatos. Falei de Justiça Social. Denunciei a
mendicância que violenta nossos compatriotas e avilta a Deus.
De igual modo não contaminei o espaço religioso: o templo. Não profanei
o sagrado: o culto. Tampouco violei a consciência de qualquer congregação.
Estava em um clube, em um evento político, com cidadãos e cidadãs de variados
matizes de fé e ideologias.
Apenas a título de exemplo, meu procedimento foi exatamente o mesmo
quando, em um evento no final de junho, por conta de um convite feito por um
amigo, estive em um encontro em que o Deputado Hélio “Bolsonaro” Lopes,
candidato à reeleição, foi homenageado.
Naquela ocasião, fui chamado para compor a mesa e, quando — sem
saber de antemão que falaria — foi-me dada a palavra, me apresentaram como
Presidente da CBC. De igual modo, falei como Batista e não em nome dos
batistas.
Por isso, me parece fácil concluir que o problema nunca esteve em —
alheio à minha vontade — ser apresentado como Presidente da CBC, e muito
menos no conteúdo da minha fala como cidadão, e sim para quem eu falei.
Digo isto porque ao longo dos últimos doze anos, de maneira geral, os
batistas convencionais não condenaram os pronunciamentos contra alguns
partidos políticos e seus quadros, antes permitiram acenos ao espectro político
mais à direita, tolerando inclusive a fala presidencial em Assembleia. Tão pouco
condenaram o apoio de líderes denominacionais à candidatos.
Isto posto, com a lisura e desapego a cargos com que sempre me
conduzi, e visando pacificar a Convenção Batista Carioca, renuncio, em caráter
irrevogável, ao meu mandato de Presidente da Convenção Batista Carioca.
Em Cristo, Justiça nossa, fraternalmente,

Pr. Sérgio Dusilek

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