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Fundamentos Da Química Orgânica
Fundamentos Da Química Orgânica
Química
Orgânica
Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Prof. Alexsandro Nunes Colim
C696f
Colim, Alexsandro Nunes
Fundamentos da química orgânica. / Alexsandro Nunes Colim –
Indaial: UNIASSELVI, 2022.
242 p.; il.
ISBN 978-65-5663-774-7
ISBN Digital 978-65-5663-775-4
1. Química Orgânica. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da
Vinci.
CDD 540
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina de Fundamentos
da Química Orgânica. Neste livro, veremos que, ao longo da evolução humana,
buscamos entender sua própria existência. Por muitos anos, um dos nossos principais
questionamentos foi direcionado à compreensão da formação do universo, da natureza,
dos objetos e da matéria que nos cercam. Nessa jornada, filósofos e cientistas
entrelaçaram seus questionamentos e conhecimentos. No século XVII, a química já
despontava como uma importante área de investigação científica, mas foi no final do
século XVIII que a química orgânica revelou grandes conhecimentos à humanidade. O
objetivo deste livro é facilitar o entendimento dos principais conceitos que norteiam a
química orgânica e elucidar seu papel no dia a dia.
Para que os conteúdos sejam abordados de maneira clara, este material foi
dividido em três unidades. Na Unidade 1, faremos um sobrevoo na história da química
orgânica, entrando em contato com as personalidades que influenciaram e determinaram
a base do conhecimento que, hoje, temos disponível. Além disso, estudaremos alguns
aspectos gerais sobre o carbono, elemento central da química orgânica, e conceitos
fundamentais para a compreensão estrutural das cadeias carbônicas. Será apresentada
uma introdução da nomenclatura de compostos orgânicos e do estudo das funções
orgânicas, com destaque aos compostos formados (exclusivamente) por átomos de
carbono e hidrogênio, chamados de hidrocarbonetos.
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
TÓPICO 3 - HIDROCARBONETOS........................................................................................ 49
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 49
2 ALCANOS........................................................................................................................... 49
2.1 A PRESENÇA DOS ALCANOS EM NOSSA VIDA..............................................................................50
2.2 NOMENCLATURA DOS ALCANOS....................................................................................................50
3 ALCENOS E DIENOS.......................................................................................................... 55
3.1 A PRESENÇA DOS ALCENOS E DIENOS EM NOSSA VIDA..........................................................56
3.2 NOMENCLATURA DOS ALCENOS E DIENOS................................................................................. 57
4 ALCINOS............................................................................................................................ 60
4.1 A PRESENÇA DOS ALCINOS EM NOSSA VIDA................................................................................61
4.2 NOMENCLATURA DOS ALCINOS.......................................................................................................61
5 CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS................................................................................. 62
5.1 A PRESENÇA DOS CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS EM NOSSA VIDA................................62
5.2 NOMENCLATURA DOS CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS.......................................................63
6 HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS................................................................................ 64
6.1 A PRESENÇA DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS EM NOSSA VIDA...............................65
6.2 NOMENCLATURA DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS..................................................... 67
6.3 CLASSIFICAÇÃO DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS.......................................................69
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................................. 71
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................78
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................159
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 242
UNIDADE 1 -
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS DA
QUÍMICA ORGÂNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA
DO CARBONO
1 INTRODUÇÃO
No decorrer de anos de investigações científicas, a química tem realizado impor-
tantes contribuições para o avanço da humanidade. Os cientistas descobriram que, na
natureza, são encontrados muitos elementos químicos e que é a partir da combinação
deles que se tem a origem e a formação dos diferentes materiais e objetos disponíveis no
dia a dia. Há cerca de 200 anos, o despontar da química orgânica aguçou a mente de uma
importante parcela dos cientistas da época, embora tenha sido somente no final do século
XIX que a química orgânica obteve grande destaque, influenciando a economia global.
3
2 HISTÓRIA DA QUÍMICA: UM SOBREVOO SOBRE A
EVOLUÇÃO DA QUÍMICA ORGÂNICA
Há quem diga que a história da química teve início com o homem primitivo, ao
dominar o fogo e modificar sua forma de alimentação. Naquele tempo, provavelmente,
as descobertas eram feitas ao acaso e o conhecimento era lentamente repassado de
geração em geração. Com o passar dos séculos e a sofisticação do intelecto, o ser
humano começou a questionar sua existência e a formação da natureza, dos objetos
e da matéria que o cercam. Nessa jornada, filósofos e cientistas entrelaçaram seus
questionamentos e conhecimentos para cunhar o termo átomo.
Durante a Idade Média, difundiu-se entre diversos povos (chineses, hindus, egípcios,
árabes e europeus) o conhecimento da alquimia. Uma forma de pensar originária da arte
egípcia (de mistérios e ocultismo) praticada em Alexandria (Egito), a khemeia, raiz da palavra
Química. A isso tudo, somou-se o conhecimento de diversos sábios, como Aristóteles (um
renomado filósofo grego) que acreditava na combinação de quatro “elementos” básicos:
fogo, terra, ar e água, para a geração de todas as coisas. Por muito tempo, os alquimistas
buscaram a “pedra filosofal”, para transformar o chumbo (homem) em ouro (um sábio
detentor do conhecimento) e encontrar o elixir da vida eterna. Apesar de (até onde se sabe)
não terem alcançado esse objetivo, os alquimistas foram os pioneiros no desenvolvimento
de técnicas de laboratório, como a destilação e a sublimação, que são usadas até hoje na
química moderna (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017).
DICAS
A professora Lucia Helena Galvão é uma ilustre filósofa brasileira, que
ministra palestras (disponíveis no YouTube, no canal Nova Acrópole Brasil)
que nos convidam à reflexão, a revisitar o passado e a olhá-lo sob uma nova
perspectiva. Para aprofundar o seu conhecimento sobre alquimia, assista à
palestra A alquimia na Idade Média, disponível em: https://bit.ly/3Jw1ufI.
4
do século XVII – Iluminismo) adotou o uso da balança como ferramenta de precisão quali
e quantitativa. Em seus estudos, Lavoisier comprovou que muitos compostos originados
dos seres vivos apresentavam uma característica em comum: eram formados por
carbono (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017).
5
DICAS
Para aprofundar seu conhecimento sobre a história da química orgânica,
leia o artigo Vinte e cinco anos de reações, estratégias e metodologias em
química orgânica, disponível em: https://bit.ly/3Bp5NXa.
NOTA
Você já se perguntou por que o carbono é tão importante a ponto de
existir uma área de estudo (focada) nas propriedades desse elemento?
Segundo a Teoria do Octeto, todo e qualquer átomo busca uma forma estável de
existir na natureza, devendo, para isso, apresentar oito elétrons na camada de valência, ou seja,
um comportamento semelhante ao de um gás nobre (SOLOMONS, 2002). Aprofundaremos
6
nosso conhecimento sobre esse tema mais adiante, ao tratar da hibridização. Por ora, é
importante entender que a tetravalência do carbono lhe garante a capacidade de realizar
quatro ligações covalentes, além de essa característica ser considerada o primeiro postulado
de Kekulé (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004). Na Figura 1 (B e C), podemos observar
detalhadamente o compartilhamento de elétrons entre os átomos (carbono e hidrogênio)
presentes na estrutura molecular do composto orgânico chamado metano (CH4).
A B C
Distribuição eletrônica Fórmula eletrônica de Fórmula estrutural de
carbono (z = 6) Lewis, do metano Kekulé, do metano
FONTE: Adaptada de Feltre (2004)
FONTE: O autor
7
FIGURA 3 – A REPRESENTAÇÃO DE LIGAÇÕES DUPLAS E TRIPLAS FORMADAS PELO ÁTOMO DE CARBONO
LIGAÇÕES DUPLAS
LIGAÇÕES TRIPLAS
DICA
Apesar de Kekulé colocar o carbono como elemento central da química
orgânica, atualmente, sabe-se que há outros elementos inseridos na
estrutura dos inúmeros compostos orgânicos existentes, sendo os
principais elementos: oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo e halogênios
(flúor, cloro, bromo iodo). Naturalmente, ainda, podem ser encontrados
alguns elementos metálicos, como ferro, cobre, manganês e zinco.
8
FIGURA 4 – EXEMPLOS DE ALGUMAS CADEIAS CARBÔNICAS EXISTENTES
FONTE: O autor
9
FIGURA 5 – EXEMPLOS DOS ÁTOMOS DE CARBONO DE UMA CADEIA CARBÔNICA: CARBONO PRIMÁRIO
(A); CARBONO SECUNDÁRIO (B); CARBONO TERCIÁRIO (C); E CARBONO QUARTENÁRIO (D)
A B
C
D
FONTE: Adaptada de Feltre (2004)
10
De acordo com os modelos atômicos existentes, consideramos que todos
os átomos são formados por um núcleo e uma eletrosfera. É necessário entender
que o núcleo é formado por partículas atômicas positivas e neutras, chamadas,
respectivamente, de prótons e nêutrons. Já a eletrosfera apresenta partículas
subatômicas de carga elétrica negativa, chamadas de elétrons. Durante o século XX,
muitos cientistas tentavam compreender as propriedades atômicas e, em 1911, Ernest
Rutherford descobriu que o núcleo dos átomos é uma pequena e densa região central e
que a eletrosfera é uma região extremamente volumosa (e vazia). É importante lembrar
que os prótons e nêutrons possuem massas (relativamente) iguais, que são 1.836 vezes
maiores que a massa do elétron. A Figura 7 mostra a representação do modelo nuclear
para o átomo de carbono, sendo possível observar um pequeno centro ocupado por seis
prótons e seis nêutrons (núcleo de carga elétrica positiva), rodeados por seis elétrons
dispersos em uma nuvem volumosa (nuvem eletrônica de carga negativa).
FONTE: O autor
11
Em 1924, Louis de Broglie propôs a hipótese de que as partículas subatômicas
possuem comportamento dual, ou seja, em determinados momentos, elas se comportam
como partícula e, em outros, como onda, não sendo possível descrevê-las através das leis
da mecânica clássica. A explicação para a dualidade onda-partícula (também chamada
de dualidade onda-corpúsculo ou dualidade matéria-energia) somente foi possível com o
avanço da mecânica quântica. Em 1927, Werner Heinseberg propôs que todos os sistemas
quânticos são regidos por um “Princípio da Incerteza”, no qual as propriedades de uma partícula
atômica não podem ser determinadas simultaneamente. De acordo com Heinseberg, não
podemos afirmar (com exatidão) a localização (no espaço) e sua velocidade (no tempo) de um
elétron em um mesmo instante, ou seja, quanto maior for a precisão da posição do elétron,
menor será a precisão da medida de sua velocidade e vice-versa (ORCHIN et al., 2005).
ATENÇÃO
Antes de observarmos um sistema quântico, suas informações são
indeterminadas, mas, ao serem observadas, é possível localizá-las e
medi-las. Assim, podemos dizer que a função de onda sofreu um colapso,
mostrando um de seus possíveis estados – em outras palavras, o que
determina se uma entidade quântica é uma onda ou uma partícula é o
próprio ato da observação.
12
4.1.1 Número quântico principal (n)
O número quântico principal (n) define o nível (ou camada) de energia ocupado pelo
elétron. De acordo com o modelo atômico de Rutherford-Bohr, os elétrons presentes em
um átomo movimentam-se ao redor do núcleo em órbitas circulares, com quantidades de
energia bem definidas, as quais são chamadas de níveis de energia ou camadas eletrônicas.
Para os elementos conhecidos até o momento, existem sete níveis de níveis de energia, que
podem ser representados pelas letras K, L, M, N, O, P e Q, indo da camada mais próxima ao
núcleo para a mais distante. Numericamente, essas camadas podem ser representadas por
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; ORCHIN et al., 2005).
• O orbital do tipo s possui forma esférica, assim, é possível uma única orientação
espacial, originando um único valor possível para o número quântico magnético,
que será igual a 0.
• Orbitais do tipo p possuem a forma de um duplo “ovoide”, apresentando três
orientações espaciais possíveis, originando três números magnéticos, dados por -1,
0 e +1.
• Orbitais do tipo d apresentam cinco orientações espaciais possíveis, originando os
13
números magnéticos, dados por -2, -1, 0 +1 e +2.
• Orbitais do tipo f apresentam sete orientações espaciais possíveis, originando os
números magnéticos: -3, -2, -1, 0 +1, +2 e +3.
FONTE: O autor
14
4.1.4 Número quântico spin (s ou ms)
O número atômico magnético de spin (ms) indica o sentido da rotação do
elétron no orbital. De acordo com o Princípio da Exclusão de Pauli, os orbitais atômicos
conseguem comportar um máximo de dois elétrons, porque giram em sentidos opostos,
o que causa uma força magnética de atração (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005;
ORCHIN et al., 2005). Assim, o magnetismo em razão do spin de um elétron é anulado
pelo magnetismo do spin oposto, gerando um sistema estável.
Sabemos que o carbono possui número atômico (Z) igual a seis, indicando que possui
seis elétrons para serem distribuídos nas camadas eletrônicas. É importante entender que cada
camada comporta um número máximo de elétrons (K = 2, L = 8, M = 18, N = 32, O = 32, P = 18 e Q
= 8). Somente ao completar uma camada, a distribuição segue para o nível subsequente. Tendo
isso em mente, a distribuição eletrônica do carbono pode ser descrita da seguinte forma:
15
Para determinarmos os quatro números quânticos (de qualquer elemento
químico), primeiramente, devemos realizar a sua distribuição eletrônica segundo o
Diagrama de Linus Pauling. Dessa forma, encontraremos o nível energético e os tipos
de orbitais presentes na camada de valência. No exemplo anterior, podemos observar
que o átomo de carbono apresenta os elétrons mais energéticos, distribuídos no nível
dois e, por isso, possui número quântico principal dado por n = 2. Na forma elementar,
seus dois elétrons mais energéticos estão inseridos num orbital do tipo p, gerando um
número azimutal dado por l = 1. Para descobrir o número quântico magnético e o spin,
precisamos observar como ocorre a distribuição dos elétrons mais energéticos (2p2) nos
orbitais p. Assim, fica fácil concluir que o número quântico magnético é dado por ml = 0
e que, por possuir spin voltado para cima, ms é igual a -1/2.
NOTA
Você sabe o que é hibridização e por que esse fenômeno é
tão importante para o carbono?
16
Na Figura 9, o orbital p comporta seis elétrons, mas há somente dois, ou seja, dois
deles estão incompletos e um está vazio. Segundo Linus Pauling, o número de orbitais
incompletos determina o número de ligações covalentes necessárias para a estabilidade
elétrica do átomo. Assim, poderíamos dizer que o carbono realiza somente duas ligações
covalentes, mas não é isso o que ocorre, pois sabemos que o carbono é tetravalente.
Então, ao receber energia do meio externo, os elétrons de valência do carbono são excitados,
tornando-se energeticamente capazes de migrarem (saltarem) do orbital s (2s2) para o
orbital p vazio, do mesmo subnível, originando quatro orbitais semipreenchidos. A união do
orbital s com os três orbitais p, configura o fenômeno de hibridização (SOLOMONS, 2002).
Existem três tipos possíveis de hibridização para o átomo de carbono: Sp3, Sp2
e Sp, as quais dão origem a ligações sigma (σ) e pi (π). Ligações sigma são originadas
quando os orbitais atômicos se interpenetram no mesmo eixo, como ocorre nas ligações
simples. Já as ligações pi são originadas quando os orbitais atômicos se interpenetram
em eixos paralelos, como ocorre nas ligações duplas e triplas (SOLOMONS, 2002).
17
FIGURA 10 – ESQUEMA DAS ETAPAS PARA A HIBRIDIZAÇÃO DE UM CARBONO Sp3
No final desse processo, os orbitais degenerados Sp2 dão origem a três ligações
simples do tipo sigma (σ), enquanto o orbital p “puro” origina uma ligação do tipo pi (π).
É importante destacar que as ligações duplas são formadas por uma ligação σ e uma π;
assim, a hibridização Sp2 torna o carbono apto a fazer uma ligação dupla e duas ligações
simples (SOLOMONS, 2002).
18
FIGURA 12 – ESQUEMA DAS ETAPAS PARA A HIBRIDIZAÇÃO DE UM CARBONO SP
INTERESSANTE
Cada elétron integrante de uma ligação covalente, inicialmente atraído apenas pelo
seu próprio núcleo, passa a ser atraído pelo núcleo do outro átomo que participa da
ligação. Esse processo diminui os efeitos de repulsão eletrostática, tornando o sistema
mais estável e menos energético. No entanto, para que a sobreposição dos orbitais (e,
consequentemente, a ligação covalente) ocorra, os dois átomos envolvidos precisam estar
a uma determinada distância entre si. Se estiverem muito distantes, dificilmente ocorrerá a
sobreposição de seus orbitais; já a aproximação extrema leva à repulsão entre os núcleos
positivos dos dois átomos. Assim, uma distância ideal é definida para que seja possível
sobrepor os orbitais atômicos dos átomos e para que a energia do sistema seja mínima
(não havendo problemas de repulsão). Essa distância específica ideal é definida como
comprimento de ligação e é característica de cada ligação covalente (FELTRE, 2004; CANTO;
PERUZZO, 2006). Na tabela a seguir, podemos observar alguns valores do comprimento de
ligação comumente encontrados em compostos orgânicos.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As ligações realizadas pelo carbono podem ser: ligações simples, duplas e triplas,
as quais são explicadas pelo fenômeno da hibridização, ou seja, pela formação de
orbitais híbridos do tipo Sp3, Sp2 e Sp.
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AUTOATIVIDADE
1 Atualmente, estima-se a existência de cerca de 20 milhões de compostos orgânicos
que participam de inúmeras funções vitais aos organismos animal e vegetal, além de
comporem diversos materiais presentes no cotidiano, como medicamentos, corantes,
cosméticos, produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica, tintas, borrachas e
produtos derivados do refino do petróleo (plástico, combustíveis e asfalto), entre outros.
Todos eles possuem uma característica comum: são formados por átomos de carbono.
Disserte sobre as razões que possibilitam essa diversidade de compostos orgânicos.
a) ( ) V – V – V – F – F.
b) ( ) V – F – V – F – V.
c) ( ) V – F – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – F – F.
e) ( ) F – F – V – F – V.
21
3 O ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) é um composto orgânico, que age como
agente quelante, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos.
Observando a estrutura do EDTA da figura a seguir, são encontradas quantas unidades
de carbono Sp3, Sp2 e Sp?
FONTE: O autor
22
Assinale a alternativa CORRETA:
23
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE
COMPOSTOS ORGÂNICOS
1 INTRODUÇÃO
No estudo da química orgânica, assim como o na química como um todo, muitas
vezes, nos deparamos com conceitos e assuntos abstratos, e outras tantas situações
difíceis de serem naturalmente visualizadas. Por exemplo, os átomos e as moléculas são
estruturas que fogem a nossa capacidade de percepção visual, pois estão numa escala
de tamanho muito diminuto (na ordem de angstrom, 1x10–10 metros). Para facilitar o nosso
aprendizado, os cientistas criaram inúmeras estratégias para representar visualmente
esses fenômenos e, assim, surgiram os modelos atômicos, as estruturas moleculares e
as equações que descrevem as reações de transformação da matéria.
Como foi possível perceber anteriormente, a química orgânica oferece uma in-
finidade de substâncias, além das ferramentas necessárias para que o nosso conheci-
mento possa ser utilizado em benefício da humanidade. Neste tópico, utilizaremos as
representações moleculares para visualizar como as moléculas dos compostos orgâni-
cos são rearranjadas na natureza. Desse modo, abordaremos alguns conceitos funda-
mentais para a compreensão estrutural dos inúmeros compostos orgânicos existentes,
bem como para a classificação de cadeias carbônicas.
26
Conhecendo a necessidade de elétrons para cada elemento presente na molécula,
devemos lembrar que os átomos interagem entre si através de ligações simples (−, com-
partilhamento de dois elétrons), duplas (=, compartilhamento de quatro elétrons) e triplas
(≡, compartilhamento de seis elétrons). A seguir, estudaremos algumas formas de represen-
tação estrutural das moléculas orgânicas, também chamada de fórmula estrutural.
Podemos notar que, na fórmula de Lewis, todos os elétrons de valência são repre-
sentados na estrutura, porém, somente os elétrons compartilhados (entre dois átomos) são
sinalizados por círculos indicando a formação de uma ligação covalente. Os demais elétrons
são agrupados, dois a dois, indicando os pares de elétrons livres presentes no elemento.
Apesar de descrever satisfatoriamente as estruturas de compostos orgânicos, a fórmula de
Lewis é usualmente utilizada para a representação de compostos inorgânicos.
27
FIGURA 15 – FÓRMULA DE KEKULÉ
28
zague. Caso exista algum heteroátomo (átomo diferente de carbono e hidrogênio),
ele deverá ser escrito (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). Para
compreender melhor, a Figura 17 apresenta algumas fórmulas condensadas lineares.
IMPORTANTE
É importante destacar que, todos os tipos de representação
mencionados até aqui permitem a visão em duas dimensões (2D), no
entanto as inúmeras moléculas raramente são encontradas na forma
espacial plana. Por isso, você pode se deparar com representações
distintas para as ligações químicas, na qual se busca a ideia de uma
visão espacial tridimensional (3D). Assim, são escritas fórmulas em
perspectiva, onde as ligações indicam se o átomo está no plano do
papel (traço normal), à frente do plano (cunha cheia) ou atrás do plano
(cunha tracejada) (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
A B
FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3sEnluk>. Acesso em: 14 out. 2021.
29
3 CLASSIFICAÇÃO DE CADEIAS CARBÔNICAS
Anteriormente, vimos que os compostos orgânicos podem conter átomos diferentes
de carbono e hidrogênio, embora sua estrutura principal, seu “esqueleto”, seja formada
pelo encadeamento de átomos de carbono. Na química, denominamos essa estrutura de
cadeia carbônica (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). Por existirem inúmeras moléculas
orgânicas, existem inúmeros tipos, formas e formatos de cadeias carbônicas, as quais são
classificadas de acordo alguns critérios, conforme descrito a seguir.
Cadeia alifática: ocorre quando a cadeia carbônica possui duas ou mais extremida-
des livres. Nessa estrutura, o encadeamento dos átomos não sofre fechamento, por
isso também são chamadas de cadeia aberta ou, ainda, acíclica.
Cadeia cíclica: ocorre quando a cadeia carbônica apresenta fechamento da sua es-
trutura, levando à formação de um ciclo, também chamado de anel. Essas estruturas
também são chamadas de cadeia carbônica fechada.
Aromática: ocorre quando o ciclo de carbonos possui ligações duplas alternadas com
ligações simples, chamado de anel aromático ou anel benzênico.
Aromático mononuclear Aromático polinuclear
FONTE: O autor
30
É importante destacar que as cadeias aromáticas podem, ainda, ser divididas
em mononucleares (contêm um único anel) ou polinucleares (contêm dois ou mais
anéis). As polinucleares podem ainda ser subdivididas em isoladas (quando os anéis
não possuem átomos de carbono compartilhados) ou condensadas (quando os anéis
compartilham átomos de carbono).
INTERESSANTE
O benzeno foi descoberto, em 1825, pelo cientista Michael Faraday ao estudar a composição
química do gás de iluminação usado (na época) em Londres. Em 1834, o cientista Eilhardt
Mitscherlich conseguiu determinar que a molécula era formada por seis átomos de carbono e seis
de hidrogênio (C6H6). No entanto, não conseguiam determinar a fórmula estrutural do benzeno.
Somente em 1866, inspirado por um sonho com Ouroboros (símbolo místico da eternidade,
em que uma serpente morde a própria cauda), August Kekulé propôs a estrutura química
que, hoje, conhecemos como benzeno. O texto a seguir foi extraído de um discurso feito
por ele, em 1890, em comemoração ao 25º aniversário do anúncio da fórmula do benzeno:
31
FIGURA – ANEL HEXAGONAL, SEMELHANTE A UMA SERPENTE
Assim, Kekulé propôs que o benzeno apresentava os seis átomos de carbono (junto aos
seis átomos de hidrogênio), que se uniam formando um anel hexagonal, semelhante
à serpente mordendo a própria cauda. Na hipótese original, os átomos de
carbono faziam ligações simples entre si. Pouco tempo depois, essa hipótese
foi aperfeiçoada adicionando-se a alternância das ligações duplas e simples
carbono-carbono – antecipando a ideia da ressonância do anel benzênico,
que surgiria somente em 1930.
FONTE: BOYD, E.; MORRISON, R. Mol. In: BOYD, E.; MORRISON, R. Química orgâni-
ca. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. p. 701.
32
Cadeia ramificada: ocorre quando conseguimos visualizar mais de duas extremidades.
Nessa estrutura, surgem ramificações (ramos que bifurcam a cadeia principal)
facilmente identificadas pela presença de carbonos terciários ou quaternários.
FONTE: O autor
DICAS
Nas moléculas que apresentam cadeia carbônica ramificada, a estrutura
formada pelo maior número de carbonos ligados entre si é denominada de
cadeia principal. É dessa estrutura principal que partem os ramos, ou seja, as
estruturas menores.
33
Cadeia insaturada: ocorre quando a cadeia carbônica apresenta ao menos uma
ligação dupla ou tripla (chamadas de insaturação) entre átomos de carbono.
FONTE: O autor
DICAS
A classificação “cadeia insaturada” somente deve ser atribuída às moléculas
que apresentam ligações duplas (ou triplas) entre átomos de carbono. Se a
insaturação for realizada com outros elementos (por exemplo, nitrogênio e
oxigênio), a cadeia carbônica deve ser classificada como saturada.
34
Cadeia heterogênea: ocorre quando outros elementos (além de carbono e hidrogênio)
estão presentes na cadeia carbônica principal. Os heteroátomos comumente
encontrados são oxigênio, nitrogênio e fósforo.
FONTE: O autor
ATENÇÃO
Algo muito importante que precisamos entender é que as quatro classificações descritas
anteriormente são independentes, ou seja, uma não exclui a outra. Dessa forma, uma molécula
pode ser classificada como cadeia aberta, normal, insaturada e homogênea. Para facilitar a sua
compreensão, observe os exemplos a seguir:
FONTE: O autor
35
Para compreender como é realizada a classificação de uma cadeia carbônica, utilizaremos
um exercício prático. Para isso, observe a estrutura química da molécula orgânica a seguir:
FONTE: O autor
FONTE: O autor
36
4 RESUMO DA CLASSIFICAÇÃO DE CADEIA CARBÔNICA
A Figura 20 apresenta um resumo sobre a classificação de cadeias carbônicas.
FIGURA 20 – CLASSIFICAÇÃO DE CADEIAS CARBÔNICAS
FONTE: O autor
37
5 INTRODUÇÃO À NOMENCLATURA DE COMPOSTOS
ORGÂNICOS
Atualmente, sabe-se que existem mais de 19 milhões de compostos orgânicos
inseridos no dia a dia. Além disso, muitos desses compostos têm estruturas e proprie-
dades (físicas e químicas) semelhantes, tornando essencial a sua correta identificação
(FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006). Isso é feito através do uso de uma nomencla-
tura. No entanto, não basta estabelecer uma nomenclatura de uso local.
INTERESSANTE
Até meados do século XIX, os compostos orgânicos eram nomeados de
acordo com sua origem. Para se ter uma ideia, a ureia recebeu esse nome
por ter sido obtida através da urina; o ácido láctico, por ser oriundo do
leite; e o ácido fórmico, da destilação de formigas vermelhas.
38
QUADRO 6 – NOMENCLATURA IUPAC COMPOSTOS ORGÂNICOS
INFIXO
PREFIXO SUFIXO
Tipo de ligação
Quantidade de átomos + + Função orgânica
entre átomos de
de carbono presentes na presente na molécula
carbono da cadeia
cadeia carbônica principal (terminação)
carbônica principal
AN O
Somente ligações Hidrocarboneto
1 = MET simples
2 = ET OL
3 = PROP EN Álcool
4 = BUT Uma ligação dupla
5 = PENT AL
6 = HEX IN Aldeído
7 = HEPT Uma ligação tripla
8 = OCT ONA
9 = NON DIEN Cetona
10 = DEC Duas ligações duplas
ÓICO
TRIEN Ácido carboxílico
Três ligações duplas
FONTE: O autor
ATENÇÃO
Para facilitar a classificação dos inúmeros compostos orgânicos, a química orgânica os dividiu
em funções orgânicas, sendo cada uma delas caracterizada por um grupo funcional. Por
exemplo, se o composto é formado apenas por átomos de carbono e hidrogênio, significa que
ele pertence ao grupo dos hidrocarbonetos. Se apresentar o grupo funcional OH ligado a um
átomo de carbono, dizemos que ele é um álcool, e assim por diante. Cabe ainda destacar que os
compostos pertencentes ao mesmo grupo possuem propriedades físico-químicas semelhantes.
39
Como determinamos a nomenclatura?
• O primeiro passo é contar o número de átomos de carbono presentes na estrutura.
Nessa fórmula, há quatro átomos de carbono na cadeia; assim, o seu prefixo é BUT.
• Agora, analisamos os tipos de ligações existentes entre os carbonos. Nesse caso,
todos os átomos de carbono fazem ligações simples entre si, ou seja, há somente carbonos
saturados e, portanto, o infixo é AN.
• Por último, determinamos a qual função orgânica o composto pertence.
Observa-se que a estrutura é formada, única e exclusivamente, por átomos de
carbono e hidrogênio, o que significa que esse composto pertence ao grupo
dos hidrocarbonetos e, portanto, seu sufixo será a terminação O.
• Existem dois casos (excepcionais) que possuem uma palavra antes do prefixo: os
compostos de cadeia fechada, em que devemos escrever primeiro a palavra “ciclo”,
e os compostos do grupo dos ácidos carboxílicos, em que devemos escrevemos
primeiro a palavra “ácido” (Figura 21).
40
FIGURA 22 – EXEMPLO DE ESTRUTURA COM RAMIFICAÇÃO
FONTE: O autor
A B
C
FONTE: O autor
41
FIGURA 24 – ENUMERAÇÃO DA CADEIA CARBÔNICA PRINCIPAL
A B
FONTE: O autor
42
FIGURA 25 – ALGUMAS RAMIFICAÇÕES COMUMENTE ENCONTRADAS EM COMPOSTOS ORGÂNICOS E SUA
RESPECTIVA NOMENCLATURA
FONTE: O autor
- Na Figura 24A, a molécula possui uma ramificação com dois carbonos em C2 e C4,
e uma ramificação com um único carbono em C5. Além disso, possui uma ligação
dupla entre os carbonos 3 e 4. É importante saber que tanto as ramificações quanto as
insaturações precisam ser facilmente identificadas na nomenclatura; assim, indicamos
um “localizador”, ou seja, informamos o número em que elas ocorrem. No entanto, para
as insaturações, indicamos somente o menor dos números. Por exemplo, na molécula
em questão, a ligação dupla é indicada pelo infixo EN, antecedido pelo número 3. Por
se tratar de um composto orgânico da função álcool, acrescentamos o sufixo OL em
sua nomenclatura (como mostrado anteriormente no Quadro 6).
o Escrever o nome do composto com uma única palavra: use os hífenes para separar
os diferentes prefixos e utilize vírgulas para números. Se dois ou mais substituintes
diferentes estiverem presentes no mesmo carbono, devem ser colocados em ordem
alfabética. Se forem iguais, usa-se um dos prefixos múltiplos “di”, “tri”, “tetra”, e assim
por diante, embora não devam ser usados para colocar na ordem alfabética.
43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A cadeia principal de uma cadeia ramificada é aquela que apresenta: maior número
possível de carbonos; maior número possível de radicais; insaturação (ligação dupla
ou tripla) e carbono ligado ao grupo funcional.
44
AUTOATIVIDADE
1 Durante a fabricação de tecidos de algodão, a adição de compostos do tipo
N-haloamina lhes confere propriedades biocidas, inativando bactérias que produzem
mau cheiro. O principal responsável por efeito é o cloro presente nesses compostos.
Observando a estrutura molecular da N-haloamina, apresentada na figura a seguir,
pode-se classificá-la como:
FONTE: O autor
( ) Homogênea.
( ) Saturada.
( ) Aromática.
( ) Cíclica.
( ) Heterogênea.
a) ( ) F – F – V – F – F.
b) ( ) V – V – F – V – F.
c) ( ) V – F – V – F – V.
d) ( ) F – V – F – V – V.
e) ( ) F – V – V – F – V.
2 A nomenclatura dos compostos orgânicos difere para cada composto e segue as regras
estabelecidas pela IUPAC. De acordo com ela, a nomenclatura oficial de um composto
orgânico é formada por um prefixo, um infixo e finalizado por um sufixo. Sobre a cadeia
principal de um composto orgânico ramificado, analise as sentenças a seguir:
45
Assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: O autor
a) ( ) C3H5N4O2.
b) ( ) C6H8N4O2.
c) ( ) C7H10N4O2.
d) ( ) C8H12N4O2.
e) ( ) C8H10N4O2.
FONTE: O autor
a) ( ) 4-dimetil-2-etil-4-etil-1,5-heptadieno.
b) ( ) 4,2-metil-4-alil-1-hexeno.
46
c) ( ) 2,4-dimetil-4-etil-1,5-heptadieno.
d) ( ) 2-metil-4-metil-4-etil-heptadieno.
e) ( ) 4-etil-2,4-dimetil-hept-1,5-dieno.
47
48
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
HIDROCARBONETOS
1 INTRODUÇÃO
No dia a dia, os hidrocarbonetos são corriqueiramente encontrados e exercem
grande importância na economia global, já que eles são as principais substâncias
formadoras do petróleo e de todos os seus subprodutos, como os combustíveis
automotivos (gás natural veicular – GNV –e gasolina), gás de cozinha, velas e, até mesmo,
os plásticos. Contudo, os hidrocarbonetos também podem ser encontrados nas borrachas,
nos corantes e em óleos vegetais essenciais e numa infinidade de outros produtos.
2 ALCANOS
Os alcanos são hidrocarbonetos de cadeia aberta (acíclicos), formados exclusiva-
mente por átomos de carbono com hibridização Sp3 e, portanto, saturados. Assim, podemos
dizer que são compostos formados apenas por átomos de carbono e hidrogênio, em que há
somente ligações simples entre seus carbonos (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005).
49
Assim, um alcano formado por três átomos de carbono apresenta 8 átomos de
hidrogênio. Outros exemplos podem ser observados na Tabela 3.
50
TABELA 4 – EXEMPLOS DE ALCANOS NÃO RAMIFICADOS E SUA NOMENCLATURA
51
FIGURA 26 – RAMIFICAÇÕES (DERIVADAS DE ALCANOS) COMUMENTE ENCONTRADAS EM COMPOSTOS
ORGÂNICOS
ATENÇÃO
A nomenclatura de qualquer composto orgânico sempre é realizada em
quatro etapas:
• determinar a cadeia principal;
• enumerar os átomos da cadeia principal;
• identificar os radicais ligados à cadeia principal;
• escrever o nome do composto com uma única palavra.
52
Na Figura 28, estão representadas as quatro etapas, necessárias para determinar
o nome do alcano em questão.
2-metilbutano
FONTE: O autor
53
FIGURA 29 – FÓRMULA ESTRUTURAL DO EXEMPLO
FONTE: O autor
3,4,8,8-tetrametil-5-propildecano
FONTE: O autor
54
Localização do RADICAL + nome do radical + PREFIXO + AN (infixo) + O (sufixo)
3,4,8,8 + tetrametil + 5 + propil + DEC + AN + O
3,4,8,8-tetrametil-5-propildecano
3 ALCENOS E DIENOS
Os alcenos são hidrocarbonetos de cadeia aberta (acíclicos), que possuem
um átomo de carbono com hibridização Sp2. Assim, podemos dizer que são compostos
formados por átomos de carbono e hidrogênio, em que há uma ligação dupla
(insaturação) na sua cadeia carbônica (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005)
55
Quando os alcenos apresentam duas ligações duplas em sua cadeia carbônica, são
chamados de alcadienos ou simplesmente dienos. É importante ressaltar que todo átomo de
carbono sempre realiza quatro ligações para alcançar a estabilidade (regra do octeto); assim,
há formação de uma ligação dupla carbono-carbono (C=C), que elimina a necessidade de dois
átomos de hidrogênio. Portanto, a fórmula molecular dos dienos é dada pela fórmula geral:
. Alguns exemplos de dienos podem ser observados na Tabela 6.
DICAS
A polimerização é o nome do processo químico que leva à formação de macromoléculas
(moléculas grandes) chamadas de polímeros, originadas pela união de sucessivas e
repetidas moléculas menores, chamadas dos monômeros. Na figura a seguir, é apresentada
a polimerização do etileno (monômero), levando à formação do polietileno (polímero). É
importante saber que essa reação requer condições específicas de temperatura, pressão e
adição de outros reagentes químicos, para que ela, de fato, possa ocorrer.
56
O polietileno (PE) é mundialmente utilizado, devido ao seu baixo custo de produção associado
à alta resistência à umidade, ao ataque de substâncias químicas e também por ser versátil
do produto formado. Dependendo das condições reacionais utilizadas na sua fabricação, o
polietileno pode apresentar cadeias retas, gerando um polímero de alta densidade
(PEAD), mais rígido, usado na produção de garrafas, brinquedos e outros objetos.
Por outro lado, quando sua polimerização apresenta cadeias ramificadas, gera
um polímero de baixa densidade (PEBD), maleável, que é usado na produção
de sacolas, revestimentos de fios elétricos, películas plásticas, embalagens de
alimentos, entre outros produtos.
DICAS
Leia o artigo Polietileno: principais tipos, propriedades e aplicações,
disponível em: https://bit.ly/3sRkE8O.
57
• CH2 = CH ─ CH2 ─ CH3.
• CH3 ─ CH = CH2 ─ CH3.
• CH3 ─ CH2 ─ CH = CH2.
But-1-eno But-2-eno
FONTE: O autor
É importante destacar que a localização da ligação dupla sempre deve ocorrer através
de um número, que deve corresponder o menor número possível. Dessa forma, a numeração
da cadeia principal dos alcenos deve iniciar na extremidade mais próxima à insaturação.
2,3,4-trimetil-pent-1-eno
58
5-metil-3-propil-hex-2-eno
5-metil-4-isopropil-hex-2-eno
FONTE: O autor
• a cadeia principal é a maior porção de átomos de carbono, ligados entre si, que
contêm a ligação dupla;
• a numeração da cadeia principal dos alcenos deve iniciar na extremidade mais
próxima a insaturação, independentemente das ramificações presentes na molécula.
• na nomenclatura final, a localização da ligação dupla sempre deve ocorrer através
de um número, que deve corresponder ao menor número possível, escrito antes da
terminação ENO.
59
FIGURA 33 – NOMENCLATURA IUPAC DE DIENOS
Fórmula estrutural do alceno e
Etapas para nomenclatura
nomenclatura IUPAC
2-etil-4-metil-penta-1,3-dieno
3-tercbutil-hepeta-1,4-dieno
FONTE: O autor
4 ALCINOS
Os alcinos são hidrocarbonetos de cadeia aberta (acíclicos), que possuem
um átomo de carbono com hibridização Sp. Assim, podemos dizer que são compostos
formados por átomos de carbono e hidrogênio, em que há uma ligação tripla
(insaturação) na sua cadeia carbônica (SOLOMONS, 2002; CANTO; PERUZZO, 2006).
Assim, o alcino, formado por quatro átomos de carbono, possui seis átomos de
hidrogênio. Outros exemplos podem ser observados na Tabela 7.
60
TABELA 7 – EXEMPLOS DE ALCINOS E SUA RESPECTIVA FÓRMULA MOLECULAR
But-1-ino
2,3,5-trimetil-hepet-3-ino
61
5-etil-4,5-dimetil-4-isopropil-non-2-ino
FONTE: O autor
62
DICAS
Para saber mais sobre compostos terpênicos e óleos essenciais, sugerimos a
leitura do artigo Aromas e a química dos compostos naturais, de Felipe e Bicas,
disponível em: https://bit.ly/3LKzfvt.
Ciclobutano
Ciclopropeno
Ciclopentino
FONTE: O autor
63
FIGURA 36 – EXEMPLOS DE CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS E SUAS RESPECTIVAS NOMENCLATURAS
Isopropil-ciclopentano 4-etil-1,4-dimetil-ciclobut-1-eno
3-metil-cicloprop-1-ino
FONTE: O autor
6 HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS
Quando os compostos orgânicos apresentam em sua molécula uma estrutura
cíclica, formada por seis átomos de carbono unidos entre si, através de ligações duplas
alternadas com ligações simples, dizemos que eles apresentam um anel (núcleo)
aromático e os classificamos como hidrocarbonetos aromáticos (SOLOMONS, 2002;
MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004).
C6H6
FONTE: O autor
64
Na Figura 37, o anel benzênico é formado por seis átomos de carbono, unidos
entre si, formando uma cadeia fechada com três ligações duplas (formada por
uma ligação do tipo pi e outra sigma), intercaladas com três ligações simples (tipo
sigma). Essa alternância entre as ligações duplas resulta em um efeito chamado
de ressonância, em que ocorre a mudança dos elétrons presentes nas ligações
pi, sem que haja alteração na posição de seus átomos. Geralmente, esse efeito
é representado por um círculo no interior do anel aromático. É importante destacar
que esse efeito proporciona grande estabilidade à estrutura da molécula, tornando-a
reativa apenas em condições extremamente energéticas.
65
INTERESSANTE
Os HPAs compõem uma classe de mais de 100 substâncias químicas, naturalmente
encontradas no carvão, no petróleo bruto, na gasolina, entre outros produtos. Além disso,
são gerados durante a combustão incompleta ou pirólise de matéria orgânica e em vários
processos industriais. São considerados contaminantes ambientais, o que significa que,
além de estarem presentes no ar, na água, no solo e nos alimentos, se degradam lentamente
no ambiente e causam malefícios à saúde de seres humanos e outros organismos. O
benzo(a)pireno é o HPA mais bem estudado, e já é comprovadamente cancerígeno.
Com o desenvolvimento da indústria petrolífera (ao longo do século XIX) e o domínio de
técnicas de refino, o petróleo tornou-se não apenas uma das principais fontes energéticas
utilizadas pela humanidade, mas, junto aos seus subprodutos, uma importante matéria-
prima utilizada para a confecção de inúmeros bens de consumo, inserindo-o definitivamente
na vida cotidiana das pessoas. Um dos derivados oriundos do refino do petróleo, com grande
empregabilidade no cotidiano urbano, é o ligante asfáltico (fração mais pesada – resíduo
da destilação – do petróleo), muito utilizado na impermeabilização e na pavimentação de
estradas. Para ser aplicado, o betumem precisa ser aquecido a altas temperatura, levando
à formação de uma nuvem de compostos químicos, entre os quais se encontram os HPAs.
A exposição ocupacional a misturas contendo HPA está associada a diversos tipos de
câncer, como câncer de pulmão (produção de coque, gaseificação de carvão, cobertura
e pavimentação que envolva piche de carvão, produção de alumínio e fuligem); câncer
de pele (destilação de alcatrão de hulha e fuligem); câncer de bexiga (queima de carvão e
produção de alumínio); câncer de esôfago e sistema hematopoiético (fuligem).
Para saber mais a respeito dos HPAS e sua toxicidade, sugerimos a leitura dos
seguintes materiais:
66
6.2 NOMENCLATURA DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS
Os hidrocarbonetos aromáticos não seguem as regras gerais de nomenclatura
IUPAC, mas possuem uma nomenclatura particular, conforme pode ser observado nos
exemplos da Figura 38 (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004).
Naftaleno Antraceno
Fenantreno Benzopireno
FONTE: Adaptada de Feltre (2004)
67
Fórmula estrutural do composto e
Etapas para nomenclatura
Nomenclatura particular
1,2-dimetil-3-isopropil-benzeno
1,3-dietil-benzeno
FONTE: O autor
FONTE: O autor
68
FIGURA 41 – NOMENCLATURA DE HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS COM RAMIFICAÇÃO: ORTO, META E
PARA DIRIGENTES
69
FONTE: O autor
70
LEITURA
COMPLEMENTAR
A HISTÓRIA SOB O OLHAR DA QUÍMICA: AS ESPECIARIAS E SUA IMPORTÂNCIA
NA ALIMENTAÇÃO HUMANA
Não apenas o ouro e a prata, mas também os sabores e odores d’além mar fizeram
parte das motivações que impeliram homens a lançarem-se rumo ao oceano desconhecido
em busca de fortuna. Os metais preciosos sempre foram alvo da cobiça dos seres humanos,
mas por qual motivo as especiarias eram tão importantes? Para se ter uma ideia do valor que
era conferido a esses produtos, basta dizer que o primeiro mapa que incluiu o novo mundo
e lhe atribuiu o nome de América, feito pelo monge alemão Martin Waldseemüller, em 1507
(MENEZES; SANTOS, 2006), identificava determinadas regiões do globo com pequenos
textos nos quais constavam comentários a respeito desses alimentos.
71
O comércio com os produtos advindos do Oriente era tão lucrativo que deu origem
a homens extremamente ricos na Europa. Eduardo Galeano (1992), na obra As veias abertas
da América Latina, registra que Karl Marx, no livro I do segundo volume de O Capital, destacou
que “o descobrimento das jazidas de ouro e prata da América, [...] o começo da conquista
e saqueio das Índias Orientais, a conversão do continente africano em local de caça de
escravos negros: são todos feitos que assinalam os alvores da era de produção capitalista”
(p. 39). Muitos desses abastados negociantes ergueram ou prejudicaram reis somente com
o poder do capital que detinham e das negociatas lucrativas que articulavam.
72
Nesse contexto, a elite europeia financiou a viagem por mar de aventureiros capazes
de trazer, diretamente do Oriente, as tão desejadas mercadorias. Assim eles poderiam
vende-las e garantir a entrada de metais preciosos via comércio exterior em seu território.
73
As especiarias, tão importantes quando analisadas sob o ponto de vista político
e econômico, tiveram sua relevância social retratada também pela elite artística daquele
período. Muitas pinturas registraram sua utilização na preparação de vários pratos e
na composição de valorizados costumes como, por exemplo, o de consumir chá em
reuniões sociais ou familiares. Assim, não podemos negar que esses alimentos possuem
características intrínsecas que certamente os colocaram em situação de destaque e
possibilitaram sua exploração comercialmente lucrativa. Nesse sentido, encontramos
na literatura justificativas capazes de esclarecer o motivo da extrema valorização das
especiarias na época das grandes navegações com base na forma como eram utilizadas.
Outra tese considera que muitos desses produtos importados do Oriente não
tinham uma função culinária, mas terapêutica. Flandrin e Montanari (1998) revelam que
em um livro intitulado Le thresor de santé (O tesouro da saúde), publicado em 1607, está
registrado que a pimenta-do-reino:
74
Segundo essa visão, as especiarias contrabalançavam a casual frieza dos alimentos,
contribuindo assim para a sua cocção, uma vez que todas elas eram classificadas como
quentes e, em sua maioria, secas (FLANDRIN; MONTANARI, 1998).
Portanto, o uso dos temperos tinha pelo menos dois objetivos: tornar os alimentos
mais apetitosos e de fácil digestão. Podemos dizer que cozinhar naquela época, assim
como hoje, era dar aos alimentos os sabores mais agradáveis de acordo com as crenças
dietéticas e os hábitos alimentares dos indivíduos de uma determinada cultura.
75
alimentos, carne, peixe etc., antes de pô-lo na boca. Tomam primeiro
o bocado e engolem em seguida uma pitada de Ionquet para dar
sabor à comida (p. 120).
De acordo com os registros da época, muitos dos habitantes destas terras não
gostavam do sal e sequer o usavam de forma isolada. Mesmo sendo bem reduzida a sua
ingestão, esses indivíduos não apresentavam qualquer problema relacionado à sua falta. Para
Cascudo (2004), a pele dos nativos sul-americanos era protegida da perda de sais minerais,
considerando que sua cobertura com pigmentos naturais retirados do genipapo (Genipa
americana) e do urucum (Bixa orellana), argila e pó de carvão reduzia a sudorese. Tanto os
povos da África como boa parte dos povos americanos preteriam o sal em favor da pimenta:
Ambos, indígena e negro, eram e são fanáticos pela pimenta cujos alcaloides da
Capsicum encarregar-se-iam de estimular-lhes o apetite pela excitação digestiva. De
Lagos, na Nigéria, Antonio Olinto falame, em janeiro de 1963, que a pimenta é empregada
em nível inimaginável. As pimentas substituíam o sal e, depois reunidas a ele nas inquitaias
e ijuquis, foram suficientes para a castidade gustativa dos dois grupos étnicos (p. 127).
FONTE: RODRIGUES, R. da S.; da SILVA, R. R. A História sob o Olhar da Química: As Especiarias e sua Importân-
cia na Alimentação Humana. Química Nova na Escola, v. 32, n. 2, 2010. Disponível em: http://qnesc.sbq.
org.br/online/qnesc32_2/05-HQ-5609.pdf. Acesso em: 5 fev. 2022.
76
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As estruturas com cadeia carbônica aberta (acíclicas) podem ser formadas unica-
mente por ligações simples, recebendo a denominação alcano. Quando apresentam
uma ligação dupla, são chamadas de alceno; ao apresentarem duas ligações duplas,
recebem a denominação dieno; e, em uma ligação tripla, são chamadas de alcino.
77
AUTOATIVIDADE
1 De acordo com a nomenclatura IUPAC, os hidrocarbonetos são definidos como
compostos orgânicos formados, única e exclusivamente, por átomos de carbono e
hidrogênio, porém, por serem uma grande e diversificada família, são subdivididos em
grupos com comportamentos químicos similares. Sobre a divisão dos hidrocarbonetos,
associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Acanos.
II- Dienos.
III- Alcinos.
IV- Ciclenos.
V- Aromáticos.
a) ( ) V – III – I – IV – II.
b) ( ) II – III – I – V – II.
c) ( ) III – II – V – IV – I.
d) ( ) IV – III – I – V – II.
e) ( ) V – IV – II – I – III.
a) ( ) C8H16.
b) ( ) C8H18.
c) ( ) C8H14.
d) ( ) C12H24.
e) ( ) C12H26.
78
I- Hidrocarbonetos são compostos orgânicos constituídos somente de carbono e
hidrogênio.
II- São chamados de alcenos somente os hidrocarbonetos insaturados de cadeia linear.
III- Cicloalcanos são hidrocarbonetos alifáticos saturados de fórmula geral CnH2n.
IV- São hidrocarbonetos aromáticos: bromobenzeno, p-nitrotolueno e naftaleno.
FONTE: O autor
a) ( ) Ciclo-heptadecano e 7-etil-1,4,5-trimetiltridecano.
b) ( ) Heptadecano e 7-etil-1,4,5-trimetiltridecano.
c) ( ) Heptadecano e I7-etil-4,5-dimetiltridecano.
d) ( ) 1-metil-hexadecano e 7-etil-9,10-dimetiltridecano.
e) ( ) Dimetil-pentadecano e 7-etil-9,10-dimetiltridecano.
79
REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos –
HPA. Instituto Nacional de Câncer (Inca), 2021. Disponível em: https://bit.ly/3s-
GW7Dy. Acesso em: 27 out. 2021.
80
GREENBERG, A. Uma breve história da química: da alquimia às ciências mole-
culares modernas. Editora Edgard Blucher, 2017.
81
82
UNIDADE 2 —
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA QUÍMICA ORGÂNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer outras funções orgânicas existentes nos compostos orgânicos, bem como
identificar seus respectivos grupos funcionais, compreendendo a importância e nome-
ando corretamente os compostos orgânicos haletos orgânicos e compostos sulfurados.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
83
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
84
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
FUNÇÕES ORGÂNICAS OXIGENADAS
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da evolução da química e dos estudos de química orgânica, os cientistas
realizaram várias experiências, aliando o ato de observar, registrar, repetir e confirmar seus
apontamentos levou a inúmeras descobertas. Assim, foi observado que algumas substâncias
continham semelhanças em suas fórmulas estruturais e, quando isso ocorria, apresentavam
propriedades químicas muito semelhantes, dando origem às classes funcionais (também
chamadas de função química ou função orgânica). Para facilitar e padronizar essa
classificação, surgiu um conceito muito importante, chamado de “grupo funcional”. Os
grupos funcionais identificam o conjunto de átomos característico de cada função orgânica.
Apesar de existirem várias classes funcionais, direcionaremos nosso estudo para as funções
orgânicas oxigenadas, nitrogenadas e sulfuradas e alguns haletos orgânicos.
85
2 ÁLCOOIS
Álcoois são compostos orgânicos que contêm em sua estrutura o grupo
funcional hidroxila (OH), diretamente ligado a um átomo de carbono saturado (isto
é, carbono com hibridização Sp3, que só faz ligações simples) da cadeia carbônica
principal (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). Assim, na Figura 1, são mostrados alguns
exemplos de compostos que não devem ser classificados como álcoois.
FONTE: O autor
ATENÇÃO
A hidroxila (OH), também chamada de oxidrila, além de ser o grupo
funcional dos álcoois, é responsável pelas propriedades químicas
(semelhantes) desses compostos.
86
2.1 A PRESENÇA DOS ÁLCOOIS EM NOSSA VIDA
Atualmente, os compostos orgânicos com o grupo funcional álcool estão
corriqueiramente presentes em diferentes aplicações no nosso dia a dia. O etanol
(CH3 ─ CH2 ─ OH), por exemplo, pode ser encontrado tanto no combustível automotivo
quanto em bebidas alcoólicas. No Brasil, o etanol é obtido, principalmente, pela
fermentação da cana-de-açúcar, sendo usado como combustível de automóveis em
substituição à gasolina e ao óleo diesel, proporcionando uma queima limpa, já que não
libera compostos de enxofre na atmosfera. Além disso, é utilizado como solvente na
produção de perfumes, loções, desodorantes e medicamentos, sendo amplamente
empregado em produtos de uso doméstico como o álcool em gel (SOLOMONS, 2002;
FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
INTERESSANTE
Com a pandemia da Covid-19 (em 2020/2021), a produção e o uso de álcool em gel 70% ganharam
grande destaque no cenário mundial. Qual a principal característica do álcool em gel 70%?
Sem dúvida, a principal aplicação desse tipo de álcool está associada a sua ação
desinfetante de superfícies e objetos, sendo antisséptico sob a pele. O seu grau
alcoólico (70%) indica a concentração de etanol, que pode expresso em volume
(v/v) ou massa (m/m) do produto.
Nessa concentração (70%), o etanol tem a capacidade de provocar a
desnaturação de proteínas e de membranas celulares, promovendo a
destruição de microrganismos e, como consequência, a apoptose. Além
disso, também age rapidamente sobre diferentes bactérias e vírus, e, por
isso, sua utilização é tão recomendada.
Já o metanol (CH3 ─ OH) pode ser usado como combustível em motores a explosão,
como os de certos carros de corrida e de aeromodelos. Sua principal aplicação é como solvente,
na fabricação de plásticos, no preparo de vitaminas e também em hormônios (FELTRE, 2004).
ATENÇÃO
O metanol é um álcool tóxico que, ao ser ingerido, pode causar cegueira e até levar
à morte. Na grande maioria das vezes, os casos mais graves de intoxicação por metanol
estão associados à contaminação criminosa de bebidas alcoólicas.
Por ser um álcool barato, com cheiro e características físicas similares ao etanol, e, ainda,
não pagar os impostos que incidem sobre as bebidas alcoólicas, o metanol tem sido
adicionado (criminosamente) em bebidas alcoólicas clandestinas, para aumentar,
falsamente, os níveis de etanol. No entanto, cabe destacar que a legislação
brasileira permite o nível máximo (seguro) de metanol nas bebidas destiladas
de 0,25 mL/100 mL de álcool anidro, limite que geralmente é desrespeitado
nas bebidas clandestinas. O efeito tóxico do metanol resulta na sua
metabolização em aldeído fórmico e, deste, em ácido fórmico.
87
DICAS
Para aprofundar o conhecimento sobre o metanol, sugerimos a leitura
do artigo científico Uso do metanol e risco de exposição dos trabalhadores
de uma usina de biodiesel, de autoria de Assis et al. (2017), disponível em:
https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v15n1a05.pdf.
Para a nomenclatura dos álcoois, a IUPAC determina o sufixo “OL”. Além disso:
• a cadeia principal deve ser a mais longa possível, contendo o átomo de carbono
(saturado) ligado ao grupo funcional (hidroxila, OH);
• na existência de mais de uma possibilidade para ligação da hidroxila na cadeia
principal, é necessário indicá-la por meio de sua numeração;
88
• a numeração da cadeia principal (sempre) deverá ser feita iniciando pela extremidade
mais próxima do grupo OH, de modo que ele apresente o menor número possível;
• quando a estrutura apresentar ramificações (indicada pela presença de carbonos
terciários e quaternários), a prioridade da menor numeração sempre será do grupo
funcional OH, seguido pelas ramificações;
• por fim, o nome do álcool será o do hidrocarboneto correspondente à cadeia principal,
substituindo terminação “O” (correspondente a função hidrocarboneto) por “OL”.
Propan-2-ol
4,5-dimetil-hexan-3-ol
Pent-3-in-ol
Ciclohexan-1-ol
3-metil-ciclopentan-1-ol
FONTE: O autor
89
No Quadro 2, podemos observar alguns exemplos de nomes atribuídos à alguns
álcoois comumente encontrados no nosso cotidiano.
FONTE: O autor
90
• de acordo com o número de hidroxilas na cadeia carbônica:
o monoálcoois (ou monóis): quando apresentar somente uma hidroxila;
3 FENÓIS
Os fenóis são um conjunto de compostos orgânicos identificados pela presença
de uma hidroxila (OH) diretamente ligada a um carbono aromático, ou seja, a um carbono
insaturado de um anel benzênico (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO,
2006). O grupo funcional fenol é representado na Figura 5.
FONTE: O autor
91
FIGURA 6 – COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DE UM FENOL E UM ÁLCOOL
ÁLCOOL FENOL
92
FIGURA 7 – NOMENCLATURA DE ALGUNS FENÓIS MAIS SIMPLES
1-hidróxi-benzeno 1-hidróxi-naftaleno
ou benzenol ou fenol comum ou α-naftol
FONTE: O autor
2-metil-hidroxibenzeno
5-metil-2-isopropil-hidroxibenzeno
93
4 ÉTERES
Os éteres são compostos orgânicos caracterizados pela presença de um átomo
de oxigênio (O), inserido no meio da cadeia carbônica de uma determinada molécula, ou
seja, tem-se um heteroátomo (nomenclatura comumente utilizada para indicar átomos
diferentes de carbono e hidrogênio presentes num hidrocarboneto) de oxigênio ligado a
dois radicais monovalentes alquila ou arila (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). Dessa
forma, os éteres podem ser representados pela fórmula geral:
R ─ O ─ R’ ou
Ar ─ O ─ Ar ou Ar ─ O ─ R
INTERESSANTE
Durante o século XIX, o éter etílico foi utilizado como anestésico por
inalação, proporcionando que cirurgias mais invasivas pudessem ser
realizadas. No entanto, seu uso apresentava alguns riscos e perigos,
tanto para a saúde do paciente quanto da equipe médica presente no
local, pois, além de ser tóxico, causar irritação no trato respiratório e
mal-estar pós-operatório no paciente, os vapores do éter etílico são
muito inflamáveis, a ponto de provocar incêndios na sala de cirurgia,
uma vez que ele reage com o oxigênio presente no ar (atmosférico),
formando um peróxido de hidrogênio, o que, provavelmente, atua
detonando a explosão. Assim, com a descoberta de novos compostos,
o éter etílico foi substituído por outros anestésicos mais seguros.
94
4.2 NOMENCLATURA DOS ÉTERES
A nomenclatura oficial para os éteres segue uma regra fixa, estabelecida pela
IUPAC, na qual se determina que eles devam conter a palavra “ÓXI” intercalada pelo
nome dos respectivos radicais (menor e maior) presentes na sua estrutura (SOLOMONS,
2002; FELTRE, 2004). Assim, temos:
Ordem alfabética
Metoxietano
ou éter etil-metílico
Etóxi-isopropano
ou éter etil-isopropílico
Metóxi-benzeno
ou éter fenil-metílico
FONTE: O autor
95
5 ALDEÍDOS E CETONAS
Aldeídos e cetonas são chamados de compostos carbonílicos, pois contêm,
em sua fórmula estrutural, o grupo funcional carbonila (SOLOMONS, 2002; MCMURRY,
2005), representado na Figura 10.
ou ou
FONTE: O autor
Um aldeído pode ser definido como todo composto orgânico que apresenta,
em sua fórmula estrutural, o grupo carbonila (C = O) ligado a um átomo de hidrogênio
e, portanto, sempre localizado em uma das extremidades da cadeia principal. O grupo
funcional dos aldeídos costuma ser representado por: CHO (SOLOMONS, 2002; FELTRE,
2004). Podemos observar na Figura 11 alguns exemplos de aldeídos.
96
Já uma cetona pode ser definida como todo composto orgânico que apresente,
em sua fórmula estrutural, o grupo carbonila (C = O) inserido no meio da cadeia
principal, ou seja, entre dois átomos de carbono (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004).
A Figura 12 apresenta alguns exemplos de cetonas.
97
são dicetonas cíclicas que possuem grande importância industrial. Por exemplo, a quinona
comum (p-benzoquinona) é usada em revelação fotográfica, e a antraquinona é usada na
fabricação de corantes (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
• a cadeia principal deve ser a estrutura carbono-carbono mais longa possível, que
contenha o grupo funcional carbonila (C=O);
• as cetonas possuem diferentes possibilidades para a localização da carbonila na
cadeia principal, sendo necessário indicá-la através de numeração;
• tanto em aldeídos como em cetonas, a numeração da cadeia principal (sempre)
deverá ser feita iniciando pela extremidade mais próxima da carbonila, de modo que
ele apresente o menor número possível; é importante destacar que, nos aldeídos, o
carbono 1 sempre será o próprio carbono do grupo funcional;
• quando a estrutura apresentar ramificações (indicada pela presença de carbonos
terciários e quaternários), a prioridade da menor numeração sempre será do grupo
funcional (C=O), seguido pelas ramificações.
98
FIGURA 13 – EXEMPLOS DE ALDEÍDOS E SUAS RESPECTIVAS NOMENCLATURAS
Fórmula estrutural do composto e
Etapas para nomenclatura
Nomenclatura IUPAC
Etanal
3-metil-butanal
Pentanodial
Benzaldeído
Alguns aldeídos possuem nomenclatura
própria, o benzaldeído é um exemplo
Pent-3-enal
FONTE: O autor
99
FIGURA 14 – EXEMPLOS DE CETONAS E SUAS RESPECTIVAS NOMENCLATURAS
Fórmula estrutural do composto e
Etapas para nomenclatura
nomenclatura IUPAC
Propa-2-ona
2,2-dimetil-penta-3-ona
3-metil-buta-2-ona
2,4-dimetil-ciclohexanona
FONTE: O autor
FONTE: O autor
100
FIGURA 16 – ETAPAS PARA NOMENCLATURA IUPAC DE UMA CETONA COMPLEXA
5-etil-4,4-dimetil-hept-6-en-2-ona
FONTE: O autor
Seguindo as quatro etapas (Figura 16), descobrimos que a fórmula estrutural representa
uma cetona denominada, pela IUPAC, como 5-etil-4,4-dimetil-hept-6-en-2-ona.
DICA
O infixo informa a presença ou ausência de insaturações na molécula.
Quando a molécula apresentar insaturação, deve-se informar sua
localização, sempre indicada pelo menor número possível. Já o sufixo
informa o grupo funcional e, como as cetonas possuem diferentes
possibilidades para localização da carbonila, teremos que indicá-lo
sempre pela menor numeração possível.
101
6 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
Os compostos orgânicos denominados ácidos carboxílicos apresentam em
sua fórmula estrutural o grupo funcional carboxila (Figura 17), formado pela união
de uma carbonila (C=O) e uma hidroxila (OH) (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005).
Observa-se que esse grupo funcional apresenta um carbono primário e, assim, sempre
o encontraremos em uma das extremidades da molécula.
Forma abreviada
FONTE: O autor
Ácido benzoico
Ácido ciclopentanoico (aromático)
(cíclico)
Ácido fórmico
(monoácido) Ácido oxálico
(diácido)
FONTE: Adaptada de Feltre (2004)
102
6.1 A PRESENÇA DOS ÁCIDOS CARBOXÍLICOS EM NOSSA VIDA
Os ácidos carboxílicos estão corriqueiramente presentes no nosso dia a dia.
Historicamente, o ácido carboxílico mais antigo é o ácido acético, que dá origem ao
vinagre utilizado diariamente como tempero de saladas e demais produções culinárias.
O vinagre consiste em uma solução aquosa com 4% a 7% de ácido acético, ou seja,
em 1 litro de vinagre, tem-se uma massa de 40 g a 70 g de ácido acético. O ácido
acético é produzido pela fermentação aeróbica (na presença de oxigênio) de algumas
bebidas alcoólicas por ação de bactérias do gênero Acetobacter (fermentação acética),
normalmente já presentes em frutos, sucos e vinhos. Em geral, bebidas alcoólicas que
contenham menos que 7% de álcool “azedam” em contato com o ar, ou seja, sofrem
fermentação alcoólica. O ácido acético também é usado como matéria-prima para a
produção de polímeros e essências artificiais (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
Outro ácido carboxílico muito presente em nosso dia a dia é o ácido metanoico,
presente na secreção expelida na picada de uma formiga, por isso composto é conhecido com
ácido fórmico. Além disso, ele é utilizado como fixador de pigmentos e corantes em tecidos.
A grande maioria dos ácidos carboxílicos possui odor desagradável, pois possuem
um ou dois carbonos que têm cheiro irritante (ácido/azedo), ao passo que os que possuem de
3 a 12 carbonos na cadeia têm cheiro mais pungente e rançoso. Os caprinos (bodes, cabras
e ovelhas), por exemplo, exalam um odor forte e característico em função da evaporação de
ácidos carboxílicos de 6, 8 e 10 carbonos, que são chamados, respectivamente, de ácidos
caproico, caprílico e cáprico (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
INTERESSANTE
De modo geral, os ácidos monocarboxílicos, de cadeia longa e não
ramificada, saturados ou insaturados, são chamados de ácidos graxos,
pois são encontrados em óleos e gorduras.
O odor da transpiração – o chamado “cheiro de corpo” – é também
devido, em parte, aos ácidos carboxílicos. De fato, o suor elimina muitas
substâncias orgânicas, decompostas por bactérias existentes em nossa
pele em compostos de odor desagradável, como o ácido 3-metil-2-
hexenoico (FELTRE, 2004).
103
6.2 NOMENCLATURA DOS ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
A IUPAC determina que, na nomenclatura dos ácidos carboxílicos, seja
iniciada com o termo “ácido” e que seja adicionado o sufixo “oico” na estrutura básica de
nomenclatura (prefixo + infixo + sufixo). No entanto, assim como ocorre na nomenclatura de
outros compostos orgânicos, os ácidos carboxílicos mais simples possuem nomes comuns,
que também são aceitos pela IUPAC (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). Para facilitar sua
compreensão, a nomenclatura de alguns ácidos carboxílicos é apresentada na Figura 19.
Ácido 2,2-dimetil-propanoico
104
Ácido butanodioico
Ácido 3-etil-benzoico
Ácido 3,3-dimetil-pent-3-enoico
FONTE: O autor
FONTE: O autor
105
Ácido 2-metil-3-isopropil-Pent-4-enoico
FONTE: O autor
DICAS
Na determinação da cadeia principal, de qualquer composto orgânico,
devemos observar três quesitos principais: o maior número de átomos de
carbono ligados entre si; a localização do grupo funcional; e a presença
de insaturações (ligações duplas e triplas). Assim, toda e qualquer cadeia
principal deve conter o grupo funcional e a insaturação, mesmo que, para
isso, ela fique como um número menor de carbonos ligados entre si.
106
7 RESUMO DAS FUNÇÕES OXIGENADAS
Para facilitar a compreensão, a Tabela 1 apresenta um resumo das funções
orgânicas oxigenadas.
Funções Grupo
Nomenclatura Observação
orgânicas (FO) funcional (GF)
Sufixo “OL” Hidroxíla (OH) ligada
Álcool (indicar localização a um carbono
OH) saturado
HIDROXI + localização Hidroxíla (OH) ligada
Fenol OH + nome do a um carbono
composto aromático aromático
MENOR Heteroátomo
hidrocarboneto + (oxigênio) inserido
Éter terminação “OXI” no meio da cadeia
+ MAIOR carbônica, entre dois
hidrocarboneto átomos de carbono
Grupo funcional
Prefixo + Infixo terminal. Carbonila
Aldeído
Compostos carbonílicos
107
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A denominação fenol deve ser atribuída a todo composto que apresente uma
hidroxila (grupo funcional OH) diretamente ligada a um carbono aromático, ou seja,
um átomo de carbono pertencente a um anel benzênico.
• A denominação éter deve ser atribuída a todo composto que apresente um átomo de
oxigênio inserido no meio da cadeia carbônica, ou seja, entre dois átomos de carbono.
• De acordo com a IUPAC, a nomenclatura dos éteres é dividida em duas partes: ini-
cia-se com a nomenclatura do menor hidrocarboneto acrescido do sufixo “ÓXI” e
finaliza-se com a nomenclatura hidrocarboneto maior. Além disso, quando apre-
sentar insaturações e ramificações, deve-se informar suas respectivas localizações.
108
• A denominação aldeído deve ser atribuída a todo composto que apresente uma
carbonila ligada a um átomo de hidrogênio; portanto, o grupo funcional –CHO
sempre estará em uma das extremidades da cadeia carbônica principal.
• A denominação cetona deve ser atribuída a todo composto que apresente uma
carbonila inserida no meio da cadeia carbônica, ou seja, entre dois átomos de
carbono.
• De acordo com a IUPAC, na nomenclatura dos ácidos carboxílicos, deve iniciar com
o termo “ÁCIDO”, seguido do prefixo, infixo e da terminação “OICO”. As insaturações e
ramificações devem ter suas respectivas localizações informadas; para isso, a nume-
ração da cadeia principal sempre iniciará pelo carbono do próprio grupo funcional.
109
AUTOATIVIDADE
1 Os compostos orgânicos oxigenados representam uma importante família de
substâncias químicas. Para treinar a identificação dessas estruturas moleculares,
escreva as fórmulas estruturais para os compostos orgânicos indicados a seguir:
a) Ácido 3-etil-hexanoico.
b) Ciclo-hexanona.
c) Octanol.
d) Feniletanal.
e) 2-isopropil-5-metil-hidroxibenzeno.
a) ( ) .
b) ( ) .
c) ( ) .
d) ( ) .
e) ( ) .
I- Ácido carboxílico.
II- Álcool.
III- Aldeído.
IV- Cetona.
V- Éter.
VI- Fenol.
110
( ) CH3 ─ CH = CH ─ OH.
( ) C6H5 ─ O ─ CH2 ─ CH2 ─ CH3.
( ) CH3 ─ CH2 ─ COOH.
( ) CH3 ─ CO ─ CH2 ─ CH3.
( ) C6H5 ─ OH.
( ) CH3 ─ CH2 ─ CH2 ─ CHO.
a) ( ) III – VI – IV – I – II – V.
b) ( ) II – V – I – IV – VI – III.
c) ( ) I – VI – IV – V – II – III.
d) ( ) II – V – I – III – VI – IV.
e) ( ) IV – I – V – III – VI – II.
FONTE: O autor
Em relação à molécula da vanilina, é correto afirmar que ela possui as funções químicas de:
4 Com base nas estruturas dos compostos orgânicos, analise as sentenças a seguir:
111
A B C D
FONTE: O autor
I-
II-
III-
IV-
V-
( ) Álcool.
( ) Éter.
( ) Aldeído.
( ) Fenol.
( ) Ácido carboxílico.
112
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – III – II – I – IV.
b) ( ) III – V – IV – I – II.
c) ( ) III – V – II – IV – V.
d) ( ) IV – I – III – V – II.
e) ( ) III – IV – II – I – V.
113
114
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
DERIVADOS DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS E
FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS
1 INTRODUÇÃO
Como visto anteriormente, os compostos orgânicos oxigenados estão amplamen-
te inseridos no nosso cotidiano, influenciando não só a biologia (vegetal e animal), mas a
economia global. Além dos álcoois, fenóis, éteres, aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos,
outros compostos orgânicos derivados dos ácidos carboxílicos merecem destaque.
Por exemplo, quando o hidrogênio (do OH) é substituído por um metal (ou pelo
íon amônio, NH4), temos a formação dos sais orgânicos. Quando o hidrogênio (do OH)
é substituído por um radical orgânico (alquila ou arila), temos a formação dos ésteres.
115
Quando duas moléculas de ácidos carboxílicos reagem entre si, resultando na eliminação
de uma molécula de água, temos a formação de um anidrido de ácido. Já quando a
hidroxila (OH) é substituída por um átomo de halogênio, geralmente pelo elemento cloro
(Cl), temos a formação dos cloretos de acila (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004). Esses
são os quatro principais derivados dos ácidos carboxílicos e, por ora, nos deteremos a
sua (respectiva) nomenclatura.
ESTUDOS FUTUROS
Na Unidade 3, aprofundaremos os conhecimentos sobre cada um desses
quatro derivados dos ácidos carboxílicos, quando for abordado o tema de
reações orgânicas.
FONTE: O autor
116
Para entendermos melhor, a Figura 24 mostra a nomenclatura de alguns sais
orgânicos.
Etanoato de cálcio
Propanoato de sódio
Metanoato de alumínio
Pent-3-enoato de potássio
2-metil-propanoato de sódio
FONTE: O autor
117
FIGURA 25 – GRUPO FUNCIONAL ÉSTER
FONTE: O autor
– ICO
Nome do ácido Nome do radical (final) + A
+ ATO
Qual o nome do ácido Substituir a terminação “ICO” Qual radical está ligada diretamen-
carboxílico “precursor”? do ác. carbox. por “ATO” te ao oxigênio do grupo funcional?
Etanoato de etila
Acetato de etila
Etanoato de fenila
Acetato de fenila
2-metil-butanoato de etila
Benzenoato de isopropila
118
2,2-dimetil-prop-3-enoato de etila
2-metil-propanoato de isobutila
FONTE: O autor
INTERESSANTE
Alguns produtos alimentícios apresentam em seus rótulos a informação
de que contêm flavorizantes, substâncias que são responsáveis pelo
sabor e pelo aroma característico, ou seja, o flavor. Existe uma infinidade
de compostos orgânicos empregados como flavorizantes naturais e
sintéticos. Entre os flavorizantes sintéticos, destacam-se os pertencentes
ao grupo dos ésteres. Vários aromas de frutas podem ser razoavelmente
imitados com baixos custos, usando-se um ou, no máximo, dois desses
compostos (CANTO; PERUZZO, 2006).
FONTE: O autor
119
Assim como a estrutura química dos anidridos está diretamente relacionada
com as dos dois ácidos que o originam, o nome de cada um desses ácidos (precursores)
é utilizado na nomenclatura dos anidridos. A IUPAC estabelece que a nomenclatura
oficial dos compostos pertencentes a esse grupo deve seguir a regra:
Anidrido propanoico
Anidrido etanoico-pentanoico
Anidrido isobutanoico-butanoico
FONTE: O autor
120
FIGURA 29 – GRUPO FUNCIONAL CLORETO DE ACILA
FONTE: O autor
A IUPAC estabelece que a nomenclatura oficial dos cloretos de acila deve seguir
como regra:
Cloreto de propanoíla
Cloreto de 2-metil-but-2-noíla
Cloreto de benzoíla
FONTE: O autor
121
TABELA 2 – RESUMO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS OXIGENADAS
Funções Grupo
Nomenclatura Observação
orgânicas (FO) funcional (GF)
Grupo funcional
terminal.
Prefixo + infixo
Carbonila ligada a
Sais orgânicos + sufixo “OATO DE”
um átomo de metal
+ nome do cátion
alcalino
Derivados de ác. carboxílicos
3.1 AMINAS
As aminas são compostos orgânicos derivados da amônia, NH3, através da
substituição de seus átomos de hidrogênio por radicais orgânicos alquila (R) ou arila
(Ar), os quais podem ser iguais ou diferentes entre si (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004;
CANTO; PERUZZO, 2006). A Figura 31 apresenta o grupo funcional dos sais orgânicos.
122
FIGURA 31 – GRUPO FUNCIONAL AMINA
Ou Ou
FONTE: O autor
É importante lembrar que grupos arilas são radicais derivados dos alcanos,
enquanto arilas são derivados de um anel aromático; dessa forma, as aminas podem ser
classificadas em alifáticas e aromáticas, conforme apresentado na Figura 32.
Definição Exemplos
Aminas primárias são formadas quan-
do apenas um dos hidrogênios (do NH3) é
substituído por um radical orgânico (R ou Ar).
Aminas secundárias são formadas quan-
do dois átomos de hidrogênios, do NH3, são
substituídos por radicais orgânicos, R1 e R2,
que podem ser alquila (R) ou arila (Ar).
Aminas terciárias são formadas quan-
do os três átomos de hidrogênios, do NH3,
são substituídos por radicais orgânicos
alquila (R1, R2 e R3) ou arila (Ar1, Ar2 e Ar3).
FONTE: O autor
123
3.1.1 A presença das aminas em nossa vida
As aminas estão presentes em diversas situações da vida cotidiana, sendo
possível encontrá-las na urina de animais (incluindo seres humanos) na forma de
ureia. Além disso, os aminoácidos que formam nossas enzimas, proteínas e código
genético (DNA e RNA) são formados por compostos contendo nitrogênio. Durante
a decomposição de animais, são formadas substâncias que contêm o grupo amino,
responsável pelo odor forte e característico, como a putrescina (1,4-diamino-butano) e
cadaverina (1,5-diamino-pentano) (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
124
Dessa maneira, a Figura 34 traz exemplos e a respectiva nomenclatura de
algumas aminas primárias.
Ciclo-hexilamina
Hexan-2-amina
4-metil-hexa-2-en-3-amina
FONTE: O autor
125
FIGURA 35 – FÓRMULA ESTRUTURAL DE UMA AMINA SECUNDÁRIA
FONTE: O autor
N-etil-N-metil-5-metil-hexan-3-amina
FONTE: O autor
DICA
Sempre que a molécula de uma amina apresentar ramificações na cadeia
principal e grupos substituintes no grupo funcional, ou seja, radicais aquila ou
arila no lugar do átomo de hidrogênio (R─NH2, R1─ NH ─ R2, ou R1R2 ─ N ─ R3),
a IUPAC exige que os radicais ligados ao nitrogênio sejam indicados pela
letra “N”, seguida do prefixo e a terminação “IL” no início da nomenclatura.
126
3.2 AMIDAS
As amidas podem ser facilmente compreendidas como compostos orgânicos
derivados dos ácidos carboxílicos, pela substituição da hidroxila (OH) por um grupamento
amino (NH2) (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006). Dessa forma,
todas as amidas apresentam o grupo funcional mostrado na Figura 37.
FONTE: O autor
127
Além disso, as amidas são amplamente utilizadas como estabilizador de
explosivos e na produção de resinas e medicamentos. Por exemplo, os barbitúricos são
usados em remédios sedativos, principalmente em casos de ansiedade e distúrbios
psicológicos (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
Etanamida
Prop-2-enamida
2-metil-propanamida
4-fenil-pentanamida
FONTE: O autor
128
Assim, quando há insaturações ou ramificações na estrutura molecular, é
preciso deixar claras as suas respectivas localizações na nomenclatura.
N-etil-etilamida
N,N-dimetil-prop-2-enanamida
N-fenil-N-metil-pentanamida
FONTE: O autor
3.3 NITRILAS
As nitrilas, também conhecidas como cianetos, são substâncias químicas que
apresentam, em sua estrutura molecular, o grupo funcional ─C≡N (ciano). São geradas
a partir da substituição do hidrogênio do ácido cianídrico, também chamado de gás
cianeto ou ainda cianeto de hidrogênio (HCN), por um radical orgânico alquila (R) ou arila
(Ar) (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006). Na Figura 41, podemos
observar alguns exemplos desses compostos.
129
FIGURA 41 – EXEMPLO DE NITRILAS
130
3.3.2 Nomenclatura das nitrilas
Segundo as regras preconizadas pela IUPAC, as nitrilas seguem a regra básica
de nomenclatura acrescida da terminação “NITRILA”, conforme mostrado a seguir:
IUPAC: 3-metil-pentanonitrila
USUAL: Cianeto de 3-metil-pentanoila
IUPAC: 2,2-dimetilpropanonitrila
USUAL: Cianeto de terc-butila
IUPAC: Isobutanonitrila
USUAL: Cianeto de isobutila
IUPAC: Benzonitrila
USUAL: Cianeto de Benzila
FONTE: O autor
3.4 NITROCOMPOSTOS
Os nitrocompostos são substâncias orgânicas originadas através da reação
química entre o ácido nitro (HNO3) e um hidrocarboneto; assim, todos os nitrocompostos
apresentam o grupo funcional ─NO2 (nitro) como mostra a Figura 43 (SOLOMONS, 2002;
FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
131
FIGURA 43 – GRUPO FUNCIONAL NITRO
ou ou
FONTE: O autor
132
NITRO + Nome do grupo orgânico R ou Ar
Regra básica:
prefixo + infixo + sufixo “o”
Nitropropano
2-metil-2-nitrobut-3-eno
2-metil-1,3,5-trinitrobenzeno
ou 2,4,6-trinitrotolueno (TNT)
2-metil-1,3-dinitrobenzeno
ou 1,3-dinitrotolueno (DNT)
FONTE: O autor
133
3.5 RESUMO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS
Para facilitar a compreensão, a Tabela 3 apresenta um resumo das funções
orgânicas nitrogenadas.
Funções Grupo
Nomenclatura Observação
orgânicas (FO) funcional (GF)
Prefixo + infixo
+ terminação “AMINA”
134
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A denominação sal orgânico deve ser atribuída a todo composto que apresente
uma carboxila, cujo hidrogênio da hidroxila (OH) foi substituído pelo átomo de
um elemento metálico; assim, esse grupo funcional sempre estará em uma das
extremidades da molécula.
• A denominação éster deve ser atribuída a todo composto que apresente uma
carboxila, cujo hidrogênio da hidroxila (OH) foi substituído por um radical alquila ou
arila; assim, esse grupo funcional sempre estará no meio da molécula.
• A denominação anidrido deve ser atribuída a todo composto que apresente duas
carboxilas unidas entre si. Esses compostos são gerados através de reações químicas
específicas, nas quais dois ácidos carboxílicos se unem, levando à formação do
anidrido correspondente e água.
• De acordo com a IUPAC, a nomenclatura dos anidridos deve iniciar com o termo
“ANIDRIDO”, seguido do nome dos ácidos carboxílicos precursores.
• A denominação cloreto de acila deve ser atribuída a todo composto que apresente
uma carboxila, cujo hidrogênio da hidroxila (OH) foi substituído por um cloreto (Cl –);
assim, esse grupo funcional sempre estará na extremidade da molécula;
135
• De acordo com a IUPAC, a nomenclatura dos cloretos de acila deve iniciar com o termo
“CLORETO DE”, seguido por prefixo e infixo e a terminação “OILA”. As insaturações e
as ramificações devem ter suas respectivas localizações informadas; para isso, a
numeração da cadeia principal sempre iniciará pelo carbono do próprio grupo funcional.
• A denominação amina deve ser atribuída a todo composto que apresente o grupo
amino (NH2), derivado da amônia (NH3). Em função do número de hidrogênios
substituídos, as aminas podem ser primárias, secundárias ou terciárias.
• De acordo com a IUPAC, a nomenclatura das aminas segue a regra básica “prefixo
+ infixo”, seguidos pela terminação “AMINA”. Quando apresentam ramificações,
a nomenclatura deverá iniciar pelas ramificações presentes na cadeia principal
(indicadas por números), seguidas dos substituintes do H do grupo funcional, que
deverão ser indicados pela letra “N”.
• A denominação amida deve ser atribuída a todo composto que contém um grupo
carbonila imediatamente ligado a um grupo amino (NH2). Esse grupo funcional
é derivado dos ácidos carboxílicos, pela substituição da hidroxila (OH) por um
grupamento amino (NH2). Em função do número de hidrogênios substituídos, as
aminas podem ser primárias, secundárias ou terciárias.
• De acordo com a IUPAC, a nomenclatura das aminas segue a regra básica “prefixo
+ infixo”, seguidos pela terminação “AMIDA”. Quando apresentam ramificações,
a nomenclatura deverá iniciar pelas ramificações presentes na cadeia principal
(indicadas por números), seguida dos substituintes do H do grupo funcional, que
deverão ser indicados pela letra “N”.
• As nitrilas são substâncias que possuem o grupo ciano (C≡N) em sua estrutura
molecular. De acordo com a IUPAC, sua nomenclatura segue a regra básica: “prefixo
+ infixo”, seguidos pela terminação “NITRILA”.
136
AUTOATIVIDADE
1 Tanto os compostos orgânicos oxigenados quanto os nitrogenados estão amplamente
inseridos no nosso cotidiano. Para treinar a identificação dessas estruturas moleculares,
escreva as fórmulas estruturais para os compostos orgânicos indicados a seguir:
a) Benzoato de potássio.
b) Hex-2-en-3-amina.
c) Benzonitrila.
d) N-etil-2,N-dimetilpropan-1-amina.
e) Propanoato de isobutila.
f) 4-etil-3-metil-2-nitro-hept-5-eno.
g) N-metilpropanamida.
h) Benzoato de metila.
III-
I-
IV-
II-
V-
137
( ) Sal orgânico.
( ) Nitrila.
( ) Éster.
( ) Amida.
( ) Anidrido.
a) ( ) IV – III – II – I – V.
b) ( ) III – V – IV – I – II.
c) ( ) III – V – II – IV – V.
d) ( ) IV – III – V – I – II.
e) ( ) III – IV – II – I – V.
4 Entre as inúmeras substâncias químicas que têm a capacidade de gerar o sabor doce
ao paladar humano está o aspartame, estrutura representada a seguir. Pequenas
quantidades dessa substância são suficientes para causar a doçura aos alimentos
preparados, já que é cerca de 200 vezes mais doce que a sacarose.
FONTE: O autor
138
FONTE: O autor
139
140
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
HALETOS ORGÂNICOS E COMPOSTOS
SULFURADOS
1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo, a alegria e o entusiasmo do nascimento de uma criança traziam,
ao ato do parto, muita dor e sofrimento. Até início do século XIX, não importava a condição
social, toda mulher que desejava dar à luz experimentava as dores do parto. A rainha Victoria
(1819-1901), da Inglaterra, teve nove filhos – uma tortura para ela que achava a gestação
insuportável, se sentia parecida com “uma vaca”, temia o parto e achava os recém-nascidos
feios. Todavia, no parto de seus dois últimos herdeiros, ela conquistou um feito histórico para
a medicina ao fazer uso de uma técnica revolucionária (para a época): o uso de anestesia
com clorofórmio, que tirou das mulheres a torturante dor do parto.
Esse haleto orgânico, usado pelo médico John Snow e sua equipe para o parto
dos caçulas Leopold (1853) e Beatrice (1857), foi considerado um avanço da medicina.
Em 1920, já era utilizado em 90% dos partos em países de língua inglesa e alemã (terra
natal de seu marido, príncipe Albert) (HIBBERT, 2000; CORDEIRO, 2010; MEDEIROS,
2017). O clorofórmio era aplicado quando a gestante já estava em trabalho de parto;
embebecia-se um tecido que era inalado para, assim, chegar ao sistema nervoso
central, diminuindo a sensibilidade do corpo às dores. Neste tópico, estudaremos
detalhadamente os haletos orgânicos.
141
2 HALETOS ORGÂNICOS
Os haletos orgânicos são substâncias derivadas dos hidrocarbonetos pela troca de um
ou mais átomos de hidrogênio (H) por átomos de halogênios (elementos da família 17, ou VII A,
da tabela periódica) (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). De modo geral, todo haleto orgânico
é facilmente identificado, devido à presença do grupo funcional mostrado na Figura 46.
FONTE: O autor
Observa-se que esses compostos podem ser alifáticos (R), de cadeia aberta ou
fechada, ou aromáticos (Ar). Além disso, os halogênios são (genericamente) representa-
dos pela letra X. Apesar de o astato (At) pertencer a família dos halogênios, seu isótopo
mais estável tem poucas horas de existência (tempo de meia-vida de pouco mais de 8
horas), dificultando sua utilização, por isso, os haletos orgânicos são frequentemente
encontrados com os elementos flúor (F), cloro (Cl), bromo (Br) e iodo (I).
142
• Quanto ao tipo de halogênio presente na molécula:
o Fluoretos orgânicos: quando apresentar um ou mais átomo de flúor (F).
o Cloretos orgânicos: quando apresentar um ou mais átomo de cloro (Cl).
o Brometos orgânicos: quando apresentar um ou mais átomo de bromo (Br).
o Iodetos orgânicos: quando apresentar um ou mais átomo de iodo (I).
o Mistos: quando houver mais de um tipo de halogênio.
Por muito tempo, os haletos orgânicos foram amplamente utilizados, porém, com
o desenvolvimento das pesquisas científicas e a crescente preocupação com o meio
ambiente e com a saúde humana, muitas de suas aplicações foram abandonadas (FELTRE,
2004). A título de curiosidade e informação, destacaremos alguns desses produtos, como:
143
2.2 NOMENCLATURA DOS HALETOS ORGÂNICOS
A nomenclatura oficial do haletos orgânico segue as regras preconizadas
pela IUPAC, a qual considera o halogênio (presente na molécula) apenas como uma
ramificação diretamente ligada à cadeia principal (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004).
Assim, a nomenclatura oficial dos haletos de alquila e arila deve seguir a estrutura:
Fluoretano
2-clorobutano
2-metil-2,4-dibromobutano
1-cloro-3-flúor-benzeno
ou meta-cloro-flúor-benzeno
FONTE: O autor
144
Na nomenclatura dos haletos orgânicos, continuam sendo obedecidas as regras
gerais de nomenclatura apresentadas para os hidrocarbonetos (ver Unidade 1), ou seja,
a cadeia carbônica deve ser sempre a mais longa possível e sua numeração deve seguir
a regra dos menores números possíveis, tendo em mente que:
3 COMPOSTOS SULFURADOS
Os compostos sulfurados (do inglês sulphur) são substâncias orgânicas que
apresentam em sua estrutura molecular um ou mais átomos de enxofre (S). Originário do
grego theion, que significa enxofre, o termo “TIO” é frequentemente associado a esses
compostos, daí a origem à nomenclatura tiocompostos (SOLOMONS, 2002; FELTRE,
2004; CANTO; PERUZZO, 2006).
145
QUADRO 2 – ALGUNS EXEMPLOS DE TIOÁLCOOL
ATENÇÃO
Os tioéteres também são conhecidos como sulfetos. Ao serem submetidos
a uma oxidação branda, formam compostos chamados de dissulfetos: R — S
— S — R, apresentando dois átomos de enxofre (ligados entre si), inseridos
entre radicais orgânicos (aquila, R, ou arila, Ar).
Esses compostos possuem grande importância biológica, pois a ligação
enxofre-enxofre (chamada de ponte de dissulfeto, — S — S —) permite a
união e a formação das longas estruturas moleculares de proteínas.
INTERESSANTE
Os tióis também são chamados de mercaptanas. Esse termo (originário do
latim mercurium captans, que significa “capturador de mercúrio”) é associado
aos tióis, pois eles têm a capacidade de reagir com o mercúrio, levando à
formação de compostos insolúveis.
147
FIGURA 48 – EXEMPLOS DE TIÓIS E SUAS RESPECTIVAS NOMENCLATURAS
Fórmula estrutural do composto e
Etapas para nomenclatura
nomenclatura IUPAC
Propan-3-tiol
4,5-dimetil-hexan-3-tiol
Ciclohexan-1-tiol
FONTE: O autor
ATENÇÃO
Ao determinar a nomenclatura de qualquer composto sulfurado, devemos lembrar que:
• A cadeia principal deve ser a mais longa possível, contendo o átomo de carbono (saturado)
diretamente ligado a sulfidrila (SH).
• Na existência de mais de uma possibilidade para ligação a sulfidrila (SH), na cadeia principal, é
necessário indicar sua localização através de sua numeração.
• A numeração da cadeia principal (sempre) deve iniciar pela extremidade mais
próxima do grupo SH, de modo que ele apresente o menor número possível.
• Quando a estrutura apresentar ramificações (indicada pela presença de carbonos
terciários e quaternários), a prioridade da menor numeração sempre será d o
grupo funcional SH seguido pelas ramificações.
• Quando a estrutura apresentar insaturações (ligações duplas ou triplas)
e ramificações, a prioridade da menor numeração sempre será do grupo
funcional SH, seguido pelas insaturações e ramificações.
148
FIGURA 49 – EXEMPLOS DE TIOÉTERES E SUAS RESPECTIVAS NOMENCLATURAS
Fórmula estrutural do composto e
Etapas para nomenclatura
nomenclatura IUPAC
Etil-tioisopropano
Propil-tiociclopentano
Metil-tiobenzeno
FONTE: O autor
DICA
Para aprofundar seus conhecimentos sobre os compostos sulfurados, sugerimos a leitura
dos trabalhos científicos:
• Aferição da halitose pela concentração de compostos sulfurados voláteis após métodos
de higienização lingual químico e mecânico, escrito por Cerri et al. (2003), disponível
em: https://bit.ly/3sW4F9F.
• Determinação de compostos sulfurados em amostras de asfalto de petróleo
empregando cromatografia líquida com detecção pulso-amperométrica, escrito por
Schmidt, disponível em: https://bit.ly/3I7OnRF.
149
LEITURA
COMPLEMENTAR
COMPOSTOS SULFURADOS NO AROMA DO CAFÉ: ORIGEM E DEGRADAÇÃO
Thais M. Uekane
Maria Helena M. Rocha-Leão
Cláudia M. Rezende
1 Introdução
Quanto aos aromas, termo técnico mais usado para aditivos na área alimentícia,
a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) adota como
procedimento para a liberação de uso de aromatizantes em alimentos a informação
da estimativa de sua ingestão em um alimento, seu metabolismo e sua toxicidade.
São aspectos importantes dos aromas a sua intensidade (potência), pureza, descrição,
150
duração, frequência e, em alguns casos, a ofensividade, parcialmente relacionada ao
termo inglês off-flavor. Muitos compostos dão contribuição ao aroma de alimentos na
concentração de parte por milhão ou parte por trilhão.
151
Os compostos sulfurados encontrados nos alimentos podem ser classificados de
acordo com seus grupos funcionais, sendo majoritariamente tióis (R-SH), como 2-furfuriltiol
(1) (FFT), metanotiol (4) e 2-metil3-furfutiltiol (12); sulfetos (R-S-R), como dimetil sulfeto (5)
(DMS) e dissulfetos (R-S-SR), como o dimetil dissulfeto (15) (DMDS). Podem ser classificados
também com base em seu ponto de ebulição, como compostos voláteis leves, cujo ponto de
ebulição é menor que 90 °C e como compostos voláteis pesados, acima de 90 °C. Os tiazóis
(16), tiofenos (17), tritiolanos, como o 3,3'-dimetil4-oxo-1,2-ditiolano (18), tritianos, como o
1,3,5-tritiano (19) e outros compostos sulfurados heterocíclicos, como o caveofurano (20),
representam importantes classes de flavores de alimentos cozidos (Figura 2).
152
A análise de compostos voláteis sulfurados, por sua vez, é um desafio devido
à baixa concentração nos alimentos e a reduzida estabilidade química, pois são
especialmente sensíveis a oxidação, rearranjo e isomerização sob condições de
aquecimento/luz e por efeito da matriz, fornecendo produtos diversos.
153
A formação de tiofenos está relacionada à reação entre a cisteína (55) e
a ribose (58), à pirólise individual dos aminoácidos e à reação de Strecker. A reação
de Strecker é importante na formação de compostos de aroma nos alimentos, onde
ocorre a degradação de aminoácidos por compostos dicarbonilados, formados ao longo
da reação de Maillard, levando à descarboxilação e desaminação dos aminoácidos e à
formação de voláteis sulfurados como metional, tiofenos e ácido sulfídrico.
154
para prevenir a formação de artefatos, especialmente observados como consequência da
elevação de temperatura durante a concentração da amostra ou na análise cromatográfica,
e neste último caso é recomendado o uso de vidro borossilicato e silanização de sua
superfície para desativar os sítios ativos antes da análise cromatográfica por CG.
FONTE: Adaptada de UEKANE, T. M.; ROCHA-LEÃO, M. H. M.; REZENDE, C. M. Compostos sulfurados no aroma
do café: origem e degradação. Revista Virtual de Química, v. 5, n. 5, p. 891-911, 2013. Disponível em:
http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v5n5a09.pdf. Acesso em: 29 nov. 2021.
155
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
156
AUTOATIVIDADE
1 O gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, é um
produto obtido das frações mais leves do processo de refino do petróleo. Sua constituição
é formada pela mistura de diferentes hidrocarbonetos – como propano (C3H8), propeno
(C3H6), butano (C4H10) e buteno (C4H8), além de pequenas frações de outros hidrocarbone-
tos – e apresenta grande aplicabilidade como combustível, por causa do alto poder calo-
rífico, da excelente qualidade de queima, do fácil manuseio e do baixo impacto ambiental,
além da facilidade de armazenamento e de transporte. Antes da distribuição comercial,
pequenas quantidades de butan-1-tiol já eram adicionadas ao gás de cozinha. Explique, de
maneira sucinta, por que os tióis são adicionados na versão comercial do GLP.
FONTE: O autor
3 Por muito tempo, os haletos orgânicos foram amplamente utilizados, porém, com o
desenvolvimento das pesquisas científicas e a crescente preocupação com o meio
ambiente e com a saúde humana, muitas de suas aplicações foram abandonadas.
Comente sobre o uso e os motivos que levaram à proibição do inseticida dicloro-
difenil-tricloroetano (DDT) e do clorofórmio como anestésico.
a) ( ) C4H10S.
b) ( ) C5H12S.
157
c) ( ) C4H11OH.
d) ( ) C5H10OH.
e) ( ) C4H12S.
158
REFERÊNCIAS
CANTO, E. L. do; PERUZZO, T. Química na abordagem do cotidiano. 3. ed. São
Paulo: Moderna, 2006.
159
UEKANE, T. M.; ROCHA-LEÃO, M. H. M.; REZENDE, C. M. Compostos Sulfurados no
Aroma do Café: Origem e Degradação. Revista Virtual Química, v. 5, n. 5, p. 891-
911, 2013. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v5n5a09.pdf.
Acesso em: 29 nov. 2021.
160
UNIDADE 3 —
PROPRIEDADES FÍSICAS,
ISOMERIA E REAÇÕES
QUÍMICAS DOS
COMPOSTOS ORGÂNICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
161
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
162
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PROPRIEDADES FÍSICAS DOS COMPOSTOS
ORGÂNICOS
1 INTRODUÇÃO
Como foi possível perceber anteriormente, as substâncias orgânicas represen-
tam um conjunto muito diversificado de compostos químicos, apresentando variações
tanto na estrutura e na distribuição dos seus átomos quanto dos elementos químicos
presentes nas moléculas, o que lhes garante uma ampla multiplicidade de geometrias
espaciais de suas moléculas.
Diante disso, neste tópico, estudaremos alguns aspectos gerais sobre a estrutura
das moléculas orgânicas, como geometria molecular, polaridade das ligações covalentes,
ligações intermoleculares, ligação de hidrogênio, interações dipolo-dipolo permanente e
interações dipolo instantâneo-dipolo induzido. Além disso, veremos os diferentes estados
físicos dos compostos orgânicos e as propriedades físicas de ponto de fusão e ponto de
ebulição. Por fim, abordaremos a solubilidade de compostos orgânicos.
163
realiza quatro ligações; as quatro valências livres do carbono são iguais, permitindo a
realização de múltiplas ligações, pois, ao ligarem-se entre si, os átomos de carbono
formam longas e estáveis cadeias.
Metano “tetraédrico”: o átomo Modelo de cunha e traços é usado Modelo de pinos e bolas, geral-
de carbono saturado está inserido para facilitar a criação mental da estrutu- mente feito de madeira ou de plás-
na posição central com suas qua- ra molecular; para isso, deve-se empregar tico, é muito utilizado para facilitar
tro ligações alinhadas aos vértices a convenção gráfica e imaginar que: a visualização espacial e tridimen-
do tetraedro (ligações simples ── linha cheia é uma ligação (sa- sional das moléculas.
com átomos de hidrogênio). turada ou insaturada) que está no
plano do papel;
- – - linha (ou cunha) tracejada é
uma ligação saturada que “vai para
trás” do plano do papel;
cunha cheia é uma ligação
saturada que “vem para a frente” do
plano do papel.
FONTE: Adaptada de Feltre (2004)
164
carbono tetraédrico trouxe para química a preocupação com a organização dos átomos
no espaço intramolecular, ou seja, com a geometria molecular (FELTRE, 2004).
165
elétrons ligantes (QPL) e não ligantes (QPNL) e o ângulo de ligação. Além disso, temos
uma representação genérica da estrutura molecular, em que cada bolinha representa
um átomo e cada vareta representa uma ou mais ligações covalentes.
Representação
Geometria Q PL** Q PNL** Ângulo de ligação
genérica
Linear 1 -- 180°
2 1 < 120°
Angular
2 2 < 109,5°
Piramidal 3 1 109,5°
*Q PL: quantidade de par(es) de elétrons ligante; **Q PNL: quantidade de par(es) de elétrons não ligante(s).
FONTE: Adaptado de Canto; Peruzzo (2006)
INTERESSANTE
As moléculas de água (angular, 104,5°) e de amônia (piramidal, 107°) contêm ângulos de
ligação menores, que, na geometria tetraédrica (109°28’), é explicado devido à repulsão entre
o par de elétrons não compartilhado e o par de elétrons compartilhado ser mais intensa do
que a repulsão entre pares de elétrons compartilhados (CANTO; PERUZZO, 2006).
166
2.1.2 Geometria dos átomos de carbono
Na Unidade 1, vimos que o átomo de carbono é extremamente versátil, conse-
guindo existir na hibridização Sp3 (saturado, quatro ligações simples), Sp2 (insaturado,
uma ligação dupla) e Sp (insaturado, uma ligação tripla ou duas ligações duplas), tal
característica influenciará a geometria molecular, principalmente em moléculas sim-
ples que apresentam um único átomo de carbono. Assim, apesar de o carbono satura-
do apresentar a geometria molecular tetraédrica, ao realizar ligações duplas ou triplas,
pode assumir outras configurações espaciais, como mostra a Figura 2.
Linear Linear
167
Geometria real
• linha cheia (──): representa uma ligação (saturada ou insaturada) que está no plano
do papel;
• linha tracejada (- - -): representa uma ligação saturada que “vai para trás” do plano do papel;
• cunha cheia ( ): representa uma ligação saturada que “vem para a frente” do
plano do papel.
IMPORTANTE
Por definição, dizemos que a eletronegatividade representa a capacidade
que um átomo (de um elemento qualquer) tem de atrair para si o par
eletrônico que ele compartilha com outro átomo em uma ligação covalente.
168
FIGURA 3 – VALORES E COMPORTAMENTO DA ELETRONEGATIVIDADE DOS ELEMENTOS QUÍMICOS AO
LONGO DA TABELA PERIÓDICA
F (4,0) > O (3,5) > N (3,0) ≈ Cl (3,0) > Br (2,8) > I (2,5) ≈ S (2,5)
≈ C (2,5) > Se (2,4) > P (2,1) ≈ H (2,1) > metais (1,9 – M < 1,0)
Entretanto, quando temos uma molécula (covalente) formada por dois átomos
diferentes, como o ácido clorídrico (HCl), o elemento químico com maior eletronegatividade
atrai (puxa) para si o par eletrônico. Nesse caso, o átomo de cloro exerce maior atração
sobre o par eletrônico compartilhado e, por isso, dizemos que a ligação H ─ Cl é polar (há
diferença de eletronegatividade), gerando dois polos na molécula e, consequentemente,
169
o ácido clorídrico é polar. A densidade de carga é representada pela letra delta minúscula
(δ), acompanhada de um sinal positivo (δ+) para representar o polo positivo e a presença
de uma maior densidade de cargas positivas, e de um sinal negativo (δ–), para representar
o polo negativo e a maior concentração de cargas negativas.
INTERESSANTE
O momento dipolar (µ) é matematicamente determinado pela
multiplicação do valor de carga parcial (δ) pela distância (d) entre os
dois extremos de uma ligação. Assim, temos:
coulomb.metro
• O vetor momento dipolar ( ) possui a direção de uma reta que une os dois núcleos
atômicos da ligação química em questão e sua direção (sempre será) no sentido do
polo positivo para o negativo.
• As ligações apolares possuem vetor momento de dipolo nulo ( = 0).
• Em moléculas com mais de dois átomos, devemos analisar cada ligação química
de modo individual, pois elas terão vetores ( ) independentes. Assim, para saber
se a molécula é polar ou apolar, devemos somar todos os vetores ( ) existentes na
molécula e concluir se são nulos ou não.
• A polaridade de uma molécula com mais de dois átomos será expressa pelo vetor
momento de dipolo resultante ( ). Quando ele for nulo, a molécula será apolar, do
contrário, a molécula será polar.
170
É importante observar que uma molécula com ligações covalentes polares tanto pode
ser polar quanto apolar. Tudo dependerá da geometria da molécula e da consequente soma
(resultante) de todos os vetores momento dipolar existentes na molécula (FELTRE, 2004).
171
GIO
Sabendo que as cargas elétricas interagem e se repelem, como as moléculas
coexistem num material? Será que elas interagem entre si ou permanecem
afastadas umas das outras?
A maior densidade de carga está localizada sobre o átomo de cloro, já que ele
possui maior eletronegatividade (H = 2,1; Cl = 3,0); assim, ao “puxar” os elétrons da ligação
covalente (H ─ Cl), leva à formação de um polo negativo e um positivo na molécula. A
densidade de carga é representada pela letra delta minúscula (δ), acompanhada de um
sinal positivo (δ+), para representar o polo positivo e a presença de uma maior densidade
de cargas positivas, e de um sinal negativo (δ–), para representar o polo negativo e a
maior concentração de cargas negativas.
172
FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA: DO DIPOLO PERMANENTE DO HCL (A) E DA INTERAÇÃO
DIPOLO-DIPOLO PERMANENTE ENTRE SUAS MOLÉCULAS (B)
A B
Dipolo permanente da molécula de HCl Interação dipolo-dipolo permanente
(maior densidade de carga negativa no cloro entre molécula de HCl
ẟ –, devido a sua alta eletronegatividade) (linha tracejada)
FONTE: <https://bit.ly/36qmJkF>. Acesso em: 8 dez. 2021.
ATENÇÃO
As interações dipolo permanente possuem força de intensidade média,
quando comparada aos demais tipos de interação, são mais intensas que as
interações dipolo induzido, mas apresentam menor intensidade que a força
da ligação de hidrogênio.
173
FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO (CUNHA TRACEJADA) EM
AMINAS PRIMÁRIAS (A), ÁLCOOIS (B) E ÁCIDOS CARBOXÍLICOS (C)
A B C
FONTE: Adaptada de Canto; Peruzzo (2006)
INTERESSANTE
A tensão superficial é originada quando as moléculas de água, que estão
na superfície dos líquidos, realizam ligações de hidrogênio com moléculas
que ficam abaixo e ao lado, sendo atraídas para o interior do líquido, já
que não há moléculas acima delas para se ligarem. Essa “película d’água” é
tão intensa que permite que alguns insetos caminhem sobre ela, além de
exercer papel fundamental para alguns fungos, bactérias, larvas, algas e
crustáceos, auxiliando na sua existência na superfície de lagos.
174
Os hidrocarbonetos, assim como todas as demais substâncias apolares, existem
nos estados sólido e líquido, devido às forças de dipolo induzido, também chamado de
interação dipolo instantâneo-dipolo induzido. Por exemplo, em um copo contendo
gasolina (ou outro hidrocarboneto qualquer), não seria possível dizer quantas moléculas
estão presentes no copo, mas podemos afirmar que há algumas centenas delas, pois
toda molécula é formada por átomos, os quais são formados por prótons e elétrons em
contínuo (e ininterrupto) movimento. Assim, podemos dizer que as moléculas possuem
uma “nuvem eletrônica” em constante movimento, mesmo ela sendo neutra (apolar).
FONTE: O autor
175
3 ESTADOS FÍSICOS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS
Todas as substâncias existentes na natureza podem ser encontradas em três
estados (fases) de agregação, também chamados de estados físicos, conhecidos como:
sólido, líquido e gasoso. Cada estado de agregação pode ser diretamente associado ao
comportamento cinético (grau de agitação) das moléculas que formam as substâncias.
Dois fatores determinam a fase em que as substâncias se encontram: a temperatura e a
pressão (SOLOMONS, 2002). Para cada substância, há uma faixa de temperatura e pressão
que determinará seu estado de agregação. Por exemplo, a água, em temperaturas inferiores
a 0 °C, mantendo-se a pressão de 1 atm, assume a forma sólida; na temperatura de 0° a
100 °C, é líquida; já em temperaturas maiores que 100° C, apresenta-se no estado gasoso.
ATENÇÃO
As possíveis mudanças de fase são: fusão (passagem do estado sólido
para o líquido), solidificação (mudança do estado líquido para o sólido),
vaporização (mudança do estado líquido para o gasoso), condensação
(passagem do estado gasoso para o líquido), sublimação (passagem do
estado sólido para o gasoso diretamente, sem passar pelo estado líquido)
e cristalização (mudança do estado gasoso para o sólido, sem passar
pelo estado líquido).
176
Outros exemplos facilmente observados no cotidiano são a vaporização da
acetona, que ocorre a partir do rompimento de interações dipolo-dipolo, e a vaporização
da gasolina, após rompimento de interações dipolo instantâneo-dipolo induzido.
177
A série homóloga dos alcanos é um bom exemplo de família de compostos
apolares. As interações dipolo instantâneo-dipolo induzido (fracas forças de Van der
Waals), existentes entre suas moléculas, são responsáveis pelos baixos pontos de
ebulição dos alcanos, conforme pode ser observado na Figura 8.
178
FIGURA 9 – TEMPERATURAS DE FUSÃO DOS ALCANOS NORMAIS
ATENÇÃO
Ao compararmos duas substâncias com o mesmo tipo de interação
intermolecular, a que tiver maior tamanho (estimado pela massa
molecular) possuirá maior ponto de ebulição.
1
2,2-dimetil-propano, C5H12 2-metil-butano, C5H12 Pentano, C5H12
PE: 9 °C PE: 28 °C PE: 36 °C
FONTE: Adaptada de Canto; Peruzzo (2006)
179
DICA
Ao compararmos substâncias orgânicas com mesma massa molecular e com
mesmo tipo de ligação intermolecular, a que tiver maior tamanho da
cadeia principal possuirá maior ponto de ebulição, devido ao maior número de
interações intermoleculares.
QUADRO 3 – COMPARAÇÃO DOS PONTOS DE EBULIÇÃO DE HALETOS ORGÂNICOS COM SEU HIDROCAR-
BONETO CORRESPONDENTE
180
Desse modo, o ponto de ebulição aumenta rapidamente com o aumento da
massa atômica do halogênio. Como consequência, os haletos de massa molecular
elevada são sólidos, os de massa molecular intermediária são líquidos incolores e de
cheiro agradável, e os mais simples são gasosos.
Por exemplo, os álcoois possuem o grupo funcional hidroxila (OH) que permite
realizar ligações de hidrogênio entre suas moléculas, sendo o átomo de hidrogênio
(deficiente de elétrons) atraído pelos pares de elétrons (não ligantes) de um átomo de
oxigênio de uma molécula vizinha, formando uma ligação de hidrogênio entre elas, e isso
ocorre sucessivamente. Dessa forma, quanto maior o número de ligações de hidrogênio
formadas entre duas ou mais moléculas, mais próximas e unidas elas estarão.
181
QUADRO 4 – COMPARAÇÃO DOS PONTOS DE EBULIÇÃO DE ÁLCOOIS COM SEUS ALCANOS CORRESPONDENTES
Metanol, Metano,
+ 64,8 - 161,5
CH3OH CH4
Etanol, Etano,
+ 78,5 - 88,6
CH3CH2OH C2H6
Propan-1-ol, Propano,
+ 97,4 - 42,1
CH3CH2CH2OH C3H8
Butan-1-ol, Butano,
+ 117,3 - 0,5
CH3(CH2)2CH2OH C4H10
Hexan-1-ol, Hexano,
+ 157,2 - 69,2
CH3(CH2)4CH2OH C6H14
FONTE: Adaptado de Canto; Peruzzo (2006)
Um caso interessante é o que ocorre nos ácidos carboxílicos, que formam pontes de
hidrogênio duplas entre duas moléculas, ou seja, para separar suas moléculas, será necessária
uma quantidade de energia ainda maior que a dos álcoois. O Quadro 5 mostra uma comparação
dos pontos de ebulição de alguns ácidos carboxílicos com seus álcoois correspondentes.
QUADRO 5 – COMPARAÇÃO DOS PONTOS DE EBULIÇÃO DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS COM SEUS ÁLCOOIS
CORRESPONDENTES
182
3.2 SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
A solubilidade representa a tendência que um determinado composto sólido tem
de se tornar solúvel em um líquido e uma substância líquida tem de se tornar miscível
em outro líquido. Para que isso ocorra, é necessário romper interações intermoleculares
preexistentes por novas interações. Daí a afirmação de que “semelhante dissolve
semelhante”, ou seja, substâncias polares dissolvem-se com maior facilidade em
líquidos polares, enquanto substâncias apolares se dissolvem com maior facilidade em
líquidos apolares (CANTO; PERUZZO, 2006; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
Como a maioria das substâncias orgânicas são compostos apolares, ou com grandes
cadeias carbônicas (o que lhes garante um caráter apolar), apresentam pouca ou nenhuma
solubilidade na água (líquido polar). De fato, as substâncias orgânicas são, em geral, solúveis
em solventes orgânicos, ou seja, em líquidos como os hidrocarbonetos e éteres que são
apolares (ou pouco polares). Para exemplificar esse comportamento, podemos observar, no
Quadro 6, a influência da cadeia carbônica na solubilidade dos compostos orgânicos.
Solubilidade em água
Álcool
(gramas/100 g de água)
Metanol,
Infinita
CH3OH
Etanol,
Infinita
CH3CH2OH
Propan-1-ol,
Infinita
CH3CH2CH2OH
Butan-1-ol,
7,9
CH3(CH2)2CH2OH
Pentan-1-ol,
2,2
CH3(CH2)3CH2OH
Hexan-1-ol,
0,6
CH3(CH2)4CH2OH
FONTE: Adaptado de Canto; Peruzzo (2006)
183
Para compreendermos esses fatos, é necessário lembrarmos que um álcool
é formado por um grupo orgânico (R), apolar, que é insolúvel em água (e solúvel em
solventes orgânicos), e pelo grupo funcional hidroxila (OH), que é altamente polar,
esta porção é responsável pelas ligações de hidrogênio com a água. Assim, conforme
o predomínio do grupo R ou do OH, prevalecerão as propriedades do primeiro ou do
segundo. Um esquema sobre a solubilidade é descrito na Figura 11.
INTERESSANTE
Uma propriedade fisiológica interessante é que o aumento do número de oxidrilas,
numa cadeia carbônica, confere ao composto um sabor adocicado. Por exemplo, a
glicerina C3H5(OH3) com três oxidrilas na molécula é levemente adocicada; já o açúcar
comum, C12H14O3(OH)8 com oito oxidrilas, é bastante doce (CANTO; PERUZZO, 2006).
184
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Uma ligação covalente será polar sempre que os dois átomos que estabelecem essa
ligação possuírem diferentes eletronegatividades. Já a polaridade de uma molécula
com mais de dois átomos é expressa pelo vetor momento de dipolo resultante ( ).
Se ele for nulo, a molécula será apolar; do contrário, a molécula será polar.
185
• Ao compararmos substâncias orgânicas com a mesma massa molecular e o mesmo
tipo de ligação intermolecular, o tamanho da cadeia principal é um bom indicador
do tamanho da molécula. É de se esperar que a que possuir cadeia principal mais
extensa, terá maior ponto de ebulição.
186
AUTOATIVIDADE
1 A polaridade das substâncias orgânicas é uma consequência originada tanto da
diferença de eletronegatividade quanto da organização espacial (geometria) dos
átomos presentes na molécula. Tendo em mente apenas substâncias apolares,
assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: O autor
No estado líquido, os tipos de forças intermoleculares que existem em cada uma dessas
substâncias, respectivamente, são:
187
( ) As interações dipolo-dipolo permanente ocorrem somente entre moléculas
apolares. Já as interações dipolo instantâneo-dipolo induzido ocorrem tanto em
substâncias polares quanto apolares.
( ) Ligações de hidrogênio são interações que ocorrem tipicamente entre moléculas
que apresentam átomos de H ligados a F, O ou N.
( ) A muda de estado físico de agregação, de qualquer substância orgânica, ocorre
mediante o rompimento de ligações químicas.
a) ( ) V – V – V – F – F.
b) ( ) V – F – F – V – F.
c) ( ) F – F – F – V – V.
d) ( ) V – V – F – V – F.
e) ( ) V – F – V – V – F.
I- Propano (C3H8).
II- 1-propanol (C3H8O).
III- Etano (C2H6).
IV- Propano-1,2-diol (C3H8O2).
a) ( ) II – IV – I – III.
b) ( ) III – I – IV – II.
c) ( ) II – IV – III – I.
d) ( ) III – I – II – IV.
e) ( ) IV – II – III – I.
188
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
ISOMERIA EM QUÍMICA ORGÂNICA
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, nosso planeta Terra e tudo o que existe nele é formado por (ao
menos) um dos 118 elementos químicos, catalogados e reunidos na tabela periódica.
Assim, tudo o que conhecemos, seja criado pela natureza ou pelas mãos humanas, seja
pertencente ao reino mineral, vegetal ou animal, pode ser descrito por 118 elementos
químicos. Pensando dessa forma, parece algo muito simples, mas, ao revisitarmos o
que estudamos até aqui e ao olharmos para a química orgânica, percebemos que existe
uma infinidade de combinações, arranjos e estruturas possíveis para esses elementos.
Então, percebemos que representar uma substância química, unicamente, através de
sua fórmula molecular não é uma informação muito relevante; na verdade, isso pode nos
levar a muitos enganos. Por exemplo, em um laboratório químico, para a identificação de
um frasco de reagente com a fórmula C2H6O, ele poderia ser interpretado como etanol
(CH3CH2OH) ou como metoximeano (CH3OCH3). Se simplesmente se escrever C15H32, a
qual das 4.347 “arrumações” diferentes de seus 15 átomos de carbono se referia?
Esse fenômeno, em que uma única fórmula molecular representa duas ou mais
substâncias diferentes é conhecido, na química orgânica, como isomeria ou isome-
rismo, e os diferentes compostos que apresentam em comum uma mesma fórmula
molecular são chamados de isômeros. No entanto, é importante saber que, apesar de
terem quantidades iguais dos mesmos elementos, os isômeros demonstram proprieda-
des diferentes, devido à organização dos átomos, ou seja, possuem fórmulas estruturais
diferentes (CANTO; PERUZZO, 2006; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
2 ISOMERIA PLANA
Quando a diferença dos isômeros pode ser identificada através da análise de
suas fórmulas estruturais planas, dizemos que é um caso de isomeria constitucional
ou isomeria plana, pois a diferença está na organização, na maneira com que seus
átomos se unem para formar as moléculas dos diferentes isômeros.
189
O estudo da isomeria plana é divido em cinco categorias: isomeria de cadeia,
de posição, de compensação (metameria), de função e tautomeria. A seguir,
estudaremos detalhadamente cada uma delas.
Fórmula
Isômeros
molecular
C5H10
C4H8O2
Cadeia normal Cadeia ramificada
C2H7N
Cadeia heterogênea Cadeia homogênea
FONTE: Adaptado de Feltre (2004)
Fórmula
Isômeros
molecular
C4H8
Observa-se a mudança da posição da insaturação (ligação dupla).
190
C4H6Cl2
Observa-se a mudança da posição das ramificações (cloreto).
C3H8O
Observa-se a mudança da localização do grupo funcional hidroxila (OH).
FONTE: Adaptado de Feltre (2004)
Fórmula
Metâmeros
molecular
C4H10O Observa-se que, apesar da modificação da localização (posição) do heteroátomo oxigênio, resultan-
do no encurtamento e alongamento cadeia carbonica, em ambos os casos, temos a função éter.
C4H11N
C3H6O2
Nesse exemplo, é mais fácil enxergar a mudança da cadeia carbônica, antes e depois do
grupo funcional éster.
FONTE: Adaptado de Feltre (2004)
191
QUADRO 10 – EXEMPLOS DE ISOMERIA PLANA DE FUNÇÃO
Fórmula
Isômeros
molecular
C2H6O
Álcool Éter
C3H6O
Cetona Aldeído
C7H8O
2.5 TAUTOMERIA
A tautomeria, também chamada de isomeria dinâmica, é um caso particular
de isomeria de função em que os isômeros coexistem em equilíbrio dinâmico em
solução. Apesar de essa isomeria ocorrer em compostos que apresentam o nitrogênio
ou o oxigênio ligados (ao mesmo tempo) a um hidrogênio e a um carbono saturado, os
casos mais comuns de tautomeria ocorrem entre aldeído e enol, e entre cetona e enol.
192
o Para compreender o esquema representado na Figura 12, precisamos ter em
mente que as ligações carbono-hidrogênio são covalentes com caráter polar,
cujos elétrons compartilhados estão mais próximos do átomo mais eletronegativo
(o carbono, ẟ–) e geram uma carga elétrica parcial positiva (ẟ+) no átomo de
hidrogênio. Esse “centro” deficiente de elétrons é facilmente atraído pelos pares
de elétrons (não ligantes) do átomo de oxigênio, levando à formação de uma
hidroxila e à consequente mudança da posição da ligação dupla, mantendo-se,
assim, a estabilidade química do oxigênio (regra do octeto).
• Tautomeria cetoenólica (cetona ⇌ enol): ocorre entre uma cetona e um enol
quando ambos estão presentes numa solução aquosa. Por exemplo, em meio
aquoso, uma pequena parte de propan-2-ona (uma cetona) transforma-se em
prop-1-en-2-ol (um enol), que, por sua vez, regenera-se novamente em cetona.
Assim, há um equilíbrio químico entre esses compostos que possuem a mesma
fórmula molecular – C3H6O (Figura 13).
3 ISOMERIA ESPACIAL
A isomeria espacial, também chamada de estereoisomeria, ocorre quando
dois compostos apresentam a mesma fórmula molecular e a mesma estrutura plana,
mas diferem quanto a sua estrutura espacial. Portanto, é possível diferenciar os
isômeros somente após analisarmos a organização dos seus átomos no espaço de forma
tridimensional, e não mais apenas em papel. Os compostos orgânicos que apresentam
esse tipo de isomeria são chamados de estereoisômeros.
193
3.1 ISOMERIA GEOMÉTRICA
A isomeria geométrica, também chamada de isomeria cis-trans, ocorre
em dois casos principais: em compostos de cadeias abertas, com ligação dupla entre
átomos de carbonos, e em compostos cíclicos. Nessas duas situações, a molécula
apresenta uma ligação carbono-carbono fixa e, portanto, não há possibilidade de livre
rotação (giro) ao redor dessa ligação. Analisaremos cada um dos casos a seguir.
194
FIGURA 15 – ROTAÇÃO DE LIGAÇÕES ENTRE ÁTOMOS DE CARBONO
Quando não há liberdade rotacional na ligação entre carbonos, como ocorre nas
ligações duplas, observamos a formação de estereoisômeros, ou seja, compostos orgânicos
que apresentam fórmulas moleculares iguais, com a mesma estrutura plana, mas diferentes
quanto a sua estrutura espacial. Para facilitar a compreensão do tema, analisaremos duas
estruturas existentes do dicloroeteno (C2H2Cl2), conforme mostrado na Figura 16.
Na Figura 16, a ligação dupla impede a rotação dos átomos de carbono, embora
existam duas formas possíveis para a disposição geométrica dos grupos ligados aos
carbonos da dupla. Quando os átomos de cloro (representados pelos círculos maiores
em verde) estão posicionados ao mesmo lado do plano espacial da molécula (Figura
16A), temos a formação do isômero cis, porém, quando estão em lados opostos (Figura
16B), temos o isômero trans.
195
IMPORTANTE
Os compostos de cadeias abertas com ligação dupla entre átomos de
carbonos serão chamados de:
• Cis: quando apresentarem grupos ligantes iguais posicionados do
mesmo lado do plano espacial molecular.
• Trans: quando apresentarem grupos ligantes iguais posicionados em
lados opostos do plano espacial molecular.
ATENÇÃO
Para que uma determinada fórmula estrutural plana apresente este-
reoisômeros cis e trans, é necessário que, além de uma ligação dupla
entre átomos de carbono, cada um dos carbonos da ligação dupla conte-
nha dois grupos ligantes (R) diferentes entre si, ou seja, R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4.
196
Para determinar a nomenclatura E-Z do haleto orgânico 2-cloro-3-metilpent-
2-eno, devemos observar atentamente a ligação dupla existente entre os átomos de
carbono, conforme apresentado na Figura 17, além de avaliar os grupos ligantes pelo
seu número atômico ou complexidade (tamanho da estrutura). Aqueles que apresentam
maior número atômico ou maior complexidade são considerados prioritários.
FONTE: O autor
INTERESSANTE
O sistema de isomeria E-Z foi criado pelos químicos Christopher Kelk Ingold,
Vladimir Prelog e colaboradores. As letras E e Z têm origem de palavras alemãs:
entgegen, que significa “opostos”, e zusammen, que corresponde a “juntos”.
197
3.1.2 Isomeria geométrica em compostos cíclicos
A presença de um ciclo em uma molécula também pode originar isômeros cis-
trans, já que, assim como ocorre com as ligações duplas, os ciclos não permitem a livre
rotação ao redor das ligações carbono-carbono. Desse modo, para ocorrer à isomeria
geométrica nos compostos cíclicos, basta que pelo menos dois carbonos do ciclo
apresentem grupos ligantes diferentes (Figura 18).
Na Figura 18, pode-se observar que há uma mudança na posição dos grupos ligantes
do anel, o que permite classificar os isômeros em cis e trans. Assim, quando os ligantes iguais
estão no mesmo lado do plano espacial molecular, trata-se do isômero cis e, quando os
ligantes iguais estão lados opostos do plano espacial molecular, do isômero trans.
198
FIGURA 19 – COMPORTAMENTO DA LUZ NATURAL
199
• Desvio da vibração do plano da luz polarizada para a esquerda: significa que o
composto é opticamente ativo. Ao promover o giro da luz no sentido anti-horário,
ou seja, levogiro (do latim laevus, que significa “esquerdo”), o isômero óptico é
denominado de levorrotatório ou levogiro, representado pela letra L ou por um sinal
negativo (-) na sua nomenclatura.
• A vibração do plano da luz polarizada não é desviada: significa que o composto
é opticamente inativo ou pode ser uma mistura racêmica, formada por 50% do
isômero dextrogiro e 50% do levogiro.
Na Figura 21A, observamos que o carbono central é assimétrico, pois todos os seus
ligantes são diferentes: H, CH3, OH e COOH. É importante saber que os carbonos assimétricos
costumam ser indicados com um asterisco, sendo chamados de carbono quiral. Ao compara-
mos a forma tetraédrica da molécula do ácido láctico (Figura 21B), com sua imagem especular
(imagem gerada por um espelho; Figura 21C), percebemos que os grupos ligantes (CH3 e COOH)
estão localizados em posições diferentes, demostrando que os isômeros são moléculas orgâni-
cas diferentes. Ao tentarmos “sobrepor” uma molécula sobre a outra (Figura 21D), nunca haverá
coincidência de todos os grupos. Esse tipo de isomeria, em que uma molécula é a imagem es-
pecular da outra, mas não são sobreponíveis, é chamado de isomeria óptica. Os isômeros são
denominados de isômeros ópticos ou enantiômeros ou, ainda, enantiomorfos.
200
INTERESSANTE
A palavra quiral é derivada do grego cheir, que significa “mão”. Esse termo
deu origem, na língua portuguesa, a várias palavras, como quiromancia
(leitura das mãos) e cirurgia (intervenção com as mãos).
Ainda sobre o ácido láctico, assim como para os demais enantiômeros, é importante
saber que os (dois) isômeros ópticos apresentam propriedades físicas (como ponto de fusão
e ponto de ebulição) iguais, diferenciando-se pelo desvio do plano da luz polarizada.
Assim, dão origem a dois isômeros com atividade óptica e enantiomorfos entre si: o
ácido d-tartárico e o ácido l-tartárico. Como visto anteriormente, ao misturarmos partes iguais
dos enantiômeros, eles formarão o racêmico, que, como sempre, é opticamente inativo (inativo
por compensação externa). No entanto, existe um isômero que é inativo por compensação
interna: o ácido mesotartárico (Figura 22B), que possui um plano de simetria na molécula,
dividindo-a em duas partes iguais, que resultam na inatividade óptica do composto.
201
QUADRO 11 – PROPRIEDADES FÍSICAS DAS FORMAS ENANTIOMÉRICAS DO ÁCIDO TARTÁRICO
202
crianças com malformação, descobrindo-se que somente o isômero dextrogiro, ou (R),
era responsável pelas propriedades analgésicas, sedativas e antessentires, enquanto
a talidomida levogira (S) é teratogênica, sendo responsável pelas mutações nos fetos.
Entre os efeitos colaterais observados pela ingestão da (S)-talidomida por gestantes
estavam: o desenvolvimento incompleto ou defeituoso dos membros dos fetos;
malformação em coração (como a ausência de aurículas), intestino, útero e vesícula
biliar; efeitos nos músculos dos olhos e da face; surdez; defeitos na tíbia; entre outros
(MORO; INVERNIZZI, 2017).
DICA
Assista ao documentário Tá faltando alguma coisa, dirigido pela presidente
da Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida
(ABPST), Claudia Marques Maximino, em parceria com Thiago Taboada,
que retrata a história da talidomida no Brasil e a luta dos direitos das
pessoas que foram afetadas por essa tragédia da medicina, disponível
em: https://bit.ly/3v9AleG. Além disso, nele, é realizada uma dura crítica
pelo fato de o país ser o único no mundo a ter uma terceira geração com
deformidades geradas pelo uso da droga.
203
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Para que uma dada fórmula estrutural plana permita a existência de isômeros
geométricos, é necessário, além da presença de uma ligação dupla, que cada um
dos átomos de carbonos da ligação dupla contenha dois ligantes diferentes entre si.
• Mistura racêmica é uma mistura formada por iguais quantidades de uma substância
levorrotatória e seu respectivo enantiômero dextrorrotatório. É opticamente inativa,
ou seja, não desvia o plano da luz polarizada.
204
AUTOATIVIDADE
1 Na química orgânica, são denominados isômeros dois ou mais compostos diferentes
que apresentam a mesma fórmula molecular. Quando é possível perceber a diferença
através de suas fórmulas estruturais planas, dizemos que é um caso de isomeria
constitucional ou isomeria plana. Com base nos cinco tipos de isomeria plana
existentes, isto é, no tipo de isomeria que ocorre entre os pares de compostos
orgânicos, associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Isomeria de função.
II- Isomeria de posição.
III- Isomeria de cadeia.
IV- Isomeria de compensação.
V- Isomeria dinâmica.
( ) Dimetilamina e etilamina.
( ) Etoxietano e metoxipropano.
( ) 1-propen-2-ol e propanona.
( ) Metanoato de metila e ácido etanoico.
( ) But-1-eno e but-2-eno.
a) ( ) IV – III – V – II – I.
b) ( ) V – III – IV – I – II.
c) ( ) III – I – II – IV – V.
d) ( ) III – IV – V – I – II.
e) ( ) III – IV – II – I – V.
205
FONTE: O autor
a) ( ) Isomeria de cadeia.
b) ( ) Isomeria de posição.
c) ( ) Isomeria de função.
d) ( ) Isomeria de dinâmica (tautomeria).
e) ( ) Isomeria de compensação (metameria).
206
d) ( ) O experimento não foi um sucesso total, pois os compostos I e II têm propriedades
diferentes, sendo isômeros de função.
e) ( ) O experimento não foi um sucesso total, pois os compostos I e II têm propriedades
diferentes, sendo isômeros geométricos (trans e cis).
207
208
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
REAÇÕES QUÍMICAS EM QUÍMICA ORGÂNICA
1 INTRODUÇÃO
No século XVIII, Antoine-Laurent de Lavoisier cunhou a celebre frase “Na natureza,
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” (PINCELI, 1997). Após anos de estudo, ele
observou que todas as reações químicas são, na verdade, transformações da matéria, nas
quais a proporção das massas sempre é conservada, porém, para evidenciar a veracidade
desse fenômeno, os experimentos científicos devem ser realizados em ambiente fechado.
No entanto, foi somente no século XIX, após a síntese da ureia (realizada pelo químico
francês Friedrich Wöhler) e o consequente nascimento da química orgânica, que os químicos
buscaram desenvolver compostos já existentes na natureza (CANTO; PERUZZO, 2006).
2 REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO
As reações de substituição, como o próprio nome sugere, são aquelas em que
ocorre a substituição de um átomo (ou grupo de átomos) de uma molécula orgânica (pre-
cursora) por outro átomo (ou grupo de átomos) (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
209
DICA
Toda vez que nos referirmos à molécula orgânica que iniciará a reação
orgânica e “sofrerá” a substituição (adição ou eliminação), ela será
denominada como molécula precursora ou “molécula-alvo”, já que será
“atacada” pelos demais reagente para originar o produto desejado.
FONTE: O autor
210
2.1.1 Halogenação
A halogenação é uma reação de substituição, assim chamada porque um
alcano (R-CH3) reage com uma substância simples halogenada (por exemplo: F2, Cl2, Br2 e
I2), formando haleto orgânico (R-CH2-Cl) e hidro-halogênio halogenado (HCl). Apesar de
poderem ocorrer com todos os halogênios, as reações mais comuns são a cloração (Cl2)
e a bromação (Br2) (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013). Para compreendermos
melhor, podemos observar o exemplo a seguir:
INTERESSANTE
Após a monocloração de um alcano, se a reação ocorrer em meio com excesso de cloro e
com o auxílio de calor e de luz ultravioleta, o metano pode sofrer substituição nos demais
hidrogênios de sua molécula, obtendo os seguintes produtos: clorometano, diclorometano,
triclorometano e tetraclorometano, como representado na reação a seguir:
211
Quando a molécula do alcano é ramificada e existem várias possibilidades de
substituições, o produto da reação sempre será uma mistura de isômeros. Os diferentes
produtos formados na cloração do 2-metil-butano podem ser vistos na Figura 25.
2.1.2 Nitração
A nitração é uma reação de substituição, assim chamada porque um alcano
(R-CH3) reage com ácido nítrico (HNO3), originando um nitrocomposto (R-CH2-NO2) e água
(FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013). Um exemplo pode ser observado na Figura 26.
212
FIGURA 26 – EXEMPLO DE NITRAÇÃO
2.1.3 Sulfonação
A sulfonação é uma reação de substituição, assim denominada porque um
alcano (R-CH3) reage com ácido sulfúrico (H2SO4), formando o ácido sulfônico (R-CH2-
SO3H) correspondente e água (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
De modo geral, podemos dizer que as substituições nos alcanos envolvem três etapas:
213
2.2 SUBSTITUIÇÃO EM COMPOSTOS AROMÁTICOS
Os compostos aromáticos também sofrem reações de substituição similares
às estudadas nos alcanos. Portanto, elas funcionam de maneira análoga às reações de
dupla-troca ou deslocamento que aprendemos em química inorgânica.
214
2.2.2 Nitração aromática
A nitração aromática é uma reação de substituição em que um composto
aromático, representado pelo benzeno (C6H6), reage com o ácido nítrico (HNO3),
originando um nitrobenzeno (C6H6 ─ NO2) e água como produtos da reação. Para que
a reação ocorra, é necessária a utilização de ácido sulfúrico (H2SO4) como catalisador
(FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
215
2.2.4 Alquilação e acilação de Friedel-Crafts
Na química orgânica, um grupo de átomos, originados de um hidrocarboneto,
através da remoção de um hidrogênio de um carbono saturado, é denominado grupo
alquila. Já um grupo de átomos originados de um ácido carboxílico, através da remoção
de uma hidroxila (OH), é denominado grupo acila. Dessa forma, podemos obter haletos
orgânico de ambos os tipos, ou seja, tanto na forma de haletos de alquila quanto na
forma de haletos de acila. Como esse processo não se dá de forma espontânea, é
necessária a utilização de catalisadores, geralmente ácidos de Lewis (como AlCl3, FeBr3
e FeCl3) (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
216
FIGURA 32 – ACILAÇÃO DE FRIEDEL-CRAFTS
ATENÇÃO
Quando já existe um grupo (G) ligado ao anel benzênico de um composto aromático,
ele influenciará a reação (SEAr), “orientando” a entrada dos grupos substituintes, ou seja,
ele direcionará a substituição dos hidrogênios das posições ORTO, META ou PARA.
• Certos grupos facilitam a reação e orientam a entrada de um segundo grupo na
estrutura no anel aromático, direcionando a reação de substituição nas posições orto
(1,2) e para (1,4), por isso, são chamados de grupos ORTO-PARA dirigentes ou
ATIVANTES. De modo geral, são formados por um único átomo ou por um grupo
de átomos que estão unidos apenas por ligações SIGMA (ligações simples). Alguns
exemplos são: halogênios (cloro, bromo e iodo), hidroxila (OH), amina (NH2), e radicais
alquila (metila, etila, propila etc.).
Um exemplo de uma substituição eletrofílica aromática com um grupo ativante, orto-
para dirigente pode ser visto na figura a seguir:
217
• Entretanto, outros grupos dificultam a reação e orientam a entrada de um segundo grupo na
estrutura no anel aromático, direcionando a reação de substituição nas posições meta (1,3), por isso,
são chamados de grupos META dirigentes ou DESATIVANTES. De modo geral, são formados
por átomos que estão unidos por ligação dupla, tripla ou dativa (ligações pi). Alguns exemplos
são: os grupos nitro (NO2), sulfônico (HSO3H), carbonilas (C=O), nitrilas (C≡C)e carboxilas (COOH).
Observa-se um exemplo de uma substituição eletrofílica aromática com um grupo desativante,
meta dirigente na figura a seguir:
3 REAÇÕES DE ADIÇÃO
As reações de adição, como o próprio nome sugere, são aquelas em que
ocorre a adição de átomos ou agregados atômicos em uma molécula orgânica.
Esse tipo de reação ocorre, principalmente, em compostos insaturados, ou seja, aqueles
que contêm ao menos uma ligação dupla ou tripla em sua estrutura molecular.
218
ela consegue atrair íons positivos (H+) de moléculas vizinhas, como ácidos (HCl, HBr,
HI etc.), e, até mesmo, da própria água (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013). A
Figura 33 mostra o mecanismo da reação do propeno com o HBr.
DICA
Eletrófilo é um átomo ou uma molécula que aceita um par de elétrons, para
formar uma ligação covalente. Costuma ser chamado de ácido de Lewis.
De modo geral, os casos mais comuns de adição ocorrem nas ligações duplas
(C=C) e triplas (C≡C) e nas carbonilas (C=O). A seguir, veremos alguns exemplos das
reações orgânicas de adição mais importantes: hidrogenação catalítica, halogenação,
adição de haletos de hidrogênio e hidratação.
219
promove a quebra de uma ligação pi e subsequente adição de átomos de hidrogênio
(FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013). A Figura 34 demonstra um exemplo de
hidrogenação de alceno.
FONTE: O autor
INTERESSANTE
Quando a hidrogenação catalítica ocorre em alcenos, ela costuma ser
chamada de reação de Sabatier-Senderens, em homenagem ao
químico Paul Sabatier (ganhador do prêmio Nobel de Química, em 1912,
pela descoberta desse tipo de reação) e seu assistente Senderens.
Essa reação é amplamente utilizada na indústria química e alimentícia,
podendo criar margarinas a partir de óleos vegetais, ou seja, um lipídio
líquido com ligações insaturadas é transformado em gorduras sólidas
(saturadas) pela hidrogenação catalítica.
Embora sejam menos reativos que os alcenos, o ponto vulnerável dos alcinos é a
ligação tripla. Ao serem quebradas duas vezes, gerarão o dobro de reações de adição vistas
para os alcenos. Um exemplo de hidrogenação de alcino é apresentado na Figura 35.
220
FIGURA 35 – EXEMPLO DE HIDROGENAÇÃO DE ALCINO
FONTE: O autor
3.2 HALOGENAÇÃO
Para que ocorra a halogenação, ou seja, a adição de átomos de halogênio (F,
Cl, Br ou I), é necessário que aconteça a clivagem de uma insaturação, isto é, a quebra
de uma ligação π, para que haja a adição de átomos novos à estrutura molecular.
Todavia, para esse tipo de reação, não consideraremos a adição de flúor (F), que, por ser
um átomo muito reativo, em virtude de sua grande eletronegatividade, pode destruir a
molécula orgânica original (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
FONTE: O autor
221
FIGURA 37 – EXEMPLO DE HALOGENAÇÃO DE ALCINO
FONTE: O autor
3.3 HIDRO-HALOGENAÇÃO
Para que ocorra a hidro-halogenação, ou seja, a adição de um hidrogênio
e um halogênio em uma molécula orgânica, é necessário que, assim como nos casos
anteriores, ocorra a clivagem de uma insaturação, isto é, o rompimento de uma ligação
π para que haja a adição dos novos átomo na estrutura molecular (FELTRE, 2004;
VOLLHARDT; SCHORE, 2013). Assim como ocorre na halogenação, para esse tipo de
reação, não consideramos a adição de flúor (F), que, por ser um átomo muito reativo, em
virtude de sua grande eletronegatividade, pode destruir a molécula orgânica original.
FONTE: O autor
222
• Por ser um processo espontâneo, na hidro-halogenação de alcinos ou de moléculas
orgânicas com mais de uma insaturação, a reação continuará acontecendo (espon-
taneamente) enquanto existirem reagentes e insaturações na estrutura molecular
do composto orgânico (FELTRE, 2004).
• A ordem de reatividade está diretamente associada à capacidade de o ácido (hi-
dro-halogênio) doar prótons (H+), ou seja, com a força do ácido utilizado na reação.
Portanto, temos a seguinte ordem de reatividade: HI > HBr > HCl (FELTRE, 2004).
3.4 HIDRATAÇÃO
Nas reações de hidratação, ou seja, de adição de uma molécula de água à
estrutura molecular de compostos orgânicos, é necessário que, assim como nos
casos anteriores, ocorra a clivagem de uma insaturação, isto é, há o rompimento de uma
ligação π para que haja a adição dos novos átomo na estrutura molecular. Além disso, a
reação exige um meio acidificado (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
FONTE: O autor
Nessa equação, nas condições impostas pelo sistema reacional, uma molécula
de água é dividida em duas partes: hidroxila e hidrogênio, e ambos são adicionados
em carbonos vizinhos, que, antes, faziam parte da dupla ligação. No entanto, esse
processo não é exclusivo das ligações duplas; na verdade, um mecanismo muito
semelhante é observado nas triplas ligações (e em moléculas orgânicas com mais de
uma insaturação) – a reação ocorrerá em duas (ou mais etapas) enquanto existirem
reagentes e insaturações na estrutura molecular do composto orgânico (FELTRE, 2004).
ATENÇÃO
Em reações de hidro-halogenação e de hidratação, cuja estrutura molecular do composto
orgânico precursor (inicial) apresenta cadeia carbônica assimétrica em relação à ligação dupla
(C=C), podemos imaginar a formação de dois produtos diferentes. Assim, podemos observar
a hidro-halogenação do propeno, a partir da sua reação com ácido clorídrico (HCl), conforme
representado na figura a seguir:
223
FIGURA – EXEMPLO DE HIDRO-HALOGENAÇÃO DO PROPENO
224
Na Figura 40, as estruturas A e B são muito semelhantes, mas o que muda é a
posição de suas insaturações. Assim, dizemos que elas são hibridas de ressonância. O
termo ressonância é usado para descrever uma situação em que, sem alterar a posição
dos átomos, podemos escrever mais de uma fórmula estrutural diferente, modificando
apenas a posição de alguns elétrons – no caso, mudando de posição as ligações duplas.
FONTE: O autor
226
FIGURA 43 – RESSONÂNCIA DA CARBONILA
227
Um tipo curioso de reação é a de adição de certos metais (Mg, Zn etc.) aos haletos
orgânicos, dando origem a compostos denominados de organometálicos, como brometo
de metil-magnésio (CH3MgBr) e brometo de metil-zinco (CH3MgZn). Esses compostos são
amplamente utilizados em sínteses orgânicas, pois apresentam alta reatividade química
(FELTRE, 2004). Entre essa classe de compostos, encontra-se um dos mais úteis e
versáteis reagentes da química orgânica, o reagente de Grignard (RMgX).
FONTE: O autor
FONTE: O autor
ATENÇÃO
É importante percebermos que, de modo geral, por serem apolares,
os compostos orgânicos são pouco reativos. No entanto, no caso dos
haletos orgânicos e dos compostos de Grignard, a situação é totalmente
diferente. Nos haletos, a presença do átomo de halogênio diretamente
ligado à parte orgânica, torna o grupo orgânico mais positivo,
enquanto, nos compostos de Grignard, a presença do centro metálico
(Mg), situado entre o átomo de halogênio e a parte orgânica, torna o
grupo orgânico mais negativo. Essa polaridade gerada na estrutura
molecular é responsável pela “facilidade” de a reação ocorrer.
228
4 REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO
As reações de eliminação compõem mais um dos grandes grupos de reações
presentes na química orgânica. Podemos dizer que, de certa forma, elas representam o
caminho inverso das reações de adição, estudadas anteriormente. Assim, veremos que,
nas reações de eliminação, átomos ou grupos de átomos são eliminados (retirados)
da molécula orgânica (inicial), ao serem formadas ligações duplas ou ligações
triplas, ou ainda, através do fechamento da cadeia carbônica (FELTRE, 2004).
4.1 DESIDROGENAÇÃO
Para que ocorra a desidrogenação, ou seja, a eliminação de átomos de
hidrogênio de uma molécula, é utilizado calor como catalisador. Nesse tipo de reação,
temos como molécula inicial um alcano, que se transforma em um alceno, após a
conclusão do processo (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
FONTE: O autor
4.2 DE-HALOGENAÇÃO
Para que ocorra a de-halogenação, ou seja, a eliminação de átomos de
halogênios de um hidrocarboneto, primeiramente, é necessário que eles estejam
situados em carbonos vizinhos (dialeto vicinal). Satisfeita a condição “primordial”, são
utilizados zinco e álcool como catalisadores (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
229
Assim como na reação de hidrogenação, teremos a formação do alceno
correspondente (eteno) como produto da reação, após a eliminação dos átomos de
halogênio (vicinal) presentes na estrutura do di-bromoetano. Na equação da Figura 48,
além do alceno, é gerado o brometo de zinco (ZnBr2) e, uma vez que o bromo é um
átomo eletronegativo e o zinco, eletropositivo, facilmente, ocorrerá a atração entre eles.
FONTE: O autor
4.3 DESIDRO-HALOGENAÇÃO
Para que ocorra a desidro-halogenação, ou seja, a eliminação de um hidrogênio
e um halogênio de um hidrocarboneto, é necessário o uso de uma base forte (por exemplo,
KOH) associada a um álcool (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE, 2013).
FONTE: O autor
Nesse caso, a eliminação é obtida por meio de KOH em solução alcoólica, o que
é perfeitamente lógico, pois nada melhor que uma base (KOH) para “arrancar” um ácido
(HBr) de uma molécula orgânica.
230
FIGURA 50 – EXEMPLO DE DESIDRO-HALOGENAÇÃO EM MOLÉCULAS GRANDES
FONTE: O autor
ATENÇÃO
Na química dos haletos, é interessante notarmos a competição entre as
reações de eliminação e de substituição, porém, de modo geral, verifica-
se que a eliminação é facilitada pelo uso de bases fortes (KOH, NaOH etc.) em
solução alcoólica, enquanto a substituição é facilitada por bases fracas (AgOH)
ou bases fortes, porém em soluções aquosas e diluídas (FELTRE, 2004).
Observa-se, ainda, que haletos (alifáticos) terciários têm predomínio da
eliminação, quando comparados com haletos secundários e primários.
Já na substituição, ocorre o inverso: primários têm predomínio a haletos
secundários e terciários.
4.4 DESIDRATAÇÃO
Para que ocorra a desidratação, ou seja, a eliminação de uma molécula de água
em compostos orgânicos, é necessário que o sistema esteja aquecido a uma temperatura
de 140 °C ou 170 °C e em presença de ácido sulfúrico (FELTRE, 2004; VOLLHARDT; SCHORE,
2013). Para facilitar a compreensão sobre esse processo, estudaremos a reação de
desidratação em álcool e ácidos carboxílicos. Em ambos os casos, a reação pode ocorrer
de forma intramolecular (dentro e uma única molécula) ou intermolecular (entre duas
moléculas). A seguir, veremos um exemplo para cada um dos casos.
231
FIGURA 51 – EXEMPLO DE DESIDRATAÇÃO INTRAMOLECULAR EM ÁLCOOIS
FONTE: O autor
Nessa equação, ao aquecer o etanol (CH3 ─ CH2 ─ OH) a 170 °C, na presença de
ácido sulfúrico, ele sofre a desidratação e dá origem ao alceno correspondente (eteno).
FONTE: O autor
232
FIGURA 53 – EXEMPLO DE DESIDRATAÇÃO INTRAMOLECULAR EM ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
FONTE: O autor
FONTE: O autor
ATENÇÃO
Apesar de as reações de eliminação e substituição parecerem
semelhantes, com clivagem de ligações e retiradas de átomos de
hidrogênio, halogênio e outros elementos ou grupos moleculares, a
finalidade das reações é diferente. O produto originado em uma
reação de substituição é totalmente diferente do encontrado em
reações de eliminação, já que, na substituição na cadeia carbônica,
após a quebra da ligação, outro elemento ou complexo “assumirá” o
lugar do elemento que saiu da molécula original.
233
LEITURA
COMPLEMENTAR
GORDURA TRANS
As gorduras são lipídios formados por três ácidos graxos e uma molécula
de glicerol. Devido a sua estrutura, uma outra denominação para o grupo é triglicerídeo.
Usualmente, costuma-se utilizar o termo gordura para aqueles triglicerídeos que
permanecem no estado sólido em temperatura ambiente. O termo óleo é utilizado
quando os triglicerídeos, em temperatura ambiente, ficam em estado líquido.
Nesse caso, temos uma estrutura saturada. Um ácido graxo insaturado, por
sua vez, é aquele que apresenta uma ou mais ligações duplas, o que faz com que um
átomo de hidrogênio a menos esteja ligado a cada átomo de carbono da ligação dupla.
Devido à presença de insaturação entre átomos de carbono, observa-se a possibilidade
de ocorrer dois isômeros geométricos: cis e trans, sendo este o caso das gorduras trans.
234
O uso de gordura trans nos alimentos
As gorduras trans podem causar diferentes danos à nossa saúde, estando seu
consumo excessivo relacionado, principalmente, com o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, como derrame, aterosclerose e infarto. Além disso, sabe-se que
as gorduras trans são capazes de elevar o nível de LDL, lipoproteína também conhecida
como “colesterol ruim”, e abaixar os níveis de HDL, o famoso “colesterol bom”.
Essas gorduras, diferentemente de outros lipídios, não são essenciais para o desen-
volvimento do nosso organismo, não havendo, portanto, recomendações para o seu consumo.
235
científicas atuais que demonstram os malefícios que ele pode causar ao nosso organismo.
No Brasil, a preocupação com o consumo desse tipo de lipídio também é real, e a Anvisa,
por meio da Resolução RDC nº 332, de 23 de dezembro de 2019, estabeleceu que:
Muitas pessoas associam o consumo de lipídios aos malefícios que eles podem
causar ao nosso organismo. Entretanto, esse grupo de moléculas também tem funções
fisiológicas importantes no nosso corpo.
Uma dieta isenta desse nutriente pode trazer malefícios à saúde, entretanto,
é importante não exagerar no consumo e saber fazer escolhas inteligentes na hora
consumir os alimentos.
FONTE: Adaptada de SANTOS, V. S. dos. Gorduras trans. Brasil Escola, 2021. Disponível em: https://brasiles-
cola.uol.com.br/saude/gorduras-trans.htm. Acesso em: 4 fev. 2022.
DICA
Acadêmico, amplie o seu conhecimento sobre o tema com a leitura do
artigo científico Ácidos Graxos Trans: Alimentos e Efeitos na Saúde, disponível
em: https://bit.ly/3v61miP.
236
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A hidrogenação é uma reação química em que uma molécula orgânica reage com
o hidrogênio (H2) na presença de um catalisador, que pode ser o níquel metálico
(Ni(s)), a platina (Pt(s)) e o paládio (Pd(s)), daí o nome hidrogenação catalítica, pois
promove a quebra de uma ligação pi e subsequente adição de átomos de hidrogênio
237
• Para que ocorra a halogenação, ou seja, a adição de átomos de halogênio (F, Cl,
Br ou I), é necessário que aconteça a clivagem de uma insaturação, ou seja, a quebra
de uma ligação π para que haja a adição de átomos novos à estrutura molecular. Não
consideramos a adição de flúor (F), que, por ser um átomo muito reativo, em virtude
de sua grande eletronegatividade, pode destruir a molécula orgânica original.
238
• Na desidratação intramolecular em álcoois, a eliminação de água ocorre na
própria molécula do composto orgânico.
239
AUTOATIVIDADE
1 Quando comparamos a química inorgânica com a orgânica, percebemos que existem
muitas diferenças, como a velocidade de suas reações. Comente, em linhas gerais, por
que as reações estudadas na química orgânica são mais lentas do que as estudadas
na química inorgânica.
FONTE: O autor
Essa reação pode ser classificada como uma reação de substituição do tipo:
a) ( ) Desidro-halogenação.
b) ( ) Desidratação.
c) ( ) Condensação.
d) ( ) Halogenação.
e) ( ) Hidrogenação catalítica.
FONTE: O autor
240
Com base na figura apresentada, considere as seguintes reações:
FONTE: O autor
a) ( ) 2-cloro-2-metilbutano e 1-propanol.
b) ( ) 2-cloro-2-metilbutano e 2-propanol.
c) ( ) 2-cloro-2-metilbutano e propanol.
d) ( ) 3-cloro-2-metilbutano e 1-propanol.
e) ( ) 3-cloro-2-metilbutano e 2-propanol.
a) ( ) Neutralização.
b) ( ) Desidratação.
c) ( ) Substituição.
d) ( ) Eliminação.
e) ( ) Oxidação.
241
REFERÊNCIAS
ABPST – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PORTADORES DA SÍNDROME DA TALI-
DOMIDA. Tá faltando alguma coisa (Documentário). Disponível em: https://bit.
ly/3v9AleG. Acesso em: 27 dez. 2021.
242