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a-copa-do-mundo

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 192, 01 de Maio | 2006

Planejamento

Alemanha e a Copa do
Mundo
Depois de 32 anos, o país sedia o campeonato mundial.
Desta vez, reunificada
NOVA ESCOLA

Julho de 1954, clima de festa nas ruas alemãs.


Após virar o jogo para 3 a 2, a Alemanha
Ocidental vence a Hungria na final da Copa do
Mundo da Suíça. Graças ao futebol, o povo,
marcado por duas guerras mundiais e
estigmatizado pelo passado nazista,
experimenta uma catarse coletiva. Na primeira
edição do Mundial realizada na Europa depois
da Segunda Guerra, existia uma outra
Alemanha, que não comemorou o título. A
Oriental era um mistério para o resto do
Queda do Muro de Berlim planeta.
em 1989: moradores das
duas Alemanhas Em 1974, os alemães ocidentais sediaram a
comemoram Copa e conquistaram o bicampeonato. O muro
Foto: Getty Images construído em Berlim em 1961 era então o
símbolo mais forte da separação do país.
Levantado para impedir a migração da população sob o regime comunista
para o lado capitalista, ele tinha 45 quilômetros de extensão e 3 metros de
altura - tudo extremamente bem vigiado.

Quando a bola rolar no dia 9 de junho para a abertura do Mundial deste ano,
a realidade será completamente diferente. A primeira Copa pós-reunificação
alemã remete à evolução histórica do país. No último século, além de ter
passado por duas grandes guerras, a Alemanha teve papel central durante os
40 anos da Guerra Fria - a disputa entre os Estados Unidos e a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas pela hegemonia global.
Em 1985, o então presidente soviético, Mikhail Gorbatchev, iniciou um
processo de dissolução do bloco comunista devido aos escassos recursos
econômicos do país. As causas eram a corrupção e os investimentos em
armas (e não em setores de base da economia). Quatro anos depois, a onda
de abertura chegou com tudo à Alemanha Oriental - e milhares de cidadãos
comandaram manifestações e obrigaram o regime socialista a entregar o
poder. A queda do Muro de Berlim é o símbolo máximo da reunificação das
duas Alemanhas - que viveram nova glória futebolística apenas um ano
depois, em 1990, quando a seleção faturou o tricampeonato nos gramados
da Itália. O time ainda era formado só por craques do lado ocidental, mas a
festa foi de todos os alemães. Mesmo com o lento processo de reunificação,
eles já eram um só país.

Plano de aula 5ª a 8ª série

Dois países, um povo


1. Leve para a sala de aula dois mapas da Europa, um anterior a 1989 e outro
atual. Peça que a turma localize as Alemanhas e a cidade de Berlim na carta
antiga. Explique por quais países cada uma delas era influenciada na época e
quais eram os regimes políticos e econômicos vigentes. Faça um apanhado
sobre as características do capitalismo e do socialismo.

2. Pergunte aos alunos como seria um Brasil comunista de um lado e


capitalista de outro. Estabeleça um paralelo entre aspectos socioeconômicos
do nosso país e da Alemanha dividida e mostre que aqui também há um
muro (imaginário): a separação entre ricos e pobres.

3. Depois, solicite que encontrem a Alemanha no mapa atual e dê uma


semana para todos fazerem pesquisas sobre sua história. Levante questões.
O que levou o país à divisão? Por que o Muro de Berlim foi construído? Como
a Alemanha se reunificou? Quem derrubou o muro? Quantas vezes o país já
sediou a Copa do Mundo? O que mudou na história recente? Peça que eles
façam uma história em quadrinhos narrando os momentos mais marcantes
da trajetória alemã até os dias de hoje.

4. Divida os alunos em quatro grupos. Cada um deve preparar a


dramatização dos seguintes momentos da história alemã.
a. O fim da Segunda Guerra e a divisão da Alemanha.
b. A construção do Muro de Berlim e o drama das famílias.
c. A queda do muro, o reencontro das famílias e a alegria pela reunificação
(que pode ser exemplificada com a comemoração da Copa do Mundo de
1990).
d. As dificuldades enfrentadas pelos alemães após a reunificação, como a
difícil adaptação dos orientais ao capitalismo, o desemprego em alta e a
ameaça de grupos neonazistas.
5. Organize um dia para que os alunos apresentem suas peças de teatro uns
aos outros, em ordem cronológica.

Por último, peça que apontem as cenas mais simbólicas.

CONSULTORIA
Suzana Ferreira Romão, professora de Língua Portuguesa do Colégio São
Camilo, em Brasília

Alemanha e política

Na década de 1960, a Alemanha Ocidental se tornou uma das maiores


potências mundiais e atraiu cidadãos desgostosos com a realidade do lado
oriental.

Com a reunificação, os orientais ficaram à mercê das leis capitalistas de


competição. E o lado ocidental teve de se unir ao obsoleto parque industrial
do Leste.

A Copa de 1974 foi cercada por um forte esquema policial para evitar um
ataque terrorista como o ocorrido nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972
(foto).

Em campo, a grande curiosidade é que a Alemanha Oriental jogou contra a


Ocidental. Venceu por 1 a 0 e terminou em primeiro no grupo, mas acabou
desclassificada na segunda fase.

Quer saber mais?

Bibliografia
A Crise do Mundo Socialista, Rosana Bond e José William Vesentini, 56 págs., Ed. Ática, tel. (11) 3990-2100, 21
reais

Guerra Fria - A Era do Medo, José Augusto Dias Júnior e Rafael Roubicek, 72 págs., Ed. Ática, 18 reais
O Diário de Zlata, Zlata Filipovic, 200 págs., Ed. Companhia das Letras, tel. (11) 3707-3501, 23 reais

Filmografia
Adeus, Lênin, Wolfganger Becker, 118 minutos, Alemanha, 2003, Imagem Filmes (DVD), 26 reais

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