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Livro - Gestão Da Qualidade
Livro - Gestão Da Qualidade
Qualidade
PROFESSOR
Esp. Juliano Bertolotti Moura
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Galan Designer Educacional Antonio Eduardo e Raysa Mantovani
Curadoria Fernanda Brito Revisão Textual Ariane Favretti Editoração Juliana Duenha Ilustração Geison Silva Realidade
Aumentada Matheus Alexander de Oliveira Guandalini Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
Gestão da Qualidade.
Juliano Bertolotti Moura.
Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.
248 p.
“Graduação - EaD”.
Impresso por:
CDD - 22 ed. 658.5
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-515-9
Reitor
Wilson de Matos Silva
Olá, meu nome é Juliano, sou um jovem de 50 anos que
ama tocar e cantar. Além disso, sou fã de games voltados
para simulação de corridas e de voos, também gosto
muito de assistir a filmes. A minha primeira profissão
foi como músico e professor de música por mais de 20
anos. Em 2006, mudei, radicalmente, e fui trabalhar em
uma indústria de produtos médicos implantáveis, com
especialidade em órteses e próteses. Foi nessa indústria
que tive a oportunidade, então, de me formar como Tor-
neiro Mecânico, Técnico em Eletrotécnica, Engenheiro
de Produção, Gestor da Qualidade e Especialista em
Segurança do Trabalho. No momento, estou cursando
uma pós-graduação em Higiene Ocupacional e Mestrado
pela Universidade Estadual de Maringá – UEM.
Atualmente sou professor multidisciplinar nas áreas
de Gestão da Qualidade, Logística Hospitalar, Logística
e Engenharias, em que ministro as disciplinas de Audi-
toria da Qualidade, Ergonomia, Saúde e Segurança do
Trabalho, Gestão da Qualidade, Cadeia de Suprimentos
Aqui você pode na Gestão Hospitalar, Logística de Produção e Serviços,
conhecer um Perícia Trabalhista, entre outras.
pouco mais sobre
mim, além das
informações do
meu currículo. http://lattes.cnpq.br/2622850701219719
REALIDADE AUMENTADA
Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.
RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
A Gestão da Qualidade é uma das áreas mais importantes de uma empresa, quando se
busca desenvolver um sistema que garanta os requisitos estabelecidos pelos clientes.
Nesse contexto, temos que um sistema de gestão da qualidade envolve diversas situa-
ções, dentre elas, a normatização, a certificação ISO, as tecnologias aplicadas, a gestão
de riscos, entre outros. Além disso, a Gestão da Qualidade é aplicada a todas as áreas
em que se desenvolvem processos, seja administrativo, seja manufatura, transporte,
armazenamento, compras, vendas etc.
Então, pergunto: o quanto um sistema de gestão da qualidade pode contribuir para o
desenvolvimento de uma empresa? Qual a sua influência no atendimento às expecta-
tivas dos clientes? Você acredita que uma empresa pode sobreviver em um mercado
globalizado, sem um sistema de gestão da qualidade implementado?
Ao estabelecer um sistema de gestão da qualidade com base em requisitos de normas,
geralmente, ISO, as empresas tornam-se mais competitivas no mercado nacional e in-
ternacional. No que diz respeito à qualidade, a norma utilizada é a ISO 9001. Por meio
dela, as empresas estabelecem os seus procedimentos para gerir as atividades desen-
volvidas em seus processos, desde a avaliação de seus fornecedores até o feedback
dos clientes sobre o atendimento de seus requisitos e de suas expectativas em relação
a produtos e/ou serviços. Portanto, posso afirmar a você, com toda certeza, que uma
empresa, nos dias atuais, terá dificuldades ao gerir os seus negócios sem um sistema
de gestão implementado.
Em muitas situações, nós, consumidores, adotamos alguns produtos para serem utili-
zados em nosso dia a dia. Porém, alguns desses produtos deixam de ser a preferência,
em algum momento, por deixarem de atender às nossas expectativas bem como aos
nossos requisitos. De alguma forma, a qualidade se perdeu, em algum ponto, dentro
do processo desenvolvido pela empresa, fazendo com que o produto não seja mais
atraente ao nosso consumo.
Você já parou para pensar no que lhe fez deixar de consumir determinado bem? Quan-
tas vezes trocou de produto devido à falta de qualidade? Digamos que você seja uma
pessoa que ama fazer caminhadas e esteja precisando trocar aquele velho tênis. Nesse
sentido, o quanto um sistema de gestão da qualidade poderia influenciar em sua de-
cisão para a aquisição de um novo tênis?
A qualidade de um produto é o resultado da forma com que ele foi produzido, a qua-
lidade da matéria-prima, o acabamento, o preço, o tempo de entrega, entre outros
fatores. A Gestão da Qualidade, quando implementada em uma empresa, garante que
todos os produtos sejam desenvolvidos de forma organizada e possuam um padrão
característico, ou seja, sem grandes variações. Ter um sistema da qualidade implemen-
tado não significa que as empresas estarão livres de problemas em seus processos e/
ou produtos, mas sim, que elas organizarão os processos, sistematicamente, tornando
a ocorrência desses problemas, significativamente, reduzida.
A Gestão da Qualidade é uma das atividades de suma importância para uma empresa.
É por meio de um sistema de gestão da qualidade que se estabelecem requisitos e
parâmetros ao desenvolvimento de produtos ou serviços que, por sua vez, agregarão
valor ao cliente. Assim, o que se busca é a organização e a determinação dos procedi-
mentos e das ações para garantir a satisfação de clientes internos e externos. A Gestão
da Qualidade, ao contrário de como é vista, comumente, não é algo pontual e ligada,
somente, ao processo de produção, trata-se de uma área que envolve todas as demais
áreas de uma organização. Gerir a qualidade não é uma tarefa fácil, mas, com certeza,
é prazerosa, principalmente, quando vemos processos e produtos sendo desenvolvidos
com eficiência e eficácia.
Nesta disciplina, você verá metodologias, ferramentas, exemplos práticos de como
construir um sistema de gestão eficiente, para que, futuramente, você possa utilizá-lo
como referência durante a sua carreira.
Agora que você aprendeu sobre os aspectos da Gestão da Qualidade, quero lhe convidar
a ingressar neste universo inesgotável de possibilidades e oportunidades que auxilia
as organizações no desenvolvimento de suas atividades. Vem comigo!
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
1
11 2
43
INTRODUÇÃO À INSPEÇÃO DA
QUALIDADE QUALIDADE
3
61 4
81
CONTROLE GESTÃO
ESTATÍSTICO DA ESTRATÉGICA DA
QUALIDADE QUALIDADE
5 109 6
129
AS SETE AS SETE
FERRAMENTAS DA FERRAMENTAS DA
QUALIDADE I QUALIDADE II
7
157
8
177
FERRAMENTAS FERRAMENTAS
GERENCIAIS DA GERENCIAIS DA
QUALIDADE I QUALIDADE II
9
203
METODOLOGIAS,
TÉCNICAS E DEMAIS
FERRAMENTAS DA
QUALIDADE
1
Introdução à
Qualidade
Esp. Juliano Bertolotti Moura
12
UNIDADE 1
Ao abordar o assunto história da qualidade, viajamos para um período quando os artesãos eram
os especialistas da qualidade e, assim, passamos por várias evoluções. Segundo Carvalho e Paladini
(2012), os artesãos dominavam todo o ciclo de produção, ou seja, eles projetavam, executavam,
avaliavam, vendiam e prestavam a assistência pós-venda. Logo, sabiam da importância do aten-
dimento aos requisitos dos clientes, pois a divulgação de seus produtos era feita pelos clientes
satisfeitos que falavam de seus produtos para outras pessoas. Assim, a reputação dos artesãos era
fundamental para alcançarem novos clientes.
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UNICESUMAR
Embora estejamos falando da Idade Média, ao compararmos com os dias atuais, os artesãos utilizavam
de abordagens bem modernas cujo objetivo era atender às expectativas e necessidades dos clientes. Nesse
período, o foco da qualidade era voltado para o produto, sendo o artesão o responsável por essa atividade.
14
UNIDADE 1
hoje em dia, como American Society for Quality Era de Garantia da Qualidade e, por fim, Era da
– ASQ. Em 1950, foi fundada, no Japão, uma as- Gestão da Qualidade, a qual vivemos nos dias
sociação de engenheiros conhecida como Japan atuais. Vejamos, a seguir, cada uma delas.
Union of Scientists and Engineers, que tinha um
papel importante na qualidade.
Esta fase inicial do surgimento dos requisitos Era da Inspeção da Qualidade
da qualidade, por meio das instituições citadas,
foi fundamental para que pudéssemos ter os Na década de 20, a inspeção dos produtos era rea-
padrões qualitativos atuais. Mas, e o desenvol- lizada em 100% dos lotes, o que elevava os custos
vimento da qualidade, você tem ideia de como de fabricação e a quantidade de refugos. Com os
ele ocorreu, ao longo dos anos? acontecimentos da Primeira Guerra Mundial, a or-
Ao pensarmos em qualidade, não fazemos ganização da mão de obra em sindicatos e a quebra
ideia de como foi construído esse conceito. da bolsa de Nova Iorque, entre os anos de 1914 e
Simplesmente, nascemos, crescemos, ouvimos 1930, surge a necessidade de uma reestruturação
e aprendemos a distinguir a qualidade em tudo nos processos produtivos, fazendo com que esses
o que consumimos. Não estudamos tal conceito fossem menos onerosos e capazes de gerar produ-
em livros, o que conhecemos e aprendemos, ini- tos mais acessíveis ao mercado, o qual se encontra-
cialmente, é com os ensinamentos que recebemos va em crise financeira.
de nossos pais e avós, assim como do meio em Toledo et al. (2017) destacam que o advento
que vivemos. Nesse sentido, aprenderemos, um das novas tecnologias aplicadas aos processos
pouco mais, sobre a qualidade e a sua evolução. de produção viabilizou o aumento no grau de
Chamo, aqui, a sua atenção para as eras da padronização dos produtos. Outra mudança
evolução da qualidade, ou seja, as eras em que foi o desenvolvimento de projetos que vislum-
o processo evolutivo da qualidade estabeleceu bravam o intercâmbio de peças e componentes,
os padrões que são utilizados em todos os pro- assim como a reposição das mesmas, de forma
dutos e serviços que consumimos. que possibilitasse a expansão da vida útil ou da
Tudo o que temos e sabemos sobre a quali- durabilidade dos produtos. A Primeira Guerra
dade passou por um longo processo de evolução Mundial, devido à produção de armamentos em
que aperfeiçoou as práticas de gerenciamento da grande escala e com grande número de partes
qualidade, principalmente, nos Estados Unidos intercambiáveis, impulsionou o crescimento no
e no Japão. Esse processo de evolução, segundo número de inspeções. O aumento no nível de
Toledo et al. (2017), teve início antes de 1920, inspeção é caracterizado, principalmente, pelo
quando, somente após um produto ter sido fa- fato de ela ser realizada desde a recepção da ma-
bricado, é que a qualidade era avaliada por meio téria-prima até o final do processo produtivo,
da inspeção e do controle. David Garvin (1992) de modo a detectar e a prevenir, o quanto antes,
apresenta este processo de evolução da quali- uma possível falha no produto final.
dade em quatro eras, conhecidas como Eras da Adotar padrões e tolerâncias para o desen-
Qualidade, sendo elas: Era da Inspeção, Era de volvimento dos processos de produção fez com
Controle do Processo ou Controle Estatístico, que fossem criados estímulos para o desenvol-
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UNICESUMAR
Quadro 1 - Características da Era da Inspeção da Qualidade / Fonte: adaptado de Toledo et al. (2017).
Vemos que a evolução da qualidade foi um evento muito importante para o desenvolvimento dos
produtos e processos. Além dos benefícios para as empresas, tais como: redução de custos, melhoria
dos processos, mais conhecimento dos trabalhadores quanto às especificações dos produtos etc. Com
essa evolução, além das empresas, os clientes são beneficiados com mais qualidade dos produtos,
porém tal processo evolutivo não era suficiente, e novas ferramentas são inseridas ao longo dos anos,
como veremos, a seguir.
Embora tenham sido inseridas as inspeções intermediárias nos processos produtivos, elas não
foram suficientes para solucionar os problemas de qualidade dos produtos. Ainda que a prática
das inspeções tenha evoluído com as inspeções intermediárias e de processos, essas continuavam
sendo realizadas em 100% dos produtos. Tal prática era onerosa, repetitiva e cansativa para os
trabalhadores responsáveis pela realização dessas inspeções (TOLEDO et al., 2017).
16
UNIDADE 1
Uma forma de corrigir estes problemas, por volta de 1940, foi a adoção dos conceitos e das
ferramentas advindas da estatística para controlar os processos de produção. A aplicação destes
princípios, métodos de estatística e de probabilidade, em tais processos, já havia sido desenvolvida
por W. A. Shewhart, em 1924, na Bell Telephone Laboratories, conforme apresentado nesta unidade.
Com a aplicação do controle estatístico do processo de produção, a inspeção em 100% dos
produtos foi sendo substituída pela inspeção por amostragem, assim, o tempo e os gastos com a
atividade foram reduzidos, e os problemas ocasionados pelo cansaço dos inspetores na tarefa de
verificação, minimizados, uma vez que, segundo Toledo et al. (2017):
• O tamanho mínimo de unidades de amostras permite que o inspetor determine e julgue a
qualidade dos produtos controlados.
• O tempo de duração das inspeções são mais curtos.
• Os custos do processo passam a ser menores.
• Possibilita-se a inspeção simultânea ao processo de fabricação, ou seja, não há a necessidade de
paralisar a produção, reduzindo, assim, os desperdícios.
• Tornam-se viáveis os testes destrutivos.
• Torna-se viável o teste acelerado de vida útil dos produtos.
“
a) O conceito de qualidade industrial passa a ser considerado parte da cultura da orga-
nização.
b) A função qualidade é institucionalizada dentro das empresas.
c) A qualidade se converte em um objetivo não apenas do setor de produção, mas
também da direção da empresa.
d) Os procedimentos estatísticos aplicados no controle da qualidade são aceitos uni-
versalmente como método eficaz de controle e redução de custos de produção.
e) Surgem estruturas e departamentos formados por especialistas em controle estatístico
da qualidade na estrutura organizacional das empresas.
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UNICESUMAR
Quadro 2 - Era do Controle da Qualidade do Processos ou Controle Estatístico do Processo / Fonte: adaptado de Toledo et al. (2017).
Observe que a aplicação das técnicas de estatística possibilitou uma visão mais apurada para o controle
da qualidade. Nesse contexto, os responsáveis passaram a solucionar os problemas ocorridos durante
os processos de fabricação dos produtos.
A Era da Garantia da Qualidade teve, como principal objetivo, garantir a qualidade dos produtos e
dos processos de produção, por meio do gerenciamento de todas as atividades que interferissem na
qualidade do produto final. Tal fase proporcionou a transição da qualidade de um nível operacional
para níveis mais elevados da administração das organizações. A ampliação da qualidade para o geren-
ciamento empresarial ocorreu por meio de quatro elementos distintos, sendo estes: a quantificação
dos custos e o controle total da qualidade, a engenharia da confiabilidade e o conceito de zero defeito.
Quanto à quantificação dos custos, os responsáveis pela qualidade poderiam saber o quanto
deveriam investir na melhoria dessa qualidade e o quanto a falta dela custava. O controle total se
baseia no princípio de que um produto de alta qualidade não pode ser produzido se o departa-
mento de produção não interagir com os demais departamentos da organização, ou seja, o controle
da qualidade deve começar pelo projeto e se encerrar, somente, quando o produto for recebido
pelo consumidor e ele ficar satisfeito com o que recebeu. A engenharia da confiabilidade, por sua
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UNIDADE 1
vez, tem o foco principal nas atividades de prevenção de ocorrência de defeitos e no aumento da
probabilidade de a funcionalidade do produto não apresentar falhas. O programa zero defeito é
apoiado na afirmação de Philip Crosby, o qual descreve que a qualidade perfeita é, tecnicamente,
possível e, economicamente, desejável. O zero defeito, segundo Toledo et al. (2017), estabelece
uma meta em longo prazo, assim, as organizações são estimuladas a buscar ações de melhoria
contínua, praticada e influenciada por todas as áreas funcionais.
Vejamos, no Quadro 3, um resumo da Era da Garantia da Qualidade.
IDENTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS
Neste período, a qualidade passa de meras avaliações de processo para um horizonte em que o objetivo
é a organização desses processos em sistemas nos quais são definidos políticas, sistemas para mensu-
rar o desenvolvimento das ações, o envolvimento de todas as pessoas participantes das atividades de
processo etc. Ou seja, a qualidade passou a fazer parte de toda a organização.
Pronto! Mais uma evolução no processo de qualidade concluída. Vamos, então, para a próxima.
A Era da Gestão Estratégica da Qualidade surge na época em que a diretoria executiva e a alta gerência
norte-americana entenderam que a qualidade deveria ser incluída no planejamento estratégico das
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UNICESUMAR
organizações. Esta ação buscava combater a concorrência japonesa, nesta época, a qualidade passa a
integrar não, somente, o que era estabelecido nos departamentos, mas também parte das necessidades
dos clientes. Assim, se tornaram fundamentais a realização das pesquisas regulares do mercado bem
como o estudo da concorrência para atingir os objetivos propostos.
Nesse sentido, a qualidade passou a ser associada à rentabilidade, iniciando a busca pela mesma.
Com isto, a concorrência também foi estimulada a buscar índices melhores de qualidade para sobreviver
no mercado, dando início ao desenvolvimento dos processos de melhoria contínua para o fortaleci-
mento da produtividade e da rentabilidade da organização, tais como: redução de custos, eliminação
de desperdícios, dos gargalos e retrabalhos, redução das reclamações e devoluções as atividades que
agreguem valor aos clientes de forma que eles sejam satisfeitos quanto ao fornecimento de produtos
e/ou serviços (GARVIN, 1992).
Vejamos, no Quadro 4, um resumo da Era da Gestão Estratégica da Qualidade.
IDENTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS
Quadro 4 - Era da Gestão Estratégica da Qualidade / Fonte: adaptado de Toledo et al. (2017).
Vimos que as Eras da Qualidade nos apresentam um processo em que muitos esforços foram despen-
didos para entender e desenvolver técnicas e ferramentas que nos proporcionam produtos. Estes, por
sua vez, buscam atender às nossas expectativas e necessidades do dia a dia.
Podemos observar a trajetória da evolução da qualidade ao longo do último século, conforme
apresentado na Figura 1.
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UNIDADE 1
Administração
Científica, Inspeção e
Sistemas de gestão
Tolerãncia
(ISO-9000, 14000,
(Taylor, Ford)
Ishikawa
26000; OHSAS 18000)
ISO 9000
Feingenbaum
TQM e CWQC Qualidade em
Seis Sigma Serviços
Shewhart
PSS
Final
1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010...
Séc. XIX
Descrição da Imagem: a figura apresenta a evolução da qualidade até os dias atuais. Em cada período, houve
pessoas que, por meio dos conhecimentos teóricos e práticos, estabeleceram processos, procedimentos, conceitos
e técnicas que se consolidaram como meios de melhorar o desenvolvimento dos processos e, consequentemente,
o desenvolvimento das organizações.
Na Figura 1, podemos observar, claramente, a evolução das Eras da Qualidade e os principais respon-
sáveis pelo seu desenvolvimento, ao longo dos anos.
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UNICESUMAR
A qualidade tem um conceito muito subjetivo, pois, neste termo, há divergências quanto ao seu
significado e o que ele representa, na prática, para as pessoas. Algumas delas acreditam que a qua-
lidade representa maior ou menor desempenho de um produto. O de mais qualidade é aquele que
possui maior desempenho, o de menos qualidade é aquele que possui menor desempenho. Para outras
pessoas, a qualidade é atribuída ao nível de satisfação que o produto fornece, durante a utilização, ao
atender às expectativas e necessidades delas. Ainda, há pessoas que associam o desempenho de um
produto a determinado preço esperado, por outro lado, no ambiente interno de uma empresa ou
organização, o conceito de qualidade está ligado, diretamente, ao nível de conformidade a um custo
aceitável (PALADINI, 2012).
De acordo com Paladini (2012), a partir da década de 50, a prática da Gestão da Qualidade aumen-
tou e envolveu toda a organização no ciclo do processo de produção. Nesta prática, foram envolvidas
as teorias apresentadas pelos gurus da qualidade. Segundo Carvalho e Paladini (2012), os gurus mais
citados na literatura são: Walter A. Shewhart, W. Edwards Deming, Joseph M. Juran, Armad Feigen-
baum, Philip B. Crosby, Kaoru Ishikawa e Ginichi Taguchi. Estes estudiosos tiveram muita influência
no desenvolvimento e na disseminação da qualidade, ao longo dos anos, influenciando, até os dias de
hoje, as ações que envolvem a qualidade, por meio de seus estudos e aplicações. A seguir, conheceremos,
um pouco mais, esses gurus e as suas contribuições.
Walter A. Shewhart
Shewhart nasceu em 1891, nos Estados Unidos. A sua formação foi em Engenharia com doutorado em
Física pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Conhecido como o pai do controle estatístico da
qualidade, Shewhart foi o responsável pelo desenvolvimento de uma das ferramentas de controle de
qualidade mais utilizadas nos dias de hoje, conhecida, comumente, como gráficos ou cartas de controle.
Essa ferramenta surge da observação de Shewhart dos processos desenvolvidos na empresa Bell
Telephone Laboratories, em que buscava avaliar as variações ocorridas no processo.
Shewhart é “[...] considerado o pai do controle estatístico da qualidade e criador dos gráficos
de controle, uma das ferramentas mais poderosas do controle estatístico de processos, e
do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action), metodologia fundamental para o gerenciamento da
qualidade”.
Fonte: Lobo (2020, p. 31).
Shewhart aplicou os conceitos estatísticos em um modelo gráfico, pois ele já era realizado na em-
presa e possibilitava a aplicação, de maneira mais fácil, pelo operador, do registro das variações
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UNIDADE 1
ocorridas. Shewhart colocou em prática a ferramenta nas atividades da empresa Bell, sendo esta
aplicação registrada em memorando, datado de 16 de maio de 1924. Antes disso, os resultados
das inspeções da qualidade na empresa, segundo Carvalho e Paladini (2012), eram realizados,
somente, para separar os produtos com defeito. As inspeções eram registradas em um gráfico de
controle que permitia distinguir, facilmente, entre as variações comuns e as causas especiais do
processo, que deveriam ser investigadas. Na visão de Shewhart, a fusão dos conceitos estatísticos
com os gráficos já utilizados na empresa permitiria verificar o comportamento do processo e,
assim, tomar ações proativas bem como evitar novas ocorrências quanto à melhoria da qualidade
dos produtos fabricados. A Figura 1 apresenta um exemplo de gráfico de controle.
Resultados amostrais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Figura 2 - Gráfico de Shewhart com limites de advertência e de controle (superior e inferior) / Fonte: adaptada de Ramos,
Almeida e Araújo (2013).
Descrição da Imagem: o gráfico apresentado na Figura 2 demonstra o comportamento de um processo, por meio
das inspeções realizadas em uma amostra contendo 30 unidades. Neste gráfico, é possível verificar que as amostras
estão contidas dentro dos limites de advertência e de controle tanto superior quanto inferior.
A facilidade de utilização do gráfico foi fundamental para a difusão, pois, além de permitir o
controle de forma visual, ele podia ser preenchido no local de trabalho com os parâmetros de
processo estabelecidos.
Além das cartas de controle de processo, Shewhart também propôs uma forma de direcionar a
análise e a solução de problemas, por meio de um ciclo cujo responsável pela qualidade deveria pla-
nejar, fazer e checar os resultados, além de, com base nesses resultados, tomar a ação necessária para a
implementação da melhoria. Esse ciclo é conhecido como PDCA e é utilizado até os dias atuais como
uma forma eficiente de aplicar as ações de melhoria contínua nas organizações (CARVALHO; PALA-
DINI, 2012). Em uma de suas definições de qualidade, Shewhart afirma que: “A qualidade é subjetiva
e objetiva” (CARVALHO; PALADINI, 2012, p. 11).
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UNICESUMAR
Veremos, mais a fundo, a utilização das cartas ou dos gráficos de controle em uma unidade específica
que tratará do controle estatístico de processo.
W. Edwards Deming
W. Edwards Deming nasceu em 1900, nos Estados Unidos, se formou em Engenharia Elétrica e cursou
doutorado em Matemática e Física pela Universidade de Yale. Este pesquisador tinha muitas habilidades,
dentre elas, a música. Sim, você acredita nisso? Deming era multi-instrumentista e compositor.
Deming era um pesquisador de muitas habilidades, e o que poucos sabem é que esse guru
da qualidade também estudou música e tocava vários instrumentos, além de compor. Por sua
longevidade (morreu em 1993, aos 93 anos), ele percorreu várias Eras da Qualidade, tendo
sido discípulo de Shewhart, com quem compartilhou o interesse pelas ferramentas estatís-
ticas aplicadas ao controle do processo e pelo método de análise e solução de problemas,
por meio do ciclo PDCA.
Fonte: adaptado de Carvalho e Paladini (2012).
Após a Segunda Guerra Mundial, Deming foi enviado ao Japão pelas Forças Aliadas para auxi-
liar na reconstrução do país. Neste período, ele ensinava técnicas de amostragem estatística aos
japoneses, tornando-se uma das suas principais contribuições. Ainda no Japão, Deming traba-
lhou como consultor para a empresa Union of Japanese Scientists and Engineers (JUSE) nos anos
de 1950, 1951, 1952, 1955, 1960 e 1965. O convívio com os japoneses permaneceu por quase 20
anos, contribuindo para que as empresas japonesas fizessem uma verdadeira revolução no que diz
respeito à qualidade (CARVALHO; PALADINI, 2012).
Dentre as contribuições de Deming para a qualidade, podemos citar os seus 14 pontos (Quadro 5),
que, embora tenham sido escritos há muitos anos, continuam sendo tão atuais quanto na época em
que foram registrados. Esses 14 pontos sintetizam as experiências vividas no Japão, como um requisito
ou uma sugestão para as mudanças necessárias nas organizações, sendo enfatizadas a liderança e a
participação de todos.
1º princípio: estabelecer a constância de propósitos para melhorar o produto e o serviço, com o ob-
jetivo de se tornar competitivo, se manter em atividade e gerar emprego.
2º princípio: adotar a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. A administração ocidental deve
despertar para o desafio, estar ciente de suas responsabilidades e assumir a liderança no processo
de transformação.
3º princípio: deixar a dependência da inspeção para atingir a qualidade. Eliminar a necessidade de
inspeção em massa e introduzir a qualidade no produto desde o estágio inicial.
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UNIDADE 1
4º princípio: cessar a prática de aprovação de orçamentos com base no preço. Ao invés disto, deve
minimizar o custo total. Desenvolver um único fornecedor para cada item, em um relacionamento em
longo prazo, apoiado na lealdade e confiança.
5º princípio: melhorar o sistema de produção e de prestação de serviços continuamente, de modo a
melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir, de forma sistemática, os custos.
6º princípio: instituir treinamento no local de trabalho.
7º princípio: instituir liderança. O objetivo dos chefes deve ser ajudar as pessoas, as máquinas e os
dispositivos a executarem melhor o trabalho. A chefia administrativa necessita de uma revisão geral
bem como a chefia dos trabalhadores de produção.
8º princípio: eliminar o medo, de modo que todos trabalhem para a empresa, eficazmente.
9º princípio: eliminar as barreiras entre os departamentos. As pessoas envolvidas em pesquisas, pro-
jetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção
e de utilização do produto ou serviço.
10º princípio: eliminar lemas, advertências e metas para trabalhadores que determinem o nível de zero
defeitos e estabelecem novos níveis de produtividade. Tais advertências geram inimizades, visto que
o maior índice das causas da baixa qualidade e produtividade estão intrínsecos ao sistema e, assim,
estão fora do alcance dos trabalhadores.
11º princípio: eliminar padrões de trabalho na linha de produção, substituindo-os por liderança; eli-
minar o processo administrativos por objetivos, cifras e/ou objetivos numéricos, substituindo-os pela
administração por processos, por meio do exemplo de líderes.
12º princípio: remover as barreiras que impeçam o operário horista e os trabalhadores da adminis-
tração e da engenharia de se orgulharem de seus desempenhos. A responsabilidade dos chefes deve
ser alterada de números absolutos para a qualidade, ou seja, abolir a avaliação anual de desempenho,
de mérito e administração por objetivos.
13º princípio: instituir um programa robusto de educação e automelhoria.
14º princípio: a transformação é uma tarefa de todos. Portanto, todas as pessoas da empresa devem
ser motivadas para alcançar a transformação.
Uma das definições de Deming sobre a qualidade é: “Qualidade é a satisfação das necessidades do
cliente em primeiro lugar” (CARVALHO; PALADINI, 2012, p. 12).
Joseph M. Juran
Joseph M. Juran nasceu em 1904, na Romênia. Formou-se em Engenharia e Direito nos Estados Unidos
e, assim como Shewhart, iniciou a carreira no departamento de estatística da empresa Western Eletric.
Este guru da qualidade, assim como Deming, viveu várias Eras da Qualidade devido à sua longevidade
e atuou, também, no Japão do pós-guerra. Pela sua atuação, obteve projeção mundial.
Juran, segundo Carvalho e Paladini (2012), publicou vários livros. As suas experiências ajudaram a
elevar a qualidade, a partir da visão operacional para uma visão estratégica. Foi ele quem propôs a abor-
dagem dos custos da qualidade e a classificou em três categorias: falhas (internas e externas), prevenção
e avaliação. Também foi Juran quem propôs a Trilogia da Qualidade (Figura 3) e, nela, estabeleceu o
planejamento, o controle e a melhoria. No planejamento, são determinados os objetivos de desempenho
bem como os planos de ação para atingi-los. O controle consiste em avaliar o desempenho das operações,
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UNICESUMAR
comparar com os objetivos e atuar no processo, quando houver desvios do processo ou dos produtos. Por
fim, a qualidade tem a função de aperfeiçoar o nível de desempenho atual para novos produtos.
Planejamento Controle da qualidade (durante a operação)
da qualidade
Pico esporádico
qualidade
qualidade
Melhoria
40
Melhoria
Nível original de
controle da qualidade
dada
Custo da má qualidade
20
Novo nível de
operações
controle da qualidade
Início das
Desperdício crônico
(uma oportunidade
para melhoria)
0
0 Tempo
Lições aprendidas
Descrição da Imagem: a Figura 3 demonstra o pensamento de Juran. No início das operações, é alta a variação dos
custos na zona original de controle de qualidade. Com base nas informações e nos dados do processo, são aplicadas
ações de melhorias para reduzir as variabilidades e os custos. A partir da aplicação das ações de melhoria, o pro-
cesso passa do estado de “não controlado” para o estado de “sob controle” e, com isso, os custos e a variabilidade
diminuem. A partir desse controle, se estabelece uma nova zona de controle de qualidade e, a partir desta nova
zona de qualidade, busca-se nova redução na variabilidade, tornando-se, assim, um ciclo de melhoria contínua, em
busca de índices mínimos dessas variações no processo.
“Juran, em seus vários livros, Planning and Practices in Quality Control (1951), Managerial
Breakthrough (1964), Quality Planning and Analysis (1970), entre outros, ajudou a alçar a
qualidade do âmbito operacional para o estratégico”.
Fonte: Carvalho e Paladini (2012, p. 12).
26
UNIDADE 1
O termo “função Qualidade” foi denominado por Juran como o conjunto de atividades que têm o
objetivo de incorporar a qualidade ao produto, independentemente de onde são realizadas dentro
da organização. A função Qualidade foi expressa em uma espiral, chamada por Juran de Espiral do
Progresso na Qualidade. A Figura 4 apresenta o efeito dessa função no ciclo produtivo.
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Figura 4 - Espiral da função Qualidade no ciclo produtivo de Juran / Fonte: adaptada de Carpinetti (2012).
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma espiral que indica diversos pontos do processo, indo da pesquisa
de mercado até as informações sobre o produto ou serviço prestado ao cliente.
É importante ressaltar o quão importante é o estabelecimento das relações entre os clientes e fornece-
dores, ao longo da cadeia produtiva. Nesse sentido, entende-se que cada processo pode ser considera-
do um cliente e um fornecedor. Segundo as definições de Juran, o processo ou a atividade anterior é
fornecedor(a) do processo ou da atividade seguinte, o que, consequentemente, se torna fornecedor(a)
do próximo e assim por diante, até que se complete o ciclo produtivo.
Observe o seguinte exemplo de um produto que passa por três processos, neste caso, em uma confecção:
o corte, a costura e o acabamento. A operação 1 (corte) é o processo fornecedor da operação; após terminar
as atividades, a operação 2 (costura), a qual é cliente da operação 1, passa a ser fornecedora da operação 3
(acabamento), que é cliente da operação 2. Para melhor entendimento desse processo, vejamos a Figura 5.
27
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura demonstra que a Op. 1 é fornecedora da Op 2., enquanto a Op. 2 passa de cliente
da Op.1 para fornecedora da Op. 3, a qual é cliente da Op. 2.
É importante trazer, aqui, uma das definições de qualidade descritas por Juran (apud CARVALHO;
PALADINI, 2012, p. 13): “qualidade é a adequação ao uso”.
Armand Feigenbaum
Armand Feigenbaum, nascido nos Estados Unidos no ano de 1922, se formou em Engenharia
e, mais tarde, tornou-se doutor em Ciências pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT.
Este engenheiro ficou conhecido por formular o sistema de Controle Total da Qualidade (TQC).
Feingenbaum tratou a qualidade, de forma sistêmica, nas organizações. Em 1951, em seu livro
Total Quality Control, ele apresentou os principais aspectos do Controle Total da Qualidade. No
livro, este guru declara que, ao implantar um sistema eficaz para a integração dos esforços entre
os vários grupos dentro de uma organização, no desenvolvimento da qualidade, assim como na
manutenção e melhoria, é necessário observar todo o ciclo de produção, cujo início e fim estão
no cliente, de forma a obter os produtos e serviços com mais economia. Porém, nesse processo,
é necessário levar em conta a satisfação total do cliente. O sistema proposto por Feingenbaum
consiste em uma estrutura e em procedimentos gerenciais e técnicos, documentados de forma
que possam ser utilizados como referência para garantir a satisfação dos clientes, considerando,
também, os custos de qualidade adequados (CARVALHO; PALADINI, 2012).
“O termo ‘controle da qualidade total’ foi usado, pela primeira vez, por Armand Feigenbaum,
em 1956, quando ele propôs a ideia de que a qualidade só poderia resultar de um trabalho
em conjunto de todos os envolvidos no desempenho da organização, não, apenas, de um
grupo de pessoas. Embora Feigenbaum também defendesse a criação de uma estrutura
organizativa de suporte à qualidade, a Engenharia de Qualidade, que seria a responsável
por resolver questões de qualidade que englobasse mais de uma área da empresa. Assim, a
abordagem proposta por Feigenbaum dá ênfase à comunicação entre os departamentos da
empresa, principalmente, os responsáveis por produção, materiais e design”.
Fonte: Faria ([2021], on-line).
28
UNIDADE 1
Expedição
Inspeção e Instalação e
testes serviços
pós-venda
Supervisão da Engenharia do
manufatura produto
Engenharia da Compras
manufatura
Descrição da Imagem: a Figura 6 apresenta o ciclo de produção. Nele, são desenvolvidas várias atividades até chegar
ao envio do produto ao cliente. Essas atividades estão ordenadas em sentido horário, iniciando na Instalação e nos
Serviços pós-venda e seguem até Expedição.
Uma das definições de qualidade de Feigenbaum é: “A qualidade é a composição total das carac-
terísticas de marketing, projeto, produção e manutenção dos bens e serviços, através dos quais
os produtos atenderão às expectativas do cliente” (CARVALHO; PALADINI, 2012, p. 14).
Philip B. Crosby
Philip Crosby nasceu em 1926, nos Estado Unidos, e a sua formação foi em Engenharia. A sua
carreira acadêmica não foi tão expressiva como as dos demais gurus, pois Crosby esteve mais
voltado à atuação profissional em empresas e, depois, como consultor, a partir de 1979, graças à
abertura de sua empresa Philip Crosby Associates. Este guru da qualidade foi responsável por lançar
o programa Zero Defeitos, em 1957. Esse programa foi popularizado em 1961, nos programas
29
UNICESUMAR
militares que envolviam a fabricação de mísseis bem como nas empresas. Crosby aproveitou as
noções de custos propostas por Juran, porém, em sua versão, forte apelo gerencial e motivacional,
enfatizando o fazer certo na primeira vez. Todavia o programa sofreu muitas críticas sob a alegação
de que mera coleção de slogans de propaganda.
Em suas publicações, Crosby, tal como Deming, também estabeleceu 14 pontos que priorizam a
qualidade, conforme apresentado no Quadro 6.
1. Obter o comprometimento da alta gestão com a qualidade.
2. Instalar, em todos os setores da empresa, equipes para aperfeiçoar a qualidade.
3. Utilizar indicadores da qualidade que apontem as necessidades de melhoria para mensurar a qua-
lidade da organização.
4. Mensurar os custos da não qualidade.
5. Divulgar aos trabalhadores a importância da qualidade nos produtos e serviços.
6. Implementar um sistema de ação corretiva.
7. Estabelecer o programa zero defeito.
8. Realizar treinamento para os inspetores e outros responsáveis.
9. Estabelecer um dia para zero defeito.
10. Estabelecer os objetivos a serem alcançados.
11. Eliminar as causas de ocorrência de erros.
12. Reconhecer, publicamente, que os objetivos são atingidos e não para premiar, financeiramente.
13. Instalar o monitoramento do processo, por meio de círculos de qualidade.
14. Repetir os itens anteriores, continuamente.
Kaoru Ishikawa
Kaoru Ishikawa nasceu no ano de 1915, no Japão. Graduou-se em Química Aplicada pela Universi-
dade de Tóquio, concluindo o doutorado em 1960. Ishikawa foi professor e consultor de empresas,
sendo um dos colaboradores para a formulação do Controle de Qualidade na empresa Company
Wide Quality Control – CWQC. Também teve papel importante no desenvolvimento do modelo de
qualidade estabelecido no Japão. Ishikawa foi importante para a difusão de algumas ferramentas e
técnicas de análise e solução de problemas, além disso, contribuiu para o gerenciamento de rotinas,
nas quais são destacadas as sete ferramentas da qualidade. Estas seriam utilizadas, amplamente,
pelos Círculos de Controles de Qualidade – CCQ (CARVALHO; PALADINI, 2012).
As influências de Deming e Juran contribuíram para as teorias de Ishikawa. Algumas destas im-
portantes contribuições foram o desenvolvimento de uma visão ampla da qualidade, a ênfase no lado
humano, o desenvolvimento e a utilização de ferramentas da qualidade.
Para Ishikawa, a qualidade total requer a participação de todas as pessoas, em grupo, o que levou à
criação dos círculos de qualidade. Em seus estudos, Ishikawa observou o processo como um conjunto
de causas que precisam ser controladas, de forma que seja possível obter bons produtos e serviços.
30
UNIDADE 1
Foi então que ele desenvolveu o diagrama de causa e efeito, o qual ficou conhecido como Diagrama
de Ishikawa ou Diagrama Espinha de Peixe (CARPINETTI, 2012). Vejamos um modelo do diagrama
criado por Ishikawa, na Figura 7.
Descrição da Imagem: a figura representa o método de causa e efeito de Ishikawa. O formato de espinha de peixe
representa as possíveis causas do problema ocorrido, enquanto a cabeça representa a causa-raiz do problema.
Aqui, é importante ressaltar uma das definições de qualidade de Ishikawa (apud CARVALHO; PALADI-
NI, 2012, p. 16): “a qualidade é satisfazer radicalmente ao cliente, para ser agressivamente competitivo”.
Genichi Taguchi
Genichi Taguchi nasceu em 1924, no Japão, e formou-se em Engenharia e Estatística, obtendo o dou-
torado em 1962. Diferentemente dos demais gurus, Taguchi focou nas atividades de projeto e não em
processos, batizando esta área de Controle de Qualidade Offline, entendendo que, assim, seria mais fácil
diferenciá-la da área de Controle de Qualidade Online, advinda do controle estatístico do processo.
Taguchi tinha em mente que a única maneira de satisfazer aos requisitos e às expectativas dos clientes
era criar um produto de qualidade robusta (CARVALHO; PALADINI, 2012).
Taguchi nasceu em Tokamachi, cidade têxtil pertencente à prefeitura de Niigata. É neste local
que o futuro engenheiro cresce. Devido às condições da cidade, a família de Taguchi estava
envolvida na fabricação e comercialização de quimonos. Anos mais tarde, essa prática o levaria
a estudar Engenharia Têxtil na Universidade de Kiryu. Outras fontes afirmam que Taguchi se
formou nesta instituição como engenheiro mecânico.
31
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura mostra a curva apresentada por Taguchi, a qual estabelece um ponto ideal, onde
não há perdas no processo. A curva é uma parábola invertida cujas regiões das perdas estão representadas na parte
externa da parábola. A função perda tem limites inferiores e superiores. O ponto médio da parábola é o ponto ideal
para que as perdas sejam mínimas.
Aqui, reforço que uma das definições de qualidade para Taguchi (apud CARVALHO; PALADINI,
2012, p. 18) é: “a qualidade é a diminuição das perdas geradas por um produto, desde a produção
até o seu uso pelos clientes’”.
A partir das contribuições desses gurus, o pensamento bem como a forma de produzir e gerir a
qualidade foram moldados e estabelecidos nas organizações, ou seja, a abordagem passou a ser dife-
rente, mais ampla e com a visão da necessidade de um processo contínuo de melhoria. A abordagem
da qualidade é uma atividade muito importante para o desenvolvimento dos processos, serviços, meio
ambiente, segurança etc., porém a sua ênfase tem sido, primeiramente, os processos e produtos, sendo,
posteriormente, disseminada entre os diversos segmentos. Podemos dizer, então, que a qualidade é
algo que nunca terá fim? Até quando devemos melhorá-la? Até que ponto ela é interessante para a
organização, já que gera custos para ser mantida e aperfeiçoada?
Veremos, a seguir, que, ao longo dos anos, a qualidade é abordada como um meio de atendimento
aos requisitos de projeto, processos e clientes, além de proporcionar às organizações a projeção co-
32
UNIDADE 1
mercial no mercado interno e, quando a qualidade é reconhecida por meio de certificação, a projeção
passa a ser internacional. Dessa forma, com a necessidade de melhorias da qualidade, esta passou a
ser definida em cada período da história.
Segundo Shiba, Graham e Walden (1997), a qualidade teve definições distintas ao longo da his-
tória. Estas definições foram se adequando, à medida que a evolução dos processos, a identificação
das exigências dos consumidores, as necessidades de padronização, a redução de custos, entre outros,
surgiram. Assim, com o desenvolvimento da qualidade, durante os anos, as definições dela foram se
adequando. Estas adequações ocorreram entre os anos de 1950 e 1980 e, assim, os autores estabelecem
estas quatro definições ou níveis de qualidade em:
• 1950 – Adequação padrão: neste caso, o padrão do produto deveria estar adequado aos requisitos do
projeto estabelecido, ou seja, o produto deveria funcionar conforme o pretendido pelos projetistas.
• 1960 – Adequação ao uso: neste período, as necessidades do mercado deveriam ser atendidas,
ou seja, o produto deveria ser utilizado de acordo com a vontade do cliente, assim, independen-
temente do projeto e/ou padronização, o cliente utilizava o produto como queria.
• 1970 – Adequação ao custo: os produtos, nesta época, deviam ter alta qualidade e baixo custo,
ou seja, o produto deveria atender, ao máximo, os requisitos de qualidade, ao mínimo de custo.
• 1980 – Adequação à necessidade latente: neste período, antes mesmo de os clientes terem ciência
da qualidade do produto, ele já deveria satisfazer às necessidades. Nesse sentido, segundo Shiba,
Graham e Walden (1997), as empresas tinham o monopólio por um período curto de tempo.
Agora, digamos que você precise trocar o seu smartphone por um mais moderno. Qual é o aparelho
que lhe vem à mente? O que levou você a pensar neste smartphone? Com certeza, considerou as quatro
definições apresentadas, ou seja, o padrão de qualidade, quais benefícios ele oferece quanto ao atendi-
mento de suas necessidades, o preço do aparelho e, por fim, você só o escolheu porque, antes mesmo
de adquirir, já sabia das características do produto.
Portanto, podemos concluir que as adequações da qualidade, ao longo do tempo, fazem parte
de um processo que buscava atender à demanda do mercado e às necessidades dos clientes que
procuravam pelos produtos.
Em relação às quatro adequações apresentadas por Shiba, Graham e Walden (1997), podemos
verificar uma evolução delas, sendo as abordagens transcendental, centrada no usuário, no processo,
no produto e no valor, conforme veremos, a seguir.
• Abordagem centrada no processo: segundo Paladini (2008), a aquisição de um produto é ba-
seada na confiança que o consumidor tem no processo produtivo, assim, ele entende o processo
com que o produto é feito e, dessa forma, sabe que é confiável. Com base neste conhecimento,
o consumidor, então, adquire o produto.
• Abordagem centrada no produto: nesta abordagem, o consumidor tem o produto dispo-
nível para avaliar as características. Paladini (2008) descreve que um produto melhor tem
características que o consumidor considera mais relevantes, bonitos, práticos, entre outros,
do que os produtos da concorrência.
33
UNICESUMAR
• Abordagem no valor: de início, a abordagem de valor pode ser atribuída ao valor finan-
ceiro. Porém os valores culturais, éticos, morais etc., podem ser abordados. Esses valores
são atribuídos ao produto pelo consumidor (PALADINI, 2008). Esta abordagem, segundo
Paladini (2008), também pode demonstrar que o preço determina a escolha do produto
pelo consumidor, assim, a opção de escolha do consumidor por um produto com um preço
razoável é comum. Para alguns consumidores, um produto com preço muito baixo pode
representar um produto falsificado. Em contrapartida, um produto com preço muito alto
pode representar um produto muito sofisticado. Para Marshall Junior et al. (2006), a qua-
lidade representa o melhor para certas condições do cliente, sendo elas o verdadeiro uso e
o preço de venda do produto.
• Abordagem transcendental: aqui, a qualidade vai além da mera produção de um produto ou
fornecimento de um serviço. De acordo com Marshall Junior et al. (2006, p. 33), a aborda-
gem transcendental é “uma condição de excelência que implica em ótima qualidade distinta
de má qualidade. Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se contentar
com o malfeito ou fraudulento”.
• Abordagem centrada no usuário: segundo Paladini (2008), esta abordagem, estabelece uma
hierarquia para as ações do consumidor. Neste caso, o primeiro motivo para a aquisição
de um produto é que a necessidade do consumidor seja atendida. O segundo motivo diz
respeito às questões relacionadas à prioridade, à utilidade, aos benefícios imediatos ou não,
entre outros que fazem o consumidor comprar o produto. Quando ele supera as expectativas
do cliente, este pode ser fidelizado (PALADINI, 2008). Para Marshall Junior et al. (2006),
a qualidade consiste em satisfazer aos desejos dos consumidores.
Observe que, quando o assunto é qualidade, é fundamental entender como os processos ocorrem e
quais são os requisitos a serem atendidos. Dentro desta questão, todas as fases que envolvem a produção
de um produto devem ser desenvolvidas com o pensamento na qualidade, pois o objetivo é atender às
necessidades e expectativas dos clientes.
O ciclo de produção pode envolver várias etapas, sendo estas realizadas para a fabricação da quali-
dade. Esta nem sempre foi um requisito tão importante para os fabricantes como é nos dias atuais. Já
vimos, anteriormente, um pouco da história da qualidade e um breve resumo de sua evolução, vimos,
também, algumas contribuições dos gurus da qualidade, então, toda essa evolução passou a ser esta-
belecida, igualmente, no ciclo de produção.
Você sabe o que é um ciclo de produção? Você consegue imaginar como se desenvolve a
qualidade nesse ciclo?
O ciclo de produção em uma organização, segundo Toledo et al. (2017), basicamente, é di-
vidido em: desenvolvimento do produto; desenvolvimento do processo; etapas de produção ou
fabricação e atividades de pós-vendas. Estas atividades podem ser consideradas a base funda-
mental para o desenvolvimento, a fabricação e a comercialização de um produto, seja ele qual
for. Onde a qualidade entra nesta história? No estabelecimento de procedimentos e registros
34
UNIDADE 1
para monitorar, inspecionar, analisar, agir e melhorar cada uma dessas etapas. Vejamos, então
algumas das etapas do ciclo de produção.
O ciclo de desenvolvimento do produto, dentro do ciclo de produção, é a que define os concei-
tos, o desempenho e as especificações esperadas do produto, ou seja, é onde estão as necessidades
do mercado e as oportunidades de tecnologia de informações para a produção. No mercado, de
modo geral, pode haver diferentes tipos de negócios e nichos de mercado, sendo estas as causas
do surgimento dos padrões de qualidade e as suas variações no produto. Segundo Toledo et al.
(2017, p. 10), as principais atividades no desenvolvimento do produto são:
“
1) Identificação das necessidades do mercado: É o resultado das pesquisas de mercado,
identificando o que o consumidor deseja.
2) Geração e escolha do conceito do produto: É a tradução das necessidades do mer-
cado em um conjunto escrito de conceitos do produto. Portanto, é uma resposta às
necessidades identificadas.
3) Planejamento do produto: Corresponde à definição, a partir do conceito do produto,
das metas para desempenho, custo e estilo.
4) Engenharia do produto. É o detalhamento das metas do produto em um conjunto
de especificações. Essa atividade dá origem ao “desenho no papel ou no computador”.
De acordo com Toledo et al. (2017), as atividades apresentadas podem ser associadas a um tipo
específico de qualidade, conforme descrito a seguir.
• Primeiro tipo de qualidade – Pesquisa de mercado: se refere ao nível à qual a identificação da
adequação ao uso diz respeito às necessidades reais dos usuários.
• Segundo tipo de qualidade – Concepção ou conceito: se refere ao nível de atendimento em
que características ou concepção pretendidas para o produto satisfazem à adequação ao uso
identificada. Segundo Toledo et al. (2017), este tipo de qualidade aponta a escolha de uma
concepção do produto que consiga atender às necessidades do usuário.
• Terceiro tipo de qualidade – Planejamento do produto: se relaciona à avaliação do grau por
meio das quais as metas estabelecidas para o desempenho, o custo e o estilo correspondem ao
conceito estabelecido para o desenvolvimento do produto.
• Quarto tipo de qualidade – Especificação: diz respeito ao quanto as especificações são realizadas
de acordo com o planejamento do produto. Neste caso, as especificações, quando executadas
conforme o planejamento, traduzem a qualidade por meio do qual o conceito escolhido para
o produto atenderá às expectativas e necessidades do consumidor.
35
UNICESUMAR
• Primeira: processo desenvolvido para uma nova planta ou para uma já estabelecida. Essa nova
planta terá um novo processo a ser realizado, especificamente, para o produto desenvolvido.
• Segunda: desenvolvimento de um novo processo a partir da base técnica já estabelecida na
empresa ou organização. Neste caso, segundo Toledo et al. (2017), é importante observar
que, conforme as condições da produção, são definidos, a partir da tecnologia disponível
no mercado, os coeficientes técnicos e a capacidade do processo, na primeira situação. E, na
segunda situação, o processo é desenvolvido com base na tecnologia disponível na empresa
ou organização. Em ambos os casos, é possível observar que, na interação entre as etapas de
desenvolvimento dos produtos e/ou processos produtivos nas empresas, deve existir forte
interação para facilitar a produção, a montagem, a qualidade de conformação etc. Essa in-
teração deve ocorrer a partir do próprio projeto do produto, de forma que a qualidade seja
assegurada. Assim, as informações referentes ao projeto do processo são transferidas para
o processo de produção, propriamente dito, sendo realizada a produção de lotes-piloto.
A qualidade, aqui, está vinculada à capacidade tecnológica e à engenharia disponível na
empresa ou organização (TOLEDO et al., 2017).
“
Uma que se refere à propriedade de uma unidade ou lote de produto estar conforme ou
não às especificações. Outra que se refere a uma medida do desempenho da atividade
de produção realizada, uma vez que a gerência da produção deve se orientar por três
objetivos: atingir as especificações de projeto do produto, a produtividade do processo
e a um mínimo custo de produção.
36
UNIDADE 1
Assim, deve-se levar em consideração que o produto está disponível no mercado, pronto para ser con-
sumido. A experiência vivida pelo consumidor resume-se aos atributos do produto incorporados ao
longo de todo ciclo produtivo, incluindo o apoio durante a utilização. Nesse sentido, é possível observar
que a qualidade de um produto está, diretamente, ligada ao resultado do desempenho das etapas que
compõem o ciclo de produção, ou seja, qualidade do projeto do produto, do processo, da conformação
da qualidade e do serviço de pós-venda, conforme apresentado na Figura 9.
Descrição da Imagem: a figura apresenta os diversos tipos de qualidade atribuídos à qualidade do produto, quais
sejam: Qualidade de projeto do produto; Qualidade de projeto do processo; Qualidade do produto; Qualidade de
conformação; Qualidade de serviços associados.
37
UNICESUMAR
REALIDADE
Título: Gestão da Qualidade
AUMENTADA
Autor: Carlos Henrique Pereira
Mello
Editora: Pearson
Sinopse: o livro aborda diversos
assuntos pertinentes à Gestão
da Qualidade. A estrutura abor-
da os assuntos de forma sistemática, onde cada capítulo
apresenta um capítulo específico e tratam de assuntos
como: os conceitos da Gestão da Qualidade, Gestão da
Qualidade Total, qualidade aplicada a vários setores da
economia, questões de controle estatístico, entre outros.
Comentário: uma excelente opção para você, caro(a) alu-
Processo de Evolução da no(a), ter como referência no desenvolvimento da carreira.
Qualidade
38
UNIDADE 1
39
Vimos, nesta unidade, que a qualidade é mais do que um conceito, ela é uma necessidade dentro
das organizações. Todo o processo evolutivo da qualidade, ao longo dos anos, serviu e serve, até
hoje, para garantir que tudo o que é produzido, seja produto ou serviço, esteja dentro de um pa-
drão estabelecido pelo mercado consumidor. Porém, os conceitos e a aplicação da qualidade vão
além de atender somente ao mercado consumidor; eles são aplicados dentro das organizações
como forma de reduzir os desperdícios, seja de produto, seja de processo, e aumentar a produ-
tividade e o lucro. Assim, ao olharmos para os dias atuais, com todo o avanço tecnológico em
equipamentos, processos etc., podemos dizer que os ensinamentos teóricos e práticos deixados
pelos gurus da qualidade são tão atuais quanto foram na época em que foram desenvolvidos
bem como influenciam as organizações em todo o mundo.
Para fixar o entendimento sobre o que aprendeu, sugiro que você desenvolva um Mapa Mental
ligando a Gestão da Qualidade às suas eras e aos responsáveis pela sua evolução.
Garantia da Controle
Qualidade Estatístico
Gestão
Inspeção da Estratégica
Qualidade
Controle da
Qualidade
MAPA MENTAL
40
1. As Eras da Qualidade foram importantes para o desenvolvimento dos conceitos e das
práticas utilizados nos dias atuais. Sendo assim, vemos que, dentre várias ferramen-
tas desenvolvidas nestes períodos, as cartas de controle de Shewhart nos permitem
identificar as variações dos processos. Como, quando e por que surgiram as cartas de
controle?
2. No ciclo de produção estão envolvidas várias etapas, sendo elas realizadas para a fa-
bricação da qualidade. Porém nem sempre ela foi vista como um requisito importante
para os fabricantes, ao contrário do que acontece nos dias atuais. Nesse contexto,
descreva quais são os quatro elementos que compõem o ciclo de produção.
41
MEU ESPAÇO
42
2
Inspeção da
Qualidade
Esp. Juliano Bertolotti Moura
Por se tratar de um requisito imprescindível para balagem interna, a terceira é a das condições
a garantia da qualidade dos produtos, processos, do produto e por fim, a funcionalidade dele.
manuseio, armazenamento etc., a inspeção deve Mas, afinal, você sabe o significado da palavra
estar presente em tudo o que fazemos, desde a inspeção e o que ela representa?
atividade mais simples, como a organização do Dê uma pausa na leitura, vou lhe propor uma
espaço de trabalho, até as atividades mais com- experiência: pegue um objeto que esteja próximo,
plexas, como a inspeção do sistema de localização o seu monitor, smartphone, teclado, mouse, enfim,
de um avião. Sem mais delongas, vamos ao que o objetivo é que você faça uma inspeção das con-
nos interessa, ou seja, o que é essa tal de inspeção? dições em que o objeto está.
Quando se ouve a palavra “inspeção” ou “ins- Ao realizar a inspeção de algum produto ou ser-
pecionar”, o que nos vem à memória é a escolha viço, o que buscamos é evidenciar a qualidade ou a
de determinado produto em uma loja. Se for um situação em que ele se encontra após a realização
sapato, por exemplo, verificamos a costura ou a de algum processo. Neste caso, o objeto que você
colagem, ou seja, se não há partes sem a costura inspecionará não é, totalmente, novo e pode ter
ou partes sem colar. Outro exemplo é a realização marcas de uso, assim como algumas imperfeições
de uma compra de um equipamento eletrônico, que se estabeleceram à medida que foi utilizado.
neste caso, procuramos verificar se não há riscos, A partir dessa experimentação proposta,
trincas, manchas, entre outros. E você, o que cos- inspecione o produto e anote os resultados da
tuma verificar quando compra algum produto? sua inspeção em seu Diário de Bordo. Este é um
Você tem este hábito? Você sabia que estas ações bom exercício para treinar e desenvolver o senso
ou atitudes são tipos de inspeção? crítico de qualidade dos produtos e/ou serviços.
Pois é, ao procurar identificar algumas pos- A partir do exercício, o que você pôde con-
síveis imperfeições nos produtos, nada mais cluir com essa experimentação? O produto
fazemos do que inspeções. Muitas vezes, nos ainda atende às suas expectativas? Se fez uma
pegamos recusando produtos devido às imper- inspeção em um celular, o que mais sentiu falta?
feições observadas no momento da compra ou Se fez a inspeção em um carro, o que ele apre-
do recebimento. sentou de bom e de ruim?
Nesses tempos, em que o comércio digi- Existem várias perguntas que você pode fa-
tal está cada dia mais amplo, é muito comum zer ao realizar uma inspeção. Portanto, antes
comprarmos os produtos sem tê-los na mão de iniciá-la, busque conhecer o produto e a sua
para avaliarmos a sua qualidade, usabilidade funcionalidade. Assim, você poderá fazer um
etc. Neste caso, realizamos as inspeções quando comparativo entre o que ele oferece e as suas
recebemos o produto. A primeira inspeção é a expectativas. Isso aumenta o seu senso crítico
da embalagem externa, a segunda é a da em- em relação ao que inspecionará.
44
UNIDADE 2
DIÁRIO DE BORDO
“
[...] o processo pelo qual o resultado do processo de fabricação é verificado, por meio de
instrumentos de medição, dispositivos ou análise visual, e classificado como aceitável
ou não aceitável, tendo em vista as especificações de projeto para fabricação do produto.
A norma NBR 5426 (ABNT, 1995, p. 1) define inspeção como o “processo de medir, ensaiar e examinar
a unidade de produto ou comparar suas características com as especificações”. Segundo Paladini (2011,
p. 108), a inspeção é “o processo que visa identificar se uma peça, uma amostra ou um lote atende as
especificações da qualidade”.
45
UNICESUMAR
Um processo de inspeção da qualidade pode ocorrer em diversas fases de uma cadeia produtiva,
desde documentos até o recebimento do produto pelo consumidor, ou seja, inspeção de produto, pro-
cesso, compras, vendas, materiais, insumos, máquinas e equipamentos, serviços prestados, manutenção,
documentos etc. A realização das inspeções é importante para que não haja a transmissão de um pro-
blema de uma etapa para outra do processo bem como é uma forma de garantir que os produtos com
defeitos ou fora das especificações sejam entregues ao cliente (CARPINETTI; GEROLAMO, 2019).
Normalmente, a realização de uma inspeção está relacionada a um característico da unidade
fabricada e sempre requererá alguma tomada de decisão baseada no característico analisado. Neste
caso, dependendo da importância do que se busca inspecionar no produto, o resultado da inspeção
pode resultar na exclusão de todos os produtos contidos em um lote fabricado ou em alguma etapa
do processo. Também pode ser que, durante a inspeção, a decisão tomada pode determinar o retorno
das unidades para um processo anterior (retrabalho). Se, ainda assim, após a realização do retrabalho,
os requisitos não forem atendidos, as peças podem ser transformadas em refugo (PALADINI, 2011).
Em muitos casos, a nossa saúde depende de atividades de inspeção. Como seria a qualidade
dos alimentos que consumimos, se não houvesse inspeções nas grandes indústrias?
De acordo com Paladini (2007), alguns passos devem ser seguidos para a realização de um processo
de inspeção da qualidade, sendo-os:
• Selecionar o produto a ser inspecionado.
• Estabelecer as características da qualidade a ser inspecionada.
• Padronizar as especificações para cada uma das características que se deseja inspecionar.
• Interpretar as especificações para que elas sirvam de referencial à inspeção.
• Determinar o objetivo da inspeção para a aceitação ou retificação dos requisitos da qualidade.
• Determinar o alcance da inspeção, podendo ser completo ou por amostragem.
• Estabelecer o tipo de inspeção, se por variáveis ou por atributos.
• Executar a inspeção de acordo com as decisões anteriores e registrar as informações.
46
UNIDADE 2
NBR 5426 – Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos e NBR 5429 –
Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por variáveis estabelecem os padrões para
a determinação das quantidades de unidades a serem inspecionadas em determinado lote, seja de
produto acabado, seja em processo.
Você sabe o que significa o termo característico? Trata-se do que caracteriza, o que distingue
um indivíduo ou grupo, uma característica particular. Por exemplo: a pouca variação dimen-
sional de um produto é um característico de um processo controlado.
Para a realização de uma boa avaliação da qualidade, independentemente do que se busca inspecionar
e dos critérios de avaliação, é imprescindível que se defina qual o tipo de inspeção que será utilizado.
O tipo dependerá do produto e da etapa em que esse se encontra.
Você sabe quais são os tipos de inspeção que podem ser realizados? Pois é, existem alguns que pos-
sibilitam tanto ao trabalhador quanto ao inspetor da qualidade verificar se os requisitos estabelecidos
foram atendidos. Essas inspeções são realizadas por meio de medições, exames, ensaios e/ou testes.
A realização de um processo de inspeção, segundo Paladini (2011), pode ser classificada de
acordo com a finalidade, o alcance e a forma com que o processo será realizado, conforme apre-
sentado, a seguir.
Quanto à finalidade, a inspeção pode ser dividida em dois tipos:
1. Inspeção por aceitação: busca-se detectar se um lote deve ou não ser aceito sem outras
operações. Ou seja, após a realização da inspeção em uma quantidade de amostras retira-
das de um lote, determina-se se ele deve ser liberado para o uso ou se deve ser rejeitado e
devolvido para a sua origem.
2. Inspeção retificadora: além de fazer a avaliação do lote, é feita a substituição das unidades
com defeito por unidades perfeitas. Dessa forma, não há a rejeição imediata do lote, mas
sim, a substituição das peças defeituosas.
Ao observar os dois tipos de inspeção apresentados, anteriormente, vemos que, na inspeção de acei-
tação, nenhuma ação é tomada para a determinação do nível de qualidade do lote, enquanto que, na
inspeção retificadora, além de determinar o nível de qualidade, este é alterado para melhor com a
substituição das peças defeituosas por peças sem defeitos. Segundo Paladini (2011), esta condição pode
ser combinada por meio do estabelecimento do critério que determina o seguinte: se a quantidade de
unidades defeituosas em um lote superar determinado limite de nível de qualidade insatisfatório, ele
é devolvido sem que sejam substituídas as peças defeituosas por peças sem defeitos.
47
UNICESUMAR
Podemos observar que, nos dois casos, as inspeções têm finalidades específicas e são realizadas de
acordo com as suas características básicas apoiadas nas vantagens e desvantagens. Nem sempre as
inspeções completas garantirão a qualidade de um lote.
Quanto à seleção da forma de execução, dois tipos de inspeção podem ser realizados: a inspeção
por atributos ou por variáveis, conforme apresentado a seguir.
Inspeção por atributos: de acordo com a norma NBR 5426 (ABNT, 1995, p. 2), este tipo é definido
como: “Inspeção segundo a qual a unidade de produto é classificada simplesmente como defei-
tuosa ou não (ou o número de defeitos é contado) em relação a um dado requisito ou conjunto de
requisitos”. Segundo a mesma norma (ABNT, 1995), os defeitos se referem à falta de conformidade
a qualquer uma das especificações estabelecidas para determinado produto.
Segundo Paladini (2019), as inspeções por atributos possuem algumas características. São elas:
• Não se medem os característicos.
• Não há técnicas quantitativas relacionadas à execução da avaliação propriamente dita.
• São utilizadas escalas diretas, próprias dos processos de classificação.
• Para a identificação do nível da qualidade, o característico recebe um rótulo que, normalmente,
é um adjetivo.
• A intensidade de um defeito não é determinada, apenas a presença ou não do defeito.
• Trata-se de um modelo utilizado, tipicamente, para associar produtos a classes ou grupos.
48
UNIDADE 2
• Expressões como “defeituoso(a)” ou “per- de inspeção pode ser visto na medição de com-
feito(a)” são comuns neste tipo de controle. primento de um parafuso, no diâmetro de um
• Neste tipo de inspeção, podem ser utili- furo, na espessura de uma chapa de aço, na ve-
zados calibradores passa/não passa aferi- locidade, no peso de determinado produto etc.
dos, porém, neste caso, não são geradas
medidas, apenas, a classificação.
49
UNICESUMAR
Independentemente do tipo de inspeção, os defeitos podem conter três níveis básicos de criticidade
ou defeitos que devem ser levados em consideração durante a realização de uma inspeção.
Os defeitos de nível crítico são aqueles que apresentam perigo ou insegurança para as pessoas
que utilizam ou mantêm os produtos. Tais defeitos também podem impedir o funcionamento do
produto bem como comprometer o desempenho de uma função importante de um produto de
mais complexidade.
Um exemplo deste tipo de defeito de nível crítico é a dimensão entre os dentes da engrenagem de
câmbio de um motor de carro. Esta é uma peça utilizada para a transmissão de força e, para realizar
este trabalho, a engrenagem deve se encaixar, perfeitamente, em outra. Assim, se os dentes de uma das
engrenagens não forem dimensionados, corretamente, poderá ocorrer a falha no desempenho, ou, até
mesmo, a quebra do equipamento, tornando-o inoperante.
Os defeitos de nível grave são considerados não críticos e podem resultar em falhas ou em redução,
de forma substancial, da utilidade do produto no que diz respeito à finalidade a que ele se destina.
Para os defeitos de nível grave, um exemplo pode ser a costura da alça de uma bolsa de passeio.
A costura, se não realizada da forma correta, seja pela qualidade da linha, seja pela técnica utilizada
no tipo da costura, pode causar o desprendimento da alça da bolsa. Assim, ainda que a alça tenha
se soltado e prejudicado a sua utilização, ainda pode ser utilizada.
50
UNIDADE 2
Costuma fornecer conclusões mais rápidas. A demora da avaliação por variáveis pode decorrer do
uso de instrumentos de medida ou testes e ensaios de
laboratório, que podem durar várias horas.
Os padrões de qualidade não são, claramente, Os padrões da qualidade são valores numéricos, in-
definidos. tervalos ou valores de uma escala. São, perfeitamente,
definidos.
A avaliação produz informações gerais sobre o Fornece informações mais completas e detalhadas,
característico que está sendo estudado. o que confere pistas mais seguras e rápidas para a
correção de defeitos.
Execução mais simples e direta. Avaliação, muitas vezes, sofisticada, dependendo de
materiais e equipamentos.
Requer poucos cálculos. Pode exigir cálculos demorados e complexos.
Tende a utilizar muito mais amostras para ofe- Poucas amostras definem uma tendência para a popu-
recer certo padrão de confiabilidade em seus lação sob análise, e podem possibilitar a sua completa
resultados. avaliação.
Exige mais investimento na formação de re- Exige mais investimento em termos de equipamentos
cursos humanos. e materiais de avaliação.
Exige treinamento que pode durar muitos Exige treinamento técnico que pode ser, razoavelmen-
anos. te, rápido.
É mais usada, pela facilidade de uso. Reservada para itens específicos do processo.
Possui grande número de característicos a Pequeno número de característicos a controlar.
controlar.
Não há como medir o característico. A avaliação só faz sentido se for medida.
Pelo porte e pela importância relativa do pro- O característico influi, criticamente, no produto.
duto, não se justifica medir o característico.
Tem ritmo elevado de produção, o que exige Ritmo de produção permite testes quantitativos.
testes mais simples e rápidos.
A avaliação feita pelos sentidos é suficiente. Exige-se mais do que uma avaliação qualitativa.
É mais cara, em médio prazo, para todo o pro- Mais cara, apenas, em inspeções individuais de peças.
cesso de produção.
O investimento em pessoal é diluído ao longo Investimento em equipamentos é feito de uma só vez
dos anos. (impacto maior na empresa).
Principal dificuldade prática: determinação de Principal dificuldade prática: necessidade de investir
padrões objetivos. em equipamentos e mantê-los.
Perfil do avaliador: conhecimento do processo, Perfil do avaliador: conhecimento técnico. Requisito
do produto e da empresa. Requisito básico: básico: treinamento específico.
experiência.
Quadro 1 - Resumo das inspeções por atributos e por variáveis / Fonte: Paladini (2019, p. 81).
51
UNICESUMAR
As inspeções, seja por atributo, seja por variáveis, podem ser realizadas em 100% do lote, ou seja, todas
as unidades são inspecionadas, ou podem ser realizadas em uma quantidade que seja representativa
para todo o lote.
Nas empresas são realizados três tipos de inspeção, sendo elas a inspeção de recebimento (ou
inicial), de processo e final.
Inspeção de recebimento ou inicial: o objetivo é avaliar a qualidade das matérias-primas e dos
insumos que são recebidos na empresa. As inspeções servem para impedir que sejam distribuí-
dos ou liberados para o processo produtivo matérias-primas ou insumos que podem prejudicar a
qualidade final do produto acabado. Este tipo de inspeção faz com que a empresa ou organização
controle a qualidade dos insumos recebidos e, dessa forma, são reduzidos os riscos quanto ao
aumento dos custos, perdas e/ou defeitos.
Inspeção de processo: a inspeção durante o processo tem o objetivo de identificar os erros ocorri-
dos na realização das etapas de produção. Este tipo de inspeção pode ser realizado nas primeiras
unidades do lote, para verificar a conformidade do produto após a realização de determinada
etapa, ou, ao término de todo o processo de fabricação. Uma vantagem é a rápida identificação de
defeitos e a correção, de forma rápida, dos mesmos. Estas ações evitam os custos com as perdas
parciais ou totais da produção.
Embora não seja tão comum, a atividade de ajuste do equipamento para iniciar o processo de
fabricação de determinado lote passa pela etapa de inspeção dos parâmetros desse equipamento,
pois, após o ajuste, é necessário garantir que tais parâmetros foram inseridos de forma correta.
Um exemplo é o processo de envase.
Inspeção final: a inspeção de pós-produção ou inspeção final pode ser realizada ao final de
todo o processo, ou seja, no produto final. Neste caso, a inspeção tem o objetivo de garantir
que os produtos não saiam da empresa ou da organização com qualquer tipo de defeito que
possa comprometer a satisfação do cliente, ou seja, os produtos são inspecionados para avaliar
se todos os requisitos foram atendidos durante o processo produtivo. Este tipo de inspeção tem
o objetivo de garantir resultados mais confiáveis. Esta etapa é considerada a mais importante
em um processo, pois, ao passar deste ponto, o produto será direcionado ao cliente, e uma
mercadoria com problema chegar às mãos de um consumidor é o pior tipo de marketing que
uma empresa pode ter.
52
UNIDADE 2
O desenvolvimento do processo de inspeção é realizado de acordo com algumas regras bem definidas,
pois, assim, evita-se que o processo seja realizado conforme as características do avaliador, tais como
gostos, preferências etc. A utilização da inspeção como forma de avaliar a qualidade requer a obser-
vância de alguns critérios básicos que, segundo Paladini (2011), são:
• O diagnóstico para determinar a qualidade de determinado produto deve ser realizado por meio
de uma inspeção compatível com o modelo de avaliação e gerenciamento da qualidade, de pre-
ferência, um modelo mais amplo. Neste contexto, se a inspeção tiver o objetivo de zerar defeitos
em uma linha de produção, não deve estar restrita a, somente, algumas operações consideradas
importantes, mas sim, deve estar presente em todas as operações, pois todas podem gerar defeitos.
• A inspeção, por ser considerada uma atividade intermediária ou atividade-meio, tem relação
direta com tudo o que for realizado com base em seus resultados. Ainda hoje, algumas empresas
medem a qualidade com base na quantidade de inspetores disponíveis.
• Existem várias formas de desenvolver um processo de inspeção. Há casos em que é necessária
a realização de uma inspeção completa e, em outros, a inspeção pode ser feita por meio de
amostragem. Portanto, é importante que seja selecionado o tipo de inspeção mais adequado ao
que se pretende avaliar.
• A inspeção, para que seja confiável, depende de fatores que envolvem a forma de execução e a
seleção do ambiente onde ela será aplicada. Neste caso, a inspeção deve alcançar todo o processo
produtivo e a sua realização deve ocorrer utilizando meios corretos (equipamentos, pessoas,
materiais etc.), os resultados obtidos devem ser registrados de forma clara e objetiva bem como
viabilizar o acesso de todos os envolvidos no processo aos dados registrados.
53
UNICESUMAR
Segundo Paladini (2011), uma questão importan- De acordo com Paladini (2011), o desenvolvimen-
te a ser observada é se a inspeção deve ou não ser to da inspeção requer alguns elementos básicos.
aplicada em certas áreas, seja no processo, seja em O primeiro deles é que a inspeção deve ser
itens de determinado produto, pois nem sempre é realizada de forma que seja permitido avaliar o
necessário fazer uma inspeção. Há, porém, situa- produto em todas as etapas cuja qualidade tenha
ções em que a realização dela pode ser substituída influência controlada. Porém isso não significa
por outras formas mais abrangentes de controle, que deva haver grande quantidade de controles,
podendo, até mesmo, serem fixados os elementos mas sim, a necessidade de estudos específicos
que justifiquem ou não a sua realização. Paladini para que sejam determinados os pontos em que
(2011) destaca alguns exemplos que justificam a a inspeção deve ser executada. O importante é
realização ou não de uma inspeção. São eles: garantir que todas as operações sejam avaliadas
• O custo de execução deve ser compatível em uma quantidade mínima de vezes em cada
com a importância da peça. turno de trabalho. A intensidade e a frequência
• Quanto maior for a presença de peças das inspeções, o instrumental e o seu uso, os pa-
defeituosas e do seu dano para o proces- drões de qualidade, entre outros, dependerão da
so, maior será a necessidade de realizar a natureza da operação.
inspeção. O segundo é a definição do método de inspe-
• Uma inspeção será mais útil quando esti- ção a ser adotado. Neste caso, há uma variedade
ver associada às atividades essenciais do de técnicas disponíveis, e a escolha deve ser con-
processo, tais como a classificação de peças. forme a especificidade do método, do processo
• Quando um produto apresentar muitos que será inspecionado e dos objetivos estabe-
característicos, maior será a relevância da lecidos para a avaliação. Ao realizar o processo
inspeção. de inspeção, é exigida a elaboração de registros
• Caso o processo esteja controlado e aten- dos resultados para observar as flutuações e/ou
dendo às especificações do projeto, a inspe- tendências da qualidade, assim, é importante de-
ção pode ser, gradativamente, desativada. senvolver um índice de qualidade com o objetivo
• Situações propensas ao aparecimento de de mensurar o nível de qualidade ao longo do
defeitos necessitam ser inspecionadas até tempo. Estes índices permitirão que o programa
que as ocorrências deles sejam, totalmen- de qualidade seja orientado e gerido para ser
te, eliminadas. mantido na direção correta. Segundo Paladini
(2011, p. 113), “a evolução dos índices permite
É importante lembrar a importância da formação avaliar o próprio programa, e mostra que, na
e da correta qualificação do inspetor, pois existem situação atual, trabalha-se com melhorias tem-
muitas áreas que não se aplicam a determinada porárias ou, ao contrário, detectam-se resultados
qualificação do profissional. Ou seja, é importante efetivos e permanentes”.
que o profissional que realiza ou que realizará a A confiabilidade é o terceiro aspecto no desen-
inspeção tenha conhecimento do processo e das volvimento de uma inspeção. Ela é considerada
características dos produtos que estão sendo ana- um aspecto fundamental e se divide em quatro
lisados, além de ter o domínio da técnica utilizada. fatores básicos que, segundo Paladini (2011), são:
54
UNIDADE 2
55
UNICESUMAR
A inspeção, quando inserida em um processo de melhoria contínua, faz com que os processos sejam
monitorados por meio de dados coletados para avaliar a qualidade dos produtos e dos processos bem
como das atividades desenvolvidas nas organizações. Dessa forma, a avaliação das próprias atividades
de inspeção é, também, uma ação a ser desenvolvida.
As técnicas de inspeção podem exigir, de forma semelhante, ações características dos opera-
dores. Não cabe aos agentes de inspeção desenvolver treinamentos a novos inspetores, na prática,
é recomendado que os profissionais de Recursos Humanos (RH) façam o gerenciamento do pla-
nejamento e a execução dos programas de formação e qualificação dos agentes de inspeção. Cabe
às áreas técnicas de Gestão da Qualidade definir os conteúdos a serem ministrados. Contar com
o apoio de órgãos que possuem uma qualificação específica pode ser útil e eficiente para tratar
das questões que têm relação com os elementos básicos da inspeção, por exemplo, determinar os
custos de inspeção sem o suporte técnico das áreas econômicas ou financeiras.
O processo de avaliação, por ser, em sua essência, dinâmico, requer uma memória bem estrutu-
rada e um registro dos resultados da inspeção. Esses registros devem mostrar, de forma clara, a evo-
lução de processo e de produtos, mais especificamente, dos níveis da qualidade que eles assumem.
Assim, tais registros devem ser construídos de forma que seja evidenciado o desenvolvimento do
processo de inspeção, sendo recomendada a utilização de imagens, gráficos, entre outros, para
representar os resultados obtidos.
A estrutura do relatório, além de garantir o acesso aos resultados da inspeção, deve permitir a
fácil compreensão das informações, evitando que sejam interpretadas de forma dúbia. Os registros
56
UNIDADE 2
devem, ainda, evidenciar as tendências detectadas com base nas avaliações realizadas e, muito mais
do que mostrar os resultados obtidos no passado ou no presente, devem evidenciar o futuro dos
produtos e processos. Quando associados aos padrões fixados para esses produtos e processos, os
registros devem evidenciar as melhorias presentes.
Os registros são os responsáveis por manter um histórico dos processos e das ações de-
senvolvidas na empresa. Um exemplo pode ser a avaliação da quantidade de rolamentos
substituídos em determinado equipamento. Sem o registro das substituições, esta informação
não poderia ser resgatada.
Segundo Paladini (2011), se a inspeção for realizada com o objetivo de avaliar ações específicas, os
registros devem ser organizados de maneira que as melhorias ou a ausência delas fiquem caracterizadas.
Se todas as ações envolvendo a qualidade forem direcionadas para a melhoria contínua, os registros
também devem ser melhorados, continuamente. Manter os modelos deles atualizados deve ser uma
ação permanente das áreas relacionadas à Gestão da Qualidade.
Neste cenário, os registros de inspeção devem ser estruturados de forma clara, pois os resultados
obtidos com a avaliação são importantes para um grande número de pessoas, então, é importante
que sejam veiculados pela empresa, afinal, o acesso de todos os envolvidos aos resultados da
inspeção deve ser garantido para que a tendência do processo seja conhecida. Não há maneira de
desenvolver ações preventivas, se as tendências do processo não forem conhecidas, plenamente.
O fluxo de informações que demonstram os resultados das inspeções deve ser direcionado
para as pessoas impactadas por esses resultados. Neste caso, o fluxo é atribuído às pessoas que
têm competência e autoridade para implementar modificações imediatas no processo. A plena
disponibilidade de resultado de inspeção é tão importante quanto a acessibilidade, por isso, a de-
mora na disponibilização de certos resultados de inspeção, por meio da internet ou de arquivos
que circulem entre os setores da empresa, parece ser incompreensível.
Normalmente, o acesso dos registros de inspeção é bem definido. Segundo Paladini (2011), as áreas
que envolvem a Gestão da Qualidade, além de gerarem as principais informações da inspeção, tam-
bém são as que mais consomem esses dados. As áreas da Gestão da Qualidade são responsáveis pelas
atividades críticas, tais como a análise de defeitos, o estudo do nível de qualidade atual, a tendência da
qualidade, porém, essas áreas, no geral, desenvolvem o monitoramento constante do processo.
A viabilização para a execução da inspeção ocorre por meio de dois conjuntos básicos de
ferramentas: o primeiro se refere aos mecanismos de desenvolvimento de avaliação dos planos
de amostragem que se baseiam em parâmetros bem definidos. O segundo utiliza tabelas estabe-
lecidas em normas que determinam o tamanho do lote e o nível de qualidade desejado para os
componentes analisados.
57
UNICESUMAR
Muito bem, chegamos ao final desta unidade. Aqui, vimos a importância do estabelecimento de um
sistema que permita a empresa garantir a qualidade de seus produtos, processos e demais atividades
que necessitem de controles durante a realização de suas atividades. As inspeções podem ocorrer em
todas as fases de um processo de fabricação, sendo as principais as entradas e as saídas, pois a inspeção
realizada na entrada garante a qualidade dos materiais e insumos utilizados na fabricação dos produ-
tos e/ou serviços. Na saída, ela é responsável pela garantia de que os produtos cheguem às mãos dos
consumidores sem nenhum tipo de problema que possa causar insatisfação.
58
Assim, é importante que você compreenda e saiba diferenciar os tipos e as formas de inspeção.
Para que a sua aprendizagem seja mais eficaz, construa um Mapa Mental a partir das caracte-
rísticas de cada tipo de inspeção apresentado nesta unidade, sendo elas quanto à seleção, à
finalidade e ao alcance.
Construa o seu Mapa Mental identificando os tipos de inspeção que correspondem às caracte-
rísticas e o que cada um deles desenvolve. Bom trabalho!
Quanto à Quanto ao
finalidade alcance
Quanto à
seleção
MAPA MENTAL
59
1. A inspeção por atributos é realizada para classificar os produtos, as partes, as peças
etc., como defeituosos ou não, em relação aos requisitos estabelecidos. Expressões
como “defeituoso(a)” ou “perfeito(a)” são comuns neste tipo de controle. Assim, defina,
com as suas palavras, o que representa um produto defeituoso.
a) V, V, F, V.
b) V, F, V, F.
c) F, V, V, F.
d) V, F, F, F.
e) F, V, V, V.
4. Os defeitos podem conter três níveis de criticidade ou defeitos que devem ser conside-
rados durante a realização de um processo de inspeção. Eles podem ser oriundos de
qualquer etapa do processo, tais como conformação, acabamento, transporte, entre
outros. Sobre os tipos de defeitos, responda o que é um defeito tolerável.
60
3
Controle Estatístico
da Qualidade
Esp. Juliano Bertolotti Moura
Você conhece esta afirmação: “não se controla o um estudo das condições em que o processo de
que não se mede e, sem medidas, não tem como fabricação se encontra.
melhorar, pois não se sabe em que situação está”? O processo de extrusão, de forma resumida,
Qual sua opinião sobre isso? Aproveitando o con- ocorre com o depósito de matéria-prima no re-
texto da frase, lhe farei outra pergunta: o fato de servatório do equipamento de extrusão, a qual
um produto atender aos requisitos de qualidade entra em uma cavidade composta por uma rosca
garante que o processo está sob controle? sem fim. A cavidade contém resistências elétri-
Nesse contexto, podemos pensar que os pro- cas responsáveis por gerar calor o suficiente para
cessos de fabricação, sejam eles quais forem, tornar a matéria-prima líquida a ponto de passar
devem ter um parâmetro para possa dizer se pelo molde. Assim, a matéria-prima, ao entrar na
está bom ou não, se está controlado ou não, cavidade, é transportada pela rosca sem fim até
isto é, em que situação se encontra o processo. a ferramenta de conformação, onde os tubos são
Uma afirmação sobre a situação de um processo moldados sob pressão. À medida que o material
é muito subjetiva quando não há dados para é modelado, ele é conduzido por um sistema cuja
fundamentar tal afirmação. Assim, para que função é resfriá-lo e mantê-lo no formato tubular.
controlar a qualidade, utilizam-se, dentre outras Entendido como o processo funciona, vamos
ferramentas, as técnicas estatísticas. para o estudo.
As técnicas estatísticas auxiliam no processo O responsável pela realização do estudo inicia
de desenvolvimento de melhorias da qualida- o seu trabalho coletando as informações dos pa-
de dos processos, pois, é a partir dos estudos râmetros de aquecimento, tempo de condução da
realizados em uma linha de produção ou em matéria-prima ao longo da cavidade, velocidade
atividades específicas que se pode definir os de extrusão do material, tempo de resfriamento
padrões de conformidade e os limites a serem desse após o processo de extrusão e a forma com
atingidos para os processos alcançarem o má- que ele é conduzido por meio das esteiras. É a par-
ximo de eficiência e eficácia, reduzindo, assim, tir destes dados, coletados durante determinado
as perdas e, consequentemente, os custos para período de tempo (diário, semanal, mensal etc.),
o produto e a empresa. que são realizadas as análises do comportamento
Talvez você esteja se perguntando: mas como do processo e detectados os pontos onde o pro-
eu faço esse estudo na empresa? Vejamos um blema de deformação da parede do tubo ocorre.
caso em que podemos aplicar o controle esta- Assim, os responsáveis podem tomar uma ação
tístico da qualidade. para a resolução do problema bem como realizar
Imagine a seguinte situação: você é o(a) res- a melhoria no processo de fabricação.
ponsável pelo processo de uma empresa fabri- O que você acha de fazer um estudo sobre o
cante de tubos plásticos destinados às instalações consumo de energia da sua casa? Esta seria uma
hidráulicas residenciais. Porém o processo tem boa oportunidade para verificar como se compor-
gerado muitas perdas por deformações ocorridas ta o consumo, ao longo de determinado período.
nas paredes dos tubos. Na tentativa de melhorar Muito bem, esta atividade é bem simples e consis-
a produção e reduzir as perdas durante a fabrica- te em fazer um levantamento dos gastos mensais de
ção do produto, a diretoria da empresa solicitou energia elétrica, em sua casa, nos últimos 24 meses.
62
UNIDADE 3
Para isso, entre no site da companhia de energia e colete todos os dados ao longo do período. Monte
uma planilha no software Excel, contendo duas colunas: uma para o período de consumo, outra para
os valores de consumo. Após os dados estarem organizados, gere um gráfico de linha. Com base no
comportamento do gráfico, faça a análise de quais foram os períodos de mais consumo, identifique-os
e realize o cálculo da média dos valores de todos os períodos.
Vejamos um exemplo hipotético de consumo de energia em uma residência. O primeiro passo é
estabelecer o período a ser analisado, neste caso, será de 24 meses. Com isso estabelecido, é hora de
coletar os dados de consumo de energia da residência no período estabelecido. Realizada a coleta dos
dados, montamos a planilha com os valores obtidos. O Quadro 1 apresenta a organização dos dados.
Período Consumo (Kw/mês)
jan./18 116
fev./18 139
mar./18 113
abr./18 140
maio/18 133
jun./18 150
jul./18 107
ago./18 95
set./18 130
out./18 138
nov./18 117
dez./18 145
jan./19 114
fev./19 141
mar./19 106
abr./19 127
maio/19 150
jun./19 101
jul./19 124
ago./19 104
set./19 116
out./19 117
nov./19 112
dez./19 149
Consumo médio 124,33
Após levantar os dados de consumo e organizá-los, com o auxílio da ferramenta Excel, gere um grá-
fico de linha. Neste gráfico, é possível visualizar o comportamento do consumo ao longo do período
analisado, conforme apresentado na Figura 1.
63
UNICESUMAR
160
140
120
Consumo (Km/mês)
100
80
60
40
20
0
ag 8
ag 9
ou 8
no 18
ou 9
no 19
fe 8
m 8
ab 18
m 18
ju 18
ju 8
se 8
de 18
ja 8
fe 9
m 9
ab 19
m 19
ju 19
ju 9
se 9
de 19
19
1
1
1
1
/1
/1
/1
1
/1
/1
/1
l./
l./
t./
t./
t./
t./
v./
./
r./
./
v./
z./
v./
./
r./
./
v./
z./
n.
n.
o.
n.
n.
o.
ar
ar
ai
ai
ja
Período de consumo
Descrição da Imagem: A figura apresenta um gráfico no qual são apontados os gastos mensais com energia elétrica,
ao longo de 24 meses, e podemos verificar, de forma mais fácil, quais os períodos em que houve mais ou menos
consumo. Esta visualização permite comparar o consumo no mesmo período, ou seja, janeiro de 2018 e janeiro de
2019 e, também, para os demais.
No gráfico apresentado, vemos que o consumo de energia não é estável e possui muita variação em
relação à média de consumo, que é de 124,33 Kw/mês. Assim, é necessário que o consumo de energia
seja monitorado, neste caso, verificar quais os equipamentos que mais consomem energia, tais como
chuveiro, ferro de passar roupas, máquina de secagem de roupas, ar-condicionado, entre outros.
Note que o conhecimento das variações ocorridas ao longo do tempo pode ser evidenciado
de forma mais fácil quando se organizam os dados e os expressam por meio de um gráfico. Vi-
sualmente, conseguimos ter uma ideia de como ocorrem as variações nas atividades produtivas.
Registre, no Diário de Bordo, as suas conclusões a respeito.
DIÁRIO DE BORDO
64
UNIDADE 3
Como manter a qualidade sob controle? Eis aí informações são coletadas, analisadas, tratadas
uma boa pergunta, não é mesmo? e melhoradas. Essas ações, associadas a algumas
Pois bem, controlar a qualidade de um pro- ferramentas da qualidade, permitem que o con-
duto, processo ou serviço não é uma tarefa fácil, trole qualitativo seja realizado de forma eficiente
pois demanda acompanhamento constante e eficaz quanto aos requisitos de qualidade de um
das atividades realizadas ao longo da cadeia produto ou serviço.
produtiva. Além disso, envolve um grande Vejamos um exemplo hipotético de controle
número de variáveis e de situações adversas que de qualidade de um produto, ainda, em processo
podem ocorrer durante o processo. O impor- de fabricação. Neste exemplo, consideraremos um
tante, nessa tarefa, é fazer com que os resultados parafuso que utiliza uma porca para a fixação de
obtidos na fabricação de um produto ou serviço chapas de aço.
estejam os mais próximos possíveis das especifi- O parafuso se encontra na etapa de conforma-
cações e dos requisitos estabelecidos no projeto. ção da rosca, que deve medir 10 mm de diâmetro
Segundo Toledo et al. (2017), para controlar a externo com tolerância de +/- 0,05. Neste ponto
qualidade de um processo de produção, é neces- do processo, conforme o plano amostral estabele-
sário a realização de algumas etapas, sendo elas: cido, o inspetor da qualidade retira, de um lote de
• Definir um padrão a ser alcançado para 1000 unidades, 50 unidades como amostra para a
o produto e a padronização do processo. realização da medição do perfil externo da rosca
• Medir o que foi produzido e comparar com do parafuso. Ao fazer a medição das amostras, o
o padrão estabelecido. inspetor evidencia que 10 unidades apresentam
• Diagnosticar e descrever as não conformi- diâmetro de 9,9 mm, enquanto outras 13 têm diâ-
dades encontradas que geraram desvios metro de 10,1 mm.
entre o que foi produzido e o padrão es- A pergunta é: esse parafuso está dentro da es-
tabelecido. pecificação? Não, não está. O parafuso pode ser
• Identificar as causas das não conformida- considerado dentro das especificações se estiver
des encontradas. entre as medidas 9,95 mm e 10,05 mm de diâme-
• Tomar ações corretivas para eliminar as tro. Veja que a medida de 9,9 está 0,05 mm abaixo
causas. do estabelecido, e a medida de 10,1 está acima.
• Se necessário, deve-se atualizar os padrões Portanto, tais medidas não atendem às especifi-
dos produtos/processos. cações, ou seja, são produtos não conformes e não
poderão ser utilizados.
Observe que, para controlar a qualidade, é im- Veja que o parafuso é parte de um conjunto,
portante ter o entendimento de que não é, sim- pois, para exercer a sua função, ele depende de ou-
plesmente, pegar o produto final e avaliar se os tro componente, a porca. Neste caso, se a rosca do
requisitos estabelecidos no projeto estão sendo parafuso não for conformada (fabricada) dentro
atendidos. Controlar a qualidade envolve o de- das especificações, a funcionalidade do produ-
senvolvimento de ações relacionadas a estudos to final fica comprometida, afinal, se o diâmetro
e monitoramento em todos os estágios do pro- externo for menor, no momento da fixação, pode
cesso de produção, pois é por meio delas que as haver o que chamamos de “espanar a rosca”, ou
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UNICESUMAR
seja, o perfil externo dela não será suficiente para que fique claro o seu entendimento, é por meio
preencher o perfil interno da porca, com isso, ao das informações obtidas a partir das amostras
realizar o aperto do conjunto, este desgasta o perfil retiradas de uma população (lote, grupo de pes-
e faz o sistema falhar. Porém se o diâmetro externo soas etc.) que verificaremos se o que está sendo
do parafuso estiver maior do que o especificado, desenvolvido está sob controle estatístico ou não,
ele não encaixará na porca, não rosqueará, oca- tanto na qualidade do produto quanto no desen-
sionando, também, a falha do conjunto. volvimento do processo de fabricação.
Observe a importância do atendimento àquilo A amostragem é uma das formas de fazer o
que foi estabelecido para o produto. Imagine que monitoramento da qualidade. Você pode estar
a produção da empresa para esse item é de 10.000 se perguntando: como determino uma amostra
parafusos por dia, quanto esta organização deixa que seja representativa para um lote de produto?
de ganhar? Fazendo uma análise bem rápida, se Calma, existem métodos para isso.
compararmos os 23 produtos não conformes, de Antes de falarmos, propriamente, dos tipos
acordo com o exemplo dado, teríamos um total de amostras, entenderemos alguns conceitos de
de 230 unidades defeituosas, perfazendo um per- população, amostra e amostragem.
centual de 2,3% de não conformidades por dia, Segundo Vieira (2019, p. 5), população é “o
somente, nesse produto. Imagine, agora, ao longo conjunto de elementos sobre os quais o pesqui-
de um mês ou um ano! sador quer informações”. Ela pode ser considerada
Por isso, é muito importante manter o moni- finita ou infinita.
toramento constante da qualidade dos produtos • Finita: é a população que se pode contar, ou
em qualquer fase do processo, pois, se durante o seja, existe uma quantidade definida. Neste
desenvolvimento das atividades, ela não for mo- caso, podemos dizer, aqui, que a população
nitorada, certamente, os defeitos gerados impac- de um lote contendo 100 unidades é finito,
tarão a qualidade do produto final. pois consigo determinar a quantidade de
Para controlar a qualidade de produtos, pro- unidades que o compõem.
cessos e/ou serviços, é necessário ter dados para • Infinita: é aquela que não se consegue ter
comparar com os requisitos estabelecidos. Uma a quantidade de unidades. Por exemplo, a
forma de obter esses dados é pela coleta de amos- quantidade de grãos de areia em uma carga
tras, seja durante o processo, seja do produto aca- a ser transportada. Em relação às grandes
bado. Em alguns segmentos, tais como indústrias quantidades de elementos a serem conta-
manufatureiras, laboratórios de análises clínicas e dos, na Estatística, são consideradas amos-
farmacêuticos, para que um estudo seja aceitável tragem infinita, porém, matematicamente,
ou válido, deve haver um número de unidades são vistas como finita.
amostrais, estatisticamente, representativo para
o lote analisado. E você sabe o que é amostragem Amostra, segundo Vieira (2019, p. 5),“é todo sub-
em processos de fabricação? conjunto de elementos retirados da população
Se não sabe, não tem problema, pois, a partir para obter as informações que o pesquisador está
de agora, trataremos deste assunto tão importante procurando”. Um exemplo é a realização de uma
ao controle estatístico da qualidade. Assim, para pesquisa para saber, a partir dos clientes, sobre a
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UNIDADE 3
qualidade do atendimento dos caixas em determinado supermercado. Para isso, no período de maior
fluxo de pessoas, é escolhida certa quantidade de indivíduos para responder à pesquisa. A Figura 2
apresenta um exemplo de população e amostra.
Amostra
População
Figura 2 - Exemplo de população e amostra / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura demonstra uma população e a retirada de uma amostra dela para um estudo. Se
fosse na indústria, a população seria um lote de peças, e a amostra, um percentual do lote a ser utilizado como
forma representativa de verificação da conformidade de todo o lote.
Amostragem, segundo Vieira (2019, p. 7), “é o processo de coleta de dados de uma amostra da popula-
ção”. Para uma boa análise dos dados, é importante ter o entendimento sobre os dados que poderiam
ser observados na população e os dados, efetivamente, observados na amostra, pois esta é a chave para
compreender a estatística.
Visando à eficácia do desenvolvimento do controle estatístico da qualidade, deve-se definir quais
critérios serão utilizados para selecionar os elementos que comporão a amostra. É por meio da escolha
dos critérios que será definido o tipo de amostra a ser utilizado, o qual pode ser probabilístico ou não
probabilístico. Vejamos como se desenvolve cada um desses tipos de amostras.
A amostra probabilística é obtida a partir da identificação de cada um dos elementos que compõem
a população (n). Este tipo de amostra se divide em três tipos: casual simples, sistemática e estratificada.
A amostra casual simples, também conhecida como amostra aleatória simples, é constituída por
elementos que são retirados da população, aleatoriamente, ou seja, qualquer elemento pode ser selecio-
nado. Um exemplo para este caso é o sorteio da loteria, pois qualquer número pode ser sorteado pela
pessoa responsável por retirar o número. O número sorteado é devolvido à população e é realizada a
retirada de outro e, assim, sucessivamente, até alcançar a quantidade de dígitos que compõem o sistema
de loteria (sena: seis dígitos, quina: cinco dígitos, etc.).
67
UNICESUMAR
68
UNIDADE 3
porcional da população. Um exemplo de amostras por quotas é a realização de uma pesquisa para saber
a média de altura de determinada população para o projeto de um novo modelo de roupa.
Já as amostras por voluntários são constituídas por pessoas que se oferecem para fazer parte dela. Esta
prática é muito comum em estudos voltados à área da saúde e, neste caso, o interesse é do pesquisado,
não do pesquisador. Podemos citar, também, o voluntariado de pessoas para serem cobaias no estudo
de determinado tipo de medicamento.
No que diz respeito à amostra intencional ou de conveniência, este é um tipo de constituído por
unidades as quais o pesquisador tem fácil acesso. Um exemplo é o pesquisador que está posicionado
no ponto de depósito do item fabricado e tem livre acesso para sacar uma unidade com o objetivo de
inspecionar.
Segundo Slack (2018), o uso de amostras pode reduzir o tempo de verificação, porém, na tomada
de decisão sobre a qualidade de um produto ou serviço, tem os seus próprios problemas inerentes,
podendo levar o avaliador a tomar uma decisão errada. Os erros podem ser classificados em dois
tipos, sendo eles:
Tipo I: ocorre quando uma decisão é tomada para fazer algo em uma situação que não oferecia
garantia de que pudesse ser feito.
Tipo II: ocorre quando nada foi feito, ainda que uma decisão para fazer algo deveria ter sido tomada
e a situação estivesse garantida.
Imagine que você está com muita pressa para chegar ao trabalho e precisa atravessar uma
avenida movimentada. Se fizer isso, pode ser atropelado(a), se aguardar, pode atravessar
em segurança, mas se atrasará no trabalho. Qual seria a melhor decisão a tomar: atravessar
imediatamente ou aguardar?
Montgomery (2017) apresenta a amostragem de aceitação como uma técnica ligada, diretamente, à
inspeção e ao teste do produto, e que pode ser realizada em qualquer ponto do processo. Este tipo de
amostragem é definido como
“
[...] a inspeção e classificação de uma amostra de unidades selecionadas aleatoriamente de
uma remessa ou lote maior e a decisão final sobre o destino do lote, ocorre, em geral,
em dois pontos: na entrada de matérias-primas ou componentes, ou na produção final
(MONTGOMERY, 2017, p. 12).
Há três tipos de fluxos para a realização de inspeções destinadas à coleta de amostras a serem utiliza-
das. São elas: inspeção de saída, de entrada e de retificação. Para melhor entendimento desse processo,
observe a Figura 3.
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UNICESUMAR
Embarque
Processo Inspeção Cliente
(a) Inspeção na saída
Embarque
Processo Inspeção Cliente
(b) Inspeção na recepção/entrada
Aceitar Embarque
Processo Inspeção Cliente
Rejeitar
Sucata Retrabalho
(c) Disposição dos lotes
Figura 3 - Tipos de amostragens de aceitação / Fonte: adaptada de Montgomery (2017).
Descrição da Imagem: a figura apresenta três locais onde as inspeções podem ocorrer. O primeiro local representa
a inspeção final de um processo e é encaminhado para o outro, podendo ser uma inspeção do produto acabado. O
segundo local representa um processo de recebimento dos produtos onde a inspeção ocorre no ato de recebimento
do cliente. Por fim, o terceiro local representa a inspeção, ainda, dentro do processo de fabricação, onde é possível
identificar e segregar as peças ou produtos que não atendem aos padrões de qualidade estabelecidos pela organi-
zação. Neste caso, um produto com defeito não deve chegar às mãos do cliente/consumidor.
Na Figura 3, a inspeção (a) é realizada, imediatamente, após a produção, ou seja, antes de o produto ser
enviado ao cliente; já a inspeção (b) é realizada antes que o lote entre para o processo ou assim que são
recebidos do fornecedor; no caso de (c), os itens rejeitados de um lote são, normalmente, descartados
ou reciclados, até mesmo, podem ser reinseridos ao processo para serem retrabalhados ou substituídos
por unidades perfeitas.
100
Figura 4 - Diagrama de Fases / Fonte: adaptada de Montgomery (2017).
Amostragem
de aceitação
Percentual de aplicação
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UNIDADE 3
que não é mais possível testar ou inspecionar a qualidade nos produtos. Neste ponto, grande parte
das organizações enfatizam a melhoria do processo. A partir deste momento, o Controle Estatístico
do Processo – CEP e o planejamento experimental têm mais potencial no impacto sobre a produção,
as atividades de desenho do produto e o desenvolvimento do processo.
Observe os resultados de cada método apresentado no Diagrama de Fases, na Figura 5.
Limite
superior de
especificação
Média do processo,
Limite
inferior de
especificação Controle Planejamento de
estatístico do experimentos
Amostragem de processo
aceitação
Figura 5 - Evolução do controle do processo na redução da variabilidade / Fonte: adaptada de Montgomery (2017).
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta como é o comportamento de um processo quando se utiliza determi-
nado método. Na amostragem de aceitação, a quantidade de incertezas quanto à qualidade é maior, o que pode ser
visto no gráfico. Observe que os limites inferior e superior são ultrapassados pelas extremidades do gráfico. Quando
se aplica o controle estatístico do processo, este tem os limites do gráfico dentro dos limites inferior e superior.
Sendo assim, entende-se que as incertezas da qualidade são menores do que o anterior. Por fim, com o método de
planejamento de experimentos, as incertezas, embora existam, são muito pequenas, ou seja, o planejamento dos
experimentos garante a redução significativa da não qualidade durante o processo.
Podemos observar, na Figura 5, que, no plano de amostragem, há grande quantidade de defeitos que
saem fora dos limites de controle do processo, ao passo que se introduzir o CEP, o processo passa a
ficar dentro dos limites aceitáveis. Por fim, com a aplicação de um planejamento de experimentos,
associados ao CEP, há redução dos defeitos.
Até agora, se falou do controle estatístico da qualidade, de amostras, mas onde entra o controle
estatístico do processo, nesta etapa de avaliação?
Para entrarmos nesse assunto, é importante entendermos o que é o controle estatístico e o que ele
representa para o controle da qualidade. Primeiramente, o controle estatístico possibilita a avaliação
da qualidade por meio da análise de dados amostrais obtidos em cada etapa do processo. É a partir
desses dados que, após tratamento, geram os gráficos ou cartas de controle e, por meio desses grá-
ficos, o profissional da qualidade pode avaliar, visualmente, como tem sido o comportamento dos
processos ao longo do tempo. Segundo Montgomery et al. (2013), os métodos estatísticos têm papel
fundamental na melhoria da qualidade, pois, por meio deles, é possível realizar o planejamento de
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UNICESUMAR
72
UNIDADE 3
sob controle quando, recorrendo-se à experiência passada, se puder prever, pelo menos, dentro
de certos limites, como o fenômeno deve variar no futuro”.
Alguns tipos de variabilidade podem, ocasionalmente, estar presentes na saída de um processo e,
geralmente, são decorrentes de três fontes: falta de ajustes apropriados das máquinas ou equipamentos,
erro de operadores ou de matéria-prima fora das especificações (defeituosa). A variabilidade ocorrida
no processo, quando comparada a um nível inaceitável de desempenho, geralmente, é grande. Tal
variabilidade é tida como “causas atribuídas”, pois não são parte do padrão das causas comuns. Neste
caso, o processo é considerado fora de controle (MONTGOMERY et al., 2013).
Podemos dizer que as “causas atribuídas” são aquelas consideradas “causas especiais”. Nesse
sentido, Lozada (2017, p. 111), descreve as causas especiais como “não naturais e de comporta-
mento não aleatório, fazem com que o processo saia de suas condições normais de operação [...]”.
Segundo Montgomery (2017), uma das principais técnicas do controle estatístico do proces-
so – CEP é o gráfico de controle. Neste gráfico, as médias das medidas de uma característica da
qualidade são apresentadas por meio das amostras do processo versus o tempo ou a quantidade
de amostras. O gráfico apresenta uma linha central – LC e linhas que estabelecem os limites in-
feriores e superiores de controle, identificados como LIC e LSC. A linha central representa onde
deveriam estar as características do processo, caso não houvesse fontes de variabilidade, conforme
apresentado na Figura 6.
LSC
Média amostral
LC
LIC
Tempo (ou número da amostra)
Descrição da Imagem: o gráfico na figura apresenta o comportamento da qualidade em uma quantidade de amos-
tras inspecionadas, neste caso, é possível verificar como são as variações de conformidade das amostras analisadas.
Esta visualização permite aos responsáveis avaliar onde estão ocorrendo os desvios e tomar as ações necessárias
para que os pontos estejam cada vez mais próximos à linha central, que representa o atendimento dos requisitos
de qualidade daquilo que se está produzindo.
73
UNICESUMAR
realizar uma investigação do processo e que uma ação deve ser tomada para eliminá-las. Nesse sentido,
o gráfico de controle é uma excelente ferramenta para reduzir as variabilidades (MONTGOMERY,
2017). Os gráficos de controle, quando utilizados de modo sistemático, são uma excelente ferramenta
para a redução das variabilidades que ocorrem em um processo.
“Dr. Walter A. Shewhart, dos Laboratórios da Companhia Telefônica Bell (Bell Telephone Labora-
tories), foi um dos pioneiros do campo. Em 1924, ele escreveu um memorando mostrando um
modelo gráfico de controle, uma das ferramentas básicas de controle estatístico de processo”.
Fonte: Montgomery et al. (2013, p. 279).
Os limites de controle, tanto o superior quanto o inferior, são estabelecidos por meio de considerações
estatísticas simples. Normalmente, os gráficos de controle são aplicados às variáveis de entrada, porém,
em alguns casos, as entradas podem ser aplicadas para o estabelecimento desses gráficos. Vejamos, na
Figura 7, como se comportam as entradas e saídas de um processo de produção.
Entradas controláveis
x1 x2 x3
Matéria-prima, Medição,
componentes, avaliação,
submontagens monitoramento e
e/ou controle
informação
de entrada
Processo Produto de saída
y = Característica da qualidade
(CPQ)
z1 z2 z3
Entradas não controláveis
Descrição da Imagem: a figura demonstra como é realizado o processo de inspeção. Após o recebimento da maté-
ria-prima ou informações de entrada, o processo começa a ser desenvolvido e, durante o mesmo, existem situações
ou elementos que podem ser controlados, como parametrização de equipamento, ajuste das peças, entre outros.
Por outro lado, podem ocorrer situações em que esse controle não pode ser realizado, por exemplo, quebra de
ferramenta ou parada inesperada do equipamento no meio do processo de uma peça. É durante o processo que
são avaliadas as características dos produtos, realizando as medições, as avaliações, o monitoramento e controle
da qualidade. Assim, o objetivo central é garantir que os processos sejam melhorados e, consequentemente, a
qualidade dos produtos satisfaça às expectativas dos clientes.
74
UNIDADE 3
A Figura 7 apresenta as entradas controláveis e não controláveis, entradas essas que devem ser identifi-
cadas pelo responsável pelo estudo. As variáveis de entradas controladas, segundo Montgomery (2017),
podem ser atribuídas à temperatura, pressão, taxas de alimentação etc. Já as variáveis de entradas não
controláveis podem ser atribuídas aos fatores ambientais e às propriedades de matéria-prima apresen-
tadas por determinado fornecedor. As características da qualidade – CPQ são o que se busca alcançar,
conforme os requisitos estabelecidos no projeto do produto. Pensando em um ciclo de processo, a
Figura 7 também pode representar os processos realizados na prestação de um serviço.
Uma forma útil de descobrir as variáveis-chave que influenciam as características da qualidade
de interesse no processo é a realização de um experimento planejado. Trata-se de um processo
que aborda a variação dos fatores de entrada controláveis no processo (Figura 7) e a determinação
do efeito que esses fatores exercem sobre os parâmetros de saída do produto. Nesse sentido, os
experimentos planejados são importantes para alcançar a qualidade offline, ou seja, nas atividades
de desenvolvimento e nas etapas iniciais do processo de produção. Ao identificar que as variáveis
especiais e a relação delas tenham sido quantificadas com a saída do processo, pode ser utilizada
uma técnica online de controle de processo para monitorar e inspecionar, com mais eficiência,
as variáveis. Neste caso, o gráfico de controle é de muita utilidade para monitorar as saídas do
processo bem como detectar a necessidade de realização de mudanças na entrada com o objetivo
de fazê-lo voltar ao seu estado de “sob controle” (MONTGOMERY, 2017).
A importância da utilização de um gráfico de controle é a melhoria do processo. Assim, de
acordo com Montgomery et al. (2013), entendemos que a maioria dos processos não opera em
controle estatístico e que os gráficos de controle, quando utilizados, continuamente, e de forma
cautelosa, identificará as causas atribuídas. Desse modo, o processo será melhorado se as causas
puderem ser eliminadas por meio da redução das variabilidades. A Figura 8 apresenta a melhoria
do processo por meio da utilização do gráfico de controle.
Entrada Saída
Processo Figura 8 - Melhoria do processo utilizando o gráfico de
controle / Fonte: adaptada de Montgomery et al. (2013).
Implemente Identifique a
a ação corretiva causa-raiz
do problema
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UNICESUMAR
15,8
15,6
15,4 LC = 15,46
15,2
15,0
14,8
14,6 LCI = 14,71
0 5 10 15 20
Amostra
Figura 9 - Representação do processo sob controle / Fonte: adaptada de Lozada (2017).
Descrição da Imagem: a Figura 9 apresenta os valores obtidos em determinada inspeção. Observe que os limites
central, inferior e superior estão restritos a um valor. Este valor é obtido a partir de uma expressão matemática que
será apresentada, com mais detalhes, em outra ocasião. Neste caso, a inspeção é dimensional e composta por uma
amostra contendo 20 unidades. Observe que, embora haja certa variação dos pontos, há certo controle das variações.
O fato de os pontos estarem dentro dos limites inferior e superior é um indicativo desse controle.
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UNIDADE 3
Descrição da Imagem: a Figura 10 apresenta um gráfico no qual existem dois pontos fora dos limites de controle,
ou seja, ocorreram problemas durante o processo, o que demonstra que ele não está sob controle. Você pode
perceber o quanto é rápida a percepção de um problema no processo quando há a representação gráfica que nos
permite identificar, visualmente, o comportamento dos processos ao longo do tempo.
Com base no que aprendeu após a leitura desta unidade, você sabe-
ria identificar as vantagens do CEP nas organizações com relação à
Gestão da Qualidade e às suas ferramentas? Para conhecer algumas
dessas vantagens, corra lá e clique no link ou acesse o QR-Code para
ouvir e aprender, um pouco mais, sobre o assunto.
77
UNICESUMAR
Ao estudarmos o controle estatístico, vemos que ele é de ampla aplicação em várias áreas, principalmen-
te, nas empresas de manufatura, ou seja, aquelas empresas de transformação. Nesse sentido, devido à
necessidade de diminuir custos e aumentar a produtividade, as empresas precisam estabelecer controle
aos seus processos. É por meio dele que são identificados os problemas e, após esta identificação, se
torna possível estabelecer um plano de ação para resolver, de forma eficiente, tais problemas. Portanto,
controlar o processo é um requisito fundamental para que uma organização alcance os objetivos.
78
Muito bem estudante, ao final desta unidade, podemos fazer algumas considerações.
Aprendemos que o controle estatístico da qualidade nos proporciona garantia de que os produtos,
resultantes de um processo controlado, têm maior probabilidade de atender aos requisitos da
empresa e, principalmente, dos clientes. Vimos, também, que esse processo só é possível com a
coleta de amostras nos pontos onde os processos ocorrem. Outra questão que aprendemos, a
qual é muito importante, está relacionada à carta de controle e à sua importância na identificação
dos pontos que apresentam os indícios de problemas no processo.
Para revisar e fixar o conteúdo aprendido nesta unidade, proponho que você complete o Mapa
Mental, a seguir, utilizando palavras que descrevam a análise do processo, a coleta de amostras
e os limites estabelecidos nas cartas de controle. Bom trabalho!
Causa-raiz Manutenção
MAPA MENTAL
Análise Central (desejável) Inferior
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1. O controle de um processo de produção não é uma tarefa fácil, pois depende de vá-
rios fatores para atingir os objetivos. Definir a estratégia para a realização do estudo
do processo a ser controlado é um passo muito importante. Nesse sentido, podemos
afirmar que as amostras são imprescindíveis à obtenção dos dados com o objetivo
de avaliar como o processo está se comportando. Com base no exposto, descreva a
definição de amostras.
4. Para que o controle estatístico da qualidade seja eficaz, é necessário definir os crité-
AGORA É COM VOCÊ
rios que serão utilizados na seleção dos elementos que comporão as amostras. É por
meio desses critérios que é definido o tipo de amostra a ser utilizada. Sobre os tipos
de amostras, avalie as assertivas, a seguir.
I) A amostra é obtida a partir dos elementos que compõem o lote.
II) As amostras probabilísticas não têm aplicação significativa nas indústrias.
III) As amostras consideradas menos confiáveis são as não probabilísticas.
IV) As amostras estratificadas são compostas por elementos distintos em uma população.
V) A amostra casual possui elementos de populações pertencentes a diferentes cate-
gorias.
a) I, IV e V, apenas.
b) I, III e V, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) II, III e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.
80
4
Gestão Estratégica da
Qualidade
Esp. Juliano Bertolotti Moura
A empresa que preza pela qualidade de um pro- volve dentro de uma organização, por meio dos
duto nem sempre preza pela qualidade de todos conceitos que serão, aqui, abordados.
os setores. Assim, lhe convido a mergulhar nesta leitura e a
Nesse sentido, não se pode medir a qualidade subir, junto comigo, mais um degrau do processo de
de uma empresa, somente, pelo produto ou servi- entendimento sobre este tema tão importante para
ço que ela oferece. Ao observarmos dois segmen- o desenvolvimento das empresas ou organizações.
tos de negócio, vemos que há diferenças na impor- Ao olharmos para a Gestão da Qualidade, ve-
tância dada à qualidade para o desenvolvimento mos que a qualidade não é, simplesmente, fabricar
das atividades. Em uma indústria, por exemplo, um bom produto, reduzir custos e desperdícios,
a qualidade pode estar focada, simplesmente, nas aumentar a produtividade, entre outros. Ela é,
atividades de transformação, ou seja, na fabricação também, um poderoso recurso estratégico para
do produto ou na execução de um serviço. Pode gerir várias outras áreas envolvidas nesse proces-
ser que, nas atividades administrativas, a quali- so. Este conceito estratégico é um dos resultados
dade, nessa empresa, não seja tão importante, obtidos a partir dos trabalhos desenvolvidos na
pois não diz respeito ao produto, diretamente. Já reconstrução da economia do Japão, após a Se-
em uma organização de vendas de produtos para gunda Guerra Mundial. Neste período, depois de
computadores, podemos dizer que o foco está na vários estudos, o desenvolvimento de ferramentas
qualidade do atendimento ao cliente. e metodologias voltou os olhares para fora dos li-
Um vendedor bem informado sobre os pro- mites das empresas e, com isso, passou-se a obser-
dutos oferecidos, que seja prestativo e supra as var novos atores, ampliando, também, o sistema
necessidades técnicas sobre o funcionamento e de gestão, originando a filosofia conhecida como
a aplicação dos produtos vendidos na loja, faz a “Gestão da Qualidade Total” – TQM.
satisfação do cliente ser atendida. Porém pode Pense em uma montadora de automóveis. Você
ser que a disposição das prateleiras, a identifica- consegue imaginar a quantidade de etapas dos
ção e a embalagem não sejam tão importantes processos desenvolvidos? O número de partes
para esta mesma loja. Neste momento, você pode que compõem um automóvel? A quantidade de
estar se perguntando: a qualidade não deveria fornecedores (de partes, peças e/ou serviços), de
estar presente em todas as áreas da empresa ou colaboradores envolvidos na estrutura funcio-
da organização? Sim, a sua pergunta faz todo o nal, entre outros? Neste caso, posso afirmar que
sentido, e é nesta unidade que trataremos desse são muitos. E como gerir, simultaneamente, todo
assunto. A qualidade, nos últimos tempos, é um este complexo processo de montagem e, ao mes-
dos requisitos que têm sido exigidos desde a alta mo tempo, garantir a qualidade dos automóveis
direção da empresa até o colaborador responsável que saem da montadora? Não deve ser nada fácil,
por fazer o cafezinho. não é mesmo? Mas é totalmente possível graças
Algumas maneiras de implementar a cultura ao comprometimento de todos os envolvidos no
da qualidade nas empresas ocorrem pela certifi- processo, seja ele qual for.
cação em algumas normas de gestão e pela reali- Neste contexto da montadora, existem vários
zação de auditorias internas. Nesta unidade, será itens que devem ser avaliados pela qualidade, pois
apresentado a você como esse processo se desen- o simples fato de uma parte não atender aos seus
82
UNIDADE 4
DIÁRIO DE BORDO
83
UNICESUMAR
84
UNIDADE 4
Qualidade
Sobrevivência
Controle
da empresa
Gestão
Descrição da Imagem: a figura demonstra retângulos que representam a ligação dos requisitos da qualidade,
controle e gestão como forma de garantir a sobrevivência da empresa.
Uma empresa é composta por vários sistemas que devem estar interligados e alimentados para que o
seu funcionamento seja eficiente, ou seja, que os objetivos sejam alcançados por meio de um trabalho
conjunto de todos os setores. Assim, podemos dizer que o sistema não trabalha sozinho e é impres-
cindível que as áreas envolvidas, tais como planejamento, vendas, atendimento aos clientes, financeiro
etc., sejam alimentados e, assim, desenvolverem as suas atividades.
Segundo a Academia Pearson (2011), o TQM é um sistema que difere dos demais por ter, em seu
gerenciamento, a qualidade como objetivo principal. Nesse sentido, uma empresa, quando tem a gestão
focada na qualidade, coloca outros objetivos como parte do sistema, os quais se tornam tão importantes
quanto aqueles do processo produtivo, por exemplo, o lucro.
Em uma abordagem mais extensa, segundo Kirchner, Kaufmann e Schmid (2008), são acrescenta-
dos aos princípios do TQM três característicos de orientação, sendo eles direcionados aos clientes, aos
trabalhadores e à orientação por processos, conforme podemos observar na Figura 2.
85
UNICESUMAR
KVP
Processo
contínuo
de melhoria
Figura 2 - Característicos centrais do TQM / Fonte: Kirchner, Kaufmann e Schmid (2008, p. 67).
Descrição da Imagem: a figura apresenta as orientações às ações contínuas necessárias para que uma organização
alcance a qualidade total. Tratam-se de três círculos concêntricos que representam a ligação entre as orientações.
O círculo central representa o KVP – Processo contínuo de melhoria, orientando, por meio de indicação de setas, as
orientações aos trabalhadores, ao processo e ao cliente. Do círculo intermediário saem setas ligadas a cada uma
das letras que representam a qualidade total – TQM. As letras delimitam onde cada orientação está contida. Entre
as letras T e Q, a orientação para os trabalhadores; entre as letras Q e M está a orientação por processos. Por fim,
entre as letras M e T está a orientação para o cliente.
Como podemos observar na Figura 2, o processo de melhoria, dentro da filosofia TQM, está relacio-
nado aos característicos que apontam para a participação de todos os envolvidos na qualidade dos
processos realizados pela empresa ou organização.
Carvalho e Paladini (2012) apresentam um modelo com a intenção de descrever quatro elementos
fundamentais para a qualidade, sendo a representação desses elementos feita pelo Modelo WV, con-
forme apresentado na Figura 3.
86
UNIDADE 4
Entrelaçamento social
Figura 3 - Modelo WV para o TQM / Fonte: adaptada de Carvalho e Paladini (2012).
Descrição da Imagem: a figura apresenta o modelo proposto para a Gestão da Qualidade Total. Nesse modelo, são
apresentados triângulos que se sobrepõem. Ao centro, está o triângulo central invertido, contendo a descrição TQM.
Em cada lado do triângulo central, formam-se outros triângulos, representando Foco no cliente, Participação total
e Melhoria contínua. O triângulo maior representa o todo de uma organização, ou seja, o envolvimento de todas as
pessoas, neste caso, o entrelaçamento social.
Especificando cada elemento apresentado na Figura 3, temos que o objetivo do foco no cliente é aten-
der às necessidades desse. Neste caso, as organizações precisam ter a capacidade de agir, com rapidez,
ante às mudanças das necessidades e expectativas dos clientes bem como focar no atendimento dessas.
Já a melhoria contínua, como o próprio nome diz, quando associada à melhoria dos processos, por
meio de uma gestão eficiente, gera resultados positivos no sentido de melhoria da produtividade e
do desempenho da organização. No que diz respeito à participação total, deve haver o envolvimento
de todos os colaboradores nos princípios da TQM, nas atividades de melhoria contínua e na busca
pela satisfação dos clientes. Quanto ao quarto elemento, este se refere à troca de experiências entre as
organizações. Neste contexto, a comunicação visa ao compartilhamento das informações e das práticas
organizacionais, com vistas ao aprendizado contínuo.
Outra forma de representar a abordagem mais ampla da qualidade, tendo, como centro, a TQM,
pode ser observada na Figura 4.
87
UNICESUMAR
Todos os postos e
níveis hierárquicos
estão orientados
para a qualidade
Todos Todos
recebem colaboram
treinamentos
Organização
TQM
Qualidade
no centro
Ocorrem o sucesso
e os benefícios em
longo prazo
88
UNIDADE 4
Elemento Descrição
Liderança e apoio da alta direção Prover liderança no processo de mudança, exemplaridade e mo-
tivação da força de trabalho da organização bem como promoção
e estímulo para as práticas e abordagens direcionadas à TQM.
Relacionamento com os clientes Concentrar as atividades focando nos clientes e estabelecer os
canais de comunicação, objetivando o levantamento de suas ne-
cessidades e os níveis de satisfação, promovendo o entendimento
sobre os clientes.
Gestão da força de trabalho Aplicar os princípios da gestão de RH, baseando-se no sistema
de trabalho em equipe, com fortalecimento, processos de recru-
tamento e seleção, capacitação e treinamento.
Relação com os fornecedores Utilizar as práticas de seleção e qualificação dos fornecedores,
assim como os meios de medição de desempenho. Estabelecer
relações de longo prazo, visando à colaboração mútua, além de
buscar a melhoria da qualidade dos produtos.
Gestão por processos Definir os processos-chave da organização, promover as práticas
de prevenção, autoinspeção, por meio de planos de controle e
de utilização dos métodos estatísticos no processo de produção.
Projeto do produto Envolver todas as áreas funcionais visando ao desenvolvimento
de um produto que venha a satisfazer aos requisitos dos clientes.
Fatos e dados da qualidade Disponibilizar os dados e as informações relativas à qualidade,
como parte de um sistema de gestão transparente e de fácil
visualização. Registros sobre os indicadores da qualidade, incluin-
do índices de refugo, retrabalho, dados de garantia e custos da
qualidade.
Vimos, até agora, que a TQM é bastante ampla e não envolve, somente, as diversas áreas funcionais
de uma empresa, mas também diversos conceitos que abrangem desde a liderança até as formas de
controle dos processos de manufatura ou serviços.
Uma questão importante a ser tratada é como se estabeleceu o gerenciamento de Gestão da Qualida-
de. Com o desenvolvimento dos processos, das novas técnicas, ferramentas, entre outros, para garantir
a qualidade dos produtos e/ou serviços, surgiram, então, as normas. Mas quando elas surgiram? Esta
resposta você terá, a seguir. Agora, conheceremos um pouco mais sobre o assunto.
Bem, as normas, ao contrário do que muitos pensam, não surgiram como conhecemos, hoje. Assim
como a qualidade, elas tiveram um processo evolutivo até o seu estabelecimento nos processos de
gestão das organizações.
Historicamente, a evolução dos sistemas normalizados, segundo Carvalho e Paladini (2012), teve,
como principal motivo, o fornecimento a governos e organizações militares. O Quadro 2 apresenta
algumas das primeiras normas relacionadas com o sistema de gestão.
Ano Norma Origem
89
UNICESUMAR
O surgimento da família de normas da série 9000 foi publicada, em 1987, pela International Stan-
dardization Organization – ISO, sendo uma família de normas qualitativas. A família ISO 9000 é
aplicada à Gestão da Qualidade e surgiu com o propósito de promover a qualidade em qualquer
segmento, ou seja, não se limitando, somente, às indústrias. Para Silva e Lobo (2014), as orientações
e ferramentas voltadas à padronização das atividades realizadas nas empresas que desejam atender
aos requisitos e às necessidades dos clientes são disponibilizadas na norma, possibilitando, por
meio da melhoria contínua da qualidade, o aperfeiçoamento de processos e produtos.
No mundo, a série de normas ISO 9000 foi e continua sendo, amplamente, aceita pelas or-
ganizações. Em 2019, segundo o The ISO Survey (ISO, 2020), o número de certificados válidos
da norma ISO 9001:2015 era de 883.521.
Fonte: adaptado de ISO (2020).
Essa família ISO 9000 é composta por várias normas que atuam, conjuntamente, na complemen-
tação de diretrizes, requisitos, definições e organização dos processos de implementação, sendo a
norma ISO 9001 a principal, pois é a que determina os requisitos para a implementação do sistema
de gestão da qualidade. As principais normas dessa família, considerando a última atualização, são
apresentadas, a seguir:
• ISO 9000:2015 – Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário.
• ISO 9001:2015 – Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos.
90
UNIDADE 4
91
UNICESUMAR
ABNT NBR ISO 9000 Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário 2015
ABNT NBR ISO 9004 Gestão para o sucesso sustentado de uma organização – Uma 2019
abordagem da gestão da qualidade
ABNT NBR ISO 10001 Gestão da Qualidade – Satisfação do cliente – Diretrizes para 2013
códigos de conduta para organizações
ABNT NBR ISO 10002 Gestão da Qualidade – Satisfação de clientes – Diretrizes para 2011
o tratamento de reclamações nas organizações
ABNT NBR ISO 10003 Gestão da Qualidade – Satisfação do cliente – Diretrizes para 2013
a resolução externa de litígios das organizações
ABNT NBR ISO 10004 Gestão da Qualidade – Satisfação do cliente – Diretrizes para 2013
monitoramento e medição
ABNT NBR ISO 10005 Gestão da Qualidade – Diretrizes para planos da qualidade 2007
ABNT NBR ISO 10006 Gestão da Qualidade – Diretrizes para a gestão da qualidade 2006
em empreendimentos
ABNT NBR ISO 10007 Gestão da Qualidade – Diretrizes para a gestão de configuração 2005
ABNT NBR ISO 10008 Gestão da Qualidade – Satisfação do cliente – Diretrizes para 2013
transações de comércio eletrônico de negócio-a-consumidor
ABNT NBR ISO 10012 Sistemas de gestão de medição – Requisitos para o processo 2004
de medição e equipamento de medição
92
UNIDADE 4
ABNT ISO/TR 10013 Diretrizes para a documentação de sistema de gestão da qua- 2002
lidade
ABNT NBR ISO 10014 Gestão da Qualidade – Diretrizes para a percepção de bene- 2008
fícios financeiros e econômicos
ABNT NBR ISO 10015 Gestão da Qualidade — Diretrizes para gestão da competência 2020
e desenvolvimento de pessoas
ABNT ISO/TR 10017 Guias de técnicas estatísticas para ABNT NBR ISO 9001:2000 2005
ABNT NBR ISO 10018 Gestão da Qualidade – Diretrizes para envolvimento das pes- 2013
soas e suas competências
ABNT NBR ISO 10019 Diretrizes para a seleção de consultores de sistema de gestão 2007
da qualidade e uso de seus serviços
ABNT NBR 15100 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos para organiza- 2010
ções de aeronáutica, espaço e defesa
ABNT NBR ISO 19011 Diretrizes para auditorias de sistema de gestão 2018
ABNT NBR ISO 18091 Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes para a aplicação 2014
da ABNT NBR ISO 9001:2008 em prefeituras. Publicação
Quadro 3 - Principais normas que tratam de qualidade / Fonte: adaptado de Carpinetti e Gerolamo (2019).
Como você pode observar no Quadro 3, há grande número de normas que tratam de qualidade e
que estão voltadas a diversos segmentos. Para cada um deles, existem atividades específicas, porém a
qualidade é um requisito aplicado a todos, afinal, o atendimento aos requisitos dos clientes é um dos
principais objetivos quando se estabelece um sistema de gestão.
Agora, como saber se todos os requisitos estabelecidos pelo sistema de gestão estão sendo cumpri-
dos? Esta é uma questão que precisamos responder, pois não tem sentido implementar um sistema
de gestão se ele não é avaliado quanto à conformidade na aplicação de seus requisitos. Esse processo
de avaliação ocorre por meio de um processo de auditoria, que, por sinal, também tem uma norma
específica, denominada ISO 19011 – Diretrizes para Auditorias de Sistema de Gestão, a qual apresen-
ta etapas necessárias para realização de um processo de auditoria, em sistemas de gestão, de forma
sistemática e organizada.
Embora não seja o nosso foco, abordaremos, brevemente, a auditoria da qualidade, pois este é um
assunto, diretamente, ligado ao propósito desta disciplina, e é importante ter noção dos principais
conceitos e da aplicação de auditoria. Então, trataremos, um pouco, desse assunto tão importante para
a Gestão da Qualidade.
Normalmente, as empresas realizam auditorias em seu sistema para determinar o nível em que estão
sendo atendidos os requisitos do sistema de gestão da qualidade implementado. Segundo Custódio
(2015), a auditoria é um conjunto de atividades que possuem caráter de verificação de um sistema de
gestão. De acordo com Lobo (2020, p. 34), a auditoria da qualidade “representa os controles processuais
que visam assegurar aos participantes do processo de garantia da qualidade que estes estão utilizando
adequadamente os procedimentos necessários”.
Os princípios da auditoria da qualidade são baseados nos padrões adotados pelas normas de gestão,
nacionais ou internacionais, tais como a ISO 9001, considerada a norma de referência para os padrões
93
UNICESUMAR
internacionais de qualidade. Porém as normas, por si, não criam a qualidade, neste caso, é necessário
que cada organização defina os procedimentos para que os seus produtos e/ou serviços atendam aos
requisitos de qualidade estabelecidos pelos clientes ou pelas demais partes interessadas.
Alcançar o máximo da qualidade de produtos e/ou serviços oferecidos por uma organização custa
caro, tanto para a obtenção quanto para a sua manutenção. Por este motivo, a grande maioria das em-
presas não têm este objetivo. Ao invés da obtenção da máxima qualidade, elas trabalham para alcançar
um índice satisfatório de qualidade que atenda a requisitos e expectativas dos clientes.
De acordo com Lobo (2020), as empresas devem criar os procedimentos para controlar o seu sis-
tema, com todos os detalhes necessários aos processos desenvolvidos e, por meio deles, demonstrar a
qualidade que se busca alcançar. A auditoria da qualidade é o meio pelo qual se procura garantir que os
procedimentos estabelecidos sejam controlados, comunicados e, principalmente, utilizados. Quando são
encontrados desvios no atendimento dos requisitos estabelecidos, esses procedimentos são colocados
em prática para determinar as ações corretivas. Tal princípio pode ser aplicado nas organizações que
têm a intenção de estabelecer ou manter uma certificação de qualidade, externamente, reconhecida.
Em um processo para a obtenção de uma certificação, os procedimentos estão sujeitos tanto ao
controle interno como externo. Nesse contexto, a realização de uma auditoria é fundamental e deve
ser preparada de forma que tudo seja, sistematicamente, verificado.
O Quadro 4 apresenta os itens a serem considerados na preparação de uma certificação.
Foco Os procedimentos devem cobrir todos os aspectos do trabalho que estejam em
conformidade com padrões necessários, para, assim, alcançar os níveis desejados de
qualidade. Por exemplo, pode-se estabelecer testes de programas de controle final,
mas deixar os testes preliminares de um protótipo para o programador executar.
Controle Como ocorre com qualquer gestão de boa qualidade, os procedimentos devem ser,
devidamente, controlados em termos de acessibilidade, controle de versão, atuali-
zação de autoridades etc.
Comunicação Todos os participantes precisam conhecer os procedimentos definidos, assim como
onde os encontrar e a que eles atendem. Multiplicadores da qualidade são responsá-
veis por verificar o que os membros da equipe entenderam sobre os procedimentos
criados.
Segundo Custódio (2015), as auditorias podem ser classificadas como sendo de sistemas, pro-
cessos ou produtos.
94
UNIDADE 4
O processo de auditoria deve ser monitorado de forma a verificar se os objetivos iniciais foram
alcançados. Neste processo de monitoramento, uma opção é a utilização do Ciclo de Melhoria
Contínua PDCA (Plan, Do, Check, Action).
A auditoria é o processo pelo qual se avalia, qualitativamente, o sistema de gestão da qualidade,
pois é com base nesse processo que se pode melhorar, continuamente, o sistema de gestão. Este,
por sua vez, evidencia que todas as especificações estão sendo atendidas e, nesse sentido, é possível
alcançar a excelência na qualidade da empresa, afinal, como citado, anteriormente, o mercado tem
sido cada vez mais exigente.
As organizações têm buscado obter uma posição ou um nível de reconhecimento nesse mercado,
por meio do estabelecimento de um sistema de gestão da qualidade, sendo esta uma das maneiras de
obter diferencial competitivo. Uma das formas de reconhecimento é a participação ou obtenção de
algum prêmio oferecido por um dos prêmios de qualidade disponíveis pelo mundo, sendo os mais
importantes apresentados, a seguir.
O Prêmio Deming foi o primeiro estabelecido no mundo. Foi criado no Japão, em 1951, para
homenagear o Sr. William Edwards Deming, o responsável por difundir, no país, as ideias sobre
95
UNICESUMAR
96
UNIDADE 4
gestão de uma organização com relação às práticas de gestão utilizadas e aos resultados organi-
zacionais, de forma a atender às necessidades de todas as partes interessadas. Assim, os interesses
dos stakeholders devem ser contemplados e atendidos na excelência da gestão.
Outra forma de garantia da qualidade dos produtos e/ou processos está ligada aos organismos que
tratam dos controles metrológicos. Estes são estabelecidos por organismos reguladores de controle
de qualidade do equipamento, os quais, por sua vez, são utilizados na regulamentação de pesos e/ou
medidas estabelecidos pelas empresas aos seus produtos.
O controle metrológico desses equipamentos objetiva garantir que os resultados obtidos após a
realização da aferição estejam em conformidade com os requisitos estabelecidos. Tal garantia é ob-
tida pela avaliação e calibração dos equipamentos por empresas certificadas. Estas emitem um selo
de aprovação dos mesmos, atestando que estão aptos à realização da função a qual são destinados. E
quem são essas organizações? Entenderemos isto a partir de agora. Vamos lá?
A metrologia pode ser considerada uma das mais antigas ciências do mundo. O primeiro padrão de
medida estabelecido ocorreu por meio do entalhe, em uma pedra de granito preta, das medidas do braço
do faraó, as quais foram transferidas aos trabalhadores por réplicas esculpidas em madeira ou granito.
A partir das necessidades de estabelecer uma medida padrão que não tivesse variação e fosse aceita por
todos, houve um processo natural de evolução das unidades de medidas. Essa evolução foi reforçada pela
grande quantidade de negócios envolvendo a construção de casas, navios e utensílios em geral.
Na França, em 1875, foi assinada por 17 países a Convenção do Metro. Ela tinha o objetivo de esta-
belecer padrões que fossem comuns a todos. Nessa convenção, ficou determinado que o metro seria
a unidade de comprimento, e o quilograma, a unidade de massa. Também foi criado, neste evento, o
Bureau Internacional de Pesos e Medidas – BIPM cujo objetivo era o estabelecimento de um sistema
que tivesse credibilidade internacional. Mais tarde, em 1960, adotou-se o Sistema Internacional de
Unidades – SI. Com esse sistema, foram estabelecidas regras e definições à regulamentação de um
conjunto para as unidades de medidas.
“Em 1900, Max Planck, ao formular a sua lei da radiação, já trazia as ideias de ‘constantes’ e
de ‘unidades naturais de medida’ que seriam válidas para ‘todos os tempos e para todas as
civilizações, mesmo extraterrestres e não-humanas’”.
(Sociedade Brasileira de Metrologia e Sociedade Brasileira de Física)
Segundo o Inmetro (2012), são sete as unidades-base estabelecidas pelo SI. Essas medidas são apre-
sentadas no Quadro 5.
97
UNICESUMAR
Das sete medidas apresentadas no Quadro 5, derivam-se outras unidades, as quais são representadas
por símbolos matemáticos, conforme apresentado no Quadro 6.
Grandeza Unidades SI
Conforme apresentado no Quadro 6, existem muitas outras unidades metrológicas no SI. Porém há
aplicações específicas para a sua utilização em determinadas áreas.
98
UNIDADE 4
Para que você tenha mais compreensão sobre o sistema metrológico estabelecido pelo In-
metro, sugiro que acesse o documento do Sistema Internacional de Unidades – SI.
http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/si_versao_final.pdf
Observe que a metrologia é uma ciência que engloba aspectos técnicos e práticos. É importante re-
forçar que:
“
A Metrologia permite a precisão do processo produtivo, a diminuição do índice de incer-
teza, contribuindo para a redução do número de refugo nas empresas e, principalmente,
para a qualidade do produto. Sua contribuição é fundamental, em função do crescente
jogo de competitividade no mercado e a internacionalização das relações de trocas. A
metrologia facilita o comércio, a produção e os serviços, possibilitando que a competição
entre empresas e países, opere em bases mais transparentes e justas, promovendo uma
competição mais ética e sadia. Com relação ao cidadão, a metrologia procura diminuir
a vulnerabilidade de abusos e explorações, que porventura possam ocorrer (SILVA;
CAMPOS, 2001, p. 3-4).
Porém existem três áreas da metrologia que envolvem a aplicação e as funções da mesma, sendo elas:
metrologia legal, industrial e científica. Elas se divergem em suas atividades, no entanto o propósito
da utilização metrológica é um só, garantir a qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos clientes.
Vejamos como cada uma dessas áreas aplica a metrologia.
A metrologia legal tem, como objetivo, assegurar a redução de custos das transações comerciais e,
assim, proporcionar à sociedade um comércio justo. Segundo o Inmetro ([2021], on-line), a metrologia
legal é “parte da metrologia relacionada às atividades resultantes de exigências obrigatórias, referentes
às medições, unidades de medida, instrumentos e métodos de medição, que são desenvolvidas por
organismos competentes”.
Um exemplo bem comum é a balança (Figura 5) utilizada em panificadoras, açougues, frutarias etc.
O que garante que os produtos são pesados, corretamente, nestes equipamentos, é a calibração. Como
você sabe se a balança está ou não calibrada? É simples: existe uma etiqueta fixada no instrumento
emitida pela empresa responsável pela calibração, essa etiqueta contém a data de quando o equipa-
mento foi calibrado e a data de vencimento da calibração. Outro exemplo pode ser visto nos postos de
combustível. Nestes, os equipamentos (bombas) que abastecem os automóveis também são calibrados
e devem possuir uma etiqueta que evidencie a realização da calibração.
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma balança de uso comum em estabelecimentos comerciais que
vendem produtos a granel. Em cima da balança, há um pedaço de queijo. Em segundo plano, há produtos variados.
A metrologia legal, no Brasil, precede a Lei nº 5966, de 12 de dezembro de 1973, que criou o
Sinmetro – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, cujo Inmetro
é o órgão executivo central. Para saber mais sobre a metrologia legal no Brasil, acesse: http://
rweb01s.inmetro.gov.br/metlegal/metBrasil.asp
100
UNIDADE 4
(a) (b)
Descrição da Imagem: as figuras demonstram os instrumentos de medição utilizados para a verificação de medidas
de precisão em diversos tipos de peça.
Ok, estabelecidos os sistemas metrológicos, como garantir que eles funcionem, adequada-
mente, e forneçam a confiabilidade necessária para a sociedade?
101
UNICESUMAR
102
UNIDADE 4
- Efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm nas medições físicas.
- Unidade do SI
Descrição da Imagem: a figura apresenta a hierarquia do Sistema Internacional de Medidas – SI. No topo da pirâ-
mide, tem-se o estabelecimento do SI. É a partir dele que são determinados os demais requisitos a serem adotados
como padrão para o estabelecimento e credenciamento de laboratórios metrológicos bem como para a utilização
de padrões voltados à aferição de instrumentos no local de utilização.
O sistema metrológico, como você pode observar, não é algo solto, sem controle. Na realidade, existe
um sistema de monitoramento aplicado, internacionalmente, e que garante a padronização da metro-
logia em todas as áreas.
103
UNICESUMAR
Ao fim desta unidade, você teve uma visão clara de como se desenvolveu a Qualidade Total e a impor-
tância dela para o desenvolvimento do processo de melhoria da qualidade nas organizações, ao longo
dos anos. Também vimos que existem as normas específicas para gerir o sistema da qualidade, que,
neste caso, é a norma ISO 9001. Foram apresentados os conceitos, a evolução e a importância dessa
norma quanto ao atendimento dos requisitos estabelecidos por ela mesma nas organizações. Outro
fator importante é o reconhecimento das empresas que estabelecem o sistema de gestão da qualidade
e os gerenciam, com excelência, por meio de premiações nacionais e internacionais.
Foi apresentado o conceito de auditoria da qualidade e alguns dos requisitos estabelecidos pela
norma ISO 19011 para o desenvolvimento do processo de auditoria. Nesse contexto, foi discutida a
importância desse processo para a avaliação do cumprimento dos requisitos estabelecidos pelo sistema
de gestão da qualidade implementado nas empresas ou organizações.
Outro assunto abordado nesta unidade foi a metrologia como um sistema importante para a Gestão
da Qualidade. Apresentamos um resumo histórico da metrologia e a sua importância ao sistema metro-
lógico para a determinação, até os dias atuais, de padrões desse sistema. Também foram apresentadas
as unidades metrológicas determinadas pelo Sistema Internacional de Medidas.
104
Com base nisso, lhe convido a desenvolver um Mapa da Empatia, em que você poderá descrever
as suas percepções e os seus entendimentos sobre os assuntos abordados nesta unidade. Assim,
para o desenvolvimento de seu Mapa de Empatia, você deverá se basear nas questões propostas
pelo modelo apresentado, a seguir.
O que O que você já ouviu a respeito das O que Como a qualidade pode ser vista?
estratégias da qualidade?
O que você vê na Gestão da
Quais estratégias são mais utilizadas Qualidade?
na obtenção da qualidade?
MAPA MENTAL
105
1. A Qualidade Total, em sua filosofia, ao ligar os diversos conceitos administrativos, obje-
tiva iniciar ações para que as necessidades dos clientes sejam supridas. Nesse sentido,
para que esses objetivos sejam alcançados, algumas dimensões, tais como fornece-
dores, colaboradores e stakeholders, precisam ser observadas. Sobre as dimensões
apresentadas, como devem ser desenvolvidos os colaboradores?
2. O processo de certificação de uma empresa na norma ISO 9001 é realizado por meio de
auditoria. Nesse processo, é fundamental que a empresa a ser certificada esteja prepa-
rada e que o seu sistema de gestão esteja de acordo com os requisitos estabelecidos
pela norma. Assim, alguns itens devem ser considerados no processo de preparação
à certificação. Sobre a preparação para a auditoria da qualidade, leia as assertivas, a
seguir, e assinale V para Verdadeiro e F para Falso.
( ) Os procedimentos recorrentes do trabalho para estabelecer testes são aplicados ao foco.
( ) Os procedimentos dizem respeito à variação do estilo e à profundidade da descrição.
( ) O controle ocorre com qualquer gestão com bons procedimentos de processo.
( ) Todos os participantes precisam conhecer os procedimentos definidos para a comu-
nicação.
a) V, V, F, F.
b) F, V, V, F.
AGORA É COM VOCÊ
c) F, V, F, V.
d) V, F, F, F.
e) F, F, F, V.
106
4. A metrologia científica é aplicada em atividades realizadas em laboratórios, em pesqui-
sas e metodologias científicas. No sistema metrológico científico, há um relacionamento
com os sistemas legal e industrial. Sobre o objetivo desse relacionamento, leia as afir-
mativas, a seguir, e assinale a alternativa correta:
a) A concepção e o desenvolvimento das unidades de medição, nacionalmente, aceitas.
b) O estabelecimento da cadeia de produção associada à exatidão da medição.
c) A revisão das constantes fundamentais da mecânica com a realização das unidades.
d) A realização, manutenção e disseminação, por meios científicos, das unidades de
medição.
e) A gestão do desenvolvimento de suas operações de produção e a medição dos re-
quisitos.
107
MEU ESPAÇO
108
5
As Sete Ferramentas
da Qualidade I
Esp. Juliano Bertolotti Moura
110
UNIDADE 5
DIÁRIO DE BORDO
As ferramentas que temos à mão, nos dias de decisão. Segundo Carvalho e Paladini (2012), o
hoje, não surgiram todas de uma vez, elas fo- segundo fator de sucesso da Gestão da Qualida-
ram desenvolvidas conforme a necessidade de é atribuído às ferramentas e estratégias que
dos responsáveis pelo desenvolvimento da viabilizaram a utilização efetiva das mesmas nos
qualidade nas organizações. Já vimos, anterior- processos. O desenvolvimento delas para gerir a
mente, que houve um processo de evolução da qualidade tem evoluído, consideravelmente, nos
qualidade, cujos chamados “gurus da área” fo- últimos anos. Pode-se observar que essa evolução
ram os grandes responsáveis pelo surgimento tem causado uma mudança nos conceitos e no
dessas ferramentas. desenvolvimento de algumas das ferramentas, as
Na década de 50, as ferramentas da qualida- quais passaram de modelos estatísticos básicos
de foram criadas com o objetivo de medir, defi- para estruturas que funcionam apoiadas em teo-
nir, analisar e propor soluções para os processos rias muito complexas, enquanto outras deixaram
realizados na época, de forma a permitir mais de utilizar elementos matemáticos básicos e co-
controle dos mesmos e melhoria da tomada de meçaram a empregar a lógica difusa.
111
UNICESUMAR
Com a quantidade de dados produzidos por equipamentos cada vez mais autônomos, quanto
tempo seria necessário para chegar a uma conclusão sobre determinado item a ser estuda-
do, se fosse feito manualmente? Nesse sentido, quais os benefícios da aplicação de modelos
matemáticos na análise dos dados?
O que são ferramentas da gestão da qualidade? Segundo Carvalho e Paladini (2012, p. 353), “são me-
canismos simples para selecionar, implementar ou avaliar alterações no processo produtivo por meio
de análises objetivas de partes bem definidas deste processo”. Por si mesmas, elas não geram melhorias,
tampouco implantam alterações nos processos, tão somente são utilizadas para orientar as ações dos
gestores. Assim, podemos dizer que as ferramentas da qualidade, como regra geral, são técnicas simples
cujo objetivo básico é produzir qualidade. Quase todas são dispositivos que permitem conhecer como
ocorrem, passo a passo, as mudanças nas operações do processo. Essas ferramentas são apresentadas
em forma de formulários, diagramas ou gráficos, procedimentos numéricos, esquemas ao desenvol-
vimento de atividades para realizar análises ou tomadas de decisão, estudos analíticos, formulações
de conceitos ou diretrizes com precisão, roteiros de ações simples, entre outras.
Você deve estar se perguntando: quantas são as ferramentas da qualidade? A princípio, são muitas,
porém iniciaremos com as sete mais comuns. São elas:
1. Histograma.
2. Diagrama de Pareto.
3. Diagrama de Ishikawa.
4. Carta de controle.
5. Fluxograma de processos.
6. Diagrama de Dispersão.
7. Folha de verificação.
Estas sete ferramentas foram organizadas e propostas por Kaoro Ishikawa, com base nos conceitos e
práticas já existentes. O objetivo da utilização dessas ferramentas era auxiliar nos estudos desenvol-
vidos pelos profissionais da qualidade e no aperfeiçoamento do controle de qualidade nas indústrias.
Segundo Martins Júnior (2002), na observação de Ishikawa, ao menos, 95% dos problemas poderiam
ser resolvidos por meio da aplicação das ferramentas e, também, que qualquer trabalhador da indústria
poderia utilizá-las, de forma efetiva, em seus processos.
De acordo com Carvalho e Paladini (2012), as ferramentas apresentam certas características. São elas:
• Facilidade de uso: não oferecem muitas dificuldades em sua utilização.
• Lógica de operação: apresentam desenvolvimento lógico não agressivo ao bom senso do usuá-
rio. Cada ferramenta segue um método de operação que parece lógico ao tipo de caso em que
está sendo aplicada.
112
UNIDADE 5
• Sequência coerente de ações: se torna visí- Com base nestas características e com o desen-
vel à medida que a ferramenta é utilizada, volvimento cada vez mais acelerado das empresas
porém depende do poder de observação ou organizações, a Gestão da Qualidade tem se
do usuário. Normalmente, a implemen- tornado um dos requisitos imprescindíveis para a
tação de uma ferramenta segue uma se- melhoria dos processos e das atividades desenvol-
quência de etapas. vidas (OLIVEIRA, 2004). De acordo com Paladini
• Alcance visual: as ferramentas buscam fa- (2007), as empresas e organizações têm procu-
cilitar a compreensão do que se passa no rado pela Gestão da Qualidade, principalmente,
método em si e no processo de análise. pela possibilidade de certificação. Nesse sentido,
Qualquer ferramenta está associada a um as empresas ganham mais credibilidade, além de
diagrama, um esquema ou um traçado que uma imagem mais positiva diante de seus clientes
permita, de forma simples, a visualização. e fornecedores. Porém de nada adianta o estabe-
• Etapas de implantação: o número de etapas lecimento de uma estrutura baseada em técnicas
para a implantação de uma ferramenta é, de gestão e em uso de ferramentas para auxiliar
normalmente, pequeno. nessa gestão, se não houver uma relação íntima
• Delimitação: o alcance das ferramentas entre as duas partes.
não abrange grandes áreas do processo As sete ferramentas da qualidade têm funções
de produção, sendo a prioridade a análise diferentes, mas os objetivos são os mesmos, ou seja,
bem definida das partes. Neste caso, há a embora sejam específicas para cada tipo de análise,
tendência de enfatizar uma ação específica as elas buscam ajudar as empresas na tarefa de con-
do processo, podendo ser a operação de trolar a qualidade das atividades realizadas.
um equipamento, o funcionamento de um Segundo Seleme e Stadler (2009), as empresas
dispositivo, o desempenho de determinado buscam, cada vez mais, aumentar os seus lucros e
material, entre outros. reduzir os seus custos, o que tem feito os processos
• Implicações no atendimento ao cliente de fabricação melhorarem, continuamente, para
final: as implicações das ferramentas não que os materiais, os insumos e a mão de obra ob-
possuem aplicação, estritamente, interna à tenham mais rendimento. A aplicação das técnicas
organização, no que diz respeito ao produto de qualidade é o que proporciona às empresas a
acabado. Normalmente, as ferramentas são conquista dos seus objetivos e, desse modo, as em-
aplicadas para determinar a melhoria dos presas precisam manter o senso qualitativo bem
processos que impactam a qualidade do definido. Ainda, segundo Seleme e Stadler (2009),
produto final. os trabalhadores devem receber o reconhecimen-
• Foco na solução: o foco está em buscar so- to pela qualidade, vivendo-a, utilizando-a e dis-
luções para os problemas e não, somente, seminando-a, não só dentro da empresa, mas, de
identificá-los. Muitas ferramentas investem forma cotidiana, ou seja, no dia a dia.
na análise do problema para que o diagnós- Bem, agora que sabemos quais são as sete
tico seja o mais preciso possível, sendo esta ferramentas da qualidade, podemos dar início
etapa considerada a metade da cura de um ao desenvolvimento e à aplicação de cada uma
obstáculo identificado. delas. Como já vimos, cada uma das ferramentas
113
UNICESUMAR
possui uma aplicação no processo de gestão da dos grupos facilita a análise e o entendimento do
qualidade e são, exatamente, estas questões que problema que se busca solucionar. Alguns tipos
abordaremos, a partir de agora. de fatores de estratificação, comumente, usados,
Iniciaremos pela ferramenta de estratificação. segundo Carpinetti (2016) e Souza (2018), são:
Mas em que consiste a aplicação de uma ferra- • Tempo: os resultados se relacionam com
menta de estratificação, no sistema de gestão da o período do dia, ou seja, são diferentes de
qualidade? Ela é, realmente, aplicável? Isto é o que manhã, à tarde ou à noite.
veremos a seguir. • Local: os resultados obtidos nas linhas ou
Para iniciarmos esse assunto, veremos o que processos de produção são diferentes.
significa “estratificar”. De acordo com Carpinetti • Operador: os resultados são diferentes con-
(2012, p. 77), a estratificação consiste “na divisão forme o operador que realiza o processo.
de um grupo em diversos subgrupos com base na • Matéria-prima: os resultados são obtidos
variação distintivas ou de estratificação”. Para Sou- dependendo do fornecedor da matéria-
za (2018, p. 126), é uma ferramenta que “agrupa -prima.
elementos com as mesmas características, ou seja,
itens iguais ou muito semelhantes, tendo causas Na fase de observação dos dados, a estratificação
e/ou soluções comuns”. é um recurso muito útil, contudo, para analisar os
A estratificação é utilizada tanto para dados dados estratificados, é importante que seja iden-
contínuos quanto para dados discretos. Nos con- tificada a fonte que os originou. A identificação
tínuos, ela cria classes de frequência. Quando a do ponto de coleta, do horário, do dia da semana,
ferramenta é aplicada em dados discretos, ela de- das máquinas em operação, da matéria-prima e
fine as variáveis ou parâmetros para filtrar esses dos trabalhadores envolvidos no processo anali-
dados, tais como: datas, horas, lote, fornecedores, sado é um exemplo de informações que devem ser
turno de trabalho, operadores etc. A subdivisão observadas durante a coleta de dados. Neste pro-
cesso, é recomendado que o(a) responsável esteja
atento(a) e registre todos os fatores que sofreram
alterações. Outro fator importante a considerar é
que o tempo de coleta de dados seja suficiente para
permitir analisar os mesmos em função do tempo.
Vejamos um exemplo de estratificação de dados.
Imagine a seguinte situação: em uma empresa
fabricante de calçados, foi observado que há pro-
blemas na produtividade de determinado produto.
Para avaliar o problema, foi estabelecida a realização
de um estudo para entender as causas. Os responsá-
veis pelo estudo realizaram, então, a coleta de dados
do processo. Para este exemplo, consideraremos
quatro horas de trabalho para cada período. O re-
sultado desses dados está no Quadro 1.
114
UNIDADE 5
Primeiro dia
1 Corte Manhã 31 0:07:45 Manoel
2 Dobra Manhã 30 0:08:00 Geraldo
3 Solda Manhã 32 0:07:30 Joanislei
4 Acabamento Manhã 33 0:07:16 Rufino
5 Pintura Manhã 30 0:08:00 Georgi
6 Polimento Manhã 35 0:06:51 Simério
1 Corte Tarde 36 0:06:40 Marcus
2 Dobra Tarde 32 0:07:30 Júlio
3 Solda Tarde 39 0:06:09 Sérgio
4 Acabamento Tarde 31 0:07:45 Adônis
5 Pintura Tarde 37 0:06:29 Macedo
6 Polimento Tarde 40 0:06:00 Antônio
Segundo dia
1 Corte Manhã 40 0:06:00 Manoel
2 Dobra Manhã 29 0:08:17 Geraldo
3 Solda Manhã 39 0:06:09 Joanislei
4 Acabamento Manhã 35 0:06:51 Rufino
5 Pintura Manhã 36 0:06:40 Georgi
6 Polimento Manhã 29 0:08:17 Simério
1 Corte Tarde 40 0:06:00 Marcus
2 Dobra Tarde 38 0:06:19 Júlio
3 Solda Tarde 35 0:06:51 Sérgio
4 Acabamento Tarde 32 0:07:30 Adônis
5 Pintura Tarde 29 0:08:17 Macedo
6 Polimento Tarde 32 0:07:30 Antônio
Observe que há uma série de informações coletadas, durante dois dias, nos setores onde são realizados
os processos de fabricação do produto. Estes dados estão alocados no Quadro 1, de forma que os ava-
liadores possam visualizar todos os períodos, colaboradores, tempo de processo, operação e número
da operação. Porém esta disposição dos dados não proporciona uma visão clara, por exemplo, da quan-
tidade de produtos fabricados em relação ao tempo gasto para a fabricação de cada unidade. Assim,
para que seja possível avaliar quanto tempo é dispendido na produção de uma unidade do produto,
os responsáveis estratificam os dados, ou seja, separam, somente, aquela operação que desejam avaliar.
Em nosso exemplo, consideraremos a Operação 2 (dobra), nos períodos da manhã e da tarde, para
ser avaliada. Os dados estratificados são apresentados no Quadro 2.
115
UNICESUMAR
Agora sim, podemos tentar entender o que ocorre durante o processo de dobra do produto. Vemos que
o tempo varia conforme a quantidade de peças produzidas e, ao verificar os dados contidos no Quadro
2, podemos fazer as seguintes perguntas: por que a quantidade de unidades produzidas pelo operador
Júlio é maior do que as produzidas pelo operador Geraldo, se o processo é o mesmo? O que ocorre em
relação à diminuição da quantidade de peças produzidas de um dia para o outro, neste caso, do primeiro
para o segundo dia? Observe que, ao estratificar os dados, é possível focar em um único problema.
É claro que, aqui, temos, somente, um exemplo com uma quantidade muito pequena de dados. Em
uma empresa, com certeza, você gerará uma quantidade muito maior, e a análise pode levar a diversos
questionamentos sobre o assunto que está sendo estudado. É importante ressaltar que a estratificação
é uma ferramenta que pode ser utilizada a partir de outras ferramentas da qualidade, por exemplo, o
Gráfico de Pareto e o Histograma, ferramentas que veremos, mais adiante, de forma mais detalhada.
A próxima ferramenta que estudaremos é a folha de verificação. Quando comparada a outras que
abordaremos, ela é, relativamente, simples, porém ela deve ser aplicada com os mesmos empenho e
seriedade dedicados às outras ferramentas. A folha de verificação é desenvolvida por meio de um
formulário ou uma planilha, onde são registrados os dados coletados bem como organizados de forma
lógica, fácil e concisa, para, assim, serem resgatados, facilmente, em futuras utilizações.
A coleta de dados, embora pareça uma tarefa simples, exige atenção, precisão, comprometi-
mento e dedicação com o que se busca estudar, ou seja, não é uma tarefa fácil. Neste caso, temos
que levar em consideração que, quanto maior for o número de pessoas envolvidas no processa-
mento de dados, maior é a possibilidade da ocorrência de erros. Assim, para obter um alto índice
de confiabilidade dos dados, a lista de verificação deve conter campos onde sejam registradas
informações básicas, tais como: local, data e hora da coleta, nome do responsável pelo trabalho,
setor, equipamento, operação, entre outros que o responsável achar necessário para garantir que
nenhum dado importante seja omitido.
Segundo Silva e Lobo (2014), a lista de verificação precisa ser, previamente, planejada, pois a sua
estrutura depende do propósito do uso que se fará dela. Antes de desenvolver o formulário da lista, os
dados devem ser estratificados de forma que se possa identificar os padrões que auxiliarão na compreen-
são dos mecanismos causais e das variações de determinado processo. Podem ser desenvolvidos diversos
tipos de folha de verificação, sendo que, segundo Carpinetti (2012), os mais comuns se destinam a:
116
UNIDADE 5
Lista de verificação
Data de coleta: 27/10/2020 Hora: 15:30 h Setor: Torno
Equipamento: Centro de tornea- Produto: Parafuso PF-BD-001
mento
Etapa de produção: Operação 06 Colaborador: Juliano
Qtde de amostras: 50 unid. Inspetor CQ: Silvandi
Nº do lote: 1586/20 Medida nomi- 8,00 (+/- 0,05)
nal:
Perceba que, nesta folha de verificação, podemos ver que o processo atende aos requisitos estabele-
cidos em projeto, ou seja, não há nenhuma evidência de que os parafusos excederam os limites de
tolerância. Neste caso, nada impede que o inspetor estabeleça, em sua folha de verificação, algumas
117
UNICESUMAR
referências acima ou abaixo dos limites de tolerância, para que, caso haja alguma medida que ex-
trapole os limites, seja anotada.
No exemplo apresentado na Tabela 1, a área que compreende os limites de tolerância está represen-
tada pela cor cinza. Nada impede que a folha de verificação elaborada por você apresente este tipo de
diferenciação. Lembre-se, não há um padrão estabelecido para a elaboração da folha.
• Verificar a classificação de defeitos de um produto, de uma parte do produto, de matéria-prima
etc. Neste tipo de folha de verificação, não são verificados valores, como vimos na Tabela 1. Nesse
contexto, os itens a serem verificados são qualitativos e devem ser definidos, antecipadamente,
pelo gestor ou inspetor da qualidade responsável pelo processo. Assim, o objetivo é identificar
quantas vezes se detecta determinado tipo de defeito, conforme é representado na Tabela 2.
• Para este exemplo, consideraremos o mesmo formulário, porém aplicado a outro tipo de ativi-
dade. Agora, trataremos da inspeção da qualidade no processo de fabricação das torneiras, cujo
objetivo é identificar trincas, manchas, rebarbas e bolhas superficiais.
Folha de verificação
Data de coleta: 17/10/2020 Hora: 15:30 h Setor: Torno
Equipamento: Lupa Produto: Parafuso PF-BD-001
Etapa de produção: Inspeção da qua- Colaborador: Juliano
lidade
Qtde de amostras: 35 unid. Inspetor CQ: Silvandi
Nº do lote: TJ-1231/20 Medida nomi- 8,00 (+/- 0,05)
nal:
Variação Verificação Frequência
Trincas x x x 3
Manchas x x x x x x x 7
Bolhas x x 2
Rebarbas x x x x 4
Observações: Total de peças aprova- 19
das
Total de peças 35
Vemos que, nesta folha de verificação, o objetivo é a avaliação dos requisitos qualitativos da torneira.
Observe que, quando utilizamos uma ferramenta para auxiliar na identificação de problemas em de-
terminado processo, se torna mais fácil identificar as falhas às quais o sistema produtivo está sujeito.
118
UNIDADE 5
Assim, utilizando um recurso para essa identifica- Mais tarde, este princípio passou a ser chamado
ção, a probabilidade de que um produto só passe de “Lei de Pareto” e foi adaptado, por Juran, aos
para a outra etapa do processo se estiver aprovado problemas da qualidade.
é muito maior do que se não houvesse nenhum Segundo Slack, Jones e Johnston (2018), o
tipo de controle. Consequentemente, a qualidade objetivo do Diagrama de Pareto é diferenciar as
dos produtos entregues aos clientes será superior, poucas questões vitais das muitas questões triviais,
pois os defeitos e as falhas são identificados antes trata-se de uma técnica que envolve classificar
de serem expedidos. cada um dos itens de cada problema ou causa e
Perceba que a elaboração e aplicação da folha ordená-los pelo grau de importância. Esse prin-
de verificação não possuem fórmulas rebuscadas, cípio relaciona a proporção 80/20, em que Pareto
tampouco requintes técnicos. Essa é uma ferra- estabelece que 80% de todos os problemas ocorri-
menta de simples confecção, mas de grande im- dos são decorrentes de 20% das causas potenciais.
portância para o desenvolvimento de atividades Dois conjuntos de dados são importantes
relacionadas à Gestão da Qualidade, pois pode para a concepção dos elementos que compõem
dar suporte a outros tipos de análise de dados o Gráfico de Pareto: um é o gráfico de barras, o
em qualquer área de uma organização. Portanto, outro é a linha de porcentagem acumulada.
utilize sempre essa ferramenta quando realizar
coleta de dados, porque, por meio dela, você terá
boa qualidade nos dados obtidos e, quando eles
forem empregados em outras ferramentas de
análise, o seu estudo das ocorrências, dentro de
determinado processo, será muito mais eficiente.
Uma das ferramentas que pode utilizar os da-
dos obtidos nas folhas de verificação é o Gráfico
de Pareto. Ele é muito comum nas análises de da- Figura 1 - Gráfico de barras
dos. Você já ouviu falar nesse gráfico? Não tem
problema se não ouviu, falaremos dele, agora. Está Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico
pronto(a)? Então, vamos nessa! contendo barras verticais de cor azul. Algumas bar-
ras são dispostas em tamanhos maiores e em outros
O Gráfico de Pareto foi desenvolvido por menores que representam a comparação de dados.
Há uma linha curva na cor vermelha com pontos que
um italiano chamado Vilfredo Pareto (1843- estão posicionados na direção das barras.
1923), graduado em Matemática, Física e En-
genharia pelo Instituto Politécnico de Turim,
Itália (FRAZÃO, 2015, on-line). Dentre outros O gráfico de barras representa as informações em
estudos, Pareto estabeleceu, aproximadamente, forma de barras verticais que podem identificar os
no ano de 1896, por meio de uma fórmula mate- tipos de situação que se busca analisar, tais como:
mática, a lei de distribuição de renda. Com esta não conformidades, reclamações, defeitos, falhas
lei, ele tentava provar que a renda e a riqueza da etc. Essas barras permitem ao analista evidenciar,
sociedade não eram distribuídas, aleatoriamen- de forma visual e prática, o grau de importância
te, mas sim, que seguiam um padrão invariável. de problemas, causas e temas em geral.
119
UNICESUMAR
Geralmente, neste tipo de gráfico, os recursos são limitados e devem ser aplicados onde o impacto
com a redução dos problemas seja maior, ou seja, priorizar os problemas mais críticos. Esta ferramen-
ta é empregada, comumente, para priorizar as ações (CARPINETTI, 2016). A linha de ocorrência
apresenta a porcentagem acumulada de acordo com a frequência das ocorrências e estes dois tipos de
dados representarão, de forma geral, o panorama de todas as ocorrências levantadas. Para relembrar,
a frequência acumulada é a soma da ocorrência atual com a frequência da ocorrência anterior.
Onde e quando se utiliza? Foram as perguntas que fiz ao meu professor quando tive o primeiro
contato com essa ferramenta. A resposta: o Gráfico de Pareto foi criado para avaliar as perdas
ocorridas nas indústrias e pode ser utilizado em diversas situações em que houver a necessidade
de analisar a frequência das ocorrências, definir quais são aquelas mais significativas, analisar,
separadamente, um problema decorrente de causas gerais bem como as ocorrências ligadas a
determinado contexto, entre outros.
A forma de construção desse gráfico envolve algumas etapas importantes para que o mesmo seja,
corretamente, gerado. Então, mãos à obra, vamos construir um Gráfico de Pareto!
Para esta construção, utilizaremos um caso hipotético de vendas de produtos de limpeza de uma
distribuidora. O caso consiste em analisar qual essência de sabonete tem maior volume de vendas
semanal, considerando seis dias de trabalho, pois o objetivo é planejar a compra para a reposição de
estoques da empresa. Então, construiremos o gráfico seguindo as etapas apresentadas por:
Etapa 1: deve ser estabelecida a situação-problema, ou seja, o que se busca identificar, analisar,
entender etc. No nosso exemplo, é saber qual a essência de sabonete mais vendida em uma semana.
Etapa 2: construir uma tabela contendo todas as informações, de forma organizada, para receber
os dados. Em nosso exemplo, são os tipos de essências comercializadas e os dias da semana. Você
perceberá que essa tabela nada mais é do que uma folha de verificação.
Etapa 3: nesta etapa, inicia-se a coleta dos dados de venda dos produtos. Podemos imaginar, aqui,
que o(a) responsável pela análise compilou os dados fornecidos pelo sistema de gestão, com base no
histórico de vendas no final do expediente do último dia de trabalho da semana.
Etapa 4: esta etapa consiste na organização dos dados na planilha e a realização do cálculo para
estabelecer os valores totais da semana para cada essência, conforme a Tabela 3.
120
UNIDADE 5
Dias da semana
Etapa 5: após o preenchimento da tabela com os valores de vendas obtidos durante a semana analisada,
é preciso estabelecer os valores da frequência acumulada, os quais, neste caso, devido ao tipo de dados,
serão apresentados como percentuais acumulados, já que não são dados de amostras diferentes.
Em tempos cuja tecnologia tem sido um diferencial para a competitividade das organizações,
existem, ainda, muitas empresas que resistem a este desenvolvimento tecnológico. A pergunta
é: o quanto se perde pela resistência às mudanças?
Com a intenção de tornar o nosso exemplo mais claro, faremos o passo a passo dos cálculos, para que
você entenda como chegar nos valores a serem compilados em nossa próxima tabela. Embora não
seja uma regra, para a melhor visualização das maiores vendas, após a coleta dos dados, é importante
organizar a tabela com os valores totais de venda, em ordem decrescente, ou seja, do maior para o
menor, conforme apresentado na Tabela 4.
Dias da semana
121
UNICESUMAR
Dias da semana
Total acumulado: este é um cálculo muito simples que consiste em somar todos os valores totais das
vendas realizadas na semana e, com isso, obter a quantidade total acumulada de vendas dos produtos.
Para a realização desse cálculo, utiliza-se a seguinte equação:
TC = Valor atual + Valor anterior (Eq. 1)
Assim, utilizando a Eq. 1, temos que os valores totais acumulados para os produtos vendidos são:
• Coco: 98
• Flores do campo: 91 + 98 = 189
• Gardênia: 81 + 189 = 270
• Rosas: 75 + 270 = 345
• Amêndoa: 75 + 345 = 420
• Pêssego: 69 + 420 = 489
• Frutas vermelhas: 66 + 489 = 555
• Erva doce: 63 + 555 = 618
• Flor de laranjeira: 55 + 618 = 673
Podemos observar que a empresa vendeu 673 unidades de sabonetes, independentemente da essência,
e os valores calculados passam, então, a compor uma nova tabela, conforme apresentado na Tabela 5.
Essência Total Total acumulado
Coco 98 98
Flores do campo 91 189
Gardênia 81 270
Rosas 75 345
Amêndoa 75 420
Pêssego 69 489
Frutas vermelhas 66 555
Erva doce 63 618
Flor de laranjeira 55 673
122
UNIDADE 5
Percentual por produto: este cálculo é feito pela razão entre o valor total do produto e o valor total
acumulado, multiplicado por 100, conforme a Eq. 2.
% = (Total unitário/Valor total acumulado) x 100 (Eq. 2)
Utilizando a Eq. 1 com os valores obtidos, temos que:
• Coco: 98/673 = 14,56%
• Flores do campo: 91/673 = 13,52%
• Gardênia: 81/973 = 12,04%
• Rosas: 75/673 = 11,14%
• Amêndoa: 75/673 = 11,14%
• Pêssego: 69/673 = 10,25%
• Frutas vermelhas: 66/673 = 9,81%
• Erva doce: 63/673 = 9,36%
• Flor de laranjeira: 55/673 = 8,17%
Etapa 6: após encontrar os valores percentuais que cada produto representa em relação ao total de
produtos vendidos, devemos encontrar o percentual acumulado. Para a realização do cálculo de per-
centual acumulado, utilizamos a equação:
% acumulado = % atual + % anterior (Eq. 3)
Assim, temos que o percentual acumulado é:
• Coco: 14,56%
• Flores do campo: 13,52% + 14,56% = 28,08%
• Gardênia: 12,04% + 28,08% = 40,12%
123
UNICESUMAR
Observe que o resultado da soma dos percentuais obtidos deve ser 100,00%, ou seja, deve representar
a totalidade dos valores obtidos.
Etapa 7: após realizar os cálculos dos percentuais, os valores devem ser distribuídos em uma tabela,
sendo ela a responsável pela geração do Gráfico de Pareto, conforme você pode observar na Tabela 7.
Essência Total Total acumulado Percentual Percentual acumulado
Coco 98 98 14,56% 14,56%
Flores do campo 91 189 13,52% 28,08%
Gardênia 81 270 12,04% 40,12%
Rosas 75 345 11,14% 51,26%
Amêndoa 75 420 11,14% 62,41%
Pêssego 69 489 10,25% 72,66%
Frutas vermelhas 66 555 9,81% 82,47%
Erva doce 63 618 9,36% 91,83%
Flor de laranjeira 55 673 8,17% 100,00%
Etapa 8: muito bem, chegou a hora de gerar o gráfico e, para isto, você deve utilizar um software que
possibilite esta geração. O Microsoft Excel é um dos mais utilizados nesta tarefa, porém existem outros
que são livres à utilização, tais como o Libre Office.
Etapa 9: após a organização dos resultados obtidos na Tabela 7, gera-se o Gráfico de Pareto, con-
forme apresentado na Figura 2.
124
UNIDADE 5
120 100%
90%
100 98
91 80%
81 70%
80 75 75
Qtde. vendida
69 66 60%
63
60 55 50%
40%
40 30%
20%
20
10%
0 0%
Flores do Campo Rosas Pêssego Erva doce
Côco Gardênia Amêndoa Frutas Flor de
vermelhas laranjeira
Essências
Descrição da Imagem: a imagem demonstra o Gráfico de Pareto relacionado ao estudo sobre as vendas de essên-
cias de sabonete. Do lado esquerdo, estão descritas as quantidades dos produtos vendidos. Abaixo, são descritas
as essências dos sabonetes. À direita, estão os valores percentuais de venda. As barras verticais, na cor azul, sendo
essas maiores e menores, indicam a quantidade vendida para cada uma das essências, conforme os dados apre-
sentados, logo acima das barras.
Observe que, no gráfico apresentado na Figura 2, é possível identificar que o sabonete com essên-
cia de coco é o mais vendido. Portanto, entende-se que deve ser dada mais atenção a este produto
para que ele não falte na loja. Esta é uma situação hipotética, contudo, em uma situação real, esses
estudos podem envolver muito mais produtos a serem analisados. Imagine quantas mercadorias
há em uma loja de cosméticos, um supermercado, uma loja de calçados, uma indústria de eletro-
domésticos etc. São muitas, não é verdade? Para avaliar a qualidade desses processos e produtos,
imagine o tamanho das amostras destinadas à realização das análises! Assim, é importante enten-
dermos que, dependendo do tipo de produto ou processo a ser analisado, o gráfico pode assumir
tamanhos muito maiores.
125
UNICESUMAR
Bem, chegamos ao final desta unidade, em que aprendemos, juntos, a origem das sete ferramentas da
qualidade e os seus objetivos. Por meio delas, é possível, a partir de determinado problema, da coleta
e da organização dos dados, avaliar a situação para a qual se busca uma solução.
As ferramentas de estratificação e a lista de verificação são consideradas as mais simples, pois consistem
em registrar dados oriundo de estudos desenvolvidos nos mais diversos tipos de atividades realizadas den-
tro de uma organização e na separação desses dados em amostras específicas de determinada população.
O Gráfico de Pareto, outra ferramenta estudada nesta unidade, ao contrário da folha de verificação
e da estratificação, embora também seja uma ferramenta considerada simples, apresenta os dados
plotados na forma de um gráfico, o que facilita a visualização dos dados obtidos durante determinado
estudo. Neste caso, vimos que os dados obtidos por meio das folhas de verificação são organizados
em tabelas e, por meio deles, são realizados os cálculos para que o Gráfico de Pareto seja plotado. Ou
seja, ao observarmos estas três ferramentas apresentadas, vemos que uma auxilia o desenvolvimento
da outra, tornando as análises dos dados mais eficientes e eficazes.
126
Para fixar ainda mais esses conceitos, proponho que você desenvolva um Mapa Mental contendo
as etapas e as contribuições de cada uma delas na construção do Gráfico de Pareto. Bom trabalho!
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 9
Etapa 3
Etapa 8
Etapa 4
MAPA MENTAL
127
1. As ferramentas da qualidade são utilizadas para auxiliar na obtenção e análise de
dados extraídos a partir de um estudo realizado em uma organização. As ferramentas
podem ser apresentadas de formas diferentes. Estas são aplicadas, na obtenção das
informações, conforme a necessidade dos gestores, possibilitando o conhecimento
sobre o passo a passo dos processos bem como as mudanças que ocorrem. Sobre as
ferramentas da qualidade e as suas formas de apresentação, responda: quais são essas
ferramentas e quais as formas em que elas podem ser apresentadas?
a) I, II e V, apenas.
b) II, III e V, apenas.
AGORA É COM VOCÊ
c) I, IV e V, apenas.
d) III, IV e V, apenas.
e) I, II, III e IV, apenas.
3. A estratificação é utilizada tanto para dados contínuos quanto para dados discretos.
Esta ferramenta proporciona ao gestor a subdivisão dos grupos de dados, facilitando
a análise e o entendimento dos problemas oriundos dos processos desenvolvidos nas
empresas e organizações. Sobre a estratificação, existem alguns fatores que são mais
comuns onde ela é aplicada, tais como: tempo, local, operador, matéria-prima. Sobre
esses fatores, responda: o que cada um deles representa?
128
6
As Sete Ferramentas
da Qualidade II
Esp. Juliano Bertolotti Moura
O que, realmente, se conhece de um processo, an- cimento técnico, mas da sua relação com as pes-
tes de avaliar o seu comportamento? É possível soas que estarão juntas com você nesta caminhada
afirmar, com certeza, que um processo está sob rumo à jornada diária de busca para alcançar as
controle, simplesmente, pela quantidade de pro- metas e os objetivos da empresa.
dutos fabricados? Como chegar às respostas é o Outra pergunta: você já parou para pensar
que veremos ao longo desta unidade. que o insucesso de determinada atividade pode
Um processo pode variar em muitos aspectos não ser decorrente de um problema técnico, mas
e a variação pode ser natural ou por alguma causa do estado em que se encontra uma pessoa? Bem,
especial. Para conhecer os processos, é necessá- você, estando na condição de gestor(a), deve se
rio estudar todas as etapas realizadas bem como atentar a estas questões para identificar, analisar
o equipamento no qual se desenvolve cada uma e tomar ações de maneira que os resultados pro-
delas, seja na manufatura, seja na prestação de de- duzidos sejam eficazes. Assim, entenderemos as
terminado serviço. Como visto na unidade ante- ferramentas que auxiliarão nesse processo e no
rior, a folha de verificação, o Gráfico de Pareto e a alcance dos objetivos estabelecidos.
estratificação são ferramentas que utilizamos para No dia a dia, fazemos muitas ações que não
iniciar o estudo e a análise dos processos realizados ficam, exatamente, como desejamos. Isso acon-
nas empresas ou organizações. Juntamente com as tece porque os processos variam e, se não nos
três ferramentas já estudadas, existem outras quatro atentamos para os detalhes, os erros e as falhas
que auxiliam os gestores a entender o comporta- podem se tornar grandes problemas e fazer com
mento dos processos, por meio da identificação que todos os nossos esforços se tornem obso-
das causas e da análise mais apurada dos dados. letos e causem grandes prejuízos. Neste caso,
Imagine como seriam as grandes indústrias se pode afetar tanto nós mesmos quanto uma orga-
não fosse o trabalho incansável dos gestores em nização onde, porventura, estejamos inseridos.
aplicar estes conceitos e desenvolver as atividades Com base nisso, que tal fazer uma experiên-
para a melhoria de seus processos. Hoje, não é cia? Esta será simples para você: Apoiado(a) em
diferente, as empresas buscam melhorar, cada dia seu conhecimento, faça o seguinte procedimen-
mais, em todas as áreas; os gestores, além de traba- to: pegue uma caixa de fósforo e retire dez pali-
lharem com todos os problemas que ocorrem du- tos; trace uma linha em uma folha de caderno
rante as fases dos processos, precisam lidar com as ou em um papel sulfite; comece a posicionar
questões humanas, pois, muitas vezes, para alcançar os palitos de modo que a parte da cabeça fique
os seus objetivos, os gestores têm que desenvolver rente à linha traçada e não a ultrapasse; não
a sua gestão de forma humanizada, ou seja, tornar ajuste após colocar o palito. Depois de colocar
o seu relacionamento com as demais pessoas e o todos os dez, verifique se eles ficaram alinhados
ambiente de trabalho agradável a todos. e, corretamente, posicionados junto à linha.
Por que falar de humanização, se o assunto é Muito provavelmente, alguns palitos ficaram
ferramentas da qualidade? Porque você, como desalinhados e outros ultrapassaram, ao menos,
futuro(a) gestor(a), terá de lidar com estas situa- um pouquinho, os limites ou ficaram um pouco
ções, todos os dias. O seu sucesso profissional não para trás da linha. Isso é o que acontece quando
depende, única e exclusivamente, do seu conhe- estamos envolvidos em um processo de fabrica-
130
UNIDADE 6
ção. Cada etapa realizada pode ser medida, avaliada e ajustada. Porém, ainda que o processo esteja
ajustado e funcionando, perfeitamente, sempre haverá, por menores que sejam, desvios quanto aos
requisitos estabelecidos nos projetos. Ao realizar o experimento proposto, registre, em seu Diário
de Bordo, as suas considerações quanto aos resultados obtidos.
DIÁRIO DE BORDO
Não é possível gerenciar aquilo que não se mede, assim como não se pode medir o que não é definido,
tampouco é possível definir o que não entendemos. Com base neste texto é que retomaremos o nosso
estudo sobre as ferramentas da qualidade. Nesta retomada, iniciaremos abordando a ferramenta co-
nhecida como fluxograma.
Esta ferramenta é utilizada para representar os caminhos percorridos por determinado produto
dentro de uma linha de produção, por exemplo. O fluxograma, na verdade, pode ser empregado em
qualquer situação em que se deseja demonstrar as etapas de um processo, inclusive, em nossa vida
cotidiana. Depois que entender essa ferramenta, você, com certeza, terá condições de, se quiser, ma-
pear todas as etapas do processo, por exemplo, ligar o seu computador para realizar alguma atividade
de trabalho, de estudo, ou, até mesmo, para relaxar, navegando em sites na internet. Então, sem mais
delongas, veremos como funciona este tal de fluxograma.
131
UNICESUMAR
Início ou fim do processo Deve ser inserido no início do fluxo para indicar
onde o processo inicia e, no final, para indicar que
o processo está encerrado.
Atividade Indica a realização de uma tarefa (ex.: pintar, lavar,
secar, etc.).
Quadro 1 - Notação mais utilizada em uma modelagem de processos / Fonte: adaptado de Slack, Jones e Johnston (2018).
132
UNIDADE 6
Fornecedor
Enviar
orientação Chamar Equipamento do
ao cliente o cliente fornecedor para
a oficina
N N
Reparo
Figura 1 - Exemplo de modelagem do processo de iluminação de um palco / Fonte: adaptada de Slack, Jones e Johnston (2018).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um fluxograma com figuras em forma de balões, retângulos e flechas,
representando ações que podem resultar em indicações sobre diferentes caminhos (ação executada ou não execu-
tada). O fluxograma contempla desde a solicitação do cliente, passando pelo suprimento de estoque, confirmação
com o fornecedor, montagem do kit até a entrega final para o cliente.
Eu e você, quando olhamos para um palco iluminado, não temos a noção de como este processo de
arranjo e organização ocorre, ou seja, não sabemos detalhes de como tudo é feito para que, ao final,
a iluminação contribua de forma tão importante para o sucesso de um espetáculo. Com o processo
detalhado em um fluxograma (Figura 1), este entendimento fica muito mais fácil, não é mesmo?
Aproveitando o fluxograma, passaremos para a outra ferramenta da qualidade. Embora sejam dis-
tintos entre si, o fluxograma contribui para o desenvolvimento dessa ferramenta, pois, ao mapear um
processo, torna-se muito mais fácil identificar os pontos onde ocorrem os problemas, sendo necessário
saber quais são as causas e os efeitos dos mesmos.
Com certeza, você já parou diante de uma situação e ficou intrigado(a) com ela, pois não conseguiu
entender como o fato aconteceu. Quando falamos em Gestão da Qualidade, temos que entender como
e porque as situações acontecem, identificar o que gerou o problema, quais foram as situações ou ações
que o geraram, ou seja, qual é a causa-raiz do problema. Este, quando detectado ou evidenciado em
um processo, deve ser tratado em sua causa, ou seja, a raiz.
133
UNICESUMAR
Façamos uma analogia com as ervas daninhas em uma lavoura. Essas ervas podem tirar o vigor
de uma parte da produção, pois elas também precisam se alimentar e utilizam do mesmo solo que as
sementes plantadas, a soja, por exemplo. Porém se o agricultor passar, superficialmente, um herbicida,
a erva daninha secará, mas a sua semente não será atingida pelo herbicida, sendo assim, ao murchar, a
erva, pela ação do herbicida, desprenderá a semente, que cairá no solo. Mais tarde, ela germina, volta a
crescer e a prejudicar a produção. No entanto se o agricultor aplicar um herbicida que atinge, também,
as sementes da erva daninha, esta não crescerá mais no meio da lavoura. Ou seja, o agricultor, após
analisar os dados, entendeu que não bastava aplicar um herbicida comum, teria que utilizar o que
pudesse atingir as sementes, também. Em uma empresa, não é diferente, afinal, se tratamos algum
problema de forma superficial, ele retornará em algum momento e, em muitos casos, pode causar
mais danos do que na primeira vez.
A ferramenta utilizada para identificar a causa-raiz de um problema foi desenvolvida por Kaoro
Ishikawa e denominada “Diagrama de Causa e Efeito”, ou, popularmente, “Diagrama de Ishikawa” ou
“Diagrama de Espinha de Peixe”, devido ao seu formato. Essa ferramenta foi desenvolvida para repre-
sentar as relações que existem entre determinado problema ou um efeito indesejável resultante de
um processo e todas as causas possíveis que o geraram. Esse diagrama, como é conhecido, tem a sua
estrutura desenvolvida para demonstrar as diversas causas que levam à ocorrência de um problema.
Ishikawa o desenvolveu com a intenção de demonstrar a alguns engenheiros de uma empresa japonesa
a inter-relação dos vários fatores que envolvem um processo (CARPINETTI, 2012).
Segundo Lobo (2020), o Diagrama de Causa e Efeito possui uma estrutura básica distribuída em seis
grandes grupos que categorizam as causas, sendo elas: máquina, mão de obra, método, manutenção,
material e meio ambiente, conforme apresentado na Figura 2.
Efeito das
causas
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um Diagrama de Causa e Efeito. A estrutura é no sentido linear e dividida
em seis categorias (máquina, mão de obra, método, manutenção, material e meio ambiente), que se direcionam ao
mesmo ponto final (efeito das causas).
Conforme a Figura 2, vejamos a que se refere cada uma das categorias apresentadas:
134
UNIDADE 6
O Diagrama de Ishikawa não se resume, somente, às seis principais categorias. Podemos acrescentar
subcategorias para detalhar as possíveis causas de um problema, a elas dá-se o nome de causas secun-
dárias e causas terciárias. A disposição, no diagrama, é feita conforme está na Figura 3.
Mão de obra
Causa primária
Causa
Causa terciária secundária
Efeito das
causas
Descrição da Imagem: a imagem apresenta o Diagrama de Causa e Efeito e as suas subcategorias que detalham
as possíveis causas do problema, sendo elas primária, secundária e terciária.
Embora o Diagrama de Causa e Efeito pareça simples, é imprescindível que a sua construção seja
realizada de forma correta, pois, só assim, será possível alcançar os objetivos propostos. Desse modo,
segundo Lobo (2020), as etapas para a construção do Diagrama de Ishikawa são:
1. Iniciar o processo estabelecendo o problema de forma que seja possível identificar onde e
quando ocorre e o tamanho dele.
2. Realizar um brainstorming com as pessoas envolvidas no processo para identificar as possí-
veis causas, incentivando os envolvidos a detectar e a examinar as etapas do processo mais
de perto. Neste caso, utiliza-se a folha de verificação.
3. Construir o Diagrama de Causa e Efeito com todas as categorias aplicadas ao processo ou
a outra causa qualquer, para auxiliar na organização dos fatos mais relevantes. No quadro
135
UNICESUMAR
disposto à direita do diagrama, deve ser inserido o problema estabelecido. Após desenhar
o diagrama, descreva o resultado do brainstorming em cada uma das categorias a que se
aplicam as possíveis causas levantadas. Para cada causa, faça o seguinte questionamento:
“por que isto acontece?”. Relacione as respostas como contribuidores da causa principal.
4. Após o estabelecimento e a disposição, no diagrama, das possíveis causas, faça uma análise
dos dados para detectar as causas comuns do problema. Nesta atividade, você deve:
- Observar as causas repetidas.
- Obter o consenso do grupo.
- Coletar os dados para determinar a frequência relativa das causas diferentes.
5. Realizadas as etapas, é hora de montar o Diagrama de Causa e Efeito: enuncie o problema, trace
uma seta da esquerda para a direita e encoste no retângulo à direita. Defina quais são as causas
primárias, secundárias e terciárias.
Falta de Falta de
pessoal definição
Atraso no pedido
de compra
Falta de
procedimento Falta de linha
Método Máquina
Figura 4 - Exemplo de Diagrama de Causa e Efeito preenchido: micro ocupado e telefone ocupado. As causas secundárias são
descritas como falta de micro e falta de linha / Fonte: adaptada de Carpinetti (2012).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um Diagrama de Causa e Efeito preenchido, nele, estão quatro catego-
rias (método, máquina, operador e política). Em cada categoria, é apresentada quatro subcategorias, sendo que cada
uma delas apresenta duas subcategorias descritas como possíveis causas primárias e secundárias, que podem estar
contribuindo ao aumento ou não do tempo de atraso do pedido. Para a categoria Operador, as causas primárias são
descritas como: sobrecarga de trabalho e qualificação. As causas secundárias são descritas assim: falta de pessoal.
Na categoria Política, as causas primárias são descritas como: falta de informação dos fornecedores, de autoridade
e responsabilidade. As causas secundárias são descritas dessa forma: classificação de fornecedores e falta de defi-
nição. Na categoria Método, as causas primárias são descritas assim: alto tempo de cotação e fluxo de informação
incoerente. As causas secundárias são descritas como: coleta de dados incompleta e falta de procedimento. Por fim,
na categoria Máquina, as causas primárias são descritas da seguinte forma: micro ocupado e telefone ocupado. As
causas secundárias são descritas desse modo: falta de micro e falta de linha.
136
UNIDADE 6
Podemos observar, na Figura 4, que, para cada ca- O histograma, segundo Carpinetti (2012), é
tegoria, existem causas primárias e causas secundá- um gráfico contendo barras que subdividem o
rias que prejudicam a atividade de compra. Embora eixo “x” (horizontal). Esta divisão ocorre em pe-
o Diagrama de Ishikawa pareça simples de ser de- quenos intervalos que representam os valores ad-
senvolvido, não se pode negligenciar as etapas apre- mitidos por uma variável de interesse e, em cada
sentadas, pois, por meio delas, os resultados podem um dos intervalos estabelecidos, é construída
alcançar, de forma eficiente, o objetivo proposto. uma barra vertical para representar o número
Quando falamos das sete ferramentas da quali- de observações da amostra. Os valores são per-
dade, temos que uma é complemento da outra, ou, tinentes ao intervalo correspondente, assim, as
no mínimo, que uma ferramenta serve de auxílio informações são dispostas de maneira que seja
para que a outra seja aplicada. O importante é en- possível visualizar a forma de distribuição de um
tender que essas ferramentas são aplicadas, cada conjunto de dados bem como a localização do
qual, no tipo de estudo e análise que se pretende valor central e da dispersão dos dados dispostos
realizar no processo. ao redor desse valor.
Após estudarmos, entenderemos como fun- O histograma, segundo Doane e Seward
ciona outra ferramenta: o histograma. Trata-se de (2008), pode assumir formas diferentes, as quais
uma ferramenta estatística cujo objetivo é facilitar estão, diretamente, ligadas à qualidade dos pro-
a análise descritiva de um grande número de da- cessos e dos dados coletados durante o estudo.
dos, tornando mais abrangente a compreensão do Os tipos de formas do histograma são apresen-
problema. O histograma possibilita ao gestor ou à tados na Figura 5.
gestora conhecer a distribuição dos dados coleta-
dos em uma linha temporal, além de proporcionar
a verificação das variações em uma amostra.
137
UNICESUMAR
Assimétrica à esquerda e com Simétrica com valores discrepantes Assimétrica à direita e com
valores discrepantes valores discrepantes
Descrição da Imagem: a imagem representa gráficos de barras na parte superior, central e inferior. Abaixo de cada
exemplo de gráfico de barras, são dispostos textos explicativos de cada um dos gráficos apresentados. No lado es-
querdo da figura, nos gráficos, as barras têm formato crescente para a direita. De cima para baixo, os três gráficos à
esquerda são descritos, respectivamente, como: assimétrica à esquerda; assimétrica à esquerda e bimodal; assimé-
trica à esquerda e com valores discrepantes. No centro, as barras têm a maior barra na posição central e as demais
decrescem, gradativamente, pelos lados esquerdo e direito. De cima para baixo, os três gráficos posicionados, no
centro, são descritos, respectivamente, como: simétrica; simétrica multimodal e simétrica com valores discrepantes.
No lado direito da imagem, as barras têm uma forma crescente para a esquerda. De cima para baixo, os três gráficos
posicionados à direita são descritos, respectivamente, como: assimétrica à direita; assimétrica à direita e bimodal;
assimétrica à direita e com valores discrepantes.
Porém, nem tudo são flores e, segundo Carpinetti (2012), para a construção desse gráfico, são neces-
sárias algumas etapas importantes, as quais conheceremos, a seguir:
Etapa 1 – Faça a coleta de dados (n - tamanho da amostra) referente à variável que será anali-
sada. Neste caso, para que a amostra possa ser representativa ao estudo, é aconselhável que n seja
maior do que 50.
Etapa 2 – Estabeleça o número de intervalos ou classes (k). Não há uma regra para o estabele-
cimento de k, porém podemos estabelecer o intervalo por meio da seguinte expressão:
. Neste caso específico, para o estabelecimento do intervalo das amostras, há uma regra bastante
comum que pode ser utilizada, conforme apresentado no Quadro 2.
138
UNIDADE 6
Quadro 2 - Número de intervalos em função do tamanho da amostra / Fonte: Carpinetti (2012, p. 86).
Etapa 3 – Calcule a amplitude (R) dos dados por meio da seguinte expressão: R MÁX MIN , em
que MIN e MÁX representam, respectivamente, o menor e o maior valor da amostra.
R
Etapa 4 – Calcule o comprimento de cada intervalo por meio da expressão: h = . O resultado
k
obtido, neste cálculo, deve ser arredondado de maneira que seja obtenha um número conveniente,
devendo ser múltiplo da unidade de medida dos dados da amostra.
Etapa 5 – Calcule os limites de cada intervalo, sendo que o limite inferior do primeiro intervalo
corresponde ao menor valor da amostra. Já o segundo intervalo consiste no menor valor (MIN)
mais a largura do intervalo, h. Ou seja, o primeiro intervalo se encontra entre:
MIN k 1 ( MIN h)
Esses cálculos devem ser realizados até que se obtenha o intervalo com o maior valor da amostra
(MÁX) entre os limites.
Etapa 6 – Construa uma tabela de distribuição de frequências que contenha colunas para:
• Número de ordem de cada intervalo (i).
• Limites de cada intervalo.
• Ponto médio de cada intervalo.
Etapa 7 – Construa uma escala, no eixo horizontal, para representar os limites dos intervalos, e
uma escala, no eixo vertical, com o objetivo de representar as frequências de ocorrência dentro
de cada intervalo. Para cada intervalo, desenhe um retângulo com base igual a (h) e a altura igual
à frequência (f) do intervalo.
Vejamos um exemplo de construção do histograma: para este exemplo, avaliaremos um caso hi-
potético em uma indústria fabricante de tintas. O gestor do sistema da qualidade, a fim de avaliar o
comportamento do processo, solicitou a coleta de dados referente ao peso das latas de tinta logo após o
enchimento. O peso estabelecido para cada lata é de 9 kg e tem a tolerância de +/- 1,0. Foram coletados
dados referentes ao peso de 75 latas de tinta, sendo os valores apresentados no Quadro 3.
139
UNICESUMAR
9,53 9,66 9,54 9,47 9,62 9,24 9,64 9,62 9,68 9,65 9,40 9,75 9,72 9,48 9,61
9,56 9,90 9,41 9,60 9,37 9,53 9,40 9,87 9,87 9,75 9,40 9,58 9,46 9,67 9,58
9,59 9,57 9,68 9,63 9,48 9,36 9,58 9,55 9,08 9,54 9,76 9,56 9,68 9,99 9,42
9,53 9,38 9,69 9,50 9,56 9,86 9,50 9,78 9,81 9,64 9,89 9,45 9,56 9,60 9,60
9,72 9,48 9,43 9,53 9,74 9,52 9,49 9,31 9,45 9,33 9,25 9,73 9,69 9,48 9,84
Como (n) já é conhecido, é possível calcular o número de intervalos ou classe (k). Para isso, basta
calcular a raiz quadrada de (n). Assim, temos que:
k n
75 8, 66 9
por meio da regra de arredondamento, foi estabelecido o número de nove classes para a distribuição
dos dados.
O estabelecimento da amplitude dos dados (R) utiliza o valor máximo e o mínimo dos dados
obtidos, que, neste caso, são: MÁX = 9,99 e MÍN 9,08. Com base nesses valores, o cálculo para
obter o valor de (R) é:
R MÁX MIN
R 9, 99 9, 08 0, 91
agora, é necessário estabelecer os limites dos intervalos dos dados. Após avaliar os dados contidos no
Quadro 3, gerou-se a Tabela 1 contendo o intervalo, os limites e a frequência dos dados.
Intervalo Limites Frequência
1 9,00 - 9,19 1
2 9,19 - 9,29 2
3 9,29 - 9,39 3
4 9,39 - 9,49 15
5 9,49 - 9,59 19
6 9,59 - 9,69 16
140
UNIDADE 6
7 9,69 - 9,79 9
8 9,79 - 9,89 5
9 9,89 - 9,99 3
Total = 75
Agora sim, já temos os dados para a plotagem do histograma. Você pode plotá-lo de forma manual
ou com o auxílio de um software, como o Microsoft Excel ou o BR-Office (gratuito). Neste caso, foi
utilizado um software, e o resultado é apresentado na Figura 6.
20
15
Frequência
10
0
9,2 9,4 9,6 9,8 10,0
Distribuição
Figura 6 - Histograma / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta barras verticais na cor azul e uma linha vermelha (indicando uma curva
gaussiana) que liga as duas extremidades da imagem. Do lado esquerdo, estão descritas as frequências das amostras
(0, 5, 10, 15 e 20). Na parte inferior, são descritas as variações (9,2; 9,4; 9,6; 9,8 e 10,0) e a palavra “Distribuição”.
141
UNICESUMAR
Podemos observar que o histograma nos dá uma 4. Determinar os valores máx. e mín. de cada
visão clara da concentração dos valores em rela- variável observada.
ção à média. Na avaliação dos dados plotados no 5. Escolher escalas apropriadas que propor-
gráfico, podemos observar que os dados estão cione uma leitura fácil para os eixos x e y.
dispersos em relação à média, ou seja, o processo 6. Desenhar as escalas para os eixos x e y
precisa ser avaliado para que não haja muita va- utilizando papel milimetrado.
riação de peso das latas de tinta. 7. Representar os pares resultantes das ob-
Agora, falaremos de outra ferramenta impor- servações (x, y) no gráfico.
tante à análise dos dados de uma amostra com 8. Registrar as informações importantes
duas variáveis: o “Gráfico de Dispersão’’, também que devem constar no gráfico, tais como:
conhecido como “Gráfico de Correlação”. Esta título, período de coleta de dados, núme-
ferramenta permite ao gestor avaliar o grau de ro de pares observados, identificação das
relacionamento entre duas variáveis, relacionan- unidades de medidas de cada eixo, iden-
do as suas causas e os seus efeitos, por exemplo, tificação do responsável pela construção
o relacionamento entre a velocidade de corte e a do diagrama.
rugosidade superficial em um processo de usi-
nagem, a composição de determinado material Normalmente, se constrói o Gráfico de Dispersão
e a sua dureza, a intensidade luminosa em um por meio de um software estatístico ou de um
ambiente e os erros ocorridos em inspeções vi- software que permita este tipo de plotagem de
suais, entre outros (CARPINETTI, 2016). Ou seja, gráficos, conforme citado, anteriormente.
qualquer característica de interesse associada à Muito bem, conhecido o objetivo para a utili-
amostra estudada, estatisticamente, no Gráfico zação do Gráfico de Dispersão, vamos a um exem-
de Dispersão, acontece por meio da concentração, plo prático para que você visualize o processo
e a forma dos pontos permite analisar o relacio- e o comportamento dos dados plotados. Neste
namento entre os dados bem como o estudo do exemplo, utilizaremos dados hipotéticos de um
perfil de comportamento desta relação (BARROS; processo de injeção plástica para a fabricação de
BONAFINI, 2014). tampas de potes voltados ao armazenamento de
Podemos dizer que a construção do Gráfico de temperos e condimentos.
Dispersão é, relativamente, simples. Segundo Car- Aqui, o(a) gestor(a) da produção precisa estu-
pinetti (2016), é realizada seguindo estas etapas: dar qual a influência da temperatura na viscosi-
1. Estabeleça o que será estudado. dade da matéria-prima ao entrar no equipamento
2. Colete, no mínimo, 30 amostras em pares de injeção, pois está ocorrendo queda na produ-
(x, y), que tenha relação com o que será es- tividade devido à fluidez do material dentro da
tudado e registre os dados em uma tabela. cavidade de transporte. Neste estudo, foi definida
3. Estabeleça a variável para o eixo horizon- a temperatura entre 50° C e 80° C. Os dados são
tal (x). É importante que, no eixo horizon- hipotéticos e gerados, aleatoriamente, para ilustrar
tal (x), seja estabelecida a variável consi- o exemplo, ou seja, não são parte de um processo
derada a causa preditora da variável que real. Os dados coletados no equipamento, durante
comporá o eixo (y). o processo, são apresentados no Quadro 4.
142
UNIDADE 6
66,60 0,37
52,38 0,99
75,52 0,49
60,60 0,21
76,09 0,88
52,31 0,86
55,40 0,93
77,13 0,49
72,99 0,33
76,53 0,38
73,99 0,36
62,72 0,44
56,82 0,95
70,46 0,83
76,06 0,73
58,52 0,11
63,32 0,84
54,68 0,77
80,36 0,07
71,28 0,63
72,57 0,75
64,00 0,70
80,74 0,19
61,04 0,64
68,45 0,80
69,96 0,14
76,72 0,25
59,87 0,65
51,51 0,35
70,23 0,06
143
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico com pontos na cor azul distribuídos acima e abaixo de
uma linha transversal azul. Do lado esquerdo, está escrita a palavra “Viscosidade” e os valores que representam
o aumento da viscosidade em uma escala graduada em 0,10 (décimos), valores que vão de 0,00 a 1,00. Na parte
inferior da imagem, estão descritos os valores (50,00; 55,00; 60,00; 65,00; 70,00; 75,00 e 80,00) que representam o
aumento da temperatura (°C). O gráfico apresentado na imagem demonstra que a viscosidade não diminui com o
aumento da temperatura.
Ao avaliar o gráfico apresentado em nosso exemplo, podemos verificar que não há correlação entre a
temperatura e a viscosidade da matéria-prima durante o processo, ou seja, embora haja uma pequena
correlação entre as duas variáveis, o(a) responsável pela análise pode entender que a queda na produ-
tividade não tem a ver com a temperatura.
Existem diversos tipos de correlação, conforme apresentado na Figura 8.
144
UNIDADE 6
Forte negativo Fraco negativo Padrão não linear
Figura 8 - Tipos de correlação / Fonte: Barros e Bonafini (2014, p. 53).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta seis figuras, contendo, cada uma, linhas verticais que representam o eixo
Y e linhas horizontais que representam o eixo X. No interior de cada figura, existem pontos azuis distribuídos para
representar as dispersões dos dados. Em cima de cada figura, há um texto que apresenta cada uma das dispersões
(Forte positivo, Fraco positivo, Nenhum padrão, Forte negativo, Fraco negativo, Padrão não linear).
Quando é realizada a análise do Gráfico de Dispersão, o(a) responsável deve, em primeiro lugar,
verificar se não há pontos atípicos, também chamados de outliers. Esses pontos podem aparecer
devido ao registro incorreto dos dados ou pela ocorrência de algum defeito no instrumento de
medição utilizado, sendo que, nestes casos, os outliers devem ser corrigidos, quando possível,
ou eliminados do conjunto de dados. Por outro lado, esses pontos atípicos podem chamar a
atenção para algo que precisa ser avaliado com mais atenção bem como fornecerem informações
importantes sobre o processo que está sendo analisado. A identificação das causas que geram os
outliers pode originar ações de melhorias no processo ou promover novo conhecimento sobre
a forma de atuação de fatores cujos efeitos na variável de resposta y ainda são desconhecidos
pelos gestores (CARPINETTI, 2016).
Após conhecermos a sexta ferramenta da qualidade, veremos, a seguir, as cartas de controle. A última
ferramenta a ser abordada é responsável por promover o estabelecimento de um processo estável e
que ocorre em sua melhor condição.
Como já visto, a busca por metodologias mais robustas que proporcionassem mais confiança
no controle de qualidade de produtos e serviços conduziu à criação do Departamento de Enge-
nharia e Inspeção dos laboratórios da Bell Telephone, em 1924. Neste período, Walter Andrew
Shewhart introduziu o conceito de gráficos de controle, por meio de um memorando técnico em
que foi apresentado um gráfico desse tipo, o qual se chamaria, mais tarde, de “o primeiro gráfico
de controle de Shewhart” (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Você já esteve em contato com
145
UNICESUMAR
146
UNIDADE 6
Resultados amostrais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324252627282930
Números das amostras
Figura 9 - Gráfico de Shewhart com limites de advertência e de controle (superior e inferior)
Fonte: Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 59).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta cinco linhas horizontais, sendo as linhas intermediárias tracejadas
aquelas das extremidades acima e abaixo bem como a linha central cheia. Do lado direito, estão descritos como:
Limite Superior de Controle – LSC, Limite Superior de Atenção – LSA, Linha Central – LC, Limite Inferior de Atenção
– LIA, Limite Inferior de Controle – LIC. Do lado esquerdo, há uma linha vertical indicando os resultados obtidos e,
abaixo, uma linha contendo números de amostras (de 1 a 30). No interior da imagem, há pontos colocados, aleato-
riamente, ligados por linhas cheias.
Segundo Machado (2010), há diferentes tipos de gráficos de controle, sendo eles divididos em duas categorias:
Os gráficos de controle para dados contínuos (altura, peso, temperatura) são gerados com base em:
• Média e amplitude – X e R.
• Média e desvio-padrão.
• X e S – Mediana e amplitude.
• X e R – Individuais e amplitude móvel – X e Rm.
Os gráficos de controle para dados discretos (número de defeitos, de erros, de defeituosos) são:
• Carta np – Para medições que representam quantidades de peças defeituosas.
• Carta p – Para medições percentuais de peças defeituosas.
• Carta c – Para quantidade de defeitos.
• Carta u – Para medir fração de defeitos.
Conhecendo estas características, já é possível definir qual gráfico deve ser utilizado para desenvolver
o estudo. O importante, aqui, é definir se aquilo que se busca avaliar é uma variável ou um atributo, a
quantidade amostral e o comportamento dos itens analisados.
Machado (2010) apresenta duas figuras que permitem, de forma fácil, avaliar qual gráfico de con-
trole utilizar.
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UNICESUMAR
n constante p ou np
Classificação
variável
Atributo
constante ou
Contagem
variável
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico de controle cujo fluxo se inicia a partir do atributo, o qual se
subdivide em duas categorias: classificação e contagem. Cada categoria é composta por quatro subdivisões, sendo
elas: n variável; n constante; p ou np; p; c ou u; u.
< 10 XeR
>1
10 e
Variável
=1
Figura 11 - Gráfico de controle para dados contínuos / Fonte: adaptada de Machado (2010).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico de controle cujo fluxo inicia a partir da variável, a qual se
subdivide em duas categorias: n > 1 e n = 1. A categoria n > 1 é composta por quatro subdivisões, sendo elas: n <
10, X e R, n > 10, X e S . E a categoria n = 1 segue uma linear até X e Rm.
Segundo Machado (2010), por meio do comportamento da distribuição dos pontos na carta de con-
trole, é possível verificar, visualmente, as características de alteração do processo. Embora o foco desta
disciplina não seja o controle estatístico do mesmo, é importante que você, como responsável por
algum tipo de processo, conheça cada uma dessas características, para não tomar ações equivocadas.
Essas características são apresentadas na Figura 12.
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UNIDADE 6
Mão de obra
Máquina
Medição
Material
X Troca de material
X Ajuste excessivo de máquina
X Operador novo ou troca de operadores
X Uso de instrumentos diferentes para medição
Saltos Instabilidade
X Falha no procedimento de medição
Descrição da Imagem: esta imagem representa uma carta de controle que avalia possíveis causas em uma condição/
situação fabril. Podem acontecer situações que provocam desvios, pontos raros de medidas, tendência ou saltos
durante a produção. Essas causas são investigadas conforme a necessidade de melhoria na produção ou ajustes
pontuais. Desse modo, facilita ao investigador encontrar possíveis soluções aos problemas enfrentados.
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UNICESUMAR
Vejamos alguns casos em que as características do processo estão presentes. O objetivo é identificar
os processos, se estão ou não sob controle estatístico e se as características de alteração estão ou não
presentes nos gráficos de controle.
LSE
LSC
LIC
LIE
Figura 13 - Distribuição fora de controle estatístico do processo / Fonte: Machado (2010, p. 123).
Descrição da Imagem: a imagem é um retângulo que apresenta cinco linhas horizontais, sendo as linhas interme-
diárias tracejadas aquelas das extremidades acima e abaixo bem como a linha central cheia. Do lado direito, estão
descritos: Limite Superior de Especificação – LSE, Limite Inferior de Especificação – LIE. Também há a representação
de uma curva normal, em formato de sino, direcionada para a direita. Do lado esquerdo, há uma linha vertical con-
tendo as indicações de Limite Superior de Controle – LSC e Limite Inferior de Controle – LIC. No interior da imagem,
há pontos colocados, aleatoriamente, ligados por linhas cheias.
Na Figura 13, vemos que o processo não está sob o controle estatístico do processo, pois existem
pontos (outliers) que ultrapassam os limites de controle. No entanto, embora haja alguns outliers,
o processo atende às especificações do produto, pois a maioria dos pontos encontram-se entre o
limite superior e o inferior estabelecidos.
Figura 14 - Distribuição sob controle estatístico do processo, porém com pontos fora do limite / Fonte: Machado (2010, p. 123).
Descrição da Imagem: a imagem é um retângulo que apresenta cinco linhas horizontais, sendo tracejadas as linhas
das extremidades acima e abaixo, enquanto as linhas intermediárias e a linha central são cheias. Do lado direito,
estão descritos: Limite Superior de Especificação – LSE, Limite Inferior de Especificação – LIE. Também há a repre-
sentação de uma curva normal, em formato de sino, direcionada para a direita, que sobrepõe as suas extremidades
com as linhas intermediárias. Do lado esquerdo, há as indicações de Limite Superior de Controle – LSC e Limite
Inferior de Controle – LIC. No interior da imagem, há pontos colocados, aleatoriamente, ligados por linhas cheias.
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UNIDADE 6
Embora a carta de controle demonstre que o processo está sob o controle estatístico, existem alguns
pontos que ultrapassam os limites estabelecidos e, portanto, não atendem às especificações do produto.
Devido às variações do processo serem maiores do que as permitidas pela especificação, será necessário
revisar o sistema produtivo, pois ele está entregando produtos fora das especificações.
LSE
LSC
LIC LIE
Figura 15 - Distribuição sob controle estatístico de processo / Fonte: Machado (2010, p. 124).
Descrição da Imagem: a imagem é um retângulo que apresenta cinco linhas horizontais, sendo tracejadas as linhas
das extremidades acima e abaixo, enquanto as linhas intermediárias e a linha central são cheias. Do lado direito,
estão descritos: Limite Superior de Especificação – LSE, Limite Inferior de Especificação – LIE, Limite Superior de
Controle – LSC e Limite Inferior de Controle –LIC. Também há a representação de uma curva normal, em formato
de sino, direcionada para a direita, entre as linhas tracejadas. No interior da imagem, há pontos colocados, aleato-
riamente, ligados por linhas cheias.
A Figura 15 apresenta uma carta de controle com a distribuição das amostras sob o controle estatístico
do processo. Neste gráfico, é possível verificar que os pontos estão dentro dos limites estabelecidos,
então, as variações são menores do que as permitidas pelos requisitos do produto. Este pode ser con-
siderado um processo seguro e que entrega itens dentro dos limites especificados.
Os gráficos de controle, quando apresentados, didaticamente, são fáceis de interpretar e verificar
os pontos que estão dentro ou fora dos limites estabelecidos. Na vida real, esta análise se torna mais
difícil quando se avalia um processo com uma grande quantidade de dados. A seguir, são apresentados
alguns exemplos desses tipos de gráficos.
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UNICESUMAR
LSE
LSC
LIC
LIE
1 60 119 178 237 296 355 414 473 532 591
Amostra
Figura 16 - Gráfico fora de controle estatístico de processo / Fonte: Machado (2010, p. 125).
Descrição da Imagem: a imagem é um retângulo que apresenta cinco linhas horizontais, sendo tracejadas as linhas
das extremidades acima e abaixo, enquanto as linhas intermediárias e a linha central são cheias. Do lado direito,
estão descritos: Limite Superior de Especificação – LSE, Limite Inferior de Especificação – LIE, Limite Superior de Con-
trole – LSC, Limite Inferior de Controle –LIC. Ao centro, a letra X com duas barras escritas em cima. A linha superior
tracejada e a cheia estão bem próximas. Do lado esquerdo, está descrito “Média das amostras”, a parte de baixo do
gráfico contém a numeração da quantidade de amostra (1, 60, 119, 178, 237, 296, 355, 414, 473, 532, 591) e, abaixo
dos números, a palavra “Amostra”. No interior do gráfico, estão dispostos pontos aleatórios muito próximos. Nos
pontos que ultrapassam as linhas tracejadas, acima ou abaixo, há a indicação do número 1.
Figura 17 - Gráfico fora de controle estatístico de processo / Fonte: Machado (2010, p. 127).
Descrição da Imagem: a imagem é um retângulo que apresenta cinco linhas cheias horizontais, acima e abaixo
da linha central, e as linhas intermediárias de cor menos intensa. Do lado direito, estão descritos os limites Limite
Superior de Especificação – LSE, Limite Inferior de Especificação – LIE, Limite Superior de Controle – LSC, Limite In-
ferior de Controle – LIC. Ao centro, a letra X com duas barras escritas em cima. As linhas intermediárias estão mais
próximas da linha central. Do lado esquerdo, está escrito “Média da amostra”, enquanto a parte inferior do gráfico
contém a palavra “Amostra”. No interior do gráfico, estão dispostos pontos aleatórios muito próximos. Nos pontos
que ultrapassam as linhas, acima ou abaixo, há a indicação do número 1.
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UNIDADE 6
Os gráficos representados nas Figuras 16 e 17 representam uma grande quantidade de dados, os quais,
em uma situação real, devem ser avaliados, cuidadosamente, para que as informações obtidas sejam
parâmetros a ações eficientes e eficazes, na melhoria do processo.
REALIDADE
AUMENTADA
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UNICESUMAR
Ufa! Quantas informações ao mesmo tempo! Parabéns, você conseguiu vencer mais um ciclo em
sua caminhada rumo ao conhecimento. Nesta unidade, você aprendeu sobre algumas das ferramen-
tas da qualidade, e vimos que cada uma delas tem uma aplicação específica dentro da Gestão da
Qualidade, algumas, mais simples, outras, mais complexas. No entanto todas essas ferramentas são
fundamentais para o desenvolvimento de um sistema de gestão eficiente e eficaz, pois proporciona
ao gestor ou à gestora, assim como aos demais envolvidos na Gestão da Qualidade, detectar, analisar
e tomar ações mais assertivas.
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1. O Diagrama de Causa e Efeito foi desenvolvido por Kaoro Ishikawa para identificar a
causa-raiz de um problema, por meio da representação das relações existentes entre
determinado problema e as possíveis causas que o geraram. Esta ferramenta possui
uma estrutura básica distribuída em seis categorias. Com base no exposto, responda:
quais são essas seis categorias?
a) V, F, V, F.
b) F, V, V, F.
c) V, F, F, V.
d) V, F, F, F.
e) F, F, F, V.
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4. As cartas de controle foram criadas para representar as condições do processo quanto
ao controle das atividades desenvolvidas, ou seja, são a representação gráfica das va-
riações presentes no desenvolvimento da atividade produtiva. Com base no conteúdo
apresentado, avalie a imagem, a seguir.
LSE
LSC
LIC LIE
Descrição da Imagem: a imagem é um retângulo que apresenta cinco linhas horizontais, sendo cheias
as linhas das extremidades acima e abaixo bem como a linha central, enquanto as linhas intermediárias
são tracejadas. Do lado direito, estão descritos os limites LSE e LIE. Também há a representação de uma
curva normal, em formato de sino, direcionada para a direita. Do lado esquerdo, há uma linha vertical
contendo as indicações LSC e LIC. No interior da imagem, há pontos colocados, aleatoriamente, ligados
por linhas cheias.
Sendo você o(a) gestor(a) da qualidade responsável pela análise do processo e, com
base no gráfico apresentado, responda: o processo representado na imagem está sob
controle estatístico? Descreva o comportamento do gráfico.
AGORA É COM VOCÊ
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7
Ferramentas
Gerenciais da
Qualidade I
Esp. Juliano Bertolotti Moura
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UNIDADE 7
DIÁRIO DE BORDO
Segundo Toledo et al. (2017), devido à aplicação do controle da qualidade ser estendida a diversas
áreas da organização, os problemas que surgem não podem ser solucionados utilizando, somente,
as ferramentas básicas da qualidade. O Grupo de Desenvolvimento e Pesquisa da Metodologia de
Controle de Qualidade, presidido por Yoshinobu Nayatanida, pertencente à União Japonesa de
Cientistas e Engenheiros (Union of Japanese Scientists and Engineers – USE), verificou a necessidade
de serem criados novos métodos para sanar as necessidades de conhecer os demais problemas das
organizações. Problemas estes ligados às atividades de projeto, garantia de confiabilidade e da capa-
cidade de processos. Nesse sentido, criaram-se ferramentas, sistemas e métodos de documentações
para promover o sucesso dos objetivos de melhoria bem como foram sugeridos alguns princípios
para a criação das ferramentas gerenciais da qualidade, que, segundo Toledo et al. (2017), são:
• Organização de dados de linguagem.
• Obtenção de ideias criativas.
• Plano de enriquecimento de ideias e soluções.
• Prevenção de omissões.
• Pessoas com objetivos claros.
• Conseguir cooperação entre pessoas com objetivos claros.
• Motivar as pessoas em posição contrária.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 7
Figura 1 - Diagrama de Afinidades relacionando PCP e manutenção / Fonte: adaptada de Carpinetti (2012).
Descrição da Imagem: a figura apresenta um exemplo do Diagrama de Afinidades agrupando os fatores relacio-
nados ao Planejamento e Controle de Produção (PCP) e à manutenção dos equipamentos. Dentro de cada fator,
encontram-se seis possíveis problemas que podem atrapalhar o processo produtivo. No que diz respeito ao PCP
os fatores são: operadores não seguem o programa de produção; as ordens de produção não são confiáveis; há
constantes apressamentos de ordens de produção; os lotes são fracionados para atender às ordens urgentes; os
apontamentos não são realizados, corretamente; as informações de estoque em processo não são confiáveis. No
que diz respeito à manutenção, os fatores são: há interrupções nos processos de fabricação por falha de equipa-
mento; o tempo de reparo, nos equipamentos, é alto; há falta de mão de obra disponível para a manutenção; os
equipamentos quebram com frequência; há falta de peças de reposição para os equipamentos; não existe política
para a realização de manutenção preventiva. As ordens de produção não são confiáveis, operadores não seguem
o programa de produção, as informações de estoque em processo não são confiáveis, os equipamentos quebram
com frequência, há falta de peças de reposição para os equipamentos, entre outros.
Como você pode observar na Figura 1, a manutenção tem impacto na produção, pois, se os equipamen-
tos não funcionam, não há como produzir. Por outro lado, um planejamento de produção realizado sem
a compreensão dos recursos disponíveis também prejudica o desenvolvimento do processo produtivo.
Nesse sentido, os gestores, ao tomarem conhecimento dos problemas do PCP e da manutenção, po-
derão estabelecer um plano de ação para fazer com que o sistema produtivo bem como as condições
operacionais dos equipamentos esteja em condições de atender à demanda.
Segundo Carpinetti (2012), a construção do Diagrama de Afinidades segue o mesmo princípio
do brainstorming, porém a maior utilidade dessa ferramenta é forçar as pessoas envolvidas no
processo a identificar as semelhanças entre fatores e, a partir disso, formar os agrupamentos dos
fatores identificados, ou seja, a equipe desenvolve o seu próprio sistema para avaliar problemas
de maior complexidade, em qualquer estágio do projeto de melhoria, em que seja necessário ter o
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UNICESUMAR
entendimento ou a organização de uma infor- geradas. Por ser um processo em que o proble-
mação difícil de ser quantificada. Para verificar ma é exposto de forma vaga, é importante que
a utilização do Diagrama de Afinidades, segun- fique claro aos participantes que qualquer ideia
do César (2013), é importante que o(a) gestor(a) é válida, porque, conforme já dito, o objetivo é
faça as seguintes perguntas: estimular a liberação da criatividade dos parti-
• O problema é complexo e difícil de en- cipantes em torno do problema.
tender? Etapa 2. Coletar dados: a obtenção dos da-
• O problema é incerto ou desorganizado? dos pode ser por meio da técnica de brainstor-
• O problema requer o envolvimento de um ming. Inicialmente, tudo o que os participantes
grupo? do grupo observaram, ouviram, pensaram e pes-
quisaram sobre o problema a ser analisado deve
Se as respostas a estas perguntas forem “sim”, então, ser expresso em palavras. Após apresentadas as
essa ferramenta poderá ser utilizada. Mas como informações pelos participantes, elas devem ser
ela se desenvolve? Isto é o que veremos, a seguir. resumidas em fichas, conhecidas como ficha de
Bem, na construção do Diagrama de Afini- dados. Recomenda-se que as essas permane-
dades, é importante seguir as etapas descritas, çam em quantidade entre 50 e 100 fichas, caso a
a seguir, para que os resultados obtidos sejam quantidade de fichas coletadas seja muito maior
eficazes no processo de identificação do pro- do que 100, é necessária a subdivisão de modo a
blema. Segundo Toledo et al. (2017), a constru- ter diversos problemas, cada um deles com um
ção do diagrama é realizada em quatro etapas número máximo de 100 fichas.
distintas. São elas: Etapa 3. Organização dos dados coletados:
Etapa 1. Definição do tema: a definição do nesta etapa, as fichas geradas devem ser orga-
tema deve ocorrer de forma vaga para que haja o nizadas para a construção do Diagrama de Afi-
despertar da criatividade dos envolvidos. Neste nidades. Cada ficha deve ser lida de forma cui-
caso, não é interessante que se explique o pro- dadosa, com o objetivo de captar a essência de
blema com detalhes, pois podem ser agentes de cada uma das ideias registradas. O agrupamento
inibição no processo de criação de ideias. Utili- dos dados pode ser realizado por uma só pessoa,
zando o exemplo da Figura 1, uma pergunta que embora o recomendado é que todos os envol-
poderia ser feita para o levantamento dos fatores vidos participem. O agrupamento é realizado
é: qual a causa dos problemas no planejamen- comparando a primeira ficha com a segunda,
to da produção? No exemplo apresentado na caso os dados tenham afinidade, as fichas são
Figura 1, existem fatores tanto do PCP quanto colocadas juntas, caso contrário, são colocadas
da manutenção, porém poderia haver fatores separadas. Sequentemente, pega-se uma terceira
de compras, fornecedores, entre outros. Nesta ficha e compara-se o dado com as anteriores
etapa, o que se busca é um novo agrupamento para verificar se há afinidade com alguma de-
de ideias e não um agrupamento direcionado, las. As fichas de dados são colocadas em uma
pois este último restringe o alcance das ideias folha de papel grande, permitindo a mudança
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UNIDADE 7
Esta etapa de formação dos grupos de primeira ordem termina quando houver a concordância com
a distribuição dos dados entre todos os participantes do grupo.
Encerrada a formação dos grupos de primeira ordem, deve-se iniciar a formação daqueles de segun-
da ordem. Nesta etapa, os cartões da primeira ordem são fixados aos seus cartões-título, sendo estes
utilizados à organização dos grupos de segunda ordem. O processo para a formação desse grupo é
o mesmo para formação dos grupos de primeira ordem. Caso haja a necessidade de gerar grupos de
terceira, quarta, quinta ordem etc., o processo continua inalterado. Os cartões-título de uma ordem
sempre serão dados à formação de grupos superiores, sendo este processo realizado, repetidamente, até
que se chegue a um único grupo contendo todos os dados, cujo cartão-título será o tema do diagrama.
Etapa 4. Desenho do diagrama: após serem concluídas todas as etapas de formação dos grupos,
o conjunto de fichas é desmontado, e são colocadas em um papel com traços. Depois da conclusão
do Diagrama de Afinidades, organiza-se o conteúdo das fichas com base na afinidade das que
foram confeccionadas por último.
Após entendermos as fases de construção de um Diagrama de Afinidades, veja, na Figura 2,
um exemplo das características organolépticas de suco de laranja.
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um Diagrama de Afinidades. Como exemplo, temos as características
organolépticas de suco de laranja. Essas características do suco são formadas pelos grupos “A – Paladar” e “B – Cor”.
Neste caso, o grupo A engloba as ideias (a1 – Aroma) e (a2 – Sabor), e o grupo B engloba as ideias (b1 – Variedade
da laranja) e (b2 – Concentração).
Observe, na Figura 2, que as ideias (a1) e (a2) formam um grupo relacionado ao paladar, e as ideias
(b1) e (b2) formam o grupo relacionado à cor. Podemos dizer que os grupos A e B formam um grupo
afim e, dessa forma, os dados vão se organizando. Neste caso, o que deve ficar claro é que o grupo A
engloba as ideias (a1) e (a2), e o grupo B, as ideias (b1) e (b2).
O Diagrama de Afinidades é uma ferramenta versátil e pode ser utilizada com outras ferramentas
gerenciais da qualidade, por exemplo, o Diagrama de Relação. Nesse contexto, a análise se torna
mais consistente, pois a identificação da causa-raiz é detectada no Diagrama de Afinidades e,
posteriormente, analisada e relacionada com o Diagrama de Relação. Assim, o processo auxilia o
grupo a identificar os elementos-chave que influenciam o problema.
A propósito, é sobre o Diagrama de Relação que trataremos agora. O que vem a ser essa ferra-
menta? Qual é a sua utilidade? E o seu objetivo? Talvez, estas sejam algumas das perguntas que
estão rondando a sua cabeça, na tentativa de tentar entender onde e como utilizá-la. Tudo bem,
questionamentos são normais quando nos deparamos com algumas situações as quais não estamos
familiarizados. O importante é que você está em busca de conhecimento, e os questionamentos,
ao longo do seu desenvolvimento acadêmico, encontrarão muitas das respostas que tem buscado.
Portanto, buscaremos responder aos questionamentos relacionados a essa ferramenta chamada
“Diagrama de Relação”. Está pronto(a)? Então, vamos nessa.
Segundo Toledo et al. (2017), o Diagrama de Relações procura evidenciar a estrutura lógica das
relações de causa e efeito, por meio de um pensamento multidirecional. Nesse sentido, podemos
dizer que essa ferramenta estabelece um mapa que relaciona um efeito indesejável, em determinado
estudo, e as suas causas. Se compararmos o Diagrama de Afinidades estudado, anteriormente, ao
Diagrama de Relações, observaremos que o primeiro relaciona as questões do problema de forma
subjetiva, enquanto o segundo relaciona as questões de forma lógica.
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UNIDADE 7
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura apresenta um Diagrama de Relações para um problema de alta dispersão em de-
terminado processo de fabricação. Pode ser verificado, na parte inferior do diagrama, as várias causas pequenas
de terceira ordem (problema com fornecedor, falta de treinamento, ajuste de máquina, entre outras). Essas são
direcionadas às causas de segunda ordem, identificadas como: propriedade da MP, aperto excessivo da peça e des-
gaste acelerado da ferramenta. Quase no topo do diagrama, estão as causas maiores, que são de primeira ordem,
identificadas como: distorção da peça e desgaste acelerado da ferramenta. E, por fim, no topo do diagrama, está o
problema (dispersão de resultados) resultante do efeito de todas as ações.
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UNIDADE 7
Etapa 3. Confeccionar as fichas de causas: existente entre elas, caso seja necessário, novas
ao identificar as causas do problema, cada in- fichas podem ser acrescentadas. Ao realizar o
tegrante deve escolher a causa que julga ser a preenchimento das partes que faltam, pode ser
mais importante ou a maior causa. A escolhida que surjam as causas dos problemas, da estrutura
deve ser anotada em fichas denominadas “ficha ou do método desejado. Ao exprimir os dados
de causa”. Cada causa deve ser escrita em cada não numéricos no papel, é possível organizar
ficha, em uma única frase curta. As fichas não os problemas e, assim, livrar-se das ideias fixas.
devem ultrapassar um total de 30. Etapa 7. Desenhar o Diagrama de Relações:
Etapa 4. Organizar as fichas das causas em nesta etapa, o grupo deve observar, atentamen-
torno do problema: após a confecção das fichas te, o diagrama, de maneira que as causas e os
de causas, os integrantes devem espalhá-las em efeitos tenham ligações próximas. Caso haja
cima do papel. As fichas devem ser lidas, in- necessidade, recomenda-se colocar a posição da
dividualmente, de forma a buscar as relações ficha mais visível. As causas cuja ligação se afas-
entre elas e, havendo relação, elas devem ser ta do problema principal devem ser excluídas.
agrupadas ao redor do problema. Etapa 8. Ler e analisar o diagrama dese-
Etapa 5. Definir as causas de primeira nhado: o Diagrama de Relações, quando tem
ordem: ao organizar as fichas em torno do o objetivo de identificar a causa de determi-
problema, é possível verificar as relações en- nado problema, deve identificar a causa que
tre alguns dos agrupamentos. Neste caso, os está, diretamente, ligada ao problema, pois, a
integrantes devem escolher o que tiver maior eliminação dela proporciona possível melhoria
relação com o problema. Porém, em algumas nos resultados. Entretanto as causas de primeira
situações, este trabalho pode ser facilitado se ordem são aquelas que possuem relação de cau-
o problema for dividido em partes e, ao deter- sa e efeito mais forte e não podem ser resolvidas
minar as causas de primeira ordem, devem ser de maneira concreta. Ao percorrer as causas
desenhadas setas com a finalidade de identifi- de segunda e terceira ordens, pode-se obter as
car as relações com o problema. principais causas que estão ligadas, diretamente,
Etapa 6. Traçar a relação de causa e efeito à solução do problema. Em alguns casos, se faz
entre as fichas de causa: ao definir as causas de necessário obter informações, por meio de mé-
primeira ordem, o grupo deve identificar as que todos numéricos, para avaliar a causa principal.
as originaram, considerando-as causas de segun- A Figura 4 apresenta outro exemplo de Dia-
da ordem. Semelhantemente à etapa anterior, de- grama de Relações: este é ligado a um problema
vem ser desenhadas setas para indicar a relação de armazenamento inadequado.
167
UNICESUMAR
Falta de codificação
Produto não cabe
Falta de
treinamento
Observe que, na Figura 4, o armazenamento inadequado possui níveis 1 e 2 para identificar as causas
do problema. Esta é uma situação hipotética, porém, durante o desenvolvimento da atividade em uma
organização, esse diagrama pode ser muito maior e possuir grande quantidade de níveis de ordens
das causas. Portanto, ao desenvolver um Diagrama de Relações, escolha a equipe, foque no problema
e mãos à obra, porque, com certeza, você alcançará o seu objetivo.
Observe que a aplicação das ferramentas gerenciais da qualidade, conforme apresentado, são es-
senciais ao desenvolvimento dos processos de melhoria. São muitas as ferramentas disponíveis, não
é mesmo? Para darmos continuidade a esta jornada de conhecimento, falaremos sobre a ferramenta
descrita como Diagrama de Árvore.
Segundo Paladini (2019), o Diagrama de Árvore é utilizado, estrategicamente, para direcionar o
planejamento e, assim, alcançar os objetivos gerais e específicos. A metodologia proposta por esta fer-
ramenta é voltada ao alcance de metas, tornando o processo de planejamento mais eficiente e direto.
De acordo com Carpinetti (2016), o Diagrama de Árvore tem, por objetivo, o detalhamento, por
meio da distribuição de determinada ação ou de atributos em níveis hierárquicos, seja de um produto,
sejam de objetivos de desempenho de determinada área em uma organização, a partir de um objetivo
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UNIDADE 7
Não
esquenta o pé
Solado
anatômico
Macio
Revestimento
acolchoado
Leve
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta um Diagrama de Árvore composto por três colunas separadas por
duas linhas tracejadas, e cada coluna é identificada como fileira primária, secundária e terciária. A primeira coluna,
à esquerda, é a fileira primária, onde está disposto o objetivo (sapato confortável), sequencialmente, está a fileira
secundária (não esquenta o pé, macio e leve), e a fileira terciária (solado anatômico e revestimento acolchoado).
Durante a execução do Diagrama de Árvore, segundo Toledo et al. (2017), devem ser considerados
os seguintes procedimentos:
- Encontrar medidas viáveis para a solução de um problema: inicialmente, deve ser definido um
objetivo básico relevante ao problema que se busca solucionar bem como deve-se considerar as ações
diretas para atingir o objetivo definido. Nos casos em que as ações dispostas em um primeiro nível não
forem consistentes o suficiente para indicar ações práticas, elas devem ser consideradas como objetivos
a um segundo nível. Essas ações devem ser procuradas por meio de ramificações dos objetivos e com
múltiplos passos ao desdobramento das mesmas.
Se você fosse responsável pelo projeto de um produto composto por vários componentes e
subcomponentes, utilizaria esse diagrama para visualizá-los?
169
UNICESUMAR
- Escolher o tipo de Diagrama de Árvore: produtos, processos, serviços, organização, entre outros,
são objetos ou oportunidades presentes nas empresas ou organizações quando se fala em um
processo ou em ações de melhoria. Para a realização de ações de melhorias nestes itens, deve-se
esclarecer o relacionamento entre os objetivos e significados ou entre a causa e o efeito, conside-
rando os seus elementos constituintes, por exemplo, as características de qualidade de um processo
ou produto. A construção do Diagrama de Árvore com o objetivo de esclarecer o relacionamento
entre objetivo e significados, ou causa e efeito, para os elementos que constituem um processo ou
produto, é chamado de “Diagrama de Árvore do tipo desenvolvimento de elementos constituintes”.
Segundo Toledo et al. (2017), este tipo de diagrama pode ser subdividido em:
a) Diagrama de Árvore de Função: é utilizado para esclarecer o relacionamento entre as
funções básicas e as funções auxiliares. Neste caso, o seu objetivo é encontrar os pontos
de vista que minimizem os custos, melhorar o desempenho dos produtos e a eficiência do
trabalho bem como aumentar o controle dos processos de produção. Esse tipo de diagrama
tem origem na família de árvores funcionais utilizada na análise de função do valor.
b) Diagrama de Árvore da Qualidade: no que tange à qualidade, o Diagrama de Árvore é
utilizado para esclarecer as relações entre a qualidade requerida de um produto ou serviço e
as características que possibilitam alcançar a qualidade desejada. Também é muito utilizado
na identificação das características alternativas que necessitam ter controle intensivo para
produzir a qualidade exigida pelos clientes ou as melhorias para satisfazer ao nível requerido.
c) Diagrama de Árvore de Causa e Efeito: neste tipo de diagrama, as relações entre as causas
e os efeitos podem ser esclarecidas e determinar as causas de determinado efeito.
Vamos testar essa pergunta e ver se ela, realmente, funciona? Volte ao exemplo apresentado na Figura
5 e faça o questionamento:
Fila do objetivo: o que é necessário para que o sapato seja confortável?
Resposta (gera a segunda fila): que ele seja macio, que não esquente o pé e seja leve.
Segunda fila: o que é necessário para que o sapato seja macio?
Resposta (gera a terceira fila): ter solado anatômico e o revestimento acolchoado.
3. Gerar as fileiras seguintes: deve-se fazer a mesma pergunta apresentada no item 2 para as ideias
da segunda fileira; as respostas obtidas dão origem à terceira fileira. Este processo deve ser
170
UNIDADE 7
realizado até que tenham sido consideradas todas as ideias ou até não conseguir gerar novas
ideias pertinentes ao problema.
4. Testar o Diagrama de Árvore: após terminar a geração do Diagrama de Árvore, é importante
que ele seja testado para verificar se há lógica na relação entre as causas e os efeitos identificados.
O teste do diagrama deve ser feito da direita para a esquerda até chegar à ficha de objetivo. Na
realização do teste, deve ser feita a seguinte pergunta: “se essa ideia ou ação for realizada, causará
ou acarretará a próxima ideia?’’ Se a resposta for “sim”, a relação está correta, caso contrário, a
relação do item deve ser reavaliada.
Obter lista
de clientes
Identificar os
clientes
potenciais
Identificar
clientes não
atendidos
Figura 6 - Diagrama de Árvore para vendas / Fonte: adaptada de Toledo et al. (2017).
Descrição da Imagem: a Figura 6 apresenta um Diagrama de Árvore composto por três colunas separadas por
duas linhas tracejadas, e cada coluna é identificada como fileira primária, secundária e terciária. A primeira coluna,
à esquerda, é a fileira primária, onde está disposto o objetivo (aumentar as vendas); sequencialmente, está a fileira
secundária (identificar os clientes potenciais e identificar produtos concorrentes) e a terciária (obter lista de clientes,
identificar clientes não atendidos e obter lista de produtos no mercado).
171
UNICESUMAR
Para mais entendimento dessa ferramenta, veja outros exemplos apresentados nas Figuras 7 e 8.
Descrição da Imagem: a Figura 7 apresenta um Diagrama de Árvore composto por quatro colunas separadas por
três linhas tracejadas. Na primeira coluna, à esquerda, está disposto o objetivo (redução de ppm no cliente), sequen-
cialmente, as ações na coluna secundária (redução de ppm na linha de montagem A e redução de ppm na linha de
montagem B), na coluna terciária (redução de ppm na célula de usinagem A, redução de ppm na célula de usinagem
B, obter lista de produtos no mercado). Na última coluna (redução de ppm do fornecedor).
Projeto
conceitual Modelo de produto Desenho 3D do pinhão
Desenho 3D da coroa
Desenho 3D do diferencial
Figura 8 - Diagrama de Árvore de desdobramento de objetivo de melhoria / Fonte: adaptada de Carpinetti (2016).
Descrição da Imagem: a Figura 8 é composta por quatro colunas separadas por três linhas tracejadas. Na primeira
coluna, à esquerda, está disposto o objetivo (transmissão), sequencialmente, as ações, na coluna secundária (estudo
inicial, projeto conceitual), na coluna terciária (estudar dados adquiridos nos testes, definir valor inicial da relação
final, estudar ângulo de inclinação do eixo, modelo do produto). Na última coluna (redução de ppm do fornecedor,
desenho 3D do pinhão, desenho 3D da coroa, desenho 3D do diferencial e desenho 3D dos eixos).
172
UNIDADE 7
Como você pode ver, a construção do Diagrama de Árvore não é tão complicada quando se estabe-
lece um objetivo específico. Veja que, ao fazer as perguntas apresentadas, a construção das relações se
torna quase que automática e imediata. O importante, neste caso, é ter uma equipe concisa e focada
no problema a ser solucionado.
A Gestão da Qualidade tem sido cada vez mais requisitada nas orga-
nizações. O desenvolvimento das tecnologias ao redor do mundo tem
proporcionado, por meio das facilidades de comunicação e interação
entre clientes e fornecedores, o conhecimento dos processos e produ-
tos, ou seja, para manter a qualidade de uma organização é necessário
que o sistema de gestão seja bem estruturado e que esta estrutura
envolva a utilização de ferramentas. O artigo, no link a seguir, apresenta uma análise das
ferramentas básicas e gerenciais da qualidade em um projeto da construção civil. Um bom
artigo para reforçar e ampliar os conhecimentos adquiridos neste ciclo de aprendizagem.
https://www15.fgv.br/network/tcchandler.axd?TCCID=9118
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
Parabéns! Você chegou ao final desta unidade e, consequentemente, deu mais um passo nesta cami-
nhada rumo ao conhecimento.
As ferramentas apresentadas, aqui, são importantes ao desenvolvimento das ações de melhoria. Po-
rém, diferentemente das ferramentas da qualidade, as ferramentas gerenciais da qualidade têm os seus
objetivos voltados ao auxílio nas atividades de avaliação de um processo ou de um serviço. Outro fator
importante no emprego das ferramentas gerenciais da qualidade é a escolha da que melhor atenderá
às necessidades da empresa ou organização. O interessante, na utilização dessas ferramentas, é que elas
podem ser aplicadas, conjuntamente, com as ferramentas da qualidade e, dessa forma, a obtenção dos
dados para o diagnóstico do problema estudado se torna mais eficiente. Portanto, sugiro que você faça
uso dos recursos disponibilizados para ter ainda mais sucesso.
173
Para aprimorar, ainda mais, o seu aprendizado, proponho que você construa um Mapa Mental
cujo objetivo é identificar os tipos e os objetivos de cada um dos diagramas. Utilize, em seu mapa,
as seguintes palavras-chave: Causa, Efeito, Fluxo.
Bom trabalho!
MAPA MENTAL
174
1. A necessidade de conhecer problemas ligados às atividades de projetos, confiabilidade
e capacidade de processos levou à criação de novas ferramentas, conhecidas como
ferramentas gerenciais da qualidade. Estas foram criadas seguindo alguns princípios.
Sobre esses princípios, leia as assertivas, a seguir.
I) Obtenção de ideias criativas.
II) Ênfase no planejamento.
III) Motivação das pessoas contrárias.
IV) Estabelecimento de prioridades.
V) Prevenção de omissões.
2. O Diagrama de Afinidades, criado por Kawakita Jiro, agrupa ideias semelhantes rela-
cionadas a um tema, auxiliando na solução de problemas ou no esclarecimento de
situações confusas, assim, elimina as redundâncias e identifica as lacunas no processo
de levantamento das ideias. Sobre este processo, descreva como o Diagrama de Afi-
175
3. O Diagrama de Relações é uma ferramenta que tem o objetivo de evidenciar a estrutura
lógica das relações de causa e efeito, por meio de um pensamento multidirecional. Essa
ferramenta é indicada aos casos em que se justifica o esforço da equipe e é recomen-
dada para ser utilizada em alguns casos. Sobre as recomendações de quando utilizar
o Diagrama de Relações, leia as afirmativas, a seguir, e assinale V para Verdadeiro e F
para Falso.
( ) Quando a sequência correta de ações é crítica no desenvolvimento do tema.
( ) Quando a estrutura do problema permite executar um processo.
( ) Quando o diagrama resulta nas divisões de pontos principais.
( ) Quando investigar afinidades entre causa e efeito de um problema.
a) F, V, V, F.
b) F, V, F, F.
c) F, F, V, V.
d) V, F, F, V.
e) V, V, F, V.
176
8
Ferramentas
Gerenciais da
Qualidade II
Esp. Juliano Bertolotti Moura
Iniciaremos respondendo a uma pergunta: o que fazer quando há um problema envolvendo várias
situações que precisam ser organizadas, antes de se tomar uma ação?
Em uma organização, os gestores se deparam com diversas situações que necessitam de decisões
imediatas e com outras situações cujas decisões não podem ser tomadas, imediatamente, pois, devido
à complexidade dos dados ou fatos, é necessário que haja uma avaliação mais detalhada. Uma das
formas de resolver as questões que surgem no dia a dia de trabalho é a utilização de ferramentas que
auxiliam neste processo de entendimento e solução dos problemas.
As situações decorrentes dos processos produtivos ou administrativos desenvolvidos em uma
organização exigem mais entendimento para que as decisões sejam tomadas de forma mais assertiva.
Um caso em que podemos verificar a utilização das ferramentas que abordaremos, nesta unidade,
pode ser relacionado a problemas de não conformidades geradas durante o processo de produção.
Na realização do processo produtivo, é comum ocorrerem falhas que causam desvios na qualidade
dos produtos. Esses desvios devem ser estudados para identificarmos a origem do problema, ou seja,
a causa. As ferramentas já apresentadas auxiliam no processo do estudo, porém, em muitos casos, é
necessária a utilização de ferramentas que proporcionam uma análise mais detalhada da relação entre
causa e efeito do problema a ser analisado.
Para que você possa entenda, ainda mais, as ferramentas que serão abordadas nesta unidade, quero
propor a você uma experiência para a utilização das mesmas.
Imagine que você, como o(a) profissional responsável pela gestão de uma empresa fabricante de
pisos, tem, ultimamente, problemas com o processo de cura das peças. No andamento da cura do piso,
são utilizados fornos e esteiras transportadoras e, ao considerar que os processos anteriores são reali-
zados conforme os requisitos estabelecidos, você deve, urgentemente, identificar o que está gerando o
problema apresentado. Assim, comece a fazer uma relação entre a causa e o efeito, então, ao identificar
estas relações, você deve priorizar as ações para corrigir o problema.
Neste caso, você pode optar por utilizar o diagrama da matriz para avaliar o grau ou a intensidade
da relação entre a causa e o efeito do problema no processo. Posteriormente, você utiliza a Matriz de
Priorização com o objetivo de determinar os itens com mais urgência para serem resolvidos.
DIÁRIO DE BORDO
178
UNIDADE 8
Vimos, anteriormente, alguns diagramas que auxi- terferir, de forma decisiva, no processo ou em uma
liam na obtenção de informações ou dados sobre de suas etapas, tais como matéria-prima.
problemas ocorridos nas organizações. Porém, O Diagrama de Matriz é utilizado nos proble-
veremos, a seguir, mais algumas das ferramentas mas cujas causas não podem ser explicadas em,
utilizadas para auxiliar você na solução de proble- apenas, uma dimensão. Nesse sentido, de acordo
mas que, porventura, venham a ocorrer durante a com Ballestero-Alvarez (2019), esse diagrama é
sua jornada profissional. Muitas vezes, em minha ideal nos casos em que se busca analisar, por meio
caminhada, me perguntava o porquê de tantas de uma análise multifatorial, as relações entre as
ferramentas, sendo que algumas poucas são su- variáveis e o seu significado. Para a utilização des-
ficientes para resolver o problema? Esta pergunta ta matriz, são atribuídos símbolos que identifi-
foi respondida à medida que eu estudava e via a cam a situação e, para cada um dos símbolos, são
diferença e a importância de cada uma delas para atribuídos valores, os quais podem ser adaptados
cada situação. É importante ressaltar que, nestes a qualquer situação, conforme apresentado nos
tempos, em que boa parte das empresas estão em Quadros 1 e 2.
busca de melhorar os seus processos, tudo evolui Grau de Relacionamento em Três Níveis
muito rápido, e nós, profissionais, devemos estar
atentos e abertos a esta evolução. Símbolo Grau de rela- Valor do grau
cionamento de relaciona-
Sem mais delongas, vamos falar dos diagra- mento
mas? Para muitas pessoas ou muitas organizações,
Forte 5
as ferramentas mais conhecidas são as da qualida- Médio 3
de, pois são aquelas que surgiram primeiro e que Fraco 1
resolvem grande parte dos problemas produti-
Não tem rela- 0
vos bem como possibilitam o desenvolvimento ção
de ações de melhorias. Porém, como já vimos,
Quadro 1 - Atribuição de valores em três níveis / Fonte: adap-
as ferramentas gerenciais da qualidade, assunto tado de Toledo et al. (2017).
do qual estamos tratando, são importantes para Grau de Relacionamento em Cinco Níveis
complementar as ferramentas da qualidade.
Dando continuidade ao nosso estudo dessas Símbolo Grau de rela- Valor do grau
cionamento de relaciona-
ferramentas gerenciais da qualidade, estudare- mento
mos o Diagrama de Matriz. No que se aplica esta Forte 9
ferramenta? Se servir de consolo, por não saber Médio alto 7
como e onde aplicá-la, eu também, um dia, me Médio 5
fiz essa mesma pergunta. O Diagrama de Matriz Médio baixo 3
é uma ferramenta desenvolvida para organizar, de Fraco 1
forma racional e lógica, os dados e as informações Não tem rela- 0
decorrentes de determinada situação. Dentre as ção
situações em que ela se aplica, segundo Paladini Quadro 2 - Atribuição de valores em nove níveis / Fonte:
adaptado de Toledo et al. (2017).
(2019), podem estar relacionadas a uma operação,
ação, propriedade ou um elemento que possa in-
179
UNICESUMAR
Os símbolos e pesos ou valores apresentados nos Quadros 1 e 2 são necessários para que se possa
estabelecer o grau em que as situações ou os fatores se relacionam. O Diagrama de Matriz pode ser
usado nas seguintes situações:
• Distribuição de tarefas entre os membros da equipe.
• Organização dos sistemas da qualidade.
• Desdobramento da função qualidade.
• Identificação das causas de problemas.
• Apresentação das relações entre as características de qualidade do produto e os respectivos
itens de controle.
Máquina - - 16
Mão de obra - 19
Método - - 14
Meio ambiente - - - - 4
Medida - - - 7
Matéria-prima - 15
Pontuação 9 19 10 13 12 12 75
180
UNIDADE 8
Observe que o maior valor de pontuação é 19. Portanto, ao identificar o ponto de intersecção da linha
e da coluna que contém a pontuação 19, chega-se ao ponto-chave, ou seja, o problema está na relação
entre a mão de obra e o amassado.
Matriz em T: esta matriz resulta da combinação de dois diagramas de matriz em L, pois parte-se do
princípio de que dois grupos separados de itens ou de variáveis se relacionam a um terceiro. O Quadro
4 apresenta um exemplo de Matriz T.
CAUSA Projeto - -
Material - - -
Manuseio -
do cliente
DEFEITOS Torto Amassado Quebrado Trincado Dimensio- Arranha-
nal do
CAUSA Máquina - -
Mão de -
obra
Método - -
Meio am- - - - -
biente
Medida - - -
Matéria- -
-prima
Conforme apresentado no Quadro 4, a Matriz T atribui os defeitos a dois tipos de causas, sendo
relacionadas a projetos, fornecimento e utilização aquelas que estão localizadas acima da linha dos
defeitos referentes às questões, e as causas apresentadas abaixo da linha dos defeitos estão relacionadas
ao desenvolvimento do processo. Essa matriz tem um grau de complexidade mais alto do que a em
L, e os responsáveis por sua elaboração devem ter mais conhecimento das questões que envolvem a
análise do problema.
Tábua da qualidade: nesta matriz, são apresentadas as relações entre as necessidades e os princípios
para o atendimento das mesmas. Este tipo de matriz possui uma semelhança com o método QFD, o
qual veremos em outro momento, com mais detalhamento.
Há, também, os diagramas em Y e em X. O diagrama em Y, também conhecido como “Matriz em
Tridimensional’’, é utilizado quando há três tipos de variáveis (A, B e C) fazendo a relação entre AB,
AC e BC. A Figura 1 apresenta um modelo desta matriz.
181
UNICESUMAR
C1 C2 C3 B1 B2 B3
A1
A2
A3
Descrição da Imagem: a Figura 1 representa uma matriz em Y, dentro dela há símbolos que identificam a situação
de correlação entre as variáveis. Encontra-se com sete colunas na parte inferior, dividida em quatro linhas. Na parte
superior da matriz, as linhas e colunas estão colocadas em um formato triangular, o qual dispõe de linhas transversais
para indicar os pontos de intersecção entre as variáveis.
A Matriz em X, devido à quantidade de relações, não é, comumente, utilizada, pois, nela, usa-se a
relação de quatro variáveis, sendo estas relações entre AB, AD, CB e CD. O Quadro 5 apresenta um
exemplo da Matriz em X.
C1
C2
C3
C4
B1 B2 B3 B4 D1 D2 D3 D4
A1
A2
A3
A4
Observe que a Matriz em X estabelece quatro quadrantes utilizados para a determinação das relações
entre as variáveis.
Agora que você já conhece os diagramas que envolvem matriz, veremos outro tipo de diagrama.
Já vimos alguns que são muito úteis para identificar as causas dos problemas, porém não adianta,
somente, identificar as causas, é necessário priorizar as ações. Para esta priorização, temos uma
matriz específica chamada de “Diagrama de Matriz de Priorização”, e é ela que abordaremos, a
partir de agora. Portanto, aproveitando que você já está envolvido(a) e familiarizado(a) com os
diagramas, lhe convido a aprender sobre esta matriz tão importante.
182
UNIDADE 8
A Matriz de Priorização, como o próprio nome indica, relaciona fatores e critérios de prioridade.
são um exemplo de utilização dessa matriz priorizar uma lista de ações de melhoria com base em
critérios como: redução de custos internos e melhoria da satisfação do cliente. Também podem
ser estabelecidas prioridades voltadas à eliminação ou à redução de um problema ou falha de um
produto, tomando, como base, os valores atribuídos a critérios empregados no método FMEA
(Fault Mode and Effect Analysis), sendo esses critérios: severidade, ocorrência e detecção da falha
(CARPINETTI, 2016).
De acordo com Toledo et al. (2017), a Matriz de Priorização é desenvolvida, especialmente,
para gerar a ordenação de uma lista de itens. Os diagramas estudados, anteriormente, permiti-
ram a organização de uma lista abordando itens de determinado tema. O Diagrama de Matriz
de Priorização, por sua vez, ordena os itens em função de critérios com pesos diferentes. Nesse
sentido, a matriz proporciona a redução e a ordenação do número de itens ou de ações a serem,
racionalmente, implementadas.
Segundo Toledo et al. (2017), a Matriz de Priorização deve ser utilizada quando:
• Os pontos-chave de um tema forem identificados, mas a quantidade dos pontos tiver que ser
reduzida.
• Houver concordância de todos com os critérios de solução, mas discordância da ordem ou da
sequência de implementação.
• Existirem recursos limitados e, portanto, necessários para ordenar e priorizar.
• Existirem dificuldades em sequenciar a execução de uma solução.
183
UNICESUMAR
Você acha que pode alcançar algum objetivo sem que haja definições para o que será estu-
dado? Os insucessos de algumas ações de melhoria podem ser atribuídos à falta de estabe-
lecimento de critérios?
• Avaliar, relativamente, os critérios: a importância relativa dos objetivos pode ser definida por
meio de um número, ou seja, o peso do critério. Em alguns casos, o peso pode ser obtido por
meio da análise dos dados distribuídos em um Gráfico de Pareto. Em outros casos, é necessá-
rio construir uma Matriz de Avaliação Relativa, sendo que ela permitirá a construção de uma
Matriz de Julgamento, contendo os pesos dos critérios estabelecidos na última coluna. Para a
construção da Matriz de Avaliação Relativa, é feita uma comparação entre as linhas e as colunas,
assim, deve ser respondida a seguinte questão: “considerando os aspectos de matéria-prima,
cliente e custo, qual é a importância relativa do critério ‘arranhado’ comparado ao ‘deformado?
’”. Para responder a esta questão, é preciso usar a escala apresentada na Tabela 1.
Descrição Peso
Extremamente importante 10
Muito importante 5
Igualmente importante 1
Menos importante 1/5
Extremamente menos importante 1/10
A avaliação dos itens que devem ser analisados é designada nas linhas e colunas. A avaliação com-
parativa desses itens deve ser realizada da mesma forma, da linha para as colunas. Para definir o
fator a cada comparação feita, segundo Toledo et al. (2017), deve ser respondida a seguinte pergunta:
“Segundo o critério (X), qual é a importância do item (Y) quando comparado ao item (Z)? ”.
Por exemplo: segundo o critério deformado, qual é a importância do item do equipamento quando
comparado ao item matéria-prima?
A Tabela 2 apresenta um exemplo de Matriz de Avaliação Relativa e critérios. Nessa tabela, são
avaliados os defeitos identificados como arranhado, deformado e amassado. Vejamos o exemplo:
Critério 1 Critério 2 Critério 3
184
UNIDADE 8
Fator 2 Deformado 5 - 10
Ao observar os pesos nas intersecções das linhas com as colunas apresentados na Tabela 2, temos que:
1. O critério Arranhado é muito menos importante do que Deformado.
2. O critério Arranhado é, extremamente, mais importante do que Amassado.
3. O critério Deformado é muito menos importante do que Arranhado.
4. O critério Deformado é, extremamente, mais importante do que Arranhado.
Neste caso, o fator Amassado apresenta pesos muito maiores do que os demais fatores. A eliminação
de um critério deve ocorrer, somente, quando apresentarem diferenças significativas.
A construção da Matriz de Julgamentos é desenvolvida utilizando os pesos atribuídos aos critérios
estabelecidos na Matriz de Avaliação Relativa. Neste caso, os valores expressos em fração são convertidos
para números decimais. Um exemplo desta conversão é apresentado na Tabela 3, em que os valores
apresentados na Tabela 2 foram convertidos em valores percentuais.
Critério 1 Critério 2 Critério 3
Fator 2 Deformado 5 - 10
Após a conversão dos valores de fração em valores decimais, partimos para a confecção da Matriz
de Julgamento de Critérios. A construção dela é feita com base na Matriz de Avaliação Relativa de
Critérios, conforme apresentado na Tabela 2. Neste caso, adicionam-se mais quatro colunas, sendo
elas: dos valores totais, de percentual, dos pesos e dos pesos utilizados. Nesta última coluna, é feito o
arredondamento dos valores obtidos na coluna de pesos. Também é criada uma linha destinada a ser
preenchida pelas somas dos valores distribuídos nas colunas. Para estabelecer os valores das novas
colunas, devem ser seguidos os passos descritos a seguir:
1. Na coluna descrita como total, deve-se somar os valores atribuídos a cada linha.
2. Somam-se os valores da coluna Total para obtenção dos valores totais de todas as linhas.
3. Calculam-se os valores percentuais dividindo o total de cada linha pelo resultado da soma de
todas as linhas. Exemplo: 10,20 (total da primeira linha) / 25,40 (total da soma de todas as linhas).
4. Na coluna Pesos, os valores percentuais são divididos por 10.
185
UNICESUMAR
5. Na coluna Pesos utilizados, os valores obtidos na coluna Pesos são arredondados, conforme
as regras de arredondamento.
A Tabela 4 apresenta o exemplo de uma Matriz de Julgamento cujos critérios foram preenchidos com
base nos valores apresentados na Tabela 3.
Arranhado Deformado Amassado Total % Pesos Pesos utilizados
Estabelecida a Matriz de Julgamento de Critérios, vejamos as Matrizes de Avaliação dos critérios des-
critos como Deformado e Arranhado, em relação aos fatores Máquinas, Método, Mão de obra (MO)
e Matéria-prima (MP). As avaliações são apresentadas nas Tabelas 5 e 6, consecutivamente.
Máquina Método MO MP Totais Índice de importância (%)
Tabela 5 - Matriz de Avaliação segundo o critério Deformado / Fonte: adaptada de Toledo et al. (2017).
Tabela 6 - Matriz de Avaliação segundo o critério Arranhado / Fonte: adaptada de Toledo et al. (2017).
186
UNIDADE 8
Os valores apresentados na coluna Índice de importância são valores aproximados devido à quantidade
de casas decimais resultantes, ou seja, os valores foram arredondados.
Após ter feito as avaliações, uma última matriz é desenvolvida para indicar os valores globais, ou seja,
é a partir dos cálculos realizados com o objetivo de compor os valores da tabela que são estabelecidos
os fatores de importância para cada um dos fatores que causam os problemas. A Matriz de Avaliação
é desenvolvida da seguinte maneira:
1. Multiplica-se o valor do peso de cada critério estabelecido na Tabela 4 e multiplica-se esse valor
pelo fator de importância obtido na Matriz de Avaliação do critério correspondente.
2. Somam-se os valores totais das linhas de cada fator.
3. Calcula-se o valor de importância para cada fator.
A Tabela 7 apresenta a Matriz de Avaliação Global contendo os valores obtidos após a realização dos cálculos.
Arranhado Deformado Totais Índice de importância
Ao analisar os valores obtidos na Tabela 7, temos que o método possui o maior índice de importância
com 2,66%; a máquina é o segundo fator com maior importância com o valor de 2,51%; a matéria-
-prima é o terceiro fator com maior importância com o valor de 2,50%; por fim, a mão de obra que
representa um índice de importância de 2,33%. Portanto, neste caso, as ações de melhoria devem ser
iniciadas verificando as condições da máquina.
Observe que os resultados são muito próximos e com diferenças que, à primeira vista, parecem não
ser significativas ao tratar das causas de determinado problema, porém deve-se levar em consideração
qual o tipo de processo e a quantidade de produtos fabricados em determinado espaço de tempo, seja
hora, seja dia, semana etc. Em função destas características, mesmo um percentual muito pequeno
pode representar grandes perdas à empresa. Por isso, o(a) gestor(a) da qualidade deve estar atento(a)
aos mínimos detalhes.
Outra matriz de priorização bastante utilizada é a Matriz Failure Mode and Effect Analysis –
FMEA, que, traduzido, significa “Análise do Modo e do Efeito de Falha”. Esta ferramenta tem o
objetivo de identificar, qualitativamente, os possíveis modos de falhas e os efeitos causados pelas
falhas identificadas. Trata-se de um método que tem, como base, uma tabela contendo uma série
de colunas que serão preenchidas com as informações obtidas durante a análise. O importante
187
UNICESUMAR
188
UNIDADE 8
13. Resultados das ações: apresenta os resultados reais obtidos em função das ações tomadas,
devendo ser apresentado em termos de severidade, ocorrência, detecção e NPR. Ou seja, são
descritos os mesmos valores analisados e aprovados nas colunas anteriores, de forma a promover
a comparação do antes com o depois.
Durante a utilização dessa ferramenta, é necessário usar critérios para as entradas dos dados ou das
informações, pois ão esses critérios que proporcionam a avaliação dos impactos sobre as saídas. O
Quadro 6 apresenta uma proposta de critérios para ser utilizada no desenvolvimento da análise.
Probabilidade de ocorrência Gravidade para o cliente Probabilidade de detecção
1 = Muito remota 1 = Muito alta
2 = Muito pequena 1 = Apenas perceptível 2 = Alta
3 = Pequena 2 = Pouca importância 3 = Relativamente alta
4 = Moderada 3 = Importante 4 = Moderada
5 = Média 4 = Moderadamente grave 5 = Pequena
6 = Alta 5 = Grave 6 = Muito pequena
7 = Muito alta 6 = Extremamente grave 7 = Remota
Quadro 6 - Critérios de ponderação dos fatores no FMEA / Fonte: Ballestero-Alvarez (2019, p. 239).
Ações recomendadas
Índice de severidade
Responsável e prazo
Índice de ocorrência
Função do processo
Índice de detecção
Ações tomadas
Severidade
Ocorrência
Detecção
NPR
NR
189
UNICESUMAR
Quadro 8 - Exemplo de FMEA para a análise de um sistema de freios / Fonte: Carpinetti (2016, p. 98).
190
UNIDADE 8
Ufa, quanta informação! Não se preocupe, com - Atingir o objetivo por meio do julgamen-
certeza, você terá pleno entendimento das ferra- to, ao passo que o processo se desenvolve, e
mentas apresentadas. Porém, realmente, são muitas da execução do plano. Neste caso, os objetivos
as ferramentas que nos possibilitam gerir um são atingidos à medida que os problemas, ad-
sistema de gestão da qualidade de uma empresa vindos da execução do plano, são resolvidos
ou organização. Você poderá, ao longo de sua vida de acordo com as soluções adequadas e o apri-
profissional, utilizar a ou as ferramentas que melhor moramento desse.
atenderem às suas necessidades. Então, conhece- - Elaborar estratégia para que situações gra-
remos mais uma destas ferramentas gerenciais da ves sejam evitadas, mediante o detalhamento
qualidade. Abordaremos, a partir de agora, a ferra- das previsões do processo que leva aos resul-
menta Diagrama do Processo Decisório! tados, sejam desejados ou indesejados. Neste
O que você faria em uma situação em que fos- caso, em que há possibilidade de ocorrência de
se necessário tomar uma decisão e não houvesse situações graves, busca-se evitar que elas se tor-
uma resposta para o problema? Não é fácil quan- nem realidade, prevendo, sob vários aspectos,
do essa situação ocorre, pois ficamos à mercê de as possíveis tendências (positivas ou negativas)
alguns fatores que não nos permitem decidir ou que o fato poderá tomar (TOLEDO et al., 2017).
definir uma ação pelo fato de não termos nenhum Esta ferramenta é desenvolvida em alguns
ponto de referência. O Diagrama do Processo passos, conforme descrito a seguir:
Decisório – DPD ou Process Decision Programme 1. Definição dos pontos de início e de fim:
Chart – PDPC, como é chamado em inglês, foi o ponto de início é definido quando uma
desenvolvido com a função de estabelecer todos oportunidade de solução do problema for
os meios para que um objetivo seja alcançado, detectada. O problema resolvido indica o
apresentando todos os problemas que possam vir ponto final; o ponto de início deve conter
a ocorrer e as possíveis ações a serem tomadas, um traço simples na cor vermelha ou um
caso os problemas ocorram. Esse diagrama é uti- traço de espessura maior, sendo posicio-
lizado na fase de planejamento, sendo que, nela, nado no topo do diagrama. O ponto final
a ferramenta auxilia na busca de antecipação das deve conter uma linha dupla e ser posicio-
respostas às perguntas fatais que, frequentemente, nado na parte inferior do diagrama.
se evita fazer e, que, quando são feitas, levam à 2. Traçar um plano otimista: idealizar os
falha do planejamento pela ausência de respostas itens de execução considerando os da-
(TOLEDO et al., 2017). dos em que os resultados das execuções
De acordo com Carpinetti (2016), o Diagra- são favoráveis. Para os resultados ima-
ma do Processo Decisório sistematiza o proces- ginados, utilizam-se elipses. Para itens
so empregando o encadeamento entre as de- voltados à execução, devem ser utilizados
cisões tomadas por meio de um Diagrama de retângulos e, para a ligação entre os ca-
Árvore. As decisões se referem à explicação para minhos, são usadas setas largas. A partir
determinado problema que está sendo analisado deste ponto, já é possível desenvolver o
ou às ações para atingir um objetivo. Alguns plano. A Figura 2 apresenta um exemplo
aspectos são atribuídos a esse diagrama, são eles: de desenvolvimento.
191
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a Figura 2 é formada por um fluxo vertical contendo figuras geométri-
cas que indicam cada fase ou etapa de um processo. Na parte superior do diagrama, há uma
elipse na cor vermelha representando o início. Logo abaixo, uma seta direcionando o fluxo para
baixo e, em seguida, um retângulo. E assim, sucessivamente, se repete, alternando entre elipse
e retângulo, sempre seguido de uma seta. No total, são três elipses, três retângulos e cinco
setas. O último retângulo, na parte inferior, contém linha dupla, indicando o fim do diagrama.
3. Pensar sobre os fatos que se imagina não darem certo: avaliar, sob várias pers-
pectivas, os casos que poderão acarretar resultados desfavoráveis ao plano estabelecido.
Após esta etapa, desenha-se uma seta simples, a partir dos itens para a execução do
plano e desenha-se uma figura na ponta da seta. Essa figura deve ser preenchida com
o resultado negativo que, porventura, possa ocorrer. Vejamos um exemplo na Figura 3.
192
UNIDADE 8
4. Montar o plano antes de iniciar a execução: esta fase é quando são estabelecidas as novas saídas
aos resultados negativos que foram determinados no passo anterior. Essas saídas são imprescin-
díveis para que se possa retomar o caminho do plano, acrescentando a eles itens de execução.
Pode haver casos em que a sequência gera incertezas, então, um ponto de interrogação pode
ser colocado.
5. Desenvolver as sequências do plano: durante o desenvolvimento do processo, os resultados
dos itens executados vão surgindo e as situações, definidas. A partir dessas ações, novas provi-
dências devem ser pensadas e acrescentadas à sequência dos itens executados. A identificação
dos pontos resolvidos ou concluídos deve ser por meio de setas mais grossas, identificando-as
com a data em que foi executada. À medida que o plano é concluído, as execuções também
serão. A Figura 4 apresenta um plano contendo os itens executados.
Descrição do Descrição do
resultado resultado
desfavorável desfavorável
Descrição do
resultado
desfavorável
Descrição do
resultado
desfavorável
Figura 4 - Plano com itens executados para os problemas imaginados / Fonte: adaptada de Toledo et al. (2017).
Descrição da Imagem: na parte superior do diagrama, há uma elipse na cor vermelha representando o início, logo
após, há uma seta direcionando para baixo e, em seguida, um retângulo. Ao lado direito e esquerdo do retângu-
lo, encontra-se uma seta direcionada a uma elipse de tamanho maior, onde está escrito: Descrição do resultado
desfavorável. Estas elipses estão ligadas a retângulos pequenos, localizado logo abaixo. O da esquerda está sem
escrita, o da direita traz um ponto de interrogação. O retângulo menor da esquerda está ligado ao segundo retân-
gulo do diagrama. O segundo retângulo do diagrama tem uma seta direcionada a um círculo do lado direito, em
que está escrito: Descrição do resultado desfavorável. Mais abaixo, em uma elipse, também se encontra uma seta
direcionada a um círculo do lado esquerdo, onde está escrito: Descrição do resultado desfavorável, e há uma seta
direcionada a um retângulo, com uma linha dupla na cor preta indicando o final do ciclo. No total, são três elipses,
três retângulos e cinco setas.
193
UNICESUMAR
Ao estudar o Diagrama de Matriz de Priorização, podemos observar que se trata de uma ferra-
menta importante e que se assemelha a um Diagrama de Árvore. Carpinetti (2016) descreve a
aplicação dessa ferramenta como uma árvore de falhas (FTA – Fault Tree Analysis), conforme
apresentado na Figura 5.
Descartar a
Não
alternativa
A alternativa é Descartar a
viável? Não alternativa
A alternativa é
Sim
satisfatória?
Levar a outras
Sim
avaliações
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta um retângulo, à esquerda, em que está escrito: A alternativa é viável?
Com setas direcionando para duas elipses pequenas, uma em cima, com a palavra “Não”, e outra embaixo, mostrando
“Sim”. As duas elipses pequenas estão juntas a dois retângulos, um acima, que apresenta: “Descartar a alternativa”,
e um abaixo, em que está escrito: “A alternativa é satisfatória? ”. O retângulo de baixo tem setas direcionando para
duas elipses pequenas, uma em cima, escrito “Não”, e outra embaixo, escrito “Sim”. As duas elipses pequenas estão
juntas a dois retângulos, um acima, escrito: “Descartar a alternativa”, e um abaixo, escrito: “Levar a outras avaliações”.
No total, são cinco retângulos, quatro elipses pequenas e quatro setas.
Até este momento, foram apresentadas diversas ferramentas, porém ainda existem outras e cada uma
delas contribui para o processo de melhoria das empresas e/ou organização. Algumas nos auxiliam
nas atividades envolvendo não só a vida profissional, mas também a nossa vida pessoal. Você acredita?
Me pego, muitas vezes, aplicando certos conceitos e ferramentas em minha casa. Por isso, é importante
conhecer e aplicar as ferramentas apresentadas, conforme as necessidades do que se busca analisar.
Das sete ferramentas gerenciais da qualidade, já tratamos de seis, portanto, veremos a sétima e
última. A pergunta é: diante de tantas técnicas apresentadas e formas de buscar soluções para os
problemas em uma organização, como planejar as atividades de forma que atinjam o objetivo pro-
posto? Sim, esta pergunta é bem pertinente para o momento, pois de nada adianta termos grande
quantidade de ferramentas à disposição se não sabemos como planejar as ações. A ferramenta
que estudaremos, a seguir, tratará desta questão. Qual é essa ferramenta? O Diagrama de Setas.
O Diagrama de Setas, também conhecido como “Diagrama de Atividades”, é utilizado para
desenvolver o planejamento de um cronograma de atividades que seja mais conveniente à realiza-
ção de determinado trabalho. Segundo Carpinetti (2016), essa ferramenta é utilizada para atingir
determinado objetivo, principalmente, quando há um grande número de atividades que têm outras
precedentes. Para Toledo et al. (2017), o Diagrama de Setas, além de auxiliar no planejamento,
também permite o monitoramento da execução das tarefas para que sejam concluídas no tempo
194
UNIDADE 8
previsto. Normalmente, tal diagrama é utilizado organização, dessa forma, garante-se que todos
no acompanhamento de projetos em que há os pontos de vista sejam considerados. Vejamos,
criticidade quanto ao cumprimento dos prazos. a seguir, como deve ser o processo de desenvol-
Assim, segundo Toledo et al. (2017), essa ferra- vimento dessa ferramenta:
menta pode ser aplicada no acompanhamento 1. Organizar a equipe: as pessoas devem ser
de atividades para: escolhidas de forma que tenham condi-
• Implementar diretrizes da alta adminis- ções de contribuir, efetivamente, e que se-
tração. jam capazes de estabelecer as atividades, a
• Desenvolver novos produtos. sua sequência e o seu tempo de duração.
• Planejar a produção para o atendimento Se possível, os executores do projeto de-
emergencial de clientes. vem fazer parte da equipe.
• Preparar eventos. 2. Desenvolver a lista de atividades: o início
da construção do diagrama ocorre por
Uma das características do Diagrama de Setas é a meio da elaboração de uma lista conten-
necessidade de saber quanto tempo demora para do as atividades mais importantes e que
realizar cada uma das atividades que farão parte precisam ser realizadas. O registro pode
do diagrama. Também é importante conhecer a ser feito em uma folha ou em fichas prees-
simbologia empregada na construção da ferra- tabelecidas para facilitar a construção.
menta. Vamos conhecê-los? 3. Desenvolver as fichas de atividades: cada
• Setas e linhas sólidas indicam o trabalho uma das atividades deve ser anotada em
necessário para a execução de um plano. uma folha ou em fichas que representa-
• Setas sem linhas descontínuas indicam rão os retângulos. Essas folhas ou fichas
uma simulação. podem assumir cores diferentes para fa-
• Círculos indicam um nó. cilitar a identificação de setores ou áreas
• Retângulos descrevem as atividades e o da organização.
tempo para a sua realização. 4. Relacionar as fichas de atividades: nes-
ta fase, deve-se colocar sobre uma mesa
Alguns cuidados devem ser tomados para que a uma folha de papel em tamanho suficiente
construção e a compreensão do diagrama sejam para desenvolver o diagrama. Posicionar
facilitadas. São eles: à esquerda a ficha da primeira atividade a
• Não desenhar mais de uma atividade para ser executada e, com base nela, posicionar
um par de nós. as demais fichas, obedecendo a ordem de
• Evitar o cruzamento de setas. execução, sempre da esquerda para a di-
• Indicar as setas sempre da esquerda para reita. As fichas com atividades duplicadas
a direita. ou desnecessárias devem ser descartadas.
Já as atividades que são necessárias, po-
Assim como os demais diagramas, o Diagrama rém não identificadas, na lista elaborada,
de Setas deve ser elaborado por uma equipe mul- previamente, devem ter as fichas confec-
tidisciplinar e envolvida nas diversas áreas da cionadas e acrescentadas às demais.
195
UNICESUMAR
5. Preparar o diagrama: as atividades são preparadas por meio de nós, conectando-os por setas.
O objetivo é construir a primeira versão do diagrama.
6. Revisar o diagrama: definida a primeira versão do diagrama, é conveniente que seja revisado.
Para esta revisão, deve-se responder às seguintes questões:
a) A atividade contribui para alcançar o objetivo?
b) As atividades estão, corretamente, posicionadas?
c) Falta alguma atividade para completar o plano?
7. Determinar os tempos: nesta etapa, devem ser determinados os tempos de duração para cada
atividade (início e fim). O último nó indicará a estimativa do tempo de duração de todo o projeto.
A Figura 6 apresenta um exemplo em que você poderá identificar as fases de construção do Dia-
grama de Setas.
Atividade Precedência
D F A
3 4 6
G B A
B H C A
A D B
1 2 8 E C
I F D
C E G F
5 7
H D
I E
Descrição da Imagem: a Figura 6 apresenta um fluxo direcional (esquerda para direita) contendo círculos pequenos
d com números (1 a 8) ligados por setas direcionais. Sobre cada seta, é escrita, entre os círculos, uma letra maiúscula
(A, B, C, D, E, F, G, H, I) para identificar o trajeto. O primeiro círculo se liga, diretamente, ao segundo. O círculo de
número 2 se divide em duas vias, sendo uma superior, contendo a sequência de três círculos identificados com os
números 3, 4 e 6. A via inferior contém a sequência de dois círculos identificados com os números 5 e 7. As duas
vias se conectam a um círculo final identificado com o número 8.
196
UNIDADE 8
3 5
• Atividade fictícia 4
Também chamada de atividade simulada, ela
indica que existem duas atividades, de fato,
paralelas entre eventos, porém a atividade No caso, a seguir, a atividade 9-10 não pode
fictícia não consome tempo. A sua ser iniciada até que estejam completadas as
representação é feita por meio de linha atividades 6-9, 7-9 e 8-9.
pontilhada, assim:
7
3 5
6 9 10
4
8
Descrição da Imagem: a Figura 7 apresenta três textos explicativos para atividades realizadas em um Diagrama de
Rede. No canto esquerdo superior, é apresentado um texto sobre a atividade simples e, logo abaixo, há dois círculos
pequenos, descritos como 1 e 2, contendo uma seta direcional para indicar o sentido da atividade. No canto inferior
esquerdo, é apresentado o texto sobre a atividade fictícia e, logo abaixo, são apresentados três círculos pequenos
com os números 3, 4 e 5, respectivamente, ligados por setas indicativas partindo do círculo de número 3. Este liga
o círculo 4 com uma seta pontilhada, e o número 4 liga ao círculo de número 5, por meio de uma seta cheia, na cor
preta. O círculo de número 3 também é ligado, diretamente, ao círculo de número 5, por meio de uma seta de cor
cheia. Do lado direito da figura, são descritos dois textos explicativos sobre a atividade que envolve a bifurcação. Logo
abaixo do primeiro texto, há um fluxo com três círculos pequenos contendo os números 3, 4 e 5, respectivamente,
ligados por setas indicativas partindo do círculo de número 3. O círculo de número 3 liga o círculo 4 e 5, por meio
de uma seta cheia. O círculo de número 3 também é ligado, diretamente, ao círculo de número 5, por meio de uma
seta de cor cheia. Abaixo do segundo texto, é apresentado um fluxo contendo círculos pequenos identificados com
números de 7 a 10. Os três primeiros círculos são independentes e se ligam ao círculo de número 9, por meio de
setas direcionais, o círculo 9 se liga, diretamente, ao círculo identificado com o número 10.
Também podemos observar que o Diagrama de Setas pode assumir vários tipos de conexão, conforme
apresentado na Figura 8.
197
UNICESUMAR
3 5 6 3 5
7 8
4 7 4 6
As atividades 3-4, 4-5 e 5-3 formam um ciclo fechado. Isso significa que 3 deve ocorrer
antes de 4; por sua vez, 4 deve ocorrer antes de 5, este deve ocorrer antes de 3, o que é
impossível. Note, na ilustração a seguir, que o evento 4 aparece duas vezes, o que é errado.
3 4 5 4
Descrição da Imagem: a Figura 8 apresenta quatro textos explicativos sobre o Diagrama de Setas. O primeiro
texto, no canto superior esquerdo, apresenta a atividade fictícia redundante. Abaixo do texto é apresentado um
fluxo contendo cinco círculos pequenos, dispostos na horizontal, descritos com números de 3 a 7 que se conectam
com setas direcionais. O fluxo se inicia no círculo de número 3 com uma seta pontilhada que liga o círculo de nú-
mero 4. Uma seta cheia sai do círculo 3 e se liga ao círculo de número 5, do número 5 sai uma seta para os círculos
de número 4 e para o círculo de número 6. Do círculo de número 4 sai uma seta para o círculo de número 7. O
segundo texto, localizado na parte central do lado esquerdo da figura, descreve os ciclos fechados. Logo abaixo,
é apresentado um fluxo com três círculos pequenos que trazem os números de 3 a 5. O fluxo inicia com uma seta
chegando no círculo 3 e que liga o círculo 5. O círculo 5 se liga ao círculo de número 4. Uma seta direcional sai do
círculo 5 e não se liga a nenhum outro círculo, indicando que o fluxo continua. Mais abaixo, é apresentado um texto
explicativo sobre como ocorre o ciclo fechado entre os círculos de número 3, 4 e 5. Embaixo do texto, há um fluxo
contínuo contendo 4 círculos pequenos na ordem numeral 3, 4, 5 e 4, ligados por setas direcionais. Do lado direito
da figura, é apresentado o texto explicativo sobre as simulações redundantes. Embaixo do texto, é apresentado um
fluxograma contendo quatro círculos pequenos dispostos em duas linhas, em cima, dois círculos descritos como 3
e 5 e, embaixo, dois círculos descritos como 4 e 6, todos conectados por meio de setas direcionais. Os círculos 5
e 6 se conectam a um único círculo descrito com o número 7, por meio de setas direcionais pontilhadas. O círculo
de número 7 se conecta a outro círculo pequeno, descrito com o número 8. Logo abaixo, há um texto explicando a
forma correta dessa rede. Abaixo é apresentado um fluxo contendo dois círculos pequenos identificados como 3 e
4 que se ligam ao círculo de número 7, por meio de setas direcionais pontilhadas. O círculo de número 7 se conecta
a outro círculo pequeno, descrito com o número 8.
198
UNIDADE 8
A ferramenta Diagrama de Setas, segundo Carpinetti (2016), é desenvolvida e aplicada pela técnica
PERT/CPM.
199
Muito bem, caro(a) estudante. Esta jornada é muito importante, porém o essencial é ter a certeza
de que tudo o que você já estudou, até este momento, são recursos que lhe proporcionarão o
crescimento pessoal e profissional. Contudo para que você fixe, ainda mais, o conteúdo apresen-
tado, sugiro o desenvolvimento de um Mapa Mental contendo as ferramentas apresentadas e a
sua utilização no processo de gestão da qualidade.
Para o desenvolvimento do Mapa Mental, utilize as palavras-chave: Processo; Tempo; Ferramenta;
Diagrama; Utilização; Desenvolvimento; Melhoria.
MAPA MENTAL
200
1. Quando falamos de ferramentas gerenciais da qualidade, o Diagrama de Matriz é utili-
zado para organizar, de forma lógica e racional, os dados e as informações decorrentes
de determinada situação. Com base no exposto, responda: quais são as situações que
podem estar relacionadas à aplicação desta ferramenta?
a) F, V, F, F.
b) F, V, F, V.
c) F, F, V, V.
d) V, F, V, V.
e) V, V, F, F.
201
4. A Matriz de Priorização tem o objetivo de ordenar os itens em função de critérios es-
tabelecidos com pesos diferentes. Nesse sentido, a matriz proporciona a redução e a
ordenação do número de itens ou ações a serem implementadas de forma racional.
Sobre a Matriz de Priorização, analise a Matriz de Avaliação Global apresentada na
tabela, a seguir, e descreva a ordem de priorização, conforme o índice de importância.
202
9
Metodologias,
Técnicas e Demais
Ferramentas da
Qualidade
Esp. Juliano Bertolotti Moura
Você já deve ter compreendido que inúmeras falhas acontecem desde a produção de um produto até o
serviço de venda ou a instalação do mesmo, não é mesmo? É cansativa para todos da equipe a repetição
dessas falhas e, muitas vezes, elas são mitigadas pela qualidade, gerando, assim, muitos descontenta-
mentos aos clientes. Diante de um cenário em que você precise definir ações à melhoria do processo,
qual seria a ferramenta ideal para orientá-lo(a) neste trabalho? Existe alguma ferramenta específica?
Estamos chegando à etapa final desta jornada de conhecimento. Vimos, em nossa unidade anterior,
as ferramentas gerenciais da qualidade, com as quais aprendemos a fazer algumas análises de situações
que encontramos no dia a dia das organizações. Porém você acha que acabaram as ferramentas utili-
zadas para auxiliar na Gestão da Qualidade? A resposta é: não! Ainda existem diversas ferramentas
disponíveis que podem ser utilizar no desenvolvimento das atividades. Essas ferramentas, assim como
as já apresentadas, têm o objetivo de auxiliar o(a) gestor(a) tanto nas análises e soluções de problemas
quanto no desenvolvimento de processos de melhoria e tomadas de decisão bem como na organização
das ações necessárias para alcançar os objetivos propostos.
Hipoteticamente, analise esta situação: você é o(a) gestor(a) da qualidade de uma empresa fabricante
de portas e janelas de aço. A sua função é acompanhar o processo de fabricação e verificar, além da
qualidade do produto, a qualidade do processo. Em determinada situação, você percebe que há um
problema com o tamanho do corte das barras de aço que são soldadas nas esquadrias, formando a
parte interna da porta. Diante do cenário apresentado, você, como gestor(a), deve realizar uma ação
para resolver o problema. Qual seria essa ação?
Ao estudar e conhecer as ferramentas da qualidade, você pode utilizar algumas ferramentas para
analisar o problema, antes de tomar qualquer decisão. Antes de mais nada, ele precisa ser avaliado, ou
seja, deve-se entender a causa-raiz, pois, caso contrário, esse problema pode ser tratado, superficial-
mente, e voltar a acontecer. Após ter o conhecimento da causa-raiz, você deve realizar as ações para
que o problema seja resolvido. Algumas das ferramentas de diagnóstico já lhe são conhecidas, pois,
as estudamos, mas conheceremos algumas outras, agora. Assim, lhe proponho pensar nas possíveis
causas do problema apresentado e apontar as dificuldades encontradas para resolvê-lo. Utilize o seu
Diário de Bordo quando registrar os seus apontamentos.
DIÁRIO DE BORDO
204
UNIDADE 9
Muito bem! As ferramentas utilizadas para gerir a qualidade são imprescindíveis para que o(a) gestor(a),
no desenvolvimento de suas atividades, possa organizar e controlar o desenvolvimento das tarefas a
serem realizadas à manutenção e à promoção da qualidade; seja de produtos, seja de processos, pessoas,
entre outros. Assim, algumas ferramentas foram desenvolvidas para facilitar a vida do(a) gestor(a).
Então, vamos ver como se desenvolve a gestão, utilizando-as?
A primeira ferramenta que abordaremos é o famoso 5W2H. Ela possibilita envolver todas
as variáveis objetivas que englobam determinado planejamento. Nessa ferramenta, ao passo
que se elabora a planilha, são preenchidos os quadros com as informações necessárias para o
desenvolvimento de determinado projeto. O 5W2H permite ao gestor ou à gestora resgatar as in-
formações de mais importância e significância a respeito do projeto que está sendo desenvolvido
(BALLESTERO-ALVAREZ, 2019). Ou seja, é uma ferramenta que auxilia na estruturação de um
plano de ação, por meio dos seguintes questionamentos:
Faremos uma aplicação com a situação sobre o tamanho das barras de aço utilizadas na parte central
da porta. Digamos que você identificou o problema, agora, precisa resolvê-lo, porém, para isso, precisa
definir como serão desenvolvidas as ações. Neste caso, digamos que você identificou que o problema
está no gabarito de corte. Utilizando as perguntas apresentadas anteriormente, você, então, inicia o
desenvolvimento das ações, por meio do desenvolvimento de uma planilha, pois este recurso facilitará
o seu trabalho na hora de definir as ações. Um exemplo de uso da ferramenta associada ao problema
que foi proposto, no início desta unidade, está no Quadro 1.
O quê? Quem? Onde? Por quê? Quando? Como? Quanto
custa?
Verificar o Téc. de ma- No próprio Verificar o Às 10:00 U t i l i z a n d o Valor da hora
gabarito de nutenção equipamen- esquadro um esqua- técnica
corte to dro e uma
régua
….
Perceba que a ferramenta 5W2H é muito fácil de utilizar. Trata-se de uma espécie de checklist que
nos ajuda a determinar algumas ações e a não esquecer de detalhes importantes durante o desenvol-
vimento do projeto. A confecção dessa ferramenta, normalmente, é feita utilizando algum software
205
UNICESUMAR
206
UNIDADE 9
Não orçamentado
Por quê?
Alta rotatividade
Documento de especificação do
produto complicada
Problema
Nenhum conhecimento de
modificação no sistema
Figura 2 - Exemplo de aplicação dos cinco porquês / Fonte: adaptada de Slack, Jones e Johnston (2018).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama composto por três colunas. A primeira coluna é composta
por um retângulo que indica o problema a ser estudado (causa da falha prognosticada) e a pergunta “Por quê? ”
inicial para investigar as causas do problema. A segunda coluna apresenta três respostas (falta de treinamento, falta
de conhecimento do produto, falta de conhecimento das modificações no cliente) à pergunta inicial e, para cada
resposta, uma nova pergunta “por quê? ” com o intuito de aprofundar a investigação. A terceira coluna apresenta
três respostas a cada uma das perguntas feitas na coluna anterior (não orçamentado, sem tempo disponível, alta
rotatividade, documento de especificação do produto complicada, muitos produtos novos, nenhuma análise de
falhas, nenhum conhecimento de modificação no sistema, nenhum registro de cliente disponível para engenheiros,
nenhuma análise de falhas).
Ao observarmos a Figura 2, podemos imaginar que foi feita uma investigação sobre falhas nas ati-
vidades relacionadas ao desenvolvimento de determinado produto. Assim, o(a) gestor(a), ao fazer o
primeiro questionamento sobre o problema, obteve, inicialmente, três respostas. A primeira foi a falta
de treinamento, que, por sua vez, nos leva a três possibilidades que levaram ao problema. Assim, ao
perguntar sobre o porquê da falta de treinamento, as respostas para a pergunta foram: os treinamentos
não haviam sido orçados; não havia disponibilidade de tempo; a rotatividade dos trabalhadores era
alta. Se o(a) gestor(a) não se sentisse satisfeito(a) com as respostas, poderia refazer as perguntas: por
que não foi orçado? Por que não houve tempo disponível para treinamento? Por que a rotatividade
está alta? Observe que cada pergunta gerará novas respostas, estas poderão satisfazer à necessidade
207
UNICESUMAR
do(a) gestor(a) na avaliação ou gerarão novas perguntas para aprofundar, ainda mais, a investigação.
O mesmo procedimento se aplica às demais questões apresentadas em relação à falta de conhecimento
do produto e à falta de conhecimento das modificações no cliente.
Ao estar em uma situação que requer um processo de investigação mais aprofundado ou mais de-
talhado, a ferramenta Cinco Porquês pode ser associada a outras, dentre elas, o Diagrama de Causa e
Efeito. Nesse sentido, para cada problema apontado no diagrama, pode ser aplicado os cinco porquês.
Então, o que achou da ferramenta Cinco Porquês? Muito simples, não é mesmo? Mas não se
engane, ela é muito eficaz quando aplicada de forma correta, podendo retornar respostas
que farão o problema ser, rapidamente, entendido e identificado.
Tratamos de algumas ferramentas que auxiliam nas tomadas de decisões bem como na organiza-
ção das mesmas. A partir de agora, aprenderemos sobre uma ferramenta muito importante não
só para diagnósticos, tomadas de decisão e tomadas de ação, mas também para o ambiente de
trabalho. Estou falando do método japonês conhecido como “Programa 5S – (Housekeeping)”.
Você já ouviu falar dessa ferramenta?
Ela surgiu, segundo Lobo (2020), logo após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de combater
as sujeiras nas fábricas; porém, formalmente, veio ao Brasil, somente, no ano de 1991. Segundo Oli-
veira (2014), o 5S tem a sua origem em um código comportamental dos japoneses e, por ser atribuído
à capacidade de sentir a necessidade e a vontade de contribuir para a qualidade, por meio de uma
mudança comportamental, os 5S são interpretados como “sensos”. Assim, de acordo com Silva e Lobo
(2014), convencionou-se chamar cada um dos “S” como:
– Senso de
– Senso de utilização.
ordenação (arrumação).
– Senso de
disciplina. (LOBO, 2014).
208
UNIDADE 9
Nomes em japonês? Sim, não poderia ser diferente. Os japoneses são feras em processos de melhoria
e desenvolvimento de processos, mas como são inconformados em relação à ocorrência de falhas,
desperdícios, desorganização etc., também desenvolveram um modo de economizar o tempo perdido
com a falta de organização e, com isso, melhorar a saúde e a autodisciplina. Vejamos o significado de
cada um dos sensos dessa ferramenta.
1° S – Seiri: senso de utilização, separar o útil e eliminar o desnecessário. O objetivo é identificar
os itens que são, realmente, utilizados e dar a destinação aos que são inúteis para a realização das
atividades. Este senso nos leva a identificar os excessos e/ou desperdícios e a pensar sobre as razões
pelas quais eles ocorreram. Por meio dessa identificação, nascem, também, medidas para prevenir que
esses problemas voltem a ocorrer.
Observe um exemplo apresentado por Silva e Lobo (2014), na Figura 3.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama de relações contendo um retângulo de origem na parte
superior, em que está escrito “Classificação”, o qual se desdobra em dois retângulos dispostos em duas colunas. A
primeira coluna contém um retângulo onde está escrito: “Necessários”, ele se desdobra em seis retângulos dispostos
em três colunas, onde estão escritos: “Usados constantemente”, “Usados ocasionalmente” e “Usados raramente (mas
necessários) ”. Abaixo de cada um está, respectivamente, escrito: “Manter no local de trabalho”, “Manter um pouco
afastado” e “Manter em depósito afastado”. O segundo retângulo tem escrito: “Desnecessários” e se desdobra em
quatro retângulos dispostos em duas colunas onde está escrito: “Potencialmente úteis” e “Sem uso potencial”, abaixo
de cada um, respectivamente, está escrito “Transferir para onde forem úteis” e “Vender/dispor imediatamente”.
209
UNICESUMAR
que o uso, o manuseio, a localização e a guarda de qualquer item seja facilitado a todos os usuários.
Você já ouviu a frase: “cada coisa no seu lugar”? Pois é, o segundo senso quer dizer exatamente isso.
Este senso é aplicado no dia a dia de trabalho e pode, inclusive, ser muito bem aplicado em nossa casa.
Observe um exemplo apresentado por Silva e Lobo (2014), conforme mostra a Figura 4.
Identificar, adequadamente,
os itens.
Guardar, adequadamente,
os itens.
Figura 4 - Separação por necessidades de utilização / Fonte: Silva e Lobo (2014, p. 92).
Segundo Ballestero-Alvarez (2019), este senso pode ser utilizado para reavaliar o leiaute do local onde
são realizadas as atividades, identificando alternativas que possibilitem obter mais espaço. De certa
forma, o Seiton pode auxiliar no despertar dos trabalhadores quanto à importância do planejamento
do tempo e do esforço físico.
210
UNIDADE 9
O que você considera sujeira? A classificação dela é ligada, somente, a elementos os quais
podemos tocar ou ver?
O termo sujeira pode ser associado a várias questões, tais como: poeira, manchas, graxas, barro, entre
outros. Porém este termo também pode ser associado ao ambiente, tais como: mau cheiro, ruídos, venti-
lação etc. O senso que veremos, a seguir, trata, exatamente, desta questão. Vamos ver no que ele se aplica?
3° S – Seiso: manter o ambiente limpo, eliminar as causas de sujeira e aprender a não sujar. Feitas a
identificação e a ordenação dos itens desnecessários, segundo Carpinetti (2016), o objetivo é analisar
as rotinas de trabalho que geram sujeiras e estabelecer regras para a realização da limpeza. Ter o senso
de limpeza é saber eliminar a sujeira ou os objetos inúteis que fazem com que o ambiente não esteja
limpo, tais como aqueles encontrados em armários, piso, entre outros. Este senso também se aplica à
manutenção e à atualização dos dados de forma a garantir que as decisões sejam tomadas de forma
correta (LOBO, 2020). A implementação do Seiso é feita por meio de um processo de treinamento ao
uso, conforme apresentado na Figura 5.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma sequência ordenada por cinco retângulos dispostos na posição
vertical, contendo setas direcionais. Os retângulos representam as etapas para a realização das atividades do Seiso.
O fluxo inicia com “Definir responsável pela área”. Os quatro retângulos seguintes descrevem as etapas de: “Definição
de horário para realização da limpeza”, “Educar para não sujar”, “Treinar os operadores” e finaliza com a atividade
de criação de uma lista de verificação dos pontos importantes a serem observados durante a limpeza.
211
UNICESUMAR
Conforme você pode observar na Figura 5, a implementação do Seiso tem uma sequência ordenada e
que busca atingir todas as pessoas de uma organização, desde a definição de um responsável pelo setor
até o estabelecimento de uma lista de verificação de pontos considerados importantes para a limpeza.
Nesse sentido, o mais importante não é limpar, mas não sujar, ou seja, identificar a fonte geradora de
sujeira e as suas causas faz com que essa sujeira não ocorra. Observe que o 5S tem, como prerrogativa,
mudar o comportamento das pessoas.
4° S – Seiketsu: manutenção do ambiente de trabalho favorável à saúde e à higiene. Este senso tem
o objetivo de criar um ambiente favorável à saúde física e mental do trabalhador, de forma a garantir
que o ambiente esteja livre de agentes poluentes e haja manutenção das boas condições sanitárias nas
áreas comuns de convivência, tais como: banheiros, cozinha, restaurantes etc. O Seiketsu também é
aplicado à higiene pessoal e à clareza das informações e dos comunicados, de forma que sejam de fácil
leitura e compreensão (LOBO, 2020). Veja que, além da preocupação com a limpeza do ambiente de
trabalho, há atenção com a saúde e, também, com a autoestima e o orgulho do trabalhador em estar
inserido em uma organização que se preocupa com as questões humanas. A Figura 6 apresenta as fases
para a implementação do Seiketsu.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma sequência ordenada por cinco retângulos dispostos na posição
vertical contendo setas direcionais. Os retângulos representam as etapas para a realização das atividades do Seiketsu.
O fluxo inicia com um retângulo descrito como “implantar os 3Ss”. Os quatro retângulos seguintes descrevem as
etapas de definição de eliminar as fontes de perigo, promoção da beleza ambiente, difundir os materiais de educa-
ção sobre saúde e finaliza com um retângulo que apresenta a atividade para promover a restauração do equilíbrio
físico, mental e emocional.
Veja que a figura demonstra que há um processo, passo a passo, para o estabelecimento do senso de
saúde e higiene. Ou seja, para que a implementação do senso seja eficiente e eficaz, é necessário que o
212
UNIDADE 9
ambiente já esteja organizado e limpo. Não é fácil chegar a este ponto se não houver o engajamento, o
comprometimento e a consciência das pessoas em prol de um ambiente mais saudável.
O próximo senso a ser estudado é o Shitsuke. Vamos ver no que ele se aplica?
5° S – Shitsuke: senso de disciplina, tornando o 5S não, somente, mais uma ferramenta a ser aplicada
na organização, mas uma filosofia de vida. Portanto, podemos dizer que o senso de disciplina é a dis-
posição em seguir todas as regras e procedimentos, sejam eles estabelecidos por meio de documentos
ou de maneira informal. Hoje, ouvimos falar da empatia, ou seja, o respeito e a consideração com o
próximo, e ela fica muito evidente neste senso, pois o resultado do exercício da disciplina inteligente
é demonstrado pelo respeito a si próprio e às outras pessoas. As etapas para o estabelecimento do
Shitsuke são apresentadas na Figura 7.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma sequência ordenada, composta por seis retângulos dispostos,
verticalmente, representando o desenvolvimento das etapas para estabelecer o Shitsuke. O fluxograma inicia com
um retângulo em que está escrito: “Compartilhar visão e valores”. Os demais retângulos representam as etapas de
“Dar recompensa material e moral”, “Educar para a criatividade”, “Ter padrões simples” e “Melhorar a comunicação
em geral”. O último retângulo apresenta “Treinar com paciência e persistência”.
O maior aprendizado, neste senso, é a autodisciplina, afinal, ela se torna o mais expressivo desafio às
pessoas. Você já parou para pensar que a autodisciplina é o estágio do desenvolvimento humano ele-
vado, ou seja, as pessoas, passam a desenvolver as suas atividades de acordo com o que deve ser feito,
mesmo que não haja alguém observando, controlando ou exigindo?
213
UNICESUMAR
214
UNIDADE 9
O QFD das Quatro Fases foi desenvolvido gerar esses componentes e os parâmetros
por Macabe e divulgado nos Estados Unidos por de controle que garantem o ajuste dos pro-
Don Clausing e pela American Supplier Institute cessos de fabricação, a partir dos requisitos
– ASI. Segundo Carpinetti (2016), as quatro fases dos clientes. Neste caso, o trabalho se inicia
são formadas pelo planejamento de: por meio do seu próprio planejamento. Este
1. Produto. planejamento se divide em duas partes: o
2. Componentes ou desdobramentos de planejamento dos desdobramentos e o pla-
componentes. nejamento do trabalho. O primeiro se refere
3. Processos. à execução antecipada de parte do QD e o
4. Produção. segundo se refere à execução do QFDr.
• Planejamento dos desdobramentos:
Na primeira fase é feita a confecção da matriz da desenvolvido por meio da definição do
qualidade, conforme descrito, anteriormente. modelo conceitual. Este é a definição das
Na segunda fase, elabora-se a matriz de projeto. matrizes e tabelas que constituirão os des-
Esta compõe o cruzamento da tabela das carac- dobramentos, por meio da elaboração grá-
terísticas de qualidade (entrada) com a tabela de fica do “caminho” que o desenvolvimento
características dos componentes (saída). deve percorrer. O modelo conceitual é um
Na terceira fase, a matriz de engenharia do conjunto de tabelas e matrizes sequencia-
processo produtivo é elaborada e analisada. Ela é das de forma a permitir a visibilidade das
construída por meio do cruzamento da tabela de relações existentes entre componentes, me-
características dos componentes (entrada) com a canismos, processos, matérias-primas etc.,
tabela de decisões de processo (saída). com a qualidade projetada para o produto.
A quarta fase é quando se desenvolve a ela- • Planejamento do trabalho: é desenvolvi-
boração e a análise da matriz do planejamento do por meio do QFDr. Este é a definição das
operacional da produção, formada por meio do fases, dos processos e atividades do desen-
cruzamento da tabela de decisões de processo volvimento do produto, por meio de desdo-
(entrada) com a tabela de decisões operacionais bramentos sucessivos, utilizando o Diagrama
(saída). Esta fase é responsável por transferir as em Árvore. Desdobramento, aqui, quer dizer
informações geradas durante o projeto para o detalhamento, ou seja, sair de um nível mais
“chão de fábrica”. abstrato (primeiro nível de detalhamento)
O QFD das Quatro Ênfases é composto por e atingir um nível mais específico (segundo
dois tipos de desdobramento, sendo eles: o desdo- nível) (CARPINETTI, 2016).
bramento da função qualidade no sentido restrito
– QFDr e o desdobramento da qualidade – QD. Cada uma das fases apresentadas é caracterizada
• Desdobramento do produto – QD: nes- por meio de uma matriz que é complementada
ta etapa, o objetivo é identificar as caracte- por atividades de suporte, tais como FTA, FMEA,
rísticas de qualidade, os mecanismos que Eng. e Análise de Valor, estudo de confiabilidade,
compõem o produto, os componentes des- entre outras. Vejamos o desdobramento dessas
ses mecanismos, os processos capazes de fases na Figura 8.
215
UNICESUMAR
Figura 8 - Sequência das quatro fases do QFD / Fonte: Lobo (2020, p. 228).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um fluxograma contendo dois círculos e quatro diagramas. Os círculos
representam o início e o fim do fluxo, iniciando com o “Mercado” e encerrando com a “Função produção”. Os quatro
diagramas são compostos por um triângulo em branco no topo, seguido de um retângulo intermediário menor e
um retângulo maior. Ao lado direito de cada retângulo maior, há um retângulo menor. Os retângulos maiores repre-
sentam quatro fases principais e os retângulos menores representam as etapas críticas, requisitos do consumidor,
métodos e características de cada atividade. Os diagramas são interligados por setas direcionais que indicam o
sentido do fluxo das atividades desenvolvidas.
216
UNIDADE 9
d) Auxiliar a manufatura.
e) Identificar os pontos de controle e aumentar a curva de aprendizagem da organização.
f) Reduzir os problemas de qualidade.
g) Evitar que mudanças desnecessárias sejam feitas no projeto.
h) Diminuir o tempo e o custo de desenvolvimento.
i) Aumentar a “fatia de mercado” à medida que os produtos da empresa se tornam mais compe-
titivos.
A aplicação do QFD, como podemos verificar, é ampla e tem, como objetivo, desenvolver produtos
ou serviços. Porém a utilização da ferramenta só surtirá o efeito desejado caso haja, primeiramente,
o comprometimento e a integração de todas as áreas da organização. Uma questão importante é a
dificuldade ao atribuir notas para priorizar, relacionar e converter as importâncias.
Veja alguns dos benefícios proporcionados pelo QFD, podendo ser tangíveis, intangíveis e incre-
mento na eficácia da organização, conforme apresentado no Quadro 2.
Benefícios tangíveis:
• Redução considerável no tempo para desenvolvimento de produtos.
• Virtual eliminação de mudanças tardias de engenharia.
• Diminuição de custos iniciais de projeto.
• Aumento da confiabilidade de projeto.
• Controle de fatores econômicos na fábrica.
Benefícios intangíveis:
• Aumento da satisfação dos clientes.
• Estabilização da atividade de Planejamento da Garantia da Qualidade.
• Formação de base de conhecimento para a melhoria de planejamento.
Incremento na eficácia da organização:
• Esclarece os objetivos definidos com base no marketing/demandas de negócio.
• Proporciona enfoque simultâneo em tecnologias de produto e de processo.
• Assuntos básicos permanecem visíveis para priorizar a alocação de recursos.
• Reforça a dinâmica do trabalho em equipe.
• Os produtos atendem às necessidades do cliente e fornecem margem de lucro competitiva.
Ok, então, a pergunta é: como se desenvolve essa ferramenta em uma organização? A implementação
dela, assim como as demais já apresentadas, é desenvolvida por meio de etapas que a fazem ser imple-
mentada de forma correta e que os resultados sejam alcançados, satisfatoriamente.
No QFD, segundo Carpinetti (2016), a voz do cliente é a entrada dos dados em forma de expressões
linguísticas. Neste processo, as etapas de construção da tabela são desenvolvidas por meio de:
• Sistematização ou conversão dos requisitos exigidos pelos clientes.
• Transformação dos requisitos exigidos pelos clientes em características de qualidade.
• Identificação das relações entre requisitos e características de qualidade.
217
UNICESUMAR
• Conversão dos pesos relativos dos requisitos em pesos relativos das características.
Já a saída do sistema é dada pela qualidade projetada ou um plano para o projeto do produto, com
especificação das características técnicas desse produto. A construção da matriz da qualidade é ob-
tida a partir do cruzamento entre a tabela dos requisitos do cliente (qualidade exigida) e a tabela das
características de qualidade. A intersecção entre as duas tabelas é a matriz de relações entre requisitos
e características, conforme apresentado na Figura 9.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama contendo retângulos organizados em forma de setas,
as quais apontam para a esquerda e para cima, formando um retângulo principal maior no ponto que representa
a intersecção. Da esquerda para a direita, os retângulos são descritos como: Planejamento da melhoria; Avaliação
competitiva; Grau de importância; Requisitos dos clientes. No sentido de baixo para cima, os retângulos descrevem
as atividades de: Planejamento da qualidade projetada; Avaliação competitiva técnica; Características da qualidade;
Correlação. No centro do diagrama, há um retângulo onde está escrito: “Características ou requisitos”.
Vejamos, agora, o desenvolvimento dessa ferramenta, utilizando, como exemplo, o desdobramento dos
requisitos para um sapato. A voz do cliente é introduzida, no desenvolvimento do produto, por meio
de uma matriz, conforme apresentado no Quadro 3.
218
UNIDADE 9
Requisitos dos clientes Grau de importância Avaliação dos clientes Avaliação dos clientes Qualidade planejada
Necessidades futuras
Índice de melhoria
Interno empresa
Plano qualidade
Ponto de venda
Nossa empresa
Concorrente X
Concorrente Y
Peso absoluto
Peso relativo
Cliente
Geral
Quadro 3 - Requisitos dos clientes / Fonte: Carpinetti (2016, p. 107).
Estabelecidos os requisitos dos clientes, os passos para a construção da matriz, de acordo com Carpi-
netti (2016), são desenvolvidos da seguinte maneira:
a) Coleta (extração) das informações dos clientes: ouvir os clientes e entender as suas expectativas
e necessidades, por meio de entrevistas exploratórias e abertas a determinado grupo de pessoas,
selecionadas pela quantidade e qualidade de informações que podem vir a fornecer.
Requisitos do cliente pri- Requisitos do cliente secun-
mário dário
Ser confortável Leve
Macio
Anatômico
b) Transformar as vozes em requisitos do cliente: os desejos dos clientes devem ser transforma-
dos em algo que possa ser factível, ou seja, identificar o grau de importância que eles dão aos
seus desejos (requisitos do produto ou serviço), atribuindo uma nota para essa importância.
A nota atribuída para cada requisito é estabelecida por uma escala numérica que varia de 1 a
5, podendo ser relativa ou absoluta.
• Escala relativa: o cliente indica a importância de cada requisito em comparação com os demais
(esse requisito é mais importante do que aquele).
219
UNICESUMAR
• Escala absoluta: o cliente analisa a influência de cada requisito em sua decisão de compra do
produto, sem compará-lo com os demais.
Requisitos do cliente primá- Requisitos do cliente secun- Grau de importância
rio dário
Ser confortável Leve 3
Macio 4
Anatômico 4
c) Definição das prioridades (demandas internas à empresa): nesta etapa, é feita a avaliação dos
clientes com base na perspectiva da empresa. Para essa avaliação, deve-se levar em conside-
ração: (1) a comparação entre produtos por meio da avaliação das qualidades lineares; (2) as
qualidades óbvias, as quais só são percebidas quando ausentes; (3) as qualidades empolgantes
que seduzem os clientes, permitindo ao produto “escapar” da comparação racional, ou, pelo
menos, diminuindo o poder dessa comparação.
d) Identificação geral do grau de importância: trata-se do valor final do grau de importância de
cada requisito obtido dos clientes, definido em função da análise dos itens anteriores. Neste
caso, para efeito do cálculo dos pesos relativos e absolutos, deve ser considerado o grau de
importância geral.
e) Avaliação competitiva do cliente (empresa x concorrentes X e Y): trata-se da realização de uma
pesquisa de mercado cujo objetivo é identificar a percepção dos clientes quanto ao desempenho
do produto atual da empresa, quando comparado com os concorrentes. Os valores atribuídos
a essa avaliação variam entre 1 e 5. A avaliação competitiva do cliente, com base no produto
apresentado, é demonstrada no Quadro 6.
Avaliação competitiva clientes
Solado anatô- 4 4 4 2
mico
Ser durável Solado resis- 4 4 5 5
tente
Couro mantém 5 5 1 3
aparência de
novo
220
UNIDADE 9
221
UNICESUMAR
Argumento de vendas
Requisitos do cliente
Requisitos do cliente
Grau de importância
Plano de qualidade
Índice de melhoria
Em- presa Y
secundário
primário
Após a obtenção dos resultados referentes aos cálculos dos pesos, inicia-se a construção da matriz da
qualidade QFD. As etapas para a construção dessa matriz, segundo Carpinetti (2016), são realizadas
da seguinte maneira:
a) Extração das características de qualidade: a voz dos clientes deve ser transformada em caracte-
rísticas de qualidade, sendo essas técnicas ou características substitutas para o produto final. Para
realizar esta tarefa, pode ser utilizado um Diagrama em Árvore com o objetivo de representar
as relações entre os elementos da qualidade e as características de qualidade.
b) Definição de metas-alvo das características da qualidade: neste caso, há dois objetivos. O pri-
meiro é para determinar se as características de qualidade são mensuráveis e definir as unidades
de medida; o segundo é para indicar qual tipo de raciocínio leva à fixação do valor ideal a cada
característica de qualidade.
c) Construção da matriz de correlações: esta matriz é o teto da matriz da qualidade, que é respon-
sável por proporcionar o cruzamento das características de qualidade entre si, permitindo a
identificação do relacionamento entre elas. A Figura 10 apresenta um exemplo dessa construção.
222
UNIDADE 9
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma matriz de correlações formada por duas linhas que se dividem em
colunas. A primeira linha é dividida em cinco colunas que expressam características da qualidade para cada parte
de um calçado: “Resistência da sola”, “Conforto do solado”, “Palmilha”, “Acabamento do couro”, “Forração interna”. A
segunda linha é dividida em nove colunas que trazem os desdobramentos das características da qualidade: “Número
de ciclos até a ruptura”, “Densidade”, “Absorção de impacto”, “Curvatura”, “Resistência à abrasão”, “Brilho”, “Número
de ciclos até o vinco”, “Espessura da espuma”, “Elasticidade”. Na parte superior da matriz, linhas transversais se
cruzam formando espaços no formato de diamantes, onde são descritas a intensidade ou o grau de relação entre
cada uma das características contidas na matriz. O grau de correlação é representado pelos sinais de mais (+) para
quando há relação positiva e sinais de menos (-) para quando há relação negativa.
d) Construção da matriz de relações: esta matriz é composta por células formadas pela intersecção
de cada requisito dos clientes com cada característica de qualidade. O seu objetivo é permitir
a identificação de como e quanto cada característica da qualidade influencia o atendimento
de cada requisito dos clientes, conforme apresentado na Figura 11.
223
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma matriz contendo características do produto em relação às caracte-
rísticas da qualidade do mesmo. A matriz é formada por sete linhas e dez colunas. A primeira coluna é dividida em
cinco linhas que descrevem as características dos requisitos dos clientes. As cinco linhas da primeira coluna se cruzam
ao longo das nove colunas que descrevem as características da qualidade do produto. Nessas linhas, são descritos
valores que representam o quanto cada requisito do cliente influencia as características da qualidade do produto.
e) Cálculo do peso absoluto e peso relativo: este cálculo é realizado por meio da multiplicação da
nota da relação identificada entre requisito e característica pelo peso relativo calculado para
aquele requisito. Assim, o peso absoluto da característica é obtido pela soma do produto entre
intensidade de relação e peso do requisito. A partir do peso absoluto, obtém-se o peso relativo,
como porcentagem em relação ao total, conforme apresentado na Figura 12.
224
UNIDADE 9
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma matriz com características do produto com relação às característi-
cas da qualidade do mesmo. A matriz é formada por sete linhas e dez colunas. A primeira coluna é dividida em cinco
linhas que descrevem as características dos requisitos dos clientes. As cinco linhas da primeira coluna se cruzam ao
longo das nove colunas que descrevem as características da qualidade do produto, as duas últimas representam os
valores dos cálculos realizados. Nestas intersecções, são descritos valores que representam o quanto cada requisito
do cliente influencia as características da qualidade do produto e os valores dos pesos absolutos e pesos relativos
obtidos. Ao lado direito da imagem, há uma coluna com oito linhas. A primeira linha traz “Peso relativo dos produtos”
contendo o valor de cinco pesos distribuídos em cinco linhas.
f) Avaliação competitiva técnica: nesta etapa, busca-se avaliar o desempenho dos produtos em
comparação com a concorrência, sob a ótica da engenharia, isto é, considerando as características
técnicas. O objetivo é avaliar, tecnicamente, o produto, tendo em vista a avaliação competitiva
feita pelos clientes sobre o desempenho do produto, mas com base nos requisitos identificados.
g) Fator de dificuldade técnica e peso corrigido das características: este fator expressa a dificuldade
tecnológica que a empresa terá para obter o valor determinado às características de qualidade,
com a confiabilidade projetada e com o custo objetivado. Neste caso, o fator determina quais
são as características que tendem a exigir mais comprometimento de esforços e recursos na
obtenção da qualidade projetada.
h) Qualidade projetada: significa planejar os valores-meta ou valores-objetivo para característi-
cas de qualidade do produto em desenvolvimento. Estes valores devem ser capazes de atender
satisfatoriamente às necessidades dos clientes, melhorando a posição competitiva do produto
no mercado, refletindo o planejamento estratégico para o produto.
225
UNICESUMAR
A matriz da qualidade pode ser construída por meio de softwares que são específicos para o preen-
chimento das tabelas e matrizes do QFD. Esses softwares podem ser encontrados, com facilidade, na
internet. A Figura 13 apresenta um exemplo de matriz da qualidade QFD.
++ +
-- -
Avaliação
Acabamento
Conforto do
Resistência
do couro
Forração
Palmilha
interna
da sola
solado
Argumento de venda
Grau de importância
Plano da qualidade
Índice de melhoria
Índice de melhoria
Número de ciclos
Número de ciclos
Espessura da
até a ruptura
Resistência à
Absorção de
Elasticidade
até o vinco
Nossa empresa
Densidade
Curvatura
Peso absoluto
abrasão
impacto
espuma
Requisito do Requisito do
Brilho
Empresa X
Empresa Y
cliente primário cliente secundário
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama contendo todas as fases da construção do QFD. A primeira
coluna representa os requisitos dos clientes primários. A segunda coluna representa os requisitos dos clientes secun-
dários. A coluna central representa a matriz de correlação com os requisitos dos clientes e os requisitos de qualidade
dos produtos, embaixo são expressos os valores de correlação entre os requisitos dos clientes e da qualidade bem
como os valores calculados referentes aos pesos absoluto e relativo, mais embaixo, são apresentadas células vazias
para posterior avaliação técnica. Mais à direita, é apresentada a matriz de avaliação e os valores atribuídos a cada
requisito e, também, os valores dos pesos calculados para o peso absoluto e relativo.
O QFD, como podemos ver, é uma ferramenta poderosa para alcançar os objetivos propostos pelas
organizações, pois está, diretamente, ligada à satisfação dos clientes.
226
UNIDADE 9
Finalizado a apresentação do QFD e as etapas para a sua construção, abordaremos mais uma ferra-
menta da qualidade. Sim, mais uma! Esta ferramenta é muito tranquila de ser utilizada. Estou falando
da Matriz G.U.T.
Já ouviu falar ou teve contato? Então, vamos lá, você gostará dela. Essa matriz é utilizada, comumente,
pelos gestores de diversas áreas das organizações com o objetivo de indicar a prioridade de ações. Essa
ferramenta possibilita ao gestor ou à gestora escolher as diversas alternativas, a partir de critérios mais
rigorosos, fazendo com que as alternativas se confrontem entre si.
Em muitas situações ocorridas dentro das organizações, priorizar as ações é sinônimo de produti-
vidade e lucratividade, o que, querendo ou não, é o objetivo dessas organizações. Assim, quando há um
recurso que possibilita a priorização das ações, eliminam-se algumas possibilidades de desperdícios de
tempo, de mão de obra, entre outros recursos e esforços que poderiam ser utilizados em atividades que
agregam valor à empresa. De acordo com Pinheiro e Crivelaro (2014), a matriz surgiu dos seguintes
questionamentos: o que deve ser feito primeiro, o importante ou o urgente? Como saber qual é a ação
mais indicada? Surge, então, essa matriz de priorização, a qual é simples na questão da utilização, mas
poderosa para resolver diversos problemas.
Bem, a forma de utilização da Matriz G.U.T. é fácil, pois parte-se do uso de três níveis de prioridade
que se relacionam com cada letra que representa o nome da ferramenta. Segundo Seleme e Stadler
(2009), relaciona os três fatores de análise do problema, ou seja, a gravidade (G), a urgência (U) e a
tendência (T). Para a utilização dessa matriz, atribuem-se pesos para cada um dos fatores, que variam
entre 1 e 5. Vejamos, no Quadro 9, como são distribuídos esses pesos.
227
UNICESUMAR
Quadro 9 - Modelo conceitual da matriz G.U.T. / Fonte: adaptado de Seleme e Stadler (2009).
Na prática, o entendimento de cada um dos fatores tem relevância e importância para o gestor. Vejamos
o que representa cada um desses fatores, conforme Pinheiro e Crivelaro (2014):
• Gravidade: avalia o impacto do problema sobre as operações e as pessoas da empresa, avaliando
os efeitos que surgirão em longo prazo, no caso de não realização.
• Urgência: avalia o tempo disponível ou necessário para realizar a ação.
• Tendência: avalia o potencial de gerar (aumentar) problemas.
O(a) gestor(a), ao desenvolver a ferramenta, deve atribuir o peso que expresse a real condição do
problema identificado. Após a definição do peso para cada fator, deve-se, então, multiplicar os va-
lores para obter o valor à análise da prioridade. Um exemplo de análise no atendimento ao cliente
é apresentado no Quadro 10.
Problema G U T GxU
xT
Tempo de atendimento muito alto 2 3 4 24
Atendentes desmotivados 3 5 3 45
Contradição nas informações fornecidas pelos atendentes, cau- 4 4 3 48
sando demoras
Atendentes mal qualificados 5 5 3 75
Informações incompletas fornecidas pelos clientes, as quais impe- 1 1 2 2
dem o atendimento
Quadro 10 - Identificação da prioridade de problemas de atendimento ao cliente / Fonte: adaptado de Seleme e Stadler (2009).
Observe que, no Quadro 10, os valores obtidos para cada um dos problemas não estão em ordem.
Assim, é necessário que seja feita a hierarquização do maior para o menor valor obtido. No caso apre-
sentado, temos poucas situações a serem analisadas. No entanto, em uma organização, dependendo
do tamanho e do problema a ser analisado, é possível obter muitas situações identificadas, tornando
oneroso o tempo desprendido para fazer a priorização. Assim, normalmente, utiliza-se o Diagrama de
Pareto com a intenção de auxiliar e agilizar o processo de priorização.
Nossa, quanta informação! Não se assuste, é assim mesmo. O objetivo é munir você com vários re-
cursos e ferramentas para que a sua gestão seja excelente e, consequentemente, lhe deixar preparado(a)
e capacitado(a) ao mercado de trabalho. Assim, vamos para mais uma ferramenta, e prometo que será
228
UNIDADE 9
a última em nosso estudo. Existem diversas, porém, muitas são específicas para determinado setor ou
determinada atividade desenvolvida pela organização.
Falaremos, então, da ferramenta Poka Yoke. Confesso que, quando ouvi falar dela, achei um pouco
estranho, mas você verá que ela tem tudo a ver com o que falamos ao longo de nosso estudo.
A ferramenta Poka Yoke foi desenvolvida por Sakichi Toyoda, no início do século XX, e significa:
evitar erros negligentes, tendo, como base, o princípio de que os erros são humanos e, até certo ponto,
inevitáveis. Inicialmente, essa ferramenta era um dispositivo acoplado ao tear para identificar o rompi-
mento de um fio ou o alcance de produção desejada de tecido, paralisando, imediatamente, a operação.
Neste período, esta invenção de Sakichi possibilitou a operacionalização de vários teares por um único
trabalhador, trazendo grande vantagem competitiva à época (CORREIA; RIBAS; GHINATO, 2001).
Este conceito para os dispositivos capazes de detectar desvios no processo foi aplicado e difundido,
anos mais tarde, por Taiichi Ohno, na Toyota Motor Company. O conceito do Poka Yoke foi aprimo-
rado e difundido por Shigeo Shingo às várias indústrias pelo mundo. Segundo Oliveira (2014), essa
ferramenta pode ser classificada em cinco métodos. São eles:
MÉTODO DE MÉTODO DE
CONTROLE ADVERTÊNCIA
MÉTODO DE MÉTODO DO
CONTATO CONJUNTO
229
UNICESUMAR
V”, a qual é colocada nas tomadas? Este é um tipo de Poka Yoke, ou seja, evita que equipamentos que
utilizam a tensão 127 V queimem por uma sobrecarga de energia ao serem ligados na tomada.
Veja que o Poka Yoke é uma ferramenta de prevenção contra erros, e a sua utilização, quando apli-
cada de forma correta, faz com que muitos acidentes, não conformidades, problemas com máquinas e
equipamentos, produtos, pessoas, entre outros, sejam evitados. Essa ferramenta é muito útil, também,
no desenvolvimento de projeto de produtos e processos, pois são nas etapas de projeto que Poka Yokes
podem ser estabelecidos para prevenir erros, defeitos e, até mesmo, acidentes.
Você saberia dizer quantos Poka Yokes você tem na sua casa, no carro, no trabalho etc.? Tenho
certeza que, se você pesquisar, encontrará vários dispositivos que promovem o Poka Yoke.
230
Para você aprimorar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, quero lhe propor uma atividade
utilizando as ferramentas Matriz G.U.T. e a 5W2H.
Imagine a seguinte situação: você é o(a) gestor(a) da qualidade de uma pizzaria que trabalha na
modalidade delivery. Em uma pesquisa de satisfação, há evidências de que a qualidade do serviço
não está satisfazendo às expectativas dos clientes por vários motivos, sendo as principais: de-
mora no tempo de entrega, qualidade da embalagem, pizzas chegam com os ingredientes todos
misturados de forma desorganizada, chegam frias, entre outras.
Neste sentido, você, como gestor(a), deve tomar uma ação para avaliar o que está ocorrendo.
Assim, a sua atividade é fazer, utilizando a matriz G.U.T., uma análise do grau de importância de
cada uma das reclamações citadas e investigar a causa-raiz dos problemas por meio da ferra-
menta 5W2H.
Após a realização da análise, desenvolva um Mapa Mental do problema de mais gravidade, utilizando
as palavras-chave: tipo do problema, causa ou causas, ação ou ações tomadas, resultado obtido.
MAPA MENTAL
231
1. A organização para o desenvolvimento de ações é voltada ao desenvolvimento de
processos de melhoria, de atividades de projeto, entre outros. Para essa organização,
normalmente, utiliza-se a ferramenta 5W2H, pois ela proporciona ao gestor ou à gestora
a oportunidade de planejar as ações e os responsáveis pelo desenvolvimento de cada
uma delas. Com base no que você estudou sobre 5W2H, responda: qual é a finalidade
de uso dessa ferramenta? Ela pode ser aplicada, somente, em processos de fabricação
ou em prestação de serviços?
232
UNIDADE 1
CARPINETTI, L. C. R. Gestão da Qualidade: Conceitos e Técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
CARVALHO, M.; PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier;
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DEFEO, J. A.; JURAN, J. M. Fundamentos da qualidade para líderes. Porto Alegre: Bookman,
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FARIA, C. Controle de Qualidade Total (TQC). InfoEscola, [2021]. Disponível em: https://www.
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MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da qualidade. 9. ed. São Paulo: FGV, 2006.
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
RAMOS, E. M. L. S.; ALMEIDA, S. dos S. de; ARAÚJO, A. dos R. Controle estatístico da qua-
lidade. Porto Alegre: Bookman, 2013.
SHIBA, S.; GRAHAM, A.; WALDEN, D. TQM: Quatro revoluções na gestão da qualidade. São
Paulo: Bookman, 1997.
UNIDADE 2
ABNT. NBR 5426 – Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos. Rio de
REFERÊNCIAS
Janeiro: ABNT, 1995.
ABNT. NBR 5429 – Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por variáveis. Rio de
Janeiro: ABNT, 1998.
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
233
UNIDADE 3
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MONTGOMERY, D. C. et al. Estatística aplicada à engenharia. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
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UNIDADE 4
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UNIDADE 5
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UNIDADE 6
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UNIDADE 7
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CARPINETTI, L. C. R. Gestão da Qualidade: Conceitos e Técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
REFERÊNCIAS
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
UNIDADE 8
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Atlas, 2019.
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PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
UNIDADE 9
BALLESTERO-ALVAREZ, M. E. Gestão de qualidade, produção e operações. 3. ed. São Paulo:
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SLACK, N.; JONES, A. B.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2018.
REFERÊNCIAS
237
UNIDADE 1
1. As cartas de controle surgiram das observações de Shewhart dos processos desenvolvidos na
empresa Bell Telephone Laboratories, por volta do ano de 1924. Nesta época, Shewhart buscava
avaliar as variações ocorridas no processo.
3. Aqui, é preciso que você trace uma linha do tempo. De acordo com o que estudamos neste
conteúdo, em 1950, houve adequação no padrão do produto, este deveria estar adequado
aos requisitos do projeto estabelecido. Em 1960, ele adequou-se ao uso das necessidades do
mercado, as quais deveriam ser atendidas. Já em 1970, ocorreu a adequação ao custo, pois en-
tendia-se que os produtos, nessa época, deveriam ter alta qualidade e baixo custo. Chegando à
década de 80, antes mesmo de os clientes terem ciência da qualidade do produto, ele já deveria
satisfazer as necessidades desses consumidores.
UNIDADE 2
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
1. Um produto defeituoso é aquele que não atende aos requisitos de qualidade estabelecidos
quanto à sua funcionalidade, ao seu acabamento, à utilização, entre outros.
2. E. As inspeções podem ser realizadas em qualquer fase de um processo. É por meio delas que
se busca identificar as possíveis falhas do processo bem como os desvios dos requisitos esta-
belecidos para a qualidade dos produtos.
3. É importante que, antes de realizar uma inspeção, seja definido o tipo de inspeção que será
utilizado.
4. É o tipo de defeito que não reduz, substancialmente, a utilidade da unidade do produto para
o fim a que se destina, ou não influi, substancialmente, na utilização efetiva ou de operação.
UNIDADE 3
1. É todo um subconjunto de elementos retirados da população para obter as informações que o
pesquisador está procurando.
3. Trata-se de um processo que aborda a variação dos fatores de entrada controláveis e a deter-
minação do efeito que esses fatores exercem sobre os parâmetros de saída do produto.
238
4. C. Vimos, em nosso estudo, que a amostra é obtida a partir dos elementos que compõem o lote.
Diante disso, também concluímos que as amostras probabilísticas não têm aplicação significativa
nas indústrias, e as estratificadas são compostas por elementos distintos em cada população.
UNIDADE 4
1. Devem ser treinados e capacitados para exercerem as suas funções bem como ter a consciência
da importância das atividades que realizam para que a empresa atinja os objetivos.
UNIDADE 5
1. Histograma, Diagrama de Pareto, Diagrama de Ishikawa, carta de controle, fluxograma de
processos, Diagrama de Dispersão e folha de verificação. As ferramentas são apresentadas em
forma de formulários, diagramas ou gráficos, procedimentos numéricos, esquemas voltados
ao desenvolvimento de atividades para realizar análises ou para as tomadas de decisão, estu-
dos analíticos, formulações de conceitos ou diretrizes com precisão, roteiros de ações simples,
entre outros.
2. C. As ferramentas da qualidade são utilizadas para facilitar a obtenção dos dados e tratá-los de
forma adequada e, também, que apresentem os resultados suficientes à manutenção ou ao
direcionamento das ações de prevenção ou de correção dos problemas identificados.
3. Tempo: os resultados se relacionam com o período do dia, ou seja, são diferentes de manhã,
à tarde ou à noite.
239
UNIDADE 6
1. Mão de obra, manutenção, máquina, método, meio ambiente e material.
4. Não. O processo não está sob o controle estatístico, pois existem pontos (outliers) que ultra-
passam os limites de controle. No entanto, embora haja alguns outliers, o processo atende às
especificações do produto, pois a maioria dos pontos encontram-se entre os limites superior
e inferior estabelecidos.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
UNIDADE 7
1. D. A ênfase no planejamento e o estabelecimento de prioridades são práticas a serem utilizadas
como forma de auxiliar as equipes da qualidade e não princípios de ferramentas da qualidade.
3. D. No item II, o texto correto é aplicar a ferramenta quando a estrutura do problema fica clara,
ou seja, não tem relação com a execução de um processo. Já no item III, o texto diz respeito a
algumas vantagens da aplicação do diagrama e não das recomendações para a sua utilização.
UNIDADE 8
1. Operação, ação, propriedade ou um elemento que possa interferir, de forma decisiva, no pro-
cesso ou em uma de suas etapas.
2. Aquelas acima da linha dos defeitos são referentes às questões relacionadas a projetos, forne-
cimento e utilização, e as causas apresentadas abaixo da linha dos defeitos são relacionadas
ao desenvolvimento do processo.
240
3. B. A Matriz de Priorização deve ser utilizada quando o ponto-chave “for identificado”, e a quan-
tidade de pontos tiver que ser reduzida. Há necessidade de organizar as ações que são de mais
urgência. A Matriz de Priorização deve ser utilizada quando mostrar as relações entre as carac-
terísticas de qualidade do produto e “os respectivos itens de controle”. Se existe uma limitação
de recursos para a realização das ações, é importante que se priorize o desprendimento de
recursos para aquelas ações que têm mais urgência de serem resolvidas.
UNIDADE 9
1. A ferramenta 5W2H é utilizada para auxiliar na estruturação de um plano de ação, por meio de
sete questionamentos-chave. Essa ferramenta é bastante útil e pode ser usada em qualquer
situação que envolva o planejamento de uma ação para resolver determinado problema ou
determinada demanda, não sendo restrita, somente, a processos de fabricação ou prestação
de serviços
2. A empresa que implanta o 5S tem muitos benefícios no que diz respeito não só à organização
do ambiente de trabalho, mas em relação ao desenvolvimento de uma cultura de manutenção
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MEU ESPAÇO
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MEU ESPAÇO
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MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
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