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Disciplina: Diversidade Cultural Brasileira

Professora: Edilene Coffaci de Lima


Aluno: Emanuel Roberto da Silva

Trabalho 11 – Resumo Critico do texto "Do controverso 'chão da escola' à


controversa etnografia: aproximações entre antropologia e educação" de Alexandre
Barbosa Pereira

No artigo, o principal objetivo de Pereira é discutir os dilemas e tensionamentos da


relação entre antropologia e educação, utilizando, para isso, a etnografia e as práticas culturais
juvenis. Em primeiro lugar, apresenta uma crítica à etnografia, afirmando que, por vezes, o
antropólogo, a antropologia e/ou a academia tendem a ter uma postura de distância do ambiente
educativo, mesmo ao discutir educação. Afirma que existe uma falta na alteridade antropológica
ao estudar-se educação, visto que ela não é um campo privilegiado da antropologia ou por vezes
produz-se uma hierarquia entre áreas do conhecimento, afirmando a antropologia como ciência
e a educação como prática.
Em seguida, discute a relação entre a antropologia e os estudos da infância e juventude,
utilizando-se de Mauss, Mead, Clastres e outros autores. Para Pereira, a etnografia pode ser o
elo existente entre a antropologia e a educação, de modo que pode ser uma metodologia
interessante para estudar a complexidade de relações que existem no ambiente escolar (e,
consequentemente, a infância e juventude que lá se apresentam), o que acaba por requerer uma
interdisciplinaridade para que seja possível dar conta dos conteúdos. Dessa forma, a etnografia
atua como "um modo particular de produção de conhecimento, que pode proporcionar novas
possibilidades de olhar para a escola, suscitando novas questões;" (p. 154), além de ressaltar a
importância dos "ciclos da vida e as gerações, principalmente as categorias etárias de infância
e juventude, como um eixo importante de aproximação entre antropologia e educação" (p. 155).
Ao tratar especificamente da etnografia, Pereira ressalta as dificuldades de empregar uma
etnografia funcional e "correta". Afirma que a antropologia é um estudo com as pessoas, não
sobre elas, de modo que as investigações antropológicas no Brasil e no mundo tendem a ter
uma dificuldade em olharem pra si mesmas, acostumando-se a analisar sociedades periféricas.
Essa dificuldade reflete nos estudos que relacionam antropologia e educação, entretanto, a
"etnografia pode proporcionar uma abordagem singular para se refletir sobre o Estado a partir
de suas margens. Essa é uma dimensão fundamental, pois pensar a educação e, principalmente
a educação formal escolar, é pensar as políticas públicas que visam conformação dos indivíduos
para viver sob a égide do Estado-Nação" (p. 159-160). Apesar desse potencial, entretanto, a
interdisciplinaridade, afirma Pereira, não é realizada sem tensão, pois a educação apresenta um
grande potencial etnográfico em um emaranhado de situações, pessoas e ambientes.
Pereira ressalta que na relação entre a antropologia e a educação, existe a interpelação de
uma discussão sobre as fases da vida e categorias de idade, ou seja, infância e juventude. Nesse
sentido, Pereira afirma:

Se a escola é a responsável por conformar a noção moderna de juventude, os jovens


têm cada vez mais inserido elementos próprios nela, principalmente de suas interações
com os amigos da vizinhança, com as novas tecnologias e com a cultura de massa.
Assim, eles criam dissonâncias que conformam novas formas de estar na escola,
ocasionando uma série de conflitos com a instituição que, ao perceber seu poder
disciplinador sob ameaça, tende a enrijecer ainda mais suas regras em busca de um
tipo de ideal de aluno/jovem que não existe mais (p. 165).

Em seguida, o autor comenta e aborda o papel duplo que existe na formação dos estudantes,
por um lado a influência da escola enquanto instituição e, por outro, os elementos inseridos
pelos alunos e sua bagagem cultural proveniente, sobretudo, da família. Ainda ressalta os
conflitos vedados envolvendo alunos e professores, envolvendo as diferenças presentes no
corpo estudantil e no docente. Por fim, atenta ainda para o potencial da antropologia para a
realização de mais estudos do tipo: “A articulação de uma reflexão sobre as diferenças e suas
implicações para a vida dos jovens mostra-se como um caminho importante de construção de
uma relação interdisciplinar mais afinada entre antropologia e educação” (p. 170).
O texto de Pereira, ao meu ver, é importante na ementa pois lança um olhar sobre a relação
entre a antropologia e sala de aula. Ele é de fundamental importância ao atentar para a vivência
no ambiente educacional, o qual o professor, invariavelmente, estará inserido. Os apontamentos
de Pereira tornam-se, dessa forma, um convite para que o próprio futuro professor venha a
pensar sobre as questões que estão presentes em seu ambiente de ensino, de modo que se torna
possível moldar ou adaptar sua metodologia de ensino a isso, bem como, uma vez que se tem
em mente o funcionamento do sistema educacional ou a possibilidade e capacidade de
compreender as relações que se dão no seu interior, é possível se organizar para ministrar os
conteúdos da maneira que seja mais adequada ao entendimento dos alunos.

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