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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

MARIA LUIZA DOS ANJOS DUTRA

RELAÇÕES ENTRE A DISCUSSÕES SOBRE ANTROPOLOGIA, VIDA E


EDUCAÇÃO ESCOLAR

MANAUS/AM
2024
MARIA LUIZA DOS ANJOS DUTRA

RELAÇÕES ENTRE AS DISCUSSÕES SOBBRE ANTROPOLOGIA, VIDA E


EDUCAÇÃO ESCOLAR

Trabalho apresentado no
curso de licenciatura em pedagogia da
Universidade Estadual do Amazonas.
Orientador: José Vicente de Souza Aguiar

MANAUS/AM
2024
Este breve texto dissertativo tem como objetivo apresentar as
discussões presentes nas relações entre a antropologia, vida e educação
escolar, utilizando-se dos autores e dos textos estudados dentro de sala, que
falam a respeito da relação da antropologia com a educação e a pedagogia,
refletindo também sobre a atividade pedagógica, da cultura na
contemporaneidade e a educação como diversidade sociocultural.

A relação entre a antropologia e a educação é bastante significativa e


foi e é estudada por vários antropólogos, filósofos e educadores. Um deles é o
antropólogo inglês Tim Ingold, os seus trabalhos sobre a antropologia social
foram marcados pela ideia de colocar o ser humano como centro da filosofia.
Ele defende uma antropologia especulativa e experimental, descritiva e
analítica, com o potencial de transformar vidas. Tim Ingold ele trata da relação
da antropologia com a educação de uma forma provocativa, fundamentando
que tanto a antropologia quanto a educação são formas de estudar e viver com
os outros. Geralmente, a educação é vista com uma transmissão de
conhecimentos técnicos, onde o aluno é apenas uma “caixa” onde na qual o
“educador” vai fazendo seus “depósitos”. (FREIRE, 1969). Entretanto, Ingold
não vê a educação apenas como uma forma de transmitir conhecimento, mas
sim uma forma se “atentar para as coisas, e para o mundo” (p.17). Esse foi um
dos conceitos que ele chamou de “educação da atenção”, e segundo Tim
Ingold, a “educação da atenção” envolve o desenvolvimento de uma
consciência profunda e sensível em relação ao ambiente e às interações
humanas. Ou seja, uma educação da atenção é o completo oposto de uma
educação bancária. O conhecimento ele não é apenas um acumulo de
informações que o ser humano recebe e identifica, mas que vai além disso, o
conhecimento se fundamenta em habilidades, e Ingold enfatiza a importância
da prática e da experiência cotidiana, e que elas estão intrinsecamente ligadas
ao processo de aprendizado e à construção do conhecimento. Ele entende que
a vida dos indivíduos em relação a aprendizagem das habilidades constitui o
conhecimento, e que a educação da atenção faz parte de apenas um processo.

Agora indo para o tema sobre cultura na contemporaneidade que nos


faz refletir sobre a educação como diversidade sociocultural. Ao mesmo tempo
é simples e complexo a ideia de que as escolas trabalhem as diversas culturas.
Como vimos através do antropólogo Tim Ingold, o espaço da escola vai muito
além de transmissão de conhecimento, é nela que aprendemos a conviver em
sociedade e valores. E a cultura é exatamente isso, uma construção, tanto em
sociedade como por experiências e conhecimentos individuais.

As instituições escolares, desde há muito tempo, influenciavam a


homogeneização dos indivíduos, mesmo que cada um tenha seus próprios
costumes e crenças. A doutora em educação, Guacira Lopes Louro, no texto
"Corpo, Escola e Identidade", diz assim: "Todos os processos de escolarização
sempre estiveram - e ainda estão - preocupados em vigiar, controlar, modelar,
corrigir, construir os corpos de meninos e meninas, de jovens homens e
mulheres." (LOURO, 2000). E é notório como as escolas tentam moldar os
alunos, dizendo como devem se vestir ou como se comportar, então a ideia de
uma escola como diversidade sociocultural fica apenas na teoria. Apesar disso,
Guacira Lopes aborda o tema da diversidade sociocultural na escola
destacando o caráter eminentemente social das diferenças de gênero,
sexualidade e outras formas de diversidade. Guacira destaca um tema
importante que frequentemente é rejeitado no campo educacional, a
sexualidade. O tema é abordado na obra "O corpo educado", onde ela promove
reflexões sobre as estratégias e práticas atuais relacionadas à educação
sexual, além de refletir sobre o papel da escola na formação de uma linguagem
que compreenda e respeite a diversidade sexual.

Diante de tudo isso, através dos textos lidos e estudados, nota-se uma
disparidade no âmbito social no ensino escolar, é possível perceber o quão a
educação vai muito além de apenas ficar sentado em uma cadeira ouvindo o
professor falar. As experiências, práticas cotidianas, e culturas que trocamos
com outras pessoas também são educação. As instituições escolares então
tem o dever de promover essa diversidade sociocultural, de reconhecer e
valorizar as múltiplas identidades e experiências presentes na sociedade
contemporânea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORREIA, Elder Silva; ZOBOLI, Fabio. A educação da atenção em Tim Ingold:


um compromisso ontológico com a vida. Revista Práxis Educacional, v. 19, n.
50, p. 12, 2023.

FREIRE, Paulo. Papel da educação na humanização. 1967.

LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade.


Autêntica, 2018.

LOURO, Guacira Lopes. Corpo, escola e identidade. Educação & Realidade,


v. 25, n. 2, 2000.

MARTINS, Clélia Aparecida; MORAIS, Carlos Willians Jaques. Antropologia e


educação: breve nota acerca de uma relação necessária¹. Educação em
Revista, v. 6, n. 1, p. 83-94, 2005.

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