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Grelha Do Teste de Tralalho
Grelha Do Teste de Tralalho
FACULDADE DE DIREITO
DELEGAÇÃO DA BEIRA
TRABALHO
Grupo I
No que concerne à natureza da prática “casual Friday”, cumpria aferir se era um uso
laboral nos termos do artigo 13.º n.º 2 da Lei do Trabalho (LT).
Ora, o artigo 13.º n.º 2 estabelece três requisitos cumulativos para que se possa afirmar
que se está em presença de um uso laboral:
(i) Não contrariedade à lei; (ii) as partes não terem convencionado a sua
inaplicabilidade; (iii) não serem contrários à boa fé;
Quanto ao primeiro requisito não existe nenhuma disposição na lei que impeça que os
trabalhadores possam vestir-se em determinados dias de modo informal, a não ser que a
natureza das funções careça de especial indumentária (facto que não se podia deduzir da
matéria de facto da hipótese, e cujo o regime é em regra assegurado pelas normas
laborais de higiene e segurança no trabalho).
A finalidade séria prática reiterada deve ser entendida como a conduta relevante para a
situação laboral, no sentido de ser útil e benéfico para a saudável execução e
sustentação da prestação laboral.
Faz-se notar que a denominação apresentada pela entidade empregadora não altera a
natureza do instrumento, o qual por conter normas respeitantes à organização e
disciplina do trabalho deveria ser entendido como um regulamento interno da empresa,
o qual é obrigatório para as médias e grandes empresas (matéria sobre a qual a hipótese
não fornecia elementos).
Ora, nos termos do n.º 2 do artigo 61.º da LT, os regulamentos internos que tenham por
objecto normas de organização e disciplina do trabalho devem ser precedidas de
consulta ao comité sindical ou na falta deste ao órgão sindical competente e sujeito à
comunicação ao órgão competente da administração do trabalho. Ademais, os
regulamentos internos devem ser divulgados aos trabalhadores, nos termos do número 4
do artigo 61.º da LT.
Grupo II
No caso sub judice sob a aparência de um conflito entre um regulamento interno e uma
convenção colectiva, existia efectivamente um conflito hierárquico de fontes de direito
entre a Lei e um instrumento de regulamentação colectiva.
Os regulamentos internos não são fontes de direito, pelo que não existia nenhum
conflito hierárquico entre o regulamento interno e a convenção colectiva (cfr. Art. 14.º
n.º 2 da LT).
Nestes termos, um regulamento interno não pode afastar uma convenção colectiva, pelo
que independentemente do método de aprovação do regulamento (não era necessário
questionar o método de aprovação do regulamento interno), este nunca poderia afastar
uma fonte de direito.
Para que uma fonte inferior laboral se sobreponha a uma fonte superior é necessário que
a fonte superior permita que a fonte inferior disponha sobre aquela matéria e é
necessário ainda que a fonte inferior contenha uma regime mais favorável ao
trabalhador do que a fonte superior. (cfr art. 16.º/1 da LT)
No caso em apreço, a norma legal (art.96/2 da LT) sobre os feriados revestia uma
natureza imperativa absoluta, no sentido de não permitir que outras fontes legais ou as
partes pudessem prever disposições sobre essa matéria, que alterassem o figurino legal.
É uma matéria que não se encontra na disponibilidade das partes, independentemente da
favorabilidade para os trabalhadores que represente um eventual regime previsto pelas
partes.
Tendo em conta o exposto, a norma legal sobre os feriados (por ser dotada de
imperatividade absoluta) não poderia afastada pela norma da convenção colectiva.
A norma da convenção colectiva não era aplicável e estava inquinada de nulidade (art.
51.º/1 da LT)
Pelo exposto, Chalana não gozava de nenhum direito nessa matéria, apenas era titular de
uma expectativa não tutelada, pois assentava em uma convenção colectiva que continha
um regime nulo.
Faz-se notar, em tom de conclusão, que as entidades empregadoras podem celebrar dias
festivos (como era o caso da hipótese), conquanto que não os qualifiquem como
feriados (pois dessa qualificação decorrem implicações regimentais para os
trabalhadores) e não sejam prejudicados os direitos dos trabalhadores (v.g.
remuneração, férias, tempo de trabalho etc).