Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aactual Isabel Administrativo
Aactual Isabel Administrativo
Beira
2023
Luísa Isabel Disse
Docente:
Msc. Flora Peranhe
O presente trabalho constitui
Uma avaliação parcial na disciplina
De Direito Administrativo a ser apresentado
Na universidade Alberto Chipande
Sob orientação Msc. Flora Peranhe
I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
2.4. Classificação...........................................................................................................7
IV. CONCLUSÃO......................................................................................................19
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................20
I. INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende dar a conhecer, através de uma análise sintética, as
diferentes concepções de acto e facto administrativo que existem ou já existiram em
Moçambique, enunciando as diferentes perspectivas existentes nos manuais de alguns
dos professores/juristas mais influentes no Direito Administrativo. Esta exposição
prende-se sobretudo com o facto do conceito de acto administrativo constituir matéria
há muito discutida e debatida pela doutrina e pela jurisprudência, não só em
Moçambique, mas um pouco por toda a Europa.
4
II. FACTOS JURÍDICOS DOS PARTICULARES COM RELEVO
JURIDICO ADMINISTRATIVO
A criação de efeitos jurídicos cabe à norma jurídica. Daí que, os factos jurídicos
constituam a caracterização das situações que sob forma hipotética a norma faz
depender a produção de efeitos de Direito. Para o prof. Oliveira Ascensão: a
factispécie pressupõe já uma situação juridicamente valorada, a que se ligam ulteriores
efeitos jurídicos, para o facto de sobrevir determinado facto jurídico. Os factos jurídicos
são sempre acontecimentos do mundo real que o Direito toma como causas de certas
consequências juridicamente atendíveis. Os efeitos jurídicos serão as consequências
desses factos jurídicos. É corrente estabelecer a distinção entre factos naturais, tem a sua
origem num acontecimento da natureza; humanos, tem a sua origem na vontade
humana.
5
(Exemplo de ato administrativo: Estado, manifestando vontade, desapropria uma casa.
Vai aumentar a lista de bens públicos, logo atinge o Direito Administrativo).
II.4. Classificação
A classificação dos actos jurídicos obedece a diferentes critérios. Assim, no que
toca à estrutura do acto, distingue-se acto jurídico simples e acto jurídico complexo. Se
atendermos à modalidade dos efeitos, distingue-se entre actos positivos e actos
negativos, actos principais e actos secundários, e actos lícitos e actos ilícitos. O papel
que é reservado à vontade na formulação dos efeitos do acto, permite-nos ainda fazer a
distinção entre actos jurídicos simples ou não intencionais, e actos jurídicos
intencionais. Os actos intencionais serão de conteúdo determinado e de conteúdo não
determinado ou indeterminado. No acto intencional de conteúdo determinado, o
conteúdo da manifestação de vontade está pré-determinado, ficando assim definindo o
efeito do acto.
7
II.4.3. Actos jurídicos principais e secundários
Esta disposição prende-se muito com a eficácia do acto, da própria relevância do
acto jurídico como autêntica fonte criadora de factos jurídicos. Os factos a que a Ordem
Jurídica liga efeitos jurídicos, são factos principais. Se atendermos à modalidade dos
efeitos que produzem, os actos principais podem agrupar-se em certas classificações:
Actos constitutivos;
Actos modificativos;
Actos extintivos;
Actos aquisitivos modificativos dispositivos de direitos, o facto adstritos em relação
à esfera jurídica de outra pessoa (ex. 342º CC).
Os actos secundários em si mesmos, não são causas de efeitos. No entanto,
interferem com eficácia dos actos principais, impedindo ou confirmando essa mesma
eficácia. Neste sentido, dizemos que estamos perante actos impeditivos, permissivos ou
confirmativos de actos principais.
Os actos ilícitos, são contrários à Ordem Jurídica e por ela reprovados, importam
uma sanção para o seu autor (infractor de uma norma jurídica). Os actos lícitos são
conformes à Ordem Jurídica e por ela consentidos. Não podemos dizer que o acto ilícito
seja sempre inválido. Um acto ilícito pode ser válido, embora produza os seus efeitos
sempre acompanhado de sanções. Da mesma feita, a invalidade não acarreta também a
ilicitude do acto.
Os simples actos jurídicos, são factos voluntários cujos efeitos se produzem, mesmo
que não tenha sido previsto ou querido pelos seus autores, embora muitas vezes haja
concordância entre a vontade destes e os referidos efeitos. Os efeitos dos simples actos
jurídicos ou actos jurídicos “sirito senso” produzem-se “ex. lege” e não “ex. voluntate”.
Dentro dos simples actos jurídicos é usual fazer-se uma distinção entre:
9
Quase-negócio jurídicos ou actos jurídicos quase-negócio, traduzem-se na
manifestação exterior da vontade (ex. art. 471º Código Comercial - art. 808º CC);
Operações jurídicas, também designada na doutrina estrangeira pelas expressões
actos materiais, actos reais ou actos exteriores, traduzem-se na efectivação ou
realização de um resultado material ou factual a que a lei liga determinados efeitos
jurídicos.
III.2.1.Análise doutrinária
Diogo Freitas do Amaral – Conceito de Ato Administrativo páginas 199 a 212
10
diferentes elementos do ato, podemos dividir o conceito da seguinte forma, e numa
acepção de pressupostos ou requisitos:
Um acto unilateral: este requisito encerra em si a ideia de que o acto deve provir “de
um só autor”, manifestando-se apenas a vontade da entidade administrativa, de forma
“perfeita” (com esta afirmação o professor alude à ideia de perfeição da declaração
negocial conhecida da disciplina de negócio jurídico e proveniente da Subsecção III
Perfeição da Declaração Negocial, em especial o artigo 224º do Código Civil). A este
respeito cabe ressalvar que a participação dos particulares no procedimento
administrativo não torna o ato bilateral, essa circunstância promove o princípio da
colaboração com os particulares (11ºCPA) havendo uma maior ponderação dos
interesses de ambas as partes, mas a decisão final é sempre proferida apenas pela
Administração.
11
Um acto que versa sobre uma situação individual e concreta: este elemento visa
distinguir fundamentalmente ato administrativo de regulamento, excluindo a
consideração dos regulamentos para a matéria dos actos, dado que estes tem um carácter
geral e abstracto. Ao concentrarem-se numa situação individual e concreta estão, por um
lado, a limitar os destinatários jurídicos da decisão (caráter individual), e por outro, a
limitar as situações da vida que os comandos jurídicos, provenientes da decisão, visam
regular (caráter concreto).
A doutrina que é dada por estes professores refere-se ao antigo CPA, na qual a
noção de acto administrativo encontrava-se no artigo 118º do Código do Procedimento
Administrativo, e que não possuía o elemento da decisão “no exercício de poderes
jurídico-administrativos”. Por esta razão, a análise será feita tendo em conta o regime
anterior ao Novo Código do Procedimento Administrativo.
12
2. O espeto “visem produzir efeitos jurídicos”: este requisito é idêntico ao de “acto
jurídico” referido por Diogo Freitas do Amaral, e em que se exige que o ato produza
efeitos jurídicos, isto é, que seja um ato jurídico, quer sejam eles “declarações de
inexistência, nulidade e anulabilidade”.
3. O aspecto “situação individual e concreta”: significa que tem de ser
determináveis, quer os destinatários do ato, quer as situações de facto a que o ato se
aplica. Desta forma, estes autores concluem que o ato administrativo tem caráter não
normativo, contrariamente ao do regulamento, que possui as características gerais
das normas jurídicas, generalidade e abstracção.
Para além desta abordagem enumerativa, os autores efectuam ainda as seguintes
considerações: o acto administrativo não necessitava de possuir caráter externo (esta
conclusão já não pode ser retirada do novo CPA porque o artigo 120º faz essa
delimitação), podendo, verificados os requisitos, dizer respeito a uma decisão de
conteúdo interno da Administração Pública. Esta conclusão é extraída do facto de se
aludirem em específico aos actos administrativos de caráter externo, no antigo artigo
51º do Código do Procedimento Administrativo, significando que existem outros de
caráter oposto (interno). Estes autores afirmam que esta abordagem acompanha os
dados normativos, e que se distancia em larga medida com aquela que é a doutrina
alemã, e que dispõe em sentido contrário (são apenas actos administrativos os actos
que possuam caráter externo).
13
administrativo, que é o acto definitivo e executório. As características comuns a todos
os actos administrativos são cinco:
1) Condição necessária do uso da força: a Administração não pode fazer uso da força
sem primeiro ter adquirido a legitimidade necessária para o efeito, praticando um
acto definitivo e executório. Sem acto definitivo e executório prévio, não é possível
recorrer ao uso da força;
2) Possibilidade de execução forçada: o acto definitivo e executório, se não for
acatado ou cumprido pelos particulares, pode em princípio ser-lhes imposto pela
Administração por meios coactivos. É uma consequência do privilégio de execução
prévia;
3) Impugnabilidade contenciosa: o acto definitivo e executório é susceptível de
recurso contencioso, no qual os interessados podem alegar a ilegalidade do acto e
pedir a respectiva anulação. Por via de regra, os actos que não sejam definitivos e
executórios não são susceptíveis de recurso contencioso perante os Tribunais
Administrativos. A impugnabilidade contenciosa é, assim, uma característica
específica dos actos administrativos definitivos e executórios.
14
III.4. Natureza Jurídica do Acto Administrativo
Para uns, o acto administrativo tem um carácter de negócio jurídico, e deve por
isso ser entendido como uma espécie do género negócio jurídico, a par da outra espécie,
sua irmã, do negócio jurídico privado. Para outros, o acto administrativo é um acto de
aplicação do Direito, situado no mesmo escalão e desempenhando função idêntica à da
sentença. Para uma terceira corrente de opinião, enfim, o acto administrativo não pode
ser assemelhado, nem ao negócio jurídico, nem à sentença, e portanto ser encarado
como possuindo natureza própria e carácter específico, enquanto acto unilateral de
autoridade pública ao serviço de um fim administrativo.
16
Actos Impositivos: São aqueles que impõem a alguém uma determinada
conduta ou sujeição a determinados efeitos jurídicos. Há que distinguir quatro espécies:
Actos de comando: aqueles que impõem a um particular a adopção de uma conduta
positiva ou negativa, assim: (1) se impõem uma conduta positiva, chamam-se ordens;
(2) se impõem uma conduta negativa chama-se proibições. Actos punitivos: são aqueles
que impõem uma sanção a alguém. Actos ablativos: são aqueles que impõem o
sacrifício de um direito. Juízos: são os actos pelos quais um órgão da Administração
qualifica, segundo critérios de justiça, pessoas, coisas, ou actos submetidos à sua
apreciação.
A dispensa: é o acto administrativo que permite a alguém, nos termos da lei, o não
cumprimento de uma obrigação geral, seja em atenção a outro interesse público
(isenção), seja como forma de procurar garantir o respeito pelo princípio da
imparcialidade da Administração Pública (escusa).
A renúncia: que consiste no acto pelo qual um órgão da Administração se despoja
da titularidade de um direito legalmente disponível.
17
III.7. Meros Actos Administrativos
São actos que não traduzem uma afirmação de vontade, mas apenas simples
declarações de conhecimento ou de inteligência. Destacam-se duas categorias:
Actos opinativos: são actos pelos quais um órgão da Administração emite o seu
ponto de vista acerca de uma questão técnica ou jurídica. Dentro destes, há que
distinguir três modalidades: as informações burocráticas, são as opiniões prestadas pelos
serviços ao superior hierárquico competente para decidir; as recomendações, são actos
pelos quais se emite uma opinião, consubstanciando um apelo a que o órgão competente
decida daquela maneira, mas que o não obriga a tal; e os pareceres, são actos opinativos
elaborados por peritos especializados em certos ramos do saber, ou por órgãos colegiais
de natureza consultiva.
18
IV. CONCLUSÃO
Desta enunciação exaustiva das principais correntes doutrinárias que se referem
ao conceito de acto e facto administrativo, é importante afirmar que, nos últimos anos,
se assistiu a uma mudança de paradigma, como consequência do surgimento de
concepções alternativas àquela que foi a primeira, realizada pelo “pai do direito
administrativo”, Marcelo Caetano. A sua concepção demasiado ampla, na minha
opinião, e distanciada daquela sugerida pela lei, é o que está na base, de entre outros
factores, da mudança de pensamento.
19
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. NABAIS, José Casalta, Procedimento e Processo Administrativos, 12ºEdição
2021
2. AMARAL, Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo Volume II,
4ºedição, Almedina.
3. DE SOUSA, Marcelo Rebelo e André Salgado de Matos, Direito Administrativo
Geral Tomo III, Actividade Administrativa, 1ªEdição 2007.
4. CAUPERS, João, Introdução ao Direito Administrativo, 10ªedição, Editora
Âncora.
5. DE ALMEIDA, Mário Aroso, Teoria Geral do Direito Administrativo, O novo
regime do Código do Procedimento Administrativo, 2ªEdição 2015.
6. CAETANO, Marcelo, Manual de Direito Administrativo, Volume II Almedina.
7. Constituição da Republica de Moçambique
8. Código do Procedimento Administrativo Moçambicano
20