Você está na página 1de 7

DESAGUAMENTO DE MINA SUBTERRÂNEA

TRABALHO SOBRE DESAGUAMENTO DE MINA


SUBTERRANEA, ORIENTEADO PELO
PORFESSOR JOSÉ CLEUTON, DO CURSO DE
ENGENHARIA DE MINAS DO CEULP/ULBRA
ACADÊMICO: RAFAEL DE MORAIS MARQUES.

PALMAS
2015
1. INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea pode ser considerada uma sociedade mineradora,


pois em todas as esferas de sua cadeia produtiva está presente a mineração –
seja nos carros, casas, edifícios, templos sagrados, instrumentos musicais, nos
eletro-eletrônicos, seja na assombrosa tecnologia de nossa era, ou no
tradicional cultivo de determinada vegetação, os derivados da mineração
apresentam-se como componentes essenciais de produtos que fazem parte da
nossa realidade. Mas se por um lado essa mineração representa a construção,
a evolução, por outro ela é vista, muitas vezes, como a grande vilã, como uma
destruidora do meio ambiente, da fauna, da flora, dos lençóis freáticos, rios,
lagos, e também do subsolo. Exemplificar esse lado “negro”, “obscuro” da
mineração, neste momento, é muito simples, visto novamente ele está pauta,
está na mídia, está estampado nos jornais, está na boca do povo, devido ao
rompimento da barragem de rejeito, ocorrido nos últimos dias, próximo a região
de Mariana em Minas Gerais.
Um empreendimento de mineração de maior porte engloba atividades diversas,
desde o estudo e reconhecimento geológico inicial, sondagens para pesquisa,
avaliação da jazida e do teor de minério, estudos de viabilidade econômica, até
o projeto, implantação da infra-estrutura, operação de lavra, gerenciamento da
produção e beneficiamento de minério, por um período de tempo
predeterminado e em área geograficamente limitada.
O desaguamento de minas, ou seja, o rebaixamento do nível d’água para lavra
do minério abaixo da superfície piezométrica, mediante a construção de poços
tubulares profundos, bombeamento em sumps,(acúmulo de água no fundo da
cava) galerias, rede de drenos e trincheiras – é comum a adoção simultânea de
mais de um processo – pode provocar a exaustão de nascentes e inviabilizar a
operação de poços em áreas vizinhas. Ao final de sua vida útil, quando a mina
é a céu aberto, a cava se transforma em lago profundo cuja superfície
determinará um novo nível piezométrico para a área, distinto do original. A
água proveniente do rebaixamento é geralmente utilizada nas diversas etapas
do processo de beneficiamento. No caso do minério de ferro, a água é de boa
qualidade e o excesso do volume explotado pode atender o abastecimento de
comunidades vizinhas ao empreendimento. Para que o processo de
desaguamento de minas subterrâneas ocorra com segurança, dentro dos
princípios da preservação ambiental, existem diversos fatores tais como,
obediência a legislação pertinente, estudo e projeto de rebaixamento dos níveis
de águas subterrâneas, modelos de execução técnica específicos, e protocolos
de segurança e responsabilidade ecológica a serem seguidos. Esses fatores
serão abordados no trabalho a seguir.
2. DESEGUAMENTO DE MINA SUBTERRANEA

Grande parte dos depósitos minerais está situada abaixo da superfície


piezométrica dos aquíferos, ou seja, é parte ou está associado a um
reservatório subterrâneo.
O rebaixamento do nível d’agua em mineração é bem mais complexo que em
obras civis, a atividade tem seu início antes mesmo da mina atingir o nível
d’agua do aquífero. Do ponto de vista operacional o desaguamento é
encerrado ao termino da atividade de lavra, a qual tem duração de algumas
décadas. Entretanto, o rebaixamento do aquífero persiste até que o nível
d’agua atinja a condição de equilíbrio, quando a própria cava segue realizando
o rebaixamento do nível d’agua ao seu entorno.
Nas grandes e médias cavas de mineração a atividade tem um potencial
considerável de geração de impactos sobre os recursos hídricos, entretanto, se
for bem conduzido, bem gerido, o desaguamento pode trazer benefícios, como
por exemplo o aumento da disponibilidade local dos recursos hídricos.
Deste modo, visando a preservação ambiental, e manutenção da qualidade dos
recursos hídricos, os processos inerentes ao desaguamento estão sujeitos a
licenciamentos, para que possam ser efetuados, com segurança e sucesso. As
atividades inerentes ao rebaixamento do nível d’agua, devem ser previamente
estudadas e projetadas, para que sua execução ocorra dentro dos parâmetros
legais e tecnicamente seguros, seguindo o protocolo da legislação vigente.

MODELO GELOLÓGICO
É muito importante que se conheça detalhadamente o deposito mineral, a
localização, a forma, o corpo de minério, bem como toda a geologia e
hidrogeologia ao entorno da mina por meio de mapeamento, pois a
mineralização, na maioria das vezes, condiciona o comportamento
hidrogeológico dos aquíferos.

HIDROMETEREOROLOGIA
A compilação dos dados meteorológicos, principalmente pluviometria,
evaporação e temperatura do ar, bem como os dados fluviométricos regionais
são de fundamental importância na definição do modelo hidrogeológico.

INVETÁRIO DE PONTOS D’AGUA


Esta é sem dúvida a mais importante atividade a ser desenvolvida em um
estudo hidrogeológico voltado para o rebaixamento do nível d’agua. Esta
atividade consiste em um inventário sistemático de todas as surgências de
água subterrânea contidas nas sub-bacias do entorno do empreendimento, que
devem ser percorridas e registrados um a um, considerando também os
sumidouros, lagoas naturais, barramentos, poços tubulares, poços escavados,
poços de monitoramento, piezômetros, drenos de estabilidade de taludes e etc.

PROGRAMA DE MONITORAMENTO
A implantação e operação de uma rede de monitoramento deve conter no
mínimo os seguintes equipamentos:
 Piezômetros e indicadores de nível d’agua;
 Vertedouros para medição do escoamento básico da agua;
 Construção e operação de poço tubular ou outra estrutura de drenagem
para realização de ensaio, de bombeamento de longa duração, quando
necessário;
 Determinação de pontos e parâmetros para monitoramento hidroquímico
e qualidade das aguas;
 Pluviômetro ou estação meteorológica quando necessário;
É importante salientar que além dos instrumentos utilizados no
empreendimento e entorno devem ser monitorados outros instrumentos, tais
como:
 Poços tubulares e escavados em operações ou não pertencentes ao
empreendimento ou a terceiros;
 Drenos de estabilidade dos taludes, vazões;
 Drenagem de fundo de pilhas de estéreis;
 Captações de agua subterrânea e de agua superficial;
 Descargas de níveis de barragens de lagos naturais;
 Umidade do minério retirado da mina;
 Volumes de agua retirados da mina, tanto aguas subterrâneas retiradas
pela própria cava, quanto as drenadas pluvialmente
 Demais pontos relevantes que venham ocorrer.

PROJETO DE REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE AGUA

ANÁLISE DO SEQUENCIAMENTO DE LAVRA

O primeiro passo de um projeto de rebaixamento do nível d’agua é a análise


do sequenciamento de lavra, que apresenta a evolução da escavação
passo a passo ao longo do tempo. Ela é quem vai definir como deve ser a
evolução do rebaixamento do nível de agua. O método de lavra a ser
adotado também é muito importante, pois define como devem ficar as
condições de operação da mina, a segurança, a insalubridade e os
equipamentos de mineração.
ESTIMATIVA DOS VOLUMES A SEREM EXPLOTADOS E ESTRUTURAS
DE CAPTAÇÃO
Na estimativa dos volumes a serem explotados deve-se considerar que o
rebaixamento do nível d´agua realiza uma superexplotação localizada de
um ou mais aquíferos, ou seja, será necessário explorar um volume de
maior que a reserva renovável local, consequentemente, parte da reserva
geológica de agua subterrânea. Geralmente as mineralizações e os
aquíferos tendem a estarem compartimentados. O modelo hidrogeológico
do corpo mineral e do entorno fornecem as informações básicas para a
estimativa dos volumes.

DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMA DE REBAIXAMENTO

A melhor ferramenta para o dimensionamento racional do sistema de


rebaixamento é o modelamento numérico do fluxo d’agua subterrânea. Os
modelos possibilitam o prognostico do sistema, bem como seu
planejamento, tanto durante a vida da mina, quanto na fase de
descomissionamento até a recuperação dos níveis d’agua dos aquíferos.
MODELO NUMERICO
Os modelos a serem empregados podem ser do tipo analíticos, diferenças
finitas ou elementos finitos, dependendo da complexidade do problema a
ser estudado. Os modelos analíticos são empregados geralmente, apenas
para situações simples ou para prognósticos preliminares, já os modelos de
elementos finitos são utilizados para soluções mais complexas ou por
centro de pesquisas. Os mais utilizados são os modelos de diferenças
finitas, principalmente aqueles que dispõe de softwares mais amigáveis,
que possibilitem a sua adequação ao dia a dia das equipes de hidrogeologia
das companhias de mineração.

ANALISE DOS IMPACTOS


Os impactos gerados pelo rebaixamento devem constar no RCA/PCA.
Esses impactos podem ser subdivididos em duas classes:
 IMPACTOS AMBIENTAIS: sobre a flora, fauna, a qualidade d’agua,
edificações, estradas, canais e etc.
 IMPACTOS SOBRE OS RECURSOS HIDRICOS: restringem-se a
impactos sobre a disponibilidade dos recursos hídricos.
PROGNOSTICOS DE IMPACTOS, MEDIDAS MITIGADORAS E
DESCOMISSIONAMENTO DA MINA
O prognostico desses impactos devem constar no projeto de rebaixamento,
considerando todas as suas etapas, características hidrogeologicicas, bem
como as informações do projeto de lavra, e demais informações que possam
ajudar a prevê-los. Deste modo o prognostico deve conter as surgências,
aquíferos, drenagens e estruturas de captação de agua subterrânea que
possam ser afetadas, de modo a exaurir, ou minimizar os impactos.
Para tanto deve-se ainda, previamente, elaborar, projetar as medidas
mitigadoras, necessárias para a recuperação e reparação das áreas afetadas,
bem como o seu monitoramento, antes, durante a operação de rebaixamento,
bem como após o fim da vida útil da mina, no processo de descomissinamento.
Pois a fase de descomissinonamento prevê o controle ambiental, além da
recuperação do aquífero, monitoramento da qualidade da agua, operação das
estruturas de mitigação, e o planejamento do uso final de cava.
3. CONCLUSÃO

O bombeamento de água tem por objetivo manter o nível d’água em uma


determinada cota que permita a continuidade das atividades de lavra. A
operação do sistema de rebaixamento de nível d’água requer conhecimento
pleno do sistema aquífero afetado, parâmetros hidrodinâmicos, linhas de fluxo,
conexões hidráulicas entre aquíferos vizinhos, áreas de recarga e descarga
(mapeamento detalhado de nascentes); rede de monitoramento piezométrico,
fluviométrico e pluviométrico, avaliada e atualizada constantemente; agilidade
no controle operacional da produção do sistema de rebaixamento em harmonia
com o projeto de lavra. Os principais métodos utilizados no rebaixamento são a
instalação de poços tubulares profundos equipados com bombas submersas
e/ou sumps acompanhados de bombas de superfície flutuantes para
esgotamento de fundo de cavas, além de galerias e drenos horizontais e
verticais.
Na mineração, o rebaixamento ocorre ao longo de todo o tempo em que a lavra
se desenvolve, abaixo do nível d’água. Em geral, pratica-se o pré-rebaixamento
a fim de atender o avanço da lavra. Dessa forma, o rebaixamento se inicia um
ou dois anos antes da lavra atingir o nível d’água e prossegue até o final da
vida útil da mina”. O conhecimento apropriado das práticas envolvidas, em
cada uma das fases de desenvolvimento da mina (Planejamento, Implantação,
Operação e Descomissionamento), auxilia na indicação dos principais cuidados
a serem mantidos visando evitar acidentes que ponham em risco os aquíferos,
tais como: vazamentos de combustíveis ou de redes de esgotamento sanitário,
depósito de materiais perigosos, disposição de resíduos, etc. Além disso o
projeto voltado para o rebaixamento desse nível irá conter também um
prognostico de impactos, ambientais e hídricos, bem como as medidas
mitigadoras e o plano de monitoramento dessas atividades, e do
comportamento dos aquíferos sujeitos a rebaixamento, e também de toda a
hidrogeologia ao entorno da mina.

Você também pode gostar