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VERSÃO DO PROFESSOR

D I S C I P L I N A Calor e Termodinâmica

Temperatura e
lei zero da termodinâmica

Autores

Rui Tertuliano de Medeiros

Ciclamio Leite Barreto

aula

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___


02
Nome:______________________________________
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro da Educação
Fernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEED


Carlos Eduardo Bielschowsky

Reitor
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Secretária de Educação a Distância


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sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
VERSÃO DO PROFESSOR

Apresentação

N
esta aula, você compreenderá o significado de temperatura e das suas relações com o
conceito de calor, discutidas do ponto de vista macroscópico. Você entenderá o que é
uma substância termométrica e a sua respectiva propriedade termométrica, de modo
que uma mudança perceptível nessa propriedade associa-se a uma mudança na temperatura da
substância. Apresentaremos ainda a compreensão dos fenômenos térmicos do nosso cotidiano
compatível com os conceitos científicos.

Objetivos
Compreender o conceito de equilíbrio térmico e a Lei Zero
1 da Termodinâmica.

Entender a necessidade de temperaturas de referência


2 para a construção de uma escala termométrica.

Relacionar uma medida de temperatura entre escalas


3 termométricas distintas.

Explorar o funcionamento de termômetros diversos.


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Aula 02 Calor e Termodinâmica 1


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A problemática do
clima na região Nordeste

O
semi-árido nordestino, com área de 974.752 km2, concentra-se principalmente no
Nordeste, ocupando 86,48% da região; 13,52% abrangem o norte de Minas Gerais.
A região Nordeste está inserida no polígono das secas, sujeita a repetidas crises de
prolongamento das estiagens. As chuvas ocorrem em dois períodos: de janeiro a maio, período
característico da chuva no sertão, e de maio a agosto, período característico da chuva no litoral
leste e na região agreste. Nos gráficos da Figura 1, que representam a precipitação em mm, de
acordo com a Figura 1(b), o período de chuva no litoral pode começar antes de maio. A escala
horizontal no gráfico indica os meses de 1 a 12 e a escala vertical, os milímetros em chuva.
Analisando as escalas verticais dos dois gráficos, você pode notar que em Petrolina, sertão de
Pernambuco, o valor máximo da escala é de 100 mm, enquanto em Recife a escala máxima é
de 400 mm, o que significa que chove bem mais no litoral. (INMET, 2008).

a b
Instituto Nacional de Meteorologia - INMET Instituto Nacional de Meteorologia - INMET
Chuva acumulada mensal X chuva(normal climatológica 61-90) Chuva acumulada mensal X chuva(normal climatológica 61-90)
Petrolina (PE) - Para o ano: Petrolina (PE) - Para o ano:

160 400
140
Preciptação em mm
Preciptação em mm

120 300
100
80 200
60
40 100
20
0 0
1/

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2/

3/

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5/

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10

11

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Mês/Ano Mês/Ano
Chuva acum. mensal Chuva acum. mensal (normal climatológica 61-90) Chuva acum. mensal Chuva acum. mensal (normal climatológica 61-900)

Figura 1 – Representação gráfica da precipitação de chuvas em mm para as cidades de (a) Petrolina e (b) Recife, PE.

Embora previsíveis nessa região, as mazelas se perpetuam há séculos. Elas são de


dois tipos: (a) as que afetam os indivíduos fisicamente, como fome, desnutrição, doenças,
mortes e migração (desagregação familiar); (b) e as que afetam moral e civilmente, como
desamparo, desrespeito aos direitos humanos básicos (o que contribui para a pobreza),
desânimo (conseqüência dos danos físicos e também dos danos morais) etc. Como já relatava
Euclides da Cunha (1866 – 1909), em seu ensaio Cruzadas nos Sertões, “As secas do extremo
norte delatam, impressionadoramente, a nossa imprevidência, embora seja o único fato de
toda a nossa vida nacional ao qual se pode aplicar o princípio da previsão”. (CUNHA apud
RODRIGUES, 2008, extraído da Internet).

2 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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Refletir seriamente sobre essa realidade e apontar soluções de convivência com
as condições climáticas do nosso semi-árido, caracterizadas pela irregularidade e má
distribuição das chuvas, é uma tarefa inadiável e que, sem dúvida, nos levará aos caminhos
do desenvolvimento, entendido como mais adequado sinônimo de melhoria de condições de
vida da população assentada nessa região (RODRIGUES, 2008).

Como em todo o semi-árido nordestino, além das vulnerabilidades climáticas e


grandes períodos de secas, o déficit hídrico, em determinadas épocas do ano, é de longe o
pior fenômeno natural que prejudica os moradores do semi-árido. Nessa região de contrastes,
onde a ausência da água não só é previsível, como pode ter seu impacto minimizado, é preciso
investir em pesquisas e projetos de captação de água, mas também ensinar as pessoas a tirar o
melhor proveito de uma região tão árida quanto rica em soluções alternativas. No mesmo semi-
árido carente de chuvas, por longos períodos, temos lençóis freáticos de grandes potenciais
aqüíferos, ainda pouco aproveitados; além disso, apesar da aridez do solo, a vegetação da
caatinga oferece diferentes floradas por todo o ano, produzindo uma festa para as abelhas e
um dos melhores, senão o melhor, mel do mundo.

As potencialidades econômicas naturais são várias, desde a criação de cabras e camarão


em cativeiro, aos melhores produtos advindos da fruticultura, sem falar nos recursos minerais
provenientes da exploração de petróleo e gás natural. O Nordeste é rico na produção de frutas
cultivadas em áreas irrigadas pelos vales dos rios Jaguaribe (CE), vale do Rio São Francisco
(BA, PE, AL e SE), vale do rio Piranhas e também na Chapada do Apodi (RN).

Propor e implementar políticas viáveis com esse objetivo é o grande papel de todos nós,
sobretudo quando se sabe que a sucessiva ausência de políticas, efetivas e eficazes, voltadas
à preservação dos frágeis ecossistemas regionais, além de ameaçar a maioria das espécies
vegetais e animais, tem criado sérios riscos à ocupação humana.

Com esse objetivo de apoiar a implementação dessas políticas, passamos a discutir nesta
disciplina os conceitos de temperatura e calor e suas relações mútuas, a lei de conservação de
energia e aplicações a máquinas térmicas e refrigeradores utilizados no nosso meio, usando
como fonte principal a energia do Sol.

No semi-árido nordestino, a vegetação da caatinga durante períodos de estiagem fica


sem cobertura de folhas, o que dá a aparência de que toda vegetação está morta. O Sol irradia
diretamente sobre o solo num período contínuo de aproximadamente 8 meses nos anos
considerados normais e num período contínuo em média de 18 meses em anos consecutivos
de estiagem prolongada (secas). Como então conviver nessa região, onde a água, tanto
para o consumo humano e animal como para os processos de cultivo através da irrigação,
é extremamente escassa e ao mesmo tempo tão importante? O fator mais agravante é o
processo de evaporação da água, pelas diversas formas de seu armazenamento e também
pela sua má utilização.

Aula 02 Calor e Termodinâmica 3


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Consideramos também um fator determinante no processo de evaporação relacionado
com a posição geográfica, a qual faz com que as temperaturas médias tenham poucas
mudanças durante o ano todo, sendo consideradas altas, o que permite um aquecimento maior
das águas e consequentemente uma maior quantidade de água evaporada. Podemos verificar
que no semi-árido nordestino, além dos períodos de estiagem prolongados, a distribuição anual
de chuvas é muito irregular. A Tabela 1 fornece o registro de chuvas em milímetros (mm) para
alguns anos consecutivos numa estação meteorológica situada na cidade de Angicos, região
central do RN. Verifique que os meses de Fevereiro a Maio (meses com maior probabilidade
de ocorrência de chuvas) correspondem à conhecida quadra chuvosa da região.

Tabela 1 – Registro EMPARN (DNOCS) de chuvas

Registro pluviométrico (em mm) na Estação Meteorológica de ANGICOS – RN


MÊS 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983
JAN 261,9 0 26 105,7 0 101,3 0 96,9 0 13
FEV 183,6 105,4 71,2 15,3 31,6 76,2 183,9 5 56 121,3
MAR 141,2 154 206,7 145 138,9 3,5 78 227,2 82,3 39,9
ABR 338,3 177,5 59,4 378 104,3 49 19 68,9 138,1 30,3
MAI 199 127,6 15,3 99,9 76,8 19,7 0 15,6 77 0
JUN 50 40,9 8,4 73,7 3 3 8,5 27,6 6,5 5
JUL 77 114,5 15,5 9 25,2 0 0 0 21 0
AGO 0 0 0 0 0 7,5 0 0 3,4 0
SET 0 0 0 0 0 1,2 0 0 0 0
OUT 6,7 0 55,8 0 0 0 0 0 0 0
NOV 13,4 0 3,6 0 33 0 0 1,5 1,5 0
DEZ 13,9 34,5 0 0 3,5 1 0 4,2 52,5 0
TOTAL 1285 754,4 461,9 826,6 416,3 262,4 289,4 446,9 438,3 209,5

O comportamento apresentado nessa tabela servirá para qualquer município típico


localizado no sertão do semi-árido nordestino. A distribuição irregular fica mais caracterizada
analisando-se a quadra chuvosa de Fevereiro a Maio. Por exemplo, em Fevereiro choveu 5 mm
em 1981 e 183,6 mm em 1974. Outro exemplo: não choveu em Maio de 1980, mas choveu 199
mm em Maio de 1974. As estiagens ou secas no Nordeste podem ser verificadas em função
da precipitação total obtida nos meses de Março e Abril. Podemos recorrer à aula 8 (Clima e
tempo) da disciplina Ciências da Natureza e Realidade, mostrando a variação pluviométrica de
diferentes localidades dentro do semi-árido nordestino.

Atividade 1
1 Identifique na Tabela 1 os anos que tiveram fortes estiagens (secas).

4 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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Leia o texto a seguir e responda o que se pede.
2
“Outro fenômeno que frequentemente ocorre na região do semi-árido é a ‘seca verde’.
As chuvas ocorrem em um intervalo de tempo curto, não sendo suficiente para as plantações
(milho, feijão) germinarem, crescerem e produzirem os seus grãos. Embora a pastagem natural
e as árvores fiquem verdes, a produção de grãos e outros produtos é praticamente nula.”

 Identifique na Tabela 1 os anos de seca verde.

Comparando a evolução das chuvas em várias localidades, procure nos órgãos


3 municipais de sua cidade o setor responsável pela estação pluviométrica, monte uma
tabela igual à Tabela 1 e compare em detalhes as medidas dos dois locais.

sua resposta

Iremos estudar os fenômenos térmicos de um sistema, conforme discutido na


aula anterior, a partir de uma visão macroscópica da principal grandeza fundamental
(Temperatura) que não requer o conhecimento do comportamento individual das partículas
das quais o sistema é formado. Estaremos lidando nos próximos itens com a chamada
Termodinâmica Clássica.

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Sistemas, vizinhanças e fronteiras

C
omo apresentado na aula anterior, os conceitos de sistema e sua vizinhança são
centrais para a termodinâmica. Vinculados a esse contexto, sobre esses conceitos, o
qual também foi tratado na aula 8 – Calor e termodinâmica – da disciplina Física e Meio
Ambiente. A esquematização da Figura 2 é a mesma que aparece na referida aula:

Figura 2 – Uma fronteira separa um sistema termodinâmico da sua vizinhança

Seja um pequeno reservatório de água, tradicionalmente conhecido como barreiro ou


açude na região Nordeste, o nosso sistema. A sua vizinhança será o Sol, o ar e o solo. Uma
das fronteiras será a interface entre o solo e a água, a qual pode ser aberta se o solo for muito
poroso (perdendo água por infiltração ou poderá ser fechada se o solo for impermeável). A
outra fronteira vem da interface entre o ar e a água. Se, por exemplo, colocamos uma cobertura
de plástico branco entre a água e o ar, a luz solar será refletida, não irá transferir calor para a
água e, ao mesmo tempo, irá dificultar o processo de evaporação da mesma (não haverá perda
de massa do sistema através dessa fronteira). Nesse aspecto, essa fronteira não permite a
troca de calor nem a troca de massa.

Dessa forma, podemos então classificar os sistemas de duas maneiras, descritas a seguir.

a) Sistema isolado – neste caso, não existe interação entre o sistema e a vizinhança. As
grandezas associadas ao sistema permanecem constantes (não variam com o tempo).

b) Sistema fechado – neste caso, não ocorre troca de massa entre o sistema e a vizinhança.

Como já visto na aula 8 da disciplina Física e Meio Ambiente, a identificação do tipo de


fronteira permite identificar como o sistema vai interagir com a vizinhança.

6 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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No exemplo do pequeno reservatório, se o mesmo for construído em solo argiloso,
caracteriza-se uma fronteira impermeável (fechada). Se for coberto com um plástico
branco, caracteriza-se uma fronteira adiabática (o que significa que não há troca de calor
com a vizinhança), esse sistema pode ser aproximadamente considerado como um sistema
isolado  e  fechado.

As paredes da garrafa térmica constituem uma fronteira adiabática porque impedem


a transferência de calor por convecção, por condução e por radiação (estas são as formas
bem definidas de transferência de calor), que foram superficialmente discutidas na aula 8
de Física e meio Ambiente. A garrafa térmica é um frasco de parede dupla com vácuo entre
elas, isto é, o ar foi praticamente todo retirado do espaço entre as paredes (Figura 3). Quando
a garrafa contém um líquido frio, as paredes prateadas refletem as ondas de calor que vêm
de fora, impedido-as de penetrar. Suponha que ela contenha um líquido quente, então, a
parede prateada interna sendo um mau emissor irradia pouco calor. O cientista inglês Dewar
(1842-1923) inventou a garrafa térmica no fim do século passado. Ele a utilizava para conservar
certos líquidos sem que eles se evaporassem. Hoje em dia nós usamos as garrafas térmicas
para conservar a temperatura de líquidos quentes ou frios.

Paredes
prateadas

Líquido quente Vácuo

Figura 3 – Uma garrafa térmica conserva frios os líquidos frios e quentes os líquidos quentes

Dentro da nossa realidade, podemos considerar um sistema como sendo


uma cisterna (Figura 4), que está sendo atualmente construída com capacidade de
16.000 litros, principalmente nas comunidades rurais do semi-árido nordestino que necessitam
do armazenamento da água da chuva. A água dentro dela pode ser considerada como um
sistema fechado, pois a perda de vapor d’água é muito pequena. A camada de ar que fica alojada
na cúpula da cisterna dificulta a troca de calor entre a parede da cisterna e a água.

Qual será então a interação da água (sistema) com a sua vizinhança (parede externa)?

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Como ela é coberta, não recebe diretamente a luz do sol, e consequentemente a troca de
calor entre a água e a vizinhança ocorre através do contato das paredes da cisterna. Podemos
perceber que a temperatura da água permanece praticamente constante, mesmo que a parte
externa da placa de cimento sofra uma mudança significativa de temperatura.

Esta é uma fronteira diatérmica que permite a troca de energia entre o sistema e a
vizinhança, entretanto, a temperatura da parte externa da fronteira (recebendo a luz solar) é
diferente da parte interna que está em contato com a água. Esse fenômeno está diretamente
relacionado com o conceito de capacidade térmica, ou, mais especificamente, o calor específico
das diversas substâncias, mencionado na Tabela 1 da aula 8 (Energia cinética, calor e energia
de massa) da disciplina Energia. Voltaremos a esse assunto posteriormente na aula 6 – Teoria
cinética dos gases II – dessa disciplina. Uma observação pertinente a nossa discussão é que
para a cisterna receber menos raios solares apenas a sua cúpula fica fora da terra, como
mostra a Figura 4.

Figura 4 – Cisterna utilizada para o armazenamento da água da chuva

Atividade 2
De posse de uma panela de alumínio e de uma caixa de isopor, coloque dentro das
duas uma mesma quantidade de gelo, tampe-as e coloque-as sob a ação do Sol.

Após 10 minutos destampe as duas e descreva como se encontra o gelo ali


colocado.

Diante do resultado encontrado, qual material tem característica de uma fronteira


diatérmica e o que tem característica de uma fronteira adiabática?

8 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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Calor e temperatura
são a mesma coisa?
Após a compreensão sobre sistema e vizinhança e a fronteira que os separa, estamos
aptos a discutir os conceitos de calor e temperatura.

É muito comum ouvirmos a expressão “está fazendo muito calor” no sentido de que está
muito quente, significando que a temperatura está muito elevada. Também costumamos ouvir
“hoje está fazendo mais calor do que ontem a essa mesma hora”, entretanto, consultando
a leitura de um termômetro (medidor de temperatura), verificamos a mesma leitura do dia
anterior. Essa sensação de mais quente está diretamente ligada às condições climáticas do
dia, principalmente em termos da umidade relativa do ar (medido pela quantidade de vapor
d’água no ar). Daí, podemos começar a compreender que calor e temperatura têm significados
bem distintos. Parte do esforço necessário em termodinâmica é exatamente no sentido de
desfazer esse mal-entendido. Em ciência, temperatura é uma coisa e calor é outra. Nesta
aula, começaremos a perceber tal distinção.

A dificuldade vem do corriqueiro fato de que associamos temperatura à noção de quente


ou frio. Entretanto, essa noção pode ser interpretada erroneamente, uma vez que quando
colocamos os pés no chão de barro ou no chão de cimento ou ainda a mão no trinco da porta
e na madeira da porta, sentimos que uns parecem mais quentes que outros, embora estejam
todos à mesma temperatura ambiente. A sensação térmica que tem um trabalhador rural ao
pegar seu instrumento de trabalho (machado, enxada etc.) é que a parte de madeira parece
estar mais quente que a de ferro, mesmo estando ambos a uma mesma temperatura ambiente
num mesmo compartimento da casa.

Atividade 3

É fácil se enganar a respeito da temperatura. Coloque água fria numa vasilha, em


outra, água morna e em uma terceira, água quente. Em seguida, mergulhe uma
das mãos na água fria e a outra na água quente. Passado algum tempo, mergulhe
ambas na água morna.

Descreva o que você observou.

Aula 02 Calor e Termodinâmica 9


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Provavelmente, você deve ter percebido que a água morna parecerá mais quente para uma
das mãos – a que estava na água fria – e mais fria para a outra – a que estava na água quente.

Assim, nosso conceito de temperatura está profundamente associado a um processo de


transferência de energia, o qual chamamos de troca de calor. Sabemos de uma maneira clara
que energia é naturalmente transferida na forma de calor de um corpo de mais alta temperatura
para outro corpo de mais baixa temperatura. Dessa forma, podemos concluir que se não houver
troca de calor entre os dois corpos, eles estarão à mesma temperatura (considerando é claro
que eles foram colocados devidamente em contato – físico ou não). Faça uma revisão sobre a
definição de calor, presente na aula 8 da disciplina Física e Meio Ambiente e na aula 8 de Energia.

Com base na experiência, podemos afirmar com toda convicção que um sistema isolado
sempre tende a um estado de equilíbrio térmico, de modo que as variáveis termodinâmicas
macroscópicas que o caracterizam não mudam com o tempo.

Atividade 4
Retome a atividade 2 e, de acordo com o resultado encontrado, responda qual
das duas quantidades de gelo recebeu mais calor.

Observemos o que acontece quando colocamos dois sistemas separados por uma
fronteira chamada diatérmica, aquela que permite a troca de calor de um corpo com o outro
(veja representação esquemática na Figura 5). Chamemos a isso de contato térmico.

Fronteira diatérmica

A B

Figura 5 – Dois sistemas A e B separados por uma fronteira diatérmica

10 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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Como medir a
temperatura de um corpo?

A
qui entra o que chamamos de medidor de temperatura, ou termômetro. Galileu construiu
o primeiro termômetro há cerca de 350 anos. Constituía um tubo de vidro tendo numa
das extremidades uma dilatação (bulbo); a outra extremidade era mergulhada na água,
conforme pode ser visto na Figura 6(a). Galileu aquecia o bulbo um pouco para expulsar a
maior parte do ar dentre dele. Quando o ar se resfriava novamente, a sua pressão ficava menor
do que a da atmosfera. A água do reservatório era forçada a subir um pouco no tubo. Galileu
podia então medir mudanças de temperatura em relação a essa temperatura de referência,
pela ascensão ou descida da coluna de água.
a b

Ar

Figura 6 – Termômetro de Galileu: (a) calibrador de temperatura; (b) termômetro clínico.

Os médicos iniciaram usando o termômetro de Galileu para medir a temperatura de seus


doentes. Primeiramente, o médico colocava o bulbo em sua própria boca ou na de outra pessoa
com bom estado de saúde e marcava o nível da água para a temperatura normal. Em seguida,
ele colocava o termômetro na boca do paciente, caso o líquido descesse abaixo da posição
anterior, ele dizia: “a sua temperatura está mais alta que a normal, você está com febre!”. A
Figura 6 (b) representa um aperfeiçoamento do termômetro de Galileu.

Aula 02 Calor e Termodinâmica 11


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Atividade 5
Tente repetir essa experiência envolvendo o bulbo do seu tubo com um pano
embebido em água gelada e outro embebido em água quente (morna).

Muito embora a pressão atmosférica pudesse influir no resultado da medida, esse método
foi usado clinicamente por pelo menos 50 anos até ter o termômetro aperfeiçoado. Foi quando
seu amigo, o Duque de Toscana, inventou uma chocadeira de ovos. Ele precisava de um
termômetro de confiança, então, teve a idéia de usar o termômetro de Galileu com o bulbo
para baixo, enchendo o bulbo e parte do tubo com álcool. Para evitar a evaporação, o Duque
aqueceu o bulbo até que o álcool derramasse um pouco do tubo, daí selou a extremidade do
tubo. Assim, ele fez um termômetro, cuja indicação não dependia da pressão atmosférica.

De posse do termômetro como instrumento medidor da temperatura dos dois corpos da


Figura 5, representando o terceiro corpo e usando o conceito de equilíbrio térmico para três
corpos, podemos enunciar a lei zero da termodinâmica.

Se dois corpos, A e B, separados por uma fronteira adiabática (que não troca
calor), estiverem em equilíbrio térmico independentemente com um terceiro
corpo, C, então, eles estarão em equilíbrio térmico entre si.

A lei zero também foi discutida na aula 8 da disciplina Física e Meio Ambiente.

Atividade 6
Encha um copo com água da torneira. De posse de um termômetro, faça a leitura da
temperatura dessa água. Em seguida, coloque a água dentro de uma garrafa térmica e
deixe-a fechada. Depois, encha o mesmo copo com água e o aqueça até você perceber
que a água já está morna (temperatura suportável ao contato de sua mão). Faça a leitura da
temperatura da água morna e logo em seguida misture com a outra parte dentro da garrafa
térmica e a deixe fechada por alguns minutos. Depois, faça a leitura da temperatura. De
posse das três medidas, tire suas conclusões a respeito dos valores encontrados.

12 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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O termômetro
Para construir e calibrar um termômetro, podemos seguir algumas regras, abaixo descritas.

 Escolhe-se uma substância de trabalho, chamada substância termométrica, exemplificada


pela substância dentro do tubo capilar com o bulbo representado na Figura 7(a). Por
exemplo, o mercúrio elementar, Hg. Mas, por que o Hg? É uma pergunta que fica para
você responder posteriormente.

 Escolhe-se dessa substância uma propriedade termométrica que dependa da percepção


fisiológica de temperatura. Por exemplo, a expansão térmica (dilatação volumétrica) da
substância termométrica. Isso significa que a substância termométrica é muito sensível
a uma pequena variação de temperatura.

 Define-se a escala de temperatura. Uma escala extremamente bem conhecida, por ser
associada ao sistema métrico decimal, a escala Celsius ou centígrada, por exemplo, é
definida por dois pontos fixos e uma lei linear.

Num termômetro padrão de escala Celsius (Figura 7), toma-se um tubo capilar conforme
a Figura 7 (a) e mergulha-se o bulbo na mistura gelo e água, esperando-se que o termômetro
entre em equilíbrio térmico, como mostra a representação do lado esquerdo da Figura 7(b).
Marca-se então o zero da escala, chamado 0 ºC (zero grau Celsius), como sendo o nível do
líquido no capilar (geralmente, mercúrio, Hg) na temperatura de congelamento da água.

Em seguida, mergulha-se o bulbo na mistura água e vapor d’água representada pelo lado
direito da Figura 7b. Aguarda-se o equilíbrio térmico e marca-se a o nível do Hg no capilar
correspondendo à temperatura de ebulição da água, atribuindo-se o valor 100 ºC a esse nível.
É importante que a calibração desse sistema simples seja feita a uma pressão atmosférica de
1 atm ou 760 mm de Hg. Como mostra a figura, esse intervalo será dividido em 100 partes
iguais, sendo cada divisão correspondente a um grau centígrado ou um grau Celsius, (1 oC ).
Teremos com isso o nosso medidor de temperatura (Termômetro).

a b
Tubo capilar Dividir em 100
partes iguais
100ºC
Δv ⎯→ Δh 0ºC

Água + gelo Água + vapor


em equilíbrio em equilíbrio

Figura 7 – Termômetro padrão de escala Celsius

Aula 02 Calor e Termodinâmica 13


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As escalas Celsius
(ou centígrada) e Fahrenheit
Algumas escalas tornaram-se populares ao longo do tempo, mas vamos nos deter em
apenas duas delas: a Celsius (centígrada) e a Fahrenheit. Seus nomes homenageiam seus
inventores: Anders Celsius (1701- 1744) e Gabriel Fahrenheit (1686 - 1736).

A única escala que ainda é freqüentemente usada, além da centígrada, é a escala


Fahrenheit. Essa escala é adotada quase exclusivamente nos países de língua inglesa. O seu
inventor escolheu arbitrariamente o ponto fixo padrão para 0º F com o objetivo de marcar a
temperatura do dia mais frio do ano de 1727, na Islândia, marcada por um amigo. A Islândia
é uma ilha no meio do oceano Atlântico, próximo ao pólo Norte, onde sempre faz muito frio.
Diz-se que ele escolheu para 100º F a temperatura de sua esposa; se isso é verdade, ela devia
estar com febre, porque a temperatura Farenheit de uma pessoa sadia é, na verdade, cerca de
98,6 ºF. Nessa escala, a temperatura de solidificação da água (num processo de resfriamento
da fase líquida) é bem mais elevada que a daquele dia mais frio na Islândia, em 1727: ela é,
de fato, de 32 oF; e a de ebulição (fervura da água) é de 212 ºF, à pressão atmosférica de
76 cm de Hg. Esses são os pontos que os fabricantes marcam hoje em dia, na confecção de
um termômetro Fahrenheit.

Mudança de escala termométrica

V
ocê pode transformar temperaturas Fahrenheit em centígrada, e vice-versa, muito
facilmente. Lembre-se de que a diferença de temperatura na escala Farenheit entre o
ponto de fusão e o de ebulição da água é de 180 oF, enquanto na escala centígrada ou
Celsius é de apenas 100 oC (veja Figura 8). Considere então a razão dessas duas diferenças:

Temp. de eb. - Temp. de solid. da água (Farenheit) 212 − 32 180 9


= = = Eq. 1
Temp. de eb. - Temp. de solid. da água (Celsius) 100 − 0 100 5

14 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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212º Ponto de 100º


ebulição

160º 100º

32º Ponto de 0º
congelamento

-40º f -40º c

Figura 8 – Comparação entre a temperatura na escala Farenheit e a temperatura na escala Celsius.

Essa razão pode ser usada para encontrar qualquer temperatura Farenheit (T F),
conhecendo-se a correspondente temperatura em graus Celsius (TC), usando os pontos de
solidificação da água para as duas escalas como ponto fixo. Então,
TF − 32 9 Eq. 2
=
TC − 0 5

Desse modo, temos a temperatura na escala Farenheit dada por:

9
TF = TC + 32 Eq. 3
5

Ou, então, alternativamente, a temperatura na escala centígrada é:


5
TC = (TF − 32) Eq. 4
9

Escala Kelvin

A
escala Kelvin é a escala de temperatura absoluta ou escala termodinâmica. Cada
divisão dessa escala é chamada um kelvin (símbolo: K). Representa-se uma temperatura
na escala kelvin simplesmente assim: 300 K ou 4 K, por exemplo. A relação entre uma
mesma temperatura na escala kelvin e na escala centígrada é dada pela relação linear:

Tk = Tc + 273,15 Eq. 5

Aula 02 Calor e Termodinâmica 15


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Exemplo 1
Transforme 15 graus Celsius (0C) para graus Farenheit (F).

Solução
9 9
Tendo a relação fundamental TF = TC + 32, obtemos TF = × 15 + 32 = 59 F .
5 5

Exemplo 2
Uma certa escala termométrica Y assinala as seguintes leituras: 20oY quando a
temperatura é 10 oC e 80 oY quando a temperatura é 130 oC. Determine então a temperatura
de fusão e ebulição da água na escala Y, ou seja, em oY.

Solução

Tomando-se a diferença entre os limites dados para as duas escalas e fazendo-se a razão
entre eles, teremos:

(80 − 20)◦ Y 60 1◦ Y
= =
(130 − 10)◦ C 120 2◦ C

Para se saber a temperatura na escala Y correspondente ao ponto de fusão da água,

T (◦ Y ) − 20◦ Y 1◦ Y
podemos escrever: = . Resolvendo essa expressão, encontramos:
(0 − 10)◦ C 2◦ C
1◦ Y
T (◦ Y ) − 20◦ Y = (−10◦ C) ⇒ T (◦ Y ) = 20◦ Y − 5◦ Y = 15◦ Y .Para a temperatura
2◦ C
T (◦ Y ) − 20◦ Y 1◦ Y
de ebulição da água, temos = ,
(100 − 10)◦ C 2◦ C

1◦ Y
T (◦ Y ) − 20◦ Y = (90◦ C) ⇒ T (◦ Y ) = 20◦ Y + 45◦ Y = 65◦ Y .
2◦ C

Atividade 7
Determine a temperatura do seu corpo na escala Y utilizada no exemplo 2.
1

16 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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A temperatura normal do corpo humano é de 36,7oC. Expresse essa temperatura
2 na escala Fahrenheit.

Expresse a temperatura do corpo humano fornecida na atividade 2 na escala Kelvin.


3

Termômetro de gás
a volume constante

N
esse termômetro, usa-se o gás como substância termométrica e a propriedade é
a pressão no gás mantendo o volume constante. Em geral, é prescrito para usos
científicos. A escala de temperatura usada nessas medidas é a escala kelvin, por que
tratamos o gás como sendo ideal. Retomaremos a discussão sobre o gás ideal na aula 4 –
Teoria cinética dos gases I – desta disciplina.

Calibração do termômetro

E
scolhe-se como ponto fixo padrão o conhecido ponto triplo da água. Este é um ponto no
diagrama de fases da água onde ela coexiste nos três estados: sólido, líquido e gasoso.
Tal comportamento da água é singular. Podemos antecipar que essa condição crítica só
ocorre em um ambiente cuja pressão é extremamente baixa. A temperatura nesse ponto vale

Ttriplo = 273,16 K Eq. 6

O termômetro de gás a volume constante é esquematizado na Figura 9. Um bulbo com


gás é ligado ao capilar, que é ligado a um tubo de vidro em U, o qual contém mercúrio com
uma saída por baixo ligada a outro tubo flexível (reservatório), o qual pode ser abaixado ou
levantado para que o nível de mercúrio no lado esquerdo do tubo de vidro em U seja mantido
sempre no mesmo nível de mercúrio no ponto zero da escala, indicando que o volume de gás
mantém-se constante.

Aula 02 Calor e Termodinâmica 17


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Quando o sistema sofre mudança de temperatura, então, o gás dentro do bulbo tende a
se expandir, com isso deve empurrar o mercúrio para baixo, sendo o reservatório erguido até
que o mercúrio volte ao nível zero da escala. Sabemos que se um fluido está em equilíbrio num
tubo em U a pressão sobre o fluido nos dois ramos do tubo é a mesma em cada nível vertical
(para uma mesma altura). A pressão que o gás exerce sobre o mercúrio no ramo esquerdo do
tubo em U é aproximadamente igual à pressão exercida pela coluna de mercúrio de altura h,
como visto na Figura 9, ou seja:

p = ρgh Eq. 7

Essa relação pode ser revisitada na aula 7 – Equilíbrio estático de fluidos –da disciplina
Movimento e Mecânica Clássica, que trata das propriedades dos fluídos.

Capilar Escala

Sistema Reservatório

Bulbo com gás Tubo flexível

Figura 9 – Representação esquemática do termômetro de gás a volume constante

A relação entre a temperatura e a pressão é T = Cp, onde p é a pressão no gás e C uma


constante. Portanto, podemos calibrar o termômetro no ponto triplo da água, encontrando a
altura da coluna de mercúrio htriplo. Coloca-se o bulbo com gás dentro da célula de ponto triplo
e temos então outra leitura:

Ttr = C ptr Eq. 8

Assim, a temperatura em função da pressão do gás será:

T(p) = 273,16 (p/ptr)K Eq. 9

A escala de temperatura definida dessa forma depende só das propriedades gerais dos
gases. Como no limite de baixas pressões todos os gases são ideais, essa escala é chamada
de escala termométrica de gás ideal. Podemos usar uma quantidade menor de gás, de modo
que podemos escrever que:
 
T = 273, 16 K lim p/ptr Eq. 10
m→0

18 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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A Figura 6 representa o gráfico da temperatura em função da pressão do ponto triplo da
água com o bulbo imerso em água fervente. Observe que, quando a pressão no ponto triplo
tende a zero, a temperatura tem um único valor para o bulbo contendo gases diferentes. Temos
aqui o termômetro padrão: termômetro de gás a volume constante com a escala termométrica
de gás ideal. A escala escolhida dessa maneira independe das propriedades de qualquer gás
em particular, mas depende das propriedades dos gases ideais. Já a escala termométrica
absoluta Kelvin independe das propriedades de qualquer substância. As escalas de gás ideais
são idênticas no intervalo de temperatura em que o termômetro de gás pode ser usado.

373,50

373,15 k
373,40 N2
Temperatura (k)

373,30
H2
373,20

373,10 H2

0 20 40 60 80 100 120
ptr (kPa)

Figura 10 – Gráfico da temperatura em função da pressão no ponto triplo da água quando o bulbo acha-se com
diferentes gases N2,H2,He imerso em água fervente.

Para calibração de termômetros científicos ou industriais, foi adotada a Escala


Internacional de Temperatura (escala Kelvin). Assim, adota-se um conjunto de pontos fixos
primários, como apresentado na Tabela 2, fazendo-se a interpolação e extrapolação entre ponto
fixo e para acima da temperatura máxima ou abaixo da mínima, respectivamente.

Tabela 2 – Pontos fixos primários na Escala Internacional de Temperatura para 1 atm.

Substância Estado do Ponto Fixo Temperatura (K)


Hidrogênio Ponto triplo 13,81
Ponto de ebulição
Hidrogênio 17,042
(entre 25 e 76 atm)
Hidrogênio Ponto de ebulição 20,28
Neônio Ponto de ebulição 27,102
Oxigênio Ponto triplo 54,361
Argônio Ponto triplo 83,798
Oxigênio Ponto de ebulição 90,198
Água Ponto de ebulição 373,125
Latão Ponto de fusão 505,74
Zinco Ponto de fusão 692,664

Aula 02 Calor e Termodinâmica 19


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Tipos de termômetros
Citaremos a seguir alguns exemplos de termômetros usados no cotidiano.

a) Termômetro clínico

Quando em estado febril, você mede sua temperatura com um termômetro clínico, cujo
tubo tem um estreitamento logo acima do bulbo (Figura 11a). Quando você coloca o bulbo
na axila, o mercúrio é aquecido, expande-se e passa acima do estreitamento. Você pode ler
o termômetro mesmo depois de ter esfriado, porque o estreitamento não deixa o mercúrio
voltar ao bulbo. Você precisa sacudir o mercúrio para forçá-lo a voltar para o bulbo, então,
poderá usá-lo novamente.

b) Termômetro ecológico

Inovador, não contém mercúrio. Contém um enchimento especial composto por Ga,
Un e Zn, tubo oval, escala interna (Figura 11b), o qualificativo se deve à dispensa do Hg, um
metal pesado altamente cancerígeno.
a b

ºc

42
0
40
39

Temperatura
normal
0
37
0
36

Estreitamento

Figura 11 – (a) Termômetro clínico; (b) termômetro ecológico.

Para saber mais sobre outros tipos de termômetros, visite a página da Internet que trata
acerda desse tema. O endereço eletrônico completo encontra-se nas referências desta aula
em “Termômetro (2008, extraído da Internet)”.

20 Aula 02 Calor e Termodinâmica


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Resumo
Nesta aula, você entendeu que calor e temperatura têm significados diferentes.
Aprendeu a distinguir o que é denominado de sistema e vizinhança, bem como
a diferenciar uma fronteira da outra pelo processo de transferência de energia
envolvido. Você viu como construir uma escala de temperatura a partir de uma
propriedade sensível à mudança de temperatura de uma determinada substância.

Autoavaliação
A temperatura de ebulição do nitrogênio é 78 K. Qual o valor dessa temperatura em oC?
1
A temperatura em que um gás se liquefez foi de -327oC. É possível que isso tenha
2 acontecido?

A diferença entre as indicações de um termômetro na escala Fahrenheit e de um


3 termômetro na escala Celsius para um mesmo estado térmico é 64 graus. Qual a
indicação dos dois termômetros?

O sêmen bovino para inseminação artificial é conservado em nitrogênio líquido que,


4 à pressão normal, tem temperatura de 78 K. Calcule essa temperatura em graus
Celsius e em graus Fahrenheit.

Temos o termômetro calibrado numa escala arbitrária que adota as seguintes


5 medidas de temperatura: para 10 oC adota-se -10 oY, e para 110 oC adota-se 70o Y.
Com esse termômetro, mediu-se a temperatura de uma cidade que registrava, no
momento, 77 oF. Determine essa medida na escala de oY .

Aula 02 Calor e Termodinâmica 21


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Referências
HEWITT, Paulo G. Física conceitual. Tradução de Maria Helena Ricci e Trieste Ricci. 9. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - INMET. Disponível em: <http://www.inmet.gov.


br/>. Acesso em: 6 ago. 2008.

MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz. Curso de física. São Paulo: Ed. Scipione, 2005. v 2.

TERMÔMETRO. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/fisica/termometro.htm>. Acesso


em: 6 ago. 2008.

Anotações

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Anotações

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Anotações

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Calor e Termodinâmica – FÍSICA

EMENTA

AUTORES

> Rui Tertuliano de Medeiros

> Ciclamio Leite Barreto

AULAS

01 Energia interna

02 Temperatura e lei zero da termodinâmica

03 Expansão térmica

04 Descrição macroscópica de gás ideal

05 Teoria cinética dos gases I

06 Teoria cinética dos gases II

07 Calor, troca e propagação

08 Primeira lei da termodinâmica

09 Máquinas térmicas e processos termodinâmicos


Impresso por: Gráfica Texform

10 Máquinas térmicas, entropia e a segunda lei da termodinâmica

11 Termodinâmica estatística

12 O Sol e a atmosfera da Terra

13
1º Semestre de 2009

14
15

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