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Introdução
Inegável é o fato de que os anos 90 deram forma à nova maneira de agir
da política externa brasileira, na medida em que esta deixou de estar em segundo plano
na temática do país para então ser marcada por uma consequente busca de credibilidade
através da intensificação das relações diplomáticas, com a intenção de se obter ao país
uma imagem conveniente. Em que pese a alteração de governo seja algo que dê causa a
novos anseios e esperanças, atrelado ao referido acontecimento também está o receio de
que a mudança vá de encontro à evolução almejada.
A promessa de uma revolução dá causa a vitórias e tragédias. Em se tratando de
alterações políticas, essa evolução pode traduzir-se em uma transição bem executada
que mantenha o foco na ideação precedente se notável a sua eficácia. Assim é que se
torna viável o plano de constante ascendência da nação, ao invés do estabelecimento de
uma crise institucional que por vezes é o que advém da mudança.
Tão relevante quanto a diplomacia presidencial, é a diplomacia compreendida no seu
sentido figurado de habilidade para conduzir relações interpessoais. No contexto
analisado, os presidentes FHC e Lula demonstraram maestria também nesse sentido,
pois mesmo concorrentes em eleições anteriores e donos de concepções conflituosas
acerca do outro, quando necessário foram capazes de colocar os interesses nacionais à
frente, o que foi essencial à mantença do triunfo brasileiro no cenário internacional
somando a sucesso já existente às demandas recorrentes.
Posicionamentos iniciais
Empossado o novo Presidente da República, o Chefe de Estado à sua maneira, tinha
planos para o desenvolvimento nacional. A ambição que se centrava principalmente no
desenvolvimento interno e tinha como um de seus instrumentos a atuação no plano
externo acabou por culminar no período de maior altivez da política externa brasileira.
A adoção da nova postura brasileira entre os anos de 2003 até 2011 frente à atuação
externa, tinha por objetivo alterar caracterização da nação. A intenção era não mais ser
reconhecida como a soberania que primava pela execução da política externa brasileira
através das relações diplomáticas na sua vertente cordial e coadjuvante percebida até
então. O foco principal era apresentar a pátria à comunidade internacional na condição
de Estado em desenvolvimento protagonista e propulsor do progresso da sua região,
além de potencial cooperador internacional.
Para tanto, em que pese a desconfiança disseminada na seara internacional sobre como o
novo Presidente conduziria o país considerando sua limitada formação, Luiz Inácio Lula
da Silva deu a primeira demonstração de sua assertiva liderança quando do anúncio dos
nomes integrantes dos seus ministérios que contava com representantes competentes nas
suas atribuições. A experiência do Embaixador Celso Amorim nomeado Ministro de
Relações Exteriores que ficou à frente do gabinete durante praticamente todo o governo
de Luiz Inácio Lula da Silva foi a diretriz principal responsável pela evolução brasileira
como soberania internacional que apresentava ao mundo uma nova faceta do país a qual
primava por políticas sociais pragmáticas.
A política externa altiva e ativa pretendida pelo Chanceler, a qual apresentava ao país a
dinâmica da atuação internacional para a perfectibilazação da mudança idealizada pelo
governo recentemente empossado, oportunizaria ao país a constituição de parcerias
estratégicas e a promoção da expansão dos interesses nacionais. Desta forma podemos
perceber que o reconhecimento obtido foi consequência da motivação necessária
cumulada ao método apropriado, ambos orientados pelo mentor adequado, rede esta não
vislumbrada em outro momento da história da política externa.
Sem, no entanto, deixar de dar a devida importância aos demais países protagonistas do
âmbito internacional que seriam importantes cooperadores do desenvolvimento interno,
e também aqueles com quem se pretendia colaborar para o desenvolvimento. O Chefe
de Estado mencionou em seu discurso a consideração dedicada a nações como Estados
Unidos, China, Índia, Rússia e África do Sul, sendo que a referida intenção pode ser
compreendida como integrante da pretensa visão de “estimular os incipientes elementos
de multipolaridade da vida internacional contemporânea” (2003, p. 10-11).
Ante o exposto, temos que o período de altivez da diplomacia brasileira, que é conferida
ao governo que esteve à frente do país entre os anos de 2003 e 2011, é consequência de
intensa construção anunciada desde o primeiro instante de atuação. Desde então ficou
claro que o mandatário pretendia “transformar o Brasil naquela Nação com a qual a
gente sempre sonhou: uma Nação soberana, digna, consciente da própria importância no
cenário internacional e, ao mesmo tempo, capaz de abrigar, acolher e tratar com justiça
todos os seus filhos”, (2003, p. 2).
E para tanto, contava com a ajuda mútua das nações componentes do cenário externo,
auxílio este traduzido no princípio da cooperação da internacional, integrante das
relações internacionais e constantemente vislumbrado na diplomacia internacional.
Desta forma, em que pese a tradição de oposição ao governo anterior, considerando que
seu plano de governo contava também com a eficiência de relações diplomáticas ativas,
Luiz Inácio Lula da Silva deu continuidade à execução do plano de atuação da política
externa brasileira no cenário internacional implementado por Fernando Henrique
Cardoso, reconhecidamente salutar à nação.
Estratégia aplicada
A política externa brasileira vislumbrada durante o governo de Luiz Inácio Lula da
Silva foi centralizada na demanda pela diversificação de parceria comerciais e políticas
e fundamentada na representatividade e reforma social. A construção do período
primava, conforme referiu o seu Chanceler (2003) em aula ministrada no Instituto Rio
Branco, precipuamente a unificação do espaço econômico regional com vistas à
estabilidade política da América do Sul.
Tal intenção estava diretamente relacionada ao progresso nacional, assim como o
compromisso com o multilateralismo na construção da paz devido à violência
dos conflitos existentes à época, o que trazia à tona a necessidade de direcionamento de
maiores atenções da comunidade internacional na luta contra ameaças existentes à paz e
segurança internacionais. Nesse sentido, havia estímulo também quanto a existência de
uma agenda comercial afirmativa que viabilizasse ao país o crescimento dos fluxos de
comércio internacional, tendo em vista tratar-se de país com
tamanha estrutura produtiva. Sendo enfatizado, ainda, o estabelecimento de parcerias
diversificadas com países desenvolvidos e em desenvolvimento, tudo com viés da
mantença das relações com as nações desenvolvidas e colaboração com as situadas em
processo de desenvolvimento.
Para tanto, embasada pela intenção nacional de apresentação do país na comunidade
internacional mais como agente ativo ao invés da passividade vislumbrada
anteriormente, a atuação brasileira inicialmente se deu com vistas à criação de relações
com as nações que em momentos anteriores o país havia preterido, na intenção de
constituir a sua rede de cooperação. Tal manobra fortaleceu a chamada Cooperação Sul-
Sul, caracterizada pela cooperação entre os países em desenvolvimento do Sul Global -
subdesenvolvidos- nos âmbitos econômico, político e técnico, com vistas a “colaborar e
compartilhar conhecimento, habilidades e iniciativas de sucesso em áreas específicas,
como desenvolvimento agrícola, direitos humanos, urbanização, saúde, mudança
climática etc”, conforme referido pelas Nações Unidas (Nações Unidas Brasil, Online),
o que o Brasil fez com a criação do G-3 -IBAS- e G-20 Comercial. Sob a perspectiva da
nova política externa brasileira, a América Latina, principalmente a América do Sul,
recebeu especial atenção no contexto das relações diplomáticas, na medida em que o
governo se dedicava ao fortalecimento da região com vistas a construção de relações
equilibradas com os demais blocos.
Considerações Finais
A diplomacia como instrumento de atuação da política externa brasileira viabiliza a
construção das relações necessárias à aquisição de experiências dos mais diversos
campos e com soberanias das mais diversas regiões, os quais são responsáveis diretos
sobre a evolução e desenvolvimento da sociedade que ao direito recai a
responsabilidade de reger. A política externa desenvolvida pelo Chefe de Estado
brasileiro é a principal direção que desenvolverá a relação da nação com a comunidade
internacional, e estabelecerá tanto as matérias a serem percorridas como os limites
pertinentes, sendo, portanto, a figura do Presidente da República a que mais interessa ao
direito internacional, pois será ele o responsável direto por gerenciar os mecanismos de
atuação, implementar as modificações pertinentes e representar as necessidades
nacionais.