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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE LETRAS - FALE

LUCAS DE CASTRO LISBOA

Atividade Avaliativa
Análise situacional e discursiva do Pronunciamento de Luiz Inácio Lula da Silva

Trabalho apresentado como requisito parcial de


conclusão da disciplina “Análise do Discurso” , Turma
TN 30, sob orientação da Prof. Dr. Jairo Carvalhais

BELO HORIZONTE
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS - FALE

Análise situacional e discursiva


Este estudo se propõe a realizar uma análise abrangente e detalhada do
pronunciamento de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com base nos pressupostos
teóricos estabelecidos por Patrick Charaudeau em seu livro “Discurso Político”. A obra de
Charaudeau fornece um arcabouço teórico robusto para analisar tanto a dimensão situacional
quanto a discursiva de um ato de fala político, permitindo uma compreensão aprofundada das
estratégias de comunicação e dos mecanismos de influência em um contexto político.
A dimensão situacional aborda as circunstâncias externas e contextuais que cercam o
ato de fala. Esta análise se concentra em identificar e descrever os elementos que constituem o
circuito externo do ato de linguagem, explorando as restrições situacionais que caracterizam o
contrato de comunicação do pronunciamento presidencial. Tais elementos incluem o contexto
político e social no qual o discurso é proferido, as expectativas do público, o formato e o local
do pronunciamento, a história e a cultura nacional que o permeiam, o contexto internacional
relevante e o papel da mídia e da tecnologia na disseminação do discurso. Essa abordagem
situacional permite uma compreensão mais profunda de como o ambiente e as circunstâncias
externas moldam e influenciam o conteúdo e a entrega do discurso político.
O discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorre em um momento
crucial na história política brasileira, marcado por intensa polarização e divisões nacionais
profundas. Este capítulo busca analisar os elementos que caracterizam o circuito externo do
ato de linguagem, focando nas restrições situacionais que definem o contrato de comunicação
do pronunciamento presidencial. A compreensão desses elementos é essencial para avaliar
como o discurso foi estruturado e recebido pelo público.
A posse de Lula ocorre num cenário pós-eleitoral de polarização, com o país
emergindo de um período de divisões acentuadas. Esse contexto requer um discurso que
ultrapasse as fronteiras partidárias e aborde a nação como um todo. Lula se propõe a unificar e
cicatrizar as divisões, como evidenciado por sua declaração de governar para todos os
brasileiros, independentemente de suas afiliações políticas. Esta abordagem inclusiva e
unificadora é uma resposta direta ao clima político vigente. Neste cenário pós-eleitoral de
intensa polarização, o Brasil emergia de divisões acentuadas tanto no espectro político quanto
social. Este pano de fundo obrigou o presidente a elaborar um discurso que fosse além do
apelo aos seus seguidores, abrangendo e unindo a nação. O desafio era promover uma
unificação e cicatrização das divisões, estabelecendo um tom para a análise da retórica
utilizada.
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A diversidade do público do pronunciamento presidencial amplia a expectativa de um


discurso que transcenda a polarização partidária e ofereça uma visão inclusiva para o futuro
do país. A análise discursiva deve, portanto, considerar como Lula atendeu a essas
expectativas, comunicando-se com um público heterogêneo de maneira eficaz. Realizado em
um ambiente formal e politicamente significativo, o discurso de posse no Palácio do Planalto
segue convenções específicas. Essas convenções influenciam a escolha das palavras e a
abordagem dos temas, essenciais na análise discursiva do pronunciamento. A rica história
política e cultural do Brasil, incluindo eventos recentes e governos anteriores, molda
significativamente a estruturação e a percepção do discurso. A consciência histórica e cultural
é um aspecto vital para entender as referências e alusões presentes no discurso de Lula.
A posição do Brasil no cenário global implica que o discurso de posse tenha
repercussões para a política externa e as relações internacionais. A análise discursiva deve,
portanto, levar em conta como Lula abordou questões internacionais e a imagem do Brasil no
exterior. A presença da mídia e o uso de tecnologias de comunicação ampliam o alcance do
pronunciamento, atingindo um público vasto e diversificado. Isso implica uma necessidade de
linguagem acessível e relevante, tanto para a audiência presente quanto para os espectadores
remotos, um aspecto crucial na análise discursiva.
Compreendendo esses elementos situacionais, a análise da dimensão discursiva do
pronunciamento de Lula pode ser mais contextualizada e profunda, permitindo uma avaliação
mais precisa da eficácia e impacto do discurso dentro do quadro político e social brasileiro.
A dimensão discursiva foca no conteúdo e na forma como o discurso é articulado.
Seguindo os princípios de Charaudeau, esta análise examinará a estrutura do discurso, as
escolhas linguísticas, as estratégias retóricas empregadas, a intencionalidade por trás das
palavras do presidente, a construção de sua imagem por meio do discurso e a forma como ele
busca estabelecer uma conexão com seu público. Esta análise também contemplará as técnicas
de persuasão utilizadas, bem como a maneira como o discurso aborda temas universais para
ressoar com um público diversificado. A análise discursiva se aprofundará em como Lula
utiliza a linguagem para transmitir suas mensagens, ideais e visões políticas, buscando
entender o impacto e a eficácia de seu discurso no contexto político brasileiro.
Central na teoria semiolinguística, a intencionalidade do discurso de Lula reflete seu
objetivo de transmitir esperança, unidade e mudança. Ele enfatiza seu compromisso com a
inclusão social, a democracia e a luta contra a desigualdade. Este compromisso é manifestado
em sua condenação à violência e às práticas antidemocráticas, e na promoção da paz e
bem-estar para todos os brasileiros.
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Lula utiliza o discurso para forjar uma imagem de líder preocupado com o bem-estar
do povo, especialmente os mais necessitados. Ele entrelaça suas experiências pessoais e
realizações anteriores, enfatizando seu histórico de combate à desigualdade e pobreza. Esta
abordagem visa solidificar sua imagem como um defensor dos interesses do povo. O discurso
é marcado pelo uso de estratégias argumentativas eficazes, incluindo apelação emocional,
identificação com o público e oposição às políticas anteriores. Lula emprega dispositivos
retóricos como metáforas e repetições para sublinhar conceitos-chave e fortalecer sua
mensagem, visando estabelecer uma conexão emocional com o público e destacar a unidade
nacional.
As estratégias de persuasão são utilizadas para estabelecer um diálogo efetivo com o
público. Lula apela a valores universais, como justiça social e democracia, reforçando sua
imagem de líder comprometido com um governo inclusivo. Além disso, ele ressalta o papel
ativo do público na interpretação do discurso, abordando temas que ressoam com diferentes
segmentos da população. A análise do discurso de posse de Lula revela uma abordagem
cuidadosamente estruturada, destinada a gerar identificação e reações positivas, incentivando
a participação e o apoio ao governo. Este capítulo, ao desvendar os elementos que compõem o
circuito externo do ato de linguagem, destaca a complexidade e a importância da
comunicação presidencial em um contexto democrático, refletindo sobre a significância das
escolhas feitas no pronunciamento.
No discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a relevância do contexto
comunicacional, conforme destacado por Charaudeau, é fundamental para entender as
nuances e a eficácia da mensagem transmitida. Em um período pós-eleitoral de notável
polarização, Lula toma posse em um cenário de divisões nacionais acentuadas. Neste
contexto, ele formula um discurso que visa não somente seus seguidores, mas toda a nação
brasileira, com o objetivo de promover unificação e sanar as divisões existentes. Isso se
reflete em sua declaração: "Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e
não apenas para quem votou em mim", evidenciando o desejo de ser um presidente para
todos, independentemente de suas preferências políticas. Lula busca, assim, distanciar-se de
uma postura partidária restrita, adotando uma abordagem mais inclusiva e unificadora.
Este objetivo é ainda mais evidenciado quando ele expressa: "A ninguém interessa um
país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia". Aqui, Lula
reconhece as profundas fissuras que marcaram o país e convoca uma reconciliação nacional.
Ele também toca na necessidade de curar as feridas sociais e políticas com palavras como: "O
povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver
num regime democrático. Chega de ódio, fake news, armas e bombas".
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A intencionalidade de seu discurso, um elemento crucial da teoria semiolinguística, é


central para a compreensão da mensagem que Lula deseja transmitir. Ele articula uma visão
de esperança, unidade e mudança, objetivando reforçar seu compromisso com a inclusão
social, a democracia e a luta contra a desigualdade. Isso é exemplificado na afirmação:
"Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar,
cuidar da família e ser feliz".
Essa intenção é ainda mais reforçada quando Lula diz: "A ninguém interessa um país
em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os
laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas
mentiras". Aqui, ele reconhece as divisões profundas que afligiram o país e apela por uma
reconciliação nacional, destacando a necessidade de superar a polarização e o ódio que
marcaram o período eleitoral.
Além disso, Lula aborda a necessidade de curar as feridas sociais e políticas do país ao
mencionar: "O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se
recusa a viver num regime democrático. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso
povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz". Essas palavras ressoam
como um chamado ao fim da violência e das práticas antidemocráticas, reiterando seu
compromisso com a paz, a segurança e o bem-estar dos brasileiros.
A intencionalidade do discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, como destacado no
contexto da teoria semiolinguística, é crucial para compreender a mensagem que ele deseja
transmitir em sua posse presidencial. Lula tece seu discurso com uma clara intenção de
transmitir esperança, unidade e mudança, com o objetivo de reafirmar seu compromisso com
a inclusão social, a democracia e a luta contra a desigualdade. Esta intenção é exemplificada
em sua afirmação: "Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para
trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz".
Ele também expressa um compromisso direto com a transformação social e a luta
contra a desigualdade quando afirma: "Mas o principal compromisso que assumimos em 2003
foi o de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa deste país o
direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia". Esta declaração não só
relembra os esforços anteriores de seu governo, mas também estabelece uma continuidade em
seu compromisso com a redução da pobreza e da desigualdade. Outro aspecto da
intencionalidade do discurso é a promoção da democracia, como Lula destaca: “Somos um
único país, um único povo, uma grande nação.” Aqui, ele reitera o conceito de unidade
nacional e a importância de uma sociedade democrática onde todos os brasileiros estão
incluídos.
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Na construção de sua imagem, Lula habilmente entrelaça suas experiências pessoais e


conquistas anteriores. Ele rememora seu histórico de compromisso com as classes menos
favorecidas e a necessidade de políticas inclusivas, afirmando: "Quando digo 'governar', eu
quero dizer 'cuidar'". Esta declaração não apenas transmite uma imagem de empatia e
responsabilidade, mas também mostra sua intenção de ultrapassar a governança tradicional. A
construção da imagem no discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma
peça central de sua retórica, visando estabelecer-se como um líder dedicado ao bem-estar do
povo, com especial atenção aos mais necessitados. Lula habilmente entrelaça suas
experiências pessoais e realizações anteriores para fortalecer essa imagem.
Lula emprega a estratégia de identificação com o público ao recordar as lutas e
desafios enfrentados pelos brasileiros. Ele diz: "Minha gratidão a vocês, que enfrentaram a
violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral". Esta frase serve para
estabelecer uma conexão com as experiências vividas pelo seu eleitorado, demonstrando
empatia e compreensão pelos desafios enfrentados por eles. A apelação emocional é evidente
em várias partes do discurso. Um exemplo claro é a referência de Lula à necessidade de
superar a polarização política e a desarmonia, como ele explicita: "A ninguém interessa um
país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia". Esta afirmação
não apenas expressa um desejo de unidade nacional, mas também visa tocar o coração dos
ouvintes, lembrando-os das consequências pessoais e emocionais da divisão política.
A oposição às políticas anteriores é outra tática argumentativa utilizada por Lula. Ele
faz uma crítica direta ao governo anterior, destacando os retrocessos sofridos pelo país. Por
exemplo, ele afirma: "Infelizmente hoje, 20 anos depois, voltamos a um passado que
julgávamos enterrado". Esta declaração não só critica as políticas anteriores, mas também
estabelece um contraste entre seu governo e o anterior, reforçando sua proposta de mudança e
progresso. Um exemplo claro dessa estratégia é quando ele relembra seu compromisso
histórico com as classes menos favorecidas, afirmando: "Mas o principal compromisso que
assumimos em 2003 foi o de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a
cada pessoa deste país o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia". Esta
citação não apenas ressalta seu foco nas questões sociais, mas também serve para recordar ao
público suas realizações passadas na redução da pobreza e da fome.
Além disso, Lula reforça sua imagem de defensor dos desfavorecidos e
marginalizados ao abordar a necessidade de políticas inclusivas: "Quando digo 'governar', eu
quero dizer 'cuidar'. Mais do que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo
brasileiro". Esta declaração transmite uma imagem de empatia e responsabilidade, mostrando
sua intenção de ir além da governança tradicional para cuidar ativamente da nação. Lula
também destaca sua própria trajetória de vida como um reflexo de seu compromisso com os
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menos afortunados, como ilustrado em sua menção à própria história: "De investir para
melhorar as condições de vida de quem mais necessita – e investimos. De cuidar com muito
carinho da saúde e da educação – e cuidamos". Essas palavras não apenas evocam suas
políticas anteriores, mas também estabelecem uma continuidade em seu compromisso com as
questões sociais.
Portanto, através de seu discurso, Lula efetivamente constrói a imagem de um líder
profundamente comprometido com as questões sociais e com o bem-estar do povo brasileiro,
em particular os mais vulneráveis. Ele utiliza sua própria história e realizações para reafirmar
essa imagem, consolidando sua posição como um defensor dos interesses do povo. Lula
destaca isso quando afirma: "O principal compromisso que assumimos em 2003 foi o de lutar
contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa deste país o direito de
tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia". Esta declaração não só ressalta o
compromisso contínuo com a erradicação da pobreza e da desigualdade, mas também apela
diretamente aos sentimentos de justiça e equidade do público. Além disso, o apelo à
democracia é um ponto central de seu discurso. Lula reforça isso ao dizer: "O povo brasileiro
rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver num regime
democrático". Com essa afirmação, ele não apenas condena a violência e a radicalização, mas
também ressalta a importância da democracia como um valor compartilhado pelo povo
brasileiro.
Outra importante estratégia de persuasão utilizada por Lula é a ênfase na inclusividade
de seu governo. Ele destaca isso ao afirmar: "Vou governar para todas e todos, olhando para o
nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e
intolerância". Esta frase demonstra seu compromisso em ser um presidente para todos os
brasileiros, independentemente de suas diferenças, e reforça a mensagem de que seu governo
buscará melhorar a vida de todos os cidadãos. Essas estratégias de persuasão são
fundamentais para estabelecer um diálogo efetivo com o público e reforçar a imagem de Lula
como um líder comprometido com a justiça social, a democracia e a inclusividade. Ao apelar
a esses valores universais, ele não só fortalece seu argumento, mas também busca unir o país
em torno de um objetivo comum de progresso e bem-estar. O papel do público na
interpretação do discurso é um aspecto central na teoria de Charaudeau, e é evidente que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem plena consciência disso em seu discurso de posse.
Lula aborda temas universais como igualdade, paz e progresso, buscando estabelecer uma
conexão com diferentes segmentos da população brasileira.
Um exemplo claro dessa abordagem é quando Lula fala sobre a importância da
igualdade, um tema que ressoa com muitos. Ele afirma: "O Brasil é grande, mas a real
grandeza de um país reside na felicidade de seu povo. E ninguém é feliz de fato em meio a
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tanta desigualdade". Com esta declaração, Lula não apenas destaca a importância da
igualdade para o bem-estar do país, mas também apela diretamente aos sentimentos e
experiências de seus ouvintes, incentivando-os a refletir sobre a importância da equidade
social. Além disso, ao abordar o tema da paz, Lula se conecta com os desejos universais de
segurança e estabilidade. Ele declara: "Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso
povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz". Esta frase não apenas
condena a violência e a desinformação, mas também reflete os anseios comuns por um
ambiente pacífico e seguro, ressoando com um amplo espectro da sociedade.
Lula também discute o tema do progresso, vinculando-o ao desenvolvimento inclusivo
e sustentável. Ele enfatiza: "Nosso desafio comum é o da criação de um país justo, inclusivo,
sustentável, criativo, democrático e soberano, para todos os brasileiros e brasileiras". Ao fazer
isso, Lula apela para o desejo coletivo de avanço e melhoria, incentivando a população a se
envolver ativamente na jornada em direção a um futuro melhor. Ao empregar estratégias
argumentativas eficazes, Lula fortalece suas mensagens e estabelece uma conexão
significativa com o público. Ele utiliza a apelação emocional, a identificação com o público e
a oposição às políticas anteriores para transmitir suas ideias poderosamente. Por exemplo, ao
criticar o governo anterior com palavras como: "Infelizmente hoje, 20 anos depois, voltamos a
um passado que julgávamos enterrado", ele estabelece um contraste entre sua visão de
governo e a administração anterior.
Os dispositivos retóricos utilizados, como metáforas e repetições, são deliberadamente
escolhidos para captar a atenção do público e reforçar as mensagens centrais. Lula usa
metáforas como "a primavera chegou" e repetições como "Não existem dois brasis" para
sublinhar a unidade e a coesão nacional.
As estratégias de persuasão são fundamentais para estabelecer um diálogo eficaz com
o público. Lula apela a valores universais, como justiça social e democracia, para reforçar a
imagem de um líder comprometido com um governo inclusivo e focado no bem-estar de todos
os brasileiros.
O papel ativo do público na interpretação do discurso é ressaltado. Lula aborda temas
universais, como igualdade e paz, buscando conectar-se com diferentes segmentos da
população. Ele articula temas que ressoam com muitos, incentivando-os a refletir sobre
questões importantes e a se identificar com suas palavras.
Por fim, a estruturação do discurso visa gerar identificação e reações positivas,
incentivando a participação e o apoio ao governo. Lula faz um chamamento à ação e expressa
gratidão, estabelecendo uma narrativa de esperança e progresso. Suas palavras incentivam o
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público a se engajar e apoiar seu plano de governo, refletindo a importância do feedback e da


interação no processo de comunicação política.
A análise do pronunciamento de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob a
perspectiva dos pressupostos teóricos de Patrick Charaudeau, revela a complexidade e a
profundidade do discurso político em um contexto de significativa polarização e desafios
sociais. A dimensão situacional, ao destacar o contexto político, social, cultural e mediático,
demonstrou como esses fatores externos moldaram o pronunciamento, influenciando tanto a
sua formulação quanto a sua recepção. O discurso de Lula, proferido em um momento crítico
da história brasileira, foi estrategicamente construído para transcender as divisões partidárias,
apelando para a unidade nacional e a reconciliação em um país fragmentado.
Por outro lado, a análise discursiva aprofundou-se na maneira como Lula articulou
suas mensagens, utilizando estratégias retóricas e linguísticas para reforçar seu compromisso
com a inclusão social, a democracia e a luta contra a desigualdade. A habilidade de Lula em
conectar-se com um público diversificado, abordando temas universais e empregando
dispositivos retóricos eficazes, reforçou a eficácia do seu discurso. A intencionalidade clara
de transmitir esperança e promover a mudança social ficou evidente em cada aspecto da sua
fala.
Este estudo demonstrou como a análise de um discurso político, ancorada em uma
teoria sólida, pode desvendar as camadas de significado e intenção por trás das palavras de
um líder político. O pronunciamento de Lula, analisado sob a lente da teoria de Charaudeau,
ilustra a importância da comunicação política no estabelecimento de um diálogo entre líderes
e cidadãos, especialmente em tempos de turbulência política e social. A compreensão dessas
dinâmicas é essencial para apreciar a arte e a ciência do discurso político, bem como para
reconhecer seu impacto no tecido da sociedade democrática.

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