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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção


Campus Ipiranga

Felipe Gonsalves Ribeiro

Gilson Ricardo

Lucas Moura de Oliveira

Miguel Teixeira Mombelli

PIEDADE POPULAR NA FOLIA DE REIS BRASILEIRA

São Paulo
2017
INTRODUÇÃO
Esse trabalho visa apresentar e ressaltar os aspectos históricos e religiosos da
festividade cultural da folia de reis brasileira, analisando seus aspectos de
enculturação, piedade popular junto das comunidades rurais do nordeste,
sudeste e sul do Brasil.
Entre os dias que circundam as festas natalinas e a Epifania do Senhor,
nas regiões tipicamente rurais dos estados nordestinos, bem como em Goiás, o
sudeste brasileiro e no norte do Paraná, ocorrem as festividades em honra do
nascimento de Jesus e da visitação dos três reis magos à manjedoura em
Belém.
Constituída de elementos sagrados, como o presépio, a reza do rosário,
bem como a tradição de paga de promessas, e de elementos profanos como a
festa regrada a bebidas e músicas populares interioranas, se trata de uma
procissão de vários dias, sendo cada dia em uma casa diferente, entoadas com
cantos e instrumentos que relatam o nascimento de Jesus e a visitação dos
reis magos.
A origem desta festa está associada a uma tradição cristã de origem da
península ibérica, ou seja, Espanha e Portugal, que provavelmente foi trazida
para o território brasileiro pelos Jesuítas com o intuito de catequizar os índios
no século XVI, mais precisamente em 1554, e os negros, posteriormente teriam
se catequizados com as folias portuguesas.

Mas a tradição desta festa e o porquê de ela ocorrer vem de uma


piedade muito mais antiga.

A tradição afirma que na ocasião da visita ao presépio, Balthazar,


Melchior e Gaspar se converteram ao Senhor, desta forma, desde o século V
os cristãos de Constantinopla conservaram os restos mortais dos três sendo
veneradas como relíquias. Hoje as relíquias estão na cidade de Colônia, na
Catedral dos Reis Magos. Desde então existe uma certa veneração à figura
dos Reis Magos, sendo comum no dia da solenidade, os católicos do mundo
todo retirarem os adornos de Natal, no fato que marca o início do tempo
comum.

Em alguns países europeus a festa dos Reis é celebrada com mais


solenidade que o Natal. O0utros estudiosos afirmam a origem espanhola da
festa. A porta de entrada da festa no Brasil foi o Nordeste.

Apesar da origem europeia, a festa ganhou uma caracterização


tipicamente brasileira, agregando tambores africanos nas músicas e outros
elementos típicos da cultura brasileira colonial. Hoje em dia a festa ainda é
celebrada em muitos lugares no Brasil, sendo uma expressão clara da piedade
popular brasileira.

A festa carrega consigo vários elementos sagrados e uma diversidade


de “protocolos” a serem cumpridos que, e enaltecem o seu caráter mister
religioso e folclórico. Com o intuito de paga de promessa, a folia é encabeçada
pelo mestre da companhia ou por quem solicitou a promessa. A tradição
prescreve sair no mínimo sete anos para a realização do pedido feito aos
santos.
Cada função na folia é carregada de responsabilidade e significado. O
grupo de foliões está dividido entre os músicos/cantores, os palhaços, as
mulheres e crianças. Os músicos são divididos de acordo com as suas vozes
correspondente, sendo a primeira “puxada” pelo mestre, o responsável por criar
e adaptar os versos sagrados de acordo com a situação do momento, seja no
pedido ou no recebimento da esmola, seja na saudação ao presépio, seja em
nome da promessa e da graça pedida etc.
Os palhaços que são a representação dos Santos Reis, ou do demônio,
a depender da tradição, são os coletores das ofertas, responsáveis também
pela doação do dinheiro nas casas mais pobres. Para eles existem algumas
funções e regras, fazem acrobacias com um cajado, mas nunca na frente da
bandeira, entregam os doces as crianças e no almoço festivo, geralmente
comem em uma mesa à parte, marcam o início e o fim da jornada com apitos,
brincam entre si e comumente se chamam de irmãos.
A bandeira, que leva a estampa da companhia com diversas fitinhas
coloridas pendurada em um mastro é o verdadeiro símbolo dos Reis Magos na
folia. Ela sempre vai a frente guiando os demais, assim como os Reis teriam
guiado os pastores em direção ao Deus-menino. Por isso, até quando acabam
as festividades que a bandeira é guardada, ele deve ficar em um lugar
proeminente na casa responsável, se prescrevendo periódicas rezas durante o
ano.
O que carrega a bandeira “o bandeireiro” ou “alferes da bandeira”, tem
uma importante função de carregar respeitosamente a bandeira, de apresentar
o chefe de família em cada casa que a folia entra. Nas casas onde a folia é
acolhida, a bandeira é sinal de benção tanto para o lar que permite que ela
entre pela porta, tanto para a cama que ela passar repousando.
O papel das mulheres toma seu protagonismo na oração do terço, visto
que não é permitido – em alguns lugares – a saída de mulheres com os foliões.
A folia só sai a noite, visto que os Santos Reis não andavam de dia porque não
se via a estrela guia. Diante disso se vê, primeiramente um cuidado com as
mulheres, que “não podem pegar sereno” e pelo fato de que os Reis não
levaram suas mulheres consigo, mas abandonaram tudo para irem conhecer
Jesus.
As mulheres, muitas vezes compõem o coro, formado por seis ou sete
vozes, sendo as últimas tão agudas que só podem ser executadas por
mulheres e crianças. Na oração do terço, as mulheres tomam a frente pois são
as que se lembram com mais detalhe e dedicação os mistérios divinos.
Outras funções como a Madrinha, o festeiro e os Donos da casa, estão
para manifestarem o aspecto religioso da cerimônia como um todo, bem como
para a organização da festa. Pois apesar de não pertencer a religião
institucionalizada, faz parte da religiosidade popular e, se agrega e associa a
outras expressões – alguns polêmicos – piedosas como a devoção goiana ao
Divino Pai Eterno e a uma evolução das festas religiosas interioranas como as
ditas “missas sertanejas”.
BIBLIOGRAFIA
SITE
MARTINS FILHO, José Reinaldo Felipe. Música ritual e inculturação: um
diálogo possível da folia de reis de são josé do morumbi. (dissertação)
mestrado em música. Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade
Federal de Goiás. 2016, In: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4143
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st1/Pergo,%20Vera%20Lucia.pdf

PERGO, Vera Lucia. Os rituais na folia de reis: uma das festas populares
brasileiras. Revista Brasileira de História das religiões, Maringá, 27 de abril de
2012, In: http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st1/Pergo,%20Vera%20Lucia.pdf

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