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COLÉGIO MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS

SANTA TEREZINHA

AMANDA VITORIA MORAES DOS SANTOS

PATRIMÔNIO CULTURAL

MANIFESTAÇOES CULTURAIS

Miracema do Tocantins, setembro de 2022

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Trabalho de Artes

Patrimônio cultural

Manifestações culturais

Colégio Militar do Estado do Tocantins

Santa Terezinha

Trabalho apresentado como requisito de nota do 3ª bimestre pela aluna: Amanda


Vitoria Moraes dos Santos

Orientado pelo professor: Mateus Alves

Miracema do Tocantins, setembro de 2022

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Sumário

1. Desenvolvimento 3
2. Bibliografia
3. 12

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Patrimônio Cultural

Apesar de ser o Estado mais jovem do Brasil, fundado em 1988, o Tocantins possui
uma cultura secular que reflete o seu longo processo de formação. Nas danças,
cânticos e nas manifestações populares do Estado, pode-se ver, nitidamente, traços
da identidade dos negros que aportaram em seu território para trabalhar na
exploração do ouro, ainda sob o regime da escravidão. Nos eventos religiosos
tradicionais do Estado, que juntam milhares de fiéis, pode-se sentir que o Tocantins
carrega a essência da própria formação mística brasileira. Conheça um pouco desta
cultura.

Folia de reis

A Folia de Reis comemora o nascimento de Jesus Cristo encenando a visita dos


três Reis Magos à gruta de Belém para adorar o Menino-Deus. Dados a respeito
desta festa afirmam que a sua origem é portuguesa e tinha um caráter de diversão,
era a comemoração do nascimento de Cristo.
No Brasil, a Folia de Reis chega no século XVIII, com caráter mais religioso do que
de diversão. No Tocantins, os foliões têm o alferes como responsável pela condução
da bandeira, que sai pelo sertão "tirando a folia", ou seja, cantando e colhendo
donativos para a reza de Santos Reis, realizada sempre no dia 6 de janeiro.
A Folia de Reis, diferentemente do giro do Divino Espírito Santo, acontece em
função de pagamento de promessa pelos devotos e somente à noite. O
compromisso pode ser para realizar a folia apenas uma vez ou todos os anos. A folia
visita as famílias de amigos e parentes. Os foliões chegam à localidade e se
apresentam tocando, cantando e dançando. A família recebe a bandeira, o anfitrião
percorre com ela toda a casa, guardando-a em seguida, enquanto aos foliões são
servidos bolos, biscoitos e bebidas que os mantêm nas suas andanças pela noite.
Ao se retirarem, o proprietário da casa devolve a bandeira e os foliões agradecem
a acolhida, repetindo o gesto da entrada. Quando o dia amanhece, os foliões
retornam às suas casas para descansar e, ao anoitecer, retomam as andanças.
Quando termina o roteiro da folia, realiza-se a festa de encerramento na residência
da pessoa que fez a promessa. Neste momento reza-se o terço, com a presença
dos foliões e dos convidados, em frente ao altar ornamentado com flores, toalhas
bordadas e a bandeira dos Santos Reis. Em seguida, é servido um jantar com uma
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mesa especial para os foliões.

A tradição é muito forte. Os mais velhos acreditam serem os Santos Reis os


protetores contra a peste, a praga na lavoura e, principalmente, os responsáveis
pela prosperidade, pela fartura e por muito dinheiro.

Caretas de Lizarda

Com a intenção de provocar medo nas pessoas e proteger um espaço onde


guardam cana-de-açúcar, um grupo de homens cobre o rosto com máscaras. Com
isso, se caracterizam como os Caretas de Lizarda. Quem se atrever tentar roubar
seus mantimentos leva chicotada dos Caretas, numa manifestação da cultura
popular que se assemelha a um espetáculo teatral.
Esta manifestação acontece no município de Lizarda, na região do Jalapão,
durante a Semana Santa, na Sexta-Feira da Paixão, seguindo até a madrugada de
Sábado da Aleluia.
As máscaras dos caretas são confeccionadas em couro, papel ou cabaça. Já seus
cipós (chicotes) são feitos de sola ou trançados de palha de buriti.
A proteção à cana-de-açúcar pode ter relação com a crença da população de que,
no calvário, Jesus Cristo foi açoitado com pedaços de cana. Na encenação, os
caretas tentariam impedir esse sofrimento.
Catira
A Catira é dançada em círculo. Aos pares, homens e mulheres bailam ao som do
barulho produzido por suas mãos e pés, num sapateado compassado. É comum a
sússia ser dançada entre os grupos que fazem parte de manifestações religiosas do
Estado, como os giros das folias de reis e do Divino Espírito Santo.
Os catireiros são músicos repentistas, que cantam seus poemas ao som do
pandeiro, da caixa e da viola.

Cavalhadas
Os combates entre mouros e cristãos pelo domínio da Europa, na Idade Média,
inspiraram uma das manifestações folclóricas mais belas do Tocantins: as
Cavalhadas, que acontecem no município de Taguatinga, no Sul do Estado, desde
1937.

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Em Taguatinga as Cavalhadas foram incorporadas aos festejos da padroeira da
cidade, Nossa Senhora da Abadia, e são realizadas nos dias 12 e 13 de agosto.
Nessa data, 24 cavaleiros se dividem entre dois grupos, para reproduzir o antigo
combate. Os homens de vermelho representam os mouros. Os de azul, os cristãos.
Entre os combatentes, existem as figuras do rei, do embaixador e dos guerreiros.
Todos os combatentes estão devidamente vestidos com capa e cocar com penas
coloridas. Os cavalos usam selas cobertas por mantas bordadas e, sobre os olhos
dos animais, há uma máscara toda trabalhada em cor prata, enfeitada com penas.
Sem dúvida, um grande espetáculo.

Congo ou congadas

De origem Africana mas com influência ibérica, o congo já era conhecido em


Lisboa entre 1840 e 1850. É popular no Nordeste e Norte do Brasil, durante o Natal
e nas festividades de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.
A congada é a representação da coroação do rei e da rainha eleitos pelos
escravos e da chegada da embaixada, que motiva a luta entre o partido do rei e do
embaixador. Vence o rei, perdoa-se o embaixador. Termina com o batizado dos
infiéis.
Os motivos dramáticos da dança do congo baseiam-se na história da rainha Ginga
Bandi, que governou Angola no século XVII. Ela decidiu, certa vez, enviar uma
representação atrevida ao rei D. Henrique, de Portugal. Seu filho, o heróico príncipe
Suena, é morto durante essa investida. O quimboto (feiticeiro) o ressuscita.
Na dança do congo só os homens participam, cantando músicas que lembram
fatos da história de seu país. A congada é composta por doze dançarinos. O
vestuário usado pelos componentes do grupo é bem colorido e cada cor tem o seu
significado. Azul e branco são as cores de Nossa Senhora do Rosário. O vermelho
representa a força divina. Os adornos na cabeça representam a coroa. O xale sobre
os ombros representa o manto real.
Em Monte do Carmo, o congo é acompanhado por mulheres, chamadas de
taieiras. Essas dançarinas usam trajes semelhantes aos usados pelas escravas que
trabalhavam na corte. Trajam blusas quadriculadas em tom de azul e saias brancas
rodadas, colares de várias cores e na cabeça turbante branco com uma rosa

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pendurada. Os dois grupos se apresentam juntos, nas ruas, durante o cortejo do rei
e da rainha, na festa de Nossa Senhora do Rosário.

Festa de Nossa Senhora da Natividade

As manifestações culturais no Tocantins estão quase sempre atreladas às festas


em comemoração aos santos da igreja Católica. A festa de Nossa Senhora da
Natividade é uma celebração tipicamente religiosa. A devoção a Nossa Senhora e a
história da sua imagem existente em Natividade, onde é festejada há quase três
séculos, no dia 8 de setembro, motivaram a eleição desta como Padroeira do
Tocantins. A festa à Padroeira Nossa Senhora da Natividade acontece de 30 de
agosto a 8 de setembro. Durante os festejos, acontece o novenário e são montadas
barracas onde se fazem leilões. É celebrada missa solene no dia dedicado à santa.
As comemorações acontecem na igreja matriz de Natividade, uma das mais antigas
do Estado, datada de 1759.

História
Como a palavra Natal, Natividade significa nascimento. Em Portugal, ficou
reservada para indicar o nascimento da Virgem Maria. A igreja Católica celebra o
nascimento da mãe de Jesus desde o ano 33 da era cristã. A festa de Nossa
Senhora teve origem no Oriente, a Virgem Maria passa a ser comemorada no
Ocidente no século VII.
A comemoração a Nossa Senhora da Natividade está relacionada à festa da
Imaculada Conceição de Maria, celebrada em 8 de dezembro. Nove meses depois,
comemora-se Nossa Senhora da Natividade. Esse intervalo diz respeito ao período
de gestação de Maria no ventre de Santa Ana. Os devotos acreditam que Maria,
como mãe de Jesus, preservada do pecado original, merece ser cultuada.
A imagem de Nossa Senhora da Natividade foi trazida, pelos jesuítas, para o
norte da província de Goiás, em 1735. Foi a primeira a entrar nessa região, em
embarcações pelo rio Tocantins, depois nos ombros dos escravos até o pé da serra
onde se erguia o povoado denominado de Vila de Nossa Senhora da Natividade,
Mãe de Deus, mais tarde São Luiz e depois Natividade. Essa imagem é a mesma,
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venerada, ainda hoje, na Igreja Matriz.
Com a criação do Estado do Tocantins, a população de Natividade, junto com o
clero tocantinense e o recém-criado Conselho de Cultura, desenvolveu campanha
para tornar a já venerada Nossa Senhora da Natividade em padroeira do Estado.
Dom Celso Pereira de Almeida, bispo diocesano de Porto Nacional envia, em março
de 1992, solicitação ao papa João Paulo II, expressando o desejo dos devotos de
Nossa Senhora, de vê-la consagrada padroeira do seu novo Estado. Diz dom Celso:
"sendo nosso povo católico, na grande maioria, e devoto de Nossa Senhora, temos,
nós bispos, recebido frequentes apelos a fim de pedirmos a Vossa Santidade se
digne declarar Nossa Senhora, sob a invocação de Nossa Senhora da Natividade,
padroeira principal deste Estado"
Acrescenta ainda dom Celso na sua justificativa , que os habitantes do sul do
Estado "veneram com muito afeto a imagem de Nossa Senhora da Natividade,
trazida para a nossa região pelos missionários jesuítas. Esta devoção é sempre viva
no nosso povo". (BRAGA, 1994, p. 14). A solicitação foi aceita pelo Vaticano e em
15 de agosto de 1992 dom Celso oficializa, durante a Romaria do Bonfim, em
Natividade, Nossa Senhora da Natividade padroeira principal do Tocantins.

Festa do Divino Espirito Santo

A folia do Divino é uma manifestação que anuncia a presença do Espírito Santo,


através da romaria e do giro da folia do divino.
Representando as andanças de Jesus Cristo e seus 12 apóstolos, um grupo de
homens montados a cavalo, conduzido por um alferes, faz uma jornada pelo sertão
durante 40 dias. Neste período, eles percorrem as casas dos lavradores,
abençoando as famílias e convidando a todos para a festa da hóstia consagrada,
cuja data se aproxima. Durante este giro pelo sertão, os foliões também recolhem
donativos para a festa.
Já na romaria, numa peregrinação religiosa, os fiéis conduzem a bandeira do
Divino Espírito Santo.

Festejos de Nossa Senhora do Rosário


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A cidade de Monte do Carmo, nascida arraial do Carmo, foi fundada em 1746, em
função das minas de ouro, e fica a 89 Km de Palmas. Realizada todos os anos, no
mês de julho, os festejos de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo e
Divino Espírito Santo. A festividade secular mistura fé e folclore, através de uma
série de rituais que reúnem costumes religiosos dos brancos europeus e dos negros
africanos, o que transforma a festa em uma atração única, mantida com fidelidade
pela população local.
Há informações de que essas manifestações, ainda hoje realizadas em datas
específicas, com o passar do tempo foram se juntando e passando a ser
comemoradas no período de 7 a 18 de julho. Nossa Senhora do Carmo, padroeira
da cidade, celebrada em 16 de julho, trouxe para sua festa as comemorações ao
Divino Espírito Santo e Senhora do Rosário. Acredita-se que isso aconteceu devido
às dificuldades da população do sertão em ir às festas em datas diversas e da falta
de padres para as celebrações. É possível afirmar que essa junção tenha acontecido
há pelo menos 80 anos.

Caçada
Monte do Carmo possui uma forte influência das culturas portuguesa e africana.
Na cidade pode-se vivenciar, a cada ano, sons de bandas de músicas, de tambores,
reco-recos, cuícas e tamborins e danças como congos, taieiras e sússia. Um dos
pontos altos da festa é a caçada da rainha. Em pleno dia, o cortejo é aberto por
tocadores de tambor que vão ditando os passos do público no ritmo da sússia. No
meio do povo, as caretas – homens mascarados – divertem os adultos e aterrorizam
as crianças. Somente depois surgem os “caçadores” e “caçadeiras”, montados em
cerca de 40 cavalos e vestidos especialmente para este momento – mulheres de
vestidos longos, em várias tonalidades, homens de preto e branco.
No final do cortejo, o rei e a rainha da festa, também vestidos a caráter, se dirigem
para uma área periférica de Monte do Carmo. Ali, quase duas mil pessoas
permanecem por mais de duas horas cantando e dançando. A caçada é uma
tradição secular. Conta a lenda que esta manifestação surgiu quando a imagem de
Nossa Senhora do Rosário começou a desaparecer da igreja misteriosamente,
sendo encontrada em seguida na Serra do Carmo. Na terceira vez, os negros foram
buscá-la tocando tambores, cantando e dançando, o que encerrou a série de
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desaparecimentos.

Roda de São Gonçalo

Conta a lenda que São Gonçalo reunia em Amarante, Portugal, várias mulheres
que durante uma semana dançavam até a exaustão. O objetivo do santo era
extenuar as mulheres para que no Domingo, dia do Senhor, elas ficassem em
repouso e isentas de pecado. A lenda conta ainda que o santo tocava viola para as
mulheres dançarem.
No Brasil, a devoção a São Gonçalo vem desde a época do descobrimento. O seu
culto deu origem à dança de São Gonçalo, cuja referência mais antiga data de 1718,
quando na Bahia assistiu-se a um festejo com uma dança dentro da igreja. No final,
os bailarinos tomaram a imagem do santo e dançaram com ela, sucedendo-se os
devotos. Essa dança foi proibida logo em seguida pelo Conde de Sabugosa, por
associa-la às festas que se costumavam fazer pelas ruas em dia de São Gonçalo,
com homens brancos, mulheres, meninos e negros com violas, pandeiros e adufes
dando vivas a São Gonçalo.
São Gonçalo tem, para os seus devotos, a tradição de santo casamenteiro.
Inicialmente, a dança tinha um caráter erótico, que com o tempo foi desaparecendo,
permanecendo apenas o aspecto religioso.
Em Arraias, no sul do Estado, a dança de São Gonçalo é chamada de roda, e
sempre é dançada em pagamento a uma promessa por mulheres em pares, vestidas
de branco, com fitas vermelhas colocadas do ombro direito até a cintura. Nas mãos
carregam arcos de madeira, enfeitados com flores de papel e iluminados com pavios
feitos de cera de abelha. Também participam do ritual dois homens vestidos de
branco com fitas vermelhas traspassadas. Os homens tocam viola e tem a função de
acompanhar as dançarinas para que estas não se percam nas evoluções da dança.
Os violeiros entoam versos em louvor a São Gonçalo, que fica colocado num altar
preparado exclusivamente para a festa, em frente ao qual se faz as evoluções da
roda. Acompanha, ainda, a roda de São Gonçalo, um cruzeiro todo iluminado,
colocado próximo ao altar.

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Romaria do Bonfim

Pelos milhares de fiéis que atrai anualmente, a Romaria do Bonfim é a


manifestação religiosa mais popular do estado do Tocantins, celebrada nos
municípios de Natividade, na região sudeste, e em Araguacema, no sudoeste.
Em Natividade, a celebração à imagem do Cristo crucificado já dura quase 200
anos e costuma atrair mais de 50 mil pessoas, do Tocantins e de diversos estados
brasileiros. Realizada sempre na primeira quinzena do mês de agosto, as
comemorações duram mais de 10 dias. Para chegar até o pequeno povoado onde
acontecem os louvores, muitos fiéis seguem em peregrinação, durante noites e dias
seguidos.
No município de Araguacema, a Romaria do Bonfim teve início em 1932 e
costuma reunir cerca de 10 mil pessoas, do Tocantins e do Sul do Pará.
Nos dois municípios, a peregrinação surgiu a partir de imagens de Cristo
encontradas, por acaso, no meio de matas.

Sússia e Jiquitaia

O som agitado da sússia, marcado pelo ritmo dos tambores e cuícas, conduz
homens mulheres a uma espécie de bailado, em que giram em círculos. São
características que levam a crer que esta dança folclórica tenha origem no período
de escravidão.
A Sússia está presente em todas as regiões do Estado (nas cidades de Paranã,
Santa Rosa do Tocantins, Monte do Carmo, Natividade, Conceição do Tocantins,
Peixe e Tocantinópolis), predominando nas cidades do Sul e Sudeste, regiões onde
a influência negra é mais marcante. A Jiquitaia é um passo em que se dança a
Sússia.

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Bibliografia

https://conexaoto.com.br/2009/08/10/duas-das-principais-manifestacoes-culturais-
do-tocantins-movimentam-o-sudeste#:~:text=No%20sudeste%20do%20Tocantins
%2C%20acontecem,08%20e%2015%20de%20agosto.

https://brasilcc.blogspot.com/2010/11/manifestacoes-culturais-de-tocantins.html

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