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ULRICH BECK

Sociedade de Risco
Rumo a uma outra modernidade
Rumo a uma outra Modernidade
DA SOLIDARIEDADE DA CARÊNCIA À SOLIDARIEDADE
POR MEDO?

Sec XIX sociedade de classe luta pela utopia da


igualdade na desigualdade (metas positivas de
alteração social: todos querem e devem compartilhar
o bolo)
TENHO FOME- SOLIDARIEDADE DA CARÊNCIA

Hoje a Sociedade de Risco luta pela segurança na


insegurança (utopia negativa e defensiva- evitar o
pior: todos querem e devem ser poupados do veneno).
TENHO MEDO – SOLIDARIEDADE DO MEDO
… rumo a uma outra modernidade
Os clássicos não levantaram questões acerca dos
desafios dos RISCOS de hoje.
É uma civilização que ameaça a si mesma
Da: Sociedade industrial clássica
Para: Sociedade pós industrial de risco global- 2ª
modernidade tardia, globalizada,radicalizada,
reflexiva e que nos projeta no olho do furacão
Provoca: desorientação; incerteza teórica e
prática; necessidade de novas interpretações;
retorno de doenças- desastres ambientais eliminou
predadores de mosquitos; desequilíbrio ecológico;
catástrofes; natureza cansada de super exploração.
SOBRE A LÓGICA DA DISTRIBUIÇÃO DA
RIQUEZA E DA DISTRIBUIÇÃO DE RISCOS
• Modernidade tardia:
• produção de riqueza X produção de riscos.
• Conflitos distributivos da sociedade da escassez
• 2 condições de transição para uma sociedade de risco:
1- forças produtivas isoladas da carência material;
2- força produtiva crescente produz riscos antes desconhecidos
Indicadores da modernização/ industrialização

Riqueza socialmente produzida


x
distribuída de forma socialmente desigual e legítima

• Novo paradigma da sociedade de risco: como evitar os riscos


sem comprometer a modernização e nem as fronteiras do
aceitável??
Sociedade de Risco
• Processo Reflexivo = tema e problema
• Manejo político e científico-> promessa de segurança
avança com os riscos -> precisa ser difundido na esfera
pública e alertado.

• Promessas de segurança e libertação da pobreza


x
sujeição/ ditadura da escassez

• Estado de Bem Estar Social no ocidente enfraquecido:


• Fome x excesso de peso = nova pobreza
• Fontes de riqueza ameaçadas -> ameaças colaterais
• Modernização desencadeia forças produtivas/ riqueza
–> mas também riscos
Sociedade de Risco

• Riscos: antes : eram localizáveis, pessoais, perceptíveis


–> ousadia e aventura/ começa na fábrica, grandes
navegações, minas...
• Hoje: Ameaça global, são ocultos-> levam a auto
destruição da vida na terra/ a destruição de florestas/
desmatamento/ emissão de poluentes/ lixo nuclear...

• É uma outra era (metamorfose do mundo)

• Produção em série no maquinário do progresso->


agrava o risco
Potencial de auto ameaça civilizatória
Potencial de auto ameaça civilizatória: 5 TESES
1- Definição dos riscos: forças produtivas geram
radiotividade, poluentes, toxinas # de riquezas. São
irreversíveis, invisíveis...
2-Situações sociais de ameaça dos riscos- efeito
bumerangue/ bola de neve – atinge ricos que lucram e
pobres. Produz desníveis internacionais.
3-Expansão e mercantilização dos riscos/ grandes negócios-
não se rompe a lógica capitalista; barril de necessidades
sem fundo/ canibalização econômica dos riscos.
4- Disseminação do conhecimento/ reflexão/ percepção dos
riscos - riquezas são possuídas e com os riscos somos todos
afetados...
5-Politização dos riscos - combate as causas- potencial das
catástrofes; reorganização do poder e das
responsabilidades já que a sociedade de risco é de
catástrofes – estado de exceção é a normalidade.
DISTRIBUIÇÃO DE POLUENTES DE ACORDO COM AS
CIÊNCIAS NATURAIS E SITUAÇÕES SOCIAIS DE
AMEAÇA
• Há déficit de pensamento social nas sociedades altamente
desenvolvidas de onde se desencadeia a destruição da
natureza e os seus efeitos na saúde e convivência das pessoas;
• Mapas ambientais diferenciados e coloridos, # formas de
representação. São extraídas as conseqüências sobre as
pessoas, ou seja, são apenas representados aspectos isolados;
• ... todos estão expostas a contaminação (independente de
renda, hábitos alimentares, modos de vida, etc. pois a
mercantilização é total;
• Ciências naturais/ natureza e meio ambiente # considerações
biológicas e sociais;
• Substancias tóxicas isoladas ->inofensivo ? # Substancias
tóxicas no ser humano (grave)-> na água, no ar, alimentos...
• Inocuidades acumulam-se a todo momento...
DA DEPENDENCIA COGNITIVA DOS RISCOS DA
MODERNIZAÇÃO
• Riscos são ameaças;
• Riquezas sociais (educação, consumo, renda,
propriedade, bens escassos cobiçados) são
distribuídos # posições de ameaça e de classe;
• Lógica positiva da apropriação (confrontada) com
a lógica negativa do afastamento da distribuição;
• Novos riscos não são visíveis, perceptíveis e
escapam da percepção humana imediata dos
afetados. (possivelmente dos descendentes???);
• Necessidade de mediação para que os riscos se
tornem perceptíveis e interpretados como
ameaças.
AGREGANDO O DISSOCIADO: SUPOSIÇÕES
DE CAUSALIDADE
• Invisibilidade das situações de ameaça ->
produto do modo de produção industrial;
• Componente teórico e normativo;
• Riscos tem um alcance universal incalculável,
desvinculado do tempo x espaço;
• Emergem ao mesmo tempo (ex: leite materno,
pingüins da Antártica...);
• Invisíveis e imprevisíveis -> os seus efeitos
são nocivos... são teoria + causalidade suposta
+ consciência teórica e cientificizada do risco.
ÉTICA IMPLÍCITA
• Horizonte normativo de certeza perdida / confiança violada/
aceitação...
• Constatações de risco: Como queremos viver? (catástrofe não é
desejada) O que é o ser humano? Como seguir adiante com a
natureza?
• Os riscos são vinculados espacialmente;
• Precisam ser acreditados- não são tangíveis por conta própria...
• Riscos são imagens negativas ... Que utopias construir?
• Como queremos viver? ex: “Levanto” 5 terre” na Toscana...
• O que é o ser humano? – o cotidiano, a política e a ciência...
• Constatações de risco ... aparecem ou começam a aparecer...
simbiose de ciências naturais e humanas - de racionalidade
cotidiana e especializada de interesse e fato;
• Ambas sob 1 nova forma ... explodem em lutas em torno de
definições.
RACIONALIDADE CIENTÍFICA E SOCIAL
• Quebra do monopólio da racionalidade das ciências;
• O que são catástrofes ecológicas? Interesses
ecconômicos?Necessidades modificadas? Castelos de
conjecturas especulativas? Asserções de probabilidades...
• Constatações de riscos baseiam-se em possibilidades
matemáticas e interesses sociais. Concubinato entre a
economia, a política e ética;
• Diferenciação menos possível entre: Racionalidade científica e
Racionalidade social ao lidar com os potenciais de risco =
ameaça civilizacional (ex.: relação entre armas nucleares,
grandes tecnologias x vida humana)
• Racionalidade científica sem Racionalidade social fica vazia;
• Racionalidade social sem Racionalidade científica fica cega.
• Transformações residem: ou na produção industrial ou no
manuseio tecnológico das possibilidades de acidentes.
DIVERSIDADE DEFINITÓRIA: CADA VEZ
MAIS RISCOS
• Conflitiva pluralização (super produção de riscos) e
diversidade definitória de riscos civilizacionais - relacionar
tudo e todos contra todos na definição de riscos;
• Nexo causal= modernização como causa -> dano como efeito
colateral...
• Muitas possibilidades interpretativas. Quais causas e
culpados?
• Há discussões públicas sobre armas nucleares, tecnologias,
desmatamento, etc. que colocam riscos, ameaça
civilizacional...
• Todos ignoram-se -> Racionalidade científica e social ->
distanciam-se...
• É o automóvel hoje? Ou as termo elétricas?
• Quem está no pelourinho da produção de riscos?
• Mídia = coloca quem no holofote da moral ecológica?
CORRENTES CAUSAIS E CIRCUITOS DANINHOS:
A IDÉIA DE SISTEMA
• Parte-se de uma perspectiva científica com diversidade
interpretativa;
• “O efeito social das definições de risco não depende
portanto de sua solidez científica”
• Interdependência sistêmica; efeitos nocivos/ fatores
específicos/ atores da modernização...(ex: em relação
ao solo= agricultores (é deles a culpa ou dos trangênicos?),
mercado, indústria, autoridades, ciência, política,
quem????)
• Cumplicidade geral x irresponsabilidade generalizada;
• Todos são causa e efeito...(diante do desastre ecológico ... Quem
for pego é o culpado – jogo do mico preto)
O TEOR DO RISCO: O AINDA NÃO EVENTO QUE
DESENCADEIA A AÇÃO
Riscos não se esgotam em efeitos e danos já
ocorridos.
Têm um componente futuro, danos
previsíveis, destruições eminentes, laudo ambiental;
Indica um futuro que precisa ser evitado; é uma
bomba relógio...
É real (ex: rios poluídos) e irreal com variável e
causa projetada (ameaças projetadas no futuro-
prognósticos; destruição, suposição);
Definir e organizar a atuação presente e evitar
futuras/ precaução/teor de ameaças.
LEGITIMAÇÃO: EFEITOS COLATERAIS LATENTES
Risco: inexistência pressuposta até prove o contrário.
• Situação de ameaça precisa nascer cientificamente.
• O que não foi previsto, tampouco poderia ter sido evitado

RISCOS ESPECÍFICOS DE CLASSE


• Distribuição de risco # de distribuição de riqueza;
• Riqueza acumula-se em cima e riscos em baixo (ricos compram segurança
e liberdade em relação aos riscos);
• Riscos desigualmente distribuídos em relação a distintas camadas de
renda e educação;
• Ex. cozinhar e comer/ tecnologia nutricional; rotas de fuga; possibilidades
de escape; dribles privados - orgânicos;
• Em relação a sobrevivência os pobres submetem-se a trabalhos
insalubres;
• ...mas em relação a água e a florestas esqueléticas não há como escapar
GLOBALIZAÇÃO DOS RISCOS CIVILIZACIONAIS
“A miséria é hierárquica, o smog é democrático”
Relativizam-se as fronteiras e diferenças sociais.. produz efeito
equalizador= nova força política-> universalismo das ameaças
Sociedades de riscos não são sociedades de classe.
Quando tudo é ameaça, nada é perigoso, não há saída, não
adianta pensar. Fatalismo ecológico do fim dos tempos.
Agir é ultrapassado...

O EFEITO BUMERANGUE
Explosivo- alcança os que produziram e lucraram com ele.
Disseminação...latentes efeitos colaterais imprevistos com
efeitos socialmente circulares de ameaça: chumbo no leite
materno; produção agrícola; fertilizantes químicos e
sintéticos; efeitos colaterais invisíveis tornam-se visíveis!
DESVALORIZAÇÃO E DESAPROPRIAÇÃO
ECOLÓGICAS
• Efeito bumerangue atinge a vida em sociedade mas também o
capital: o dinheiro, a propriedade e a legitimação...(morre a fauna
mas também cai o $/ valor da propriedade e do seu entorno) é
contraditório –> o que dá o lucro pela industrialização destrói a
propriedade e as possibilidades do lucro...
• Propriedade: é ecologicamente desapropriada (desapropriação
social e econômica com a manutenção da propriedade legal).
• Política da terra se torna inabitável- “natureza contaminada/ terra
arrasada” é o “perigo comunista” hoje.
• Migrações Ambientais- produz o maior % de refugiados.
• Alimentos, solo, água, ar - > venenos do espaço doméstico.
• É a composição do nosso cotidiano civilizacional= lixo tóxico/ smog/
fumaça poluída= cidades fantasmas/ centros urbanos de ar poluído-
não leva em conta o princípio da causação
SITUAÇOES DE RISCO NÃO SÃO SITUAÇOES DE
CLASSE
Classe dos afetados e dos ainda não afetados;
Acidentes tóxicos, escândalos de lixo tóxico,
indenizações, motor do progresso e do lucro, dilapidação
da natureza;
Países poluentes, superávit, equilíbrio ou déficit na
balança de poluentes... uns tem que arcar com a sujeira
de outros -> crédito carbono ...

SITUAÇÃO DE AMEAÇA COMO DESTINO DE


AMEAÇA

Livre arbítrio? “imputabilidade civilizacional do risco”;


Destino associado à ameaça na civilização avançada;
Pode-se escapar?
NOVAS DESIGUALDADES INTERNACIONAIS
• Indústrias de risco com mão de obra barata em países pobres:
Vila Parisi/ Cubatão; Bophal- a maior catástrofe industrial da
história Union Carbide);
• População desempregada, pobre frente às novas tecnologias;
• Miséria material= cegueira diante do risco;
• Indústrias químicas instalam-se em países pobres.

• “O diabo da fome é combatido com o belzebu da


potencialização do risco”

• Barateamento da produção- responsabilidade dos acidentes


pela cegueira cultural da população
• Outros casos:
• Em siderúrgica, mineração, agrotóxico, desmatamento,
trazendo riscos, desastres, miséria e doença na população
• Chernobyl/ Ucrania... Samarco, Vale, Brumadinho, Mariana,
Zaporizhia...
DUAS ÉPOCAS, DUAS CULTURAS: DA RELAÇÃO ENTRE
PERCEPÇÃO E PRODUÇÃO DE RISCOS
• Desigualdade de classe e da sociedade de risco: uma
pode produzir a outra (sobreposição)
• A evidência das carências:
• visível = fome, impotência, a necessidade imediata, ofusca a
percepção dos riscos, prevalece a concretude e eficácia dos
riscos;
• invisíveis acabam ganhando, crescendo, florescendo e
frutificando...
• Necessidade imediata de relativizar o teor do risco
visível que ganha para o invisível.
• Instrumentos utilizados para manipular os efeitos do
perigo e do risco negando-os, o que leva a aumentar
o perigo. Produz aquilo que nega.
A UTOPIA DA SOCIEDADE MUNDIAL
• Sociedade de risco- é a do mercado, da ciência, da mídia, da
informação, do consumo (produzem definições de risco).
• Os riscos são oportunidades do mercado, do lucro, ensejam
ameaças, perigo. E a ciência ?
• São parciais de acordo com as vantagens... O problema é a
solução.
• Se a ameaça for visível dissolvem-se as vantagens e
diferenças.
• Diante da ameaça a sociedade civil se organiza.
• Novo tipo de solidariedade; onda democrática que atravessa
fronteiras; diante da auto ameaça civilizacional.
• Surge a utopia de uma sociedade global -> negociações
transfronteiriças, acordos internacionais...
• Mesmo desafio do sec XIX diante da indústria...
O VÁCUO POLÍTICO

• Solidariedades ininteligíveis colidem com


interesses e egoísmos nacionais.
• Vácuo de competência política e
institucionalidade.
• São todos e ninguém para fazer frente ao risco
• ler....
• DA SOLIDARIEDADE DA CARÊNCIA À
SOLIDARIEDADE POR MEDO?
• Questões???

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