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Desenvolvimento Comunitário

1. O processo de intervenção social em comunidades


1.1. Implicações para a intervenção
Choque de culturas:
Evitar juízos de valor;
Valorizar a experiência anterior do sistema-cliente;
Valorizar as diferenças de perceção e a sua influência na categorização de
comportamentos;
Ter em conta as relações comunitárias formais e informais;
Ao utilizar a comunicação icónica ter sempre em conta que a sua
descodificação e interpretação são culturalmente condicionadas
Comunicação:
Escutar sempre a população;
Assegurar que a linguagem é clara e adaptada ao sistema-cliente;
Procurar conhecer as experiências anteriores do sistema-cliente;
Adequar a comunicação icónica às experiências anteriores dos
sistema-cliente e aos objetivos da intervenção
1.2. O que é a intervenção social?
É um processo social que ocorre num dado ambiente espaço-temporal, em que um
dado sistema-interventor (pessoa, grupo, organização, comunidade ou rede social) se
assume como recurso social de um sistema-cliente (outra pessoa, grupo, organização,
comunidade ou rede social) que apresenta um conjunto de necessidades, com ele
interagindo através de um sistema de comunicações diversificadas, com o objetivos de o
ajudar a suprir as necessidades através dos recursos existentes e a mobilizar
(potenciando estímulos e combatendo obstáculos à mudança pretendida).
1.3. Papel do interventor social
Conhecer a cultura do sistema-cliente assim como as suas principais
características (idade, género, estatuto social, particularidades étnicas e linguísticas)
Conhecer-se a si próprio e exercer uma rigorosa auto vigilância sobre as suas
perceções e os seus atos (autoscopia permanente; ter consciência das suas possibilidades
e limitações)
Conhecer os principais elementos que integram o ambiente da intervenção
(políticos, económicos e socioculturais, que lhe traçam um quadro de ameaças e de
oportunidades estratégicas)
Controlar minimamente o sistema de comunicações (sob forma presencial ou a
distância)
1.4. Sistema de comunicações
Comunicações presenciais
Mensagens verbais e mensagens não verbais
Comunicações a distância (aquelas em que a relação interventor-cliente é
mediatizada por qualquer medium)
Saber escolher e utilizar os suportes de mediatização adequados (áudio,
vídeo ou informático);
Saber escolher e utilizar os canais de comunicação de que se vai servir
(terceiras pessoas, correio, rádio, televisão, internet)
Objetivo
Evitar a ocorrência de filtros comunicacionais
1.5. O interventor como líder
Tem de aprender a planear, organizar, controlar e motivar, mas para isso tem de
aprender a comunicar (ler e escrever, falar e escutar), a desenvolver a inteligência
emocional (reconhecer e controlar as suas emoções, controlar a sua auto motivação,
reconhecer as emoções dos outros e gerir as relações com eles), e a inteligência existencial
ou espiritual (vigiar emoções e sentimentos, refletir criticamente sobre eles)

2. As alterações do ambiente de intervenção social


Recordando Toffler, a força da metáfora aquática das 3 vagas; identificação de 3
distintos modelos de vida em sociedade, desde a sedentarização iniciada no neolítico; as
ideias de coexistência, de colisão e de mistura das ondas do mar, de correntes submarinas
e superficiais…
2.1. Teoria das 3 vagas: evolução da tecnosfera
1ª vaga: sociedade agrícola
Energia: força humana e animal, algum aproveitamento do vento e da água;
Tecnologia: rudimentar;
Economia: sistema integrado de produção e consumo, divisão sexual do
trabalho sem grande clivagens entre produção e consumo
2ª vaga: sociedade industrial
Energia: carvão, petróleo, nuclear (de fontes perecíveis);
Tecnologia: máquina a vapor, motor elétrico, motor de combustão interna,
motor nuclear;
Economia: divórcio entre produção e consumo, mediatizado pelo mercado,
divisão sexual assente na produção, economia subsidiada
3ª vaga: sociedade de informação
Energia: sol, marés, vento, biomassa (de fontes renováveis);
Tecnologia: eletrónica, biologia, computador, engenharia genética,
engenharia espacial, oceanologia;
Economia: advento do prossumidor, desconcentração da produção,
descentralização do consumo, fim da economia subsidiada
2.2. Os 5 pilares de Rifkin
Acesso - Mais fácil acesso a energias renováveis: solar, hidráulica (correntes e
marés), eólica, geotérmica e de biomassa
Produção - Produção descentralizada: tendência a cada casa se transformar numa
central elétrica, captadora e produtora de vários tipos de energia
Armazenamento - Armazenamento em células de hidrogénio
Distribuição - Implementação de redes inteligentes de energia, semelhantes à
internet para a informação
Mobilidade - Revolução dos transportes: viaturas leves movidas a eletricidade e
viaturas pesadas movidas a células de hidrogénio
O 1º, 2º e 5º pilares exigem estratégias bottom-up a partir das comunidades
2.3. Teoria das 3 vagas: evolução da sociosfera
1ª vaga: sociedade agrícola
Família: extensa;
Escola: ensino predominantemente informal, elitismo;
Unidades económicas: economia familiar predominante;
Sistema político: poder relativamente fragmentado, alguns imperialismo
regionais
2ª vaga: sociedade industrial
Família: nuclear;
Escola: ensino padronizado, curriculum encoberto (pontualidade, obediência,
repetição);
Unidades económicas: a companhia, organização centralizada e
burocratizada;
Sistema político: poder muito centralizado, novo papel social, o integrador,
estado-nação, imperialismos à escala mundial
3ª vaga: sociedade de informação
Família: proliferação dos tipos de família além dos anteriores;
Escola: ensino modular, proliferação de formas e conteúdos pedagógicos;
Unidades económicas: organização adhocráticas, desconcentração;
Sistema político: crise no estado (interna e externa), novas possibilidades
para a pilotagem dos sistemas políticos
2.4. Teoria das 3 vagas: evolução da infosfera
1ª vaga: sociedade agrícola
Media: elitismo dos media;
Ideias-força: despadronização, pouca especialização, tempo cósmico (tempo
físico), desconcentração;
Relação com a Natureza, tradição e modernidade: dependência da natureza,
fatalismo
2ª vaga: sociedade industrial
Media: mass-media;
Ideias-forças: padronização, especialização, sincronização (tempo
mecânico); concentração, maximização, centralização;
Relação com a Natureza, tradição e modernidade: guerra à natureza. crença
na evolução e no progresso
3ª vaga: sociedade de informação
Media: self-media;
Ideia-força: modulação, sistematização, des-sincronização, desconcentração,
dimensionação, descentralização, anomia, autismo social;
Relação com a Natureza, tradição e modernidade: evolução controlada,
alteração da ideia de progresso, diálogo com a natureza, sustentabilidade
2.5. Os diversos contextos ambientais condicionaram diferentes tipos de intervenção
Escala de atuação que define contextos de intervenção: interpessoal e grupal
(micro), organizacional (meso), comunitário, metropolitano, estatal e internacional (macro)
Natureza dominante da atividade que procura chamar a atenção para a focagem da
intervenção social na resposta a necessidades socioenconómicas, necessidades
sociopolíticas e necessidades socioculturais
2.6. A intervenção social nas sociedades pré-industriais
Escala de atuação de baixa complexidade
Individual, grupal, por vezes organizacional e raramente comunitário, focado
em aspetos de natureza socioeconómica (resposta a necessidades de subsistência)
Focagem da intervenção: necessidades de subsistência
Problemas não controláveis pelo homem (seca, pobreza, doença, morte...)
Sistemas-clientes (pessoas e famílias)
Interventores (pessoas e famílias)
Legitimação: de ordem ético-religiosa
Não se considera que o Estado tenha o dever de ajudar nem o cidadão o
direito de esperar ajuda; Responsabilidade moral da sociedade civil
Modelo (assistencial)
2.6.1. Exceções pontuais
Confrarias do deserto, no antigo Egito, destinadas a cobrir os riscos de perda de
mercadorias e vidas, ocasionados por tempestades ou por ataques de salteadores às
caravanas
Associações gregas, chinesas e indianas, destinadas a proteger os
armadores-comerciantes contra naufrágios e ataques de piratas
2.7. O ambiente na sociedade industrial
Os processos de êxodo rural e urbanismo, geraram fortíssimos desequilíbrios sociais
concentrando riqueza nas mãos de uns poucos e deixando muitos em situação de miséria
2.8. A intervenção social na sociedade industrial
Escalas de atuação de cada vez maior complexidade - Individual, grupal,
organizacional, comunitário, regional, metropolitano nacional e internacional - incidindo em
aspetos de natureza socioeconómica (resposta a necessidades de subsistência), mas
também com cariz sociopolítico e sociocultural (resposta a necessidades de participação)
2.8.1. Políticas públicas e serviços e cuidados de proximidades
Da sociedade civil
Movimentos sociais (mutualista, trabalhista)
Do Estado (do estado protetor ao estado providência)
Bismark e o seguro obrigatório;
Keynes e o Estado interventor económico;
Beveridge e o Estado interventor social
A crise dos anos 70 do século XX
O ataque neoconservador ao Estado Providência;
Políticas de terceira via
A sociedade em rede do século XXI
Prós e contras da organização em rede
2.9. A intervenção social na sociedade de informação
Doutrinas em presença: doutrina neoconservadora, doutrina social-democrata
(socialista democrática) e doutrina social da Igreja
Metamorfose do Estado Providência (ex: o rendimento (mínimo garantido)
social de inserção)
Adequação à diversidade e à complexidade das necessidades sociais
Complexidade = f (nºde atores; nº de relações; nº de decisores) (ex: agências
internacionais de intervenção, protocolo de Quioto...);
Planetarização e complexificação dos problemas (ex: os trópicos na Europa e
as colónias interiores; pandemia de COVID-19)
2.10. Intervenção social em Portugal
2.10.1. Fase pré-industrial
Testamentos ditados pelo modo cristão de ver o Mundo e a vida
⅓ dos bens para missas por alma e obras de misericórdia
(ex:estabelecimentos de assistência, esmolas, libertação de cativos, criação de
recursos)
Iniciativa do Estado
1492: Hospital de todos-os-santos (D.João ll);
1498: Criação e planetarização das misericórdias
2.10.2. Fase posterior
Antes do Estado Novo
Ação dominante da Igreja católica;
Ação supletiva do Estado; Ação do Estado (modelo assistencial)
Estado Novo (1926-1974)
Ação dominante da Igreja católica;
Ação do Estado (modelo bismarquiano)
Após 1974
Ação dominante da sociedade civil e da Igreja católica;
Ação do Estado (modelo beveridgeano)

3. Enquadramento Geral - Desenvolvimento


Desenvolver significa acabar com estados de enredamento.
Portanto,com alegadas situações incompatíveis com os valores de um significativo
nº de pessoas as quais concordam ser necessária uma ação transformadora, ou seja, com
problemas sociais.
3.1. O conceito de problema social
Situação que afeta um nº significativo de pessoas e é julgada por estas ou por um nº
significativo de outras, como uma fonte de dificuldade ou infelicidade e considerada
suscetível de melhoria.
Alegada situação incompatível com os valores de um significativo nº de pessoas as
quais concordam ser necessária uma ação transformadora.
3.2. Problemas complexos
Não reúnem consenso sobre qual é o problema ou sobre as suas soluções e têm
como resultado, elevados níveis de conflito, tanto a respeito da definição do problema como
da identificação da sua solução.
Por essa razão, as respostas a estes problemas são frequentemente sobrepostas,
desfocadas, incompletas, revelando-se incapazes de lidar, de uma forma global, com a
complexidade.
3.3. Conceito de desenvolvimento segundo Lebert
Série de passagens, para uma população determinada e para as suas frações,
duma fase menos humana para uma fase mais humana, ao ritmo mais rápido, pelo custo
mais baixo, tida em conta a solidariedade entre parcelas de população nacional e entre as
nações.
Processo dinâmico e inacabado
Conduzido para e pela população
Ideia de qualidade de vida
Pragmatismo e economicidade indispensáveis
Globalidade e radicalismo do processo
Crescimento, diferente de desenvolvimento
3.4. Índice de desenvolvimento humano (PNUD)
Índice composto que mede 3 dimensões básicas do desenvolvimento humano:
Vida longa e saudável (esperança média de vida à nascença);
Conhecimento (duração média da escolaridade para a população maior de
25 anos, duração esperada da escolaridade à entrada do sistema de ensino);
Padrão de vida digno (rendimento nacional per capita corrigido, ponderado
com os valores do PIB)
2 critérios - Acesso a recursos e serviços; Potencial humano
Portugal encontra-se no 38º lugar
4. Enquadramento Geral - Comunidade, organização comunitária e SS de
comunidades
4.1. Comunidade: ideias-força
Agregado social
Existência de um conjunto de interesses vitais comuns
Elevada densidade social traduzida numa forte consciência de pertença - Coesão
social, alto grau de intimidade pessoal, relações sociais afetivamente alicerçadas,
compromisso moral, continuidade no tempo
Proximidade geográfica
4.2. Conceito de comunidade
Polissemia - Pequeno agregado rural ou urbano, grupo profissional, organização,
país, região, mundo
Healy (2012):
Comunidades de base geográfica (local de residência); Comunidades de
base associativa (envolvimento em organizações); Comunidades de base identitária
(existência de valores partilhados, tradições, problemas, interesses, formas de
comportamento e estilos de vida)
4.3. SS e comunidade: conceitos relevantes
Organização comunitária: Processo de articulação de meios (materiais e
humanos); Suscetíveis de criar condições a um determinado conjunto social; Para que se
transforme numa comunidade - decisões estratégicas (identificar recursos, estabelecer
prioridades, articular recursos)
Serviço social de comunidades: Estratégia macro do SS, com o objetivo de
autonomizar progressivamente uma dada população
Procedimentos para a população - Ver: tomar consciência das suas
necessidades e recursos;
Julgar: assumir uma posição crítica sobre
a sua realidade (compará-la a alternativas desejáveis);
Agir: organizar dinamicamente os seus
recursos para responder às suas necessidades (libertar-se da sua condição)
Procedimentos para o sistema-interventor - Apoiar a resposta a situações de
carências;
Dinamizar processos
participados: identificar/criar sistemas de liderança eficazes, promover a coesão interna da
comunidade e a sua integração no ambiente que a rodeia, orientar para objetivos coletivos;
Exigência de sólida formação:
conhecimentos (antropologia, sociologia, gestão...), técnicas de intervenção macro (não
violência ativa, relações públicas) e exigência de vigilância sobre as suas atitudes
(anti-etnocênticas e anti-cronocêmntricas)

5. Enquadramento Geral - Desenvolvimento Comunitário


5.1. O que é o desenvolvimento comunitário?
Processo tendente a criar condições de progresso económico e social para toda a
comunidade, com a participação ativa da sua população e a partir da sua iniciativa.
Técnica social de promoção do homem e de mobilização de recursos humanos e
institucionais, mediante a participação ativa e democrática da população, no estudo,
planeamento, e execução de programas ao nível de comunidades de base, destinados a
melhorar o seu nível de vida.
Ideias chave - Parte das necessidades sentidas pela população;
Empenha a população no seu desenvolvimento;
Obriga à colaboração entre serviços públicos e população,
pressupondo um sistema político facilitador;
É um processo global e radical, visando não só o crescimento mas
também a qualidade de vidA
5.2. Dimensões do conceito
Dimensão doutrinária - Filosofia personalista (o homem é um fenómeno que não
se repete)
Dimensão teórica - Pré-requisitos de análise sociológica e económica
Dimensão metodológica - Propósitos de mudança planeada
Dimensão prática - Consequências da sua aplicação no terreno (implicação das
comunidades no processo - progressiva autonomização - e alteração das práticas
profissionais - combate ao paternalismo)
5.3. Raízes
Prática de formação de líderes locais - Desenvolvida no sistema colonial britânico
de administração indireta (com influência da investigação antropológica)
Experiência americana de organização comunitária como resposta a inúmeros
problemas sociais, fruto da industrialização, da urbanização, da imigração e das
dificuldades sócio-económicas do pós guerra e crise de 1929
Experiência pós ll Guerra Mundial (destruição dos alicerces económicos e sociais
e necessidade de métodos de intervenção mais robustos para fazer face a problemas
sociais)
5.4. Princípios do desenvolvimento comunitário
Princípio das necessidades sentidas - Deve partir das necessidades sentidas pela
população e não apenas das necessidades consciencializadas pelos técnicos
Princípio da participação - Envolvimento profundo da população no processo do
seu próprio desenvolvimento, como garantia de sustentabilidade
Princípio de cooperação - Colaboração entre setor público e privado nos projetos
de desenvolvimento comunitário como imperativo de eficácia
Princípio da auto-sustentação - A mudança planeada deve ser equilibrada e sem
ruturas, suscetível de manutenção pela população-alvo e dotada de mecanismos que
previnam efeitos perversos ocasionados pelas alterações provocadas
Princípios da universalidade - Alvo de desenvolvimento: a população na sua
globalidade (e não apenas subgrupos dessa população); Alteração profunda das condições
que estão na base da situação de subdesenvolvimento
5.5. Tipos de desenvolvimento comunitário
5.5.1. Tipologia geográfica
Modelos de atuação dominantes em diferentes zonas do Mundo:
Americano (ex: eua - foco em necessidades, recursos e cooperação);
Afro-asiático (ex: ghana, índia - centralização do processo de
desenvolvimento comunitário, intervenção estatal);
Latino (ex: frança - foco em territórios específicos para processos de
mudança rápida e com potencial de disseminação);
Europeu (ex: itália - integração dos processos de desenvolvimento regional e
local)
5.5.2. Tipologia conceptual
Modelos de atuação de acordo com a complexidade do sistema-cliente:
Integrado (escala nacional);
Adaptado (escala regional);
Projeto-piloto (escala de intervenção mais restrita)
5.5.3. Tipologia de modelos de intervenção de Rothman
Modelos de atuação de acordo com o estilo de intervenção:
Modelo A (desenvolvimento local);
Modelo B (planeamento social);
Modelo C (ação social)
5.6.Tipologia de Rothman
Modelo de desenvolvimento local:
Intervenção muito localizada (perspetiva microssocial), orientada para o
processo de criação de grupos (intenso envolvimento da população), em que o interventor
assume um papel facilitador, com uma forte componente sócio-educativa
Paradigma de intervenção: relações sociais (orientação para os processos e
as relações humanas)
Ex: formação e dinamização de grupos-tarefa na comunidades para
resolução de problemas sociais - refood
Modelo de planeamento social:
Intervenção de componente meso e macro mais evidente, voltada para a
resolução de problemas concretos (orientação para o resultado) em que o interventor
assume um papel de gestor de programas sociais
Paradigma de intervenção: ajustamento entre necessidades e recursos
(orientação para os problemas sociais e para os resultados)
Ex: planos estratégicos nacionais, regionais e municipais - plano estratégico
para o envelhecimento sustentável da amadora
Modelo de ação social:
Intervenção de perspetiva integrada (macro, meso, micro), orientada para a
alteração dos sistemas de Poder em presença, em que o interventor assume um papel de
ativista, advogado do sistema-cliente e negociador, aproximando-se da figura do militante
Paradigma de intervenção: mudança social (orientação para a alteração dos
sistemas de poder)
Ex: movimentos de direitos humanos/movimentos ecologistas - técnicas de
não-violência ativa; ou tomadas de posição de associações profissionais na área do SS -
declaração da IFSW relativamente à situação em Myanmar

6. Sustentabilidade e Desenvolvimento Comunitário


6.1. A insustentabilidade da conjuntura atual
Mudança acelerada, desigualdades sociais, ineficácia das instituições políticas
(necessidade de trabalho colaborativo), complexificação dos problemas sociais, dificuldades
na gestão da informação e a sua transformação em conhecimento útil
6.2. Dimensões da sustentabilidade
A sustentabilidade é uma propriedade que permite responder às necessidades do
presente sem comprometer as gerações futuras.
Eixo ambiental - Princípios
Restrição de energias não renováveis;
Uso de energias renováveis abaixo da sua capacidade de regeneração
Limitação de descarga de substâncias no ambiente abaixo da capacidade de
assimilação deste
Restrição de impactos provocados
Eixo económico - Princípios
Organização de estruturas económicas de longo prazo capazes de responder
a exigências de sistemas estáveis
Preservação de infraestruturas
Estabilização monetária
Restrição de endividamento
Uso eficaz de recursos
Transparência de processos
Sistema fiscal equilibrado
Justiça intergeracional
Eixo social - Princípios
Garantia dos direitos humanos e da autonomia dos indivíduos e unidades
sociais
Sistema judicial fidedigno e independente
Qualidade de vida integral dos cidadãos
Igualdade de oportunidades
Garantia da inclusão dos cidadãos no processo decisório, da promoção da
autonomia, da solidariedade e da capacidade de autoajuda
Garantia de proteção social
Eixo cultural - Princípios
Garantia da memória e do património
Garantia do respeito pela identidade de pessoas e grupos sociais
Garantia do direito à diferença cultural
Promoção do diálogo intercultural e interreligioso
6.3. Conceito de desenvolvimento sustentável
Discussão das questões de sustentabilidade em conferências da ONU sobre o
ambiente: Estocolmo (1972) e Nairobi (1982)
Criação da World Comission on Environment and Development (presidida por
Gro Brundtland):
Relatório Brundtland (1987) - desenvolvimento sustentável como uma
abordagem ao progresso humano que satisfaz as necessidades presentes sem
comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias
necessidades
6.4. Princípios do desenvolvimento sustentável
Valorização da interdependência entre todos os seres
Posição biocêntrica e não antropocêntrica
Valorização da perspetiva do Cuidado/Conservação, em oposição ao
desenvolvimento a qualquer custo
Empowerment individual e coletivo que leve ao ‘’cuidar da vida’’, em especial o
empowerment das comunidades locais e indígenas no sentido de conseguirem continuar a
cuidar do seu ecossistema
Criação e manutenção de uma ‘’aliança global’’ internacional de defesa do planeta
Equidade intergeracional e intrageracional
Justiça e participação democrática ativa, não alienada nem alienante, de indivíduos,
grupos e comunidades
6.4. Objetivos de desenvolvimento sustentável
Em 2015 foram definidos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável.
Agenda de ação até 2030, que se baseia nos progressos e lições aprendidas com os
8 objetivos de desenvolvimento do milénio, entre 2000 e 2015.
Preconiza o trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar
um novo modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar
de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas.
6.4.1.Objetivos
1º erradicar a pobreza 2º acabar com a fome 3º vida saudável
4º educação de qualidade 5º igualdade de género 6º água e saneamento
7º energias renováveis 8º trabalho digno e crescimento económico
9º inovação e infraestruturas 10º reduzir as desigualdades
11º cidades e comunidades sustentáveis 12º produção e consumo sustentável
13º combater as alterações climáticas 14º oceanos, mares e recursos
marinhos 15º ecossistemas terrestres e biodiversidade
16º paz e justiça 17º parcerias para o desenvolvimento
6.5. Sustentabilidade e intervenção social
Necessidade das profissões da intervenção social assumirem um papel de
intervenção cívica (compromisso cidadão, para além da intervenção técnica)
Olhar da sustentabilidade introduz necessidade de uma visão sistémica da realidade
(interação e sinergias entre dimensões de sustentabilidade - equilíbrios e desequilíbrios)
Consequências dos desequilíbrios na sobrevivência humana e qualidade de
vida das comunidades:
Questões ambientais e alterações climáticas - Aumento da concentração dos
gases de efeito estufa na atmosfera; Aumento das temperaturas médias (secas crónicas
/escassez de água); Degelo das calotes polares e subida do nível do mar
Alimentação: desperdício alimentar e subnutrição - Produção média de
5.490kcal por pessoa por dia, para uma necessidade média de 2.350kcal para uma
alimentação equilibrada; Subnutrição devido a desigualdades na produção e transporte de
alimentos e no rendimento que condiciona o acesso e opções realizadas
Epidemias e pandemias
6.5.1. Consequências dos desequilíbrios na justiça social
Impactos diferenciados de acordo com a distribuição de rendimentos:
Maior impacto em pessoas ou agregados sociais em situação de
vulnerabilidade económica e social (comunidades vulneráveis e/ou dependentes de meios
de subsistência agrícolas ou costeiros, povos indígenas, migrantes forçados, sem-abrigo, os
mais velhos e mais novos, pessoas com deficiência, pessoas com perturbação mental,
mulheres)
6.5.2. Escalas de intervenção
Micro (indivíduos, famílias e grupos):
Promoção/participação em projetos de educação para a cidadania (educação
ambiental, educação para o consumo, educação para a solidariedade, educação
intercultural...)
Meso (organizações):
Incorporação de políticas de responsabilidade social nas organizações
Promoção do trabalho colaborativo - desenvolvimento de parcerias
Macro (comunidades, países, planeta):
Políticas sociais
Ação sociopolítica (papel de ativista na defesa dos direitos de comunidades
específicas junto dos poderes políticos, nomeadamente através da utilização de estratégias
de não-violência ativa)
6.6. Sustentabilidade, intervenção social e desenvolvimento comunitário (suma)
Combater a insustentabilidade da conjuntura atual exige:
Uma visão global ancorada na ideia de sustentabilidade ambiental,
económica, social e cultural
A operacionalização de tal visão em políticas públicas relativas ao ambiente,
à população, à educação, ao trabalho, à saúde e à igualdade de género
A mobilização das forças sociais e dos recursos disponíveis na sociedade
civil, uma vez que os desafios não podem ser enfrentados apenas pelas agências públicas,
mas em parceria
Agenda Global de Compromisso de Ação para o SS e Desenvolvimento Social:
Debate da relação entre SS e desenvolvimento social, com base nos
Objetivos de desenvolvimento sustentável
Preconiza uma ação global, que possa responder aos fenómenos de
opressão e desigualdade e que se operacionalize no trabalho com as comunidades locais
Define 4 dimensões de trabalho - Promoção da igualdade social e
económica; Promoção da dignidade e do valor das pessoas; Orientação para a
sustentabilidade das comunidades; Reconhecimento da importância das relações humanas
Relatório de avaliação de 2018 - explorou a relação da agenda com os
objetivos de desenvolvimento sustentável (o desenvolvimento comunitário está mais
consolidado no âmbito do SS do que as preocupações de sustentabilidade, aspeto que
importa reforçar, pelos efeitos negativos das alterações climáticas na vida das pessoas,
particularmente como fator potenciador das desigualdades sociais)
Rumo a 2030: Os municípios e os objetivos de desenvolvimento sustentável -
manual de ação local para a transformação global:
Desenvolvimento sustentável integrado e coordenado nas várias escalas de
intervenção de
Processo de localização dos ODS - Processo de implementação dos ODS
em cidades e territórios para atingir objetivos que são simultaneamente globais e locais
Tornar as cidades e outros territórios inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis
Participação de todos os atores relevantes num determinados território
Atuação das cidades e outros territórios e municípios em rede
Centralidade do ODS 11 - cidades e comunidades sustentáveis
Destaca metas relevantes por ODS para os munícipios portugueses e dá
exemplos de políticas e medidas a nível local que contribuem para os ODS
6.7. Sustentabilidade nos projetos de desenvolvimento comunitário
Eixo económico:
Eficiência da intervenção social (avaliação dos custos de manutenção das
ações, diversificação das fontes de financiamento, distribuição eficiente dos recursos)
Impacto no desenvolvimento económico (ex: criação de postos de trabalho)
Eixo social:
Impactos no capital social, coesão social, empowerment comunitário e
mobilização social (fortalecimento das redes sociais comunitárias formais e informais;
satisfação das necessidades sociais e melhoria da qualidade de vida de indivíduos, grupos,
organizações e agregados populacionais em geral)
Eixo cultural:
Valorização da cultura da comunidade, relativamente ao seu passado
(respeito pelo património material e imaterial), presente (promoção das diversidades a nível
individual, grupal, organizacional e comunitário), e futuro (respeito pelas gerações futuras e
construção coletiva de imagens positivas de futuro)
Eixo ambiental:
Promoção de atitudes e comportamentos que minimizem os impactos
ambientais negativos decorrentes da atividade dos indivíduos, grupos, organizações e
comunidade em geral; Requalificação do meio natural e construído da comunidade

7. Antropologia Aplicada e Desenvolvimento Comunitário


O termo antropologia aplicada designa um estilo de fazer antropologia, que aplica o
património de conhecimentos, técnicas e atitudes desta ciência social a projetos de
mudança planeada
7.1. 3 períodos distintos
Até à I Guerra Mundial - Apoio à administração colonial e à ação missionária
Entre as 2 guerras - Estudos sobre processo de aculturação em territórios
colonizados (processos de urbanização e de industrialização)
Após a II Guerra Mundial - Intervenção especializada ao serviço de diversos
programas públicos e privados (agências especializadas das Nações Unidas, ONGs e
empresas multinacionais)
7.2. Reino Unido
Antes e durante a l Guerra Mundial - administração:
Todos os grandes antropólogos britânicos, excetuado talvez Radcliffe-Brown,
foram chamados em graus diversos a dedicar-se à antropologia aplicada
O período entre guerras:
Estudos sobre a aculturação e destribalização, em virtude do crescimento
descontrolado das cidades nos territórios coloniais)
Depois:
Pouca relevância
7.3. EUA
Antes da ll Guerra Mundial:
Aplicação do New Deal aos índios
Durante a ll Guerra Mundial:
Apoio na elaboração de manuais de sobrevivência, para a Força Aérea e
Forças Especiais
Estudos para compreender o comportamento do inimigo
Treino de quadros para administrar zonas ocupadas
Depois da ll Guerra Mundial:
Em programas de agências especializadas da ONU e de agências
governamentais (ex: saúde pública e desenvolvimento rural)
Em territórios da Micronésia (ex: administração)
Em ONGs de vocação transnacional (ex: desenvolvimento comunitário)
Em empresas multinacionais (ex: gestão da cultura organizacional)
7.4. Portugal: temas dominantes
Aculturação, desenvolvimento rural, educação, organizações, ordenamento do
território, pastoral, promoção da mulher, saúde pública, trabalho
7.5. Valor político da antropologia aplicada
Valor global - O trabalho dos cientistas sociais proporcionou o conhecimento de
outras culturas e contribuiu para a formação de um pensamento universal descentrado do
eurocentrismo
2 contribuições principais - Demonstrou que não há culturas superiores nem
inferiores, mas apenas diferentes estádios de desenvolvimento tecnológico a que não
correspondem situações análogas de desenvolvimento social;
Mostrou que a mudança é sempre um instrumento,
nunca um fim em si mesmo, podendo uma dada realidade social mudar para melhor ou pior
7.6. Valor cognitivo da antropologia aplicada
Ajuda o interventor a entender melhor as comunidades onde trabalha e a prevenir
eventuais preconceitos com efeitos na sua prática profissional
Fornece um capital de conhecimentos sobre a cultura do outro (empatia na
interação). Tal capital traduz-se em 4 tipo de saberes: sobre a cultura do sistema-cliente;
sobre a cultura do sistema-interventor; sobre eventuais pontos críticos, resultantes do
contacto das 2 culturas que podem constituir obstáculos à mudança pretendida; sobre
eventuais aspetos a explorar, resultantes da convergência de elementos culturais das 2
culturas que podem assumir-se como estímulos à mudança
7.7. Valor prático da antropologia aplicada
Fase do pré-estudo: formação de quadros de referência e estudos detalhados
Planeamento: operacionalização de problemas, análise de obstáculos e
recomendação de medidas
Análise continuada: deteção precoce de incidentes críticos e diagnóstico e
prescrição de medidas corretivas
Avaliação final: análise da eficácia e eficiência e crónica da intervenção
7.8. Antropologia aplicada ao combate contra a pobreza
Atualidade da questão na agenda internacional:
A crise internacional e o agravamento da qualidade de vida, maior
visibilidade da situação e a espiral PPA e os programas de luta contra a pobreza
7.8.1. Pobreza como carência, de acesso a recursos e de oportunidades de
valorização
Pobreza absoluta, pobreza relativa, pobreza subjetiva, pobreza convencional,
pobreza total/parcial, pobreza permanente/temporária
Não é só a pobreza que impede uma mãe de obter o que precisa para proteger os
filhos. É algo mais específico. As razões podem ser diversas. Não tem informação, não tem
dinheiro, vive longe da cidade, o marido opõem-se, a sogra desconfia, está convencida de
que não pode pedi-lo ou a cultura não o permite. Se soubermos porque é que uma mãe não
tem aquilo que precisa, sabemos como agir.
7.8.2. Pobreza como presença: a subcultura da pobreza
Economia de sobrevivência, habitação e espaço envolvente degradados, saúde
precária, alimentação deficiente, baixos níveis de qualificação (instrução e de formação
profissional), índices elevados de patologia psicológica e social (família por vezes em
fibrilhação)
8. Metodologia da Intervenção Comunitária
8.1. Passos para a intervenção em comunidades
Estudo e diagnóstico
Planeamento e programação
Execução e administração de programas
Variáveis estratégicas na implementação de programas de Desenvolvimento
Comunitário: motivação, liderança, parcerias
Avaliação
Perigos e ações a empreender:
Estudos demasiado prolongados e pormenorizados que podem ter efeitos
negativos - síndroma de paralisia por análise e efeito de vacina
Não é necessário terminar a investigação para iniciar a ação - intervenção
preliminar e intervenção geral
8.1.1. Estudo e diagnóstico
Estudo e diagnóstico preliminar:
Lançar pontes - entre sistema-cliente e sistema-interventor; entre grupos da
comunidade e entre comunidade e ambiente
Caracterizar a comunidade - dimensão geográfica (física, humana);
dimensão económica (produção, distribuição e consumo), dimensão sociológica (estrutura e
dinâmica), dimensão ideológica (valores e crenças)
Investigar experiências anteriores - inventariar e avaliar
Identificar necessidades - aparentes e ocultas, materiais e imateriais
Identificar recursos - tipos de recursos (naturais, humanos, financeiros),
materiais e imateriais, aparentes e ocultos, criatividade e capacidade de mobilização por
parte do técnico
Diagnóstico - caracterização de uma realidade, em resultado do confronto de uma
dada pesquisa empírica, com a teoria existente e com uma escala de valores
8.1.2. Planeamento e organização da intervenção
Planear integra ações de programação, ou seja, um processo dedutivo que parte da
explicitação de grandes orientações (estratégias, políticas, quereres comuns), fruto do
diálogo entre sistema-interventor e sistema-cliente, para a sua operacionalização sob a
forma de resultados a alcançar claramente mensuráveis, e ações de organização, ou seja,
de identificação, hierarquização e articulação, de recursos a afetar para alcançar tais
objetivos e metas
Traduz-se na formulação de documentos-bússola que servirão de referência a toda a
ação subsequente: planos, programas, projetos e orçamentos
Evitar o efeito perverso da ritualização do planeamento:
Emergência de uma liturgia própria (com rituais que espartilham a ação no
terreno)
Aparecimento de sacerdotes tecnográticos com tendência a transformarem
este processo num fim em si mesmo (em vez do simples instrumento de intervenção que
deve ser)
8.1.3. Administração de programas e projetos: motivação, liderança e gestão de
parcerias
Administrar no sentido etimológico: minister
Administrar no sentido de funções: planear, organizar, controlar, comunicar e
motivar
Pré-requisitos pessoais: conhecimentos e maturidade emocional
Estratégias básicas: coesão e condução (exige motivar ou influenciar, gerir grupos
e comunicar)
Motivação e liderança:
Ouvir e incorporar na ação os interesses e necessidades das partes
interessadas - motivação da comunidade (pirâmide de Maslow)
Escolher objetivos moderadamente difíceis para funcionar como desafios
para o sistema-interventor e sistema-cliente (importância da motivação e satisfação
pessoal)
Promover a comunicação e a cooperação
Ser um modelo de maturidade para os outros
Desenvolver um clima de confiança básica
Estabelecer um equilíbrio entre um estilo diretivo e facilitador
Estabelecer um compromisso entre orientação para a tarefa e para a relação
O Trabalho em parceria:
Sentido etimológico do termo - conjunto de parceiros
De parceiro - aquele que participa em...que compartilha de…
Rede de grupos, equipas e organizações, dotados de
heterogeneidade e identidade
Portanto trata-se de um grupo nas suas dimensões:
Grupo de desenvolvimento, na medida em que os seus elementos
têm de se desenvolver como parceiros
Grupo de ação social, visto que se constituíram com um objetivo
comum
Características das parcerias:
Reúnem uma diversidade de percepções e recursos
Permitem a criação de sinergias através da partilha desses recursos
Devem ter alguma continuidade no tempo, não devendo ser
encaradas como uma mera opção ou oportunidade excecional que as organizações podem
utilizar
São parte integrante da gestão e práticas quotidianas
Existe interdependência entre organizações
Avaliação das parcerias:
Vantagens - Flexibilidade (rapidez de resposta, adaptação às
necessidades do sistema-cliente, maior abrangência das respostas);
Aproveitamento de recursos (qualidade da resposta,
eficiência, minimização da duplicação de esforços e serviços);
Capacitação organizacional e dos agentes (empowerment
individual e organizacional);
Inovação e criatividade (capacidade de encontrar
respostas alternativas para novos problemas);
Envolvimento cívico
Limitações - Exigência de um estilo de orientação democrática, que
demora tempo a aprender;
Exigência a regras de coesão da rede, que podem colidir
com os interesses particulares das instituições parceiras
Tipos de parceiros:
Parceiros individuais - cidadãos-clientes e voluntários
Parceiros coletivos - integradores de respostas: agências públicas,
privadas e do terceiro setor; reconstrutores do capital social (serviços de segurança),
conceptores de uma visão holística local (autarquias)
8.1.4. Avaliação de programas e projetos
A avaliação consiste em comprovar resultados e não intenções ou propósitos;
comparar o que se fez com o que se queria fazer, utilizando critérios objetivos (dados e
factos) e não opiniões; identificar fatores, sabendo o que se alcançou e não os objetivos
propostos: tomar decisões, propondo correções e reajustes, que é a principal utilidade e
finalidade da avaliação
Tipologias de avaliação:
Quando de avalia - Avaliação diagnóstica ou ex-ante (corresponde ao
diagnóstico);
Avaliação contínua, formativa ou on-going (resultados e
processos e intermédios, para permitir melhorar continuamente a ação);
Avaliação final, sumativa ou ex-post (síntese, que contém
a fase inicial e intermédia da avaliação e que, em termo gerais, indica se os objetivos do
projeto foram alcançados)
Quem avalia - Auto-avaliação (participação de todos os membros da
comunidade e do sistema-interventor);
Avaliação interna (por parte de pessoas da entidade/instituição
que promove o desenvolvimento comunitário);
Avaliação externa (por especialista externos à intervenção e
entidade)
O que se avalia - Dados quantitativos (resultados e produtos obtidos e
questões da eficácia e eficiência da ação, sendo que a primeira é a relação entre os
objetivos definidos inicialmente e efetivamente atingidos, e a eficiência se traduz na relação
entre o nível de execução dos objetivos e os recursos dispendidos - modelo clássico
experimental);
Dados qualitativos (processos comunitários, as transações
estabelecidas entre os membros e entidades da comunidade e os impactos a médio e longo
no prazo da ação. Será ainda relevante detetar eventuais efeitos não previstos no
planeamento, mas decorrentes da ação levada a cabo - modelo alternativo)
Avaliar é sempre comparar, pelo que tem de existir uma referência anterior à
intervenção, que permita medir objetivamente se os objetivos foram atingidos (o retrato da
situação que foi realizado no diagnóstico)
Implica a definição de indicadores quantitativos (ex: nº de participantes nas
atividades, nº de atividades realizadas, aumento das taxas de IRS/IRC, aumento do nº de
postos de trabalho) e indicadores qualitativos (ex: grau de satisfação dos participantes,
perceção de mudança pelos participantes - alteração das imagens de futuro individuaos e
coletiva)
Métodos e técnicas de avaliação:
Análise documental; Observação (estruturada ou não); Entrevista
(estruturada ou semiestruturada); Inquérito ou questionário; Grupo de discussão (focus
group); Escalas ou instrumentos estandardizados; Outras técnicas de grupo (debates,
brainstorming)

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