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DESENVOLVIMENTO

COMUNITÁRIO (I)
ISCISA
Disciplina de Educação, Saúde e Desenvolvimento
comunitário
Junho de 2022
CONTEÚDO DA AULA
I. Os elementos em jogo num processo de intervenção
social.
II. A comunicação intercultural:
I. Choque de culturas –questão central em qualquer mudança
programada;
II. Diferentes modos de aprender;
III. O valor da contribuição antropológica no trabalho comunitário.
III. O mapa conceptual do processo de intervenção social.
IV. A evolução dos condicionalismos ambientais ( os
conceitos de desenvolvimento e suas etapas, a
identificação do problema social).
V. Desenvolvimento comunitário: enquadramento geral e
conceitos de base.
CONTEÚDO (CONTINUAÇÃO)
VI. As várias dimensões do desenvolvimento comunitário.
VII. Os princípios do desenvolvimento comunitário.
VIII. Os tipos de desenvolvimento comunitário.
IX. A metodologia do trabalho comunitário: abordagem
sistémica; passos para a intervenção; redes e parcerias.
X. Campos específicos do desenvolvimento comunitário.
OBJECTIVOS A ALCANÇAR:
 Que os estudantes tenham uma visão geral sobre o que é
desenvolvimento comunitário e diferentes abordagens
sobre o mesmo;
 Que conheçam os conceitos base, as suas dimensões,
princípios, tipos e metodologia;
 Que compreendam a relação entre os condicionalismos
ambientais e o desenvolvimento.
 Que compreendam a questão da sustentabilidade no
desenvolvimento.
 Que saibam identificar campos específicos para o
desenvolvimento comunitário.
LITERATURA
 Carmo, Hermano – “Desenvolvimento Comunitário”, 2ª
ed., Universidade Aberta de Lisboa, 2007
 Francisco, António Alvaro – “Desenvolvimento
Comunitário em Moçambique – contribuição para a sua
compreensão crítica”, 2ª Edição, 2010, Editora BS,
Namacurra
RECORDANDO O CONCEITO DE
COMUNIDADE
 De Ezequiel Ander-Egg:
“Um agrupamento organizado de pessoas que se
percebem como unidade social, cujos elementos
participam de algum interesse, elemento,
objectivo ou função comum, com consciência
de pertença, situados numa área geográfica na
qual a pluralidade de pessoas interage mais
intensamente entre si do que noutro contexto”
RECORDANDO O CONCEITO DE
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
 De acordo com Ander-Egg (1980)
“Desenvolvimento comunitário é uma técnica
de intervenção social de promoção do homem e
de mobilização de recursos humanos e
institucionais, mediante a participação activa e
democrática da população, no estudo,
planeamento e execução de programas ao nível
da comunidade de base, destinadas a melhorar o
seu nível de vida”
O MAPA CONCEPTUAL DO PROCESSO
DE INTERVENÇÃO SOCIAL:
 Pode definir-se intervenção social como um processo
social em que uma dada pessoa, grupo, organização,
comunidade ou rede social (sistema-interventor), se
assume como recurso social de outra pessoa, grupo,
organização, comunidade ou rede social (sistema-
cliente), com ele interagindo (interacção) através de um
sistema de comunicações diversificadas, tomando em
consideração o ambiente com o objectivo de ajudar a
suprir um conjunto de necessidades sociais,
potenciando estímulos e combatendo obstáculos à
mudança pretendida.
ELEMENTOS PRESENTES EM QUALQUER
PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL:

Interacção

Sistema Sistema
interventor cliente

Ambiente
de intervenção
A COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

 O choque cultural é uma questão central que deve ser observada


em qualquer processo de mudança programada.
 Cultura – entendida como a herança social que qualquer indivíduo
recebe ao longo da sua socialização.
 Todos somos portadores de uma cultura e esta não deve ser
valorada (não existem culturas boas e más, mas sim culturas
diferentes).
 Qualquer intervenção social exige comunicação, e comunicar é
pôr em comum uma dada informação que possa ser entendida da
mesma forma tanto pelo emissor como pelo receptor. (Dinâmica
comunicacional)
 Para que isso aconteça a cultura dos protagonistas desempenha um
papel essencial – quanto maior for a diferença de culturas entre o
interventor e o cliente, mais difícil se torna a dinâmica
comunicacional.
O VALOR DO TRABALHO
ANTROPOLÓGICO PARA O TRABALHO
COMUNITÁRIO:
 É importante no sentido em que permite o conhecimento de outras
culturas e contribui para a formação de um pensamento descentrado;
 Permite demonstrar que não há culturas superiores nem inferiores,
mas apenas diferentes estádios de desenvolvimento tecnológico a que
não correspondem situações análogas de desenvolvimento social;
 Permite ainda demonstrar que a mudança é sempre um instrumento e
não um fim em si mesmo, podendo uma dada realidade social mudar
para melhor ou para pior.
 Permite que o interventor tenha os conhecimentos indispensáveis ao
entendimento das comunidades onde trabalha e previne-o contra
eventuais preconceitos, resultantes de elementos culturais que tenha
interiorizado no seu processo de socialização.
 Assim é possível atempadamente avaliar os eventuais pontos críticos
que possam constituir obstáculo à mudança, ou pontos a explorar que
possam servir de estímulos para a mudança.
MAPA CONCEPTUAL DE UMA INTERVENÇÃO SOCIAL
OS CONDICIONALISMOS AMBIENTAIS:
 Tomar em conta as dimensões política, económica e
sociocultural e a evolução histórica destas mesmas dimensões;
 Saber identificar as necessidades de intervenção social;
 Avaliar nelas os aspectos fundamentais para que ocorra uma
mudança e quais as condições favoráveis ou desfavoráveis a
essa mudança;
 Identificar as oportunidades que se podem transformar em
estímulos para a mudança ou identificar obstáculos e como os
tornear.
 Saber avaliar permanentemente os desafios que os modelos de
desenvolvimento colocam, as causas e factores de pobreza,
desigualdade e exclusão social, as potenciais fontes de
conflito e encontrar intervenções que permitam mudança sem
“violência”.
OS PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO:
 Princípio das necessidades sentidas – defende que todo o
projecto de desenvolvimento comunitário deve partir das
necessidades sentidas pela comunidade.
 Princípio da participação – que afirma a necessidade do
envolvimento profundo da comunidade no processo do seu
próprio desenvolvimento.
 Princípio da cooperação – refere o imperativo da eficácia
entre sector público e privado nos projectos de
Desenvolvimento Comunitário.
 Princípio da auto-sustentação – que defende que os
processos de mudança planeada sejam equilibrados e sem
rupturas, susceptíveis de manutenção pela comunidade e
dotados de mecanismos que previnam efeitos negativos
ocasionados pelas alterações provocadas.
PRINCÍPIOS (CONTINUAÇÃO)
 Princípio da universalidade – afirma que um projecto de
desenvolvimento comunitário só tem probabilidades de
êxito se tiver como alvo de desenvolvimento uma dada
comunidade na sua globalidade (e não apenas subgrupos
dessa comunidade) e como objectivo a alteração
profunda das condições que estão na base da situação
que se pretende alterar.
OS TIPOS DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO:
 Dada a grande diversidade de modelos de desenvolvimento
comunitário, existem diferentes critérios para sistematizar os
tipos de Desenvolvimento Comunitário:
 Critérios geográficos (americano, afro-asiático, latino, europeu)
 Critério conceptual (de acordo com a complexidade do sistema-
cliente): tipo integrado(à escala nacional); adaptado (regional e
local); projecto-piloto (intervenção mais restrita)
 Critérios baseados no estilo de intervenção (Rothman, Jack)
 Desenvolvimento local (perspectiva micro - social)- mais virado para o
desenvolvimento de grupos de auto-ajuda em que o interventor é um
simples facilitador;
 Planeamento Social – intervenção mais macro virada para a resolução de
problemas concretos orientada para resultados em que o interventor assume
um papel de gestor;
 Modelo de acção Social – caracterizado por uma intervenção de
perspectiva integrada, orientada para a alteração de sistemas de Poder, no
qual o interventor assume o papel de advogado do sistema-cliente,
negociador.
METODOLOGIA DA
INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA
- passos para a intervenção nas
comunidades.
ESTUDO E DIAGNÓSTICO - RECOLHA E
ANÁLISE DA INFORMAÇÃO:
 A importância da recolha de informação adequada:
 Multiplicidade dos pontos de vista sobre a mesma realidade
 Visão parcial da realidade
 Visão de conjunto

 Necessidade de uma nova visão global que permita


discernir o “domínio do infinitamente complexo” –
macroscópio (Joel de Rosnay)
 A complexidade da realidade social (nevoeiro
informacional): sobre informação, subinformação e a
pseudo-informação.
 A questão da informação no trabalho comunitário ( ter
uma metodologia rigorosa que permita seleccionar a
informação relevante).
O QUE É A ABORDAGEM SISTÉMICA?
 A abordagem sistémica parte da constatação que o
Universo é constituído não por unidades singulares mas
por sistemas, isto é por conjuntos de elementos em
interacção.
 Cada sistema tem uma identidade própria e é contido
por, e contém, uma infinidade de outros sistemas
(macrossistemas e subsistemas).

 A identidade de cada sistema, construída no interior da


sua fronteira, integra os seguintes conjuntos:
subsistemas, relações entre eles, inputs provenientes do
macrossistema e outputs ou elementos que saem do
sistema para o macrossistema.
ABORDAGEM SISTÉMICA APLICADA AO
TRABALHO COMUNITÁRIO:

Ambiente interno da
Ambiente externo da comunidade (circuitos,
comunidade Produtos da comunidade
estrutura formal e
(imagens de futuro, bens,
(ameaças e informal, rede
serviços)
oportunidades) comunicacional, cultura,
exigências e recursos)
VERTENTES DO ESTUDO E
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR:
1. Lançar “pontes” (entre o sistema-interventor e o
sistema-cliente, entre segmentos da comunidade, entre
a comunidade e o ambiente);
2. Proceder a uma caracterização preliminar da
comunidade (dimensões geográfica, económica,
sociológica e ideológica)
3. Fazer o levantamento das experiências anteriores
4. Identificar necessidades
5. Identificar recursos.
PLANEAMENTO:
 O que é planear?
É um processo dedutivo que parte da definição de grandes
orientações decorrentes do querer comum – a que se dá o
nome de estratégias, políticas, etc.- para a definição de metas
claramente avaliáveis e de meios a afectar para as alcançar.
 Requisitos habituais no planeamento:
 Estratégias e objectivos claramente formulados;
 Definição de prioridades
 Retractar a relação de dependência entre os vários objectivos
 Prever os procedimentos de avaliação
 Prever claramente os recursos necessários.
A EXECUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
 Administrar – comandar, trazer à mão.
 Integra acções como:
O planeamento
 A organização
 O controle
 A comunicação
 A motivação.

 Uma correcta administração exige uma estratégia de


coesão (criar laços fortes de solidariedade em torno do
querer comum) e uma estratégia de condução ( sobre a
forma como se tomam decisões).
A MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA
 Importância das pessoas se sentirem realizadas para
estarem motivadas para a acção;
 Participando plenamente em todo o processo,
particularmente na definição dos objectivos;
 Importância de desenvolver estratégias de
relacionamento.
A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS:
 Balanço permanente sobre a acção desenvolvida;
 Perguntas a colocar num processo de avaliação?
 Eficácia absoluta do projecto (resultados de acordo
com objectivos)
 Eficácia relativa(comparando com projectos
análogos)
 Eficiência absoluta (relação custo benefício)
 Eficiência relativa( comparando com projectos
análogos).
CAMPOS ESPECÍFICOS DO
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
 Educação
 Saúde

 Exclusão social

 Defesa de direitos humanos

 Protecção civil
 Entre outros
TRABALHO PRATICO
 Grupo1- Intervenção social;
 Grupo2- Princípios do desenvolvimento comunitário;

 Grupo3- Tipos de desenvolvimento comunitário;

 Grupo4- Metodologia da intervenção comunitária;

 Grupo5- Desigualdade e Exclusão social;

 Grupo6- Género e desenvolvimento.

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